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REALIDADE?
Ivana
Mello
SOBRE
A
AUTORA
• Professora
da
UNIPE.
• Mestre
em
Psicologia
Clínica.
Membro
do
Fórum
PsicanalíDca/PB
• MATERNO
–
Da
mãe;
próprio
da
verdadeira
mãe;
carinhoso;
designaDvo
de
parentesco
do
lado
da
mãe;
termo
afetuoso;
carinhoso.
• Amor
materno
é
algo
insDnDvo?
• Maternagem
vista
como
uma
caracterísDca
universal
feminina,
senDmento
inato
que
todas
as
mulheres
vivenciariam,
independente
da
cultura
ou
da
condição
sócio-‐econômica;
• Se
o
amor
materno
é
inato
e
natural,
como
podemos
explicar
que
esse
senDmento,
dito
insDnDvo,
se
manifeste
em
algumas
mulheres
e
em
outras
não?
• Imagem
cultural
–
dedicação
à
prole;
capacidade
de
renúncia,
em
prol
da
sobrevivência
dos
filhos
diante
dos
perigos;
• Amor
materno,
descrito
nas
histórias
e
nos
contos
–
“boa
mãe”
sempre
exaltada.
EVA
• Primeira
mulher
e
mãe
de
todos
nós,
mas
não
é
pensada
como
símbolo
de
maternidade,
mas
sim
como
símbolo
sexual,
tentadora,
pecaminosa,
merecedora
de
casDgo
e
da
expulsão
do
paraíso.
MARIA
• Mãe
de
Jesus,
concebeu
sem
pecado,
outorgou
a
maternidade
sanDficada.
• Caracterizada
pela
bondade,
humildade,
caridade.
• AMOR
DE
MÃE
NO
MUNDO
PAGÃO
–
filho
Ddo
como
um
bem,
um
objeto,
riqueza.
• MÃE
DO
MUNDO
JUDAICO-‐CRISTÃO
–
Passagem
bíblica
da
briga
das
duas
mulheres
e
a
sabedoria
de
Salomão
–
Surge
o
primeiro
grito
de
amor
materno
humano;
• IMAGEM
MATERNA
DO
PODER
REAL
–
triunfo
da
mãe
e
do
filho,
ostentando
adornos
ricos,
cercado
de
anjos
e
arcanjos
(Renascimento)
• Diversidade
de
qualidade
e
aDtudes
do
amor
materno
e
diversas
maneiras
de
expressá-‐lo;
• Até
o
século
XVII,
o
amor
materno
como
concebemos
hoje
era
inexistente;
• Séc.
XVII
–
criança
sai
do
anonimato,
mesmo
não
ocupando
lugar
privilegiado,
passou
a
ser
mais
valorizada
e
perdê-‐la
passou
a
fazer
senDdo
para
a
família;
• Amor
materno
floresce
–
família
se
organiza
em
torno
da
criança,
principalmente
a
mãe.
• 1760
–
“engendrado
o
mito
que
conDnua
bem
vivo
duzentos
anos
mais
tarde:
o
do
insDnto
materno,
ou
do
amor
espontâneo,
de
toda
mãe
pelo
filho.”
• No
Brasil
(1685)
–
Manual
de
Criação
dos
Filhos
(Alexandre
Gusmão
–
fundador
do
Seminário
na
Bahia)
–
cabia
à
mãe
a
formação,
ou
seja,
tudo
que
estava
envolvido
com
cuidados
materiais
para
o
filho;
• Pai
–
diretor
–
transmiDa
os
valores
morais,
religiosos
e
assegurava
a
manutenção
econômica
do
lar.
• A
criança
só
ocuparia
lugar
mais
próximo
do
pai,
depois
dos
sete
anos
(idade
da
razão)
• A M O R
+
M A T E R N O
=
p r o m o ç ã o
d o
senDmento
e
elevação
do
estatuto
da
mulher
enquanto
mãe
–
cuidar
dos
filhos
(interesse
do
Estado
que
queria
pessoas
para
servi-‐lo);
• Séc.
XVII
e
XVIII
–
“Amas
de
Leite”
–
tarefas
maternas
não
eram
valorizadas
e
vistas
como
um
estorvo;
• De
4
crianças
enviadas,
uma
resisDa
–
elevada
mortalidade
infanDl;
• Medo
de
se
apegar
ao
filho
e
perdê-‐lo
–
entragar
às
“amas
de
leite”
era
práDca
comum.
• Séc.
XVIII
–
a
presença
da
mãe
passou
a
ser
importante
em
vários
aspectos
–
educacionais
e
religiosos
–
presença
materna
junto
à
criança;
• Séc.
XIX
–
a
moral
burguesa
tenta
levar
a
crer
que
o
amor
materno
existe
em
todas
as
mulheres.
Será?
• Séc.
XIX
e
XX
–
a
mulher
deixa
de
ter
função
somente
biológica
e
assume
o
papel
de
educadora
com
uma
função
social;
• Psicanálise
–
responsável
pelo
desenvolvimento
emocional
do
filho;
• Camaroq
–
incenDvo
aos
cuidados
maternos
–
tentaDva
masculina
de
diminuir
a
emancipação
feminina
–
tarefas
maternas
=
SAGRADAS;
• MATERNAGEM/MATERNAÇÃO
–
Processo
de
criação
dos
vínculos
afeDvos
entre
pais
e
filhos;
• MATERNIDADE
–
laços
biológicos;
• A
maternagem
inicia-‐se
na
relação
mãe-‐bebê
no
primeiro
período
de
desenvolvimento
da
criança.
• M e n i n a s
–
e x p e r i ê n c i a
d o
p r i m e i r o
relacionamento
com
a
mãe
oferece
uma
base
para
as
expectaDvas
da
mulher
como
mãe;
• CUIDAR
DE
CRIANÇAS
versus
DAR
À
LUZ
=
aDvidades
diferentes.
Será
que
o
principal
responsável
pela
criança
é
quem
deu
à
luz?
• A n á l i s e
f u n c i o n a l -‐ b i o -‐ e v o l u c i o n i s t a
(Antropólogos)
–
divisão
do
trabalho
por
sexo
foi
determinante
no
papel
de
maternar
desempenhado
pela
mulher;
• H O M E M
-‐
A g i l i d a d e
e
a g r e s s i v i d a d e .
Responsabilizar-‐se
pela
caça
e
manutenção
do
grupo;
• MULHER
–
coletar
pequenos
animais
próximos
do
acampamento,
criar
as
crianças
–
gravidez
–
obrigada
a
ficar
com
os
filhos
(cuidado
e
amamentação).
Elevada
mortalidade
infanDl
colocava
em
risco
a
manutenção
do
grupo;
• Essas
argumentações
nada
dizem
que
as
mulheres
têm
maior
capacidade
de
maternar
do
que
os
homens.
Elas
apenas
informam
que
as
mulheres
não
caçavam
porque
ou
estavam
grávidas
ou
cuidando
dos
filhos;
• Não
prova
que
o
insDnto
materno
é
biológico.
• Psicanalistas,
ginecologistas,
obstretas,
cienDstas
sociais,
fisiologistas
e
psicólogos
–
acreditam
que
as
mulheres
possuem
um
insDnto
maternizante
ou
insDnto
materno
–
NATURAL
que
maternem
ou
devam
maternar;
• PREOCUPAÇÃO
MATERNA
PRIMÁRIA
–
estado
psicológico
que
ocorre
principalmente
no
final
da
gravides
até
algumas
semanas
depois
do
nascimento
(sensibilidade
exacerbada);
• Winnicoy
–
somente
a
mãe
é
sensível
suficiente
para
entender
as
necessidades
do
bebê;
• Estudiosos
do
insDnto
–
não
apresentam
provas
que
os
bebês
precisam
das
mães
biológicas
ou
de
que
mulheres
são
prejudicadas
por
não
cuidarem
dos
bebês
que
deram
à
luz;
• Homens
e
mulheres
não
parturientes
podem
agir
de
forma
maternante
com
a
criança,
e
que,
certamente,
pessoas
que
adotam
filhos
podem
também
agir
dessa
forma
com
eles.
• Hilferding
(1991)
–
o
amor
materno
acontecerá
a
parDr
da
interação
{sica
entre
a
mãe
e
o
bebê;
• Winterstein
–
amor
materno
está
relacionado
com
o
coito,
através
do
qual
foi
concebida
a
criança;
• Freud
(1932)
–
maternidade
fundada
no
naturalismo
e
seria
universalizada,
porém
salienta
que
esse
tema
encontra-‐se
incompleto
e
fragmentado;
• Pinheiro
(1991)
–
sinais
de
amor
materno
surgem
na
ocasião
dos
primeiros
movimentos
fetais;
• Camaroq
(1998)
–
ver
o
desejo
de
ter
um
filho
de
forma
igualitária,
tanto
para
o
homem
como
para
a
mulher,
uma
vez
que
essa
não
apresenta
essa
necessidade
natural
de
viver
a
maternidade;
• Lacan
(1996)
–
função
materna
é
marcada
pela
história
da
mãe,
pela
posição
de
filha.
• Dolto
(1996)
–
gênese
do
amor
materno
se
dá
por
volta
dos
3
anos
(meninas)
–
período
de
interesse
pelo
próprio
corpo,
descoberta
da
diferença
sexual
entre
meninas
e
meninos
(ausência
do
pênis);
• Ausência
do
pênis
tenderá
a
causar
na
menina
fantasias
de
valor
compensatório
(linguagem,
mímica,
destreza);
• BONECAS
–
primeiras
manifestações
de
compensação
dessa
castração
–
proteger
e
manipular
as
bonecas
leva
o
grupo
adulto
a
enternecer
e
valorizar
o
papel
de
futura
mãe.
• Edulma
(1989)
–
“memórias
do
período
de
bebê
da
mãe,
e
ao
mesmo
tempo,
da
maternagem
que
ela
recebeu
da
própria
mãe.”
• No
parto
do
primeiro
filho
se
processa
a
mesma
relação
de
parceria
que
a
mulher
Dvera
com
a
mãe,
só
que
agora
o
parceiro
é
o
filho
–
reorganização
da
subjeDvidade
feminina;
• A
mulher,
ao
ficar
grávida,
vai
refleDr
sobre
toda
a
vida
anterior
à
concepção;
• Amor
de
mãe
não
é
algo
que
se
nasce
sabendo,
e
sim
que
é
aprendido,
passando
de
geração
a
geração,
não
sendo
transmiDdo
pela
herança
genéDca,
mas
pela
experiência.
• Apesar
das
várias
mudanças
sociais,
as
mulheres
conDnuam,
de
maneira
geral,
maternando
as
crianças
como
mães
de
família,
domésDcas,
ou
trabalhando
em
Centros
de
Assistência
InfanDl
• O
amor
materno
não
precisa
ser
visto
como
inato
ou
inerente
à
mulher,
estando
a
capacidade
e
apDdões
para
que
as
mulheres
maternem
e
obtenham
saDsfações
com
isso
f o r t e m e n t e
l i g a d a s
a o s
p r o c e s s o s
internalizados
psicologicamente
e
integrados
à
estrutura
feminina.