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Enfermagem na Atenção Básica em Cirurgia Geral

Elaborador:
Nome do autor: Lorena Campos
E-mail do autor: lorenacamposenfermagem@gmail.com
Telefone: (61) 99915-6388

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Sumário
Unidade I - Assistência de Enfermagem em Cirurgia Geral na Atenção Primária
Capítulo 1 – A Atenção Básica como porta de entrada
Capítulo 2 – Anatomia e Fisiologia da Pele
Capítulo 3 – Estadiamento da Lesão por Pressão

Unidade II – Intervenções frente às lesões


Capítulo 1 – Ferimentos e curativos
Capítulo 2 – Ferimentos crônicos
Capítulo 3 Tratamento da Úlcera Venosa

Unidade III – Assistência ao Pé diabético


Capítulo 1 - Úlcera em pé diabético
Capítulo 2- Exame Físico
Capítulo 3- Avaliação da sensibilidade vibratória com diapasão de 128 Hz

Unidade IV – Queimadura
Capítulo 1 – Epidemiologia e Fisiopatologia
Capítulo 2 – Tratamento de emergência das queimaduras
Capítulo 3 - Pequenos Procedimentos Cirúrgicos
Capítulo 4 – Profilaxia ao tétano

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Introdução

Nesta disciplina entenderemos um pouco mais sobre a assistência de Enfermagem


no âmbito da cirurgia geral voltada para ações desenvolvidas na Atenção Básica.
Dentro desse grande leque de possibilidades, abordaremos sobre ferimentos e
curativos, pequenos procedimentos cirúrgicos desenvolvidos na Atenção Básica,
Pé diabético, dentre outros.

Neste caderno de estudos, composto por uma unidade única, será possível a
reflexão da amplitude da atuação do Enfermeiro no cenário da Atenção Básica,
bem como os principais procedimentos e atuação na cirurgia geral.

Um bom estudo para todos !

Objetivos
 Contextualizar a importância da Atenção Básica no âmbito da Cirurgia Geral.
 Explicar sobre os principais ferimentos e procedimentos dentro da Assistência de
Enfermagem em Cirurgia Geral na Atenção Básica.
 Analisar o papel do Enfermeiro na Assistência em Cirurgia Geral desenvolvida na
Atenção Básica.

Unidade I - Assistência de Enfermagem em Cirurgia Geral na


Atenção Primária

Capítulo 1 – A Atenção Básica como porta de entrada


A atenção básica ou primária à saúde é conhecida como a “porta de entrada” dos
usuários ao sistema de saúde. Ou seja, é o atendimento inicial, com isso, a assistência de
enfermagem prestada a clientes com necessidade de atendimento à alguns
procedimentos cirúrgicos, tais como o tratamento de ferimentos e curativos, também
podem e devem ser realizados por essas equipes da Unidades Básicas de Saúde (UBS),
evitando – se assim, a sobrecarga dos serviços dos outros níveis de atenção e, com isso,
contribuindo para o aumento da resolutividade da Atenção Primária à Saúde (APS).

O Ministério da Saúde, por meio de sua Política Nacional de Atenção Básica, assim
afirma:
A Atenção Básica é desenvolvida com o mais alto grau de descentralização e
capilaridade, ocorrendo no local mais próximo da vida das pessoas. Ela deve ser o
contato preferencial dos usuários, a principal porta de entrada e centro de
comunicação com toda a Rede de Atenção à Saúde. Utiliza tecnologias de
elevada complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de
saúde de maior frequência e relevância em seu território. Por isso, é fundamental
que ela se oriente pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, do
vínculo, da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da
responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social
(BRASIL, 2012, p.19).

De forma intencional as UBS devem ser instaladas perto de ondem as pessoas moram,
trabalham, estudam, vivem, desempenhando um papel central na garantia à população de
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acesso à uma atenção de saúde de qualidade. Garantindo, dessa forma, os princípios de
acessibilidade, vínculo, continuidade do cuidado, conforme citados em sua definição
acima.

É fundamental que usuários que procurem os serviços de atenção primária sejam


acolhidos, mesmo que estejam em situações agudas (tais como em ferimentos) ou
crônicas (unhas encravadas, por exemplo) pois é justamente nesse nível de atenção onde
realiza-se a avaliação do risco de agravamento e, se necessário, a contra - referência a
outro nível de assistência da rede de atenção à saúde.

Esse acesso a assistência cirúrgica é essencial para prevenção de agravamentos e


incapacidades crônicas. Uma vez que uma queimadura não é avaliada, tratada de forma
adequada e em tempo oportuno, por exemplo, podem gerar uma série de complicações,
levando até a morte.

Figura 1. Assistência Cirúrgica

Fonte: https://bitlybr.com/juKIN

O Ministério da Saúde possui uma publicação voltada para a abordagem de alguns


procedimentos clínicos e cirúrgicos que podem ser realizados nas UBS. O Caderno de
Atenção Básica 30, denominado “Procedimentos” os elenca de forma bem objetiva,
levantando os equipamentos, materiais, medicamentos e insumos que devem estar
presentes em todas as UBS, com o intuito de conferir as melhores condições para a
realização de procedimentos em questão (BRASIL, 2011, p.7).

Figura 2. Caderno de Atenção Básica nº 30.

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Fonte: https://aps.saude.gov.br/public/img/portaldab/biblioteca/publicacoes/abcad30.jpg

Capítulo 2 – Anatomia e Fisiologia da Pele


Este capítulo tem como abordagem principal a assistência à feridas e curativos, tais
conhecimentos sobre a fisiologia da pele, cicatrização, curativos e coberturas são
essências para a assistência de Enfermagem em Cirurgia Geral prestada no âmbito da
Atenção Básica.

A pele consiste em uma estrutura altamente especializada e multifuncional, faz parte do


sistema tegumentar junto de seus anexos, sendo o maior órgão do corpo humano.
Estruturalmente, a pele consiste em duas partes principais. A parte superficial, mais fina,
é composta de tecido epitelial, denominada epiderme. A parte revertida de tecido
conjuntivo, mais espessa e profunda, é a derme. Existe, também, uma camada abaixo da
pele, subdérmica, denominada de tecido subcutâneo.

Figura 3. Camadas da pele

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Epiderme

Derme

Hipoderme

Fonte: https://bitlybr.com/oy06T

Estruturas da pele
Epiderme: A epiderme é composta de epitélio escamoso estratificado queratizado, suas
células estão continuamente sendo substituídas. É a camada mais externa da pele, que
contém quatro tipos principais de células: queratinócitos, melanócitos, células de
Langerhans (defesa imunológica) e células de Merkel. A queratina é uma proteína fibrosa
dura, que ajuda a proteger a pele e os tecidos subjacentes do calor, dos microorganismos
e das substâncias químicas, possui ainda as seguintes camadas:

Figura 4. Camadas da Epiderme

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Células mortas
descamando na
superfície da pele

Camada
córnea
Ceratinócitos
mais velhos
se movem
Camada para cima
granulosa

Camada
espinhosa

Camada
basal

Derme

Fonte: https://bitlybr.com/LkCa0o

Derme: A segunda parte mais profunda da pele, é a derme, localizada entre a epiderme e
o tecido subcutâneo. É composta por um tecido conjuntivo resiste, contendo fibras
elásticas e colágenas.

Essa malha entrelaçada de fibra possui grande resistência elástica (resiste as forças de
tração ou de estiramento), conferindo assim à pele, sua capacidade de distensão
mediante à tração. Possui função de flexibilidade, elasticidade e resistência. Também é
ricamente irrigada por extensas redes capilares, além de nervos, glândulas e folículos
pilosos.

A derme é essencial para a sobrevivência da epiderme e essas camadas adjacentes


formam muitas relações funcionais e estruturais importantes.

[Para Refletir]
Uma curiosidade é que o couro, que usamos na fabricação cintos, calçados, roupas, bolas
de basquete, por exemplo, é a derme de outros animais, seca e tratada.
[Fim Para Refletir]

A derme é constituída por:


 Mucopolissacarídeos;
 Vasos sanguíneos;
 Terminações nervosas;
 Vasos linfáticos;
 Folículo piloso;
 Glândulas sudoríparas;
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 Glândulas sebáceas;
 Fibras de colágeno;
 Fibras elásticas e reticulares.

Figura 5. Composição da derme

Pelo

Camada córnea
Poro

Camada basal
Epiderme

Glândula sebácea
Derme
Folículo piloso

Camada
subcutânea
Células gordurosas

Nervos
sensitivos Terminações Veia
nervosas
Fibras Artéria
musculares
Glândula
sudorípara

Fonte: https://bitlybr.com/MmzBH

Tecido subcutâneo: representa a porção mais profunda das camadas da pele e oferece
proteção contra traumas. Além disso, possui finalidade de isolamento térmico e favorece e
mobilidade da pele.

Função da pele
Agora que você já possui uma compreensão básica da estrutura da pele, pode perceber
melhor suas muitas e numerosas funções, incluindo a termorregulação, reservatório de
sangue, proteção, sensibilidade cutânea, excreção e absorção, síntese de vitamina D.

Figura 6. Funções da pele

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Fonte: https://bitlybr.com/TRYjvDdk

Ferida
Representa a ruptura da estrutura (solução de continuidade) e fisiológica do tegumento
cutâneo, da membrana mucosa ou de qualquer parte do corpo, que tem por etiologias
agentes físicos, químicos ou biológicos. Causando o impedimento da realização de suas
funções básicas, podendo ser intencional (cirúrgica) ou acidental (POTTER; PERRY,
2001).

Processo de cicatrização
A reação da cicatrização envolve ações integradas das células, que visam restaurar a
integridade do tecido, de um modo geral, representa uma complexa sequência de eventos
coordenados e desencadeados pelo próprio organismo.

O objetivo do processo de cicatrização é reconstruir a estrutura e a funcionalidade do


tecido comprometida em sua maior plenitude.

Alguns fatores locais e sistêmicos podem interferir o curso natural da cicatrização


(BORGES; et al, 2001, n.p).

Esses fatores deprimem as funções celulares e afetam diretamente a cicatrização da


ferida:
 Psicossocial: estresse, ansiedade, depressão; tabagismo (pela diminuição do
oxigênio nos tecidos); edema;
 Perfusão diminuída: infecção, idade;
 Doenças crônicas: Diabetes mellitus, Hipertensão Arterial Sistêmica;
 Aporte nutricional: hidratação prejudicada, uso de medicamentos;
 Distúrbios sistêmicos: obesidade; extensão e localização da ferida;
 Estado imunológico; mobilidade, presença de corpo estranho.
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Fases da cicatrização
O processo cicatricial é composto por três fases sequenciais, dependentes de energia e
controlada por fatores de crescimento. A cicatrização ocorre em três fases: a inflamatória,
a proliferativa e a fase de maturação.

Figura 7. Fases da cicatrização

INFLAMAÇÃO PROLIFERAÇÃO REMODELAÇÃO

Fonte: https://bitlybr.com/Vl69Rc

Fase inflamatória: também chamada de fase exudativa, tem por funções a ativação do
sistema de coagulação, promoção do desbridamento e defesa da ferida contra patógenos.
Como seu nome indica, essa fase da cicatrização implica na inflamação, uma resposta
vascular e celular que ajuda na eliminações de microorganismos, corpo estranho e tecido
necrosado na preparação para o reparo.

A vasodilatação e o aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos, associados à


inflamação, intensificam a oferta de células úteis. Estas incluem leucócitos fagocíticos,
chamados de neutrófilos, macrófagos e células mesenquimais, que se desenvolvem em
fibroblastos.

Essa etapa se inicia no momento que ocorre a lesão, até um período de três a seis dias:
 Etapa trombocítica: ativação da cascata de coagulação para alcance da
hemostasia;
 Etapa granulocítica: presença de leucócitos para a fagocitose de microorganismos;
 Etapa macrofágica: liberação de enzimas pelos macrófagos, substâncias
vasoativas e fatores de crescimento.

Fase proliferativa ou fibroblástica: nesse estágio, ocorre a regeneração dos tecidos, a


formação de novos vasos (neoangiogênese), a multiplicação dos fibroblastos com
deposição de colágeno (fibroplasia), isto é, a formação de tecido de granulação e
migração das células epiteliais das margens da lesão para o centro (epitelização). Essa
fase inicia-se entre o terceiro dia e pode se estender até o vigésimo quarto dia do início da
lesão.

O coágulo, ativado na fase anterior, torna-se uma crosta e as células epiteliais migram por
baixo dessa crosta para o realizar o fechamento do ferimento. Fibroblastos migram ao
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longo de filamentos de fibrina e começam a sintetizar tecido cicatricial (fibras colágenas e
glicoproteínas) e vasos sanguíneos lesados começam a se desenvolver novamente.
Durante essa fase, o tecido que preenche o ferimento é chamado de tecido de
granulação.
A fase proliferativa é caracterizada por extenso crescimento de células epiteliais sob a
crosta, por deposição pelos fibroblastos, de fibras de colágeno em padrão aleatório e pelo
contínuo crescimento de vasos sanguíneos.

Fase de maturação: inicia-se em torno da terceira semana após início da lesão, podendo
se estender por até dois anos, nessa fase, ocorre a remodelação do tecido.
A crosta, inicialmente, se desprende, uma vez que a epiderme readquiriu sua
espessura normal. As fibras colágenas se tornam mais organizadas, os fibroblastos
diminuem em quantidade e os vasos sanguíneos são restaurados ao seu estado
normal.
Em resumo, nessa fase existem três grandes acontecimentos:
 Diminuição da vascularização e dos fibroblastos;
 Aumento da força tensil; e
 Reordenação das fribras colágeno.

A figura a seguir, nos mostra a evolução do número relativo de células sanguíneas e


fibroblastos nas fases sequenciais do processo de cicatrização.

Figura 8. Evolução das células no processo de cicatrização.

Fonte: https://bitlybr.com/MIBvMrRY

Tipos de cicatrização
As feridas cicatrizam por diferentes mecanismos, a depender de suas condições, como a
quantidade de tecido lesado ou danificado, a presença ou não de infecção, sendo

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classificadas em: primeira intenção, segunda intenção e terceira intenção (TAZIMA;
VICENTE; MORIYA, 2008, p.261).

Cicatrização por primeira intenção: é o tipo de cicatrização que ocorre quando as


bordas são apostas ou aproximadas, havendo perda mínima de tecido, ausência de
infecção e mínimo edema. A formação de tecido de granulação não é visível. Exemplo:
ferimento suturado cirurgicamente. Ocorre em feridas realizadas de maneira asséptica,
com um mínimo de destruição tecidual e que são devidamente fechadas, cicatrizando
com pouca reação tecidual (TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008, p.261).

Cicatrização por segunda intenção: nesse tipo de cicatrização ocorre perda excessiva
de tecido com a presença ou não de infecção. A aproximação primária das bordas não é
possível. As feridas são deixadas abertas e se fecharão por meio de contração e
epitelização. Existe a presença ou não de infecção. São feridas que, geralmente, se
fecham em direção da margem (bordas) para o centro (TAZIMA; VICENTE; MORIYA,
2008, p.261).

Cicatrização por terceira intenção: designa a aproximação das margens da ferida (pele
e subcutâneo) após o tratamento aberto inicial. Ocorre principalmente nas feridas
expostas à infecção ou dispositivos médicos (ex: drenos) e precisam de tratamento inicial
para então haver posteriormente a aproximação das bordas cirurgicamente.

A imagem a seguir, é a representação esquemática da cicatrização por primeira e por


segunda intenção (TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008, p.261).

Figura 9. Cicatrização por primeira e por segunda intenção

Cicatrização primária

Cicatrização secundária

Fonte: https://bitlybr.com/MIBvMrRY.

[Para Refletir]
Se existe a impossibilidade da ferida operatória cicatrizar por primeira intenção e
acontecer por segunda intenção, geralmente ela é tratada com coberturas que possam
manter a umidade no leito. É de extrema importância que o enfermeiro que atue no
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tratamento à lesões tenha conhecimento e domínio sobre as diferentes coberturas
disponíveis no mercado e no ambiente de trabalho, promovendo assim, uma assistência
de qualidade e efetiva ao cliente.
[Fim Para Refletir]

Classificação das feridas


As feridas podem ser classificadas de diversas maneiras: de acordo com o agente causal
(etiologia), o grau de contaminação (infecção), comprometimento tecidual, espessura,
evolução, complexidade.

Agente causal
 Incisas ou cirúrgicas: são produzidas por um instrumento cortante, como facas,
bisturis, lâminas. Se classificadas como feridas limpas, geralmente seu fechamento
ocorre por meio de suturas.
 Contusas: são produzidas por objeto rombo e caracterizadas por traumatismo das
partes moles, hemorragia e edema.
 Lacerantes: são ferimentos com bordas irregulares e com mais de um ângulo. O
mecanismo de formação da lesão é por tração, rasgo ou arranchamento tecidual.
Um exemplo clássico desse mecanismo é a mordedura de cão (TAZIMA;
VICENTE; MORIYA, 2008, p.262).

Perfurantes: são caracterizadas por pequenas aberturas na pele, onde predomina-se um


lesão profunda e com menor comprimento, como nas lesões ocasionadas por arma de
fogo ou ponta de faca (TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008, p.262).

Grau de contaminação
As feridas podem ser classificadas em limpas, limpas-contaminadas, contaminadas e
infectadas.
 Limpas: são as que não apresentam sinais de infecção e em que não são
atingidos os tratos respiratório, digestivo, genital ou urinário. Onde há baixa
probabilidade de infecção, em torno de 1 a 5%, como as feridas produzidas em
ambiente cirúrgico, por exemplo.
 Limpa-contaminada: são os ferimentos que apresentam contaminação
grosseira, em acidente doméstico ou em centro cirúrgico em que houve contato
com os tratos respiratório, digestivo, urinário e genital, porém em situações
controladas. O risco de infecção é cerca de 10%.
 Contaminadas: são consideradas contaminadas as feridas acidentais, com mais
de seis horas de trauma ou que tiveram contato com terra e fezes, por exemplo.
No ambiente cirúrgico são consideradas contaminadas as lesões em que a técnica
asséptica não foi devidamente colocada em prática. Os níveis de infecção podem
atingir 20 a 30%. Um exemplo são as cirurgias dos cólons;
 Infectadas: são aquelas que apresentam sinais nítidos de infecção (TAZIMA;
VICENTE; MORIYA, 2008, p.262).

Comprometimento tecidual
São lesões que classificam-se quanto aos estágios (1,2,3 e 4), graus, abertas ou
fechadas.
 Estágio 1: comprometimento da epiderme, sem perda tecidual, pele íntegra.
 Estágio 2: ocorre perda tecidual e comprometimento da epiderme, derme ou
ambas.

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 Estágio 3: há comprometimento total da pele e necrose de tecido subcutâneo,
porém, não atinge a fáscia muscular.

Estágio 4: há extensa destruição de tecido, chegando a ocorrer lesão óssea ou muscular


ou necrose tissular. (TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008, p.262).

Evolução
Podem ser classificadas em agudas ou crônicas.
Complexidade
Quanto ao grau de complexidade, podem ser simples ou complexas.

Espessura
Podem ser denominadas feridas superficiais, profundas superficiais ou profundas totais.

Lesão por pressão


A lesão por pressão consiste em um dano localizado na pele e/ou tecidos moles
subjacentes, geralmente sobre uma proeminência óssea ou relacionada ao uso de
dispositivo médico ou a outro artefato. A lesão pode - se apresentar em pele íntegra ou
como úlcera aberta e pode ser dolorosa.

A lesão ocorre como resultado da pressão intensa e/ou prolongada em combinação com o
cisalhamento (tensão aplicada devido a geração de forças em sentidos opostos, porém,
em direção semelhantes). A tolerância do tecido mole à pressão e ao cisalhamento
também podem ser afetada pelo microclima, nutrição, perfusão, comorbidades e pela sua
condição (SOBEST, SOBENDE, 2016, n.p).

[Para Refletir]
A National Pressure Injury Advisory Panel (NPIAP) é a organização norte-americana
dedicad à prevenção e ao tratamento de lesões por pressão, a qual a Sociedade
Brasileira de Estomaterapia (SOBEST) e a Sociedade Brasileira de Enfermagem em
Dermatologia (SOBENDE) corroboraram o uso da nova terminologia de lesão por pressão
(anteriormente, úlcera por pressão) e a atualização da nomenclatura dos estágios do
sistema de classificação (SOBEST, SOBENDE, 2016, n.p).
Para mais informações acesse o link a seguir e conheça um pouco mais dessa
organização profissional independente dedicada à prevenção e ao gerenciamento de
lesões por pressão. Disponível em: https://npiap.com/
[Fim Para Refletir]

Capítulo 3 – Estadiamento da Lesão por Pressão


Estadiamento da lesão por pressão
As lesões por pressão podem ser classificadas da seguinte forma:
 Lesão por pressão Estágio 1: pele íntegra com eritema que não embranquece e
que pode parecer diferente em pele de cor escura. Presença de eritema que
embranquece ou mudanças na sensibilidade, temperatura ou consistência
(endurecimento) podem preceder as mudanças visuais. Mudanças na cor não
incluem descoloração púrpura ou castanha; essas podem indicar dano tissular
profundo (SOBEST, SOBENDE, 2016, n.p).

Figura 10. Lesão por pressão estágio 1


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Fonte: Comissão Permanente de Protocolos de Atenção à Saúde da SES-DF – CPPAS, 2018

Figura 11. Lesão por pressão estágio 1

Fonte: Comissão Permanente de Protocolos de Atenção à Saúde da SES-DF – CPPAS, 2018

Lesão por pressão Estágio 2: há perda da pele em sua espessura parcial com
exposição da derme. O leito da ferida é viável, de coloração rosa ou vermelha, úmido e
pode também manifestar-se como uma bolha intacta ou rompida (SOBEST, SOBENDE,
2016, n.p).

O tecido adiposo e tecidos profundos não são visíveis. Tecido de granulação, esfacelo e
escara não estão presentes. Essas lesões geralmente resultam de microclima inadequado
e cisalhamento da pele na região da pélvis e no calcâneo. Esse estágio não deve ser
usado para descrever as lesões de pele associadas à umidade, incluindo a dermatite
associada à incontinência (DAI), a dermatite intertriginosa, a lesão de pele associada a
adesivos médicos ou as feridas traumáticas, como por exemplo, as lesões por fricção,
queimaduras, abrasões (SOBEST, SOBENDE, 2016, n.p).

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Figura 12. Lesão por pressão estágio 2

Fonte: Comissão Permanente de Protocolos de Atenção à Saúde da SES-DF – CPPAS, 2018

Figura 13. Comissão Permanente de Protocolos de Atenção à Saúde da SES-DF – CPPAS, 2018

Fonte: https://bitlybr.com/gzSIAO8

Lesão por pressão Estágio 3: perda da pele em sua espessura total na qual a gordura é
visível e, frequentemente, tecido de granulação e epíbole estão presentes. Esfacelo e /ou
escara pode estar visível. A profundidade do dano tissular varia conforme a localização
anatômica. Podem ocorrer descolamento e túneis. Não há exposição de fáscia, músculo,
tendão, ligamento, cartilagem e/ou osso (SOBEST, SOBENDE, 2016, n.p).

Quando o esfacelo ou escara prejudica a identificação da extensão da perda tissular,


deve-se classificá-la como Lesão por Pressão Não Classificável (SOBEST, SOBENDE,
2016, n.p).

Figura 14. Lesão por pressão estágio 3

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Fonte: Comissão Permanente de Protocolos de Atenção à Saúde da SES-DF – CPPAS, 2018

Figura 15. Lesão por pressão estágio 3 com epíbole

Fonte: https://bitlybr.com/gzSIAO8

Lesão por pressão Estágio 4: Perda da pele em sua espessura total e perda tissular
com exposição ou palpação direta da fáscia, músculo, tendão, ligamento, cartilagem ou
osso. Esfacelo e /ou escara pode estar visível. Epíbole, descolamento e/ou túneis
ocorrem frequentemente (SOBEST, SOBENDE, 2016, n.p).

A profundidade varia conforme a localização anatômica. Quando o esfacelo ou escara


prejudica a identificação da extensão da perda tissular, deve-se classificá-la como Lesão
por Pressão Não Classificável (SOBEST, SOBENDE, 2016, n.p).

Figura 16. Lesão por pressão estágio 4

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Fonte: Comissão Permanente de Protocolos de Atenção à Saúde da SES-DF – CPPAS,
2018

Figura 17. Lesão por pressão estágio 4

Fonte: https://bitlybr.com/gzSIAO8

Lesão por pressão Não Classificável: Perda da pele em sua espessura total e perda
tissular na qual a extensão do dano não pode ser confirmada porque está encoberta pelo
esfacelo ou escara. Ao ser removido (esfacelo ou escara), Lesão por Pressão em Estágio
3 ou Estágio 4 ficará aparente. Escara estável (isto é, seca, aderente, sem eritema ou
flutuação) em membro isquêmico ou no calcâneo não deve ser removida (SOBEST,
SOBENDE, 2016, n.p).

Figura 18. Lesão por pressão Não Classificável

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Fonte: https://bitlybr.com/7thQyB

Figura 19. Lesão por pressão Não Classificável

Fonte: https://bitlybr.com/gzSIAO8

Além da classificação das lesões por pressão citada anteriormente, acrescenta-se os


seguintes tipos de lesão:

Lesão por Pressão Tissular Profunda: a pele estará intacta ou não, com área localizada
e persistente de coloração vermelho escura, marrom ou púrpura que não esbranquece ou
separação epidérmica que mostra lesão com leito escurecido ou bolha com exsudato
sanguinolento (SOBEST, SOBENDE, 2016, n.p).

Figura 20. Lesão por pressão Tissular Profunda

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Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?
q=tbn:ANd9GcSwaJylSQmFaepnIXSzuYhP_eCvxo9ReKQ7rg&usqp=CAU
https://bitlybr.com/7thQyB

Lesão por Pressão Relacionada a Dispositivo Médico: resulta do uso de dispositivos


criados e aplicados para fins diagnósticos, como por exemplo, colar cervical, máscara de
ventilação não invasiva, cânulas nasais, cateteres urinários, traqueostomia.

Esses dispositivos geralmente são feitos de materiais rígidos, que podem criar pressão
sobre os tecidos, especialmente se o aparelho for mal ajustado ou na presença de
edema. Mas, essa definição descreve uma etiologia e, portanto, deve-se usar o sistema
de classificação para relatar o estágio da lesão relacionada ao dispositivo médico
(SOBEST, SOBENDE, 2016, n.p).

Figura 21. Lesão por pressão Relacionada a Dispositivo Médico

Fonte: https://bitlybr.com/MlvzCwT

Lesão por Pressão em membranas mucosas: é encontrada nas regiões recobertas por
mucosas com a utilização de algum dispositivo médico nesse local. Devido à anatomia do
tecido, essas lesões não podem ser estadiadas (SOBEST, SOBENDE, 2016, n.p).

[Para Refletir]
As lesões por pressão não devem ser classificadas em ordem contrária como forma de
reavaliar após o avanço de sua cicatrização.
As lesões de estágio 4 não se transformam em estágio 3, 2, ou 1 até cicatrizarem. A
cicatrização ocorrerá às custas de tecido de granulação, por segunda intenção.
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Uma lesão de estágio 4 recebe esta mesma classificação que ocorra sua completa
cicatrização. A avaliação da melhora ou da piora da lesão é feita pela mensuração de sua
dimensão (USP, 2020).
[Fim Para Refletir]

Escalas de predição para o desenvolvimento da lesão por pressão


A utilização das escalas de predição de risco são ferramentas para o auxílio na melhor
visualização do risco de desenvolvimento de lesão por pressão, pois reconhecem de
forma precoce a possibilidade de existência de lesão e ajudam a minimizar maiores
problemas futuros.

Vejamos as características principais das escalas de Norton e de Braden, por serem


escalar mais presentes em nossa prática de assistência ao cliente. Ressaltamos ainda,
que existem as escalas de Braden para adultos, Braden Q para crianças e Braden Q
Neonatal/Infantil para os neonatos.

Escala de Norton: A primeira escala foi idealizada por Norton em 1962. Mais tarde, na
década de 1980 outras estudiosas como Waterlow, na Inglaterra e Braden, nos Estados
Unidos, apresentaram seus instrumentos de avaliação. (CASTANHEIRA, 2018, p.57).

A Escala de Norton, consiste na avaliação de cinco fatores de risco: condição física, nível
de consciência (mental), atividade, mobilidade e incontinência. O valor total pode variar de
5 a 20 pontos. Uma menor pontuação indica maior risco para desenvolver lesão por
pressão (CASTANHEIRA, 2018, p.57).

Figura 223. Escala de Norton

Fonte: https://bitlybr.com/wrtaPu22

Escala de Braden simplificada: A Escala de Braden avalia seis itens: percepção


sensorial; umidade; atividade; mobilidade; nutrição e fricção e cisalhamento (atrito). Com
exceção do último item que apresenta um escore de 1 a 3, os outros pontuam de 1 a 4. O
total pode variar de 6 a 23 pontos. Quanto menor a pontuação há o maior risco para o
desenvolvimento de lesão por pressão.

Figura 234. Escala de Braden simplificada

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Fonte: https://bitlybr.com/fyAMwXmv

Unidade II – Intervenções frente às lesões

Capítulo 1 – Ferimentos e curativos


Limpeza da ferida
A técnica de limpeza da lesão consiste em remover restos celulares, materiais estranhos,
tecido necrótico ou desvitalizado, resíduos de agentes tópicos presentes na superfície da
ferida, propiciando a promoção e a preservação do tecido de granulação.

A meta do preparo do leito da ferida é promover as condições para o desenvolvimento de


um tecido de granulação saudável que favoreça o reparo da lesão, ou seja, obter um leito
da ferida bem vascularizado, livre de tecidos inviáveis e excesso de exsudato, com
redução da carga bacteriana e do edema.

O procedimento de limpeza da ferida pode ser realizado por meio de duas técnicas
distintas: a técnica limpa e a técnica asséptica ou estéril.

Técnica limpa: é indicada para procedimentos no domicílio:


 As mãos devem ser lavadas com água e sabão, antes e após a realização do
procedimento;
 Deve ser utilizado material limpo para a manipulação da lesão;
 Realizada com SF 0,9% ou água tratada, porém, a oclusão do curativo deverá ser
realizada com cobertura estéril.

Técnica asséptica: é recomendada para procedimentos realizados em hospitais, em


ambulatórios e nas Unidades Básicas de Saúde – UBS, devido a possibilidade de
contaminação por microorganismos patogênicos e infecções cruzadas.

Em ambas as técnicas é recomendado remover o curativo anterior com luvas de


procedimento e descarta-las após o uso.

22
Uma das diferenças entre as técnicas apresentadas é que na técnica asséptica deve ser
utilizado luvas estéreis para a manipulação da lesão, obrigatoriamente.

[Para Refletir]
Para que o procedimento de limpeza seja realizado de forma efetiva é importante
ressaltar:
 Não friccionar leito da ferida;
 Umedecer curativo a ser removido, se estiver aderido;
 Lavar a pele adjacente a ferida e o pé, se for o caso, com água e sabão neutro;
 Proteger o curativo durante o banho (risco de contaminação).
[Fim Para Refletir]

Desbridamento
O desbridamento ou debridamento é a técnica utilizada para limpar a ferida e deixá-la em
condições adequadas para a cicatrização, através da remoção de tecidos inviáveis
através dos tipos autolítico, enzimático, mecânico ou cirúrgico. O tecido necrótico possui
excessiva carga bacteriana e células mortas que inibem a cicatrização.

A manutenção do desbridamento, quando indicada, é necessária para manter o leito


propício para a cicatrização. Caso não ocorra, a ferida não consegue evoluir para as
seguintes etapas das fases de cicatrização, como já estudamos anteriormente, ou seja,
ocorre uma perpetuação da fase inflamatória (USP, 2020, n.p).

A seguir, descreveremos as principais técnicas de desbridamento:


 Desbridamento autolítico: consiste na degradação seletiva dos tecidos
desvitalizados por meio de enzimas endógenas, em virtude de um meio úmido
adequado, causado pela aplicação de uma cobertura que permita a hidratação da
ferida, a exemplo do hidrocoloide e do hidrogel.
 Desbridamento cirúrgico: pode ser realizado em um tempo único ou de maneira
seriada, dependendo evolução do leito da ferida. Realizada geralmente no centro
cirúrgico por médico-cirurgião. Debridamentos profundos são contraindicados em
casos de piodema gangrenoso, vasculites ou lesões isquêmicas cuja etiologia não
esteja bem definida. Biópsias devem ser realizadas nas margens da ferida para se
descartar possibilidade de lesão maligna, especialmente o carcinoma
espinocelular.
 Desbridamento mecânico: utilizam-se os meios mecânicos de escovação,
hidroterapia e irrigação, como também o esfregaço com gaze.
 Desbridamento enzimático ou químico: realizado com agentes enzimáticos
seletivos (colagenase, papaína, bromelina, etc) que são aplicadas diretamente
sobre as áreas de necrose. Devem ser interrompidas assim que a ferida se
apresente limpa com granulação bem irrigada (USP, 2020, n.p).

Coberturas
O tratamento de feridas é dinâmico e depende, a cada momento, da evolução das fases
de cicatrização. A escolha da cobertura e do material adequado para a realização do
curativo decorre do conhecimento fisiopatológico e bioquímico da reparação tecidual.

O curativo é a proteção da lesão contra a ação de agentes externos físicos, mecânicos e


biológicos. É um meio que consiste na limpeza e aplicação de uma cobertura estéril em

23
uma ferida, quando necessário, com a finalidade de promover a rápida cicatrização e
prevenir a contaminação e infecção.

É importante que antes da escolha da cobertura e da realização do curativo, o


indivíduo/cliente seja avaliado de forma holística, integral, sua repercussão global para o
indivíduo. Outros fatores que devem ser levados em consideração:
 Ser impermeável à água, a outros fluidos e a bactérias;
 Aliviar a dor;
 Permitir as trocas gasosas;
 Ser de fácil aplicação e remoção (sem que haja traumas);
 Auxiliar na hemostasia;
 Absorver e remover excessos de exsudato;
 Promover desbridamento e um ambiente úmido;
 Tratar as cavidades existentes na úlcera;
 Fornecer isolamento térmico;
 Proteger a lesão contra traumas mecânicos;
 Proporcionar condições favoráveis às atividades de vida diária do cliente (USP,
2020, n.p).

As coberturas podem ser classificadas quanto ao desempenho, como:


 Passivas: protegem e cobrem as feridas;
 Interativas: mantêm um microclima úmido, facilitando a cicatrização;
 Bioativas: fornecem elementos necessários à cicatrização, estimulando a cura das
feridas.

As coberturas também podem ser classificadas quanto à sua relação de contato com o
leito da ferida em:
 Primárias: são aquelas colocadas diretamente sobre a ferida;
 Secundárias: são aquelas colocadas sobre a cobertura primária, quando
necessário (USP, 2020).

Principais tipos de coberturas


- Alginato: Indicado em lesões infectadas ou não, com média ou alta exsudação, com
sangramento ou em presença de necrose e fibrina. Usado como curativo primário, por ser
aplicado sobre o leito da ferida, necessitando de um curativo secundário para ocluir ou
fixá-lo. A frequência de troca deve ser avaliada de acordo com a quantidade de exsudato
presente na ferida, podendo permanecer até 4 dias (BORGES, 2001, p.24).
- Hidrogel: Indicado para feridas com pouca perda tecidual, para o debridamento
autolítico de feridas necróticas. Essa cobertura mantém o ambiente da ferida úmido e,
consequentemente, estimula a formação do tecido de granulação. Está contraindicado
para feridas em que há excesso de exsudato (BORGES, 2001, p.24).
- Hidrocolóide: Indicado em feridas não infectadas. A troca do curativo deve ser
realizada sempre que ocorrer saturação do gel. Poderá permanecer por até 7 dias. O gel
formado com o exsudato da ferida tem cor amarelada e odor desagradável que
desaparece após a limpeza da feridagra (BORGES, 2001, p.25).
- Carvão ativado com prata: Indicado para lesões infectadas, com média e alta
exsudação, com ou sem odor. Curativo primário, exigindo sempre a cobertura com um
secundário. Deve ser trocado sempre que estiver saturado. Contraindicado para feridas
secas e feridas sem infecção instalada (BORGES, 2001, p 26).

24
- Espuma de poliuretano: É indicada para feridas com perda tecidual profunda, parcial
ou total, sendo que nas cavitárias é utilizada na forma de enchimento. Em feridas com
perda tecidual superficial ou onde há predomínio de tecido necrótico, está contraindicado.
A frequência de troca dessa cobertura depende do volume de exsudato drenado, podendo
permanecer no leito da ferida por até 5 dias. Na apresentação de envoltório, faz-se
necessária a utilização de cobertura secundária, como gaze dupla estéril ou filme
poliuretano (BORGES, 2001, p. 26).
- Colagenase: indicada para o desbridamento enzimático das lesões que possuem
tecidos necróticos secos ou viscosos bem aderidos ao leito. Está contraindicada em casos
em que há hipersensibilidade aos componentes da fórmula (BORGES, 2001, p.27).
- Papaína: Indicada para feridas necróticas e na presença de fibrina, sendo
contraindicada em casos de lesão isquêmica. Indicada no desbridamento enzimático de
feridas com tecidos necróticos secos ou viscosos bem aderidos ao leito da lesão. Não
deve ser usada ou misturada com substâncias derivadas ou compostas de ferro ou iodo,
pois é facilmente oxidada. Contraindicada também, para feridas com hipersensibilidade
aos componentes da fórmula (BORGES, 2001, p.27).

[Para Refletir]
Vale lembrar que a indicação do uso da Papaína está diretamente relacionada à sua
concentração.
A concentração de 2% é indicada para tecido de granulação;
A concentração de 4 a 6% para ação debridante da necrose de liquefação; e
A concentração de 8 a 10% para o desbridamento de necrose de coagulação.
[Fim Para Refletir]

- Sulfadizina de prata 1%: Indicadas para feridas com infecção com bactérias gram-
negativas e positivas, fungos, vírus e protozoários. É a cobertura prioritária de escolha no
tratamento das queimaduras. Contraindicada para pacientes que possuem disfunção
renal ou hepática, leucopenia transitória, mulheres grávidas e crianças menores de dois
meses (BORGES, 2001, p.28).
- Creme barreira: Creme hidrofóbico composto de água, parafina líquida, petrolato, cera
microcristalina, oleato de glicerol, álcool de lanolina, ácido cítrico, citrato de magnésio,
ciclometicone, glicerina, metilparabeno, propilparabeno e propilenoglicol. Indicado para a
proteção da pele íntegra contra fluidos corporais. Hidrata e condiciona a pele,
rapidamente é absorvido pela pele, além de recuperar o pH natural da pele. Atua na
prevenção de assaduras, dermatites e lesões (BORGES, 2001, p.28)
- Filme transparente: Película de poliuretano semipermeável. Atua na formação de uma
camada protetora da pele, agindo como barreira à contaminação da ferida. É impermeável
a água e outros agentes, adaptando - se aos contornos do corpo. Um benefício com seu
uso é a visualização direta da ferida. Grande aliado na prevenção de Lesões por Pressão.
- Bota de Unna: Indicada para o tratamento de úlceras venosas (estase) e edema
linfático. Exerce força de contensão no membro acometido, aumentando o fluxo venoso
nos membros inferiores. Promove, também, fibrinólise e aumenta a pressão intersticial
local, além, de manter o meio úmido necessário à cicatrização. Contraindicada para
úlceras arteriais.

Figura 245. Aplicação da Bota de Unna

25
Fonte: https://bitlybr.com/49bi

- Tela não aderente (Petrolatum): Indicada para lesões superficiais de queimaduras,


úlceras, feridas superficiais limpas, abrasões, lacerações, áreas doadoras de enxerto.
Atua mantendo o meio úmido, promovendo o equilíbrio da umidade da lesão, pois permite
que o exsudato seja absorvido pelo curativo secundário.

Figura 256. Lesão com Tela não aderente - Petrolatum

Fonte: https://bitlybr.com/GCbZmQH

- PHMB (prontosan) : Indicado para limpeza, descontaminação e umidificação do leito


das feridas agudas ou crônicas. Pode ser utilizado em feridas colonizadas, criticamente
colonizadas e infectadas, além, das queimaduras de grau I e II. Atua na remoção de
biofilmes, preparando o leito da ferida para receber curativo. Compatível com as
coberturas comumente utilizadas. Mantém sua atividade em ambiente úmido por até 72h.
É importante que o PHMB permaneça no leito da ferida em pausa por 10 a 15 minutos
para melhor atuação do produto.

26
[Para Refletir]
A resolução nº 567/2018 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) aprova o
Regulamento da atuação da Equipe de Enfermagem no cuidado aos pacientes com
feridas. Resolve ainda, que o Enfermeiro tem autonomia para a abertura de
clínica/consultório de prevenção e cuidado de pessoas com feridas, respeitadas as
competências técnicas e legais.
O COFEN reconhece a autonomia do enfermeiro para desempenhar e supervisionar os
cuidados com a ferida como avaliar, prescrever e executar intervenções (curativos).
Vamos nos atentar sempre as atualizações de normas e resoluções da nossa prática
profissional.
[Fim Para Refletir]

Capítulo 2 – Ferimentos crônicos

Úlcera venosa
As úlceras venosas são o tipo de úlcera mais comum encontrado nas extremidades
inferiores e são responsáveis por aproximadamente 76% das úlceras nas pernas. A
insuficiência venosa crônica é a principal responsável pelo seu surgimento (BARBOSA, et
al., 2010, p.3).

A teoria clássica é a mais aceita e justifica que a hipertensão venosa persistente leva a
danos nas paredes dos vasos e alterações na microcirculação. Quando a pressão venosa
excede a nível crítico, a pressão capilar excede a capacidade de resistência das paredes
e ocorre o estiramento capilar. Essa alteração leva a passagem de macromoléculas do
interior do vaso para a pele, causando várias alterações (USP, 2020, n.p).

A doença venosa apresenta várias manifestações nas pernas como: edema, dor, varizes,
mudanças na coloração da pele, hemosiderose (USP, 2020, n.p).

Figura 267. Apresentação do membro inferior com características de doença e úlcera venosa

Fonte: https://bitlybr.com/nld6

[Para Refletir]

27
A terapia de compressão não é utilizada para o tratamento de feridas associadas com a
doença arterial, pois a pressão poderá ocluir ainda mais o fluxo arterial, prejudicando
assim, o membro.
É imprescindível que o enfermeiro realize uma avaliação minuciosa da causa da úlcera
apresentada pelo cliente para que o tratamento seja efetivo e satisfatório, com uma
assistência livre de danos ao paciente.
[Fim Para Refletir]

Outras causas de úlceras nas extremidades inferiores são:


- Lesão por pressão;
- Úlceras neuropáticas;
- Causas metabólicas (por exemplo, Diabetes mellitus)
- Hematológicas (disfunções de hemácias, disfunção de leucócitos, disproteinemias);
- Traumas;
- Causas neoplásicas;
- Infecções;
- Pioderma gangrenoso.

Características das Úlceras Venosas


As lesões surgem espontaneamente ou a partir de traumas. Desenvolvida pelo processo
de infecção ou resultantes de aumento do edema. Ocorrem principalmente na região
acima do maléolo medial, porém, podem estar presente em qualquer região abaixo do
joelho, mas não na sola do pé. Mais da metade das úlceras que ocorrem nessa região
(maléolo) são primariamente de origem venosa.

Tipicamente, as Úlceras Venosas, não são profundas, mas elas podem ocasionar a perda
da pele em sua espessura total. Possuem borda bem demarcada ou com uma aparência
de “mapa”. Quanto ao exsudato, está presente em grande quantidade e geralmente,
possui uma base avermelhada (USP, 2020, n.p).

Figura 278. Apresentação do membro inferior com características de doença e úlcera venosa

Fonte: https://bitlybr.com/nld6

Diferenciando a Úlcera Venosa da Doença Arterial

28
Pacientes que possuem obstrução de artérias de grande calibre apresentarão feridas
causadas pela isquemia local relacionada à diminuição do fluxo sanguíneo. Pacientes
apresentando doença arterial em artérias de pequeno calibre, como no Diabetes mellitus,
não possuem resultados satisfatórios com a cirurgia arterial.

A apresentação clínica da doença arterial se caracteriza pela perda de pelos nas


extremidades. A pele costuma estar brilhante e atrófica, mediante a avaliação dos pulsos
podemos encontra-los com característica filiforme, frascos ou até ausentes. O tempo de
enchimento capilar é prolongado e há uma palidez evidente quando a perna é elevada.
Existe, também, um aumento na dor após a prática de atividade (claudicação intermitente)
ou dor mediante o repouso. A dor diminui em posicionamento pendente, o paciente refere
a necessidade de dependurar as pernas para fora da cama durante à noite (USP,
2020,n.p).

Figura 289. Apresentação do membro inferior com características de doença e úlcera arterial

Fonte: https://bitlybr.com/tkJGrk7u

Avaliação da Úlcera Venosa


É absolutamente necessário o reconhecimento da causa de uma úlcera antes do início do
tratamento. Um diagnóstico incorreto pode levar a condutas inapropriadas, especialmente
a compressão extrínseca indispensável no tratamento das úlceras venosas, porém, esse
mesmo tratamento pode causar piora e danos maiores em portadores de úlceras arteriais.

A história clínica do cliente com úlcera venosa precisa ser investigada a fim de explorar
riscos, causas, e fatores que podem influenciar no tratamento e cicatrização da lesão. É
importante durante a avaliação investigativa abordar:
- História clínica;
- Histórico de cirurgias;
- História de edemas;
- Histórico de gestações;
- Uso de drogas (cigarros);

29
- Nutrição e peso corporal;
- Medicamentos;
- História familiar;
- Capacidade do paciente seguir os protocolos de tratamento estabelecidos.

A avaliação da circulação arterial é obrigatória em pacientes que procuram os serviços de


saúde com úlceras de perna. A palpação dos pulsos distais e a medida do IPTB (Índice de
Pressão Tornozelo/Braço) oferecem os elementos básicos necessários para o diagnóstico
diferencial com as feridas isquêmicas (BARBOSA, et al., 2010, p.6).

O índice tornozelo/braço (I T/B) é método não invasivo, usado na prática médica para a
detecção de insuficiência arterial. Esse exame baseia-se na medida das pressões
arteriais do tornozelo e dos braços, utilizando-se um esfigmomanômetro e um aparelho de
doppler-ultra-som manual e portátil (BERGONSE; RIVITTI, 2006, p.133).

Figura 2930. Medição do Índice tornozelo/braço (I T/B)

Fonte: https://bitlybr.com/PBcb7N7

Para fazer a verificação do ITB:


 Coloque o paciente em posição supina;
 Identifique o valor da pressão sistólica no braço;
 Posicione o manguito na parte inferior da perna, acima do tornozelo;
 Utilize gel acústico no local de pulso do pé. Segure a sonda do aparelho Doppler
tocando a pele levemente nesse ponto;
 Insufle o manguito da perna, de 20 a 30 mmHg acima da pressão sistólica braquial;
 Desinsufle o manguito enquanto monitora o retorno do sinais de pulso. O ponto de
retorno do ruído arterial é registrado como a pressão sanguínea sistólica do
tornozelo;
 Divida a pressão sistólica do tornozelo pela pressão sistólica braquial.

I T/B resultante maior ou igual a um são considerados normais e, em geral,


assintomáticos; aqueles com I T/B entre 0,7 e 0,9 são portadores de grau leve de
insuficiência arterial e podem apresentar quadro clínico de claudicação intermitente;
30
pacientes com I T/B entre 0,5 e 0,15 demonstram grau moderado a grave de insuficiência
arterial e podem apresentar clinicamente dor ao repouso; resultados de I T/B abaixo de
0,15 apresentam grau grave de insuficiência arterial com presença de necrose e risco de
amputação do membro acometido. Utiliza-se o I T/B < 0,8 como valor de corte para se
contraindicar a terapia de alta compressão sob risco de necrose do membro acometido
(BARBOSA; et al., 2010, p.6).

Além disso, é importante avaliar as manifestações clínicas da doença venosa e classificar


cada extremidade considerando a classificação Clinical manifestations, Etiologic factors,
Anatomic distribuition of disease, Pathophysiologic findings (CEAP). Onde sinais clínicos
(C), etiologia (E), localização anatômica (A) e fisiopatologia (P).
Como resultado:
 Classe 0: Nenhuma evidência de sinais clínicos de doença venosa (sinal visível ou
palpável).
 Classe 1: Telangiectasias ou veias reticularres, explosão maleolar.
 Classe 2: Veias varicosas.
 Classe 3: Edema, sem alterações na pele.
 Classe 4: Alterações na pele atribuídas à doença venosa (hiperpigmentação,
eczema venoso, lipodermatoesclerose).
 Classe 5: Alterações na pele conforme as definições acima com ulceração
cicatrizada.
 Classe 6: Alterações na pele conforme as definições acima com ulceração ativa.

Capítulo 3 Tratamento da Úlcera Venosa –


O tratamento de feridas é um processo dinâmico, que depende de avaliações
sistematizadas, prescrições distintas de frequência e tipo de curativo ou cobertura
necessários, que podem ser variáveis de acordo com o momento evolutivo do processo
cicatricial, avaliando o indivíduo sempre de forma holística. Um tratamento personalizado
deve ser implantado, isto é, devemos considerar todos os fatores individuais do cliente e
os recursos materiais e humanos de que dispomos, bem como das condições sócio-
econômicas do paciente para a continuidade do tratamento domiciliar e/ou seu retorno ao
serviço de saúde (BARBOSA, et al., 2010, p.6).

O tratamento da úlcera venosa, é baseado em quatro aspectos: o tratamento da estase


venosa, utilizando o repouso e a terapia compressiva, para diminuição ou resolução do
edema; terapia tópica, com escolha de coberturas locais que mantenham úmido e limpo o
leito da ferida e sejam capazes de absorver o exsudato; controle da infecção com
antibioticoterapia sistêmica, conforme resultados do gram, cultura e antibiograma e
prevenção de recidivas (BARBOSA, et al., 2010, p.7).

A seguir, iremos detalhar esses cuidados imprescindíveis para um tratamento adequado


da úlcera venosa.

 Tratamento da estase venosa para diminuição ou resolução do edema


É importante que o paciente seja orientado à elevar a perna na posição sentada,
mantendo um apoio para o pés. Para isso, pode-se utilizar outra cadeira, pode-se fazer
um apoio virando um balde ou uma lata de lixo ao contrário, ou pode-se utilizar uma caixa

31
de papelão ou madeira, enchendo-a com qualquer material disponível e colocando uma
almofada sobre ela.

Se possível, as pernas devem ser posicionadas acima do coração, lembrando sempre de


avaliar/investigar se esse paciente não possui alguma disfunção cardíaca que o impeça
de colocar em prática essa posição.

Idealmente, as pernas devem ser manter nessa posição de elevação, por 2 a 4 horas por
dia (USP, 2020, n.p).

 Deambulação
Caminhadas e exercícios melhoram a função da articulação e da bomba do músculo da
panturrilha, benéficas no tratamento das úlceras venosas.

 Terapia compressiva
A terapia compressiva proporciona o retorno dos fluidos dos espaços intersticiais para o
compartimento vascular ou linfático, comprimindo parcialmente as veias superficiais,
reduzindo seu tamanho e aumentando o fluxo sanguíneo através do vaso.

A terapia compressiva pode ser realizada com o uso de meias ou bandagens e essas
podem ser classificadas em elásticas (meias elásticas) ou inelásticas (bota de unna) e ter
uma ou mais camadas. Elas oferecem suporte para o bombeamento muscular da região
da panturrilha durante o caminhar, promovendo assim, melhora do retorno venoso
(BARBOSA, et al., 2010, p.11).

A compressão com bandagens, para cicatrizar as úlceras em pacientes com ITB maior ou
igual a 0,8, deve ser graduada com pressão mais alta no tornozelo e nas áreas distais e
mediana da perna, progressivamente diminuir quando ascender na perna. O profissional
que realiza o ITB e que aplica a compressão com bandagens deve ser capacitado
adequadamente.

A Bota de Unna é composta de uma bandagem inelástica de gaze impregnada com uma
mistura de gelatina e óxido de zinco. Após ser aplicada, ela é coberta por uma faixa
elástica ou bandagem auto – aderente. Geralmente seca em 12 horas (USP, 2020, p. 18).

[Para Refletir]
É importante que durante a aplicação da Bota de Unna, o profissional não estique ou puxe
a bandagem de maneira exarcerbada. Se houver muita tenção na aplicação, ela ficará
rígida demais após secagem e o paciente sentirá desconforto. Quando a Bota fica muito
apertada, os pacientes tendem a removê-la e podem não retornar ao atendimento e assim
descontinuar o tratamento.
[Fim Para Refletir]

Figura 301. Mecanismo de ação da Bota de Unna

32
Fonte: https://bitlybr.com/7lB2gcSQ

A educação do paciente e familiares é importante para obter a adesão ao tratamento. A


Bota de Unna deve ser trocada semanalmente, porém, trocas mais ou menos frequentes
podem ser feitas, dependendo da necessidade, quantidade de secreção. Para pacientes
com grande volume de secreção, pode ser necessário realizar a troca a duas vezes por
semana.

O paciente dever ser orientado a elevar a perna quando estiver sentado, estimulado a
realizar caminhadas e ser encorajado a dependurar as pernas quando sentado durante
longos períodos.

Observar os sinais/sintomas de insuficiência arterial: dedos pálidos ou azulados; inchaço


severo acima do curativo; dor ou falta de sensibilidade nos dedos dos pés.

Observar os sinais/sintomas de infecção: dor crescente, vermelhidão se espalhando pelas


pernas acima ou aos dedos dos pés, sensação de calor ou aumento da temperatura ao
toque, aumento de odor, etc.

 Terapia tópica
As feridas de etiologia venosa são, geralmente, recobertas por tecido necrótico
membranoso, superficial, amarelado, aderido no tecido de granulação e muito
exsudativas. Para o tratamento tópico, além da terapia compressiva, é importante a
implementação de coberturas não aderentes, capazes de propiciar o desbridamento
autolítico, de absorver o exsudato e criar um ambiente propício para o desenvolvimento
do processo de cicatrização, isto é, garantir um ambiente oclusivo com baixa taxa de
microorganismos e com umidade e temperatura fisiológica, reduzindo assim o tempo de
cicatrização (BARBOSA; et al., 2010, p.10).

A avaliação da ferida deve ser feita, considerando a profundidade, a aparência do leito,


presença de volume do exsudato, o odor e os aspectos da borda. Assim, será possível a
seleção da cobertura adequada de acordo com os resultados da avaliação. Não existe um
único curativo ideal para todo período do tratamento, mas sim, um acompanhamento e
seleção de acordo com as necessidade apresentadas.

33
A cobertura escolhida deve ser simples, não aderente, de baixo custo e aceitável para o
paciente, ser estéril e livre de contaminantes, não causar reação alérgica ao cliente, além
de fornecer ambiente térmico. Se a úlcera apresentar grande quantidade de exsudato, é
importante eleger coberturas que tenham alta absorção como as hidrofibras ou alginato
de cálcio. Nas úlceras que apresentam pouco exsudato a escolha são as coberturas de
espuma de poliuretano ou coberturas de hidrocolóide.

 Educação do paciente com úlcera venosa


A abordagem do paciente portador de úlcera venosa dever ser clara, utilizando termos
compreensíveis, abordando a fisiopatologia da doença e os objetivos do tratamento.

O protocolo do tratamento deve ser explicado, incluindo os tipos de curativos a serem


utilizados, a terapia compressiva, como cuidar/manter o curativo realizado, frequência das
trocas, retornos ou substituição do curativo, além, dos cuidados para não causar novas
lesões nas pernas.

É importante oferecer ao cliente uma escuta qualificada, com esclarecimento de dúvidas e


preocupações, ações essas, que irão auxiliar na adesão ao paciente ao tratamento e na
prevenção de recidivas.

Úlcera Arterial
A úlcera arterial é produzida pela desnutrição da pele devido a uma insuficiência da
perfusão arterial que tem como resultado a isquemia, geralmente está relacionada à
aterosclerose, caracterizando-se por extremidade fria e escura, sendo a claudicação
intermitente e a dor severa, os sintomas mais presentes. (BRASIL, 2002).
O Ministério da Saúde, cita alguns sintomas frequentes nesses tipos de úlceras:
Há palidez, ausência de estase, retardo no retorno da cor após a elevação do
membro, pele atrófica, perda de pelo, diminuição ou ausência das pulsações das
artérias do pé e dor severa aumentada com a elevação das pernas. A úlcera é de
bordas cortadas a pique, irregular, localizada nos tornozelos, maléolos e
extremidades digitais (perna, calcanhar, dorso do pé ou artelho). (BRASIL, 2002,
p.22)

Figura 32. Úlcera Arterial

34
Fonte: https://bitlybr.com/IqzCAyt

A prevenção da úlcera arterial consiste em:


 Elevação da cabeceira da cama em 20cm;
 Proteção do membro contra traumatismos mecânicos, químicos e térmicos;
 Evitar ou recuperar atrofias musculares;
 Cuidados com as unhas, evitando inflamações e unha encravada;
 Tratamento de micoses;
 Reduzir e manter controle do colesterol;
 Controlar a hipertensão arterial e o diabetes mellitus;
 Reduzir o uso de cafeína e tabaco (BRASIL, 2002, p.22).

Durante a avaliação é importante buscar os fatores de risco para o desenvolvimento da


úlcera arterial (tabagismo, Diabetes mellitus, Hipertensão Arterial Sistêmica,
hiperlipidemia, doença coronariana), a presença de queda de pelos, unhas quebradiças,
claudicação, dor em repouso, diminuição do pulso, palidez, cianose, pés frios e/ou atrofia
muscular.

É necessário que haja uma avaliação multidisciplinar, geralmente, se úlcera arterial em


estado avançado, há indicação de tratamento cirúrgico, principalmente nos casos em que
existe dor em repouso e gangrena iminente.

Unidade III – Assistência ao Pé diabético

Capítulo 1 - Úlcera em pé diabético


O Brasil tem uma população estimada de 12,5 milhões de indivíduos diabéticos e está
entre os quatro países com maior número de diabéticos no mundo. Uma pessoa com
Diabetes Mellitus (DM) tem 25% risco de apresentar úlcera no pé. Essa lesão é
responsável de 20% das internações entre os diabéticos. Entre as complicações crônicas
35
do DM, a ulceração e a amputação de extremidades – complicações estas do Pé
Diabético – são algumas das mais graves e de maior impacto socioeconômico, sendo,
infelizmente, ainda frequentes na nossa população (BRASIL, 2016, p.11).

O risco de ulceração ou amputação aumenta em pessoas do sexo masculino que tenham


tido DM por 10 anos ou mais, cujos níveis de glicose na corrente sanguínea não sejam
controlados e que apresentem outras complicações cardiovasculares, nefropatia e
retinopatia.

Grande parcela dos casos de amputações de membros inferiores em pessoas com DM é


evitável. Portanto, é importante algumas ações como:
 A educação e orientação à pessoa com DM, visando a prevenção da ocorrência de
ulcerações nos pés, priorizando um cuidado diário e adequado aos membros
inferiores;
 O exame periódico dos pés das pessoas portadoras de DM, buscando a
identificação precoce de alterações, permitindo o tratamento oportuno e evitando
possíveis complicações.
Denomina-se Pé Diabético a presença de infecção, ulceração e/ou destruição de
tecidos profundos associados a anormalidades neurológicas e a vários graus de
doença vascular periférica em pessoas com DM. As alterações de ordem
neurológica e vascular em extremidades, provocadas pelo quadro de DM,
produzem distorções na anatomia e fisiologia normais dos pés. A alteração do
trofismo muscular e da anatomia óssea dos pés provoca o surgimento dos pontos
de pressão, enquanto o ressecamento cutâneo prejudica a elasticidade protetora
da pele e o prejuízo da circulação local torna a cicatrização mais lenta e ineficaz.
Em conjunto, essas alterações aumentam o risco de úlceras nos pés, podendo
evoluir para complicações mais graves, como infecções e amputações (BRASIL,
2016, p.12).

As anatômicas incluem anidrose distal, pele seca, rachaduras e fissuras. Podem resultar
em maior risco de infecção – bacteriana ou fúngica. Já as alterações na percepção
sensorial incluem ausência da percepção da dor podendo ocasionar diferentes tipos de
traumas.

Um exemplo, são os traumas mecânicos, onde o paciente caminha sem alteração na


marcha ou com alteração no modo de pisar, levando a uma pressão contínua em áreas
vulneráveis. No caso de acamados, a pessoa não identifica a necessidade de
movimentar, de aliviar a área de pressão e com isso, ocorrem o desenvolvimento de
lesões por pressão em calcâneos.

Figura 33. Lesão por pressão em região dos calcanhares

36
Fonte: https://bitlybr.com/Ul06

Outro exemplo comum, é o paciente caminhar com uma pedra ou objeto dentro dos
sapatos e não identificarem sua presença. Os pacientes devem ser orientados a
verificarem a presença de objetos estranhos antes de calçarem os sapatos, já que
possuem essa perda progressiva da sensibilidade (BRASIL, 2016, p.12).

Avaliação dos pés


A avaliação dos pés do paciente com Diabetes Mellitus deve ser feita em todas as
consultas, momentos de oportunidade com esse paciente e deve ser periódico. Nesse
momento, também é oportuno que sejam realizadas orientações sobre os cuidados com
os pés. A Atenção Básica (AB) é o local ideal para o acompanhamento integral da pessoa
com DM: ela é o nível de atenção mais próximo na população e é responsável pelo
cuidado longitudinal, integral e coordenado de sua população de referência. A AB é capaz
de resolver mais de 80% dos problemas de saúde da população, devendo, por isso, ser a
porta de entrada preferencial do indivíduo no sistema de saúde (BRASIL, 2016, p.19).

A avaliação regular dos pés da pessoa com DM deve ser realizada por profissionais de
nível superior (o médico de família ou, preferencialmente, o enfermeiro), segundo a
periodicidade recomendada.

O objetivo dessa avaliação periódica é a detecção precoce de alterações que confiram um


risco aumentado para o desenvolvimento de úlceras e outras complicações do Pé
Diabético, levando, assim, ao cuidado/tratamento oportuno das alterações.

[Para Refletir]
A avaliação de uma paciente com Diabetes Mellitus não resume apenas ao controle
glicêmico. O paciente é um ser holístico, como viemos ao longo de toda essa unidade
reforçando, ele é um ser integral.
Estudos realizados evidenciam que os cuidados que mais produzem impacto positivo na
saúde do indivíduo portador de Diabetes são frequentemente; enquanto que a excessiva
preocupação de pacientes e profissionais com o controle glicêmico traz grandes impactos
e benefícios.
37
Com o intuito de transmitir, de maneira simples e clara, a importância da abordagem
integral da pessoa com DM, foi criado o desenho de uma mão (apresentada na Figura
33), cujas intervenções são apresentadas do dedo polegar ao dedo mínimo em ordem
decrescente de relevância para os resultados na saúde do indivíduo (BRASIL, 2016,
p.18).
Então, não se esqueça: Dê uma mão ao seu paciente.

Figura 34.” Dê uma mão ao seu paciente com Diabetes”

Fonte: https://bitlybr.com/IHYgVVk
[Fim Para Refletir]

Os fatores de risco para o desenvolvimento de úlceras e amputações, fatores esses que


podem ser identificados durante o histórico de enfermagem e exame físico do indivíduo:
 História de ulceração ou amputação prévia.
 Neuropatia periférica.
 Deformidade dos pés.
 Doença vascular periférica.
 Baixa acuidade visual.
 Nefropatia diabética.
 Controle glicêmico insatisfatório.
 Tabagismo.

Uma avaliação com qualidade deve começar com a realização de uma anamnese
adequada, buscando identificar esses fatores de risco para o desenvolvimento do Pé
diabético e levanta-se a suspeita da presença e da gravidade de complicações, como
neuropatia e vasculopatia.

Capítulo 2 - Exame Físico

38
O Ministério da Saúde (2016) recomenda que o exame físico deve ser sistematizado,
buscando pelos fatores de risco e pelas complicações do Pé Diabético. O exame clínico,
associado à anamnese, é capaz de confirmar a presença e a gravidade da neuropatia
periférica (neuropatia diabética) e da doença arterial periférica, os dois mais importantes
fatores de risco para ulceração dos pés (BRASIL, 2016, p.26).

Deve-se incluir na avaliação:


 Condições de mobilidade
Solicitar que o paciente caminhe três metros, observando alterações na marcha e
distribuição de peso.
 Condições dos sapatos e meias
Avaliar o tamanho e as condições do sapato é imprescindível, sandálias e chinelos não
são recomendados para pacientes com DM, e sim os sapatos fechados. Os sapatos com
fechos ou velcro são os mais recomendados, pois eles se ajustam de acordo com o
edema dos pés.
 Formato dos pés
A neuropatia diabética predispõe às deformidades nos pés, com aumento das
proeminências dos metatarsos, dedos em garra), dedos em martelo, joanetes e perda do
arco plantar, também chamada de Artropatia de Charcot.

Essas deformidades nos anatômicas podem produzir pontos de pressão e atritos com os
sapatos causando lesões, esses pacientes podem necessitar de calçados especiais
(BRASIL, 2016, p.26).

Figura 35. Deformidades anatômicas no Pé Diabético

Fonte: https://bitlybr.com/IHYgVVk

Figura 36. Pé com valgismo de hálux (joanetes) e lesão

39
Fonte: https://bitlybr.com/rbha

 Hidratação
Na presença de neuropatia diabética, os pés frequentemente encontram-se com a pele
ressecada (xerodermia), o que predispõe às fissuras e às ulcerações.
 Integridade das unhas e pele
É importante verificar a existência de unhas grossas ou encravadas. A coloração das
unhas avermelhadas ou roxas podem indicar sangramento, já as de coloração
esverdeadas ou amarelas podem indicar presença de fungos.

O corte das unhas deve ser avaliado quanto a sua técnica. Elas devem ser cortadas
sempre retas, sem aprofundar os cantos. O corte inadequado pode predispor um quadro
de unha encravada. Avalie também, a necessidade de encaminhamento do paciente para
especialista no tratamento dos pés.

Figura 37. Técnica de corte das unhas dos pés

40
Fonte: https://bitlybr.com/IHYgVVk

 Formação de calosidades
Calosidades são espessamento epidérmico causado por traumatismos locais recorrentes.
São mais comuns em áreas de alta pressão na região plantar. A calosidade indica a
pressão de sapatos de tamanho inadequado ou a distribuição incorreta do peso da
pessoa ao caminhar.
As calosidades aumentam a pressão localizada em até 30%, úlceras podem se
desenvolver sob calosidades (BRASIL, 2016, p.44).

Avaliação Neurológica
A avaliação neurológica consiste na realização da avaliação da sensibilidade (tátil,
dolorosa-térmica e vibratória), a avaliação de reflexos tendíneos e a avaliação da função
motora.
O objetivo principal é identificar a perda da sensibilidade protetora dos pés, para seguinte
classificação de risco e prevenção de suas complicações. Os testes frequentemente
utilizados para a pesquisa de neuropatia periférica no contexto do Pé Diabético foram as
avaliações de sensibilidade tátil com monofilamento e vibratória (BRASIL, 2016, p.28).
 Avaliação da sensibilidade tátil com monofilamento de Semmes-Weinstem
É realizado com monofilamento de 10 gramas, devem ser testados nove pontos na região
plantar e um na região dorsal.

Na região plantar: 1º, 3º e 5º dedos; 1ª, 3ª e 5ª cabeças metatarseanas; regiões laterais


no meio pé e na região dorsal entre 1º e 2º dedos (USP, 2020, n.p).

Figura 38. Locais para avaliação do teste com monofilamento

Fonte: https://bitlybr.com/IHYgVVk

A incapacidade do paciente de sentir o monofilamento de 10 g em quatro ou mais pontos,


entre os dez pontos testados, demonstra neuropatia sensitiva, ou seja, a ausência de
proteção nos pés. O que justifica a importância de esclarecer ao paciente sobre a
realização do teste, solicitando que o mesmo seja claro com suas respostas cada vez que
perceber o contato com o monofilamento.
41
Seguem alguns cuidados para a realização do exame:
- Aplicar o monofilamento perpendicular à superfície da pele, sem que a pessoa
examinada veja o momento do toque;
- Pressionar com força suficiente apenas para encurvar o monofilamento, sem que ele
deslize sobre a pele;
- O tempo total entre o toque para encurvar o monofilamento e sua remoção não deve
exceder 2 segundos;
- Perguntar, aleatoriamente, se o paciente sentiu ou não a pressão/toque e onde está
sendo tocado (BRASIL, 2016, p.29).

Figura 39. Técnica de aplicação do teste com monofilamento

Fonte: https://bitlybr.com/IHYgVVk

Capítulo 3 - Avaliação da sensibilidade vibratória com


diapasão de 128 Hz
Avaliação da sensibilidade vibratória com diapasão de 128 Hz
É realizada com o uso de um diapasão de 128 Hz. O local de escolha para o teste é a
parte óssea no lado dorsal da falange distal do hálux, em ambos os pés, mas
alternativamente o maléolo lateral pode ser utilizado.

Este teste sensitivo deve ser realizado em um ambiente calmo e tranquilo para que assim
possa resultar com confiabilidade. Inicialmente, é importante aplicar o diapasão sobre o
pulso, ou o cotovelo, ou a clavícula do paciente de modo que ele conheça a sensação que
será testada.

O paciente não deve ver o momento que o examinador aplica o diapasão. Ele é aplicado
sobre a parte óssea da falange distal do hálux, uma aplicação realizada de modo
perpendicular com uma pressão constante.

O teste deve ser repetido mais duas vezes, em ambos os pés, mas alternando-as com
pelo menos uma aplicação “simulada” em que o diapasão não esteja vibrando.

42
O teste é considerado anormal quando a pessoa perde a sensação da vibração enquanto
o examinar ainda percebe o diapasão vibrando. A percepção da sensibilidade protetora
está presente se duas respostas forem corretas das três aplicações (BRASIL, 2016, p.31).

Figura 40. Local para avaliação do teste com diapasão

Fonte: https://bitlybr.com/IHYgVVk

Sistemas de classificação das úlceras do Pé Diabético


Segundo o Ministério da Saúde, 2016:
A classificação de uma ferida no Pé Diabético é útil para orientar o tratamento,
fornecer uma base de comparação da evolução e definir o risco de complicações,
em especial a amputação de membro.
As diretrizes para prática clínica da Associação Canadense de Diabetes de 2013,
bem como as diretrizes britânicas para Problemas do Pé Diabético do National
Institute for Health and Care Excellence (Nice), de 2015, recomendam a utilização
do Sistema de Classificação de Ferida Diabética da Universidade do Texas -
University of Texas Diabetic Wound Classification System (BRASIL, 2016, p.35-
36).

Figura 41. Sistema de Classificação da Universidade do Texas

Fonte: https://bitlybr.com/rbha
43
Tratamento da Úlcera do Pé Diabético
O objetivo principal da avaliação periódica dos pés das pessoas portadoras de DM é a
prevenção da úlcera. Apesar disso, a evolução para o desenvolvimento de úlceras nos
pés é comum. Nesses casos, portanto, o objetivo passa a ser a cicatrização da ferida e
prevenção de recorrência e, consequentemente, a amputação (BRASIL, 2016, p.46).

 Avaliação da ferida
- Tamanho;
- Profundidade;
- Localização;
- Examine a presença de exposição óssea com um cateter – a palpação óssea aumenta o
risco de osteomielite em 85%;
- Coloração;
- Região adjacente à ferida;
- Bordas;
- Odor.

 Desbridamento da ferida
O desbridamento permite uma avaliação mais completa da base da ferida, mediante a
retirada do tecido desvitalizado. Geralmente, as úlceras são desbridadas pelo método
cirúrgico, devido sua rapidez, no entanto, a escolha deve depender do estado da ferida e
da capacidade do profissional, respeitando a lei normativa de restrição. O excessivo
debridamento pode resultar em uma reinstalação do processo inflamatório com uma
consequente diminuição de citocinas inflamatórias, piora na ferida e complicações graves.
(BRASIL, 2016, p.54)

 Avaliação e manejo da infecção


Inicialmente, é importante verificar a evidência clínica de infecção: secreção purulenta,
vermelhidão, temperatura local aumentada, odor, febre. O encaminhamento para
avaliação multiprofissional é imprescindível, se for constado comprometimento ósseo, por
exemplo, o paciente deverá ser encaminhado para o tratamento de osteomielite, muitas
vezes é necessária até a remoção cirúrgica do osso infectado.

Para infecções leves, recomenda-se a utilização de antibióticos orais com cobertura


contra organismos Gram positivos, durante 7 a 14 dias. Para infecções moderadas,
quando se decidir pelo tratamento na Atenção Básica, a antibioticoterapia oral deve cobrir
germes Gram positivos e Gram negativos, incluindo germes anaeróbios. A duração do
tratamento, nesses casos, deve ser de 14 a 21 dias. Nos casos de infecção grave, o
paciente deve ser internado para administração de antibiótico parenteral (BRASIL, 2016,
p.56).

 Avaliação do fluxo arterial


Para a adequada cicatrização da ferida é necessário que haja um fluxo arterial adequado
para perfusão do membro. O paciente deve ser encaminhado para avaliação do fluxo das
extremidades inferiores (USP, 2020, n.p).

Unidade IV – Queimadura

44
Capítulo 1 – Epidemiologia e Fisiopatologia
No Brasil, as queimaduras representam um agravo significativo à saúde pública. Entre as
queimaduras mais comuns, tendo as crianças como vítimas, estão as decorrentes de
escaldamentos (manipulação de líquidos quentes, como água fervente, pela curiosidade
característica da idade) e as que ocorrem em casos de violência doméstica. Por sua vez,
entre os adultos do sexo masculino, as queimaduras mais frequentes ocorrem em
situações diversas no ambiente de trabalho (BRASIL, 2012, p.3).

Os idosos também compreendem um grupo de risco alto para queimaduras devido à sua
menor capacidade de reação e às limitações físicas peculiares à senescência. Já para as
mulheres adultas, os casos mais frequentes de queimaduras estão relacionados às várias
situações domésticas (como cozimento de alimentos, riscos diversos na cozinha,
acidentes com botijão de gás etc.) e, eventualmente, até as tentativas de autoextermínio.
De uma forma geral, para toda a população, as queimaduras devido ao uso de álcool
líquido e outros inflamáveis são as prevalecentes (BRASIL, 2012, p.3).

As queimaduras são feridas traumáticas, em sua maioria, causadas por agentes térmicos,
químicos, elétricos e radioativos. Esses agentes são capazes de produzir calor excessivo,
o que resulta em danificação dos tecidos corporais, causando a destruição parcial ou total
da pele e de seus anexos e consequente morte celular. Acomete, inclusive, as camadas
mais profundas da pele, como o tecido subcutâneo, músculos, tendões e ossos.

Classificação das queimaduras


As queimaduras podem ser classificadas quanto ao seu agente causador (térmicas,
elétricas, químicas), como mencionado anteriormente. Porém, podem ainda se diferenciar
de acordo com a profundidade de destruição tecidual e local atingido, sendo divididas em
primeiro, segundo e terceiro graus. As mais profundas são consideradas mais graves e as
superficiais apresentam um melhor prognóstico.

Figura 42. Classificação das queimaduras.

Fonte: https://bitlybr.com/IddhI9ec
45
 Primeiro grau (espessura superficial) – eritema solar: Afeta somente a epiderme,
sem formação de bolhas. Apresenta ainda, vermelhidão, dor, edema e descama
em 4 a 6 dias.
 Segundo grau (espessura parcial – superficial e profunda): Afeta a epiderme e
parte da derme, há formação de bolhas ou flictenas.
o A restauração das lesões ocorre entre 7 e 21 dias.
 Terceiro grau (espessura total): Afeta a epiderme, a derme e estruturas profundas.
É uma lesão indolor. Há presença de placa esbranquiçada ou enegrecida. Uma
característica dessa lesão é que ela necessita de enxertia de pele (não ocorre o
processo de reepitelização), onde é indicada também para os casos de segundo
grau profundo (BRASIL, 2012, p.8).

Extensão da Superfície Corporal Queimada – SCQ


A “regra dos nove” é uma maneira de se realizar o cálculo da extensão do agravo, criada
por Wallace e Pulaski, essa classificação considera a extensão atingida, a chamada
superfície corporal queimada (SCQ). O sistema divide o corpo em múltiplos de nove. A
soma total dessas partes é igual à área de superfície corporal total. A avaliação da
extensão da queimadura, em conjunto com a profundidade, a eventual lesão inalatória, o
politrauma e outros fatores determinarão a gravidade do paciente (BRASIL, 2012, p.5).

Figura 43. Regra dos nove em criança e adulto

Fonte: https://bitlybr.com/Bks1R

O processo de reparação tecidual do queimado dependerá de vários fatores, entre eles a


extensão local e a profundidade da lesão. A queimadura também afeta o sistema
imunológico da vítima, o que acarreta repercussões sistêmicas importantes, com
consequências sobre o quadro clínico geral do paciente.

Na classificação da superfície corporal queimada, as áreas de queimadura superficial não


devem ser consideradas afim de realizar o cálculo (BRASIL, 2012, p.5).
46
Gravidade da queimadura
A gravidade da queimadura depende de diversos fatores como a área de extensão,
profundidade, presença de trauma, presença de comorbidades, lesão inalatória, idade,
alcance de órgãos nobres, etiologia da queimadura. As seguintes condições irão
classificar uma queimadura como grave:
 Extensão/ profundidade maior do que 20% de SCQ em adultos.
 Extensão/profundidade maior do que 10% de SCQ em crianças.
 Idade menor do que 3 anos ou maior do que 65 anos.
 Presença de lesão inalatória.
 Politrauma e doenças prévias associadas.
 Queimadura química.
 Trauma elétrico.
 Áreas nobres/especiais (olhos, orelhas, face, pescoço, mão, pé, região inguinal,
grandes articulações e órgãos genitais).
 Violência, maus-tratos, tentativa de autoextermínio (suicídio), entre outras
(BRASIL, 2012, p.11).

Figura 44. Queimadura de segundo grau em mão (área nobre)

Fonte: https://bitlybr.com/IddhI9ec

Com base na análise da SCQ e da profundidade das queimaduras, o paciente pode ser
tratado em nível ambulatorial ou hospitalar. Recomenda-se que seja feita a remoção
imediata, com encaminhamento adequado dos usuários ao serviço de pronto atendimento
ou serviço de referência aos pacientes que possuem alguma dessas condições citadas
anteriormente.

Capítulo 2 – Tratamento de emergência das queimaduras


O método de atendimento ao trauma XABCDE, recomendado pelo PHTLS (2016), é
aplicado as vítimas de queimaduras:
X: controle de sangramentos;

47
A: manter as vias aéreas desobstruídas. Pode haver estenose da traquéia causado pelo
edema de mucosa e consequente dificuldade de intubação. O Ministério da Saúde (2012),
recomenda a hiperextensão do pescoço. Avalie a presença de corpos estranhos, verifique
e retire qualquer tipo de obstrução.

B: respiração (ventilação e oxigenação) – são avaliadas as necessidade de intubação,


recomenda-se a aspiração das vias áreas superiores, se necessário e a administração de
oxigênio a 100% em máscara umidificada e, na suspeita de intoxicação por monóxido de
carbono, manter a oferta de oxigenação por três horas.

C: recomenda-se a obtenção de preferencialmente acesso venoso periférico e calibroso,


(mesmo em área queimada, segundo o Ministério da Saúde) e somente na
impossibilidade desta utilize acesso venoso central. A instalação de sonda vesical de
demora para o controle da diurese nas queimaduras em área corporal superior a 20% em
adultos e 10% em crianças, também é necessária.

D: a avaliação de déficits neurológicos é indicada, pois podem estar diretamente


relacionado ao efeitos de toxinas inaladas.

E: orienta-se a remoção de roupas, joias, anéis, piercings e próteses. E a proteção das


lesões com tecido limpo.

[Para Refletir]
Ao receber um paciente com queimaduras que haja comprometimento da espessura
parcial ou total da pele após anamnese, exame físico, comprovação de antitetânica,
analgesia, limpeza da superfície queimada e curativo não aderente, esses casos sempre
deverão ser encaminhados a um pronto atendimento mais próximo e, quando da
contrarreferência, o usuário deverá ser acompanhado pela equipe de saúde para o
seguimento do tratamento da ferida, em conjunto com o serviço de referência.
[Fim Para Refletir]

A seguir, a figura 43 apresenta o fluxograma para o atendimento com classificação de


risco/vulnerabilidade dos pacientes queimados atendidos nas Unidades Básicas de
Saúde.

Figura 45. Fluxograma de atendimento ao paciente com queixa de queimadura

48
Fonte: https://bitlybr.com/i5JeHM

Medidas gerais e tratamento da ferida


As medidas gerais e imediatas para o tratamento da ferida, recomendadas pelo Ministério
da Saúde (2013) são:
 A limpeza da ferida deve ser realizada com água e clorexidina degermante à 2%.
Quando não disponíveis, água e sabão neutro devem cumprir bem a função.
o A temperatura da água ou do soro deve estar próxima ou igual a
temperatura corporal.
o Os jatos de soro devem auxiliar na remoção de resíduos aderentes.
o As bolhas íntegras, quando presentes no primeiro curativo, se o tempo
decorrido da queimadura até o atendimento for menor que uma hora, devem
ser aspiradas com agulha fina estéril, mantendo-se íntegra a epiderme como
uma cobertura biológica à derme queimada, já que a retirada do líquido da
flictena remove também os mediadores inflamatórios presentes,
minimizando a dor e evitando o aprofundamento da lesão.
o Se o tempo entre a queimadura e o atendimento for maior que uma hora,
manter a flictena íntegra. Se a flictena estiver rota, deve-se fazer o
debridamento da pele excedente (BRASIL, 2013, p.162).

 Posicionamento: manter a cabeceira da cama do paciente elevada à 30º, o


pescoço em hiperextensão (vias aéreas desobstruídas) e os membros superiores
elevadas.
 Administração do toxoide tetânico para profilaxia/reforço antitetânico;
49
 Administração de sulfadiazina de prata a 1% como antimicrobiano tópico;
 Tratamento da dor: recomendado o uso de dipirona ou morfina por via endovenosa;
 A realização de curativo oclusivo em quatro camadas: atadura de morim ou de
tecido sintético (rayon) contendo o princípio ativo (sulfadiazina de prata a 1%),
gaze absorvente/gaze de queimado, algodão hidrófilo e atadura de crepe.
o O curativo ou cobertura devem ser selecionados de acordo com as
características da lesão, como fase da cicatrização, localização, presença
de tecido desvitalizado, extensão, presença de exsudato etc. Ressalta-se a
importância da não aderência, tanto para promover o meio úmido ideal,
quanto para evitar a dor, e que os tecidos em formação sejam removidos na
troca de curativo.
 A restrição do uso de antibiótico sistêmico profilático apenas às queimaduras
potencialmente colonizadas e com sinais de infecção local ou sistêmica é
recomendada. Em outros casos, orienta-se a não utilização.
 As queimaduras circunferenciais em tórax podem necessitar de escarotomia para
melhorar a expansão da caixa torácica.
 Geralmente, não é necessária anestesia local para tais procedimentos: porém, há
necessidade de se proceder à hemostasia (BRASIL, 2013, p.162).
O edema tecidual pode causar compressão de estruturas em membros e predispor à
necrose de extremidades. O aspecto enrijecido e inelástico da pele como encontrado em
alguns tipos de queimadura restringe os movimentos respiratórios e pode levar a
insuficiência respiratória.
É feita a incisão da atingindo o tecido subcutâneo. A escarotomia descompressiva estará
bem indicada quando temos um membro edemaciado, apresentando uma ferida que
causa constrição, apresenta-se apertada e circular com sinais isquêmicos na extremidade
do membro acometido, como cianose ou diminuição importante do enchimento capilar
periférico.

Figura 46. Escarotomia em tórax

Fonte: https://bitlybr.com/bzL0GWt

50
Figura 47. Escarotomia realizada no dorso da mão com queimadura.

Fonte: https://bitlybr.com/mCe1MB

[Para Refletir]
Em nossa prática assistencial nunca podemos esquecer de realizar o registro dos
cuidados fornecidos ao cliente, não apenas no primeiro atendimento, quanto no
acompanhamento da evolução da ferida, a cada troca de curativo e deve conter
informações sobre as características da ferida, intensidade da dor e terapêutica utilizada,
prática de imensa importância para garantir a continuidade efetiva dos cuidados.
[Fim Para Refletir

Orientações para prevenção de queimaduras


Nas UBS é comum receber com frequência pacientes que apresentem pequenas
queimaduras, e este também representa momento oportuno para orientar cuidados
importantes para evitar acidentes graves. O tema também pode ser trabalhado em
grupos, como de puericultura, diabéticos e sala de espera.

- Evitar a presença de crianças na cozinha quando o fogão estiver acesso;


- Manter cabos das panelas fora do alcance das criança, preferencialmente, virados para
o interior do fogão;
- Não permitir que jovens fiquem próximos às churrasqueiras quando o álcool for utilizado
como veículo de ignição;
- Não fumar na cama;
-Não deixar o ferro de passar acessível às crianças, e sempre deixa-lo esfriar longe do
alcance das mesmas (BRASIL, 2013, p.166).

Capítulo 3 - Pequenos Procedimentos Cirúrgicos


Alguns procedimentos clínicos e cirúrgicos, tais como retirada de nevos, corpos
estranhos, cistos e lipomas, e o tratamento de feridas, pela menor complexidade de
técnica, materiais, insumos e medicamentos, também podem e devem ser realizados
pelas equipes que trabalham nas UBS, a fim de evitar o congestionamento dos serviços
dos outros níveis de atenção e, com isso, contribuir para o aumento da resolutividade da
Atenção Primária à Saúde (APS) (BRASIL, 2011, p.07).

É fundamental que um usuário que procure um serviço de atenção primária receba


acolhimento e se não for possível a resolução de sua necessidade, minimamente possa
ser referenciado pela equipe de atenção primária a outro nível de assistência. Neste
51
capítulo iremos abordar alguns procedimento relacionado a agravos comumente
atendidos nos serviços de atenção primária referenciados pelo Caderno de Atenção
Básica nº30, publicado no ano de 2011.

Drenagem de abscesso
Os abscessos são coleções que se alojam na derme e tecidos profundos adjacentes. O
furúnculo é um nódulo inflamatório profundo que normalmente se desenvolve a partir de
uma foliculite, diferente do carbúnculo que é um processo mais extenso que envolve o
tecido subcutâneo. Staphylococcus aureus, quase que invariavelmente, é o agente
etiológico (ANVISA, 2008, p.5).

O carbúnculo possui uma maior extensão e é mais profundo, endurecido e normalmente,


em comparação aos furúnculus, frequentemente, localiza-se na região posterior do
pescoço ou nas coxas. Febre e calafrios são sinais e sintomas frequentes (ANVISA, 2008,
p.5).
A leucocitose acontece, particularmente, quando a lesão contém uma grande quantidade
de secreção purulenta não drenada ou quando evolui para celulite. Esta infecção pode
evoluir para osteomielite, sepse e endocardite. Estas complicações são muito graves e
apresentam alta mortalidade (ANVISA, 2008, p.5).

Qualquer processo que resulta na quebra de solução de continuidade da pele ou


alterações dermatológicas como traumas abrasivos, escarificações ou picaduras de
insetos pode resultar na formação de um abscesso. Furúnculos e carbúnculos se
apresentam em áreas que contêm folículos pilosos que são expostos à fricção e
perspiração, destacando-se a porção posterior do pescoço, face, axila e região da barba,
nos homens (BRASIL, 2011, p.15).

Geralmente há sinais flogísticos locais como calor, rubor, edema e dor, além de nódulos
eritematosos com sinais de flutuação (BRASIL, 2011, p.15).

Figura 48. Abscesso em membro inferior.

Fonte: https://bitlybr.com/VvC0j

52
Tratamento
A maioria dos furúnculos é tratada de forma eficaz pela aplicação de calor que promove
a drenagem do processo.

Porém, quando não é possível tratamento de escolha para o abscesso,


independentemente da localização, consiste na drenagem cirúrgica, para eliminar a dor e
resolver o processo infeccioso. Atentar para locais especiais como face, principalmente
para o triângulo formado pelo nariz e pela extremidade do lábio, pela facilidade de
desenvolver flebite séptica e promover extensão para a região intracraniana, por meio do
seio cavernoso. Faz-se necessário o uso de antibiótico associado e, às vezes, de
avaliação de um cirurgião (ANVISA, 2008, p.6).

A profilaxia de episódios reincidentes envolve várias medidas:


 Uso de antimicrobianos;
 Cuidados com a pele: a higiene diária da pele, com água e sabão, é imprescindível,
Banhos com solução degermante de clorexidina, pode ser útil para diminuir a
colonização da pele pelo S. aureus;
 Cuidados com as roupas: as roupas devem ser lavadas e passadas. A troca das
roupas íntimas deve ser diária;
 Cuidados com as lesões: as lesões devem ser cobertas com gaze evitando a auto-
inoculação (ANVISA, 2008, p.6).

Figura 49. Drenagem de conteúdo purulento de abscesso.

Fonte: https://bitlybr.com/VvC0j

Exérese de cistos, lipomas e nevos

Cistos Sebáceos
Trata-se de um nódulo benigno que pode surgir em qualquer área do corpo, porém, é
mais comum na face, pescoço e tronco, que são regiões com maior acúmulo de glândulas
sebáceas. Decorre da oclusão do conduto de uma glândula sebácea, resultando no
acúmulo de secreção (SBD, s/d).

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São desencadeados por uma alteração estrutural na composição folicular. Também
podem ser de origem traumática: as células que estão na camada mais superficial da pele
(epiderme) acabam indo para a derme, gerando essa formação cística.  É mais comum de
ocorrer em adultos, sendo considerados raros os casos em crianças (BRASIL, 2011,
p.19).
Geralmente é assintomático, tem crescimento lento e atinge tamanhos variados.

Apresenta - se como uma elevação local, pouco consistente, arredondada, ligada à pele
por ducto excretor que se abre num orifício por onde se extrai, por meio de pressão,
material amorfo, caseoso e fétido. Pode infectar, apresentando sinais flogísticos (BRASIL,
2011, p.19).

O tratamento do cisto não infectado é a exérese cirúrgica (com retirada da cápsula). Já o


cisto infectado tem indicação de drenagem de abscesso simples, uma vez que a tentativa
de retirar a cápsula pode propiciar propagação de infecção (BRASIL, 2011, p.19).

Figura 50. Cisto sebáceo em região frontal.

Fonte: https://bitlybr.com/VvC0j

Lipoma
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) os lipomas são tumores cutâneos
benignos compostos por células de gordura. Aparecem com maior frequencia, com a
incidência estimada de 10% e prevalência em 2,1 por 1.000 pessoas. Apresentam-se
geralmente nas regiões subdérmica e subcutânea, porém, podem-se localizar em
qualquer parte do corpo (SBD s/d).

Geralmente é assintomático, mas pode apresentar dor discreta local e, devido a seu
tamanho, pode apresentar compressão de estruturas adjacentes. De acordo com o
tamanho, a pele que recobre essa tumoração pode ter aspecto de “casca de laranja”
(SBD, s/d).

Figura 51. Lipoma em região dorsal.

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Fonte: https://bitlybr.com/VvC0j

Na maioria das vezes, não é necessário tratamento, pois o acompanhamento é clínico. No


entanto, as indicações para a remoção de um lipoma incluem preocupações cosméticas,
quando causam alterações nervosas, dor e consequentes limitações funcionais (como,
por exemplo, angiolipomas).   Outras indicações para a remoção de lipomas incluem
aumento de tamanho, características irregulares (induração), tamanho (> 5 cm) (SBD,
s/d).
Nevos
São pequenas manchas marrons regulares na pele, salientes ou não. São popularmente
conhecidos por pintas e sinais, são compostas por depósitos de pigmentos melânico.
Encontram-se espalhados por todo o corpo. São lesões pré-cancerígenas em alguns
casos e, por isso, a importância de sempre enviar o material para análise
anatomopatológica (BRASIL, 2011, p.21).

A maioria desses depósitos de pigmento surge em decorrência da genética e da


exposição solar e possui um formato regular. Já os nevos atípicos (ou nevos displásicos)
são nevos não usuais, que podem parecer um melanoma. São lesões maiores, podendo
ser irregulares no formato e possuir vários tons. Evidências científicas afirmam que
pessoas com dez ou mais nevos displásicos possuem 12 vezes mais chance de
desenvolver o melanoma, tipo mais agressivo de câncer da pele (BRASIL, 2011, p.21).

Figura 52. Nevos.

Fonte: https://bitlybr.com/HXL5
55
Lavagem gástrica
A lavagem gástrica consiste na administração de fluido no estômago por meio de tubo de
grande calibre e sua posterior remoção juntamente com as substâncias que se
encontravam no interior gástrico. Tal procedimento visa a evitar que substâncias tóxicas
ingeridas cheguem ao intestino delgado, local onde ocorre a maior absorção devido sua
capacidade e características absortivas (BRASIL, 2011, p.30).

É um procedimento de urgência que deve ser realizado pelas equipes da atenção primária
à saúde o mais precoce possível, quando indicado, nos casos de ingestão acidental ou
intencional de substâncias tóxicas (medicamentos, plantas etc.), a fim de diminuir a
exposição e absorção da substância em questão.

Quanto mais rápida for a decisão e início do procedimento, maiores são as possibilidades
de retirada do agente tóxico. Se o paciente tiver que aguardar o serviço de remoção,
perde-se a oportunidade da descontaminação efetiva e rápida na maioria dos casos.
Logo, torna-se importante que as equipes de saúde da APS estejam treinadas/
capacitadas para realizar assistência à clientes que necessitem dessa intervenção
(BRASIL, 2011, p.30).

A lavagem pode ser feita com sonda oro ou nasogástrica. A vantagem da sonda
orogástrica é o fato de ser mais calibrosa, facilitando a retirada das substâncias tóxicas.
No entanto, é um procedimento menos tolerado pelos pacientes. Na maioria das
situações, passa-se uma sonda nasogástrica (BRASIL, 2011, p.30).

É importante informar ao paciente o procedimento que será executado, para que assim
ela consiga colaborar durante a passagem da sonda, além, de informar à ele o que será
esperado com o procedimento.

Deve-se assegurar a localização da sonda antes de iniciar a infusão do volume prescrito.


O volume aspirado deve ser próximo ao volume ofertado. É importante avaliar as
características do volume retornado, com atenção aos resíduos do agente tóxico
(BRASIL, 2011, p.30).

Remoção de corpos estranhos


Segundo o Ministério da Saúde, 2011:
Quase todos os ferimentos causados por corpos estranhos têm o potencial de
infecção e, devido ao pequeno orifício de entrada, devem-se considerar o bacilo
do tétano e os organismos piogênicos comuns como os possíveis invasores.
Assim, a profilaxia do tétano deve ser rotina no tratamento primário dos corpos
estranhos nos tecidos moles (BRASIL, 2011, p. 32).

A segunda decisão é acerca da retirada ou não do corpo estranho. Quando a penetração


ocorreu em tempo recente sua remoção é realizada de forma facilitada por sua
identificação e acessibilidade. Nesses casos, no geral, realiza - se a remoção. Se,
contudo, ele não determina quaisquer sintomas, é melhor deixá-lo permanecer.

Esse julgamento deve ser avaliado de forma criteriosa, realizado por profissional
habilitado, e o paciente deve ser empoderado acerca dessa decisão a ser tomada
(BRASIL, 2011, p. 32).

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Se o corpo estranho não está visível, muitas vezes é indicado a realização da radiografia
para a determinação do objeto. Para retirada do corpo estranho, na maioria das vezes, é
necessário bloqueio anestésico local, tomando o cuidado com o edema formado, para não
haver distorções anatômicas.

Geralmente amplia-se o orifício de entrada, se for visível. Caso já esteja cicatrizado, faz-
se nova incisão no local (BRASIL, 2011, p.32).
Os corpos estranhos mais comuns encontrados na prática profissional diária, nas
Unidades Básicas de Saúde, são:
 Farpas de madeiras e metálicas;
 Pedras;
 Vidro;
 Projéteis de armas de fogo;
 Ferimento por pregos;
 Corpo estranho subungueal;
 Remoção de anzol;
 Corpo estranho ocular, nasal, de conduto auditivo, retal (BRASIL, 2011).

Figura 53. Isca de duas pontas.

Fonte: https://bitlybr.com/VvC0j

Tratamento de unha encravada


Também chamada de onicocriptose, é uma lesão da pele provocada pelo crescimento da
parte da unha em sua direção. O quadro é geralmente acompanhado de dor intensa,
inflamação e, às vezes, infecção com secreção purulenta. O dedo mais frequentemente
afetado é o hálux (BRASIL, 2011, p.50).

Figura 54. Hálux com a unha encravada

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Fonte: https://bitlybr.com/VvC0j

A forma correta de realizar o corte das unha é em direção reta, sem arredondar os cantos
(o que facilita o encravamento). Existe também unhas que já possuem formato anatômico
que facilitam o encravamento.

Para os casos agudos ou decorrentes de trauma, o tratamento de primeira escolha é a


simples remoção de um segmento de unha, que, certamente, aliviará a inflamação. A
extração completa da unha deve ser evitada, pois ela, certamente, encravará novamente
quando crescer.

O paciente deve estar ciente de que o processo pode retornar, por isso é importante
orientá-lo aos cuidados preventivos: mantê-la limpa, adequadamente aparada (corte reto,
como mencionado anteriormente), manutenção diária das unhas e hidratação, além do
uso de sapatos confortáveis, principalmente nos pacientes idosos e diabéticos (BRASIL,
2011, p.50).

Capítulo 4 – Profilaxia ao tétano


É uma doença infecciosa grave, prevenível por vacina, não contagiosa, causada por uma
toxina produzida pela bactéria Clostridium tetan (C. tetani), que provocam uma
hiperxcitabilidade do sistema nervoso central. Essa bactéria é encontrada nas fezes de
animais e de seres humanos, na terra, nas plantas, em objetos e pode contaminar as
pessoas que tenham lesões na pele (feridas, arranhaduras, cortes, mordidas de animais
etc.), pelas quais o microrganismo possa penetrar, provocando o tétano acidental
(BVS/MS, 2020, n.p).

A principal forma de prevenção do tétano é a vacinação da população suscetível. O


esquema vacinal completo recomendado pelo Ministério da Saúde é a vacina
pentavalente para as crianças de 2 meses a menor de 1 ano de idade, e dois reforços
com vacina DTP, aos 15 meses e 4 anos de idade.

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A vacina dupla adulto (dT) está disponível para toda a população a partir dos 7 anos de
idade. É recomendado 3 doses e 1 reforço a cada 10 anos. Para as gestantes, deve-se
aplicar uma dose de dTpa a cada gestação (BRASIL, 2019, p. 165).

Sempre que houver algum ferimento/lesão de pele ou mucosas no paciente, deve-se


considerar a profilaxia para o tétano. A profilaxia do tétano pode ser fundamental para o
bom prognóstico do paciente. A situação vacinal em conjunto com o tipo de ferimento irá
determinar a intervenção.

As lesões classificam-se de acordo com o risco de adquirir o tétano, sendo dividas em:
 Ferimentos de baixo risco: superficiais, limpos, sem corpo estranho e/ou tecido
desvitalizado. A conduta indicada consiste na limpeza e desinfecção. É
recomendado lavar a ferida com soro fisiológico e substância antisséptica, além do
desbridamento do foco da infecção.
 Ferimentos de alto risco: caracteriza-se por lesões profundas ou superficiais
contaminadas, presença de corpos estranhos, tecido desvitalizado, queimaduras,
feridas puntiformes, ocasionadas por arma branca ou de fogo, mordeduras,
politraumas e fraturas expostas. A recomendação consiste na desinfecção,
lavagem com soro fisiológico e substâncias oxidantes ou antissépticas e a remoção
dos corpos estranhos e tecidos desvitalizados. Além disso, preconiza-se o
desbridamento do ferimento e sua lavagem com água oxigenada.

Além desses procedimentos básicos, a recomendação consiste na avaliação da situação


vacinal do paciente. Para os pacientes com ferimentos de baixo risco caso desconheça ou
tenha menos de 3 doses registradas orienta-se a vacinação.

Para os que possuem o esquema vacinal completo há menos de 10 anos não é


recomendado a administração. Aos que possuem vacinação completa há mais de 10
anos, revacinar.

Aos pacientes que possuem ferimentos de alto risco:


- Desconhece a vacinação ou menos de 3 doses: vacinar e administrar soro
antitetânico/imunoglobulina humana antitetânica 1 ampola por via intramuscular (deixar
outras doses marcadas, se necessário);
- Vacinação completa há menos de 5 anos: não revacinar;
- Vacinação completa há mais de 5 anos e menos de 10 anos: vacinar (1 reforço). Avaliar
a administração de soro antitetânico/imunoglobulina humana antitetânica 1 ampola, via
IM, em pacientes imunodeprimidos, desnutridos grave ou idosos;
- Vacinação completa há mais de 10 anos: vacinar (1 reforço) e administrar de soro
antitetânico/Imunoglobulina humana antitetânica (DIVE, s/d, n.p).

Figura 55. Profilaxia ao tétano

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Fonte: https://bitlybr.com/gwAoBsew

Triagem Cirúrgica em Assistência Básica


Triagem é uma separação, escolha, seleção, ou seja, um profissional da Unidade Básica
de Saúde – UBS ouve a queixa do paciente e o referencia para um profissional da
unidade.

O principal papel do profissional que faz a primeira escuta na classificação de risco é


organizar o acesso dos usuários que buscam a unidade e necessitam de atendimento.
No primeiro contato e na primeira avaliação, dentro da unidade de atendimento, os
pacientes devem ser informados a respeito dos processos de trabalho desenvolvidos, da
equipe que realiza os atendimentos e do fluxo do cuidado do usuário na demanda
espontânea.

O profissional deve esclarecer a possibilidade de diferentes tempos de espera, de acordo


com a classificação adotada, considerando o processo de avaliação de risco e
vulnerabilidades, processos de característica individual de cada cliente (BRASIL, 2013,
p.20).

Segundo o caderno de atenção básica nº 28 que trata sobre o acolhimento à demanda


espontânea, faz parte do processo de trabalho da equipe “na primeira escuta do usuário”:
 Avaliar a necessidade dos cuidados imediatos;
 Prestar e/ou facilitar as primeiras necessidade apresentadas pelo cliente;
 Identificar as vulnerabilidades individuais ou da comunidade;
 Classificar o risco para definir as prioridades de cuidado a ser prestado ao
paciente;
 Organizar a disposição dos pacientes no serviço, de modo a acomodar e acolher
os que precisam de observação e/ou administração de medicamentos, ou que
necessitam aguardar remoção para outra nível de assistência da rede;

60
 Encaminhar o cliente para o cuidado de acordo com sua classificação e
necessidade apresentada (BRASIL, 2013, p. 20).

Em boa parte dos serviços, esse espaço é uma sala de acolhimento, onde pode-se
colocar em prática a escuta qualificada, assunto, de extrema importância, já tratado
anteriormente por nós (BRASIL, 2013, p.22).

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Links
Figura 1. Assistência Cirúrgica. Link: https://bitlybr.com/juKIN
Figura 2. Caderno de Atenção Básica nº 30.
Link: https://aps.saude.gov.br/public/img/portaldab/biblioteca/publicacoes/abcad30.jpg
Figura 3: Fonte: https://bitlybr.com/oy06T
Figura 3. Camadas da pele. Link: https://bitlybr.com/oy06T
Figura 4. Camadas da Epiderme. Link: https://bitlybr.com/LkCa0o
Figura 5. Composição da Derme.Link: https://bitlybr.com/MmzBH
Figura 6: Fonte: https://bitlybr.com/TRYjvDdk
Figura 7. Fases da cicatrização. Link: https://bitlybr.com/Vl69Rc
Figura 8. Evolução das células no processo de cicatrização.
Link:https://bitlybr.com/MIBvMrRY
Figura 9. Cicatrização por primeira e por segunda intenção. Link:
https://bitlybr.com/MIBvMrRY
Figura 10. Lesão por pressão estágio 1. Link: https://bitlybr.com/7thQyB
Figura 11. Lesão por pressão estágio 1. Link: https://bitlybr.com/gzSIAO8
Figura 12. Lesão por pressão estágio 2. Link: https://bitlybr.com/7thQyB
Figura 13. Lesão por pressão estágio 2. Link: https://bitlybr.com/gzSIAO8
Figura 13. Lesão por pressão estágio 3. Link: https://bitlybr.com/7thQyB
Figura 14. Lesão por pressão estágio 3 com epíbole. Link: https://bitlybr.com/gzSIAO8
Figura 15. Lesão por pressão estágio 4. Link: https://bitlybr.com/7thQyB
Figura 16. Lesão por pressão estágio 4. Link: https://bitlybr.com/gzSIAO8
Figura 17. Lesão por pressão Não Classificável. Link: https://bitlybr.com/7thQyB
Figura 18. Lesão por pressão Não Classificável. Link: https://bitlybr.com/gzSIAO8
Figura 19. Lesão por pressão Tissular Profunda. Link: https://bitlybr.com/7thQyB
Figura 20: Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?
q=tbn:ANd9GcSwaJylSQmFaepnIXSzuYhP_eCvxo9ReKQ7rg&usqp=CAU
Figura 20. Lesão por pressão Relacionada a Dispositivo Médico. Link:
https://bitlybr.com/7thQyB
Figura 21: Fonte: https://bitlybr.com/MlvzCwT
Figura 22: Fonte: https://bitlybr.com/wrtaPu22
Figura 23: Fonte: https://bitlybr.com/fyAMwXmv
Figura 24: Fonte: https://bitlybr.com/49bi
Figura 25: Fonte: https://bitlybr.com/GCbZmQH
Figura 26: Fonte: https://bitlybr.com/nld6
Figura 27: Fonte: https://bitlybr.com/nld6
Figura 28: Fonte: https://bitlybr.com/tkJGrk7u
Figura 29: Fonte: https://bitlybr.com/PBcb7N7
Figura 21. Membrana mucosa. Link: https://bitlybr.com/7thQyB
Figura 22. Escala de Norton. Link: https://bitlybr.com/fyAMwXmv
Figura 23. Escala de Braden simplificada. Link: https://bitlybr.com/fyAMwXmv
Figura 24. Aplicação da Bota de Unna. Link: https://bitlybr.com/49bi
Figura 25. Lesão com Tela não aderente – Petrolatum. Link: https://bitlybr.com/GCbZmQH
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Figura 26. Apresentação do membro inferior com características de doença e úlcera
venosa. Link: https://bitlybr.com/nld6
Figura 27. Apresentação do membro inferior com características de doença e úlcera
venosa. Link: https://bitlybr.com/nld6
Figura 28. Apresentação do membro inferior com características de doença e úlcera
arterial. Link: https://bitlybr.com/tkJGrk7u
Figura 29. Medição do Índice tornozelo/braço (I T/B). Link: https://bitlybr.com/PBcb7N7
Figura 30. Mecanismo de ação da Bota de Unna. Link: https://bitlybr.com/7lB2gcSQ
Figura 31. Úlcera Arterial. Link: https://bitlybr.com/IqzCAyt
Figura 32.Lesão por pressão em região dos calcanhares. Link: https://bitlybr.com/Ul06
Figura 33.” Dê uma mão ao seu paciente com Diabetes”. Link: https://bitlybr.com/IHYgVVk
Figura 34. Deformidades anatômicas no Pé Diabético. Link: https://bitlybr.com/IHYgVVk
Figura 35. Pé com valgismo de hálux (joanetes) e lesão. Link: https://bitlybr.com/rbha
Figura 36. Técnica de corte das unhas dos pés. Link: https://bitlybr.com/IHYgVVk
Figura 37. Locais para avaliação do teste com monofilamento. Link:
https://bitlybr.com/IHYgVVk
Figura 38. Técnica de aplicação do teste com monofilamento. Link:
https://bitlybr.com/IHYgVVk
Figura 39. Local para avaliação do teste com diapasão. Link: https://bitlybr.com/IHYgVVk
Figura 40. Sistema de Classificação da Universidade do Texas. Link:
https://bitlybr.com/rbha
Figura 41. Classificação das queimaduras. Link: https://bitlybr.com/IddhI9ec
Figura 42. Regra dos nove em criança e adulto. Link: https://bitlybr.com/Bks1R
Figura 43. Queimadura de segundo grau em mão (área nobre). Link:
https://bitlybr.com/IddhI9ec
Figura 44. Fluxograma de atendimento ao paciente com queixa de queimadura. Link:
https://bitlybr.com/i5JeHM
Figura 45. Escarotomia em tórax. Link: https://bitlybr.com/bzL0GWt
Figura 46. Escarotomia realizada no dorso da mão com queimadura. Link:
https://bitlybr.com/mCe1MB
Figura 47. Abscesso em membro inferior. Link: https://bitlybr.com/VvC0j
Figura 48. Drenagem de conteúdo purulento de abscesso. Link: https://bitlybr.com/VvC0j
Figura 49. Cisto sebáceo em região frontal. Link: https://bitlybr.com/VvC0j
Figura 50. Lipoma em região dorsal. Link: https://bitlybr.com/VvC0j
Figura 51. Nevos. Link: https://bitlybr.com/HXL5
Figura 52. Isca de duas pontas. Link: https://bitlybr.com/VvC0j
Figura 53. Hálux com a unha encravada. Link: https://bitlybr.com/VvC0j
Figura 54. Profilaxia ao tétano. Link: https://bitlybr.com/gwAoBsew
Figura 55. Fluxo dos usuários nas UBS. Link: https://bitlybr.com/d5s7E

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