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Arquétipos da Personagem Nina

Arquétipo Materno e Paterno


O filme conta com padrões e narrativas complexos cujo ritmo é determinado
pela constante mudança entre sonho e realidade. Cisne negro é construído sobre a
ambiguidade e reside aí o seu maior atrativo. Alucinações, interpretações delirantes,
crises de agressividade surgem em substituição à submissão de uma filha com
comportamento passivo infantil. Nina vive exclusivamente para a dança, sempre
limitada à superproteção de sua mãe. A mãe que a criou sem a colaboração do pai
exerce sobre ela um poder autoritário, diante do qual Nina se submete, vivendo, assim,
dependente da mãe e não desenvolve sua própria identidade.
A partir da análise junguiana dos arquétipos, nota-se que Nina tem o Arquétipo
da Grande Mãe ativado desde a infância no contato com a sua mãe durante a sua
criação. No entanto, é perceptível que o acúmulo de experiências em relação a sua mãe,
proporcionaram um desenvolvimento do arquétipo materno na polaridade negativa. A
mãe é superprotetora, controladora e infantiliza a filha. Isso é percebido pela estética do
seu quarto que se parece com o de uma criança, não tem trancas na porta e a privacidade
dela não é respeitada.
Essa criação fez de Nina uma mulher ingênua e insegura, buscando sempre a
perfeição e aprovação de outras pessoas. Nota-se, portanto, a força da manifestação
negativa do arquétipo materno que impossibilita Nina de se livrar dos laços com a mãe e
desenvolver sua própria independência, tornar-se mulher, criar uma identidade própria e
desenvolver sua sensualidade.
Além disso, Nina também ativa o arquétipo paterno na polaridade negativa.
Apesar de não ter o pai presente, a mãe assume essa responsabilidade, exercendo o
papel paterno também. Já dito a forma que a mãe lida com a filha, além da
superproteção e controle, sua criação também possui características autoritárias,
repressivas e permeada de muitas críticas, novamente impedindo o desenvolvimento
saudável e maduro de Nina.

REFERÊNCIAS
GRINBERG, Luiz Paulo – Jung. O homem criativo, São Paulo: FTD, 2003, p. 136-140.
PSICANALÍTICO, Grupo. O filme Cisne Negro como caso clínico. [S. l.]: [s. n.], 28
nov. 2018. Disponível em: https://www.spcuritiba.org.br/2018/11/28/o-filme-cisne-
negro-como-caso-clinico-consideracoes-conceituais-sobre-a-obra-de-winnicott-vera-
marieta-fischer/. Acesso em: 2 nov. 2021.

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