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TÍTULO DO PROJETO Avaliação da matriz dérmica derivada da

pele da tilápia descelularizada no tratamento de


lesões cutâneas causadas por queimaduras de
terceiro grau experimentais.

AUTORA DA PROPOSTA Profa. Dra. Marisa Jadna Silva Frederico

Universidade Federal do Ceará – Núcleo de


INSTITUIÇÃO EXECUTORA/UF
Pesquisa e Desenvolvimento de
Medicamentos

PERÍODO DE VIGÊNCIA

EQUIPE
Marisa Jadna Silva Frederico
Edmar Maciel Lima Júnior
Manoel Odorico de Moraes Filho
Nylane Maria Nunes de Alencar
Carlos Roberto Koscky Paier
Felipe Augusto Rocha Rodrigues
Ana Paula Negreiros Nunes Alves
Rebeca Silva Duarte (Aluna de Iniciação
Científica)
Evanir Lima Teixeira (apoio técnico)
Junior e Alex (apoio técnico)
RESUMO

As queimaduras são um problema de saúde pública global, responsável por cerca de

180.000 mortes anuais e danos de ordem psicológica e social. O tratamento de feridas

causadas por queimaduras de terceiro grau resulta em custos elevados e riscos de

complicações que podem prejudicar a resolução do processo de cicatricial. Estudos

recentes e publicados demonstraram que o curativo oclusivo da pele da tilápia apresentou

boa aderência no leito das feridas causadas por queimaduras de segundo grau superficiais,

em animais, minimizou o exsudato e a formação de crosta interferindo positivamente no

processo cicatricial. Posteriormente, em estudo clínico conduzido em queimaduras

superficiais de segundo grau, o curativo oclusivo da pele de tilápia aumentou a velocidade

de reepitelização e diminuiu o número de troca de curativos, a dor e o desconforto do

tratamento em comparação ao tratamento padrão o que representou uma significativa

redução dos custos. A pele de tilápia possui características microscópicas semelhantes à

estrutura morfológica da pele humana e elevada resistência à tração, o que suporta sua

possível aplicação como biomaterial. Portanto, o objetivo do estudo é avaliar a matriz

dérmica derivada da pele da tilápia descelularizada no tratamento de lesões cutâneas

causadas por queimaduras de 3° grau experimentais. No modelo pré-clínico as feridas

que mimetizam a queimadura serão produzidas com auxílio de um chapa de alumínio

cirúrgico a uma temperatura de 100°C. Posteriormente será realizada uma excisão no

local da queimadura e as lesões serão tratadas com a matriz dérmica derivada da pele da

tilápia comparada a matrizes dérmicas Integra® e Pelnac® acompanhadas ao longo de 28

dias. O processo cicatricial será avaliado de acordo com os seguintes parâmetros: análise

macroscópica (redução da área lesada) e microscópica através da histologia (presença de

úlcera, infiltrado inflamatório, vascularização e colagênese). Serão realisadas análises


bioquímicas de mediadores inflamatórios (Interleucina-2 (IL-2), Interleucina-4 (IL-4),

Interleucina-6 (IL-6), Interferon-γ (IFN- γ), níveis de proteína do fator de necrose tumoral

(TNF-α), interleucina-17A (IL-17A) e interleucina-10 (IL-10) e expressão por

imunohistoquímica de TNF-α, IL-1β, TGF-β e α-SMA. Além disso, serão avaliados o

perfil hematológico, a expressão proteica diferencial e alterações epigenéticas nas lesões

tratadas com a matriz dérmica derivada da pele da tilápia descelularizada. Espera-se que

os resultados obtidos possam agregar informações consistentes e valiosas e que sirvam

de amparo para o uso da Pele de Tilápia como biomaterial, podendo vir a ser utilizado na

cicatrização de feridas, acrescentando soluções que podem ter grande impacto social.

Palavras-chave: matriz dérmica derivada da pele da tilápia descelularizada. Queimadura

de terceiro grau. Regeneração dérmica.


1. Introdução

As queimaduras são um problema de saúde pública global, responsável por cerca

de 180.000 mortes anuais. A maioria destes ocorre em países de baixa e média renda e

quase dois terços ocorrem nas regiões da África e Sudeste Asiático (Latifi et al., 2017).

A incidência anual de queimaduras nos Estados Unidos é de aproximadamente 486.000,

de acordo com o Repositório Nacional de Queimados da Associação Americana de

Queimados. Aproximadamente 3.275 pessoas perdem suas vidas e 40.000 necessitam de

hospitalização devido a lesões relacionadas à queimadura (American Burn Association,

2016). De forma alarmante, no Brasil acontecem em torno de 1.000.000 de incidentes

por queimaduras ao ano, sendo que 100.000 pacientes buscaram atendimento hospitalar

e, destes, cerca de 2.500 pacientes irão a óbito direta ou indiretamente em função de

suas lesões (Ministério da Saúde, 2017).

As queimaduras afetam diretamente a pele, o maior órgão do corpo humano,

abrangendo aproximadamente 1,5-2,0 m2 para um adulto. A pele funciona como uma

barreira defensiva contra materiais estranhos auxiliando na termorregulação, previnindo

a perda por evaporação de fluidos, atua como órgão sensorial e desempenha um papel na

produção de vitamina D. É composta de três camadas: a epiderme, a derme e a

hipoderme. A epiderme é a camada mais externa, enquanto a derme está entre a epiderme

e a hipoderme. A derme papilar, isto é, a camada dérmica superior; consiste em redes

capilares e fibras de colágeno dispostas de maneira frouxa. A derme reticular, ou seja,

camada dérmica inferior; contêm vasos sanguíneos, nervos, raízes dos folículos pilosos,

glândulas sebáceas e sudoríparas e fibras de colágeno que se encontram densamente

compactadas e fornecem suporte nutricional e estrutural à epiderme. A camada mais

interna é a hipoderme, que consiste em tecido adiposo subcutâneo e vasos sanguíneos e

linfáticos associados. Esta camada fornece isolamento, amortecimento de insultos


traumáticos, flutuabilidade no corpo e possui algumas funções endócrinas (Serrano et al.,

2015)

As queimaduras podem ser causadas por diversos mecanismos, incluindo chama,

escaldadura, química, elétrica e radiação. As feridas causadas por queimaduras são

classificadas com base na profundidade como superficial (primeiro grau), de espessura

parcial (segundo grau) e de espessura total ou profundas (terceiro grau). Um exemplo de

queimadura de primeiro grau comum é a queimadura solar, que dentro de 7 dias, apresenta

auto resolução através da proliferação de queratinócitos e da diferenciação das células

epiteliais basais. As queimaduras superficiais de espessura parcial envolvem a epiderme

e a derme papilar e são dolorosas ao toque. As queimaduras de espessura parcial profunda

envolvem a derme reticular, incluindo as estruturas anexiais, enquanto que as

queimaduras de espessura total envolvem toda a epiderme e a derme e também podem

afetar o tecido adiposo subcutâneo, músculo ou até estruturas ósseas (Serrano et al.,

2015).

Indivíduos acometidos por queimaduras de terceiro grau profundas e extensas

apresentam perda significativa de tecido epitelial. A falta total da pele resulta em perdas

hídricas e deixa o organismo mais susceptível a infecções. A ferida pode se tornar

rapidamente colonizada por um grande número de patógenos, imediatamente após a

lesão, devido ao comprometimento da função de barreira da pele. Além disso, a resposta

imune bifásica, hiperinflamação aguda seguida de imunossupressão, observada em

queimaduras, deixa o paciente incapaz de combater a infecção. Deste modo, após a lesão

inicial da queimadura, a infecção é a principal causa de morte e morbidade, com 51% das

mortes atribuídas à sepse subjacente (Greenhalgh et al., 2007; Krishnan et al., 2013).

Quando estes pacientes sobrevivem, após tratamento intensivo e prolongado, se deparam

com cicatrizes desfigurantes, não funcionais e contraturas graves da pele. O manejo das
feridas nas lesões por queimaduras muitas vezes requer múltiplas cirurgias e enxertos,

que podem resultar em longas internações hospitalares e tratamentos nas unidades de

terapia intensiva (Sanchez et al., 2014).

Quando a pele é lesionada como resultado de trauma, cirurgia ou queimadura, a

ferida é considerada aguda. A cicatrização de feridas é uma sequência orquestrada de

eventos envolvendo sinais químicos, moléculas da matriz extracelular (MME) e uma

ampla gama de tipos de células. A cicatrização aguda da ferida segue uma cascata de

eventos complexos e sobrepostos, que consiste em hemostasia, inflamação, proliferação

celular e remodelação da matriz do local da ferida (Lazarus et al., 1994). O fechamento

de feridas, geralmente aceito como reepitelização completa, é o objetivo da fase de

proliferação celular. O restabelecimento da camada epidérmica é fundamental na

regeneração da barreira protetora da pele, prevenindo a infecção e limitando a perda de

fluidos. Em poucos dias após a lesão, os fibroblastos migram para a ferida e depositam

grandes quantidades de MME consistindo primeiro em colágeno tipo III relativamente

desorganizado, com o conteúdo de colágeno da ferida atingindo seu pico 2 a 3 semanas

após a lesão. Esses fibroblastos muitas vezes se diferenciam em miofibroblastos, que

possuem um fenótipo contrátil e são fáceis de identificar devido à sua expressão de α-

SMA (alfa actina do músculo liso). Novos vasos sanguíneos são formados por células

endoteliais invasoras em toda a MME para fornecer nutrientes ao recém-formado tecido

de granulação. À medida que o tecido de granulação preenche a ferida, os queratinócitos

nas bordas da ferida migram e proliferam sobre a parte superior da ferida até que ocorra

o fechamento da ferida (Werner e Grose, 2003).

Clinicamente, o manuseio de queimaduras ocorre durante a fase aguda (em poucos

dias) da queimadura e envolve a excisão tangencial do tecido necrótico até a hemorragia

punctiforme no leito da ferida ser visível, seguida pela aplicação imediata de enxerto de
pele autólogo permanente ou substituto temporário da pele. É bem aceito que a excisão

precoce e a cobertura imediata da ferida atenuam a resposta inflamatória da queimadura,

diminuem o risco de infecção e levam a melhores resultados de cicatrização. Infelizmente,

a excisão da queimadura é frequentemente acompanhada por grandes quantidades de

perda de sangue e hipotermia, que limitam a quantidade de tecido que pode ser extraído

por operação (Zuo et al., 2017).

Na década de 1980, surgiram as primeiras coberturas definitivas para feridas com

áreas extensas em pacientes queimados, as matrizes dérmicas. Exemplos destas matrizes

são o Integra®, a Matriderm® e o Pelnac®. Estes materiais devem permanecer estáveis

no leito da ferida até o processo de formação da neoderme (Burke et al., 1981).

A matriz de regeneração conhecida como Integra® (Life Science Corp.,

Plainsboro, New Jersey, USA.) é composta de colágeno tipo I de tendão bovino,

glicosaminoglicanos e condroitina-6-sulfato proveniente da cartilagem de tubarão. Possui

película externa de silicone para proteção quanto à perda de água e invasão por bactérias.

O tamanho poro do Integra® é de 70 a 200 µm (Auxenfans et al., 2009) importante para

uma adequada arquitetura da neoderme (Burke et al., 1981), pois permite o influxo de

fibroblastos (Nuutila et al., 2018). Após aproximadamente três semanas, a matriz torna-

se vascularizada pela migração de brotos capilares do leito da ferida e está pronta pra

receber o enxerto de pele, no caso das matrizes em dois tempos (Bloemen et al., 2010).

Mais recentemente, foi desenvolvido o Integra® Single Layer para ser utilizado em um

único tempo, e o Integra® Flowable para ser aplicado em feridas com formações de

crateras, ou seja, tunelizadas, pois trata-se de uma matriz pastosa dispersível. Como a

matriz simula uma derme humana, é possível a colocação de enxertos de pele mais finos,

o que reduz o dano da área doadora. Alguns estudos relatam que o uso de matriz dérmica

reduziu a formação de cicatriz e aumentou a remodelação da matriz extracelular e a


regeneração da elastina (Dantzer et al., 2003). Desta forma estudos demostram que o uso

de Integra® em sequelas de queimaduras, apresentam menor contração do enxerto e deste

modo uma qualidade da pele satisfatória (Dantzer e Braye, 2001).

Matriderm® (Dr. Suwelack Skin and Health Care AG, Billerbeck, Germany):

composta por fibra de colágeno tipo I (não reticulada) revestida com α-elastina

hidrolisada, extraída do ligamento nucal de bovinos. Está disponível para uso o

Matriderm® de 1 mm e 2 mm. Com o Matriderm® de 2 mm, o fabricante recomenda o

uso de terapia por pressão negativa associada. O procedimento cirúrgico é realizado em

tempo único com a aposição do enxerto de pele parcial sobre a matriz dérmica

(Kolokythas et al., 2008).

O Pelnac® (Gunze Medical Materials Center, Kyoto, Japan) é uma matriz de

colágeno liofilizado com 2 mm de espessura, derivado do atelocolágeno do tendão de

suínos e possui ligações cruzadas do colágeno para prevenir contração por meio da

inibição da sua degradação (Kolokythas et al., 2008). Também possui estrutura bilaminar,

com lâmina externa de silicone, sendo uma matriz de dois tempos. Alguns trabalhos

descreveram o uso de Pelnac® na reconstrução de defeitos de espessura total da pele

(Soejima et al., 2006). Estudos demostram que a associação da matriz Pelnac® com o

VEGF (fator de crescimento vascular endotelial) promove vascularização, aumento do

tecido de granulação e da epitelização em suínos diabéticos (Suzuki et al., 2000).

Ainda não existe no mercado um substituto dérmico ideal. Quanto ao manuseio,

podemos dizer que o mais satisfatório está relacionado com a matriz Integra®. Sua

adaptabilidade ao leito das feridas e sua maleabilidade (evitando a formação de tendas

em defeitos com superfície irregular) conferem importantes vantagens a essa matriz. A

lâmina de silicone do Integra®, quando comparada com a do Pelnac®, permanece por

mais tempo aderida ao colágeno da matriz. Em alguns casos, existem relatos de que a
lâmina de silicone do Pelnac® soltou-se ou rasgou parcialmente antes do segundo tempo

da cirurgia, o que pode comprometer a função de barreira da lâmina. Além disso, foi

relatado que o manuseio do Pelnac® e do Matriderm® deve ser muito cuidadoso, uma

vez que qualquer mínima fricção (inclusive quando já aplicado no leito da ferida) pode

causar dano à integridade da matriz. Na grande maioria dos casos, mesmo quando a

contração do enxerto de pele foi considerada intensa, os pacientes relataram melhora

funcional. Alguns pacientes também referiram importante melhora da dor e do prurido

após a cirurgia. Ainda, uso das matrizes dérmicas não mostraram melhores resultados em

relação ao grupo do enxerto de pele sem matriz (grupo Controle) no quesito contração do

enxerto de pele (Corrêa, 2018).

As características para uma cobertura dérmica ideal é ter baixo custo, longa vida

útil, durável, flexível, capacidade de prevenção de perda de água, barreira contra

microrganismos, adaptação a superfícies irregulares, fácil manuseio, seguro, crescimento

com a criança, aplicação em uma única operação, possibilidade de evitar surgimento de

cicatriz hipertrófica ou contraturas (Dagalakis et al., 1980). Com o objetivo de encontrar

uma cobertura dérmica ideal, a pele de peixe tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus)

considerada apenas um rejeito dos frigoríficos vem ganhando cada vez mais finalidades

nobres na medicina.

Estudos foram conduzidos para converter a pele da Tilápia-do-Nilo em um

curativo biológico para feridas causadas por queimaduras. Com este intuito, a pele da

tilápia foi conservada em glicerol de acordo com método de preservação de pele humana

empregado em Bancos de Pele da Europa (De Backere, 1994). O curativo foi produzido

pelo do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) e está de

acordo com os critérios de segurança da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA) quanto aos parâmetros de resistência e extensão à tração em quebra nos


ensaios tensiométricos, manutenção das propriedades após esterilização por irradiação e

ausência de sinais infecciosos (Alves et al., 2018). Além disso, a pele de tilápia possui

alta quantidade de colágeno tipo I e estrutura morfológica semelhante à pele humana, por

isso tem sido sugerida como um potencial xenoenxerto para o manejo de queimaduras. A

partir destes dados, o curativo biológico oclusivo da pele da tilapia foi avaliado para o

tratamento de queimaduras de segundo grau superficiais em ratos Wistar. O curativo

biológico mostrou boa aderência ao leito da ferida e não provocou alterações nas funções

hepática, renal e no hemograma dos animais (Lima Júnior et al., 2017). Além disso, sua

eficácia foi superior ao tratamento convencional com o antimicrobiano sulfadiazina de

prata. Tais resultados encorajaram a realização dos estudos clínicos de Fase I em 2016,

para avaliar a segurança e o potencial de irritabilidade e sensibilização cutânea da pele de

Tilápia em humanos. O estudo, foi executado pela empresa Allergisa (Campinas - SP), e

os resultados demonstraram a segurança da pele de Tilápia para aplicação em seres

humanos, em razão da ausência de irritação e sensibilização significativa dos sujeitos

saudáveis da pesquisa (dados não publicados).

A Fase Clínica II foi iniciada em julho de 2016, no Instituto Dr. José Frota,

hospital público de Fortaleza, um dos maiores serviços de queimados da região Nordeste

e do Brasil. Nesta etapa, foram incluídos 60 pacientes com queimaduras de segundo grau

superficial e profundo, com tratamento ambulatorial e internado. Os resultados foram

animadores: a pele da tilápia teve ótima aderência ao leito da ferida, evitando a

contaminação externa, a perda de líquidos e não demandou remoção (troca de curativos),

permanecendo no leito da ferida até a completa cicatrização das queimaduras de segundo

grau superficial (Figura 1). Ainda, foi relatado que nas queimaduras de segundo grau

profundo foi necessário realizar uma ou duas trocas simples de curativo, visto que a pele

xenográfica inicial se desprendia espontaneamente da ferida antes da troca. O estudo


demonstrou diminuição da dor e do desconforto no tratamento com a pele da tilápia,

menor trabalho da equipe e redução dos custos em 57,38% no ambulatório (dados

submetidos a publicação). Apesar do estudo fase II com adultos ainda estar em processo

de revisão em um periódico internacional, parte dos achados aqui descritos estão

presentes em um relato de caso publicado recentemente (Lima Júnior et al., 2019). Em

outro relato de caso já aceito, contribuiu para reduzir as limitações em relação às áreas

anatômicas apropriadas para a aplicação da pele de tilápia, uma vez que, mesmo com a

necessidade de reposição de pele, foram obtidos bons resultados com aplicação na

genitália e região inguinal (Lima Júnior et al., 2019).

Figura 1. Queimadura de 2º grau superficial ambulatorial tratada com curativo biológico


oclusivo de pele de tilápia antes, durante e após o tratamento.

O ensaio clínico de Fase III foi iniciado em abril de 2017 e concluído em 2018

no Instituto José Frota, com 120 pacientes adultos vítimas de queimaduras de segundo

grau superficial, em tratamento ambulatorial. Neste grupo foi realizado um estudo de

custos comparativo com o tratamento convencional, sulfadiazina de prata, que revelou

uma redução de custos de 50,42%. Outro estudo quantitativo e comparativo da dor

mostrou uma redução acentuada em relação ao tratamento convencional, devido a não

necessidade de trocas de curativos. Seguindo, o uso da pele de tilápia como curativo

oclusivo em queimaduras pediátricas foi concluído com êxito em 30 crianças internadas

com queimaduras de segundo grau superficial, confirmando os resultados anteriores e o

grande benefício do uso do curativo oclusivo da pele da tilápia nestas lesões (Costa et al.,
2019). A conclusão desses estudos permitiu a aprovação e registro do curativo biológico

de pele de Tilápia pela ANVISA.

Durante a condução dos estudos, melhoramentos quanto à conservação do

curativo foram realizados, o que permitiu sua armazenagem e a estabilidade deste por um

período de até dois anos sem a perda das suas propriedades terapêuticas (Alves et al.,

2018). O novo formato do curativo corresponde a pele da tilápia liofilizada, na qual esta

se encontra esterilizada quimicamente com digluconato de clorexidina e fisicamente por

irradiação gama, associada aos antibióticos penicilina e estreptomicina e embalada a

vácuo. No processo de liofilização a pele da tilápia é desitratada, e perde cerca de 85 a

90% do conteúdo de água total do tecido da pele. A pele liofilizada possui atividade de

água de 0,5 em média, o que garante a sua estabilidade microbiológica e aumenta a sua

vida útil. Além disso, o baixo conteúdo de água do tecido evita a ocorrência da reação de

hidrólise e a embalagem a vácuo diminui o contato com o oxigênio atmosférico, evitando

a oxidação do produto.

O sucesso do uso da pele da tilápia em queimaduras levou os pesquisadores da

ginecologia a testar ambos os curativos de pele da tilápia (conservada em glicerol e o

liofilizado) na rara Síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster Hauser, um raro distúrbio

congênito, que faz nascer sem o canal vaginal ou com ele pouco desenvolvido. Além

disso, o curativo oclusivo da pele da tilápia liofilizado foi utilizado em casos de

reconstrução da vagina por causa de sequelas de um câncer ginecológico e em cirurgia de

redesignação sexual. Foi relatado que, o colágeno, material abundante na pele da tilápia

é absorvido e esta pele torna-se aderida a mucosa vaginal. Deste modo, o epitélio da pele

de tilápia funciona como arcabouço e suporte para o desenvolvimento do epitélio vaginal,

com elasticidade, dimensão e funcionalidade adequadas. Nestes estudos foi constatado

que o curativo biológico da pele de tilápia permite uma operação mais simples, rápida e
menos invasiva (Pinto Medeiros Dias et al., 2019). Tal fato motivou nosso grupo de

pesquisa a desenvolver uma matriz dérmica derivada da pele da tilápia descelularizada.

A partir disso, um método foi executado para padronização desta matriz dérmica

(Scaffold), que podem ser utilizadas mundialmente como biomateriais de suporte em

diversas especialidades cirúrgicas e em queimaduras de terceiro e sequelas de

queimaduras. Visto que as matrizes dérmicas comerciais atualmente disponíveis

apresentam uma serie de efeitos indesejáveis e alto custo (Corrêa, 2018), o presente

projeto pretende testar a pele da tilápia descelularizada como matriz dérmica no

tratamento de queimaduras de terceiro grau.


Objetivo Geral

✓ Avaliar a eficácia da matriz dérmica derivada da pele da tilápia descelularizada

comparada a matriz dérmica comercial (Integra®) e Pelnac®, em modelo

experimental de queimadura de 3°grau;

Objetivos específicos

✓ Avaliar a contração de lesões tratadas com a matriz dérmica derivada da pele da

tilápia descelularizada em modelo de cicatrização in vivo;

✓ Avaliar a aderência ou rejeição da matriz ao leito da ferida, bem como a presença

de secreção ou infecção;

✓ Investigar os parâmetros histológicos e imunohistoquímicos (fibroplasia,

colagênese, reepitelização, edema) de lesões tratadas com a matriz dérmica

derivada da pele da tilápia descelularizada;

✓ Investigar o perfil de citocinas Interleucina-2 (IL-2), Interleucina-4 (IL-4),

Interleucina-6 (IL-6), Interferon-γ (IFN- γ), níveis de proteína do fator de necrose

tumoral (TNF), interleucina-17A (IL-17A) e interleucina-10 (IL-10) das lesões

tratadas com a matriz dérmica derivada da pele da tilápia descelularizada;

✓ Avaliar o perfil hematológico completo dos animais submetidos ao tratamento

lesões tratadas com a matriz dérmica derivada da pele da tilápia descelularizada;

✓ Avaliar a expressão proteica diferencial nas lesões tratadas com a matriz dérmica

derivada da pele da tilápia descelularizada, para verificar via molecular o padrão

de regeneração das queimaduras.


✓ Avaliar o perfil molecular do padrão de metilação do DNA nas lesões tratadas

com matriz dérmica derivada da pele da tilápia descelularizada para identificar

mudanças epigenéticas no funcionamento de um gene.


2. Materiais e Métodos

Resumo esquemático do delineamento experimental

Figura 2. Etapas propostas e critérios para avaliação da eficácia e mecanismo de ação


da matriz dérmica derivada da pele da tilápia.

Preparo da matriz dérmica derivada da pele da tilápia

As peles de tilápia serão retiradas mecanicamente dos peixes na piscicultura,

lavadas em água corrente e armazenadas em recipientes plásticos estéreis refrigeração a

no gelo (-2°C). Este material será transportado ao laboratório de Cicatrização localizado

no NPDM, local onde ocorre o processamento das peles de tilápia. As peles serão

raspadas para retirada de fragmentos de tecidos, lavadas em soro fisiológico estéril e

congeladas para armazenamento. Posteriormente, serão descongeladas e incubadas em

solução de detergente não iônico 0,1 - 5% (v/v) sob agitação vigorosa a 37°C, por 2 a 16

h. Após, lavagens em água estéril para retirada do detergente, as peles serão incubadas

em tampão fisiológico sob agitação vigorosa por 30 - 60 min, por duas vezes. Em seguida

as peles serão incubadas em tampão fosfato com protease a 0,05% (m/v) por 1 a 5 h a

37°C, sob agitação suave. As peles serão lavadas novamente em soro fisiológico estéril e
branqueadas em solução diluída de peróxido de hidrogênio, sob agitação. O excesso de

solução branqueadora será retirado e as peles serão novamente lavadas em soro

fisiológico, e incubadas com digluconato de clorexidina 5 - 15% (m/v) por 30 - 60 min a

25°C, sob agitação vigorosa. As peles serão novamente lavadas em solução fisiológica e

posteriormente incubadas com tampão de pH levemente ácido a 37°C, sob agitação

vigorosa, por 30 - 60 min. Este processo será repetido 3 a 5 vezes. Finalmente, a pele

descelularizada será submetida a lavagens extensivas (5 - 10 lavagens por 1 h) com

tampão fisiológico a 37°C, sob agitação vigorosa. As peles descelularizadas serão

congeladas a -80°C por pelo menos 16h, liofilizadas até atingirem umidade satisfatória,

embaladas a vácuo e irradiadas para esterilização completa (Keane et al., 2015).

Animais

Serão utilizados 75 ratos Wistar machos (48-50 dias) de elevado padrão sanitário

(SPF, Specific Pathogen Free), machos, pesando entre 180 – 200 g, de procedência da

Charles River. Os animais serão mantidos no biotério do Núcleo de Pesquisa e

Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM), sob temperatura controlada de 21°C,

umidade de 60-65% e ciclo claro escuro de 12 horas acordo com a Lei Arouca n.º

11.794/08. O delineamento do estudo será realizado seguindo as recomendações da

“Animal Research: Reporting In Vivo Experiments”(ARRIVE), com relação aos

cuidados necessários descritos no plano de estudo (cálculo do tamanho da amostra,

experimento realizado de maneira cega, tratamento estatístico correto) de forma a reduzir

resultados falsos positivos e/ou negativos, procurando reduzir o máximo possível as

variáveis experimentais, permitindo a reprodutibilidade e a rastreabilidade dos resultados

obtidos nos estudos in vivo (Kilkenny et al., 2011).


Protocolo de indução da ferida de terceiro grau e delineamento experimental

A queimadura de terceiro grau é confirmada pela destruição total da epiderme e

da derme em cortes de tecido corados com hematoxilina e eosina. Neste sentido, para

padronizar a técnica em nosso laboratório, apenas 3 ratos serão pesados e em seguida será

administrada cetamina (90 mg/kg) e xilazina (10 mg/kg) ambos por via i.p. Um

analgésico opióide, a buprenorfina, 1,5 mg/kg será administrada por via subcutanea para

completa analgesia e recuperação do procedimento cirúrgico (Instrução Normativa

CONCEA 33/2016), de 12 em 12 h por 1 dia. Os animais serão imobilizados em decúbito

ventral, realizando-se a tricotomia digital dos pelos do dorso, em uma área de

aproximadamente 16,0 cm2 (4,0 cm x 4,0 cm). Em seguida, será utilizado um gabarito de

acetato de celulose, para demarcar na região dorsal (com caneta permanente) um

quadrado de 3,0 x 3,0 cm. Posteriormente, proceder-se-á queimadura de 3º grau, com

chapa de alumínio de 9,0 cm2 (3,0 cm2 x 3 cm2), aquecida a 100°C, pressionada na pele

do dorso por 30 segundos (Pezeshki-Modaress et al., 2014; Oryan et al., 2018;

Haghshenas et al., 2019). Após 48 horas deste procedimento três animais serão

eutanasiados e as feridas serão examinadas pela coloração com hematoxilina e eosina

(H&E) para avaliar a profundidade do dano na pele e seus anexos.

Realizado este passo, inicia-se o experimento com 40 animais. Nestes, a

queimadura de terceiro grau preceder-se-á conforme descrito acima. Quatro dias após a

queimadura, os animais serão anestesiados (cetamina 90 mg/kg e xilazina 10 mg/kg i.p.)

e será realizada uma excisão cirúrgica de espessura total (9 cm2 de área) do tecido

necrótico até a hemorragia punctiforme no leito da ferida ser visível. Buprenorfina, 1,5

mg/kg via s.c. será administrada antes do desbridamento das feridas queimadas por um

dia. No mesmo dia os animais serão divididos em grupos de 10 de acordo com os

tratamentos:
Grupo C1: Após a excisão, as feridas serão limpas diariamente com solução salina

isotônica de NaCl.

Grupo C2: Após a excisão, as feridas serão limpas com solução salina isotônica de

NaCl e em seguida, será aplicado uma camada do scaffold comercial (Integra®),

suficiente para cobrir as feridas por completo.

Grupo C3: Após a excisão, as feridas serão limpas com solução salina isotônica de

NaCl e em seguida, será aplicado uma camada do scaffold comercial (Pelnac®),

suficiente para cobrir as feridas por completo.

Grupo T1: Após a excisão, as feridas serão limpas com solução salina isotônica de

NaCl e em seguida, será aplicado a matriz dérmica derivada da pele da tilápia

descelularizada, suficiente para cobrir as feridas por completo.

Análise macroscópica das feridas excisionais

A área das feridas excisionais será estimada nos dias 0, 4, 8, 12, 16, 20, 24 e 28

(Lima-Junior et al., 2017) após a cirugia, através da mensuração dos diâmetros horizontal

e vertical, com o auxílio de um paquímetro e, do cálculo da área pela equação: A = π.R.r

onde “A” representa a área, “R” o raio maior e “r” o raio menor da ferida. A evolução do

ferimento para a cicatrização também será acompanhada pelo surgimento do tecido

cicatricial em substituição à área lesionada a partir da abertura do curativo, que será

renovado quando necessário (Romana-Souza et al., 2010).

Análise histológica das feridas excisionais

As análises microscópicas de feridas excisionais serão realizadas no intuito de

verificar o efeito do tratamento com a matriz dérmica derivada da pele da tilápia

descelularizada nas diferentes etapas do processo cicatricial. Nos dias 0, 14 e 28 (Fatemi


et al., 2018) serão retirados aproximadamente 2 fragmentos cilíndricos do tecido

neoformado sobre a região da cirurgia (n=6/grupo/dia). Este procedimento será realizado

com a utilização de “punch” de 8 mm de diâmetro. Após a coleta dos tecidos os animais

serão submetidos à eutanásia por superdosagem de anestésico (xilazina+cetamina).

Confecção das Lâminas Histológicas

Os fragmentos do tecido serão imersos em formol neutro a 10% por 48 horas.

Quarenta e oito horas depois, os mesmos serão lavados em água corrente e analisados

macroscopicamente, sendo examinadas alterações na forma, coloração e consistência.

Posteriormente, as peças serão seccionadas, colocadas em cassetes e seguidas para

processamento histotécnico automatizado PT05 LupTec® passando por desidratação em

série alcoólica crescente, diafanização em xilol, impregnação em parafina, fundição a

60ºC e inclusão dos espécimes formando blocos parafinados à temperatura ambiente.

Os fragmentos serão seccionados com 5 µm de espessura e corados utilizando a

coloração de rotina para histologia hematoxilina-eosina (H&E) e montadas em bálsamo

de Canadá (Junqueira, Junqueira, 1983) para análise em microscópio de luz convencional

para avaliar os escores de cicatrização e PicroSirius para avaliar quantidade de colágeno

e a fibroplasia. A partir das lâminas histológicas, fotomicrografias serão obtidas por um

microscópio óptico, acoplado a uma câmera digital de alta resolução (Leica, 2000). As

imagens capturadas serão salvas em formato JPEG e analisadas pelo software ImageJ

1.43 (U.S. National Institutes of Health, USA).

Avaliação por hematoxilina-eosina

Escores de análise de cicatrização serão avaliados de acordo com Cavalcante et al

2011.
0: Sem úlcera + epitélio normal + hiperceratose / conjuntivo remodelado

1: Sem úlcera + epitélio atrófico + hiperceratose / fibrose + discreto a moderado

infiltrado inflamatório crônico

2: Superfície desnuda de epitélio / fibrose + discreto a moderado infiltrado

inflamatório crônico

3: Com úlcera / tecido de granulação (fibroblasto, neoformação vascular, linfócito,

plasmócto e macrófago)

4: Com úlcera / infiltrado inflamatório agudo (ectasia, vasos dilatados, infiltrado

leucocitário misto)

Coloração de Picrocírius Red

A fibroplasia traduz-se pela proliferação de fibroblastos e sua migração para o

interior da ferida. Por sua vez a deposição de colágeno no leito de uma lesão ocorre como

consequência da proliferação e migração de fibroblastos, fenômeno este conhecido como

colagênese. Deste modo, essa coloração contribui para a melhor compreensão da

participação dos fibroblastos e a deposição de colágeno na biologia dos tecidos e na

patologia.

As lâminas serão confeccionadas através de cortes de 3 μm dos blocos parafinados

selecionados. Será realizada a desparafinização em estufa a 60ºC por 3h, seguida de 3

(três) banhos de 5 minutos em xilol, reidratação em solução de etanol decrescente (90%,

85% e 70%), com posterior lavagem com água, incubação em solução de picrosirius

(ScyTek®) por 30 minutos e realização de dois banhos de ácido clorídrico 5%. A contra-

coloração dos espécimes será feita com hematoxilina de Harris por 45 segundos e, em

seguida, realizar-se-á montagem com Enthellan®.


A avaliação dos resultados será realizada primeiramente pela seleção de cinco

campos das lâminas em um aumento de 400x, os quais serão fotografados com uso de

câmera DFC 295, acoplada ao Microscópio Leica® DM 2000, seguida pelas análises das

fotomicrografias pelo software Image J® (RSB). As fotomicrografias serão tomadas em

luz convencional e em luz polarizada em cada campo no maior aumento (400x).

Após a tomada da fotomicrografia em luz convencional, deve-se realizar a

calibração das imagens pelo comando Color Thershold (Image>Adjust> Color Thersold)

na função RGB, para as cores Vermelho (Mínimo de 71 e Máximo de 255), Verde

(Mínimo de 0 e Máximo de 69) e Azul (Mínimo de 0 e Máximo de 92).

Após a calibração, as imagens serão convertidas para a escala de cor de 8-bits

(Image>Type> 8-bit), binarizadas (Process>Binary>MakeBinary) e mensuradas através

da porcentagem de área de colágeno marcada em vermelho (Analyse>AnalyseParticles).

As imagens em luz polarizada seguirão o mesmo protocolo na função RGB para

Vermelho (Mínimo de 0 e Máximo de 255), Verde (Mínimo de 0 e Máximo de 255) e

Azul (Mínimo de 0 e Máximo de 32). Após ajuste, as imagens serão convertidas para a

escala de cor de 8-bits (Image>Type> 8-bit), binarizadas (Process>Binary>MakeBinary),

e mensuradas através da porcentagem de área de colágeno com birrefringência amarelo-

avermelhado (compatível com colágeno tipo I). Em seguida, do total da área marcada em

vermelho, será separado um percentual da região ocupada somente pela birrefringência

amarelo-avermelhada. A área verde-esbranquiçada, relativa ao colágeno tipo III, será

obtida pela subtração da região total marcada em vermelho e o percentual marcado

unicamente pela cor amarela-avermelhada.

Coloração de Tricrômico de Masson

Essa coloração contribui para a melhor diferenciação da formação e deposição de

colágeno. As lâminas serão confeccionadas através de cortes de 3 μm dos blocos seguida


de desparafinização em estufa a 60ºC por 3h, três banhos de 5 minutos em xilol,

reidratação em solução de etanol decrescente (90%, 85% e 70%), com posterior lavagem

com água, incubação em solução de Bouin (Ácido Pícrico 75mL, Formaldeído PA 25

mL, Ácido acético glacial 5mL) por 60 minutos.

Após lavagem em água corrente para retirar o excesso dos corantes, as lâminas

serão incubadas por 10 minutos na Hematoxilina Férrica de Weigert (Hematoxilna 1g,

Álcool 95% 100mL, Solução aquosa de Cloreto Férrico a 29% 4mL, Água destilada

95mL, Ácido Clorídrico Concentrado 1mL) e novamente lavadas por 10 minutos e

incubação em Escarlate de Biebrich (Solução aquosa de Escarlate de Biebrich 1% 90mL,

Solução aquosa de Fucsina Ácida 1% 10mL, Ácido Acético Glacial 1mL). Após

diferenciação em Fosfotúngstico-Fosfomolíbdico (Ácido Fosfotúngstico 2,5g, Ácido

Fosfomolíbdico 2,5g, água destilada 100mL) durante 10 a 15 minutos, as lâminas serão

coradas com Azul de Anilina (Azul de Anilina 2,5g, Ácido Acético Glacial 2mL, Água

destilada 100mL) durante 5 a 10 minutos. Em seguida, as lâminas serão passadas em

solução de Ácido Acético Glacial 1% por 3 a 5 minutos, desidratadas, diafanizadas e

montadas com Enthelam®.

A avaliação dos resultados será realizada primeiramente pela seleção de cinco

campos das lâminas em um aumento de 400x, os quais serão fotografados com uso de

câmera DFC 295, acoplada ao Microscópio Leica® DM 2000, seguida pelas análises das

fotomicrografias pelo software Image J® (RSB). As fotomicrografias serão tomadas em

luz convencional e após a tomada da fotomicrografia em luz convencional, deve-se

realizar a calibração das imagens pelo comando Color Thershold (Image>Adjust> Color

Thersold) na função RGB, para segregação das cores azul e vermelho e avaliação do
percentual de cada uma das cores.

Imunohistoquímica

Os blocos parafinados selecionados serão submetidos a cortes de 3µm dispostos

sobre lâminas silanizadas. A reação de imunohistoquímica será realizada através da

técnica da estreptavidina-biotinilada e os seguintes anticorpos primários serão avaliados:

TNF-α, IL-1β, α-SMA, TGF-β1. O protocolo da reação de imunhistoquímica adotado

seguirá os passos abaixo:

1. Desparafinização e reidratação, como anteriormente descrito;

2. Recuperação antigênica, através de imersão em solução tampão de citrato 10

mM (ph = 6,0) em aquecimento por 20 minutos;

3. Bloqueio da peroxidase com peróxido de hidrogênio a 3% diluído em solução

tampão de fosfato (PBS) por 30 minutos;

4. Duas lavagens de 5 minutos com PBS ;

5. Incubação com anticorpo primário nas diluições propostas pelo facricante,

overnight em geladeira;

6. Duas lavagens de 5 minutos com PBS;

7. Incubação com anticorpo secundário biotinilado (Histofine® ou HRP-Dako®);

8. Duas lavagens de 5 minutos com PBS;

9. Revelação com 3,3-diamino-benzidina (DAB) por 5 minutos (Dako®) em

ambiente escuro;

10. Contra-coloração com Hematoxilina de Harris por 10 segundos

11. Desidratação em série crescente de álcool, diafanização em xilol e montagem

com Enthellan®.

✓ Como controle positivo será utilizado _____________, e, controle negativo será

feito através da supressão do anticorpo primário da reação em um dos cortes.


A avaliação dos resultados será realizada primeiramente pela seleção de cinco

campos das lâminas utilizadas em um aumento de 400x, os quais serão fotografados com

uso de câmera DFC 295, acoplada ao Microscópio Leica® DM 2000, seguida pelas

análises das fotomicrografias pelo software Image J® (RSB). As fotomicrografias serão

tomadas em luz convencional e células com marcação citoplasmática, membranar,

nuclear e sem marcação serão contadas através da ferramenta “Cell Counter” do software

ImageJ®, para cálculo do percentual médio de células imuno-positivas para cada

marcador.

Avaliação de edema

Apenas no dia 2 do tratatamento a permeabilidade vascular será avaliada

indiretamente pela quantificação do extravasamento de proteínas plasmáticas das úlceras

dos animais. Para tanto, uma hora antes da eutanásia todos os animais receberão azul de

Evans (25 mg/kg), e.v., via veia dorsal peniana. Posteriormente as úlceras serão

removidas em anéis, medindo 8 mm de diamentro utilizando um punch dermatológico

igual diçamento e 3 mm em sua profundidade utilizando um paquímetro digital.

Em seguida os tecidos serão pesados (Média ± E.P.M.) e incubados em 1,5 mL de

formamida concentrada a 37 °C por 72h. A quantificação do azul de Evans extraído dos

tecidos será realizada por espectofotometria (A600nm) e os dados foram expressos como

µg de azul de Evans/g tecido, através de regressão linear baseado em uma curva padrão

de azul de Evans.

Coleta de Sangue e Avaliação de Parâmetros Hematológicos e Bioquímicos

Após o tratamento, os animais serão anestesiados com uma associação de

cloridrato de xilasina (10 mg/kg) e cloridrato de cetamina (90 mg/kg) por via

intraperitoneal, para coleta de sangue via punção da veia cava abdominal para avaliação
dos parâmetros hematológicos (Leucócitos, Linfócitos, Monócitos, Granulócitos,

Reticulócitos, Hemoglobina (HGB), Hematócrito (HCT), Plaquetas), e bioquímicos

(bilirrubina total, bilirrubina direta, Alanino aminotransferase (ALT), Aspartato

aminotransferase (AST), Creatinina, Ureia e Glicose) dos grupos nos dias 0, 2, 14 e 28

de tratamento.

Análise do Perfil de Citocinas

O kit de citocina Th1 / Th2 / Th17 de camundongo CBA BD ™ será usado para

medir citocinas Interleucina-2 (IL-2), Interleucina-4 (IL-4), Interleucina-6 (IL-6),

Interferon-γ (IFN- γ), níveis de proteína do fator de necrose tumoral (TNF), interleucina-

17A (IL-17A) e interleucina-10 (IL-10) por citometria de fluxo, conforme as instruções

do fabricante nos dias 2, 14 e 28 de tratamento.

Análise Proteômica

Os biomateriais serão analisados em abordagem proteômica shotgun ao longo do

tratamento (2, 14 e 28 dias). O tecido fibrótico que eventualmente crescer em torno dos

biomateriais inseridos também será analisado, ou o tecido normal adjacente.

Suscintamente, as biópsias deverão ser lavadas com PBS gelado e ressuspendidas em

tampão de lise gelado (Tris-HCl 50 mM pH 8,2; NaCl 75,0 mM; uréia 8,0 M; NaF 1,0

mM; β-glicerofosfato 1,0 mM; Na3VO4 1,0 mM; Na4P2O7 10,0 mM; PMSF 1,0 mM e

coquetel de inibidores de protease obtido da Sigma-Aldrich – St. Louis, Estados Unidos),

em proporção de 1mL / 2 cm2 de tecido. As células ressupendidas deverão ser sonicadas

em banho de gelo por 3×60s (15% de potência), com intervalo de 2 min entre as

sonicações. A suspensão resultante deve ser centrifugada a 2500g por 10 min a 4˚C, o

precipitado deve ser descartado (Villén e Gygi, 2008) e o sobrenadante (extrato proteico
solúvel, ES) submetido à quantificação de proteínas solúveis totais com o DC Protein

Assay, obtido da Bio-Rad (Hercules, Estados Unidos), de acordo com instruções do

fabricante. Posteriormente, o ES será submetido diretamente à redução, alquilação,

digestão em solução e dessalinização para posterior fracionamento, identificação e

quantificação em cromatógrafo capilar acoplado a espectrômetro de massas (proteômica

shotgun). As análises de proteômica shotgun serão realizadas em instrumento Q Exactive

Plus (obtido da Thermo Fisher Scientific – Waltham, Massachusetts, Estados Unidos), de

acordo com instruções do fabricante. Os espectros de íons coletados serão processados

no programa Proteome Discoverer da Thermo Fisher Scientific e transformados em uma

lista de picos em arquivos de texto, para busca em bancos de dados do National Center

for Biotechnology Information (NCBI), utilizando-se a ferramenta PatternLab 4.0

(Carvalho et al., 2016). Os parâmetros de busca ajustados nesse programa serão:

tolerância de 1 clivagem perdida pela tripsina, peptídeos monoisotópicos, oxidação em

resíduos de metionina e carbamidometilação em resíduos de cisteína.

Analise epigenética

Para a análise molecular do padrão de metilação será utilizada a metodologia de

Digestão Enzimática Sensível à Metilação Associada à PCR em Tempo Real (qAMP)

descrita previamente (Gomes et al., 2007) nos dias 2, 14 e 28 de tratamento. O método

consiste de uma digestão do DNA, previamente à PCR, por meio da enzima de restrição

sensível à metilação HpaII, a qual reconhece e cliva o sítio polimórfico CCGG, mas não

atua quando a citosina interna se encontra metilada (Cm5CGG). Dessa forma, a clivagem

ocorre somente no alelo não-metilado, impedindo sua amplificação por PCR. A digestão

com a enzima HpaII será realizada utilizando-se 0,2 μg de DNA em condição e

concentração de tampão segundo recomendação do fabricante (Invitrogen). A


quantificação do DNA metilado será obtida pelo sistema de detecção de sequência

LightCycler Real-Time PCR (Roche), em um volume total de reação de 10μL contendo

SYBR Green PCR Master Mix (Roche) e ajustada para a quantidade ideal de cada primer.

Para o desenho dos primers será utilizado o programa Primer3 de acordo com sequências

depositadas no GeneBank (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/).

A análise quantitativa da metilação será obtida pela comparação da quantidade

amplificada do DNA não digerido com HpaII e do DNA digerido com HpaII. Ambas as

amostras foram amplificadas por PCR em Tempo Real e o ciclo no qual o nível de

fluorescência emitido pelas amostras amplificadas atingiu o nível de fluorescência

arbitrário Ct (cycle threshold) será obtido para cada amostra pelo software StepOne™

Real-Time PCR (Applied Biosystems). Cada amostra será analisada em triplicata,

estipulando-se o desvio padrão máximo de 0,3, e o valor médio do Ct será obtido para

comparação entre a amostra metilada e a não metilada (Gomes et al., 2007).

Para obter os valores percentuais de metilação de DNA nestas regiões será

realizada a comparação entre o DNA não digerido com o DNA digerido com a enzima

HpaII. Para esse cálculo, será utilizado o valor de Ct de cada amostra amplificada. Assim,

a porcentagem de DNA metilado será obtida pela fórmula (1/2)d-nd, sendo ― d

corresponde à média do Ct do DNA digerido e ― nd à média do DNA não digerido.

3. Cronograma de execução:

Etapa / 2019 2020


Atividade
Set-out Nov-dez Jan-fev Mar-abr Mai-jun Jul-ago

Submissão e X
Aprovação do
Comitê de Ética
em Pesquisa da
UFC
Aquisição e X
síntese da matriz
dérmica derivada
da pele da tilápia

Modelo X
experimental
Queimadura de
terceiro grau

Aspectos X
macroscópicos

Aspectos X X
microscópicos
(Histologia)

Perfil X
hematológico e
bioquímico

Edema e citocinas X

Proteomica X

Epigenética X

Redação de X X
publicações e
relatório
científico
4.

4. Disponibilidade efetiva de infraestrutura e apoio técnico disponível

Todo o desenvolvimento do projeto será realizado no Núcleo de Pesquisa e

Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da Universidade Federal do Ceará, a síntese

da matriz dérmica derivada da pele da tilápia será realizada no laboratório de Cicatrização

do Dr. Edmar Maciel; as análises bioquímicas no Laboratório de Farmacologia e

Bioquímica, em parceria com a profa. Dra Nylane Nunes de Alencar e o laboratório da

profa Ana Paula Negreiros que dará todo o suporte para processamento histológico. O

protocolo experimental com animais será realizado no Biotério do NPDM.


5. Resultados esperados

A partir dos dados obtidos neste estudo pretende-se obter um relatório sobre a eficácia

pré-clínica da matriz dérmica derivada da pele da tilápia para o seguimento dos estudos

clínicos em pacientes com queimadura de terceiro grau. Novas propostas da adoção do

da matriz dérmica derivada da pele da tilápia como tratamento de queimaduras de terceiro

grau no Sistema Público de Saúde podem garantir estratégias mais efetivas e de baixo

custo e deste modo melhorar qualidade de vida dos pacientes.

6. Orçamento

Valor total
Item
(R$)

Produção da a matriz dérmica derivada da pele da tilápia


500,00
descelularizada

Kit de citocina Th1 / Th2 / Th17 de camundongo CBA BD ™ e


5.000,00
testes bioquímicos

Material consumo proteômica e epigenética 20.000,00

Material de consumo histologia e imunohistoquímica (fibroplasia,


20.000,00
colagênese, reepitelização e edema)

Total 45.500,00

7.
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