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Fundação Francisco Manuel dos Santos

Outros estudos da Fundação Este livro condensa o projeto de investigação que a sociedade de
Desigualdade Económica em Portugal consultores Augusto Mateus & Associados realizou para a Fundação
Coordenador: Carlos Farinha Rodrigues Francisco Manuel dos Santos sobre o desenvolvimento de Portugal
2012 ao longo dos primeiros 25 anos de integração na União Europeia.
Avaliações de Impacto Legislativo: Droga e Propinas O desafio foi concretizar instrumentos de reflexão que, sobre
Coordenador: Ricardo Gonçalves um mesmo referencial objetivo de observação e medida, permitissem

A economia, a sociedade e os fundos estruturais 25 ANOS DE PORTUGAL EUROPEU


2012
formar leituras diversificadas e plurais sobre as profundas MATEUS, Augusto é economista, professor catedrático convidado do Instituto Superior
Publicado em duas versões: estudo completo e versão resumida
transformações ocorridas no tempo de uma geração. de Economia e Gestão (ISEG) e presidente da sociedade de consultores Augusto Mateus
Justiça Económica em Portugal Associados. É investigador e coordenador de múltiplos estudos de macroeconomia e
O modelo fechado de relatório técnico foi assim evitado para abrir, de política económica, de avaliação de programas e políticas públicas ou de estratégias
Coordenadores: Nuno Garoupa, Pedro Magalhães
a cada leitor, a possibilidade de observar a evolução da economia, da competitivas de desenvolvimento para empresas, sectores e regiões. Foi Secretário
e Mariana França Gouveia
sociedade e dos fundos estruturais aplicados no país e de traçar o seu de Estado da Indústria e Ministro da Economia do XIII Governo Constitucional.
2013
próprio roteiro de interpretação destes 25 anos de Portugal europeu.
Segredo de Justiça
Autor: Fernando Gascón Inchausti
Esta obra encontra-se dividida em quatro partes. Nos Olhares, A economia, a sociedade e os fundos estruturais
observa-se a evolução da economia e da sociedade desde a adesão
2013

25 anos
à União Europeia. Nos Retratos, cinquenta indicadores sintetizam
Informação e Saúde o desenvolvimento de Portugal em comparação com a União Europeia.
Autor: Rita Espanha Nos Fundos, analisa-se o financiamento estrutural disponibilizado
2013
a Portugal. Nos Roteiros, são exemplificados caminhos de interpretação

de portugal
O Cadastro e a Propriedade Rústica em Portugal que percorrem a informação estatística concentrada em olhares,
Coordenador: Rodrigo Sarmento de Beires retratos e fundos.
2013
Escolas para o séc. XXI

Eur peu
Autor: Alexandre Homem Cristo
2013
Processos de Envelhecimento em Portugal: usos do tempo,
redes sociais e condições de vida
Coordenador: Manuel Villaverde Cabral
2013 Coordenador
Augusto Mateus

ISBN 978-989-8662-07-1

Director de Publicações: António Araújo Um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos
9 789898 662071
Conheça todos os projectos da Fundação em www.ffms.pt www.ffms.pt
Largo Monterroio Mascarenhas, n.º 1
1099-081 Lisboa
Telf: 21 00 15 800
ffms@ffms.pt

© Fundação Francisco Manuel dos Santos


e Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados (AM&A),
Maio de 2013

Título: 25 anos de Portugal europeu: A economia, a sociedade e os fundos estruturais

Coordenação global: Augusto Mateus


Coordenação executiva: Joana Mateus e Paulo Madruga
Consultores: Ana Caetano, Catarina Gamboa, Cristina Cabral, Cristina Silva,
Dalila Farinha, David Canudo, Filipa Lopes, Gonçalo Caetano, Hermano Rodrigues,
José Vasconcelos, Mafalda Correia, Márcio Negreiro, Nuno Ferreira, Rui Guerreiro,
Rui Maia, Sandra Primitivo, Susana Gouveia, Vânia Rosa, Vítor Escária e Nuno Vitorino

Agradecimentos: Às entidades responsáveis pela gestão e coordenação nacional


dos fundos estruturais e de coesão, nomeadamente ao Instituto Financeiro
para o Desenvolvimento Regional, I.P. (no caso do FEDER e Fundo de Coesão),
ao Instituto de Gestão do Fundo Social Europeu, I.P. (FSE), ao Gabinete
de Planeamento e Políticas (FEOGA-O/FEADER) e à Direção-Geral de Recursos
Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (IFOP/FEP), a todos, um especial
agradecimento pelo apoio prestado no desenvolvimento do presente estudo.

Revisão do texto: Helder Guégués

Design: Inês Sena


Paginação: Guidesign

Impressão e acabamentos: Guide – Artes Gráficas, Lda.

ISBN: 978-989-8662-07-1
Dep. Legal: 359 421/13

As opiniões expressas nesta edição são da exclusiva responsabilidade


do autor e não vinculam a Fundação Francisco Manuel dos Santos.
A autorização para reprodução total ou parcial dos conteúdos desta
obra deve ser solicitada ao autor e editor.
25 ANOS
DE PORTUGAL
EUROPEU
A economia, a sociedade e os fundos
estruturais

coordenador

Augusto Mateus
Prefácio
Portugal na Europa – 25 anos – A Europa em Portugal

Nas décadas de 1960 e 1970, a Europa era um atalho para todas as virtudes.
Uma espécie de palavra-passe para a liberdade, o desenvolvimento e a cultura.
Assim como para o Estado social: o bem-estar, a segurança, a saúde e a educação.
Dizia-se Europa e era disso tudo que estávamos a falar.
Portugal era um país em guerra e vivia sob ditadura há várias décadas.
A adesão à EFTA, em 1960, trouxera entusiasmo e crescimento, mas sobretudo
investimento estrangeiro. A economia portuguesa deixava gradualmente de olhar
para África, e virava-se para a Europa. Mais de um milhão e meio de portugueses
partiram para outros países, muitos deles europeus. Milhões de estrangeiros
passaram a vir de férias a Portugal. Antes da União, antes da Comunidade, houve
a EFTA, a emigração e o turismo. Era uma maneira de ser europeu. Europeu
antes de o ser.
Mas esses anos, sem democracia, tinham a liberdade como a grande ausente.
Por maior que fosse o crescimento económico, as aspirações eram sempre maio-
res. Ambicionava-se mais. Aos olhos de muitos que aqui viviam, a Europa tinha
a força dos mitos e o valor dos sonhos. Falávamos da Europa como se dela não
fizéssemos parte. Esperávamos pela Europa como se ela tivesse que vir até nós,
ou como se nos preparássemos para uma longa caminhada. Europa queria dizer
paz e democracia, mas também cultura, igualdade e desenvolvimento.
Com a fundação da democracia, os sonhos pareciam estar ao nosso
alcance. Para muitos, novamente a Europa resumia os desejos e as necessida-
des. Queríamos fugir às velhas e às novas opressões; queríamos as liberdades
e a igualdade; queríamos educação e saúde para todos; queríamos bem-estar e
conforto. Para tudo isto, a resposta era quase sempre “Europa”. Sem o rigor dos
manuais, mas com a certeza das grandes intuições. Dez anos depois de bater à
porta, Portugal entrou. Cumpria-se a geografia e eliminava-se uma barreira
política, social e cultural. Há séculos que Portugal preferia outras paragens
e outros continentes: o Atlântico, as Américas e África. Um novo horizonte
político, económico e cultural tomava a dimensão de obra histórica.
Os primeiros anos foram de euforia. Por muitas e várias razões, Portugal e
os Portugueses, a sociedade e a economia, a política e a cultura viveram tempos

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de mudança e de progresso. Depois dos riscos da revolução e da contra-revolução,
depois de feridas políticas abertas e mal cicatrizadas, depois de uma saída de
África que causou tormentos, Portugal encontrava nova casa. O acolhimento
dava sinais de valer a aventura, os perigos e os esforços. O primeiro período de
pertença à Comunidade, mais tarde União, parecia contemplar todas as espe-
ranças e satisfazer todas as aspirações.
O segundo período de integração, que completa os 25 anos e agora se ter-
mina, deixa uma sensação diferente. Depois de se ter aproximado da Europa,
Portugal afasta-se: quase todos os indicadores o afirmam. Depois de um desen-
volvimento com vigor e energia, a estagnação ou mesmo o retrocesso são as
realidades actuais. A esperança transformou-se em dívida. A economia não
cumpre, o Estado social mostra fragilidades. A política fraqueja, a dependên-
cia do exterior e dos credores é de rigor. A emigração recomeçou com força, a
fazer lembrar a dos anos 60. O desemprego é agora um espectro omnipresente.
Portugal parece perdido, os Portugueses vivem na incerteza.
Tinha de se estudar este percurso. Havia que obter dados e informações
que nos permitissem avaliar e conhecer. Era necessário reflectir e interpretar.
A Fundação Francisco Manuel dos Santos, no cumprimento da sua missão de
estudar a realidade, decidiu em boa hora encomendar a Augusto Mateus um
estudo que ajudasse a responder a perguntas que todos se fazem hoje. Que se
passou em Portugal, na sociedade e na economia, durante estes 25 anos? Quais
foram os efeitos da integração europeia do nosso país? Portugal fez bem em
pedir a adesão à União Europeia? Fizemos o que tínhamos a fazer? Valeu a pena?
O extraordinário trabalho de Augusto Mateus e seus colaboradores da AMA
(Augusto Mateus Associados) ajuda a responder e a perceber o que se passou.
O que correu bem e o que correu mal. Creio que este é um trabalho único na
Europa de que a FFMS se orgulha. Há aqui informação e reflexão suficientes
para animar exigentes debates académicos ou políticos que permitam preparar
melhores políticas públicas, estudar com mais rigor os planos e os programas e
prever melhor as consequências das decisões contemporâneas.
Os autores deste estudo procedem a uma análise sistemática das realidades
económicas, sociais e políticas ao longo destas quase três décadas, sempre com
a suprema preocupação de compreender as situações na sua complexidade e
nas suas interdependências, sempre com a obsessão de ser o mais claro possível
na expressão.
Nem tudo o que se passou ou aconteceu em Portugal se fica a dever à
integração europeia. Muito ocorreria de qualquer modo. Muito dependeu da
revolução política. Muito ainda derivou da globalização, esta colossal força de
transformação que marcou profundamente a história do mundo nestas últimas
décadas. Aliás, para nós, portugueses, a globalização é também uma parte da

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história da integração europeia. Não são a mesma coisa. A União Europeia,
em certos aspectos, com ou sem razão, parece mesmo tentar lutar contra a
globalização. Mas, para Portugal, vindo de um mundo mais fechado, Europa e
globalização parecem-se como parentes próximos. Em certo sentido, a integração
europeia é um capítulo ou um patamar na globalização.
As respostas sugeridas por Augusto Mateus às perguntas que lhe fizemos
merecem reflexão. Mas elas são sobretudo um valioso contributo para poder-
mos fundamentar o nosso próprio juízo. Mais do que isso: são um instrumento
indispensável para fazer as novas e mais difíceis perguntas, as que nos irão per-
mitir construir um futuro. O que fizemos de errado? Havia outros caminhos?
Aproveitámos todas as oportunidades? A União Europeia está preparada para
enfrentar situações e crises como esta que se vive nas primeiras décadas do
século XXI? A União cumpriu as suas promessas? O que é necessário fazer para,
de futuro, viver com mais certeza na Europa?
A Fundação Francisco Manuel dos Santos deseja assim cumprir o seu dever
de estímulo ao debate público. Ao colocar à disposição de todos, nas livrarias,
nas escolas, nas empresas e na Internet, em duas palavras, no espaço público, esta
formidável soma de informação, pretendemos alimentar o debate informado,
instrumento privilegiado de conhecimento e de liberdade. Ao iniciar uma nova
fase na vida europeia e certamente na vida nacional, é importante que os por-
tugueses sejam capazes de aprender com o passado recente, com os êxitos e os
erros, com vista à preparação do seu futuro e sobretudo a fim de serem menos
sujeitos e cada vez mais autores conscientes.
Sinto que tudo está em causa, por isso tudo deve estar em discussão. Mas
esta só tem sentido se for livre e informada. Não gostaria que tivesse limites ou
condicionantes, mas desejaria que alguns princípios tivessem o valor das cer-
tezas, como objectivo e como instrumento de construção do futuro: a Europa
e a Liberdade.

António Barreto,
Presidente da FFMS

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25 ANOS
DE PORTUGAL
EUROPEU
A economia, a sociedade e os fundos
estruturais

I. Olhares
Evolução da economia
e da sociedade desde 1986

II. Retratos
Posicionamento de Portugal na
UE em 50 indicadores

III. Fundos
Evolução do financiamento
estrutural da UE a Portugal

IV. Roteiros
Seis questões para
compreender e agir
ÍNDICE
25 Anos de Portugal Europeu

7 Prefácio
15 Nota introdutória
38 Siglas e abreviaturas
40 Referenciais geográficos

I. Olhares

45 Sobre os olhares
47 Economia
49 1. Nível de vida e convergência real
57 2. Produtividade
65 3. Inflação e convergência nominal
71 4. Procura interna e procura externa
79 5. Consumo e modelos de comércio
87 6. Investimento
93 7. Atividades económicas
103 8. Especialização industrial
111 9. Produções primárias
119 10. Energia
125 11. Comércio internacional
133 12. Viagens e turismo
141 13. Transferências comunitárias
147 14. Investimento estrangeiro
155 15. Balança externa
163 16. I&D e inovação
171 17. Posição competitiva
177 18. Tecido empresarial
185 19. Empresas de capital estrangeiro
193 20. Financiamento das empresas
201 21. Banca e bolsa
209 22. Sector empresarial do Estado
215 23. Carga fiscal
223 24. Despesa pública
229 25. Dívida pública e saldo orçamental
237 Sociedade
239 26. Coesão territorial
247 27. Cidades e povoamento
255 28. População
261 29. Emigração e imigração
267 30. Estrutura etária
273 31. Estruturas familiares
283 32. Emprego e desemprego
291 33. Trabalho e estrutura social
299 34. Empreendedorismo
307 35. Rendimento e património
313 36. Poupança e endividamento
319 37. Repartição do rendimento e pobreza
325 38. Desigualdade salarial
331 39. Classe média
339 40. Governação
347 41. Proteção social
353 42. Nível de educação
359 43. Serviços de educação
367 44. Saúde
375 45. Habitação
383 46. Conforto da habitação
389 47. Ambiente
397 48. Mobilidade
405 49. Lazer e cultura
411 50. Sociedade da informação

II. Retratos

421 Sobre os retratos


422 Exemplo de leitura
423 Economia
429 Sociedade

III. Fundos

437 Sobre os fundos


439 A. A política de coesão da União Europeia
457 B. Programação dos fundos estruturais e de coesão
483 C. Aplicação dos fundos estruturais e de coesão
IV. Roteiros

517 Sobre os roteiros


519 1. O nível de vida melhorou para a generalidade da
população de forma relevante?
527 2. O país progrediu no contexto europeu e tornou-se mais
atrativo?
533 3. As empresas tornaram-se mais competitivas e
aproveitaram as oportunidades do mercado interno
europeu e da globalização?
539 4. O país ganhou sustentabilidade na evolução da forma
como produz, consome e valoriza os recursos naturais?
545 5. A trajetória de ocupação do território favoreceu a
coesão territorial e a igualdade de oportunidades?
551 6. Onde se deram as grandes mudanças e quais os
principais desequilíbrios que se produziram?

Índices

561 Índice de Gráficos


577 Índice de Mapas
579 Índice de Tabelas
Nota introdutória
O Momento

A sociedade portuguesa enfrenta uma profunda crise que vai muito além da
crise financeira do Estado português e que se articula com uma crise específica
da construção e da governação europeia.
Ambas as crises são questionadas pelas dificuldades de compatibilização
entre o aprofundamento e o alargamento da União Europeia, no novo contexto
gerado pela introdução da moeda única e pela integração dos Estados-membros
da Europa Central e Oriental.
A crise nacional surge também como uma crise nos próprios resultados da
plena integração europeia, nomeadamente nos efeitos da utilização dos fundos
estruturais. A maioria das regiões portuguesas não conseguiu emancipar-se do
referencial da coesão da União Europeia e a convergência real da economia
portuguesa desacelerou e depois travou no espaço europeu.
Para Portugal, a formação de uma União Europeia mais vasta e diversa e
a constituição da área do euro vieram representar um desafio bem mais exi-
gente do que aquele que tinha sido colocado nos primeiros anos de integração
europeia, antes da união económica e monetária e dos alargamentos.
A posição da economia portuguesa dentro da União Europeia – definida
pela natureza da sua atratividade, pela sua especialização e pelas funções
assumidas no comércio e no investimento internacional – foi duplamente
questionada pelos alargamentos.
Os novos Estados-membros, em especial os da Europa Central, são por-
tadores de mais baixos salários, de mais elevados níveis de educação e de qua-
lificação da população ativa e posicionam-se geograficamente no centro do
território da União Europeia e no espaço polarizado pelo investimento no
exterior da economia alemã. Comparativamente a Portugal, oferecem vantagens
relevantes na localização de atividades associadas à fragmentação das cadeias
de produção de muitos bens de consumo, tal como na satisfação de procuras
turísticas das classes trabalhadoras das principais economias da UE15.
O papel das políticas económicas de suporte ao crescimento e ao desen-
volvimento empresarial foi duplamente questionado pela alteração substancial
do quadro de restrições macroeconómicas. O quadro europeu, agora dominado

15
por uma situação de moeda comum forte e de rigor orçamental, é substancial-
mente diferente do quadro vigente na altura da adesão e do quadro resultante
da realização do mercado interno europeu em 1992.
O novo regime macroeconómico da União Europeia implicou uma pro-
funda transformação do mecanismo central na regulação no médio prazo do
nível de competitividade-custo da economia portuguesa: em vez da desvalo-
rização da taxa de câmbio, passou a depender de uma maior produtividade e
de uma menor inflação.
As crescentes exigências da passagem de “país da coesão” a “país da moeda
única” não foram completamente entendidas, nem pela generalidade da popu-
lação, nem pela maioria dos responsáveis políticos e empresariais. No final
dos anos 90, a economia portuguesa já mergulhara numa trajetória de menor
crescimento da produtividade e de inflação mais alta, numa direção exatamente
oposta à que tinha de percorrer para poder progredir.
A adaptação a este novo regime macroeconómico também não correu bem
porque a convergência nominal acabou por ser entendida como uma tarefa
pontual para entrar na moeda única, quando em causa estava um desafio per-
manente de melhoria sustentada da competitividade da economia portuguesa.
O país entrou no “comboio da Europa” (para utilizar uma expressão
muito em voga na altura) e cumpriu bem as primeiras tarefas de adaptação e de
ambientação. Contudo, veio a ter mais dificuldades em encontrar e valorizar o
seu lugar à medida que o “comboio da Europa” foi ganhando mais passageiros
e acelerando na globalização da economia mundial.
A crise económica, social e financeira de Portugal é também uma crise
da sua própria convergência europeia, no quadro mais vasto de manifestação
de crescentes dificuldades da Europa em equilibrar os custos e as vantagens
da globalização.
As crises mais graves e complexas, como aquela que estamos a viver,
exigem sempre um esforço mais aprofundado de análise e compreensão da
realidade e uma avaliação mais rigorosa do caminho percorrido, sem os quais
não é possível aprender com as lições da experiência, nem encontrar as soluções
necessárias para enfrentar os problemas e as dificuldades.
O trabalho que agora se divulga procura contribuir precisamente para
esse aprofundamento da compreensão da realidade e para essa avaliação,
configurando-se como uma ferramenta de informação e de conhecimento.
Procurou-se produzir não mais um relatório fechado, que encerra um
processo de estudo e portador da sua “verdade”, mas uma plataforma cuida-
dosamente organizada de partilha de conceitos, de dados, de indicadores, de
análises e de roteiros de interpretação, para alimentar e potenciar processos

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de reflexão aberta e diversificada por todos os que se interessam pelo futuro
da economia e da sociedade portuguesas.

O Projeto

O projeto de investigação dos 25 anos de Portugal europeu, que tive a honra e


o prazer de coordenar, foi realizado pela sociedade de consultores Augusto
Mateus & Associados para a Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Este projeto de investigação procura permitir uma compreensão das
transformações ao longo dos primeiros 25 anos de plena integração na União
Europeia, à luz da economia, da sociedade e dos fundos estruturais.
O objetivo mais amplo é contribuir para que a sociedade portuguesa dis-
ponha de ferramentas de reflexão, de modo a poder convergir numa avaliação
construtiva do alcance e do significado das profundas transformações ocorridas
no tempo de uma geração e num consenso pragmático sobre as prioridades de
ação para fazer face aos desafios da crise atual e do futuro próximo.
A reflexão que se procura estimular, com base em informação e conhe-
cimento, é sobre o que correu bem e sobre o que correu mal, sobre o que foi
bem feito e sobre o que foi mal feito, sobre o que foi feito e não poderia deixar
de ser feito e sobre o que não foi feito e poderia ter sido feito, sobre o que é
sólido e irreversível e sobre o que é precário ou insustentável.
Os fundos estruturais surgiram como um dos principais, senão o principal,
benefício da plena integração de Portugal nas Comunidades Europeias. Esta
ideia generalizou-se muito em função do seu óbvio contributo para viabilizar
e alavancar muitos investimentos públicos e privados e, também, pela forte
visibilidade das ações de formação profissional financiadas pelo Fundo Social
Europeu.
A dimensão quantitativa e qualitativa dos fundos estruturais de que
Portugal dispôs depois da plena adesão assemelha-se, para a generalidade
dos portugueses, a um grande icebergue de que apenas se conhece a pequena
parte mais visível.
Mas o repto lançado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos obrigava
a uma análise mais abrangente do que a quantificação de fundos estruturais.
Num momento em que se prepara o próximo ciclo de fundos estruturais
(2014-2020), a investigação desenvolvida preocupou-se em recolher, tratar e
organizar informação muito dispersa sobre o financiamento da União Europeia
para que possa ser a própria sociedade portuguesa a refletir sobre a utilidade
e sustentabilidade do contributo dos fundos estruturais no confronto com o
desenvolvimento económico e social observado em Portugal.

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Com efeito, o papel dos fundos estruturais no desenvolvimento econó-
mico e social português é demasiado importante para ser deixado, apenas, nas
mãos do Governo, das autarquias locais e dos agentes que, ao longo dos ciclos
anteriores, se converteram em utilizadores privilegiados dos financiamentos
da União Europeia.
A alimentação de um debate nacional não corporativo sobre onde e como
utilizar os novos financiamentos estruturais e sobre como gerir e governar a
sua aplicação assume grande relevância na presente crise.
A observação das grandes transformações da economia e da sociedade
desde 1986, seja enquanto evolução histórica interna, seja enquanto desem-
penho relativo no referencial europeu, visa apoiar este debate, com dados e
análises objetivas sobre a experiência destes 25 anos.
Este exercício foi particularmente exigente em termos da seleção dos
indicadores estatísticos que apresentamos ao longo de centenas de páginas.
As escolhas, além de garantirem equilíbrio e coerência numa perspetiva
de conjunto, tiveram, em muitos casos, de preterir certos indicadores mais
óbvios por não apresentarem um horizonte temporal suficientemente longo
ou por não permitirem uma comparação direta com a União Europeia e os
restantes Estados-membros.
O repto lançado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos represen-
tou, também, um desafio quanto ao estilo, estando em causa um produto que
possa ser lido e apropriado pela generalidade da população.
O projeto de investigação sobre os 25 anos de Portugal europeu procurou
responder afirmativamente a estes reptos.
Em primeiro lugar, visou-se dar poder e autonomia aos leitores através
da organização de um volume muito considerável de informação e da explici-
tação de múltiplas formas e processos de a poder converter em conhecimento
e lições da experiência.
A isenção da análise da evolução da economia e da sociedade portuguesas
foi suportado por um esforço muito exigente de sistematização, de compati-
bilização e de clarificação de fontes estatísticas e de informação.
Em segundo lugar, visou-se chegar a um público tão vasto quanto possí-
vel, combinando textos analíticos, notas metodológicas, definições sintéticas,
representações gráficas e diagramas para permitir diferentes formas e modos
de entrada e de exploração dos resultados da investigação.
Este caminho obrigou a fazer concessões, simplificações, e, desse modo,
a correr mais riscos, sem no entanto sacrificar os objetivos de rigor técnico
e científico.
A primeira concessão corresponde à própria expressão “fundos estrutu-
rais”, que percorre todo o projeto de investigação. Sem procurar tratar questões

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e pormenores demasiado especializados que afastariam a generalidade dos
utilizadores, esta designação pretende contemplar a visão mais comum de
fundos de suporte ao investimento e ao desenvolvimento.
A segunda concessão correspondeu à seleção dos instrumentos analíticos
e à forma de explicitação dos conceitos utilizados, tentando atrair o maior
número de leitores e utilizadores.
Deste modo, a análise é suportada num número muito considerável de
gráficos que descrevem tendências e ritmos de evolução e procedem a com-
parações de fácil leitura, permitindo sucessivas interações entre as várias
dimensões tratadas. Os conceitos utilizados foram sempre explicitados de
forma clara para que os não especialistas possam entender o essencial do seu
significado. Também os indicadores utilizados foram escolhidos de entre os
menos complexos e “traduzidos” para uma linguagem mais acessível.
A difusão que os resultados deste projeto vierem a conhecer dirá se estes
esforços foram ou não bem-sucedidos. O que posso garantir é que, no que diz
respeito à coordenação global e executiva do projeto, existiu uma permanente
procura de clareza ao serviço de uma divulgação alargada.

A Metodologia

Importa também explicitar as linhas metodológicas que nortearam o projeto


de investigação 25 anos de Portugal europeu.
Os fundos estruturais são elementos de políticas públicas de desenvolvi-
mento ancoradas em instrumentos de política regional e em objetivos repor-
tados prioritariamente aos resultados em matéria de redução das disparidades
na criação de riqueza e no nível de vida no espaço europeu.
A metodologia adotada procurou garantir uma boa articulação entre o
caráter limitado e focalizado do papel dos fundos estruturais e o caráter alar-
gado e abrangente do desenvolvimento da economia e da sociedade portuguesas.
A abordagem metodológica do projeto apoia-se numa combinação par-
ticular entre articulações de natureza mais económica – configurando deter-
minados “regimes de crescimento” – e articulações de natureza mais social
– configurando determinados “modelos sociais” –, num contexto mais vasto
onde se interpenetram e desenvolvem formas institucionais específicas de
estruturação da “democracia” e do “mercado”.
Os desenvolvimentos analíticos procuraram conferir relevância à dimen-
são institucional e organizacional das formas de regulação económica, social e
política em ação, nomeadamente no que respeita ao papel dos comportamentos
diversificados das empresas, das famílias e das administrações públicas nos
encontros entre as questões económicas e as questões sociais, por um lado,

19
e entre o funcionamento dos mercados e o funcionamento das instituições
democráticas, por outro.
O trabalho desenvolvido apoiou-se numa visão própria, consolidada
pelos autores, ao longo de uma vasta experiência académica e profissional,
de dimensão nacional e europeia, no domínio da avaliação de programas e
políticas públicas.
A coordenação da investigação foi exercida com base num reconhecimento
dos limites da experiência vivida na gestão e execução dos fundos estruturais
em Portugal – dominada pela vulnerabilidade das realizações – e das vantagens
da adoção de um novo modelo de programação estrutural – dominado pela
sustentabilidade dos resultados.
A metodologia adotada visou, finalmente, alcançar, nas suas escolhas e
opções, um duplo objetivo de equilíbrio, que não deve ser confundido com
qualquer atitude de “neutralidade” científica ou de “positivismo” tecnocrático:
• o primeiro nível de equilíbrio corresponde ao próprio enquadramento
do papel dos fundos estruturais e procura não lhes “pedir”, na sua con-
tribuição para o desenvolvimento, nem de menos, nem de mais;
• o segundo nível de equilíbrio corresponde à coerência da combinação dos
domínios analíticos e procura não tomar partido a priori, nem por dinâmicas
top-down ou bottom-up, nem por dinâmicas de liderança política ou econó-
mica na configuração dos próprios processos de transformação em análise.

Os leitores e utilizadores dos resultados deste projeto de investigação


terão a responsabilidade e o risco de produzirem, ou não, os seus próprios
desequilíbrios nestas matérias e de privilegiarem, ou não, o seu próprio posi-
cionamento na vida social, política e económica do país.

Os Resultados

O resultado final do projeto de investigação sobre os 25 anos de Portugal europeu


traduz-se em quatro produtos ou instrumentos de aprendizagem que, sobre
um mesmo referencial objetivo de observação e medida, procuram alimentar,
estimular e formar leituras diversificadas e plurais sobre os caminhos do pas-
sado recente, do presente e do futuro da sociedade portuguesa.
• no primeiro capítulo dos olhares, apresentamos o “filme” da evolução da
economia e da sociedade portuguesas entre 1986 e 2010, seja no plano da
sua dinâmica interna, seja na comparação com a média da União Europeia
e com os restantes 26 Estados-membros;
• no segundo capítulo dos retratos, comparamos o posicionamento do
país face ao referencial europeu em três momentos específicos: tiramos

20
o primeiro retrato na situação de partida (1986), definida pelo momento
da formalização da plena adesão de Portugal às Comunidades Europeias;
tiramos o último retrato na situação de chegada (2010); e tiramos um
retrato intermédio na viragem para o século XXI (1999), que também
configura uma viragem das políticas de coesão à escala comunitária e a
concretização do projeto da união económica e monetária;
• no terceiro capítulo dos fundos, apresentamos um quadro de síntese da
evolução dos financiamentos estruturais à economia portuguesa, seja na
sua dimensão financeira, seja nos objetivos prosseguidos no contexto das
políticas comunitárias, seja nos principais fundos, programas e postos
de despesa envolvidos, ao longo dos quatro grandes ciclos de 1989-1993,
1994-1999, 2000-2006 e 2007-2013;
• no quarto e último capítulo dos roteiros, concluímos com um conjunto
de respostas a questões-chave sobre o desenvolvimento de Portugal,
procurando explicitar a natureza das grandes transformações ocorridas
neste ciclo de 25 anos.

Olhares

O primeiro resultado do projeto de investigação consiste em 50 olhares sobre


a evolução da economia e da sociedade ao longo do período de 1986 a 20101. 1. O projeto de investigação
foi iniciado em 2011 e
Estes olhares visam identificar e caraterizar as dinâmicas mais relevantes dos prolongou-se por cerca
primeiros 25 anos de plena integração europeia de Portugal, bem como as de dois anos. Sempre que
justificado ou necessário,
suas consequências organizacionais e institucionais, das empresas às admi- como no caso dos Censos, a
nistrações públicas, das estruturas familiares aos modelos de consumo e às análise foi alargada ao ano
de 2011.
formas de povoamento do território, dos mercados às políticas públicas e aos
mecanismos de regulação económica e social.
As dinâmicas económicas são observadas a partir de 25 olhares sobre a
produção e os mercados, sobre a competitividade e a internacionalização da
economia portuguesa e sobre a própria governação, incidindo na evolução
de indicadores sobre o nível de vida e a convergência real, a produtividade, a
inflação e a convergência nominal, a procura interna e a procura externa, o
consumo e os modelos de comércio, o investimento, as atividades económicas,
a especialização industrial, as produções primárias, a energia, o comércio inter-
nacional, as viagens e turismo, as transferências comunitárias, o investimento
estrangeiro, a balança externa, a I&D e a inovação, a posição competitiva, o
tecido empresarial, as empresas de capital estrangeiro, o financiamento das
empresas, a banca e a bolsa, o sector empresarial do Estado, a carga fiscal, a
despesa pública, a dívida pública e o saldo orçamental.

21
As dinâmicas da sociedade são observadas a partir de outros tantos 25
olhares sobre os modos e a qualidade de vida, sobre a coesão social e as grandes
questões sociais, incidindo sobre a evolução de indicadores sobre a coesão
territorial, as cidades e o povoamento, a população, a emigração e a imigração,
a estrutura etária, as estruturas familiares, o emprego e o desemprego, o traba-
lho e a estrutura social, o empreendedorismo, o rendimento e o património,
a poupança e o endividamento, a repartição do rendimento e a pobreza, a
desigualdade salarial, a classe média, a governação, a proteção social, o nível
e os serviços de educação, a saúde, a habitação e o conforto da habitação, o
ambiente, a mobilidade, o lazer e cultura e a sociedade da informação.
A construção de cada um destes 50 olhares obedece a uma mesma estru-
2. Aequipa de investigação tura, pensada para garantir a coerência final do trabalho2 e, sobretudo, para
que coordenei não podia
deixar de ser bastante facilitar uma completa apropriação dos seus ensinamentos pelos diferentes
alargada e diversificada, utilizadores. Em função do interesse e da curiosidade, cada leitor fica com a
tendo contado com a
participação de mais de duas liberdade de escolher os seus próprios roteiros de consulta.
dezenas de consultores.

Retratos

O segundo resultado do projeto de investigação consistiu na produção de


três retratos sobre a evolução da posição portuguesa no contexto europeu.
Se os olhares tendem a analisar em pormenor cada uma das dimensões mais
relevantes da realidade, os retratos procuram ajudar a formação de uma visão
de conjunto, capaz de sugerir relações e de realçar ligações entre fenómenos,
realizações e desequilíbrios entre diferentes olhares.
Os três momentos escolhidos para a captação dos retratos são quase óbvios:
1986 é o ano de partida e 2010 é o ano de chegada, enquanto 1999 é, simulta-
neamente, o ano da passagem de testemunho do II Quadro Comunitário de
Apoio para o III Quadro Comunitário de Apoio ao nível dos fundos estruturais,
e o ano da fixação das bases da introdução da moeda única, que viria a gerar
um novo regime macroeconómico europeu.
O objetivo dos retratos foi sintetizar a informação contida ao longo
das extensas páginas de olhares, selecionando um indicador-chave capaz de
representar o respetivo grau de convergência com o referencial médio da
União Europeia.
A organização infográfica dos três retratos produzidos, que os faz conver-
gir num mesmo plano de representação, procura ajudar os leitores a construir
uma panorâmica dos grandes avanços e recuos da posição de Portugal na União
Europeia, em articulação com os elementos de sustentabilidade alcançados e
os fatores de desequilíbrio gerados.

22
Os retratos produzidos procuram, finalmente, ajudar a construir uma
visão não linear do tempo, que a fixação prévia de um período de análise com
25 anos podia induzir. O ritmo e o sentido das transformações positivas e
negativas ocorridas não foi, com efeito, nem monótono, nem linear.
Ao longo destes 25 anos, certos períodos foram decisivos para gerar mudan-
ças irreversíveis, enquanto outros foram férteis em mudanças efémeras e facil-
mente reversíveis. Certas alturas permitiram uma fácil convergência entre o
quadro europeu e o quadro nacional nos objetivos, nas políticas e nas iniciativas.
Outras alturas, pelo contrário, revelaram fortes clivagens ou, pelo menos, alguma
dissociação. Certos momentos foram vividos como tempo de ação e de otimismo,
enquanto outros foram vividos como tempo de paralisia e pessimismo.
Na sua simplicidade e crueza, os retratos apenas visam sugerir aquilo que
os economistas chamam factos estilizados, isto é, linhas de evolução suficien-
temente claras em grandes variáveis, não dispensando esforços adicionais de
aprofundamento e análise.
Ao facilitar o confronto das dinâmicas económicas e sociais, os retratos
foram um instrumento operacional em debates promovidos pela Fundação
Francisco Manuel dos Santos, de grande utilidade para validar e corrigir os
caminhos da investigação.

Fundos
3. A
O terceiro resultado do projeto de investigação consistiu na organização de reforma dos fundos
estruturais foi pensada
um quadro de síntese sobre os financiamentos estruturais disponibilizados a para relançar a construção
europeia, depois
Portugal, tendo por base o levantamento dos fundos estruturais negociados
das vicissitudes dos
e efetivamente executados para promover o desenvolvimento do país e a sua ajustamentos aos choques
petrolíferos dos anos 70
convergência no espaço da União Europeia3.
e do princípio dos anos
Estou seguro de que é um dos resultados úteis deste projeto de investiga- 80, em articulação com
o projeto da realização
ção e que não teria sido possível de concretizar sem a colaboração empenhada do mercado interno
das entidades públicas envolvidas na gestão e coordenação do financiamento europeu no horizonte de
1992. O primeiro ciclo de
estrutural. programação estrutural
O projeto de investigação cobre aqui três dimensões principais. arrancou em 1989 e foi
possível incluir os dados
A primeira dimensão corresponde à contextualização da evolução da relativos à execução do
política de coesão na União Europeia, dos seus objetivos e dos seus recursos Quadro de Referência
Estratégico Nacional até
financeiros, bem como dos diferentes fundos que a desenvolvem, do Fundo 2011. São estas as razões
Europeu de Desenvolvimento Regional ao Fundo Social Europeu, dos fundos para que a informação
sobre os fundos estruturais
para a agricultura e o desenvolvimento rural aos fundos para as pescas e ao se reporte ao período
Fundo de Coesão. 1989-2011 em termos de
execução e ao período
A segunda dimensão corresponde à contextualização dos vários ciclos de 1989-2013 em termos de
programação estrutural em Portugal, dos três Quadros Comunitários de Apoio programação.

23
ao Quadro de Referência Estratégico Nacional, nomeadamente em termos das
principais alterações verificadas em cada ciclo, valorizando também as mudan-
ças quanto à diversificação das condições de inserção das regiões portuguesas.
A terceira dimensão corresponde à caraterização da aplicação efetiva
dos fundos estruturais e de coesão em Portugal, da chamada execução, iden-
tificando a repartição dos recursos por fundo, por área de intervenção e por
região, bem como a posição de Portugal no conjunto dos países beneficiários
dos recursos da política de coesão na União Europeia.
O levantamento efetuado revela que foi disponibilizado a Portugal um
volume total de fundos estruturais e de coesão superior a 96 mil milhões de
4. A
preços constantes de euros4, no período entre 1989 e 2013, tendo sido executados 81 mil milhões
2011.
de euros até ao final de 2011.
Este financiamento estrutural apoiou, incentivou e viabilizou, isto é,
alavancou um conjunto muito diversificado de projetos de investimento desen-
volvidos por entidades públicas e privadas no país.
Somando então os fundos estruturais e de coesão, a contrapartida pública
nacional e a contrapartida privada nacional, o montante global de investimento
estrutural programado para Portugal no período 1989-2013 ascendeu a 178
mil milhões de euros, tendo sido executados 156 mil milhões de euros até ao
final de 2011.
O quadro global das caraterísticas da execução dos fundos estruturais e de
coesão e do seu contributo para a trajetória de desenvolvimento económico e
social experimentada pelo nosso país não permite simplificações nem relações
diretas não fundamentadas de causa-efeito.
As regras comunitárias e as opções nacionais na gestão dos fundos estru-
turais e de coesão limitaram, também, o seu campo objetivo de aplicação. Não
se pode pensar que os fundos estruturais e de coesão podiam ter sido aplicados
em áreas ou através de formas que não respeitassem essas restrições.
O que teria sido a evolução da sociedade e da economia portuguesa sem
os fundos estruturais e de coesão é um exercício analítico demasiado complexo
para ser objeto de julgamentos ligeiros e precipitados.
O que estimulamos neste trabalho é o confronto objetivo sobre a evolução
da sociedade e da economia portuguesas nestes 25 anos, sobre os seus avanços e
recuos, sobre as suas realizações e frustrações, e sobre os contornos e dimensões
assumidos pelos fundos estruturais e de coesão em termos nacionais, sectoriais
e regionais, para formular hipóteses credíveis e sustentáveis de interpretação.
A evolução da sociedade e da economia portuguesa nos 25 anos de Portugal
europeu ilustra um semifalhanço na convergência real à escala europeia e na
participação na aceleração da globalização e, portanto, nas próprias condições

24
de sustentabilidade de uma economia mais competitiva e de uma sociedade
mais coesa.
A informação disponibilizada sobre os fundos estruturais e de coesão será
relevante para situar o respetivo contributo para o desenvolvimento do país.
Em nosso entender, as seguintes escolhas que prevaleceram na utiliza-
ção e governação dos fundos estruturais limitaram significativamente o seu
contributo:
• a orientação dos fundos foi muito mais virada para as condições poten-
ciais do que para os resultados efetivos, não conseguindo o equilíbrio
desejável na promoção da coesão e da competitividade;
• a orientação dos fundos foi muito mais virada para satisfazer as pro-
curas já existentes dos destinatários do que para potenciar a melhoria
organizacional e competitiva dos agentes económicos e institucionais,
numa lógica de disputa concorrencial de recursos;
• a execução dos fundos fez-se numa lógica muito fragmentária de milha-
res de projetos, gerando muitas vezes repetição, desperdício e insuficiente
massa crítica;
• a operacionalização dos fundos fez-se, muitas vezes, não como suporte
a políticas nacionais e de desenvolvimento regional previamente estabe-
lecidas, mas como substituição dessas mesmas políticas que, desse modo,
ficaram reduzidas à mera execução dos fundos;
• a orientação dos fundos, apesar das limitações impostas pela sua própria
natureza, privilegiou excessivamente a expansão das infraestruturas e do
capital fixo e não articulou, tão intensivamente quanto necessário, essas
intervenções com as ações de qualificação dos recursos humanos e das
capacidades de gestão;
• a operacionalização dos fundos privilegiou claramente a lógica do pro-
jeto individual em detrimento da lógica da colaboração em atividades
partilhadas e em projetos coletivos que envolvessem empresas, adminis-
trações públicas e entidades de suporte à eficiência e à competitividade.

A principal responsabilidade dos fundos estruturais nas insuficiências


e desequilíbrios do desenvolvimento económico e social de Portugal nestes
25 anos de Portugal europeu corresponde, assim, a uma insuficiente orientação
para a mudança estrutural do país, capaz de forçar a sua saída da situação de
“país da coesão”.
A ideia de querer sempre maximizar os fundos para Portugal exprime
este enviesamento. Teria sido bem mais útil querer um país mais capaz, mais
competitivo e mais coeso, que pudesse dispensar uma dose tão elevada de
fundos estruturais.

25
Não houve suficiente capacidade de articular coerentemente as políticas
internas de base sectorial e de base regional em modernas agendas temáticas
de política pública. Verificou-se também a utilização de uma parcela relevante
dos fundos estruturais para potenciar o esforço público nacional, fazendo-o
coincidir excessivamente com o campo específico e limitado da política de
coesão.
Neste quadro, os fundos estruturais e de coesão foram protagonistas da
viragem para dentro do país e do insuficiente dinamismo da sua participação
na construção do mercado interno europeu e na aceleração da globalização.

Roteiros

O quarto resultado do projeto de investigação consistiu na elaboração de


respostas pela equipa de investigação a um conjunto de questões-chave sobre
estes 25 anos de Portugal europeu.
Mais do que analisar o passado, estes exemplos de percursos interpreta-
tivos por olhares, retratos e fundos procuram contribuir para o esclarecimento
dos caminhos do futuro.
Os roteiros visaram sistematizar as principais lições da experiência de
25 anos de plena integração europeia, explicitando restrições e dificuldades
ou margens de escolha e oportunidades, seja no terreno da articulação entre
coesão económica e social e competitividade, seja no terreno da articulação
entre convergência nominal e convergência real, seja, sobretudo, no terreno
das condições de sustentabilidade e de comutatividade dos processos de trans-
formação económica e social.
Na escolha das grandes questões foi respeitada a ideia de aprendizagem
coletiva e de apropriação individual de resultados diversificados pelos pró-
prios leitores.
A escolha das questões visou então a formulação de conclusões operati-
vas em aberto capazes de alimentar um debate sem restrições. Neste sentido,
combinam-se questões “analíticas” – que resultam da própria lógica da inves-
tigação e das hipóteses explicativas dela surgidas – e questões “cidadãs” – que
resultam das reflexões, dúvidas e interrogações que a generalidade da população
foi alimentando ao longo destes 25 anos.
As questões-chave escolhidas incidiram sobre o nível de vida da popula-
ção, a convergência de Portugal na Europa, a competitividade das empresas, o
desempenho ambiental e a sustentabilidade, a coesão territorial e as mudanças
e os desequilíbrios produzidos.
Questão a questão, produzimos primeiro um roteiro mais retrospetivo e
depois um roteiro prospetivo.

26
O primeiro é centrado na interpretação dos indicadores objetivos que
revelam as mudanças ocorridas na economia e na sociedade portuguesas. O
segundo é centrado na identificação de uma agenda de ação que possa signi-
ficar uma aprendizagem com os erros e as insuficiências do passado e uma
resposta efetiva aos desafios do desenvolvimento económico e social, tal como
se apresentam 25 anos depois da plena adesão à União Europeia.

Eis a nossa interpretação:

O nível de vida melhorou para a generalidade da população de forma relevante?


O roteiro retrospetivo mostra como os 25 anos de Portugal europeu permitiram
uma melhoria global, quer em termos de evolução interna, quer em termos
de comparação no quadro europeu, apesar das dificuldades mais recentes de
sustentação do crescimento económico e da crise económica e financeira em
que vivemos.
O roteiro percorrido permite comprovar a modernização da economia e
da sociedade portuguesas, que proporcionou um acesso praticamente gene-
ralizado da população à satisfação das necessidades básicas elementares, um
importante aumento do nível de equipamento das famílias (casa, carro, ele-
trónica de consumo e computadores) e um reforço substancial do peso dos
serviços, do lazer e da cultura no consumo. A desigualdade reduziu-se, embora
não tanto quanto a coesão económica e social exigiria.
As transformações dos 25 anos de Portugal europeu conduziram a popula-
ção portuguesa a um nível de vida, material e imaterial, bem superior ao que
conhecia antes da plena integração europeia, ainda que de forma desigual,
desequilibrada e não sustentável.
O roteiro prospetivo mostra que o desígnio da melhoria do nível de vida
da população deve concentrar-se em enfrentar os fatores de desequilíbrio e
de insustentabilidade que tornaram tão vulneráveis os resultados obtidos, até
para conseguir limitar e conter a rápida destruição dos progressos alcançados
ao longo dos primeiros 25 anos.
Em primeiro lugar, o roteiro do futuro só pode ser o de um reequilíbrio
entre a capacidade de criação de riqueza e o nível de vida da população por-
tuguesa. Os próximos anos terão de ser anos de progresso mais rápido na
produtividade e na competitividade. No futuro, o nível de consumo médio
não poderá superar o nível de produção média de valor da economia portu-
guesa, dependendo a sua melhoria dos ganhos de produtividade que possam
ser obtidos no conjunto das atividades económicas.
Em segundo lugar, o roteiro do futuro só pode ser o da criação de bases
seguras para a poupança das famílias, conciliando um movimento de melhoria

27
nas decisões e formas de consumir e de poupar com um esforço progressivo e
cumulativo de desendividamento. O entusiasmo no acesso a uma experimen-
tação muito vulnerável da sociedade de consumo, que marcou as duas últimas
décadas, deve passar o testemunho ao entusiasmo de uma sustentação credível
dos modelos de consumo e dos níveis de vida, através de um exercício mais
exigente de concretização de escolhas mais enraizadas no rendimento efetivo
das famílias e na otimização do retorno das despesas realizadas e dos impostos
pagos em matéria de qualidade de vida.
Em terceiro lugar, o roteiro do futuro terá de ser o da criação de novas
referências de equidade e de coesão social, numa economia e numa sociedade
marcada por novos e múltiplos fatores de diferenciação (económica, social,
educacional, informacional e cultural) que acelerem o ritmo de inovação e a
mobilidade, que intensifiquem a diversificação das formas de trabalho sob o
impulso do conhecimento e da criatividade, e que favoreçam a reforma dos
sistemas de promoção, produção e difusão dos bens e serviços públicos, bem
como dos modelos de governação do mundo urbano e do mundo rural.
O roteiro da próxima viagem dos portugueses em direção a uma vida
melhor, numa Europa em difícil construção, deve favorecer um maior investi-
mento no futuro e um maior diálogo entre gerações, para produzir resultados
mais duradouros para toda a população portuguesa.

O país progrediu no contexto europeu e tornou-se mais atrativo?


O roteiro retrospetivo da evolução da convergência e da atratividade da econo-
mia portuguesa dentro da União Europeia representa uma viagem de avanços,
interrupções e recuos.
Apesar de muitas realizações positivas, nomeadamente na vida empre-
sarial, académica e científica, cultural e artística, não pode deixar de ser con-
siderada a história de um semifalhanço nacional e europeu: o tempo de uma
geração não foi suficiente para tirar Portugal da condição de “país da coesão”.
Quando o ambiente externo foi relativamente favorável, a convergência
da economia portuguesa fez-se sem especiais dificuldades, nos terrenos onde
se tratava de promover a recuperação de atrasos evidentes e a adaptação a
padrões e regras bem estabelecidos. Quando o ambiente externo se tornou
mais concorrencial e desfavorável, o país conheceu dificuldades e retrocessos
crescentes nos terrenos que exigiam alterações muito substanciais na capaci-
dade de criar riqueza e de gerar equidade social e territorial.
O choque precipitado pelos novos caminhos de aprofundamento e de
alargamento da União Europeia revelou-se bem mais difícil, exigindo mudan-
ças sucessivas nos padrões de especialização e nos modelos de negócio e de

28
governação, suportadas por novas competências e por processos cumulativos
de inovação e internacionalização.
A economia portuguesa não conseguiu evitar assim nem uma queda
abrupta do seu ritmo de crescimento económico, nem uma mistura compli-
cada de desemprego estrutural e conjuntural, que se foram conjugando num
quadro de crescentes desequilíbrios nas contas públicas e nas contas externas.
Para a economia portuguesa, o século XXI tornou-se um tempo de diver-
gência nominal, em especial nas condições de financiamento, e um tempo de
divergência real, com o recuo, parcial, mas recuo, dos níveis de vida e bem-
-estar da população.
O roteiro retrospetivo desta atribulada viagem parece indicar que a socie-
dade portuguesa não percebeu a tempo que o seu caminho de plena integração
europeia seria tanto mais difícil e problemático quanto não fossem alcança-
dos todos os fundamentos da convergência real – a melhoria continuada da
produtividade global dos fatores suportada pela inovação – e da convergência
estrutural – a criação de instituições e de regras coletivas de promoção, efetiva
e permanente, da eficiência e da equidade.
Os 25 anos do Portugal europeu foram marcados por uma forte acele-
ração do tempo histórico das transformações económicas e sociais. Estas
transformações ainda não foram devidamente entendidas e incorporadas nos
comportamentos coletivos, em especial pelos responsáveis políticos e pelas
organizações de representação corporativa de interesses empresariais, sindi-
cais e profissionais, e através da consensualização, aprovação e execução de
incontornáveis reformas estruturais nas instituições, nas políticas públicas e
nos modelos de governação.
Os desafios da convergência no espaço europeu são decisivos para o futuro
da economia e da sociedade portuguesas. As lições da experiência recente são
muito importantes. O reconhecimento de um semifalhanço coletivo nunca é
fácil de admitir mas é nele que começa a construção de uma solução.
O roteiro das dificuldades do processo de convergência nestes 25 anos
de Portugal europeu é, sem dúvida, um roteiro dos falhanços do Pacto de
Estabilidade e Crescimento, da política monetária do euro e das políticas
comunitárias de convergência e coesão. Contudo, este roteiro é, principalmente
e em primeiro lugar, um roteiro dos erros e limitações da própria experiência
portuguesa, das políticas públicas e das preferências sociais e económicas que
acabaram por prevalecer na sociedade, na economia e no Estado.
O roteiro prospetivo da convergência tem de começar a ser construído
na melhoria da qualidade das instituições e no reforço da democracia, em
Portugal e na União Europeia, para garantir escolhas coletivas mais claras e

29
acertadas e permitir políticas públicas mais bem fundamentadas e mais eficazes
na promoção do interesse geral.
O roteiro do futuro da convergência tem de se focar no quadro de rege-
neração dos modelos de governação e de participação e nas dimensões sociais
e económicas de uma união duradoura e coerente entre a competitividade e
a solidariedade.
Urgem mudanças que permitam criar mais riqueza e distribuí-la de forma
bem mais equilibrada entre gerações, isto é, articulando muito melhor as
escolhas que garantem um presente melhor sem limitar o futuro.

As empresas tornaram-se mais competitivas e aproveitaram as oportunidades


do mercado interno europeu e da globalização?
O roteiro retrospetivo mostra que o dinamismo económico revelado na fase
inicial deste ciclo, ainda num regime de desvalorização deslizante do escudo e
num contexto de elevada inflação, foi induzido, em grande parte, pelo reforço
que os fundos estruturais significaram para o investimento público e privado.
O impacto da plena integração europeia criou condições mais favoráveis
ao investimento e mudou subjetivamente o comportamento dos empresários
num sentido de valorização da abertura externa e da modernização das empre-
sas. Contudo, o surto de crescimento assim originado foi sobretudo uma simples
aceleração quantitativa. Não produziu progressos qualitativos relevantes nem
na especialização nem na competitividade, tendo mesmo reforçado algumas
das principais vulnerabilidades da economia portuguesa.
Ao longo dos 25 anos de Portugal europeu, as empresas fizeram investi-
mentos importantes e melhoraram as suas capacidades no contexto da sua
trajetória histórica interna, algumas de forma muito meritória. Tomadas no
seu conjunto, as empresas portuguesas não se tornaram, porém, suficiente-
mente competitivas para enfrentarem as novas exigências da concorrência
na globalização, na União Europeia alargada e no novo quadro orçamental e
cambial da área do euro.
O roteiro desta crise de competitividade da economia portuguesa é também
uma história de ilusões, de facilidades e de incompreensões.
Uma história de ilusões dada a ideia do desaparecimento da restrição do
défice externo numa pequena economia sob a proteção do euro.
Uma história de facilidades, dada a utilização do crédito barato pelo
Estado, pelas empresas, pelos bancos e pelas famílias para sustentar o nível
de despesa, como se os credores não se interrogassem sobre a solvabilidade
dos devedores.
Uma história de incompreensões, dada a reduzida atenção prestada às
consequências devastadoras da fragmentação das cadeias de valor à escala

30
mundial nas economias europeias incapazes de mudar a sua especialização,
de diversificar os seus mercados e produtos e de mobilizar o conhecimento
para gerar valor acrescentado.
O roteiro prospetivo da competitividade da economia portuguesa tem de
ser substancialmente alterado, em sintonia com as novas exigências do regime
do euro, do alargamento e da aceleração da globalização.
A competitividade exprime a capacidade de as empresas responderem
com rapidez e qualidade às necessidades que moldam as procuras das empre-
sas e das famílias, gerando o valor acrescentado e a riqueza que permitem os
investimentos que mantêm e criam empregos e que remuneram os diferentes
fatores produtivos, nomeadamente capital, trabalho e propriedade intelectual.
Em causa está uma melhoria do perfil de especialização, para atividades
mais qualificadas e para mercados mais dinâmicos, e uma renovação dos mode-
los de negócio empresariais, desenvolvendo fatores competitivos “não custo”
associados à inovação e à diferenciação em cadeias de valor internacionais.
No quadro de uma recuperação lenta da economia portuguesa, o roteiro
de um futuro onde seja possível concretizar os ajustamentos e reformas indis-
pensáveis ao reequilíbrio do querer e do poder da sociedade portuguesa terá
de reforçar necessariamente a produtividade e a competitividade das empresas
portuguesas.
O roteiro prospetivo indica que o crescimento sustentado da produtividade
pode combinar um caminho de melhoria do perfil de especialização produtiva,
favorecendo atividades de forte valor acrescentado em mercados internacionais
dinâmicos, com um caminho de renovação dos modelos de negócio das empre-
sas, favorecendo a progressão nas cadeias de valor, a inovação e a mobilização
do conhecimento para responder às necessidades dos mercados.

O país ganhou sustentabilidade na evolução da forma como produz, consome


e valoriza os recursos naturais?
O roteiro retrospetivo dos 25 anos de Portugal europeu foi palco de múltiplas
transformações que mudaram profundamente a relação entre a economia,
na sua dimensão de combinação de modos de produção e de consumo, e o
ambiente, na sua dimensão de recursos naturais e biodiversidade, exigindo
conservação e valorização.
A própria noção de sustentabilidade foi evoluindo com a adoção do refe-
rencial moderno do desenvolvimento económico e social sustentável, isto
é, que porta um futuro com equilíbrio ecológico e respeitador dos valores
materiais e imateriais do passado, na sua dimensão de património, cultura e
valores civilizacionais.

31
O ponto de partida apresentava um défice de infraestruturas, de serviços,
de condições materiais, de prioridades sociais e de sensibilidade política de
grandes proporções. Os esforços de adaptação e de recuperação deste atraso
dominaram os primeiros anos da plena integração europeia.
Os 25 anos de Portugal europeu retratam assim melhorias em muitos dos
principais indicadores de infraestruturas ambientais básicas que condicionam
a qualidade de vida das populações, tendo permitido reforçar a coesão social e
territorial do país, num alargamento importante no que respeita à valorização
dos recursos naturais, seja na produção de bens e serviços, seja na composição
dos produtos turísticos.
Em sentido contrário, a evolução dos modos de produção, de consumo e
de mobilidade registou uma trajetória de forte pressão sobre a sustentabilidade.
O roteiro prospetivo do desígnio do desenvolvimento sustentável não pode
ser orientado pela ação ao nível das consequências mas muito mais ao nível das
causas da insustentabilidade – a desordem das cidades, a irracionalidade das
soluções de mobilidade, a insuficiente exploração da inovação orientada para
uma economia de baixo teor de carbono, a desvalorização dos serviços ambientais
prestados pelas comunidades rurais e a insuficiente capacidade de valorização
económica dos recursos endógenos e naturais adequadamente protegidos.
O novo roteiro do futuro tem de significar um forte reforço das ações
que promovam a eficiência, seja adotando tecnologias menos consumidoras de
energia, seja alterando padrões e modos de vida. Deverão merecer particular
atenção aqueles domínios que assumem maior relevância ao nível do consumo
de energia, nomeadamente a mobilidade, a regeneração urbana e a habitação
sustentável, bem como as atividades industriais de maior intensidade energética
e, obviamente, a própria produção e distribuição de energia, onde a coexistência
de formas de produção e consumo pode vir a representar avanços relevantes.
No domínio crucial dos transportes, o roteiro do futuro não deixará de
incluir o urbanismo e o ordenamento do território como peças integrantes
da estratégia com impacto na forma e na distância das deslocações entre casa
e trabalho.
O roteiro do futuro só poderá ser o do desenvolvimento sustentável, isto
é, o da sustentabilidade-solução em vez da sustentabilidade-problema.
Este roteiro exigirá um novo modelo de governação – temático e não secto-
rial – onde possam convergir e ganhar coerência as políticas de competitividade,
de ordenamento do território, de ambiente e de transportes, comandando uma
reestruturação da tributação incentivadora da racionalização das escolhas das
empresas e das famílias.
Este roteiro exigirá ainda a exploração das redes inteligentes, disponibi-
lizando serviços de informação sobre infraestruturas ambientais, energéticas

32
e de transportes que permitam aos consumidores e aos produtores construir
sinergias de poupança e de racionalidade.
Os riscos associados às alterações climáticas e ao potencial ciclo ascen-
dente e oscilatório dos preços dos principais recursos são demasiado pena-
lizadores do ambiente e das condições de crescimento no longo prazo para
não exigirem uma profunda alteração do comportamento das famílias, das
empresas e dos governos.
O roteiro do futuro configura-se bem mais difícil face aos primeiros 25
anos de Portugal europeu. Em causa está uma maior eficiência no acesso, na
transformação e na utilização dos recursos-chave e uma maior coerência na
adoção dos objetivos de desenvolvimento sustentável, através do combate à
fragmentação das políticas públicas e da utilização corajosa dos incentivos
dos preços (positivos e negativos), para gerar sociedades bem mais resilientes
e equitativas.

A trajetória de ocupação do território favoreceu a coesão territorial e a igual-


dade de oportunidades?
O roteiro retrospetivo dos 25 anos de Portugal europeu mostra como mudou
o país nas condições de vida e de trabalho nas suas diferentes regiões e
territórios.
Os investimentos realizados em infraestruturas ambientais, sociais, cul-
turais, empresariais, produtivas, comerciais e de transportes, com o apoio
determinante dos fundos estruturais, bem como os investimentos realizados
em habitação, com o apoio decisivo da queda histórica das taxas de juro, trans-
formaram profundamente a configuração territorial do país, tornando-o muito
menos desigual nas condições básicas de acesso à qualidade de vida.
Os 25 anos de Portugal europeu conduziram as regiões portuguesas a uma
aproximação das condições de vida propiciadas às suas populações, em domí-
nios tão importantes como a habitação, o acesso à energia e ao saneamento, a
saúde, a educação ou nas distâncias “rodoviárias” entre os principais centros
urbanos do país.
Na orientação dos investimentos, observou-se o primado da coesão sobre o
da competitividade e o primado das condições potenciais sobre o dos resultados
efetivos do desenvolvimento económico e social. Esta escolha não permitiu
construir dinâmicas regionais de convergência cumulativa de igualdade de
oportunidades, quer para as pessoas, quer para as empresas, seja no acesso
aos fatores mais avançados de criação de valor (conhecimento, cultura, cria-
tividade), seja no acesso ao rendimento gerado fora do contexto da ação das
políticas públicas.

33
O desenvolvimento das regiões portuguesas gerou formas suficientemente
diferenciadas de “litoral” e de “interior” e transformou o país numa espécie
de grande arquipélago: algumas “ilhas” (o número limitado de polos mais
dinâmicos) destacam-se num “mar” de dificuldades (as regiões que perdem
população, riqueza relativa e dinamismo económico).
O roteiro prospetivo em matéria de coesão territorial terá de ser o roteiro
da progressiva descoberta de que o acerto de contas necessário para o pro-
gresso não deve ser feito com as próprias assimetrias regionais do passado
com base num referencial “doméstico”, mas com um novo referencial assente
na capacidade de aproveitar as oportunidades de desenvolvimento no futuro
com a Europa e o mundo.
O roteiro do futuro é, em primeiro lugar, o da valorização do princípio
da diferenciação territorial como fator de sucesso na integração europeia e
na globalização.
O futuro das regiões portuguesas depende cada vez mais da respetiva
capacidade em alimentar processos cumulativos de povoamento humano,
institucional e empresarial na valorização aberta dos seus recursos endóge-
nos, materiais e imateriais, naturais e patrimoniais e na realização de funções
económicas específicas e distintivas na produção para o mercado interno e
para o mercado mundial.
O roteiro do futuro é, em segundo lugar, o de uma colaboração supramu-
nicipal para garantir uma descentralização regional liberta dos limites físicos
dos concelhos mas ancorada na legitimidade democrática do poder local.
O futuro das regiões portuguesas depende em larga medida do abandono
radical da fragmentação, implícita na reduzida escala concelhia, e da mimética
de caminhos, implícita no confinar dos investimentos e das iniciativas ao
estrito referencial das assimetrias internas.
O roteiro do futuro é, em terceiro lugar, o de uma muito maior valoriza-
ção do papel das regiões na renovação dos paradigmas competitivos em ação
em Portugal.
O futuro das regiões portuguesas depende, em larga medida, da construção
de sinergias territoriais específicas, combinando economias de aglomeração e
de especialização alicerçadas em estratégias regionais não fragmentadas, mas
suficientemente diferenciadas e descentralizadas. Estas sinergias poderão ser
fortemente potenciadas por reformas estruturais na organização e modelos
de governação das administrações públicas do país.
O roteiro do futuro deve garantir a trajetória de convergência da produ-
tividade através da competitividade e do reforço da eficiência económica. As
estratégias de especialização devem valorizar os recursos das próprias regiões

34
e o seu potencial de incorporação de conhecimento e inovação para melhorar
o posicionamento das regiões nas cadeias de valor em que se especializam.
Simultaneamente, ganha relevância a necessidade de integrar respostas
aos processos de recomposição demográfica com instrumentos de promoção da
mobilidade que permitam uma maior eficiência na organização do território.
O roteiro do futuro na coesão territorial só pode ser construído em torno
da prossecução de resultados centrados na melhoria das capacidades huma-
nas, empresariais e institucionais das regiões e no seu acesso aos serviços, aos
conhecimentos e aos talentos que lhes permitam fazer parte de processos de
desenvolvimento sustentável, não à escala meramente doméstica, mas à escala
europeia e mundial.

Onde se deram as grandes mudanças e quais os principais desequilíbrios


que se produziram?
Os 25 anos de Portugal europeu acederam a volumosos fundos estruturais da
União Europeia que suportaram o financiamento de investimentos públicos
e privados com impacto nas estruturas económicas e sociais do país.
As profundas e irreversíveis mudanças económicas e sociais constituem
um roteiro de profundos e insustentáveis desequilíbrios e um roteiro de pro-
gressiva descoberta de que uma sociedade não pode sustentar duradouramente
progressos na sua coesão social sem garantir melhorias dinâmicas substanciais
na sua competitividade.
As principais transformações económicas e sociais conduziram a socie-
dade portuguesa para uma situação que é claramente marcada pelas realidades
urbanas (embora de pequena escala) e pelas atividades de serviços (embora
mais orientados para as famílias e coletivos do que para as empresas). O acesso
generalizado da população às condições básicas de vida foi estabelecido, embora
permaneçam importantes disparidades territoriais. As estruturas e relações
sociais sofreram uma autêntica revolução que mudou os comportamentos e
as próprias bases do contrato social, apesar de o país permanecer na cauda da
Europa em matéria de educação.
As esperanças depositadas na interpenetração entre consolidação da
democracia e participação na construção europeia não devem ser perdidas
numa leitura subjugada pelas dificuldades da atual crise do país.
A convergência económica é real ou não é. No longo prazo, são os fatores
determinantes da criação de riqueza e de emprego e os fatores determinantes
do progresso económico e social que contam, quando devidamente utilizados
na organização das empresas e do Estado.
O roteiro do futuro exige um novo entendimento do progresso econó-
mico e social no qual o desenvolvimento interno depende da capacidade de

35
participar mais ativa e equilibradamente na construção europeia e na globali-
zação, abrindo mais oportunidades para os portugueses, para as suas empresas
e para as suas regiões.
Não é possível criar uma economia dinâmica capaz de gerar os empregos
correspondentes às expetativas de uma população que se educa e qualifica se
continuarmos virados para dentro de uma pequena economia, esperando que
a sua limitada procura interna seja suficiente.
O roteiro do futuro próximo da sociedade portuguesa, seja para conservar
e aprofundar os importantes progressos registados nestes 25 anos de Portugal
europeu, seja para poder alcançar novos patamares de qualidade de vida, de
coesão social e territorial e de liberdade de escolhas, passa, necessariamente,
pela eliminação das raízes da crise financeira do Estado.
As reformas que não podem mais esperar devem ser baseadas numa estra-
tégia abrangente mas concentrada em prioridades bem claras.
O balanço da experiência destes 25 anos de Portugal europeu, dos seus
sucessos e falhanços, mostra que a equidade não pode ser construída sem
eficiência e que a eficiência não pode ser cumulativamente dinamizada sem
equidade. A competitividade e a coesão não passam das duas faces inseparáveis
da moeda rara do progresso económico e social sustentável.

A Ambição

Sintetizei aqui o essencial do nosso balanço sobre os primeiros 25 anos de


plena integração europeia do país.
As conclusões que apresentamos visam, sobretudo, exemplificar e estimu-
lar a utilização desta plataforma de informação, de conhecimento e de debate
para produzir muitas outras conclusões.
Os 25 anos de Portugal europeu não são uma obra fechada: têm a ambição
de contribuir para um debate alargado e aprofundado, aberto e plural, sobre
os caminhos do desenvolvimento económico e social do país.

36
Agradecimentos

Não podia terminar sem agradecer a todos os que contribuíram para concre-
tizar os 25 anos de Portugal europeu.
Em primeiro lugar, queria reconhecer o empenho demonstrado pelos
consultores da Augusto Mateus & Associados no desenvolvimento deste pro-
jeto de investigação.
Às entidades responsáveis pela gestão e coordenação nacional dos fun-
dos estruturais e de coesão, nomeadamente ao Instituto Financeiro para
o Desenvolvimento Regional, I.P., ao Instituto de Gestão do Fundo Social
Europeu, I.P., ao Gabinete de Planeamento e Políticas e à Direção-Geral de
Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, a todos devo deixar um
especial agradecimento pelo apoio prestado no levantamento dos fundos. Este
apoio ultrapassou em muito a simples resposta convencional, até porque, entre
muitos outros obstáculos, o horizonte temporal da análise foi também o da
substituição dos registos em papel pelos registos em suporte digital.
Não posso deixar de agradecer as críticas e as sugestões sempre atentas
de António Barreto, presidente do Conselho de Administração da Fundação
Francisco Manuel dos Santos, bem como de José Pena do Amaral e de José
Tavares, do Conselho Científico desta fundação, que acompanharam em per-
manência a conceção e o desenvolvimento destes 25 anos de Portugal europeu.
As reuniões e os debates promovidos pela Fundação Francisco Manuel
dos Santos, ao longo da execução do projeto, foram estimulantes e de grande
utilidade para concretizar olhares, retratos e roteiros, permitindo contar com o
inestimável contributo de Alfredo Marques, António Araújo, Carlos Farinha
Rodrigues, Diogo Lucena, Francisco Sarsfield Cabral, Maria João Valente Rosa,
João Ferrão, José Manuel Fernandes, Nuno Vitorino, Pedro Magalhães, Pedro
Pitta Barros e Vítor Escária.
Em particular, gostaria de agradecer a disponibilidade de José Soares
dos Santos e de José Quinta, do Conselho de Administração da Fundação
Francisco Manuel dos Santos.
Este último parágrafo não será suficiente para agradecer o permanente
entusiasmo com que Filipa Dias, Isabel Vasconcelos, Rui Pimentel, Susana
Norton, Teresa Mourão-Ferreira e a restante equipa da Fundação Francisco
Manuel dos Santos apoiaram a concretização e a divulgação destes 25 anos de
Portugal europeu.

Augusto Mateus
Presidente da sociedade de consultores Augusto Mateus & Associados

37
Siglas e abreviaturas

AECT Agrupamento europeu FEADER Fundo Europeu Agrícola


de cooperação territorial de Desenvolvimento Rural
BEI Banco Europeu de Investimento FEAMP Fundo Europeu dos Assuntos
CAE Classificação das Atividades Marítimos e das Pescas
Económicas FEDER Fundo Europeu de
CCDR Comissão de Coordenação Desenvolvimento Regional
e Desenvolvimento Regional FEI Fundo Europeu de Investimento
CECA Comunidade Europeia do Carvão FEOGA-O Fundo Europeu de Orientação
e do Aço e Garantia Agrícola – secção Orientação
CEE Comunidade Económica Europeia FEP Fundo Europeu das Pescas
Cnuced Conferência das Nações Unidas FMI Fundo Monetário Internacional
para o Comércio e Desenvolvimento FSE Fundo Social Europeu
CTUP Custo em trabalho por unidade GAL Grupos de ação local
produzida
GEE Emissões de gases com efeito
DGRM Direção-Geral de Recursos de estufa
Naturais, Segurança e Serviços Marítimos
GPP Gabinete de Planeamento e Políticas
EFTA Associação Europeia de Comércio
IDE Investimento direto estrangeiro
Livre
IDPE Investimento direto do país
ECU Unidade de conta europeia
no exterior
ETAR Estação de tratamento de águas
IEC Imposto especial sobre o consumo
residuais
IEFP Instituto de Emprego e Formação
Euratom Comunidade Europeia
Profissional
da Energia Atómica
IFDR Instituto Financeiro para
FBCF Formação bruta de capital fixo
o Desenvolvimento Regional
FC Fundo de Coesão

38
IFOP Instrumento Financeiro PALOP Países Africanos de Língua
de Orientação da Pesca Oficial Portuguesa
IGFSE Instituto de Gestão do Fundo PIB Produto interno bruto
Social Europeu PME Pequenas e médias empresas
IMI Imposto municipal sobre imóveis PNUD Programa das Nações Unidas
IMT Imposto municipal sobre para o Desenvolvimento
as transmissões onerosas de imóveis PO Programa operacional
INE Instituto Nacional de Estatística p.p. Pontos percentuais
IPSFL Instituições privadas sem fins QCA Quadro Comunitário de Apoio
lucrativos
QREN Quadro de Referência Estratégico
IRC Imposto sobre o rendimento Nacional
de pessoas coletivas
RNB Rendimento nacional bruto
IRS Imposto sobre o rendimento
RUP Região ultraperiférica
de pessoas singulares
TIC Tecnologias de informação
IVA Imposto sobre o valor acrescentado
e comunicação
I&D Investigação e desenvolvimento
TICE Tecnologias de informação,
I&DT Investigação e desenvolvimento comunicação e eletrónica
tecnológico
UE União Europeia
MAMAOT Ministério da Agricultura,
UEM União Económica e Monetária
do Mar, do Ambiente e do Ordenamento
do Território VAB Valor acrescentado bruto
NUTS Nomenclatura das unidades
territoriais para fins estatísticos
OCDE Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento

39
Referenciais geográficos

NUTS II NUTS III

Região Autónoma Região Autónoma


Minho-Lima
dos Açores dos Açores
Alto
Cávado Trás-os-Montes
Norte Ave
Grande Tâmega
Porto Douro
Entre Douro
e Vouga
Dão- Beira
Baixo -Lafões Interior
Vouga Serra da Norte
Baixo Estrela
Centro Mondego Pinhal Cova da
Interior Beira Beira
Pinhal Norte Interior
Litoral Pinhal Sul
Interior
Médio Sul
Tejo
Oeste Alto
Lezíria Alentejo
do Tejo
Lisboa Grande
Lisboa
Península Alentejo
de Setúbal Central
Alentejo
Região Autónoma Região Autónoma
da Madeira da Madeira
Alentejo
Litoral Baixo
Alentejo

Algarve Algarve

40
UNIÃO EUROPEIA
Legenda:

UE12
Suécia Finlândia UE15
UE25
UE27
Estónia

País Sigla
Letónia
Alemanha DE
Áustria AT
Lituânia
Bélgica BE
Bulgária BG
Chipre CY Dinamarca
Dinamarca DK
Eslováquia SK Polónia
Eslovénia SI Países
Espanha ES Baixos Alemanha
Irlanda Reino Unido
Estónia EE República
Checa Eslováquia
Finlândia FI Bélgica
Luxemburgo Roménia
França FR Hungria
Áustria
Grécia EL
Hungria HU Eslovénia
Irlanda IE Bulgária
França
Itália IT Itália
Letónia LV
Lituânia LT
Luxemburgo LU Grécia
Malta MT Chipre
Países Baixos NL
Polónia PL
Portugal PT Portugal Espanha
Reino Unido UK
República Checa CZ Malta
Roménia RO
Suécia SE

41
I
Olhares
Evolução da economia e
da sociedade desde 1986
Sobre os olhares
Neste primeiro capítulo, observamos grandes transformações da economia e
da sociedade portuguesas ao longo dos primeiros 25 anos de plena integração
na União Europeia.
A evolução entre 1986 e 2010 de centenas de indicadores é sistematizada ao
longo de 50 olhares, disponibilizando três grandes planos de comparação ter-
ritorial: nacional, regional e à escala europeia.
O objetivo foi concretizar um instrumento de aprendizagem e de reflexão,
que sobre um mesmo referencial objetivo de observação e medida permita
formar leituras diversificadas e plurais sobre os caminhos do passado recente,
do presente e do futuro do país.
Neste contexto, evitaram-se os adjetivos e o modelo fechado de relatório mais
técnico, para abrir a cada leitor a possibilidade de observar e valorizar a orien-
tação, o ritmo e a intensidade de grandes transformações económicas e sociais
que ocorreram no espaço de uma geração.
Numa divisão que não se considera estanque entre economia e sociedade,
ordenaram-se os olhares em dois grandes grupos:
• 25 olhares acompanham transformações de índole mais económica, obser-
vando o nível de vida e a convergência real, a produtividade, a inflação e a
convergência nominal, a procura interna e a procura externa, o consumo e
os modelos de comércio, o investimento, as atividades económicas, a espe-
cialização industrial, as produções primárias, a energia, o comércio interna-
cional, as viagens e turismo, as transferências comunitárias, o investimento
estrangeiro, a balança externa, a I&D e a inovação, a posição competitiva,
o tecido empresarial, as empresas de capital estrangeiro, o financiamento
das empresas, a banca e a bolsa, o sector empresarial do Estado, a carga
fiscal, a despesa pública, a dívida pública e o saldo orçamental;
• 25 olhares acompanham transformações de índole também social, obser-
vando a coesão territorial, as cidades e o povoamento, a população, a
emigração e a imigração, a estrutura etária, as estruturas familiares, o
emprego e o desemprego, o trabalho e a estrutura social, o empreende-
dorismo, o rendimento e o património, a poupança e o endividamento,
a repartição do rendimento e a pobreza, a desigualdade salarial, a classe

45
média, a governação, a proteção social, o nível e os serviços de educação,
a saúde, a habitação e o conforto da habitação, o ambiente, a mobilidade,
o lazer e cultura e a sociedade da informação.

A estrutura dos olhares é fixa e composta por quatro partes. Na pri-


meira parte do olhar, um texto sintetiza as principais tendências observadas
em Portugal e na comparação com o padrão europeu. Na segunda parte do
olhar, três gráficos enquadram a evolução destes 25 anos à escala nacional,
com a União Europeia e com os restantes 26 Estados-membros. Na terceira
parte do olhar, uma série variável de gráficos ou mapas aprofundam diversas
caraterísticas da análise. Na quarta parte e última parte do olhar, apontam-se
metodologias, conceitos e fontes de informação consultadas.

46
Olhares
ECONOMIA
Da inflação à dívida pública, da produtividade
ao comércio internacional, 25 olhares
observam transformações na economia
portuguesa desde a adesão à União Europeia
1
Nível de vida e convergência real

O ritmo de aproximação do nível de vida dos portugueses ao padrão europeu


é protagonista na avaliação do desempenho económico do país nos últimos
25 anos. Este tem por medida a percentagem que o PIB per capita português
representa face à média da UE27, quando expresso em paridades de poder
de compra.

Portugal nos últimos 25 anos

Entre 1986 e 1992, o nível de vida português subiu de 65% para 79% do nível A convergência
de vida europeu. A manutenção deste ritmo inicial de convergência teria do nível de vida
dos portugueses com
permitido a Portugal ter igualado a média da UE27 logo por volta do ano 2000. o padrão europeu
Contudo, o país chegou a 2010 com 81% do nível de vida europeu, tendo con- concentrou­‑se no
período entre 1986
seguido convergir em sete dos últimos 18 anos (Gráfico 1.1).
e 1992, com o choque
O cumprimento dos requisitos para aderir ao euro veio condicionar o inicial positivo da
processo de convergência do país, que teve de abdicar da sua política monetária adesão à União
Europeia.
e cambial. Impossibilitada a recorrente desvalorização do escudo, as limitações
da economia portuguesa ficaram expostas à aceleração do processo de globa-
lização e ao alargamento da União Europeia a Leste. Portugal foi incapaz de
aproveitar as condições económicas favoráveis, que combinaram entradas de
fundos comunitários e baixas taxas de juro e de inflação com maiores opor-
tunidades de aprovisionamento internacional a baixo custo para relançar a
competitividade.
O acumular dos desequilíbrios da economia portuguesa nestes 25 anos
está nesta diferente capacidade de criar riqueza e de consumir (Gráfico 1.2):
• o PIB per capita em paridades de poder de compra convergiu 16 pontos
percentuais, de 65% para 81% da média europeia;
• o consumo per capita em paridades de poder de compra convergiu 23
pontos percentuais, de 69% para 92% da média europeia.

49
Portugal no contexto da União Europeia

O país não foi capaz de acompanhar o ritmo de convergência mais acelerado


da Espanha, da Grécia e da Irlanda, os designados parceiros iniciais da coesão
que, a par de Portugal, receberam ajuda do Fundo de Coesão. A distância aos
parceiros iniciais da coesão revela-se mais na ótica de convergência do PIB do
que nas óticas do rendimento disponível e do consumo (Gráfico 1.4).
O nível de vida português está hoje mais próximo da média das econo-
mias dos Alargamentos de 2004 e de 2007 do que da média destes parceiros
iniciais da coesão.
Na última década, o ritmo de crescimento do conjunto das economias do
Alargamento excedeu claramente a média europeia. Se, em 1994, o nível de vida
médio destes países correspondia a cerca de 43% do nível de vida europeu, em
2010 já corresponde a 61%. Neste período, os Estados-membros do Alargamento
a Leste aproximaram-se, no seu conjunto, em 18 pontos percentuais do PIB
per capita médio europeu, enquanto Portugal apenas convergiu em quatro
pontos percentuais (Gráfico 1.3 e Gráfico 1.5).

Disparidades regionais

A convergência económica em termos do PIB per capita, expresso em paridades


de poder de compra, não é homogénea a nível nacional e revela assimetrias
regionais.
Das 30 regiões NUTS III, apenas a Grande Lisboa e a Madeira superam
a média europeia. Mas desde 1995, as 11 regiões mais pobres aproximaram-se
do nível de vida europeu (Gráfico 1.6).
A Grande Lisboa é região portuguesa com nível de vida mais elevado do
país, comparando com a média da Irlanda. A Serra da Estrela está no extremo
oposto, com um PIB per capita inferior à média da Bulgária. No contexto
europeu, Alentejo, Centro, Norte e Açores, comparavam em 2009 com regiões
de Leste, da Grécia, do sul de Itália e da Estremadura espanhola (Mapa 1.1).

50
Gráfico 1.1. PIB per capita em Portugal | 1986 a 2010
100 UE27=100 5

Desde 1993, Portugal


só convergiu com a
95 4
União Europeia em
sete dos 18 anos.
90 3 O PIB per capita subiu
de 65% para 79% entre
85 2
1986 e 1992 e de 79%
para 81% entre 1993
-19%
e 2010.
80 1

75 0

70 -1

Variação em pontos percentuais


-35%
65 -2

PIB per capita

60 -3 Nota: Média da UE27=100.


Em paridades de poder de
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2005

2006

2007

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
compra. Valores estimados para
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 a UE27 entre 1986 e 1992.
Interno Única do EURO
Fonte: AMECO (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em fevereiro de 2012)

Gráfico 1.2. Convergência na ótica da produção e do consumo: comparação entre


Portugal e UE | 1986 a 2010
100 UE27=100 40
O processo de
convergência
95 35
português foi menos
-8% acentuado na criação
90 30 de riqueza do que no
Consumo per capita
consumo, acumulando
85 25
desequilíbrios a partir
de 1990/93 e em anos
-19%
mais recentes.
80 20
PIB per capita

75 15

-30%

70 10

-35%

65 5

Diferença em pontos percentuais entre o consumo e produção per capita

60 0 Nota: Média da UE27=100.


Em paridades de poder de
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2005

2006

2007

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

compra. Valores estimados para


UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 a UE27 entre 1986 e 1992.
Interno Única do EURO
Fonte: AMECO (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em fevereiro de 2012)

51
Gráfico 1.3. PIB per capita: a posição de Portugal na UE | 1993 e 2010

1993 2010
A estagnação
económica baixou 150

Portugal à 18.ª posição


na UE27. Em 2010,
o nível de vida 125

nacional aproximava­
‑se mais dos países do
Alargamento do que 100 Média UE27 = 100

dos parceiros iniciais


da coesão: Grécia,
75
Espanha e Irlanda.

50

Nota: Média da UE27=100.


Em paridades de poder de
25
compra. Valores provisórios
para a Grécia. Os valores do
Luxemburgo mais do que
duplicam a média europeia.
Fonte: AMECO (acedido 0
BG RO LV LT PL EE HU SK CZ PT
PT SI MT EL CY ES IT FR UK FI DE BE SE AT DK IE NL LU
em fevereiro de 2012)

Gráfico 1.4. Óticas de convergência: comparação entre Portugal e parceiros iniciais


da coesão | 1986 a 2010

Portugal não 1 40 140 140

acompanhou
o ritmo de
convergência dos Irlan da

parceiros iniciais 1 20 120 120

da coesão, sobretudo
Espanha e Irlanda. Espan h a

O atraso é maior na
criação de riqueza 1 00 UE=100 100 100

do que no rendimento
e consumo.
G r écia

80 80 80

Nota: Média da UE27=100. Em


paridades de poder de compra. Por tu gal

A menor evolução da Irlanda


no rendimento disponível
e no consumo reflete a
relevância do repatriamento 60 60 60
1 9 86

1 9 88

1 9 90

1 9 92

1 9 94

1 9 96

1 9 98

2 0 00

2 0 02

2 0 04

2 0 06

2 0 08

2 0 10

1 9 86

1 9 88

1 9 90

1 9 92

1 9 94

1 9 96

1 9 98

2 0 00

2 0 02

2 0 04

2 00 6

2 00 8

2 01 0

19 86

19 88

199 0

199 2

199 4

199 6

199 8

200 0

200 2

200 4

200 6

200 8

2 0 10

de lucros para o estrangeiro.


Fonte: AMECO (acedido
em fevereiro de 2012) PIB per ca pita Ren dimen to dispon ível per capita Con s u mo per capita

52
Gráfico 1.5. Rotas de convergência do PIB per capita: comparação entre Portugal,
parceiros iniciais da coesão e UE | 1994 a 2010

10% No confronto
das trajetórias de
8%
convergência com
Irlanda
a União Europeia,
fica exposto o círculo
6%
94 vicioso da economia
portuguesa.
Crescimento real PIB per capita

4%
94

10 Portugal 94
2%
94 10

94 10
94
Restante UE
Espanha
0%
10
10
Países do Alargamento

-2%

Grécia

10 Notas: Média da UE27=100.


-4%
Em paridades de poder
de compra. O conjunto
“Restante UE” engloba
-6% Alemanha, Áustria, Bélgica,
Dinamarca, Finlândia, França,
Holanda, Itália, Luxemburgo,
Reino Unido e Suécia.
-8%
40 60 80 100 120 140 Fonte: AMECO (acedido
PIB per capita (UE27=100) em fevereiro de 2012)

Gráfico 1.6. Convergência do PIB per capita por NUTS III em Portugal | 1995 a 2009
Grande Lisboa

As 11 regiões mais
PIB per capita
100
1995 (UE27=100)
Alentejo Litoral
pobres do país
Regiões que divergiram
face à média europeia
reduziram a distância
entre 1995 e 2009 Grande Porto ao padrão europeu
90
desde 1995, mas um
Algarve terço das regiões
80 Baixo Vouga P
Pinhal Litoral
portuguesas divergiu
Baixo Mondego entre 1995 e 2009.
Baixo Alentejo Mantêm­‑se grandes
Oeste Lezíria
a do
ia d Tejo
70
Entre Douro e Vouga
assimetrias regionais,
Beira Interior Sul
Alto Alentejo
Ale
entejo
o Madeira sendo o nível de vida
Ave

Médio
Médi
édi
Alentejo Central
dio Tejo Açores da região mais pobre,
Península de Setúbal
60
a Serra da Estrela, um
Cávado
terço do da região
Cova da Beira
Beir
eira
eir a
Dão-Lafões
mais rica, a Grande
50
Minho-Lima
Min
inho-Lima
Beira Interior Norte
Lisboa.
Pinhal Interior
erior Norte
Interi
erio
Alto
lto Trás-os-Montes
Alt
Pinhal Interior Sul Notas: Média da UE27=100.
Douro
40
Em paridades de poder de
Tâmega
Regiões que convergiram compra. A Grande Lisboa
face à média europeia e Madeira encontram­‑se
entre 1995 e 2009
PIB per capita acima da média europeia.
Serra da Estrela 2009 (UE27=100)
30 Fonte: Eurostat (acedido
30 40 50 60 70 80 90 100 em março de 2012)

53
Mapa 1.1 PIB per capita por NUTS II: a posição de Portugal na UE | 2000 a 2009

Alentejo, Centro,
Norte e Açores não
acompanharam
o processo
de convergência
global, comparando
com regiões do
Alargamento e
da Europa do Sul.

2000

Legenda:

PIB per capita


< 50

51 – 75

76 – 100

> 100

2009

Notas: Média da UE27=100.


Em paridades de poder de
compra. Os dados referentes
as regiões austríacas, italianas
e húngaras não estão
disponíveis para 2000.
Fonte: Eurostat (acedido
em março de 2012)

54
Conceitos e metodologia

Convergência real • No período 1992-2003: Portugal, Espanha,


O indicador mais utilizado para avaliar o ritmo Grécia e Irlanda (doravante designados
de convergência é o PIB per capita expresso em parceiros iniciais da coesão);
paridades de poder de compra e em percentagem • No período 2004-2006: Portugal, Espanha,
da média europeia, concentrando a análise numa Grécia, República Checa, Estónia, Chipre,
ótica de produção de riqueza. Convém referir que Letónia, Lituânia, Hungria, Malta,
este indicador não reflete totalmente as condições Polónia, Eslovénia e Eslováquia;
de vida das populações, apresentando várias • No período 2007-2010: Portugal, Grécia,
limitações. É o caso do empolamento resultante República Checa, Estónia, Chipre, Letónia,
da presença de empresas de capitais estrangeiros Lituânia, Hungria, Malta, Polónia, Eslovénia,
que repatriam os seus lucros (como é o caso da Eslováquia, Bulgária e Roménia. Espanha é,
Irlanda ou da região da Madeira) ou o caso de uma neste período, elegível a título transitório.
elevada proporção da população residente numa
Paridades de poder de compra
região trabalhar noutra (exemplo dos residentes na
Corresponde a deflacionadores espaciais e conversores
Península de Setúbal que trabalham em Lisboa).
monetários que, eliminando os efeitos das diferenças
Estas limitações sugerem que a análise do processo
nos níveis dos preços entre países, permitem
de convergência do nível de vida a partir da ótica
comparações em volume das componentes do PIB
da produção seja complementada com a análise
bem como dos níveis dos preços. A unidade monetária
a partir da ótica do rendimento e do consumo.
resultante, “euro em paridades de poder de compra
Países da coesão padrão”, tem o mesmo poder de compra em todo o
Conjunto de países elegíveis ao Fundo de espaço da União Europeia a 27, refletindo a média
Coesão, com um rendimento nacional bruto por ponderada do poder de compra das moedas nacionais
habitante inferior a 90% da média comunitária: e dos níveis de preços de cada Estado-membro. (INE)

Para saber mais


Augusto Mateus & Associados (2011) | Relatório CGD sobre o desenvolvimento da economia portuguesa
Comissão Europeia (2011) | European economic forecast autumn 2011
Mais dados estatísticos disponíveis na

55
2
Produtividade

Considerada o principal fator explicativo do crescimento económico a longo


prazo, a evolução da produtividade está na base da melhoria sustentada dos
padrões de vida das populações.
Para compreender o modelo de crescimento da economia nacional nas últi-
mas décadas, decompõe-se a evolução do PIB per capita em termos de varia-
ção da produtividade, avaliando o produto por trabalhador, e em termos de
intensidade na utilização dos recursos humanos, avaliando a proporção de
trabalhadores empregados.

Portugal nos últimos 25 anos

A produtividade por trabalhador teve tendência a desacelerar na economia O abrandamento do


portuguesa, sendo manifestamente insuficiente para sustentar o crescimento ritmo de crescimento
do PIB per capita
do padrão de vida das famílias: em termos médios, cresceu 4% ao ano entre está em linha com o
1986 e 1993, acima de 2% entre 1994 e 1999 e menos de 1% ao ano desde então. menor dinamismo da
produtividade e do
A evolução da utilização dos recursos humanos reflete um mercado de
mercado de trabalho.
trabalho cada vez menos dinâmico e inclusivo, verificando-se uma vincada
diminuição da percentagem de população residente que trabalha nos períodos
de crise (Gráfico 2.1).
Entre 1986 e 2010, o PIB per capita subiu 83% em termos reais, sendo
que metade deste crescimento foi alcançada até 1992. Desde então, o ritmo de
crescimento do PIB per capita português desacelerou de uma média próxima
de 5% ao ano, entre 1986 e 1993, para 3% entre 1994 e 1999, antecedendo a
estagnação da última década.
A partir de estimações econométricas, é possível identificar que fatores
fazem a produtividade crescer. Apesar do contributo positivo do nível de
capital (capital físico, incluindo TIC) e da qualidade do trabalho, o cresci-
mento da produtividade tem sido afetado negativamente pelo fraco progresso

57
tecnológico. Este desempenho negativo ajuda a explicar o reduzido potencial
de crescimento nacional (Gráfico 2.8 e Gráfico 2.9).

Portugal no contexto da União Europeia

A comparação da evolução do PIB per capita mostra que Portugal apenas cres-
ceu acima da média europeia entre 1986 e 1992 e entre 1996 e 1999, pronun-
ciando o esgotamento do modelo económico nacional. Desde 2000, Portugal
regista o terceiro menor ritmo de crescimento do PIB per capita e a terceira
maior diminuição da percentagem de população empregada na UE27 (Gráfico
2.4 e Gráfico 2.5).
A erosão do crescimento da produtividade em Portugal, sobretudo na
última década, contrasta com uma maior estabilidade do crescimento do PIB
por trabalhador no referencial europeu (Gráfico 2.2). O modelo português
carateriza-se por uma elevada percentagem da população empregada, um
elevado número de horas trabalhadas e por uma baixa produtividade, quer
horária quer por trabalhador (Gráfico 2.3 e Gráfico 2.7).
Portugal, a par da República Checa, Eslovénia, Chipre e Bulgária, per-
manece no grupo dos países com mais trabalho e menos produtividade face
ao padrão europeu (Gráfico 2.6).

Produtividade sectorial

A menor produtividade nacional face ao referencial europeu é confirmada no


zoom aos grandes sectores da atividade económica do país.
Apesar da tendência generalizada de aproximação na última década, os
únicos sectores em linha com o padrão europeu são as atividades financeiras
e seguros e os serviços de comunicação e informação. No sentido inverso, a
agricultura regista o maior gap face à média comunitária e foi o único sector
cuja produtividade divergiu (Gráfico 2.10).
Dentro da indústria transformadora, mais exposta à concorrência inter-
nacional, a maior produtividade da fileira das tecnologias de informação,
comunicação e eletrónica (TICE) destaca-se num contexto de generalizada
convergência da produtividade com o padrão europeu (Gráfico 2.11).

58
Gráfico 2.1. Taxa de crescimento real do PIB per capita em Portugal | 1986 a 2010
10%

O menor impulso
da produtividade
8%
ajuda a explicar
por que metade do
6%
crescimento do PIB
Produtividade per capita nestes
25 anos se concentrou
4% nos sete anos
seguintes à adesão
à União Europeia.
2%

PIB per capita

0%

-2%

Taxa de utilização dos recursos humanos


-4%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO
Fonte: AMECO (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em fevereiro de 2012)

Gráfico 2.2. Taxa de crescimento real da produtividade: comparação entre Portugal


e UE | 1986 a 2010
7%
Apresentando um
6%
diferencial positivo
Portugal face à UE15 na
5% década de 1990,
o crescimento da
4% produtividade em
Portugal ficou aquém
3% da média da UE27
UE27 na última década.
2%

UE15
1%

0%

-1%

-2%

-3%
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO

QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)


Fonte: AMECO (acedido
em fevereiro de 2012)

59
Gráfico 2.3. Produtividade do trabalho: a posição de Portugal na UE | 1995 e 2010
8%

Em termos de produto 1995-99 2000-10


por trabalhador, 7%

Portugal manteve­‑se
a meio da tabela da 6%
UE27.
5%

4%

3%

2%
Média UE27 (1995-99): 1,8%

Nota: O gráfico representa 1% Média UE27 (2000-10): 1,0%

a taxa de crescimento média


anual da produtividade
aparente do trabalho 0%
(PIB/emprego) nos dois
períodos em análise.
Fonte: AMECO (acedido -1%
IT LU MT BE ES FR DE DK NL CY AT PT
PT UK FI EL SE IE SI HU CZ PL BG SK LV EE LT RO
em fevereiro de 2012)

Gráfico 2.4. Taxa de utilização dos recursos humanos: a posição de Portugal


na UE | 1995 e 2010
5%

Com a destruição de 1995-99 2000-10

postos de trabalho nos


4%
últimos anos, Portugal
caiu da sexta para a
antepenúltima posição 3%

no crescimento da
taxa de utilização dos
2%
recursos humanos.

1%

Média UE27 (1995-99): 0,7%

Média UE27 (2000-10): 0,2%


0%

-1%

Nota: O gráfico representa


a taxa de crescimento média
anual da taxa de utilização -2%
dos recursos humanos
(emprego/população) nos
dois períodos em análise.
Fonte: AMECO (acedido -3%
RO IE PT HU EE DK LT FR CZ UK SE LV SI IT NL SK FI ES BE AT DE EL PL CY MT BG LU
em fevereiro de 2012)

60
Gráfico 2.5. Taxa de crescimento real do PIB per capita: a posição de Portugal
na UE | 1994 e 2010
9%

1994-99 2000-10 Num contexto


8% de abrandamento
europeu, Portugal
7%
baixou para a terceira
economia que menos
cresceu na última
6%
década.

5%

4%

3%

Média UE27 (1994-99): 2,5%

2%

Média UE27 (2000-10): 1,2% Nota: O gráfico representa


1% a taxa de crescimento média
anual do PIB per capita nos
dois períodos em análise.
0%
Fonte: AMECO (acedido
IT DK PT FR BE ES NL DE AT MT IE UK CY LU SE FI EL HU SI CZ PL RO SK LV EE LT BG
em fevereiro de 2012)

Gráfico 2.6. Produtividade e taxa de utilização dos recursos humanos: a posição


de Portugal na UE | 2010
120
- Intensiva + Intensiva
+ Extensiva + Extensiva No contexto europeu,
NL
Portugal posiciona­‑se
115 entre as economias
DK
com maior proporção
DE
de pessoas a trabalhar
(Emprego/População Residente) | EU27=100

110
Taxa de Utilização de Recursos Humanos

CY
AT e com menor
SE
CZ
produtividade.
SI
UK
105 BG PT

FI

100

95 RO
EL
LV PL
BE IE
Notas: A elevada taxa de
EE FR
LT IT
utilização dos recursos
ES
humanos em alguns países
HU MT
90 (como a Holanda ou a
SK
Dinamarca) é explicada pela
elevada incidência de trabalho
- Intensiva + Intensiva
a tempo parcial. O Luxemburgo
- Extensiva - Extensiva não foi incluído nesta análise
85
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 devido às suas especificidades
Produtividade Aparente do Trabalho económicas e territoriais.
(PIB/Emprego) | EU27=100
Fonte: AMECO (acedido
(a dimensão das bolhas corresponde ao PIB per capita) em fevereiro de 2012)

61
Gráfico 2.7. Produtividade e taxa de utilização dos recursos humanos: comparação
entre Portugal e UE | 2010
PIB per capita

Portugal supera a
117
média europeia na
taxa de utilização de
recursos humanos e
no número médio de
horas por trabalhador.
A produtividade por Produtividade por hora trabalhada
Taxa de utilização dos recursos
64 101 humanos
hora trabalhada é 121
106
assim cerca de metade
52
da média europeia.
UE27=100
UE15
61

Portugal

96

116 118
Fonte: AMECO (acedido
em fevereiro de 2012) Produtividade por trabalhador Horas por trabalhador

Gráfico 2.8. Contributos para o Gráfico 2.9. Taxa de crescimento do PIB


crescimento da produtividade aparente potencial: comparação entre Portugal
do trabalho em Portugal | 1990 a 2010 e UE | 1995 a 2010
3.5%

A estagnação Portugal

da produtividade 4%
3.0%
portuguesa ajuda a
explicar a quebra
no potencial de
2.5%
crescimento mais 2%

acentuado da UE27
economia portuguesa 2.0%

face à média europeia.


As linhas a tracejado
0% correspondem à tendência
linear das variáveis associadas
1.5%

Nota: O progresso
tecnológico é representado
pela taxa de crescimento 1.0%
-2%
da produtividade total dos
fatores. Devido aos métodos
de estimação econométricos
utilizados, a soma dos valores 0.5%
das componentes não é
exatamente igual à taxa de
-4%
crescimento real do PIB por Capital TIC
trabalhador. A estimação do 0.0%
Capital físico (não TIC)
PIB potencial fornece um
indicador da capacidade de Qualidade do trabalho

produção total do país. Progresso tecnológico

Fonte: The Conference -6% -0.5%


1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

Board e AMECO (acedido


em fevereiro de 2012)

62
Gráfico 2.10. Produtividade aparente do trabalho por grandes atividades: comparação
entre Portugal e UE | 2000 a 2010
+20%

O ritmo de
convergência da
+10%

Serviços
produtividade com
de informação
e comunicação o padrão europeu
UE27
+%
Agricultura Construção Indústria Indústria Média nacional Atividades Comércio,
não foi homogéneo,
e pesca transformadora (exceto imobiliárias transporte,

2010
com destaque para o

2000
construção) hotelaria
e restauração
crescente atraso da
-10%
agricultura e pesca.

2010
2000
Atividades
financeiras
e seguros
-20%

2010
2000
-30%

2010
2010
2000

-40%
2010

2000
2000

2010
2000
2002

2000
2004

2010
2006

-50%
2000
2010
2008

-60%

Fonte: Eurostat (acedido


-70% em março de 2012)

Gráfico 2.11. Produtividade aparente do trabalho na indústria transformadora:


comparação entre Portugal e UE | 2000 a 2009
+20%

O zoom à indústria
transformadora
+10%
revela as indústrias
2000

das tecnologias
UE27
+%
Indústria Indústria Máquinas Indústria Indústria Metais Indústria Fileira Fabricação Fabricação
de informação,
textil, automóvel e farmacêutica química de base alimentar da floresta de produtos de
vestuário e equipamento e produtos (madeira de plástico equipamento comunicação e
calçado não metálicos e papel) e de borracha elétrico
especificado e outros
produtos
eletrónica mais
-10%
mineirais
próximas do
2009

não metálicso

Indústrias referencial europeu


TICE
-20% da produtividade.
2009
2009
2009

-30%
2000

2000
2000

2009
2000

2009
2009
2009

2009

-40%
2009
2003

2009

2000
2000
2000
2000
2000

2006

2000

-50%

-60%

Fonte: Eurostat (acedido


-70% em março de 2012)

63
Conceitos e metodologia

PIB Em que:
O produto interno bruto é o resultado final da
PIB
atividade económica dos residentes num determinado = Produtividade aparente do trabalho
Emprego
período de tempo. É a medida normalmente utilizada
para avaliar o comportamento de uma economia, PIB
= Produtividade por hora trabalhada
permitindo comparações internacionais (Coimbra, Horas Trabalho
2011). Genericamente pode ser medido segundo Emprego
= Taxa de utilização dos recursos humanos
três óticas: 1) ótica da oferta ou da produção População
(PIB=valor acrescentado bruto+impostos líquidos
de subsídios sobre os produtos), 2) ótica da procura
Produtividade total dos fatores
ou da despesa (PIB=consumo privado+consumo
A produtividade total dos fatores refere-se aos
público+investimento+exportações-importações)
ganhos de produtividade que não são atribuídos
e 3) ótica do rendimento (PIB=remuneração do
diretamente ao capital ou ao trabalho e respeita a
trabalho+excedente bruto de exploração+impostos
ganhos decorrentes de aspetos mais imateriais, como
líquidos de subsídios sobre a produção e importação).
melhoria da capacidade de gestão ou do processo de
Para garantir a comparabilidade internacional, o seu
trabalho. Desta forma, a sua taxa de variação é tida
cálculo segue um sistema conceptual desenvolvido
como proxy do progresso tecnológico. (Eurostat)
pela União Europeia (Sistema Europeu de Contas
Nacionais e Regionais) e harmonizado com a Produto potencial
versão das Nações Unidas, em vigor desde 1995. O PIB potencial é definido como o nível de oferta
Por este sistema, a ótica do rendimento tem um que uma economia consegue produzir sem criar
papel secundário, sendo o apuramento do PIB pressões inflacionistas. Apesar de uma economia
um esforço de conciliação entre as estimativas poder temporariamente produzir mais do que o PIB
independentes das óticas da produção e da despesa. potencial, essa situação tem associado um custo
de inflação. O PIB potencial depende do stock de
Produtividade e taxa de utilização
capital, da força de trabalho potencial (que depende
dos recursos humanos
de fatores demográficos e da taxa de atividade), da
A capacidade de obter um nível de vida elevado
taxa de desemprego à qual é associada inflação estável
(medido pelo PIB per capita) depende da produtividade,
(NAIRU) e do nível de eficiência do trabalho. (OCDE)
da taxa de emprego e das horas trabalhadas:
PIB PIB Emprego
PIBpc = = × =
População Emprego População

PIB Horas Trabalho Emprego


= × ×
Horas Trabalho Emprego População

Para saber mais


Conselho Europeu (1996) | Sistema europeu de contas 1995
Coimbra, C. (2011) | Como se calcula o PIB, XXI – Ter Opinião, Fundação Francisco Manuel dos Santos
Departamento de Prospetiva e Planeamento (2006) | Portugal no espaço europeu: análise das tendências
de evolução da produtividade aparente do trabalho
Comissão Europeia (2011) | EU industrial structure 2011: trends and performance
Mais dados estatísticos disponíveis na

64
3
Inflação e convergência nominal

Na década de 80, as elevadas taxas de inflação refletiam ainda os efeitos dos


dois choques petrolíferos, da acumulação de défices públicos e de desvalo-
rizações da taxa de câmbio.
Com o objetivo de assegurar a competitividade das exportações nacionais
e de conter o défice da balança comercial, a política cambial baseava-se
então em desvalorizações que minimizavam o diferencial entre a inflação
do país e a dos principais parceiros comerciais, criando um círculo vicioso
de inflação-desvalorização cambial.
As taxas de juro refletiam também um mercado financeiro muito limitado
e dominado pelas necessidades de financiamento do sector público.

Portugal nos últimos 25 anos

O processo de convergência nominal da economia portuguesa com o padrão O processo de


europeu foi particularmente visível na evolução das taxas de inflação e de convergência
nominal da economia
juro, num quadro de passagem gradual da política monetária e cambial para portuguesa com o
a esfera supranacional e de reforço da coordenação orçamental europeia. padrão europeu foi
particularmente visível
O processo de desinflação é confirmado pela evolução do deflator do
na evolução das taxas
consumo privado cuja variação anual passou do máximo de cerca de 13% em de inflação e de juro.
1986 para menos de 2% em 2010, depois da queda de 2,5% na recessão de 2009.
A média de 16% para a aceleração dos preços na década de 80 contrasta com
5% na década de 1990 e 2% nesta última década.
Nestes 25 anos, a taxa média de atualização das remunerações dos traba-
lhadores, em termos nominais, baixou também do máximo de 22% em 1986
para menos de 2% em 2010.
A taxa de juro nominal de curto prazo foi diminuindo a sua volatilidade,
descendo do máximo perto de 18% em 1991 para o mínimo abaixo de 1% em

65
2010. A média de 17% para esta taxa de juro na década de 1980 compara com
9% na década de 1990 e com menos de 3% na primeira década do século xxi
(Gráfico 3.1).

Portugal no contexto da União Europeia

Os anos 90 protagonizaram o processo de convergência nominal da economia


portuguesa com o padrão europeu (Gráfico 3.2 a Gráfico 3.4).
Quanto à variação de preços, Portugal reduziu o diferencial com a UE15
de nove para um ponto percentual entre 1986 e 1996, estando abaixo da pró-
pria média da UE27 desde 2008, na sequência do abrandamento da atividade
económica.
A taxa de juro nominal de curto prazo, que chegou a exceder em seis
pontos percentuais a média da UE15 em 1986 e 1991, está alinhada desde a
adesão ao euro e abaixo do padrão da UE27.

Política monetária, cambial e orçamental

Quando o regime cambial de desvalorizações deslizantes foi abandonado em


1990 e o escudo valorizou em termos nominais, persistia um forte diferencial
das taxas de inflação e de juro portuguesas face ao padrão europeu, obrigando
as autoridades monetárias a um complexo “jogo” de controlo da liquidez e da
procura.
Com a entrada do escudo no mecanismo das taxas de câmbio do Sistema
Monetário Europeu em 1992 e a redução do risco cambial, a liberalização
do movimento de capitais, o aumento da concorrência do sector bancário,
a oferta de novos produtos financeiros e a alteração das condições de crédito
coincidiram num novo regime monetário que favoreceu a convergência das
taxas de inflação e de juro com a média europeia.
Estes progressos reforçaram a confiança na futura participação de
Portugal no euro, num círculo virtuoso de acesso a financiamento do país e de
redução de taxas de juro. O processo de convergência nominal que possibilitou
a integração na União Económica e Monetária incluiu ainda o cumprimento
de critérios quanto ao défice orçamental e à dívida pública portuguesa, cuja
evolução foi menos sustentada (Gráfico 3.5).

66
Gráfico 3.1. Inflação e taxa de juro nominal de curto prazo em Portugal | 1986 a 2010
18%

A reorientação
da política cambial
15%
para o objetivo de
estabilidade dos
12% preços promoveu
o processo de
Juros
convergência das
9%
taxas de inflação
e de juro, ameaçado
Preços
pontualmente por
6%
desequilíbrios das
contas públicas e por
3% choques externos.

0%

-3% Notas: A evolução dos preços


tem por base o deflator
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
1986

1993

1995

1999

2002

2004
do consumo privado.
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
interno Única do EURO Fonte: Comissão Europeia
(2012) | Statistical annex
QCA II (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
of european economy

Gráfico 3.2. Inflação e taxa de juro nominal de curto prazo: comparação entre Portugal
e UE | 1986 a 2010
18%

Os progressos na
convergência nominal
15%
na primeira metade
dos anos 90 geraram
12%
um círculo virtuoso
de confiança que
Juros em Portugal
conduziu Portugal à
9% Juros na UE15 fundação da área do
euro, sustentando
Preços em Portugal
o novo regime de
6%
estabilidade cambial e
Juros na UE27
de redução das taxas
Preços na UE15
3%
de juro e de inflação.

Preços na UE27

0%

-3% Notas: A evolução dos preços


tem por base o deflator
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
2004
1986

1993

1995

1999

2002

do consumo privado.
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
interno Única do EURO Fonte: Comissão Europeia
(2012) | Statistical annex
QCA II (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
of european economy

67
Gráfico 3.3. Inflação: a posição de Portugal na UE | 1995 e 2010
39%

Ao longo da última 1995 2010

década, Portugal 25%

permaneceu no grupo
de países europeus
com taxas de inflação 20%

mais baixas.

15%

10%

Notas: Taxa de inflação média


anual calculada com base
no índice harmonizado de
preços no consumidor. Os 5%

valores iniciais referem­‑se a


1996 no caso da República Média UE15 (1995): 2,8%
Checa, Alemanha, Estónia, Média UE15 (2010): 1,9%
Lituânia, Luxemburgo,
0%
Hungria, Roménia, Eslovénia
e Eslováquia, 1997 no caso
do Chipre, Letónia, Malta,
Polónia e 1998 para Bulgária.
Fonte: AMECO (acedido -5%
IE LV SK NL DE LT CZ PT IT FI AT FR SE MT ES SI DK BE CY PL EE LU BG UK EL HU RO
em fevereiro 2012)

Gráfico 3.4. Taxa de juro: a posição de Portugal na UE | 1995 e 2010

30%
Portugal foi dos 1995 2010
Estado­s‑membros
onde as taxas de juro
25%
mais caíram entre
1995 e 2010.

20%

15%

Nota: Taxa de juro nominal 10%

de curto prazo. Os valores


iniciais referem­‑se a 1996
no caso da Estónia, 1997 da
Letónia, 1998 da Bulgária e
5% Média UE27 (1995): 5,0%
da Eslovénia, 1999 do Chipre
e Lituânia. Não há dados
disponíveis para Luxemburgo.
Média UE27 (2010): 1,2%
Fonte: Comissão Europeia
0%
(2012) | Statistical annex
UK BE DE IE EL ES FR IT CY MT NL AT PT SI SK FI SE CZ DK EE LT LV PL RO BG HU
of european economy

68
Gráfico 3.5. Critérios de convergência nominal: a posição de Portugal na UE | 1990 a 2011
Inflação Taxa de juro de longo prazo
16% 16%
Entre os requisitos
Portugal
Portugal iniciais para adesão
12%
12% à moeda única, é na
8%
disciplina orçamental
8%
que Portugal mais se
UE15

4%
tem vindo a distanciar
UE15 dos limites impostos
0%
4%
pelo Tratado de
Maastricht.
-4% 0%
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Défice público Dívida pública


2% 100%
do PIB do PIB

0%
90%

-2%
80%
Notas: A inflação é calculada
Portugal
-4% UE15 com base no índice
70% harmonizado de preços no
-6% UE15 consumidor. No caso português
e desde 1993, é considerada
60% Portugal como taxa de juro nominal
-8%
de longo prazo a taxa de juro
50% de referência das Obrigações
-10%
do Tesouro a dez anos.

-12% 40% Fonte: AMECO (acedido


1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 em fevereiro de 2012)

69
Conceitos e metodologia

Convergência nominal euros é possível adquirir mais dólares. Variações da


A introdução do euro e de uma nova política taxa de câmbio têm impactos sobre outras variáveis
monetária e cambial de dimensão supranacional económicas, nomeadamente a inflação. Por exemplo,
veio reforçar a necessidade de convergência no a desvalorização da moeda nacional implica que se
espaço económico europeu. Com o objetivo torne mais cara a aquisição de importações, criando-se
principal de sincronizar os ciclos conjunturais das pressões para um aumento dos preços, que pode ser
economias nacionais com o ciclo, mais global, da significativo e generalizado no caso de uma economia
economia europeia, a entrada em vigor do Tratado de fortemente dependente de importações. Por outro
Maastricht em 1993 impôs critérios de convergência lado, quando a taxa de câmbio está fixa, uma taxa de
nominal em termos de estabilidade de preços e de inflação maior num dos países vai tornar as exportações
disciplina orçamental, ao nível das taxas de inflação, desse país mais caras e afetar a balança comercial. Os
nivelamento de taxas de juro de longo prazo, sistemas de taxas de câmbio variam entre dois tipos:
estabilidade cambial e de contenção do défice público a) totalmente flexíveis (em que o valor das taxas de
(limite de 3% do PIB) e da dívida pública (60% do PIB). câmbio resulta apenas da relação entre a oferta e
procura de moeda nos mercados cambiais) e b) fixos
Inflação
(em que as autoridades competentes fixam os valores
O conceito de inflação designa o processo de aumento
das taxas de câmbio de forma administrativa). Entre as
dos preços. A variação de preços pode ser observada
duas situações existe um alargado conjunto de sistemas
pelo deflator do consumo privado e pelo índice de
de taxas de câmbio, com caraterísticas e graus de
preços no consumidor (IPC), que tem por finalidade
intervenção das autoridades monetárias e financeiras
medir a evolução dos preços de um conjunto de bens e
bastante diferentes. O regime de desvalorizações
serviços considerados representativos da estrutura de
deslizantes (crawling peg) é um regime de câmbio
consumo da população residente em Portugal (INE).
parcialmente fixo, em que as autoridades económicas
O índice harmonizado de preços no consumidor
permitem que a taxa de câmbio “deslize” para baixo ou
(IHPC) possibilita comparações internacionais ao
para cima numa determinada percentagem. Este sistema
nível da evolução da variação do nível de preços
foi adotado em países onde existia um desfasamento
no consumidor e é utilizado pelo Banco Central
sistemático entre a sua taxa de inflação e a taxa de
Europeu para avaliar a inflação na União Económica
inflação dos seus principais parceiros comerciais,
e Monetária e como indicador de convergência.
numa tentativa de anular os efeitos da inflação sobre a
Regime cambial competitividade externa dos seus produtos e serviços.
A taxa de câmbio é a relação de valor existente entre
Taxa de juro
duas moedas, ou seja, é o preço de uma moeda expresso
Prémio (remuneração) expresso em percentagem que a
em unidades monetárias de outra moeda. Se a cotação
entidade que concede um determinado financiamento
ao certo do euro em relação ao dólar é de 1,3, significa
recebe da entidade que contraiu esse empréstimo,
que com 1 euro compra-se 1,3 dólares americanos.
como forma de pagamento do serviço prestado e do
Neste caso, um aumento da taxa de câmbio representa
custo de oportunidade do capital. (Banco de Portugal)
uma apreciação do euro: com mesma quantidade de

Para saber mais


Banco de Portugal (2011) | Relatório anual 2010
Banco Central Europeu (2010) | Relatório de convergência
Fundo Monetário Internacional (2011) | World economic outlook, slowing growth, rising risks
Mais dados estatísticos disponíveis na

70
4
Procura interna e procura externa

O consumo privado, o consumo público, o investimento, as exportações e


as importações são os ingredientes que compõem o PIB.
Nesta ótica da despesa, é possível compreender se a economia cresce mais
através da procura interna, ou seja, pelo aumento do consumo e do investi-
mento das famílias, das empresas e das administrações públicas, ou se cresce
mais através da procura externa líquida, isto é, pelo aumento do diferencial
entre o que o país exporta e importa ao resto do mundo.

Portugal nos últimos 25 anos

Desde à adesão à União Europeia, o PIB contraiu por três anos: 1993, 2003 e A viragem para
2009. Estas recessões, cada vez mais sincronizadas com o ciclo internacional, dentro da economia
portuguesa baseia
permitem balizar três ciclos de crescimento da economia portuguesa, sempre o debate sobre
pautados por um dinamismo da procura interna superior ao do PIB: o esgotamento
do modelo de
• entre 1986 e 1992, o PIB cresceu 5,6% ao ano e a procura interna 7,5%.
crescimento e explica
Esta expansão da procura interna conduziu a um aumento das importa- o desequilíbrio entre
ções superior a 15% ao ano e a um contributo negativo da procura externa os recursos que o
país produz e gasta
líquida para o crescimento; anualmente.
• entre 1994 e 2002, o PIB desacelerou para 3,1% ao ano em resultado do
menor fulgor da procura interna (ritmo médio anual de 3,4%) e de um
contributo menos negativo da procura externa líquida;
• entre 2004 e 2008, o PIB voltou a desacelerar para 1,2% ao ano e a procura
interna para um ritmo de crescimento de 1,4%.

Com as exportações a enfrentarem a concorrência acrescida do


Alargamento a Leste da União Europeia e da entrada da China na Organização
Mundial do Comércio, a procura externa líquida da economia portuguesa não

71
conseguiu compensar a chegada ao limite do crescimento pela via da procura
interna (Gráfico 4.1).

Portugal no contexto da União Europeia

A economia portuguesa depende mais da procura interna para crescer face


ao padrão europeu, sendo a economia da UE15 que mais expandiu a procura
interna entre 1986 e 1999 e a segunda economia da UE27, depois da Grécia,
onde a procura interna assumia maior relevância em 2010 (Gráfico 4.2, Gráfico
4.3 e Gráfico 4.7).
Em sentido inverso, a economia portuguesa conta menos com as tro-
cas comerciais para crescer do que a média europeia. Desde 1986, a procura
externa líquida contribuiu negativamente para o crescimento da economia
portuguesa em 14 dos 25 anos, revelando um atraso de dez pontos percentuais
do PIB face à maior orientação exportadora da UE27. É o único país da UE15
cujo peso das exportações no PIB não subiu entre 1986 e 1999 (Gráfico 4.2,
Gráfico 4.5 e Gráfico 4.7).

Composição da procura interna

Um zoom à procura interna mostra que o desequilíbrio da economia portu-


guesa é visível no excessivo consumo privado, no peso crescente do consumo
público e no definhamento do investimento.
Nestes 25 anos, o PIB contou com os gastos públicos para crescer em 24
anos e com o consumo das famílias em 23 anos. Já o investimento foi perdendo
relevância para o crescimento da economia na última década, em linha com a
desaceleração progressiva da construção e do imobiliário (Gráfico 4.6).
Entre 1986 e 2010, Portugal foi mesmo o sexto país da UE15 onde o
investimento mais caiu, o quarto onde o consumo privado mais subiu e o
país com o maior aumento do consumo público em pontos percentuais do
PIB (Gráfico 4.8).
A comparação da composição do PIB português com o da UE27 entre 1995
e 2010 mostra que Portugal se distanciou no consumo das famílias, convergiu
no peso do consumo público e perdeu o avanço no investimento (Gráfico 4.5).

72
Gráfico 4.1. Taxa de crescimento real do PIB, da procura interna e da procura externa
líquida em Portugal | 1986 a 2010
14%

A procura interna, que


12%
soma o investimento
10%
e o consumo público
e privado, cresce
8% sistematicamente
acima do PIB nacional,
6%
com Portugal a
PIB
consumir mais
4%
recursos do que
2% aqueles que produz.
Procura interna
0%

-2% Procura externa líquida

-4%

-6%

-8%

2007
1986

1993

2004
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
Nota: A preços
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 constantes de 2005.
Interno Única do EURO
Fonte: AMECO (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em abril de 2012)

Gráfico 4.2. Taxa de crescimento do PIB, da procura interna e da procura externa


líquida: comparação entre Portugal e UE | 1986 a 2010
14%

A dinâmica da procura
12%
interna portuguesa
superou o padrão
10%
europeu até à viragem
Procura interna de Portugal
8% do século. Mas o
impulso da procura
6% interna esmorece à
saída de cada crise em
4%
Portugal.
2%

Procura interna da UE
0%

PIB de Portugal
Procura externa líquida da UE
-2%

PIB da UE
-4%
Procura externa líquida de Portugal

-6%

-8%
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: AMECO (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em abril de 2012)

73
Gráfico 4.3. Peso da procura interna no PIB: a posição de Portugal na UE | 1986 a 2010
110%
do PIB
Depois da Grécia, 1986 2010

Portugal é a segunda 105%

economia da UE27
onde a procura 100%

interna assume maior Média UE27 (2010): 98,9%


Média UE15 (1986): 97,9%
relevância, tendo
95%
registado a sétima
maior subida em 25
90%
anos.

85%

80%

75%
Nota: Os valores iniciais da
Eslovénia, Letónia, Lituânia e
República Checa referem­
‑se a 1990, da Alemanha, 70%

Bulgária a 1991 e da
Eslováquia e Estónia a 1993.
Fonte: AMECO (acedido 65%
LU IE EE NL HU SE AU DE DK CZ BE SI FI LV SI PL MT LT IT ES BG FR UK RO CY PT EL
em abril de 2012)

Gráfico 4.4. Contributos para o crescimento Gráfico 4.5. Estrutura do PIB: comparação
do PIB em Portugal | 1986 e 2010 entre Portugal e UE | 1995 e 2010
1995 UE27

Portugal
O crescimento do Consumo Privado
Mil milhões 65% 58%
consumo privado de euros

equivale a três quartos 220

da expansão do +37 Exportações Consumo Público


200
PIB neste período. 27% 17%
20%
29%
Portugal consome 180

cada vez mais e +14 -50


exporta cada vez 160

+18
menos face ao padrão Importações Investimento
140
34% 23%
europeu. +57 28% 20%

120

100
2010

80 Consumo Privado
158 67% 58%

60

Exportações Consumo Público


40 81
31% 21%
41% 22%

20

Notas: No gráfico à direita,


0
o contributo de cada
PIB 1986

PIB 2010
Consumo

Consumo

Exportações

Importações
Investimento
Privado

Público

componente é avaliado a
preços constantes de 2005. Importações Investimento
38% 19%
Fonte: AMECO e Eurostat 40% 19%

(acedido em abril de 2012)

74
Gráfico 4.6. Composição da taxa de crescimento do PIB em Portugal | 1986 a 2010
Pontos
percentuais
14
Consumo privado O consumo público
Investimento
só caiu em 2006
12

Consumo público
e o privado nas
10 crises de 2003 e
Exportações
de 2009, enquanto
Importações
8
o investimento foi
perdendo relevância
6
para o crescimento
4 da economia na última
década.
2

-2

-4

-6

-8

-10
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
Fonte: AMECO (acedido
em abril de 2012)

Gráfico 4.7. Peso no PIB da procura interna e das exportações: a posição de Portugal
na UE15 | 1986/1999 e 1999/2010
Mais exportações
IE
Portugal foi a única
1986-1999
economia da UE15
20 1999-2010 cujas exportações
perderam terreno
DE
entre 1986 e 1999
e aquela onde a
NL 15 relevância da procura
interna mais cresceu.
FI
IE
AT

NL
SE 10 BE
DK
AT
UE ES
DK BE

SE
UE
FR
IT 5

PT UK
DE

IT Nota: Os valores iniciais


FI
da Alemanha e da UE15
EL referem­‑se a 1991. Na Irlanda,
ESUK
0 PT a procura interna caiu 14
-10 -6 -2 2 6
EL FR pontos percentuais do PIB
Menos Mais
e as exportações subiram 38
procura interna procura interna
pontos percentuais do PIB no
período entre 1986 e 1999.
Menos exportações Fonte: AMECO (acedido
-5 em abril de 2012)

75
Gráfico 4.8. Composição da procura interna: a posição de Portugal na UE15 | 1986 a 2010
pontos percentuais do PIB Menos
consumo privado
4
Portugal foi o país Mais Mais
investimento consumo privado
que mais expandiu o
consumo público no BE

PIB nestes 25 anos 2


ES

e um dos que mais


viram cair o peso
FR
do investimento na
economia. 0
-2 Menos consumo 0 2 4 6 Mais consumo 8
público LU público

AT

SE
-2 IT

UK

EU15 NL

-4

PT
Notas: A área das bolhas DK
EL
representa a variação do peso DE
FI
do consumo privado no PIB. IE
-6
Quanto maior a área, maior a
queda/aumento. Os valores
iniciais da Alemanha e da
UE15 referem­‑se a 1991.
Menos
Fonte: AMECO (acedido investimento
em maio de 2012) -8

76
Conceitos e metodologia

PIB da atividade produtiva. Ativos fixos são ativos


Segundo a ótica da despesa, o produto interno corpóreos ou incorpóreos utilizados em processos
bruto é a soma do consumo privado, do consumo de produção por um período superior a um ano. (INE)
público, da formação bruta de capital, e das
Variação de existências
exportações líquidas de importações.
Diferença entre o valor das entradas em existências
Consumo privado e o valor das saídas e as perdas correntes de
Despesa efetuada pelas famílias e pelas instituições bens constantes das existências. As existências
sem fim lucrativos ao serviço das famílias no compreendem as matérias-primas e subsidiárias,
consumo os bens ou serviços utilizados para a produtos e trabalhos em curso, produtos
satisfação direta de necessidades ou carências acabados e bens destinados a revenda. (INE)
individuais, ou das necessidades coletivas de
Aquisições líquidas de cessões de objetos de valor
membros da coletividade. (AMECO)
Aquisições de bens não financeiros que não
Consumo público são principalmente utilizados na produção ou
Despesa de consumo final efetuada pelas consumo, que não se deterioram (fisicamente)
administrações públicas. Inclui o valor dos bens e com o tempo, e que são adquiridos e conservados
serviços produzidos pelas próprias administrações sobretudo como reservas de valor. (INE)
públicas e as compras de bens e serviços produzidos
Exportações
por produtores mercantis e que sejam fornecidos
Transações de bens e serviços (vendas, trocas diretas,
às famílias sem qualquer transformação, como
ofertas ou doações) de residentes para não residentes.
transferências sociais em espécie. (INE)
(INE)
Formação bruta de capital
Importações
Inclui o investimento (formação bruta de capital
Transações de bens e serviços (aquisições, trocas
fixo), a variação de existências e as aquisições
diretas, ofertas ou doações) de não residentes para
líquidas de objetos de valor. (INE)
residentes. (INE)
Investimento
Engloba as aquisições líquidas de cessões de ativos
fixos e acréscimos ao valor dos ativos não decorrentes

Para saber mais


Comissão Europeia (1988) | The economics of 1992: an assessment of the potencial economic effect of completing the
internal market of the European Union
Banco de Portugal (2009) | A economia portuguesa no contexto da integração económica, financeira e monetária
Mais dados estatísticos disponíveis na

77
5
Consumo e modelos de comércio

O contexto de melhoria global do rendimento e do nível de vida das famílias


portuguesas nos últimos 25 anos alterou os padrões de consumo no país.
A convergência com a União Europeia foi mais rápida no nível de consumo
do que na capacidade de criação de riqueza que o sustenta.

Portugal nos últimos 25 anos

As despesas de consumo ganharam protagonismo, subindo de 60% para mais O consumo das
de 68% do rendimento disponível entre 1990 e 2008. O crescimento do consumo famílias portuguesas
acelerou e mudou nos
privado per capita foi particularmente intenso até à crise de 1993 e na segunda últimos 25 anos, num
metade da década de 1990, tendo apenas sido interrompido nas recessões contexto de esperada
melhoria do nível
económicas de 2003 e 2009 (Gráfico 5.1).
de vida e de novos
A auxiliar a expansão do consumo dos portugueses esteve o acesso cres- meios e formatos
cente e generalizado ao mercado do crédito ao consumo, que subiu de 7% para de comercialização.

13% do rendimento disponível entre 1997 e 2009 e levou a percentagem de


devedores de empréstimos ao consumo e outros fins a atingir o equivalente a
45% da população adulta residente no país em 2010 (Gráfico 5.11).
A envolvente económica influencia muito fortemente os níveis de con-
sumo dos portugueses, que acelera e abranda com os ciclos da economia por-
tuguesa. Nos últimos 25 anos, o indicador de expetativa de compra de bens
duradouros passou da «euforia» à «depressão», atingindo hoje mínimos his-
tóricos (Gráfico 5.4 e Gráfico 5.5).

Portugal no contexto da União Europeia

Comparativamente ao padrão europeu, os portugueses afetam uma proporção


cada vez maior do rendimento disponível ao consumo, sobretudo desde a crise

79
de 2003, indicador onde são apenas ultrapassados por cipriotas e gregos no con-
texto dos 27 Estados-membros da União Europeia (Gráfico 5.2 e Gráfico 5.3).
O padrão de consumo português aproxima-se do europeu, mas as famí-
lias portuguesas tendem a gastar mais com saúde, transportes, restaurantes
e hotéis, e tendem a gastar menos em lazer, recreação e cultura, vestuário e
calçado (Gráfico 5.6).

Evolução dos padrões de consumo

As melhorias sentidas no nível de vida das populações nas últimas décadas


motivaram também alterações significativas nos padrões de consumo.
Embora ainda dominem os orçamentos das famílias portuguesas, as des-
pesas com alimentação perderam importância para as despesas com habita-
ção, água, eletricidade, gás e outros combustíveis, rubrica com maior peso no
orçamento das famílias europeias (Gráfico 5.6).
As mudanças não se deram apenas ao nível do que se consome. Ocorreram
também ao nível dos meios e formatos de comercialização, simultaneamente
causa e consequência de uma maior agressividade da concorrência, da inovação
tecnológica e da transformação dos modos de vida da sociedade portuguesa
nos últimos 25 anos.
Esta dinâmica baseada na procura veio colocar desafios e criar novas
oportunidades de negócio, induzindo o desenvolvimento de novos formatos de
comercialização e impondo à atividade comercial uma profunda reestruturação.
A afirmação das grandes superfícies, dos supermercados, dos hipermer-
cados e dos centros comerciais em detrimento do comércio tradicional veio
alterar radicalmente os modelos de consumo das populações, contribuindo
para a maior associação entre as atividades de consumo e de lazer das famílias
portuguesas (Gráfico 5.7 a Gráfico 5.9).
No contexto da nova distribuição, também os produtos lançados pelas
próprias cadeias para comercialização exclusiva na sua rede de lojas, as cha-
madas marcas do distribuidor, saltaram de 5% para 28% de quota de mercado
em Portugal entre 1994 e 2010 (Gráfico 5.10).
Com a expansão da sociedade da informação, o comércio eletrónico
ganhou relevância em Portugal, embora os portugueses não consumam tanto
através da internet quanto os europeus (Gráfico 5.12 e Gráfico 5.13).

80
Gráfico 5.1. Taxa de crescimento real do consumo privado per capita e peso
do consumo no rendimento disponível em Portugal | 1986 a 2010
9% 70%

A trajetória ascendente
8% 69%
do consumo só foi
7% 68% interrompida nos anos
de 2003 e de 2009,
6% 67%

Variação do consumo per capita


atingindo o peso
5% 66% máximo no rendimento
Peso do consumo no rendimento disponível disponível das famílias
4% 65%
portuguesas em 2008.
3% 64%

2% 63%

1% 62%

0% 61%

-1% 60%

-2% 59%

-3% 58%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO

QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)


Fonte: AMECO (acedido
em outubro de 2012)

Gráfico 5.2. Peso do consumo no rendimento disponível: comparação entre Portugal


e UE | 1986 a 2010
70%

O consumo
68% sempre pesou mais
no rendimento
66%
disponível das famílias
portuguesas, mas
64%
a divergência face
Portugal ao padrão europeu
62%
acentuou­‑se desde
60%
a crise de 2003.
UE27
UE15
58%

56%

54%

52%

50%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO

QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)


Fonte: AMECO (acedido
em outubro de 2012)

81
Gráfico 5.3. Peso do consumo privado no rendimento disponível: a posição de Portugal
na UE | 1986 e 2010
80%

As famílias portuguesas 1986 2010

são as que consomem


a maior proporção do
rendimento disponível,
depois das gregas e das 70%

cipriotas.

60%
Média UE27 (2010): 59,2%
Média UE15 (1986): 58,4%

Nota: Os valores iniciais


referem­‑se a 1990 para 50%
Eslovénia, Letónia e Roménia,
a 1991 para Alemanha e
Polónia, 1992 para República
Checa, 1993 para Estónia,
Hungria, Eslováquia e Lituânia.
Dados iniciais não disponíveis
para Bulgária, Malta e Chipre.
40%
Fonte: AMECO (acedido LU NL SE DK BE EE CZ FI AT HU SI DE FR ES SK LV IT BG IE PL LT RO UK MT PT CY EL
em março de 2012)

Gráfico 5.4. Indicador coincidente do Gráfico 5.5. Expetativa de compra de bens


consumo privado em Portugal | 1986 duradouros: comparação entre Portugal
a 2010 e UE | 1986 a 2010

O consumo tende a
acentuar a oscilação
da atividade
Da "euforia" à "depressão"
económica, refletindo
comportamentos
fortemente pró­
‑cíclicos.

UE27

Crise Crise Portugal

Crise
Fonte: Banco de Portugal e
Comissão Europeia (acedido
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010

1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010

em janeiro de 2012)

82
Gráfico 5.6. Estrutura dos orçamentos das famílias: comparação entre Portugal
e UE | 1988 a 2010

Produtos alimentares
e bebidas não alcoólicas Em duas décadas,
Habitação, água, eletricidade, os gastos correntes
gás e outros combustíveis
com a casa ganharam
Transportes protagonismo no
orçamento das
Bens e serviços diversos famílias portuguesas,
em detrimento da
Restaurantes e hotéis
alimentação.
Lazer, recreação e cultura

Vestuário e calçado

Acessórios para o lar


e manutenção da habitação

Saúde Nota: A rubrica habitação,


água e energia contempla
habitação, despesas com água,
Bebidas alcoólicas e tabaco eletricidade, gás e outros
combustíveis. A rubrica móveis,
equipamentos domésticos
Comunicações e manutenção contempla
móveis, artigos de decoração,
equipamento doméstico
Educação
e despesas correntes de
manutenção da habitação.
0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% 18% 20% 22% 24%
Portugal: 1988 1995 2010 Fonte: Eurostat (acedido
UE: 1995 2010 em outubro de 2012)

Gráfico 5.7. Evolução das unidades Gráfico 5.8. Área bruta locável de centros
comerciais de dimensão relevante comerciais acumulada em Portugal | 1986
em Portugal | 2004 a 2010 a 2010
200
m2

3,000,000 Os consumidores
portugueses aderiram
aos novos formatos
comerciais. Os centros
Unidades comerciais comerciais e as
175 de dimensão relevante
unidades comerciais
de dimensão relevante
2,000,000
cresceram de modo
Pessoal exponencial nas
ao serviço
periferias das grandes
150
cidades.

1,000,000

125 Volume médio de vendas

Nota: Evolução com índice


base 100=2004. Por dimensão
relevante entende­‑se
dimensão superior 2.000 m2.
Fonte: INE (acedido
em março de 2012) e
Associação Portuguesa
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010

100
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 de Centros Comerciais

83
Gráfico 5.9. Formatos comerciais na distribuição alimentar e mista em Portugal | 1995
e 2009
Número Peso no total
de lojas das vendas
Os supermercados são >27,000
45%

o formato comercial Lojas – 1995

que nos últimos 15 Lojas – 2009 40%


anos mais roubou
Vendas – 1995
protagonismo em
Vendas – 2009 35%
termos de vendas aos
>12,000
hipermercados e ao
30%
comércio tradicional. 4,000

25%

20%

2,000 15%

Nota: Livre­‑serviços são lojas


10%
com caraterísticas idênticas
às das mercearias quanto
aos produtos tratados,
possuindo uma área de venda 5%
inferior à dos supermercados
pequenos, onde os próprios
clientes escolhem e recolhem
as mercadorias expostas. 0 0%
Hipermercados Supermercados Supermercados Livre-Serviços Mercearias Puros Alimentares Drogarias
Fonte: Anuários ACNielsen grandes pequenos

Gráfico 5.10. Peso das marcas do distribuidor em Portugal | 1994 e 2010


Mercado total

A maior sensibilidade
dos portugueses
à variável preço
28%
afirmou as marcas
do distribuidor em
Portugal, cuja quota
saltou de 5% em 1994 Alimentar Bebidas

para 28% em 2010. 33%

5% 17%
7% 6%

3%
6%

19%

30%

Limpeza caseira Higiene pessoal e papel

Fonte: Anuários ACNielsen 1994 2010

84
Gráfico 5.11. Distribuição dos empréstimos ao consumo e outros fins por NUTS II | 2010
Distribuição regional dos devedores Percentagem de devedores face ao total da população adulta
residente em cada região
55%
Açores
Madeira
As regiões de Lisboa
Algarve
e do Norte concentram
Alentejo 50%

dois terços de todo


Norte 45% Média PT (2010): 45% o crédito ao consumo
concedido às famílias
40%
Lisboa portuguesas. O número
Centro 35%
de devedores de
Lisboa, Açores e
30%
Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Açores Madeira
Algarve já ultrapassa
metade da população
Distribuição regional dos empréstimos
adulta em cada uma
Madeira Crédito vencido em percentagem
destas regiões, sendo
Açores
do total do crédito concedido em cada região
Algarve 10% o incumprimento
Alentejo
Média PT (2010): 8,5%
maior no Norte e na
Norte
8%
Madeira.
6%

Lisboa 4%
Centro

2%

0%
Fonte: Banco de Portugal
Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Açores Madeira (acedido em março de 2012)

Gráfico 5.12. População que comprou Gráfico 5.13. População que comprou
online: comparação entre Portugal e UE | online por produto: comparação entre
2004 a 2010 Portugal e UE | 2010
50%
Produtos
alimentares
20% O comércio
Ações /
Roupas,
artigos de
serviços
financeiros /
eletrónico tem vindo
desporto 19
seguros
a ganhar relevância
40%
em Portugal,
nomeadamente nas
UE27 Bilhetes para Hardware de
eventos
5
computador roupas e artigos de
14 5
3 4
7 desporto e livros e
3 1 2
3
0%

3
revistas, mas o fosso
30%
3 3 10 cresce face ao padrão
14 5
Utensílios
Domésticos
Equipamento
eletrónico
europeu de compras
12 online.
15
13
20% Livros /
revistas / Software de
materiais de computador
e-learning

Filmes /
Música

Portugal
UE 27 Portugal
10%

Nota: Considera a
percentagem da população
que realizou compras online
nos 12 meses anteriores.
0% Fonte: Eurostat (acedido
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 em janeiro de 2012)

85
Conceitos e metodologia

Consumo privado per capita Indicador coincidente do consumo privado


Rácio entre o consumo das famílias e Indicador compósito coincidente do Banco
das instituições sem fins lucrativos ao serviço de Portugal que sintetiza a informação mais
das famílias e o respetivo número de habitantes. relevante acerca do consumo privado em
Portugal e que possibilita uma análise atempada
Crédito ao consumo e outros fins
da sua tendência. (Banco de Portugal, 2005)
Na distribuição regional do crédito ao consumo
são considerados os empréstimos concedidos Unidade comercial de dimensão relevante
por bancos, caixas económicas, caixas de crédito Estabelecimento, considerado individualmente ou
agrícola mútuo, instituições financeiras de no quadro de um conjunto pertencente a uma mesma
crédito, sociedades de factoring, sociedades de empresa ou grupo, em que se exerce a atividade
locação financeira, sociedades financeiras para comercial e: a) sendo de comércio a retalho alimentar
aquisições a crédito e outras sociedades financeiras ou misto, disponha de uma área de venda contínua,
a famílias, incluindo empresários em nome de comércio a retalho alimentar, igual ou superior a
individual e outras pessoas singulares. (Central de 2000 m2; b) sendo de comércio a retalho não alimentar,
Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal) disponha de uma área de venda contínua igual ou
superior a 4000 m2; c) Sendo de comércio por grosso,
Distribuição alimentar e mista
disponha de uma área de venda contínua igual ou
Compreende o comércio a retalho de bens de uma
superior a 5000 m2; d) sendo de comércio a retalho
vasta gama de produtos alimentares e outros (como
alimentar ou misto, pertencentes a empresa ou grupo
produtos de toilete e de limpeza caseira) que não
que detenha, a nível nacional, uma área de venda
se destinam a ser consumidos no local de venda.
acumulada, de comércio a retalho alimentar, igual ou
Expetativa de compra de bens superior a 15 000 m2; e) sendo de comércio a retalho
duradouros nos 12 meses seguintes não alimentar, pertencentes a empresas ou grupo
Indicador baseado em inquérito mensal que avalia que detenha, a nível nacional, uma área de venda
a diferença entre a percentagem de respostas acumulada igual ou superior a 25 000 m2; f) sendo
de valoração positiva (“aumentou”, “melhorou de comércio por grosso, pertencentes a empresas ou
muito”, “superior ao normal”, “boa”, “sim, de grupo que detenha, a nível nacional, uma área de
certeza absoluta”, etc.) e as de valoração negativa venda acumulada igual ou superior a 30 000 m2. (INE)
(“diminuiu”, “piorou um pouco”, “muito desfavorável”,
“provavelmente não”, etc.). (Comissão Europeia)

Para saber mais


Nielsen (2010) | Food and drug: anuário Nielsen 2010
Banco de Portugal (2005) | Um novo indicador coincidente para o consumo privado em Portugal
Associação Portuguesa de Centros Comerciais (2011) | Anuário dos centros comerciais
Mais dados estatísticos disponíveis na

86
6
Investimento

O investimento produtivo é um dos maiores catalisadores do crescimento


económico, tendo em conta o potencial de expansão da capacidade produtiva
e concorrencial e de criação de emprego das empresas portuguesas. Garantir
uma estratégia de desenvolvimento coeso e competitivo do país passa pois
por perceber quem, onde e no que se investe.

Portugal nos últimos 25 anos

A taxa de investimento, que avalia o peso da formação bruta de capital fixo O impulso trazido
no valor acrescentado bruto (VAB), tem um comportamento oscilante nestes pela União Europeia
desvaneceu­‑se na
25 anos (Gráfico 6.1). viragem do século,
Neste período, destacam-se os seguintes movimentos da taxa de investi- com o desacelerar
progressivo do
mento: a subida para cima dos 30% logo nos dois primeiros anos de adesão de
investimento em casa
Portugal à Comunidade Europeia, a retoma desde 1993 para o máximo de 2000, própria.
e o declínio a partir de então, atingindo desde 2009 mínimos destes 25 anos.

Portugal no contexto da União Europeia

Apesar da tendência oscilatória que deriva dos próprios ciclos económicos, o inves-
timento revela uma tendência pesada de convergência com a média da UE27.
Entre 1986 e 2010, Portugal perdeu o avanço, reduzindo de quatro pontos
percentuais para menos de um ponto percentual do VAB a superioridade face
à média europeia (Gráfico 6.2).
Nestas duas décadas, Portugal passou do terceiro Estado-membro mais
investidor, num contexto de União Europeia a 12, a décimo terceiro Estado-
membro mais investidor, num contexto de União Europeia a 27.
A recente crise internacional contribuiu de forma considerável para a
retração do investimento na generalidade dos Estados-membros, explicando

87
porque apenas seis países, todos do último Alargamento, superaram em 2010
a taxa de investimento de 1990 (Gráfico 6.3).

Composição do investimento

A descida histórica das taxas de juro nos anos 90 foi mais bem aproveitada
pelos portugueses para investir em habitação própria do que para expandir a
capacidade produtiva e concorrencial das empresas portuguesas.
A composição do investimento nos últimos 15 anos fica pois marcada
pela desaceleração progressiva do investimento em casa própria na última
década, como mostram os seguintes três ângulos de análise:
• por ramo investidor, observa-se a contração das atividades imobiliárias e
da construção, que cai de 37% em 1995 para 25% do total do investimento
em 2009, e a ascensão da indústria, energia, água e saneamento, dos trans-
portes e do comércio de veículos e alojamento/restauração, que sobem
de 26% em 1995 para 41% do investimento total em 2009 (Gráfico 6.4);
• por ativos investidos, observa-se a contração da habitação, que cai de
32% em 1995 para 19% em 2010, e a ascensão da restante construção, que
subiu de 32% para 43% do investimento total (Gráfico 6.5);
• por sector institucional, observa-se que as empresas ou sociedades não
financeiras aumentaram o seu peso no investimento total de 43% em 1995
para 59% em 2009, em detrimento das famílias (de 34% para 23%), das
administrações públicas (de 18% para 15%) e das sociedades financeiras
(de 5% para 3%) (Gráfico 6.6).

A desagregação do investimento a nível regional revela que as regiões da


Grande Lisboa, Alto e Baixo Alentejo e Pinhal Interior Norte mantêm uma
taxa de investimento superior à média nacional, com o impacto da crise a
intensificar a centralização do investimento na Grande Lisboa.

88
Gráfico 6.1. Taxa de investimento em Portugal | 1986 a 2010
32%
do VAB
Desde o máximo
atingido na viragem
30% do século que a taxa
de investimento não
voltou a recuperar.
28%

26%

Taxa de investimento

24%

22%

20%
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO
Fonte: Banco Mundial
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em janeiro de 2012)

Gráfico 6.2. Taxa de investimento: comparação entre Portugal e UE | 1986 a 2010


35%
do VAB
Apesar da maior
Portugal tendência oscilatória,
em sintonia com os
30%
ciclos económicos
do país, a taxa
de investimento
25%
portuguesa revela uma
UE27 convergência com o
padrão europeu na
última década.
20%

15%

10%
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: Banco Mundial
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em janeiro de 2012)

89
Gráfico 6.3. Taxa de investimento: a posição de Portugal na UE | 1990 e 2010
35%
do VAB 1990 2010
Nos últimos 20 anos,
Portugal viu a taxa
30%
de investimento cair
da terceira para a
13.ª posição na UE27,
25% Média UE12 (1990): 25%
num contexto de
generalizado impacto
Média UE27 (2010): 21%
da recente crise 20%

internacional neste
indicador.
15%

10%

5%

0%
Fonte: Banco Mundial
UK IE MT LT EL DK DE LV LU NL SE HU FR FI PT
PT IT PL BE AT CZ SK ES SI CY BG EE RO
(acedido em janeiro de 2012)

Gráfico 6.4. Investimento por ramo Gráfico 6.5. Investimento por ativo
investidor em Portugal | 1995 e 2009 investido em Portugal | 1995 e 2010
Animais e
Ativos fixos plantações
Entre 1995 e 2009, incorpóreos
7%
1%
Indústria,
Outros 15%
o ramo da indústria, energia,
água e
saneamento
energia, água e 23%
Material de
Informação transporte
saneamento superou comunicação
6%
8%

o das atividades Investimento


Total
Construção
sem
Investimento
2009 habitação
imobiliárias como Serviços € 35 mil milhões Habitação
19%
Total
2010
43%
públicos
€ 34 mil milhões
principal investidor. 16%
Atividades
imobiliárias
Também a habitação 22%
Transportes,
caiu de primeiro comércio
de veículos e
Outras
maquinas e
alojamento/
a terceiro ativo restauração
18%
equipamento
22%

investido no país.
Animais e
Ativos fixos plantações
incorpóreos 1%
3%
Outros 18%

Atividades Material de
imobiliárias transporte
31% 10%
Construção Habitação
6% 32%
Investimento
Total Investimento
1995 Outras
Transportes, maquinas e Total
comércio € 20 mil milhões 1995
equipamento
de veículos e 22% € 20 mil milhões
alojamento/
restauração
13%

Indústria, Serviços
energia, públicos
água e 19% Construção
saneamento sem
13% habitação
Fonte: INE (acedido em 32%
dezembro de 2011)

90
Gráfico 6.6. Estrutura do investimento por sector institucional em Portugal | 1995 a 2009
100%
da FBCF 5% Sociedades financeiras 3%

O investimento
90% 15%
das famílias perdeu
18% Administração pública
relevância com
80%
a desaceleração
70% 23%
da compra de
casa. As empresas
Famílias
60% 34%
respondem hoje por
três em cada cinco
50% euros da formação
bruta de capital fixo
40%
Sociedades não financeiras
do país.

30% 59%

43%
20%

10%

0%
1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2005

2006

2008

2009
1995

1999

2002

2007
2004

UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Única do EURO
Fonte: INE (acedido em
QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
janeiro de 2012)

91
Conceitos e metodologia

Investimento Ramo de atividade


Equivale à formação bruta de capital fixo, que Agrupa as unidades de atividade económica
na ótica da contabilidade nacional é constituída ao nível local que exercem uma atividade
pela aquisição de meios de produção (máquinas, económica idêntica ou similar. (INE)
equipamentos, e até infraestruturas), com o objetivo
Sector institucional
de aumentar ou repor a capacidade produtiva, e pela
Agrupa as unidades institucionais que têm um
construção de nova habitação, a qual proporciona
comportamento económico análogo. As unidades
utilidade futura aos agentes económicos.
institucionais são classificadas em sectores
O investimento bruto pode destinar-se ao
tendo como base o tipo de produtor que são e
aumento do stock de capital, ou seja, ao aumento
dependendo da sua atividade principal e função,
da capacidade produtiva (investimento líquido),
sendo estes considerados como indicativos do
ou à reposição de capital em fim de vida útil
comportamento económico das unidades. Um
(amortizações). O investimento pode ainda ser
sector é dividido em subsectores segundo critérios
realizado por agentes privados, ou pelo sector
próprios desse sector, o que permite uma descrição
público, sendo que este último está maioritariamente
mais precisa do comportamento económico das
direcionado para a construção de infraestruturas.
unidades. Cada unidade institucional pertence
Podem distinguir-se os seguintes tipos de
a um único sector ou subsector. (INE)
formação bruta de capital fixo: a) aquisições líquidas
de ativos fixos corpóreos: habitações e outros Taxa de investimento
edifícios e estruturas, máquinas e equipamento, Corresponde ao peso da formação bruta
ativos de cultura ou de criação (árvores e efetivos de capital fixo no valor acrescentado bruto.
pecuários); b) aquisições líquidas de ativos fixos Valor acrescentado bruto (VAB)
incorpóreos: exploração mineira, programas Nas contas nacionais, corresponde ao saldo da
informáticos, guiões de espetáculos e obras literárias conta de produção, a qual inclui em recursos,
ou artísticas e outros ativos fixos incorpóreos; c) a produção, e em empregos, o consumo intermédio,
melhorias importantes em ativos não produzidos antes da dedução do consumo de capital fixo.
corpóreos, nomeadamente nos ligados a terrenos Tem significado económico tanto para os sectores
(embora sem incluir a aquisição de ativos não institucionais como para os ramos de atividade.
produzidos); d) os custos associados à transferência O VAB é avaliado a preços de base, ou seja, não
de propriedade de ativos não produzidos, como inclui os impostos líquidos de subsídios sobre os
terrenos e ativos patenteados (embora sem incluir produtos. Nas empresas, corresponde ao valor bruto
a própria aquisição destes ativos). (INE) da produção deduzido do custo das matérias-primas
e de outros consumos no processo produtivo. (INE)

Para saber mais


Departamento de Planeamento e Prospetiva (2006) | Portugal no espaço europeu: investimento empresarial no
sector transacionável
Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (2001) | Foreign direct investment financing of capital
formation in Central and Eastern Europe
Mais dados estatísticos disponíveis na

92
7
Atividades económicas

A globalização ditou uma nova espe(a)cialização internacional das ativida-


des económicas e uma nova geografia competitiva da economia mundial.
As estratégias empresariais assentam atualmente na decomposição territorial
das cadeias de valor, concentrando nos países desenvolvidos as atividades
de maior valor acrescentado e aproveitando as oportunidades abertas pelas
economias emergentes para otimizar os custos e os tempos de resposta e
facilitar o acesso aos mercados.
Compreender quais são as principais atividades produtivas e qual é a evo-
lução estrutural da base económica de um país é também tradutor do seu
modelo de competitividade e de crescimento.

Portugal nos últimos 25 anos

A estrutura do VAB nacional por atividades económicas mudou com a perda A terciarização
de importância relativa do sector primário, associado à agricultura, silvicultura é protagonista
da evolução da
e pescas, e do sector secundário, que engloba a indústria e a construção, e com estrutura sectorial
a emergência dos serviços às empresas, às famílias e públicos (Gráfico 7.1). nestes 25 anos.

Entre 1986 e 2008, observaram-se os seguintes fenómenos:


• divisão por cinco do VAB gerado por atividades do sector primário,
passando de 10% para 2%, fruto de um ligeiro crescimento de 2% ao ano;
• desindustrialização, com a redução da quota do VAB do sector industrial
de 29% para 17%, apesar do crescimento médio anual de 6% neste período;
• terciarização, com a subida de 55% para 73% da quota dos serviços no total
da riqueza gerada na economia nacional, crescendo ao ritmo de 10% ao ano.

As regiões portuguesas diferem nas estruturas sectoriais do VAB (Mapa 7.1


a Mapa 7.6). As maiores bolsas industriais em território nacional localizam-se
a Norte e no Centro com cerca de 30% no VAB no sector secundário, enquanto

93
os serviços proliferam nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e nas regiões
turísticas da Madeira e do Algarve, onde respondem por mais de 75% do VAB
regional. O Alentejo é a nona região europeia e a primeira em Portugal em
termos de relevância do sector primário, pesando 9% do VAB regional em 2010.

Portugal no contexto da União Europeia

A Europa partilha os fenómenos de desruralização económica, desindustriali-


zação e terciarização verificados em Portugal, enquanto tendência observada
nas economias desenvolvidas (Gráfico 7.2 a Gráfico 7.5).
A riqueza dos países europeus é maioritária e crescentemente gerada nos
serviços, sendo neste contexto que Portugal se destaca como o sétimo país
mais terciarizado da UE27. Entre 1986 e 2010, Portugal também convergiu
com o padrão europeu em termos da relevância do VAB do sector secundário,
subindo de 79% para 93% da média europeia, referência que chegou a ultra-
passar entre 1997 e 1999.

A emergência dos serviços

Os serviços assumem um peso crescente na estrutura de atividades económicas


nacionais e são responsáveis por grande parte da expansão da riqueza gerada
no país entre 1996 e 2009 (Gráfico 7.6).
Entre 1986 e 2008, os serviços de apoio às famílias (como comércio, res-
tauração ou atividades artísticas) subiram de 25% para 29% do VAB do país.
Os serviços às empresas (como telecomunicações, consultoria ou atividades
financeiras) subiram de 17% para 23% do VAB total, com um crescimento de
10% ao ano. Já os serviços públicos (como educação, saúde ou administração
pública) subiram de 13% para 21% do total do VAB gerado pela economia
portuguesa, tendo crescido a 11% ao ano (Gráfico 7.1).
Com exceção do Ave e Entre o Douro e Vouga, todas as NUTS III nacio-
nais revelam atualmente níveis de terciarização superiores a 55% do VAB
enquanto Lisboa e a Madeira estão entre as 20 NUTS II mais terceirizadas da
Europa (Mapa 7.3 e Mapa 7.6).

94
Gráfico 7.1. Estrutura do valor acrescentado bruto em Portugal | 1986 a 2008
100%
Serviços
às empresas O peso do sector
17%
90%
23% primário na riqueza
gerada no país dividiu­
80%
‑se por cinco e a quota
Serviços
às famílias do sector secundário
70% 25%
caiu para menos de
60%
29% um quarto do VAB
do país, enquanto o
50%
13% sector terciário dilatou
Serviços o avanço para perto
públicos
40%
6% dos três quartos do
21%
VAB nacional.
30%

29% 7% Construção
20%

Indústria

10% 17%

Agricultura,
10% silvicultura e
2% pesca
0%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO
Fonte: INE (acedido em
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
janeiro de 2012)

Gráfico 7.2. Peso do valor acrescentado bruto das atividades secundárias e terciárias:
comparação entre Portugal e UE | 1986 a 2010
105

Na viragem do século,
Portugal interrompeu
100 a convergência
europeia quanto
à relevância do
95
sector secundário,
Peso do VAB das atividades
terciárias em Portugal face à UE27
afirmando­‑se mais
terciarizado que o
90
padrão europeu desde
2005.

85

Peso do VAB das atividades


80 secundárias em Portugal face à UE27

75
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: Banco Mundial
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em maio de 2012)

95
Gráfico 7.3. Peso do valor acrescentado bruto das atividades do sector primário:
a posição de Portugal na UE | 1986 e 2010
30%

do VAB
Num panorama
1986 2010
europeu de
desruralização 25%

económica, Portugal
desceu de sétimo
para 12.º lugar na
20%
representatividade
económica do sector
da agricultura,
silvicultura e pescas. 15%

10%

Nota: Os valores iniciais


referem­‑se a 1987 para Estónia
e Letónia e a 1990 para
República Checa, Eslovénia,
Lituânia e Roménia e os valores 5%
Média UE27 (1986): 4%
finais referem­‑se a 2009 para
Irlanda, França e Malta e a 2008
para Chipre e Estónia. Dados Média UE27 (2010): 2%
não disponíveis para a Grécia.
Fonte: Banco Mundial 0%
EL LU BE UK DE IE DK AT FR MT SE IT NL CY CZ PT SI ES EE FI LT HU PL SK LV BG RO
(acedido em maio de 2012)

Gráfico 7.4. Peso do valor acrescentado bruto das atividades do sector secundário:
a posição de Portugal na UE | 1986 e 2010
70%

Portugal melhorou do VAB

1986 2010
cinco posições
no ranking, mas 60%

permanece no pelotão
de trás quanto à
relevância da riqueza 50%

gerada pelo conjunto


das atividades
40%
industriais, energia,
água e construção. Média UE27 (1986): 35%

30%

Média UE27 (2010): 25%

Nota: Os valores iniciais 20%


referem­‑se a 1987 para Estónia
e Letónia e a 1990 para
República Checa, Eslovénia,
Lituânia e Roménia e os valores
finais a 2009 para Irlanda, 10%

França e Malta e a 2008 para


Chipre e Estónia. Dados não
disponíveis para a Grécia.
0%
Fonte: Banco Mundial
EL LU FR CY UK BE LV DK PT
PT NL IT ES RO SE LT DE FI AT EE HU BG SI PL IE MT SK CZ
(acedido em maio de 2012)

96
Gráfico 7.5. Peso do valor acrescentado bruto das atividades do sector terciário:
a posição de Portugal na UE | 1986 e 2010
90%

do VAB
Portugal subiu seis
1986 2010
80% lugares no ranking
dos serviços, sendo
Média UE27 (2010): 73%
70%
o sétimo país mais
terciarizado da UE27.
Média UE27 (1986): 61%
60%

50%

40%

30%

Nota: Os valores iniciais


referem­‑se a 1987 para Estónia
20% e Letónia e a 1990 para
República Checa, Eslovénia,
Lituânia e Roménia e os valores
finais a 2009 para Irlanda,
10%
França e Malta e a 2008 para
Chipre e Estónia. Dados não
disponíveis para a Grécia.
0%
Fonte: Banco Mundial
EL CZ SK BG PL MT HU SI RO IE EE FI LT AT DE SE ES IT LV NL PT
PT DK BE UK CY FR LU
(acedido em maio de 2012)

Mapa 7.1. Peso do valor acrescentado bruto das atividades do sector primário
por NUTS II: a posição de Portugal na UE | 2009

Legenda:
Com 9% do VAB
Peso do sector primário no VAB
< 1,0% proveniente do sector
1,0% – 6,0% primário, o Alentejo é
6,1% – 12,0%
a nona região europeia
12,1% – 30,0%
onde o sector
primário assume maior
representatividade na
economia regional.

Nota: Dados para as NUTS II


da Suécia referentes a 2008.
Fonte: Eurostat (acedido
em maio de 2012)

97
Mapa 7.2. Peso do valor acrescentado bruto das atividades do sector secundário
por NUTS II: a posição de Portugal na UE | 2009

O Norte e o Centro
de Portugal, com mais
de 30% do VAB vindo
do sector secundário,
são as regiões mais
especializadas nesta
atividade no contexto
nacional, surgindo
em 77.º e 82.º lugar
no ranking regional
europeu. Legenda:

Peso do sector secundário no VAB


< 16,0%

16,0% – 25,0%

25,1% – 35,0%

35,1% – 55,0%

Nota: Dados para as NUTS II


da Suécia referentes a 2008.
Fonte: Eurostat (acedido
em maio de 2012)

Mapa 7.3. Peso do valor acrescentado bruto das atividades do sector terciário
por NUTS II: a posição de Portugal na UE | 2009

Lisboa e Madeira
constam das
20 regiões mais
terciarizadas a nível
europeu, partilhando
com o Algarve uma
quota dos serviços
superior a 80% do VAB
regional.

Legenda:

Peso do sector terciário no VAB


< 50,0%

50,0% – 65,0%

65,1% – 73,0%

73,1% – 94,5%

Nota: Dados para as NUTS II


da Suécia referentes a 2008.
Fonte: Eurostat (acedido
em maio de 2012)

98
Gráfico 7.6. Contributo por atividade económica para o crescimento do valor
acrescentado bruto em Portugal | 1996 a 2009

A expansão dos
serviços às empresas,
às famílias e públicos
+54%
justificam a larga
maioria da expansão
do VAB nacional entre
1996 e 2009.

+30% 139
mil milhões
de euros

+16% 4,400
-4%
-3%
+7%
2,021 2,021

Nota: A preços constantes


112 de 2006 aplicando o deflator
mil milhões
de euros
calculado com base na
evolução verificada entre
VAB a preços correntes e VAB
a preços do ano anterior.
Fonte: Augusto Mateus &
VAB 96 Agricultura, Indústria, energia Construção Serviços Serviços Serviços VAB 09 Associados com base em INE
silvicultura e pesca e água públicos às famílias às empresas (acedido em maio de 2012)

Mapa 7.4. Peso do valor acrescentado bruto Mapa 7.5. Peso do valor acrescentado bruto
do sector primário por NUTS III | 2009 do sector secundário por NUTS III | 2009

É visível o contraste
entre um litoral
mais industrializado,
sobretudo a Norte,
e um interior mais
agrícola, com destaque
para o Alentejo.

Legenda: Legenda:
< 1,0% < 15%
1,0% – 3,0% 15,0% – 25,0%
3,1% – 6,0% 25,1% – 35,0%
6,1% – 12,1% 35,1% – 50,0%

Fonte: Eurostat e INE


(acedido em maio de 2012)

99
Mapa 7.6. Peso do valor acrescentado bruto do sector terciário por NUTS III | 2009

A regionalização dos
serviços demonstra
a sua polarização nas
áreas metropolitanas
do Porto e de Lisboa e
nas regiões turísticas
do Algarve e da
Madeira.

Legenda:
< 55,0%
55,0% – 60,0%
60,1% – 73,0%
73,1% – 85,6%

Fonte: Eurostat (acedido


em maio de 2012)

100
Conceitos e metodologia
As agregações sectoriais seguem a nomenclatura e atividades de organismos internacionais e outras
metodologia de apuramento vigente nas diferentes instituições extraterritoriais (U); 2) serviços
fontes de informação utilizadas, facto que justifica às famílias: comércio por grosso e a retalho,
diferenças entre valores apurados: nomenclatura reparação de veículos automóveis e motociclos (G);
geral das atividades económicas das comunidades alojamento e restauração (I); atividades imobiliárias
europeias (NACE), no Eurostat; classificação das (L); atividades artísticas, de espetáculos e recreativas
atividades económicas portuguesa por ramos de (R), outras atividades de serviços (S); atividades
atividade (CAE), no INE; e classificação internacional das famílias empregadoras de pessoal doméstico
tipo, por indústria, de todos os ramos de atividade e atividades de produção de bens e serviços pelas
económica revisão 3 (ISIC), no Banco Mundial. Estas famílias para uso próprio (T), 3) serviços públicos:
agregações podem ser sintetizadas da seguinte forma: administração pública e defesa, segurança social
• Sector primário inclui as atividades económicas obrigatória (O); educação (P); atividades de saúde
diretamente dependentes de recursos humana (QA); atividades de apoio social (QB).
naturais, nomeadamente, as relacionadas
Desindustrialização
com a agricultura, silvicultura e pesca;
Fenómeno que traduz um processo de perda
• Sector secundário inclui as atividades
de importância relativa da indústria na estrutura
económicas associadas à indústria, à qual
de atividades económicas, pela ascensão de outras
acrescenta a energia, água e construção;
atividades, não sendo por isso necessariamente
• Sector terciário inclui as atividades relacionadas
sinónimo de declínio industrial mas de reafetação
com a prestação de serviços que foram agrupadas
de recursos produtivos entre as atividades
nas seguintes tipologias: 1) serviços às empresas:
económicas face às mutações internacionais.
transportes e armazenagem (H); atividades de
edição, gravação e programação de rádio (JA); Valor acrescentado bruto (VAB)
telecomunicações (JB); consultoria, atividades Nas contas nacionais, corresponde ao saldo da
relacionadas de programação informática e conta de produção, a qual inclui em recursos, a
atividades dos serviços de informação (JC); produção, e em empregos, o consumo intermédio,
atividades financeiras e seguros (K); atividades antes da dedução do consumo de capital fixo.
jurídicas, de contabilidade, gestão, arquitetura, Tem significado económico tanto para os sectores
engenharia e atividades de ensaios e análises institucionais como para os ramos de atividade.
técnicas (MA); investigação científica e O VAB é avaliado a preços de base, ou seja, não
desenvolvimento (MB); outras atividades de inclui os impostos líquidos de subsídios sobre os
consultoria, científicas e técnicas (MC); atividades produtos. Nas empresas, corresponde ao valor bruto
administrativas e dos serviços de apoio (N); da produção deduzido do custo das matérias-primas
e de outros consumos no processo produtivo. (INE)

Para saber mais


Augusto Mateus & Associados (2011) | Relatório CGD sobre o desenvolvimento da economia portuguesa
Departamento de Prospetiva e Planeamento (2009) | Portugal 2025: que funções no espaço europeu
Departamento de Prospetiva e Planeamento (2009) | Serviços transacionáveis na economia portuguesa
Comissão Europeia (2011) | EU industrial structure 2011: trends and performance
Comissão Europeia (2011) | European competitiveness report 2011
Mais dados estatísticos disponíveis na

101
8
Especialização industrial

A adesão à União Europeia e a criação do mercado interno de livre circulação


de mercadorias, de pessoas, de serviços e de capitais desafiaram a adaptabi-
lidade da indústria transformadora nacional.
O contexto industrial mudou com a intensificação do processo de globaliza-
ção, que assentou numa lógica de desintegração vertical, seja pela crescente
interpenetração entre indústria e serviços na reorganização dos processos
produtivos das empresas, seja pela sua relocalização geográfica e formação
de cadeias de valor internacionais.

Portugal nos últimos 25 anos

Na adaptação ao novo ambiente competitivo, a análise da evolução da indústria A indústria


transformadora indicia um processo incompleto de alteração estrutural com transformadora
portuguesa manteve a
vista a uma maior intensidade tecnológica e de capital, por exemplo, pela sua especialização nos
automatização dos processos de produção. designados sectores
tradicionais.
A indústria transformadora tem registado uma quebra persistente de
emprego desde 1991. Em termos de produção e de VAB, a dinâmica posi-
tiva registada até ao final do século xxi não se prolongou na última década,
recuando em 2010 aos níveis de 1996/97 (Gráfico 8.1).
A indústria transformadora portuguesa manteve-se especializada em
cinco grandes sectores que, no seu conjunto, concentraram cerca de 70% do
VAB industrial neste 25 anos:
• indústrias alimentares, bebidas e tabaco;
• indústria têxtil, do vestuário e couro;
• fabricação de artigos de borracha, de matérias plásticas e de outros
produtos minerais não metálicos;
• indústrias metalúrgicas de base e fabricação de produtos metálicos;
• indústria da madeira, pasta, papel e cartão e seus artigos de impressão.

103
A alteração mais visível nesta especialização industrial consistiu no
aumento da quota do alimentar, de 9% em 1986 para 17% em 2010, em detri-
mento da redução da quota da indústria do têxtil, que desce de 25% em 1992/94
para 16% desde 2006 (Gráfico 8.4).

Portugal no contexto da União Europeia

A queda progressiva do ritmo de crescimento do VAB da indústria transfor-


madora não foi exclusiva de Portugal, embora a evolução nacional só tenha
superado o padrão europeu entre 1986 e 1990 e entre 1995 e 1997 (Gráfico 8.2).
Em termos de crescimento real do VAB da indústria transformadora, Portugal
caiu da oitava para a 22.ª posição entre 1986/1999 e 1999/2010 (Gráfico 8.3).
Na comparação do padrão de especialização, Portugal destaca-se nos
sectores chamados tradicionais: alimentar, têxtil e calçado, borracha, plástico
e outros minerais não metálicos e madeira, pasta e papel.
Pelo contrário, a fabricação de máquinas e equipamentos, a indústria
automóvel, química e farmacêutica são as fileiras em que a realidade nacional
mais se afasta do padrão europeu (Gráfico 8.5 e Gráfico 8.6).

Especialização por nível de intensidade tecnológica

Quando se analisa o conteúdo tecnológico da indústria transformadora, veri-


fica-se o elevado peso das indústrias consideradas de baixa intensidade tec-
nológica, como alimentares, bebidas, têxtil, vestuário, couro, madeira, pasta,
papel e cartão e seus artigos e impressão, que representam metade do VAB da
indústria transformadora nacional em 2009.
Neste campo, Portugal não acompanhou a aposta de outros Estados-
membros em sectores catalogados de maior intensidade tecnológica, revelando
maior incidência da baixa tecnologia mesmo entre os parceiros iniciais da
coesão (Gráfico 8.7).

104
Gráfico 8.1. Valor acrescentado bruto, emprego e produção da indústria transformadora
em Portugal | 1986 a 2010

110
A indústria
Emprego transformadora
VAB
100
nacional perdeu
mais de um quinto
do pessoal entre
90
1986 e 2010, tendo
aumentado a produção
e a geração de riqueza
80
até ao virar do século.

70

60

Índice de produção industrial

50
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
Nota: Evolução com
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 índice base 100=1999.
Interno Única do EURO
Fonte: AMECO e Cnuced
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em maio de 2012)

Gráfico 8.2. Taxa de crescimento real do valor acrescentado bruto da indústria


transformadora: comparação entre Portugal e UE | 1986 a 2010
10%

A indústria
Portugal
transformadora
nacional só cresceu
5%
acima do ritmo
UE27
europeu entre 1986
e 1990 e entre 1995
0%
e 1997.

-5%

-10%

-15%
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: Cnuced (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em maio de 2012)

105
Gráfico 8.3. Taxa de crescimento médio anual do valor acrescentado bruto da indústria
transformadora: a posição de Portugal na UE | 1995 a 2010
12%

1986-1999 1999-2010
Na última década,
10%
Portugal foi o sexto
país europeu em que
8%
o VAB da indústria
transformadora menos 6%
cresceu, quando
registara o nono 4%

maior crescimento
entre 1986 e 1999. 2%
Média UE27 (86-99): 1,8%

Média UE27 (99-10): 0,9%


0%

-2%

-4%

Nota: Os valores iniciais


-6%
referem­‑se a 1990 para
a Alemanha, a 1992 para
Estónia, Letónia, Lituânia -8%
e Eslovénia e a 1993 para
República Checa e Eslováquia.
-10%
Fonte: Cnuced (acedido
MT LU IT UK CY PT
PT ES DK BE FR DE EL NL AT SE HU SI FI LV IE EE RO CZ LT BG SK PL
em maio de 2012)

Gráfico 8.4. Estrutura sectorial do valor acrescentado bruto da indústria


transformadora em Portugal | 1986 a 2009
100%

Ao longo destes 25
anos, cinco sectores 90%

28%
31% 31%
concentram cerca
80%
de 70% da riqueza
gerada pela indústria 70%

transformadora 11%
10%
12%
nacional. 60%

15% 13%
11%
50%

40% 14% 13%


14%

30%

16%
20%
20% 22%

10%
17%
13%
9%

0%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

Outras indústrias
Indústria da madeira, pasta, papel e cartão e seus artigos e impressão
Indústrias metalúrgicas de base e fabricação de produtos metálicos, exceto máquinas e equipamentos
Fabricação de artigos de borracha, de matérias plásticas e de outros produtos minerais não metálicos
Fonte: Augusto Mateus & Indústria têxtil, do vestuário, do couro e dos produtos de couro
Associados com base em INE Indústrias alimentares, das bebidas e do tabaco

106
Gráfico 8.5. Evolução da especialização industrial: comparação entre Portugal
e UE | 1986 a 2009

Portugal

União Europeia
Face ao padrão
Indústrias TICE 2000 2009 europeu, Portugal é
20% relativamente mais
Indústria farmacêutica Indústria alimentar
especializado nas
15% indústrias alimentar,
têxtil, madeira e papel
Fabricação de máquinas e equipamentos 10%
Indústria têxtil e na fabricação de
borracha ou plásticos.
5%

Fabricação de borracha, plásticos e


Indústria química 0%
outros minerais não metálicos

Fabricação de equipamento elétrico Indústria metalomecânica

Nota: A especialização é aferida


pelo peso do VAB gerado por
cada indústria no total da
Indústria automóvel Indústria da madeira e do papel indústria transformadora.
Fonte: Eurostat (acedido
Outras indústrias transformadoras em maio de 2012)

Gráfico 8.6. Especialização industrial: a posição de Portugal na UE | 2009


País relativamente
Produtos alimentares e bebidas mais especializado

Portugal
Portugal é o segundo
Indústria transformadora
não especifícada
Têxtil país da UE27 mais
Restantes países UE
especializado nas
indústrias têxtil e
Equipamento de transporte Calçado
do calçado e o sexto
BG
mais especializado na
RO fabricação de outros
LT IT produtos minerais não
Equipamento ótico e elétrico Madeira e seus produtos
CZ metálicos.
LV
HU

DE IE

SK
Máquinas e equipamento Papel e seus produtos Nota: A especialização
CZ

CZ
industrial é medida pelo
coeficiente de localização
para cada sector e país, sendo
utilizada a classificação CAE
rev.2. Os valores da Polónia
HU
Metais básicos e produtos metálicos IE Produtos petrolíferos refinados e do Reino Unido referem­‑se
a 2005, da Bulgária a 2006,
de Portugal e Áustria a 2007
e da Roménia a 2008.
Outros minerais não metálicos Química e seus produtos Fonte: Comissão Europeia
(2011) | EU industrial
Borracha e plástico structure 2011

107
Gráfico 8.7. Intensidade tecnológica da indústria transformadora: comparação entre
Portugal, parceiros iniciais da coesão e UE25 | 1986 a 2009
100% 1997
6% 5%
Entre 1986 e 2009, a 3% 6% 6% 9% 18%

quota das indústrias 90% 13%


19%
14% 16% 28%
32%
com baixa intensidade 29%
35%
28%
tecnológica subiu 80%
33%
de 44% para 48% 31%
11%

do VAB da indústria 70% 55%


47%
33% 36%
transformadora 32%
29%

38%
portuguesa, a maior 60%
EL PT ES UE25 IE
entre os parceiros
iniciais da coesão. 50%
2007

2% 5% 5% 10% 19%

40%
17% 12%
29%
36%
30% 33% 40% 37%

38%
48%
44% 30% 10%
20%

48% 43%
35%
Notas: A União Europeia 28% 25%
a 25 não engloba a 10%
Roménia e a Bulgária.
PT ES EL UE25 IE
Fonte: Augusto Mateus & Baixa Média baixa Média alta Alta
0%
Associados com base em INE
1986 1990 1994 1998 2002 2006 2009
e Comissão Europeia (2011) |
EU industrial structure 2011 Baixa Média baixa Média alta Alta

108
Conceitos e metodologia

Classificação da indústria transformadora • Baixa tecnologia inclui as indústrias alimentares,


por nível de intensidade tecnológica das bebidas e do tabaco, a indústria têxtil, do
Tomando a classificação da OCDE (1997) como vestuário, do couro e dos produtos de couro,
referência, os sectores industriais são agregados a indústria da madeira, pasta, papel e cartão
em quatro categorias de acordo com o nível e seus artigos e impressão e as indústrias
de intensidade tecnológica, sendo o principal transformadoras não especificadas anteriormente.
critério para avaliar o conteúdo tecnológico o
Quociente de localização
peso das despesas em I&D no valor do VAB:
Indicador do grau de especialização de um espaço
• Alta tecnologia inclui a fabricação de produtos
geográfico numa certa atividade, tendo como
farmacêuticos de base e de preparações
referência um espaço padrão (neste caso, a União
farmacêuticas e a fabricação de equipamentos
Europeia). A sua medição assenta na comparação
informáticos, de equipamentos para
do peso, em termos de VAB, de determinada
comunicação, produtos eletrónicos e óticos;
atividade no espaço geográfico face ao peso que
• Média-alta tecnologia inclui a fabricação de
essa mesma atividade tem no espaço padrão.
produtos químicos e de fibras sintéticas e artificiais,
a fabricação de equipamento elétrico, a fabricação Valor acrescentado bruto (VAB)
de máquinas e equipamentos não especificados Nas contas nacionais, corresponde ao saldo da
e a fabricação de material de transporte; conta de produção, a qual inclui em recursos,
• Média-baixa tecnologia inclui a fabricação a produção, e em empregos, o consumo intermédio,
de coque e de produtos petrolíferos refinados, antes da dedução do consumo de capital fixo.
a fabricação de artigos de borracha, de matérias Tem significado económico tanto para os sectores
plásticas e de outros produtos minerais não institucionais como para os ramos de atividade.
metálicos, as indústrias metalúrgicas de base e O VAB é avaliado a preços de base, ou seja, não
fabricação de produtos metálicos, exceto máquinas inclui os impostos líquidos de subsídios sobre os
e equipamentos e a reparação, manutenção e produtos. Nas empresas, corresponde ao valor bruto
instalação de máquinas e equipamentos; da produção deduzido do custo das matérias-primas
e de outros consumos no processo produtivo. (INE)

Para saber mais


Comissão Europeia (2011) | EU industrial structure 2011
Comissão Europeia (2011) | European competitiveness report 2011
Hatzichronoglou, T. (1997) | Revision of the high-technology sector and product classification, OECD Science
Mais dados estatísticos disponíveis na

109
9
Produções primárias

Com a adesão à União Europeia, a agricultura e as pescas nacionais foram


enquadradas por uma política e organização comum a nível europeu, que
catalisaram mudanças estruturais num sector produtivo da economia por-
tuguesa até então abrigado da concorrência internacional.
É neste contexto que a evolução da produção agrícola portuguesa não pode
ser dissociada da progressiva reorientação da Política Agrícola Comum, do
objetivo fundador de aumento da produtividade e de garantia do abasteci-
mento para o objetivo de reequilíbrio da oferta e procura e de prevenção
de excedentes, visando promover hoje uma agricultura sustentável e com-
petitiva no mercado global.

Portugal nos últimos 25 anos

Entre 1986 e 2008, o volume de mão de obra utilizado na pesca e na agricultura A redução da
caiu para metade (Gráfico 9.1). Os números do ramo da agricultura entre 1989 capacidade produtiva
da pesca e da
e 2009 mostram uma queda de 50% no número de explorações agrícolas e de agricultura marca uma
9% na superfície agrícola utilizada. A capacidade da frota pesqueira caiu para atividade de menor
produtividade e de
metade nestes 25 anos, tendo entretanto desaparecido quatro de cada cinco
maior desequilíbrio
embarcações sem motor que pescavam em 1990 (Gráfico 9.6 a Gráfico 9.11). nas trocas comerciais
Esta redução da capacidade produtiva decorreu do choque concorrencial face ao padrão
europeu.
protagonizado pela década de 1990, quando o calendário da redução dos preços
agrícolas nacionais, acordado durante o processo de adesão, acabou por coinci-
dir com um novo enquadramento estrutural, designadamente com a reorienta-
ção da Política Agrícola Comum, com a abertura do mercado interno europeu
ou com a propagação dos supermercados e dos hipermercados dos grandes
retalhistas da distribuição alimentar, agora abastecidos à escala internacional.
Esta reestruturação induziu o aumento da dimensão média das explo-
rações agrícolas e dos indicadores de produtividade e de rendibilidade com

111
denominador na mão de obra decrescente. Entre 1986 e 2008, o aumento real
da produção do ramo agrícola ficou abaixo dos 25% e na pesca caiu cerca de
7% (Gráfico 9.1).

Portugal no contexto da União Europeia

O reduzido nível de investimento, a falta de escala das explorações agrícolas, a


fraca utilização de tratores e fertilizantes, o menor nível de instrução e a idade
avançada dos agricultores, o subdesenvolvimento dos canais de distribuição e
das infraestruturas do país ou o maior valor volume de mão de obra são causas
estruturais diagnosticadas pela Comissão Europeia, no início do século xxi,
para o atraso na produtividade e na rendibilidade da agricultura portuguesa
face ao padrão europeu (Gráfico 9.2 e Gráfico 9.5).
Portugal manteve-se a meio da tabela da UE27 no ritmo de crescimento
da produção alimentar, agravando a taxa de cobertura das importações pelas
exportações de bens alimentares. Esta recuou de 43% em 1990 para 32% em
2010, ano em que o país já só conseguiu superar o Reino Unido (Gráfico 9.12).

Dependência alimentar

A estagnação da produção e o aumento do consumo de bens alimentares pres-


siona o grau de autoaprovisionamento do país, com a produção interna a
satisfazer menos de três quartos do consumo nacional em 2009.
No comércio internacional, aumentou a taxa de penetração das impor-
tações de bens alimentares: em 2007, mais de 50% do consumo em Portugal
era importado, contra 35% em 1986.
Esta subida deveu-se especialmente ao acréscimo das importações de
produtos de que Portugal era praticamente autossuficiente em 1986, como os
hortaliças, as frutas, as carnes, e ainda o leite. Inversamente, Portugal reduziu
a dependência das importações no tubérculo.
Em 2007, os produtos em que Portugal apresentava maior dependência
das importações para consumo eram o peixe (93%), as oleaginosas (89%) e os
cereais (84%), produtos estruturalmente deficitários (Gráfico 9.13).

112
Gráfico 9.1. Produção e mão de obra na agricultura e na pesca em Portugal | 1986 a 2008
130

O volume de mão de
120 obra na agricultura
e na pesca nacional
110 Produção na agricultura reduziu­‑se para
metade desde 1986.
100

90

Produção na pesca

80

Mão de obra na agricultura


70

60

Mão de obra na pesca

50

40 Nota: Evolução com índice


base 100=1986. Produção
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

2004
1995

1999

2002
a preços base a preços
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 constantes de 2006.
Interno Única do EURO
Fonte: INE (acedida
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em maio de 2012)

Gráfico 9.2. Produtividade do sector primário e rendibilidade agrícola: comparação


entre Portugal e UE | 1986 a 2010
205

VAB por trabalhador na UE27 A convergência


com o padrão
185
europeu concentrou­
‑se nos primeiros
165 anos de adesão
na produtividade,
devendo­‑se sobretudo
145
Rendimento agrícola em Portugal à redução da mão de
obra.
125

105

Rendimento agrícola na UE15

85
VAB por trabalhador em Portugal

65 Nota: Evolução com índice


base 100=1993. O VAB por
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2004

trabalhador inclui agricultura,


UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 silvicultura e pesca.
Interno Única do EURO
Fonte: Banco Mundial
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em abril de 2012)

113
Gráfico 9.3. Índice de produção alimentar: a posição de Portugal na UE | 1990/95
e 2005/09
140

O ritmo de 1990-1995 2005-2009


crescimento da 130

produção alimentar
não acelerou em
120
relação à média
europeia.
110

100
Média UE27 (2005-2009): 98
Média UE27 (1990-1995): 97

90

80

70
Nota: Evolução com
índice base 100=1986. São
apresentadas as médias dos
períodos 1990 a 1995 e 2005 60
a 2009. Dados iniciais não
disponíveis para Luxemburgo,
Bélgica e Reino Unido.
50
Fonte: Banco Mundial
BG CY LU EL BE IE MT FR UK IT SE SI PT
PT AT DE ES CZ NL FI DK HU SK PL RO LT EE LV
(acedido em abril de 2012)

Gráfico 9.4. Tratores por 100 km2: a posição de Portugal na UE | 1986 a 2005
3,000

Portugal subiu do 1986 2005 >5000

meio da tabela para o


quarto lugar quanto à
2,500
densidade de tratores, tratores

num esforço de
mecanização que deve
ponderar a menor 2,000

escala das explorações


agrícolas em Portugal.

1,500

1,000

Média UE27 (1986): 757


Média UE27 (2005): 712

500
Nota: Dados iniciais não
disponíveis para Eslováquia,
República Checa, Letónia,
Estónia, Lituânia, Bélgica,
Luxemburgo e Eslovénia.
0
Fonte: Banco Mundial
CY MT UK IT DE BG SK RO HU CZ DK LV EE LT SE FR ES FI BE LU PL EL NL PT IE AT SI
(acedido em abril de 2012)

114
Gráfico 9.5. Valor acrescentado do sector primário: a posição de Portugal na UE | 2010
8% $80,000
do PIB
Valor acrescentado no PIB O sector primário em
Valor acrescentado por trabalhador Portugal apresenta
7% $70,000
uma maior relevância
na economia e uma
6% $60,000
menor produtividade, à
semelhança dos países
do Alargamento.
5% $50,000

4% $40,000

3% $30,000

2% $20,000

Média UE27 (2010): 15.400


Média UE27 (2010): 1,5%

1% $10,000

Nota: Inclui agricultura,


silvicultura e pesca.
0% $0
Fonte: Banco Mundial
BE EL PL EE LV LT CZ PT
PT CY HU RO SK BG IE ES UK AT LU IT DE MT FI NL SE DK FR SI
(acedido em abril de 2012)

Gráfico 9.6. Explorações Gráfico 9.7. Dimensão Gráfico 9.8. Mão de


agrícolas em Portugal | média das explorações em obra por exploração em
1989 a 2009 Portugal | 1989 a 2009 Portugal | 1989 a 2009
650,000 18 1.45
hectares empregados
600,000
1.40
A descida global da
550,000 15
500,000
1.35
capacidade produtiva
450,000
400,000
12 na agricultura
1.30
350,000
18 1.45
é revelada pela
650,000 9
300,000 hectares 1.25
empregados
600,000
250,000
redução da mão de
1.40
550,000 1.20
200,000 15
6
obra nas pescas e
1989

1993

1995

1997

1999

2003

2005

2007

2009

500,000
1989

1993

1995

1997

1999

2003

2005

2007

2009
1989

1993

1995

1997

1999

2003

2005

2007

2009

1.35
450,000
12 na agricultura, das
400,000 1.30
350,000 explorações agrícolas
9
300,000
22,000 10,000
1.25
e da frota pesqueira.
250,000
200,000
21,000
Gráfico 9.9. Pescadores em Gráfico 9.10. Embarcações
6
Gráfico 9.11. Capacidade
GT
1.20
15
1989

1993

1995

1997

1999

2003

2005

2007

2009

8,000
1989

1993

1995

1997

1999

2003

2005

2007

2009

Portugal | 2003 a 2010 em Portugal | 1990 a 2010 por embarcação com motor
1989

1993

1995

1997

1999

2003

2005

2007

2009

Com motor
20,000
14
6,000
19,000
em Portugal | 1999 a 2010
13
18,000
4,000 Sem motor
12
17,000
22,000 10,000
2,000 GT
11
16,000
21,000 15
8,000 Com motor
15,000 0 10
20,000
14
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010

19,000 6,000
13
18,000
4,000 Sem motor
12
17,000 Nota: Arqueação bruta
2,000 11 (GT) é a medida do volume
16,000
total de uma embarcação.
15,000 0 10
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

Fonte: INE (acedido


1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010

em abril de 2012)

115
Gráfico 9.12. Taxa de cobertura das importações pelas exportações de produtos
alimentares: a posição de Portugal na UE | 1999 e 2010
300%
das importações
Portugal é o segundo
país da UE27
1999 2010
com menor taxa
250%
de cobertura das
importações pelas
exportações nos
produtos alimentares, 200%

ao cair de 43% em
1999 para 32% em
2010.
150%

100%

Média UE27 (2010): 77%


Média UE27 (1999): 68%

50%

Fonte: Organização das


Nações Unidas para
0%
Agricultura e Alimentação
UK PT DE AT MT CY FI IT SE PL IE LU BE SI CZ SK LT FR EE ES EL NL DK RO LV HU BG
(acedido em abril de 2012)

Gráfico 9.13. Taxa de penetração das importações por produtos alimentares


em Portugal | 1986 e 2007

No contexto do 53% 93% Peixe


agravamento
da dependência
alimentar, Portugal 72% 89% Oleaginosas

importava em 2007
mais de quatro
56% 84% Cereais
quintos do seu
consumo de peixe,
oleaginosas e cereais. 48% 53% Tubérculos

10% 35% Leite

1% 33% Frutas

7% 33% Carne

Fonte: Organização das 0% 18% Vegetais


Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação
(acedido em abril de 2012) 1986 2007

116
Conceitos e metodologia

Índice de produção alimentar agrícola comum (PAC) propõe-se a conciliar uma


Inclui os produtos alimentares considerados produção alimentar adequada na União Europeia,
comestíveis e que contêm nutrientes. (Banco Mundial) garantido, paralelamente, a viabilidade económica
das comunidades rurais e contribuindo para fazer
Grau de autoaprovisionamento corrigido
face a desafios ambientais, como as alterações
Produção consolidada/produção consolidada +
climáticas, a gestão dos recursos hídricos, a bioenergia
importações – exportações, segundo a metodologia
e a biodiversidade. Política comum de pescas
do Gabinete de Planeamento e Políticas,
(PCP) visa encontrar um justo equilíbrio entre a
Ministério do Ministério da Agricultura, Mar,
oferta e a procura, no interesse dos pescadores e
Ambiente e Ordenamento do Território (2011).
dos consumidores europeus, e tem por objetivos
Política comum a proteção das unidades populacionais contra
A adoção de uma política comum no domínio da a pesca excessiva, a garantia de um rendimento
agricultura e das pescas foi prevista pelo Tratado para os pescadores, o abastecimento regular dos
de Roma que instituiu a Comunidade Económica consumidores e da indústria transformadora a
Europeia (1957), estabelecendo que o mercado preços razoáveis, bem como a exploração sustentável
comum abrange a agricultura e o comércio de dos recursos vivos marinhos de um ponto de vista
produtos agrícolas (produtos do solo, da pecuária e biológico, ambiental e económico. (Eur-Lex)
da pesca, bem como os produtos do primeiro estádio
Rendimento agrícola
de transformação que estejam em relação direta
Medido pela variação real do valor acrescentado
com estes produtos) e a criação de uma organização
líquido a custo de fatores por unidade de trabalho ano.
comum dos mercados agrícolas para a) incrementar
a produtividade da agricultura, fomentando o Taxa de penetração das importações
progresso técnico, assegurando o desenvolvimento Medida pelo diferencial de taxas de crescimento
racional da produção agrícola e a utilização ótima em volume das importações totais e da procura
dos fatores de produção, designadamente da mão interna [importações/consumo aparente (P-X+M)].
de obra; b) assegurar, deste modo, um nível de vida
Volume de mão de obra
equitativo à população agrícola, designadamente pelo
A contabilização da mão de obra utilizada é feita
aumento do rendimento individual dos que trabalham
através da unidade de medida equivalente ao
na agricultura; c) estabilizar os mercados; d) garantir
trabalho de uma pessoa a tempo completo realizado
a segurança dos abastecimentos; e) assegurar preços
num ano medido em horas, correspondendo
razoáveis nos fornecimentos aos consumidores.
uma unidade trabalho ano (UTA) a 240 dias
Alvo de sucessivas reformas, atualmente a política
de trabalho a 8 horas por dia. (INE)

Para saber mais


Cunha, A. (2010) | Impactos da adesão na agricultura e nas pescas
Comissão Europeia (2003) | Situação da agricultura em Portugal
Gabinete de Planeamento e Políticas, Ministério do Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento
do Território (2011) | A agricultura na economia portuguesa: envolvente, importância e evolução recente
Mais dados estatísticos disponíveis na

117
10
Energia

A questão energética é de importância vital para os sistemas económicos: a


disponibilidade de fontes de energia sustentáveis e seguras constitui a base
de economias competitivas à escala global.
A ameaça das alterações climáticas, as preocupações crescentes em matéria
de segurança energética e a necessidade de atender a uma procura crescente
têm sido temas recorrentes no debate sobre a matéria e constituem impor-
tantes desafios para o sector.

Portugal nos últimos 25 anos

A história recente de Portugal tem-se caraterizado por uma elevada intensidade Uma elevada
energética, ou seja, por um alto consumo de energia face ao PIB, e por uma intensidade
energética e uma
elevada dependência face ao exterior, tratando-se de uma economia baseada forte dependência
em recursos energéticos de origem fóssil, como o petróleo e o carvão (Gráfico das importações
têm caraterizado o
10.1).
consumo de energia
Períodos de maior intensidade energética correspondem, em geral, ao em Portugal.
agravamento da dependência externa do país. Esta constitui uma fragilidade
da economia portuguesa uma vez que o aumento do consumo energético nas
duas últimas décadas foi suportado pelo crescente recurso a importações
(Gráfico 10.4).

Portugal no contexto da União Europeia

O posicionamento relativo de Portugal face aos parceiros comunitários não


se afigura favorável. A intensidade energética supera, regra geral, os referen-
ciais médios a nível comunitário, indiciando alguma debilidade no tocante à
eficiência energética da estrutura produtiva nacional (Gráfico 10.2).

119
Num contexto de aumento da dependência energética da UE27, Portugal
emerge como um dos Estados-membros mais fortemente dependentes do exte-
rior a nível energético, o que induz preocupações acrescidas relativamente à
segurança do abastecimento (Gráfico 10.3).

Reorientação para as renováveis

Embora o petróleo tenha reduzido a sua quota de três quartos para metade
do consumo final de energia entre 1998 e 2009, Portugal mantém uma forte
dependência desta fonte energética (Gráfico 10.5).
O principal responsável é o sector dos transportes: é o maior consumidor
de energia em termos absolutos e continua a depender quase exclusivamente
do petróleo. Comparativamente ao PIB, o consumo de energia dos transportes
em Portugal aumentou ao longo da última década, num contexto de descida
generalizada para o conjunto da União Europeia.
A indústria evidencia maior diversificação energética, com redução do peso
do petróleo de dois terços para um quarto no seu consumo final entre 1998 e 2009.
A dependência de regiões politicamente instáveis, a volatilidade do preço
do petróleo e o seu impacto na fatura energética nacional têm ditado esfor-
ços de melhorar a eficiência energética e de diversificar o mix energético da
produção e consumo internos.
A recente aposta nas energias renováveis, dominada pela eólica e pela solar,
traduz-se no aumento da sua quota no consumo final de energia e coloca Portugal
no quinto lugar do ranking dos países europeus nesta matéria. Ao longo dos últimos
20 anos, a parcela de energia renovável passou de 19% para cerca de 25%, o que
compara com uma meta assumida por Portugal para 2020 de 31% (Gráfico 10.6).
Recorde-se que a Diretiva Energias Renováveis da União Europeia (2009)
estabelece objetivos juridicamente vinculativos para cada Estado-membro,
de modo que atinja uma quota de 20% de energias renováveis no consumo
final de energia para o conjunto da UE27. É neste contexto que todos os
Estados-membros evidenciam esforços significativos no sentido do reforço
da contribuição das renováveis para o consumo final de energia.

120
Gráfico 10.1. Intensidade e dependência energética em Portugal | 1990 a 2009
kg equivalente Peso das importações
de petróleo líquidas no consumo
por 1000 € de PIB interno bruto
250 90%
O consumo de energia
necessário para a
produção interna
Dependência
energética
tem oscilado num
patamar alto ao longo
225 85%
dos últimos 20 anos.
A taxa de dependência
do exterior tem
variado entre 80% e
200 80% 90%.

175 75%

Intensidade energética

150 70%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO Fonte: Comissão Europeia
(2011) | EU energy in
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
figures and factsheets

Gráfico 10.2. Intensidade energética: comparação entre Portugal e UE | 1990 a 2010


kg equivalente
de petróleo
por 1000 € de PIB Comparativamente
250
ao padrão europeu,
Portugal requer
mais energia para
UE27 gerar o mesmo valor
225
acrescentado.

200

Portugal

175

150
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO Fonte: Comissão Europeia
(2011) | EU energy in
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
figures and factsheets

121
Gráfico 10.3. Dependência energética: a posição de Portugal na UE | 1990 e 2009
120%

Portugal é o sexto
1990 2009
país da UE27 que
mais depende das 100%

importações para
garantir o seu
80%
consumo interno
de energia.

60%

Média UE27 (2009): 54%

Média UE27 (1990): 44%

40%

20%

Nota: O valor negativo para a


0%
Dinamarca assinala a passagem
de importador líquido a
exportador líquido de energia.
Fonte: Comissão Europeia
-20%
(2011) | EU energy in
DK RO EE UK CZ PL NL SE BG SI LT FR FI HU LV DE AT SK EL BE ES PT IT IE CY LU MT
figures and factsheets

Gráfico 10.4. Produção, consumo interno bruto e importações líquidas de energia


em Portugal | 1990 a 2009
Mtep

A produção de 30

energia satisfaz uma


pequena parcela das
necessidades do país. 25

Consumo interno bruto

20

Importações líquidas

15

10

Produção
5

Notas: Mtep é a medida


que corresponde a 0
milhões de toneladas
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

equivalentes de petróleo.
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Fonte: Comissão Europeia Interno Única do EURO
(2011) | EU energy in
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
figures and factsheets

122
Gráfico 10.5. Fontes do consumo final de energia por sector de atividade económica
em Portugal | 1998 a 2009
Total da economia Agricultura e pescas Indústria
100% 100% 100%
Portugal mantém uma
80% 80% 80%
forte dependência
do petróleo, embora
60% 60% 60% tenha reduzido a
sua quota de três
40% 40% 40% quartos para metade
do consumo final de
20% 20% 20%
energia desde 1998.
A indústria apresenta
0% 0% 0%
1998 2004 2009 1998 2004 2009 1998 2004 2009 maior diversificação
das fontes de energia,
Transportes Sector doméstico Serviços em contraste com os
100% 100% 100%
transportes.

80% 80% 80%

60% 60% 60%

40% 40% 40%

20% 20% 20%

Nota: Dados provisórios


0% 0% 0% para 2009.
1998 2004 2009 1998 2004 2009 1998 2004 2009
Fonte: INE (acedido em
Petróleo Gás Natural Eletricidade Outros, incluindo carvão janeiro de 2012)

Gráfico 10.6. Peso da energia renovável no consumo final bruto de energia: a posição
de Portugal na UE | 1990 a 2010
50%

Portugal é o quinto
país da UE27 com
1990 2010 Meta 2020
maior quota de
40%
energia renovável
no consumo final de
energia. Face à meta
de 31% assumida
30%
por Portugal para
2020, atualmente
cerca de um quarto
do consumo final de
energia provém de
20% Meta UE27 (2020): 20,0%
fontes renováveis.

Média UE27 (2010): 12,4%


10%

Nota: Os valores finais


para a Bélgica, a França e a
Hungria reportam a 2009.
Média UE27 (1990): 4,2%
Fonte: Eurostat (acedido
em junho de 2012) e
0% Comissão Europeia (2011)
MT LU UK NL BE CY IE HU CZ EL PL SK IT DE FR BG ES LT SI DK RO EE PT
PT AT FI LV SE
| Energy: renewable energy

123
Conceitos e metodologia

Consumo final de energia Intensidade energética da economia


Corresponde ao total da energia consumida pelos Indicador que mede o grau de eficácia com que a
utilizadores finais, tais como os consumidores energia é utilizada para gerar valor acrescentado,
privados, a indústria, a agricultura, os transportes sendo definido através do rácio: consumo interno
e os serviços. É a energia que se destina ao bruto de energia / produto interno bruto. (Eurostat)
consumidor final de energia e exclui a que é usada
Taxa de dependência energética
pelo próprio sector energético. (Eurostat)
Traduz a proporção de energia que uma economia
Consumo interno bruto de energia tem de importar para fazer face às necessidades
Corresponde à procura de energia total de um país de energia a nível interno. É calculada através
ou região, representando a quantidade de energia do rácio: importações líquidas de energia /
necessária para satisfazer o seu consumo interno. (consumo interno bruto de energia + combustível
Abrange o consumo do próprio sector energético, as fornecido a navios em navegação internacional).
perdas associadas à distribuição e transformação e o Uma taxa de dependência negativa indica que
consumo de energia final por parte dos utilizadores, o país é exportador líquido e uma taxa superior
bem como eventuais diferenças estatísticas. (Eurostat) a 100% traduz a criação de stocks. (Eurostat)

Energias renováveis TEP


Inclui as energias hidroelétrica, biomassa, eólica, Toneladas equivalentes de petróleo
solar, proveniente das marés e geotérmica.

Importações de energia líquidas


Corresponde à diferença entre o volume total
de importações de energia e o volume total
de exportações de energia de um país.

Para saber mais


Comissão Europeia (2011) | Energy strategy for Europe: renewable energy: member states’ progress reports
Agência Internacional de Energia (2010) | Perspetivas em tecnologias energéticas: cenários e estratégias até 2050
Agência Internacional de Energia (2011) | World energy outlook 2011
Organização das Nações Unidas | Sustainable energy for all
Mais dados estatísticos disponíveis na

124
11
Comércio internacional

A globalização transformou radicalmente o palco de atuação das economias


e intensificou o comércio internacional de bens e serviços. Os processos de
integração económica concederam novas oportunidades de complementa-
ridade e interdependência comercial, incentivando viragens estratégicas
para o exterior com diferentes graus de sucesso.
Nesta análise, são fatores relevantes a compreensão da dimensão dos (des)
equilíbrios externos, o perfil de inserção nas rotas internacionais de comércio
e a amplitude de relacionamentos comerciais com países parceiros.

Portugal nos últimos 25 anos

A abertura da economia portuguesa ao comércio internacional é uma tendência Portugal mantém­


confirmada pela média de crescimento do conjunto das exportações e impor- ‑se deficitário nas
trocas com o exterior,
tações de bens e serviços de 8% ao ano entre 1986 e 2010. revelando dificuldade
Esta evolução expressa, contudo, dificuldades competitivas justificadas em aumentar o peso
das exportações face
pelo esgotamento do modelo de crescimento económico nacional.
ao PIB.
Ilustrativos de uma estagnação estrutural estão indicadores como a perma-
nente incapacidade de promoção das exportações acima dos 35% do PIB, uma
balança de bens persistentemente deficitária bem como a impossibilidade de fazer
face à procura interna sem recurso a importações (Gráfico 11.1 e Gráfico 11.7).
Entre 1986 e 2010, a produção nacional nunca conseguiu satisfazer mais
do que 70% da procura interna de bens e serviços. A taxa de cobertura das
exportações pelas importações atingiu os 89% em 1986, máximo que desde
então também nunca mais foi superado.

125
Portugal no contexto da União Europeia

A comparação com o padrão europeu é desfavorável a Portugal (Gráfico 11.2).


A economia portuguesa somou, no contexto da UE27, a segunda pior posição
na taxa de cobertura, a sexta pior posição nas exportações per capita e a sétima
posição em termos de menor peso das exportações no PIB. No quadro da eco-
nomia europeia e mundial, verifica-se a erosão da competitividade portuguesa
(Gráfico 11.3 a Gráfico 11.8).

Dinamismo dos serviços e da baixa-média tecnologia

Nas importações portuguesas, os bens mantiveram a preponderância face


aos serviços (84% contra 16%) entre 1996 e 2010. Já nas exportações, e num
contexto de crescente internacionalização dos serviços portugueses, os bens
desceram a sua quota de três quartos para dois terços das exportações totais
do país (Gráfico 11.6).
Neste período, o comércio intracomunitário perdeu mais peso nas expor-
tações totais do país (79% para 73%) do que nas suas importações (77% para
75%) (Gráfico 11.9).
Espanha, Alemanha, Reino Unido e França são os quatro principais
parceiros comerciais de Portugal e representam mais de metade das trocas
comerciais portuguesas.
Entre 1996 e 2010, a dependência de Espanha aumentou de 15% para
23% do total das exportações e de 23% para 30% do total das importações
portuguesas (Gráfico 11.10 e Gráfico 11.11).
A diversificação dos mercados de destino das exportações portuguesas
é turbulenta e faz-se fora da União Europeia. O destaque vai para as vendas
a Angola, que, crescendo a uma taxa média de 15% ao ano desde 1996, repre-
sentam 5% das exportações portuguesas em 2010.
Analisando o perfil de especialização das exportações por intensidade
tecnológica, verifica-se que as atividades mais sofisticadas são duas a três
vezes mais orientadas para o exterior do que as atividades de menor valor
acrescentado.
A baixa tecnologia mantém o domínio das exportações portuguesas e é
na média-baixa tecnologia que a indústria portuguesa apresenta maior dina-
mismo nas vendas ao exterior (Gráfico 11.12 a Gráfico 11.15).

126
Gráfico 11.1. Orientação exportadora e taxa de penetração das importações de bens
e de serviços em Portugal | 1986 a 2010
70% 90%

Entre 1986 e 2010,


a produção nacional
60%
85% nunca conseguiu
responder a mais
50%
de 70% da procura
80% dos portugueses e
as exportações não
40% ultrapassaram um
Taxa de penetração
75%
terço do PIB.

30%

Taxa de cobertura 70%


Orientação exportadora
20%

65%
10%

0% 60%

2007
2004
1995

1999

2002
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
1986

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: AMECO (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007
(2007-2013)
-2013)
em janeiro de 2012)

Gráfico 11.2. Orientação exportadora e taxa de penetração das importações de bens


e de serviços: comparação entre Portugal e UE | 1986 a 2010
100% 120%
do PIB
Em contraste com o
Taxa de cobertura na UE
90%
110% equilíbrio europeu,
Portugal importa
100%
sempre mais do que
80%
exporta. A orientação
90%
exportadora
70% portuguesa não
80%
acompanhou o ritmo
60%
Taxa de cobertura em Portugal 70%
europeu desde 1991,
dilatando o atraso de
60%
3% para 15% do PIB.
50%

50%

40% Orientação exportadora na UE


40%

30%
30%

Orientação exportadora em Portugal


20% 20%
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
2007
1986

1993

2004
1995

1999

2002

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: AMECO (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em janeiro de 2012)

127
Gráfico 11.3. Taxa de cobertura das importações pelas exportações de bens
e de serviços: a posição de Portugal na UE | 1993 e 2010
130%

1993 2010
Apesar do aumento
das exportações 120%

face às importações,
Portugal não
110%
conseguiu sair do
penúltimo lugar da Média UE27 (1993): 104%
Média UE27 (2010): 102%
taxa de cobertura na 100%

UE27, onde apenas


supera a Grécia. 90%

80%

70%

60%

Fonte: AMECO (acedido 50%


EL PT CY RO FR UK ES IT BG PL LV LT SK SI FI BE MT CZ HU AT EE NL DK DE SE IE LU
em janeiro de 2012)

Gráfico 11.4. Peso no PIB das exportações de bens e de serviços: a posição de Portugal
na UE | 1993 e 2010
175%
175%
120%
Portugal é o sétimo 1993 2010

país da UE27 com 110%

menor orientação
100%
exportadora, apesar de
as exportações terem
90%
subido de 23% para
32% do PIB entre 1993 80%

e 2010.
70%

60%

50%
Média UE27 (2010): 47%

40%

30%
Média UE27 (1993): 26%

20%

10%

0%
Fonte: AMECO (acedido
EL ES FR IT UK RO PT
PT PL LV CY FI DE SE DK BG AT LT CZ SI EE NL HU SK IE BE MT LU
em janeiro de 2012)

128
Gráfico 11.5. Exportações per capita de bens e de serviços: a posição de Portugal na UE
| 1993 e 2010
€ 130,000

1993 2010 Portugal é o sexto país


que menos exporta
40,000
per capita, validando a
baixa competitividade
35,000
e a consequente
incapacidade de
30,000
entrada em mercados
estrangeiros.
25,000

20,000

15,000

10,000 Média UE27 (2010): 9.924

5,000
Média UE27 (1993): 3.532

0 Fonte: AMECO (acedido


RO BG PL LV EL PT LT ES IT FR UK HU EE CY CZ SK SI MT FI DE AT SE DK BE NL IE LU
em janeiro de 2012)

Gráfico 11.6. Estrutura do comércio Gráfico 11.7. Saldo intra e extracomunitário


de bens e de serviços em Portugal | 1996 do comércio de bens e de serviços em
a 2010 Portugal | 1996 e 2010
Milhões
de euros
100% 8,000 Os serviços
aumentaram de um
quarto para um terço
4,000
a sua quota no total
80%
das exportações
... não consegue compensar

0
o crescente défice nos bens
portuguesas e
68%
O crescente excedente
nos serviços... multiplicaram por seis
76% o superavit de 1996.
60%
84% 84% -4,000 Este dinamismo não
chegou, contudo, para
atenuar o crónico
-8,000
40%
défice da balança de
mercadorias.
-12,000

20%

32%
-16,000
24%
16% 16%

0% -20,000
1996 2001 2006 2010 1996 2001 2006 2010 1996 2010 1996 2010 1996 2010

Exportações Importações Serviços Bens Bens e serviços


Fonte: Banco de Portugal
Serviços Bens Mundo Intra-UE27 Extra-UE27 (acedido em janeiro de 2012)

129
Gráfico 11.8. Quotas das exportações portuguesas de bens e de serviços | 1995 a 2009
1.6%
Serviços:
A evolução positiva 1.5%
Quota de Portugal
na UE27
dos serviços a partir
1.4%
de 2005 destaca­
‑se da incapacidade 1.3%

de ganho de quota 1.2%


Total:
das exportações Quota de Portugal
1.1% na UE27
portuguesas.
1.0%
Bens:
Quota de Portugal
0.9% na UE27

0.8%
Serviços:
Quota de Portugal
0.7% no mundo

0.6%

Total:
Quota de Portugal
0.5%
no mundo

0.4%

Bens:
0.3% Quota de Portugal
no mundo

0.2%

0.1%

Fonte: Organização Mundial 0.0%


do Comércio (2010) 1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Gráfico 11.9. Peso do comércio intra Gráfico 11.10. Geografia do comércio


e extracomunitário em Portugal | 1996 internacional de bens e de serviços
a 2010 de Portugal | 1996 a 2010
100%
Peso nas exportações portuguesas
São as exportações 30%

que mais têm 25%


Espanha
diversificado destinos 20%

para fora da UE27, 80%


Alemanha
15% França
com destaque para o
10%
volume de trocas com Reino
Unido
5%
Angola que cresce 15% 73%
77% 75%
60% 79% Angola
ao ano desde 1996. 0%
1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Portugal concentra
mais de metade
das suas relações 40%
Peso nas importações portuguesas

comerciais com 30%

Espanha
Espanha, Alemanha, 25%

Reino Unido e França. 20%

20% 15%
Alemanha

27% 25% 10% França


23%
21%
Itália
5%
Reino
Unido
0%
0% 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010
1996 2001 2006 2010 1996 2001 2006 2010
Exportações Importações

Fonte: Banco de Portugal


(acedido em janeiro de 2012) Extra UE Intra UE

130
Gráfico 11.11. Quotas dos principais clientes das exportações portuguesas por grandes
fileiras de atividade | 1986 a 2009
Fileira têxtil e couro Fileira floresta Fileira química

25%
25% 25% O dinamismo das
Alemanha Espanha
vendas a Espanha
20%
20% 20%
retirou protagonismo
França
15%
a clientes como Reino
15% 15%
Unido e Alemanha
10%
Reino 10% 10% na generalidade das
Unido
fileiras industriais
5% 5% 5%
do país.
0% 0% 0%
1986-87 1989-93 1994-99 2000-06 2007-09 1986-87 1989-93 1994-99 2000-06 2007-09 1986-87 1989-93 1994-99 2000-06 2007-09

Fileira elétrica e eletrónica Fileira materiais de construção Fileira automóvel

40% 35% 40%

35% 35%
30%

30% 30%
25%

25% 25%
20%
20% 20%

15%
15% 15%

10%
10% 10%

5% 5% 5%

0% 0% 0%
1986-871989-93 1994-99 2000-06 2007-09 1986-87 1989-93 1994-99 2000-06 2007-09 1986-87 1989-93 1994-99 2000-06 2007-09 Fonte: Chelem (2011)

Gráfico 11.12. Peso na produção das Gráfico 11.13. Quota mundial das
exportações por nível de intensidade exportações portuguesas por nível de
tecnológica em Portugal | 1999 a 2006 intensidade tecnológica | 2000 a 2008

TIC
As atividades mais
80%
1.0% sofisticadas do país,
como TIC e indústrias
Alta tecnologia
de alta e média­‑alta
tecnologia, são as
Média-alta tecnologia 0.8% mais orientadas para
60%
o exterior, embora
as atividades de
menor intensidade
0.6% tecnológica garantam
a Portugal maiores
Indústria total
quotas de mercado a
40%
nível mundial.
Baixa tecnologia 0.4%

Média-baixa tecnologia

20%

0.2%

Energia

0% 0.0%
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Fonte: OCDE (2010)

131
Gráfico 11.14. Exportações industriais por Gráfico 11.15. Contribuição por nível
nível de intensidade tecnológica em de intensidade tecnológica para o saldo
Portugal | 2000 a 2008 comercial industrial em Portugal | 2000
e 2008
É a indústria de média­ 50% 10
ano
2000
‑baixa tecnologia que
ganha protagonismo
8
nas exportações da
indústria portuguesa. 40%

Baixa tecnologia
ano
2008

Média-alta tecnologia
4
30%

ano
2 2008

Média-baixa tecnologia

20%

ano
2008
ano
ano 2000
Alta tecnologia -2 2000

10%
Nota: O gráfico à direita TIC
mostra a contribuição de cada
atividade ou sector para o saldo ano ano
-4 2000 2008
comercial industrial, indicando ano
2008
um valor positivo (negativo) ano
2000
um excedente (défice).
0%
Fonte: OCDE (2010) 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 -6

Conceitos e metodologia

Exportações líquidas Orientação exportadora


Diferença entre exportações e importações. Rácio entre exportações e PIB.

Nomenclatura combinada Taxa de cobertura das importações pelas exportações


Nomenclatura das mercadorias da Comunidade Percentagem do valor da importação de bens que é
Europeia que satisfaz as exigências das coberta pelo valor da exportação de bens. (INE)
estatísticas do comércio internacional (intra
Taxa de penetração das importações
e extracomunitário) e da pauta aduaneira, nos
no mercado interno
termos do artigo 9.º do Tratado que institui a
Rácio entre importações e procura interna
Comunidade Económica Europeia. (INE)
(PIB + importações – exportações).

Para saber mais


Augusto Mateus & Associados (2011) | Relatório CGD sobre o desenvolvimento da economia portuguesa
Eurostat (2010) | Quality report on international trade statistics: methodologies and working papers
Eurostat (2011) | External and intra-EU trade a statistical yearbook: data 1958 – 2010
Eurostat (2010) | European legislation applicable to the statistics relating to the trading to the goods
Mais dados estatísticos disponíveis na

132
12
Viagens e turismo

Com a particularidade de serem efetuadas no próprio território nacional,


os bens e serviços adquiridos pelos turistas estrangeiros são das principais
atividades exportadoras da economia portuguesa.

Portugal nos últimos 25 anos

A evolução da balança turística nacional revela um crescimento do lado do Na evolução da


crédito, que contabiliza os bens e serviços adquiridos pelos turistas estrangeiros balança de viagens
e turismo nacional,
em Portugal, mas sobretudo um crescimento do lado do débito, que contabiliza jogou não só a posição
os bens e serviços adquiridos pelos portugueses no estrangeiro. competitiva do
turismo português,
Esta evolução coincide com a adesão do país à fronteira externa única do
mas também as
Espaço Schengen (1991) e com o estabelecimento do mercado interno enquanto alterações dos
espaço de livre circulação de pessoas, mercadorias, serviços e capitais (1993), hábitos de férias dos
portugueses.
mas sobretudo com a redução drástica da desvalorização cambial da moeda
portuguesa no contexto da preparação para a adesão ao euro (Gráfico 12.1).
O salto das viagens e turismo dos portugueses ao estrangeiro justifica a
redução do saldo da balança de serviços em viagens e turismo, de uma média
de 3,5% entre 1986 e 1991 para uma média de 2,5% de 1992 a 2010.
O impulso sentido no nível de vida das famílias portuguesas terá contribuído
para a democratização das viagens ao estrangeiro em meados da década de 90.
A proporção de portugueses do continente que não gozaram férias caiu
de 80% em 1988 e 1994 para 73% em 1995 e a proporção que invocou os impe-
dimentos financeiros baixou de 69% em 1986 para 54% em 1995. Entre os que
gozaram férias, o estrangeiro aumentou a quota de 8% em 1986 para 9% em
1994 e 15% em 1995.
Foi neste quadro que a internacionalização da procura regrediu (71% das
dormidas hoteleiras em 1986 eram de estrangeiros contra 63% em 2010) e se
diversificou (Gráfico 12.6).

133
Em termos regionais, o Algarve lidera os destinos turísticos de residen-
tes e não residentes e a Madeira é a 11.ª região europeia com maior grau de
internacionalização das dormidas.
Nos últimos 15 anos, foram os Açores que recuperaram atraso na capa-
cidade e internacionalização da atividade turística (Gráfico 12.10).

Portugal no contexto da União Europeia

A relevância que os turistas estrangeiros têm na economia portuguesa fica


patente na comparação com a balança de viagens e turismo da UE27.
Relativizados pelo PIB, os gastos dos turistas estrangeiros em Portugal
têm uma relevância para a economia portuguesa significativamente superior
ao padrão europeu, enquanto a despesa dos turistas nacionais no estrangeiro
se mantém aquém da média europeia (Gráfico 12.2).
Segundo as estimativas para o ano 2010 da Organização Mundial do
Turismo, Portugal é o 11.º Estado-membro da UE27 em termos de quota de
receitas turísticas e o oitavo em termos da relevância económica das receitas
do turismo (Gráfico 12.3).
Em sentido inverso, Portugal é o sexto Estado-membro com menor per-
centagem do PIB em termos de despesas turísticas no estrangeiro (Gráfico
12.4). Os portugueses até gastam acima da média europeia lá fora, mas são dos
que menos saem do país nas férias, só acima da Bulgária e Grécia, Espanha e
Roménia.

Relevância económica do turismo

Segundo o Turismo de Portugal, esta é a principal atividade exportadora


nacional, representando, em 2010, cerca de 14% do total das exportações de
bens e serviços, competindo com as principais fileiras exportadoras nacionais.
Na última década o valor acrescentado da atividade turística rondou os
4% da riqueza gerada no país e os 7% do emprego nacional (Gráfico 12.12).

134
Gráfico 12.1. Balança de viagens e turismo em Portugal | 1986 a 2010
(Quebra de série)

5%
do PIB
O salto dos gastos dos
turistas portugueses
no estrangeiro a
4%
partir de 1993 marca
a evolução da balança
Bens e serviços adquiridos por turistas estrangeiros em Portugal
turística portuguesa
nos últimos 25 anos.
3%

Saldo

2%

Bens e serviços adquiridos por turistas portugueses no estrangeiro


1%

Nota: Os bens e
serviços adquiridos por
turistas estrangeiros em
0% Portugal corresponde
ao crédito e por turistas
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
portugueses no estrangeiro
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 corresponde ao débito.
Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat e AMECO
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em maio de 2012)

Gráfico 12.2. Balança de viagens e turismo: comparação entre Portugal e UE | 1986 a 2010
(Quebra de série) (Quebra de série)

O impacto na
4.5%
do PIB
economia portuguesa
dos gastos dos turistas
estrangeiros é superior
Crédito de Portugal à média europeia.
3.5% A despesa dos
turistas nacionais no
estrangeiro, quando
relativizada pelo PIB,
2.5% mantém­‑se aquém do
padrão europeu.
Crédito da UE

1.5% Débito da UE
Débito de Portugal Nota: O valor dos bens e
serviços adquiridos por turistas
estrangeiros em Portugal
corresponde ao crédito e
por turistas portugueses no
(Quebra de série) (Quebra de série)
estrangeiro corresponde ao
0.5% débito. O conjunto da UE
refere­‑se à UE12 até 1991,
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

à UE15 entre 1992 e 2003 e


UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 à UE27 a partir de 2004.
Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat e AMECO
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em maio de 2012)

135
Gráfico 12.3. Bens e serviços adquiridos por turistas estrangeiros em cada Estado-membro:
a posição de Portugal na UE | 1995 e 2010
20%
do PIB
1995 2010
Em termos da
relevância das
despesas dos turistas
estrangeiros na
economia nacional, 15%

Portugal ascende ao
oitavo lugar na UE27.

10%

Nota: O valor dos bens e


serviços adquiridos por turistas
estrangeiros em cada Estado­
‑membro corresponde ao
5%
crédito na balança de serviços
de cada Estado­‑membro. Valor
inicial não disponível para
Bélgica e referente a 1996 na
Média UE27 (2010): 2,1%
Suécia, existindo uma quebra
de série entre os valores iniciais Média UE27 (1995): 1,9%

e finais dos Estados­‑membros.


Fonte: Eurostat e AMECO 0%
RO DE FI UK NL FR DK IT IE PL BE SE SK LV LT CZ ES HU EL PT AT SI EE BG LU CY MT
(acedido em maio de 2012)

Gráfico 12.4. Bens e serviços adquiridos por turistas de cada Estado-membro


no estrangeiro: a posição de Portugal na UE | 1995 e 2010
8%
do PIB
Portugal é o sexto 1995 2010
Estado­‑membro com
menor importância
no PIB das despesas
realizadas por 6%

turistas nacionais no
estrangeiro.

4%

Nota: O valor dos bens e


serviços adquiridos por
turistas residentes em cada
Estado­‑membro no estrangeiro
corresponde ao débito na
balança de serviços em Média UE27 (2010): 2,0%
2%
viagens e turismo de cada Média UE27 (1995): 1,8%
Estado­‑membro. Valor inicial
não disponível para Bélgica
e referente a 1996 na Suécia,
existindo uma quebra de série
entre os valores iniciais e
finais dos Estados­‑membros.
Fonte: Eurostat e AMECO 0%
EL RO ES IT FR PT FI PL HU CZ LT UK SK DE NL BG SI AT LV SE DK EE IE MT BE CY LU
(acedido em maio de 2012)

136
Gráfico 12.5. Evolução do número Gráfico 12.6. Nacionalidades dos hóspedes
de camas e de emprego em alojamento dos estabelecimentos hoteleiros
e restauração: comparação entre Portugal em Portugal | 1995 e 2010
e UE | 1995 a 2010
200
1995

A oferta hoteleira
US
3% Outros cresceu em Portugal
13%
Emprego na UE27
NL
3%
a um ritmo mais
180
IT
PT
acelerado do que
4%
FR
43%
na UE27, acolhendo
4%
ES cada vez mais turistas
8%
Emprego em Portugal
nacionais e espanhóis.
160 UK
11% DE
11%

2010
140

Outros
US
15%
2%
NL
3%
Camas em Portugal
IT
3%
120 PT Notas: Evolução com índice
FR
4% 50% base 100=1995. Quebra
Emprego na UE15
Camas na UE27 DE de série no emprego em
5% alojamento e restauração
UK em 2007. US corresponde a
8% Estados Unidos da América.
ES
100 10% Fonte: Eurostat (acedido
1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 em maio de 2012)

Gráfico 12.7. Variação do número Gráfico 12.8. Variação do número


de dormidas por NUTS II | 1996 a 2010 de camas por NUTS II | 1996 a 2010
140% 140%

120% 120%
Madeira, Algarve e
100% 100%
Lisboa são as regiões
turísticas mais
80%
140% 80%
140%
internacionalizadas do
60%
120% 60%
120%
país, destacando­‑se o
40%
100% 40%
100%
Média PT: 34% Média PT: 33% dinamismo da região
20% 20%
80% 80%
dos Açores.
0%
60% 0%
60%
Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Madeira Açores Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Madeira Açores

40% 40%
Média PT: 34% Média PT: 33%

20% 20%

Gráfico 12.9. Variação do grau


25
0%
Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Madeira Açores
Gráfico 12.10. Grau de internacionalização
0%
Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Madeira Açores
80%
de internacionalização das dormidas
20 das dormidas por NUTS II | 2010
por NUTS II | 1996 a 2010
15 60%
Média PT: 63%

10
25 80%
5 40%
20
0

15 Média PT: 63%


60%
-5 20%
10 Média PT: - 8 pontos percentuais
-10
5 40%
-15 0%
Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Madeira Açores Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Madeira Açores
0

-5 20%
Média PT: - 8 pontos percentuais
-10

-15 0% Fonte: Eurostat (acedido


Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Madeira Açores Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Madeira Açores
em maio de 2012)

137
Gráfico 12.11. Consumo e emprego dos principais produtos e atividades turísticas
em Portugal | 2000 a 2008
milhões de euros 450,000de
número
de consumo empregos
Restauração e bebidas 12,000 Alojamento
400,000
respondem por
milhões de euros 450,000de
número
metade do emprego de consumo
10,000 350,000
empregos
Alojamento
turístico em Portugal, 12,000
Restauração e bebidas 400,000
300,000
partilhando com 8,000

o alojamento e o 10,000 350,000


250,000

transporte a maioria Restauração e bebidas


Transporte de
300,000
6,000 passageiros
200,000
do consumo turístico 8,000

no país. 250,000
150,000
4,000 Transporte de
6,000 Agências de viagens e
passageiros
operadores turísticos 200,000
100,000

2,000
150,000
4,000 50,000
Agências de viagens e
Serviços culturais,
operadores turísticos
de recreação e lazer 100,000
0 0

2,000 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
50,000

Serviços culturais,
de recreação e lazer 0
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
9% Gráfico 12.12. Contribuição da atividade turística para o emprego e o valor
Peso no emprego
8%
acrescentado bruto gerado em Portugal | 2000 a 2010
7%

6%
9%

5% Peso
Peso nono VAB
emprego
8%

4%
7%

Notas: A rubrica transporte 3%


6%
de passageiros inclui o 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
5% Peso no VAB
aluguer de veículos.
4%
Fonte: INE (acedido em
maio de 2012) e Turismo 3%

de Portugal (2011) 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

138
Conceitos e metodologia

Formação bruta de capital fixo bem como prendas e os outros objetos adquiridos
Na ótica turística, inclui o investimento em na economia visitada e levados para a economia de
construções e máquinas de equipamentos residência, para uso próprio. Incluem-se as despesas
turísticos. (Turismo de Portugal) efetuadas por trabalhadores de fronteira e sazonais
ou estudantes e doentes durante a sua estada na
Valor acrescentado gerado pelo turismo
economia visitada, ainda que por períodos superiores
Parcela do VAB que é gerada na prestação de
a 12 meses. Excluem-se o transporte internacional
serviços aos visitantes em Portugal, sejam residentes
em geral e as compras e vendas realizadas por
no país ou não. Este valor pode ser considerado
visitantes em nome da empresa que representam
como a contribuição da atividade turística para
quando realizam viagens de caráter profissional.
o VAB da economia. (Turismo de Portugal)
Esta rubrica regista a crédito o valor dos bens e
Viagens e turismo serviços adquiridos por visitantes não residentes
Rubrica da balança de pagamentos, que engloba durante as suas deslocações a Portugal e, a débito,
todos os bens e serviços adquiridos por um visitante o valor dos bens e serviços adquiridos por residentes
a título de viagens realizadas, quer de natureza em Portugal durante as suas visitas a outro(s)
privada quer profissional, para seu uso ou a pedido país(es). (Turismo de Portugal com base em FMI).
de outros, para consumo na própria economia No caso nacional, é registado a crédito o
visitada ou na de residência, fornecidos com valor correspondente à aquisição pelos turistas
contrapartida financeira ou simplesmente oferecidos. não residentes de bens e serviços turísticos em
Incluem-se nesta rubrica bens e serviços como o Portugal e a débito o valor correspondente à
alojamento, a alimentação e bebidas, as diversões e aquisição pelos turistas residentes em Portugal
os transportes dentro da(s) economia(s) visitada(s), de bens e serviços turísticos no estrangeiro.

Para saber mais


Organização Mundial do Turismo (2012) | UNWTO World tourism barometer
INE (1989 | 1996) | Inquérito às férias
Turismo de Portugal (2011) | Evolução do contributo do turismo para a economia portuguesa

139
13
Transferências comunitárias

As relações financeiras entre Portugal e a União Europeia são usualmente


associadas aos fundos comunitários que Portugal recebe. Mas elas fazem-
-se nos dois sentidos: por um lado, Portugal recebe verbas do orçamento da
União Europeia para financiamento de intervenções em território nacional
e, por outro, o Estado português contribui para o orçamento comunitário.

Portugal nos últimos 25 anos

Os fluxos financeiros entre Portugal e a União Europeia têm vindo a ser As transferências
reforçados, quer no que respeita ao volume de receitas provenientes dos cofres financeiras que
Portugal recebe
comunitários, quer no que concerne à contribuição portuguesa para o orça- da União Europeia
mento comunitário. Contudo, a diferença entre o que Portugal recebe e o que têm superado
as contribuições
Portugal paga, o chamado saldo líquido das transferências, tende a diminuir
portuguesas para
nos últimos anos (Gráfico 13.1). o orçamento
O volume de pagamentos tem evoluído de forma regular, ao passo que os comunitário ao longo
dos últimos 25 anos.
recebimentos estão relacionados com os ciclos de programação e de aplicação
dos financiamentos comunitários, que abrangem cerca de seis a sete anos.
A dinâmica do investimento das administrações públicas tem acompanhado
a evolução das verbas recebidas da União Europeia para investimentos desti-
nados a reduzir a disparidade de desenvolvimento entre as regiões.

Portugal no contexto da União Europeia

O posicionamento relativo de Portugal face aos restantes países da coe-


são tem variado ao longo dos vários períodos de programação comunitária
(Gráfico 13.2). O saldo líquido das transferências entre Portugal e a União
Europeia:

141
• acompanhou a tendência observada no conjunto dos países da coesão
até ao ano 2000;
• tem sido relativamente menos favorável para Portugal quando compa-
rado com o conjunto dos países da coesão a partir de 2001, em particular
no ano de alargamento da União Europeia a 25 Estados-membros (2004).

Desde a sua adesão, Portugal tem sido um dos beneficiários líquidos das
transferências comunitárias. No período 2007-2010, a diferença entre o volume
de recebimentos e de pagamentos do país só é superado pela Polónia, Grécia
e Espanha. Em posição oposta, Alemanha, França e Itália surgem como os
principais contribuintes para o orçamento comunitário (Gráfico 13.3).
Importa salientar que a análise dos fluxos financeiros que se estabelecem
entre a União Europeia e cada Estado-membro se apresenta como um simples
exercício contabilístico sobre os custos e proveitos financeiros que cada Estado-
membro deriva da União, não tendo em conta os restantes benefícios que advêm
das políticas europeias e da pertença a um espaço mais alargado, como sejam o
mercado interno, a integração económica, a estabilidade política e a segurança.

Fluxos financeiros numa ótica plurianual

A análise por período de programação comunitária revela que a contribuição


de Portugal para o orçamento comunitário tem crescido em volume, equiva-
lendo, em média, a cerca de 1% do PIB nacional (Gráfico 13.4).
Nos pagamentos à União Europeia, destaca-se a queda do peso do recurso
IVA e dos designados “recursos próprios tradicionais”, que incluem direitos
aduaneiros e recursos agrícolas. Inversamente, tem aumentado o peso do cha-
mado “recurso RNB”, calculado segundo uma taxa sobre o rendimento nacional
bruto e que é visto como o recurso que equilibra o orçamento comunitário
(Gráfico 13.4 e Gráfico 13.5).
Os recebimentos da União Europeia correspondem, em média, a cerca
de 3% do PIB nacional. As transferências de fundos comunitários represen-
tam a grande maioria das verbas recebidas, com destaque para as destinadas
a investimentos em infraestruturas e investimento empresarial e à melhoria
das condições de produção e comercialização dos produtos agrícolas (Gráfico
13.6 e Gráfico 13.7).

142
Gráfico 13.1. Transferências financeiras entre Portugal e a UE | 1986 a 2010
Milhões
de euros

5,000 3.5%
do PIB
As transferências
financeiras têm
aumentado em ambos
3.0%
os sentidos, mas a
4,000
diferença entre o que
2.5% Portugal recebe e
paga à União Europeia
3,000 diminuiu nos últimos
2.0%
anos.
Saldo líquido

Recebimentos 1.5%
2,000

Pagamentos 1.0%

1,000

0.5%

0 0.0%
1995

2002
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO Fonte: Banco de Portugal
e AMECO (acedido em
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
dezembro de 2011)

Gráfico 13.2. Saldo líquido das transferências com a UE: comparação entre Portugal
e países da coesão | 1992 a 2010
4.0%
do PIB
A partir de 2000,
3.5%
e em particular após
o Alargamento a 25
Estados­‑membros,
3.0%

Portugal
o saldo entre o que
Portugal recebe e
2.5%
paga à União Europeia
situou­‑se, em geral,
2.0% abaixo da média dos
Países da
coesão
países da coesão.
1.5%

1.0%

0.5%

0.0%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
1986

1995

1999

2002

2007
1993

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 Fonte: Comissão Europeia
Interno Única do EURO
e AMECO (acedido em
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
dezembro de 2011)

143
Gráfico 13.3. Saldo operacional: a posição de Portugal na UE | 2007 a 2010
Milhões
de euros

Portugal é dos 40,000 5.0%


do RNB
Saldo operacional do Estado-membro 2007-2010
principais beneficiários
Saldo operacional do Estado-membro 2007-2010 em percentagem do RNB
das transferências 4.0%
30,000
comunitárias no período
2007­‑2010. 3.0%

20,000

2.0%

10,000
1.0%

0 0.0%

-1.0%
-10,000

Notas: O saldo operacional


corresponde ao saldo líquido -2.0%
de transferências com a
-20,000
União Europeia, calculado
segundo a metodologia -3.0%
específica dos relatórios
financeiros anuais da Comissão
-30,000
Europeia para o apuramento -4.0%
do saldo orçamental dos
Estados­‑membros.
Fonte: Comissão Europeia -40,000 -5.0%
(2011) | EU budget 2010: DE FR IT UK NL BE SE DK AT FI LU CY MT SI EE IE LV BG SK LT RO CZ HU PT
PT ES EL PL
financial report

Gráfico 13.4. Pagamentos de Portugal Gráfico 13.5. Estrutura de pagamentos


à UE | 1989 a 2010 de Portugal à UE | 1989 a 2010
Milhões
de euros 100%
3%
A contribuição 12,000 1.4%
do PIB 11%
financeira de Portugal 15%
10%

para o orçamento 11,000


27%
9.884 9% 8%
comunitário mantém­ 1,1% do PIB milhões de 1.2%
80% 4%
euros
‑se em torno de 1% do 10,000
1,0% do PIB
PIB, acompanhando a 1,0% do PIB 5%
1.0%
evolução da economia, 9,000
30%
0,9% do PIB
e provém cada vez 60%
16%
8,000
mais da taxa aplicada 6.858
7.060
milhões de 0.8%
55%
euros
sobre o rendimento milhões de
euros 64%
7,000
nacional bruto.
40%
0.6%
6,000

Notas: O período 2007­‑2010


não abrange a totalidade do 5,000 51%
0.4% 48%
período de vigência do QREN
(2007­‑2013). Por correção de 20%
desequilíbrios orçamentais 4,000
3.077
entende­‑se a compensação milhões de 25%
concedida a um Estado­ euros 0.2%
15%
‑membro, que na prática se 3,000
traduz num “desconto” na sua
contribuição para o orçamento 0%

comunitária a repartir pelos 1989-1993 1994-1999 2000-2006 2007-2010


2,000 0.0%
restantes Estados­‑membros. 1989-1993 1994-1999 2000-2006 2007-2010
Outros pagamentos
Direitos aduaneiros e recursos agrícolas
Fonte: Banco de Portugal Total de pagamentos no período de programação (eixo esquerdo) Correções de desequilíbrios orçamentais
e AMECO (acedido em Total de pagamentos no período em percentagem do PIB (eixo direito) Recurso RNB
dezembro de 2011) Recurso IVA

144
Gráfico 13.6. Recebimentos da UE Gráfico 13.7. Estrutura dos recebimentos
em Portugal | 1989 a 2010 da UE em Portugal | 1989 a 2010
Milhões
de euros 100%
6% 4% 6%
30,000 4.0% 8% Os recebimentos
26.489 do PIB 8%
3,6% do PIB milhões de
euros 11% 11%
da União Europeia
3.5%
correspondem, em
25,000
21.779
80% média, a cerca de 3%
27%
milhões de
euros
29% do PIB português,
3.0%

2,7% do PIB
27%
31% sobretudo para
2,6% do PIB
20,000 investimentos
60%
2,4% do PIB 2.5% de natureza estrutural.
19%
17%
15%
15,000 16.054 2.0%
milhões de 17%
euros 40%
9.437
milhões de 1.5%
euros
10,000

Notas: O período 2007­‑2010


1.0%
45%
42% 43% não abrange a totalidade
20%
35%
do período de vigência do
QREN (2007­‑2013). No
5,000
gráfico da direita é seguida a
0.5% nomenclatura utilizada pelo
Banco de Portugal, agregando
no FEOGA (Fundo Europeu
0%
1989-1993 1994-1999 2000-2006 2007-2010
de Orientação e Garantia
0 0.0%
Agrícola), as vertentes
1989-1993 1994-1999 2000-2006 2007-2010
garantia e orientação.
FEDER FSE FEOGA Fundo de Coesão Outros recebimentos
Total de recebimentos no período de programação (eixo esquerdo) Fonte: Banco de Portugal
Total de recebimentos no período em percentagem do PIB (eixo direito) e AMECO (acedido em
dezembro de 2011)

Gráfico 13.8. Fundos estruturais e de coesão e formação bruta de capital fixo


em Portugal | 1995 a 2009
25%
do PIB
O esforço de
investimento em
Portugal tem sido
20%
efetuado pelo sector
empresarial, com o
investimento público
a acompanhar mais
Formação bruta de capital fixo total excluindo habitação
de perto a tendência
15%
dos recebimentos de
fundos estruturais.

10%

5%
Formação bruta de capital fixo das administrações públicas

Fundos Estruturais e de coesão

0% Fonte: INE e AMECO (acedido


1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 em dezembro de 2011)

145
Conceitos e metodologia

Fundos estruturais em Portugal os Quadros Comunitários de Apoio


Instrumentos financeiros da política regional (QCA) I (1989-1993), II (1994-1999) e III (2000
da União Europeia que têm por objetivo -2006) e o Quadro de Referência Estratégico
reduzir a disparidade entre os níveis de Nacional (QREN), a vigorar entre 2007 e 2013.
desenvolvimento das diversas regiões e o atraso
Recursos próprios da UE
das regiões e das ilhas menos favorecidas,
Meios de financiamento que não requerem decisão
incluindo as zonas rurais, com vista a reforçar
posterior por parte das autoridades nacionais para
a sua coesão económica, social e territorial.
serem alocados ao orçamento comunitário:
Países da coesão • Recursos próprios tradicionais, montante dos
Conjunto de países elegíveis ao Fundo de direitos aduaneiros obtidos nas fronteiras externas
coesão, com um rendimento nacional bruto por da União Europeia sobre as importações e dos
habitante inferior a 90% da média comunitária: direitos aduaneiros e das quotizações cobradas sobre
• No período 1992-2003: Portugal, a produção de açúcar no interior da comunidade
Espanha, Grécia e Irlanda (aqui designados (os chamados recursos de origem agrícola);
parceiros iniciais da coesão); • Recurso IVA, montante que resulta da
• No período 2004-2006: Portugal, Espanha, aplicação de uma taxa uniforme sobre a matéria
Grécia, República Checa, Estónia, Chipre, coletável do IVA de cada Estado-membro;
Letónia, Lituânia, Hungria, Malta, • Recurso RNB, montante que resulta da aplicação
Polónia, Eslovénia e Eslováquia; de uma taxa fixada anualmente sobre o rendimento
• No período 2007-2010: Portugal, Grécia, nacional bruto dos Estados-membros. Esta taxa é
República Checa, Estónia, Chipre, Letónia, determinada de forma a equilibrar o orçamento
Lituânia, Hungria, Malta, Polónia, Eslovénia, da UE, ou seja, a recolher o montante necessário
Eslováquia, Bulgária e Roménia. Espanha é, para igualar as receitas às despesas comunitárias.
neste período, elegível a título transitório.
Saldo líquido das transferências comunitárias
Períodos de programação comunitária Diferença entre o volume de recebimentos da
A atribuição de fundos pela União Europeia e União Europeia e o volume de pagamentos
a sua aplicação pelos Estados-membros é feita efetuados para o orçamento comunitário.
numa base plurianual, tendo vigorado até à data

Para saber mais


Portal da União Europeia | Orçamento
Portal do Quadro de Referência Estratégico Nacional
Comissão Europeia | EU budget: financial reports
Banco de Portugal | Relatórios do Conselho de Administração

146
14
Investimento estrangeiro
O investimento direto constitui uma estratégia fundamental no processo de
internacionalização das empresas. A sua importância é fulcral para as econo-
mias, quer pelos efeitos diretos de aplicação de capital estrangeiro em projetos
nacionais, quer pelos efeitos indiretos da partilha de tecnologia e de conheci-
mento no fomento da inovação, do desenvolvimento tecnológico e do capital
humano, da facilitação de acesso a financiamento e ainda pela integração em
cadeias de produção e de distribuição globais.
A dinamização do investimento em sectores transacionáveis assume
prioridade para Portugal, tendo em conta o potencial de crescimento de pro-
dutividade, emprego e exportações que induz.

Portugal nos últimos 25 anos

Nos últimos 25 anos, o investimento direto realizado por Portugal no exterior A diferença entre o
ou realizado por outros países em Portugal destaca-se como um fenómeno investimento que
entra e que sai de
oscilatório e cíclico, com tendência de aproximação (Gráfico 14.1 e Gráfico Portugal revela a
14.2). passagem de um país
captador a investidor
A análise dos fluxos em ambos os sentidos permite identificar três ciclos
no final dos anos 90.
distintos, em conformidade com a evolução da conjuntura económica a nível Mas a tendência da
mundial, europeia e nacional: última década foi de
declínio dos fluxos em
• o primeiro ciclo, entre 1986 e 1995, é marcado pelo predomínio do ambos os sentidos.
investimento direto estrangeiro em Portugal e pela estagnação do inves-
timento direto realizado por Portugal no exterior;
• o segundo ciclo, entre 1996 e 2001, reforça uma tendência de acelera-
ção e reequilíbrio entre ambos os fluxos, com os fluxos de investimento
direto do país no estrangeiro a superarem os do exterior em Portugal
pela primeira vez em 1998;
• o terceiro ciclo, entre 2002 e 2010, demonstra um declínio considerável
dos fluxos de investimento, exibindo o investimento direto de Portugal
no exterior o recuo mais significativo (Gráfico 14.1 e Gráfico 14.4).

147
Portugal no contexto da União Europeia

A análise destes fluxos permite identificar duas faces da Europa. Por um lado,
destaca-se uma Europa mais resiliente e aberta a países com capacidade de
investir ou com PIB de expressão reduzida, onde os fluxos de investimento
médio superam 5% do PIB. Por outro lado, destaca-se uma Europa com perda
progressiva de capacidade de investimento e de atração de investimento estran-
geiro, onde se inclui Portugal (Gráfico 14.3).
O saldo entre a entrada e saída de investimento direto em Portugal,
quando medido em percentagem do PIB, tem sido superior à média europeia,
com exceção do ano 2004 (Gráfico 14.2). Contudo, os fluxos de investimento
direto português no exterior e de investimento direto estrangeiro em Portugal
são inferiores ao padrão europeu (Gráfico 14.4 e Gráfico 14.6).
Portugal é o país da UE27 que, em média, menos investiu no período
2008-2010, acompanhado da Roménia, Letónia e Eslováquia (Gráfico 14.6).

Dimensão sectorial e geográfica do IDE

O facto de o investimento direto das empresas portuguesas no exterior, prin-


cipalmente o das grandes empresas, ser frequentemente realizada através de
sociedades gestoras de participações sociais (SGPS) introduz distorções na
análise geográfica e sectorial do investimento direto.
Esta análise deve ser efetuada com precaução, pois os dados disponíveis
podem não traduzir o verdadeiro sector ou território que é destino final de
aplicação dos fundos.
Tendo em conta estas limitações, verifica-se o relevo do investimento
direto no sector dos serviços, em particular, nas atividades financeiras e de
consultoria, científicas, técnicas e similares, a preferência pelo investimento
no espaço europeu e o predomínio da Espanha e da Holanda como princi-
pais origens do investimento direto estrangeiro em Portugal (Gráfico 14.8 a
Gráfico 14.9).

148
Gráfico 14.1. Fluxos líquidos de investimento direto em Portugal | 1986 a 2010
8%
do PIB
Até 1995, o
investimento direto
6% estrangeiro em
Investimento direto Portugal ultrapassava
estrangeiro em Portugal
o investimento
4% realizado por Portugal
lá fora, diferença
que em 1990 chegou
2%
a 4% do PIB. Já em
1998, o investimento
português no
estrangeiro
0%
ultrapassou pela
Investimento direto primeira vez o
de Portugal no estrangeiro
recebido por Portugal.
-2%

Nota: Os valores negativos


do investimento direto
-4% estrangeiro de Portugal no
exterior em 2009 e em 2010
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
resultam de fortes movimentos
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 de desinvestimento registados.
Interno Única do EURO
Fonte: Cnuced (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em dezembro de 2011)

Gráfico 14.2. Saldo dos fluxos de investimento direto: comparação entre Portugal
e UE | 1986 a 2010
5%

do PIB
O saldo entre o que
4% Portugal investe lá
fora e o que o exterior
3% investe em Portugal
é sistematicamente
2%
superior à média
europeia.
1% Portugal

0%

-1%

-2%

UE

-3%

Notas: O saldo dos fluxos de


investimento direto calcula­‑se
-4% pela diferença entre os fluxos
de entrada de investimento
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

(IDE) e os fluxos de saída


UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 de investimento (IDPE).
Interno Única do EURO
Fonte: Cnuced (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em dezembro de 2011)

149
Gráfico 14.3. Saldo dos fluxos de investimento direto: a posição de Portugal
na UE | 1998/2000 e 2008/2010
15%
do PIB 1998-2000 2008-2010
Todos os países do
Alargamento recebem
mais investimento do
que aquele que aplicam 10%

no estrangeiro. No caso
português, a melhoria
deste saldo deve­‑se mais
à queda do investimento 5%

português no exterior
do que ao aumento do
investimento estrangeiro
em Portugal. 0%

Média UE27 (08-10): -1,1%


Notas: A média europeia em Média UE27 (98-00): -1,8%
1998/2000 não considera a
Luxemburgo. O saldo dos fluxos -5%
de investimento direto no PIB
calcula­‑se com base na seguinte
fórmula: (entrada de investimento
no ano x – saída de investimento
no ano x) /PIB no ano x.
-10%
Fonte: Cnuced (acedido
NL IE SE FR FI AT DK DE IT UK ES SI EL HU SK CZ PL CY LT LV PT
PT BE EE RO LU MT BG
em dezembro de 2011)

Gráfico 14.4. Fluxos líquidos de investimento direto: comparação entre Portugal e UE


| 1986 a 2010
10%
do PIB
Comparativamente Saída da UE
à média europeia,
8%
Portugal apresenta
Entrada na UE
fluxos de investimento
mais oscilatórios e entra 6%
mais investimento do
que aquele que sai.
4%

Entrada em Portugal

2%

0%
Saída de Portugal

-2%

Notas: A evolução do ano


de 2010 é condicionada -4%
pela venda de uma posição
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1993

1995

1999

2002

2004

internacional por parte de uma


grande empresa portuguesa. UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO
Fonte: Cnuced (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em dezembro de 2011)

150
Gráfico 14.5. Saída de fluxos líquidos de investimento direto: a posição de Portugal
na UE | 1998/2000 e 2008/10
25% 32% 29%
do PIB 1998-2000 2008-2010
Portugal tornou­‑se
20%
o país da UE27 com
15% menor saída de fluxos
de investimento.
25% 32% 29%
10%
do PIB 1998-2000 2008-2010 Todos os países
Média UE27 (98-00): 7%
20% do Alargamento
5%

Média UE27 (08-10): 3% ultrapassam Portugal


15%
0% na captação de
investimento direto
10%
-5%
Média
PT UE27 (98-00):
RO LV SK 7%LT BG EL PL SI CZ IT HU MT ES DK DE FI UK AT FR EE NL SE IE BE CY LU
estrangeiro.
5%

Média UE27 (08-10): 3%

0% 37%
25%
31%
do PIB 1998-2000 2008-2010

-5%
20% Gráfico 14.6.
PT RO LV SK Entrada
LT BG ELdePLfluxos
SI CZlíquidos
IT HU de
MT investimento
ES DK DE FI direto:
UK AT a posição
FR EE NL de IEPortugal
SE BE CY LU

na UE | 1998/2000 e 2008/10
15%
25% 37%
31%
do PIB 1998-2000 2008-2010

10%
20%

Média UE27 (98-00): 6%


5%
15%
Média UE27
Média UE27 (08-10):
(2010): 2%
2%
0%
10% IT DK FI DE NL EL PT
PT SI FR AT SK LV LT ES PL CZ HU UK SE RO IE EE BG MT BE CY LU

Média UE27 (98-00): 6%


5%

Média UE27
Média UE27 (08-10):
(2010): 2%
2%
0%
IT DK FI DE NL EL PT SI FR AT SK LV LT ES PL CZ HU UK SE RO IE EE BG MT BE CY LU Fonte: Cnuced (acedido
PT
em dezembro de 2011)

Gráfico 14.7. Investimento direto líquido acumulado em Portugal | 1986 a 2010


50%
do PIB
Entrada de investimento direto em Portugal acumulado A soma de todo o
Saída de investimento direto de Portugal acumulada
investimento direto
40% desde 1986 mostra
que por cada cinco
euros que Portugal
30% investiu no exterior
nos últimos 25 anos, o
exterior investiu nove
20% euros em Portugal.

10%

0%
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: Cnuced (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em dezembro de 2011)

151
Gráfico 14.8. Destinos do investimento Gráfico 14.9. Origem do investimento
direto português | 1998/2000 e 2007/09 direto em Portugal | 1998/2000 e 2007/09
RM RM
3% 3%
Na base da afirmação
de praças financeiras Resto do
Mundo
Resto do
Mundo
NL 26% NL 26% Resto Resto
ES 23% ES 23%
da Europa da Europa
28% 28%
como plataformas 24% 24%

de intermediação de Média Média Média Média


2007-2009 2007-2009
investimentos, está a $ 46 mil milhões $ 46 mil milhões
2007-2009
$ 76 mil milhões
2007-2009
$ 76 mil milhões

crescente associação LU 7% LU 7%
NL 19% NL 19%
Resto da Resto da ES 16% ES 16%
entre investimento Europa Europa
15% 15% UK 10% UK 10%
direto produtivo e CA 14% CA 14%
AO BR DK 7% AO BR DK 7%
investimento financeiro, 3% 5% 3% 5%

como é o caso da
Holanda e do Reino Resto Resto Resto Resto
do Mundo
o do Mundo
o do Mundo do Mundo
Unido. 9% 9% 9% 9%
NL 22% NL 22%
Resto Resto
da Europa da Europa
13% 13% Resto Resto
da Europa da Europa
20% 20%
BR 46% BR 46%
EG 3% EG 3%
Média Média Média Média
1998-2000 1998-2000 1998-2000 1998-2000
IE 5% $ 14 mil IE
milhões
5% $ 14 mil milhões $ 29 mil milhões $ 29 mil milhões

ES 17% ES 17%
NL 6% NL 6% DE 10% DE 10%

ES 18% ES 18% UK 10% FR 12% UK 10% FR 12%


Fonte: Banco de Portugal
(acedido em dezembro de 2011)

152
Conceitos e metodologia

Investimento direto Saldo dos fluxos de investimento direto no PIB


Todo o investimento de uma entidade residente Representa a diferença entre o investimento
numa economia com o objetivo de obter um interesse direto do exterior e o investimento direto do país
duradouro numa empresa residente em outra no exterior em percentagem do respetivo PIB.
economia. Entendendo-se por interesse duradouro
SGPS
a existência de uma relação de longo prazo entre o
As sociedades gestoras de participações sociais,
investidor e a empresa e um significativo grau de
adiante designadas abreviadamente por SGPS,
influência do investidor na sua gestão, onde por
têm por único objeto contratual a gestão de
convenção se considera no mínimo uma posição
participações sociais de outras sociedades,
de 10% do capital ou do direito de voto. (INE)
como forma indireta de exercício de atividades
Os dados sobre os fluxos de investimento
económicas. (Ministério das Finanças)
direto estão apresentados numa base líquida, isto
O facto de o investimento direto das empresas
é, créditos de operações de capital menos débitos
portuguesas no exterior, principalmente o das grandes
entre os investidores diretos e as suas filiais
empresas, ser frequentemente realizada através de
estrangeiras (FMI). Uma diminuição líquida do ativo
SGPS introduz distorções na análise geográfica e
ou um aumento líquido do passivo são registados
sectorial do investimento direto. Por exemplo, ao ser
como créditos (com sinal positivo na balança de
classificado nas atividades económicas do sector dos
pagamentos), enquanto o aumento líquido nos ativos
serviços, particularmente nas atividades financeiras e
ou diminuições líquidas nos passivos são registadas
seguros, pode significar investimento na “indústria”,
como débitos (com sinal negativo na balança de
a “produção, distribuição de eletricidade e água”,
pagamentos). Os fluxos de investimento direto
os “transportes e comunicações”, entre outros.
com um sinal negativo indicam que pelo menos
uma das três componentes (capital próprio, lucros Stock de investimento direto
reinvestidos ou empréstimos intraempresa) é negativo Considera o acumulado dos fluxos
e não é compensado pelos montantes das restantes de investimento direto.
componentes, sendo exemplos de desinvestimento.

Para saber mais


Cnuced (2011) | World investment report 2011
Calderon, C. e Didier, T. (2009) | Will FDI be resilient in this crisis?, World Bank Publishing
CMCG Working group on FDI in emerging market countries (2003) | Foreign direct investment in emerging
market countries
Mais dados estatísticos disponíveis na

153
15
Balança externa

O modelo de crescimento da economia portuguesa carateriza-se por um grave


desequilíbrio entre procura interna e produção nacional. No financiamento
do crónico défice externo com recurso a poupanças do resto do mundo está
a insustentabilidade do endividamento externo.
Para compreender a dimensão e as consequências desta dinâmica, que está na
génese da atual crise, é essencial alargar e aprofundar a análise das relações
económicas de Portugal com o exterior.

Portugal nos últimos 25 anos

O estabelecimento do Mercado Interno em 1993 e todo o processo de conver- O persistente défice


gência de política monetária e cambial na preparação da moeda única são externo resulta de
Portugal importar
marcos fundamentais na compreensão deste fenómeno. O saldo da balança mais do que exporta,
corrente agravou-se desde 1995, atingindo um máximo de 12,6% do PIB em de menores remessas
de emigrantes e de
2008 (Gráfico 15.1).
maiores pagamentos
Esta dinâmica é explicada por três fatores: Portugal importa mais do que de juros e dividendos
exporta, diminuíram as remessas de emigrantes e aumentaram os pagamentos ao exterior.

de juros e dividendos a não residentes, resultado do crescente passivo externo.


O persistente défice externo corrente é parcialmente corrigido por
transferências de capital (fundos estruturais comunitários). Contudo, não
deixa de originar uma acentuada necessidade de financiamento externo
e de justificar o aumento exponencial dos passivos face a não residentes
(dívida externa). A posição líquida de investimento internacional registou
mesmo responsabilidades líquidas acima de 100% do PIB nos últimos dois
anos (Gráfico 15.8).

155
Portugal no contexto da União Europeia

No cômputo geral, a União Europeia apresenta um relativo equilíbrio das con-


tas externas ao longo dos últimos 25 anos, embora seja visível uma profunda
tendência de divergência entre os Estados-membros (Gráfico 15.2).
Para uma balança corrente europeia próxima do equilíbrio em 2010,
concorreram valores nacionais oscilantes entre o excedente de 8% do PIB do
Luxemburgo e o défice de -12% do PIB no Chipre.
Neste capítulo, Portugal encontra-se entre os Estados-membros com
défice externo mais pronunciado. De modo geral, os Estados-membros do
Sul e do Leste apresentam os défices mais expressivos, enquanto os do Norte
europeu apresentam uma situação mais saudável (Gráfico 15.3).

Bens e serviços, rendimentos e remessas

Numa análise mais pormenorizada, verifica-se que o défice da balança de


bens e serviços agravou-se substancialmente até 2000, ano em que registou
um défice superior a 11% do PIB (Gráfico 15.4). Esta balança apresenta um
comportamento vincadamente contracíclico, com diminuição do défice nos
períodos de crise (1984/5, 1992/3, 2002/3 e 2009).
A balança de rendimentos apresentou uma certa estabilidade até 1995,
mas agravou-se até um défice de 5,2% em 2009. Além dos juros relativos a
empréstimos e títulos de dívida pública detidos por não residentes, uma das
rubricas que ajuda a explicar esta deterioração é o pagamento de dividendos,
repatriação de lucros e outras remunerações a investidores internacionais
(Gráfico 15.5).
Outro dos fenómenos negativos é a quebra do financiamento indireto
destes défices a partir de transferências correntes, sobretudo remessas dos
emigrantes portugueses, que desde 1993 caíram acentuadamente, passando
de cerca de 7% do PIB para valores um pouco acima de 1% no final da última
década.
A geografia das remessas também se alterou, com Angola, depois da França
e da Suíça, a afirmar-se como origem das remessas de emigrantes. Já quanto aos
destinos das remessas de imigrantes, o Brasil ascende como principal destino
e confirma-se o elevado peso de países como Ucrânia e Roménia ou o recente
surgimento da China (Gráfico 15.7).

156
Gráfico 15.1. Balança corrente em Portugal | 1986 a 2010
8%
do PIB Balança de transferências correntes
As decrescentes
6%
transferências
4% correntes não
compensam o défice
2%
Balança de rendimentos
de bens e serviços.
A maior saída de
0%

Balança corrente
juros, dividendos
-2% e lucros veio
deteriorar a balança
-4%
de rendimentos
-6%
e acentuar o
desequilíbrio externo
-8% de Portugal.
Balança de bens e serviços
-10%

-12%

-14%
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO
Fonte: FMI e Banco Mundial
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em janeiro de 2012)

Gráfico 15.2. Balança corrente: comparação entre Portugal e UE | 1986 a 2010


4%
do PIB
A divergência de
2% Portugal face ao
padrão de equilíbrio
0% externo europeu
UE27 acentuou­‑se a partir
-2% de 1995, tendência
que Portugal só
-4% consegue atenuar nos
períodos de crise.
-6%
Portugal

-8%

-10%

-12%

-14%
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: FMI e Banco Mundial
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em janeiro de 2012)

157
Gráfico 15.3. Balança corrente: a posição de Portugal na UE | 2002 e 2010
10%
do PIB 2002 2010
As contas externas
8%
portuguesas são das
mais desequilibradas 6%

na UE27, onde o
4%
excedente dos países
do Norte e Centro 2%

contrasta com o défice


dos países do Sul e do 0%
Média UE27 (2002): 0,2% Média UE27 (2010): -0,2%

Alargamento.
-2%

-4%

-6%

-8%

-10%

-12%

Fonte: FMI e Banco Mundial -14%


CY EL PT PL ES MT RO IT SK UK CZ FR BG SI IE HU BE LT FI AT LV EE DK DE SE NL LU
(acedido em janeiro de 2012)

Gráfico 15.4. Balança de bens e serviços em Portugal | 1986 a 2010

35%
O crescente excedente do PIB

na balança de serviços
Importações de bens
não chega para 30%

compensar o crónico
défice da balança Saldo negativo (-)
25%
comercial portuguesa.

20%

Exportações de bens

15%

Exportações de serviços
10%

Saldo positivo (+)


5%

Importações de serviços

0%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: FMI e Banco Mundial
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em janeiro de 2012)

158
Gráfico 15.5. Balança de rendimentos em Portugal | 1996 a 2010
0%
do PIB
É notório o impacto
do passivo externo
-1% no agravar da balança
de rendimentos,
quer pelo pagamento
-2% de juros e de
dividendos, quer pelo
repatriamento de
-3% lucros.

-4%

-5%

Outros rendimentos incluindo juros relativos a empréstimos


Rendimentos relativos a posições de investimento direto e de carteira
Rendimentos relativos a títulos de dívida pública
-6% Fonte: Banco de Portugal
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 (acedido em janeiro de 2012)

Gráfico 15.6. Remessas de emigrantes Gráfico 15.7. Geografia das remessas


e de imigrantes em Portugal | 1996 a 2010 em Portugal | 1999 e 2010
3.0%
1999 2010
do PIB
O tradicional
Outros excedente de remessas
16% Outros
22% de emigrantes caiu
2.5%
UK FR
5% FR 37% na primeira década
41%
DE Total 1999: DE Total 2010: do século xxi, num
€ 3.122 5% € 2.404
8%
Milhões US Milhões
5% quadro de alteração
AO
2.0% US
13%
6% das origens e destinos
Remessas de emigrantes CH
CH
25%
da emigração
18%
portuguesa e da
1.5%
Entradas de remessas por país de origem imigração em Portugal.

1999 2010

1.0% utros Outros


26% FR 26%
30%
Saldo das remessas
Total: Total:
BR € 133 € 567 BR
FR 54%
6% Milhões 3%
% Milhões
0.5%
CA RO Notas: CH – Suíça; AO
6% 4% CN
DE 4%
– Angola; US – Estados
US UA
7% 25% 9% Unidos da América; CA –
Remessas de imigrantes Canadá; BR – Brasil; UA
– Ucrânia; CN – China.
0.0%
Saídas de remessas por país de destino
1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

Fonte: Banco de Portugal


(acedido em janeiro de 2012)

159
Gráfico 15.8. Posição líquida de investimento internacional em Portugal | 1996 a 2010
300%
do PIB
Passivos face a não residentes
O persistente
desequilíbrio 250%

externo conduziu
ao crescimento das 200%

responsabilidades
líquidas de Portugal 150% Ativos face a não residentes

face ao exterior, que


superaram a totalidade 100%

do PIB em 2010.
50%

0%

Posição líquida de investimento internacional


-50%

-100%

-150%
1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
Fonte: Banco de Portugal
(acedido em janeiro de 2012)

Gráfico 15.9. Posição líquida de investimento internacional: a posição de Portugal


na UE | 2002 e 2010
100%
do PIB 2002 2010
Num contexto de
crescente divergência 80%

europeia, é notório
60%
o aumento das
responsabilidades 40%

de Portugal face ao
exterior. 20%

0%

Média UE27 (2002): -10,2% Média UE27 (2010): -13,5%


-20%

-40%

-60%

-80%

Notas: O valor inicial de


Chipre remonta a 2004.
-100%
A média europeia para
2002 não inclui Chipre.
-120%
Fonte: Eurostat (acedido
LU BE DE NL DK FI MT SE AT FR UK IT SI CY CZ LT RO PL SK EE LV ES IE EL BG PT
PT HU
em janeiro de 2012)

160
Conceitos e metodologia

As estatísticas de balança de pagamentos traduzem Balança corrente


as transações económicas ocorridas entre residentes Contabiliza os recebimentos e pagamentos
e não residentes e podem envolver bens, serviços resultantes de transações com não residentes
e rendimentos, disponibilidades financeiras em bens, serviços, rendimentos e transferências
sobre o resto do mundo ou responsabilidades correntes. (Banco de Portugal)
para o resto do mundo. Desde 1996, o Banco de
Balança de rendimentos
Portugal procedeu a uma profunda transformação
Contabiliza os fluxos de rendimentos obtidos por
metodológica, que é utilizada na presente análise:
residentes junto de entidades residentes fora do país
e os rendimentos obtidos por não residentes dentro
Nova apresentação: Balança
Apresentação corrente + Balança de capital = do país. São incluídos rendimentos de trabalho
anterior = Balança Financeira temporário (de valor negligenciável), rendimentos
de investimento direto e de carteira e outros
1. Balança de 1. Balança corrente
transações correntes • Bens e serviços rendimentos, que incluem o pagamento/recebimento
• Bens e serviços • Rendimentos de juros relativos a empréstimos. (Banco de Portugal)
• Rendimentos • Transferências correntes
• Transferências Balança de transferências correntes
unilaterais Contabiliza as operações unilaterais em que
uma entidade económica fornece um recurso
2. Balança de capitais 2. Balança de capital
não monetários • Transferências de capital real ou um elemento financeiro a outra entidade
• Investimento direto sem receber qualquer recurso real ou elemento
• Investimento financeiro em troca. Incluem maioritariamente
de carteira remessas de emigrantes. (Banco de Portugal)
• Créditos externos
• Outras operações Necessidade líquida de financiamento
• Erros e omissões Montante líquido dos recursos que o
3. Variação de reservas 3. Balança financeira total da economia recebe do resto do
oficiais líquidas • Investimento direto mundo. (Banco de Portugal)
• Investimento de carteira
4. Variação da posição • Outro investimento Posição líquida de investimento internacional
de curto prazo • Derivados financeiros Posição de ativos e passivos da economia face ao
dos bancos • Ativos de reserva exterior. As suas variações anuais são equivalentes ao
• Erros e omissões
saldo anual da balança financeira. (Banco de Portugal)

Para saber mais


Banco de Portugal (2009) | Estatísticas da balança de pagamentos: documento metodológico
Banco de Portugal (2011) | Relatório anual 2010
Fundo Monetário Internacional (2011) | Balance of payments statistics, yearbook 2009
Mais dados estatísticos disponíveis na

161
16
I&D e inovação

A investigação e desenvolvimento (I&D) e a inovação formam um dos domí-


nios cruciais da competitividade. Os dados disponíveis sobre a evolução
do nosso país neste domínio, que devem ser interpretados com prudência,
revelam progressos assinaláveis per se e, também, um claro processo de
aproximação ao padrão europeu.

Portugal nos últimos 25 anos

Fruto de uma aposta deliberada na melhoria do Sistema Nacional de Inovação, Os dados disponíveis
muito em particular, na última década, Portugal trilhou um processo de con- para Portugal
nos domínios da
vergência europeia com significado em matéria de indicadores de I&D e de investigação e
desempenho na inovação. desenvolvimento e
da inovação revelam
A despesa total em I&D, medida em percentagem do PIB, quadruplicou
uma dinâmica de
entre 1986 e 2010, passando de 0,4% para 1,6%. Esta progressão resultou de um aproximação ao
esforço de investimento de todos os sectores executantes, mas mais marcado padrão europeu.

pelas empresas e pelo ensino superior.


Para esta evolução contribuiu, de forma determinante, o reforço dos
recursos públicos afetos aos sistemas de incentivos financeiros e fiscais de
apoio à I&D (Gráfico 16.2 e Gráfico 16.6).
Esta trajetória define um progresso significativo no nosso país, em sin-
tonia com os objetivos da Estratégia de Lisboa, renovados pela Estratégia
Europa 2020.

Portugal no contexto da União Europeia

Em matéria de inovação, embora a aferição seja mais difícil, a progressão


portuguesa também foi relevante na última década.

163
O indicador de desempenho em inovação da União Europeia realça o
esforço de convergência de Portugal nos últimos cinco anos, passando do
grupo dos “inovadores modestos” para o pelotão dos “inovadores moderados”
(Gráfico 16.4).
As estatísticas oficiais disponíveis evidenciam que o crescimento da
despesa em I&D em Portugal foi substancialmente mais acentuado do que a
média da União Europeia, permitindo uma convergência acelerada.
Em 2010, Portugal gastou menos 0,4 pontos percentuais do PIB que
a média da União Europeia em I&D, encurtando a diferença de 1,3 pontos
percentuais do PIB existente em 1995.
Esta dinâmica reflete progressos conseguidos no nosso Sistema Nacional
de Inovação. Subsistem, contudo, muitos desafios. Boa parte das forças e fra-
quezas estão desalinhadas face à média europeia e face ao próprio grupo dos
“inovadores moderados” onde Portugal se insere (Gráfico 16.5):
• os avanços do desempenho português em inovação são visíveis em indi-
cadores relacionados com a evolução do número de novos doutorados, de
copublicações científicas internacionais ou de PME que introduziram
inovações;
• o atraso relativo no desempenho inovador português está muito asso-
ciado aos domínios das patentes, da qualificação dos recursos humanos, do
capital de risco, da despesa empresarial em I&D, do emprego em atividades
intensivas em conhecimento e das exportações de bens intensivos em
média/alta tecnologia, bem como de serviços intensivos em conhecimento.

Especificidades regionais e sectoriais

A intensificação da I&D e da inovação ocorrida em Portugal foi partilhada


de forma muito equilibrada entre as regiões, fazendo-se acompanhar por
uma grande estabilidade do peso relativo de cada região. Com efeito, Lisboa
domina o esforço de I&D no país, seguida a grande distância pelo Norte e
Centro (Gráfico 16.8).
Em termos sectoriais, é notória a forte orientação do esforço de I&D
empresarial para os transportes, TIC/telecomunicações e para a saúde, o que do
ponto de vista sectorial determina um notório enviesamento para os serviços
e, em grande medida, para os não transacionáveis, como banca, comunicações,
construção (Gráfico 16.10).

164
Gráfico 16.1. Despesa em I&D e desempenho em inovação em Portugal | 1986 a 2010
2.0% (Quebra de série) índice
0.6
do PIB
A despesa em I&D,
quando medida em
percentagem do PIB,
quadriplicou desde a
1.5% 0.5 entrada de Portugal
na União Europeia,
de 0,4% para 1,6%.

1.0% 0.3

I&D

Indicador de desempenho em inovação


0.5% 0.2

Notas: Os dados de 2010


correspondem a previsões. Até
1995, os dados disponíveis são
0.0% 0.0 intervalados. Quebra de série
no indicador de desempenho
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
em inovação entre 2005 e 2006.
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO Fonte: GPEARI/MCTES,
IPCTN e Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em janeiro de 2012)

Gráfico 16.2. Despesa em I&D: comparação entre Portugal e UE | 1986 a 2010


3.0%

do PIB
O esforço de
investimento em
UE27 I&D permitiu
2.0%
uma aproximação
progressiva ao padrão
europeu, sobretudo
Portugal a partir de 2005. Em
1.0%
15 anos, a distância
encurtou de 1,3 para
0,4 pontos percentuais
0.0%
do PIB.

Diferença entre Portugal e a UE27

-1.0%

-2.0%
Notas: Os dados de 2010
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

correspondem a previsões.
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO Fonte: GPEARI/MCTES,
IPCTN e Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em janeiro de 2012)

165
Gráfico 16.3. Despesa em I&D: a posição de Portugal na UE | 1995 e 2010
4.0%

do PIB
A convergência de 1995 2010

Portugal em matéria 3.5%


de I&D é visível no
confronto com os
parceiros europeus: 3.0%

Portugal foi o terceiro


país onde a despesa 2.5%

com I&D mais subiu,


depois da Áustria e da
2.0%
Dinamarca. Média UE27 (2010): 2,0%

Média UE27 (1995): 1,8%

1.5%

1.0%

Nota: Valores iniciais não


disponíveis para Chipre, 0.5%
Malta, Estónia e Luxemburgo
e valor final da Grécia
reporta­‑se a 2007.
0.0%
Fonte: Eurostat (acedido
RO CY BG LV EL MT SK PL LT HU IT ES CZ PT EE LU UK IE NL BE SI FR AT DE DK SE
em janeiro de 2012)

Gráfico 16.4. Desempenho em inovação: comparação entre Portugal e UE | 2010


Desempenho
em 2010
Média UE27: 0,9%
A crescer acima de 0.90

8% ao ano desde
2006 no indicador
europeu, Portugal 0.80
SE
subiu à condição de Inovadores
líderes
DK
“inovador moderado”, DE
0.70
FI
a par dos parceiros da
Europa do Sul e das BE
UK
AT
grandes economias do 0.60
Inovadores
IE seguidores
Alargamento. LU
NL
FR
Média UE27: 0,52
0.50 CY
SI
EE PT

CZ IT
0.40 ES

Inovadores GR
HU MT
moderados

0.30
PL
LT
Notas: As taxas de variação SK RO
média anual são calculadas Inovadores BG
para o período dos últimos 0.20 LV
modestos
cinco anos para os quais
existe informação.
Taxa de variação média anual do desempenho em inovação dos últimos cinco anos
Fonte: Innovation Union 0.10
Scoreboard (2010) -1% 0% 1% 2% 3% 4% 5% 6% 7% 8% 9%

166
Gráfico 16.5. Dimensões do indicador de desempenho em inovação: comparação entre
Portugal e UE | 2010
Novos doutorados 214

65 População entre os 30-34 anos com educação terciária O zoom aos


71 Percentagem de jovens entre os 20-24 anos com educação superior
Recursos
parâmetros europeus
Co-publicações científicas internacionais 182 humanos
de avaliação de
85 Top 10% das publicações mais citadas a nível mundial
Abertura,
excelência e
desempenho em
40 Estudantes de doutoramento fora da UE atratividade
dos sistemas inovação destaca os
95 Despesa pública em I&D de investigação

79 Capital de risco
atrasos de Portugal
62 Despesa empresarial em I&D
Financiamento
e suporte
em matéria de
96 Despesas em inovação que não em I&D despesa empresarial,
Investimento
PME inovadores intra-portas 112 empresarial de patentes e dos
PME inovadoras que colabora com entidades terceiras 119 impactos económicos
24 Co-publicações científicas publico-privadas
Parcerias e da inovação.
empreende-
13 Registo de patentes PCT dorismo

19 Registo de patentes PCT em desafios societais

91 Marcas comunitárias

Designs comunitários 120


Ativos
PME que introduziram inovações de produto e de processo 140 Intelectuais

PME com inovações organizacionais e de marketing 112

67 Emprego em atividades intensivas em conhecimento


Inovadores Notas: Os diferenciais
nas dimensões em análise
75 Exportações de bens intensivos em média/alta tecnologia são calculados em relação
62 Exportações de serviços intensivos em conhecimento à média da UE27 no
período dos últimos cinco
Vendas de inovações novas para o mercado e empresa 117
anos para os quais existe
31 Receitas de licenças e patentes do exterior Efeitos informação disponível.
económicos
0 50 100 150 200
da inovação Fonte: Innovation Union
Desempenho de Portugal face à média da UE27 em cada domínio (UE27=100) Scoreboard (2010)

Gráfico 16.6. Despesa em I&D por sector executante em Portugal | 1986 a 2010
0.8%

do PIB
Com o aumento
dos mecanismos
0.7%

Empresas
públicos de apoio, as
empresas e o ensino
0.6% superior afirmaram­‑se
protagonistas da I&D
em Portugal desde
0.5%

Ensino superior
2005.

0.4%

0.3%

0.2% Instituições privadas sem fins lucrativos


Notas: Os dados de
2010 correspondem a
previsões. As despesas
0.1% são atribuídas à unidade
Estado estatística que executa,
independentemente da
origem dos fundos associados
0.0%
ao seu financiamento.
1986 1988 1990 1992 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2008 2010
Fonte: GPEARI/MCTES,
IPCTN e Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em janeiro de 2012)

167
Gráfico 16.7. Estrutura da despesa em I&D por sector executante: a posição de Portugal
na UE | 2010
100%

A relevância das
empresas no esforço 90%

nacional em I&D está


ainda bastante aquém 80%

da média comunitária.
70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%
Notas: Dados de 2010
correspondem a previsões
e não incluem Grécia.
0%
Fonte: GPEARI/MCTES, EE BG LU RO CZ LT SI SE SK DK LV FI PL ES CY NL MT AT UK HU FR DE PT IE BE IT UE27
IPCTN e Eurostat (acedido
em janeiro de 2012) Estado Empresas Ensino superior Instituições privadas sem fins lucrativos

Gráfico 16.8. Estrutura da despesa em Gráfico 16.9. Estrutura dos sectores


I&D por NUTS II | 1999 a 2008 executantes por NUTS II | 2008
100% 100% 100% 100%
3% 3%
3% 3%
A região de Lisboa e 6% 6% 4% 4% 4% 4%
4% 4% 3% 3%
2% 2%
Vale do Tejo responde 3% 3%

por mais de metade


do esforço nacional 80% 80% 80% 80%

em I&D e por mais


de três quartos do
48% 48% 61% 61% 61% 61%
I&D realizado pelas 54% 54% 56% 56%

empresas. 60% 60%


54% 54%
60% 60%

77% 77%

40% 40% 40% 40%

20% 20%
16% 16% 14% 14% 14% 14%
15% 15%
14% 14%

20% 20% 20% 20%

24% 24% 23% 23% 8% 8% 24% 24% 24% 24% 24% 24%
21% 21%
Nota: Por IPSFL entende­
‑se as instituições privadas 7% 7%
sem fins lucrativos. 0% 0% 0% 0%
1999 1999 2005 2005 2008 2008 Empresas
Empresas Estado Estado
Ensino Superior
Ensino Superior
IPSFL IPSFL
Fonte: GPEARI/MCTES, IPCTN
Norte Norte
Centro Centro
Lisboa Lisboa
AlentejoAlentejo
AlgarveAlgarve
Açores Açores
MadeiraMadeira Norte Norte
Centro Centro
Lisboa Lisboa
AlentejoAlentejo
AlgarveAlgarve
Açores Açores
MadeiraMadeira
(acedido em janeiro de 2012)

168
Gráfico 16.10. Estrutura da despesa Gráfico 16.11. Top do I&D empresarial
empresarial em I&D por sector de em Portugal | 2008
atividade em Portugal | 1995 a 2008
100%
28.9% 44.6% 54.0% 57.5%

Banca e Seguros É notório o


enviesamento da I&D
Telecomunicações
nacional em direção
80% aos serviços.
TIC

71.0%

Químicos

60%

Construção
55.0%

45.7% Utilities

40% 42.4%

Equipamento de
transporte
Notas: A repartição das
despesas em I&D entre
Eletrónica primário, secundário e
terciário corresponde a uma
20% aproximação efetuada a partir
dos dados disponíveis por CAE
Agro-industrial
a dois dígitos. O ranking da
direita é ordenado segundo
0% 5% 10% 15% 20% o peso da despesa em I&D
de cada sector no total da
0.1% 0.4% 0.3% 0.1% despesa em I&D empresarial.
0%
1995 1999 2003 2008 Fonte: GPEARI/MCTES, IPCTN
Agricultura e Pescas Indústria Serviços (acedido em janeiro de 2012)

169
Conceitos e metodologia

Despesa em I&D aumento da participação das unidades estatísticas


Despesas relativas a investigação e desenvolvimento (sobretudo empresariais) na resposta ao IPCTN per se.
executadas pelas unidades estatísticas,
Indicador de desempenho em inovação
independentemente da origem dos fundos
dos Estados-membros da União Europeia.
associados ao seu financiamento. As unidades
A primeira versão do indicador de desempenho
estatísticas enquadram-se institucionalmente em
de inovação na União Europeia foi criada no ano
quatro sectores de execução: Empresas, Estado,
2000 a pedido do Conselho Europeu de Lisboa sob
Ensino Superior e Instituições Privadas sem Fins
a designação de Painel Europeu de Inovação e incluía
Lucrativos. (Manual de Frascati, OCDE, 2002)
17 indicadores principais. Em 2003, o indicador
As estatísticas sobre a despesa em I&D em
de desempenho de inovação europeu passou a
Portugal têm sido produzidas pelo Gabinete de
ser aferido no âmbito do European Innovation
Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações
Scoreboard, incluindo 20 indicadores principais e
Internacionais (GPEARI) do anterior Ministério da
tendo sido sujeito a revisão em 2007. A partir de 2010,
Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES)
o desempenho de inovação passou a ser medido no
e têm como fonte principal os Inquéritos ao
âmbito do Innovation Union Scoreboard (IUS), um
Potencial Científico e Tecnológico Nacional
indicador compósito agora construído a partir de 24
(IPCTN), realizando numa base bienal (até 2007)
subindicadores, contido numa escala definida de zero
e anual a partir de 2008. A base conceptual é a do
(pior desempenho) a um (máximo desempenho).
Manual de Frascati, documento de referência de
conceitos e recomendações metodológicas para a Inovação
construção de indicadores nacionais de Ciência e Implementação de novos ou significativamente
Tecnologia, permitindo a sua comparabilidade a nível melhorados produtos (bens ou serviços) ou processos,
internacional. Na análise temporal das estatísticas de novos métodos de marketing ou de novos métodos
nacionais relativas à I&D devem ser tidos em organizacionais nas atividades comerciais, na
conta um melhor acompanhamento das respostas organização do local de trabalho ou nas relações
ao inquérito, designadamente sobre o que deve e externas das organizações. (Manual de Oslo)
não deve ser contabilizado como I&D, bem como Investigação & Desenvolvimento (I&D)
alterações aos mecanismos de apoio à I&D em anos Compreende os trabalhos criativos prosseguidos de
recentes – quer inseridos no âmbitos dos quadros forma sistemática, com vista a aumentar o conjunto
comunitários de apoio com cofinanciamento ligado dos conhecimentos, incluindo o conhecimento
aos fundos estruturais, quer pela via dos incentivos do homem, da cultura e da sociedade, bem como
fiscais (SIFIDE) – que, a par da indução do aumento a utilização desse conjunto de conhecimentos em
do investimento em I&D, determinaram também um novas aplicações. (Manual de Frascati, OCDE, 2002)

Para saber mais


Comissão Europeia (2011) | Innovation union scoreboard 2010: the innovation union’s performance scoreboard for
research and innovation, Pro Inno Europe, Inno Metrics
Comissão Europeia (2011) | Inno policy trend chart: mini country report/Portugal, Pro Inno Europe
Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (2011) | Sumários estatísticos IPCTN.08: inquérito ao
potencial científico e tecnológico nacional
Mais dados estatísticos disponíveis na

170
17
Posição competitiva

A competitividade de um país encontra-se na capacidade de a sua economia,


quando exposta à concorrência internacional, prover crescentes níveis de
vida e de empregabilidade à população e assegurar a sustentabilidade da
utilização de recursos naturais.
A posição competitiva das empresas, numa pequena economia aberta ao
exterior como a portuguesa, pode avaliar-se pela comparação, numa moeda
comum, dos preços e custos dos produtores face aos principais parceiros
comerciais.

Portugal nos últimos 25 anos

Portugal registou uma depreciação da taxa de câmbio efetiva nominal de 23% A economia
face à UE15 entre 1986 e 2010, sobretudo concentrada até início dos anos 90, portuguesa perdeu
competitividade e
antes da preparação para o euro. Face à UE27, a depreciação foi de 1% entre rendibilidade face aos
1994 e 2010. parceiros comerciais
nestes 25 anos.
Tudo o resto se mantendo constante, isto significaria que a competi-
tividade-custo teria melhorado com o embaratecimento das exportações e
o encarecimento das importações. Mas quando se analisa a taxa de câmbio
efetiva em termos reais, ou seja, cruzando com a evolução dos preços e dos
custos relativos, Portugal perdeu competitividade entre 1986 e 2010:
• os custos em trabalho por unidade produzida, que crescem quando a
produtividade não acompanha os salários, subiram mais de 55% na econo-
mia portuguesa como um todo e mais de 26% na indústria transformadora
nacional face à UE15;
• os preços da produção e os preços das exportações cresceram, respetiva-
mente, 39% e 2% mais depressa em Portugal que na UE15 (Gráfico 17.1);
• a rendibilidade caiu 11% na economia portuguesa e 19% na indústria
transformadora nacional face à UE15 (Gráfico 17.2).

171
Portugal no contexto da União Europeia

Alargando a comparação à UE27, os dados disponíveis entre 1994 e 2010 sua-


vizam a perda de competitividade-custo de Portugal. O conjunto da economia
portuguesa agravou os custos em trabalho por unidade produzida em mais de
21% e os preços de produção em mais de 15% face à média da UE27, enquanto
a indústria transformadora nacional agravou os custos em trabalho por uni-
dade produzida em mais de 6% e os preços de exportação em mais de 7% face
às indústrias transformadoras da UE27.
O posicionamento da indústria transformadora nacional no contexto da
UE27 mostra uma evolução intermédia da rendibilidade e uma perda de com-
petitividade-custo menos acentuada face à maioria dos países do Alargamento
e dos parceiros da Europa do Sul (Gráfico 17.3 e Gráfico 17.4).

O sector transacionável português

A indústria transformadora nacional perdeu menos competitividade e mais


rendibilidade face à economia portuguesa como um todo, enfrentando uma
tenaz concorrencial sobre as exportações da qual estão protegidos os sectores
mais virados para dentro e abrigados da concorrência internacional.
Entre 1994 e 2010, a tendência generalizada das indústrias transformado-
ras do Sul europeu foi de agravamento dos preços de exportação e dos custos
em trabalho por unidade produzida. O sector transacionável perdeu pois
competitividade e rendibilidade face à UE27. Mas Portugal não surge tão mal
posicionado quanto Grécia, Itália ou Espanha (Gráfico 17.5 e Gráfico 17.6).
A evolução desfavorável da competitividade-custo parece ser acompa-
nhada por reduções na competitividade-valor. Além de se perder cada vez
mais posições face aos países que concorrem pelo custo, não se dão avanços
significativos em matéria de competitividade-valor.
O indicador dos termos de troca, ao comparar os preços unitários das
exportações com os das importações, revela o pior posicionamento de Portugal
face aos parceiros do Sul. Entre 2000 e 2010, foram os termos de troca de
Portugal que registaram a redução mais pronunciada comparativamente aos
principais parceiros comerciais (Gráfico 17.7).

172
Gráfico 17.1. Taxa de câmbio efetiva real de Portugal | 1986 a 2010
160

Os preços e os
custos cresceram
Custo em trabalho por unidade produzida
de Portugal
mais rapidamente
em Portugal do
140 Deflator do PIB
de Portugal que nos principais
parceiros comerciais,
determinando perdas
progressivas de
120
competitividade­‑custo
mais pronunciadas
Custo em trabalho por unidade produzida
da indústria transformadora portuguesa nos sectores abrigados
a perder da concorrência
competitividade
internacional.
100

Preços de exportação a ganhar


de Portugal competitividade

80
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
Nota: Evolução face à UE15
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 com índice base 100=1986.
Interno Única do EURO
Fonte: Comissão Europeia
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em maio de 2012)

Gráfico 17.2. Rendibilidade das atividades económicas: comparação entre Portugal


e UE15 | 1986 a 2010
110

Num contexto de
intensificação da
105
globalização e do
fim progressivo
100
da possibilidade
de depreciação
cambial, a redução da
95 competitividade­‑custo
esteve na base da
Economia portuguesa
quebra da rendibilidade
90
das atividades
económicas em
Indústria transformadora portuguesa
Portugal. A deterioração
85
foi maior na indústria
transformadora dada
80 a maior exposição
à concorrência
internacional.
75
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

Nota: Evolução face à UE15


UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 com índice base 100=1986.
Interno Única do EURO
Fonte: Comissão Europeia
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em maio de 2012)

173
Gráfico 17.3. Taxa de câmbio efetiva real da indústria transformadora: a posição
de Portugal na UE | 1999 a 2010
240

O sector transacionável 1999-2001 2008-2010


220
nacional regista um
desempenho menos 200

desfavorável do que a
restante Europa do Sul 180

ou da maior parte dos


160
países do Alargamento,
mas longe dos ganhos 140

de competitividade das
economias do arco central 120 a perder
competitividade

e do Norte da UE15.
100

Notas: A competitividade custo a ganhar


é aferida pela comparação 80
competitividade
dos custos em trabalho por
unidade produzida em cada
Estado­‑membro face à média 60

da UE27, expressos em
moeda comum, entre 1994
40
e 2010, considerando dois
subperíodos 1999­‑2001 e 2008­
‑2010 (índice base 100=1994). 20
Dados não desagregados para
Bélgica e Luxemburgo.
0
Fonte: Comissão Europeia IE SE FI PO AT FR DE SK BE NL SI PT
PT CZ UK ES HU DK CY IT MT EL BG LV RO EE LT
(acedido em maio de 2012) LU

Gráfico 17.4. Rendibilidade da indústria transformadora: a posição de Portugal


na UE | 1999 a 2010
180

A indústria transformadora 1999-2001 2008-2010


portuguesa tem 160

conseguido manter os seus


níveis de rendibilidade
140
face ao padrão europeu,
ocupando uma posição
120
intermédia na UE27 e com
registos mais favoráveis
que as restantes indústrias 100

transformadoras da
Europa do Sul. 80

60
Nota: A rendibilidade da indústria
transformadora é aferida pela
comparação do rácio entre os
preços de exportação e os custos em 40

trabalho por unidade produzida na


indústria transformadora entre 1994 e
2010, considerando dois subperíodos 20
1999­‑2001 e 2008­‑2010 (índice base
100=1994). Dados não desagregados
para Bélgica e Luxemburgo.
0
Fonte: Comissão Europeia RO UK HU EL CY IT DK DE EE ES MT LV FR PT NL LT FI CZ SI AT BG SE BE IE SK PO
(acedido em maio de 2012) LU

174
Gráfico 17.5. Custo em trabalho Gráfico 17.6. Preços de exportação
por unidade produzida no sector no sector transacionável | 1994 a 2010
transacionável | 1994 a 2010

Grécia
150
Grécia
A evolução mais
120
rápida dos preços
Espanha
de exportação e dos
custos em trabalho
Itália
por unidade produzida
125
110 justifica a perda de
Itália Espanha
competitividade e
de rendibilidade do
Portugal
sector transacionável
Portugal
Irlanda
em Portugal e,
100
100 sobretudo, na Europa
do Sul.
França Alemanha Área
do euro

Área
75 do euro 90
França

Irlanda
Nota: Evolução face
à média da UE27 com
Alemanha índice base 100=1994.
50 80 Fonte: Comissão Europeia
1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 (acedido em maio de 2012)

Gráfico 17.7. Termos de troca: comparação entre Portugal, parceiros iniciais da coesão
e maiores economias do euro | 2000 a 2010
110

Portugal registou,
entre 2000 e 2010,
Alemanha Espanha
uma redução
105
pronunciada dos
seus termos de troca,
rácio que compara
Área Itália
do euro o preço unitário das
exportações com o
100
preço unitário das
França importações.

95

Irlanda
Grécia

90 Nota: Evolução em índice


base 100=2000. Os termos
de troca correspondem ao
Portugal rácio entre o preço unitário
das exportações e o preço
unitário das importações.
85 Fonte: Cnuced (acedido
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 em Maio de 2012)

175
Conceitos e metodologia

Custo em trabalho por unidade produzida (CTUP) PIB ou índices de preço das exportações. Os índices
Os custos em trabalho por unidade produzida de CTUP, por sua vez, podem respeitar a toda a
correspondem ao peso das remunerações no economia ou apenas à indústria transformadora, como
VAB, ou seja, ao rácio entre o salário médio e a componente fundamental do sector transacionável.
produtividade do trabalho (se se dividir ambos os
Rendibilidades
membros da fração pelo número de trabalhadores),
Conhecendo a taxa de câmbio efetiva nominal e a
crescendo (com perdas de competitividade
correspondente taxa de câmbio efetiva real, é possível
associadas) sempre que esta não consiga
calcular o índice que mede os preços ou os custos
acompanhar o ritmo de crescimento dos salários.
relativos, consoante o indicador usado para calcular
Índice de taxa de câmbio efetiva nominal a taxa de câmbio efetiva real. Neste contexto, a
Média geométrica ponderada de índices de taxas rendibilidade da economia portuguesa corresponde ao
de câmbio bilaterais, em que os ponderadores rácio entre o deflator do PIB e os custos em trabalho
refletem a importância relativa de cada parceiro por unidade produzida para a economia portuguesa
nas trocas comerciais (importações e exportações) e a rendibilidade da indústria transformadora
do país em causa. Na presente análise, os portuguesa corresponde ao rácio entre os preços das
parceiros considerados são da UE15 e UE27. exportações e os custos em trabalho por unidade
produzida na indústria transformadora nacional.
Índice de taxa de câmbio efetiva real
A taxa de câmbio real conjuga os efeitos da Termos de troca
apreciação/depreciação das moedas com os Os termos de troca correspondem ao rácio entre o
diferenciais de inflação nos diversos países. De facto, preço unitário das exportações e o preço unitário
se a inflação interna for superior à de outro país, das importações. A sua evolução permite remeter,
dizemos que há uma apreciação real equivalente à de alguma forma, para um cruzamento entre a
que ocorreria se houvesse uma apreciação nominal competitividade-custo e a competitividade-valor
da moeda com estabilidade de preços nos dois países. (não custo). Se, por um lado, se refere à evolução
Na presente análise, os parceiros considerados são da dos preços e, portanto, aos custos dos bens e
UE15 e UE27. A taxa de câmbio real pode obter-se serviços objeto de exportação, por outro lado,
deflacionando a correspondente taxa nominal tanto pode refletir diferentes posicionamentos por
com índices de preços como com índices de custos em parte dos bens e serviços exportados e importados
trabalho por unidade produzida (CTUP). Os índices em matéria de inovação, diferenciação e valor
de preços utilizados podem ser índices de preços no acrescentado, em mercados crescentemente marcados
consumidor mas também podem ser deflatores do por lógicas de concorrência monopolística.

Para saber mais


Augusto Mateus & Associados (2011) | Relatório CGD sobre o desenvolvimento da economia portuguesa
Banco de Portugal (2011) | Relatório anual 2010
Mais dados estatísticos disponíveis na

176
18
Tecido empresarial

A criação de novas empresas e o encerramento das que não se mostram


competitivas constituem indicadores para aferir a existência de um tecido
empresarial dinâmico e resiliente, capaz de sobreviver num ambiente cada
vez mais competitivo e de alavancar o crescimento da economia.

Portugal nos últimos 25 anos

O padrão de distribuição do emprego do tecido empresarial português mudou O tecido empresarial


entre 1986 e 2009, com as empresas de maior dimensão a perder terreno face é dominado por
estabelecimentos
às que empregam menor número de trabalhadores (Gráfico 18.1): de pequena dimensão
• as microempresas, com menos de dez trabalhadores, foram as que mais quota e por uma tumultuosa
dinâmica de criação e
ganharam no total de estabelecimentos do país, subindo de 18% para 33%;
de encerramento de
• as pequenas empresas, empregando entre dez e 49 trabalhadores, também empresas.
aumentaram a sua quota de 29% para 31% dos estabelecimentos;
• as médias empresas, empregando entre 50 e 249 trabalhadores, viram a
sua quota diminuir de 27% para 22%;
• as grandes empresas, com pelo menos 250 trabalhadores, foram das que mais
quota perderam no total de estabelecimentos do país, passando de 26% a 14%.

Paralelamente, o emprego revela uma crescente concentração das empre-


sas mais antigas em detrimento das empresas mais jovens. As empresas com
mais de dez anos de existência respondiam por 72% dos postos de trabalho
em 2009 contra 59% em 1994 (Gráfico 18.6).

177
Portugal no contexto da União Europeia

Portugal emprega proporcionalmente mais trabalhadores em microempresas do


que os parceiros europeus, embora a média europeia se aproxime da nacional
desde 2002 (Gráfico 18.2).
No contexto europeu, o país regista das quotas mais elevadas de emprego
em microempresas, sendo superado por Espanha e Itália (Gráfico 18.3).
A dinâmica de criação e de encerramento de empresas revela também
uma maior turbulência empresarial face ao padrão europeu: quando se soma
o número de empresas que todos os anos nascem e morrem no país, Portugal
surge em posição cimeira (Gráfico 18.4).
A análise da mortalidade das empresas mostra ainda uma das menores
taxas de sobrevivência das empresas mais jovens, o que indicia debilidades
competitivas à partida. Apenas três em cada dez empresas criadas em Portugal
no ano de 2004 mantinha as portas abertas cinco anos depois (Gráfico 18.5).

Dinâmicas regionais

A análise das dinâmicas demográficas dos estabelecimentos a nível concelhio


permite identificar um rejuvenescimento do tecido empresarial mais vincado
no Norte, no Alentejo e no Algarve, com quotas de emprego superiores em
mais de 25% face ao padrão nacional nas empresas novas, com existência igual
ou inferior a três anos (Mapa 18.1).
Nos grandes estabelecimentos, a tendência é de deslocalização para
o litoral, em detrimento do interior Norte e Centro do país, com destaque
para o Cávado e os concelhos de Mirandela, Vila Pouca de Aguiar, Amarante,
Manteigas, Seia e Vila Velha de Ródão (Mapa 18.2).
Na generalidade do país, os dez maiores estabelecimentos de cada con-
celho são responsáveis por três em cada dez postos de trabalho (Mapa 18.3).
Os concelhos do interior apresentam maior dependência do emprego face a
estes maiores empregadores, e logo uma maior vulnerabilidade ao desemprego
perante o risco de encerramento destes estabelecimentos.

178
Gráfico 18.1. Estrutura do emprego por dimensão do estabelecimento em Portugal
| 1986 a 2009
100%
Mais de 250 trabalhadores
12%
14%
Os médios e grandes
26%
estabelecimentos
respondiam pela
80%
22%
maioria dos empregos
22%
em 1986 mas foram
De 50 a 249 trabalhadores
perdendo peso para
27%
estabelecimentos
60%
com menos de 50
De 10 a 49 trabalhadores
trabalhadores.
33%
31%

40%

29%

De 1 a 9 trabalhadores

20%

33% 33%

18%

0%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO

QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)


Fonte: Quadros de Pessoal

Gráfico 18.2. Peso do emprego em empresas com menos de dez trabalhadores:


comparação entre Portugal e UE | 1998 a 2009
40%

O peso das
microempresas no
emprego é superior ao
Portugal padrão europeu, que
mostra uma tendência
30%
de aproximação a
(Quebra de série)
UE
Portugal desde 2002.

20%

Notas: Dados indisponíveis


(Quebra de série)
10% para a Dinamarca, a Estónia,
1998

1999

2000

2001

2002

2003

2005

2006

2008

2009

a Grécia, a Irlanda, Malta,


2007
2004
2002

a Holanda e a Polónia.
Circulação UE25 UE27
do EURO Fonte: Quadros de Pessoal
e Eurostat (acedido em
QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
janeiro de 2012)

179
Gráfico 18.3. Peso do emprego em empresas com menos de dez trabalhadores:
a posição de Portugal na UE | 2009
60%

Portugal é o terceiro
país da União
Europeia com a maior 50%

proporção de emprego
em microempresas, em
linha com os parceiros
40%
do Sul.

30%

20%

10%
Notas: Dados indisponíveis
para a Dinamarca, a Estónia,
a Grécia, a Irlanda, Malta,
a Holanda e a Polónia.
0%
Fonte: Eurostat (acedido
LU UK LT FI RO DE AT BG BE FR LV SE SI SK CZ HU CY PT ES IT
em janeiro de 2012)

Gráfico 18.4. Turbulência empresarial: a posição de Portugal na UE | 2008


60%

A soma das empresas


que todos os anos
nascem e morrem 50%
em Portugal supera o
padrão europeu.

40%

30%

Taxa de mortalidade

20%

Notas: Turbulência empresarial


corresponde à soma das
taxas de natalidade e de
mortalidade. Dados não 10%
disponíveis para a Alemanha,
Áustria, Dinamarca, Estónia, Taxa de natalidade
Espanha, Grécia, Hungria,
Malta, Polónia e Roménia.
Fonte: Eurostat (acedido 0%
IT BE SE NL CZ FR IE LT FI SI LU UK SK CY BG PT LV
em janeiro de 2012)

180
Gráfico 18.5. Mortalidade por ano de criação das empresas: a posição de Portugal na UE
| 2009
100%

Mortalidade em 2009 das empresas criadas em 2008 As empresas


Mortalidade em 2009 das empresas criadas em 2006
portuguesas são das
Mortalidade em 2009 das empresas criadas em 2004
que sobrevivem menos
80% tempo. Apenas três
em cada dez empresas
criadas em 2004
mantinha as portas
60% abertas cinco anos
depois.

40%

Notas: Considera a
percentagem de empresas
criadas nos anos 2004, 2006
20% e 2008 que encerraram em
2009. Dados indisponíveis
para a Bélgica, a Dinamarca,
a Estónia, a Grécia, a França,
a Irlanda, Malta, a Holanda,
a Polónia e a Eslovénia.
0% Fonte: Eurostat (acedido
SE CY LU AT IT BG RO UK ES LV CZ HU DE SK PT LT FI
em janeiro de 2012)

Gráfico 18.6. Estrutura do emprego por antiguidade da empresa | 1994 a 2009


100%

As empresas mais
antigas ganham quota
no emprego do país,
80% respondendo por
perto de três em cada
59% quatro postos de
72%
trabalho em Portugal.
60%

40%

20%

20% 13%
8%

6%

13%
8%
0%
1994 1999 2004 2009

até 3 anos 3 a 5 anos 5 a 10 anos mais de 10 anos Fonte: Quadros de Pessoal

181
Mapa 18.1. Emprego em empresas jovens por concelho | 1994 e 2009

A quota de emprego
em novas empresas
desceu de 13% para
8% desde 1994.
A maior mancha
de novas empresas
coincide com duas
das regiões que mais
convergiram com o
padrão europeu de
criação de riqueza: o
Alentejo Litoral e o
Algarve. Legenda: Legenda:
Emprego em novas empresas Emprego em novas empresas
(PT=100) (PT=100)
< 75 < 75
75 – 100 75 – 100
100 – 125 100 – 125
> 125 > 125
Notas: Em 15 anos, o peso do
emprego em empresas jovens
diminuiu de 13% (PT=100
em 1994) para 8% (PT=100
em 2009). Dados de 1994
indisponíveis para os concelhos
de Barrancos, Odivelas,
Tabuaço, Trofa e Vizela.
Fonte: Quadros de Pessoal

Mapa 18.2. Emprego em estabelecimentos com mais de 250 trabalhadores


por concelho | 1986 e 2009

A quota de emprego
em grandes
estabelecimentos
caiu de 26% para
14% a nível nacional
desde 1986 e é
notória no Cávado
ou nos concelhos de
Mirandela, Vila Pouca
de Aguiar, Amarante,
Manteigas, Seia e Vila
Velha de Ródão.
Legenda: Legenda:
Emprego em grandes Emprego em grandes
estabelecimentos (PT=100) estabelecimentos (PT=100)
< 75 < 75
75 – 100 75 – 100
100 – 125 100 – 125
Notas: Em 23 anos o peso > 125 > 125
do emprego nos grandes Sem grandes estabelecimentos Sem grandes estabelecimentos
estabelecimentos diminuiu
de 26% (PT=100 em 1986)
para 14% (PT=100 em 2009).
Dados de 1986 indisponíveis
para os concelhos de
Barrancos, Odivelas,
Tabuaço, Trofa e Vizela.
Fonte: Quadros de Pessoal

182
Mapa 18.3. Peso do emprego nos dez maiores estabelecimentos por concelho | 2009

A maior dependência
face aos dez maiores
empregadores
torna o interior do
país especialmente
vulnerável ao aumento
do desemprego.

Legenda:
% emprego 10 maiores
empregadores
< 15%
15% – 30%
30% – 45%
> 45%

Notas: Considera o peso do


emprego nos dez maiores
empregadores de cada
concelho no emprego
total do concelho.
Fonte: Quadros de Pessoal

183
Conceitos e metodologia

Empresa medida em que, devido aos seus pressupostos


Entidade jurídica (pessoa singular ou coletiva) (obrigatório para as empresas que tenham pelo
correspondente a uma unidade organizacional de menos um trabalhador por conta de outrem) apenas
produção de bens e/ou serviços, usufruindo de uma capta a “agricultura empresarial”, o que não reflete
certa autonomia de decisão, nomeadamente quanto a dinâmica de desenvolvimento do sector. Também
à afetação dos seus recursos correntes. Uma empresa o facto do preenchimento dos Quadros de Pessoal
pode exercer uma ou várias atividades, em um ou não ser obrigatório para a Administração Pública
em vários locais (INE). A empresa considera-se ativa subestima a realidade do emprego neste sector. (INE)
quando regista receitas e/ou emprego em qualquer
Taxa de natalidade das empresas
altura do período em análise, mesmo que esse
Número de empresas nascidas no período de
período seja limitado. Na ausência de informação
referência (t) a dividir pelo número total de
suficiente, aceita-se a aplicação dos métodos de
empresas ativas no mesmo período (t). (Eurostat)
classificação nacionais para o efeito. (INE)
Taxa de mortalidade das empresas
Empresas jovens
Número de empresas que cessaram a atividade no
Empresas novas, com existência igual ou inferior
período de referência (t) a dividir pelo número total
a três anos.
de empresas ativas no mesmo período (t). (Eurostat)
Estabelecimento
Sobrevivência das empresas
Empresa ou parte de uma empresa (fábrica,
A empresa é considerada sobrevivente se está ativa
oficina, mina, armazém, loja, entreposto, etc.)
em qualquer momento dos anos seguintes ao seu
situada num local topograficamente identificado.
nascimento (sobrevivência sem alterações), ou se,
Nesse local ou a partir dele exercem-se atividades
embora as suas unidades legais tenham cessado a
económicas para as quais, regra geral, uma ou
atividade, esta tenha sido adquirida por uma nova
várias pessoas trabalham (eventualmente a tempo
entidade legal constituída com o propósito de adquirir
parcial), por conta de uma mesma empresa. (INE)
os fatores de produção dessa empresa (sobrevivência
Consideram-se micro estabelecimentos (menos de
por aquisição). Não estão contempladas neste
dez trabalhadores), pequenos estabelecimentos (dez
conceito as empresas que foram adquiridas ou
a 49), médios estabelecimentos (50 a 249) e grandes
fundidas em empresas existentes. (Eurostat)
estabelecimentos (mais de 250 trabalhadores).
Os Quadros de Pessoal registam uma fraca
cobertura das empresas do sector primário, na

Para saber mais


Eurostat (2011) | Structural business statistics
Eurostat e OCDE (2007) | Manual on business demography statistics
Mais dados estatísticos disponíveis na

184
19
Empresas de capital estrangeiro

As empresas de capital estrangeiro apresentam-se como peça-chave do pro-


cesso de globalização e assumem importância central para a estrutura pro-
dutiva nacional, pelas potencialidades em eixos centrais de desenvolvimento
como o financiamento, a internacionalização ou a inovação.
O envolvimento de capital estrangeiro nas empresas em Portugal assume
também especial relevância no emprego, aferindo-se aqui a sua dinâmica
nos últimos 25 anos.

Portugal nos últimos 25 anos

O emprego em empresas com maioria de capital estrangeiro aumentou de 6% As empresas


para 9% do emprego no sector privado entre 1986 e 2009. com maioria de
capital estrangeiro
A análise do emprego em empresas de capital estrangeiro acima de 10% e de aumentaram a sua
50% mostra que ao ciclo de expansão até 1995 sucedeu um ciclo de estagnação. quota no emprego
privado no país.
Neste período, a participação do capital estrangeiro nas empresas foi
reforçado. No total do emprego em empresas de capital estrangeiro, a quota
das empresas onde este é maioritário reforçou de 70% em 1995 para 85% em
2009 (Gráfico 19.1).
Este crescimento deve-se à maior abertura de Portugal à entrada de capi-
tais estrangeiros, decorrente, numa primeira fase, da integração no espaço
europeu e do reduzido custo da mão de obra e, numa segunda fase, da especia-
lização portuguesa nos serviços e da maior qualificação dos recursos humanos.

Portugal no contexto da União Europeia

Quando se analisa o peso do investimento direto estrangeiro no investimento


privado do país, excluindo habitação, Portugal apresenta uma evolução mais
volátil que o padrão europeu.

185
O país chegou ao ano de 2010 ao nível de 1995 (5%), tendo ultrapassado
a média da UE27 apenas em dois dos últimos 15 anos (Gráfico 19.2).
Em 2008, Portugal, a par de Chipre e da Itália, apresentava também das
menores quotas europeias de emprego em empresas de capital estrangeiro
(Gráfico 19.3).

Empresas estrangeiras por regiões e sectores

Nos últimos 25 anos, apenas a Grande Lisboa (15%), a Península de Setúbal


(13%) e o Grande Porto (10%) se mantiveram acima da quota nacional de
empregados em empresas de capital estrangeiro.
Entre 1986 e 2009, a região onde o emprego em empresas de capital
estrangeiro mais aumentou foi o Minho-Lima (de 2% para 15% do emprego
privado) e a região onde mais diminui foi a Cova da Beira (de 11% para 6%)
(Mapa 19.1 e Mapa 19.2).
A desaceleração progressiva da indústria transformadora em Portugal
marca a evolução da composição do emprego em empresas de capital estran-
geiro. Assim, entre 1986 e 2009 pode-se destacar que:
• do acréscimo de 170 mil postos de trabalho em empresas de capital
estrangeiro, 55% se deveu a instituições financeiras e de serviços de apoio
às empresas, 30% ao comércio, restaurantes e hotéis, e apenas 5% à indús-
tria transformadora (Gráfico 19.4);
• a indústria transformadora desceu de 66% para 30% do emprego de
capital estrangeiro, sendo destronada como principal ramo de atividade
empregador pelas instituições financeiras e serviços de apoio às empresas,
que subiram a sua quota de 7% para 37% (Gráfico 19.5).

As empresas controladas maioritariamente por capital estrangeiro são


maiores e mais produtivas do que a média das empresas a operar na mesma
atividade em Portugal, chegando a exceder entre sete a 27 vezes a sua dimen-
são e a gerar duas a quatro vezes mais valor por empregado (Gráfico 19.7 e
Gráfico 19.8).

186
Gráfico 19.1. Peso do emprego em empresas com mais de 10% e de 50% de capital
estrangeiro em Portugal | 1986 a 2010
12%
do emprego
total
Emprego em empresas com mais Um em cada dez
de 10% de capital estrangeiro
11% trabalhadores do
privado em Portugal
trabalha numa
10%
empresa com maioria
de capital estrangeiro.
9%

Emprego em empresas com mais


de 50% de capital estrangeiro
8%

7%

6%

5%

4%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação 2004


UE25 UE27
Interno Única do EURO

QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)


Fonte: Quadros de Pessoal

Gráfico 19.2. Peso do investimento direto estrangeiro na formação bruta de capital


fixo: comparação entre Portugal e UE | 1995 a 2010
50%
do investimento
privado Com um perfil mais
45%
oscilatório que o
padrão europeu, o
40%
peso do investimento
35%
direto estrangeiro no
investimento privado
30% português só excedeu
a média da UE27 em
25%
2003 e 2006.

20%

15%
UE27

10%

Portugal
5%

0% Nota: A formação bruta


de capital fixo não
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

inclui habitação.
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO Fonte: Eurostat e Banco
Mundial (acedido em
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
janeiro 2012)

187
Gráfico 19.3. Peso do emprego em empresas com mais de 50% de capital estrangeiro no
emprego total: a posição de Portugal na UE | 2003 e 2008
44%
2003 2008
Portugal é dos
Estados­‑membros
da UE27 com menor
20%
peso do emprego em do emprego
total
empresas de capital
estrangeiro.
15%

10%

5%

0%
Fonte: Eurostat (acedido
IE EL LT LV CY IT PT ES DE FR PL SI BG BE NL FI MT RO DK UK AT EE SE SK HU CZ LU
em janeiro 2012)

Mapa 19.1. Peso do emprego em Mapa 19.2. Peso do emprego em


empresas com mais de 50% de capital empresas com mais de 50% de capital
estrangeiro por NUTS III | 1986 estrangeiro por NUTS III | 2009

Pelo menos um em
dez trabalhadores
do sector privado
do Minho­‑Lima,
da Grande Lisboa
e da Península de
Setúbal trabalhava
em empresas
maioritariamente
estrangeiras no ano
de 2009.

Legenda: Legenda:
PT= 6,2% PT= 9,2%
< 2,5% < 4%
2,6% – 5% 4,1% – 7,5%
5,1% – 7,5% 7,6% – 11%
> 7,6% > 11,1%

Fonte: Quadros de Pessoal

188
Gráfico 19.4. Contributo por ramo Gráfico 19.5. Ramos de atividade
de atividade para o crescimento do do emprego em empresas
emprego em empresas com mais de 50% com mais de 50% de capital
de capital estrangeiro | 1986 e 2009 estrangeiro | 1986 e 2009
4 mil Transportes Outros
7 mil Instituições
7 mil 2% 4%
financeiras,
9 mil imobiliárias
e serviços
Dois terços dos
a empresas
7% empregos em
51 mil
empresas de
capital estrangeiro
Comércio,
restaurantes
116 mil
trabalhadores
estavam na indústria
e hotéis
93 mil 22% em 1986 transformadora em
286 mil 1986. Hoje lideram
Indústrias
as instituições
transformadoras
66% financeiras e serviços.

Transportes
3%
116 mil Outros
5%

Instituições
financeiras,
Outros
Emprego 1986

Instituições financeiras,
e serviços às empresas

Comércio, restaurantes

transformadoras

Construção

Transportes
e obras públicas
e hotéis

Indústrias

Emprego 2009

Comércio, imobiliárias
restaurantes 286 mil e serviços
e hotéis trabalhadores a empresas
em 2009 35%

27%
Indústrias
transformadoras
30%

Fonte: Quadros de Pessoal

Gráfico 19.6. Peso do investimento direto estrangeiro na formação bruta de capital


fixo: a posição de Portugal na UE | 1995 e 2009
359%
1995 2009
Portugal posiciona­
119%
‑se no pelotão
de trás da UE27
quanto à relevância
do investimento
70%
da FBCF
direto estrangeiro na
formação bruta de
capital fixo do país.
50%

30%

10%
Média UE27 (2009): 11%
Média UE12 (1995): 7%

-10%
Fonte: Cnuced (acedido
SI SK FI LV ES LT EL IT DK PT FR DE CZ HU AT RO SE PL UK NL BE BG EE MT IE CY LU
em janeiro 2011)

189
Gráfico
4,4 19.7. Número
3,7 de vezes
3,4 que as empresas
2,6 de capital 2
2,5 maioritariamente
1,9
vezes
estrangeiro
vezes vezes vezes vezes vezes vezes
excedem a produtividade média nacional | 2009
Atividades Educação Indústrias Comércio Consultoria Construção Alojamento
artísticas extrativas e reparação e
|

Eletricidade
As empresas de veículos
àgua e gás
restauração
4,4 3,7 3,4 2,6 2,5 2 1,9
|

estrangeiras tendem a Pesca


vezes vezes vezes vezes vezes vezes vezes
e
ser maiores e mais aquicultura

produtivas face à Atividades Educação Indústrias Comércio Consultoria Construção Alojamento


artísticas extrativas e reparação e
|

média das empresas de veículos


Eletricidade
restauração
àgua e gás
em Portugal.
|

Pesca
e
aquicultura

Gráfico 19.8. Número de vezes que as empresas de capital maioritariamente estrangeiro


excedem a dimensão média nacional | 2009

27 23 13 12 11 10 9
vezes vezes vezes vezes vezes vezes vezes
Nota: A produtividade
corresponde ao VAB por
empregado e a dimensão ao Serviços de Educação Indústrias Construção Atividades Saúde Transportes
número de trabalhadores apoio
|
transformadoras de e
Atividades |
por empresa. |

Comércio informação armazenagem


Alojamento artísticas
27
e
23 13
e reparação 12 11 10 9
Fonte: INE (acedido vezes vezes vezes vezes vezes vezes vezes
em janeiro 2012) restauração de veículos

Serviços de Educação Indústrias Construção Atividades Saúde Transportes


apoio transformadoras de e
|

Atividades |
informação armazenagem
|

Alojamento artísticas Comércio


e e reparação
restauração de veículos

190
Conceitos e metodologia

Empresas maioritariamente estrangeiras Investimento direto


Empresas com mais de 50% do capital É todo o investimento de uma entidade residente
pertencente a acionistas em nome individual numa economia com o objetivo de obter um interesse
ou empresas do estrangeiro. (INE) duradouro numa empresa residente em outra
economia, entendendo-se por interesse duradouro
Formação bruta de capital fixo
a existência de uma relação de longo prazo entre o
Engloba as aquisições líquidas de cessões, efetuadas
investidor e a empresa e um significativo grau de
por produtores residentes, de ativos fixos durante um
influência do investidor na sua gestão, onde por
determinado período e determinadas mais-valias dos
convenção se considera no mínimo uma posição
ativos não produzidos, obtidas através da atividade
de 10% do capital ou do direito de voto. (INE)
produtiva de unidades produtivas ou institucionais.
Os ativos fixos são ativos corpóreos ou incorpóreos Ramo de atividade
resultantes de processos de produção, que são por Um ramo de atividade agrupa as unidades de
sua vez utilizados, de forma repetida ou continuada, atividade económica ao nível local que exercem uma
em processos de produção por um período superior atividade económica idêntica ou similar. (INE)
a um ano. É uma das componentes do investimento
total, além da variação de existências e da compra
de habitação por parte dos particulares. (INE)

Para saber mais


Eurostat (2003) | Statistics in focus: foreign-controlled enterprises
Eurostat (2004) | Statistics in focus: foreign-controlled enterprises in high-tech manufacturing and services
Eurostat (2008) | Statistics in focus: foreign-controlled enterprises in the EU

191
20
Financiamento das empresas

Caraterísticas nacionais como a atomização do tecido empresarial e o peso


da aversão ao risco nas decisões de investimento ajudam a explicar a redu-
zida expressão do mercado de capitais ou do capital de risco na estrutura
de financiamento das empresas portuguesas, que satisfazem as suas neces-
sidades de financiamento sobretudo através do autofinanciamento e do
crédito bancário.

Portugal nos últimos 25 anos

A tendência decrescente da poupança empresarial dos últimos 25 anos foi A melhoria das
contrabalançada pelo desenvolvimento da banca nacional e pela integração condições de acesso
ao crédito bancário
na área do euro, mudanças estruturais da década de 1990 que estreitaram a diminuiu as restrições
relação entre as esferas real e financeira da economia. das empresas
portuguesas.
Com a facilitação do recurso ao crédito, as empresas privilegiaram o endi-
vidamento através de empréstimos bancários e viram reduzida a necessidade de
poupar para investir. Neste novo enquadramento, observou-se entre 1995 e 2010:
• a redução da poupança bruta das empresas, que desde 2005 não voltou
a ultrapassar a barreira dos 10% do PIB;
• o aumento do investimento empresarial de 12% para 16% do PIB até
2000, ano a partir do qual o esforço da formação bruta de capital no país
desacelera progressivamente;
• o aumento do nível de endividamento das empresas, sobretudo por via
do financiamento bancário que duplicou o seu peso até à viragem do
século (Gráfico 20.1).

Dado o menor custo da dívida, esta alavancagem das empresas portugue-


sas manteve os encargos com juros numa banda relativamente estável até à
recente crise financeira internacional, e terá também apoiado a concretização

193
de obras públicas e empresas de maior dimensão nos seus processos de rees-
truturação e de internacionalização, com destaque para o investimento direto
no exterior que superou pela primeira vez o investimento direto estrangeiro
em Portugal em 1998.

Portugal no contexto da União Europeia

O maior endividamento das empresas portuguesas não acentuou a vantagem do


país face à UE27 em termos de investimento. Portugal dilatou, pelo contrário,
o atraso na poupança na última década (Gráfico 20.2).
Desde 1995, as empresas portuguesas permaneceram a meio da tabela da
UE27 no investimento, mas caíram para penúltimo lugar na poupança, não
acompanhando a tendência de subida do aforro entre as congéneres euro-
peias na viragem do século (Gráfico 20.3 e Gráfico 20.4). Em contrapartida,
as empresas portuguesas ascenderam ao quinto lugar no endividamento, com
um acréscimo da dívida face ao PIB só suplantado pelas empresas espanholas,
búlgaras, cipriotas e irlandesas (Gráfico 20.8).
Comparando a estrutura da dívida total, as empresas portuguesas apre-
sentam uma evolução que compara bem com a média da UE27, seja no impulso
da quota dos empréstimos bancários na viragem do século, seja no crescimento
menor da quota de títulos emitidos, seja na decrescente relevância da quota
do crédito comercial no financiamento externo das empresas (Gráfico 20.6 e
Gráfico 20.7).

Prevalência do autofinanciamento do investimento

Os inquéritos ao investimento empresarial do INE permitem confirmar que


o tecido empresarial português prefere investir com o seu próprio capital
(Gráfico 20.5).
O autofinanciamento satisfaz mais de metade das necessidades de finan-
ciamento do investimento das empresas portuguesas na última década, contra
cerca de um quarto do crédito bancário, e prevalece nos sectores das atividades
financeiras, comércio, indústrias transformadora e extrativa, eletricidade, gás
e água ou alojamento e restauração.
Este inquérito revela ainda que o principal obstáculo ao investimento
empresarial não está no financiamento, seja interno ou externo, mas na deterio-
ração das perspetivas de vendas e da incerteza quanto à própria rendibilidade
do investimento.

194
Gráfico 20.1. Investimento, poupança e endividamento das empresas em Portugal
| 1995 a 2010
160% 40%
do PIB do PIB
O endividamento
das empresas mais
Dívida financeira
que duplicou desde
1995 num contexto
120% 30%
de declínio tanto
da poupança como
do investimento
empresarial no país.
80% 20%

40% Poupança bruta 10%

Formação bruta de capital


Nota: A dívida financeira das
0% 0% empresas corresponde à soma
1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
dos valores consolidados

2007
1995

1999

2002

2004

para empréstimos e títulos


UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 excluindo ações.
Única do EURO
Fonte: AMECO e Eurostat
QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em março de 2012)

Gráfico 20.2. Investimento, poupança e endividamento das empresas: comparação


entre Portugal e UE | 1995 a 2010
160% 40%

do PIB do PIB
A escalada da dívida
com empréstimos e
títulos das empresas
portuguesas acima
120% 30%
do padrão europeu
Dívida financeira em Portugal não acentuou o
diferencial positivo
do investimento.
80% 20%
Já a poupança das
Dívida financeira na UE
empresas portuguesas
divergiu da média
Poupança bruta comunitária.
na UE

40% 10%

Poupança bruta
Formação bruta de capital em Portugal em Portugal

Formação bruta de capital na UE


Nota: Dados não disponíveis
0% 0% na dívida financeira para
1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010

Reino Unido, na formação


2007
1995

1999

2002

2004

bruta de capital e na
UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 poupança bruta para Malta.
Única do EURO
Fonte: AMECO e Eurostat
QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em março de 2012)

195
Gráfico 20.3. Formação bruta de capital das empresas: a posição de Portugal na UE
| 1995 e 2010
25%
do PIB
Portugal permanece 1995/1999 2006/2010
a meio da tabela
em termos de
investimento 20%

empresarial, com a
formação bruta de
capital a cair desde o
pico atingido em 1999. 15%

Média UE27 (1999): 13%


Média UE27 (2006/2010): 12%

10%

Nota: Dados não disponíveis


para Malta nem, entre
1995 e 1999, para a Irlanda
e o Luxemburgo. A média 5%
inicial da UE27 refere­‑se
a 1999 e a média final do
Luxemburgo e da Roménia
refere­‑se a 2006/2009 e da
Bulgária a 2006/2007.
Fonte: AMECO (acedido 0%
IE EL CY RU NL DE FR FI IT LU DK PL SE HU PT BE LT ES AT CZ SI SK EE RO LV BG
em março de 2012)

Gráfico 20.4. Poupança bruta das empresas: a posição de Portugal na UE | 1995 e 2010
25%
do PIB
A poupança bruta 1995/1999 2006/2010

divergiu da tendência
europeia na última
década, empurrando as 20%

empresas portuguesas
para o grupo das que
menos poupam.
15%

Média UE27 (2006/2010): 11%


Média UE27 (1995/1999): 10%
10%

Nota: Dados não disponíveis


para Malta nem, entre 1995
e 1999, para a Irlanda e o
Luxemburgo. A média inicial 5%
da UE27 refere­‑se a 1999 e da
Bulgária é 1997/2009. A média
final do Luxemburgo e da
Roménia refere­‑se a 2006/2009
e da Bulgária a 2006/2007.
Fonte: AMECO (acedido 0%
CY PT IT FR ES EL IE DE SI PL LU HU RU BE SE LT FI AT CZ EE SK DK NL LV BG RO
em março de 2012)

196
Gráfico 20.5. Fontes de financiamento do investimento das empresas em Portugal
| 2003 a 2009
100%
Evolução da autonomia financeira por dimensão das empresas
Restantes fontes
de financiamento 35%
O investimento
do ativo total
empresarial
em Portugal é
Grandes
30% maioritariamente
75% financiado com
Crédito bancário
recursos das
25% Total das empresas
próprias empresas
Pequenas e empréstimos
e médias
bancários.
20%
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

50% Autofinanciamento

Modo de financiamento do investimento por escalão de pessoal ao serviço | 2009

0% 25% 50% 75% 100% Nota: Distribuição de acordo


com a média dos anos
<20 Autofinanciamento Crédito bancário Outros 2003 a 2009 das respostas
das empresas sobre a
20 a 49 importância de cada modo de
25% financiamento do investimento
50 a 99 no inquérito qualitativo de
conjuntura ao investimento
100 a do INE. Nas restantes fontes
249
de financiamento, estão
250 a incluídas ações e obrigações,
499 empréstimos do Estado,
fundos da UE e outros.
>499
0% Fonte: INE e Banco de Portugal
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fundos da UE Ações e obrigações
s Empréstimos do Estado
Est (acedido em janeiro de 2012)

Gráfico 20.6. Estrutura Gráfico 20.7. Peso dos empréstimos na dívida total:
da dívida total em a posição de Portugal na UE | 1995 a 2010
Portugal | 1995 a 2010
100%
BE
LV 1995 2000 2010
O final dos anos
DK
Crédito comercial
EE
90 impulsionou a
SE banca como fonte
NL
de financiamento
IE
75%
AT
das empresas em
Títulos excluindo ações
HU Portugal, seja pela via
FI direta da concessão
CY
Empréstimos de empréstimos
UK
SI
bancários, seja pela
50%
ES detenção de títulos
UE27
emitidos pelas
PT
DE
empresas.
BG
LT
IT

25% MT
LU
Nota: O gráfico da direita
FR
assinala apenas o ano de
PL 2000 para os países cujo ano
RO de 1995 não está disponível.
CZ Para a Estónia o valor final
SK
é referente ano de 2009
e não inclui a Grécia.
0%
30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010

Fonte: Eurostat (acedido


em março de 2012)

197
Gráfico 20.8. Dívida financeira e dívida total das empresas: a posição de Portugal na UE
| 1995 e 2010
200%
do PIB

As empresas Dívida financeira

portuguesas são das Dívida total

mais endividadas 1995 2010

da UE27, quer na
ótica financeira que 150%

contabiliza apenas
empréstimos e títulos,
quer na ótica total que
contabiliza também o
crédito comercial. 100%

Nota: Não inclui o Reino


Unido e a Grécia. Dados Média UE27 (2010): 75%
iniciais não disponíveis para Média UE27 (2010): 69%
República Checa, Malta e
Luxemburgo, para dívida
total da Letónia, Holanda 50%
e Dinamarca e para dívida
financeira da Eslovênia. O valor
inicial refere­‑se a 1998 para
Letónia e Roménia, 2000 para
Bulgária e 2001 para Irlanda
e Eslovénia e o valor final
refere­‑se a 2009 na Estónia.
0%
Fonte: Eurostat (acedido
PL CZ DE RO LT SK BE IT FR AT LV EE FI SI HU NL DK BG ES MT PT
PT SE CY LU IE
em março de 2012)

198
Conceitos e metodologia

Ativo = Capital próprio + Passivo financiamento de muito curto prazo, gerada


Equação contabilística que reflete o balanço de uma pela diferença entre o saldo credor e devedor dos
empresa. O ativo de uma empresa equivale à soma fornecedores. (com base em Banco de Portugal)
do capital alheio ou passivo (o que a empresa deve
Endividamento
a terceiros) e do capital próprio (o que resta para
Grau de participação de capitais alheios
os proprietários da empresa depois de cumpridas
no financiamento da empresa. (INE)
todas as obrigações perante os credores).
Formação bruta de capital
Autofinanciamento
Consiste na formação bruta de capital fixo,
Importâncias correspondentes aos fundos criados
acrescida da variação de inventários e compras,
e arrecadados de todas as suas atividades. Trata-se
e descontando os consumos intermédios.
essencialmente de resultados não distribuídos
e contabilizados nas contas de resultados Inquérito qualitativo de conjuntura ao investimento
transitados e de reservas com saldo positivo, Realizado pelo INE para estudar o comportamento
assim como as variações positivas dos saldos das e finalidades da formação bruta de capital fixo
contas de provisões e de amortizações. (INE) (FBCF) das empresas, baseia-se na inquirição
direta semestral de uma amostra representativa
Autonomia financeira
de empresas, constituindo a única fonte provisional
Obtém-se através do rácio capital próprio/ativo
sobre o comportamento global do investimento
líquido. Indicador económico-financeiro que traduz
na vertente empresarial, no decurso de um ano e
o grau de financiamento das empresas, ou seja, a
sobre o ano seguinte. O INE ressalva que, embora
capacidade de contrair empréstimos a médio e longo
de extrema importância, esta informação não
prazo, suportada pelos capitais próprios. (INE)
abrange todo o tipo de investimento, por não
Dívida financeira e dívida total se dirigir a todos os sectores de atividade.
A dívida financeira das empresas contabiliza os
Poupança bruta
empréstimos obtidos junto de instituições de
Poupança líquida das empresas mais consumo
crédito e dos títulos de dívida emitidos. A dívida
de capital fixo. (AMECO)
total adiciona o crédito comercial, forma de

Para saber mais


Alexandre, F., Aguiar-Conraria, L.; Bação, P., Portela, M. (2011) | A poupança em Portugal
Antão, P. e Bonfim, D. (2008) | Decisões das empresas portuguesas sobre a estrutura de capital, Banco de Portugal
Associação Industrial Portuguesa, Câmara de Comércio e Indústria (2011) | Carta magna da competitividade:
relatório da competitividade

199
21
Banca e bolsa

A «verdadeira revolução financeira» que o Livro Branco sobre o sistema finan-


ceiro português já anunciava em 1992 tem nos bancos o exemplo de como a
coincidência de razões da história nacional, europeia e mundial aceleram a
transformação do sector e a intermediação financeira da economia portuguesa.
A revisão constitucional de 1989, pondo termo à irreversibilidade das nacio-
nalizações, o Ato Único Europeu, abrindo as fronteiras a um mercado interno
de livre circulação de mercadorias, pessoas, serviços e capitais, o Tratado da
União Europeia, estabelecendo a introdução da moeda única, ou o progresso
tecnológico que patrocinou a globalização dos mercados financeiros, são
fatores que aumentaram a concorrência na oferta de crédito e na captação
de poupanças e que alteraram os hábitos de aforro e endividamento.

Portugal nos últimos 25 anos

Desde a reabertura do primeiro banco privado em 1984 até meados da década de A (r)evolução do
1990, a banca privatizou-se, concentrou-se, liberalizou-se e modernizou-se para sector bancário
nacional nestes
enfrentar a concorrência da banca estrangeira, vendo desregulamentar os limites 25 anos alterou os
administrativos à atividade, desde as taxas de juro, ao crédito ou aos balcões e hábitos de aforro e
de endividamento
sucursais que podia estabelecer.
das famílias e das
A quota de mercado dos bancos públicos e a margem de intermediação empresas portuguesas.
financeira reduziu-se, enquanto a quota dos bancos estrangeiros e a quota dos
cinco maiores grupos bancários subiu. A rede bancária densificou-se pelo país,
abrindo mais balcões com menos trabalhadores (Gráfico 21.4).
Entre 1986 e 2010, o crédito ao sector privado triplicou para cerca de 150%
do PIB e afirmou-se a quota das famílias face às empresas (de 24% para 55%) e
o trinómio habitação, construção e imobiliário (de 30% para 60%).

201
Em paralelo à queda dos juros e da inflação, o crédito cresceu a ritmos
anuais sucessivamente acima de 20% na segunda metade da década de 1990
(Gráfico 21.7 e Gráfico 21.9).
Entre 2000 e 2009, o rácio entre créditos e recursos de clientes subiu de
115% para 161%. Ampliado o acesso a financiamento externo patrocinada
pelo euro, o sector bancário foi acomodando o desequilíbrio entre o crédito
concedido e os depósitos captados aos clientes através da redução da carteira
que acumulara no regime anterior à união económica e monetária e através da
diversificação das fontes de financiamento ao mercado interbancário, à emissão
de obrigações ou à titularização das hipotecas (Gráfico 21.5 e Gráfico 21.6).

Portugal no contexto da União Europeia

Portugal é um dos sete Estados-membros onde o crédito mais que duplica o


PIB (Gráfico 21.2 e Gráfico 21.3).
Partindo atrasado na automação dos serviços bancários, a cooperação
interbancária que lançou a rede partilhada de Multibanco em 1985 tornou
também Portugal numa referência europeia em caixas automáticos, cartões e
terminais de pagamento automático.
Comparando 2010 com 1990, cada português paga em média com menos
oito cheques, mais 15 transferências a crédito, mais 21 débitos diretos e mais
109 vezes com cartão (Gráfico 21.10 a Gráfico 21.12).

As ações na bolsa portuguesa

A propensão para os empréstimos e depósitos bancários em detrimento da


alternativa de financiamento e de poupança que constitui o mercado de capi-
tais justifica a menor relevância da bolsa nacional face ao PIB (Gráfico 21.1),
seja por comparação com o padrão europeu (Gráfico 21.2), seja em particular
com Espanha, quer no valor das ações das empresas cotadas, quer no volume
de ações transacionadas (Gráfico 21.13 a Gráfico 21.15).
A modernização da bolsa portuguesa foi notória na década de 1990.
O amplo programa de privatizações dinamizou o então designado capita-
lismo popular e a subscrição de ações de grandes empresas. A evolução tec-
nológica e o euro precipitaram a concorrência global na viragem do século,
tendo Portugal aderido em 2002 à plataforma de negociação conjunta hoje
designada NYSE Euronext.

202
Gráfico 21.1. Crédito interno concedido pelo sector bancário e capitalização bolsista
em Portugal | 1986 a 2010
220%
do PIB
O crédito bancário
200%
mais que triplicou face
180% ao PIB desde o início
Crédito interno bancário
da reprivatização
160%
da banca em 1989.
A concretização do
140%
amplo programa
120% de privatização das
empresas públicas
100%
impulsionou a bolsa,
com o valor das
80%
empresas cotadas no
60% PIB a multiplicar por
seis entre 1992 e 1999.
40%
Capitalização bolsista

20%

0%
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação 2004


UE25 UE27
Interno Única do EURO
Fonte: Banco Mundial
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em abril de 2012)

Gráfico 21.2. Crédito interno concedido pelo sector bancário e capitalização bolsista:
comparação entre Portugal e UE | 1986 a 2010
220%
do PIB
A comparação com
200%
o padrão europeu
180%
expõe a apetência da
Crédito interno bancário em Portugal
economia portuguesa
160% pelo crédito bancário
e a menor atratividade
140%
do mercado de capitais
120% Crédito interno bancário na UE27
nacional na captação
de poupanças e
100% financiamento
empresarial.
80%

60%

Capitalização bolsista na UE27

40%

20% Capitalização bolsista em Portugal

0%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: Banco Mundial
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em abril de 2012

203
Gráfico 21.3. Crédito interno concedido pelo sector bancário: a posição de Portugal
na UE | 1995 e 2010
325%
do PIB
Portugal foi o quinto 1995 2010
300%
Estado­‑membro onde
o crédito doméstico 275%

mais cresceu face ao


250%
PIB desde 1995, depois
de Chipre, Dinamarca, 225%

Espanha e Irlanda.
200%

175%

Média UE27 (2010): 160%


150%

125%

Média UE27 (1995): 107%


100%

75%

50%

Notas: O valor final para a 25%

Eslováquia refere­‑se a 2008.


0%
Fonte: Banco Mundial
SK RO PL LT CZ BG HU LV SI EE FI BE DE FR AT SE EL MT IT LU PT NL DK UK IE ES CY
(acedido em abril de 2012)

Gráfico 21.4. Evolução do sistema Gráfico 21.5. Estrutura do balanço


bancário em Portugal | 1986 a 1998 dos bancos domésticos em Portugal
| 1998 e 2007
O sector bancário Aplicação dos fundos
600
nacional diversificou Crédito
ativos 1998 Outras
a clientes
as fontes de
financiamento com 2007

a adesão ao euro,
500
emancipando o Origem dos fundos
crédito
crescimento do 1998
Recursos
Outras
de clientes
crédito da captação
2007
dos tradicionais 400
depósitos dos clientes. depósitos
0% 25% 50% 75% 100%

Gráfico 21.6. Rácio de transformação do


Notas: Evolução do sistema 300
sistema bancário português | 2000 a 2010
bancário com índice base
100=1986. Existe quebra de 160%
balcões
série na estrutura do balanço
dos bancos domésticos, 150%
estando representado o peso
no ativo total do crédito 200 140%
bancos
sobre clientes líquido de
provisões (1998), crédito 130%
a clientes líquido (2007),
recursos de clientes (1998) 120%
e recursos de clientes e
outros empréstimos (2007).
100 110%
Fonte: Associação Portuguesa
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

de Bancos (2012), Valério, 100%


N. (2010) e Banco de Portugal 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

204
Gráfico 21.7. Peso no PIB do crédito Gráfico 21.8. Estrutura do crédito
concedido às famílias e às empresas concedido às famílias e às empresas
em Portugal | 1986 a 2010 em Portugal | 1986 a 2010
150% 100%
Consumo
do PIB e outros fins
A expansão do crédito
125% Habitação ao sector privado só
75%
abrandou na viragem
Construção
100%
e atividades imobiliárias do século e teve como
Empresas dos restantes
principais destinos as
75% sectores de atividade 50%
empresas imobiliárias
Atividades das SGPS e de construção e a
50% não financeiras

25%
aquisição de habitação,
25%
Comércio conjunto que atinge
60% do crédito ao
Indústria
0%
transformadora
0% sector privado.
1986 1989 1992 1995 1998 2001 2004 2007 2010 1986 1989 1992 1995 1998 2001 2004 2007 2010

Gráfico 21.9. Taxa de crescimento nominal do crédito às famílias e às empresas


em Portugal | 1986 a 2010
30%

20%

Nota: O comércio inclui


10% por grosso e a retalho,
reparação de veículos,
0%
automóveis e motociclos.
total parculares total empresas
-10% Fonte: Banco de Portugal
1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 (acedido em abril de 2012)

Gráfico 21.10. Caixas automáticos por Gráfico 21.12. Transações em não


milhão de habitantes: comparação entre numerário: comparação entre Portugal,
Portugal e parceiros iniciais da coesão Espanha, Irlanda, Alemanha e UE | 1990
| 1990 a 2010 a 2010
PT UE ES IE DE
1,500 Portugal 100%

A cooperação
90%
1,000 Espanha interbancária que lançou
80%
a rede única Multibanco
UE
500 em 1985 revolucionou os
Irlanda 70% hábitos de pagamentos
Grécia
0
dos portugueses. Na
1990 1993 1999 2010 60%
UE27, Portugal lidera
Gráfico 21.11. Cartões 50% nos ATM, é 2.º no uso de
cartões, 4.º nos cartões
de pagamento per capita: comparação 40%
per capita e 5.º nos
entre Portugal e parceiros iniciais terminais de pagamento
30%
da coesão | 1990 a 2010 automático.
2.0
20%
Portugal

1.5 10%
Nota: A média da União Europeia
só corresponde à UE27 em 2010,
incluindo em 1990 a Bélgica,
1.0 Espanha 0% a Dinamarca, a Alemanha, a
1990
1999
2010

1990
1999
2010

1990
1999
2010

1990
1999
2010

1990
1999
2010

Irlanda
Espanha, a França, a Irlanda, a
Itália, o Luxemburgo, a Holanda,
UE Grécia
0.5
cartões débitos diretos transferências a crédito cheques outros
o Reino Unido e Portugal,
acrescida da Áustria, da Finlândia
e da Suécia em 1993 e 1999.
0.0
1990 1993 1999 2010 Fonte: Banco Central Europeu

205
Gráfico 21.13. Capitalização bolsista: a posição de Portugal na UE | 1995 e 2010
2007
325%
O confronto do do PIB
1995 2010 ano do valor máximo atingido

valor das ações das 300%

empresas cotadas 275%


1999

com o PIB revela a


250%
menor dimensão da
bolsa portuguesa, na 225%

periferia das grandes 1999


200%
praças financeiras
1999
europeias. 175%
1999
1999
150%
2007
2007
125% 2000
2006
100% Máximo UE27 (1999): 100%
2000 2007
2007
2000 2000
75%
2007 2007 2007
2007 Média UE27 (2010): 65%
2004 2007
2007
50%
2006 2006
Média UE27 (1995): 41%
Notas: O valor inicial da 2006
Estónia refere­‑se a 1997. 2005
25%
2007
Fonte: Banco Mundial com
base em Standard & Poor’s 0%

(acedido em abril de 2012) SK LV EE BG IT LT IE AT RO SI HU CZ EL MT CY PT PL DE FI BE DK FR ES NL SE UK LU

Gráfico 21.14. Capitalização bolsista Gráfico 21.15. Volume de transações


de ações: comparação entre Portugal de ações: comparação entre Portugal
e parceiros iniciais da coesão | 1988 e parceiros iniciais da coesão | 1988
a 2010 a 2010
150

Por comparação com


225
a vizinha Espanha, a
dimensão da bolsa
portuguesa, medida 125 Espanha 200

pelo valor das ações


das empresas cotadas 175

no PIB, vem caindo Espanha

100 UE=100
na última década,
150
enquanto a sua
liquidez, medida pelo
volume de transações 125 Grécia
75
efetuadas, se atrasa
desde meados da 100 UE=100
Portugal
década de 1990.
50 Grécia
75
Irlanda

Irlanda

Nota: Evolução face a 50


média da UE27=100.
25 Portugal
O volume de transações
corresponde ao valor anual
(cotação x quantidade) 25

de ações transacionadas
na respetiva bolsa.
Fonte: Banco Mundial 0 0
(acedido em abril de 2012) 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010

206
Conceitos e metodologia

Banca Caixa automático e terminal


Conjunto dos bancos do sistema financeiro de de pagamento automático
um país, sendo os bancos instituições de crédito O sistema interbancário de serviços eletrónicos
cuja atividade consiste na realização de operações nacional permite a utilização de cartões bancários
financeiras e na prestação de serviços financeiros, em operações em caixas automáticos (vulgo
dos quais os mais comuns são a concessão de Multibanco) e em terminais de pagamento
crédito e a receção de depósitos dos clientes, que automático (pontos de venda nos estabelecimentos
remunera. A referência a instituições financeiras comerciais). Segundo o Banco de Portugal, são
monetárias abarca, em Portugal, os bancos (incluindo marcos relevantes no desenvolvimento dos
o Banco de Portugal), as caixas económicas, as instrumentos e sistemas de pagamentos no país
caixas de crédito agrícola mútuo (incluindo a Caixa o serviço Multibanco (1985), a compensação
Central de Crédito Agrícola Mútuo) e os fundos eletrónica interbancária de cheques (1989), a Via
do mercado monetário. (Banco de Portugal) Verde nas autoestradas (1991), as transferências
eletrónicas interbancárias (1992), o porta-moedas
Bolsa de valores
Multibanco (1995), o sistema de pagamentos de
Mercado onde, num mesmo espaço ou sistema de
grandes transações (1996) e a sua ligação ao sistema
negociação, se promove o encontro entre as pessoas
europeu de transferências interbancárias TARGET
que oferecem valores mobiliários e aquelas que os
(1999), a extinção da compensação tradicional
pretendem adquirir, com as seguintes caraterísticas:
(1998) e o sistema de débitos diretos (2000).
são geridas por uma entidade gestora; são mercados
de acesso público mas apenas através dos membros Capitalização bolsista
da bolsa; funcionam regularmente em sessões Corresponde ao preço (cotação) das ações
públicas (normais ou especiais); os valores mobiliários multiplicado pela quantidade de ações em circulação
que aí se negoceiam são previamente admitidos à das empresas nacionais cotadas na bolsa no final
negociação, de acordo com determinadas regras; as de cada ano, excluindo sociedades de investimento,
operações de bolsa realizam-se através de sistemas fundos de investimento e outros veículos de
de negociação adequados; é disponibilizada aos investimento coletivos. (Banco Mundial)
investidores toda a informação relevante quer pela
Rácio de transformação
entidade que emite os valores mobiliários, quer pela
Rácio entre o crédito líquido de imparidades,
entidade gestora do mercado de bolsa. As ações são os
incluindo créditos titularizados e não
valores mobiliários mais conhecidos e representam
desreconhecidos e os recursos de clientes, em termos
uma parcela do capital social de uma sociedade
consolidados. (Associação Portuguesa de Bancos)
anónima. Em Portugal, cabe à Comissão do Mercado
de Valores Mobiliários (CMVM), criada em Abril
de 1991, a sua supervisão e regulação. (CMVM)

Para saber mais


Banco de Portugal | Relatórios dos sistemas de pagamentos
Associação Portuguesa de Bancos (2012) | Síntese do sistema bancário português
Ministério das Finanças (1992) | Livro Branco sobre o sistema financeiro
Valério, N. (2010) | História do sistema bancário português
Mais dados estatísticos disponíveis na

207
22
Sector empresarial do Estado

Além das funções mais tradicionais, os Estados assumem frequentemente


outras atividades na economia, assegurando também a produção de um con-
junto de bens e serviços por via de empresas que são detidas pelas adminis-
trações públicas e que podem assumir um peso considerável nas estruturas
produtivas.

Portugal nos últimos 25 anos

Fruto do processo de nacionalizações que se seguiu ao 25 de Abril de 1974 e do Na sequência


alargamento das funções do Estado, as empresas públicas não financeiras que do processo de
privatizações,
integravam o sector empresarial do Estado representavam, em 1986, cerca de intensificado na
13,5% do PIB e 4,5% do total do emprego da economia portuguesa (Gráfico 22.1). segunda metade da
década de 1990, o
Na sequência da revisão constitucional de 1989, que veio pôr termo ao
sector empresarial
princípio da irreversibilidade das nacionalizações efetuadas após o 25 de Abril do Estado perdeu
de 1974, o processo de privatizações veio a intensificar-se na segunda metade relevância na
economia portuguesa.
da década de 1990.
Assistiu-se então a uma redução considerável da relevância do sector
empresarial do Estado, que na viragem do século representava cerca de 5% do
PIB e 2% do emprego do total da economia nacional (Gráfico 22.1).
Na última década, tem-se assistido a alguma estabilidade, sendo as flutua-
ções mais resultado de alterações na natureza jurídica de entidades públicas,
sendo o melhor exemplo a empresarialização dos hospitais públicos, que em
alguns anos provocaram oscilações nos rácios, em particular de emprego. Neste
contexto, o sector empresarial do Estado terminava o ano de 2010 represen-
tando cerca de 4,5% do PIB e 2,5% do emprego.

209
Portugal no contexto da União Europeia

O valor das ações e outras participações detidas pelas administrações públi-


cas, quando expresso em percentagem do PIB, é o indicador disponível para
estabelecer uma comparação da relevância do sector empresarial do Estado
nos diversos Estados-membros da União Europeia.
Em Portugal, este rácio é comparativamente superior à média dos Estados-
membros para os quais existe informação e revela nas duas últimas décadas
uma evolução semelhante à observada para o peso do sector empresarial do
Estado em termos de PIB e de emprego (Gráfico 22.2).
No contexto da UE15, Portugal é, depois da Suécia e do Luxemburgo, o
Estado-membro que apresentava um maior peso no PIB do valor das ações e
outras participações detidas pelas administrações públicas em 2010 (Gráfico 22.3).

A tendência de privatização

Fruto da redefinição das funções do Estado ou de movimentos de liberalização


e de redução do peso do sector público na economia, assistiu-se em diversos
países a processos importantes de privatização de empresas antes detidas pelas
administrações públicas.
Esses movimentos de privatização, além dos seus efeitos em termos de
funcionamento dos mercados, constituíram uma importante fonte de receitas
públicas e contribuíram frequentemente para a redução da dívida pública
através da consignação das suas receitas.
Portugal foi dos Estados-membros da União Europeia onde as receitas das
privatizações alcançaram maior relevância, chegando a representar uma média
de aproximadamente 2,5% do PIB entre 1991 e 2010. Na década de 1990, apenas
Malta e Letónia apresentaram valores mais elevados no contexto da UE27. Já
na primeira década deste século, as receitas das privatizações desaceleraram
em Portugal para meio da tabela da UE27 (Gráfico 22.4).
No conjunto destes 25 anos, Portugal só é superado por alguns dos novos
Estados-membros do Leste Europeu, que após o colapso dos regimes comu-
nistas registaram processos intensos de privatização de partes significativas
das suas antes unidades produtivas coletivizadas.

210
Gráfico 22.1. Peso das empresas públicas não financeiras no total da economia
em Portugal | 1986 a 2010
15%

A perda de relevância
do sector empresarial
do Estado verifica­
‑se quer em termos
Peso no VAB do emprego quer em
10% termos da riqueza
gerada.

5%

Peso no emprego

0%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
Fonte: Ministério das Finanças
| Análise do sector público
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO administrativo e empresarial
(até 2001) e Direção­‑Geral
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
Tesouro e Finanças

Gráfico 22.2. Ações e outras participações detidas pelas administrações públicas:


comparação entre Portugal e UE | 1986 a 2010
25%

do PIB
Fruto da
empresarialização e de
alterações de algumas
20%
funções do Estado,
Portugal
assiste­‑se tanto em
Portugal como na
UE27 a um aumento
15%
do peso do sector
empresarial do Estado
na economia nos
UE
10%
últimos anos.

5%

0%
Notas: Valor do património
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

(ativos) em 31 de
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 dezembro de cada ano.
Interno Única do EURO
Fonte: OCDE (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em junho de 2012)

211
Gráfico 22.3. Ações e outras participações detidas pelas administrações públicas:
a posição de Portugal na UE | 1995 e 2010
60%
do PIB
Portugal é um dos
Estados­‑membros
1995 2010
da UE15 com maior 50%

peso do sector
empresarial do Estado
na economia.
40%

30%

20%

Média UE (2010): 14,2%


Notas: Valor do património
(ativos) em 31 de dezembro Média UE (1995): 11,1%
de cada ano. Dados não 10%

disponíveis para a Bulgária,


Chipre, Finlândia, Letónia,
Lituânia, Malta, Reino
Unido e Roménia.
0%
Fonte: OCDE (acedido
IT ES BE HU DE SK IE AT NL DK FR EL PT
PT PL CZ SI EE SE LU
em junho de 2012)

Gráfico 22.4. Receitas das privatizações: a posição de Portugal na UE | 1986 a 2010


4%
do PIB 1986-1990 1991-2000 2001-2010
Durante os anos 90, 4,8%

Portugal registou das


mais elevadas receitas
em privatizações em
percentagem do PIB. 3%

2%

1%

Fonte: Privatization 0%
UK DE FR BE NL AT SI DK ES SE SK IT EL EE PL CZ IE FI LT HU PT MT LV
Barometer Database

212
Conceitos e metodologia

Sector Empresarial do Estado (SEE) diretas, o Estado detém um conjunto assinalável de


Constituído pelo conjunto das unidades produtivas participações indiretas, maioritariamente integradas
do Estado, organizadas e geridas de forma empresarial, em grupos económicos ou holdings como a Parpública
integrando as empresas públicas e as empresas – Participações Públicas, SGPS, SA, AdP – Águas
participadas. As empresas públicas são empresas em de Portugal, SA. e na Caixa Geral de Depósitos,
que o Estado ou outras entidades públicas estaduais S.A.. (Direção Geral do Tesouro e Finanças)
possam exercer, isolada ou conjuntamente, de forma
Valor acrescentado bruto (VAB)
direta ou indireta, uma influência dominante
Nas contas nacionais, corresponde ao saldo
decorrente da detenção da maioria do capital
da conta de produção, a qual inclui em recursos,
ou dos direitos de voto, ou do direito de designar
a produção, e em empregos, o consumo intermédio,
ou de destituir a maioria dos membros dos órgãos
antes da dedução do consumo de capital fixo.
de administração ou de fiscalização. As empresas
Tem significado económico tanto para os sectores
participadas são empresas em que, não se encontrando
institucionais como para os ramos de atividade.
reunidos os requisitos para serem consideradas
O VAB é avaliado a preços de base, ou seja, não
empresas públicas, existe uma participação
inclui os impostos líquidos de subsídios sobre os
permanente do Estado. O SEE integra atualmente
produtos. Nas empresas, corresponde ao valor bruto
um conjunto de empresas detidas ou participadas
da produção deduzido do custo das matérias-primas
pelo Estado, cuja atividade abrange os mais diversos
e de outros consumos no processo produtivo. (INE)
sectores de atividade. Além das participações

Para saber mais


Cesifo (2010) | Privatisation in EU countries
OCDE (2005) | Corporate governance of state owned enterprises

213
23
Carga fiscal

As reformas fiscais ocorridas em 1986 sobre a tributação indireta (intro-


dução do IVA), em 1989 sobre a tributação direta (IRS, IRC) e em 2003 no
património (IMI, IMT) alargaram a base tributária. A evolução da carga
fiscal (impostos e contribuições sociais) foi influenciada pela conjuntura
económica, pelo reforço da eficácia da administração fiscal e por tendências
estruturais como a alteração dos padrões de consumo, a expansão da massa
salarial do sector público ou a redução das taxas de juro.

Portugal nos últimos 25 anos

A carga fiscal subiu do mínimo de 26% do PIB em 1987 para o máximo de 33% O nível da carga fiscal
em 2007/8, com a reconfiguração do sistema fiscal na viragem para a década em Portugal aumentou
em resultado das
de 1990 a elevar sobretudo o peso da tributação direta (Gráfico 23.1). reformas fiscais e
Entre 1989 e 2010, destacam-se as seguintes alterações na composição da da maior eficácia da
administração fiscal,
carga fiscal (Gráfico 23.8):
mas mantém­‑se abaixo
• os impostos sobre bens e serviços contribuíram com uma média anual de da média europeia.
42% para a carga fiscal neste período, descendo de 46% em 1989 para 38%
em 2009. O IVA reforçou a sua relevância de 44% para 63% nestes impos-
tos, em detrimento dos impostos especiais sobre o consumo e dos direitos
aduaneiros. Este facto deveu-se sobretudo ao agravamento das taxas de
tributação do IVA, com a taxa normal a subir de 16% para 21% neste período;
• os impostos sobre o rendimento e capital contribuíram com uma média
anual oscilante entre os 25% e os 30% para a carga fiscal. A distribuição
destes impostos por pessoas singulares e coletivas passou de 70/30 em
1995 para 59/41 em 2000, mas reequilibrou-se em 66/34 em 2010 com o
alargamento da base tributável e a descida das taxas de IRC de 36,5% em
1989 para 25% a partir de 2004;

215
• os impostos sobre o património mais que duplicaram o seu contributo
de 1,5% para cerca de 4% da carga fiscal durante os anos 90, primeiro
com os impostos sobre as transações e depois com o IMI, na sequência
da reforma de 2003;
• as contribuições sociais efetivas subiram o contributo de 26% para 29%
da carga fiscal, vindo sobretudo dos assalariados.

Portugal no contexto da União Europeia

Portugal diminuiu de 11 para sete pontos percentuais do PIB a diferença de


carga fiscal face ao padrão europeu, posicionando-se entre as cargas fiscais mais
baixas na UE27, a par dos parceiros iniciais da coesão e dos Estados-membros
do Alargamento (Gráfico 23.2 e Gráfico 23.3).
Com um nível de tributação indireta ao nível da UE27, Portugal situa-se
abaixo da média na tributação direta (9% face a 12% do PIB em 2010) e nas
contribuições sociais (9% face a 13% do PIB).

Taxa implícita de tributação

Ao comparar o valor das receitas fiscais com a base de incidência potencial dos
impostos, a taxa implícita de tributação dá uma indicação sobre a carga fiscal
que incide globalmente sobre o consumo, o trabalho e o capital (Gráfico 23.10).
Revela-se uma taxa implícita de tributação sobre o trabalho (incluindo
impostos e contribuições sociais) sempre inferior à média europeia nestes 15
anos (em torno de 23% contra 36% na UE27), justificada pela repartição do
rendimento no país, pelos respetivos escalões de tributação e pelas isenções
e benefícios que a legislação nacional prevê.
Em Portugal, a taxa de tributação implícita sobre o capital (incluindo o
IRC) excede a incidente sobre o trabalho desde 1996, subindo de 21,5% para
38% entre 1995 e 2008. Acompanhando a tendência europeia, o aumento da
carga fiscal sobre o capital colocou, mais recentemente, Portugal entre os seis
Estados-membros cimeiros nesta tributação, claramente acima da Espanha,
da Irlanda e dos novos Estados-membros que têm concorrido com Portugal
na captação de investimento estrangeiro.

216
Gráfico 23.1. Carga fiscal em Portugal | 1986 a 2010
22% 33%
do PIB do PIB
Carga Fiscal O sistema fiscal
português exibe uma
19% 30%
clara preponderância
da tributação indireta.

16% 27%

13% 24%

Impostos indiretos

10% 21%
Notas: O conceito de carga fiscal
Contribuições sociais inclui as contribuições para o
orçamento comunitário, mas os
seus componentes referem­‑se
7% 18%
apenas às administrações públicas
Impostos diretos nacionais, pelo que a tributação
indireta se encontra nesta
fonte ligeiramente subavaliada
4% 15% quanto ao seu contributo
para a carga fiscal total. As
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

2004
1995

1999

2002
contribuições sociais referem­‑se
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 às contribuições sociais efetivas.
Interno Única do EURO
Fonte: AMECO (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em maio de 2012)

Gráfico 23.2. Carga fiscal: comparação entre Portugal e UE | 1986 a 2010


42%
do PIB
O nível de fiscalidade
UE27
português permanece
38%
20% abaixo do
padrão europeu.
34% A convergência foi
mais evidente entre
1986 e 1992, via
30%
Portugal tributação direta,
e após 2000, via
26% tributação indireta.

100

Diferença entre Portugal e UE27=100

80

60
Notas: Foram estimados
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
2007
1986

1993
1993

1995

1999

2002

2004

2007
2004

valores para a UE27


UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 entre 1986 e 1998.
Interno Única do EURO
Fonte: AMECO (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em maio de 2012)

217
Gráfico 23.3. Carga fiscal: a posição de Portugal na UE | 1995 e 2010
50%
do PIB

Portugal está no
1995 2010
grupo de países com
menor carga fiscal, 45%

junto dos parceiros


iniciais da coesão e
da generalidade dos
40%
Estados­‑membros do Média UE27 (1995 ): 39% Média UE27 (2010 ): 39%

Alargamento.

35%

30%

25%

Nota: Dados iniciais não


disponíveis para Bulgária.
20%
Fonte: AMECO (acedido
RO LT LV BG IE SK EL PT PL ES MT CZ EE CY UK LU HU SI DE NL AT FI FR IT BE SE
em maio de 2012)

Gráfico 23.4. Composição da carga fiscal: comparação entre Portugal e UE | 1986 a 2010
15.0%
do PIB
O nível de tributação Impostos indiretos
em Portugal
Contribuições sociais
indireta no país na UE27
encontra­‑se alinhado
com a média europeia,
mas a evolução dos
impostos diretos e
das contribuições 12.5%
Impostos diretos
Impostos indiretos na UE27
sociais revela uma na UE7
aproximação mais
lenta.

10.0%

Impostos diretos
em Portugal

Notas: Foram estimados


valores para a UE27 entre
1995 e 1998. As contribuições
sociais referem­‑se às Contribuições sociais
contribuições sociais efetivas. em Portugal
Fonte: AMECO (acedido 7.5%
em maio de 2012) 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

218
Gráfico 23.5. Peso no PIB Gráfico 23.6. Peso no PIB Gráfico 23.7. Peso no PIB
dos impostos indiretos dos impostos diretos das contribuições sociais
| 1995 e 2010 | 1995 e 2010 | 1995 e 2010
8% 10% 12% 14% 16% 18% 20% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 0% 4% 8% 12% 16% 20%
do PIB do PIB do PIB
SK LT DK Portugal é o 10.º país
ES BG IE
com menor peso no
DE SK MT

CZ RO BG PIB das contribuições


LV EE UK sociais, embora
IE PL LV
contrarie a tendência
LT CZ SE

LU LV RO
de descida da UE27.
RO EL CY Apenas países do
EL HU PT
PT Alargamento e a
NL SI LT
Grécia têm um nível
UK PT
PT LU

BE ES EL
de tributação direta
UE
UE FR PL inferior a Portugal.
FI IE HU
PT
PT DE ES

PL CY SK

MT NL FI

EE UE
UE UE
UE
IT AT EE

SI MT IT

AT LU NL

BG IT BE

FR UK AT

CY BE SI Nota: Valor estimado


DK FI CZ para a UE27 em 1995.
HU SE DE As contribuições sociais
referem­‑se às contribuições
SE DK FR
sociais efetivas.

1986 2010 Fonte: AMECO (acedido


em maio de 2012)

Gráfico 23.8. Estrutura da carga fiscal por imposto em Portugal | 1989 a 2010
100%
4% 4% Peso dos impostos sobre Peso dos impostos sobre
bens e serviços na carga fiscal rendimento e capital na carga fiscal O IVA é responsável
90%
45%
30% por um quarto da
26%
40% Peso total 25%
Peso total
receita total de 2010,
26%
29% 35% seguido do IRS
80% 20%
30% e das contribuições
IVA Pessoas singulares
25% 15%
dos empregadores.
70% 20%
10%

15% Pessoas coletivas


5%
60% 10%
Impostos especiais de consumo
26%
5% 0%
30%
1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

2005

2007

2009

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

2005

2007

2009

27%
50%

Peso das contribuições sociais Peso dos impostos sobre


na carga fiscal o património na carga fiscal
40% 30% 5%

25% Peso total 4% Peso total


30%
20%
3%
Empregadores
46% Transações
15% (mobiliárias e imobiliárias)
20% 40% 40%
2%
10%
Assalariados
1% Propriedade imobiliária
10% 5% Nota: As contribuições
Trabalhadores por conta própria Sucessões e doações sociais referem­‑se às
0% 0% contribuições sociais efetivas.
1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

2005

2007

2009

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

2005

2007

2009

0% Fonte: OCDE (acedido


1989 2000 2010 em maio de 2012)

219
Gráfico 23.9. Estrutura da carga fiscal por base tributável: a posição de Portugal
e dos parceiros iniciais da coesão na UE | 2010
100%

maior tributação
Os impostos sobre sobre o capital
os rendimentos do
trabalho são a maior
fonte de receita 80%
maior tributação
fiscal em Portugal, sobre o trabalho
mas situam­‑se abaixo
do padrão europeu.
Já o contributo dos 60%

impostos sobre o
consumo supera a
média europeia, em
linha com os mais 40%

recentes Estados­
maior tributação
‑membros. sobre o consumo

20%

Nota: Dados provisórios


para a Grécia.
0%
Fonte: Comissão Europeia UE27 PT EL ES IE BG LT RO AT SE DE LU MT UK
UE27 PT
(2012) | Taxation trends
in the European Union Consumo Trabalho Capital

Gráfico 23.10. Taxa implícita de tributação sobre consumo, trabalho e capital:


comparação entre Portugal e UE | 1995 a 2010
38%

O rácio entre os
Trabalho
impostos e os 36%
na UE27

rendimentos do trabalho
34%
está abaixo da média
Capital
europeia, refletindo em Portugal
32%
sobretudo as taxas de Capital
na UE25
imposto e as isenções e
30%
benefícios concedidos.
A tributação que recai 28%

sobre os detentores de
capital foi a que mais 26%

cresceu.
24%

Nota. A taxa implícita de Trabalho


tributação é calculada pelo rácio em Portugal
22%
entre a receita fiscal dos impostos
de determinada categoria Consumo
na UE27
(trabalho, consumo, capital)
20%
e uma proxy da respetiva base
tributável (como remunerações,
despesa de consumo final 18%
das famílias e rendimentos Consumo
em Portugal
de capital e das sociedades
potencialmente tributáveis). 16%
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Fonte: Comissão Europeia
(2012) | Taxation trends in
the European Union

220
Conceitos e metodologia

Carga fiscal
Receitas de impostos e contribuições sociais efetivas de acordo com o conceito da Comissão Europeia,
que exclui as contribuições sociais imputadas e inclui os impostos sobre a produção e importação
pagos ao orçamento comunitário, segundo a classificação da contabilidade nacional (SEC95):

Impostos sobre Impostos devidos por cada unidade de um bem ou serviço produzido ou comercializado.
os produtos Incluem o IVA, impostos e direitos sobre a importação, impostos especiais de consumo
Impostos (D.21) (IEC), imposto automóvel/imposto sobre veículos, imposto sobre a transmissão onerosa
sobre a de imóveis (IMT)/Sisa, imposto do selo, entre outros.
produção Outros impostos Impostos em que as empresas incorrem pelo facto de se dedicarem à produção,
e importação sobre a produção independentemente da quantidade ou do valor dos bens e serviços produzidos ou
(D.2) (D.29) vendidos. Incluem o imposto municipal sobre imóveis (IMI)/contribuição autárquica,
o imposto único de circulação (IUC)/imposto municipal sobre veículos/imposto de
camionagem e outras taxas como as que incidem sobre os espetáculos.

Impostos sobre Impostos sobre os rendimentos, os lucros e os ganhos de capital. Incidem sobre os
Impostos o rendimento rendimentos efetivos ou presumidos de pessoas singulares, famílias, sociedades ou ISFL.
correntes (D.51) No essencial são constituídos pelo imposto sobre o rendimento das pessoas singulares
sobre o (IRS) e imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas (IRC).
rendimento,
património, Outros impostos Incluem o imposto municipal sobre imóveis (IMI)/contribuição autárquica e o imposto
etc. (D.5) correntes (D.59) único de circulação (IUC) /imposto municipal sobre veículos (exceto os pagos pelas
empresas).

Impostos de Impostos de Incluem o imposto sobre sucessões e doações.


capital (D.91) capital (D.91)

Contribuições Pagas obrigatória ou voluntariamente para fundos de segurança social. Dividem-se em


sociais efetivas contribuições a cargo dos empregadores, dos empregados e dos trabalhadores por conta
Contribuições (D.611) própria.
sociais (D.61) Contribuições Representam a contrapartida das prestações sociais pagas diretamente pelos
sociais imputadas empregadores aos seus empregados ou antigos empregados.
(D.612)

Na carga fiscal, distinguem-se três componentes: os impostos indiretos (que correspondem aos
impostos sobre a produção e importação: D.2), os impostos diretos (impostos sobre rendimento e
património: D.5 e D.91) e as contribuições sociais (nesta análise consideram-se as efetivas: D.611).

Classificação das receitas fiscais por tipo de base tributável:

Impostos sobre o consumo Incluem o IVA, impostos e direitos sobre a importação, impostos especiais de consumo (IEC),
entre outros.

Impostos sobre o trabalho São sobretudo os impostos sobre o rendimento do trabalho assalariado, incluindo as
contribuições sociais efetivas. Abrangem também os impostos e contribuições sobre
rendimentos de pessoas não empregadas (por exemplo, o subsídio de desemprego ou pensões).

Impostos sobre o capital Incluem os impostos sobre os rendimentos das sociedades, os capitais e o património,
as contribuições sociais dos trabalhadores por conta própria, imposto do selo e outras receitas
como as associadas a algumas licenças de exploração e profissionais.

221
Taxa implícita de tributação (TIR) capital) e uma proxy da respetiva base tributável
Compara o valor das receitas fiscais com a base apurada com base nas contas nacionais (por
de incidência potencial dos impostos. É calculada exemplo, remunerações, despesa de consumo
através do rácio entre a receita fiscal dos impostos final das famílias, rendimentos de capital e das
de determinada categoria (trabalho, consumo, sociedades potencialmente tributáveis).

Para saber mais


Comissão Europeia (2012) | Taxation trends in the European Union
INE (2011) | Estatísticas das receitas fiscais
OCDE (2011) | Revenue statistics 1965-2010
Mais dados estatísticos disponíveis na

222
24
Despesa pública

O nível e a composição da despesa refletem as opções de política económica,


mas são também influenciados por alterações conjunturais da atividade
económica, como a variação do desemprego, e por fatores mais estrutu-
rais, como o nível de envelhecimento da população e a importância do
Estado-Providência.
A crescente relevância do equilíbrio orçamental, potenciada pela adesão à
moeda única, desafia políticas económicas que permitam conciliar a redução
da despesa e o crescimento económico.

Portugal nos últimos 25 anos

O peso das despesas públicas no PIB aumentou significativamente nas últimas O peso da despesa
décadas: partindo de valores em torno dos 30% no início dos anos 80, ultra- pública no PIB subiu
e aproximou­‑se da
passou a barreira dos 50% em 2009 (Gráfico 24.1). média europeia,
Esta evolução foi essencialmente ditada pelas despesas correntes, uma sobretudo com o
aprofundamento do
vez que as despesas de capital representaram em média apenas 10% das des-
Estado­‑Providência
pesas totais. e o aumento do peso
O peso das despesas no PIB aumentou dez pontos percentuais entre 1986 das prestações sociais
nos gastos públicos.
e 2010. No essencial, o decréscimo de oito pontos percentuais nos encargos com
juros e subsídios (essencialmente à produção) não foi suficiente para compen-
sar o aumento de 12 pontos percentuais nas prestações sociais (Gráfico 24.5).
A análise da despesa face ao PIB permite identificar três grandes ciclos
de evolução:
• entre 1986 e 1993, um crescimento ditado sobretudo pelo aumento das
despesas com prestações sociais e com pessoal;
• entre 1993 e 2000, uma redução essencialmente por via da diminuição
dos encargos com juros, num quadro de relativa estabilização das pres-
tações sociais e das remunerações;

223
• de 2000 a 2010, um crescimento significativo, catalisado pelo aumento
das prestações sociais.

Portugal no contexto da União Europeia

A convergência de Portugal com a União Europeia ao nível da despesa pública


é particularmente visível a partir da segunda metade da década de 1990, em
resultado do crescimento nacional dos gastos públicos num cenário europeu
de contenção das despesas (Gráfico 24.2).
A emergência da crise internacional interrompeu esta tendência, con-
tribuindo para um incremento considerável da despesa na generalidade dos
Estados-membros a partir de 2008.
Portugal foi o terceiro país, a seguir à Irlanda e a Chipre, com maior
aumento deste indicador entre 1995 e 2010, passando de oitavo país com
menor nível de despesa a oitavo país com maior nível de despesa (Gráfico 24.3).

Alteração na composição da despesa

As prestações sociais praticamente duplicaram o seu peso na estrutura da


despesa desde 1986, atingindo os 43% em 2010 (Gráfico 24.4).
Esta trajetória reflete o aprofundamento do Estado-Providência e uma
aproximação rápida aos valores dos países da UE15 com sistemas previdenciais
mais precoces (Gráfico 24.6).
Os encargos com juros, pelo contrário, registaram o maior decréscimo
na estrutura dos gastos: eram responsáveis por 6% da despesa pública em 2010
contra um quinto em 1986.
A evolução desta rubrica traduz a convergência das taxas de juro e a
redução do prémio de risco do país propiciada pela adesão ao euro, situação
que se veio a inverter na sequência da crise financeira e das dívidas soberanas.

224
Gráfico 24.1. Despesa das administrações públicas em Portugal | 1986 a 2010
55%
do PIB
As despesas públicas
atingiram o patamar
dos 50% do PIB
50%
em 2009, num
Despesa pública total crescimento ditado
pela escalada das
despesas correntes.
45%

40%

Despesa de capital Despesa corrente

35%

Notas: Informação compilada


30% na base de 1995 de Contas
Nacionais até 1994 e na
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
base de 2006 para o período
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 de 1995 em diante.
Interno Única do EURO
Fonte: INE e Banco de Portugal
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em janeiro de 2012)

Gráfico 24.2. Despesa das administrações públicas: comparação entre Portugal e UE


| 1986 a 2010
55%
do PIB
A convergência com
a média europeia
foi particularmente
50%
evidente a partir da
UE27 segunda metade da
década de 1990, dada
a tendência de descida
45%
da despesa pública na
Portugal UE27.

40%

35%

30%
Notas: Valores estimados para
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2004

a UE27 entre 1986 e 1994.


UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO Fonte: Comissão Europeia
(2011) | Statistical annex
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
of european economy

225
Gráfico 24.3. Despesa das administrações públicas: a posição de Portugal na UE
| 1995/97 e 2008/10
70%
do PIB
Desde meados da Média 1995-97

década de 1990, Média 2008-10

Portugal é dos países 60%

que mais subiram as


despesas públicas face
50% Média UE27 (1995-97=2008-10): 50%
ao PIB.

40%

30%

20%

10%

0%
Fonte: Eurostat (acedido
SK BG LT RO LU EE LV CZ MT PL ES CY DE SI PT NL UK HU IT EL AT BE IE SE FI FR DK
em dezembro de 2011)

Gráfico 24.4. Variação da estrutura da Gráfico 24.5. Composição da despesa


despesa pública em Portugal | 1986 a 2010 pública | 1986 a 2010
Estrutura
em 2010 50%
Variação 1986-1993
O decréscimo dos (% do total)
do PIB
Variação 1993-2000 Prestações
juros e subsídios não sociais
Variação 2000-2010 43%
compensou o aumento
das prestações sociais. Despesas
com pessoal 22%
Em 2010, dois em 24%
40%
12%

cada três euros foram


10%
gastos em pensões Consumo intermédio
10% 13%

e em salários da
administração pública. 30%
Juros

6% 13%
10%

12%
Subsídios
14%
1% 20%
3%
3%

Outras despesas
correntes
6% 5%
8% 7%
4%
3%
Formação bruta 10%
de capital
Notas: Informação compilada 2% 3%
7% 3%
na base de 1995 de Contas 3%
2% 1%
Nacionais para o período até 1% 2%
1994 e na base de 2006 para o Outras despesas 4% 4%
de capital 3%
período de 1995 em diante. 4%
4%
2% 2% 2%
Fonte: INE e Banco de 0%
1986 1993 2000 2010
Portugal (acedido em -15 -10 -5 0 5 10 15 20 pontos
dezembro de 2011) percentuais

226
Gráfico 24.6. Principais despesas públicas: a posição de Portugal na UE | 2010
70%

do PIB
Formação Bruta de Capital Juros Despesas com pessoal Prestações sociais Despesa total A composição da
despesa pública
60%
portuguesa aproxima­
‑se da média,
sobretudo quanto ao
50%
peso das prestações
sociais. Portugal é
o sétimo país com
40%
maior proporção da
despesa afeta a esta
30%
rubrica, em linha com
os países com sistemas
previdenciais mais
20% antigos.

10% Notas: Encontram­‑se


representadas apenas as
principais componentes
da despesa.
0% Fonte: Eurostat (acedido
BG SK EE LT RO LU MT CZ LV PL ES CY DE HU SI EL IT UK UE27 NL PT
PT AT SE BE FI FR DK IE
em dezembro de 2011)

Conceitos e metodologia

Administrações Públicas
Inclui todas as unidades institucionais cuja função principal consiste em produzir outros bens e
serviços não mercantis destinados ao consumo individual e coletivo e/ou em efetuar operações
de redistribuição do rendimento e da riqueza nacional. Inclui a administração central (Estado
e serviços e fundos autónomos), a administração regional e local e a Segurança Social.

Classificação económica das despesas públicas:

Consumo intermédio Valor dos bens e serviços consumidos num processo de produção, excluindo os ativos fixos

Remunerações Remunerações em dinheiro ou em espécie aos funcionários

Prestações sociais Transferências para as famílias (pensões, vários subsídios, incluindo o de desemprego)
Despesa
corrente Subsídios Subsídios aos produtos e à produção (em função da quantidade produzida ou importada)

Juros No essencial, correspondem aos encargos com os juros da dívida pública

Outras transferências Para as instituições privadas sem fins lucrativos, para a União Europeia; inclui também
correntes prémios e indemnizações de seguros

Formação bruta Investimento público


Despesa de capital
de capital Outra despesa Inclui as transferências de capital, onde se destacam as ajudas ao investimento
de capital

227
Novo sistema retributivo de 1989/90 de carreira para todos os funcionários; melhorar a
e reforma fiscal de 1988/89 produtividade dos recursos humanos e racionalizar
O impacto da reforma em matéria salarial da função a sua gestão, dando-se corpo a mecanismos que
pública e da reforma da tributação dos rendimentos tenham em atenção o mérito, a experiência e o
do final dos anos 80 em Portugal deve ser considerado desempenho, procedendo-se ainda à necessária
na análise da evolução da despesa pública: a) o sistema adequação das regras de promoção e progressão
retributivo da função pública pretendeu, segundo o nas carreiras; b) a reforma fiscal substituiu, desde
decreto-lei n.º 353-A/89, de 16 de outubro, reconverter 1989, os impostos profissional e complementar
o sistema em vigor há mais de 50 anos, substituindo pelo IRS, colocando em situação de paridade fiscal
a tabela de letras por novas escalas indiciárias, funcionários públicos e demais titulares de cargos
sem se visar um aumento generalizado da função públicos com os restantes titulares de rendimentos
pública, mas antes proceder a uma reforma estrutural por conta de outrem. Esta alteração teve impacto
suscetível de comportar continuadas melhorias na receita mas também na despesa pública ao ser
qualitativas e quantitativas; alcançar uma progressiva acompanhada pela introdução de uma compensação
competitividade no recrutamento e manutenção aos salários e pensões dos funcionários públicos
dos recursos humanos ao serviço da organização, para manutenção do seu nível de remunerações, em
privilegiando-se, através do alargamento do leque termos líquidos (com base nos decretos-lei n.º 487/88,
salarial, os grupos de pessoal técnico superior e de 30 de dezembro e n.º 415/87, de 31 de dezembro).
técnico e abrindo-se perspetivas de valorização

Para saber mais


Eurostat (2011) | European economic statistics
Banco de Portugal | Relatórios anuais
Ministério das Finanças | A economia portuguesa, publicação anual
Amaral, C. e Oliveira, A. (2010) | Composição da despesa pública e crescimento económico, GPEARI,
Ministério das Finanças
Mais dados estatísticos disponíveis na

228
25
Dívida pública e saldo orçamental

Com a criação da união económica e monetária, prevista pelo Tratado de


Maastricht, os Estados-membros consideraram as suas políticas económicas
uma questão de interesse comum e fixaram dois valores de referência para
a disciplina orçamental: 3% do PIB para o défice orçamental e 60% do PIB
para a dívida pública.
Neste contexto da preparação para a moeda única, pretendeu-se prevenir que
a política orçamental de cada Estado-membro pudesse afetar a estabilidade
da área do euro e prejudicar os parceiros por via dos preços e taxas de juro.

Portugal nos últimos 25 anos

Comparando o desempenho médio anual destes quatro períodos – pré-Maas- Portugal revelou
tricht (1986/1993), convergência nominal para a entrada na moeda única dificuldade em
respeitar a disciplina
(1994/1998), euro (1999/2008) e crise internacional (2009/2010) – é possível orçamental após
quantificar os ingredientes da trajetória orçamental em pontos percentuais a adesão ao euro,
com o peso da
(p.p.) do PIB:
dívida pública no
• entre 1986/1993 e 1994/1998, o défice médio melhorou um p.p. para PIB praticamente
cerca de 5% do PIB, fruto do contributo positivo de mais receita e de a duplicar na última
década.
menos juros (seis p.p.) e do contributo negativo do aumento da despesa
primária (cinco p.p.);
• entre 1994/1998 e 1999/2008, o défice médio melhorou um p.p. para
cerca de 4% do PIB, fruto do contributo positivo de mais receita e de
menos juros (cinco p.p.) e do contributo negativo do aumento da despesa
primária (quatro p.p.);
• entre 1999/2008 e 2009/2010, o défice médio agravou-se mais de seis p.p.
para 10% do PIB, fruto do menor contributo positivo da receita (inferior
a um p.p.), do contributo já negativo da subida dos juros (0,1 p.p.) e do
aumento da despesa primária (sete p.p.).

229
Nestes 25 anos, as despesas excederam sempre as receitas públicas e o
défice só não ultrapassou o limite de 3% do PIB por cinco vezes. O rácio da
dívida pública furou o limite dos 60% do PIB desde 2005, tendo praticamente
duplicado na última década (Gráfico 25.1).
As receitas das privatizações ajudaram a amortizar a dívida pública por-
tuguesa até ao mínimo de 48% do PIB em 2000 e a participação no euro veio
melhorar as condições de financiamento, reduzindo os encargos com juros de
8% do PIB em 1991 para menos de 3% do PIB em 1999.
A dívida portuguesa detida por não residentes também subiu de menos
de 10% em 1991 para mais de 50% em 2000 e quase 80% em 2008. Esta opor-
tunidade de consolidação das finanças públicas foi contrariada pela despesa
primária, cujo peso no PIB cresceu quase o dobro da receita (Gráfico 25.4 e
Gráfico 25.6).

Portugal no contexto da União Europeia

Desde o Tratado de Maastricht, Portugal só registou um défice inferior à


média da UE27 por duas vezes, apresentando desde 2006 uma dívida pública
superior ao padrão europeu.
Depois do grego, o rácio da dívida pública portuguesa foi o que mais se
agravou desde 1995: 34 p.p. contra 12 p.p. na UE27. Quanto ao saldo orçamen-
tal, Portugal apresenta o sétimo pior desempenho médio anual, sendo um dos
onze países que nunca alcançou um superavit ou mesmo o equilíbrio das contas
públicas desde 1995 (Gráfico 25.2, Gráfico 25.3 e Gráfico 25.5).

Sustentabilidade das finanças públicas

Ao descontar do saldo orçamental os efeitos conjunturais dos bons e maus


ciclos económicos e os efeitos temporários das medidas extraordinárias sem
impacto perene nas contas públicas, a evolução do saldo estrutural revela a
tendência expansionista da política orçamental e expõe o recurso acumu-
lado de 8% do PIB em medidas temporárias para conter o défice desde 1997.
Estes efeitos temporários tiveram particular destaque entre 2002 e 2004, na
sequência do primeiro procedimento de défice excessivo aberto a Portugal.
Só em 1996/1997, no apuramento para o euro, e em 2006/2007, na sequência
do segundo procedimento de défice excessivo aberto a Portugal pelo incum-
primento de 2005, o saldo estrutural melhorou por dois anos consecutivos
(Gráfico 25.7).

230
Gráfico 25.1. Saldo orçamental e dívida pública em Portugal | 1986 a 2010
100%
do PIB
O défice orçamental
Dívida pública só por cinco vezes
não superou o limite
80%
imposto pelo Tratado
de Maastricht.
A queda da dívida
pública dos anos
90, patrocinada
Critério da dívida
<= 60%
60%
pelas receitas das
privatizações, foi
invertida a partir da
viragem do século.
0%

do PIB

Critério
C ité i ddo défi
défice
<= -3%
Saldo orçamental

Nota: Saldo orçamental e


dívida buta das administrações
-10% públicas de acordo com
o procedimento dos
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

2004
1995

1999

2002
défices excessivos.
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO Fonte: Comissão Europeia
(2011) | Statistical annex
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
of european economy

Gráfico 25.2. Saldo orçamental e dívida pública: comparação entre Portugal e UE | 1986
a 2010
100%
do PIB
Desde a adesão ao
euro, só em 2003
Portugal fechou o ano
com um défice inferior
80%
à UE27. O padrão
Dívida pública europeu da dívida,
empolado pelos rácios
UE27
de três dígitos da
Critério da dívida
<= 60% Grécia, Itália e Bélgica,
Portugal
foi ultrapassado por
Portugal desde 2006.

0% Nota: Saldo orçamental e


do PIB Saldo orçamental dívida bruta das administrações
públicas de acordo com o
Critério do défice
<= -3% procedimento dos défices
excessivos. Valores estimados
para a dívida da UE27 entre
1986 e 1996 e para o saldo
-10% orçamental da UE27 entre
1986 e 1994 com base na
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

tendência da UE15.
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO Fonte: Comissão Europeia
(2011) | Statistical annex
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
of european economy

231
Gráfico 25.3. Dívida pública: a posição de Portugal na UE | 1995 e 2010
150%
do PIB
Portugal foi o segundo 1995 2010

Estado­‑membro que
mais agravou a dívida 125%

pública entre 1995 e


2010.
100%

Média UE27 (2010): 80%


75%

Média UE27 (1995): 68%*

Critério da dívida <= 60%

50%

Nota: Dívida bruta das


administrações públicas de
acordo com o procedimento
dos défices excessivos. 25%
Para 1995, o valor da UE27
é estimado e não está
disponível para a Bulgária.
Fonte: Comissão Europeia
(2011) | Statistical annex 0%
EE BG LU RO CZ LT SI SE SK DK LV FI PL ES CY NL MT AT UK HU FR DE PT
PT IE BE IT EL
of european economy

Gráfico 25.4. Rotas da dívida pública e da taxa de juro implícita: comparação entre
Portugal, Irlanda, Grécia, área do euro e UE | 1991 e 2010
Taxa de juro implícita
da dívida
vida pública Critério da dívida <= 60% PIB
O confronto do 18%

endividamento com o 1991

respetivo encargo com Grécia

juros ilustra como a 16%

participação no euro 1991

reduziu os custos de 14%


Portugal

financiamento dos
Estados português,
12%
grego e irlandês,
tendência que a crise
das dívidas soberanas 10%

veio inverter.
1991
8% 1996

1998

6%
Irlanda

2010
2010
4%
2010 2010
2010
Nota: De acordo com
o procedimento dos UE27 Área do euro
défices excessivos. 2%
20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 110% 120% 130% 140% 150%
Fonte: AMECO (acedido
em março de 2012) Dívida pública em percentagem do PIB

232
Gráfico 25.5. Saldo orçamental: a posição de Portugal na UE | 1995 a 2010
10%
do PIB
Média dos saldos orçamentais entre 1995 e 2010
Portugal é um dos
Pior saldo orçamental desde 1995

Melhor saldo orçamental desde 1995


11 países que nunca
5%
alcançaram um
superavit ou mesmo o
equilíbrio nas contas
Melhor UE27: +0,6%
públicas desde 1995.
0% O país apresenta a
sétima pior média
Média UE27: -2,9%
orçamental da UE27
-5%
e só a Grécia e a
Pior UE27: -7,0%
Hungria não superam
o melhor resultado
orçamental português.
-10%
Nota: De acordo com o
procedimento de défices
excessivos. No caso irlandês,
o défice superior a 30%
registado em 2010, deve­‑se
-15%
ao apoio ao sistema bancário
na ordem de 20% do PIB.
Descontado o ano de 2010,
o pior défice orçamental da
Irlanda é ­‑14,2% do PIB em
-31%
2009 e a média é ­‑0,4% do PIB.
EL HU MT SK PL CZ PT
PT RO FR IT LT SI Área CY DE ES AT IE LV BE NL BG EE SE DK FI LU UK
do Fonte: AMECO (acedido
euro em março de 2012)

Gráfico 25.6. Défice orçamental, despesas e receitas públicas em Portugal | 1986 a 2010
55%
do PIB
A evolução do défice
resulta da tendência
50%
Despesa total de crescimento mais
acentuada da despesa
que da receita.

45%

Défice
40%
orçamental

Receita total

35%
Despesa primária

30% Despesa corrente primária

Nota: De acordo com


o procedimento dos
25% défices excessivos.
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

Fonte: AMECO (acedido


em dezembro de 2011)

233
Gráfico 25.7. Saldo orçamental global, primário, ajustado do ciclo e estrutural
em Portugal | 1986 a 2010
4%
do PIB
A deterioração
do saldo primário
2%
Saldo primário
prenuncia o
agravamento de outras
despesas públicas, 0%

como prestações Encargos com juros

sociais.
-2%

-4%
Nota: O saldo estrutural foi
estimado subtraindo ao saldo
ajustado do ciclo o valor das Saldo
medidas temporárias e de -6% estrutural
outras transações sem impacto
estrutural, de acordo com os
valores de efeitos temporários
apurados pelo Banco de -8%
Portugal. A divergência Saldo ajustado do ciclo
entre o saldo estrutural e o
saldo ajustado do ciclo nos
anos 2002/2004 reside nas
-10%
medidas extraordinárias. Saldo orçamental

Fonte: AMECO (acedido


em dezembro de 2011)
e Banco de Portugal | -12%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
Relatório do Conselho de
Administração 2010

234
Conceitos e metodologia

Área do euro Saldo ajustado do ciclo


Inclui Bélgica, Alemanha, Espanha, França, Irlanda, Porque parcelas da despesa e da receita reagem
Itália, Luxemburgo, Holanda, Áustria, Portugal e automaticamente ao ciclo económico, melhorando
Finlândia (desde 1999), Grécia (desde 2001), Eslovénia (ou deteriorando) o saldo orçamental em anos de
(desde 2007), Chipre e Malta (desde 2008), Eslováquia maior (ou menor) crescimento, diz-se que o saldo
(desde 2009) e Estónia (desde 2011). Portugal integra é ajustado do ciclo económico quando expurgado
o grupo inicial de 11 países que cumpriu os critérios dos efeitos destes estabilizadores automáticos,
de convergência para adotar o euro na terceira fase da como por exemplo a redução da receita de
União Económica e Monetária (UEM), proposta pelo impostos ou o aumento do subsídio de desemprego
Tratado da União Europeia (Maastricht, 1993) e que decorrentes da contração da atividade económica.
conduziu à fixação irrevogável das taxas de conversão
Saldo estrutural
entre as moedas nacionais e o euro e a condução da
Saldo orçamental ajustado do ciclo e excluindo
política monetária única para a área do euro pelo
os efeitos das medidas extraordinárias
Banco Central Europeu. (Banco de Portugal)
e de outras medidas temporárias.
Dívida pública
Saldo orçamental
Stock global de dívida bruta, definida a valor nominal
Corresponde à capacidade ou necessidade líquida
no final do ano e consolidada pelos diferentes
de financiamento das administrações públicas.
sectores das administrações públicas: administração
Quando a despesa pública é maior que a receita
central (Estado e serviços e fundos autónomos), local
pública, há necessidade líquida de financiamento
e regional e fundos da segurança social. O valor de
ou défice orçamental, contraindo-se empréstimos.
referência foi fixado em 60 % do PIB pelo protocolo
Quando a receita pública excede a despesa pública,
sobre o procedimento relativo aos défices excessivos
há capacidade líquida de financiamento ou excedente
anexo ao Tratado da União Europeia (Maastricht)
ou superavit orçamental. O valor de referência
e seguido pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento
foi fixado em 3% do PIB pelo protocolo sobre o
(1997), que visou reforçar a supervisão e clarificar a
procedimento relativo aos défices excessivos anexo
aplicação do procedimento dos défices excessivos.
ao Tratado da União Europeia (Maastricht) e
A sua variação é explicada pelo contributo do saldo
seguido pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento
primário, as despesas em juros líquidas do efeito
(1997), que visou reforçar a supervisão e clarificar a
do crescimento económico e pelos ajustamentos
aplicação do procedimento dos défices excessivos.
défice-dívida. (Banco de Portugal, 2009)
Taxa de juro implícita da dívida pública
Primário
Peso dos encargos com juros na dívida
Diz-se que o saldo orçamental é primário ou a despesa
pública do ano anterior. (AMECO)
é primária quando não inclui os encargos com juros.

Para saber mais


Banco de Portugal (2009) | A economia portuguesa no contexto da integração económica, financeira e monetária
Bunco de Portugal | Relatório anual
Comissão Europeia (2012) | Public finances in EMU
Ministério das Finanças | A economia portuguesa
Mais dados estatísticos disponíveis na

235
Olhares
SOCIEDADE
Do povoamento à proteção social,
do trabalho ao conforto da habitação,
25 olhares observam transformações
na sociedade portuguesa desde
a adesão à União Europeia
26
Coesão territorial

A coesão territorial abrange leituras de caráter económico e social. Um país


coeso é um país cujas diferentes regiões têm acesso a condições e a recursos
produtivos equiparados às suas necessidades, não necessariamente iguais,
e cujos resultados, medidos em termos económicos e sociais, são também
equiparados. Os processos de transformação destas condições e recursos
naqueles resultados são necessariamente diferentes e explicam trajetórias
de crescimento diversas.

Portugal nos últimos 25 anos

As trajetórias de crescimento das regiões portuguesas podem ser analisadas As regiões portuguesas
do ponto de vista global dos resultados atingidos, isto é, em termos do nível mantiveram um
padrão de coesão
de vida, que se mede pelo indicador PIB per capita. Esta análise do crescimento relativamente estável,
deve ser complementada com a decomposição dos fatores explicativos desse conseguido com uma
forte intensidade na
resultado global, isto é, pelo equilíbrio que se estabelece entre mais e melhor
utilização dos recursos
crescimento. humanos e com um
As regiões portuguesas mantiveram um padrão de coesão relativamente fraco desempenho
em termos de
estável, com apenas quatro das 30 regiões NUTS III a alterarem o respetivo produtividade.
posicionamento face ao patamar nacional de nível de vida. Esta alteração foi
divergente no caso do Ave e da Península de Setúbal, que se afastaram do pata-
mar médio de PIB per capita nacional (em 1995 estavam acima de 75% dessa
referência e em 2009 abaixo). Inversamente, as regiões do Baixo Vouga e do
Pinhal Litoral melhoraram o respetivo nível de vida e ultrapassaram aquele
patamar de referência (Mapa 26.3 e Mapa 26.4).
O nível de vida das regiões portuguesas apresenta maior disparidade
quando medido ao nível das NUTS III do que das NUTS II, porque o agru-
pamento de 30 NUTS III em sete NUTS II permite equilibrar internamente
alguns dos desequilíbrios que só sobressaem à escala das NUTS III.

239
Entre 1995 e 2009, a redução do diferencial entre a dispersão do nível de
vida medido pelas NUTS III e NUTS II sugere um aumento também ligeiro
da coesão dos níveis de vida das regiões portuguesas (Gráfico 26.1).

Portugal no contexto da União Europeia

As regiões portuguesas inserem-se no grupo de regiões europeias com nível


de vida inferior a 82 % da média da UE27, a par das regiões da Europa do Sul
e de Leste. À semelhança do que acontece em todos os países, a região que
abrange a cidade capital atinge os níveis mais elevados de PIB per capita do
país e tendencialmente superiores à média da UE27 (Mapa 26.1).
As diferenças de nível de vida existentes entre as sete regiões NUTS II
portuguesas colocam Portugal num patamar de dispersão dos mais elevados
da UE27, embora nos últimos anos Portugal tenha melhorado a sua posição
no ranking de dispersão regional do PIB per capita. Entre 1995 e 1999, ape-
nas a Bélgica e Eslováquia ultrapassavam Portugal. Em 2008, Portugal subiu
ao meio da tabela de países para os quais é possível estabelecer comparação
(Gráfico 26.3).

Modelo de crescimento que sacrifica a produtividade

A decomposição do modelo de crescimento das regiões entre mais e melhor


crescimento compara as combinações regionais entre os níveis de utilização
de recursos humanos (mais crescimento) e os níveis de produtividade (melhor
crescimento).
O crescimento do PIB per capita das regiões portuguesas é globalmente
explicado por via da maior intensidade na utilização dos recursos humanos e
de um fraco desempenho em termos de produtividade.
Neste contexto, podem ser identificados quatro grupos de regiões: o
grupo das 12 regiões com menor PIB per capita e com taxas de emprego mais
elevadas; o grupo das cinco regiões com PIB per capita mais elevado e com
níveis mais elevados de produtividade; enquanto as 13 regiões com PIB per
capita intermédio à escala nacional se dividem entre o grupo de sete regiões
onde é mais elevada a taxa de emprego e mais baixa a produtividade e o grupo
de seis regiões onde a combinação de emprego e de produtividade é inversa
(Mapa 26.3 a Mapa 26.6).

240
Gráfico 26.1. Disparidades regionais do PIB per capita em Portugal | 1995 a 2010
50

Dispersão ao nível das NUTS III


O nível de vida
Dispersão ao nível das NUTS II
medido pelas regiões
NUTS III apresenta
40
maior disparidade
do que medido pelas
NUTS II, embora com
30
uma ligeira tendência
de diminuição deste
diferencial.

20

10

0
1988

1996

1997

1998
1986

1987

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO
Fonte: INE (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em junho de 2012)

Gráfico 26.2. Dispersão do PIB per capita das regiões NUTS II: comparação entre
Portugal e a UE | 1995 a 2010
50

A dispersão do nível
de vida das regiões
portuguesas aproxima­
40
‑se das mais elevadas
da UE27, apesar da
maior estabilidade.
Países com maior dispersão

30

Portugal

20

Nota: Referencial de
comparação estabelecido
10 Países com menor dispersão entre a dispersão do PIB per
capita das regiões NUTS III
de Portugal, em paridades
de poder de compra, e a média
das dispersões das regiões
dos dois países da União
0 Europeia com maior e menor
dispersão entre 16 países
1988

1996

1997

1998
1986

1987

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

para os quais é possível


UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 estabelecer comparação.
Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em junho de 2012)

241
Gráfico 26.3. Dispersão do PIB per capita regional: a posição de Portugal na UE | 1995
e 2009
50

A dispersão entre 1995 2008

regiões acentua­‑se
dentro de cada país
mas converge entre 40

Estados­‑membros da
União Europeia.
Média UE27 (2000): 32,3

30

Média UE27 (2008): 27,5

20

Nota: Indicador de dispersão


do PIB per capita calculado
entre as regiões NUTS II.
Dispersão regional não
aplicável a países que só têm 10

uma única NUTS II: Estónia,


Chipre, Letónia, Lituânia,
Luxemburgo, Malta. Irlanda
e Eslovénia possuem apenas
duas regiões NUTS II.
0
Fonte: Eurostat (acedido
NL AT DK FI DE IE ES SI SE PL IT FR PT EL BE UK CZ RO SK BG HU
em junho de 2012)

Mapa 26.1. Convergência do PIB per capita regional: a posição de Portugal na UE | 2008

O nível de vida das


regiões NUTS II
europeias agrupa o
norte e centro da
Europa num grupo de
regiões com nível de
vida muito próximo
ou superior à média
da UE27, deixando a Legenda:
Países
Europa do Sul e de
PIB per capita 2008
Leste num patamar 28,2 – 56,4

inferior a 82 % do 56,5 – 81,9


82,0 – 105,7
patamar médio
105,8 – 138,7
europeu. 138,8 – 216,1
216,2 – 342,5

Fonte: Eurostat (acedido


em março de 2012)

242
Mapa 26.2. Taxa de emprego por NUTS II: a posição de Portugal na UE | 2009

Portugal apresenta
taxas de emprego
próximas das regiões
europeias com melhor
nível de vida.

Legenda:
Países
Taxa de emprego 2009
44,8% – 57,1%
57,2% – 64,5%
64,6% – 69,3%
69,4% – 73,5%
73,6% – 77,6%
77,7% – 83,9%

Fonte: Eurostat (acedido


em junho de 2012)

Mapa 26.3. Regiões portuguesas com PIB Mapa 26.4. Regiões portuguesas com PIB
per capita mais baixo | 2009 per capita mais elevado | 2009

Das 30 regiões
portuguesas, 12
regiões têm um nível
de PIB per capita
inferior a 75% da
média nacional, que
conjugam com uma
taxa de emprego
elevada. Cinco regiões
ultrapassam a média
nacional de PIB per
capita, combinando
com níveis elevados
Legenda:
Legenda: de produtividade.
Região com PIB per Regiões com PIB per
capita baixo e taxa capita elevado
de emprego elevada e produtividade
elevada

Notas: A presente
metodologia não abrange
as regiões autónomas da
Madeira e dos Açores.
Fonte: INE (acedido
em junho de 2012)

243
Mapa 26.5. Regiões com PIB per capita Mapa 26.6. Regiões com PIB per capita
intermédio e mais bem posicionadas na intermédio e mais bem posicionadas na
taxa de emprego | 2009 produtividade | 2009

Das 13 regiões
com nível de vida
intermédio à escala
nacional, sete
apresentam­‑se mais
bem posicionadas na
taxa de emprego do
que na produtividade,
e as restantes seis
regiões invertem esta
tendência.

Legenda: Legenda:

Regiões com PIB per Regiões com PIB per


capita intermédio e melhor capita intermédio e
posicionada na taxa de melhor posicionada na
emprego do que na produtividade do que
produtividade na taxa de emprego

Notas: A presente
metodologia não abrange
as regiões autónomas da
Madeira e dos Açores.
Fonte: INE (acedido
em junho de 2012)

244
Conceitos e metodologia

Medição do bem estar e do crescimento económico Dispersão regional do PIB per capita
O desenvolvimento económico e o crescimento são A dispersão regional do PIB per capita dá uma
geralmente medidos com base no PIB per capita. medida da significância das diferenças dos níveis
“O PIB permite fazer comparações entre países e regiões de PIB per capita entre regiões, e é ponderada
e continua a ser uma forma de calcular o desempenho pelo peso que a população dessa região representa
económico relativamente justa” (Comissão Europeia, no total do país. Quanto maior a dispersão do
2010). Contudo, o processo que está por trás do PIB per capita entre as regiões NUTS III de um
crescimento económico não é igual entre todas as país, maiores serão as diferenças entre os níveis
regiões/países. A trajetória de convergência subjacente de PIB per capita das diversas regiões NUTS III
a um patamar semelhante de PIB per capita entre duas do país face ao PIB per capita médio do país. Um
regiões pode ter sido suportada por «melhor» ou por caso teórico de ausência de dispersão (dispersão
«mais» crescimento. A decomposição do PIB per capita igual a zero) seria o caso em que todas as regiões
permite perceber esta dinâmica de convergência: tivessem o mesmo PIB per capita e coincidente
com o do país. A dispersão do PIB per capita entre
PIB PIB Emprego
PIB per capita = = × = regiões calcula-se através da seguinte fórmula:
População Emprego População
1 pi
= produtividade × utilização dos recursos humanos Dispersão = 100 × × ∑ni=1 | ( yi – Y ) |
Y P

Uma região competitiva deverá apresentar tanto em que yi representa o PIB per capita
um nível relativamente elevado de produtividade (ou da região i; Y representa o valor de PIB per
de qualidade de emprego, visto que ambos tendem capita do país; pi representa a população da
a completar-se) como uma quantidade satisfatória região i; P representa a população do País;
de postos de trabalho ocupados. Não basta produzir n representa o número de regiões do país.
com eficiência, é necessário ser capaz de, sem fugir
desse padrão de eficiência, criar os empregos que
permitam mobilizar os recursos humanos disponíveis.

Para saber mais


Comissão Europeia (2010) | Investir no Futuro, Quinto Relatório sobre a coesão económica, social e territorial
Eurostat (2011) | Eurostat Regional Yearbook
Eurostat (2011) | Europe in figures – Eurostat Yearbook
Mais dados estatísticos disponíveis na

245
27
Cidades e povoamento

Os fenómenos de concentração e de dispersão da população são parâmetros


que orientam os decisores públicos na definição da localização e da dimen-
são de grandes equipamentos, como hospitais, escolas, redes viárias e de
transportes. As estratégias de ordenamento territorial norteiam a definição
das políticas públicas, em função das tendências de avanço ou de recuo
das dicotomias urbano/rural, litoral/interior e das assimetrias territoriais
resultantes das diferentes formas de ocupação do solo.

Portugal nos últimos 25 anos

Os fenómenos de “betonização” e de “asfaltamento” do território aumentaram As áreas rurais e


em 50% a quota de solo construído em Portugal continental entre 1990 e 2006. as duas maiores
cidades do país
As zonas húmidas e corpos de água também expandiram 20%, impulsionadas pela perderam população
construção da barragem de Alqueva. As florestas, meios naturais, áreas agrícolas e contrastam com
o dinamismo das
e agroflorestais ocupam ainda 95% do território continental (Mapa 27.5).
restantes áreas
Nos últimos 20 anos, as cidades portuguesas subiram de 88 para 158 e os urbanas, onde se
seus habitantes de 37% para 46% da população portuguesa. destacam as cidades
com menos de 50 mil
As duas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto acolhem 39% dos habi- habitantes.
tantes do país, mas o maior contributo para o crescimento da população urbana
veio das cidades fora das áreas metropolitanas (Gráfico 27.4 e Gráfico 27.5).
As 70 vilas que ganharam o estatuto de cidade nestas duas décadas têm,
na sua maioria, menos de 20 mil habitantes ou 20 mil a 50 mil habitantes e
registam os maiores crescimentos populacionais (Gráfico 27.8 e Gráfico 27.9).
Fora das cidades e das grandes áreas metropolitanas, existe hoje um
modelo de vivência com menor densidade populacional do que há 20 anos atrás.
Um zoom às freguesias portuguesas revela que mais de metade (52%)
assume um perfil rural e as restantes perfis urbanos mais ou menos acentua-
dos (Mapa 27.2).

247
Portugal no contexto da União Europeia

A divisão da UE27 em função da ocupação dominante do seu território permite


posicionar Portugal quanto à proporção da população portuguesa a viver em
territórios urbanos ou rurais.
A quota de portugueses a viver em áreas predominantemente rurais
excede em 50% o padrão europeu e a proporção de portugueses a residir em
áreas predominantemente urbanas também supera a média europeia.
Portugal é o sexto país da UE27 com mais população em áreas urbanas,
depois de Malta, Reino Unido, Holanda, Bélgica e Espanha.
Portugal distingue-se da UE27 é pelo menor peso da população a viver
nas áreas medianamente urbanas (36% dos europeus contra 15 % dos portugue-
ses), zonas tidas de intermédias ou de «tampão» que pronunciam um modelo
europeu de ocupação territorial mais equilibrado e sustentável (Gráfico 27.2).
Embora o acréscimo populacional na região polarizada por Lisboa entre
1989 e 2009 fique a meio da tabela da UE27, a perda de habitantes da cidade
capital portuguesa foi a segunda maior da União Europeia, depois da capital
de Malta (Gráfico 27.3).

O dinamismo das cidades não metropolitanas

Neste processo de desertificação, a cidade de Lisboa foi acompanhada pela do


Porto. Nas duas últimas décadas, os aumentos populacionais das duas grandes
áreas metropolitanas do país registaram-se fora das suas capitais e das suas
outras cidades. A cidade de Lisboa caiu de 7% para 5% no total da população
da sua área metropolitana, enquanto a queda da cidade do Porto foi de 3%
para 2% (Gráfico 27.6).
O grupo das dez maiores cidades portuguesas manteve-se nos últimos 20
anos. As variações populacionais nestas cidades foram expressivas, sendo de
destacar, além das perdas populacionais já assinaladas em Lisboa e no Porto,
o crescimento de Braga e de Gaia (Gráfico 27.7).

248
Gráfico 27.1. Ocupação territorial em Portugal | 1990 a 2010
100%

7% 7%
Em 20 anos,
90%
a proporção da
9% 9%
população portuguesa
a residir em áreas
80%

47%
urbanas subiu em
49%
detrimento das áreas
70% rurais.

60%

84% 84%
50%

15%
15%

40%

30%
39%
36%

20%
População Área População Área População Área População Área População Área
1990 1995 2000 2005 2010

Fonte: Eurostat (acedido


área predominantemente rural área medianamente urbana área predominantemente urbana em março de 2012)

Gráfico 27.2. Ocupação territorial da população: comparação entre Portugal


e UE | 1990 a 2010
100%

Na comparação com
90% o padrão europeu,
Portugal contrasta
80%
pelo reduzido
% 45%
45%
45 49% 46%
46 40%
40 %
peso da população
70%
que vive nas áreas
medianamente
60%
urbanas, indiciando
50%
um modelo de
15% 32% ocupação territorial
15% 35% 36%
40%
mais desequilibrado.

30%

20%

10% 39% 22% 36% 19% 24%

0%
Portugal UE15 Portugal UE15 Portugal UE15 Portugal UE15 UE27 Portugal UE15 UE27
1990 1995 2000 2005 2010

Fonte: Eurostat (acedido


área predominantemente rural área medianamente urbana área predominantemente urbana em março de 2012)

249
Gráfico 27.3. Variação da população residente na cidade capital e na região da cidade
capital: a posição de Portugal na UE | 1989 e 2009
40%
Região da Cidade Capital
Lisboa foi a segunda Cidade Capital
capital da UE27 que 30%

mais desertificou
em 20 anos. Mas 20%
o crescimento da
população em torno
10%
da capital portuguesa
eleva a região de Média UE27 (1989-2009): 1,6%

Lisboa ao 14.º lugar 0% Média UE27 (1989-2009): 0,9%

da UE27 em termos
de crescimento -10%

populacional.
-20%

-30%

-40%

Fonte: Eurostat (acedido -50%


MT PT LV EE HU LT RO SK IT SI DE FR CZ BG EL PL IE NL ES DK AT BE UK FI LU SE CY
em maio de 2012)

Mapa 27.1. Ocupação dominante do território por NUTS III: a posição de Portugal
na UE | 2010

Das 30 regiões
portuguesas, cerca
de dois terços são
rurais e um terço são
urbanas, proporções
que praticamente se
invertem no universo
das regiões europeias.

Legenda
Tipologia urbano rural
Região medianamente urbana
Região predominantemente rural
Região predominantemente urbana

Nota: Consideram­‑se urbanas


as regiões medianamente ou
predominantemente urbanas.
Fonte: Eurostat (acedido
em março de 2012)

250
Mapa 27.2. Ocupação dominante do território por freguesia | 1991 e 2011

As freguesias urbanas
acolhem cerca de
80% da população e
ocupam apenas um
quinto do território
que é composto
maioritariamente por
freguesias rurais.

Legenda:
Tipologia Urbano Rural Legenda:
Valores não disponíveis Tipologia Urbano Rural

Área medianamente urbana Área medianamente urbana

Área predominantemente rural Área predominantemente rural

Área predominantemente urbana Área predominantemente urbana

Nota: Consideram­‑se urbanas


as freguesias medianamente ou
predominantemente urbanas.
Fonte: INE | Valores
provisórios dos Censos 2011
(acedido em março de 2012)

Gráfico 27.4. Peso da população residente Gráfico 27.5. Peso da população residente
no Portugal metropolitano e urbano | 1991 no Portugal metropolitano e urbano | 2011
Cidades Cidades
37% 46%
A redução do Portugal
não urbano deveu­‑se
ao acréscimo de 900
Outras cidades mil pessoas a viver nas
Cidades
do país Outras cidades
da AML
13%
17% Cidades do país cidades fora das áreas
da AML 24%
Cidades
da AMP
14% metropolitanas de
7%
Lisboa e do Porto.
Restante Restante
AML AML AMP AML Cidades
AMP Restante
25% 12% 5% 12% 27% da AMP
AML
8%
13%

Restante
AMP
AMP
4%
12%
Portugal
não urbano Portugal
46% não urbano Nota: Assume­‑se como
37%
população residente no
“Portugal não urbano” a
população portuguesa que
não reside nem nas duas
áreas metropolitanas nem
nas outras cidades do país.
População total residente em cidades Fonte: INE | Valores
População residente na Área Metropolitana de Lisboa (AML) provisórios dos Censos 2011
População residente na Área Metropolitana do Porto (AMP) (acedido em março de 2012)

251
Gráfico 27.6. Peso da população residente Gráfico 27.7. Dez cidades mais populosas
no Portugal metropolitano | 1991 a 2011 de Portugal | 1991 a 2011
1991 2001 2011

As duas maiores 1 1 1
663 565 545 Lisboa
cidades do país, Lisboa mil mil mil

e Porto, perderam 1991 Área Metropolitana


de Lisboa (AML)
Área Metropolitana
do Porto (AMP)
2 2 2
302 263 238 Porto
protagonismo nas mil mil mil

respetivas áreas 3 3 3
181 178 186 Gaia
metropolitanas, mil mil mil

2%
7% 13% 6% 3% 7%
4 4 4
onde ganham peso 152 178 176 Amadora
mil mil mil
os habitantes que
5 5 5
residem fora das 2001 Área Metropolitana Área Metropolitana 118 118 131
Braga
de Lisboa (AML) do Porto (AMP)
mil mil mil
cidades.
6 6 6
115 114 114 Coimbra
mil mil mil
5% 12% 8% 3% 7% 3% 7 7 7
110 112 112 Funchal
mil mil mil

8 8 8
94 104 109 Almada
Área Metropolitana Área Metropolitana
2011 de Lisboa (AML) do Porto (AMP) mil mil mil

9 9 9
93 92 95 Odivelas
mil mil mil

Nota: As duas áreas 10 10 10


2%

5% 12% 10% 7% 3%
metropolitanas são repartidas 85 91 90 Setúbal
mil mil mil
entre a sua cidade principal
(Lisboa e Porto), as outras
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%
cidades estatísticas e o restante
território que não é cidade. melhoram posição mantêm posição pioram posição
Área Metropolitana de Lisboa (AML) Área Metropolitana do Porto (AMP)
Fonte: INE | Valores Lisboa Cidade Outras Cidades da AML
provisórios dos Censos 2011 Restante AML Porto Cidade
(acedido em maio de 2012) Outras cidades da AMP Restante AMP

Mapa 27.3. População residente Mapa 27.4. População residente


em cidades | 1991 em cidades | 1991 e 2011

Em 20 anos, a
população a viver em
cidades aumentou
para 4,9 milhões.

legenda: legenda:
população residente população residente
em cidades em cidades
1,000,000 1,000,000

100,000 100,000
0
50,000 50,
50,000
10,000 1
10,000
Notas: A presente
metodologia não abrange
as regiões autónomas da
Madeira e dos Açores.
Fonte: INE | Valores
provisórios dos Censos 2011
(acedido em maio de 2012)

252
Gráfico 27.8. Número e população Gráfico 27.9. Número e população
das cidades em Portugal | 1991 das cidades em Portugal | 2011
158 cidades

O número de cidades
88 cidades
subiu de 88 para 158
entre 1991 e 2011.
As cidades mais
pequenas, abaixo de
88
até 20 mil 50 mil habitantes,
pessoas
9% aumentaram de
entre 20 e 14% para 23% a sua
50 mil
pessoas quota de população
14% população
residente
portuguesa.
fora de
entre 50 e cidades
até 20 mil 100 mil 54%
pessoas pessoas 8%
5% 43

entre 20 e 50
mil pessoas
mais de
9%
população 100 mil
residente pessoas
entre 50 e 100 50
fora de mil pessoas 15%
cidades 5%
63%
mais de 100 31
mil pessoas
17%

12
7

7 8 Fonte: INE | Valores


provisórios dos Censos 2011
1991 2011 (acedido em maio de 2012)

Gráfico 27.10. Estrutura da ocupação Mapa 27.5. Ocupação territorial


territorial em Portugal | 1990 e 2006 em Portugal | 2006

100% Portugal continental


é ocupado em cerca
90% de 95% por florestas
e áreas agrícolas
80%
Florestas Florestas e agro­‑florestais.
e meios e meios
naturais naturais Em dezasseis
70% 48% 48%
anos, o território
artificializado pela
60%
construção subiu perto
de 50% e as zonas
50%
húmidas e corpos de
40%
água 20%, sobretudo
Legenda:
com a construção da
30% Áreas agrícolas Áreas agrícolas
Corine Land Cover 2006
barragem de Alqueva.
e agro-florestais e agro-florestais Territórios artificializados

49% 47% Áreas agrícolas e agro-florestais

20% Florestas e meios naturais

Zonas húmidas e corpos de água


Notas: A metodologia Corine
10% Land Cover não abrange
as regiões autónomas da
Madeira e dos Açores.
0%
1990 2006
Fonte: Caetano, M.; Nunes,
V. e Nunes, A. (2009) | Corine
Territórios artificializados Florestas e meios naturais
Áreas agrícolas e agro-florestais Zonas húmidas e corpos de água land cover 2006 for continental
Portugal: relatório técnico,
Instituto Geográfico Português

253
Conceitos e metodologia

Tipologia urbano rural Cidade capital e região da cidade capital


Segundo a definição do INE, as freguesias podem O inquérito Urban Audit realizado pelo Eurostat publica
ser classificadas como áreas predominantemente informação harmonizada sobre a qualidade de vida em
urbanas, áreas medianamente urbanas e áreas 75 cidades europeias (com mais de 50 mil habitantes).
predominantemente rurais. Para classificação como Adota-se o termo «cidade capital» para fazer referência
freguesias predominantemente ou medianamente à capital de cada um dos países europeus (definição
urbanas é analisado o posicionamento específico administrativa) e o termo «região da cidade capital»
da freguesia face a referenciais de população como forma de comparar as aglomerações urbanas
residente (acima ou abaixo de 5000 habitantes), estabelecidas em torno destas cidades capitais (sendo,
de relação entre a população residente na neste caso, adotadas aproximações à zona urbana
freguesia e no concelho, de relação entre a área funcional que se estabelece a partir da cidade capital).
da freguesia e a área do concelho, de relação entre
Cidade estatística
a área em espaço de ocupação predominante
Ajustamento do perímetro urbano consagrado nos
(rural ou urbano) face à área total da freguesia
instrumentos jurídicos de ocupação de solos, às
(até 50% ou acima de 50%), de integração da
subsecções estatísticas utilizadas pelo INE na Base
sede da câmara municipal, de integrar total ou
Geográfica de Referenciação da Informação. Esta
parcialmente lugares com população residente
delimitação foi feita em parceria e com o aval das
acima de 5000 ou 2000 habitantes. As freguesias
câmaras municipais. Estão fixados critérios para a
não classificadas como “áreas predominantemente
obtenção do estatuto de cidade, embora seja uma opção
urbanas” ou “áreas medianamente urbanas”
das câmaras municipais que o aglomerado urbano se
são áreas predominantemente rurais. Este
mantenha como vila, como é o caso da vila de Sintra.
resumo dos critérios para classificação das
São critérios para obtenção do estatuto de cidade ser
freguesias não dispensa a consulta dos conceitos
um aglomerado populacional contínuo, ter um número
subjacentes às tipologias de áreas urbanas de
de eleitores superior a 8000, possuir pelo menos metade
2009, definidos pelo INE, de acordo com a
dos seguintes equipamentos coletivos: instalações
deliberação da Secção Permanente de Coordenação
hospitalares com serviço de permanência, farmácias,
Estatística publicada no Diário da República,
corporação de bombeiros, casa de espetáculos e centro
2.ª série, n.º 188, de 28 de Setembro de 2009.
cultural, museu e biblioteca, instalações de hotelaria,
Corine Land Cover estabelecimentos de ensino preparatório e secundário,
A metodologia que permite efetuar a análise da estabelecimentos de ensino pré-primário e infantários,
informação relativa ao coberto do solo em Portugal transportes públicos, urbanos e suburbanos, parques
continental e quantificar os ritmos de expansão de ou jardins públicos. A ausência de dados para as cidades
determinadas tipologias de ocupação do solo. Não portuguesas leva à utilização da população residente
obstante a pequena escala cartográfica do Corine Land nas freguesias que integram o perímetro urbano das
Cover, este permite traçar um retrato globalmente cidades como metodologia alternativa (sujeita a alguma
ajustado para análise às escalas nacional e regional. margem de erro, ainda que pouco significativa).

Para saber mais


Comissão Europeia (2011) | Cities of tomorrow: challenges, visions, ways forward
Comissão Europeia (2006) | Study on employment in rural area
Eurostat (2010) | Regional yearbook: trends in densely and thinly populated areas
Eurostat (2004) | Urban Audit methodological handbook
Mais dados estatísticos disponíveis na

254
28
População

O crescimento demográfico depende da evolução do saldo natural, diferença


entre o número de nados-vivos e o número de óbitos, e da evolução do saldo
migratório, diferença entre o número de entradas e saídas por migração.
Portugal viu o número de nascimentos baixar do limiar mínimo para assegu-
rar a substituição das gerações logo no início da década de 1980, transitando
de um país tradicionalmente emissor de emigrantes para um país recetor
de imigrantes na década de 1990.

Portugal nos últimos 25 anos

É a intensidade dos fluxos de emigração e de imigração que tem marcado o ritmo Os movimentos
e o sentido da evolução demográfica do país (Gráfico 28.1 e Gráfico 28.6): de emigração e de
imigração marcam o
• entre 1987 e 1991, a população caiu, com o decrescente saldo natural a ritmo da evolução da
não compensar o saldo migratório negativo, tendo a população baixado população que reside
em Portugal.
da fasquia dos dez milhões de residentes entre 1989 e 1993;
• entre 1992 e 2002, a dinâmica demográfica acelerou com o crescente
impulso do saldo migratório a partir de 1993 e a duplicação do peso dos
estrangeiros na população residente do país;
• entre 2003 e 2009, o crescimento da população desacelerou em resultado
da progressiva contração do saldo migratório e do menor saldo natural,
que a partir de 2007 já apresentou mesmo valores negativos ou nulos;
• as estimativas na viragem para a presente década apontam para uma
inversão dos fluxos migratórios e para a queda da população, o que não
sucedia desde o início da década de 1990.

255
Portugal no contexto da União Europeia

A dinâmica populacional de Portugal superou o padrão europeu entre 1994 e


2004, mas a decrescente entrada de imigrantes e a perda de impulso do saldo
migratório levaram a população portuguesa a voltar a crescer abaixo da média
europeia (Gráfico 28.2).
Na comparação entre 1986 e 2010, Portugal registou a décima maior
quebra da taxa bruta de crescimento natural da UE27, passando no final deste
período a pertencer ao grupo de Estados-membros cujo saldo natural contribui
negativamente para o crescimento da população (Gráfico 28.3).
A população portuguesa passou de 2,2% a 2,1% da população europeia,
sendo um dos dez Estados-membros que perderam relevância entre 1986 e
2010 (Gráfico 28.4).

Disparidades regionais

A distribuição regional da população pelas regiões portuguesas revela uma


geografia fortemente assimétrica. Em 2010, mais de metade da população
concentrava-se no Norte e Centro que, conjuntamente com Lisboa, acolhem
quatro de cada cinco residentes em Portugal.
Os dados censitários mostram que o Algarve tem sido a região mais dinâ-
mica do país, revelando também as maiores taxas de crescimento migratório a
nível regional (Gráfico 28.6). Inversamente, o Alentejo perde habitantes entre
todos os momentos censitários.
Um zoom à dinâmica das duas grandes regiões de polarização em torno
de Lisboa e do Porto demonstra diferentes composições de crescimento popu-
lacional. Na grande região de polarização do Porto, incluindo Ave, Cávado,
Entre Douro e Vouga e Tâmega, é o saldo natural o grande contribuinte para
o crescimento da população, enquanto na grande região de polarização de
Lisboa, incluindo Alentejo Central, Alentejo Litoral, Lezíria do Tejo, Médio
Tejo, Oeste, Península de Setúbal e Pinhal Litoral, é o saldo migratório que
mais conta para o crescimento.
Esta lógica realça uma dualização na ocupação territorial, visível através
de um litoral dinâmico e um interior demograficamente repulsivo.

256
Gráfico 28.1. Saldo natural, migratório e efetivo da população em Portugal | 1986 a 2010
80,000
indivíduos
A variação da
população portuguesa
60,000
é impulsionada pelo
saldo migratório que
40,000
atingiu o pico em
2002.
Variação populacional
Saldo natural

20,000

-20,000

Saldo migratório

-40,000

-60,000
1993

2004
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em janeiro de 2013)

Gráfico 28.2. Taxa bruta de crescimento natural e migratório: comparação entre


Portugal e UE | 1986 a 2010
8

por mil
habitantes Foi a maior entrada de
imigrantes que fez a
6
população portuguesa
Migratório em Portugal crescer acima da
média europeia entre
4
Natural em Portugal 1994 e 2004.

2
Natural na UE

Migratório na UE
0

-2

-4

-6
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em janeiro de 2013)

257
Gráfico 28.3. Taxa bruta de crescimento natural: a posição de Portugal na UE | 1986 e 2010
12
por mil
1986 2010
Portugal passou para habitantes

o grupo dos Estados­ 10

‑membros cujo saldo


entre nascimentos e 8
óbitos já não contribui
para o crescimento da
6
população.

Média UE27 (1986): 2,2%


2

Média UE27 (2010): 1%

-2

-4

Fonte: Eurostat (acedido -6


LV BG HU DE RO LT IT PT EE AT EL PL CZ UE SK DK SI FI BE ES MT SE NL UK FR LU CY IE
em janeiro de 2013)

Gráfico 28.4. Quota da população europeia: a posição de Portugal na UE | 1986 e 2010


18%

Portugal está entre os 1986 2010

dez Estados­‑membros 16%

que perderam
relevância no total da
14%
população europeia
entre 1986 e 2010.
12%

10%

8%

6%

4%

Nota: O valor inicial 2%

da França refere­‑se à
França metropolitana.
Fonte: Eurostat (acedido 0%
RO PL BG DE HU LV IT CZ LT PT DK EE LU MT SI SK FI AT SE IE CY BE EL NL UK ES FR
em janeiro de 2013)

258
Gráfico 28.5. Contributo dos saldos natural Gráfico 28.6. Taxa de crescimento
e migratório para a variação da população migratório por NUTS II | 1992 a 2010
anual em Portugal | 1986 a 2010
2.25%
100%

Contributo do saldo migratório


O saldo migratório
2.00%
é o principal motor
1.75% demográfico do país,
Algarve
sobretudo na região
1.50%
do Algarve.
75%
1.25%

1.00%

0.75%
Centro

50% 0.50%

Alentejo
0.25%
Lisboa

0.00%

Norte
-0.25%
25%
Açores
-0.50%

-0.75%

Madeira

Contributo do saldo natural -1.00%

0%
1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

2010

-1.25% Fonte: INE e PORDATA


1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 (acedido em janeiro de 2013)

Mapa 28.1. Variação da população Mapa 28.2. Densidade populacional


por concelho | 1981 e 2011 por concelho | 2011

O modelo de
povoamento do país é
dual, com a população
a cair no interior e
a crescer no litoral,
numa bipolarização
urbana em torno das
duas grandes áreas
metropolitanas de
Lisboa e Porto.

Legenda: Legenda:
Variação população residente Densidade Populacional

-84% – -29% 5 – 99

-28% – 0% 100 – 1.253

1% – 12% 1.254 – 2.718

13% – 47% 2.719 – 4.316

48% – 136% 4.317 – 7.363

Nota: A densidade
populacional corresponde ao
número médio de habitantes
por quilómetro quadrado.
Fonte: INE | Valores
provisórios dos Censos 2011
(acedido em fevereiro de 2012)

259
Conceitos e metodologia

População residente o saldo migratório é geralmente calculado com


Conjunto de pessoas que, independentemente de base na diferença entre a variação populacional
estarem presentes ou ausentes num determinado e o crescimento natural entre dois períodos
alojamento no momento de observação, viveram (saldo migratório ajustado). Por conseguinte, as
no seu local de residência habitual por um período estatísticas sobre saldos migratórios são afetadas
contínuo de, pelo menos, 12 meses anteriores ao por todas as imprecisões estatísticas nas duas
momento de observação, ou que chegaram ao seu componentes desta equação, especialmente
local de residência habitual durante o período a variação populacional. (PORDATA)
correspondente aos 12 meses anteriores ao momento
Saldo natural
de observação, com a intenção de aí permanecer
Diferença entre o número de nados-vivos e o número
por um período mínimo de um ano. (INE)
de óbitos num dado período de tempo. (INE)
Saldo migratório
Taxa bruta de crescimento
Diferença entre a imigração (entrada) e a emigração
A taxa bruta de crescimento natural é a relação entre
(saída) numa determinada região durante o ano
o saldo natural e a população média desse ano e a taxa
(por conseguinte, o saldo migratório é negativo
bruta de crescimento migratório é a relação entre
quando o número de emigrantes excede o número
o saldo migratório e a população média desse ano,
de imigrantes). Como a maioria dos países não
habitualmente expressos em permilagem. (PORDATA)
possui valores exatos sobre imigração e emigração,

Para saber mais


Comissão Europeia (2010) | Demography report
Carrilho, M. J. e Patrício, L. (2010) | A situação demográfica recente em Portugal, Revista de Estudos
Demográficos, INE
Ferrão, J. (2002) | Portugal, três geografias em recombinação – Espacialidades, mapas cognitivos e identidades
territoriais, Lusotopie
Mais dados estatísticos disponíveis na

260
29
Emigração e imigração

A tradição de Portugal à entrada na União Europeia era de país emissor.


A aceleração da emigração, sobretudo na década precedente à revolução de
1974, impulsionara definitivamente a comunidade portuguesa como das
mais relevantes espalhadas pelo mundo. Em sentido inverso, a comunidade
estrangeira em Portugal devia-se mais à repulsão dos processos de descolo-
nização dos países de língua oficial portuguesa (PALOP) e à restritividade
da lei da nacionalidade portuguesa.
Os marcos institucionais do Ato Único Europeu (1993), estabelecendo o mer-
cado interno de livre circulação de mercadorias, serviços, capitais e pessoas,
e do alargamento da fronteira externa única do Espaço Schengen (a que o
país aderiu em 1991) vieram enquadrar o dinamismo do emprego na atração
de imigrantes a Portugal.

Portugal nos últimos 25 anos

As limitações estatísticas à fiel observação dos fluxos de emigração e de imi- Foi a partir de 1993
gração da população nestes 25 anos não deixam de captar tendências distintas que os imigrantes
passaram a superar
(Gráfico 29.1): os emigrantes num
• entre 1986 e 1992, Portugal manteve a tradição de país emissor, com país tradicionalmente
de emigração.
as saídas a superarem as entradas em mais de 30 mil pessoas no final da
década de 1980;
• entre 1993 e 2002, as entradas ultrapassaram e alargaram a distância face
às saídas do país e Portugal assumiu a condição de país recetor;
• a partir de 2003, a imigração inicia um processo de desaceleração, com
o abrandamento do mercado imobiliário, a própria expansão dos países
emissores e a intensidade da crise económica a preparar também o con-
texto para uma nova vaga de emigração.

261
Nestes 25 anos, multiplicou-se por cinco a população estrangeira a residir
em Portugal, com surtos de crescimento que refletem alterações legislativas
como as regularizações extraordinárias de 1992 e 1996 e a figura da autorização
de permanência de 2001 (Gráfico 29.7).
Entre os Censos de 1991 e de 2011, o peso da população estrangeira subiu
de 1,1% para 3,7% da população residente no país.

Portugal no contexto da União Europeia

A dinâmica migratória destacou-se do padrão europeu entre 1994 e 2004.


Portugal acolhe das menores comunidades imigrantes, mas as comunidades de
portugueses lideram em França e no Luxemburgo (Gráfico 29.2 e Gráfico 29.3).
Quando se analisa o lastro acumulado pela emigração, a comunidade
portuguesa é das maiores espalhadas pelo mundo. Os consulados portugueses
contabilizam mais de 3,5 milhões de registos (não obrigatórios), sobretudo em
França, Brasil, Suíça, EUA, Alemanha, Reino Unido, Venezuela, Canadá, Macau,
Luxemburgo e Angola. Cerca de 1,5 milhões dos portugueses residentes em
Portugal em 2011 já tinham vivido no estrangeiro (Gráfico 29.4 a Gráfico 29.6).

Maiores comunidades estrangeiras

Na última década, as comunidades brasileira e do Leste Europeu destrona-


ram a maioria tradicional dos PALOP. Angola, que encabeçava a comunidade
estrangeira à entrada do século xxi, viu o seu peso cair de 16% para 6% entre
2001 e 2011 (Gráfico 29.8).
A região de Lisboa acolhe metade da comunidade estrangeira residente.
Os estrangeiros assumem particular relevância no total da população do
Algarve, mas também na Grande Lisboa, Península de Setúbal, Alentejo Litoral
e Oeste. Restauração, construção/imobiliário e comércio a retalho são as ati-
vidades económicas mais representativas da comunidade estrangeira.
Na última década, as mulheres superaram os homens na comunidade
estrangeira e a quota de mães estrangeiras de nados vivos registados em Portugal
ultrapassou os 10%.

262
Gráfico 29.1. Taxa bruta de crescimento migratório e fluxos de emigração e imigração
em Portugal | 1986 a 2010
9.0 80
por mil habitantes milhares
Imigrantes A imigração desacelera
7.5 70 desde 2002, enquanto
a emigração retoma a
6.0 60 tendência de subida
desde 2007.
4.5 50

3.0 40

Crescimento migratório
1.5 30

0.0 20

-1.5 10

Emigrantes

-3.0 0

-4.5 -10
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
2007
1995

1999

2002

2004
1993

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em janeiro de 2013)

Gráfico 29.2. Taxa bruta de crescimento migratório: comparação entre Portugal e UE


| 1986 a 2010
8

por mil
habitantes O saldo migratório
teve um impacto
6
maior no crescimento
Portugal da população
portuguesa face ao
4
padrão europeu entre
1994 e 2004.
2

UE
0

-2

-4

-6
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em janeiro de 2013)

263
Gráfico 29.3. Peso da população estrangeira: a posição de Portugal na UE | 1998 e 2010
45%
da população
residente
A população 1998 2010

portuguesa apresenta 40%

das comunidades
estrangeiras menos
35%
representativas no
contexto da UE27.
30%

25%

20%

15%

10%

Média UE27 (2010): 6,5%

5%

0%
Fonte: Eurostat (acedido
PL RO BG LT SK HU FI NL SI CZ PT
PT MT FR DK SE IT UK EL IE DE BE AT ES CY EE LV LU
em dezembro de 2012)

Gráfico 29.4. Ano de regresso a Portugal da população Gráfico 29.5. Dez maiores
de nacionalidade portuguesa que já residiu no estrangeiro comunidades de origem
| 2011 portuguesa | 2010
35%

Os registos consulares 30%


35%
acusam relevantes 35%
25%
30%
França
comunidades de 30% 1,1
20%
25% milhões
origem portuguesa 25%
França
15% 1,1
França
20%
espalhadas pelo 20%
milhões
1,1
10%
15% milhões
mundo. Depois
15%
5%
do retorno dos 10%
10%
0%
portugueses das ex­ 5%
antes de 1961 de 1971 de 1981 de 1991 de 2001 de 2006
5% de 1961 a 1970 a 1980 a 1990 a 2000 a 2005 a 2011
‑colónias na década de 0%
0% antes de 1961 de 1971 de 1981 de 1991 de 2001 de 2006 Brasil
1970, a maior vaga de deantes
1961 a 1970
de 1961 a 1980
de 1971 a 1990
de 1981 a 2000
de 1991 a 2005
de 2001 a 2011
de 2006
706 mil
de 1961 a 1970 a 1980 a 1990 a 2000 a 2005 a 2011 Brasil
regresso a Portugal foi Gráfico 29.6. Último país de residência da população 706 mil
Brasil
na década de 1990. 30%
de nacionalidade portuguesa que já residiu no estrangeiro | 2011 706 mil

França
Suíça
30%
25% 279 mil
30% França
Suíça
25%
20% França EUA 191
279 milmil
Suíça
25% 279 mil
Angola EUA 191
20%
15% Alemanha 162mil
mil
20% EUA 191 mil
Angola Reino Unido 154
15% Alemanha 162 mil
mil
10% Angola
15% Moçambique Alemanha Suíça Alemanha 162 mil
Venezuela 131 mil
Reino Unido 154 mil
10% Venezuela Brasil Reino
5% Canadá
Reino 131 mil
Unido 154 mil
Moçambique Alemanha Suíça Espanha Unido
10% Venezuela 131 mil
Moçambique Alemanha Suíça Venezuela Brasil Reino China-Macau130 mil
5% Venezuela 131
Canadá 131 milmil
0% Espanha Unido
Venezuela Brasil Reino Luxemburgo 100 mil
5% Canadá 131 mil
Fonte: INE e Observatório Espanha Unido China-Macau130 mil
0%
da Emigração (acedido China-Macau130
Luxemburgo 100mil
mil
0%
em dezembro de 2012) Luxemburgo 100 mil

264
Gráfico 29.7. População estrangeira Gráfico 29.8. Principais nacionalidades
em Portugal | 1986 a 2010 da população estrangeira em Portugal
| 2001 a 2009
70% A população
Milhares 25%

450
da população
estrangeira Brasil estrangeira
População estrangeira multiplicou­‑se por
Crescimento anual 60%
cinco, acompanhando
400
Cabo Verde as alterações
20%
50%
legislativas para
350
regularização da
imigração. Na última
40% década, os PALOP
300
15% perderam peso para o
Brasil, Leste Europeu
30%
250 e China.
Ucrânia

20% 10%
200
Angola

Roménia
10%
150 Guiné Bissau

5% Moldávia
Reino Unido
0%
Nota: O ano de 2001 fica
100
São Tomé China marcado por alterações
legislativas significativas.
Fonte: INE e Serviço
50 -10% de Estrangeiros
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010

0% e Fronteiras (acedido
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 em dezembro de 2012)

265
Conceitos e metodologia

Emigrante 2007) e com prorrogações de vistos de longa duração


Considera-se emigrante permanente a pessoa (2005 a 2010). Segundo o Serviço de Estrangeiros e
(nacional ou estrangeira) que, no período de Fronteiras (SEF), a análise da evolução da comunidade
referência, tendo permanecido no país por um estrangeira em Portugal deve atender à quebra de
período contínuo de pelo menos um ano, o deixou série no ano de 2008 e não pode ser dissociada das
com a intenção de residir noutro país por um período sucessivas alterações legislativas que permitiram
contínuo igual ou superior a um ano. Considera-se a regularização de cidadãos estrangeiros, como
emigrante temporário a pessoa (nacional ou são exemplo as regularizações extraordinárias
estrangeira) que, no período de referência, tendo (1992 e 1996) ou instrumentos de regularização
permanecido no país por um período contínuo de da permanência como autorizações de permanência,
pelo menos um ano, o deixou, com a intenção de prorrogações de permanência e autorizações de
residir noutro país por um período inferior a um residência com dispensa de visto por motivos
ano, excluindo-se desta situação as deslocações excecionais (legislação de 2001, 2003/4 e 2007).
com caráter de turismo, negócios, estudo,
Saldo migratório
saúde, religião ou outro de igual teor. (INE)
Diferença entre a imigração (entrada) e a emigração
Imigrante (saída) numa determinada região durante o ano
Considera-se imigrante permanente a pessoa (nacional (por conseguinte, o saldo migratório é negativo
ou estrangeira) que, no período de referência, quando o número de emigrantes excede o número
entrou no país com a intenção de aqui permanecer de imigrantes). Como a maioria dos países não
por um período igual ou superior a um ano, tendo possui valores exatos sobre imigração e emigração,
residido no estrangeiro por um período contínuo o saldo migratório é geralmente calculado com
igual ou superior a um ano. Considera-se imigrante base na diferença entre a variação populacional
temporário a pessoa (nacional ou estrangeira) que, no e o crescimento natural entre dois períodos
período de referência, entrou no país com a intenção (saldo migratório ajustado). Por conseguinte, as
de aqui permanecer por um período inferior a um estatísticas sobre saldos migratórios são afetadas
ano, tendo residido no estrangeiro por um período por todas as imprecisões estatísticas nas duas
contínuo igual ou superior a um ano. (INE) componentes desta equação, especialmente
a variação populacional. (PORDATA).
População estrangeira em território nacional
Conjunto de pessoas de nacionalidade não portuguesa Taxa bruta de crescimento migratório
que no momento da observação sejam consideradas Relação entre o saldo migratório e a população média
residentes, com autorizações de permanência e desse ano.
prorrogações de autorizações de permanência (2001 a

Para saber mais


Baganha, M., Ferrão, J., Malheiros, J. (1998) | Os movimentos migratórios externos e a sua incidência no
mercado de trabalho em Portugal, Instituto de Emprego e Formação Profissional
Malheiros, J. (2011) | Portugal 2010: O regresso do país da emigração, Observare, Universidade Autónoma
de Lisboa
Rosa, M. J. V., Seabra, H., Santos, T. (2003) | Contributos dos “imigrantes” na demografia portuguesa:
o papel das populações de nacionalidade estrangeira, ACIME
Mais dados estatísticos disponíveis na

266
30
Estrutura etária

Menos filhos e mais anos de vida são os ingredientes do aumento do peso da


proporção de idosos, evolução que a imigração não tem conseguido atenuar.
Portugal acompanha uma transição demográfica mundial que questiona
as estruturas económicas, sociais e culturais e a relação entre as gerações.
O debate lançado com a Assembleia Mundial das Nações Unidas sobre o
Envelhecimento em 1982 tem consensualizado os desafios colocados seja
ao nível laboral (redução da mão de obra, atração de imigração ou prolon-
gamento da vida ativa e da formação), a nível orçamental (pressão sobre a
sustentabilidade dos sistemas de pensões, de proteção social e de saúde) e
a nível sociocultural (reequilíbrio das estruturas familiares ou do balanço
entre trabalho e lazer).
É um desafio a promoção de uma vida digna e saudável em todas as idades
e é uma oportunidade a ampliação da oferta de bens e serviços aos escalões
etários mais elevados, com destaque para o nível de instrução, de saúde e de
poder de compra que detém a geração dos baby-boomers que agora se reforma.

Portugal nos últimos 25 anos

Portugal observou uma inversão demográfica, com a população idosa a ultra- O aumento do peso
passar pela primeira vez a população jovem na viragem para o século xxi. da população idosa
nos últimos 25 anos é
No saldo destes 25 anos, por cada jovem a menos há um idoso a mais o grande protagonista
(Gráfico 30.1): do processo de
transição demográfica
• a população com menos de 15 anos de idade encolheu mais de 30%,
que abala as bases do
baixando de 23% para 15% do total da população; relacionamento entre
• a população com 65 ou mais anos de idade aumentou perto de 60%, as gerações.

subindo de 12% para 18% do total da população;

267
• o número de indivíduos em idade ativa caiu de cinco para quatro por
cada idoso, diminuindo em 30% o designado índice de sustentabilidade
potencial;
• a população com 75 ou mais anos é hoje perto de metade da população
idosa, aumentando em mais de 20% o designado índice de longevidade;
• potencialmente, por cada 100 pessoas que saem do mercado de trabalho
entravam perto de 100 em 2010 contra 150 em 1986, diminuindo em mais
de 30% o designado índice de rejuvenescimento da população ativa.

Portugal no contexto da União Europeia

A população portuguesa apresenta um ritmo de envelhecimento superior ao


padrão europeu, tendo sido o sexto Estado-membro da UE27 onde mais cedo
o número de idosos ultrapassou o número de jovens (Gráfico 30.2).
Entre 1986 e 2010, a população portuguesa foi a primeira na UE15 e a
oitava na UE27 em termos de perda de peso dos jovens e foi a quinta na UE27
em termos de ganho de peso dos idosos.

Especificidades regionais

O envelhecimento é mais acentuado no interior e fora das grandes áreas metro-


politanas, potenciando um ciclo progressivo de abandono das áreas rurais do
interior a favor das zonas urbanas, em particular dos centros urbanos em torno
das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto.
A migração da população do interior, sobretudo em idade ativa e em busca
de emprego e de melhores condições de vida, deixa para trás uma população
envelhecida, no Alentejo, no Centro e no Algarve, sendo a perda de jovens
particularmente sentida no Norte (Mapa 30.2 e Mapa 30.4).
Atualmente, um em cada cinco alojamentos é habitado por idosos. Cerca
de 60% da população idosa vive só ou com outros idosos, fenómeno que aumen-
tou perto de 30% na última década e que se concentra no Centro e no Alentejo.
Esta é mesmo uma das regiões da União Europeia com maior proporção de
idosos.

268
Gráfico 30.1. Peso da população jovem e idosa e índice de envelhecimento em Portugal
| 1986 a 2010
125 25%
da
população
O número de idosos
Pessoas entre 0 e 14 anos
por cada 100 jovens
mais do que duplicou.
100 20%
Desde a viragem do
século que há mais
idosos do que jovens a
75 15%
residir em Portugal.

Pessoas com 65 ou mais anos

50 10%

Índice de envelhecimento
25 5%

0 0%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em dezembro de 2012)

Gráfico 30.2. Índice de envelhecimento: comparação entre Portugal e UE | 1986 a 2010


125

O ritmo de
envelhecimento é
superior ao padrão
100
europeu, tendo a
UE27
população idosa
ultrapassado a
jovem mais cedo em
75
Portugal.

Portugal

50

25

0
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em dezembro de 2012)

269
Gráfico 30.3. Índice de envelhecimento: a posição de Portugal na UE | 1990 e 2010
150

Em duas décadas,
Portugal subiu do 1990 2010

meio da tabela para 125

oitavo país mais


envelhecido da UE27. Média UE27 (2010): 111

100

75

Média UE27 (1990): 71

50

25

Nota: O valor inicial da


França reporta­‑se a 1991.
0
Fonte: Eurostat (acedido
IE CY LU SK NL PL FR DK UK MT RO BE FI CZ LT SE HU ES EE PT SI AT LV BG EL IT DE
em janeiro de 2012)

Gráfico 30.4. Pirâmide etária da população em Portugal | 1986 e 2010


85 e mais anos 85 e mais anos
Em causa está um
80 - 84 anos 80 - 84 anos
duplo fenómeno de
75 - 79 anos 75 - 79 anos
envelhecimento: a
70 - 74 anos 70 - 74 anos
redução da natalidade
65 - 69 anos 65 - 69 anos
veio estreitar a base
60 - 64 anos 60 - 64 anos
da pirâmide etária,
55 - 59 anos 55 - 59 anos
enquanto o aumento
da longevidade e o 50 - 54 anos 50 - 54 anos

envelhecimento dos 45 - 49 anos 45 - 49 anos

baby boomers veio 40 - 44 anos 40 - 44 anos

alargar o topo da 35 - 39 anos 35 - 39 anos

pirâmide. 30 - 34 anos 30 - 34 anos

25 - 29 anos 25 - 29 anos

20 - 24 anos 20 - 24 anos

15 - 19 anos 15 - 19 anos

10 - 14 anos 10 - 14 anos

5 - 9 anos 5 - 9 anos

0 - 4 anos 0 - 4 anos

10% 5% 5% 10% 10% 5% 5% 10%

Fonte: INE (acedido em


janeiro de 2012) Mulheres 1986 Homens 1986 Mulheres 2010 Homens 2010

270
Mapa 30.1. Peso da população jovem por Mapa 30.2. Variação do peso da população
concelho | 2011 jovem por concelho | 1991 e 2011

É nas periferias de
Lisboa e do Porto
que se concentram os
concelhos mais jovens.
O ritmo de perda da
população jovem é
agora mais intenso no
Norte e nas regiões
autónomas.

Legenda: Legenda:
% de população jovem Variação da população jovem
7% – 11% -12 – -8p.p.
12% – 13% -7 – -5p.p.
14% – 15% -4 – -2p.p.
16% – 17% -1 – 0p.p.
18% – 24% 1 – 2p.p.
Nota: Representa a
percentagem de população
com menos de 15 anos no total
da população do concelho
e a sua variação em pontos
percentuais entre 1991 e 2011.
Fonte: INE | Valores
provisórios dos Censos 2011
(acedido em fevereiro de 2012)

Mapa 30.3. Peso da população idosa por Mapa 30.4. Variação do peso da população
concelho | 2011 idosa por concelho | 1991 e 2011

É no interior do país
que a proporção de
idosos é maior e mais
cresceu nas últimas
décadas.

Legenda: Legenda:
% de população idosa Variação da população idosa
8% – 18% -7 – 0p.p.
19% – 23% 1 – 5p.p.
24% – 28% 6 – 8p.p.
29% – 33% 9 – 11p.p.
34% – 40% 12 – 17p.p.
Nota: Representa a
percentagem de população
com mais de 65 anos no
total da população do
concelho e a sua variação
em pontos percentuais
(p.p.) entre 1991 e 2011.
Fonte: INE | Valores
provisórios dos Censos 2011
(acedido em fevereiro de 2012)

271
Conceitos e metodologia

Índice de dependência total entre o número de pessoas com 75 ou mais anos e


Relação entre a população jovem e idosa e a o número de pessoas com 65 ou mais anos. (INE)
população em idade ativa, definida habitualmente
Índice de rejuvenescimento da população ativa
como o quociente entre o número de pessoas
Relação entre a população que potencialmente está
com idades compreendidas entre os 0 e os 14
a entrar e a que está a sair do mercado de trabalho,
anos conjuntamente com as pessoas com 65 ou
definida habitualmente como o quociente entre o
mais anos e o número de pessoas com idades
número de pessoas com idades compreendidas entre
compreendidas entre os 15 e os 64 anos. (INE)
os 20 e os 29 anos e entre os 55 e os 64 anos. (INE)
Índice de envelhecimento
Índice de sustentabilidade potencial
Relação entre a população idosa e a população
Número de indivíduos em idade ativa por idoso. (INE)
jovem, definida habitualmente como o
quociente entre o número de pessoas com 65 População idosa
ou mais anos e o número de pessoas com idades Parcela da população com 65 e mais anos.
compreendidas entre os 0 e os 14 anos. (INE) População jovem
Índice de longevidade Parcela da população com idades compreendidas entre
Relação entre a população mais idosa e a população os 0 e os 14 anos.
idosa, definida habitualmente como o quociente

Para saber mais


Comissão Europeia (2009) | Ageing report: economic and budgetary projections for the EU-27 member states
(2008-2060)
Mendes, F.R. (2005) | Conspiração grisalha: segurança social, competitividade e gerações, Celta Editora
Rosa, M. J. V. (2012) | O envelhecimento da sociedade portuguesa, Fundação Francisco Manuel dos Santos
Mais dados estatísticos disponíveis na

272
31
Estruturas familiares

A crescente participação das mulheres no mercado de trabalho, a evolução


das qualificações profissionais, o planeamento familiar ou a própria con-
juntura económica são fatores que condicionam a forma de viver em família.
A família é sinónimo de casal, mantendo-se os casais com filhos a estrutura
familiar mais frequente. Mas o envelhecimento, o adiar a maternidade e o
divórcio são tendências que vêm determinando a crescente atomização do
conceito de família.

Portugal nos últimos 25 anos

Entre os Censos de 1981 e 2011, as famílias cresceram cinco vezes mais depressa Os portugueses têm
do que a população, reduzindo a dimensão média de 3,3 para 2,6 pessoas por menos filhos, casam­‑se
menos, divorciam­
família. ‑se mais, vivendo
Os agregados de uma ou duas pessoas subiram de um terço para mais de em famílias mais
pequenas.
metade das famílias em Portugal em detrimento das famílias mais numerosas.
As famílias unipessoais e monoparentais e os casais sem filhos ganha-
ram quota aos casais com filhos, que ainda representam duas em cada cinco
famílias em Portugal. Perto de uma em cada cinco famílias são já pessoas a
viver sós (Gráfico 31.1).
Nestes 25 anos, a tendência foi de recuo no número médio de pessoas do
agregado familiar, nos casamentos e no número médio de filhos por mulher
em idade fértil. Aumentou ainda a idade média do homem e da mulher ao
primeiro casamento e da mulher ao primeiro nascimento.
Inversamente, ganharam protagonismo os divórcios, os nascimentos
fora do casamento, os casais que vivem juntos antes de celebrar casamento, os
segundos ou mais casamentos, os casais com filhos de anteriores casamentos
e alargaram-se as uniões civis a parceiros do mesmo sexo a partir de 2010.

273
Portugal no contexto da União Europeia

A dimensão média das famílias portuguesas diminuiu e convergiu com o


padrão europeu, revelando-se como causa e efeito de um conjunto de trans-
formações: redução do número de agregados onde estão presentes mais de
duas gerações, diminuição do peso das famílias mais numerosas e aumento
das famílias monoparentais e unipessoais.
O decréscimo progressivo do número de filhos por mulher em idade
fértil tornou Portugal o quarto país da UE27 com menor taxa de fecundidade,
enquanto o aumento da idade das mães ao nascimento do primeiro filho se
sintoniza com o padrão europeu (Gráfico 31.4 e Gráfico 31.5).
O peso crescente das famílias portuguesas sem filhos dependentes tem
convergido com o padrão europeu. Portugal é o quarto país com menor peso
das famílias sem filhos dependentes e é também o quinto país da UE27 na
proporção de jovens entre os 18 e os 34 anos a viver com os pais (Gráfico 31.2,
Gráfico 31.3 e Gráfico 31.6).
O casamento mantém-se como condição relevante na vida dos casais
portugueses, mas recorre-se cada vez menos à união civil.
Portugal é o sétimo país da UE27 onde se celebram menos casamentos e
onde ocorrem mais divórcios, apresentando nascimentos fora do casamento
acima do padrão europeu (Gráfico 31.7 e Gráfico 31.8).

Estruturas familiares ao nível regional

As famílias de maior dimensão estão concentradas nas regiões do Minho-Lima,


do Cávado, do Ave, do Tâmega e nas regiões autónomas, enquanto as famílias
unipessoais se destacam de forma mais expressiva nas regiões do interior
Centro e Sul do país (Mapa 31.1 e Mapa 31.2).
A idade dos homens e das mulheres ao primeiro casamento aumentou para
ambos os sexos em todas as regiões do país. É nas regiões do sul de Portugal
onde se casa mais tarde e onde se verifica a maior reincidência no casamento,
mais visível nos homens do que nas mulheres divorciadas (Gráfico 31.9 e
Gráfico 31.10).

274
Gráfico 31.1. Estruturas familiares em Portugal | 1992 a 2010
(Quebra de série)
100%
Outras situações Os casais com
filhos mantém­
Um indivíduo
‑se como estrutura
Família monoparental 80%
dominante, mas
outros tipos de família
ganham crescente
protagonismo.
Casal sem filhos 60%

40%
Casal com filhos

20%

0%
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO
Fonte: PORDATA (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em janeiro de 2013)

Gráfico 31.2. Famílias sem filhos dependentes: comparação entre Portugal e a UE


| 1997 a 2010
70%
(Quebra de série)
O número de famílias
sem filhos mantém­
UE27
‑se abaixo do padrão
europeu. Mais de um
65%
terço das famílias
portuguesas tem filhos
a seu cargo.

60%

Portugal

55%

(Quebra de série)
50%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2005

2006

2007

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em fevereiro de 2012)

275
Gráfico 31.3. Peso das famílias sem filhos dependentes: a posição de Portugal na UE |
1997 e 2010
80%

Portugal mantém­‑se
como um dos países
1997 2010
da UE27 com menor
proporção de famílias
sem filhos a cargo, a 70%

par da generalidade Média UE27 (2010): 68%

dos países do Média UE27 (1997): 66%

Alargamento.

60%

50%

Nota: Dados não disponíveis


para Irlanda, dados iniciais não
disponíveis para Estados­
‑membros do Alargamento
de 2004 e dados finais não
disponíveis para Chipre.
40%
Fonte: Eurostat (acedido
RO MT PL PT SK BG LT SI LV LU HU ES CZ EL EE IT BE UK FR NL AT SE FI DK DE
em fevereiro de 2012)

Gráfico 31.4. Taxa de fecundidade: a posição de Portugal na UE | 1986 e 2010


2.5
1986 2010
As mulheres
portuguesas são das
que têm menos filhos
na União Europeia. 2.0

Média UE27 (2009): 1,59

1.5

1.0

Notas: O valor inicial refere­‑se 0.5


a 1989 para a Estónia e 1990
para a Polónia e o valor final
refere­‑se a 2009 para a Bélgica.
Dados iniciais não disponíveis
para Letónia nem Alemanha.
Fonte: Eurostat (acedido 0.0
LV HU RO PT ES PL MT DE SK IT AT CY CZ BG EL LT SI LU EE NL BE DK FI SE UK FR IE
em janeiro de 2013)

276
Gráfico 31.5. Idade média das mãe ao nascimento do primeiro filho: a posição de
Portugal na UE | 1986 e 2010
32

Portugal acompanha
1986 2010
o padrão europeu
na idade média da
30
Média UE27 (2009): 29,8
mãe ao nascimento
do primeiro filho,
posicionando­‑se a
meio da tabela da
28 UE27.

26

24 Notas: O valor inicial refere­‑se


a 1989 para a Estónia e 1990
para a Polónia e o valor final
refere­‑se a 2009 para a Bélgica.
Dados iniciais não disponíveis
para Letónia nem Alemanha.
22 Fonte: Eurostat (acedido
BG RO SK LV PL LT EE HU MT BE UK CZ AT PT
PT FR SI FI EL DE CY DK SE LU NL ES IE IT
em janeiro de 2013)

Gráfico 31.6. Peso dos jovens entre 18 e 34 anos de idade a viver com os pais: a posição
de Portugal na UE | 2005 e 2010
80%

Portugal é o quinto
país da UE27 onde
2005 2010
os jovens mais adiam
a saída do agregado
60% familiar: três em cada
cinco portugueses
entre os 18 e os 34
Média UE27 (2005): 47,2% Média UE27 (2010): 47,5% anos viviam em casa
dos pais em 2010.
40%

20%

Nota: Dados iniciais não


disponíveis para a Roménia.
0% Fonte: Eurostat (acedido
DK FI SE FR NL UK BE DE EE AT LU CZ ES LT LV PL RO EL IT HU PT SI BG MT SK
em fevereiro de 2012)

277
Gráfico 31.7. Casamentos e divórcios: a posição de Portugal na UE | 1986 e 2010
10
Casamentos por mil habitantes
Portugal passou do
Divórcios por mil habitantes
grupo dos Estados­ 9
1986 2010
‑membros com menos
8
divórcios para o
de mais divórcios.
7
Portugal também caiu
do meio da tabela
6
da UE27 para sétimo
país onde se registam
5
menos casamentos.
4

Notas: O valor final refere­‑se


a 2009 para Chipre e Reino 2
Unido, a 2008 nos divórcios na
Grécia, a 2011 nos divórcios
em Malta. Valor inicial do 1
divórcio não disponível para
Malta nem para a Irlanda.
Fonte: Eurostat (acedido 0
BG SI LU HU ES IT PT EE FR BE LV UK CZ AT NL IE DE SK EL SE RO FI DK LT PL MT CY
em janeiro de 2013)

Gráfico 31.8. Peso de nascimentos fora do casamento: a posição de Portugal na UE


| 1986 e 2010
60%

Mais do que triplicou 1986 2010

o número de filhos
de mães não casadas 50%

em Portugal, que está


acima da média da UE.
40%

Média UE27 (2009): 37%

30%

20%

Média UE15 (1986): 14%

10%
Notas: Os valores iniciais
referem­‑se a 1989 para a
Estónia, 1990 para a Polónia
e 1993 para a Roménia.
Fonte: Eurostat (acedido 0%
EL CY PL IT MT RO LT SK DE IE LU ES AT CZ HU FI PT LV NL BE UK DK BG SE FR SI EE
em janeiro 2013)

278
Mapa 31.1. Evolução da dimensão das famílias com mais de cinco pessoas por concelho
| 2001 e 2011

2001 2011
O peso das famílias
mais numerosas
diminuiu cerca de
30% na última década.
As zonas do país que
concentram as famílias
mais numerosas são
Minho­‑ Lima, Cávado,
Ave, Tâmega e regiões
autónomas.

Legenda: Legenda:
Famílias com 5 ou + pessoas Famílias com 5 ou + pessoas
PT = 100 PT = 100
< 75 < 75
75 – 100 75 – 100
100 – 125 100 – 125
> 125 > 125

Notas: Em dez anos o peso


das famílias com cinco
ou mais pessoas diminuiu
de 9,5% (PT=100 em 2001)
para 6,5% (PT=100 em 2011).
Fonte: INE | Valores
provisórios dos Censos 2011
(acedido em fevereiro de 2012)

Mapa 31.2. Evolução da dimensão das famílias com uma pessoa por concelho | 2001 e 2011

Um quinto das
2001 2011
famílias em Portugal
no ano de 2011 só
tinham uma pessoa.
O interior Norte e
Centro e o Sul do
país são as regiões
onde estas famílias
têm maior peso, por
contraste com o litoral
Norte e Centro.

Legenda: Legenda:
Famílias com 1 pessoa Famílias com 1 pessoa
PT = 100 PT = 100
< 75 < 75
75 – 100 75 – 100
100 – 125 100 – 125
> 125 > 125

Notas: Em dez anos o


peso das famílias com uma
pessoa aumentou de 17,3%
(PT=100 em 2001) para
21,4% (PT=100 em 2011).
Fonte: INE | Valores
provisórios dos Censos 2011
(acedido em fevereiro de 2012)

279
Gráfico 31.9. Idade média ao primeiro Gráfico 31.10. Peso dos casamentos
casamento por NUTS III | 1995 e 2010 em que um dos cônjuges era divorciado
por NUTS III | 1995 e 2010
A idade média ao 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 0% 5% 10% 15% 20% 25%

primeiro casamento Tâmega Tâmega Homem

Açores Cávado Mulher


aumentou cerca cinco Beira Interior Norte 1995 2010
Dão-Lafões
anos desde 1995 e o Ave Ave
Entre Douro e Vouga Pinhal Interior Sul
peso dos casamentos
Cávado Serra da Estrela
em que pelo menos Pinhal Interior Norte Dão-Lafões
Entre Douro e Vouga
um dos cônjuges era Serra da Estrela
Douro Douro
divorciado triplicou Baixo Vouga Pinhal Interior Norte
Alto Trás-os-Montes
em 15 anos. É no Madeira
Minho-Lima Minho-Lima
Sul que se casa mais Beira Interior Norte Alentejo Central

tarde e onde mais Beira Interior Sul Baixo Alentejo


Alto Trás-os-Montes Beira Interior Sul
divorciados voltam a Pinhal Interior Sul Cova da Beira

casar. Grande Porto Baixo Vouga


Médio Tejo Pinhal Litoral
PT Açores
Baixo Mondego Baixo Mondego
Pinhal Litoral Madeira
Lezíria do Tejo Médio Tejo
Cova da Beira PT
Oeste Alto Alentejo
Alto Alentejo Grande Porto
Alentejo Central Lezíria do Tejo
Algarve Alentejo Litoral
Baixo Alentejo Oeste
Península de Setúbal Algarve
Fonte: INE | Valores
Grande Lisboa Grande Lisboa
provisórios dos Censos 2011
(acedido em fevereiro de 2012) Alentejo Litoral Península de Setúbal

280
Conceitos e metodologia

Família clássica Taxa de fecundidade


Conjunto de pessoas que residem no mesmo Número médio de crianças vivas nascidas por
alojamento e que têm relações de parentesco mulher em idade fértil (dos 15 aos 49 anos de
(de direito ou de facto) entre si, podendo idade), admitindo que as mulheres estariam
ocupar a totalidade ou parte do alojamento. submetidas às taxas de fecundidade observadas
Considera-se também família clássica qualquer no momento. Valor resultante da soma das taxas
pessoa independente que ocupe uma parte ou a de fecundidade por idades, ano a ano ou grupos
totalidade de uma unidade de alojamento. A partir quinquenais, entre os 15 e os 49 anos, observadas
de 1998 deram-se alterações metodológicas num determinado período (habitualmente um
significativas no que respeita ao plano de ano civil). O número de 2,1 crianças por mulher
amostragem, dimensão e rotação da amostra, é considerado o nível mínimo de substituição de
recolha de informação, período de referência e gerações, nos países mais desenvolvidos. (INE)
ao nível do questionário e conceitos. (INE)
Taxa bruta de divorcialidade:
Filhos dependentes Rácio entre o número de divórcios durante o ano
Todos os indivíduos menores de 18 anos são t e a população média desse ano, expressa por mil
considerados filhos dependentes, bem como habitantes. (Eurostat)
aqueles que se encontram numa situação de
Taxa bruta de nupcialidade
inatividade, em termos económicos (desempregado,
Rácio entre o número de casamentos durante um
reformado, estudante e outros inativos), com
ano e a população média desse ano, expressa por mil
idade superior a 18 anos e inferior a 24, que
habitantes. (Eurostat)
vivem com pelo menos um dos pais. (Eurostat)

Para saber mais


Eurostat (2011) | Income and living conditions in Europe
Eurostat (2008) | The life of women and men in Europe
Observatório das Famílias e das Políticas das Famílias (2012) | Relatório 2011
OCDE (2011) | Doing Better for Families
Rosa, M. J. V. (2002) | Notas sobre a população – Os homens e as mulheres perante o casamento
Mais dados estatísticos disponíveis na

281
32
Emprego e desemprego

O crescente número de desempregados desde a viragem do século veio pôr


em causa a elevada taxa de emprego e a reduzida taxa de desemprego que
tradicionalmente distinguiam Portugal da média europeia.

Portugal nos últimos 25 anos

Com exceção do período em torno da recessão de 1993, o ritmo de aumento A crescer abaixo
do emprego foi particularmente intenso até à viragem do século xxi. Entre do seu potencial,
a economia vem
2000 e 2009, a população empregada manteve-se acima da barreira dos cinco apresentando
milhões, tendo recuado em 2010 aos níveis de 1999 (Gráfico 32.1). crescentes níveis
de desemprego da
Desde a adesão à União Europeia, as atividades que mais peso ganharam
população portuguesa.
no emprego foram os serviços às famílias, os serviços públicos e os serviços
às empresas, em detrimento da indústria, energia e água e da agricultura, sil-
vicultura e pescas. A construção chegou aos 12% entre 2000 e 2004 e fechou
2009 com 10%, uma proporção igual à de 1986 (Gráfico 32.4).
Quanto ao desemprego, destacam-se dois ciclos descendentes: o primeiro
entre 1986 a 1992, quando atinge o mínimo destes 25 anos, e o segundo entre
1996 e 2000, no intervalo entre as crises de 1993 e de 2003 (Gráfico 32.1).
No entanto, desde o ano de 2001 que terá duplicado o desemprego que
tende a prevalecer no longo prazo, com a economia portuguesa a fazer cor-
responder para o mesmo hiato do produto um nível de desemprego cada vez
mais elevado (Gráfico 32.8 e Gráfico 32.9).
Com exceção do ano de 2008, o desemprego não parou de aumentar em
todo o país na última década, com as regiões Norte, Centro, Algarve e Açores
a ganharem quota no desemprego nacional (Gráfico 32.10 a Gráfico 32.12).
Operários e pessoal dos serviços e vendedores estão entre as profissões que mais
contribuíram para o aumento do desemprego (Gráfico 32.13 e Gráfico 32.14).

283
Portugal no contexto da União Europeia

A taxa de emprego nacional manteve a superioridade face ao padrão europeu


nestes 25 anos, sendo o país da UE27 com maior proporção de indivíduos acima
dos 64 anos de idade no mercado de trabalho (Gráfico 32.2 e Gráfico 32.5).
Quanto à taxa de desemprego, tradicionalmente inferior ao padrão euro-
peu, ultrapassou a média da UE27 desde 2006.
Portugal foi mesmo o terceiro Estado-membro que mais agravou o desem-
prego desde 2000, passando da sexta melhor posição para a oitava pior na
primeira década do século xxi, e à frente dos parceiros iniciais da coesão no
desemprego de longa duração no final de 2010.
Face à UE27, o desemprego português penaliza comparativamente mais
as mulheres, as faixas etárias em início e em final de carreira e o pessoal com
habilitações superiores (Gráfico 32.6).

As portuguesas e o mercado de trabalho

Nestes 25 anos, as mulheres aumentaram a taxa de atividade de 54% para 70% e


a taxa de emprego de 47% para valores acima dos 60%, reduzindo o diferencial
face aos homens em mais de 20 pontos percentuais em ambos os indicadores.
As portuguesas são das mais participativas no mercado de trabalho da
UE27, que é liderado pelas mulheres da Europa do Norte que se distinguem
pela maior proporção de part-time feminino.
Transversal a todos os níveis de ensino e idades, a participação das portu-
guesas no mercado de trabalho destaca-se entre as mães, sobretudo de filhos
com menos de três anos de idade, e nas faixas etárias mais próximas da idade
da reforma, apresentando das mais lentas e progressivas saídas do mercado
de trabalho.

284
Gráfico 32.1. População empregada e desempregada em Portugal | 1986 a 2010
Milhares
de individuos

5,400 800 Com exceção do


período em torno da
recessão de 1993, o
5,000 700
emprego subiu até
à viragem do século
Empregados
4,600 600 e superou a barreira
dos cinco milhões
Desempregados
entre 2000 e 2009.
4,200 500
Os desempregados
mantiveram­‑se abaixo
3,800 400
do nível de 1986 até
2004, acelerando
desde então.
3,400 300

3,000 200

2,600 100
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO
Fonte: AMECO (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em abril de 2012)

Gráfico 32.2. Taxa de emprego e taxa de desemprego: comparação entre Portugal e UE


| 1986 a 2010
75% 21%

O emprego da
população ativa em
18%
70% Portugal é superior
Taxa de emprego em Portugal ao padrão europeu,
Taxa de emprego na UE27 embora o avanço
15%

65%
se comprima desde
o máximo de 2002.
Taxa de emprego na UE15 12% Portugal ultrapassa a
Taxa de desemprego em Portugal taxa de desemprego
60%
da UE27 desde 2006.
Taxa de desemprego na UE15
9%

Taxa de desemprego na UE27


55%

6%

50%
3%

45% 0%
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

2004
1995

1999

2002

Nota: Dados só disponíveis


UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 para UE27 a partir de 1995.
Interno Única do EURO
Fonte AMECO (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em maio de 2012)

285
Gráfico 32.3. Taxa de desemprego: a posição de Portugal na UE | 2000 e 2010
25%

Depois da Irlanda e 2000 2010

da Espanha, Portugal
foi o país da UE27
que mais agravou o 20%

desemprego na última
década, passando
da sexta taxa de
desemprego mais 15%

baixa em 2000 para a


oitava mais elevada
em 2010.
10%
Média UE27 (2010): 9,7%
Média UE27 (2000): 8,8%

5%

Notas: Valores estimados


pelo Eurostat para Portugal.
0%
Fonte: Eurostat (acedido
AT NL LU CY MT DE CZ RO SI DK UK BE IT FI SE PL FR BG HU PT
PT EL IE SK EE LT LV ES
em maio de 2012)

Gráfico 32.4. Estrutura do emprego por sectores de atividade em Portugal | 1986 a 2009
100%

Desde 1992 que


16%
o sector terciário 90% Serviços públicos 22%

domina o emprego em
Portugal. Subiu para 80% 6%

cerca de dois terços a


Serviços às empresas 12%
quota dos serviços às 70%
20%
famílias, empresas e
públicos. 60%

Serviços às famílias
10%
29%
50%

40%

29% Construção
10%
30%

20% Indústria, energia e água


18%

10% 19%

Agricultura, silvicultura e pescas 9%

0%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

Fonte: INE (acedido


em abril de 2012)

286
Gráfico 32.5. Taxa de emprego por género e por classe etária: a posição de Portugal
na UE | 2000 e 2010
30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

SK
MT
Homem > 64
Portugal mantém
FR
IT
15-24 a maior proporção
EL Mulher HU 2000 2010
2000 2010 ES
da população mais
HU

RO BE velha no mercado
ES BG de trabalho.
SK IT

PL LU

IE MT

CZ EL

BG DE

BE FI

LU LT

UE CZ

LT PL

LV UE

FR AT

EE LV

PT DK

SI NL

CY SE

UK SI

DE EE

AT UK

FI IE

NL CY

SE RO
Fonte: Eurostat (acedido
DK PT
em maio de 2012)

Gráfico 32.6. Taxa de desemprego por género, idade e escolaridade: comparação entre
Portugal e UE | 2000 a 2010
14% 25%
16%
Portugal ultrapassou o
desemprego europeu
15-24
Portugal
Básico
em 2005 nos mais
12% 14%
UE
Mulheres 20% qualificados, em
Portugal
2006 nas mulheres
Mulheres
UE
12%
e nos mais velhos e
10%
15-24 em 2007 nos homens
UE
15%
e nos mais jovens.
Homens
UE
10% Básico Entre os menos
Portugal
8%
qualificados acelerou
a convergência com a
10%
8% média europeia.

6%
55-64
Portugal
6%

5% Superior
Homens
55-64 UE
4% Portugal
UE
4%

Superior Notas: O nível de escolaridade


Portugal considerado básico inclui os
trabalhadores com ensino
pré­‑escolar ou ensino básico.
2% 0% 2%
2000

2002

2004

2006

2008

2010

2000

2002

2004

2006

2008

2010

2000

2002

2004

2006

2008

2010

Fonte: Eurostat (acedido


em maio de 2012)

287
Gráfico 32.7. Taxa de Gráfico 32.8. Relação de Okun entre desemprego e produto
desemprego de 12 ou mais | 1986 a 2010
meses | 1992 a 2010
65% Taxa de desemprego

12% 2010

Portugal vem gerando


11%
cada vez mais 2009

desemprego quando a 10%


Grécia
economia cresce abaixo 55%
9% 2007
do seu potencial. 1986
2005 2006 2008

O desemprego de 8%

2004
longa duração em 7%
1995 1996 1987
2003
1994
Portugal já lidera entre 1997

45% 6%
os parceiros iniciais da 1988 2002 1998
1993

coesão. 5%
1989
1999
1990
2001 2000
Portugal UE 1992 1991
4%
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
Hiato do produto

35%

Gráfico 32.9. Taxa de desemprego compatível com taxa


Irlanda de inflação constante em Portugal | 1997 a 2010
12%
25%

Espanha 10%

8%

UE
6%
15% Portugal
1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

2010

Fonte: AMECO e Eurostat 4%


(acedido em maio de 2012) 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Gráfico 32.10. Taxa de desemprego Gráfico 32.11. Distribuição dos


por NUTS II | 2000 e 2010 desempregados por NUTS II | 2000 e 2010
14%

12% Norte
Na última década, o Média PT (2010): 10,8% 37%
Algarve foi a região onde 10%

Centro
a taxa de desemprego 8% 14%
mais subiu, enquanto 6% Açores 1% 2000
o Norte foi a região Madeira 1%
4%
Média PT (2000): 3,9%
que maior número de Algarve 3% Alentejo
2% 9%
desempregados gerou.
Lisboa
0% 35%
Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Madeira Açores

Gráfico 32.12. Taxa de emprego


por NUTS II | 2000 e 2010
Norte
75%
42%

70%
Média PT (2000): 68,3%

65% Média PT (2010): 65,6% Açores 2% 2010 Centro


17%
Madeira 1%
60%
Algarve 5% Alentejo
7%
55% Lisboa
26%
Fonte: INE (acedido 50%
em maio de 2012) Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Madeira Açores

288
Gráfico 32.13. Desempregados à procura Gráfico 32.14. Estrutura por profissão
de novo emprego por profissão em dos desempregados à procura de novo
Portugal | 2000 e 2010 emprego em Portugal | 2000 e 2010
100%
Quadros superiores da
administração pública,
Milhares dirigentes e quadros Operários e pessoal
superiores de empresa
500 dos serviços e
Especialistas vendedores são dos
das profissões
intelectuais e científicas grupos profissionais
mais geradores de
75%
400 Técnicos e profissionais desemprego na última
de nível intermédio
década.

Pessoal administrativo
Habitação
e similares

300

Pessoal dos serviços 50%


e vendedores

Agricultores
e trabalhadores
200 qualificados
da agricultura e pescas

Operários, artífices e
25%
trabalhadores similares

100
Operadores de
instalações e máquinas
e trabalhadores
da montagem
Comércio

Trabalhadores não Fonte: Observatório do


0 qualificados 0% Emprego e Formação
2000 2002 2004 2006 2008 2010 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Profissional (2011)

289
Conceitos e metodologia

Taxa de emprego transportes e armazenagem (H); atividades de


Relação entre a população empregada e edição, gravação e programação de rádio (JA);
a população em idade ativa. (INE) telecomunicações (JB); consultoria, atividades
relacionadas de programação informática e
Taxa de atividade
atividades dos serviços de informação (JC); atividades
Relação entre a população ativa, conjunto da mão de
financeiras e seguros (K); atividades jurídicas, de
obra disponível para a produção de bens e serviços
contabilidade, gestão, arquitetura, engenharia e
que entram no circuito económico (empregados e
atividades de ensaios e análises técnicas (MA);
desempregados) e a população em idade ativa, ou
investigação científica e desenvolvimento (MB);
seja, a população com 15 e mais anos de idade. (INE)
outras atividades de consultoria, científicas e técnicas
Taxa de desemprego (MC); atividades administrativas e dos serviços de
Peso da população desempregada sobre o total apoio (N); atividades de organismos internacionais
da população ativa, sendo considerada de longa e outras instituições extraterritoriais (U); 2) serviços
duração quando considera o peso da população às famílias: comércio por grosso e a retalho,
desempregada à procura de emprego há 12 ou reparação de veículos automóveis e motociclos (G);
mais meses no total da população ativa. (INE) alojamento e restauração (I); atividades imobiliárias
NAIRU (L); atividades artísticas, de espetáculos e recreativas
Acrónimo do inglês non-accelerating (R), outras atividades de serviços (S); atividades
inflation rate of unemployment, a taxa de das famílias empregadoras de pessoal doméstico
desemprego que não acelera a inflação. e atividades de produção de bens e serviços pelas
famílias para uso próprio (T), 3) serviços públicos:
Lei de Okun
administração pública e defesa, segurança social
Relação entre a taxa de desemprego e o hiato do
obrigatória (O); educação (P); atividades de saúde
produto, ou seja, o desvio do PIB efetivo face
humana (QA); atividades de apoio social (QB).
ao potencial em percentagem do potencial.

Serviços
Na análise do emprego por sectores de atividade, os
serviços são agrupados por: 1) serviços às empresas:

Para saber mais


Centeno, M., Machado, C. e Novo, A. A. (2007) | A criação e destruição de emprego em Portugal,
Departamento de estudos económicos do Banco de Portugal e Gabinete de Estratégia e Planeamento
do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social
Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (2005) | Acesso ao emprego e mercado de trabalho:
formulação de políticas públicas no horizonte de 2013
Observatório do Emprego e Formação Profissional (2011) | Aspetos estruturais do mercado de trabalho
Mais dados estatísticos disponíveis na

290
33
Trabalho e estrutura social

A análise do perfil do trabalho é um aspeto central na compreensão das


mutações subjacentes aos vínculos estabelecidos no mercado laboral e é
barómetro da situação económica e da estabilidade das estruturas sociais.
A evidência empírica demonstra significativas alterações no modo de fun-
cionamento e na estrutura do mercado de trabalho, sendo as oportunidades
de emprego cada vez mais diversificadas, geográfica e sectorialmente.
O foco é aqui colocado sobre a evolução da estrutura do emprego por situa-
ção na profissão (por conta própria ou por conta de outrem), na duração
média da jornada de trabalho, no tipo de vínculo laboral (contrato a termo
certo ou incerto) e no regime de duração do trabalho (parcial ou completo).

Portugal nos últimos 25 anos

Entre 1986 e 2010, a carga horária trabalhada reduziu-se em 14%, passando de A morfologia laboral
uma média de 41,1 para 35,4 horas semanais. A esta tendência não são indife- do país mudou.
Apesar da prevalência
rentes as alterações legais que conduziram, nomeadamente, à redução do limite do trabalho por
de 44 para 40 horas semanais de trabalho entre 1991 e 1996 (Gráfico 33.1). conta de outrem e
do horário completo,
As comparações entre género permitem, por sua vez, verificar que o dife-
reduziu­‑se a jornada
rencial da semana de trabalho entre homens e mulheres se reduziu de cinco semanal de trabalho
para três horas entre 1998 e 2010 (Gráfico 33.9). e emergiram os
contratos a termo
O trabalho por conta de outrem é preponderante e crescente desde 1986, certo.
tendo subido para mais de três quartos da força de trabalho total, em detri-
mento do trabalho por conta própria.

291
Portugal no contexto da União Europeia

A adesão à União Europeia conduziu à implementação de um conjunto de


medidas de uniformização do sistema laboral nacional com o dos parceiros
comunitários, por via da incorporação de diretivas europeias regulamentadoras
das estruturas e relações laborais.
Esta uniformização traduz a convergência nacional face ao referencial
europeu do número médio de horas semanais trabalhadas entre 1987 e 2007,
reduzindo de cinco para uma hora semanal de trabalho semanal a diferença
entre Portugal e a UE27 (Gráfico 33.2).
A duração efetiva média semanal de trabalho em Portugal está, ainda
assim, entre as 14 mais elevadas da Europa, num contexto de clara tendência
de alinhamento das jornadas de trabalho (Gráfico 33.3).
Na comparação europeia da situação na profissão, Portugal apresenta as
maiores prevalências de trabalho por conta própria face aos trabalhadores por
conta de outrem, sendo o quarto Estado-membro com menor peso do trabalho
dependente (Gráfico 33.4).
A partir de 1997, Portugal ultrapassou a média europeia na proporção
de contratos a termo certo, que cresce particularmente desde então entre os
jovens, faixa etária onde mais de metade é contratada a prazo (Gráfico 33.5 a
Gráfico 33.6).
Inversamente, a incidência do trabalho a tempo parcial em Portugal é
de cerca de metade da média europeia, destacando-se a menor proporção de
portuguesas que trabalham em part-time: 12% contra 31% na UE27 em 2010
(Gráfico 33.7 a Gráfico 33.8).

Tendências regionais

As reduções mais acentuadas na duração média de trabalho entre 1998 e 2010


tiveram lugar no Centro e na Madeira, regiões do país que registam um menor
número de horas semanais trabalhadas e que mais diminuíram o diferencial
de horas trabalhadas entre homens e mulheres.
A Madeira assume o peso máximo de trabalho em tempo parcial (8%), o
Centro a maior autonomia laboral (30% de trabalhadores independentes em
2010) e o Algarve a maior proporção de contratos a termo, abrangendo 29%
dos trabalhadores dependentes da região (Gráfico 33.9 a Gráfico 33.12).

292
Gráfico 33.1. Estrutura do trabalho por situação na profissão e número médio de horas
semanais trabalhadas em Portugal | 1986-2010
100% 42

Outras situações
A jornada de trabalho
reduziu­‑se de mais
Trabalhadores por conta própria
40 de 41 para menos de
36 horas semanais.
75%
Assistiu­‑se também
38 a um aumento da
dependência do
Número médio de horas
trabalho medida pela
semanais trabalhadas
50% 36
maior proporção de
trabalhadores por
conta de outrem.
Trabalhadores por conta de outrem
34

25%

32

0% 30

2007
1993

1995

2004
1999

2002
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2005

2006

2008

2009

2010
1986

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: PORDATA (acedido
QCA I (1989-1993)
- QCA II (1994-1999)
- QCA III (2000-2006)
- QREN (2007-2013)
-
em janeiro de 2012)

Gráfico 33.2. Peso dos trabalhadores por conta de outrem na população empregada
e número médio de horas semanais trabalhadas: comparação entre Portugal e UE | 1986
a 2010
5 86%

Trabalhadores por conta de outrem na UE Nos últimos


84%
anos, assistiu­‑se à
convergência com o
4
modelo europeu no
82%
trabalho dependente.
Nas horas trabalhadas,
80% foram alterações
3

Trabalhadores por conta de outrem em Portugal no sistema laboral


Diferença de horas médias semanais trabalhadas PT/UE
78%
português que
aproximaram a
2
realidade nacional do
76%
padrão europeu.

74%

72%

0 70%
1987

1988

1989

1990

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2005

2006

2008

2009

2010
1991

1992

2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em janeiro de 2012)

293
Gráfico 33.3. Número médio de horas semanais trabalhadas: a posição de Portugal
na UE | 2001 e 2007
46

Portugal mantém­ 2001 2007


44
‑se a meio da tabela
da UE27 quanto 42

ao número médio
40
de horas semanais
trabalhadas. 38
Média UE27 (2007): 37,9
Média UE27 (2001): 37,7
36

34

32

30

28

26

24

22

20
Fonte: Eurostat (acedido
NL DK DE IE SE LU UK BE FI FR IT LT AT PT MT ES EE HU CY SI RO LV PL SK BG CZ EL
em janeiro de 2012)

Gráfico 33.4. Peso dos trabalhadores por conta de outrem na população empregada:
a posição de Portugal na UE | 2000 e 2008
100%

O trabalho
dependente é 2000 2008
preponderante a nível 90%
europeu e Portugal
está entre os cinco
Média UE27 (2008): 84%
Estados­‑membros com Média UE27 (2000): 83%
80%
menor dependência
no emprego.

70%

60%

50%

Fonte: Eurostat (acedido 40%


EL RO IT PL PT CY ES IE CZ SK BE MT UK AT NL SI FI HU BG LT DE FR LV SE DK EE LU
em janeiro de 2012)

294
Gráfico 33.5. Peso dos trabalhadores por conta de outrem com contratos a termo certo
na população empregada: comparação entre Portugal e UE | 1995 a 2010
25%
Antigo modelo
Novo modelo laboral: o crescimento
laboral: trabalho
permanente
do trabalho a termo certo Desde 1997 que
Portugal tem uma
20%
Portugal proporção maior de
contratos a termo
certo que o padrão
15%
europeu, ocupando
UE27
a terceira posição na
UE27. A prevalência
10%
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 dos contratos a prazo
nos jovens mais que
duplica a média do
Gráfico 33.6. Peso dos trabalhadores por conta de outrem com contratos a termo país para o total dos
certo: a posição de Portugal na UE | 2000 e 2010 trabalhadores.
70%
% população empregada total (2000) % população empregada total (2010)
60%
% população empregada entre os 15 e 24 anos (2010)
50%

40%
Média UE27 (2010): 42%

30%

Nota: O valor inicial refere­‑se


20%
Média UE27 (2010): 14% a 2001 para a Bulgária e 2003
para a Estónia, não existindo
10% Média UE27 (2000): 12%
dados para este país em 2010.
0% Fonte: Eurostat (acedido
RO LT EE BG SK MT UK LV LU BE CZ DK IE AT HU EL IT CY DE FR FI SE SI NL PT ES PL
em janeiro 2012)

Gráfico 33.7. Peso dos trabalhadores a tempo parcial na população empregada:


comparação entre Portugal e UE | 1995 a 2010
20%

Mantém­‑se abaixo
UE27
da média europeia a
15%

Modelo laboral incidência do trabalho


mais rígido
a tempo parcial em
10%
Portugal. A proporção
Portugal de portuguesas em
5%
part­‑time é três vezes
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
inferior ao nível
europeu.
Gráfico 33.8. Peso dos trabalhadores a tempo parcial: a posição de Portugal na UE
| 2000 e 2010
80%

% população empregada total (2010) % população empregada total (2000) % mulheres (2010)
70%

60%

50%

40%

Média UE27 (2010): 31%


30%

20%
Média UE27 (2010): 19%
Média UE27 (2000): 16%
10%
Nota: O valor inicial da
Bulgária refere­‑se a 2001.
0%
Fonte: Eurostat (acedido
BG SK CZ HU EL PL LT CY PT LV RO EE SI MT ES FI IT LU FR IE BE AT SE DE UK DK NL
em janeiro 2012)

295
Gráfico 33.9. Número médio de horas Gráfico 33.10. Peso dos trabalhadores por
semanais trabalhadas por NUTS II | 1998 conta própria na população empregada
e 2010 por NUTS II | 1998 e 2010
Número médio de horas semanais trabalhadas (2010)
40%
Diferencial 2010-1998
O diferencial por Diferencial homens - mulheres (2010)
Diferencial homens - mulheres (1998) 1998 2010
género na jornada 40

semanal de trabalho só
não diminuiu na região 36
Média PT (2010): 35
Norte. O Centro é a 30%
32
região que apresenta
Média PT (1998): 26%
maior autonomia
28
laboral, com mais de Média PT (2010): 22%

30% do trabalho por 24

conta própria.
20%
20

16

12

10%
8

Fonte: INE (acedido em 0%


-4
Portugal Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Açores Madeira
janeiro de 2012) Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Madeira Açores

Gráfico 33.11. Peso dos trabalhadores a Gráfico 33.12. Peso dos contratos a termo
tempo parcial na população empregada certo nos trabalhadores por conta
por NUTS II | 1998 e 2010 de outrem por NUTS II | 1998 e 2010
11% 32%

A Madeira destaca­‑se
pela redução do peso
10%
do trabalho a tempo Madeira

parcial, enquanto o 27%

Algarve é a região do 9%
Algarve
país que apresenta a
maior proporção de
8%
contratos a termo 22%
Alentejo
certo, tendência que
cresceu na última 7% Lisboa

década.
Centro
17% Açores
6%
Lisboa

Centro
Norte
5%

Açores
12%

Norte
Alentejo
4%
Algarve
Madeira

Fonte: INE (acedido em 3% 7%


janeiro de 2012) 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

296
Conceitos e metodologia

Empresa de trabalho temporário empresa de trabalho temporário um contrato de


Pessoa singular ou coletiva cuja atividade trabalho temporário, pelo qual se obriga a prestar
consiste na cedência temporária da atividade a sua atividade profissional a utilizadores, a cuja
de trabalhadores a empresas utilizadoras, sendo autoridade e direção fica sujeito, mantendo, todavia,
os trabalhadores admitidos e remunerados com o vínculo jurídico-laboral à empresa de trabalho
esse objetivo pela própria empresa. (INE) temporário, sendo por esta remunerada. (INE)

Número médio de horas semanais trabalhadas Situação na profissão


Medida da duração semanal efetiva de Relação de dependência ou independência de
trabalho da população empregada. (INE) um indivíduo ativo no exercício da profissão, em
função dos riscos económicos em que incorre e da
Trabalhadores a tempo completo ou parcial
natureza do controlo que exerce na empresa e que
A tempo completo inclui os trabalhadores cujo
podem ser a) trabalhadores por conta de outrem,
período de trabalho tem uma duração igual ou
definidos como todas as pessoas que, nos termos
superior à duração normal de trabalho em vigor
de um contrato, trabalham para outra unidade
na empresa/instituição, para a respetiva categoria
institucional residente, recebendo em contrapartida
profissional ou na respetiva profissão. A tempo parcial
uma remuneração, b) trabalhadores por conta
inclui os trabalhadores cujo período de trabalho tem
própria, incluindo os indivíduos que exercem uma
uma duração inferior à duração normal de trabalho
atividade independente, com associados ou não,
em vigor na empresa/instituição, para a respetiva
obtendo uma remuneração que está diretamente
categoria profissional ou na respetiva profissão. (INE)
dependente dos lucros (realizados ou potenciais)
Trabalhadores a termo certo ou temporário provenientes de bens ou serviços produzidos. Os
Indivíduos ligados à empresa/instituição por associados podem ser, ou não, membros do agregado
um contrato reduzido a escrito com fixação do familiar. Os trabalhadores por conta própria
seu termo e com menção concretizada de modo podem ser classificados como trabalhadores por
justificativo: a) a termo certo, quando no contrato conta própria isolados ou empregadores, c) outras
escrito conste expressamente a estipulação do situações, não enquadráveis nas anteriores, entre as
prazo de duração do contrato e a indicação do quais trabalhado familiar não remunerado. (INE)
seu termo; b) a termo incerto, quando o contrato As diferenças de regulamentação e de
de trabalho dure por todo o tempo necessário à conceitos laborais no mercado de trabalho dos
substituição do trabalhador ausente ou à conclusão países europeus e consequente necessidade de
da atividade, tarefa ou obra cuja execução justifica a harmonização justificam algumas diferenças,
sua celebração. Em sentido lato, poderá ainda incluir ainda que reduzidas, entre os dados do INE e
situação em que um indivíduo que celebra com uma fontes internacionais de informação estatística.

Para saber mais


Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (2012) | Portugal: sistema laboral
Comissão Europeia (2010) | Employment in Europe 2010
Comissão Europeia (2010) | Europa 2020: estratégia para um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo
Observatório do Emprego e Formação Profissional (2010) | Aspetos estruturais do mercado de trabalho
Varejão, J. M. (2004) | Redução do tempo de trabalho e emprego: lições da lei das 40 horas
Mais dados estatísticos disponíveis na

297
34
Empreendedorismo

O alargamento do mercado interno europeu e a globalização ampliaram as


oportunidades de negócio para as novas iniciativas empresariais. Dada a
relevância do papel das novas empresas na inovação e na criação de emprego,
o espírito empresarial ou empreendedorismo é um elemento central do
reforço da competitividade e da coesão social.
Na presente análise, usa-se como proxy do empreendedor o trabalhador por
conta própria que é empregador, ou seja, aquele que gera mais postos de
trabalho além do seu próprio emprego.

Portugal nos últimos 25 anos

A evolução dos trabalhadores por conta própria entre 1986 e 2010 difere entre os O espírito empresarial
que empregam e os que não empregam: os isolados caíram de 21% para 12% do dos portugueses
aumentou, mesmo
emprego total enquanto os empregadores subiram de 3% para 5% (Gráfico 34.1). não sendo Portugal
Os empreendedores apresentaram um aumento sustentado até 1996, dos países da UE27
onde é mais fácil fazer
quando os trabalhadores que criaram o seu próprio negócio e geraram emprego
negócios.
atingiram o máximo de 6% do emprego total do país. A tendência inverteu-
-se em 2004, representando os empreendedores em anos mais recentes 5% do
emprego no país.

Portugal no contexto da União Europeia

A maior propensão dos portugueses para o trabalho por conta própria tem
diminuído e convergido com o padrão europeu nestes 25 anos (Gráfico 34.2).
Portugal é o quinto país da UE27 onde o trabalho por conta própria tem mais
expressão e onde o espírito empresarial é mais vincado, a par dos parceiros
iniciais da coesão, Espanha e Irlanda, ou Itália e Hungria.

299
Por género, os portugueses são os oitavos mais empreendedores da UE27
e a iniciativa empresarial das portuguesas sobe ao quinto lugar, só superada
por gregas, húngaras, espanholas e italianas (Gráfico 34.3 a Gráfico 34.5).
Um ambiente empresarial que favorece os negócios é condição essencial
para dinamizar a iniciativa empreendedora.
O ranking do Banco Mundial Doing Business indica que há 17 Estados-
membros da UE onde é mais fácil fazer negócios do que em Portugal. O país é
último na contratação de funcionários, sobe para 15.º na abertura de empresas
– com iniciativas como a “Empresa na Hora” e “Empresa Online” – e atinge a sua
melhor posição europeia (8.º) na proteção dos investidores, como divulgação
e transparência da informação (Gráfico 34.6).
A comparação com os parceiros iniciais da coesão destaca a aceleração
da intenção empreendedora em Portugal. Os portugueses são dos que menos
medo têm de falhar e a sua intenção de criar o próprio negócio quadrupli-
cou na última década. Mas este espírito empresarial não se tem repercutido
no ritmo de abertura de novos negócios por conta própria, onde Portugal é
ultrapassado pela Grécia, Irlanda e Espanha. Estes quatro países partilham um
elevado empreendedorismo por necessidade, enquanto recurso para a fuga ao
desemprego (Gráfico 34.7).

Financiamento e crescimento das empresas

O acesso a capital é fundamental para o estímulo e a alavancagem das inicia-


tivas empreendedoras.
No contexto europeu, Portugal revela uma menor disponibilidade de
capital, que é repartido de forma inversa à dos Estados-membros mais desen-
volvidos. Em 2009, o capital de risco, disponível para empresas recém-criadas,
excedia em quatro vezes o capital de crescimento, acessível à expansão das
empresas já estabelecidas. Esta disparidade pode contribuir para explicar baixas
taxas de sobrevivência das empresas portuguesas nos anos subsequentes à sua
constituição (Gráfico 34.8).
O sucesso de iniciativas empreendedoras pode ser aferido pelo peso das
empresas com elevado crescimento de emprego ou de volume de negócios.
Estas gazelas portuguesas representaram 0,5% do emprego e 0,9% do volume de
negócios em 2009, peso que não se destaca no contexto europeu (Gráfico 34.9).

300
Gráfico 34.1. Peso do trabalho por conta própria no total do emprego em Portugal
| 1986 a 2010
25%

Os trabalhadores
por conta própria
20%
desceram mas aqueles
que criam postos de
trabalho aumentaram
a sua quota de 3%
15%
Isolados para 5%.

Total dos trabalhadores por conta própria


10%

Como empregadores

5%

0%
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

2004
1995

1999

2002
Nota: Difere do gráfico 33.1
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 por diversidade da fonte.
Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em maio de 2012)

Gráfico 34.2. Peso do trabalho por conta própria no total do emprego: comparação
entre Portugal e UE | 1986 a 2010
25%
Total em Portugal A relevância do
emprego por conta
própria em Portugal
20%
é superior ao padrão
Isolados em Portugal
europeu, tanto entre
os trabalhadores
15% isolados como entre
os que criam outros
Total na UE
Isolados na UE postos de trabalho.

10%

Como empregadores em Portugal

5%

Como empregadores na UE

0%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em maio de 2012)

301
Gráfico 34.3. Peso do trabalho por conta própria no total do emprego: a posição
de Portugal na UE | 1995 a 2010
35%

Portugal é o quinto
país da UE27 onde o
emprego por conta 30%

própria tem maior 1995 2010

expressão, partilhando
25%
com os parceiros
iniciais da coesão
uma quota superior à
20%
média europeia.

15%

Média UE27 (1995): 14,5% Média UE27 (2011): 14,5%

10%

5%

Notas: Dados iniciais não


disponíveis para 1995 para
os países do Alargamento.
Fonte: Eurostat (acedido 0%
LU EE DK LT SE LV DE FR AT BG SI HU FI UK BE MT NL IE CY ES SK CZ PT
PT PL RO IT EL
em maio de 2012)

Gráfico 34.4. Peso do trabalho por conta Gráfico 34.5. Peso do trabalho por conta
própria como empregador: a posição própria como empregador por género:
de Portugal na UE | 1995 e 2010 a posição de Portugal na UE | 1995 e 2010
0% 2% 4% 6% 8%
0% 2% 4% 6% 8%
Portugal é o quinto RO
RO Homem
Estado­‑membro com LT
LT
Mulher
2010 LV
maior proporção de UK 1995 2010
1995 UK
trabalhadores por LU
BG
EE
conta própria que LU
DK
geram emprego. SK SK

É de destacar a CZ PL

posição cimeira das BG SI


SI DK
portuguesas como
SE NL
empregadoras. NL
FI
LV
CZ
FI
SE
PL
UE
MT
AT
UE

BE HU

FR BE

AT PT

DE DE

CY ES
Nota: Dados iniciais não IE FR
disponíveis para 1995 para PT
PT
os países do Alargamento EE
HU
e dados finais para as IE
mulheres não disponíveis ES 12,5%
CY 10%
para a Estónia nem Malta. IT
IT
Fonte: Eurostat (acedido EL
MT
em maio de 2012)

302
Gráfico 34.6. Ranking Doing Business: a posição de Portugal e dos parceiros iniciais
da coesão na UE | 2010
Posição global Abertura Obtenção Contratação de Registo de Obtenção Proteção dos Pagamento Comércio Cumprimento Encerramento
na UE27 de empresas de alvarás funcionários propriedade de crédito investidores de impostos internacional de contratos de empresas
O ranking do Banco
UK 1 DK DK LT UK 1 1 EE LU FI
2 Mundial indica
3 3
que há 17 Estados­
‑membros da UE27
7 7 onde é mais fácil fazer
8 8
negócios que em
9
10 10 Portugal, mas Grécia
11 11 11 11
12
e Espanha ficam
atrás. As dificuldades
14
15 15 na contratação de
16 16
17 17
funcionários, na
18 18 18 obtenção de crédito
19 19
e alvarás são dos
21 21 21
22 22
maiores handicaps
23 do país.
24 24 24
25

26 26 26 26

Notas: Dados indisponíveis


para Chipre.

1º IE PT ES EL Fonte: Doing Business


(acedido em maio de 2012)

Gráfico 34.7. Global Entrepreneurship Monitor: comparação entre Portugal e parceiros


iniciais da coesão | 2001 e 2010
Medo de falhar Empreendedorismo por necessidade Intenção empreendedora
52% 40% 14%

Grécia
Grécia
Grécia Os portugueses
48% 35% 12% são dos que menos
medo têm de falhar.
44% 30% 10%
Portugal A intenção futura de
Irlanda
40% 25% 8% criar o próprio negócio
Espanha
Espanha Portugal
Irlanda quadruplicou na
36% 20% 6%
última década e só é
Espanha
32% 15% 4% superada pela Grécia.
Irlanda
Portugal
28% 10% 2%
2001 2010 2001 2010 2001 2010

Empreendedores do sexo masculino Novos negócios por conta própria Empreendedores do sexo feminino
18% 20% 8%

Irlanda
Grécia
16%
7%
Irlanda
15%
14%
6%

12%
10% 5%
Irlanda
10%
Grécia
Espanha 4%
Portugal
8%
Grécia 5% Espanha Notas: Dados iniciais da Grécia
Portugal
3%
correspondem ao ano de 2003.
6%
Portugal Fonte: Global Entrepreneurship
Espanha
4% 0% 2% Monitor (acedido em
2001 2010 2001 2010 2001 2010 maio de 2012)

303
Gráfico 34.8. Peso no PIB do capital de Gráfico 34.9. Empresas de elevado
risco e do capital de crescimento: a crescimento: a posição de Portugal na UE
posição de Portugal na UE | 2009 | 2009

SE
1.00%
Portugal é dos 0,23%
IE Emprego
países com menor
BE Volume de negócios
disponibilidade de
FI
capitais para criação e
expansão de empresas. DK
Capital de crescimento
FR 0.75%
Capital de risco
UK

NL

AT

DE

0.50%
PT

ES

CZ

EE

EL
0.25%
IT

SI
Notas: Dados do capital 0,12%
de risco e crescimento LU
indisponíveis para Chipre,
Eslováquia, Letónia, Lituânia, HU
Malta, Roménia e Bulgária. do PIB
PL
Fonte: OCDE e Eurostat 0.00%
0.00% 0.03% 0.05% 0.08% 0.10% 0.13% RO IT PT CZ SI HU LU
(acedido em maio de 2012)

304
Conceitos e metodologia

Trabalhador por conta própria Medo de falhar


Indivíduo que exerce uma atividade independente, Indicador do Global Entrepreneurship Monitor que
com associados ou não, obtendo uma remuneração avalia a proporção da população entre 18 e 64 anos
que está diretamente dependente dos lucros que identifica oportunidades de negócio mas o medo
(realizados ou potenciais) provenientes de de falhar impede-os de aproveitar essas oportunidades.
bens ou serviços produzidos. Um trabalhador
Taxa de empreendedores
por conta própria pode ser classificado como:
Indicador do Global Entrepreneurship Monitor
1) empregador, ou seja, o indivíduo que exerce uma
que avalia a proporção da população masculina/
atividade independente, com associados ou não,
feminina entre 18 e 64 anos que já é proprietário ou
obtendo uma remuneração que está diretamente
que está a iniciar um negócio por conta própria.
dependente dos lucros (realizados ou potenciais)
provenientes de bens ou serviços produzidos e que, Taxa de novos negócios por conta própria
a esse título, emprega habitualmente um ou vários Indicador do Global Entrepreneurship Monitor que
trabalhadores por conta de outrem para trabalharem avalia a proporção da população entre os 18 e 64
na sua empresa; ou 2) isolado, ou seja, o indivíduo anos que tem um negócio por conta própria há mais
que exerce uma atividade independente e que de três meses e há menos de três anos e meio.
habitualmente não contrata trabalhador(es) por Capital de risco
conta de outrem para com ele trabalhar(em). (INE) Capital colocado à disposição de empresas jovens, não
Empreendedorismo por necessidade cotadas, com potencial de crescimento. O investimento
Indicador do Global Entrepreneurship Monitor que em capital de risco, em percentagem do PIB, mede
avalia a proporção da população entre 18 e 64 anos a soma dos capitais de semente e start-up, assim
que está envolvida em atividades empreendedoras como os capitais iniciais de expansão. (OCDE)
porque não tinha outra opção de trabalho. Gazelas
Intenção empreendedora Empresas de elevado crescimento (superior a
Indicador do Global Entrepreneurship Monitor 20% em emprego ou em volume de negócios) que
que avalia a proporção da população entre 18 e foram constituídas há menos de cinco anos, antes
64 anos que tem intenção de iniciar um negócio do final do período de observação de três anos,
por conta própria no prazo de três anos. expressa em percentagem do total de empresas
com mais de dez empregados. (OCDE)

Para saber mais


OCDE (2011) | Entrepreneurship at a glance
Banco Mundial (2010) | Doing business report
Global Entrepreneurship Monitor (2010) | GEM global report
Comissão das Comunidades Europeias (2003) | Livro Verde do espírito empresarial na Europa
Mais dados estatísticos disponíveis na

305
35
Rendimento e património

O rendimento e o património estão na base das decisões de consumo, de pou-


pança e de investimento das famílias, com efeitos sobre o mercado de bens
e serviços, de trabalho, financeiro e imobiliário.

Portugal nos últimos 25 anos

A evolução do rendimento disponível das famílias caraterizou-se por cresci- As famílias portuguesas
mentos reais mais elevados no início e no final da década de 1990, só inter- diversificaram a
sua riqueza para
rompidos na sequência da crise económica de 1994. Na última década, o ren- além da habitação
dimento disponível das famílias desacelerou a sua taxa de crescimento para e dos depósitos,
num contexto de
taxas não superiores a 2%, chegando mesmo a estagnar em 2003 e em 2006, na
crescimento do
sequência da crise económica, da desaceleração do mercado de trabalho e do rendimento disponível
processo de consolidação das contas públicas (Gráfico 35.1). que veio a desacelerar
na última década.
Desde 1995, destaca-se um crescente contributo das remunerações do
trabalho e, sobretudo, das prestações sociais para o rendimento das famílias
portuguesas, em detrimento de outros rendimentos como os de propriedade
(Gráfico 35.2).
Tanto os ativos como os passivos das famílias apresentaram uma tendência
crescente, resultando num balanço ainda positivo para a riqueza das famílias.
O património, financeiro e com habitação, líquido de endividamento, subiu
de cerca de 400% do rendimento disponível em 1986 para mais de 500% entre
1997 e 2000, um máximo destes 25 anos (Gráfico 35.4).

Portugal no contexto da União Europeia

Na comparação da composição do rendimento das famílias portuguesas com


as europeias, Portugal surge a meio da tabela da UE27 no contributo das
remunerações dos trabalhadores (Gráfico 35.2 e Gráfico 35.3).
O que distingue Portugal do padrão europeu é o menor contributo dos
rendimentos de propriedade e outros rendimentos e a crescente relevância das
prestações sociais, refletindo fatores estruturais e conjunturais como a expan-
são do Estado-Providência e o recente agravamento das taxas de desemprego.
Na evolução dos ativos e passivos financeiros, as famílias portuguesas
refletem e acentuam o padrão europeu.
À maior proporção de ativos financeiros que detinha face à média comu-
nitária, os portugueses aliaram uma crescente proporção de responsabilida-
des financeiras desde 1998. Tal reflete o apogeu do crescimento do crédito
bancário à habitação. Nestes 25 anos, os empréstimos à habitação subiram de
menos de 5% para mais de 30% do valor da riqueza das famílias em habitação
(Gráfico 35.7).

Património das famílias

A análise do património considera os ativos e passivos financeiros e a habitação,


não existindo dados consistentes para outros tipos de ativos que constituem
a riqueza das famílias.
Nestes 25 anos, observou-se uma diversificação da carteira de investimen-
tos financeiros das famílias portuguesas, conjugada pelo desenvolvimento do
sistema financeiro e pela maior concorrência na captação dos recursos dos
clientes, pela liberalização do movimento de capitais e pela redução das taxas
de juro ou ainda pelo amplo processo de privatizações que dinamizou o então
designado capitalismo popular e a bolsa de valores nacional na década de 1990
(Gráfico 35.5 e Gráfico 35.6).
A riqueza com habitação caiu de mais de dois terços do património em
1986 para menos de 50% do património na década de 1990, por contrapartida
da maior riqueza financeira.
Fruto da diversificação das decisões de investimento e da própria evolução
dos preços dos ativos, a riqueza financeira também alterou a sua composição
apesar dos depósitos e dos títulos manterem a preferência nas opções mais
conservadoras das famílias portuguesas. Este é o caso das ações e outras parti-
cipações que viram subir a sua quota na carteira de ativos financeiros de 25%
para 40% entre 1986 e 1996. Os seguros de vida e os fundos de pensões foram
os ativos que mais expandiram a sua quota, para praticamente um quinto em
2007 (Gráfico 35.5).

308
Gráfico 35.1. Rendimento disponível das famílias em Portugal | 1986 a 2010
Milhões
de euros
140,000 60% O rendimento
disponível das famílias
foi impulsionado
120,000 no início e no final
da década de 1990,
55%
desacelerando na
100,000
Peso dos salários e ordenados
última década.
no rendimento disponível

80,000 50%

Rendimento a preços constantes

60,000

45%

40,000

Rendimento a preços correntes

20,000 40%
Nota: Com base no deflator
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
1986

1993

1995

1999

2002

2004
do consumo privado
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 (base 2006=100).
interno Única do EURO
Fonte: INE e Banco de Portugal
QCA II (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em junho de 2012)

Gráfico 35.2. Composição do rendimento disponível bruto das famílias: comparação


entre Portugal e UE | 1995 a 2010
70%

do rendimento disponível bruto


No confronto da
Remunerações líquidas dos trabalhadores em Portugal
composição do
60%
rendimento das
Remunerações líquidas dos trabalhadores na UE 27
famílias portuguesas
50%
com as europeias, é a
crescente parcela de
prestações sociais que
40% mais se destaca face
ao padrão europeu.

30%

Outros rendimentos na UE 27

20%

Rendimentos líquidos de propriedade na UE 27 Outros rendimentos em Portugal

Rendimentos líquidos de propriedade em Portugal


10%

Prestações sociais líquidas em Portugal


Nota: Exclui Malta e, entre
1995 e 1998, a Irlanda e o
0% Prestações sociais líquidas na UE 27
Luxemburgo. As remunerações
1996

1997

1998

2000

2001

2003

2005

2006

2008

2009

2010

dos trabalhadores são


2007
2004
1995

1999

2002

líquidas de impostos sobre o


UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 rendimento e o património.
Única do EURO
Fonte: AMECO (acedido
QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em junho de 2012)

309
Gráfico 35.3. Peso das remunerações dos trabalhadores no rendimento disponível bruto
das famílias: a posição de Portugal na UE | 1995 e 2010
85%

O peso que as 1995 2010


80%
remunerações do
trabalho assumem no
75%
rendimento disponível
das famílias em 70%

Portugal está em linha


com a média da UE27. 65%

Média UE27 (1995): 60% Média UE27 (2010): 61%


60%

55%

50%

45%

Nota: Exclui Malta e, entre


40%
1995 e 1998, a Irlanda e o
Luxemburgo. As remunerações
dos trabalhadores são
35%
líquidas de impostos sobre o
rendimento e o património.
30%
Fonte: AMECO (acedido
EL IT PL CY SK DK BG LT LV PT ES RO DE FI AT UK BE FR HU CZ SI SE EE NL
em junho de 2012)

Gráfico 35.4. Património líquido Gráfico 35.5. Estrutura do património


das famílias em Portugal | 1986 a 2007 das famílias em Portugal | 1986 a 2007
600% 100%
do rendimento disponível
O aumento do
património líquido
de endividamento 500%
80%
acompanhou a
diversificação
da carteira de 400%

investimentos ao
60%
mercado de capitais
e aos planos de 300%

poupança para a
reforma. 40%

200%

20%
100%

0% 0%
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007

Moeda e depósitos Títulos Empréstimos


Fonte: Banco de Portugal Ações e participações Seguros Habitação

310
Gráfico 35.6. Ativos e passivos financeiros Gráfico 35.7. Ativos e passivos financeiros
das famílias em Portugal | 1986 a 2007 das famílias: comparação entre Portugal
e UE | 1995 a 2010
400% 250%
do PIB
A propensão das
do rendimento disponível
famílias portuguesas
225%
para a aquisição de
habitação própria teve
200%
impacto no aumento
300%
do seu património e
175%
endividamento.
150%

200% 125%

100%

75%

100%

50%

25%

0% 0%
Nota: Dados para UE27
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
não consolidados.

Ativos financeiros líquidos Ativos financeiros Fonte: Banco de Portugal


Ativos financeiros - UE27 Ativos financeiros - PT
e Eurostat (acedido
Passivos Habitação Passivos financeiros - UE27 Passivos financeiros - PT
em junho 2012)

311
Conceitos e metodologia

Património Rendimentos de propriedade


A conta de património regista o valor de todos os Rendimentos de propriedade são os rendimentos
ativos e passivos para cada sector institucional, a receber pelo proprietário de um ativo
constituindo o património líquido o saldo entre financeiro ou de um ativo não produzido
ativos e passivos. Os ativos registados nas contas corpóreo para remunerar o facto de pôr fundos
de património são os definidos pelo Eurostat (SEC ou o ativo não produzido corpóreo à disposição
95) como ativos económicos, isto é, aqueles que de outra unidade institucional. (INE)
“funcionam como reserva de valor sobre os quais
Prestações e contribuições sociais
podem ser exercidos, individual ou coletivamente,
As prestações sociais são transferências para as
direitos de propriedade pelas unidades institucionais
famílias destinadas a cobrir os encargos financeiros
e dos quais podem ser retiradas vantagens económicas
resultantes de um certo número de riscos ou
pelos respetivos titulares, através da sua detenção
necessidades e efetuadas através de regimes
ou utilização durante um determinado período”.
organizados de forma coletiva ou, fora desses
O património financeiro líquido corresponde à
regimes, por unidades das administrações públicas
diferença entre os ativos financeiros e os passivos.
ou instituições sem fins lucrativos. As contribuições
A componente habitação do património foi
sociais compreendem as contribuições sociais dos
calculada pelo método de inventário permanente.
empregadores, contribuições sociais dos empregados
Este é o método utilizado na generalidade dos
e contribuições sociais dos trabalhadores por conta
países da OCDE que dispõem de estimativas de
própria e dos não empregados. As contribuições
stock de capital, dado não existirem habitualmente
sociais dos empregadores são constituídas pelos
fontes de informação com regularidade anual que
pagamentos feitos pelos empregadores em benefício
permitam a estimação direta (Banco de Portugal).
dos seus empregados às entidades seguradoras
Rendimento disponível bruto das famílias (fundos da segurança social e regimes privados
O rendimento disponível bruto das famílias é com constituição de reservas). Estes pagamentos
composto pelas remunerações dos trabalhadores, abrangem tanto as contribuições obrigatórias
prestações sociais, rendimentos resultantes de ou resultantes de convenções e contratos como
atividade por conta própria e de receitas líquidas as contribuições voluntárias, relativamente
de propriedades, tais como juros recebidos sobre a seguro contra riscos e necessidades sociais.
depósitos, deduzidos de impostos e contribuições Embora pagas diretamente pelos empregadores
sociais pagas (PORDATA). Para o cálculo do às entidades seguradoras, estas contribuições
rendimento disponível líquido são excluídos fluxos dos empregadores são consideradas como uma
extraordinários ligados a transferências de capital componente das remunerações dos empregados,
ou a mudanças no volume/valor dos seus bens. considerando-se que estes transferem essas
contribuições para as entidades seguradoras. (INE)
Remunerações dos trabalhadores
Soma dos ordenados e salários e
contribuições sociais dos empregadores.

Para saber mais


Cardoso, F., Farinha L. e Lameira R. (2008) | Household wealth in Portugal: revised series, Banco de Portugal
Cardoso, F. e Cunha V.G. (2005) | Evolução do património das famílias em Portugal 1980-2004, Banco de Portugal
Mais dados estatísticos disponíveis na

312
36
Poupança e endividamento

Os primeiros anos de Portugal na União Europeia foram marcados por um


forte crescimento económico e pela promoção do Estado Social, que permi-
tiu uma convergência acelerada do nível de vida das famílias portuguesas
com a média europeia.
Paralelamente, a preparação para a entrada no euro impulsionou a redu-
ção das taxas de juro e da taxa de inflação e o desenvolvimento do sistema
financeiro português veio facilitar o acesso ao crédito e alterar as práticas
de poupança e de endividamento das famílias portuguesas, num contexto
de melhoria das condições de financiamento do país.

Portugal nos últimos 25 anos

As famílias portuguesas ajustaram-se a um nível mais elevado de rendimento As famílias


permanente, intensificando as despesas de consumo e aumentando o investi- portuguesas
multiplicaram por
mento em habitação até à viragem do século. Neste contexto, entre 1995 e quatro o seu nível
2010, as famílias portuguesas: de endividamento
nos últimos 15 anos
• aumentaram o nível de endividamento de 35% para 130% do rendimento
e reduziram em um
bruto disponível, multiplicando-o por quase quatro vezes em década e meia; quinto a sua taxa
• reduziram a taxa de poupança em cerca de um quinto nestes 15 anos, de poupança, num
contexto de maior
de perto de 13% para 10% do rendimento bruto disponível (Gráfico 36.1). acesso ao crédito.

Portugal no contexto da União Europeia

A disparidade do nível de endividamento das famílias portuguesas face às


famílias europeias agravou-se de forma expressiva, de quatro para mais de 30
pontos percentuais entre 1999 e 2010.

313
Com exceção da Alemanha e de Chipre, as famílias europeias aumenta-
ram o seu nível de endividamento na última década, sobretudo na Holanda,
Irlanda, Dinamarca, Estónia, Letónia, Hungria, Espanha e Portugal (Gráfico
36.2 e Gráfico 36.3).
Muito concentrada num número restrito de famílias de maiores rendi-
mentos e riqueza, a taxa de poupança dos portugueses é sistematicamente
inferior ao padrão europeu.
Entre 1999 e 2010, a poupança média anual não chegou a 10% do ren-
dimento disponível bruto, em linha com a Polónia, Irlanda ou a República
Checa, mas aquém da média europeia e, sobretudo, das famílias mais poupadas
belgas e alemãs (Gráfico 36.2 e Gráfico 36.4).
Quando inquiridos sobre as expetativas de poupança ao longo destes 25
anos, os consumidores portugueses são dos que apresentam sistematicamente
menor tendência de aforro, encontrando-se próximos dos gregos, letões, hún-
garos e romenos, que constituem o grupo da UE27 com menores expetativas
de poupança (Gráfico 36.5).

Devedores equivalem a metade da população

O incremento do acesso ao crédito foi particularmente evidente na década


de 90, com os empréstimos bancários às famílias, para habitação e consumo
e outros fins, a quadruplicarem o seu peso no rendimento disponível entre
1992 e 2001.
No final de 2010, os empréstimos concedidos às famílias envolviam um
número de devedores equivalente a mais de metade da população adulta resi-
dente no país.
Mais de oito em cada dez euros tiveram como destino as regiões de Lisboa,
Norte e Centro, variando a percentagem de devedores face ao total da popu-
lação adulta residente entre os mínimos de 48% no Centro e 52% no Alentejo
e os máximos de 63% nos Açores e 64% em Lisboa (Gráfico 36.6).
No final do ano de 2010, o total das dívidas das famílias à banca e a outras
entidades que concedem crédito ascendia a 120% do rendimento disponível,
sendo quatro quintos destinado à habitação, perto de um quinto ao consumo
e menos de 5% ao financiamento à atividade empresarial em nome individual.

314
Gráfico 36.1. Poupança e dívida bruta das famílias em Portugal | 1986 a 2010
150%
do rendimento
disponível bruto
Dívida bruta
O endividamento das
famílias portuguesas,
125% sem considerar os
seus ativos, subiu de
35% para 130% do seu
100% rendimento disponível,
em contraste com a
tendência de queda da
75% poupança.

50%

25%

Poupança bruta

0%
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em abril de 2012)

Gráfico 36.2. Poupança e dívida bruta das famílias: comparação entre Portugal e UE |
1995 a 2010
150%
do rendimento
disponível bruto Enquanto a taxa de
poupança se manteve
125% sistematicamente
Dívida bruta em Portugal abaixo do padrão
europeu, a disparidade
100% do endividamento das
famílias portuguesas
Dívida bruta na área do euro
agravou­‑se desde 1999.
75%

50%

25%

Poupança bruta na UE27

Poupança bruta em Portugal


0%
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2002

2003

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em abril de 2012)

315
Gráfico 36.3. Dívida bruta das famílias: a posição de Portugal na UE | 1999 e 2010
300%
do rendimento 1999 2010
As famílias portuguesas disponível bruto

são das mais


endividadas na União
250%
Europeia.

200%

150%

100%

Nota: Dados não disponíveis


para Bulgária, Grécia, Malta,
Roménia e UE27. Os valores
50%
iniciais referem­‑se a 2000
para Estónia e Espanha,
2002 para a Irlanda e a
Eslovénia, e o valor final do
Luxemburgo refere­‑se a 2009.
0%
Fonte: Eurostat (acedido
LT SI PL CZ SK IT HU LV FR BE DE AT EE FI CY ES PT
PT LU UK SE IE NL DK
em abril de 2012)

Gráfico 36.4. Poupança bruta das famílias: comparação entre Portugal e UE | 1999 a 2010
20%
do rendimento
As famílias portuguesas disponível bruto 1999 2010

apresentam das 18%

mais baixas taxas


de poupança na UE27, 16%

tendo diminuído
o aforro na última 14%

década ao contrário
da Espanha e da 12%
Média UE 27 (1999): 12% Média UE 27 (2010): 12%

Irlanda, parceiros
iniciais da coesão. 10%

8%

6%

4%

Nota: Dados não disponíveis


para a Bulgária, a Grécia, 2%
Malta e a Roménia. Os valores
iniciais referem­‑se a 2000
para Estónia e Espanha, 2002 0%
para Irlanda e o valor final do
Luxemburgo refere­‑se a 2009.
-2%
Fonte: Eurostat (acedido
LT LV UK DK HU PL EE PT CZ NL SK FI CY IT SE IE AT LU ES FR SI BE DE
em abril de 2012)

316
Gráfico 36.5. Expetativa de poupança dos consumidores nos doze meses seguintes:
a posição de Portugal na UE | 1986 a 2010
100

No confronto
com os países
que mais e menos
Finlândia
poupam na UE27,
Luxemburgo
os consumidores
portugueses
aproximam­‑se dos
Holanda últimos.
Suécia

0 UE27

Portugal

Grécia

Roménia
Letónia

Húngria
Nota: Evolução do saldo de
respostas de valoração positiva
e negativa, com base em
médias móveis a 12 meses.
-100
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
Fonte: Comissão Europeia
(acedido em janeiro de 2012)

Gráfico 36.6. Distribuição do stock de empréstimos concedidos às famílias por NUTS II


| 2010
Percentagem de devedores face ao total da população adulta
Distribuição regional dos devedores residente em cada região
Madeira 70%
As regiões de Lisboa,
Açores
Algarve
65%
do Norte e do Centro
Alentejo
concentram mais
60%
de oito em cada dez
Norte
55%
Média PT (2010): 54,2% dos devedores e dos
Lisboa 50%
empréstimos das
famílias portuguesas.
Centro 45%

40%
Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Açores Madeira

Distribuição regional dos empréstimos


Crédito vencido em percentagem
do total do crédito concedido em cada região
Açores Madeira 4%
Algarve

Alentejo
Média PT (2010): 3,3%

3%

Norte
Nota: A Central de
2%
Responsabilidades de
Crédito do Banco de Portugal
Lisboa
contabiliza como devedores
Centro todos os mutuários de
1%
crédito efetivo, seja o mesmo
individual ou conjunto.

0%
Fonte: Banco de Portugal
Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Açores Madeira (acedido em março de 2012)

317
Conceitos e metodologia

Endividamento bruto das famílias crédito individual ou conjunto, ou seja, no caso de


Rácio entre a dívida das famílias oriunda de créditos conjuntos, em que há mais de um mutuário
empréstimos e o rendimento disponível bruto a assumir responsabilidade pela respetiva liquidação,
obtido pelas famílias no final de cada ano. Constitui todos os mutuários são considerados. (Central de
uma medida do endividamento dos particulares, Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal)
em relação à sua capacidade de reembolsar a
Expetativa de poupança nos 12 meses seguintes
dívida em termos brutos porque não considera
Indicador baseado em inquérito mensal da Comissão
os ativos detidos pelas famílias. (Eurostat)
Europeia que avalia a diferença entre a percentagem
Taxa de poupança bruta das famílias de respostas de valoração positiva (“aumentou”,
Rácio entre a poupança bruta e o rendimento “melhorou muito”, “superior ao normal”, “boa”,
disponível bruto dos particulares que indica a parcela “sim, de certeza absoluta”, etc.) e as de valoração
que não é gasta em despesas de consumo final. negativa (“diminuiu”, “piorou um pouco”, “muito
desfavorável”, “provavelmente não”, etc.).
Distribuição regional do stock de empréstimos
concedidos às famílias em Portugal Rendimento disponível bruto das famílias
Considera os empréstimos concedidos por bancos, Integra o rendimento primário resultante da
caixas económicas, caixas de crédito agrícola mútuo, participação direta ou indireta das famílias na
instituições financeiras de crédito, sociedades atividade de produção e as transferências de
de factoring, sociedades de locação financeira, distribuição que evidenciam a ação redistributiva dos
sociedades financeiras para aquisições a crédito e rendimentos, sobretudo por parte das administrações
outras sociedades financeiras a famílias, incluindo públicas, mas também outra, como é o caso do
empresários em nome individual e outras pessoas efeito das remessas de emigrantes, refletindo os
singulares. Na determinação da percentagem de recursos obtidos no período que estão disponíveis
devedores face ao total da população adulta residente, para gastar ou poupar. (INE e Eurostat)
o número de devedores inclui todos os mutuários de

Para saber mais


Alexandre, F., Aguiar-Conraria, L.; Bação, P., Portela, M. (2011) | A Poupança em Portugal
Alves, N. e Cardoso, F. (2010) | A poupança das famílias em Portugal: evidência micro e macroeconómica
Mais dados estatísticos disponíveis na

318
37
Repartição do rendimento e pobreza

O conhecimento sobre a repartição do rendimento e sobre a incidência e


a intensidade da pobreza é central na análise das condições de vida e do
rendimento das famílias e, consequentemente, na construção de políticas
públicas orientadas para a melhoria das situações de carência.

Portugal nos últimos 25 anos

O rendimento disponível das famílias aumentou nos últimos 25 anos de forma Num contexto de
consistente, mas a ritmos diferenciados: o forte crescimento entre 1986 e 1992 progressivo aumento
do rendimento
deu lugar a uma tendência de desaceleração, particularmente visível nos últi- disponível das
mos dez anos. famílias portuguesas,
foi lenta a correção
Num contexto de melhoria global do rendimento das famílias e de apro-
das desigualdades e
ximação ao padrão europeu, registou-se uma gradual diminuição da proporção gradual a diminuição
da população em risco de pobreza na sua dimensão monetária. Também dimi- do risco de pobreza.

nuíram as desigualdades de rendimento, quando medidas pelo índice de Gini


e pelo rácio S80/S20, que mede quantas vezes o total do rendimento recebido
pelos 20% da população de maiores rendimentos excede o total do rendimento
recebido pelos 20% da população de menores rendimentos (Gráfico 37.1).

Portugal no contexto da União Europeia

Este cenário de melhoria global dos indicadores de desigualdade e pobreza


é menos favorável quando comparado com o padrão europeu (Gráfico 37.2).
Qualquer que seja o indicador utilizado, os níveis de pobreza e de desigual-
dade do rendimento não só são superiores à média europeia como posicionam
Portugal no grupo de Estados-membros da UE27 com piores resultados e com
uma menor capacidade de assegurar correções por via das políticas sociais
(Gráfico 37.3).

319
Risco de pobreza e privação material

A manutenção de elevadas taxas de atividade e de emprego ajudam a com-


preender a evolução positiva dos indicadores.
Contudo, a tendência crescente de polarização do mercado de trabalho
entre trabalhadores de elevadas e baixas qualificações, bem como a persistência
de formas de emprego precárias terão travado o ritmo de convergência com
o padrão europeu.
O alargamento do Estado-Providência teve efeitos inegáveis na melhoria
do rendimento disponível das famílias nos escalões mais baixos de rendimento
e na contração das franjas de população mais vulneráveis ao risco de pobreza
(Gráfico 37.4).
Caraterísticas estruturais do mercado de trabalho e do sistema de proteção
social – como carreiras contributivas curtas, baixos salários, rápida tendência
de aumento do rácio entre a população idosa e a população ativa – continuam
a justificar um forte diferencial entre o nível médio das pensões e de outras
transferências sociais entre Portugal e países europeus mais desenvolvidos.
Além da idade, as habilitações escolares e a ocorrência nos agregados
familiares de fenómenos como o desemprego e sobreendividamento surgem
como novos geradores de assimetrias.
O significativo abrandamento da atividade económica na última década
veio sublinhar as debilidades estruturais do mercado de trabalho e do sistema
produtivo, manifestando-se nos últimos cinco anos um agravamento da taxa
de risco de pobreza antes das transferências sociais e de algumas condições
de vida medidas por indicadores não monetários (Gráfico 37.5).
De facto, além do aumento da taxa de privação material, destaca-se
também o agravamento dos indicadores que refletem a fraca capacidade das
famílias de constituírem reservas de poupança para fazer face a situações de
dificuldade económica, nomeadamente as geradas pelo desemprego (Gráfico
37.6 e Gráfico 37.7).
Entre 2005 e 2010, registam-se aumentos consecutivos da proporção da
população em agregados familiares com dificuldades em cobrir as despesas
essenciais e com atrasos no pagamento de rendas, prestações do crédito a
habitação e outros créditos.

320
Gráfico 37.1. Desigualdade na repartição do rendimento em Portugal | 1995 a 2010
Índice Rácio
42 8
A atenuação das
desigualdades é mais
notória em anos
40
(Quebra de série) recentes. O rácio
S80/S20
6 S80/S20 mostra
que a proporção do
38
rendimento detida
pelos 20% mais ricos
face aos 20% mais
36 4
pobres desceu nos
últimos 15 anos.

34

2
Índice de Gini

32

(Quebra de série)
30 0
1996

1997

1998

2000

2001

2003

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1995

1999

2002

2004

UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em dezembro de 2011)

Gráfico 37.2. Desigualdade na repartição do rendimento: comparação entre Portugal


e UE | 1995 a 2010
Índice Rácio
16 8
A desigualdade
na repartição do
14 rendimento em
Portugal é superior ao
S80/S20 Portugal
12 6
padrão europeu, não
obstante a tendência
de convergência.
10

S80/S20 UE15
(Quebra de série)

8 4

4 2

Diferença entre Portugal


e UE15 no índice de Gini

(Quebra de série)
0 0
1996

1997

1998

2000

2001

2003

2005

2006

2008

2009

2010
2007
2004
1995

1999

2002

UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em dezembro de 2011)

321
Gráfico 37.3. Desigualdade na repartição do rendimento: a posição de Portugal na UE
| 1995 e 2010
Rácio
40

Portugal permanece 1995 2010


no grupo de países da
UE27 com maiores
desigualdades do 35

rendimento, apesar
da tendência de
convergência com a
Média UE15 (1995): 31,0%
média europeia. 30
Média UE15 (2010): 30,5%

25

Notas: Os valores iniciais


referem­‑se a 1996 no caso
da Finlândia; 1997 na Suécia
e Chipre; 2000 na Eslovénia, 20
Hungria, Malta, Polónia,
Estónia, Bulgária, Roménia,
Letónia e Lituânia e os valores
finais referem­‑se a 2009 nos
casos da Irlanda e Chipre.
15
Fonte: Eurostat (acedido
SI HU SE CZ FI NL SK AT BE DK LU CY MT IE DE FR PL IT EE EL UK BG RO PT ES LV LT
em dezembro de 2011)

Gráfico 37.4. Variação do rendimento Gráfico 37.5. Risco de pobreza


disponível em Portugal | 1995 a 2010 em Portugal | 1995 a 2010
50% 45%
(Quebra de série)

O aumento do 1995-2000 2005-2010


rendimento disponível Antes das transferências sociais

foi particularmente 40%


evidente entre a 40%

população mais pobre.


As transferências
35%
sociais, como pensões
de reforma e o 30%

rendimento social de
30%
inserção, fazem descer
para 18% a população
20%
portuguesa que está
em risco de pobreza. 25%

Após transferências sociais

10%
20%

Nota: Valor do rendimento


disponível em 2010 não
disponível para o último decil.
(Quebra de série)
0% 15%
Fonte: Eurostat (acedido
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 1995 2000 2005 2006 2007 2008 2009 2010
em dezembro de 2011) decil decil decil decil decil decil decil decil decil decil

322
Gráfico 37.6. Privação Gráfico 37.7. Indicadores de privação
material severa por grupo material: comparação entre Portugal e UE
etário em Portugal | 2005 | 2005 e 2010
e 2010
14%
PT (2005) PT (2010)
a redução da
2005 2010 UE27 (2005) UE27 (2010) privação... O ritmo de redução
13%
Privação: habitação da taxa de privação
20%
material severa foi
inferior ao padrão
12%
15% europeu, emergindo
fenómenos de nova
11%

10%
pobreza. Apesar
Privação: equipamentos
Com atraso no pagamento de da melhoria das
outras prestações de crédito
10%
condições materiais
5%
das famílias
9%
portuguesas, há
0%
sinais crescentes de
8% ... gera novas insustentabilidade
vulnerabilidades
como atrasos no
7% pagamento de rendas
e créditos.
6%

Notas: Na taxa de privação


material de equipamentos,
5% Com atraso no pagamento de rendas ou Sem capacidade para manter o consideraram­‑se todos os
prestações de crédito à habitação orçamento familiar equilibrado indivíduos residentes em
agregados familiares em que
4%
se verifica a não existência
UE PT UE PT UE PT UE PT de pelo menos dois itens.
...sem sustentabilidade...
27 27 27 27
Total 0-17 18-64 >65 Fonte: Eurostat (acedido
anos anos anos em dezembro de 2011)

Conceitos e metodologia

Desigualdade • índice de Gini, que sintetiza num único


Os indicadores de desigualdade apresentados valor a concentração da distribuição dos
pela União Europeia são construídos a partir de rendimentos, assumindo valores entre 0
inquéritos diretos às famílias desenvolvidos de (quando todos os indivíduos têm igual
forma harmonizada em todos os países. O EU-SILC rendimento) e 100 (quando todo o rendimento
é o programa europeu de produção coordenada e se concentra num único indivíduo);
harmonizada destes dados estatísticos. A amostra • rácio S80/S20, que se define como o rácio
do EU-SILC em Portugal é constituída por entre a proporção do rendimento total
alojamentos familiares, com base nos Censos de recebido pelos 20% da população com maiores
2001. Os alojamentos coletivos, que compreendem rendimentos e a parte do rendimento auferido
os hotéis e similares e ainda as convivências (apoio pelos 20% de menores rendimentos.
social, educação, militar, prisional, religiosa, saúde,
Pobreza
trabalho e outras) não fazem parte da amostra. (INE)
A análise da pobreza assenta no conceito de pobreza
A análise da desigualdade assenta nos
monetária relativa, isto é, no rendimento disponível
rendimentos monetários e surge sintetizada
por indivíduo ou agregado familiar, quando
em dois indicadores principais:

323
comparado com alguma variável de referência de máquina de lavar roupa; (7) disponibilidade
que serve de linha de demarcação entre pobres e de televisão a cores; (8) disponibilidade de
não pobres. A taxa de risco de pobreza define-se telefone fixo, ou pelo menos, de um membro com
como a proporção da população cujo rendimento telemóvel; (9) disponibilidade de automóvel.
equivalente se encontra abaixo da linha de pobreza, Consideram-se em privação material todos os
determinada em 60% do rendimento mediano por indivíduos residentes em agregados familiares em
adulto equivalente. As limitações da abordagem que se verifica a não existência de pelo menos três
monetária são, em parte, colmatadas, com a destes itens, considerando-se no caso dos bens
utilização de indicadores de privação material. materiais apenas a falta de acesso por dificuldades
O indicador de privação material baseia-se económicas. Consideram-se em privação material
num conjunto de nove itens representativos das severa todos os indivíduos residentes em agregados
necessidades económicas e de bens duráveis das familiares em que se verifica a não existência de
famílias: (1) capacidade para assegurar o pagamento pelo menos quatro destes itens. A taxa de privação
imediato, sem recorrer a empréstimo, de uma material corresponde à percentagem da população em
despesa inesperada próxima do valor mensal da privação material em relação à população residente.
linha de pobreza; (2) capacidade para pagar uma Consideram-se em privação material, na
semana de férias, por ano, fora de casa, suportando dimensão habitacional, os indivíduos que vivem
a despesa de alojamento e viagem para todos os num alojamento sobrelotado e com, pelo menos, um
membros do agregado; (3) capacidade para pagar sem dos seguintes problemas no interior do alojamento:
atraso a renda, prestações de crédito e as despesas a) inexistência de instalação de banho ou duche;
correntes da residência principal, e outras despesas b) inexistência de sanita com autoclismo; c) teto
não relacionadas com a residência principal; (4) que deixa passar água, humidade nas paredes ou
capacidade para fazer uma refeição de carne ou apodrecimento das janelas ou soalho; d) luz natural
de peixe (ou equivalente vegetariano), pelo menos insuficiente num dia de sol. (INE e Eurostat)
de dois em dois dias; (5) capacidade para manter a
casa adequadamente aquecida; (6) disponibilidade

Para saber mais


Eurostat (2010) | Combating poverty and social exclusion: a statistical portrait of the European Union
INE (2010) | Sobre a pobreza, as desigualdades e a privação material em Portugal
Rodrigues, C. F (2011) | Desigualdade em Portugal, Fundação Francisco Manuel dos Santos
Mais dados estatísticos disponíveis na

324
38
Desigualdade salarial

O rendimento do trabalho assalariado é uma das principais componentes do


rendimento pessoal e, como tal, uma variável crucial na análise das desigual-
dades económicas e sociais, em particular num mercado de trabalho como
o português, que é caraterizado pela polarização entre os empregos mais
estáveis, qualificados e remunerados e os empregos com vínculos precários
e com piores remunerações e condições de trabalho.

Portugal nos últimos 25 anos

A distribuição do ganho salarial caraterizou-se por uma crescente assimetria, O aumento da


num contexto de aumento do ganho médio e mediano que abrandou na última desigualdade salarial
no mercado de
década (Gráfico 38.1 e Gráfico 38.4). trabalho português
O diferencial entre o ganho médio e mediano aumentou entre 1986 e revela assimetrias
quanto a qualificação,
2009. Eliminando o efeito da evolução dos preços, metade dos trabalhadores
vínculo laboral,
recebiam 82% do ganho médio em 1986 e 71% do ganho médio em 2009. progressão na carreira
Quando medida através do rácio entre a parte do ganho total recebido pelos e, de forma transversal
a todos estes fatores,
20% da população com maiores e menores ganhos mensais, a desigualdade salarial quanto ao género.
agravou-se entre 1986 e 1993, estagnou no final dos anos 90 e voltou a aumentar
na última década, não obstante a aceleração do salário mínimo nesse período.
Entre 1986 e 2009, a quota dos 20% de trabalhadores com maiores ganhos
passou de 38% para 45% do ganho total, enquanto a quota dos 20% de traba-
lhadores com menores ganhos se manteve relativamente estável.
Configura-se assim um cenário de melhoria da situação dos trabalhadores
com menores remunerações, mas a um ritmo inferior ao do extremo oposto
da distribuição. Em 2009, os 20% de trabalhadores mais bem remunerados
ganhavam quase cinco vezes mais do que os 20% com remunerações mais baixas.
Persiste ainda o diferencial remuneratório entre homens e mulheres,
confirmando-se que as portuguesas recebem, em média, menos do que os

325
portugueses com níveis de habilitações equivalentes e que a proporção de
mulheres entre os quadros médios e superiores é ainda inferior ao seu peso
no total do emprego.
A alteração do perfil habilitacional dos portugueses teve também um
impacto sobre a distribuição do ganho, com a relativa desvalorização do 3.º
ciclo do ensino básico face a habilitações inferiores e superiores e à persis-
tência de um elevado diferencial entre os trabalhadores mais qualificados e
os restantes grupos.

Portugal no contexto da União Europeia

Não obstante o diferencial entre as remunerações das portuguesas e dos por-


tugueses, esta desigualdade de género é inferior ao padrão europeu (Gráfico
38.2 e Gráfico 38.3).
Contudo, a tendência é de agravamento do diferencial entre homens e
mulheres nos períodos de recessão, como entre 2001 e 2003 e, em particular,
em anos mais recentes. Esta tendência aproxima o país da desigualdade a nível
europeu: as portuguesas ganhavam 90% do ganho médio dos portugueses em
1994 (83% na UE27) contra 87% em 2009 (84% na UE 27).

Disparidades regionais

A configuração territorial das principais assimetrias confirma a complexifi-


cação da divisão tradicional entre “norte” e “sul”, “litoral” e “interior”, com
ganhos medianos mais baixos em Alto Trás-os-Montes, Douro, Tâmega, Pinhal
Interior Sul e Serra da Estrela e o posicionamento destacado da Grande Lisboa.
Ainda assim destacam-se dois eixos transversais com fortes crescimentos
relativos do ganho mediano: o posicionamento das duas Beiras Interiores e do
Alentejo Central é elucidativo desta mudança. (Mapa 38.1).

326
Gráfico 38.1. Ganho mensal e disparidade salarial entre homens e mulheres em Portugal
| 1986 a 2010
1,000 14%

(Quebra de série)
O aumento
da diferença entre
900 12% o ganho médio e
mediano confirma a
natureza assimétrica da
800 10% distribuição do ganho
mensal em Portugal
e a resistência a uma
700
(Quebra de série)
8% diminuição sustentada
Ganho médio das diferenças
Ganho mediano
remuneratórias entre
Disparidade salarial
600 entre géneros 6%
homens e mulheres.

500 4%

400 2% Nota: A preços


constantes de 2006.

2007
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2005

2006

2008

2009

2010
1986

1993

1995

1999

2002

2004 Fonte: Quadros de Pessoal,


UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
interno Única do EURO INE, Banco de Portugal
e Eurostat (acedido
QCA II (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em fevereiro 2012)

Gráfico 38.2. Disparidade salarial entre homens e mulheres: comparação entre Portugal
e UE | 1994 a 2010
20%

A disparidade salarial
entre homens e
mulheres manteve­
UE
‑se abaixo do padrão
15%
europeu, ainda que
a tendência seja de
aproximação nos
períodos de recessão
10%
económica.

Portugal

5%

0%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


interno Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA II (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em fevereiro de 2012)

327
Gráfico 38.3. Disparidade salarial entre homens e mulheres: a posição de Portugal na UE
| 1994 e 2010
35%

Portugal viu aumentar 1994 2010

a diferença salarial
entre homens e 30%

mulheres reduzindo
a vantagem face ao
25%
padrão europeu.

20%

Média UE27 (1994): 17%

Média UE27 (2010): 16%


15%

Nota: Os valores iniciais


10%
referem-se a 1995 para Áustria,
Eslovénia, Hungria e Lituânia,
1996 para a República Checa,
1998 para a Letónia, 1999
para a Polónia e Eslováquia, 5%
2000 para Malta, 2001 para
Bulgária e os valores finais
referem-se a 2008 para Grécia.
Fonte: Eurostat (acedido 0%
em fevereiro de 2012) SI PL IT LU RO BE PT BG MT IE LT SE LV FR DK ES CY HU NL UK SK FI CZ EL DE AT EE

Gráfico 38.4. Tendências do ganho mensal em Portugal | 1986 a 2009


Indicadores de desigualdade Salário mínimo nacional Ganho mediano por habilitações

O aumento do 60% 5.0


Euros
800
Euros a preços correntes
1,600
Ganho mensal mediano (preços correntes) Inferior ao 1º ciclo
salário mínimo S80/S20
Quota 20% mais pobres Salário mínimo nacional (preços correntes) 1º Ciclo
3º Ciclo
nacional coexistiu Quota 20% mais ricos
4.8
Salário mínimo nacional (preços constantes) Ensino Secundário
Licenciatura

com um aumento 700


50% 1,350
da desigualdade 4.6

salarial, indiciando
um crescimento 4.4
600

40% 1,100
salarial mais rápido
entre trabalhadores 4.2
500
com qualificações e
remunerações mais 30% 4.0 850

elevadas. 400
3.8

20% 600

3.6
300

3.4

10% 350
200

Nota: Deflator do consumo 3.2


privado (base 2006).
Fonte: Quadros de Pessoal,
0% 3.0 100 100
INE e Banco de Portugal
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010

1986

1995

2000

2005

2009
1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

(acedido em fevereiro de 2012)

328
Mapa 38.1. Taxa média de crescimento Mapa 38.2. Ganho mediano por concelho
anual do ganho mediano por concelho | | 2009
1986 a 2009

Destaca­‑se a
concentração de
ganhos medianos
mais baixos em Alto
Trás­‑os­‑Montes,
Douro, Tâmega,
Pinhal Interior Sul
e Serra da Estrela e
a consolidação da
melhor posição da
Grande Lisboa.

Legenda: Legenda:
Taxa média Ganho mediano, PT=100
2,8% – 4,5% 67 – 80
4,6% – 6,0% 81 – 90
6,1% – 6,8% 91 – 100
6,9% – 7,6% 101 – 130
7,7% – 8,7% 131 – 170

Fonte: Quadros de Pessoal

329
Conceitos e metodologia

Quadros de Pessoal 2 (exceto agricultura, produção animal, caça


A operação estatística Quadros de Pessoal resulta e silvicultura e outras atividades de serviços
de um aproveitamento administrativo de normas coletivos, sociais e pessoais), substituindo os
legais que estabelecem a obrigatoriedade da dados de fontes nacionais não harmonizadas.
entrega do quadro de pessoal por todas as entidades
Ganho mensal
com trabalhadores ao seu serviço, incluindo os
Montante ilíquido em dinheiro e/ou géneros, pago
trabalhadores com contrato a termo certo se ao
ao trabalhador, com caráter regular em relação
serviço no momento do inquérito. Excetua-se desta
ao período de referência, por tempo trabalhado
obrigação legal a administração central, regional
ou trabalho fornecido no período normal e
e local e os institutos públicos (sendo para estas
extraordinário. Inclui ainda o pagamento de horas
entidades apenas aplicável relativamente aos
remuneradas mas não efetuadas (férias, feriados
trabalhadores em regime de contrato individual de
e outras ausências pagas) e prestações regulares
trabalho) e os empregadores de trabalhadores de
(montante ilíquido pago às pessoas ao serviço,
serviço doméstico. Deve-se, portanto, analisar os
com caráter regular, no período de referência,
dados dos Quadros de Pessoal à luz destas limitações
como é o caso dos subsídios de alimentação, de
da amostra. A não obrigatoriedade de entrega das
função, de alojamento ou transporte, diuturnidades
declarações para as entidades públicas e para os
ou prémios de antiguidade, produtividade,
trabalhadores por conta própria retiram consistência
assiduidade, subsídio por trabalhos penosos,
aos dados obtidos para sectores não produtivos
perigosos ou sujos, subsídios por trabalho de
ligados à educação, saúde e cultura e administrações
turnos e noturnos). (Quadros de Pessoal)
públicas e para os sectores onde o peso da atividade
por conta própria ou com uma natureza informal/ Mediana
familiar é mais relevante (como é o caso, por Medida de posição definida como o número que se
exemplo, do sector da agricultura, silvicultura e encontra no centro de uma série de números, estando
pesca). Para o cálculo do ganho médio e mediano, estes dispostos segundo uma ordem, ou seja, metade da
exclui-se ainda os empregadores e trabalhadores população terá valores inferiores ou iguais à mediana
a tempo parcial, ficando por provar se a inclusão e metade da população terá valores superiores ou
de outros grupos para além dos trabalhadores iguais à mediana. A mediana depende da posição e
por conta de outrem com horário completo, não não dos valores dos elementos na série ordenada, ao
agravaria os níveis de desigualdade salarial. contrário da média que é fortemente influenciada
pelos valores extremos (por esta razão, a comparação
Disparidade salarial
entre média e mediana é uma das formas mais simples
Diferença entre remuneração horária média bruta
de avaliar a assimetria de uma distribuição).
de homens e das mulheres, em percentagem da
remuneração horária média bruta de homens Rácio S80/S20
(Eurostat). A partir de 2007, o indicador Define-se como o rácio entre a proporção do
baseia-se no inquérito à estrutura dos ganhos ganho total recebido pelos 20% da população
(trabalhadores remunerados nas empresas com maiores ganhos e a parte do rendimento
com 10 ou mais empregados, por NACE Rev. auferido pelos 20% de menores ganhos.

Para saber mais


Eurostat (2011) | Labour market statistics
Rodrigues, C.F. (2011) | Desigualdade em Portugal, Fundação Francisco Manuel dos Santos
Mais dados estatísticos disponíveis na

330
39
Classe média

A existência de uma classe média coesa e estruturada é apontada como


condição de sustentabilidade do desenvolvimento económico e social de
um país. A classe média pode ser definida, de forma simplificada, como a
parte da população que se concentra entre os dois extremos da estrutura
social, ou seja, entre ricos e pobres. Não estando no extremo da riqueza,
a classe média detém recursos (materiais e imateriais) que lhe permitem
usufruir da oferta da sociedade de consumo e aceder a níveis mais elevados
de qualificação e de rendimento.

Portugal nos últimos 25 anos

Na presente análise, usa-se como proxy da classe média o conjunto da popu- A classe média
lação com profissões associadas a quadros superiores e dirigentes e profissões portuguesa ganhou
mulheres e jovens,
intelectuais e científicas. A evolução histórica demonstra, contudo, uma sig- especializou­
nificativa mutação do conceito de classe média e uma multiplicidade de cri- ‑se nos serviços e
diluiu as vantagens
térios para categorizar este estrato social, pelo que a sua definição não é
remuneratórias e
consensual. habilitacionais face
Esta classe socioprofissional demonstra alguma estabilidade no seu con- à média nacional,
mantendo­‑se
junto, representando na estrutura de profissões do país 18% em 1992 e 16% em concentrada em
2010. Neste período, a classe média cresceu ao nível das profissões intelectuais Lisboa e no Porto.

e científicas (de 7% para 10%) e reduziu para quase metade o peso dos quadros
superiores e dirigentes (de 11% para 6%) (Gráfico 39.1).
A moderna tendência de terciarização da economia está também presente,
com o crescimento da população afeta a atividades profissionais associadas
aos serviços (de 14% em 1992 para 16% em 2010) e o progressivo abandono
das profissões operárias e similares, que se mantém ainda preponderantes ao
longo de todo o período (30% contra 26%).

331
Portugal no contexto da União Europeia

A estabilidade da classe média na sociedade portuguesa contrasta com a expan-


são deste segmento socioprofissional a nível europeu. Portugal é mesmo o
terceiro país com menor peso deste conjunto, tendo o diferencial do peso da
classe média entre a UE27 e Portugal dilatado na última década (Gráfico 39.2
e Gráfico 39.3).
A mutação global do mundo do trabalho e a tendência de desindustria-
lização pode justificar a convergência entre Portugal e a UE27 no que toca à
redução do peso da classe operária.
A descida da representatividade desta classe socioprofissional é, contudo,
menos acentuada em Portugal (de 30% em 1992 para 26% em 2010) do que a
nível europeu (de 27% para 21%).

A nova classe média

A classe média portuguesa evidencia fortes tendências de mudança ao longo


do período em análise, com destaque para:
• a ascensão do peso das mulheres no total da classe média de 45% para
48%, entre 2000 e 2010 (Gráfico 39.4);
• a redução do peso das qualificações superiores no total da classe média
de 68% para 65%, entre 2000 e 2010 (Gráfico 39.4);
• o crescimento da concentração da classe média nos serviços de 23% para
41%, entre 1995 e 2009 (Gráfico 39.7 e Gráfico 39.8);
• o rejuvenescimento desta classe socioprofissional, com a redução da
idade média de 44 para 42 anos, entre 1986 e 2009 (Gráfico 39.5);
• a diluição das vantagens remuneratórias desta classe, que em 1986 rece-
bia três vezes acima da referência nacional contra duas vezes acima em
2009 (Gráfico 39.6).

Geograficamente, mantém-se a concentração deste segmento socioprofis-


sional nas regiões NUTS II do Norte e Lisboa, que sob o efeito das populosas
áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa, acolhiam 71% da classe média em
1995 e 68% em 2009 (Gráfico 39.9).

332
Gráfico 39.1. Estrutura de profissões em Portugal | 1992 a 2010
100%
Outros 7%
11% A estrutura de
90%
Trabalho não qualificado 9% profissões em
13% Portugal confirma
80%
Pessoal dos serviços, 14%
três tendências:
vendedores
terciarização da
70%
16%
economia, redução
Profissionais de nível
da classe operária e
60%
intermédio e administrativo 22%
sustentação da classe
50%
19% média por via das
profissões intelectuais
40% e científicas.

30%
Operários e trabalhadores
30%
similares 26%

20%

Profissões intelectuais e
7%
científicas
10% 10%

Quadros superiores e 11%


dirigentes
6%
0%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1994

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

2004
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em fevereiro de 2012)

Gráfico 39.2. Peso da classe média e dos operários e trabalhadores similares


na estrutura de profissões: comparação entre Portugal e UE | 1992 a 2010
32%

Operários e trabalhadores similares em Portugal


A estabilidade
30%
da classe média
portuguesa contrasta
28%
com o seu reforço a
26% nível europeu, onde a
Operários e trabalhadores similares na UE redução das profissões
24%
operárias é mais
pronunciada.
22%

20%

18%

16%

14% Evolução da classe média


~ Quadros superiores e
dirigentes e profissões
intelectuais e científicas
12%

10%
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em fevereiro de 2012)

333
Gráfico 39.3. Peso da classe média no total do pessoal ao serviço: a posição de Portugal
na UE | 2000 e 2010
40%

Portugal é o terceiro
país da UE27 onde
35%
a classe média é
2000 2010
menos representativa
na estrutura 30%

socioprofissional.
25%

Média UE27 (2010): 23%

20% Média UE27 (2000): 20%

15%

10%

5%

0%
Fonte: Eurostat (acedido
RO CZ PT SK AT IT CY BG DE MT DK HU ES FR PL SI EL SE LV LT FI UK EE NL LU BE IE
em fevereiro de 2012)

Gráfico 39.4. Variação do peso das habilitações superiores e de mulheres no total


da classe média: a posição de Portugal na UE | 2000 e 2010
Percentagem da classe média com habilitações superiores
Percentagem de mulheres na classe média
80%
A evolução da classe LU
65%

média portuguesa
na última década
MT RO SI
75%
pautou­‑se pela 60% LT

ascensão feminina e
LV
EE
pela perda de terreno HU
PL
BG
das qualificações 70%
55%
superiores.
NL Variação média UE27 (2000-
PL 2010): +5 pontos percentuais
65%
PT SK
BE LT SI
-20 50%
CZ HU
EL
LV 20 BE
RO
PT
AT Média UE27 ES
60% (2010): 44% SE
IE Média UE27
SK BG (2010): 56% IE
EE
45%
FI

FI FR
DE EL
55% IT
UK SE IT UK CY
CZ
NL
Variação média UE27 (2000- 40%
AT LU
DK
2010): -4 pontos percentuais
MT
50%
FR DE
DK

35%
ES CY -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10

Fonte: Eurostat (acedido 45%


em fevereiro de 2012) -15 -10 -5 0 5 10

334
Gráfico 39.5. Média etária da classe média Gráfico 39.6. Vantagem remuneratória
em Portugal | 1986 a 2009 da classe média em Portugal | 1986 a 2009
50 240%

A classe média
220%
rejuvenesceu
45 Quadros Diferença do salário mediano em Portugal, em
superiores e 200% dos quadros superiores e
dirigentes dirigentes face ao nacional particular ao nível das
180%
profissões intelectuais
40 e científicas. Desde
160% 1999, as vantagens
Profissões
intelectuais
remuneratórias face
Total
e científicas 140%
35 ao salário mediano
Diferença salário mediano das
nacional encolheram
120% profissões intelectuais e cienficas face
ao nacional de quase três para
30
100%
duas vezes mais.

80%

25

60%
Classe média
Diferença do salário mediano da classe média
face ao nacional
40%
20

20%

15 0%
1986 1993 1999 2005 2009 1986 1993 1999 2005 2009 Fonte: Quadros de Pessoal

Gráfico 39.7. Peso da classe média por Gráfico 39.8. Estrutura da classe média
sectores de atividade económica em por sectores de atividade económica
Portugal | 1995 e 2009 em Portugal | 1995 e 2009
24% 100%
Outros Outros
6% 8% A classe média
Turismo
8%
Turismo
6%
portuguesa transferiu­
20%
‑se da indústria e do
Construção Construção
80% 9% 11% comércio para os
serviços.
16%
Indústria
Indústria 13%
23%
60%

12%
Comércio
21%

8%
40% Comércio
31%

4%

Serviços
20% 41%

0% Serviços
23% Nota: Na estrutura da classe
média, os sectores dos
Turismo

Outros
Comércio
Serviços

Transportes
Indústria

Construção
Agricultura

transportes (com 5% da classe


0% média em 1995 e 2009) e
1995 2009 da agricultura (com 1% da
classe média em 1995 e 2009)
Profissões intelectuais e científicas (2009)
estão incluídos em Outros.
Quadros superiores e dirigentes (2009)
Total (1995) Fonte: Quadros de Pessoal

335
Gráfico 39.9. Caraterísticas da classe média em Portugal | 1995 e 2009

A tendência foi
1995
de rejuvenescimento,
Percentagem em cada região 2009 Idade média
de ascensão feminina
e de diluição
das vantagens Norte Quadros superiores
remuneratórias da da administração
pública
classe média nos 31 31 60
Madeira Algarve
últimos 15 anos.
42
Informática 35 Docentes
38
36
20

19 37
18 35
0
Açores Centro
40
41
44
39
40 38 Médicos
37 Juristas e 37
Alentejo trabalhadores
Lisboa
similares

Economistas

Índice de salário mediano Percentagem de mulheres


(salário mediano total=100)

Quadros superiores Quadros superiores


da administração da administração
pública pública

88

Informáticos Docentes Informática 60 Docentes


352 211 65

148 25
244
254 59
200
21
256 52

333 283 62 37
35
272
63
Juristas e Juristas e 46
319 Médicos Médicos
Nota: Os Quadros de Pessoal trabalhadores 348 trabalhadores
tendem a subrepresentar similares similares
os funcionários públicos.
Fonte: Quadros de Pessoal Economistas Economistas

336
Conceitos e metodologia

Classe média (entenda-se nível mais elementar desta classificação,


Adotou-se o critério das profissões, assumindo tendo passado de cerca de 3800 profissões para
que pertence a este estrato social o pessoal ao cerca de 1700), dando origem à CNP/94, aprovada
serviço enquadrados no grande grupo “1. Quadros pelo Conselho Superior de Estatística (CSE). Em
superiores e dirigentes” e “2. Profissionais das áreas Dezembro de 2007, a OIT aprovou uma nova
intelectuais e científicas”, filtrado com base na Classificação Internacional Tipo de Profissões,
Classificação Nacional de Profissões (CNP) a um editada em 2008 (CITP/2008), com base na qual foi
dígito. Pela impossibilidade de cobrir a totalidade desenvolvida a atual Classificação Portuguesa das
do universo enquadrável nesta categorização, devido Profissões (2010), da responsabilidade do INE. (INE)
a questões que se prendem com a disponibilidade
Estrato social
de dados estatísticos, a lógica adotada foi a de
Corresponde a uma dada categoria, concebida pelo
amostragem, com base numa população passível de
investigador na base de um determinado conjunto de
ser analisada e constante nos Quadros de Pessoal.
critérios, destinada a revelar o modo como a sociedade
Classificação Nacional de Profissões (CNP) está organizada (na sua estrutura) por camadas
Permite a comparação, a nível internacional, de socioprofissionais distintas. Os diferentes “estratos”
dados estatísticos sobre mão de obra, nomeadamente são, por assim dizer, arrumados uns nos outros a partir
dos resultados referentes aos recenseamentos da desses critérios ou indicadores de status, consoante
população de vários países. A primeira Classificação a posse de mais ou menos recursos: a categoria
Nacional de Profissões (CNP) disponibilizada a nível socioprofissional, o nível de rendimento e o grau e
nacional refere-se ao ano de 1966, da responsabilidade instrução são os critérios mais usuais. (Estanque, 2010)
do IEFP e estava harmonizada com a CITP/1958.
Salário mediano
A Classificação Nacional de Profissões de 1980
Valor do salário que corresponde ao centro
(CNP/80), editada também pelo IEFP, teve por
da amostra quando ordenada por ordem
base a CITP/68 da Organização Internacional do
crescente, havendo metade dos trabalhadores
Trabalho (OIT) e constitui a segunda versão da CNP.
a auferir salários de valor inferior e outra
A CNP/80 foi posteriormente objeto de uma revisão,
metade a auferir salários de valor superior.
reduzindo significativamente o número de profissões

Para saber mais


INE (2011) | Classificação portuguesa de profissões 2010
Estanque, E. (2010) | A classe média: ascensão e declínio, Fundação Francisco Manuel dos Santos
Mais dados estatísticos disponíveis na

337
40
Governação

Uma governação sustentável gere os recursos num equilíbrio entre presente


e futuro e balança os encargos da gestão corrente com o investimento em
bens públicos de mérito que melhorem a equidade e o potencial dos cidadãos
na criação de riqueza.
A forma como o Estado, na sua lata aceção de conjunto das administrações
públicas central, regional e local, se posiciona no território, pode ser afe-
rida, quantitativamente, pelo peso que detém na economia ou pelo grau de
descentralização e, de forma qualitativa, por indicadores internacionais de
boa governança.

Portugal nos últimos 25 anos

O peso das despesas públicas com pessoal e prestações sociais na carga fiscal Portugal apresenta uma
(que soma impostos e contribuições sociais efetivas) subiu de 66% em 1986 para administração pública
mais centralizada e
o máximo de 96% em 2009. O VAB gerado pelas administrações públicas oscilou relevante na economia
entre 16% e 18% do total da riqueza gerada no país desde 1995 (Gráfico 40.1). face ao padrão
europeu, que consome
A quantificação possível do emprego público mostra uma subida na
uma parcela crescente
ordem do meio milhão em 1986 para o pico de 750 mil postos de trabalho em da carga fiscal com
2005, desacelerando desde então para um patamar inferior aos 700 mil desde pessoal e prestações
sociais.
2008. O ritmo de crescimento dos postos de trabalho foi mais intenso na
administração local e regional do que a nível central, com exceção dos anos
seguintes ao diploma legal de 1996 de regularização excecional dos vínculos
precários na função pública.
Em anos recentes, os dados disponíveis para a administração central e muni-
cípios mostram que o emprego público representa 12% da população ativa, 13% da
população empregada e 17% do emprego por conta de outrem em Portugal. Três
quartos do emprego público estão na administração central, onde se destacam
atividades de educação (31%), saúde (13%), forças armadas e segurança (16%).

339
Portugal no contexto da União Europeia

A relevância das administrações públicas na economia nacional excede a média


europeia quando medida pelo VAB (Gráfico 40.2).
Face ao padrão europeu, é notória a crescente parcela da carga fiscal
que desde 1993 serve despesas com pessoal e prestações sociais em Portugal.
No ano de 2010, Portugal apresentou a terceira menor margem de manobra
orçamental neste indicador, só ultrapassando a Irlanda e a Grécia, dois países
onde estas despesas já excediam a totalidade da carga fiscal.
A evolução da despesa pública em Portugal mostra que a redistribuição
ganhou às restantes funções do Estado. Mesmo só contabilizando os gastos com
serviços gerais da administração pública, defesa, segurança e ordem pública,
Portugal apresenta o sexto maior encargo face ao PIB na UE27 (Gráfico 40.4 a
Gráfico 40.6.).
Portugal apresenta também dos menores graus de descentralização da
governação, seja quanto à proporção de funcionários públicos fora da admi-
nistração central (23% em Portugal contra 85% na Suécia, em 2005), seja na
relevância da despesa gasta a nível local (14% em Portugal contra 24% na UE27
em 2010) (Gráfico 40.3).
Quanto aos indicadores de governança, Portugal não passa da parte
inferior da tabela liderada pelos países do Norte, seja no controlo da corrup-
ção (13.º lugar na UE27), na eficácia do Estado e na voz e responsabilização
(15.º), no cumprimento da lei (16.º), na estabilidade política e ausência de
violência (17.º). Portugal é mesmo dos últimos (23.º) na qualidade regulatória
(Gráfico 40.7).

Abstenção

A análise das taxas de abstenção nos diversos processos eleitorais revela um


país onde pelo menos um terço da população recenseada não vota. Este cená-
rio vem a agravar-se e o menor envolvimento dos cidadãos é mais explícito
aquando das reeleições e das eleições para o Parlamento Europeu.
Na UE27, Portugal permanece entre os cinco Estados-membros com
maiores níveis de abstencionismo (Gráfico 40.8 e Gráfico 40.9).

340
Gráfico 40.1. Peso na carga fiscal das despesas públicas com pessoal e com prestações
sociais e peso do valor acrescentado bruto das administrações públicas em Portugal
| 1986 a 2010
100%
da carga
fiscal
A administração
Despesas públicas com pessoal e prestações sociais em Portugal
pública têm uma
90% relevância na
economia portuguesa
acima dos 15%
80%
do VAB e afeta a
maioria dos impostos
e das contribuições
70%
sociais ao pagamento
de salários e de
prestações sociais.
60% 20%
do VAB
total
VAB das administrações públicas em Portugal

Nota: Considera o peso das


15%
despesas públicas com pessoal
e prestações sociais que não em
espécie no total dos impostos
e contribuições sociais efetivas
10% (carga fiscal) e o peso do VAB
gerado pelas administrações
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004 públicas no total da


UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 riqueza gerada pelo país.
Interno Única do EURO
Fonte: AMECO e Eurostat
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em junho de 2012)

Gráfico 40.2. Peso na carga fiscal das despesas públicas com pessoal e com prestações
sociais e peso do valor acrescentado bruto das administrações públicas: comparação
entre Portugal e UE | 1986 a 2010
100%
da carga
fiscal Face ao padrão
Despesas públicas com pessoal e prestações sociais em Portugal europeu, as
90% administrações
públicas portuguesas
apresentam uma maior
80% relevância económica
medida pelo VAB e
uma menor margem
70% orçamental.

Despesas públicas com pessoal e prestações sociais na UE27

60% 20%
do VAB
total
Nota: O peso das despesas
VAB das administrações públicas em Portugal públicas com pessoal e
prestações sociais que não
em espécie no total dos
15%
impostos e contribuições
VAB das administrações públicas na UE
sociais efetivas (carga fiscal)
na UE corresponde à média de
11 países em 1986/7 (80% da
10% UE27), 12 países em 1988/90,13
países em 1991/4 e 26 países
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2004

em 1995/8. Até 1990, considera


UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 a República Federal Alemã.
Interno Única do EURO
Fonte: AMECO e Eurostat
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em junho de 2012)

341
Gráfico 40.3. Peso da despesa pública local na despesa pública total: a posição
de Portugal na UE | 1995 e 2010

Portugal é o sétimo
60%
Estado­‑membro 1995 2010

da UE27 menos
descentralizado,
mantendo uma
proporção em linha
com a Grécia, a Irlanda
40%
e a Espanha, parceiros
iniciais da coesão.

Média UE27 (2010): 24,2%

Média UE27 (1995): 21,3%


20%

Fonte: Eurostat (acedido 0%


MT CY EL IE LU BE PT AT ES DE SK BG SI FR RO EE HU CZ LV LT UK IT PL NL FI SE DK
em junho de 2012)

Gráfico 40.4. Peso no PIB das funções da Gráfico 40.5. Estrutura da despesa pública
despesa pública em Portugal | 1995 a 2009 por funções em Portugal | 1995 a 2009
100%

A função redistributiva 50%


Outros
do PIB
do Estado foi a que
mais se impôs entre
1995 e 2009. Proteção social

40%
75%

Educação

30%
Saúde

50%

Asuntos económicos

20%

Segurança e ordem
pública

25%

10%
Defesa

Serviços gerais da
administração pública

Fonte: Eurostat (acedido 0% 0%


em junho de 2012) 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009

342
Gráfico 40.6. Peso das despesas com serviços gerais da administração pública, defesa,
segurança e ordem pública: a posição de Portugal na UE | 1995 e 2010
20%
do PIB
1995 2010 Portugal subiu para
sexto lugar entre
os países da UE27
que mais gastam em
15%
serviços gerais da
administração pública,
defesa, segurança e
Média UE15 (1995): 12%
ordem pública.

10% Média UE27 (2010): 10%

5%

Nota: Os valores iniciais


referem­‑se a 1998 para
a Bulgária, 1999 para a
Eslovénia, 2000 para a Lituânia
e 2002 para a Polónia.
0%
Fonte: Eurostat (acedido
LU IE EE LV CZ LT BG ES RO DE MT AT SI PL NL DK SE SK FI UK FR PT
PT BE IT HU EL CY
em junho de 2012)

Gráfico 40.7. Indicadores de governança do Banco Mundial: a posição de Portugal


e dos parceiros iniciais da coesão na UE | 2010
Voz Estabilidade política Controlo
e responsabilização e ausência de violência Eficácia do estado Qualidade regulatória Cumprimento da lei da corrupção
O atraso de Portugal
SE LU FI DK FI DK
é mais visível na
qualidade regulatória,
que avalia a capacidade
das autoridades
7 7 governativas em
8

9 9
gerar políticas e
enquadramentos
regulatórios que
12

13 13 13 promovam um
14 ambiente económico e
15 15

16 16
empresarial favorável.
17

18

23 23 23
24

25
26 26

27

1º IE PT ES EL Fonte: Banco Mundial


(acedido em maio de 2012)

343
Gráfico 40.8. Taxa de abstenção nas eleições em Portugal | 1986 a 2011
1994
2009
A taxa de abstenção
60% 2004
ficou sempre acima 1999

dos 30% em qualquer


ato eleitoral dos
últimos 20 anos. 2011

Só quatro em dez 50%


2001

eleitores votam 1989

para o Parlamento
Europeu desde 1994
e a taxa de abstenção 40%
2011
2009
2009
1997 2001
aumenta em média 15 1999 2002 1989 2005
2006
1991
pontos percentuais 1993
2005
na reeleição do 1995 1996

Presidente da 1991
30%
República.
1987
1987

1986

20%
Fonte: Comissão
Nacional de Eleições Assembleia da República Autarquias Locais Presidência da República Parlamento Europeu

Gráfico 40.9. Taxa de abstenção nas eleições parlamentares: a posição de Portugal


na UE | 1990 a 2010

2008
60%
Portugal mantém­‑se
entre os cinco países Primeiro processo eleitoral Último processo eleitoral 1991

da UE27 com maiores 2008


taxas de abstenção,
mas esta quebra da 2007

participação eleitoral
2010
não se compara com 40%
2006 2009
2007 2009
2007
2008 2010
a registada em muitos 2010
2010 2007
dos países de Leste. 2007

1992 1991 1993


2009 2009

2008 2010
1990 1992
1992
1994
1990 1992 1990
20% 1994
2008
2006 2008
1990
1990
Notas: As datas correspondem 1993
1991
ao primeiro e último processo 2007
1991 1992
1991
eleitoral para o parlamento 1994 2010 2006 1992

de cada Estado­‑membro no 2004


período entre 1990 e 2010. 2008
1991
Na Bélgica, Luxemburgo e 1991
Grécia o voto é obrigatório. 1991 1990 1990

Fonte: Eurostat (acedido 0%


MT LU BE CY DK SE AT IT ES NL EL DE IE UK FI HU SI CZ EE LV BG FR PT
PT SK PL LT RO
em janeiro de 2012)

344
Conceitos e metodologia

Administrações públicas Voz e Participação dos cidadãos na seleção das


Inclui todas as unidades institucionais cuja função responsabilização autoridades governativas e das liberdades
principal consiste em produzir outros bens e de expressão, de associação e de imprensa
serviços não mercantis destinados ao consumo Estabilidade Probabilidade de desestabilização das
individual e coletivo e/ou em efetuar operações política autoridades governativas por meios
de redistribuição do rendimento e da riqueza inconstitucionais ou violentos, incluindo
terrorismo
nacional. Os recursos principais destas unidades
provêm de pagamentos obrigatórios efetuados Eficácia Capacidade e independência política
por unidades pertencentes a outros sectores e do Estado da administração pública, da qualidade
de formulação e de desenvolvimento
recebidos direta ou indiretamente. (INE)
das políticas e da credibilidade do
Emprego público compromisso governamental para com
essas políticas
As estatísticas da Direção-Geral da Administração e
do Emprego Público para o emprego na administração Qualidade Capacidade das autoridades governativas
pública portuguesa compreendem os postos de regulatória em gerar políticas e enquadramento
regulatório sólidos que habilitem e
trabalho na administração central (incluindo
promovam o desenvolvimento do sector
administração direta e indireta do Estado), na privado
administração regional (entidades administrativas
Cumprimento Capta até que ponto os agentes
das regiões autónomas dos Açores e da Madeira) e da lei confiam nas regras da sociedade e
administração local (entidades cuja competência e agem em conformidade, a qualidade da
autoridade fiscal, legislativa e executiva, respeita execução dos contratos e os direitos de
a uma parte do território). Inclui os trabalhadores propriedade, a polícia e os tribunais e a
probabilidade de crime e violência
com uma relação jurídica de emprego regulada pelo
direito público nas entidades públicas empresariais, Controlo Capta até que ponto o poder público é
não estando abrangidas as instituições sem fins da corrupção exercido em benefício privado, incluindo
pequenas e grandes formas de corrupção,
lucrativos controladas e/ou financiadas por unidades além do “aprisionamento” do Estado pelas
das administrações públicas. Convém notar que o elites e interesses privados
universo das entidades abrangidas não é estável ao
longo da série temporal, com as estimativas a partir Taxa de abstenção
de inquéritos até 1991 a excluir o pessoal militar e Relação percentual entre o número oficial de
militarizado e o emprego nas regiões autónomas e a eleitores que se abstiveram de votar em determinado
desagregação entre 2005 e 2010 a disponibilizar dados ato eleitoral e o total de eleitores inscritos no
para administração central e câmaras municipais recenseamento eleitoral e que podem exercer o
(com base em Observatório do Emprego Público). seu direito de voto nesse ato eleitoral. (INE) Em
Indicadores de governança do Banco Mundial Portugal, a Constituição não impõe o dever jurídico
A partir de 35 bases de dados de várias de participação ativa nos atos eleitorais e o cômputo
organizações mundiais e tendo em conta as da abstenção não produz efeitos jurídicos nas eleições.
pesquisas realizadas sobre indivíduos, empresas Valor acrescentado bruto (VAB)
e comércio, organizações não governamentais e Corresponde ao saldo da conta de produção,
organismos públicos, permitem a ordenação dos a qual inclui em recursos, a produção, e em
países em função dos seguintes resultados: empregos, o consumo intermédio, antes da
dedução do consumo de capital fixo. É avaliado
a preços de base, ou seja, não inclui os impostos
líquidos de subsídios sobre os produtos. (INE)

345
Para saber mais
OCDE (2011) | Government at a glance 2011
Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (2009) | A década 1996-2005: emprego público em números
Comissão Técnica do Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (2006) | Relatório final:
Descentralização
OCDE (2007) | Towards better measurement of government
Mais dados estatísticos disponíveis na

346
41
Proteção social

O Estado-Providência tem por objetivo a prevenção de situações de carência,


de disfunção e de marginalização social, assegurando especial proteção aos
grupos sociais mais vulneráveis. As funções de proteção social materializam-
-se em prestações que abrangem o pagamento de pensões (velhice, invalidez
e sobrevivência), os apoios relacionados com cuidados de saúde e proteção
na doença (incluindo comparticipações de medicamentos e contratos com
prestadores de cuidados de saúde privados) e as prestações pagas em situa-
ções de desemprego ou de exclusão social.

Portugal nos últimos 25 anos

Desde a aprovação da Lei de Bases da Segurança Social (1984), o modelo de A expansão do


proteção social pública tem sido sucessivamente ampliado. Desta evolução sistema de proteção
social em Portugal
são exemplos a instituição do regime de proteção social no desemprego (1985) tem sido mais rápida
e do 14.º mês de pensão (1990), bem como a criação da taxa social única (1986). que o crescimento
do produto, da
Entre 1986 e 2010, as despesas totais com proteção social – incluindo as
produtividade e do
prestações sociais, os custos administrativos ou de funcionamento, bem como emprego, reforçando
as transferências para outros regimes – subiram de 15% para 28% do PIB e as as pressões sobre o
seu financiamento e
receitas de 17% para 29% do PIB (Gráfico 41.1). sustentabilidade.
O aumento da receita contributiva a partir de meados dos anos 90 resulta,
em particular, da subida das contribuições do emprego por conta própria e da
maior eficácia dos mecanismos de acompanhamento e de controlo do próprio
sistema.

Portugal no contexto da União Europeia

A convergência com o padrão europeu foi célere quando se analisa a evolução


do peso das prestações sociais que não em espécie no PIB: se em 1995 os gastos

347
em Portugal eram cerca de seis pontos percentuais (p.p.) inferiores à média da
UE27, em 2010 tais gastos já se equiparavam ao padrão europeu (Gráfico 41.2).
No contexto dos 27 Estados-membros da União Europeia, Portugal emerge
como o terceiro país onde o peso das prestações sociais no PIB mais subiu
desde 1995, logo a seguir à Grécia e a Chipre, escalando, nestes 15 anos, da
22.ª para a oitava posição do ranking.
Esta evolução contrasta com a estabilidade do nível europeu de apoio
social e, sobretudo, com a redução do seu peso no PIB em alguns dos países
mais desenvolvidos, como a Suécia, Finlândia, Holanda, Dinamarca e Alemanha,
ou mesmo em países do Alargamento, como a Polónia (Gráfico 41.3).
Comparando apenas os gastos com pensões entre os parceiros iniciais da
coesão, Portugal volta a evidenciar um crescimento em percentagem do PIB
superior ao de Espanha, Irlanda ou Grécia, muito por efeito da aceleração do
peso das pensões de velhice e sobrevivência ao longo do tempo (Gráfico 41.8).

Funções da proteção social

As pensões de velhice e os apoios relacionados com os cuidados de saúde e


proteção na doença são as parcelas mais relevantes, representando cerca de
três quartos dos gastos com proteção social.
A subida da despesa é sobretudo explicada pelo maior número de refor-
mados e pelo crescente valor médio das reformas, em resultado do envelheci-
mento da população, de carreiras contributivas mais longas e de salários mais
elevados para os novos aposentados.
Em menor escala, contribuem o reforço dos apoios à habitação e exclusão
social, como o rendimento social de inserção (lançado em 1996 como rendi-
mento mínimo garantido) e a subida do subsídio de desemprego em conjuntura
de crise (Gráfico 41.4).
Entre 1990 e 2009, as funções de proteção social que viram reforçada a
sua quota no total das prestações sociais foram de apoio na velhice (para 44%
do total), desemprego (para 5%) e exclusão social (para 1%).
Ao invés, perderam quota os cuidados de saúde/doença (para 28% do
total) e pensões de invalidez (para menos de um décimo do total das prestações
sociais) (Gráfico 41.5 e Gráfico 41.6).

348
Gráfico 41.1. Receitas e despesas totais com proteção social em Portugal | 1986 a 2010
30% (Quebra de série)
do PIB
As despesas sociais
cresceram a uma
média anual de 5%
entre 1986 e 1994 e de
2% desde então.
25%

Despesas

Receitas

20%

Nota: O ano de 1994


15% representa uma alteração
na base, que passa do ano
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
2000 para o ano 2006
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 de 1995 em diante.
Interno Única do EURO
Fonte: INE (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em maio de 2012)

Gráfico 41.2. Despesa com prestações sociais: comparação entre Portugal e UE | 1986
a 2010
20%
do PIB
É manifesta a
aproximação dos
níveis de proteção
UE
social em Portugal face
ao padrão europeu
15% nas transferências
sociais em dinheiro à
população.

Portugal

10%

Nota: Não inclui transferências


sociais em espécie. Para a média
da UE foram considerados: 10
Estados­‑membros no período
1986­‑87, 11 em 1988­‑89, 12
em 1990, 16 em 1991, 17 em
5% 1992 e 20 em 1993­‑94. A partir
de 1995 foram considerados
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

os 27 Estados­‑membros
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 da União Europeia.
Interno Única do EURO
Fonte: AMECO (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em maio de 2012)

349
Gráfico 41.3. Despesa com prestações sociais: a posição de Portugal na UE | 1995
e 2010
22.5%
do PIB
Quando se considera 1995 2010

o peso das prestações


sociais no PIB, 20.0%

Portugal foi o terceiro


Estado­‑membro que
17.5%
mais fez crescer as
Média UE27 (1995): 16,7% Média UE27 (2010): 17,0%
prestações sociais
desde 1995, escalando
15.0%
do 22.º para o oitavo
lugar na UE27.

12.5%

10.0%

7.5%

Nota: Não inclui transferências


sociais em espécie.
Fonte: Eurostat (acedido 5.0%
NL LV BG LT EE MT RO CZ SK CY PL UK ES SE LU IE HU DK PT BE DE SI FI IT FR AT EL
em maio de 2012)

Gráfico 41.4. Número de pensionistas e de beneficiários da segurança social


em Portugal | 1990 a 2010

Milhões Milhões
O número de 5 2.0
2010
pensionistas e Rendimento mínimo garantido/social de inserção
Desemprego
beneficiários Doença
Sobrevivência
abrangidos por Invalidez
Velhice
prestações sociais 2000
4
aumentou mais de 1.5

30% ao longo das 1990

duas décadas. Só
os pensionistas
3
por invalidez e os
1.0
beneficiários de
subsídios por doença
1990
diminuíram. 2010

2 2000
2000
2010
2010
2010
0.5 1990
1990
2000
2000 1998
2010

1990

0.0
Desemprego
Sobrevivência
Velhice

Invalidez

Rendimento
Doença

garantido /
social de
inserção
mínimo

Fonte: INE (acedido 0


em maio de 2012) 1990 2000 2010

350
Gráfico 41.5. Peso no PIB das funções Gráfico 41.6. Estrutura das funções
das prestações sociais em Portugal | 1990 das prestações sociais em Portugal | 1990
a 2009 a 2009
100%
25% Exclusão social
do PIB Habitação A evolução da
estrutura da proteção
Desemprego
20% social mostra a
75%

100%
relevância crescente
Família
25%
do PIB
Exclusão social
Crianças
Habitação
das pensões de
Habitação
15%
velhice.
Doença 50%
Desemprego
Cuidados de saúde
20%
75%
10%
Pensões de
Família
sobrevivência
Construção Crianças
e atividades imobiliárias
Habitação
15% 25%

5% Doença
Pensões de invalidez 50%
Cuidados de saúde

10% Comércio
Pensões
Pensões de
de velhice
0% sobrevivência 0%
Construção
1990 1993 1996 1999 2002 2005 2008 e atividades imobiliárias 1990 1993 1996 1999 2002 2005 2008
25%

5% Pensões de invalidez
30%
do PIB

Comércio
Pensões de velhice
20%
0%
1990
Gráfico
1993
41.7.1999
1996
Custos
2002
com
2005
proteção social em Portugal:
Prestações sociais
2008
prestações
1990 1993
sociais
1996 1999
e 2002
outros
2005
0%
2008
Notas: Informação compilada
10% custos | 1990 a 2009 na base 2000 até 1994 e na
30% Outros custos base 2006 de 1995 em diante.
do PIB
0% “Outros custos” da proteção
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 social engloba os custos da
20% gestão e administração do
Prestações sociais
sistema, transferências para
outros regimes, bem como um
10%
conjunto variado de despesas
Outros custos do sistema de proteção social.
0%
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Fonte: Banco de Portugal
(acedido em abril de 2012)

Gráfico 41.8. Despesa por tipo de pensão: comparação entre Portugal, parceiros iniciais
da coesão e UE15 | 1995 a 2009
Pensões – Total Pensões de velhice Pensões de invalidez
15% 10% 3%
do PIB do PIB do PIB Face aos parceiros
UE15
iniciais da coesão,
Grécia
10%
Portugal
2% Portugal é o que mais
Espanha

5%
fez crescer as despesas
com pensões, em
5% 1%
Irlanda particular por velhice.

0% 0% 0%
1995 1998 2001 2004 2007 1995 1998 2001 2004 2007 1995 1998 2001 2004 2007

Pensões de sobrevivência Pensões de velhice antecipadas Pensões antecipadas por incapacidade


ou por motivos associados
3% 3% ao mercado de trabalho
do PIB do PIB 1.0%
do PIB

2% 2%

0.5%

1% 1%

0% 0% 0.0%
Fonte: Eurostat (acedido
1995 1998 2001 2004 2007 1995 1998 2001 2004 2007 1995 1998 2001 2004 2007 em maio de 2012)

351
Conceitos e metodologia

Índice de dependência de idosos Funções


Relação entre a população idosa e a população de proteção
em idade ativa, definida habitualmente como social Descrição
o quociente entre o número de pessoas com 65 Pensão Subsídios ou apoio em dinheiro ou géneros
ou mais anos e o número de pessoas com idades de velhice (exceto cuidados de saúde) associados
compreendidas entre os 15 e os 64 anos. (INE) à velhice

Proteção social Pensão Subsídios e apoio em dinheiro ou géneros


de invalidez (exceto cuidados de saúde) associados
Toda a intervenção de organismos públicos ou
à impossibilidade de pessoas com doenças
privados destinada a minorar, para as famílias e físicas ou mentais participarem em atividades
os indivíduos, o encargo representado por um económicas e sociais
conjunto definido de riscos ou necessidades, Pensão de Prestações por morte de familiar, ou seja,
desde que não exista simultaneamente qualquer sobrevivência concessão de subsídios ou apoio em dinheiro
acordo recíproco ou individual. (INE) ou géneros associados à morte de um familiar

Despesas totais de proteção social Doença/ Subsídios e apoio em dinheiro associados


Despesas dos regimes de proteção social que se cuidados a doença física ou mental, excluindo a
de saúde incapacidade. Cuidados de saúde cujo
classificam segundo o tipo, indicativo da natureza objetivo é o de manter, restaurar ou
ou da razão de ser das despesas, tais como, o melhorar a saúde das pessoas protegidas,
fornecimento de prestações de proteção social independentemente da origem da doença/do
ou prestações sociais, os custos administrativos problema de saúde
ou de funcionamento, as transferências para Família/ Subsídios ou apoio em dinheiro ou géneros
outros regimes e outras despesas. (INE) crianças (exceto cuidados de saúde) associados às
despesas com a gravidez, parto e adoção,
Prestações sociais educação e cuidados a familiares
Transferências, em dinheiro ou em géneros, para
Desemprego Subsídios ou apoio em dinheiro ou géneros
os agregados domésticos e indivíduos, com o associados ao desemprego
intuito de lhes aliviar a carga face a um conjunto
Exclusão Ajudas referentes ao custeamento
definido de riscos ou necessidades. As prestações
social da habitação e prestações em dinheiro
sociais abrangem um conjunto de funções de e habitação ou géneros (exceto cuidados de saúde)
assistência por parte do Estado (INE): especificamente direcionados para combater
a exclusão social

Para saber mais


Banco de Portugal (2009) | A economia portuguesa no contexto da integração económica, financeira e monetária
Comissão Europeia (2009) | 2009 ageing report: economic and budgetary projections for the EU 27 member states
(2008-2060)
Ministério das Finanças | A economia portuguesa, publicação anual
Comissão do Livro Branco da Segurança Social (1998) | Livro Branco da segurança social
Mais dados estatísticos disponíveis na

352
42
Nível de educação

O esforço de elevação do nível de educação conjuga dois tipos de interven-


ção: a diminuição do peso da população que apenas detém o ensino básico
e o aumento do peso da população com ensino superior.

Portugal nos últimos 25 anos

O reforço do ensino universal, gratuito e obrigatório em Portugal reflete-se Apesar do esforço


em duas “vagas” de alargamento do número de anos abrangidos pela escolari- de elevação do nível
de educação, perto de
dade obrigatória: metade da população
• em 1986, alargou-se o ensino obrigatório até aos 15 anos. A primeira portuguesa entre
os 15 e os 64 anos
geração abrangida concentra-se no atual grupo etário dos 25 aos 34 anos
não detém mais do
de idade, onde o nível de escolaridade mais progrediu; que o ensino básico
• em 2007, ocorreu uma nova alteração no regime de escolaridade obriga- completo.

tória, sendo atualmente para crianças e jovens com idades compreendidas


entre os seis e os 18 anos.

Entre 1985 e 2010, a proporção da população em idade ativa que comple-


tou o ensino secundário ou superior praticamente duplicou, facto induzido
pelas medidas de alargamento da formação secundária à população jovem
e adulta e pela ampliação das oportunidades de acesso ao ensino superior
(Gráfico 42.1).
Entre as medidas conducentes à melhoria dos níveis educacionais da
população portuguesa contam-se os Cursos de Especialização Tecnológica
(1995), a formação de um sistema nacional para a qualificação de adul-
tos, como os processos de Reconhecimento, Validação e Certificação de
Competências (2001), a promoção de modalidades de dupla certificação no
ensino secundário, a ampliação das oportunidades de acesso ao ensino supe-
rior, em particular o ingresso pelos maiores de 23 anos e pela frequência dos

353
Cursos de Especialização Tecnológica (2005), a adoção do sistema europeu
de créditos, em adequação ao Processo de Bolonha, ou a iniciativa Novas
Oportunidades (2005).

Portugal no contexto da União Europeia

O resultado da aposta de Portugal na redução do peso da população com ape-


nas o ensino básico é ainda insuficiente para acompanhar o ritmo da União
Europeia, tendo-se acentuado o fosso face à UE27 (Gráfico 42.2).
Portugal é ainda o Estado-membro com maior proporção da população
com apenas ensino básico, 30 pontos percentuais acima da média europeia.
Apesar da maior abrangência do sistema educativo, Portugal é dos sete Estados-
membros que menos reduziu o peso da população com ensino básico desde
1985 (Gráfico 42.3).
O mérito das políticas orientadas para o aumento dos níveis educacionais,
tanto nas crianças e jovens em idade escolar, como nos jovens e adultos que já
abandonaram o sistema educativo, não foi suficiente para anular o atraso face
à média europeia em qualquer dos níveis de ensino (Gráfico 42.2).
Portugal encontra-se aquém do objetivo que a União Europeia traçou
para 2020: pelo menos 40% dos adultos entre os 30 e os 34 anos devem possuir
ensino superior (Gráfico 42.4). Apesar da evolução registada na última década,
apenas um quarto da população deste grupo etário possui o ensino superior.
A saída do sistema antes de concluída a escolaridade mínima afeta Portugal
em particular: quase 30% dos jovens entre os 18 e os 24 anos abandonaram o
sistema sem concluírem o ensino secundário (Gráfico 42.5). A meta da União
Europeia é que este abandono escolar precoce não ultrapasse os 10% em 2020.

Disparidades regionais

Ao longo dos últimos 20 anos, observou-se uma intensificação em torno de


Lisboa de uma “coroa de concelhos” com forte expressão de população com o
ensino superior, assim como a formação de uma faixa de concentração de popu-
lação com o ensino superior por “alastramento” a partir dos centros urbanos
do interior do país: Guarda, Castelo Branco, Portalegre e Évora (Mapa 42.1).

354
Gráfico 42.1. População entre 15 e 64 anos de idade por nível de ensino completado
em Portugal | 1985 a 2010
100%
3%
11% Em 1985, menos
de um terço dos
portugueses tinha
80%
completado o ensino
43%
básico. Em 25 anos,
praticamente duplicou
60%
o peso da população
61%
com ensino secundário
ou superior.

40%

41%

20%
21%

12%
7%
0% Fonte: Barro R. & J.W. Lee |
1985 1990 1995 2000 2005 2010 Educational Attainment for total
population, 1950­‑2010 (acedido
Ensino superior Ensino secundário Ensino básico Sem ensino em dezembro de 2011)

Gráfico 42.2. População entre 15 e 64 anos de idade por nível de ensino completado:
comparação entre Portugal e UE | 1985 a 2010
100%
5% 3% 2%
11% O ritmo de elevação
13%
das habilitações
nacionais não chega
80%
para acompanhar o
43%
42% da União Europeia.
O peso da população
portuguesa com
60%
61% apenas o ensino básico
65% caiu menos que na
UE27, acentuando o
40%
atraso face ao padrão
europeu.
41%
44%

20%
21%

20%
12%
9%
7%
0%
1985 1990 1995 2000 2005 2010
Fonte: Barro R. & J. W. Lee |
Educational Attainment for total
Ensino superior (PT) Ensino secundário (PT) Ensino básico (PT) Sem ensino (PT)
population, 1950­‑2010 (acedido
Ensino superior (UE27) Ensino secundário (UE27) Ensino básico (UE27) Sem ensino (UE27) em dezembro de 2011)

355
Gráfico 42.3. População entre 15 e 64 anos de idade com ensino básico completado:
a posição de Portugal na UE | 1985 e 2010
60%
1985 2010
Portugal permanece
como o país da UE27
com maior proporção
da população em
idade ativa só com o
ensino básico e é dos Média UE27 (1985): 42%
40%
Estados-membros
que menos reduziu
o peso da população
com ensino básico,
em contraste com
a Alemanha ou a
Hungria. 20%

Média UE27 (2010): 13%

Fonte: Barro R. & J. W. Lee |


Educational Attainment for total
population, 1950­‑2010 (acedido 0%
SI LV HU SE EE LT DE RO NL IE FR IT CZ BE CY SK ES PL UK LU MT AT EL BG FI DK PT
PT
em dezembro de 2011)

Gráfico 42.4. População entre 30 e 34 anos de idade com ensino superior completo:
a posição de Portugal na UE | 2000 a 2010
50%
2000 2010
A União Europeia
estabeleceu para
2020 a meta de pelo
menos 40% dos 40% Meta da UE para 2020: >= 40%

adultos entre os 30 e
os 34 anos deterem
Média UE27 (2010): 34%
o ensino superior
completo. Em 2010, 30%

apenas um em cada
quatro portugueses
neste grupo etário Média UE27 (2000): 22%

20%
completara o ensino
superior.

10%

Notas: Dados de 2000


indisponíveis para a Áustria.
Fonte: Eurostat (acedido 0%
RO MT IT CZ SK AT PT HU BG EL DE LV SI PL EE ES NL UK FR LT BE CY FI SE LU DK IE
em janeiro de 2012)

356
Gráfico 42.5. Taxa de abandono escolar precoce e média de anos de escolaridade:
a posição de Portugal na UE | 2002 e 2010
Anos médios
12
de escolaridade A redução do
em 2010
abandono escolar
Média UE27 (2010): 10,5 60% precoce é dos maiores
10
desafios da educação
nacional. Portugal
apresenta das mais
8
baixas médias de anos
40%
de escolaridade da
UE27.
6

2002 2010

20%

Média UE27 (2002): 17%


Notas: O ano de 2002 é o
Média UE27 (2010): 14%
primeiro ano da série 1992­
2
‑2010 onde constam dados
para todos os países da UE27.
Taxa de abandono escolar precoce
Fonte: Eurostat (acedido
em dezembro de 2011) e
0 0% PNUD (2011) | Relatório de
SK CZ SI PL LU LT AT SE NL FI IE HU DK EE BE DE CY FR LV EL BG UK RO IT ES PT
PT MT
Desenvolvimento Humano

Mapa 42.1. População entre 15 e 64 anos de idade com ensino superior completo
por concelho | 1991 e 2011

Foram os grandes
1991 2011
centros urbanos que
mais aumentaram
a população com
ensino superior
completo e que atraem
a população mais
qualificada.

Legenda: Legenda:
População com ensino superior População com ensino superior
(PT = 100) (PT = 100)
Notas: Em 20 anos a proporção
< 75 < 75 da população com o ensino
75 – 100 75 – 100 superior subiu de 10% (PT=100
100 – 125 100 – 125 em 1991) para 18% (PT=100
> 125 > 125 em 2011). Dados de 1991
indisponíveis para os concelhos
de Vizela, Trofa e Odivelas.
Valores provisórios para 2011.
Os valores aqui apresentados
divergem dos gráficos iniciais
devido a metodologias
de cálculo diferentes.
Fonte: INE (acedido em
dezembro de 2011)

357
Conceitos e metodologia

Centros de Reconhecimento, Validação e Média de anos de escolaridade


Certificação de Competências (RVCC) Número médio de anos de educação recebida
Centros para adultos com pelo menos 18 anos de por pessoas a partir dos 25 anos, convertido a
idade que não tenham concluído a escolaridade partir dos níveis de realização educativa, usando
de nove anos, criados pela Agência Nacional de as durações oficiais de cada nível. (PNUD)
Educação e Formação de Adultos em 2000, para a
Taxa de abandono escolar precoce
certificação de saberes adquiridos e desenvolvidos
Proporção da população com idade entre os 18 e os
ao longo da vida em contextos formais, não formais
24 anos de idade, sem o ensino secundário completo,
e informais e sua contabilização para efeitos
que completou ou não o 3.º ciclo de escolaridade e que
escolares, de formação ou profissionais. Em 2007,
não se encontra inserida em qualquer programa de
alargou-se o sistema de reconhecimento, validação
educação/formação. (INE) As medidas implementadas
e certificação de competências e passaram a operar
no sistema educativo de prevenção do abandono
unicamente nos Centros de Novas Oportunidades.
escolar precoce, de melhoria dos níveis educacionais
Cursos de Especialização Tecnológica (CET) dos jovens, de incentivo ao acesso de novos públicos
Cursos de formação pós-secundária que conferem ao ensino superior e de aposta na criação de um
o nível 5 de qualificação profissional. sistema nacional para a qualificação dos adultos,
com o apoio de sucessivos Quadros Comunitários
Iniciativa Novas Oportunidades
de Apoio, contribuíram para que Portugal surgisse
Medida apresentada em dezembro de 2005 com o
em primeiro lugar no relatório da OCDE, Education
objetivo de elevar até ao 12.º ano de escolaridade
at a Glance 2011, no que se refere a taxas de graduação
os níveis de qualificação da população. Os
com o ensino secundário, ainda que no caso português
Centros de Novas Oportunidades são unidades
essa taxa seja fortemente assegurada pelo concurso da
orgânicas da iniciativa de entidades formadoras
população adulta (pelo menos 25 anos de idade), uma
para responder às necessidades de qualificação
vez que em idades inferiores a taxa de Portugal é uma
da população adulta, competindo-lhes o
das mais baixas, quando comparada com países que
encaminhamento de adultos para ofertas de educação
apresentam dados diferenciados por grupos etários.
e formação ou para processos de reconhecimento,
validação e certificação de competências.

Para saber mais


OCDE (2011) | Education at a glance 2011
Conselho Nacional de Educação (2011) | Estado da educação 2011: a qualificação dos portugueses
Justino, D. (2010) | Difícil é educá-los, Fundação Francisco Manuel dos Santos e Relógio D’Água
Mais dados estatísticos disponíveis na

358
43
Serviços de educação

O sistema de educação em Portugal foi alvo de alterações significativas desde


1986. Neste período, destacam-se a reforma curricular do ensino básico e
secundário (1989), a alteração à lei de bases do sistema educativo (1997),
a reorganização curricular do ensino básico (do 1.º e 2.º ciclos em 2001 e
do 3.º ciclo em 2002) e, mais recentemente, a criação da iniciativa Novas
Oportunidades (2005) e o programa de modernização da rede pública de
escolas secundárias (2007).

Portugal nos últimos 25 anos

Com cerca de um milhão e 900 mil alunos, o número de estudantes matriculados O investimento em
nas escolas públicas era em 2010 idêntico a 1986, fenómeno que é condicionado educação fez­‑se num
contexto de redução
pelas alterações demográficas e pelo aumento da rede de ensino privado. do peso do ensino
A grande alteração não foi no número de alunos, mas sim no grau de básico no universo dos
alunos matriculados
formação cada vez mais elevado: entre 1986 e 2010, o peso dos alunos matri-
e do número de
culados no ensino superior subiu de 5% para 16% e no ensino secundário de estabelecimentos
11% para 20%, aumentando a pressão exercida sobre o financiamento. escolares na última
década.
De notar ainda que esta análise reflete também o esforço das sucessivas
políticas públicas em lidar com a expansão do ensino pré-escolar, que aumentou
de 3% para 7% o peso entre os alunos matriculados no ensino público entre
1986 e 2010 (Gráfico 43.1).

Portugal no contexto da União Europeia

Quando relativizada pelo PIB, a despesa pública em educação têm excedido


a média da União Europeia (Gráfico 43.2).
Considerando os custos anuais por aluno nas instituições públicas de
educação, em paridades de poder de compra, Portugal convergiu de 89% para

359
100% da média comunitária entre 1999 e 2005, tendo terminado 2009 com 94%
do valor da União Europeia (Gráfico 43.3).
Analisando a composição da despesa corrente em educação, é de salientar
que Portugal se mantém como um dos Estados-membros que maior parcela
das despesas correntes afeta aos encargos com o pessoal que trabalha nas
instituições públicas de ensino (Gráfico 43.4).
O número de alunos por professor tende a ser inferior ao padrão europeu.
Portugal, com cerca de 11 alunos por professor no conjunto do 1.º e 2.º ciclos
em 2009, posicionava-se entre os oito Estados-membros com menor rácio na
UE27 (Gráfico 43.6).

Parque escolar português

Os municípios tiveram um forte papel no alargamento dos serviços de educa-


ção, nomeadamente na construção dos novos centros escolares que surgiram
para dar cumprimento ao objetivo do programa nacional de requalificação e
redimensionamento da rede do 1.º ciclo de ensino básico e pré-escolar, evo-
luindo para edifícios que integram ambos os graus de ensino.
Estes novos centros escolares são, em parte, responsáveis pelo recente
aumento do rácio aluno-professor no 1.º ciclo do ensino básico, ao contrário
da tendência registada desde 1986 (Gráfico 43.5).
Paralelamente a este fenómeno, a rede escolar perdeu cerca de três mil
estabelecimentos nos últimos dez anos. Esta evolução é fruto da quebra dos esta-
belecimentos públicos de ensino, principalmente do 1.º ciclo do ensino básico.
Inversamente, os estabelecimentos privados aumentaram a sua relevância
e representam hoje um quarto da rede escolar (Gráfico 43.7 e Gráfico 43.8).
Os estabelecimentos de ensino pré-escolar e secundário mantêm-se como
aqueles onde os privados mais concorrem com o sistema público (Gráfico 43.9).

360
Gráfico 43.1. Distribuição dos alunos matriculados no ensino público por nível
de ensino em Portugal | 1986 a 2010
100%
3%
7%
O universo dos alunos
do ensino público
manteve a dimensão
80% mas mudou a sua
composição: o ensino
básico perdeu terreno
57% para o ensino superior,
60% secundário e pré­
81%
‑escolar.

40%

20%
Notas: Nos anos de 1986, 1987
20%
e 1988, os valores relativos ao
ensino superior têm em conta
o ensino médio praticado à
11%
data. Desde 2002 o número de
16%
alunos matriculados no ensino
5% secundário inclui os alunos
0% matriculados nos Cursos de
1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Especialização Tecnológica.
Fonte: PORDATA (acedido
Ensino superior Ensino secundário Ensino básico Ensino pré-escolar em fevereiro de 2012)

Gráfico 43.2. Despesa pública em educação: comparação entre Portugal e UE | 1995 a 2009
5.9%
do PIB
A despesa pública em
educação é superior
5.7%
ao padrão europeu,
destacando­‑se a maior
5.5% aposta nacional após a
Portugal
crise internacional.

5.3%

5.1%

UE27

4.9%

4.7%

4.5%
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em dezembro de 2012)

361
Gráfico 43.3. Despesa anual em instituições de educação públicas por aluno: a posição
de Portugal na UE | 1999 e 2009
175%

1999 2009
Portugal viu os
custos anuais por
150%
estudante convergir
com a média europeia,
posicionando­‑se a
125%
meio da tabela da
UE27.
100%Média UE27 : 100

75%

50%

Nota: Em paridades de
poder de compra. Valores
iniciais não disponíveis
para a Lituânia, a Estónia, 25%

a Polónia e a Eslovénia e e
valores finais não disponíveis
para a Grécia e a Áustria.
0%
Fonte: Eurostat (acedido
RO BG LT LV SK EE HU PL CZ EL PT UK SI IT DE MT FI FR NL IE SE ES BE DK AT CY
em dezembro de 2012)

Gráfico 43.4. Peso das despesas com pessoal no total das despesas correntes
em educação em instituições públicas: a posição de Portugal na UE | 1999 e 2008

90%
Portugal é dos
1999 2009
Estados­‑membros que
afetam a maior parte
dos gastos correntes
em pessoal.
Média UE27 (1999): 78%
Média UE27 (2009): 77%

70%

Notas: Os valores iniciais


referem­‑se a 2000 para a
Polónia, a Bulgária e a Lituânia
e 2001 para a Bélgica. Dados
não disponíveis para a Estónia,
o Luxemburgo e a Grécia.
50%
Fonte: Eurostat (acedido
CZ SK FI BG PL SE HU AT RO SI DE IT UK NL MT LV FR ES IE DK LT CY PT BE
em dezembro de 2012)

362
Gráfico 43.5. Rácio aluno-professor no ensino básico público e privado em Portugal
| 1986 a 2010
alunos
(Quebra de série) (Quebra de série)
20
O número de alunos
19
por professor diminui
18
em todos os ciclos do
17
ensino básico, mas foi
16

15
no 1.º e 2.º ciclo que
14
essa descida mais se
13
notou.
12

11
3.º ciclo ensino básico
10

9
2.º ciclo ensino básico
8

6
Notas: Dados indisponíveis
5 para o número de docentes
1.º ciclo ensino básico
4
em exercício no 2.º e 3.º ciclo
do ensino básico entre 1992 e
3 1996, o que inviabiliza o cálculo
do rácio aluno­‑professor para
2
estes dois níveis de ensino no
1 referido período temporal.
0 Fonte: PORDATA (acedido
1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 em fevereiro de 2012)

Gráfico 43.6. Rácio aluno-professor no 1.º e 2.º ciclos do ensino básico público
e privado: a posição de Portugal na UE | 1999 e 2009
alunos
22
1999 2009 Portugal apresenta dos
rácios de alunos por
20 professor mais baixos
no contexto da UE27.

18

16

14

Notas: Os valores iniciais


referem­‑se a 2000 para a
12 Polónia e Portugal (estimativa)
e 2001 para a Bélgica e
os valores finais referem­
‑se a 2007 para a Grécia. A
10 Dinamarca inclui o 3.º ciclo
do ensino básico, a Holanda
o pré­‑escolar e o Luxemburgo
apenas ensino público.
8 Fonte: Eurostat (acedido
MT LT DK EL PL IT HU PT LV LU SE BE AT ES FI CY NL IE EE RO SI BG DE SK CZ FR UK
em fevereiro de 2012)

363
Gráfico 43.7. Número de estabelecimentos Gráfico 43.8. Variação do número
de ensino público e privado em Portugal de estabelecimentos por nível de ensino
| 1992 a 2010 | 1992 a 2010

20,000
19,392 +21
A diminuição dos Ensino
secundário
estabelecimentos
+65
públicos, sobretudo
+357 16,300
no 1.º ciclo do ensino 16,000
3,449
- +102
básico, justifica a Ensino básico
3.º ciclo
redução da rede
+331
escolar e o reforço
do peso do ensino 12,000
-12
81% 76%
privado na última Ensino básico
2.º ciclo
década.
-622

8,000
-218

Ensino básico
1.º ciclo

-4,688

Notas: Esta análise não 4,000


+464
tem em consideração o
ensino superior. Cada Ensino
pré-escolar
estabelecimento de ensino é 19% 24%
+1,465
contado tantas vezes quantos
os ensinos que ministra.
0
Fonte: PORDATA (acedido 1992 Ensino Ensino 2010 Público Privado
em fevereiro de 2012) público privado

Gráfico 43.9. Peso dos estabelecimentos de ensino público por nível de ensino
em Portugal | 1986 a 2010
100%

O 1.º e o 2.º ciclo do


1.º ciclo ensino básico
ensino básico público
têm perdido terreno
para o ensino privado, 90%
2.º ciclo ensino básico
mantendo­‑se o pré­
‑escolar e o secundário
como os níveis de
ensino onde o privado 80%

mais concorre com o


público. 3.º ciclo ensino básico

70%

Notas: Dados indisponíveis Ensino pré-escolar


para o ensino pré­‑escolar 60%
e ensino secundário Ensino secundário
entre 1986 e 1991. Cada
estabelecimento de ensino é
contado tantas vezes quantos
os ensinos que ministra.
Fonte: PORDATA (acedido 50%
em fevereiro de 2012) 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

364
Conceitos e metodologia

Aluno matriculado Rácio aluno-professor


Indivíduo que frequenta o sistema formal de ensino Relação entre o número de alunos e o número de
após o ato de registo designado como matrícula. (INE) docentes (denominador da fórmula utilizada) em
exercício. O número de docentes é calculado com
Despesas corrente e com pessoal
base no conceito de pessoal docente em exercício
em instituições públicas
de funções, isto é, “o conjunto de professores ou
A despesa corrente é a despesa em bens e serviços
educadores de infância de um estabelecimento de
consumidos durante um ano para a produção de
ensino com funções letivas e/ou não letivas nesse
serviços de educação, que inclui despesas com
estabelecimento”. (GEPE, Ministério da Educação).
pessoal e outras despesas correntes. As despesas
Os critérios usados pelo Eurostat e pelo Ministério
com pessoal incluem salários (antes de impostos),
da Educação para a contabilização do número de
contribuições para o fundo de pensões e outras
professores e para a agregação dos níveis de ensino
compensações remuneratórias (por exemplo,
são diferentes. A classificação de docentes do Eurostat
seguro de saúde, licença de maternidade e
é menos abrangente, uma vez que tem apenas em
outras formas de apoio social). (Eurostat)
conta os professores com funções letivas, ou seja,
Despesa pública em educação que têm um mínimo de contacto direto com alunos
Inclui a despesa corrente e de capital das instituições e desempenham atividades de instrução, excluindo
públicas de educação, o apoio prestado aos por isso os recursos humanos que desempenhem
estudantes e famílias (por exemplo, através de bolsas fundamentalmente funções de gestão e os auxiliares.
de estudo) e a transferência de subsídios públicos
Paridades de poder de compra
para atividades educativas em empresas privadas
Corresponde a deflacionadores espaciais e conversores
ou organizações sem fins lucrativos. (Eurostat)
monetários que, eliminando os efeitos das diferenças
Ensino privado nos níveis dos preços entre países, permitem
Ensino promovido sob iniciativa e responsabilidade comparações em volume das componentes do PIB
de gestão de entidade privada com tutela pedagógica bem como dos níveis dos preços. A unidade monetária
e científica do Ministério da Educação ou do resultante, “euro em paridades de poder de compra
Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior padrão”, tem o mesmo poder de compra em todo o
e da Universidade Católica Portuguesa, criada ao espaço da União Europeia a 27, refletindo a média
abrigo do artigo XX da Concordata entre Portugal ponderada do poder de compra das moedas nacionais
e a Santa Sé, de 7 de Maio de 1940. (PORDATA) e dos níveis de preços de cada Estado-membro. (INE)
Ensino público
Ensino que funciona na direta dependência
da administração central, das regiões
autónomas e das autarquias. (INE)

Para saber mais


Eurostat (2012) | Key Data on Education in Europe 2012
Justino, D. (2010) | Difícil é educá-los, Fundação Francisco Manuel dos Santos e Relógio D’Água
OCDE (2011) | Education at a glance 2011
Mais dados estatísticos disponíveis na

365
44
Saúde

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a saúde corresponde a um estado


completo de bem-estar físico, mental e social. São múltiplos fatores que
concorrem para este estado, desde as condições de vida (higiene, educação,
alimentação, rendimento per capita), o grau de acesso a fármacos e o nível
de cuidados de saúde disponível.
A saúde é considerada um bem de mérito, sendo, por isso, objeto de inter-
venções públicas significativas. A importância atribuída à saúde no mundo
contemporâneo tem vindo a determinar um aumento imparável da despesa
pública em saúde e, assim, uma forte pressão sobre a sustentabilidade dos
serviços nacionais de saúde.
Este constitui um facto problemático para os portugueses, na medida em
que a sustentabilidade orçamental (leia-se, a não rutura) do serviço nacio-
nal de saúde se encontra fortemente dependente da evolução das restantes
componentes da despesa pública (cujo peso total no PIB é já muito elevado)
bem como dos compromissos assumidos pelo nosso país a nível europeu
quanto à disciplina das suas contas públicas.

Portugal nos últimos 25 anos

Do enorme investimento feito em Portugal em matéria de cuidados de saúde Portugal é um dos


e da generalização do seu acesso à população como um todo resultou uma países da UE27 onde
os indicadores de
forte melhoria dos indicadores de gerais de saúde, como a esperança de vida, resultado em matéria
que subiu cinco anos à nascença e três aos 65 anos de idade, ou a taxa de mor- de saúde mais têm
melhorado.
talidade infantil, que caiu de 15 para três óbitos por cada mil nados-vivos entre
1986 e 2010.
Estas consecuções foram feitas à custa de uma quase duplicação da despesa
total em saúde no país, que subiu do mínimo de 5,7%, em 1989/1990, para o

367
máximo de 11% do PIB, em 2010 (Gráfico 44.1). Neste processo, o aumento da
despesa pública em saúde superou o aumento da despesa privada, mas qualquer
um destes dois tipos de despesa exibiu um crescimento acelerado no período
em análise (Gráfico 44.7).

Portugal no contexto da União Europeia

Na mortalidade infantil, o país superou a média europeia logo em 1991, alcan-


çando a quarta maior quebra da UE27 neste indicador entre 1986 e 201. Portugal
também registou o nono maior aumento de anos de esperança de média de vida
à nascença da UE27, aproximando-se da média europeia. Já quantos aos anos
de vida saudável aos 65 anos, as portuguesas são das mais mal posicionadas
(Gráfico 44.2 e Gráfico 44.5).
Entre 1995 e 2010, Portugal foi o segundo Estado-membro que mais
aumentou da despesa total em saúde em percentagem do PIB, depois da
Holanda. Também escalou do décimo para o quinto lugar entre os mais gas-
tadores em saúde, sendo só ultrapassado pela França, Holanda, Alemanha e
Dinamarca.
Face ao total das despesas em saúde, a proporção de despesa pública em
Portugal é inferior ao padrão europeu, enquanto a proporção da chamada
despesa out of pocket, feita diretamente pelas famílias, supera a média europeia
(Gráfico 44.3 e Gráfico 44.8).

Disparidades regionais

Parte importante do investimento feito em saúde em Portugal tem sido no


reforço dos profissionais de saúde, tendo aumentando a densidade por mil
habitantes em um médico e em quase três enfermeiros.
Um aspeto paradoxal neste processo prende-se com o reduzido rácio de
enfermeiros por médico que Portugal apresenta em comparação com a média
europeia (Gráfico 44.9 a Gráfico 44.12).
Quer ao nível da distribuição e organização dos recursos humanos afe-
tos à saúde, quer dos recursos físicos, existem disparidades significativas nas
regiões portuguesas (Gráfico 44.13 a Gráfico 44.16). Lisboa sobressai pela maior
densidade de médicos e de doentes por centro de saúde e as regiões autónomas
pela maior densidade de camas e de enfermeiros.

368
Gráfico 44.1. Despesa em saúde e taxa de mortalidade infantil em Portugal | 1986 a 2010
12% 18‰
do PIB
As despesas totais em
11%
16‰ saúde em Portugal
aumentaram de
10%
14‰
6% para 11% do
PIB, enquanto a
12‰
mortalidade infantil
9%
caiu de 15 para três
10‰
óbitos por cada mil
8%
nados­‑vivos.
8‰

7%

Despesa em saúde 6‰

6% Taxa de mortalidade infantil


4‰

5%
2‰

4% 0‰
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO
Fonte: OCDE e Banco Mundial
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em abril de 2012)

Gráfico 44.2. Despesa em saúde e taxa de mortalidade infantil: comparação entre


Portugal e UE | 1986 a 2010
12% 16‰
do PIB
No plano dos
resultados, Portugal
11% 14‰
apresenta uma menor
taxa de mortalidade
10% 12‰
infantil desde
Despesa em saúde em Portugal 1991. No plano das
condições, tem um
9% 10‰
peso despesas em
Despesa em saúde na UE
saúde crescentes face
8% 8‰
ao padrão europeu.

7% 6‰

Taxa de mortalidade infantil na UE

6% Taxa de mortalidade infantil em Portugal 4‰

5% 2‰
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: OCDE e Banco Mundial
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em abril de 2012)

369
Gráfico 44.3. Despesa em saúde: a posição de Portugal na UE | 1995 e 2010
12%
do PIB
Portugal foi o segundo 1995 2010

Estado­‑membro onde
os gastos com saúde 10%

mais subiram desde


1995, rivalizando com Média UE27 (2010): 9%

as economias mais
8%
desenvolvidas em
termos de peso das
Média UE27 (1995): 7%
despesas com saúde
no PIB. 6%

4%

2%

0%
Fonte: OCDE (acedido
RO CY EE LV BG LT HU PL LU CZ MT SK FI IE SI IT ES SE UK EL BE AT PT DK DE FR NL
em abril de 2012)

Gráfico 44.4. Mortalidade infantil e esperança média de vida à nascença: a posição


de Portugal na UE | 1986 e 2010
0‰ 5‰ 10‰ 15‰ 20‰ 25‰ 30‰ 68 70 72 74 76 78 80 82

A redução da RO SI

mortalidade infantil HU MT

EE IE
em Portugal só foi
PT
PT CZ
superada pela Roménia, PL LU
a Hungria e a Estónia. SK AT

Os portugueses EL IT

CZ FR
alcançaram o nono
SI PT
PT
maior aumento de
LT DE
esperança média de UE UK

vida, em linha com CY UE

franceses e italianos. BG PL

IT EE

LV FI

ES ES

LU HU

AT BE

MT DK

BE SE

IE NL

DE EL

FR SK

Nota: Mortalidade infantil em UK RO


óbitos por mil nados­‑vivos DK CY
e esperança média de vida à 1986
NL LV
nascença em número de anos.
SE 2009 BG
Fonte: OCDE e Banco Mundial
FI LT
(acedido em abril de 2012)

370
Gráfico 44.5. Esperança média de vida aos 65 anos por género, saudável e não saudável:
a posição de Portugal na UE | 2009
anos
24

23
As portuguesas de
22 65 anos são as que
21
menos anos de vida
20

19
saudável têm pela
18 frente na UE27, depois
17
das eslovacas e das
16

15
estónias.
14

13

12

11

10

0
SE DK UK LU MT NL IE BE SI FR BG FI CY ES UE27 CZ AT PL RO IT LT EL DE LV HU PT EE SK

anos de vida saudável nos homens anos de vida não saudável nos homens
Fonte: Eurostat (acedido
anos de vida saudável nas mulheres anos de vida não saudável nas mulheres em fevereiro de 2012)

Gráfico 44.6. Despesa em saúde per capita: a posição de Portugal na UE | 1995 a 2010
US$ em paridades
de poder de compra
7000 Entre 1995 e 2010,
1995 2010 a evolução das
despesas em saúde
6000 per capita esteve em
sintonia com o padrão
europeu.
5000

4000

3000

Média UE27 (2010): 2.893

2000

Média UE27 (1995): 1.166


1000

Fonte: Organização
0
Mundial de Saúde (acedido
RO BG LV EE LT HU PL CY CZ SK MT SI PT
PT EL IT ES FI UK IE SE FR BE DE AT DK NL LU
em abril de 2012)

371
Gráfico 44.7. Despesa pública em saúde: a posição de Portugal na UE | 1995 a 2010
100%
da despesa total 1995 2010
A quota­‑parte pública em saúde

na despesa total em 90%

saúde, historicamente
abaixo do padrão 80%

europeu, tende Média UE27 (1995): 75%


Média UE27 (2010): 73%
a convergir. 70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

Fonte: Organização
Mundial de Saúde (acedido 0%
CY BG EL LV MT SK PT IE HU PL ES LT SI BE FI DE AT IT FR RO EE NL SE CZ UK LU DK
em abril de 2012)

Gráfico 44.8. Despesa out of pocket em saúde: a posição de Portugal na UE | 1995 a 2010
70%
da despesa total
A proporção dos em saúde 1995 2010

pagamentos efetuados
diretamente pelas 60%

famílias portuguesas
é das mais relevantes,
tendo subido entre 50%

1995 e 2010 contra a


tendência da média
europeia. 40%

30%

20% Média UE27 (1995): 19,4%


Média UE27 (2010): 18,8%

Nota: Dados não disponíveis


10%
para Bulgária, Eslováquia,
Eslovénia, Espanha, letónia,
Lituânia, Malta e Roménia.
Fonte: Organização
0%
Mundial de Saúde (acedido
NL FR UK LU DE DK AT CZ IE SE FI EE IT BE PL HU PT EL CY
em abril de 2012)

372
Gráfico 44.9. Médicos por mil habitantes: Gráfico 44.10. Enfermeiros por mil
comparação entre Portugal e parceiros habitantes: comparação entre Portugal e
iniciais da coesão | 1995 a 2010 parceiros iniciais da coesão | 1995 a 2009
5 5 16 16

Irlanda
Irlanda
14 14

Irlanda
Irlanda 12 12
A aposta no reforço
4 4

10 10
dos recursos humanos
Média Média
UE27 UE27
Média Média
UE27 UE27 8 8
(2008):
(2008):
~8,4 ~8,4 tem sido clara tanto
Portugal
Portugal (2009):
(2009):
~3,3 ~3,3
3 3
6 6 Portugal
Portugal em Portugal como
Espanha
Espanha
4 4Espanha
Espanha na UE27. Entre os
5 16 Grécia
Grécia
2
5
2 2
16
2 Irlanda parceiros iniciais da
1995

1996
1995
1997
1996
1998
1997
1999
1998
2000
1999
2001
2000
2002
2001
2003
2002
2004
2003
2005
2004
2006
2005
2007
2006
2008
2007
2009
2008
2010
2009

2010

1995

1996
1995
1997
1996
1998
1997
1999
1998
2000
1999
2001
2000
2002
2001
2003
2002
2004
2003
2005
2004
2006
2005
2007
2006
2008
2007
2009
2008
2010
2009

2010
14 Irlanda
14
Irlanda 12
coesão, Portugal é
4
Irlanda 12
7 4
7 8
10
8 acompanhado pela
10 Média UE27
6 6
Média UE27 8
7 7
Média
(2008): ~8,4 UE27
(2008): ~8,4
Espanha na menor
Portugal Média
(2009): ~3,3 UE27 8
3
5 5
3
Portugal
Irlanda
Irlanda
(2009): ~3,3
6 Portugal densidade de camas
Gráfico
4
Espanha 44.11. Número de enfermeiros
4Espanha
6
4
Gráfico
6
6
Espanha
44.12.
Irlanda
Camas por mil habitantes:
Irlanda Portugal
Média Média
(2008):
UE27 UE27
(2008):
5,7 5,7 e no menor rácio
4 Espanha
Grécia
por médico: comparação entre Portugal e
3
2
3
Média Média
UE27 UE27 5
2 comparação entre Portugal eGrécia
5 parceiros de enfermeiros por
2 2
1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

(2008):
(2008):
~2,6 ~2,6
1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
Grécia
Grécia
parceiros iniciais da coesão | 1995 a 2010 iniciais da coesão | 1995 a 2009 médico.
1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2 2
1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
Portugal
Portugal
4 4
1 1 Portugal
Portugal
7
Espanha
Espanha 8 Espanha
Espanha
7 8
0 0 3 3
1995

1996
1995
1997
1996
1998
1997
1999
1998
2000
1999
2001
2000
2002
2001
2003
2002
2004
2003
2005
2004
2006
2005
2007
2006
2008
2007
2009
2008
2010
2009

2010

1995

1996
1995
1997
1996
1998
1997
1999
1998
2000
1999
2001
2000
2002
2001
2003
2002
2004
2003
2005
2004
2006
2005
2007
2006
2008
2007
2009
2008

2009
6
6 7
7
5
5 Irlanda
Irlanda 6 Irlanda
4 Irlanda Média UE27
6 Média
4 (2008): 5,7 UE27
(2008): 5,7
3
3Média UE27 5
Média
(2008): ~2,6 UE27 5
2 (2008): ~2,6 Portugal Grécia
2 Portugal Grécia
4
1 4 Portugal
1 Espanha Portugal
Espanha Espanha
0 3 Espanha
0 3
1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009
1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009
Fonte: OCDE (acedido
em abril de 2012)

Gráfico 44.13. Médicos por mil habitantes Gráfico 44.14. Enfermeiros por mil
por NUTS II | 2002 e 2010 habitantes por NUTS II | 2002 e 2010
6 9
médicos enfermeiros
8
5
7
As disparidades
4
Média PT (2010): 3,9
6 Média PT (2010): 5,9 regionais na
Média PT (2002): 3,2 5 distribuição e
3
6 6 9 9
médicos
médicos enfermeiros
4
8
enfermeiros
8
Média PT (2001): 4
organização dos
2
5 5 3
7 7
recursos humanos e
2
1
4 4
Média
Média
PT (2010):
PT (2010):
3,9 3,9
6 Média
6 Média
PT (2010):
PT (2010):
5,9 5,9 físicos ligados à saúde
1
Média
Média
PT (2002):
PT (2002):
3,2 3,2 5 5 destacam­‑se na maior
0
3 3 0
Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Madeira Açores 4 4Norte Centro Lisboa Média
Alentejo Algarve Média
PT (2001):
PT (2001):
Madeira 4
Açores 4 densidade de médicos
2 2 3 3
e de doentes por
8 35000
2 2
camas
1 1
habitantes centro de saúde em
7 30000
1 1

Gráfico 44.15. Camas por mil habitantes Gráfico 44.16. Habitantes por centro Lisboa ou na maior
6
0 0 0 0
25000
Norte
NorteCentro
Centro
Lisboa
Lisboa
Alentejo
Alentejo
Algarve
Algarve
Madeira
Madeira
Açores
Açores Norte
NorteCentro
Centro
Lisboa
Lisboa
Alentejo
Alentejo
Algarve
Algarve
Madeira
Madeira
Açores
Açores densidade de camas
por NUTS II | 2002 e 2010
5 de saúde por NUTS II | 2001 e 2010
20000 e de enfermeiros nas
4
8 8 Média PT (2002): 3,7 35000
35000
camas
camas
Média PT (2010): 3,4
habitantes
15000habitantes regiões autónomas.
3
7 7 30000
30000
Média PT (2010): 11.541
10000
2
6 6
25000
25000
5000 Média PT (2001): 5.327
1
5 5
20000
20000
0
4 4 0
Média
Média
PT (2002):
PT (2002):
3,7 3,7
Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Madeira Açores Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve
15000
15000
Média
Média
PT (2010):
PT (2010):
3,4 3,4
3 3
Média
Média
PT (2010):
PT (2010):
11.541
11.541
10000
10000
2 2

50005000 Média
Média
PT (2001):
PT (2001):
5.327
5.327
1 1

0 0 0 0
Norte
NorteCentro
Centro
Lisboa
Lisboa
Alentejo
Alentejo
Algarve
Algarve
Madeira
Madeira
Açores
Açores Norte
Norte Centro
Centro Lisboa
Lisboa Alentejo
Alentejo Algarve
Algarve Fonte: INE e PORDATA
(acedido em abril de 2012)

373
Conceitos e metodologia

Anos de vida saudável aos 65 anos profissionais de saúde e a fornecedores de produtos


Número de anos que uma pessoa de 65 anos pode farmacêuticos, aparelhos terapêuticos e outros bens
esperar viver sem limitações funcionais/incapacidade. e serviços de saúde. Inclui pagamentos diretos a
O indicador é também designado como esperança prestadores públicos e privados de serviços de saúde,
de vida sem incapacidade física. (PORDATA) pagamentos a instituições sem fins lucrativos de
saúde e despesas partilhadas não reembolsáveis, como
Despesa total em saúde
franquias, copagamentos e taxas moderadoras.
Soma de todas as despesas para manutenção,
recuperação ou melhoria da saúde, pagas em dinheiro Esperança média de vida
ou em espécie. É a soma das despesas públicas À nascença indica o número médio de anos
em saúde com os gastos privados em saúde. que uma pessoa à nascença pode esperar viver
e aos 65 anos indica o número médio de anos
Despesas pública em saúde
que uma pessoa com 65 anos pode esperar viver,
Soma dos gastos com saúde pagos em dinheiro ou
mantendo-se as taxas de mortalidade por idades
em espécie por entidades governamentais, como o
observadas no momento de referência. (INE)
Ministério da Saúde, outros ministérios, organismos
paraestatais ou agências de segurança social. Inclui Mortalidade infantil
todas as despesas feitas por estas entidades. Inclui Número de óbitos de crianças com menos
os pagamentos por transferência para compensar os de um ano de idade observado durante um
custos de atendimento médico às famílias e fundos determinado período de tempo, normalmente
extraorçamentais para financiar serviços e bens um ano civil, referido ao número de nados
de saúde. Inclui despesas correntes e de capital. vivos do mesmo período, sendo habitualmente
expressa em número de óbitos de crianças com
Despesa out of pocket em saúde
menos de um ano por mil nados-vivos (INE).
Pagamentos diretos pelas famílias, incluindo
gratificações e pagamentos em espécie, efetuados a

Para saber mais


INE | Conta Satélite da Saúde
OCDE | Health at a glance
Organização Mundial da Saúde (2012) | World health statistics 2012
Organização Mundial da Saúde (2011) | The world health report: health systems financing
Mais dados estatísticos disponíveis na

374
45
Habitação

O investimento em casa própria foi a solução encontrada pelas famílias


perante a disfuncionalidade do mercado de arrendamento e a democrati-
zação do acesso ao mercado da dívida proporcionada pela entrada no euro.
Os anos 90 foram os protagonistas deste paradigma que patrocinou a cons-
trução nova em detrimento da reabilitação, a aquisição de casa própria em
detrimento do arrendamento e o endividamento em detrimento da poupança.

Portugal nos últimos 25 anos

Entre 1986 e 2010, o peso do crédito à habitação no rendimento disponível As famílias


das famílias multiplicou perto de sete vezes, de 13% para 89% (Gráfico 45.1). cumpriram o sonho
da casa própria
A década de 1990 duplicou a construção, triplicou as transações de prédios comprometendo­‑se
urbanos e terminou com taxas de crescimento anuais de crédito à habitação com o pagamento
por décadas do
em torno dos 30%, ritmo que veio a desacelerar progressivamente na primeira
empréstimo à
década do século xxi. habitação e gerando
O preço foi o catalisador deste investimento de longo prazo das famílias um modelo que inibe
a mobilidade.
portuguesas: a par de regimes de bonificação de juros, de benefícios fiscais e da
redução das taxas de intermediação bancária, a taxa de juro dos empréstimos
à habitação caiu para um quarto entre 1990 e 1999.

Portugal no contexto da União Europeia

O investimento em habitação, que inclui a aquisição de casa pelas famílias,


foi evidente em Portugal, mas sobretudo na Grécia, na Espanha, na Irlanda
(Gráfico 45.2 e Gráfico 45.3).
A distribuição da população da União Europeia por regime de ocupação
da casa identifica três realidades (Gráfico 45.4):

375
• a opção pelo arrendamento é maior nos países do Norte e Centro.
Prevalecem os agregados menores e os jovens tendem a sair mais cedo
de casa;
• a casa própria domina o Leste, em resultado da privatização em massa
do parque habitacional. A prevalência de agregados familiares multige-
racionais e da sobrelotação das habitações é maior e os jovens tendem a
sair mais tarde de casa;
• os países do Sul têm maior propensão para a aquisição de habitação e
para a saída tardia dos jovens da casa dos pais.

Portugal é o terceiro país da UE15 com maior proporção de proprietários,


depois da Espanha e da Grécia, e o nono em termos de hipotecas. É também
o quinto país da União Europeia com maior percentagem de adultos entre os
25 e os 34 anos a residir em casa dos pais.

Rendas e hipotecas, inquilinos e proprietários

A passagem do paradigma da carência quantitativa de habitações para o para-


digma da casa própria gerou um modelo de dívida, que inibe a mobilidade
laboral e eleva a taxa de desemprego estrutural.
Só uma em cada cinco casas para residência habitual é hoje arrendada
em Portugal. A esmagadora maioria dos arrendamentos foi contratualizada
antes de 1986 ou já depois de 2006 (Gráfico 45.5).
A última década veio propagar o crédito à habitação por todo o país e
atenuar o fosso face às áreas metropolitanas. Atualmente, só na Serra da Estrela
é que se deve menos de metade da média nacional (Mapa 45.1).
No final de 2010, o crédito à habitação envolvia 2,45 milhões de devedores
ou 29% da população adulta residente no país e superava o stock de crédito
concedido às empresas (Gráfico 45.6 a Gráfico 45.9).
Os empréstimos hipotecários são tipicamente contratualizados com taxa
de juro variável e por prazos longos, acima dos 30 e dos 40 anos.
Por cada cinco euros de crédito concedido ao sector privado, dois vão
em média para compra de habitação e outro para os sectores da construção
e do imobiliário.

376
Gráfico 45.1. Peso do stock de crédito à habitação no rendimento disponível
em Portugal | 1986 a 2010
100%

O peso do crédito
à habitação no
rendimento disponível
80%
multiplicou perto de
sete vezes desde a
entrada de Portugal
60%
na União Europeia.
A descida do preço
do crédito em
Portugal viabilizou
40% o investimento das
famílias na aquisição
de casa própria.

20%

0%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO
Fonte: Banco de Portugal
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em janeiro de 2012)

Gráfico 45.2. Formação bruta de capital fixo em habitação: comparação entre Portugal,
parceiros iniciais da coesão e UE15 | 1986 a 2010
18%
do PIB
O investimento
residencial foi
15% particularmente
Irlanda relevante no país
na década de
Espanha 1990. Ao contrário
12%

dos parceiros
Portugal
iniciais da coesão,
9% Grécia Portugal entrou
em desaceleração
progressiva, logo a
UE15
partir do início do
6%
século xxi.

3%

0%
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: AMECO (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em janeiro de 2012)

377
Gráfico 45.3. Formação bruta de capital fixo em habitação: a posição de Portugal na UE
| 2005 e 2010
14%
do PIB
O precoce ajustamento 2005 2010
no investimento
residencial preveniu 12%

Portugal da bolha
de preços que
10%
atingiu com maior
violência os mercados
imobiliários da Irlanda,
8%
da Espanha e da
Grécia, na sequência
da crise financeira 6%
Média UE27 (2005): 5,8%
internacional.
Média UE27 (2010): 4,9%

4%

2%

Fonte: AMECO (acedido 0%


LT LV RO HU PL SK UK MT IE SI SE EE LU PT AT DK BG CZ EL NL IT DE FR BE FI CY ES
em janeiro de 2012)

Gráfico 45.4. Estatuto de ocupação da habitação da população: a posição de Portugal


na UE | 2010
100%

Portugal está na
fronteira entre a 90%

Europa do Norte
Média UE27 (2010): 18%
e Central mais 80%

propensa a arrendar
e um Leste dominado 70%

pelos proprietários,
na sequência da 60%

privatização maciça do
parque habitacional. 50%

Excluindo os países do
Alargamento, Espanha, 40%

Grécia e Portugal
lideram na opção pela 30%

casa própria. Média UE27 (2010): 26%

20%

10%

Nota: A distribuição
da Irlanda e do Chipre 0%
refere-se ao ano de 2009. DE AT FR DK NL LU UK SE BE IT IE CY FI PT EL SI CZ MT PL ES LV EE BG HU SK LT RO

Fonte: Eurostat (acedido proprietário com hipoteca ou empréstimo em curso proprietário sem hipoteca ou empréstimo em curso

em janeiro de 2012) inquilino com renda reduzida ou gratuita inquilino com renda a preço de mercado

378
Gráfico 45.5. Caraterísticas do arrendamento de residência habitual em Portugal | 2011
Milhões
de residências habituais
4.0 650€
ou
mais
Só uma em cada cinco
Antes
de 1975
400 a
649,99€
casas para residência
3.5 Menos
de 100 € habitual é hoje
Entre

3.0
2006
e 2011 75/86
arrendada em Portugal.
300 a
399,99 € A grande maioria
2.5
87/90 dos arrendamentos é
91/00 100 a
200 a 199,99 € anterior a 1986 ou já
01/05 299,99 €
2.0 posterior a 2006.
Distribuição dos arrendamentos Distribuição dos arrendamentos
1.5 por época do contrato por valor da renda

1.0 Renda
social
Menos ou
de 30 anos apoiada

0.5 Notas: Outros regimes de


Com
60 prazo ocupação incluem situações como
ou mais certo
30 a 39 empréstimos. O arrendamento
anos
0.0 inclui o subarrendamento na
1991 2001 2011
distribuição por valor da renda
outro regime de ocupação Sem e a idade do inquilino. A idade
prazo
casa própria 40 a 49 certo do inquilino corresponde
casa arrendada anos escalão etário do representante
50 a 59
anos da família clássica principal.
Fonte: INE | Valores provisórios
Distribuição dos arrendamentos Distribuição dos arrendamentos dos Censos 2011 (acedido
por idade do inquilino por tipo de contrato em janeiro de 2012)

Gráfico 45.6. Peso da habitação, Gráfico 45.7. Distribuição do stock


construção e atividades imobiliárias de crédito concedido às famílias
no crédito concedido às empresas para habitação por NUTS II | 2010
e às famílias | 2010
Algarve
Algarve

Em cada cinco euros


Centro
de crédito concedido
Centro Norte
Norte
Restante
Restante
crédito
crédito ao sector privado dois
ao sector
ao sector Habitação
privado Habitação Algarve
Algarve
privado
Alentejo
Alentejo
financiaram a compra
de casa das famílias
Açores
Açores Madeira
Madeira
e outro as empresas
Centro
Centro
Construção
Restante
RestanteConstrução
e e
Lisboa
Lisboa
Norte
Norte da construção e do
crédito
crédito
actividades
actividades
ao ao
sector
sector
imobiliárias
privadoimobiliárias
privado
Habitação
Habitação imobiliário.
Alentejo
Alentejo

Açores
Açores Madeira
Madeira

35%35% 2.5%
2.5%
Construção
Construção Lisboa
Lisboa
e e
Gráfico 45.8. Peso dos devedores de
actividades
actividades
imobiliárias
imobiliárias
Gráfico 45.9. Rácio de crédito vencido
2.0%
2.0%
crédito à habitação na população adulta na habitação por NUTS II | 2010 Média PT (2010):
Média 1,9%
PT (2010): 1,9%

30%30%
residente por NUTS II | 2010
Média PT (2010):
Média 28,6%
PT (2010): 28,6%
1.5%
1.5%

35%
35% 2.5%
2.5%
1.0%1.0%
25%25%
2.0%
2.0%
Média
Média
PT PT
(2010):
(2010):
1,9%
1,9%
0.5%0.5%
30%
30%
Nota: Os devedores incluem
1.5%
1.5%
20%20%
Média
Média
PT PT
(2010):
(2010):
28,6%
28,6%
0.0% todos os mutuários de crédito
0.0%
Norte
NorteCentro
CentroLisboa
LisboaAlentejo Algarve
Alentejo Madeira
Algarve Açores
Madeira Açores Norte
NorteCentro
CentroLisboa Alentejo
Lisboa Algarve
Alentejo Madeira
Algarve Açores
Madeira Açores efetivo, seja o mesmo individual
1.0%
1.0% ou conjunto. O crédito vencido
25%
25% inclui o crédito em situação
de incumprimento por falta
0.5%
0.5%
de pagamento da prestação
na data contratualizada.
20%
20% 0.0%
0.0%
Norte
Norte Centro
Centro Lisboa
LisboaAlentejo
AlentejoAlgarve
AlgarveMadeira
MadeiraAçores
Açores Norte
Norte Centro
Centro Lisboa
LisboaAlentejo
AlentejoAlgarve
AlgarveMadeira
MadeiraAçores
Açores Fonte: Banco de Portugal
(acedido em janeiro de 2012)

379
Mapa 45.1. Crédito à habitação por habitante por NUTS III | 2001 e 2011

A convergência do
crédito à habitação
por habitante
indicia a propagação
dos empréstimos
para fora das áreas
metropolitanas. Só
a Serra da Estrela
permanece com uma
dívida média por
habitante 50% inferior
à média nacional.
Legenda: Legenda:
Portugal = 100 Portugal = 100
< 50 < 50
50 – 70 50 – 70
71 – 100 71 – 100
> 100 > 100

Nota: A evolução do Algarve


não pode ser dissociada
da maior prevalência de
segunda habitação.
Fonte: INE (acedido em
janeiro de 2012)

380
Conceitos e metodologia

Alojamentos familiares clássicos direito de propriedade do alojamento que


para residência habitual ocupam e podem ou não ter encargos com os
Local destinado a habitação que constitui a empréstimos à habitação. Os inquilinos arrendam
residência habitual ou principal de pelo menos uma aos senhorios a habitação e pagam uma renda,
família, constituído por uma divisão ou conjunto que pode ser a preços de mercado ou reduzida,
de divisões e seus anexos num edifício de caráter designadamente nos casos de habitação social.
permanente ou numa parte estruturalmente As restrições da oferta no mercado de
distinta do edifício, devendo ter uma entrada arrendamento privado resultantes do prolongado
independente que dê acesso direto ou através controlo das rendas e da rigidez do regime
de um jardim ou terreno a uma via ou a uma jurídico de arrendamento, a maior rendibilidade
passagem comum no interior do edifício. (INE) de outros produtos de poupança face ao
investimento em habitação para arrendamento,
Crédito à habitação
a exiguidade da habitação social e as políticas
Empréstimo contraído junto de uma instituição
de crédito à habitação própria, no contexto da
que concede crédito para aquisição, construção
significativa redução das taxas de juro, explicam
ou realização de obras em habitação própria
a elevada prevalência de proprietários em
permanente, secundária ou para arrendamento,
Portugal, segundo o estudo Contributos para
ou para aquisição de terrenos para construção de
o plano estratégico de habitação (2007).
habitação própria. (Banco de Portugal) Em Portugal,
o crédito à habitação é geralmente contratualizado Formação bruta de capital fixo em habitação
com taxa de juro variável e longo prazo de reembolso, A habitação é considerada um dos tipos de
assumindo-se como o mais duradouro encargo investimento em ativos fixos corpóreos e pode
financeiro das famílias portuguesas. A Central de retratar a evolução da decisão de compra de casa
Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal pelas famílias pelo relevo que os particulares
contabiliza como devedores todos os mutuários de detêm face às empresas neste tipo de aquisição.
crédito efetivo, seja o mesmo individual ou conjunto.

Estatuto de ocupação da habitação


Distinção entre proprietários e inquilinos.
Os proprietários são os próprios titulares do

Para saber mais


Banco de Portugal (2009) | A economia portuguesa no contexto da integração económica, financeira e monetária
Caixa Geral de Depósitos (2011) | A atualidade do sector imobiliário residencial: ajustamentos e desafios
INE (2011) | Estatísticas da construção e habitação 2010
CET-ISCTE / IRIC / Augusto Mateus & Associados (2007) | Contributos para o plano estratégico de habitação
2008/2013
Mais dados estatísticos disponíveis na

381
46
Conforto da habitação

Os níveis de infraestruturação básica e de conforto dos alojamentos têm


aumentado quantitativa e qualitativamente ao longo das últimas décadas,
fruto da melhoria das condições económicas das famílias, do aperfeiçoamento
dos processos de licenciamento urbanístico e do investimento público em
ações de infraestruturação e de obras públicas.

Portugal nos últimos 25 anos

A intensa dinâmica construtiva das últimas décadas fez o número de aloja- A década de 90
mentos exceder o número de famílias em 45% em 2011 contra apenas 16% em veio melhorar
o acesso a água
1981 (Gráfico 46.1). canalizada, esgotos,
Neste período, é de assinalar a redução do número de pessoas a residir duche ou banho e a
eletricidade e ampliar
em barracas ou noutros tipos de alojamento precário, bem como a melhoria
os equipamentos
das infraestruturas básicas dos alojamentos clássicos, garantindo atualmente domésticos nas casas
uma proporção mínima habitações sem água canalizada, sistema de esgotos dos portugueses.

ou sistema de banho em todas as regiões do país (Gráfico 46.5).


Esta melhoria das condições de habitação foi notória na década de 80, mas
também na década de 1990, quando a proporção de alojamentos ocupados subiu
de 87% para 98% com água canalizada, de 82% para 94% com banho ou duche, de
89% para 94% com instalações sanitárias e de 98% para 99,5% com eletricidade.
Verificou-se ainda uma diversificação do equipamento doméstico, com as
máquinas de lavar roupa e louça, o micro-ondas, o aspirador, o cabo/satélite ou
o computador a juntarem-se ao conjunto do fogão, frigorífico e televisão que a
generalidade da população portuguesa tradicionalmente possuía (Gráfico 46.4).
Em 2010, perto de 15% dos portugueses vivia em habitações sobrelotadas
e perto de 6% aliava esta insuficiência de espaço à carência de instalações
de higiene, luz natural ou problemas de humidade do alojamento, sendo
considerados em privação severa das condições da habitação.

383
Os dados censitários confirmam um parque habitacional em melhor
estado de conservação depois das últimas décadas de intensa construção: por
cada dez edifícios clássicos, sete não necessitam de reparação e menos de um
está muito degradado ou a necessitar de grandes reparações.

Portugal no contexto da União Europeia

Portugal apresenta uma taxa de sobrelotação da habitação inferior ao padrão


europeu. Este é um dos indicadores que o alargamento a Leste terá contribuído
para regredir a média comunitária, tal como a existência de banho ou duche ou
de instalações sanitárias onde Portugal recuperou o atraso em comparação com
os parceiros iniciais da coesão na década de 1990 (Gráfico 46.2 e Gráfico 46.3).
O desempenho comparativo piora quando se analisam outros critérios de
privação habitacional, designadamente tetos que deixam passar água, humidade
nas paredes, apodrecimento das janelas ou soalho, luz natural insuficiente ou
barulho, condições que afetam mais de um quinto da população portuguesa.
Entre os 27 Estados-membros, Portugal apresenta das mais baixas carga
mediana e taxa de sobrecarga das despesas em habitação, que incluem água,
eletricidade, gás ou outros combustíveis, condomínio, seguros, saneamento,
pequenas reparações, bem como as rendas e os juros relativos ao crédito à
habitação principal.

Disparidades regionais

As regiões com um parque habitacional mais envelhecido são Baixo Alentejo,


Alto Alentejo, Alentejo Central e Beira Interior Sul, em contraste com os
parques mais recentes do Cávado, Península de Setúbal, Ave e Minho Lima.
Efetuando um zoom à escala concelhia, são os concelhos de génese predo-
minantemente rural que apresentam maior atraso na infraestruturação básica
face ao restante território nacional, enquanto a ausência de estacionamento
próprio afeta particularmente os concelhos pertencentes à área metropolitana
de Lisboa (Mapa 46.1 e Mapa 46.2).

384
Gráfico 46.1. Alojamentos familiares clássicos e agregados domésticos privados
em Portugal | 1992 a 2010
6,000,000
(Quebra de série)

Os alojamentos
familiares clássicos
5,500,000 registaram o dobro
da expansão dos
agregados domésticos
5,000,000 entre 1992 e 2010.

4,500,000

alojamentos familiares clássicos


4,000,000

3,500,000

agregados domésticos privados


3,000,000

2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO
Fonte: INE (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em novembro de 2012)

Gráfico 46.2. População com acesso a instalações sanitárias: comparação entre Portugal,
parceiros iniciais da coesão e área do euro | 1990 a 2010
100% Espanha
área do euro Portugal recuperou
99% Irlanda o atraso face aos
parceiros iniciais da
98% coesão na década
de 1990 quanto ao
97% Grécia
acesso a instalações
sanitárias.
96%

95%

94%

93%

92% Portugal

91%

90%
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: Banco Mundial
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em junho 2012)

385
Gráfico 46.3. Peso da população a residir em alojamentos sobrelotados: a posição
de Portugal na UE | 2010
80%

Portugal está a meio da acima do limiar de pobreza


abaixo do limiar de pobreza
tabela da UE27 quanto à
70%
população que vive sem
divisões que cheguem
para o agregado familiar, 60%

destacando­‑se mais da
média europeia entre
50%
a população abaixo da
linha da pobreza.
40%

Média UE27 (2010): 33%


Nota: Considera o peso entre
30%
a população acima e abaixo
da linha da pobreza, limiar do
rendimento abaixo do qual se
considera que uma família se 20%
encontra em risco de pobreza.
Este valor foi convencionado Média UE27 (2010): 16%
pela Comissão Europeia como
sendo o correspondente a 60% 10%
da mediana do rendimento
por adulto equivalente
de cada país. (INE).
Fonte: Eurostat (acedido 0%
NL CY MT ES IE FI BE DE UK DK LU PT
PT FR SE AT EL IT CZ SI LT BG EE SK PL RO LV HU
em novembro de 2012)

Gráfico 46.4. Peso dos principais equipamentos domésticos nos agregados privados
| 1995 e 2005
100%

A diversificação 1995 2010

dos equipamentos
domésticos nas casas
80%
dos portugueses
é notória desde a
segunda metade da
década de 1990. 60%

40%

20%

0%

Fonte: INE (acedido em


novembro de 2012)

386
Gráfico 46.5. Peso dos alojamentos com necessidades de infraestruturação em Portugal
| 1991 e 2011
25%

1991 2011 Em 20 anos,


a instalação de água
20%
canalizada, sistema de
esgotos ou de banho
ou duche ampliou­‑se
em todas as regiões.
15%

10%

5%

0%
sem instalação de banho

sem instalação de banho

sem instalação de banho

sem instalação de banho

sem instalação de banho

sem instalação de banho

sem instalação de banho


sem sistema de esgotos

sem água canalizada

sem sistema de esgotos

sem sistema de esgotos

sem água canalizada

sem sistema de esgotos

sem água canalizada

sem sistema de esgotos

sem água canalizada

sem sistema de esgotos

sem água canalizada

sem sistema de esgotos


sem água canalizada

sem água canalizada

Fonte: INE | Valores


provisórios dos Censos 2011
Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Açores Madeira (acedido em março de 2012)

Mapa 46.1. Alojamentos sem instalação Mapa 46.2. Alojamentos sem


de banho ou duche por concelho | 2011 estacionamento por concelho | 2011

A ausência de
estacionamento
continua a condicionar
a sustentabilidade
do espaço público
urbano, em particular
na área metropolitana
de Lisboa.

Legenda: Legenda:
Proporção sem instalação de duche Proporção sem estacionamento

0,4% – 1,9% 16,3% – 30,6%

2% – 3% 30,7% – 41,1%

3,1% – 4,6% 41,2% – 51,7%

4,7% – 6,9% 51,8% – 62,9%

7% – 10,1% 63% – 82,2%

Fonte: INE | Valores


provisórios dos Censos 2011
(acedido em março de 2012)

387
Conceitos e metodologia

Alojamento familiar não clássico Carga mediana e taxa de sobrecarga


Alojamento que não satisfaz as condições do das despesas em habitação
alojamento familiar clássico pelo tipo e precariedade A carga mediana corresponde à mediana do rácio
da construção, porque é móvel, improvisado e entre as despesas anuais com a habitação e o
não foi construído para habitação, mas funciona rendimento disponível, deduzindo as transferências
como residência habitual de pelo menos uma sociais relativas à habitação em ambos os elementos
família no momento de referência. Incluem-se a da divisão, enquanto a taxa de sobrecarga corresponde
barraca, o alojamento móvel, a casa rudimentar à proporção da população que vive em agregados
de madeira e o alojamento improvisado, entre familiares em que o rácio entre as despesas anuais
outros não destinados à habitação. (INE) com a habitação e o rendimento disponível (deduzidas
as transferências sociais relativas à habitação) é
Alojamento sobrelotado
superior a 40%. As despesas com a habitação incluem
Alojamento familiar clássico com défice de divisões
as relacionadas com água, eletricidade, gás ou outros
em relação às pessoas que nele residem de acordo
combustíveis, condomínio, seguros, saneamento,
com o índice de lotação do alojamento. O indicador
pequenas reparações, bem como as rendas e os juros
do número de divisões a mais ou a menos tem por
relativos ao crédito à habitação principal. (INE)
referência o número de residentes no alojamento.
O cálculo é feito com base nos seguintes parâmetros Taxa de privação severa das condições da habitação
considerados normais: uma divisão para sala de Corresponde à proporção da população que vive
estar; uma divisão por cada casal; uma divisão por num alojamento sobrelotado e com, pelo menos,
cada outra pessoa não solteira; uma divisão por um dos seguintes problemas: a) inexistência
cada pessoa solteira com mais de 18 anos; uma de instalação de banho ou duche no interior
divisão por cada duas pessoas solteiras do mesmo do alojamento; b) inexistência de sanita com
sexo com idade entre os sete e 18 anos; uma divisão autoclismo, no interior do alojamento; c) teto
por cada pessoa solteira de sexo diferente com que deixa passar água, humidade nas paredes
idade entre os 7 e 18 anos; uma divisão por cada ou apodrecimento das janelas ou soalho; d) luz
duas pessoas com menos de sete anos. (INE) natural insuficiente num dia de sol. (INE)

Para saber mais


Guerra, I. (2011) | As políticas de habitação em Portugal: à procura de novos caminhos
Rodrigues, D. (2001) | A evolução do parque habitacional português: reflexões para o futuro, INE
CET-ISCTE / IRIC / Augusto Mateus & Associados (2007) | Contributos para o plano estratégico de habitação
2008/2013
Mais dados estatísticos disponíveis na

388
47
Ambiente

A adesão de Portugal à União Europeia em 1986 e a introdução da Lei de


Bases do Ambiente em 1987 contribuíram para a mudança do paradigma
da política ambiental no país. Na legislação nacional foram sendo sucessi-
vamente introduzidos diplomas de política ambiental da União Europeia,
que estabelecem obrigações e metas em áreas prioritárias como recursos
naturais, resíduos, água e biodiversidade.

Portugal nos últimos 25 anos

Em duas décadas, aumentou a percentagem da população que é servida por Nestes 25 anos,
infraestruturas ambientais. Em 2009, o abastecimento público de água era de Portugal recuperou
o atraso em termos
96% contra 81% em 1990, a drenagem de águas residuais era de 84% contra das infraestruturas
60% em 1990 e o tratamento de águas residuais de 73% contra 36% em 1997 ambientais.

(Gráfico 47.1).
Também a percentagem de água para consumo humano controlada e de
boa qualidade subiu de cerca de 50% em 1993 para 98% em 2010.
A erradidação das lixeiras iniciou-se também nos anos 90. Os resíduos
urbanos cresceram 34% por português entre 1995 e 2010 para mais de 500kg
por ano mas, na segunda metade da década de 90, a percentagem de resíduos
urbanos recolhidos e tratados subira de cerca de 70% para 100%.
Ainda que a maioria dos resíduos continue a ser depositada em aterro,
este destino vem perdendo quota para a recolha seletiva, com destaque para
papel, cartão e vidro e na sequência da criação da primeira entidade gestora
nos finais dos anos 90. Em 2010, cada português reciclou em média mais 40kg
face a 1999 (Gráfico 47.7).
As emissões de gases com efeito de estufa aceleraram na década de 90, esta-
bilizaram na passagem do século e reduzem-se desde 2005, sendo a penetração
do gás natural e das energias renováveis, a reforma da tributação automóvel,

389
a melhoria da eficiência energética das habitações e dos transportes e a própria
crise económica causas apontadas para esta evolução.

Portugal no contexto da União Europeia

Portugal é um dos menores emissores de gases com efeito de estufa per capita
na UE27 e mantém-se abaixo da média, mesmo sendo um dos seis países que
aumentou as emissões desde 1990.
Um dos maiores contributos para esta subida veio dos transportes que
aumentou em mais de 80% as emissões desde 1990, agravamento notório no
contexto da UE27. A tendência de quebra que se verifica a nível nacional
desde 2002 também se destaca na União Europeia (Gráfico 47.2 a Gráfico 47.4).
Desde 1995 que a produção anual de resíduos urbanos aumentou cerca
de 30kg por europeu contra 130kg por português, tendo convergido com a
média comunitária. Comparando a relevância das grandes operações de gestão
dos resíduos face à média europeia, por cada português são depositados em
aterro mais 70%, são incinerados menos 10% e são recolhidos seletivamente e
compostados menos 50% (Gráfico 47.5 e Gráfico 47.6).
A exposição da população urbana à poluição atmosférica por partículas
em suspensão e pelo ozono é outro indicador de desenvolvimento sustentável,
cuja tendência é de convergência com a média europeia.
Principal instrumento para a conservação da natureza, mais de um quinto
do território português encontra-se hoje coberto pela Rede Natura 2000, sendo
um dos rácios mais elevados da UE27. No saldo entre a pegada ecológica e
a biocapacidade, Portugal é dos países com défices ecológicos mais elevados
em 2010.

Disparidades regionais

O incremento da infraestruturação ambiental no país não foi uniforme a nível


regional, havendo maior contraste na aposta mais tardia das águas residuais e
seu tratamento do que na prioridade mais antiga do abastecimento público de
água (Mapa 47.2 a Mapa 47.7). Quanto à recolha seletiva de resíduos urbanos,
estão no Alentejo e no Algarve muitos dos concelhos que mais evoluíram na
última década (Mapa 47.1).

390
Gráfico 47.1. População servida por infraestruturas básicas e emissões de gases com
efeito de estufa em Portugal | 1990 a 2009
10 100%
t eq. Co2/habitante
Portugal aumentou a
Sistema público de abastecimento de água
9 90%
quota da população
servida pelo sistema
8 80%
de abastecimento de
água, de drenagem
7 70%
e de tratamento
Sistema de drenagem de águas residuais
de águas residuais
6 60%
enquanto reduz as
5 50%
emissões de gases com
Estações de tratamento de águas residuais efeito de estufa, após
4 40% a aceleração da década
Emissão de gases com efeito de estufa de 1990.
3 30%

2 20%

1 10%

0 0%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
1986

1993

1995

1999

2002

2004

2007
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO Fonte: Instituto Nacional
da Água, Eurostat e INE
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em março de 2012)

Gráfico 47.2 Emissão de gases com efeito de estufa: comparação entre Portugal e UE
| 1990 a 2010
12
t Co2 eq./habitante
Portugal está abaixo
da média europeia,
UE27
com as emissões per
capita a reduzir desde
10
o pico de 2002.

Portugal

4
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1994

1995

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2005

2006

2007

2008

2009

2010
1986

1993

1995

1999

2002

2004

2007

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em outubro de 2012)

391
Gráfico 47.3. Emissão de gases com efeito de estufa per capita: a posição de Portugal
na UE | 1990 e 2010
40
t Co2 eq. /habitante
Portugal foi um dos
1990 2010
seis Estados­‑membros
onde subiram as
emissões per capita
mas mantém­‑se entre 30

os menores emissores
de gases com efeito
de estufa da União
Europeia.
20

Média UE27 (1990):11,8

10 Média UE27 (2010): 9,4

0
Fonte: Eurostat (acedido
LV RO LT PT HU SE MT ES BG IT FR SK UK SI AT EL PL DK DE BE NL CY CZ IE FI EE LU
em outubro de 2012)

Gráfico 47.4. Evolução das emissões de gases com efeito de estufa no sector
dos transportes: a posição de Portugal na UE | 1990 a 2010
150%
t Co2 eq
O crescimento
1990/2010 2002/2010
das emissões
125%
dos transportes
portugueses desde
1990 superou em 100%

mais de quatro vezes


o ritmo europeu. Já
75%
desde o pico nacional
de 2002 é um dos
Estados­‑membros que 50%

reduz as emissões.

25%
Média UE27 (1990/2010): +20%

0%
Média UE27 (2002/10): -1%

-25%

-50%
Fonte: Eurostat (acedido
LT EE DE UK FI SE LV FR IT BG BE DK RO NL SK HU EL AT MT ES PT SI CY PL CZ IE LU
em outubro de 2012)

392
Gráfico 47.5. Produção de resíduos urbanos por habitante: a posição de Portugal na UE
| 1995 e 2010
800
Kg per capita
O incremento da
1995 2010
produção de resíduos
700
em Portugal destaca­
‑se do padrão europeu.

600

500
Média UE27 (2010): 502
Média UE27 (1995): 474

400

300

Nota: O valor inicial da


Grécia reporta­‑se a 1997.
200
Fonte: Eurostat (acedido
LV EE PL CZ SK RO LT BG HU SI EL SE BE FI PT UK IT FR ES DE MT AT NL IE DK LU CY
em outubro de 2012)

Gráfico 47.6. Estrutura do tratamento dos resíduos urbanos: a posição de Portugal


na UE | 1995 e 2010
100%

Portugal está no grupo


dos Estados­‑membros
com predomínio da
deposição em aterro.
75%

50%

25%

0%
BG RO LT LV MT EL SK CY EE PL HU CZ PT
PT ES SI IE IT UK FI FR LU DK BE SE AT NL DE
Fonte: Eurostat (acedido
reciclagem compostagem incineração aterro em outubro de 2012)

393
Gráfico 47.7. Recolha de resíduos urbanos Mapa 47.1. Variação da quota da recolha
em Portugal | 1991 e 2010 seletiva de resíduos urbanos por concelho
| 2001 e 2010
A recolha seletiva
surgiu no final dos
anos 90 e atingia em
2010 15% dos resíduos 85%
urbanos, sobretudo 100%

nos materiais vidro e


cartão.

15%

1991 2010
Recolha seletiva Recolha indiferenciada

Legenda:
Em pontos percentuais
Biodegradáveis
15% -3 - 0
1 - 10
Notas: A quota da recolha Vidro 35% 11 - 21
seletiva de resíduos sólidos 22 - 35
Embalagens 15%
aumentou dez pontos
percentuais entre 2001 e
2010 a nível nacional. Valores
não disponíveis para a região Papel e cartão
autónoma dos Açores. 35%

Fonte: Agência Portuguesa


de Ambiente e INE (acedido
em março de 2012)

Mapa 47.2 População servida pelo sistema Mapa 47.3 População servida pelo sistema
público de abastecimento de água por público de abastecimento de água por
concelho | 1990 concelho | 2009

O Norte é das regiões


onde a evolução é
mais notória nas duas
últimas décadas.

Legenda:
Legenda:
Sistema abastecimento água
Sistema abastecimento água
Valores não disponíveis
Valores não disponíveis
1% – 29%
1% – 29%
30% – 60%
30% – 60%
Notas: Os dados da Região 61% – 94%
61% – 94%
Autónoma dos Açores 95% – 100%
95% – 100%
reportam­‑se a 2001. Entre
1990 e 2009, a população
servida por abastecimento
público no continente
subiu de 83% para 94%.
Fonte: Instituto Nacional
da Água e INE (acedido
em março de 2012)

394
Mapa 47.4. População servida pelo Mapa 47.5. População servida pelo
sistema de drenagem de águas residuais sistema de drenagem de águas residuais
por concelho | 1990 por concelho | 2009

São os concelhos
da faixa litoral
Norte e Centro que
ainda apresentam
níveis deficientes de
drenagem de águas
residuais.

Legenda: Legenda:
Drenagem água residual Drenagem água residual
Valores não disponíveis Valores não disponíveis
1% – 25% 1% – 25%
26% – 55% 26% – 55%
56% – 75% 56% – 75% Notas: Os dados para a região
76% – 100% 76% – 100% autónoma dos Açores reportam
a 2001. Entre 1990 e 2009,
a proporção da população
do continente servida pelo
sistema de drenagem de águas
subiu de 69% para 76%.
Fonte: Instituto Nacional
da Água e INE (acedido
em março de 2012)

Mapa 47.6. População servida por Mapa 47.7. População servida por
estações de tratamento de águas residuais estações de tratamento de águas residuais
por concelho | 1994 por concelho | 2009

É no tratamento
de águas residuais que
Portugal está mais
atrasado, sobretudo na
faixa litoral do Norte e
Centro do país.

Legenda: Legenda:
ETARS ETARS
Valores não disponíveis Valores não disponíveis
1% – 20% 1% – 20%
21% – 40% 21% – 40% Notas: Os dados para a região
41% – 76% 41% – 76% autónoma dos Açores reportam
77% – 100% 77% – 100% a 2001. Entre 1994 e 2009,
a proporção da população
do continente servida por
estações de tratamento
de águas residuais (ETAR)
subiu de 40% para 76%.
Fonte: Instituto Nacional
da Água e INE (acedido
em março de 2012)

395
Conceitos e metodologia

Gases com efeito de estufa regenerativa dos ecossistemas para produzir os


Gases concentrados na atmosfera que absorvem e recursos biológicos e absorver as emissões de
emitem radiação infravermelha, a partir dos raios dióxido de carbono. A pegada ecológica contabiliza
solares que são refletidos para o espaço ou absorvidos a quantidade de terra biologicamente produtiva e a
e transformados em calor. Os principais gases com área de água necessárias para produzir os recursos
efeito de estufa são o vapor de água, o dióxido de consumidos e absorver os resíduos gerados, dada a
carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso tecnologia disponível. (Global Footprint Network)
(N2O), o ozono (O3), os clorofluorcarbonetos
Rede Natura 2000
(CFC), os hifroclorofluorcarbonetos (HCFC).
Rede ecológica para o espaço comunitário da
(INE) O Protocolo de Quioto estabelece que a
União Europeia que tem como finalidade assegurar
União Europeia, como um todo, está obrigada a
a conservação a longo prazo das espécies e dos
uma redução das emissões de gases com efeito de
habitats mais ameaçados da Europa, contribuindo
estufa de 8% em relação às verificadas em 1990.
para parar a perda de biodiversidade. (Direção
No acordo de partilha de responsabilidades a nível
Geral do Ambiente da Comissão Europeia).
comunitário ficou estabelecido que Portugal poderia
aumentar as suas emissões em 27% em relação a Resíduos urbanos
1990, não podendo exceder no período 2008-2012 Os resíduos são quaisquer substâncias ou objetos
os 381,94 milhões de toneladas de equivalentes de de que o detentor se desfaz ou tem a intenção
CO2 (Mt CO2e), representando um valor médio ou a obrigação de se desfazer considerando-se
anual de 76,39 Mt CO2e (Agência Portuguesa do resíduo urbano aquele que é proveniente de
Ambiente). O objectivo de redução de 20% dos habitações bem como outro resíduo que, pela
gases com efeito de estufa está também inscrito sua natureza ou composição, seja semelhante aos
na Estratégia Europa 2020 para o emprego e um resíduos provenientes de habitações. A política
crescimento inteligente, sustentável e inclusivo, e a legislação em matéria de resíduos devem
adotada pelo Conselho Europeu em Junho de 2010. respeitar a seguinte ordem de prioridades
no que se refere às opções de prevenção e
Défice /reserva ecológica
gestão de resíduos: a) prevenção e redução;
Saldo entre a pegada ecológica e a biocapacidade
b) preparação para a reutilização; c) reciclagem;
de cada país, expressa em hectares globais per
d) outros tipos de valorização; e) eliminação.
capita. A biocapacidade designa a capacidade
(Decreto-Lei n.º 73/2011 de 17 de Junho)

Para saber mais


Portal da Agência Portuguesa do Ambiente
Portal da Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos
Comissão Europeia (2008) | Transport at crossroads
INE (2010) | O sector dos resíduos em Portugal
Mais dados estatísticos disponíveis na

396
48
Mobilidade

Portugal foi alvo de um forte investimento nas infraestruturas de transportes


nos últimos 25 anos, sendo protagonista a rodovia. A melhoria das condições
de mobilidade de pessoas e mercadorias é ilustrada pelo encurtamento do
tempo/distância entre centros urbanos ou pela diminuição da sinistralidade.

Portugal nos últimos 25 anos

A dinâmica de infraestruturação multiplicou por 14 a densidade da rede de O investimento


autoestradas e por seis a rede de itinerários principais e complementares no em infraestruturas
rodoviárias e
país (Gráfico 48.1). ferroviárias nos
Por cada novo km de ferrovia, abriram 2,5 km de autoestrada, tendo por últimos 25 anos
foi acompanhado
base o impulso inicial da adesão à União Europeia e do posterior programa de
pela melhoria dos
concessões de autoestradas em parceria público-privada desde o final dos anos 90. indicadores de
Entre 1986 e 2010, abriram ao tráfego um total de novos 2,5 mil km de mobilidade e de
sinistralidade do país.
autoestradas e de 3,2 mil km de itinerários principais e complementares. Esta
expansão é visível no encurtamento dos tempos médios de distância de Lisboa
às capitais de distrito ou às principais fronteiras (Gráfico 48.9 e Gráfico 48.10).
O parque automóvel acelerou com a rede rodoviária nacional: em 1986
eram mais de seis portugueses por viatura, contra menos de dois em 2010
(Gráfico 48.5).
Nas duas últimas décadas, o país reduziu a sinistralidade rodoviária: cor-
tou o número de feridos em mais de um terço e o de mortos em mais de dois
terços, diminuindo o índice de gravidade de seis para dois mortos por cada
100 acidentes de viação com vítimas (Gráfico 48.6).
Quanto ao metropolitano, Lisboa expandiu a rede de 12 para 40 km entre
1986 e 2010, duplicando os milhões de passageiros por km. No caso mais recente
do Porto, a rede cresceu de 12 para 66 km entre 2003 e 2010, decuplicando os
quilómetros percorridos por passageiro.

397
Portugal no contexto da União Europeia

A densidade da rede ferroviária eletrificada fica em cerca de 70% do padrão


europeu, enquanto a densidade da rede nacional de autoestradas supera em
cerca de 90% a média da UE27 (Gráfico 48.2). Mesmo em termos absolutos,
Portugal foi um dos que mais expandiram os quilómetros de autoestrada na
última década.
Na comparação dos modos de transporte dos europeus, Portugal apresenta
desde o início do século xxi uma relevância superior ao padrão da UE27 no
automóvel, tendo registado, desde 1990, dos maiores aumentos de transporte
de passageiros por automóvel, depois dos países do Alargamento. Portugal
supera também a média quanto ao autocarro e outros veículos, mas fica aquém
no transporte de passageiros por comboio (Gráfico 48.3 e Gráfico 48.4).
Quanto à sinistralidade rodoviária, Portugal é também o terceiro país da
UE27 que mais a reduziu na última década (Gráfico 48.7).

Transporte de mercadorias

A melhoria do nível dos custos de transação é um dos desafios da economia


portuguesa, que apresenta limitações na mobilidade sustentável das merca-
dorias e apresenta um menor desempenho logístico no contexto da UE27.
Se o transporte marítimo lidera no comércio internacional, a rodovia
monopoliza a circulação interna de mercadorias no país. A evolução da repar-
tição modal do transporte de mercadorias revela uma quota crescente por
estrada e perto de 20 pontos percentuais acima do padrão europeu e uma
quota por transporte ferroviário decrescente e inferior à média da UE27 em
mais de dez pontos percentuais (Gráfico 48.11).
Neste campo, Portugal, partilha com os parceiros iniciais da coesão quo-
tas de ferrovia no tráfego de mercadorias muito abaixo do padrão europeu
(Gráfico 48.12).

398
Gráfico 48.1. Densidade da rede nacional de autoestradas e da linha ferroviária
eletrificada em Portugal | 1986 a 2010
1000 km2
30
(Quebra de série) Multiplicou por 14
a densidade da rede
Autoestradas de autoestradas e por
25
três a linha ferroviária
eletrificada no país.

20

15
Linha ferroviária

10

(Quebra de série)

0
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em março de 2012)

Gráfico 48.2. Densidade da rede nacional de autoestradas e da linha ferroviária


eletrificada: comparação entre Portugal e UE | 1986 a 2010
1000 Km2
30
A densidade de
autoestradas da
UE27 encontra­‑se a
25 Autoestradas em Portugal
cerca de metade do
patamar nacional.
Na infraestrutura
20
ferroviária eletrificada,
é Portugal que se
encontra a dois terços
15 Linha ferroviária na UE do nível europeu.
Autoestradas na UE

10

Linha ferroviária em Portugal

(Quebra de série) Nota: A média da União


0 Europeia corresponde a uma
média crescente de 13 Estados­
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2004

‑membros em 1986 para 24


UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27 Estados­‑membros em 2009.
Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em março de 2012)

399
Gráfico 48.3. Peso do automóvel na repartição modal do transporte de passageiros:
a posição de Portugal na UE | 1990 e 2010
100%
do total de passageiros-quilómetro
Depois dos países do 1995 2010

Alargamento, Portugal 90%

foi dos Estados­ Média UE27 (2010): 84%

‑membros onde o 80%

automóvel mais
ganhou relevância 70%

no transporte de
passageiros. 60%

50%

40%

Nota: Os valores iniciais 30%

reportam­‑se a 1991 para


Alemanha, Holanda e Reino
Unido, 1993 para a República 20%
Checa e a Eslováquia,
1995 para a Estónia, a
Lituânia e a Roménia e não 10%
estão disponíveis para a
Letónia, Malta e Chipre.
Fonte: Eurostat (acedido 0%
HU CZ SK AT BG BE LV MT RO DK CY EL ES IT SE EE IE LU FR FI PT DE NL SI UK PL LT
em dezembro de 2012)

Gráfico 48.4. Repartição modal do transporte de passageiros: a posição de Portugal


na UE | 2010
100%

Nas deslocações
dos europeus, os 90%

portugueses ficam
na 7.ª posição no 80%

automóvel.
70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

Nota: Em percentagem do total


0%
de passageiros­‑quilómetro. MT CY LT EL EE SI IE BG PT
PT LU LV PL ES IT FI RO SK BE UK CZ DE DK SE NL FR AT HU
Fonte: Eurostat (acedido
em dezembro de 2012) comboio autocarro, camioneta de passageiros e outros automóvel

400
Gráfico 48.5. Rede nacional de itinerários Gráfico 48.6. Número de feridos e de
principais e complementares e parque vítimas mortais em Portugal | 1986 a 2010
automóvel em Portugal | 1986 a 2010
4,000 7,500 75,000 3,000

Km milhares
O parque automóvel
acelerou com a
Feridos rede rodoviária
60,000 2,500
nacional, enquanto
3,000 6,000
a sinistralidade cai
desde a década de
Parque automóvel
1990.

45,000 2,000

2,000 4,500

Vítimas mortais

30,000 1,500

1,000 3,000
Notas: O parque automóvel
Itinerários principais e complementares inclui ligeiros de passageiros
15,000 1,000 e todo­‑o­‑terreno, veículos
comerciais ligeiros e veículos
pesados. São considerados
feridos graves e leves.
Fonte: Instituto de Infra­
0 1,500 ‑Estruturas Rodoviárias,
Associação Automóvel de
1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

2010

0 500
1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

2010
Portugal e Autoridade Nacional
de Segurança Rodoviária

Gráfico 48.7. Variação do número Gráfico 48.8. Número de vítimas mortais


de vítimas mortais: a posição de Portugal por milhão de habitantes: a posição
na UE | 1991 e 2009 de Portugal na UE | 2008
EE LT
LV PL Portugal é o terceiro
PT RO
PT
Estado­‑membro
ES LV
LT EL que mais reduziu o
DE BG número de vítimas
SI SI
HU CZ
mortais em acidentes
FR SK de viação nas últimas
AT CY
duas décadas, estando
FI HU
SE EE a meio da tabela
UK BE da sinistralidade
IT PT
DK AT
rodoviária na UE27.
NL IT
BE DK
IE LU
SK ES
LU FR
PL FI

CZ IE

EL DE

CY UK

BG SE

RO NL

MT MT
Fonte: Eurostat (acedido
-90% -80% -70% -60% -50% -40% -30% -20% -10% 0% 10% 20% 30% 40% 0 30 60 90 120 150 em fevereiro de 2012)

401
Gráfico 48.9. Redução do tempo/distância Gráfico 48.10. Redução do tempo/
de Lisboa às capitais de distrito | 1986 distância de Lisboa às principais fronteiras
e 2006 | 1986 e 2006
0% 0%

Em vinte anos, Lisboa


encurtou o tempo
-10%
médio de distância às -10%

capitais de distrito em
43% e às principais -20%

fronteiras em 41%.
-20%

-30%

-30%
-40%

Média PT: -43%

-50%
-40%
Média PT: -41%

-60%

-50%

Vilar Formoso

Caia
Vila Verde de Raia

Vila Real de St.º António

Valença

Quintanilha

Vila Verde de Ficalho


Monfortinho
-70%
Aveiro

Portalegre
Santarém

Vila Real

Viana do Castelo

Braga

Bragança
Èvora

Coimbra

Faro

Viseu

Porto

Beja

Setúbal
Leiria
Guarda

Castelo Branco

Fonte: INE e Estradas


de Portugal

Gráfico 48.11. Repartição modal do transporte de mercadorias: comparação entre


Portugal e a UE | 1991 a 2010
100%
do total de toneladas-quilómetro
Comparativamente de mercadorias

com o padrão Por estrada em Portugal


europeu, o transporte
80%
de mercadorias em
Portugal privilegia a Por estrada na UE

estrada face à ferrovia.

60%

40%

20% Por transportes ferroviários na UE

Por transportes ferroviários em Portugal

0%
Nota: Não inclui a quota por
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

vias navegáveis interiores que


é de 6,5% na UE27 em 2010. UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO
Fonte: Eurostat (acedido
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em dezembro de 2012)

402
Gráfico 48.12. Repartição modal do transporte de mercadorias: a posição de Portugal
na UE | 2010
100%

Portugal apresenta
90% dos maiores
desequilíbrios no
80% transporte rodoviário
e ferroviário de
70% mercadorias, a par dos
parceiros iniciais da
60% coesão.

50%

40%

30%

20%

10%

Nota: Em percentagem
do total de toneladas­
0%
CY MT IE EL LU ES NL PT IT BG BE DK FR SI PL HU CZ SK DE RO FI AT SE LT EE LV
‑quilómetro de mercadorias.
PT
Fonte: Eurostat (acedido
transportes ferroviários estrada vias navegáveis interiores em dezembro de 2012)

403
Conceitos e metodologia

Autoestrada bem como as principais vias envolventes e de acesso


Estrada especialmente projetada e construída para às áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. (INE)
o tráfego motorizado, que não serve as propriedades
Itinerário principal
limítrofes e que: a) exceto em pontos singulares ou
Via de comunicação de maior interesse nacional,
a título temporário, dispõe de faixas de rodagem
que serve de base de apoio a toda a rede de estradas
separadas para cada sentido de circulação, separadas
nacionais e assegura a ligação entre os centros
uma da outra por uma faixa divisória não destinada
urbanos com influência supradistrital e destes com
à circulação ou, excecionalmente, por outros
os principais portos, aeroportos e fronteiras. (INE)
dispositivos; b) não se cruza ao mesmo nível com
qualquer outra estrada, via de caminhos de ferro, de Linha ferroviária eletrificada
elétrico ou caminho de peões; c) está especialmente Linha com uma ou mais vias principais eletrificadas.
sinalizada como autoestrada e é reservada a categorias As secções das linhas adjacentes às estações que
específicas de veículos rodoviários motorizados. (INE) sejam eletrificadas apenas para permitir serviço de
manobras e não eletrificadas até às estações seguintes
Desempenho logístico
devem ser consideradas linhas não eletrificadas. (INE)
Ranking do Banco Mundial, baseado num
inquérito internacional que valoriza seis áreas Rede Nacional Complementar
da cadeia de oferta logística de cada país: Rede constituída pelas estradas que asseguram
eficiência dos processos aduaneiros, qualidade das a ligação entre a rede nacional fundamental e
infraestruturas de comércio e transporte, facilidade os centros urbanos de influência concelhia ou
para contratar cargas a preços competitivos, supra concelhia, mas infradistrital. Esta rede é
competência e qualidade dos serviços logísticos, constituída pelos itinerários complementares
capacidade de seguir e localizar as mercadorias (IC) e outras estradas (OE). (INE)
e capacidade de entrega atempada no destino. Rede Nacional Fundamental
Itinerário complementar Rede constituída pelos itinerários
Via integrada na rede nacional complementar que principais (IP). (INE)
estabelece as ligações de maior interesse regional,

Para saber mais


Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (2009) | Estratégia nacional de segurança rodoviária (2008-2015)
Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (2006) | O sector dos transportes na economia nacional
Instituto de Infra-Estruturas Rodoviárias (2009) | Relatório de monitorização da rede de IPs e ICs
Instituto de Infra-Estruturas Rodoviárias (2010) | Relatório de monitorização da rede rodoviária nacional

404
49
Lazer e cultura

O desenvolvimento económico e social português ao longo dos últimos anos


contribuiu para alterações significativas nos hábitos culturais e nos padrões
de consumo dos bens e serviços culturais.
Entre estas alterações contam-se a melhoria do nível de rendimento médio
das famílias e do nível educacional, o aumento da esperança média de vida,
traduzido num alongamento do(s) “ciclo(s) de vida” do consumo, a impor-
tância crescente das dinâmicas de oferta cultural urbana conjugadas com a
afirmação do sector cultural e criativo, incluindo a criação do Ministério
da Cultura, que assumiu a democratização do acesso aos bens culturais,
a defesa do património e o estímulo à criação artística.

Portugal nos últimos 25 anos

A parcela do orçamento que as famílias portuguesas afetam, em média, a des- O acesso a bens
pesas de lazer, recreação e cultura subiu de 5% para 7% entre 1988 e 2010, e serviços culturais
tem­‑se generalizado,
devido principalmente às despesas com férias organizadas e serviços recreativos embora ainda se
e culturais (Gráfico 49.1). encontre afastado
da média europeia.
O consumo privado de bens e serviços associados a lazer e cultura, na
ordem dos 3% do PIB no final dos anos 80, também subiu na década de 1990,
atingindo a sua máxima relevância na viragem para o século xxi quando
superou os 5% do PIB.
Entre 1995 e 2010, o consumo privado per capita em paridades de poder
de compra em lazer e cultura subiu de 57% para 75% da média da UE27, num
processo de convergência com o padrão europeu que também se concentrou
na segunda metade da década de 1990 e que estagnou desde então.

405
Portugal no contexto da União Europeia

Quando comparado com a média europeia, Portugal registou a sexta melhor


evolução do consumo privado per capita em paridades de poder de compra em
lazer e cultura, atrás da Eslovénia, Letónia e Lituânia, Finlândia e Estónia.
Apesar da convergência, o consumo privado per capita em lazer e cultura
nacional é o nono mais baixo da UE27, superando apenas a Grécia e os Estados-
membros do Alargamento (Gráfico 49.3).
Este menor peso das despesas em lazer e cultura nos orçamentos familia-
res acaba por ter implicações fortes na realização de atividades culturais, com
a maioria dos indicadores analisados a confirmar que Portugal, enquanto país
consumidor de cultura, está longe da média europeia (Gráfico 49.4 e Gráfico 49.5).

Crescente procura de serviços culturais

Em geral, os portugueses realizam menos atividades culturais do que os


europeus, e aquelas onde se verifica maior desfasamento face à média europeia
são “ler um livro” e “visitar um local de interesse cultural”. A única exceção é
“ir a espetáculo ao vivo”, uma atividade que os portugueses realizam mais do
que a média europeia (Gráfico 49.5).
Este contexto deve-se ao menor nível de vida das famílias portuguesas
relativamente à média europeia, mais propensas a adiar ou a evitar o consumo
em bens e serviços de lazer e cultura. A abertura e recetividade para fruição de
produtos culturais também ocorreram mais tarde em Portugal, sobretudo com
o impulso da década de 1990, que inaugurou equipamentos como o Centro
Cultural de Belém ou o Museu de Arte Contemporânea da Fundação Serralves,
estreou eventos como a Capital Europeia da Cultura ou a Exposição Mundial
de 1998 e ampliou as redes nacionais de equipamentos culturais, das bibliotecas
municipais aos museus, teatros ou cineteatros.
A procura de museus, jardins zoológicos, aquários, exposições e principal-
mente espetáculos ao vivo tem assumido uma tendência de crescimento, embora
cerca de um terço dos visitantes dos museus e de metade dos visitantes dos
palácios tutelados pela administração central sejam estrangeiros (Gráfico 49.4).
Já a procura de cinema e publicações periódicas é mais oscilante e com
tendência de declínio nos últimos anos, justificada, em grande parte, pela
concorrência da internet e da diversificação da oferta televisiva.

406
Gráfico 49.1. Peso do lazer, recreação e cultura no consumo final dos agregados
domésticos em Portugal | 1988 a 2010
(Quebra de série) (Quebra de série)
10%

As despesas com lazer,


9% recreação e cultura
ganharam relevância
8%
nos orçamentos das
7%
famílias portuguesas.

6%

5%

4%

3%

2%

1%

0%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO

Fonte: Eurostat (acedido


QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em março de 2012)

Gráfico 49.2. Peso do lazer, recreação e cultura no consumo final dos agregados
domésticos: comparação entre Portugal e UE | 1988 a 2010
(Quebra de série) (Quebra de série)
10%
As famílias
9% portuguesas afetam
UE27
uma parcela menor
8%
do seu orçamento
Portugal
ao lazer, recreação e
7%
cultura face ao padrão
6% europeu, embora o
diferencial se tenha
5% reduzido.

4%

3%

2%

1%

0%
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO

Fonte: Eurostat (acedido


QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
em fevereiro de 2012)

407
Gráfico 49.3. Consumo privado per capita em lazer e cultura: a posição de Portugal na UE
| 1995 e 2010
175

No contexto europeu, 1995 2010

portugueses e gregos
150
são dos que menos
gastam em lazer e
cultura.
125

100 Média UE27 : 100

75

50
Notas: Em paridades de
poder de compra. Os valores
iniciais reportam­‑se a 1996
na Roménia e não estão
disponíveis para a Grécia e 25

os valores finais referem­‑se a


2009 na Roménia e não estão
disponíveis para a Bulgária.
0
Fonte: Eurostat (acedido
BG RO EE LV LT HU PL EL PT CZ SI IE IT SK ES BE FR CY DE NL DK MT SE FI LU AT UK
em fevereiro de 2012)

Gráfico 49.4. Afluência a eventos culturais Gráfico 49.5. Peso da população que
em Portugal | 1986 a 2010 realizou pelo menos uma atividade
cultural no ano anterior | 2007
A afluência de 1,600

espetáculos ao vivo
Espetáculos ao vivo
foi a que mais cresceu
em 25 anos, também 1,400
ler um livro
em consequência 80%

71%
da emergência dos
1,200 visitar um
ir a
festivais de Verão, espetáculo 44%
local de
47% interesse
ao vivo
mas a participação em 44%
cultural

45%
atividades culturais 1,000
32%
é inferior ao padrão 25%
0%

27%
8%
europeu. 16%
800 pintura,
fotografia, desenho,
filmes ou 45% escultura ou
vídeo desenho
51% gráfico
600

ir ao cinema
Nota: Comparação europeia Museus, jardins
zoológicos,
com base em inquéritos a 400 botânicos e aquários PT UE 27
cidadãos da União Europeia
com mais de 15 anos Galerias
(Eurobarometer 67.1, 2007). de arte
Local de interesse cultural 200
contempla monumentos
históricos, museus, galerias de 100
arte e locais arqueológicos. Cinema

Fonte: Eurostat e INE (acedido 0


em fevereiro de 2012) 1986 1990 1994 1998 2002 2006 2010

408
Conceitos e metodologia

Lazer e cultura nos orçamentos familiares recreativos e culturais, que inclui serviços recreativos
Calculado com base nos inquéritos quinquenais aos e desportivos; serviços culturais; (5) jornais, livros
orçamentos familiares do INE e harmonizado de e artigos de papelaria, que inclui livros, jornais e
acordo com a Classificação Portuguesa do Consumo periódicos; material impresso diverso e artigos de
Individual por Objetivo (COICOP), esta categoria papelaria e de desenho; (6) férias organizadas.
engloba as seguintes despesas: (1) equipamento
Paridades de poder de compra
audiovisual, fotográfico e de processamento de
Corresponde a deflacionadores espaciais e conversores
informação, que inclui equipamento para receção,
monetários que, eliminando os efeitos das diferenças
registo e reprodução de som e imagem; equipamento
nos níveis dos preços entre países, permitem
fotográfico e cinematográfico e instrumentos de
comparações em volume das componentes do PIB
ótica; meios ou suportes de gravação; reparação
bem como dos níveis dos preços. A unidade monetária
de equipamento audiovisual, fotográfico e de
resultante, “euro em paridades de poder de compra
processamento de dados; (2) outros bens duradouros
padrão”, tem o mesmo poder de compra em todo o
para lazer e cultura, que inclui outros bens
espaço da União Europeia a 27, refletindo a média
duradouros para atividades de lazer e cultura em
ponderada do poder de compra das moedas nacionais
recintos fechados e ao ar livre, incluindo instrumentos
e dos níveis de preços de cada Estado-membro. (INE)
musicais; manutenção e reparação de outros bens
duradouros para recreação, lazer e cultura; (3) outros Publicações periódicas
artigos e equipamento recreativos; jardins e animais São considerados publicações periódicas: jornais,
de estimação, que inclui jogos, brinquedos e revistas e outras publicações de caráter periódico,
atividades de recreação e lazer; equipamento para de caráter técnico ou de interesse geral, revistas
desporto, campismo e recreação ao ar livre; jardins, de associações patronais, sindicais, revistas
plantas e flores; animais de estimação e produtos humorísticas, boletins e anuários. Não inclui
correlacionados, incluindo serviços veterinários livros e outras publicações não periódicas.
e outros para animais de estimação; (4) serviços

Para saber mais


Augusto Mateus & Associados (2010) | O sector cultural e criativo em Portugal
Eurostat | Cultural statistics
Mais dados estatísticos disponíveis na

409
50
Sociedade da informação

A evolução e democratização do acesso à internet e às tecnologias de infor-


mação, comunicação e eletrónica (TICE) induziram um crescimento expo-
nencial da difusão e utilização de dados e comunicações, determinando a
afirmação definitiva do que hoje se designa por sociedade da informação.
Este conceito é geralmente utilizado para referir a intensidade da utilização
destas tecnologias e da difusão de informação, num contexto em que o acesso
a dados e a capacidade de, a partir deles, extrair e aplicar conhecimentos
se tornou fundamental para o crescimento económico e para o aumento da
competitividade.

Portugal nos últimos 25 anos

Este período é marcado por uma profunda revolução no mercado português Portugal acompanhou a
das comunicações e pela difusão/utilização da informação (Gráfico 50.1). Por revolução da sociedade
da informação,
cada 100 habitantes em Portugal: generalizando­‑se mais
• as linhas de telefone fixo subiram de 15 em 1986 para 42 em 2010, mas depressa o acesso
às comunicações
este perdeu o estatuto de meio de comunicação preferencial dos portu-
móveis do que aos
gueses em 1999; computadores e à
• o número de subscrições de telefone móvel, nulo até 1989, subiu para internet.

143 em 2010, ultrapassando logo em 2004 a própria população portuguesa;


• o número de utilizadores de internet, nula até 1990, subiu para 17 na
viragem do século e para 51 em 2010, ultrapassando neste ano a metade
da população portuguesa.

A afirmação da sociedade da informação ao serviço das empresas e


das famílias em Portugal foi notória nesta última década:
• entre 2002 e 2010, a proporção de famílias com computador subiu de 27%
para 60% e com acesso à internet de 15% para 54%;

411
• entre 2003 e 2010, a proporção de empresas com computador subiu
de 82% para 97% e com acesso à internet de 70% para 94%.

Neste período, a proporção de empresas com correio eletrónico subiu


de 65% para 92%, com sítio na internet de 26% para 52%, com encomendas
eletrónicas recebidas de 3% para 19% (Gráfico 50.5 a Gráfico 50.8).

Portugal no contexto da União Europeia

A crescente utilização da internet pelos portugueses na última década não


foi suficiente para alcançar o patamar europeu: por cada 100 habitantes, há
mais 20 europeus que portugueses a usar a internet e menos 20 europeus que
portugueses que nunca acederam à internet (Gráfico 50.4).
Portugal distingue-se do padrão europeu pela maior utilização do tele-
móvel, com mais 22 subscrições por cada 100 habitantes em 2010 (Gráfico
50.2) ou pela maior despesa em comunicação (mais 1,5% do PIB em 2010) e
compara bem com a média da UE27 nas despesas em tecnologia da informação
e na interação com as entidades públicas (o designado e-gov) pelas empresas.

Desempenho nos rankings internacionais

Portugal é um dos seis Estados-membros da União Europeia que disponibilizam


a totalidade dos 20 serviços públicos considerados de referência na avaliação
da relação online com as empresas, como pagamento de impostos ou contra-
tos públicos, e com os cidadãos, como pagamento de impostos, obtenção de
certidões ou matrículas (Gráfico 50.9).
Apesar da oferta de e-gov no país, a percentagem de portugueses que usa a
internet para interagir com as entidades públicas é inferior ao padrão europeu,
com Portugal a destoar da média europeia nos inquéritos à competência na
utilização do computador e internet.
A comparação do desempenho de Portugal com os restantes Estados-
membros da UE27 nos rankings internacionais em anos recentes expõe também
melhorias ao nível empresarial.

412
Gráfico 50.1. Utilização de telefone fixo, telefone móvel e internet em Portugal | 1986
a 2010
150
por
100 habitantes
Portugal viu as
subscrições de
125 telefone móvel
Subscrições de telefone móvel
ultrapassarem as do
fixo em 1999, quatro
100
anos depois de ter
introduzido o primeiro
cartão de telemóvel
75
pré­‑pago do mundo.

Utilizadores de internet
50

Linhas telefónicas

25

0
1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004
UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27
Interno Única do EURO
Fonte: Banco Mundial
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em março de 2012)

Gráfico 50.2. Utilização de internet e de telefone móvel: comparação entre Portugal


e UE | 1990 a 2010
150
por
100 habitantes Portugal descolou
Subscrições de telefone móvel em Portugal da média europeia
125 logo em 1997
na utilização de
telemóveis, mas
100 atrasou­‑se face ao
Subscrições de telefone móvel na UE padrão europeu na
utilização da internet
75 desde a viragem do
Utilizadores de internet na UE século.

50

Utilizadores de internet em Portugal

25

0
1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1996

1997

1998

2000

2001

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010
2007
1986

1993

1995

1999

2002

2004

UE12 Mercado UE15 Moeda Circulação UE25 UE27


Interno Única do EURO
Fonte: Banco Mundial
QCA I (1989-1993) QCA II (1994-1999) QCA III (2000-2006) QREN (2007-2013)
(acedido em março de 2012)

413
Gráfico 50.3. Utilização do telefone móvel: a posição de Portugal na UE | 1996 e 2010
Subscrições por
100 habitantes

Portugal subiu para 160

5.º país da UE27 com 1996 2010

mais telemóveis per


140
capita. Depois do
Luxemburgo, foi em
Portugal, na Itália 120 Média UE27 (2010): 121

na República Checa
que os telemóveis
100
superaram mais cedo
a população.
80

60

40

20

Média UE27
(1996): 7

Fonte: Eurostat (acedido 0

em março de 2012) CY FR LV SI IE EL SK MT BE ES SE RO NL HU PL EE DK DE UK IT CZ BG PT LU AT LT FI

Gráfico 50.4. Utilização da internet: a posição de Portugal na UE | 1996 e 2010


por
100 habitantes
Portugal apresenta das 100

mais baixas taxas de 1996 2010 Indivíduos que nunca usaram a internet (2010)

utilização da internet 90

da UE27.
80

70 Média UE27 (2010): 71

60

50

40

30

Média UE27 (2010): 26

20

10

Fonte: Banco Mundial Média UE27 (1996): 3


e Eurostat (acedido 0
RO EL BG PT CY IT LT PL MT HU ES CZ LV SI IE AT EE FR BE SK DE UK FI DK SE NL LU
em março de 2012)

414
Gráfico 50.5. Famílias com acesso a computador em Portugal | 2002 a 2010
100%

Com internet Sem internet A proporção de


90%
famílias portuguesas
com computador
80%
passou de 27% a 60%
entre 2002 e 2010
70%
e nove em cada dez
60%
famílias portuguesas
6% com computador já
50%
8% acede à internet.
4%
9%
40% 10%
11%
15%
30% 17%
54%
46% 48%
20% 12%
40%
35%
32%
26%
10% 22%
15%

0%
2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
Fonte: INE (acedido
em março de 2012)

Gráfico 50.6. Empresas com acesso a computador em Portugal | 2003 a 2010


100%
Com internet Sem internet
4% 3%
3% As empresas com
5%
12% computador e acesso
10%
14% à internet subiram de
80%
70% para 94% desde
12%
2003.

60%

93% 94%
90% 92%

82% 83%
40%
78%
70%

20%

0%
2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

Fonte: INE (acedido


em março de 2012)

415
Gráfico 50.7. Empresas que utilizam Gráfico 50.8. Top das atividades
correio eletrónico e com sítio na internet económicas com sítios na internet | 2010
em Portugal | 2003 a 2010
100%
Atividades
Nove em dez financeiras
e de seguros
184
90%
empresas portuguesas Com correio eletrónico
Outras
dispõem de correio 80%
atividades
de serviços
167

eletrónico e metade
70% Atividades
têm sítio na internet, imobiliárias 140

com destaque para as 60%


Comércio
atividades financeiras Com sítio na internet
por grosso
e a retalho 116
e de seguros. 50%

Transportes
40% e armazenagem 102

30% Indústrias
93 transformadoras

20%
Alojamento,
Nota: A rubrica outras restauração
86
atividades de serviços inclui e similares
10%
atividades associativas e a
reparação de bens de uso
Construção
pessoal e doméstico. 0% 70
2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010
Fonte: INE (acedido
em março de 2012) Média nacional

Gráfico 50.9. Disponibilidade de serviços públicos online: a posição de Portugal na UE


| 2004 e 2010
100%
2004 2010
Portugal ocupa uma
posição privilegiada
na UE27 quanto Média UE27 (2010): 84,3%
à disponibilidade 80%

e sofisticação de
serviços públicos
online a cidadãos e
empresas. 60%

Média UE25 (2004): 42,3%


40%

20%
Nota: Os serviços analisados
podem ser acedidos
e utilizados, na sua
totalidade, através de uma
plataforma eletrónica.
Fonte: Eurostat (acedido 0%
EL CY RO SK HU BG LT LU CZ BE PL FR LV EE DK DE NL ES SI FI UK IE IT MT AT SE PT
em janeiro de 2012)

416
Conceitos e metodologia

Disponibilidade de serviços públicos online No serviço pré-pago, fazem-se carregamentos


Ranking que mede a disponibilidade online e o para fazer chamadas e aceder a outros serviços
grau de sofisticação de 20 serviços públicos: disponibilizados pelo operador. (Anacom)
• aos cidadãos (entrega do IRS, procura de emprego, O cartão pré-pago para telefones móveis foi
prestações da segurança social, documentos lançado pela primeira vez em Portugal em 1995.
pessoais, matrícula automóvel, pedidos de licenças
Sociedade da informação
de construção, declarações à polícia; bibliotecas
Segundo a Associação para a Promoção e
públicas, certidões de nascimento e de casamento,
Desenvolvimento da Sociedade da Informação,
matrícula no ensino superior, comunicação de
corresponde a uma etapa no desenvolvimento
mudança de residência e serviços de saúde);
da civilização moderna que é caraterizada
• às empresas (contribuições para a segurança social
pelo papel social crescente da informação, por
dos trabalhadores, entrega do IRC, IVA, registo de
um crescimento da partilha dos produtos e
uma nova empresa, envio de dados para o serviço
serviços de informação no PIB e pela formação
de estatística, declaração aduaneira, licenças
de um espaço global de informação.
ambientais e contratos públicos). (Eurostat)

Serviço pré-pago e pós-pago


No serviço pós-pago, os consumos são cobrados
no final do mês, através de uma fatura.

Para saber mais


Comissão Europeia (2008) | E-communications household survey
Fórum Económico Mundial (2011) | The global information technology report 2010-2011
INE e UMIC – Agência para a Sociedade do Conhecimento | Inquéritos à utilização de tecnologias da
informação e da comunicação pelas famílias
Mais dados estatísticos disponíveis na

417
II
Retratos
Posicionamento
de Portugal na UE
em 50 indicadores
Sobre os retratos
No primeiro capítulo, acompanhámos dinâmicas que transformaram a realidade
nacional ao longo dos primeiros 25 anos de plena integração na União Europeia
através dos olhares sobre a evolução da economia e da sociedade desde 1986.
Neste segundo capítulo, passamos a comparar retratos sobre a situação do
país no momento de adesão à União Europeia (1986), no momento de transi-
ção para o século xxi, e de viragem na política de coesão à escala comunitária
e de concretização do projeto da união económica e monetária (1999), e no
momento de chegada destes 25 anos de análise.
O objetivo é sintetizar a informação contida ao longo de centenas de
páginas de olhares e proporcionar uma panorâmica geral sobre as rotas de
convergência do país com a União Europeia, selecionando um indicador-chave
de cada olhar e determinando o respetivo posicionamento face ao referencial
europeu em 1986, 1999 e 2010.
Neste contexto, os retratos são enquadrados pelos olhares sobre a evolução
da economia e da sociedade, donde derivam os indicadores-chave chamados a
posicionar Portugal face à União Europeia nestes três anos específicos.
A opção metodológica deu prioridade ao estabelecimento de uma corres-
pondência, direta ou indireta, do indicador usado no segundo gráfico de cada
um dos 50 olhares, que comparou a evolução nacional com a média comunitária.
Além da decisiva pertinência do indicador e da fiabilidade da fonte, a ampli-
tude da série estatística e a possibilidade de comparação com a média europeia
foram condicionantes que pesaram na determinação dos indicadores-chave.
Para o preenchimento do retrato do ano de 1986, optou-se por colmatar a
indisponibilidade de dados estatísticos de acordo com os seguintes critérios: ou
apresentando o posicionamento do ano de 1986 por referência a um conjunto
de Estados-membros representativo da União Europeia (como a UE15 ou área
do euro); ou apresentando o posicionamento de Portugal na UE27 para um ano
disponível entre 1985 e 1992, anterior ao estabelecimento do mercado interno
europeu; ou mantendo a lacuna dos indicadores que apenas estão disponíveis
a partir de 1993 para não enviesar a interpretação do retrato inicial.
O guião seguinte exemplifica a leitura dos retratos sobre o Portugal
europeu nos anos de 1986, de 1999 e de 2010.

421
Exemplo de leitura

>
retrato da posição de Portugal em 2010 5000
1986 face ao referencial europeu, que é sempre >
100 (neste exemplo, Portugal excede em 2000
1999
mais de cinquenta vezes a média europeia)
2010 304

quebra de escala do retrato,


acima da qual a posição
nacional excede pelo menos
o dobro do referencial
europeu, que é sempre 100

120

REFERENCIAL EUROPEU = 100


91 90 retrato da posição de Portugal
82 em 1999 face ao referencial
81 99
europeu, que é sempre 100
75 (neste exemplo, Portugal atinge
71 90% da média europeia)
65 retrato da posição de Portugal
em 1986 face ao referencial
europeu, que é sempre 100
(neste exemplo, Portugal atinge
65% da média europeia)

advertência para subida


contraproducente do
posicionamento de Portugal
1 8 44 15 face ao referencial europeu,
designação Nível de vida Especialização Saúde Balança externa
devido à natureza inversa
do olhar e convergência real industrial do indicador retratado
retratado (é o caso do défice externo
PIB per capita, expresso neste exemplo)
em paridades de poder
indicador, fonte e eventual ressalva quando
de compra, com base na
referencial europeu é diverso da média
AMECO, e face à média da UE27 nos anos 1986, 1999 e 2010
da UE15 em 1986.
O nível de vida português
não atingia dois terços da
média da UE15 no retrato
de 1986, subindo em 1999
para 81% do referencial
sumário das rotas de convergência e
já alargado à UE27. divergência entre 1986, 1999 e 2010
Retrato idêntico ao de
1999 tem o ano de 2010
pois o PIB per capita
português não convergiu
na última década.
Retratos
ECONOMIA
ECONOMIA

376

164

114
109 110
105 106 105
REFERENCIAL EUROPEU = 100

81 81
76

65
55
48

31

1 2 3 4 5
Nível de vida Produtividade Inflação Procura interna Consumo e modelos
e convergência real e convergência e procura externa de comércio
PIB por trabalhador,
nominal
PIB per capita, expresso com base na AMECO, Peso da procura interna Peso do consumo
em paridades de poder e face à média da UE15 Variação anual do no PIB, com base na privado no rendimento
de compra, com base na em 1986, 1999 e 2010. deflator do consumo AMECO, e face à média disponível, com base na
AMECO, e face à média privado, com base na da UE15 em 1986. AMECO, e face à média
O PIB por trabalhador
da UE15 em 1986. Comissão Europeia, da UE15 em 1986.
português não atingia Em 1986, Portugal
e face à média da
O nível de vida português um terço da média superava em 5% a UE15 O peso no rendimento
UE15 em 1986.
não atingia dois terços da da UE15 em 1986, no peso da procura disponível do consumo
média da UE15 no retrato permanecendo ainda 1986 retrata o interna no PIB. Mais das famílias portuguesas
de 1986, subindo em 1999 aquém de metade desequilíbrio de Portugal virada para dentro, a já excedia a média da
para 81% do referencial deste referencial em ao nível dos preços, com economia portuguesa UE15 em 1986. Portugal
já alargado à UE27. 1999. No retrato de o deflator nacional do manteve o conjunto ultrapassou a média da
Retrato idêntico ao de 2010, a produtividade consumo privado quatro do consumo privado, UE27 em 6% em 1999
1999 tem o ano de 2010 do país fica em 55% vezes superior à UE15. do consumo público e e em 14% em 2010.
pois o PIB per capita da média da UE15. Em 1999, era visível a da formação bruta de
português não convergiu rota de convergência com capital fixo cerca de 10%
na última década. a média da UE27, sendo acima da média da UE27
a variação dos preços em 1999 e em 2010.
já inferior ao padrão
europeu em 2010.
1986

1999

2010

137

116 113
105 106
101
97 97
97 91
82 84
75

55
45 48

6 7 8 9 10
Investimento Atividades Especialização Produções Energia
económicas industrial primárias
Taxa de investimento, Rácio entre o consumo
que corresponde ao Proporção de Proporção de valor Valor acrescentado interno bruto de
peso da formação bruta valor acrescentado acrescentado bruto por trabalhador no energia e o PIB, com
de capital fixo no valor bruto gerado pelas gerado pela indústria sector primário, com base na Comissão
acrescentado bruto, atividades terciárias, transformadora, com base nos valores Europeia, nos anos
com base nos valores com base nos valores base na Cnuced. da União Europeia de 1990, 1999 e 2009.
da União Europeia da União Europeia disponibilizados pelo
De 1986 a 1999, Portugal mantinha uma
disponibilizados pelo disponibilizados pelo Banco Mundial.
Portugal viu a relevância intensidade energética
Banco Mundial. Banco Mundial.
económica da indústria Em 1986, Portugal não inferior ao padrão
A taxa de investimento já Portugal acompanhou a transformadora subir de superava 55% do valor europeu em 1990, mas
excedia em 16% o padrão terciarização da economia 75% para 91% da média acrescentado gerado por em 1999 já superava este
europeu em 1986 e europeia em 1986 e da UE27 graças ao seu trabalhador europeu referencial, aumentando o
aumentou a distância para em 1999, superando recuo a nível europeu. Em no sector primário. Em consumo energético face
37% em 1999. A taxa de em 2010 o padrão 2010, afasta­‑se do padrão 1999, Portugal recuou ao PIB, enquanto a União
investimento manteve­‑se europeu quanto ao europeu em consequência para 48% do referencial Europeia o reduzia. Em
acima deste referencial contributo das atividades da maior descida do europeu, atrasando­ 2010, Portugal excedia
em 2010, num contexto de terciárias para o valor valor acrescentado bruto ‑se em 2010 para 45% em 13% a UE27, não
quebra mais acentuada da acrescentado bruto. gerado pela indústria da média europeia. acompanhando o ritmo
formação bruta de capital transformadora nacional. de redução europeu.
fixo a nível europeu.
ECONOMIA
>
5000
>
2000
304

163

141

114
106
99 REFERENCIAL EUROPEU = 100 100

84 85 83
76
68
68

56

11 12 13 14 15
Comércio Viagens e turismo Transferências Investimento Balança externa
internacional comunitárias estrangeiro
Peso no PIB do débito Peso no PIB do saldo da
Peso das exportações da balança de viagens Peso no PIB do saldo Peso no PIB do stock de balança corrente, com
no PIB, com base e turismo, com base líquido das transferências entrada de investimento base no Banco Mundial
na AMECO. no Eurostat, face com a União Europeia, direto estrangeiro, e no Fundo Monetário
à média da UE12 em com base na Comissão com base na Cnuced. Internacional.
Em 1986, Portugal
1986, da UE15 em 1999 Europeia face à média
alinhava com o padrão A União Europeia Em 1986, Portugal e UE
e da UE27 em 2010. dos países da coesão
europeu na orientação recuperou o atraso face tinham excedente externo,
em 1992, 1999 e 2010.
exportadora, mas A relevância económica a Portugal quanto à sendo o português três
não acompanhou o dos bens e serviços O saldo entre o que relevância económica da vezes superior ao europeu.
crescente peso das adquiridos por turistas Portugal recebia e entrada de investimento Neste indicador, a seta
exportações na economia portugueses no transferia para a União direto estrangeiro, mas em vermelha só se aplica aos
europeia, divergindo estrangeiro ficava em 56% Europeia excedia em 2010 Portugal recuperava retratos de 1999 a 2010,
para 84% e para 75% da média da UE12 em 63% a média dos países parte do avanço face quando Portugal e UE
da média da UE27 em 1986, convergindo para da coesão em 1992, um à média da UE27. já tinham défice externo,
1999 e em 2010. 83% da média da UE15 avanço que já perdera sendo o português 20
em 1999 e para 85% da em 1999. O alargamento vezes maior em 1999 e
média da UE27 em 2010. a leste fez cair para 50 vezes maior em 2010.
dois terços da média
dos países da coesão as
transferências líquidas
recebidas por Portugal.
1986

1999
190 2010
183

128

115
100 104
100

80

38 46
42

16 17 18 19 20
I&D e inovação Posição Tecido Empresas de capital Financiamento
competitiva empresarial estrangeiro das empresas
Peso no PIB da despesa
em investigação e Relação entre o Peso do emprego em Peso do investimento Peso no PIB da dívida
desenvolvimento, custo salarial da empresas com menos direto estrangeiro no financeira empresarial,
com base no Eurostat, produção relativo e a de dez trabalhadores, investimento privado com base no Eurostat,
em 1999 e 2010. produtividade relativa com base no Eurostat, excluindo habitação, e excluindo o Reino
entre Portugal e a UE15 e face à média de vinte com base no Eurostat e Unido em 1999 e 2009.
Entre 1999 e 2010,
e estimado com base Estados­‑membros Banco Mundial, e para
Portugal aumentou o O endividamento
na Comissão Europeia. em 1999 e 2009. a média dos períodos
peso no PIB da despesa financeiro das empresas
1997/1999 e 2008/2010.
em investigação e A vantagem competitiva Em 1999, a relevância portuguesas excedia
desenvolvimento e que Portugal apresentava das empresas com menos Portugal contrastava a média das empresas
convergiu de 38% para face à média da UE15 foi de dez trabalhadores do padrão europeu europeias em mais de
80% da média da UE27. perdida em 1999 e em para o emprego face ao menor peso dos 80% em 1999 e em 90%
2010, por desequilíbrio nacional excedia em capitais estrangeiros em 2010, contabilizando
na relação entre 28% o referencial no investimento os empréstimos obtidos
produtividade e custos europeu, que recuperou privado na viragem do junto de instituições
salariais de produção face o atraso em relação a século. Pese embora de crédito e os títulos
a este referencial europeu. Portugal em 2009. a elevada volatilidade de dívida emitidos.
deste indicador, no
final da primeira
década do século xxi
Portugal mantinha­
‑se aquém de metade
da média europeia.
ECONOMIA

130
127
120
116
111
99
REFERENCIAL EUROPEU = 100 101
97
88
82 80
76 75
73

21 22 23 24 25
Banca e bolsa Sector empresarial Carga fiscal Despesa pública Dívida pública
do Estado e saldo orçamental
Peso no PIB do crédito Peso no PIB Peso no PIB da despesa
interno concedido Peso no PIB das ações dos impostos e das administrações Peso no PIB da dívida
pelo sector bancário e outras participações contribuições sociais públicas, com base na bruta das administrações
com base nos valores detidas pelas efetivas, com base Comissão Europeia. públicas, com base na
da União Europeia administrações públicas, na AMECO. Comissão Europeia.
Em 1986, as despesas
do Banco Mundial. com base na OCDE,
O peso no PIB dos públicas portuguesas A dívida pública
face a média de 18
Portugal acompanhou impostos e das ficavam 20% abaixo portuguesa excedia em
Estados­‑membros em
a crescente relevância a contribuições sociais em do padrão estimado 11% a média europeia
1999 e de 20 Estados­
nível europeu do crédito Portugal não chegava para a União Europeia. estimada para 1986.
‑membros em 2010.
bancário até 1999, a três quartos das Portugal reduziu a Caindo em contraciclo
revelando a aceleração da A relevância económica estimativas para a média diferença em 1999, com a tendência
última década um avanço do sector empresarial comunitária, subindo subindo em contraciclo europeia, fechou abaixo
já de 30% relativamente do Estado em Portugal para 76% da média da com a tendência europeia. do padrão europeu em
ao referencial europeu. excedia em 20% a UE27 em 1999. Em 2010, Em 2010, o peso no PIB 1999. Em virtude da
média dos Estados­ a carga fiscal no país das despesas públicas maior aceleração desde
‑membros disponíveis para ficava a quatro quintos portuguesas já excedia a viragem do século,
comparação em 1999. do referencial europeu. a média da UE27. Portugal voltou a exceder
Fruto da empresarialização em 16% o referencial
e da alteração de europeu em 2010.
funções do Estado, em
2010 o seu peso no PIB
mantinha­‑se acima do
referencial europeu.
Retratos
SOCIEDADE
SOCIEDADE

251

188

176

155

121 121

108
106 103 106
96
90

36

15

26 27 28 29 30
Coesão territorial Cidades e povoamento População Emigração e imigração Estrutura etária
Média ponderada dos Peso da população Taxa bruta de Contributo do saldo Índice de envelhecimento,
desvios do PIB per em áreas crescimento efetivo migratório para a que compara a população
capita das regiões de predominantemente da população, com base variação da população de 65 e mais anos com a
cada Estado­‑membro urbanas, com base no no Eurostat, nos anos anual, com base na população com menos
para a respetiva média Eurostat, e em relação de 1986, 1999 e 2009. PORDATA, nos anos de 15 anos, com base
nacional, com base no à média da UE15 de 1986, 1999 e 2009. no Eurostat, nos anos
O reduzido crescimento
Eurostat, e face aos em 1990 e 2000. de 1990, 1999 e 2010.
da população portuguesa Em 1986, era a
dois Estados­‑membros
A proporção de contrastava com a maior emigração dos Em 1990, o índice de
disponíveis com menor
portugueses a viver em dinâmica europeia portugueses que ampliava envelhecimento nacional
dispersão regional
áreas predominantemente em 1986. A situação o contributo do saldo era inferior ao europeu.
em 1999 e 2008.
urbanas excedia a média inverteu­‑se na viragem migratório para a A faixa etária dos mais
Em 1999, a dispersão da UE15 em 1990 e do século, mas em variação da população. idosos ultrapassou a dos
do PIB per capita entre manteve­‑se acima deste 2009 o crescimento da A crescente entrada de jovens mais rapidamente
as regiões portuguesas referencial em 2000. população portuguesa imigrantes e a menor em Portugal e, em 1999,
excedia em 76% a média Na comparação com a já abrandara para um saída de emigrantes o país já superava o índice
dos dois Estados­‑membros UE27, Portugal aumentou ritmo novamente inferior no país equilibrou este de envelhecimento da
mais bem posicionados a distância em 2010. ao referencial europeu. indicador com o padrão UE27, que entretanto
neste indicador. Em 2008, europeu em 1999, mas anulou parte do atraso
Portugal corrigiu para a tendência de nova face a Portugal até 2010.
55% a maior assimetria inversão destes fluxos
regional registada face a migratórios voltou a
este referencial europeu. afastar Portugal da
UE27 em 2009.
1986

1999

2010

124
116
107

96 97 97
90 91
86
79
74

62
57

31 32 33 34 35
Estruturas familiares Emprego e Trabalho e Empreendedorismo Rendimento
desemprego estrutura social e património
Peso das famílias sem Proporção do trabalho
filhos dependentes, com Taxa de desemprego, Peso dos trabalhadores por conta própria Peso dos rendimentos
base no Eurostat, nos com base na AMECO por conta de outrem na como empregador líquidos de propriedade
anos de 1999 e 2010. e face à média da população empregada, no total do emprego, no rendimento
UE15 em 1986. com base no Eurostat, com base no Eurostat, disponível bruto de
A proporção de famílias
em 1987, 1999 e 2010. e face a 20 Estados­ famílias e instituições
sem filhos dependentes Portugal partiu com
‑membros em 1987. sem fins lucrativos ao
em Portugal não chegava uma taxa de desemprego A proporção de
serviço das famílias,
a 80% da média europeia inferior à média da UE15 trabalhadores portugueses Em 1987, Portugal já
com base na AMECO,
em 1999, mas a sua e ficou a menos de 60% do por conta de outrem era alinhava com o referencial
nos anos de 1999 e
subida no país face à referencial da UE27 em inferior ao referencial europeu na proporção
2010, excluindo Malta.
estabilidade europeia 1999. Mas 2010 já retrata europeu em 1987, mas de trabalhadores
fez convergir este uma taxa de desemprego 1999 e 2010 retratam que exercendo uma Em 1999, o contributo
indicador para 90% 24% superior ao padrão já a convergência com atividade independente, dos rendimentos líquidos
da UE27 em 2010. europeu devido ao maior a média europeia, que empregavam um ou vários de propriedade para o
agravamento deste estabilizou neste período. trabalhadores na sua rendimento disponível das
indicador em Portugal. empresa. Em 1999, o famílias portuguesas ficava
país já superava a média a menos de dois terços
destes empreendedores na da média comunitária,
UE27 e 2010 acentuou referencial este que veio
o avanço para 16% recuando na primeira
devido ao maior recuo na década do século xxi
UE27 face a Portugal. para um nível mais
próximo do português.
SOCIEDADE

139
131
127
120
112
106
REFERENCIAL EUROPEU = 100
96
89

78
69
66

31

36 37 38 39 40
Poupança e Repartição Desigualdade Classe média Governação
endividamento do rendimento salarial
Peso na estrutura das Peso na carga fiscal das
e pobreza
Peso no PIB da dívida Diferença entre a profissões dos quadros despesas públicas com
bruta das famílias, Rácio S80/S20, entre a remuneração horária superiores e dirigentes pessoal e prestações
com base no Eurostat, proporção do rendimento média bruta entre e das profissões sociais que não em
face à média da área total recebida pelos homens e mulheres intelectuais e científicas, espécie, com base
do euro nos anos 20% da população com assalariados como com base no Eurostat, na AMECO, face à
de 1999 e 2010. maiores rendimentos percentagem da em 1992, 1999 e 2010. média de 11 Estados­
e pelos 20% da remuneração horária ‑membros em 1986.
Em 1999, o endividamento A representatividade
população com menores média bruta dos
das famílias portuguesas dos quadros superiores e Em 1986, Portugal ainda
rendimentos, com base no homens, com base no
excedia o referencial dirigentes e das profissões apresentava uma margem
Eurostat, e face à média Eurostat, nos anos
europeu em 6%, intelectuais e científicas de manobra orçamental
da UE15 em 1999 e 2010. de 1999 e 2010.
superando já em 31% na estrutura de profissões ligeiramente superior ao
a média da área do A desigualdade na Em 1999, Portugal não alcançava 90% do referencial europeu, mas
euro em 2010. repartição do rendimento apresentava cerca de padrão europeu em 1992. o peso na carga fiscal
em Portugal excedia em um terço da disparidade O recuo deste indicador das despesas com pessoal
perto de 40% o padrão salarial entre homens e em Portugal explica a rota e prestações sociais
europeu em 1999. O ano mulheres registada a nível de divergência em relação já excedia a média da
de 2010 retrata uma europeu. O agravamento ao referencial europeu. UE27 em 20% em 1999
convergência neste indicador da desigualdade de e em 27% em 2010.
devido ao movimento remunerações por género
duplo do indicador que no país é retratado na
melhorou em Portugal e maior convergência com o
regrediu a nível da UE15. padrão europeu em 2010.
1986

1999

2010

147
137

120
112
107
100
90

75
68 71
63
58
55 52

41 42 43 44 45
Proteção social Nível de educação Serviços de educação Saúde Habitação
Peso no PIB da despesa Peso da população Peso no PIB da despesa Taxa de mortalidade Peso no PIB da formação
com prestações sociais, entre os 15 e os 64 anos pública em educação, infantil, com base bruta de capital fixo em
excluindo transferências de idade com ensino com base no Eurostat, nos valores da habitação, com base na
sociais em espécie, com secundário ou ensino nos anos de 1999 e 2009. União Europeia AMECO, face à média
base em AMECO, e face superior completado, disponibilizados pelo da UE15 em 1991.
Portugal apresentou
à média de dez Estados­ com base em Barro­‑Lee Banco Mundial.
um nível de despesa O investimento na
‑Membros em 1986. Educational Attainment
pública em educação A taxa de mortalidade aquisição de casa própria
Dataset, nos anos de
Portugal gastava comparativamente infantil em Portugal em Portugal superava em
1985, 2000 e 2010.
comparativamente metade superior à UE27 em excedia em 20% a média 37% a média da UE15 em
do referencial europeu Em 1985, a proporção 1999 e em 2009. europeia em 1986. 1991 e em quase 50% a
com prestações sociais da população portuguesa Em 1999, Portugal já média da UE27 em 1999.
em 1986. A convergência que completara o estava abaixo deste Mas a desaceleração
fez­‑se num quadro de ensino secundário ou referencial, acentuando desde a viragem do
estabilidade destes gastos superior ficava a metade a vantagem em 2010. século retrata Portugal
a nível da UE27, subindo do padrão europeu. já 25% abaixo do padrão
Portugal de 68 % para O ritmo de qualificação europeu em 2010.
100 % da média europeia dos portugueses não
entre 1999 e 2010. chegou para aumentar a
convergência com a média
europeia além dos 58%
em 2000, ficando ainda
aquém de dois terços do
padrão europeu em 2010.
SOCIEDADE

1986

1999

186 2010

123

100 REFERENCIAL EUROPEU = 100 102


98
92
82
79
70 72
64
59
51

29

46 47 48 49 50
Conforto da habitação Ambiente Mobilidade Lazer e cultura Sociedade
da informação
Peso da população Emissão de gases com Densidade da Peso do lazer, recreação
com acesso a efeito de estufa, com rede nacional de e cultura no consumo Número de utilizadores
instalações sanitárias, base no Eurostat, autoestradas, com base final dos agregados de internet por 100
com base nos valores nos anos de 1990, no Eurostat, face a domésticos, com base habitantes, com base
da União Europeia 1999 e 2010. média de 13 Estados­ no Eurostat, nos anos no Eurostat, nos anos
disponibilizados pelo ‑membros em 1986, de 1999 e 2010. de 1991, 1999 e 2010.
As emissões de gases com
Banco Mundial, e face 25 Estados­‑membros
efeito de estufa do país Em 1999, as despesas com A percentagem de
à média da área do euro em 1999 e 24 Estados­
ficavam em metade do cultura e lazer das famílias utilizadores de internet
em 1990, 2000 e 2010. ‑membros em 2009.
nível comunitário em 1990. portuguesas não atingiam do país não atingia
Em 1990, a população Acelerando em Portugal, A densidade de dois terços da média dois terços da média
portuguesa com acesso contra a tendência autoestradas em Portugal europeia, convergindo europeia em 1991.
a instalações sanitárias europeia, convergiram não chegava a 30% do para um patamar acima Portugal convergiu
era inferior à média para 79% da média da referencial europeu dos 80% do padrão com o padrão europeu
da área do euro, mas o UE27 em 1999, mas em 1986. Em 1999, europeu em 2010. em 1999, mas não foi
país recuperou o atraso recuaram para 70% deste já superava em 23% o capaz de acompanhar a
em 1999 e já alinhava referencial em 2010. crescente referencial posterior generalização da
com este referencial europeu, aumentando internet a nível europeu,
europeu em 2010. para 86% a distância face recuando para menos de
à média disponível para três quartos da média
24 Estados­‑membros da da UE27 em 2010.
União Europeia em 2009.
III
Fundos
Evolução do financiamento
estrutural da UE a Portugal
Sobre os fundos
Este terceiro capítulo apresenta uma síntese da evolução da política de coesão
da União Europeia e dos financiamentos disponibilizados ao longo dos quatro
grandes ciclos que enquadraram os apoios estruturais a Portugal:
• o I Quadro Comunitário de Apoio (QCAI), para o período 1989-1993;
• o II Quadro Comunitário de Apoio (QCAII), para o período 1994-1999;
• o III Quadro Comunitário de Apoio (QCAIII), para o período 2000-2006;
• e o Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), para o período
2007-2013.

Três dimensões de análise compõem o presente capítulo. Primeiro, acom-


panha-se a evolução da política de coesão da União Europeia e dos diferentes
fundos que a concretizam. Depois, contextualiza-se a programação dos fundos
estruturais e de coesão nas similitudes e especificidades que caraterizam os
quatro grandes ciclos que enquadram a política de coesão em Portugal.
O apuramento dos montantes dos fundos estruturais e de coesão efe-
tivamente aplicados pelo país até ao final do ano de 2011 é apresentado no
final deste capítulo, incluindo a sua distribuição por fundo, pelos quatro
grandes ciclos temporais, por regiões e por áreas de intervenção, bem como
uma comparação dos montantes recebidos com os restantes Estados-membros
da União Europeia.
No apuramento do volume de financiamento estrutural programado
e aplicado pelo país, foram considerados os seguintes fundos:
• o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) e o Fundo
Social Europeu (FSE) enquanto fundos estruturais de base;
• a secção Orientação do Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola
(FEOGA-O) e o Instrumento Financeiro de Orientação da Pesca (IFOP),
enquanto componentes estruturais das políticas europeias de apoio aos
sectores agrícola e das pescas entre 1989 e 2006;
• o Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER) e o
Fundo Europeu das Pescas (FEP) entre 2007 e 2013;
• o Fundo de Coesão, enquanto instrumento de apoio ao desenvolvimento
dos países menos prósperos da União Europeia.

437
A
A política de coesão da União Europeia
É relativamente recente a coesão económica, social e territorial que hoje A redução
conhecemos como um dos pilares estratégicos e um dos desígnios políticos da disparidade
entre os níveis
fundamentais da União Europeia. de desenvolvimento
É verdade que a criação da Comunidade Económica Europeia (CEE), das regiões é um
dos desígnios
simbólica e juridicamente marcada pela aprovação do Tratado de Roma, em
fundamentais da
1957, assumiu o objetivo de promover a correção das desigualdades entre os União Europeia.
seus Estados-membros.
Todavia, deveremos tomar em consideração que a Europa era então mar-
cada pela memória e pelos efeitos da Grande Depressão mundial dos anos 30 e
40, que provocou reduções dramáticas nos rendimentos familiares, na atividade
económica e no comércio mundial, e que conduziu a enormes crescimentos
no desemprego, na pobreza e nas disparidades.
Os impactos destes profundos desequilíbrios estruturais seriam significati-
vamente agravados pela II Guerra Mundial, particularmente incidente na Europa.
Compreender-se-á que, nesta envolvente, as prioridades dos Estados
fundadores da Comunidade Económica Europeia (Bélgica, França, Itália,
Luxemburgo, Holanda e Alemanha) não privilegiavam a prossecução da coesão
económica, social e territorial, mas a reconstrução europeia.
Os objetivos fundamentais visavam a expansão da economia, a criação
de emprego e a melhoria das condições de vida. Não esqueciam também a
dimensão política inerente, sobretudo, à prevenção de futuros conflitos béli-
cos no território europeu, bem como aos fatores considerados fundamentais
para a reconstrução: a prossecução de atuações concertadas nos domínios
das matérias-primas fundamentais (subjacentes à CECA, mercado comum do
carvão e do aço), da capacidade energética (Euratom, comunidade europeia da
energia atómica) e do abastecimento das populações (política agrícola comum).
Acrescentam-se a estas prioridades originais as relativas à promoção do
emprego e que justificaram a criação do Fundo Social Europeu (FSE), em
1957, no Tratado de Roma.
A este primeiro fundo estrutural juntar-se-ia, em 1975, o Fundo Europeu
de Desenvolvimento Regional (FEDER), explicitamente vocacionado para
a correção das disparidades de desenvolvimento entre as regiões europeias.

439
Coesão e alargamento

É importante assinalar que a criação do Fundo Europeu de Desenvolvimento


Regional é simultânea com o alargamento da Comunidade Económica Europeia
a três novos membros (Dinamarca, Irlanda e Reino Unido) – ou seja, com a
perceção política de alterações substantivas no crescimento das disparidades
regionais e com a necessidade de satisfazer exigências específicas destes Estados.
De facto, a modificação mais substancial na política comunitária de coe-
são teria lugar com os alargamentos da Comunidade Económica Europeia aos
Estados do Sul – Grécia em 1981 e, especialmente, Espanha e Portugal em 1986.
Estes alargamentos corresponderam à integração na Comunidade
Económica Europeia de economias e sociedades significativamente menos
desenvolvidas do que as dos então Estados-membros, traduzindo-se, portanto,
num crescimento marcante das disparidades regionais.
Nesta envolvente, Jacques Delors, presidente da Comissão Europeia
de 1985 a 1994, dinamizou também a concretização de ambições latentes na
Comunidade: a criação do mercado interno e a consolidação da coesão eco-
nómica e social, consagradas no Ato Único Europeu de 1986, e, mais tarde, a
união económica e monetária.
Nesta conceção holística da comunidade e dos seus desígnios, as dimen-
sões estratégicas que a integram não são entendidas nem prosseguidas de modo
isolado, mas como complementares, num processo que se pretende integrado
e concretizado através de atuações que conjuntamente visam finalidades de
interesse comum para os Estados-membros (Tabela A.1).

440
Tabela A.1. Cronologia do aprofundamento e alargamento da União Europeia | 1957 a 2012
1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010

1957: Tratado de Roma As disparidades


1959: EFTA regionais no seio
1965: Tratado de Fusão da União Europeia
1979: Sistema Monetário Europeu foram­‑se acentuando
1986: Ato Único Europeu com os sucessivos
1992: Tratado de Maastricht alargamentos,
1997: Tratado de Amesterdão tornando cada vez
1999: Introdução do Euro mais importante o
2001: Tratado de Nice papel da política
1957: Alemanha Ocidental + Bélgica + França + Itália + 2004: Constituição Europeia de coesão europeia.
Luxemburgo + Países Baixos
2007: Tratado de Lisboa
1973: Dinamarca + Irlanda + Reino Unido
2012: Tratado sobre
1981: Grécia Estabilidade,
Coordenação e
1986: Espanha + Portugal Governação da União
Económica e Monetária
1990: Reunificação Alemanha

1995: Áustria + Finlândia + Suécia

2004: Chipre + Eslováquia + Eslovénia


+ Estónia + Hungria + Letónia +
Lituânia + Malta + Polónia + República
Aprofundamento Checa
Alargamento Fonte: Augusto Mateus
2007: Bulgária + Roménia
& Associados

Mesmo tendo em conta os efeitos territorialmente diferenciados das


ações realizadas em cada uma dessas dimensões, é de sublinhar a importância
da consideração da Comissão Europeia (1996) de que “os desequilíbrios não
implicam apenas piores condições de vida para as regiões menos desenvolvidas mas,
também, a subutilização do potencial humano e a incapacidade de tirar partido
das oportunidades económicas existentes que beneficiariam o conjunto da União”.
Instituído em 1992, o Fundo de Coesão (FC) é criado nesta envolvente
que também reforça ou institui dois outros importantes instrumentos finan-
ceiros estruturais: a secção Orientação do Fundo Europeu de Orientação e
Garantia Agrícola (FEOGA-O) e o Instrumento Financeiro de Orientação da
Pesca (IFOP).
Dotada de cinco instrumentos de financiamento (Fundo Social Europeu,
Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, Fundo de Coesão, Fundo
Europeu de Orientação e Garantia Agrícola – secção Orientação e Instrumento
Financeiro de Orientação da Pesca), e apoiada pelo Banco Europeu de
Investimento (BEI) e pelo Fundo Europeu de Investimento (FEI), a política
de coesão económica e social adquire significativa relevância, tanto pelas
caraterísticas e propriedades que lhe são atribuídas, como pelas dotações
financeiras que lhe são associadas.
As dimensões estratégica e operacional das reformas da política de coesão,
vulgarmente conhecidas como Pacotes Delors I (1989-1992) e II (1993-1999)

441
consagram, na verdade, uma transformação profunda da ação comunitária na
correção dos desequilíbrios regionais de desenvolvimento.
Esta transformação traduz-se, fundamentalmente, na substituição do
modo de funcionamento dos fundos estruturais, até então caraterizado pelo
financiamento atomizado de ações de desenvolvimento e de projetos de inves-
timentos propostos pelos Estados-membros aos serviços da Comissão Europeia.
Com base nas disposições do Ato Único Europeu e na sequência das
propostas da Comissão aprovadas pelo Conselho Europeu, a partir de 1988
os regulamentos dos fundos estruturais estabeleceram princípios comuns ao
funcionamento de todos os instrumentos financeiros da política de coesão
económica e social:
• a concentração dos recursos financeiros nas regiões menos desenvolvidas
da Comunidade Económica Europeia;
• a parceria entre a Comissão, os Estados e as autoridades regionais na
programação, execução e acompanhamento das ações e investimentos
apoiados;
• a programação plurianual do financiamento e das intervenções;
• a adicionalidade dos financiamentos estruturais comunitários relativa-
mente às dotações financeiras nacionais para investimento.

Estes quatro princípios estruturantes da política de coesão económica


e social da Comunidade Económica Europeia foram objeto de sucessivas
adaptações e ajustamentos ao longo do tempo que, todavia, não prejudicaram
a arquitetura hoje conhecida.
Estas componentes estruturantes da política comunitária de coesão
asseguram que as regiões que revelam pior situação ou desempenho face aos
valores médios comunitários, aferidos por referência à riqueza e ao emprego,
recebam a maior parte das dotações atribuídas pelo orçamento da Comunidade
Económica Europeia à coesão económica e social.
Os princípios consagrados garantem a gestão partilhada, com a Comissão,
dos instrumentos financeiros, envolvendo a negociação dos objetivos pros-
seguidos e das modalidades de prossecução, bem como o acompanhamento,
a avaliação e a monitorização dos procedimentos adotados, das realizações e
dos resultados, num edifício de governança adaptado às caraterísticas cons-
titucionais e institucionais dos Estados-membros, designadamente no que
respeita à efetiva intervenção dos parceiros económicos e sociais e das auto-
ridades regionais e locais.
A programação da intervenção dos fundos estruturais, suportada em
orçamentos comunitários plurianuais, viabiliza a segurança e a previsibilidade
temporal dos apoios financeiros da Comunidade. Por outro lado, também exige

442
o estabelecimento de estratégias de desenvolvimento nacionais (sectoriais ou
temáticas) e regionais (territoriais) de médio prazo, bem como a explicitação
das formas e modalidades da respetiva concretização operacional, em especial
nos Quadros Comunitários de Apoio (entretanto redenominado Quadro de
Referência Estratégico Nacional e, no futuro, Acordo de Parceria) e, de modo
mais detalhado, nos programas operacionais.
O objetivo de garantir que os financiamentos estruturais comunitários
não substituam o esforço nacional de investimento mas, antes, aumentem
(ou assegurem a alavancagem) das capacidades e possibilidades nacionais de
concretização de investimentos e ações de desenvolvimento conduziu ainda
ao estabelecimento do princípio da adicionalidade.

Tabela A.2. Fundos estruturais e financiamento da política de coesão na União Europeia


| 1957 a 2010
1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010

1957: Fundo Social Europeu A política de coesão


1962: Política agrícola comum +Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola ganhou relevância
1964: Secção Orientação do Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola na União Europeia,
1975: Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional
atingindo perto de
1984: I Programa Quadro de I&D
um terço das dotações
orçamentais a nível
1987: Programa Erasmus
comunitário.
1988: Coesão Económica e Social + Pacote Delors I

1992: Pacote Delors II + Fundo de Coesão

1993: Instrumento Financeiro de Orientação da Pesca

2000: Estratégia de Lisboa

2007: Coesão Económica,


Social e Territorial

2010: Estratégia UE 2020

Política de coesão 1988-1992


= 64 mil milhões de ECU

Política de coesão 1993-1999


= 168 mil milhões de ECU

Política de coesão 2000-2006


= 225 mil milhões de euros

Política de coesão 2007-2013


= 347 mil milhões de euros
Fonte: Augusto Mateus
& Associados

443
Financiamento da coesão

A dimensão financeira da coesão económica e social também se altera significati-


vamente ao longo do tempo. Esta evolução, de sentido positivo, é especialmente
evidenciada a partir de 1988, tanto em termos absolutos como comparativamente
ao financiamento de outras políticas comunitárias como a agrícola.
De facto, embora as dotações orçamentais dos fundos estruturais tenham
crescido cerca de oito vezes entre 1975 e 1984, representavam apenas 12% dos
montantes atribuídos à política agrícola comum nesta última data.
Estes níveis de financiamento da política de coesão económica e social
duplicariam para cerca de 64 mil milhões de ECU (a unidade de conta euro-
peia) nas designadas perspetivas financeiras 1988-92, correspondendo a cerca
de 30% das dotações orçamentais totais.
Mantendo, tendencialmente, esta proporção orçamental, voltariam a
aumentar para 168 mil milhões de ECU nas perspetivas financeiras 1993-99,
para 225 mil milhões de euros entre 2000 e 2006, e para 347 mil milhões de
euros no período 2007-2013 (Tabela A.2).
Embora seja previsível a continuidade das proporções referidas, o ciclo
de ação comunitária 2014-2020 será inequivocamente marcado pela decisão
do Conselho Europeu de diminuição do orçamento comunitário em valores
absolutos.

Dimensão territorial da coesão

Embora a União Europeia tenha conhecido importantes desenvolvimentos,


a arquitetura da coesão económica e social não foi significativamente alterada
a partir da conceção estratégica e operacional protagonizada por Delors.
Esta demonstração de resiliência – que pode ser também entendida
como conservacionista – verifica-se mesmo perante sucessivos e importantes
alargamentos:
• à Alemanha Oriental, decorrente da unificação alemã em 1990;
• à Áustria, Suécia e Finlândia em 1995;
• e, com consequências mais significativas na perspetiva da coesão, a um
conjunto alargado de Estados do Leste Europeu em 2004 e 2007 – Malta,
Chipre, Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia, República Checa, Eslováquia,
Eslovénia, Hungria, Bulgária e Roménia.

É relevante assinalar a consolidação, no Tratado de Maastricht de 1993,


dos três pilares estruturais da União – comunidades europeias e políticas

444
comunitárias, política comum externa e de segurança e cooperação policial e
judicial em assuntos criminais.
Posteriormente, o Tratado de Lisboa de 2007 procederia à unificação da
atuação comunitária e introduziria importantes alterações de natureza ins-
titucional da União Europeia, bem como alterações respeitantes ao processo
de decisão e às competências atribuídas aos seus órgãos.
O alargamento das responsabilidades assumidas pela União Europeia, seja
nas políticas comunitárias geridas diretamente pelas instituições comunitárias
ou por aquelas onde a governação é partilhada com os Estados-membros, reduz
naturalmente a notoriedade e o impacto da coesão económica e social, em
particular quando os desafios que se colocam à União Europeia nos domínios
económico, financeiro, geoestratégico e civilizacional são progressivamente
mais complexos, mobilizando atuações diversificadas e exigindo recursos
orçamentais e organizativos elevados.
Nesta envolvente dinâmica, o Tratado de Lisboa consagra explicitamente
a integração da dimensão territorial na coesão económica e social: “A fim de
promover um desenvolvimento harmonioso do conjunto da União, esta desenvolverá
e prosseguirá a sua ação no sentido de reforçar a sua coesão económica, social e
territorial. Em especial, a União procurará reduzir a disparidade entre os níveis
de desenvolvimento das diversas regiões e o atraso das regiões menos favorecidas”.
Esta formulação revela um desígnio ambicioso, cuja concretização deveria
influenciar a natureza da política de coesão e as suas interações e complemen-
taridades com outras políticas comunitárias. O desenvolvimento harmonioso
da União Europeia deverá ser concretizado através do reforço da coesão eco-
nómica, social e territorial, prosseguindo não apenas o objetivo de promover
a correção dos atrasos regionais de desenvolvimento mas, sobretudo, o de
assegurar a efetiva convergência entre as várias expressões das disparidades
regionais, como riqueza, prosperidade, competitividade ou emprego.
A valorização da dimensão territorial da política comunitária de coesão,
pelo Tratado de Lisboa, corresponde ao reconhecimento de que o território
deixará de ser apenas o referencial para a concretização de ações e de investi-
mentos de natureza económica e social.
O território passa a protagonizar as dimensões estruturantes das políti-
cas públicas de desenvolvimento e assume-se como ator e agente da respetiva
conceção e execução, sendo prematuro antecipar as alterações que a coesão
territorial provocará no alcance e na abrangência das orientações e normativos
comunitários (Tabela A.3).
Para 2014-2020, indicia-se um processo rápido e significativo de trans-
formação da política de coesão da União Europeia, no qual se combinam a
valorização da coordenação e integração territorial e urbana de intervenções

445
e de financiamentos com a tendencial uniformização à escala europeia dos
objetivos e prioridades prosseguidas para “reduzir a disparidade entre os níveis
de desenvolvimento das diversas regiões e o atraso das regiões menos favorecidas”.

Tabela A.3. Referenciais estratégicos dos ciclos de programação dos fundos estruturais
e de coesão | 1989 a 2013
1989­‑93 1994­‑99 2000­‑06 2007­‑13
A dimensão
territorial da coesão Ato Único Europeu Tratado de Maastricht Estratégia de Lisboa Estratégia de Lisboa
foi valorizada pelo • mercado interno • União Económica (economia baseada Renovada
Tratado de Lisboa. e Monetária no conhecimento) • condições para
• coesão económica
e social • três pilares da União • crescimento, investir e trabalhar
Europeia emprego e coesão • c onhecimento
Coesão
social e inovação
• integração dos fundos Coesão
• estratégia de • mais e melhor
• redução das • duplicação dos
desenvolvimento emprego
diferenças regionais fundos estruturais
sustentável
de desenvolvimento para os Estados­ Coesão
‑membros da coesão Coesão
e do atraso das • fundos para
regiões menos com criação do • Agenda 2000: desenvolvimento
favorecidas Fundo de Coesão novo paradigma rural e das pescas
da Estratégia de não são considerados
• duplicação dos
Lisboa e alargamento estruturais
Fonte: Augusto Mateus fundos estruturais
& Associados da União Europeia

Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional | FEDER

Instituído em 1975, o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional adqui-


riu uma posição significativa no conjunto dos fundos estruturais da União
Europeia, em resultado das dotações financeiras que lhe são consagradas.
Os elevados níveis de recursos do Fundo Europeu de Desenvolvimento
Regional decorrem da abrangência e relevância dos seus domínios de inter-
venção, que compreendem as infraestruturas e os equipamentos públicos,
o apoio às empresas (designadamente PME) e ao investimento empresarial,
o financiamento dos investimentos no domínio do ambiente e do desenvol-
vimento sustentável, os instrumentos de engenharia financeira e, ainda, as
ações e intervenções dirigidas ao aproveitamento do potencial endógeno e à
promoção do desenvolvimento territorial e urbano.
Esta multiplicidade de atuações é reconhecida na formulação das suas
finalidades no Tratado de Lisboa: “O Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional
tem por objetivo contribuir para a correção dos principais desequilíbrios regionais na
União através de uma participação no desenvolvimento e no ajustamento estrutural
das regiões menos desenvolvidas e na reconversão das regiões industriais em declínio”.

446
A referida abrangência dos domínios de financiamento do Fundo Europeu de
Desenvolvimento Regional tem conhecido progressivo alargamento (Tabela A.4).
As responsabilidades funcionais e temáticas do Fundo Europeu de
Desenvolvimento Regional deverão continuar a ser ampliadas no futuro.
A consagração da dimensão territorial da política de coesão da União Europeia
traduzir-se-á, seguramente, tanto em novos domínios de financiamento, como
em exigências acrescidas sobre a intervenção deste fundo estrutural em pro-
gramas integrados de desenvolvimento de base regional, sub-regional e local,
designadamente urbanos.
As propostas da Comissão para o período 2014-2020 evidenciam já sinais
claros desta evolução, seja ao privilegiarem a preparação e execução de abor-
dagens integradas de desenvolvimento territorial e urbano, seja ao generali-
zarem a possibilidade de financiamento da habitação pelo Fundo Europeu de
Desenvolvimento Regional em todos os Estados-membros da União Europeia.

Tabela A.4. Domínios de intervenção e de financiamento potencial do Fundo Europeu


de Desenvolvimento Regional | 1989 a 2013
1989­‑93 1994­‑99 2000­‑06 2007­‑13
O FEDER visa corrigir
investimentos investimentos investimentos investimentos os desequilíbrios
produtivos produtivos produtivos produtivos regionais e promover
o desenvolvimento
infraestruturas infraestruturas infraestruturas infraestruturas
e a reconversão das
potencial endógeno potencial endógeno potencial endógeno potencial endógeno regiões.

ambiente ambiente ambiente ambiente e prevenção


de riscos

educação e saúde educação e saúde educação e saúde

I&DT I&DT I&DT, inovação


e empreendedorismo

sociedade sociedade
da informação da informação

turismo e cultura turismo

cultura

energias renováveis energia

habitação (novos
Estados­‑membros)
Fonte: Augusto Mateus
assistência técnica assistência técnica assistência técnica assistência técnica & Associados

447
Fundo Social Europeu | FSE

O Fundo Social Europeu foi criado pelo Tratado de Roma, em 1957.


O Fundo Social Europeu distingue-se por ser, cronologicamente, o pri-
meiro dos fundos estruturais da União Europeia e, sobretudo, por se dirigir
às pessoas, no quadro dos desígnios e objetivos da coesão económica, social e
territorial, em particular, à qualificação e à formação profissional, à promoção
do emprego e ao combate à exclusão.
Tendo sido objeto de várias reformas, dirigidas a focalizar as suas interven-
ções em domínios prioritários face às circunstâncias envolventes, o Tratado de
Lisboa, em vigor, consagrou o Fundo Social Europeu do modo seguinte: “A fim
de melhorar as oportunidades de emprego dos trabalhadores no mercado interno e
contribuir assim para uma melhoria do nível de vida, é instituído um Fundo Social
Europeu, nos termos das disposições seguintes, que tem por objetivo promover facilida-
des de emprego e a mobilidade geográfica e profissional dos trabalhadores na União,
bem como facilitar a adaptação às mutações industriais e à evolução dos sistemas
de produção, nomeadamente através da formação e da reconversão profissionais.”
Os domínios de intervenção e de financiamento potencial – as designadas
elegibilidades – do Fundo Social Europeu têm também evoluído ao longo do
tempo (Tabela A.5).

Tabela A.5. Domínios de intervenção e de financiamento potencial do Fundo Social


A qualificação, a Europeu | 1989 a 2013
formação profissional,
a promoção do 1989­‑93 1994­‑99 2000­‑06 2007­‑13
emprego, bem como formação e orientação formação profissional políticas ativas aumento
a inclusão social dos profissional (ativos, funcionários de emprego da adaptabilidade
mais desfavorecidos, públicos, formadores, dos trabalhadores,
são os grandes sistemas de educação empresas
objetivos do FSE. secundária e superior) e empresários

apoios à contratação adaptação de aprendizagem melhoria do acesso ao


trabalhadores ao longo da vida emprego e à inclusão
ameaçados pelo (formação, educação sustentável no
desemprego e aconselhamento) mercado de trabalho
de desempregados
e inativos

orientação e integração ocupacional promoção reforço da inclusão


aconselhamento para de desempregados da igualdade social das pessoas com
desempregados de de longa duração, de oportunidades deficiência
longa duração de jovens e de pessoas
excluídas

ações nos recursos igualdade de qualificação do capital


humanos de dois oportunidades entre humano
ou mais Estados­ homens e mulheres
‑membros

448
1989­‑93 1994­‑99 2000­‑06 2007­‑13

ações inovadoras promoção de


parcerias, pactos e
iniciativas através de
redes de stakeholders
relevantes
Fonte: Augusto Mateus
assistência técnica assistência técnica assistência técnica assistência técnica & Associados

Fundos para desenvolvimento rural | FEOGA-O e FEADER

O apoio ao desenvolvimento rural constitui o cerne das intervenções da


secção Orientação do Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola
(FEOGA-O) no período 1989-2006. Na vigência do Quadro de Referência
Estratégico Nacional (2007-2013), foi substituído pelo Fundo Europeu Agrícola
de Desenvolvimento Rural (FEADER).
O Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola foi instituído
em 1962, no âmbito da política agrícola comum, tendo a secção Orientação
surgido em 1964, exclusivamente para financiamento à política de desen-
volvimento rural da União Europeia. Este fundo está vocacionado para
intervenções que poderão designar-se envolventes da atividade agrícola
diretamente produtiva e orientada para o mercado, nomeadamente ações e
investimentos dirigidos ao ajustamento estrutural das explorações agrícolas,
incluindo os apoios às comunidades agrícolas, à instalação de jovens agricul-
tores, à transformação e comercialização de produtos agrícolas e florestais
e ao associativismo (Tabela A.6).
Objeto da orientação estratégica adotada pela política de coesão da União
Europeia a partir de 1988, o apoio ao desenvolvimento rural deixa de ser
considerado como fundo estrutural entre 2007 e 2013, período em que os
instrumentos financeiros da coesão económica e social se circunscreveram
ao Fundo Social Europeu, ao Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional
e ao Fundo de Coesão.
Esta segregação será de novo alterada entre 2014 e 2020, com a sua rein-
tegração no conjunto dos fundos estruturais. A evolução assim verificada
encontra-se necessariamente articulada com a valorização da dimensão ter-
ritorial da política comunitária de coesão, uma vez que o desenvolvimento
rural desempenha um papel de grande relevância para o aproveitamento das
oportunidades de criação de riqueza e de emprego em programas e iniciativas
de âmbito territorial, em particular sub-regional.
Este fundo tem sido muito relevante na dinamização de estratégias e
programas de desenvolvimento rural, lideradas e animadas por grupos de ação

449
local (GAL). A experiência adquirida nestas iniciativas e o reconhecimento
dos resultados alcançados com este modelo de atuação conduziram, aliás, a
Comissão Europeia a propor o alargamento da abordagem grupos de ação
local aos processos de desenvolvimento territorial financiados por outros
fundos estruturais.
O elenco e as alterações verificadas nas elegibilidades deste fundo são
apresentados na tabela seguinte

Tabela A.6. Domínios de intervenção e de financiamento potencial do Fundo Europeu


de Orientação e Garantia Agrícola – secção Orientação | 1989 a 2006
1989­‑93 1994­‑99 2000­‑06
Os apoios ao
desenvolvimento rural ajustamento estrutural das explorações agrícolas (equilíbrio competitividade das fileiras
de natureza estrutural entre a produção e o mercado, comunidades agrícolas viáveis, agroflorestais
visam a promoção instalação de jovens agricultores, eficiência nas explorações
da competitividade agrícolas, transformação e comercialização de produtos
agrícola, a gestão agrícolas e florestais, associativismo de produtores)
sustentável do espaço proteção do ambiente desenvolvimento sustentável multifuncionalidade
rural e a dinamização e da paisagem do ambiente rural da explorações agrícolas
das zonas rurais.
desenvolvimento das desenvolvimento das qualidade e inovação
infraestruturas rurais infraestruturas rurais da produção

emparcelamento emparcelamento potencial específico


dos territórios rurais

irrigação irrigação condições de vida e de


trabalho dos agricultores
e das populações rurais

turismo e artesanato turismo e artesanato organização, associação


e iniciativa dos agricultores

floresta

transformação
e comercialização
dos produtos
Fonte: Augusto Mateus
& Associados assistência técnica assistência técnica assistência técnica

Fundos para as pescas | IFOP e FEP

O Instrumento Financeiro de Orientação da Pesca (IFOP) foi criado em 1993


para apoiar a concretização dos objetivos da política estrutural da pesca:
a adaptação da capacidade da frota às possibilidades de pesca, a fim de evitar
a sobreexploração dos recursos, através da modernização da frota e do aumento
da sua competitividade, bem como promover o desenvolvimento integral das
zonas costeiras dependentes da pesca (Tabela A.7).

450
Evidenciando articulação com a governança da política agrícola comum,
designadamente no que respeita ao desenvolvimento rural, o Instrumento
Financeiro de Orientação da Pesca recebe um tratamento comunitário equiva-
lente, entre 2007 e 2013, ao Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola
– Secção Orientação, quando deixa de integrar o elenco dos fundos estruturais
da União Europeia e é substituído pelo Fundo Europeu das Pescas (FEP).
Também como o Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola –
Secção Orientação, a situação inverter-se-á no período 2014-2020, pela valori-
zação da dimensão territorial da política de coesão (que naturalmente inclui
as zonas dependentes da pesca) e pelas novas valências que receberá enquanto
fonte de financiamento da política marítima europeia.
Este instrumento financeiro, que as propostas da Comissão redenomi-
nam, no período 2014-2020, Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das
Pescas (FEAMP), alargará subsequentemente as suas atuações, cobrindo as
seguintes temáticas:
• promoção da pesca e da aquicultura sustentáveis e competitivas;
• fomento do desenvolvimento e implementação da política marítima
integrada da União, de modo complementar à política de coesão e à polí-
tica comum da pesca;
• promoção do desenvolvimento territorial equilibrado e inclusivo das
zonas de pesca (incluindo aquicultura e pesca interior);
• contribuição para a implementação da política comum da pesca.

Tabela A.7. Domínios de intervenção e de financiamento potencial do Instrumento


Financeiro de Orientação da Pesca | 1989 a 2006
1989­‑93 1994­‑99 2000­‑06
O IFOP veio apoiar
reestruturação, renovação reestruturação, renovação a concretização
e modernização da frota de pesca e modernização da frota de pesca da política estrutural
da pesca.
transformação e comercialização transformação e comercialização
dos produtos da pesca e aquicultura dos produtos da pesca e aquicultura

aquicultura aquicultura

pesca exploratória pesca costeira

equipamentos nos portos de pesca equipamentos nos portos de pesca

procura de novos mercados procura de novos mercados

projetos­‑piloto e de demonstração cessação temporária de atividade

proteção dos recursos marítimos

ações inovadoras
Fonte: Augusto Mateus
assistência técnica assistência técnica & Associados

451
Fundo de Coesão | FC

As especificidades do Fundo de Coesão conduzem a que não seja rigorosa-


mente considerado um fundo estrutural da União, sendo antes um fundo de
caráter estrutural.
Instituído em 1992, no contexto das negociações comunitárias relati-
vas à adoção do Pacote Delors II, num processo associado frequentemente à
satisfação das exigências financeiras de alguns Estados-membros, o Fundo de
Coesão é caraterizado pelos dois domínios de financiamento onde intervém
– ambiente e desenvolvimento sustentável e infraestruturas de transportes
no âmbito das redes transeuropeias – e pela abrangência nacional, não regio-
nalizada, das suas intervenções.
Distingue-se também pela especificidade das dotações financeiras que
lhe são atribuídas de modo autónomo face aos restantes fundos estruturais:
apenas se dirige aos Estados-membros cujo rendimento nacional bruto seja
inferior a 90% da média comunitária e é repartido entre estes Estados-membros
beneficiários de acordo com critérios próprios (população, produto e área). Nos
termos estabelecidos no Tratado de Lisboa, o Fundo de Coesão “contribuirá
financeiramente para a realização de projetos nos domínios do ambiente e das redes
transeuropeias em matéria de infraestruturas de transportes.”
A evolução das elegibilidades do Fundo de Coesão tem revelado signifi-
cativa estabilidade (Tabela A.8), tendo passado a estar sujeito às mesmas regras
de programação, de gestão e de controlo dos fundos estruturais no período
de programação 2007-2013 num contexto de maior articulação com o Fundo
Europeu de Desenvolvimento Regional.
Sem prejuízo das especificidades referidas, a evolução da política de
coesão da União Europeia deverá conduzir à sua progressiva convergência
com os fundos estruturais.

452
Tabela A.8. Domínios de intervenção e de financiamento potencial do Fundo
de Coesão | 1989 e 2013
1989­‑93 1994­‑99 2000­‑06 2007­‑13
O apoio do Fundo
infraestruturas ambientais, infraestruturas ambientais, infraestruturas ambientais, de Coesão é de âmbito
no quadro do tratado no quadro do tratado incluindo desenvolvimento nacional e destina­
e da política ambiental e da política ambiental sustentável, eficiência ‑se aos países cujo
comunitária comunitária energética e energias rendimento é inferior
renováveis e investimentos a 90% da média
nos transportes fora das comunitária, no apoio
redes transeuropeias
a investimentos nos
(sistemas intermodais,
domínios do ambiente
gestão do tráfego e
e dos transportes.
transportes limpos)

infraestruturas de infraestruturas de transporte infraestruturas


transporte de interesse de interesse comum da de transporte no quadro
comum, no quadro do responsabilidade do Estado- das redes transeuropeias
tratado e das orientações membro, no quadro da rede de transportes e projetos
do conselho transeuropeia de transportes de interesse comum

estudos preliminares estudos preliminares estudos preliminares


Fonte: Augusto Mateus
apoio técnico apoio técnico apoio técnico & Associados

Conceitos e metodologia

Outros instrumentos e especificidades integraram pequena superfície, relevo e clima difíceis, bem como
a política de coesão, como os destinados à dependência económica em relação a um pequeno
cooperação territorial entre regiões de diferentes número de produtos. Os tratados da União Europeia
países e os que abarcam ações e projetos de estimulam, subsequentemente, a adoção de medidas
interesse comum para a União Europeia: específicas de mitigação ou superação dos efeitos
negativos dos referidos fatores de natureza estrutural,
Regiões ultraperiféricas | RUP
que são (ou podem ser) desenvolvidas no quadro de
A diversidade do território europeu integra um
várias políticas comunitárias: aduaneira e comercial,
conjunto de regiões com caraterísticas particulares
fiscal, zonas francas, agricultura e pescas, relativas
decorrentes das suas especificidades que, de forma
às condições de aprovisionamento em matérias­
generalizada a este conjunto e com expressão
‑primas e bens de consumo de primeira necessidade,
diversificada entre as regiões que o integram,
auxílios estatais, condições de acesso aos fundos
conhecem dificuldades e penalizações estruturais
estruturais e aos programas horizontais da União.
no respetivo desempenho económico e social.
No contexto da coesão económica, social
Esta situação é reconhecida pelos tratados, que
e territorial, o reconhecimento da situação de
explicitam e enumeram as regiões ultraperiféricas
excecionalidade das regiões ultraperiféricas é objeto de
(RUP) – Guiana, Guadalupe, Martinica, Reunião,
atuações especialmente em três domínios: promoção
Canárias, Açores e Madeira, a que se acrescentam
da acessibilidade, melhoria da competitividade e
no Tratado de Lisboa, Saint­‑Barthélemy e Saint­
promoção da inserção territorial. As ações concretizadas
‑Martin – e identificam os fatores “cuja persistência
com apoio dos fundos estruturais têm incidido
e conjugação prejudicam gravemente o seu
especialmente na atribuição de recursos financeiros
desenvolvimento”: grande afastamento, insularidade,

453
adicionais para compensação dos sobrecustos da transnacional de luta contra as discriminações
ultraperifericidade e no desenvolvimento de um e as incapacidades no mercado de trabalho.
plano de ação para a “grande vizinhança”, dirigido a
Cooperação territorial europeia
facilitar e a estimular a cooperação com países vizinhos,
Em prossecução do objetivo de desenvolvimento
reforçando as ligações económicas, sociais e culturais, o
harmonioso do conjunto da União e de correção das
comércio de bens e serviços e a deslocação de pessoas.
desigualdades territoriais, e tomando em consideração
Iniciativas comunitárias que as regiões fronteiriças correspondem,
Embora tenham sido abandonadas pela política habitualmente, a territórios económica, social e
comunitária de coesão, é relevante assinalar terem institucionalmente deprimidos, a política de coesão
sido instituídas, designadamente entre 1994 e 2006, integra instrumentos especificamente dirigidos
iniciativas comunitárias apoiadas pelos fundos a promover o desenvolvimento destas regiões e a
estruturais, dirigidas a financiar ações e projetos de estimular as interações e o trabalho conjunto entre
interesse para o conjunto da União, cuja gestão foi regiões e cidades de diferentes Estados­‑membros.
diretamente assegurada pela Comissão Europeia. Estes instrumentos compreendem especialmente
As iniciativas comunitárias cobriam, por um três tipologias de atuações, com apoio financeiro do
lado, atividades de interesse comum a que os FEDER: programas de cooperação transfronteiriça,
Estados­‑membros não reconheciam suficiente programas de cooperação transnacional e programas
importância e, por outro lado, projetos de de cooperação inter­‑regional. No sentido de apoiar
caráter experimental ou precursor, que não institucionalmente a preparação e implementação
seriam preparados nem concretizados sem a destes programas, foi criado no período 2007­
liderança e o envolvimento da Comissão. ‑2013 um instrumento de natureza legal, designado
As iniciativas comunitárias foram agrupamento europeu de cooperação territorial
desenvolvidas em domínios e temáticas (AECT) que permite o estabelecimento, por entidades
diferenciadas, designadamente: públicas de diferentes Estados­‑membros, de entidades
• INTERREG, que apoiou através do Fundo de cooperação territorial com personalidade jurídica.
Europeu de Desenvolvimento Regional
Ajudas do Estado de finalidade regional
projetos de cooperação transfronteiriça
As disposições do Tratado da União privilegiam,
entre regiões localizadas nas fronteiras
designadamente no quadro do mercado interno,
interiores e exteriores da União;
o enquadramento regulamentar da concorrência
• URBAN, financiando através do Fundo
em condições de transparência e de objetividade
Europeu de Desenvolvimento Regional
necessárias para aumentar a competitividade das
áreas urbanas com dificuldades estruturais,
empresas e para prevenir atividades e práticas que
como desemprego elevado, degradação
possam afetar negativamente o comércio entre os
física e ambiental, alojamento precário ou
Estados­‑membros. O desenvolvimento legislativo
insuficiência de equipamentos coletivos;
e regulamentar da política de concorrência da
• KONVER, focalizado na reconversão da
União Europeia, naturalmente articulado com a
indústria do armamento para a realização de
Organização Mundial do Comércio, que atribui
atividades civis, também apoiado pelo Fundo
à Comissão competências exclusivas pela sua
Europeu de Desenvolvimento Regional;
implementação, estabelece como regra geral
• LEADER, dirigido ao financiamento
a incompatibilidade da concessão de auxílios
pelo Fundo Europeu de Orientação e
estatais às empresas com o mercado interno.
Garantia Agrícola – Secção Orientação
Todavia, esta regra admite exceções, evidenciadas
de estratégias de desenvolvimento rural
em particular pelo Tratado de Lisboa que:
promovidas por grupos de ação local;
• declara compatíveis com o mercado interno
• EQUAL, que apoiou através do Fundo Social
auxílios de natureza social atribuídos a
Europeu projetos inovadores de âmbito

454
consumidores individuais, auxílios destinados territorial uma vez que se podem aplicar a auxílios
a remediar danos causados por calamidades de Estado de finalidade regional. Sendo declarados
naturais e auxílios atribuídos à economia de compatíveis com o mercado interno pela Direção­
certas regiões da República Federal da Alemanha ‑Geral de Concorrência da Comissão Europeia, os
afetadas pela divisão alemã e necessários para Estados­‑membros proponentes poderão proceder à
compensar as correspondentes desvantagens respetiva aplicação, com mobilização dos necessários
económicas (especificando o próprio Tratado recursos financeiros mobilizados com recurso a
e a regulamentação subsequente a natureza fontes de financiamento nacionais ou aos fundos
e condicionantes destas exceções); estruturais da União (nomeadamente o FEDER).
• considera a possibilidade de serem compatíveis Esta possibilidade de afetação por parte dos
com o mercado interno diversas modalidades de fundos estruturais constitui um domínio privilegiado
auxílios, designadamente os destinados a promover para a respetiva utilização, especialmente justificada
o desenvolvimento económico de regiões em que o nas situações onde as falhas de mercado exigem a
nível de vida seja anormalmente baixo ou em que mobilização de recursos públicos para estímulo e
exista grave situação de subemprego, bem como apoio do investimento empresarial. A utilização
os que visam fomentar a realização de um projeto de financiamentos estruturais comunitários
importante de interesse europeu (igualmente viabiliza a efetiva concessão de auxílios de Estado
objeto de especificação e regulamentação). de finalidade regional, particularmente nas
situações onde a capacidade financeira nacional
Estas últimas situações, relativas à possibilidade
é insuficiente. As oportunidades propiciadas
de compatibilidade com o mercado interno, em regra
pela coesão económica e social não atenuam
submetidas a declaração explícita de compatibilidade
todavia as disparidades entre Estados­‑membros
pela Comissão Europeia, são particularmente
na capacidade de mobilização de financiamentos
relevantes no quadro da coesão económica, social e
através de recursos exclusivamente nacionais.

Para saber mais


Augusto Mateus & Associados, CESO­‑CI, CISED Planeamento e do Desenvolvimento Regional
e IDEA (2005) | A economia portuguesa e o (1989) | Quadro Comunitário de Apoio do Plano
alargamento da União Europeia de Desenvolvimento Regional 1989­‑1993
Comissão Europeia | Direção­‑Geral da Política Ministério do Planeamento e da Administração
Regional e Urbana (DG REGIO) do Território, Secretaria de Estado do
Comissão Europeia | Reports on economic and social Planeamento e do Desenvolvimento Regional
(and territorial) cohesion (1993) | Preparar Portugal para o Século xxi
Direção­‑Geral do Desenvolvimento Regional (2006) – Plano de Desenvolvimento Regional 1994­‑1999
| Coletânea de Regulamentos – Períodos de Ministério do Planeamento | Quadro Comunitário de
programação 2000­‑2006 e 2007­‑2013 Apoio Portugal 2000-2006
Direção­‑Geral da Agricultura e Desenvolvimento Observatório do QCAIII (2007) | Quadro de
Rural (2007) | Plano de Desenvolvimento Rural de Referência Estratégico Nacional 2007-2013
Portugal Continental Observatório do QREN | Política de coesão
Ministério do Planeamento e da Administração do Pires, L. M. (1998) | A política regional europeia e
Território, Secretaria de Estado do Planeamento Portugal, Fundação Calouste Gulbenkian
e do Desenvolvimento Regional (1989) | Plano Regulamentos comunitários e nacionais (transversais
de Desenvolvimento Regional 1989­‑93 e específicos) dos fundos estruturais e de coesão
Ministério do Planeamento e da Administração
do Território, Secretaria de Estado do

455
B
Programação dos fundos
estruturais e de coesão
Até que os potenciais beneficiários públicos e privados da política de coesão Quatro períodos
possam candidatar os seus projetos aos apoios da União Europeia, há todo um de programação
enquadraram a
longo processo de negociação quanto aos montantes envolvidos e aos objetivos aplicação dos fundos
estratégicos das intervenções a serem financiadas pelos fundos estruturais e estruturais em
Portugal: os Quadros
de coesão.
Comunitários de
Desde logo importa que os Estados-membros concordem quanto a um qua- Apoio I, II e III e o
dro financeiro plurianual comunitário que, no essencial, define os montantes e Quadro de Referência
Estratégico Nacional.
os domínios da intervenção da União Europeia. Daqui deriva a percentagem do
orçamento que será consignada à política de coesão e a cada Estado-membro.
A programação associa também a Comissão Europeia e as autoridades
nacionais, regionais e locais do Estado-membro na conceção de uma aborda-
gem integrada dos fundos estruturais em programas plurianuais que melhor
sirvam as prioridades de desenvolvimento identificadas.
No contexto destas negociações, os Estados-membros são desafiados a apre-
sentar estratégias de desenvolvimento regionais que assegurem a coerência das
intervenções estruturais, num esforço de planeamento a que se associam orga-
nismos regionais, locais e demais protagonistas públicos e privados do território.
Das negociações com a Comissão Europeia resulta um «contrato» com
o Estado-membro, onde constam as coordenadas para concretizar no terreno
a política de coesão através dos programas operacionais e correspondentes
intervenções. Por via deste contrato, os Estados-membros beneficiários dos
fundos estruturais e de coesão comprometem-se a adotar as orientações e as
tipologias de intervenção comunitárias a privilegiar, bem como a respeitar os
regulamentos comunitários definidos para o efeito.
Foi a partir da reforma de 1988 que a política de coesão ultrapassou uma
lógica anual e de reembolso de projetos avulsos apresentados pelos Estados-
membros e avançou para esta programação plurianual e estratégica quanto à
complementaridade dos fundos.
Desde então, o Governo português acordou com a Comissão Europeia
quatro documentos de referência para a coordenação das intervenções estru-
turais no país:

457
• o I Quadro Comunitário de Apoio (QCAI) para o período de progra-
mação 1989-1993;
• o II Quadro Comunitário de Apoio (QCAII) para o período de progra-
mação 1994-1999;
• o III Quadro Comunitário de Apoio (QCAIII) para o período de pro-
gramação 2000-2006;
• o Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) para o período
de programação 2007-2013.

Já a nível nacional, num primeiro momento são adotadas para a ordem


interna as diretrizes e os regulamentos europeus, passando a adotar-se normas
e regras transversais (a aplicar a todos os programas vigentes) ou específicas
(a aplicar em programas e intervenções selecionados). Tais regulamentos deter-
minam, nomeadamente os tipos de projeto a apoiar e as condições de acesso dos
projetos de investimento aos fundos estruturais. São também discriminadas
as despesas elegíveis, ou seja, o tipo de gastos apresentados pelo beneficiário
passíveis de serem financiados pelo fundo estrutural.
As entidades gestoras dos programas operacionais são responsáveis pela
gestão das candidaturas a financiamento estrutural. Estas responsabilidades
podem ser delegadas em organismos intermédios (por exemplo, no caso dos
sistemas de incentivos a empresas) com reconhecida competência e experiência
em matéria de gestão administrativa e financeira, cabendo sempre às autori-
dades de gestão a aprovação formal dos projetos a financiar.
Por exemplo, na configuração do Quadro de Referência Estratégico
Nacional (2007-2013), são preferencialmente lançados avisos para a apresen-
tação de candidaturas onde constam o objetivo do apoio (porquê), o tipo de
promotor (quem), o tipo de projeto de investimento (o quê), o âmbito regional
(onde) e os critérios de apuramento do mérito e da seleção das candidaturas
apresentadas (como). Subsistem, contudo, tipologias de intervenção para as
quais é possível apresentar candidaturas de forma contínua, ao longo de todo
o período de vigência do Quadro.
Os horizontes temporais dos vários Quadros correspondem – com exceção
dos casos devidamente autorizados pela Comissão Europeia – aos períodos de
tempo em que é possível proceder à aprovação formal de candidaturas para
financiamento de projetos. Contudo, o período para a execução financeira e
física dos mesmos prolonga-se, em regra, ao longo dos dois anos subsequentes
ao período abrangido pelo Quadro (por exemplo, no período de programação
2007-2013, os projetos aprovados até ao final de 2013 poderão ser executados
até ao final do ano de 2015).

458
São as entidades gestoras dos programas operacionais que acompanham
a execução dos projetos alvo de financiamento estrutural, adiantando ou
reembolsando, com fundos estruturais da União Europeia, as despesas elegíveis
apresentadas pelo beneficiários.

O que muda de ciclo para ciclo

Os instrumentos de cofinanciamento aos Estados-membros da União Europeia


nos seus esforços de desenvolvimento e de coesão foram evoluindo ao longo
do tempo, assumindo um conjunto de princípios de base no contexto da gestão
partilhada das intervenções entre os Estados-membros e a Comissão Europeia:
• a concentração das intervenções num número limitado de objetivos de
política, com claro enfoque nas regiões menos desenvolvidas;
• a programação plurianual das intervenções, que tem abrangido ao longo
do tempo uma duração variável (entre cinco e sete anos), baseada na
análise, planeamento estratégico e avaliação das intervenções;
• a adicionalidade, no sentido de que os apoios comunitários não se substi-
tuem – antes se adicionam ou complementam – aos investimentos nacionais;
• a parceria, apelando à colaboração entre as várias entidades envolvi-
das, incluindo as entidades europeias, nacionais e regionais, bem como
os parceiros sociais e organizações não governamentais na conceção e
execução de programas;
• a monitorização e o acompanhamento das intervenções, nas vertentes
financeira, física e estratégica;
• a avaliação operacional e estratégica das intervenções apoiadas, com
um crescente enfoque nos resultados que proporcionam.

Os vários ciclos de programação comunitária têm assumido prioridades,


princípios e modos de operacionalização diferentes ao longo do tempo, que
decorrem, quer das orientações estratégicas e da regulamentação emanadas a
nível europeu na fase de conceção, quer dos diferentes estágios de desenvol-
vimento da economia e da sociedade portuguesas.
Importa, por conseguinte, salientar os principais factos, prioridades e
tendências que têm marcado os vários ciclos de programação comunitária até
à data, quer ao nível do enquadramento europeu de base, quer ao nível da sua
aplicação e operacionalização a nível nacional.
O compromisso de realização do mercado interno europeu moldou o I
Quadro Comunitário de Apoio, cujo objetivo primordial se prendia com o
reforço da coesão económica e social no seio da Europa. Era então reconhecido

459
que o agravamento das disparidades regionais internamente à União poderia
comprometer ou inviabilizar o mercado interno.
No ano de 1988, foram acordados cinco objetivos prioritários para a
política regional ou de coesão europeia, a saber:
• objetivo 1, visando a promoção do desenvolvimento e do ajustamento
estrutural das regiões menos desenvolvidas;
• objetivo 2, dirigido à reconversão das regiões gravemente afetadas pelo
declínio industrial;
• objetivo 3, para combater o desemprego de longa duração;
• objetivo 4, com o intuito de facilitar a inserção profissional dos jovens;
• objetivo 5, para a) acelerar a adaptação das estruturas agrícolas e b)
promover o desenvolvimento das zonas rurais.

As diversas regiões da União Europeia enquadram-se nestes objetivos


de política em função do seu nível de desenvolvimento económico e social.
A totalidade do território de Portugal inseriu-se, à partida, no âmbito
do objetivo 1 da política de coesão europeia, o mais favorável em termos de
apoios financeiros a conceder aos Estados-membros.
No I Quadro Comunitário de Apoio ficaram definidas as prioridades de
desenvolvimento e de ajustamento estrutural a nível nacional e regional para o
período 1989-1993, denotando uma clara aposta na criação de infraestruturas
económicas, no apoio ao investimento produtivo, na promoção da competiti-
vidade agrícola e no desenvolvimento rural, na reconversão e reestruturação
do sector industrial em zonas (Setúbal, Vale do Ave) ou sectores específicos
(siderúrgico, naval) e um entendimento das qualificações dos recursos humanos
como transversal à estratégia de desenvolvimento definida.
Com o Tratado de Maastricht, o princípio da coesão económica e social
ascendeu ao estatuto de grande pilar do processo de construção europeia,
reafirmando-se o compromisso comunitário em promover um desenvolvi-
mento harmonioso entre as regiões, reduzindo as suas disparidades económicas
e sociais. Definiam-se, assim, a ambição e os desígnios a incutir ao ciclo de
programação comunitária seguinte.
Neste caso, também a abordagem estratégica subjacente à política regional
considerava as grandes prioridades definidas a nível europeu, complementadas
pela definição de prioridades e objetivos nacionais e regionais. Para o período
de programação 1994-1999, foram acordados seis objetivos prioritários para a
política regional ou de coesão europeia, a saber:
• objetivo 1, para promover o desenvolvimento e o ajustamento estrutural
das regiões menos desenvolvidas;

460
• objetivo 2, para reconverter as regiões ou partes de regiões gravemente
afetadas pelo declínio industrial;
• objetivo 3, para lutar contra o desemprego de longa duração e facilitar
a inserção profissional dos jovens e das pessoas expostas à exclusão do
mercado do trabalho, bem como promover a igualdade de oportunidades
de emprego para homens e mulheres;
• objetivo 4, para facilitar a adaptação dos trabalhadores às mutações
industriais e à evolução dos sistemas de produção;
• objetivo 5, para promover o desenvolvimento rural, a) acelerando a
adaptação das estruturas agrícolas no âmbito da reforma da política agrí-
cola comum e promovendo a modernização e o ajustamento estrutural
do sector das pescas e b) facilitando o desenvolvimento e o ajustamento
estrutural das zonas rurais;
• objetivo 6, para o desenvolvimento e ajustamento estrutural de regiões
com uma densidade populacional extremamente baixa (a partir de 1 de
janeiro de 1995).

A nível interno, o objetivo era “preparar Portugal para o século xxi” por via
da redução dos atrasos estruturais do desenvolvimento nacional e da construção
de uma base económica e social sustentada. Ao novo contexto competitivo a
nível europeu, crescentemente marcado pela globalização, aliavam-se, assim,
novas exigências de redução das assimetrias internas de desenvolvimento
e de melhoria de qualidade de vida, em paralelo com a competitividade da
economia nacional.
As grandes apostas para o desenvolvimento português voltavam a passar,
então, pela modernização do tecido económico nos vários sectores de atividade,
pela criação das infraestruturas de apoio ao desenvolvimento (acessibilidades,
transportes, telecomunicações e energia), no contexto de uma sociedade que se
pretendia mais qualificada, com a aposta reforçada nas áreas do conhecimento
e inovação e da formação profissional.
O fortalecimento da base económica é reforçado pelas intervenções dos
programas regionais por via da infraestruturação dos territórios, da dotação
em equipamentos socioeconómicos, do investimento no ambiente e nas aces-
sibilidades, bem como na dinamização da atividade económica.
Na apreciação dos resultados do II Quadro Comunitário de Apoio são
reconhecidos os impactos favoráveis dos investimentos realizados nas infraes-
truturas e no ambiente, por oposição aos efeitos mais limitados dos apoios
nos domínios da inovação e da investigação e desenvolvimento tecnológicos.
Na educação e formação, é referido o facto de a concorrência entre algumas

461
intervenções ter ditado a reduzida eficácia e alcance dos apoios, com o conse-
quente desajustamento face aos objetivos inicialmente definidos.
As propostas comunitárias que enquadram o ciclo de programação
seguinte (2000-2006) reconhecem a existência de significativas disparidades
regionais nas condições de vida dos vários países e regiões europeias. As cres-
centes preocupações com o desemprego e a inclusão e apoio social ditam uma
agenda renovada para os apoios à formação de recursos humanos. Em paralelo,
a iminência do(s) alargamento(s) a leste da União Europeia coloca novos desa-
fios, quer ao seu funcionamento, quer à própria política de coesão, tendo em
conta a limitação dos recursos disponíveis no orçamento comunitário para o
apoio às regiões mais desfavorecidas e que constituem a maioria das regiões
dos novos Estados-membros.
A reforma da política de coesão europeia de 1999 reduziu a três os obje-
tivos prioritários:
• objetivo 1, que acolhia os apoios à promoção do desenvolvimento e do
ajustamento estrutural das regiões menos desenvolvidas;
• objetivo 2, para o apoio à reconversão económica e social das zonas com
dificuldades estruturais;
• objetivo 3, que visava o apoio à adaptação e modernização das políticas
e sistemas de educação, de formação e de emprego.

O enquadramento das regiões europeias nestes três objetivos conside-


rou ainda regimes de transição de saída (phasing out), designadamente para
suavizar a redução dos apoios estruturais às regiões que abandonavam o mais
generoso objetivo 1 por já terem superado o limite de 75% do PIB per capita
médio europeu.
Com o período 2000-2006 no horizonte, Portugal voltava a integrar o
pelotão dos Estados-membros menos desenvolvidos da União Europeia com
todas as regiões enquadradas no objetivo 1, embora com Lisboa e Vale do Tejo
já em fase de redução de apoios.
Esta região emergia assim como caso singular em Portugal de progressão
na escala comunitária. Superando já o limite de 75% de PIB per capita médio
da União Europeia e tendo integrado o objetivo 1 no período de programa-
ção anterior, Lisboa e Vale do Tejo assumiu o estatuto de região em phasing-
-out, visando a redução progressiva dos fundos estruturais a que teve acesso
enquanto região menos desenvolvida.
O grande desígnio formulado na estratégia de desenvolvimento para
Portugal no período 2000-2006 consistia em “fazer do país uma primeira frente
atlântica europeia, uma nova centralidade na relação da Europa com a economia global”.

462
Na conceção do III Quadro Comunitário de Apoio é desde logo reco-
nhecida a necessidade de reforçar a intervenção no domínio da valorização
do potencial humano tendo em vista um acréscimo da produtividade, e esta
prioridade passa a dominar as grandes opções para o desenvolvimento do país.
Para o período 2000-2006 consideram-se ainda como eixos estruturantes o
apoio à atividade produtiva e a estruturação do território.
As intervenções regionais do continente apresentam significativas ino-
vações, quer em termos de modelo institucional de aplicação dos fundos, quer
no que respeita à dotação financeira que lhes é destinada. As alterações intro-
duzidas evidenciam um claro esforço de aproximação dos apoios estruturais
aos cidadãos e às entidades representativas dos agentes económicos e sociais,
bem como às entidades com responsabilidades a nível regional.
Além dos apoios a investimentos de interesse municipal e intermunicipal,
o âmbito de intervenção dos programas regionais é alargado:
• às ações integradas de base territorial, que consideram as atuações estru-
turantes em espaços sub-regionais com problemáticas específicas;
• e às intervenções da administração central regionalmente desconcen-
tradas, incluindo um conjunto de investimentos e ações de desenvolvi-
mento até então enquadrados em intervenções sectoriais e sob a tutela
da administração central.

O maior relevo concedido às regiões na gestão dos fundos estruturais


envolveu ainda a plena consideração da autonomia regional dos Açores e da
Madeira, em matéria de apoio estrutural concebendo-se programas integrados
e autónomos para estas regiões.
No III Quadro Comunitário de Apoio, as temáticas relativas à proteção
e melhoria do ambiente, à promoção da igualdade de oportunidades entre
homens e mulheres e ao desenvolvimento da sociedade da informação assu-
mem caráter horizontal ou transversal, dando forma aos vários instrumentos
de programação (programas operacionais e eixos prioritários) a nível nacional.
O III Quadro Comunitário de Apoio introduz também uma inovação no
financiamento comunitário, conhecida como a regra da guilhotina ou “regra
n+2”. Com o intuito de induzir os Estados-membros a cumprirem o ritmo de
execução financeira programada com a Comissão Europeia, esta nova cláu-
sula passou a anular automaticamente as verbas não executadas até ao final
do segundo ano seguinte ao da programação. Por exemplo, os montantes
programados para 2002 teriam de ser utilizados até ao final do ano de 2004,
caso contrário o Estado-membro/programa operacional/intervenção perderia
o direito a estas verbas.

463
As avaliações realizadas aos programas operacionais da terceira geração de
apoios comunitários reconheceram o contributo inequívoco das intervenções
financiadas para o desenvolvimento do país, nomeadamente nos domínios da
saúde, da educação, da integração social, da cultura, da sociedade da informa-
ção, do ambiente e das acessibilidades. Em paralelo, as avaliações assinalam
ainda os limitados impactos das intervenções do III Quadro Comunitário de
Apoio em domínios mais imateriais, como a competitividade da economia, a
inovação e a valorização dos recursos humanos.
A abordagem estratégica adotada nas orientações da política regional
comunitária para o ciclo de programação estrutural 2007-2013 introduziu
inovações substanciais e passou a privilegiar os contributos para o crescimento,
para a competitividade e para o emprego.
Reconhecendo que “a concretização de políticas sociais e as dirigidas a
melhorar a dotação regional de infraestruturas e de equipamentos coletivos nem
sempre produziu resultados significativos no crescimento das economias regionais”, a
orientação estratégica incutida para o novo Quadro tomou por base a Agenda
da Estratégia de Lisboa Renovada e procurou gerar uma dinâmica sustentada
de crescimento com base no conhecimento e na inovação.
Os objetivos da política de coesão para o ciclo 2007-2013 foram também
renovados, passando a designar-se:
• objetivo convergência, que se destina a acelerar a convergência dos
Estados-membros e das regiões menos desenvolvidas, que apresentem
um PIB per capita inferior a 75% da média comunitária;
• objetivo competitividade regional e emprego, que abrange as restantes
regiões da União Europeia, tendo como objetivo reforçar a competiti-
vidade e o emprego, bem como a capacidade de atração das regiões; e
• cooperação territorial europeia, que tem por base a anterior iniciativa
comunitária INTERREG e apoia a cooperação transfronteiriça, trans-
nacional e inter-regional, bem como a criação de redes.

O enquadramento das regiões nos dois primeiros objetivos considera ainda


a existência de regimes transitórios, quer de saída do objetivo convergência
(phasing out), quer de entrada no objetivo competitividade e emprego (phasing
in), com níveis diferenciados de apoio, como será adiante especificado.
Para avaliar o contributo das intervenções, passaram a ser definidos níveis
de investimento mínimo a destinar à promoção da competitividade e à cria-
ção de empregos: 60% das despesas nas regiões incluídas nas regiões menos
desenvolvidas (objetivo convergência) e 75% nas regiões mais desenvolvidas
(do objetivo competitividade regional e emprego).

464
O grande desígnio estratégico nacional adotado para o período 2007-2013
– “a qualificação dos portugueses e das portuguesas, valorizando o conhecimento,
a ciência, a tecnologia e a inovação, bem como a promoção de níveis elevados e
sustentados de desenvolvimento económico e sociocultural e de qualificação terri-
torial, num quadro de valorização da igualdade de oportunidades e, bem assim, do
aumento da eficiência e qualidade das instituições públicas” – apela a esforços de
concentração temática das intervenções a apoiar. As abordagens territoriais
integradas continuam a ser uma prioridade, promovendo-se a articulação e a
complementaridade entre as intervenções públicas e privadas, sobretudo nos
territórios menos desenvolvidos.
Em termos financeiros, o Quadro de Referência Estratégico Nacional
representou um reforço das dotações destinadas à qualificação dos recursos
humanos e à promoção do crescimento sustentado da economia, em paralelo
com o aumento da parcela de financiamento alocada aos programas operacionais
regionais do continente. A lógica da programação monofundo, em que um pro-
grama operacional é financiado em exclusivo por um único fundo estrutural (com
exceção do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional/Fundo de Coesão),
veio também substituir a lógica de programação plurifundo até então adotada.
A concentração temática teve uma correspondência em termos de redução
de programas operacionais, com redobradas preocupações relativas à seletividade,
viabilidade económica e sustentabilidade financeira dos investimentos a apoiar,
em paralelo com a monitorização das realizações e dos resultados alcançados.
A opção preferencial pela realização de concursos para apresentação de
candidaturas, com períodos delimitados para a sua submissão e aprovação,
veio proporcionar as condições à apreciação conjunta e à hierarquização de
projetos a concurso, com particular impacto no apoio a empresas.
No Quadro de Referência Estratégico Nacional, a anterior “regra n+2”
foi complementada com a introdução da “regra n+3”, de acordo com o período
temporal a que se destinam os apoios. Assim, para as verbas programadas para
os anos iniciais do Quadro (2007-2010), passa a aplicar-se a “regra n+3”, a qual
concede a Portugal três anos para a execução das verbas programadas, com a
subsequente anulação dos montantes após esse prazo. A partir de 2011, volta
a aplicar-se a “regra n+2”.

Objetivos do I Quadro Comunitário de Apoio

A estratégia de desenvolvimento que orientou a programação e a aplicação


do financiamento da União Europeia a Portugal entre 1989 e 1993 teve como
prioridades preparar as regiões portuguesas para o grande mercado interno
europeu e os recursos humanos para as necessidades do sector produtivo, e em

465
especial, para as profundas alterações em perspetiva, através do aumento da
produtividade e da criação de empregos de nível superior e mais bem remu-
nerados, evitando o aumento do desemprego.
Deviam ainda ser considerados os princípios de promover o equilíbrio
entre a abordagem regional e a abordagem sectorial da estratégia de desen-
volvimento; de privilegiar o apoio ao investimento produtivo relativamente
ao investimento em infraestruturas; de obter um maior equilíbrio entre as
subvenções comunitárias e o recurso a empréstimos; de ter em conta o impacto
económico previsível das diferentes ações selecionadas e da sua contribuição
para a realização de outras políticas comunitárias e, finalmente, de valorizar
e inserir na estratégia global de desenvolvimento as ações já em curso.
Entre os programas já lançados no país encontravam-se o programa especí-
fico de desenvolvimento da agricultura portuguesa (PEDAP), o programa nacional
de interesse comunitário de incentivos à atividade produtiva, os programas para
as telecomunicações (STAR) ou energia (Valoren), a operação integrada de desen-
volvimento do Norte Alentejano ou o programa específico de desenvolvimento
da indústria portuguesa (PEDIP) aprovado pela Comissão Europeia em 1987.
Foram então considerados seis eixos prioritários de intervenção:
• criação de infraestruturas económicas com impacto direto sobre o
crescimento económico equilibrado;
• apoio ao investimento produtivo e às infraestruturas diretamente ligadas
a este investimento;
• desenvolvimento dos recursos humanos;
• promoção da competitividade da agricultura e desenvolvimento rural;
• reconversão e reestruturação industriais;
• desenvolvimento das potencialidades de crescimento das regiões e
desenvolvimento local.

No domínio da criação de infraestruturas económicas com impacto


direto sobre o crescimento económico equilibrado, a estratégia de interven-
ção englobava as comunicações (como estradas, caminho de ferro ou portos),
as telecomunicações, a energia, a ciência e a tecnologia e o sector terciário.
Como formas de intervenção privilegiadas, destacam-se o programa
operacional para acessibilidades que melhorem a circulação das mercado-
rias, o programa das telecomunicações rurais para as zonas periféricas do
país, o programa STAR para equipamentos e serviços de telecomunicações,
os projetos de autoestrada da Costa do Estoril e Via Norte-Sul, o programa
Valoren para infraestruturas de valorização do potencial energético endógeno,
o programa operacional de transporte e distribuição de energia, o programa
operacional para os recursos humanos e construção de infraestruturas no

466
âmbito da ciência e tecnologia ou o programa operacional para construção
de infraestruturas turísticas.
No domínio do apoio ao investimento produtivo e às infraestruturas dire-
tamente ligadas a este investimento, a estratégia envolvia formas de intervenção
como o programa nacional de incentivo à atividade produtiva, para aumentar
o investimento privado na indústria e no turismo, o programa específico de
desenvolvimento da indústria portuguesa (PEDIP) ou o regime de incentivos
à modernização do comércio.
No domínio do desenvolvimento dos recursos humanos, a estratégia
envolvia formas de intervenção como o programa operacional para generalizar
o acesso à educação, reduzir o analfabetismo e modernizar as infraestruturas
escolares ou os programas no âmbito da formação profissional.
No domínio da promoção da competitividade da agricultura e desenvol-
vimento rural, a estratégia envolveu formas de intervenção como o programa
operacional de melhoramento das estruturas vitivinícolas ou o programa
específico de desenvolvimento da agricultura em Portugal (PEDAP).
No domínio da reconversão e reestruturação industriais, a estratégia
envolveu formas de intervenção como a operação integrada de desenvolvi-
mento da Península de Setúbal ou as iniciativas comunitárias RESIDER e
RENAVAL (então incluídas no Quadro Comunitário de Apoio), no caso da
indústria siderúrgica e de construção e reparação naval, ou o programa ope-
racional plurifundos Vale do Ave para o sector dos têxteis.
No domínio do desenvolvimento das potencialidades de crescimento das
regiões e desenvolvimento local, a estratégia envolveu formas de intervenção
como a operação integrada de desenvolvimento do Norte Alentejano ou os
programas operacionais regionais.

Objetivos do II Quadro Comunitário de Apoio

A aproximação à União Europeia e a redução das assimetrias regionais foram


os desígnios da estratégia de desenvolvimento que orientou a programação e
a aplicação do financiamento da União Europeia a Portugal entre 1994 e 1999.
O diagnóstico à entrada do segundo período de programação estrutural
apontava a insuficiente qualificação dos recursos humanos face aos padrões
europeus; uma estrutura produtiva pouco competitiva e concentrada em
atividades orientadas para mercados saturados e com forte concorrência de
países com salários mais baixos; a persistência de problemas de acessibilidades
e comunicações que dificultavam a melhor articulação produtiva do país, a sua
competitividade internacional e a qualidade de vida das populações; o atraso

467
das infraestruturas ou serviços básicos nas áreas do ambiente e da saúde; e a
manutenção de fortes assimetrias no desenvolvimento regional.
As grandes prioridades definidas para o período revelam uma grande
preocupação com a melhoria dos acessos externos da economia, a acessibi-
lidade entre regiões a nível interno e a mobilidade urbana, com o intuito de
promover a competitividade internacional da economia. O desenvolvimento
harmonioso do território, mediante a afirmação do litoral como área-chave
para a exploração da vocação euro-atlântica, o desenvolvimento do interior do
país, por via do acesso mais facilitado às grandes áreas urbanas e da constitui-
ção de redes de cidades de média dimensão, e o desenvolvimento das regiões
autónomas, tendo por base a sua natureza e os seus recursos, emergiam também
como grandes orientações a associar às intervenções.
Foram então considerados quatro eixos prioritários de intervenção:
• qualificar os recursos humanos e o emprego;
• reforçar os fatores de competitividade da economia;
• promover a qualidade de vida e a coesão social;
• fortalecer a base económica regional.

No domínio da qualificação dos recursos humanos e do emprego, as


intervenções operacionais visavam a promoção das bases do conhecimento e
da inovação para melhoria do sistema científico e tecnológico; e a formação
profissional e emprego para a qualificação inicial e inserção no mercado de
emprego, a melhoria do nível e qualidade do emprego, o apoio à formação e
gestão dos recursos humanos e a formação da administração pública.
No domínio do reforço dos fatores de competitividade da economia, as
intervenções operacionais incluíam o programa para a modernização do tecido
económico, tendo em vista o seu ajustamento estrutural e a melhoria da com-
petitividade do tecido empresarial. Destaca-se ainda a iniciativa comunitária
RETEX no apoio às regiões fortemente dependentes do sector têxtil e vestuário.
O financiamento a grandes infraestruturas de apoio ao desenvolvimento
abrangia a modernização e expansão das infraestruturas de transportes, tele-
comunicações e energia, dando continuidade aos esforços desenvolvidos no
Quadro anterior.
No domínio da promoção da qualidade de vida e da coesão social, as
intervenções operacionais incluíam o programa para o ambiente e a revita-
lização urbana, orientado para melhorar as condições ambientais, por via da
gestão racional e do aproveitamento dos recursos hídricos, da redução do
impacto ambiental das atividades produtivas, do abastecimento de água e o
saneamento básico nas grandes aglomerações urbanas e da qualificação do
ambiente urbano; e o programa para a saúde e integração social, que visava

468
a melhoria das condições de saúde e de combate à exclusão social, através de
investimentos nas infraestruturas hospitalares e do apoio à integração social
de grupos ameaçados de exclusão social.
No domínio do fortalecimento da base económica regional, o objetivo
consistia em reduzir as assimetrias e promover o potencial endógeno de
desenvolvimento das regiões, fortalecendo a base económica regional, evitar
a desertificação do interior e combater a concentração demográfica em torno
de Lisboa e do Porto, bem como melhorar as condições de vida das populações.
Neste domínio, as intervenções incluíram sete programas operacionais
regionais para assistência específica a cada uma das sete regiões NUTS II do
país: Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve e regiões autó-
nomas dos Açores e da Madeira.
Adicionalmente, outras intervenções operacionais neste domínio incluíam
o programa para promoção do potencial de desenvolvimento regional, veicu-
lando apoios ao desenvolvimento rural e local, incentivos regionais e ações
específicas de reequilíbrio regional, o programa específico de desenvolvimento
integrado da zona de Alqueva ou a introdução de uma subvenção global de
apoio ao investimento autárquico.

Objetivos do III Quadro Comunitário de Apoio

Entre 2000 e 2006, a programação e a aplicação dos fundos estruturais em


Portugal teve como objetivo recuperar o atraso do país através do acréscimo
da produtividade, considerando três domínios prioritários de intervenção:
• a valorização do potencial humano, para recuperar o atraso relativo do
país em matéria de educação e formação e afirmar os fatores de competi-
tividade da economia, especialmente com vista à criação e consolidação
da sociedade do conhecimento;
• o apoio à atividade produtiva, para reordenamento estrutural da eco-
nomia, modernização do sistema científico e tecnológico, e melhoria das
infraestruturas económicas de base, preservando o ambiente;
• a estruturação do território, valorizando o seu ordenamento, o ambiente
e a posição geoestratégica de Portugal, como primeira plataforma atlântica
da Europa, e impondo uma estreita coordenação entre as intervenções
destinadas a reforçar as infraestruturas básicas do país e o desenvolvi-
mento equilibrado das regiões.

Como objetivos estratégicos foram selecionados a promoção da coesão


económica e social, no sentido de privilegiar o crescimento sustentável e a
competitividade regional; a coerência entre o crescimento económico, a coesão

469
social e a proteção do ambiente; e o equilíbrio no desenvolvimento territorial,
mediante uma sólida articulação das políticas e o estabelecimento de parcerias.
Para o efeito, foram considerados quatro eixos prioritários de intervenção:
• elevar o nível de qualificação dos portugueses, promover o emprego e
a coesão social;
• alterar o perfil produtivo em direção às atividades do futuro;
• afirmar a valia do território e a posição geoeconómica do país;
• promover o desenvolvimento sustentável das regiões e a coesão nacional.

No domínio da qualificação dos portugueses e da promoção do emprego e


da coesão social, a estratégia de ação dos fundos estruturais envolveu interven-
ções operacionais como o programa operacional da educação, orientado para a
formação inicial de jovens, a formação contínua e avançada dos profissionais
da educação, a promoção da empregabilidade da população ativa e o apoio
às infraestruturas escolares; e o programa operacional emprego, formação
e desenvolvimento, configurado para promover a formação qualificante e a
transição para a vida ativa, a formação ao longo da vida e a adaptabilidade dos
trabalhadores e das empresas, a formação e modernização da administração
pública, bem como a promoção do desenvolvimento social.
Neste domínio, destacam-se também o programa operacional ciência e
inovação para formar e qualificar, desenvolver o sistema científico tecnoló-
gico e de inovação e promover a cultura científica e tecnológica; o programa
operacional sociedade do conhecimento, para estimular a acessibilidade e o
uso das tecnologias de informação; o programa operacional da saúde, para
obter ganhos em saúde e assegurar aos cidadãos o acesso a cuidados de saúde
de qualidade; e o programa operacional da cultura para valorizar o património
histórico e cultural, favorecer o acesso a bens culturais e reforçar a cultura
como fator de desenvolvimento e de emprego.
No domínio da alteração do perfil produtivo em direção às atividades do
futuro, destaca-se o programa de incentivos à economia (POE/PRIME) que,
visando o reforço da produtividade e da competitividade da economia portu-
guesa e promoção de novos potenciais de crescimento e de desenvolvimento
económico, era orientado para a dinamização das empresas, a qualificação dos
recursos humanos e a dinamização da envolvente empresarial.
A estratégia envolveu ainda intervenções operacionais como o programa
operacional agricultura e desenvolvimento rural, orientado para melhorar a
eficiência produtiva, a competitividade agro-florestal e a sustentabilidade
rural, bem como para reforçar o potencial humano e os serviços à agricultura
e zonas rurais; ou o programa operacional da pesca, para facilitar o ajusta-
mento do esforço de pesca, promover a renovação da frota e a melhoria da

470
competitividade do sector, bem como o abastecimento e a valorização dos
produtos da pesca e da aquicultura.
No domínio da afirmação da valia do território e a posição geoeconómica
do país, foram consideradas intervenções operacionais como o programa opera-
cional acessibilidades e transportes, orientado para a integração dos corredores
estruturantes do território na rede transeuropeia de transportes, o reforço da
coordenação intermodal e o desenvolvimento do sistema logístico, o reforço
da coesão nacional e a promoção da qualidade, eficiência e segurança do sis-
tema de transportes; e o programa operacional ambiente, baseado na gestão
sustentável dos recursos naturais e na integração do ambiente nas atividades
económicas e sociais, com intervenções específicas ao nível do abastecimento
de água, tratamento de águas residuais e de resíduos urbanos.
No domínio da promoção do desenvolvimento sustentável das regiões e da
coesão nacional, a estratégia de ação dos fundos estruturais envolveu interven-
ções operacionais como os dois programas operacionais das regiões autónomas
e os cinco programas operacionais regionais do continente que se afirmaram na
repartição de competências com os programas sectoriais de âmbito nacional.

Objetivos do Quadro de Referência Estratégico Nacional

Cinco grandes prioridades estratégicas enquadraram a distribuição do finan-


ciamento estrutural da União Europeia a Portugal no período de programação
2007-2013: a qualificação dos portugueses, o crescimento sustentado, a coesão
social, a qualificação das cidades e do território e a eficiência da governação.
Três grandes agendas temáticas concentram os domínios essenciais de
intervenção deste período de programação:
• a agenda para o potencial humano, que visa promover as qualificações
escolares e profissionais dos portugueses, o emprego, a inclusão social e as
condições para a valorização da igualdade de género e da cidadania plena;
• a agenda para os fatores de competitividade, que pretende estimular a
qualificação do tecido produtivo por via da inovação, do desenvolvimento
tecnológico e do estímulo do empreendedorismo, bem como melhorar
a envolvente da atividade empresarial, com relevo para a redução dos
custos públicos de contexto;
• e a agenda para a valorização do território, que visa dotar o país e as
suas regiões e sub-regiões de melhores condições de atratividade para
o investimento produtivo e de condições de vida para as populações, a
qual abrange as intervenções de natureza infraestrutural e de dotação
de equipamentos essenciais à qualificação dos territórios e ao reforço da
coesão económica, social e territorial.

471
A concretização no terreno destas agendas temáticas é feita através de
três programas operacionais temáticos, além dos programas operacionais
regionais – Norte, Centro, Lisboa, Alentejo, Algarve, Açores e Madeira – e
dos programas operacionais de cooperação territorial e de assistência técnica.
No domínio da agenda para o potencial humano, os quatro objetivos
principais são superar o défice estrutural de qualificações da população por-
tuguesa; promover o conhecimento científico, a inovação e a modernização
do tecido produtivo e da administração pública; estimular a criação e a qua-
lidade do emprego; e promover a igualdade de oportunidades e a integração
da igualdade de género como fator de coesão social.
As sete vertentes de intervenção desta agenda abrangem a qualificação
inicial; a adaptabilidade e aprendizagem ao longo da vida; a gestão e o aperfei-
çoamento profissional; a formação avançada para a competitividade; o apoio
ao empreendedorismo e à transição para a vida ativa; a cidadania, a inclusão
e o desenvolvimento social; e a promoção da igualdade de género.
O programa operacional temático potencial humano, o programa opera-
cional de valorização do potencial humano e coesão social da região autónoma
da Madeira (Rumos) ou o programa operacional do Fundo Social Europeu para
a região autónoma dos Açores (Pro-Emprego) incluem-se nesta agenda temática.
No domínio da agenda fatores de competitividade, as vertentes de inter-
venção compreendem estímulos à produção do conhecimento e desenvolvi-
mento tecnológico, incentivos à inovação e renovação do modelo empresarial
e do padrão de especialização, instrumentos de engenharia financeira para o
financiamento e partilha de risco na inovação, intervenções integradas para a
redução dos custos públicos de contexto, ações coletivas de desenvolvimento
empresarial, estímulos ao desenvolvimento da sociedade da informação, redes
e infraestruturas de apoio à competitividade regional e promoção de ações
integradas de valorização económica dos territórios menos competitivos.
O programa operacional temático fatores de competitividade (Compete),
os programas operacionais regionais do continente (nos eixos prioritários da
competitividade, inovação e conhecimento), o programa operacional de valo-
rização do potencial económico e coesão territorial da região autónoma da
Madeira (Intervir+) e o programa operacional da região autónoma dos Açores
(Proconvergência) contribuem para esta agenda temática.
No domínio da agenda para a valorização do território, são considera-
das quatro intervenções principais: o reforço da conetividade internacional,
das acessibilidades e da mobilidade; a proteção e valorização do ambiente;
a política de cidades; e redes, infraestruturas e equipamentos para a coesão
territorial e social. Apoiam a concretização de intervenções neste domínio,

472
o programa operacional temático valorização do território e os programas
operacionais regionais.

O diferente acesso aos fundos pelas regiões portuguesas

O que distingue os sucessivos Quadros é também a progressiva diferencia-


ção da elegibilidade regional, ou seja, do diferente acesso ao financiamento
estrutural da União Europeia por parte das sete regiões NUTS II portuguesas
(Mapas B.1 a B.4).
Por elegibilidade regional entende-se a possibilidade de os projetos com
origem numa determinada região terem acesso pleno ou, ao invés, mais restrito
ou limitado aos financiamentos comunitários.
Tal possibilidade é definida pelo nível de desenvolvimento das regiões,
medido pela aproximação do PIB per capita médio da região ao valor médio
deste indicador a nível europeu, em paridades do poder de compra.
A definição de limiares ou patamares específicos para o valor do PIB
per capita por comparação com a média europeia define o enquadramento
das regiões nos vários objetivos da política de coesão europeia. Mais espe-
cificamente, o objetivo 1 e o objetivo de convergência abrangem as regiões
europeias cujo PIB per capita médio é inferior a 75% do PIB per capita médio
do conjunto das regiões europeias.
A intensidade do apoio comunitário é, assim, inversamente proporcional
à prosperidade relativa das regiões beneficiárias dos apoios, ou seja, quanto
mais rica se apresenta uma região em relação às regiões europeias, menor a
possibilidade de ver os projetos que aí se localizam financiados por via do
financiamento estrutural comunitário, quer porque o volume total de fundos
alocado à região é menor, quer porque a natureza das intervenções e despesas
financiáveis é também diferente.
O enquadramento das regiões europeias nos vários objetivos da política de
coesão considera ainda a existência de regimes de apoio transitório – usualmente
designados de phasing out e phasing in – que pretendem facilitar a passagem de
uma região, entre dois ciclos de programação comunitária, de um objetivo mais
favorável em termos de apoios para o objetivo seguinte, logo significando uma
redução substancial do apoio comunitário concedido a essa região.
Dado o seu nível de desenvolvimento económico-social, Portugal tem-se
inserido, em regra, no objetivo da política regional europeia que visa o apoio
a regiões menos desenvolvidas da União.
A primeira região a conseguir saltar o patamar associado a este objetivo
foi a região de Lisboa e Vale do Tejo no período 2000-2006 (Mapa B.3).

473
Em resultado do progresso alcançado no processo de convergência com as
restantes regiões europeias, a região de Lisboa e Vale do Tejo passou a ocupar
um lugar específico no contexto do III Quadro Comunitário de Apoio, com
um acesso mais limitado aos fundos estruturais e de coesão.
Sendo a única região NUTS II portuguesa acima do limiar de 75% do
PIB per capita médio comunitário, a região passou de uma situação de plena
integração e acesso ao financiamento proporcionado pelo objetivo 1 da polí-
tica de coesão europeia para o regime transitório (phasing out) deste mesmo
objetivo. Tal significou uma redução progressiva e substancial do financia-
mento estrutural concedidos à região entre 2000 e 2006, comparativamente
aos anteriores Quadros.
A própria configuração da região mais rica do país foi alterada em 2002,
com efeitos no financiamento comunitário no período 2007-2013 (Mapa B.4).
Constando-se que as sub-regiões estatísticas (NUTS III) da Lezíria do
Tejo, do Médio Tejo e do Oeste eram substancialmente menos desenvolvidas,
foi então decidida a reformulação da NUTS II de Lisboa e de Vale do Tejo,
para potenciar o acesso aos fundos comunitários entre 2007 e 2013.
A NUTS II de Lisboa e Vale do Tejo foi repartida da seguinte forma:
• as sub-regiões do Oeste e Médio Tejo transitaram para a nova NUTS
II Centro;
• a sub-região Lezíria do Tejo passou para a nova NUTS II Alentejo;
• as sub-regiões da Grande Lisboa e Península de Setúbal deram origem
à nova NUTS II Lisboa.

O panorama da elegibilidade e integração das regiões NUTS II portu-


guesas aos objetivos da política regional no período 2007-2013 apresenta-se,
portanto, bastante mais diferenciado.
No Quadro de Referência Estratégico Nacional aprofundou-se a diversi-
dade regional no acesso aos fundos estruturais e de coesão com confirmação
da saída da região de Lisboa da lógica da convergência e da coesão e a consi-
deração das regiões do Algarve e Madeira em situações de transição (phasing
out e phasing in) entre objetivos, respetivamente.
Os novos limiares estabelecidos para o enquadramento das regiões nos
vários objetivos de política e a evolução das NUTS II face à média comunitária
ditaram um mapa de Portugal que compreende quatro tipos de regiões com
decrescente acesso ao financiamento estrutural (Mapa B.4):
• a região Norte e a região autónoma dos Açores, bem como as (novas)
regiões Centro e Alentejo, integram o objetivo convergência “puro”,
continuando a beneficiar das condições mais favoráveis no acesso aos
fundos comunitários;

474
• o Algarve passou a enquadrar o regime transitório (phasing out) do
objetivo convergência, uma vez que o seu PIB per capita era superior ao
PIB per capita médio dos países da União Europeia considerando os 25
Estados-membros (pós-alargamento de 2004), mas inferior ao valor do
mesmo indicador quando se considerava apenas a UE15;
• a região autónoma da Madeira passou a integrar o regime transitório
(phasing in) do objetivo competitividade regional e emprego, dado que
o respetivo PIB per capita era superior a 75% da média da UE15, mas a
região tinha integrado o objetivo 1 no anterior período de programação
comunitária 2000-2006;
• a região de Lisboa ascende ao objetivo competitividade regional e
emprego “puro”, em resultado da sua evolução socioeconómica e da rea-
fetação das sub-regiões que integravam a anterior região de Lisboa e
Vale do Tejo.

Mapa B.1. Regiões elegíveis no I Quadro Mapa B.2. Regiões elegíveis no II Quadro
Comunitário de Apoio em Portugal | 1989 Comunitário de Apoio em Portugal | 1994
a 1993 a 1999

Até à viragem do
século, nenhuma
região portuguesa
apresentava um
PIB per capita
superior a 75% da
média europeia,
podendo aceder
plenamente a todos
os fundos estruturais
consignados às regiões
menos desenvolvidas.
Legenda: Legenda:
Objetivo 1 Objetivo 1

Fonte: Augusto Mateus


& Associados, com base
em Comissão Europeia

475
Mapa B.3. Regiões elegíveis no III Quadro Mapa B.4. Regiões elegíveis no Quadro
Comunitário de Apoio em Portugal | 2000 de Referência Estratégico Nacional
a 2006 em Portugal | 2007 a 2013

Lisboa e Vale do Tejo


foi a primeira região
a ver limitado o acesso
à maior parcela dos
fundos estruturais
no QCA III, tendo
encolhido para a nova
região de Lisboa no
QREN.

Legenda: Legenda:
Objetivo 1 Convergência
Phasing-out Phasing-out
Phasing-in
Competitividade

Fonte: Augusto Mateus


& Associados, com base
em Comissão Europeia

Os fundos programados para Portugal

Entre 1989 e 2013, o volume total de fundos estruturais e de coesão disponi-


bilizado a Portugal superou os 96 mil milhões de euros, a preços constantes
de 2011, considerando o financiamento estrutural previsto nos três Quadros
Comunitários de Apoio (1989-2006) e no Quadro de Referência Estratégico
Nacional (2007-2013).
Para esta programação inicial de fundos da União Europeia foi estimada
uma contrapartida nacional por parte de entidades públicas de cerca de 48 mil
milhões de euros e de agentes privados na ordem de 34 mil milhões de euros.
Somando o financiamento da União Europeia, a contrapartida pública
nacional e a contrapartida privada nacional entre 1989 e 2013, o montante
global de investimento programado para Portugal ascende a 178 mil milhões
de euros a preços constantes de 2011 (Gráfico B.1).
Este montante total de investimento programado para o país supera a
riqueza anualmente gerada pela economia portuguesa.
A programação do financiamento estrutural da União Europeia pressupõe,
por conseguinte, um efeito de alavanca dos fundos sobre a economia nacional,

476
na medida em que se espera que à aplicação dos recursos financeiros públicos
se venham a associar outras fontes de financiamento, nomeadamente privadas.
De acordo com os valores programados, cada euro de fundos estruturais
aprovados deveria suscitar, em média, além de uma contrapartida nacional pública
de 50 cêntimos, cerca de 35 cêntimos de investimento privado, conjuntamente
proporcionando um investimento total na economia de cerca de 1,85 euros.
O volume de investimento médio anual programado para os vários ciclos
foi crescente ao longo dos três primeiros Quadros, diminuindo no Quadro de
Referência Estratégico Nacional. A análise da repartição das três componentes
do investimento total nos vários períodos revela que (Gráfico B.2):
• o financiamento comunitário médio anual aumentou substancial-
mente (+60%) entre os dois primeiros ciclos de programação, suscitando,
porém, uma menor proporção de despesa pública nacional no II Quadro
Comunitário de Apoio;
• no III Quadro Comunitário de Apoio, era estimado um volume de finan-
ciamento estrutural anual superior ao do II Quadro (+3%), a que deveria
corresponder um nível de despesa pública nacional também superior;
• no Quadro de Referência Estratégico Nacional, foi estimado um recuo,
na ordem de 12%, do financiamento estrutural anual, reduzindo-se subs-
tancialmente as contrapartidas nacionais pública e privada.

Na consideração do volume de financiamento estrutural programado,


importa também proceder a uma análise comparativa com os Estados-membros
da União Europeia que, dado o seu nível de desenvolvimento, puderam ace-
der e beneficiar desta política comunitária em condições semelhantes às de
Portugal: Espanha, Irlanda e Grécia.
A comparação da parcela dos fundos estruturais e de coesão da União
Europeia destinados a Portugal, Espanha, Irlanda e Grécia mostra que estes
designados quatro parceiros iniciais da coesão acolheram, no seu conjunto,
mais de metade do financiamento comunitário programado ao longo dos três
primeiros Quadros, reduzindo de forma substancial a sua quota no período
de programação 2007-2013.
O alargamento da União Europeia e a inerente integração de países e
regiões menos desenvolvidas implicou um peso crescente das verbas para
a política de coesão no total do orçamento comunitário, mas também uma
repartição por um número crescente de Estados-membros.
Neste contexto, os quatro parceiros iniciais da coesão, que acolhiam mais
de metade do financiamento estrutural destinado a todos os Estados-membros
no contexto da UE12 e da UE15, viram a sua quota encolher para um quarto
no contexto do alargamento à Europa Central e Oriental. Para esta redução

477
contribuiu também o progresso da Irlanda, que se vem emancipando das
verbas comunitárias consignadas às regiões mais pobres da União Europeia
(Gráfico B.3), bem como de Espanha, nomeadamente por via da sua nova ele-
gibilidade (em regime de phasing out) ao Fundo de Coesão.
A Portugal tem sido alocada uma proporção decrescente de fundos estru-
turais e de coesão, passando de cerca de 14% para 7% do montante programado
para toda a União Europeia. No contexto dos parceiros iniciais da coesão,
Portugal aumentou a sua quota no período 2007-2013 em consequência da
perda de relevância de Espanha.
Quando se relativizam os fundos estruturais e de coesão programados
pela população residente, é possível comprovar que Portugal tem garantido
montantes per capita de financiamento comunitário sempre superiores à média
dos quatro parceiros iniciais da coesão. No Quadro de Referência Estratégico
Nacional, o nível de captação de fundos obtido pela população portuguesa
subiu mesmo ao primeiro lugar. Além de poder revelar uma maior eficácia
das entidades nacionais nas negociações com a União Europeia, este facto
não deixa de confirmar a debilidade dos resultados alcançados pelo país em
matéria de convergência (Gráfico B.4).

Gráfico B.1. Total do investimento Gráfico B.2. Investimento médio anual


programado a financiar pelos fundos programado a financiar pelos fundos
estruturais e de coesão em Portugal | 1989 estruturais e de coesão em Portugal | 1989
a 2013 a 2013
Fundo contrapartida pública nacional contrapartida privada nacional
9 000
O volume total QCA I
milhões de euros

de investimento 13.3
mil
associado a fundos QREN milhões
de euros
6 000

26,8 (14%)
estruturais e de mil
milhões
coesão programado de euros
(28%)
3 000
Fundos
para Portugal para o estruturais
e de coesão
período 1989­‑2013 é QCA II
0
96.1 QCA I QCA II QCA III QREN
superior ao produto mil
25.4
mil
milhões Preços correntes
milhões
interno bruto anual de euros
de euros
(26%)
do país. Açores 9 000
Saint-Martin
Madeira
milhões de euros
QCA III
Canárias
Guadalupe 30.5
Martinica
mil
6 000
milhões
Guiana de euros
(32%) Reunião

3 000

Nota: Investimento total 47,5 34,0


mil mil
programado a preços milhões milhões
de euros de euros
contantes de 2011. Os ciclos 0
correspondem a 1989­ QCA I QCA II QCA III QREN
‑1993 (QCAI), 1994­‑1999 Contrapartida Contrapartida Preços constantes de 2011
(QCAII), 2000­‑2006 (QCAIII) pública privada
nacional nacional
e 2007­‑2013 (QREN).
Fonte: Augusto Mateus 178 mil milhões de euros
& Associados com base de investimento total
em Comissão Europeia

478
Gráfico B.3. Peso dos parceiros iniciais da Coesão na programação de fundos
estruturais e de coesão da União Europeia | 1989 a 2013
60%

Até ao alargamento
da União Europeia a
50%
leste, aos parceiros
14%
11%
iniciais da coesão era
10%
destinada cerca de
metade das verbas
40%
da política regional
europeia, passando
para cerca de um
30% 22% quarto no pós­‑2007.
26%
28%

7%
20%

12%
11%
10% 11%
13% Nota: Os ciclos correspondem
a 1989­‑1993 (QCAI),1994­‑1999
7% 6% (QCAII), 2000­‑2006  (QCAIII)
5%
e 2007­‑2013 (QREN).
0%
QCA I QCA II QCA III QREN Fonte: Augusto Mateus
& Associados com base
Portugal Espanha Grécia Irlanda em Comissão Europeia

Gráfico B.4. Programação dos fundos estruturais e de coesão per capita: comparação
entre Portugal e os parceiros iniciais da coesão | 1989 a 2013
250

Portugal tem sido


privilegiado no
200 contexto dos parceiros
iniciais da coesão,
quando comparados
os valores dos fundos
150
estruturais e de coesão
por habitante.

Média dos parceiros iniciais da coesão = 100

50
Nota: Os ciclos correspondem
a 1989­‑1993 (QCAI), 1994­‑1999
(QCAII), 2000­‑2006 (QCAIII)
e 2007­‑2013 (QREN).
0
QCA I QCA II QCA III QREN Fonte: Augusto Mateus
& Associados com base
Portugal Espanha Grécia Irlanda em Comissão Europeia

479
Conceitos e metodologia

Autoridade de gestão dos territórios nacionais menos prósperos


Autoridade pública nacional, regional ou local, ou da União Europeia e, como tal, considerados
organismo público ou privado, designada pelo Estado­ prioritários no âmbito da sua política de coesão.
‑membro, para gerir o programa operacional, sendo, Nesta contabilização não são consideradas
neste âmbito, responsável pela eficácia e regularidade as iniciativas comunitárias adotadas pela União
da gestão e da execução. (Portal do QREN) Europeia ao longo dos três primeiros Quadros e
que visavam o apoio e a superação de problemas
Cofinanciamento
específicos com incidência e interesse a nível
Parcela da despesa elegível ou da despesa
europeu, como sejam, a igualdade de oportunidades,
pública elegível financiada pelos fundos
a cooperação territorial europeia ou o apoio a áreas
comunitários. A percentagem do financiamento
urbanas com dificuldades estruturais, entre outras.
comunitário no total da despesa total elegível
(pública e privada) ou da despesa pública Perspetivas Financeiras
elegível designa­‑se taxa de cofinanciamento Constituem o quadro geral de referência das
ou taxa de participação. (Portal do QREN) despesas comunitárias para um período de vários
anos, designadamente 1988­‑1992 (pacote Delors I),
Contrapartida nacional
1993­‑1999 (pacote Delors II), 2000­‑2006, 2007­‑2013.
Parte da despesa elegível de uma operação
Resultam de um acordo interinstitucional entre o
suportada por recursos nacionais, privados
Parlamento Europeu, o Conselho e a Comissão e
ou públicos. (Portal do QREN)
indicam o limite máximo e a composição das despesas
Fundos estruturais e de coesão comunitárias previsíveis. São objeto de uma adaptação
Na contabilização do volume de financiamento anual efetuada pela Comissão para ter em conta os
estrutural da União Europeia programado para preços e a evolução do PNB comunitário. No entanto,
apoiar Portugal estão considerados o Fundo Europeu não correspondem a um orçamento plurianual,
de Desenvolvimento Regional (FEDER) e o Fundo uma vez que o processo orçamental anual continua
Social Europeu (FSE) enquanto fundos estruturais a ser indispensável para determinar o montante
de base, a secção Orientação do Fundo Europeu efetivo das despesas e a repartição das verbas pelas
de Orientação e Garantia Agrícola (FEOGA­‑O) e diferentes rubricas orçamentais. (Portal do QREN)
o Instrumento Financeiro de Orientação da Pesca
QCA | QREN | Acordos de Parceria
(IFOP), enquanto componentes estruturais das
O Quadro Comunitário de Apoio (QCA) designou
políticas europeias de apoio aos sectores agrícola
o primeiro documento a enquadrar o conjunto da
e das pescas entre 1989 e 2006, bem como o Fundo
ajuda estrutural comunitária a Portugal nos períodos
Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural
de programação 1989­‑1993 (QCA I), 1994­‑1999 (QCA
(FEADER) e o Fundo Europeu das Pescas (FEP)
II) e 2000­‑2006 (QCA III). Sucedeu-lhe o Quadro
entre 2007 e 2013, com o intuito de manter a
de Referência Estratégico Nacional (QREN) no
coerência da análise global dos fundos estruturais
período de programação 2007­‑2013, documento de
ao longo dos quatro períodos de programação.
referência para a programação dos fundos estruturais
No conjunto dos fundos estruturais e de
e do fundo de coesão, no qual o Estado­‑membro
coesão, considera­‑se ainda o Fundo de Coesão
apresenta a estratégia nacional e áreas prioritárias
como instrumento financeiro de apoio estrutural.
escolhidas para a intervenção dos fundos. No
O Fundo de Coesão distingue­‑se essencialmente dos
âmbito do período de programação 2014­‑2020, o
fundos estruturais pela sua abrangência nacional.
documento de enquadramento nacional da acção
Não sendo estrita e formalmente considerado
comunitária passa a designar-se Acordo de Parceria.
como fundo estrutural, corresponde efetivamente
a um instrumento de apoio ao desenvolvimento

480
Regras de elegibilidade Regras “n+2” e “n+3”
Normas que limitam o âmbito das despesas das Anulação por parte da Comissão Europeia de
operações passíveis de ser objeto de financiamento qualquer parte de uma autorização orçamental
comunitário no âmbito de uma intervenção. As relativa a um programa operacional que não
regras relativas à elegibilidade das despesas são tenha sido utilizada para o pagamento do pré­
fixadas a nível nacional por cada Estado­‑membro, ‑financiamento ou para a realização de pagamentos
sem prejuízo das exceções previstas nos regulamentos intermédios, ou em relação à qual não tenha sido
específicos para cada fundo. (Portal do QREN) apresentado à Comissão, até 31 de Dezembro do
segundo ano seguinte ao da autorização orçamental,
Regulamento específico
qualquer pedido de pagamento (regra n+2). Este
Conjunto de normas aplicáveis a um programa
prazo vai até 31 de dezembro do terceiro ano
operacional, a um eixo prioritário, ou a uma
seguinte ao da autorização orçamental anual de
tipologia de investimentos, a ser observado pela
2007 a 2010, no âmbito dos respetivos programas
respetiva autoridade de gestão, pelos organismos
operacionais, no que respeita aos Estados­‑membros
intermédios e pelos beneficiários e aprovado pela
cujo PIB per capita entre 2001 e 2003 tenha sido
Comissão Ministerial de Coordenação respetiva,
inferior a 85% da média da UE25 relativamente
ou, no caso dos programas operacionais das regiões
ao mesmo período (regra n+3). (Portal do IFDR)
autónomas, segundo modalidade definida pelos
respetivos Governos Regionais. (Portal do QREN)

Para saber mais


Augusto Mateus e Associados, CIRIUS, GeoIdeia (1993) | Preparar Portugal para o Século xxi
e CEPREDE (2005) | Competitividade Territorial – Plano de Desenvolvimento Regional 1994­‑1999
e a Coesão Económica e Social Ministério do Planeamento | Quadro Comunitário
Comissão Europeia (2008) | A política da coesão da de Apoio Portugal 2000­‑2006
UE de 1988 a 2008: Investir no futuro da Europa Observatório do QCA III | Quadro de Referência
Ministério do Planeamento e da Administração Estratégico Nacional – Portugal 2007­‑2013
do Território, Secretaria de Estado do Pires, L. M. (1998) | A política regional europeia e
Planeamento e do Desenvolvimento Regional Portugal, Fundação Calouste Gulbenkian
(1989) | Quadro Comunitário de Apoio do Plano Portal do Quadro de Referência Estratégico Nacional
de Desenvolvimento Regional 1989­‑1993 Textos base dos Programas Operacionais dos II e III
Ministério do Planeamento e da Administração Quadros Comunitários de Apoio e do Quadro
do Território, Secretaria de Estado do de Referência Estratégico Nacional
Planeamento e do Desenvolvimento Regional

481
C
Aplicação dos fundos estruturais
e de coesão
Entre 1989 e 2011, o volume total de fundos estruturais e de coesão executados O investimento
por Portugal ascendeu a 81 mil milhões de euros, a preços constantes de 2011. estrutural executado
no país entre 1989 e
Este montante considera a despesa validada para reembolso dos beneficiários 2011 ascendeu a 156
dos projetos aprovados nos três Quadros Comunitários de Apoio já encerrados mil milhões de euros.

(1989-2006). Considera também a despesa validada até ao final do ano de 2011


no Quadro de Referência Estratégico Nacional (2007-2013).
O facto de este último Quadro estar ainda em execução justifica o desvio
face ao montante inicialmente programado e impede comparações diretas
com os Quadros anteriores.
À semelhança do capítulo anterior, esta verba inclui o Fundo de
Desenvolvimento Regional (FEDER), o Fundo Social Europeu (FSE) e o Fundo de
Coesão (FC). Inclui ainda a secção Orientação do Fundo Europeu de Orientação
e Garantia Agrícola (FEOGA-O) e o Instrumento Financeiro de Orientação da
Pesca (IFOP), ambos até ao III Quadro Comunitário de Apoio e, no período
do Quadro de Referência Estratégico Nacional, o Fundo Europeu Agrícola
de Desenvolvimento Rural (FEADER) e o Fundo Europeu das Pescas (FEP).
Entre 1989 e 2011, este financiamento estrutural alavancou uma contra-
partida nacional por parte de entidades públicas superior a 41 mil milhões de
euros e uma contrapartida nacional por parte de agentes privados na ordem
de 34 mil milhões de euros.
Somando o financiamento da União Europeia, a contrapartida pública
nacional e a contrapartida privada nacional, o montante global de investimento
executado por Portugal entre 1989 e 2011 ascendeu a 156 mil milhões de euros,
a preços constantes de 2011 (Gráfico C.1).
Face ao montante inicialmente previsto para a execução integral dos qua-
tro períodos de programação, sobressai o maior envolvimento da contrapartida
privada nacional e a relativa menor taxa de execução da contrapartida pública
nacional, tendo em conta a execução ainda parcial do Quadro de Referência
Estratégico Nacional (Gráfico B.1 e Gráfico C.1).
A maior adesão dos promotores privados é comprovada no primeiro período
de programação cuja execução incluiu intervenções lançadas antes de 1989,

483
como o programa específico de desenvolvimento da indústria portuguesa
(PEDIP). É também elevado o ritmo de execução da contrapartida privada
nacional no Quadro de Referência Estratégico Nacional, em contexto de res-
trição do acesso ao crédito pelas empresas. Já a menor contrapartida pública
nacional revelada pela execução deste Quadro até 2011 indicia o aumento das
taxas de cofinanciamento comunitário em intervenções maioritariamente
assumidas por promotores públicos, condicionados pelo processo de conso-
lidação orçamental (Gráfico C.2).
A execução dos fundos estruturais e de coesão por ciclo de programação
revela que este financiamento da União Europeia ascendeu a 2,4% do produto
interno bruto médio anual da economia portuguesa no I Quadro Comunitário
de Apoio (1989-1993), rácio que compara com 3% e 2,6% nos dois Quadros
seguintes, respetivamente. O financiamento estrutural da União Europeia
executado até 2011 no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional
equivalia a 1,3% do produto interno bruto médio anual do período 2007-2011
(Gráfico C.2).
O exercício de regionalização do financiamento estrutural permite uma
repartição crescente pelas sete regiões portuguesas dos fundos executados
entre 1989 e 2011, indiciando também um reforço da base regional dos inves-
timentos executados.
Neste contexto, destaca-se entre o I e o III Quadro Comunitário de Apoio
a progressiva orientação da aplicação dos fundos no Norte, no Centro ou no
Alentejo em detrimento de Lisboa e Vale do Tejo, a primeira região portuguesa
a emancipar-se dos fundos estruturais consignados às regiões mais pobres da
União Europeia (Gráfico C.3).
No Quadro de Referência Estratégico Nacional, a execução até 2011
mostra que as regiões Norte e Centro acolhem dois em cada três euros dos
fundos da União Europeia. Conjuntamente com o Alentejo, sobe para quatro
em cada cinco os euros de financiamento estrutural destinados a estas três
regiões portuguesas.
Convém, contudo, notar que o Quadro de Referência Estratégico Nacional
se demarca por uma diferenciação do acesso das regiões portuguesas aos fundos
estruturais, o que inibe uma comparação direta da repartição regional com
Quadros comunitários anteriores.
Recorde-se que, para otimização da programação do financiamento estru-
tural para 2007-2013, a própria região de Lisboa e Vale do Tejo perdeu o Oeste e
o Médio Tejo para a região Centro e a Lezíria do Tejo para a região do Alentejo,
restringindo-se a nova região de Lisboa às sub-regiões mais desenvolvidas da
Grande Lisboa e da Península de Setúbal. Neste período, também as regiões da
Madeira e do Algarve entraram em situações de transição (phasing in e phasing out).

484
A repartição da execução do financiamento da União Europeia pelos
diversos fundos estruturais e de coesão destaca a concretização prioritária
de infraestruturas, de investimentos produtivos destinados às empresas e
demais intervenções financiadas pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento
Regional (FEDER), sempre maioritárias desde o I Quadro Comunitário de
Apoio. Seguem-se domínios como a promoção do emprego, da qualificação e
da formação profissional ou da inclusão social dos mais desfavorecidos con-
cretizados no âmbito do Fundo Social Europeu (FSE).
Considerando os dois Quadros já completados desde o lançamento do
Fundo de Coesão (II e III Quadros Comunitários de Apoio), em média, por
cada dez euros de financiamento estrutural executado em Portugal, cinco
provêm do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional e dois do Fundo
Social Europeu.
Os dados disponíveis até 2011 para a execução do Quadro de Referência
Estratégico Nacional reequilibram para já estes dois principais fundos estru-
tuturais recebidos por Portugal (Gráfico C.4).
De seguida, é pormenorizada fundo a fundo a execução do financiamento
estrutural entre 1989 e 2011.

Gráfico C.1. Investimento total financiado Gráfico C.2. Investimento médio anual
pelos fundos estruturais e de coesão financiado pelos fundos estruturais
em Portugal | 1989 a 2011 e de coesão em Portugal | 1989 a 2011
Fundo contrapartida pública nacional contrapartida privada nacional

QREN* QCA I 9 000 O volume total


10,9 milhões de euros
mil
14,8
mil
de investimento
milhões milhões
de euros
(14%)
de euros estrutural no país até
(18%) 6 000
2011 foi financiado
Fundos em cerca de 52% por
estruturais
e de coesão 3 000 fundos estruturais e
QCA III
80,8
mil
de coesão e cerca de
milhões
29,9
de euros
QCA II
0
48% por contrapartida
mil 25,2
milhões
de euros
mil QCA I QCA II QCA III QREN* nacional pública e
milhões
(37%) Preços correntes
de euros
(31%)
privada.
9 000
milhões de euros
Nota: Investimento total a
preços constantes de 2011.
Os ciclos correspondem a
6 000 1989­‑1993 (QCAI), 1994­‑1999
41,2 34,0 (QCAII), 2000­‑2006 (QCAIII)
mil mil
milhões milhões e 2007­‑2013 (QREN).
de euros de euros
3 000 *O QREN considera apenas
os montantes executados
Contraparda Contraparda
pública privada até ao final de 2011.
nacional nacional 0
Fonte: Augusto Mateus
QCA I QCA II QCA III QREN*
156 mil milhões de euros & Associados com base
de invesmento total Preços constantes de 2011 em IFDR, IGFSE, DGRM
e GPP/MAMAOT

485
Gráfico C.3. Repartição regional dos fundos estruturais e de coesão aplicados
em Portugal | 1989 a 2011
Madeira
Algarve
Mais de metade dos Parcela dos fundos não regionalizável Lisboa e Vale
do Tejo Açores
Norte Centro Alentejo
fundos estruturais e 4%
de coesão executados 10%
QCA I 22% 20% 30% 10% 4% 8% 7%
até ao final de 2011
24%
destinaram­‑se às
regiões do Norte e
45%
Centro do país.

QCA II 28% 17% 29% 9% 6% 5% 6%

Nota: A preços correntes


e excluindo parcela não
regionalizável. Os ciclos
correspondem a 1989­
‑1993 (QCAI), 1994­‑1999
(QCAII), 2000­‑2006 (QCAIII) QCA III 34% 23% 16% 12% 4% 5% 5%
e 2007­‑2013 (QREN).
*O QREN considera apenas
os montantes executados até
ao final de 2011, tendo Lisboa
perdido três regiões NUTS III
para o Centro e o Alentejo.
Dados não disponíveis
para Açores no QCAII. QREN* 40% 28% 5% 14% 2% 7% 4%

Fonte: Augusto Mateus


& Associados com base
em IFDR, IGFSE, DGRM
e GPP/MAMAOT QCA I QCA II QCA III QREN* 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Gráfico C.4. Repartição por fundo do financiamento estrutural aplicado em Portugal


| 1989 a 2011

O apoio a
infraestruturas, QCAI 58% 23% 17%

equipamentos
e investimentos
produtivos tem
dominado a aplicação
dos fundos estruturais QCAII 52% 18% 12% 17%

e de coesão em
Portugal.

QCAIII 54% 19% 13% 12%


Nota: A preços correntes.
Os ciclos correspondem a
1989­‑1993 (QCAI), 1994­‑1999
(QCAII), 2000­‑2006 (QCAIII)
e 2007­‑2013 (QREN).
*O QREN considera apenas
os montantes executados
até ao final de 2011. QREN* 42% 35% 16% 6%

Fonte: Augusto Mateus


& Associados com base
em IFDR, IGFSE, DGRM
e GPP/MAMAOT FEDER FSE FEOGA-O / FEADER IFOP / FEP Fundo de Coesão

486
Aplicação do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional | FEDER

Entre 1989 e 2011, Portugal recebeu cerca de 43 mil milhões de euros, a preços
constantes de 2011, de financiamento da União Europeia através do Fundo
Europeu de Desenvolvimento Regional, destinado à realização de infraestru-
turas e investimentos produtivos geradores de emprego, quer em domínios de
investimento público, quer no apoio a entidades privadas.
A este montante de fundo associou-se uma contribuição financeira por
parte de entidades públicas nacionais de cerca de 26 mil milhões de euros e
uma contrapartida de agentes privados de idêntico montante.
Somando o financiamento da União Europeia, a contrapartida pública
nacional e a contrapartida privada nacional, o investimento no país financiado
pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional ascendeu a cerca de 95
mil milhões de euros entre 1989 e 2011 (Gráfico C.5).
Foi no período de vigência do III Quadro Comunitário de Apoio que
Portugal acolheu a maior parcela do Fundo Europeu de Desenvolvimento
Regional, respondendo por 38% do montante total atribuído entre 1989 e 2011.
A análise a preços constantes do investimento médio anual associado ao
Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional permite assinalar que (Gráfico C.6):
• o volume médio anual de investimento total foi mais elevado no período
de vigência do I Quadro Comunitário de Apoio (1989-1993);
• o financiamento estrutural tem assumido uma proporção crescente no
total do investimento médio anual;
• a contrapartida pública nacional é mais significativa no III Quadro
Comunitário de Apoio (2000-2006), ao passo que a contrapartida privada
tem vindo a reduzir-se ao longo do tempo;
• a execução entre 2007 e 2011 do Quadro de Referência Estratégico
Nacional revela-se ainda limitada.

A regionalização da intervenção comunitária nos quatro períodos de


programação torna evidente a evolução das várias regiões no que respeita ao
seu desenvolvimento face à média nacional e europeia, condicionando, desde
logo, a sua elegibilidade aos financiamentos de caráter estrutural, uma vez
que as regiões relativamente mais ricas recebem menos apoios estruturais do
que as mais pobres.
A menor distância face ao grau de desenvolvimento das restantes regiões
portuguesas proporcionou a Lisboa e Vale do Tejo a maior parcela do finan-
ciamento FEDER nos dois primeiros períodos de programação 1989-93 e
1994-1999, respondendo por cerca de 30% do fundo.

487
A melhoria do posicionamento relativo de Lisboa e Vale do Tejo, ultrapas-
sando a média europeia do PIB per capita, tem ditado a diminuição progressiva do
peso desta região na repartição do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
A região autónoma da Madeira e o Algarve registam uma evolução similar,
embora menos expressiva, ao verem reduzida a sua quota no total do fundo
executado entre 1989 e 2011.
Inversamente, o Centro e, muito particularmente, o Norte têm vindo
a reforçar a sua posição, muito por efeito da degradação do posicionamento
relativo destas regiões no contexto nacional e europeu (Gráfico C.7).
A repartição da execução do Fundo Europeu de Desenvolvimento
Regional por domínio de intervenção em cada um dos quatro períodos de
programação evidencia a relevância das áreas relacionadas com a criação de
condições de suporte ou de infraestruturação do território (em particular os
investimentos em mobilidade), bem como com o apoio à atividade produtiva
(nomeadamente a atividade empresarial). Estas duas áreas de apoio represen-
taram cerca de 82% do fundo executado no I Quadro Comunitário de Apoio
e de 70% nos dois Quadros seguintes.
A execução do Quadro de Referência Estratégico Nacional até 2011
coloca em perspetiva, porém, uma reorientação para domínios de intervenção
relacionados com a criação de condições de atratividade e de qualidade de
vida, com particular relevo para as infraestruturas de ensino, que aumentam
o peso para 26% do total executado.
Na repartição por domínio de intervenção, os investimentos direciona-
dos para a atividade empresarial passam a assumir no Quadro de Referência
Estratégico Nacional a liderança no conjunto do financiamento FEDER (cerca
de 28% do total), em detrimento dos investimentos em acessibilidades e trans-
portes (Gráfico C.8). De salientar que a rubrica atividade empresarial inclui,
desde o II Quadro, o sector do turismo.
Com base no exercício de recolha de informação relativa às realizações
físicas registadas nos diversos relatórios de execução e avaliação dos programas
operacionais financiados pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional
(FEDER), é possível realçar realizações físicas deste financiamento estrutural
da União Europeia.
No âmbito do I Quadro Comunitário de Apoio (1989-1993), é salientada
a construção de 1133 km de autoestradas, de itinerários principais e comple-
mentares e a renovação de 640 km de via férrea no domínio das acessibilidades
e transportes e a construção e reabilitação de 4116 km de redes e condutas de
distribuição de água, 248 estações de tratamento de águas residuais e dez aterros
sanitários, no domínio do ambiente. É também referenciada a construção de
662 estabelecimentos de ensino, de 132 infraestruturas culturais e, no campo

488
da saúde, dos três hospitais de Leiria, de Matosinhos e de Ponta Delgada. No
domínio da atividade empresarial, são ainda realçados apoios a 8319 projetos
empresariais nas áreas da indústria e do comércio e o estabelecimento de 154
loteamentos e zonas industriais.
No âmbito do II Quadro Comunitário de Apoio (1994-1999), o domínio
dos transportes acusa a construção e reabilitação de 645 km de estradas e de
1125 km de via férrea e também obras de beneficiação em oito portos, como
o prolongamento do cais do terminal norte do porto de Aveiro, a construção
do terminal roll on/roll off Ford/VW no porto de Setúbal e a remodelação do
acesso ferroviário ao porto de Lisboa. Na região Norte, destacam-se ainda as
intervenções no Metro do Porto.
No domínio da rede energética nacional, a aposta na introdução do gás
natural com vista à redução da dependência do petróleo consubstanciou-se na
construção de 3071 km de rede de distribuição suportada por 228 km de gasodutos.
No que concerne ao apoio à atividade empresarial, é possível aferir a
aprovação de 5096 projetos de investimento industrial, representando as PME
70% do número de empresas e 41% do montante de investimento associado.
Em termos de infraestruturas relacionadas com a qualificação dos recursos
humanos, salienta-se também a construção e reabilitação de 286 escolas de
ensino básico e secundário, de 70 estabelecimentos de ensino profissional e,
ao nível do ensino superior, de mais de 400 mil m2 de área bruta de construção
que viabilizaram uma capacidade adicional de 47 mil alunos.
Relativamente à área da saúde, foram construídos seis novos hospitais,
remodelados dois e concluídos três cujos projetos transitaram do primeiro
Quadro, o que se traduziu num acréscimo de 1242 camas. Foram também
intervencionados 39 centros de saúde, 22 dos quais construídos de raiz. O inves-
timento na informatização da rede foi também motivada pela introdução
do Cartão de Utente do Serviço Nacional de Saúde. No domínio da inclusão
social, a intervenção operacional Integrar destaca também o financiamento de
142 centros de convívio, 70 ATL, 66 serviços de apoio domiciliário, 67 centros
comunitários, 31 centros de formação e reabilitação profissional, 26 centros
de formação e reinserção socioprofissional e 19 serviços de atendimento inte-
grado neste período de programação.
No decorrer deste Quadro, as empresas privadas destacaram-se como
os principais promotores deste fundo estrutural, obtendo 25% do total deste
financiamento, sendo seguidas pela administração central (22%) e pelas autar-
quias (19%).
No âmbito do III Quadro Comunitário de Apoio (2000-2006), o domí-
nio das acessibilidades e transportes destaca a ampliação da rede rodoviária
nacional em 2278 km de rede fundamental e 2276 km de rede complementar,

489
a renovação de 484 km de via férrea e as intervenções de beneficiação dos
aeroportos Sá Carneiro e de Faro.
No domínio da atividade empresarial, o programa de incentivos à econo-
mia refere o apoio a 11 684 empresas, das quais 76% PME, acolhendo o sector
industrial 43% do incentivo neste período.
Ao nível do investimento em infraestruturas educativas, os programas
operacionais regionais terão financiado intervenções em 262 escolas e em 28
jardins de infância. Pelo programa operacional de educação, foi construída ou
equipada 300 mil m2 de área bruta, o equivalente à remodelação de 957 salas de
aula e ao equipamento de 1649 outras, e à aquisição de perto de meio milhão
de produtos multimédia e acima de cem mil computadores.
Foram também referenciados como objeto de intervenções de construção,
remodelação ou adequação de instalações 63 hospitais e 179 centros na área
da saúde, bem como 26 auditórios, 64 bibliotecas, 57 museus e 72 centros na
área da cultura.
As autarquias locais destacam-se entre os beneficiários deste Quadro,
acolhendo 24% do financiamento estrutural, seguidas da administração central
(19%) e das empresas privadas (18%).
No âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional, até 2011 foi
referenciada a construção e reabilitação de 3133 km de estradas e 104 km
de ferrovia, num esforço financeiro conjunto com o Fundo de Coesão. No
combate à erosão e defesa do litoral, encontravam-se contratadas 76 inter-
venções, a que se juntam no domínio ambiental a construção/reabilitação de
181 estações de tratamento de águas residuais e a intervenção em 2430 km de
rede de abastecimento de água, também em parceria com o Fundo de Coesão.
Até 2011, no domínio do sistema de incentivos são referenciadas 4826
empresas beneficiárias de ajudas diretas ao investimento e 776 novas empresas
cuja criação foi apoiada, com destaque para sectores intensivos em conheci-
mento e média-alta e alta tecnologia.
Em termos de infraestruturas de ensino, a contabilidade das intervenções
até 2011 ascendia a 702 centros escolares do 1.º ciclo, 27 escolas do 2.º e 3.º ciclo,
88 escolas do ensino secundário e 26 universidades e centros de formação.
Até ao final de 2011, o tipo de promotor que mais beneficiou deste fundo
estrutural foi a administração autónoma local (27%), seguida das empresas
privadas (26%) e das entidades públicas empresariais (21%).

490
Gráfico C.5. Investimento total financiado Gráfico C.6. Investimento médio anual
pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento financiado pelo Fundo Europeu de
Regional em Portugal | 1989 a 2011 Desenvolvimento Regional em Portugal |
1989 a 2011
Fundo contrapartida pública nacional contrapartida privada nacional O investimento total
QREN* 6 000
milhões de euros
associado ao FEDER
4,6 QCAI
mil 5 000 foi financiado em
milhões 8,9
de euros
(11%)
mil 4 000 cerca de 45% pelo
milhões
de euros
(21%) 3 000
fundo da União
Europeia, com
2 000
FEDER
a contrapartida
42,7 1 000
QCAIII
milhões de euros nacional a repartir­‑se
16,1
0
mil
QCAI QCAII QCAIII QREN*
equitativamente entre
milhões QCAII
de euros
(38%) 13,1
Preços correntes o público e o privado.
mil
milhões 6 000
de euros milhões de euros
(30%)
5 000

4 000 Nota: Investimento total a


preços constantes de 2011.
3 000 Os ciclos correspondem a
26,1 26,2 1989­‑1993 (QCAI), 1994­‑1999
mil mil 2 000
milhões milhões (QCAII), 2000­‑2006 (QCAIII)
de euros de euros
e 2007­‑2013 (QREN).
1 000
*O QREN considera apenas
Contrapartida Contrapartida
pública privada 0 os montantes executados
QCAI QCAII QCAIII QREN* até ao final de 2011.
nacional nacional
Preços constantes de 2011
Fonte: Augusto Mateus &
95 mil milhões de euros
de investimento total Associados com base em dados
disponibilizados pelo IFDR

Gráfico C.7. Repartição regional do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional


aplicado em Portugal | 1989 a 2011
Madeira
Algarve
Parcela do fundo não regionalizável
Lisboa e Vale do Tejo Alentejo Açores
As regiões Norte e
Norte Centro

6% 5%
1% Centro têm vindo
9%
a absorver uma
QCA I 22% 20% 30% 10% 4% 7% 8%
proporção crescente
do FEDER, ao passo
que à nova região
de Lisboa cabe uma
dotação cada vez
QCA II 28% 20% 30% 8% 3% 4% 6% menor no contexto
nacional.

Nota: A preços correntes


e excluindo parcela não
QCA
III
35% 26% 10% 13% 5% 5% 6% regionalizável. Os ciclos
correspondem a 1989­
‑1993 (QCAI), 1994­‑1999
(QCAII), 2000­‑2006 (QCAIII)
e 2007­‑2013 (QREN).
*O QREN considera apenas
os montantes executados até
ao final de 2011, tendo Lisboa
QREN* 40% 30% 4% 12% 3% 11% perdido três regiões NUTS III
para o Centro e o Alentejo.
Fonte: Augusto Mateus &
Associados com base em dados
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
QCA I QCA II QCA III QREN* disponibilizados pelo IFDR

491
Gráfico C.8. Repartição por área de intervenção do Fundo Europeu de
Desenvolvimento Regional aplicado em Portugal | 1989 a 2011
apoio à atividade económica infraestruturação do território condições de atratividade e qualidade de vida

Os investimentos QCA I QCA II QCA III QREN*


Atividade
em mobilidade e o empresarial
25% 23% 21% 28%

apoio à atividade 5% 5% 2%
Turismo 9%
empresarial têm sido
Ciência e
5% 2% 4% 1%
privilegiadas por este tecnologia

fundo estrutural, que Emprego e formação


3% 41% 0,9% 31% 0,4% 31% 0,1% 32%
profissional
no último período
Acessibilidades 26% 25% 14%
28%
de programação se e transportes

orientou para as Energia 6% 4% 3% 0,1%


25%
infraestruturas de
Ambiente 8% 10% 10% 11%
41% 40% 38%
ensino.
Infraestruturas
9% 8% 6% 26%
de ensino

Nota: A preços correntes. Qualificação


0% 5% 6% 5%
urbana
Os ciclos correspondem a
1989­‑1993 (QCAI), 1994­‑1999 Investimentos
2% 10% 14% 6%
(QCAII), 2000­‑2006 (QCAIII) socioculturais

e 2007­‑2013 (QREN). Sociedade da


3% 3% 3% 2%
informação 14% 25% 29% 40%
*O QREN considera apenas
os montantes executados Outros 4% 4% 2% 3%
até ao final de 2011.
Fonte: Augusto Mateus &
Associados com base em dados
disponibilizados pelo IFDR

Aplicação do Fundo Social Europeu | FSE

Entre 1989 e 2011, o financiamento da União Europeia através do Fundo


Social Europeu atingiu o montante global de cerca de 18 mil milhões de euros,
a preços constantes de 2011.
A contrapartida nacional a este fundo teve essencialmente origem em
dinheiros públicos, em cerca de oito mil milhões de euros. O volume de inves-
timento privado associado ás intervenções entre 2000 e 2011 é inferior a 600
milhões de euros.
Somando o financiamento da União Europeia, a contrapartida pública
nacional e a contrapartida privada nacional, o investimento no país financiado
pelo Fundo Social Europeu ascendeu a cerca de 26 mil milhões de euros entre
1989 e 2011 (Gráfico C.9).
Considerando os três primeiros períodos de programação, a maior par-
cela de investimento do Fundo Social Europeu corresponde ao III Quadro
Comunitário de Apoio (2000-2006), gerando um volume médio de investimento
anual de cerca de 1,3 mil milhões de euros.
Os valores já executados até 2011 no âmbito do Quadro de Referência
Estratégico Nacional convergem para valores médios que se aproximam dos
Quadros anteriores, o que denota a relativa agilidade da prestação do Fundo
Social Europeu em comparação com os restantes fundos (Gráfico C.10).

492
A repartição regional do financiamento FSE nos dois períodos de pro-
gramação mais recentes evidencia a supremacia da região Norte na afetação
das verbas executadas, seguida da região Centro (Gráfico C.12).
No III Quadro Comunitário de Apoio (2000-2006), a região Norte foi
responsável por cerca de 42% dos apoios concedidos, logo seguida da região
Centro (21%) e de Lisboa e Vale do Tejo (19%).
Em resultado da reafetação de sub-regiões entre as NUTS e das novas
regras de elegibilidade regional dos apoios, a execução do Quadro de Referência
Estratégico Nacional até 2011 ditou a redução substancial dos apoios para a
nova região de Lisboa (para 3% dos apoios), em contrapartida do reforço dos
apoios ao Centro (para 30%) e no Norte (para perto de 50%).
A repartição da execução do Fundo Social Europeu por domínio de inter-
venção evidencia uma relativa estabilidade ao longo dos vários períodos de
programação.
As áreas relacionadas com a aprendizagem ao longo da vida e a transição para
a vida ativa, por um lado, e a qualificação inicial de jovens, por outro, assumem-
-se como as grandes prioridades do investimento cofinanciado (Gráfico C.13).
Numa análise mais pormenorizada, verifica-se que:
• As áreas relacionadas com a aprendizagem ao longo da vida e a transição
para a vida ativa são as grandes beneficiárias dos apoios comunitários do
Fundo Social Europeu, representando uma parcela nunca inferior a 40%
das verbas executadas. Este domínio de intervenção abrange, designada-
mente, os cursos de formação e educação de adultos, reconhecimento e
validação de competências, qualificação de ativos empregados, formação
para desempregados, realização de estágios profissionais e curriculares,
bem como a formação específica ministrada na área das tecnologias de
informação e comunicação;
• A qualificação inicial de jovens equivale a cerca de 30% do total do
financiamento do Fundo Social Europeu concedido ao longo do período,
agregando os investimentos relacionados com o sistema de aprendizagem,
o ensino profissional, as escolas tecnológicas, a educação e formação de
jovens e cursos de especialização tecnológica;
• Os investimentos associados à formação avançada, nomeadamente
pagamento de bolsas de doutoramento e pós-doutoramento, bem como o
apoio ao emprego científico por via da inserção profissional de doutorados
em entidades públicas e privadas com atividades de I&D, representam
cerca de 10% do apoio total concedido por via do Fundo Social Europeu
entre 1989 e 2011;
• No conjunto, as medidas dirigidas ao desenvolvimento social, à inclusão
de grupos desfavorecidos e à igualdade de género, bem como as medidas

493
dirigidas à criação de emprego congregam cerca de 14% do financiamento
estrutural apoiado pelo Fundo Social Europeu.

Com base no exercício de recolha de informação relativa às realizações


físicas registadas nos diversos relatórios de execução e avaliação dos progra-
mas operacionais financiados pelo Fundo Social Europeu (FSE), é possível
salientar diversos resultados materiais deste financiamento estrutural da
União Europeia.
No âmbito do I Quadro Comunitário de Apoio (1989-1993), o facto de o
número de participantes em ações de formação ter ultrapassado um milhão e
a concessão de mais de duas mil bolsas de investigação mereceram destaque
no balanço da então Direção-Geral do Desenvolvimento Regional.
Já no âmbito do II Quadro Comunitário de Apoio (1994-1999), a inter-
venção operacional específica para o emprego e formação profissional salienta
uma média de 118 mil formandos por ano e 53 mil pessoas abrangidas por
medidas de apoio ao emprego, enquanto o programa de desenvolvimento
educativo viabilizou por ano ações de formação contínua a 71 mil docentes
ou formação tecnológica, profissional, artística a 40 mil alunos.
Os dados disponibilizados pelo Instituto de Gestão do Fundo Social
Europeu (IGFSE) desde o III Quadro Comunitário de Apoio permitem já a
sistematização plena dos resultados materiais, abrangendo a totalidade das
ações cofinanciadas pelo Fundo Social Europeu.
No âmbito do III Quadro Comunitário de Apoio (2000-2006), destaca-se
no domínio da qualificação inicial de jovens o apoio a mais de 100 mil forman-
dos por ano. Já em termos de qualificação de adultos, o número de formandos
abrangidos ronda os 590 mil por ano. A estes números é necessário acrescentar
os 98 mil participantes anuais em programas dirigidos à promoção da inclusão
social e à integração no mercado de trabalho de públicos desfavorecidos, os
mais de 19 mil beneficiários de estágios profissionais por ano, os mais de sete
mil bolseiros apoiados por ano através de formação avançada e os cerca de
quatro mil beneficiários de políticas de apoio à criação de emprego.
As principais entidades beneficiárias deste III Quadro foram as organi-
zações sem fins lucrativos, acolhendo 30% do financiamento do Fundo Social
Europeu, seguidas dos institutos públicos integrados na administração indireta
do Estado ou das regiões autónomas (26%), da administração direta central
(20%) e das empresas privadas (17%).
No âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional, as médias até
2011 contabilizam 158 mil formandos por ano no domínio da qualificação
inicial de jovens e 616 mil formandos por ano na qualificação de adultos.
Acrescem a estes números os 42 mil participantes por ano em programas

494
dirigidos à promoção da inclusão social e à integração no mercado de trabalho
de públicos desfavorecidos, os mais de 17 mil beneficiários de estágios pro-
fissionais por ano, os cinco mil bolseiros de formação avançada por ano e os
cerca de cinco mil beneficiários de políticas de apoio à criação de emprego.
Até ao final de 2011, 42% deste fundo estrutural foi executado por serviços
ou fundos autónomos da administração central, 31% por organizações sem
fins lucrativos e 16% por empresas privadas. O perfil de entidades apoiadas
reflete, assim, o forte apoio do Fundo Social Europeu às políticas públicas de
educação e de formação a nível nacional.

Gráfico C.9. Investimento total financiado Gráfico C.10. Investimento médio anual
pelo Fundo Social Europeu em Portugal | financiado pelo Fundo Social Europeu em
1989 a 2011 Portugal | 1989 a 2011
Fundo contrapartida pública nacional contrapartida privada nacional
1 400

QCA I
milhões de euros O investimento total
1 200
QREN* 3,6 associado ao FSE foi
mil 1 000
3,8
mil
milhões
de euros
financiado em cerca
milhões (20%) 800
de euros de 69% por verbas
(22%)
600
comunitárias, sendo a
FSE 400
contrapartida nacional
17,8 200
mil essencialmente de
QCAIII milhões QCAII 0
5,8 de euros 4,7 QCA I QCAII QCAIII QREN* dinheiros públicos.
mil mil
milhões Preços correntes
milhões
de euros de euros
(32%) 26%
1 400
milhões de euros
1 200

1 000

Nota: Investimento total a


800
preços constantes de 2011.
7,5 0,6 600 Os ciclos correspondem a
mil mil
milhões milhões
1989­‑1993 (QCAI), 1994­‑1999
de euros de euros 400 (QCAII), 2000­‑2006 (QCAIII)
e 2007­‑2013 (QREN).
200
Contrapartida Contrapartida
privada
*O QREN considera apenas
pública
nacional nacional
0 os montantes executados
QCA I QCAII QCAIII QREN* até ao final de 2011.
Preços constantes de 2011
26 mil milhões de euros Fonte: Augusto Mateus &
de investimento total Associados com base em dados
disponibilizados pelo IGFSE

495
Gráfico C.11. Repartição regional do Fundo Social Europeu aplicado em Portugal,
incluindo parcela não regionalizável | 2000 a 2011
Algarve Açores
não regionalizável
A região Norte Norte Centro Lisboa e Vale do Tejo Alentejo Madeira

destaca­‑se como a
QCAIII 35% 18% 16% 7% 4% 3% 2% 16%
grande destinatária
dos apoios FSE
nos períodos mais
recentes, logo seguida
do Centro. QREN* 45% 28% 3% 9% 2%3% 2% 8%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Gráfico C.12. Repartição regional do Fundo Social Europeu aplicado em Portugal,


excluindo parcela não regionalizável | 2000 a 2011
Açores
Alentejo Madeira
Nota: A preços correntes. Norte Centro Lisboa e Vale do Tejo Algarve
Os ciclos correspondem a
1989­‑1993 (QCAI), 1994­‑1999
(QCAII), 2000­‑2006 (QCAIII) QCAIII 42% 21% 19% 8% 4% 3% 3%
e 2007­‑2013 (QREN).
*O QREN considera apenas
os montantes executados até
ao final de 2011, tendo Lisboa
perdido três regiões NUTS III
para o Centro e o Alentejo. QREN* 49% 30% 3% 10% 2% 3% 2%

Fonte: Augusto Mateus &


Associados com base em dados
disponibilizados pelo IGFSE 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Gráfico C.13. Repartição por área de intervenção do Fundo Social Europeu aplicado em
Portugal | 1989 a 2011
QCA I QCA II QCA III QREN*
Aprendizagem
A aprendizagem ao ao longo da vida
50% 45% 41% 44%
e transição para
longo da vida e a a vida ativa

qualificação inicial Qualificação


inicial 27% 30% 31% 30%
de jovens são os de jovens
grandes domínios de
Formação
intervenção visados avançada
10% 11% 14% 13%

pelos apoios FSE,


Inclusão social
concentrando no total de grupos 10% 9% 8% 7%
desfavorecidos
cerca de três quartos
dos apoios. Apoio à criação
3% 4% 3% 2%
de emprego
Nota: A preços correntes.
Os ciclos correspondem a
1989­‑1993 (QCAI), 1994­‑1999 Igualdade
0,1% 0% 1% 1%
de género
(QCAII), 2000­‑2006 (QCAIII)
e 2007­‑2013 (QREN).
*O QREN considera apenas Outros 0,5% 1% 3% 2%
os montantes executados
até ao final de 2011.
Fonte: IGFSE (QCAIII e
QREN) e Augusto Mateus
& Associados com base em
dados disponibilizados pelo
IGFSE (QCAI e QCAII)

496
Aplicação dos fundos para desenvolvimento rural | FEOGA-O e FEADER

Entre 1989 e 2011, Portugal recebeu cerca de 11 mil milhões de euros de finan-
ciamento da União Europeia para desenvolvimento rural, a preços constantes de
2011, primeiro através da secção Orientação do Fundo Europeu de Orientação
e Garantia Agrícola (FEOGA-O) e, já no período do Quadro de Referência
Estratégico Nacional, através do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento
Rural (FEADER).
A este montante de fundos associou-se uma contribuição financeira por
parte de entidades públicas nacionais de cerca de 4 mil milhões de euros e
uma contrapartida de agentes privados na ordem de 7 mil milhões de euros.
Somando o financiamento da União Europeia, a contrapartida pública
nacional e a contrapartida privada nacional, o investimento no país financiado
por estes fundos para desenvolvimento rural ascendeu a cerca de 21 mil milhões
de euros entre 1989 e 2011 (Gráfico C.14).
A análise a preços constantes de 2011 do investimento médio anual asso-
ciado a estes fundos permite verificar que:
• o volume médio anual de investimento total foi mais elevado no período
de vigência dos I e III Quadros Comunitários de Apoio (1989-1993 e
2000-2006);
• o financiamento estrutural tem assumido uma proporção crescente
no total do investimento médio anual, considerando os três períodos de
programação completados (Gráfico C.15).

Na regionalização dos montantes recebidos ao longo dos períodos de


programação mais recentes (com exceção do QCA I, para o qual os dados de
base não se encontram disponíveis) é de assinalar a alteração, entre os II e III
Quadros Comunitários, da região líder na repartição de fundos recebidos.
No período 1993-1999, o Norte recebeu cerca de 29% da componente
Orientação do Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola. No III
Quadro Comunitário de Apoio (2000-2006), foi a região do Alentejo a mais
beneficiada, com uma parcela idêntica à que o Norte obtivera no Quadro
anterior (Gráfico C.16).
O posicionamento relativo de Lisboa e Vale do Tejo ao longo do tempo,
ultrapassando inclusivamente a média europeia do PIB per capita, tem ditado
a diminuição progressiva do seu peso no financiamento atribuído às regiões
portuguesas para desenvolvimento rural. Também o Algarve tem recebido
uma proporção decrescente de fundos ao longo do tempo.
A repartição da execução dos fundos para o desenvolvimento rural por
domínio de intervenção em cada um dos quatro períodos de programação

497
evidencia a relevância dos apoios concedidos às explorações agrícolas, visando a
modernização, reconversão e diversificação das explorações, bem como a valo-
rização da produção agrícola. Esta área de intervenção tem representado, em
média, cerca de 45% do total de fundos recebidos para desenvolvimento rural.
As infraestruturas de suporte à atividade agrícola, por seu turno, acolhem,
em média, cerca de um quinto do volume recebido deste financiamento estru-
tural, abrangendo intervenções como a construção e a beneficiação de regadios,
a reabilitação de caminhos agrícolas e rurais, a drenagem e a conservação de
solos e o emparcelamento.
A análise dos restantes domínios de intervenção permite ainda concluir
pela crescente relevância do apoio à fileira florestal, promovendo o desenvol-
vimento sustentável e a competitividade das florestas, bem como a gestão do
espaço florestal e agro-florestal.
Finalmente, a transformação e comercialização de produtos agrícolas tem
sido também um dos domínios de intervenção privilegiados, absorvendo cerca de
12% do total de fundos executados ao longo dos vários Quadros (Gráfico C.17).
Com base no exercício de recolha de informação relativa às realizações
físicas registadas nos diversos relatórios de execução e avaliação dos progra-
mas operacionais financiados pela secção Orientação do Fundo Europeu de
Orientação e Garantia Agrícola e Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento
Rural, é possível salientar diversos resultados materiais deste financiamento
estrutural da União Europeia.
No âmbito do I Quadro Comunitário de Apoio (1989-1993), são destacados
pelo programa específico de desenvolvimento da agricultura portuguesa os
cerca de 16 mil hectares de regadio, os mais de 1200 km de caminhos rurais, os
quatro mil km de linha eletrificada e os mais de dois mil postos de transfor-
mação instalados. No domínio florestal, foram rearborizados 79 mil hectares
e beneficiados 172 mil hectares. Referem-se também cerca de 19 mil hectares
de novo regadio a partir de charcas, pequenas barragens e captação de águas
subterrâneas, cerca de 18 mil hectares de prados instalados, ou cerca de 38 mil
hectares objeto de drenagem.
Outras intervenções incluíram a constituição de mais de uma centena de
associações e ações de rastreio, vacinações e tratamento envolvendo cerca de
180 mil criadores no domínio da defesa sanitária; a construção e equipamento
de dezenas de unidades de formação, incluindo escolas profissionais, centros
de formação de agricultores e de técnicos e de investigação agrária. Neste
período são também referenciados projetos de produção e de multiplicação de
sementes, de regadios coletivos, de reabilitação de infraestruturas hidráulicas
já existentes, de materiais de propagação vegetativa, bem como o programa
específico de reestruturação da cultura da bananeira.

498
No âmbito do II Quadro Comunitário de Apoio (1994-1999), é salientado
o financiamento da secção Orientação do Fundo Europeu de Orientação e
Garantia Agrícola (FEOGA-O) às intervenções no domínio das infraestrutu-
ras envolvendo 100 mil hectares de área beneficiada de regadio, 3 mil km de
eletrificação e o emparcelamento rural integrado de 38 mil hectares.
No domínio de apoio às explorações agrícolas, contabilizam-se 34 mil
hectares de novas plantações e, no domínio das florestas, 65 mil hectares de
área florestal arborizada e 164 mil hectares de área florestal beneficiada. Foram
ainda apoiados 233 projetos de experimentação, 756 organizações e associações
de produtores e 650 projetos de agro-indústria.
No âmbito do III Quadro Comunitário de Apoio (2000-2006), o programa
operacional para agricultura e desenvolvimento rural financiou a instalação
de mais de quatro mil jovens agricultores, 33 mil hectares de novas plantações
e o investimento em 46 mil hectares de área potencial de rega. Referem-se
também apoios a 335 projetos de modernização no domínio da transformação
e o financiamento à arborização de 54 mil hectares e à beneficiação florestal
de 184 mil hectares.
No período do Quadro de Referência Estratégico Nacional, o programa
de desenvolvimento rural demonstra o apoio a 129 operações de melhoria e
desenvolvimento de infraestruturas, à instalação de mais de três mil jovens
agricultores, à modernização de mais de três mil explorações agrícolas, de meio
milhar de explorações florestais e de outras tantas empresas agro-industriais,
no domínio do aumento da competitividade dos sectores agrícola e florestal.
O financiamento também já terá permitido a participação de nove mil
explorações agrícolas em regimes de qualidade dos alimentos e a criação de
164 serviços de gestão e aconselhamento.
No domínio da melhoria do ambiente e da paisagem rural, destacam-se
cerca de 150 mil explorações agrícolas apoiadas por pagamentos para compen-
sação de desvantagens, os mais de 600 mil hectares apoiados por pagamentos
agro-ambientais, os mais de 2000 hectares de área florestada, bem como diversas
ações de conservação e valorização do património rural também financiadas
pelo Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER).

499
Gráfico C.14 Investimento total Gráfico C.15. Investimento médio
financiado por Fundo Europeu de anual financiado por Fundo Europeu de
Orientação e Garantia Agrícola – secção Orientação e Garantia Agrícola – secção
Orientação e Fundo Europeu Agrícola Orientação e Fundo Europeu Agrícola
de Desenvolvimento Rural em Portugal de Desenvolvimento Rural em Portugal
| 1989 a 2011 | 1989 a 2011
Fundo contrapartida pública nacional contrapartida privada nacional
O investimento
1 400
total associado ao QREN* QCA I
milhões de euros
1 200
desenvolvimento 1,8
mil
2,2
mil
1 000
milhões milhões
rural foi financiado de euros de euros
(16%) (20%) 800
em cerca de 52%
600
por fundos da União
FEOGA-O/FEADER 400
Europeia e em
10.9 200
cerca de 31% por mil
milhões 0
contrapartida nacional QCA III
de euros QCA II
QCA I QCA II QCA III QREN*
4,0 2,9
privada. mil mil Preços correntes
milhões milhões
de euros de euros
(37%) (27%) 1 400
milhões de euros
1 200
Nota: Investimento total a
1 000
preços constantes de 2011.
Os ciclos correspondem a 800
1989­‑1993 (QCAI), 1994­‑1999
3,5 6,6 600
(QCAII), 2000­‑2006 (QCAIII) mil mil
e 2007­‑2013 (QREN). milhões milhões 400
de euros de euros
*O QREN considera apenas 200
os montantes executados Contrapartida Contrapartida
até ao final de 2011. pública privada 0
nacional nacional QCA I QCA II QCA III QREN*
Fonte: Augusto Mateus &
Preços constantes de 2011
Associados com base em 21 mil milhões de euros
dados disponibilizados de investimento total
pelo GPP/MAMAOT

Gráfico C.16. Repartição regional do Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola


– secção Orientação e do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural aplicado
em Portugal | 1989 a 2011
O Norte e o Alentejo Algarve Açores
Parcela do fundo não regionalizável Lisboa e Vale
têm liderado a 3% Norte Centro do Tejo Alentejo Madeira
1%
repartição dos 11%

apoios para o
QCA II

29% 18% 16% 20% 7%3% 8%


desenvolvimento rural,
acolhendo metade
dos apoios no II e III
Quadro Comunitário
de Apoio.
QCA III

Nota: A preços correntes


e excluindo parcela não 24% 19% 14% 29% 4%4% 7%
regionalizável. Os ciclos
correspondem a 1989­
‑1993 (QCAI), 1994­‑1999
(QCAII), 2000­‑2006 (QCAIII)
e 2007­‑2013 (QREN).
*O periodo do QREN
considera apenas os montantes
executados até ao final de
QREN*

2011, tendo Lisboa perdido 32% 18% 8% 25% 2%4% 9%


três regiões NUTS III para
o Centro e o Alentejo.
Fonte: Augusto Mateus &
Associados com base em QCA II QCA III QREN* 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
dados disponibilizados
pelo GPP/MAMAOT

500
Gráfico C.17. Repartição por área de intervenção do Fundo Europeu de Orientação
e Garantia Agrícola – secção Orientação e do Fundo Europeu Agrícola
de Desenvolvimento Rural aplicado em Portugal | 1989 a 2011
QCA I QCA II QCA III QREN* Os apoios destinados
à modernização,
Infraestruturas
de suporte
20% 20% 23% 16% reconversão e
diversificação
das explorações
Explorações
43% 45% 46% 45%
agrícolas agrícolas absorvem
praticamente
Florestas 5% 4% 14% 16%
metade dos fundos
comunitários para o
desenvolvimento rural.
Inovação 7% 12% 3% 1%
Nota: A preços correntes.
Os ciclos correspondem a
1989­‑1993 (QCAI),1994­‑1999
Transformação e (QCAII), 2000­‑2006 (QCAIII)
14% 15% 10% 11%
comercialização
e 2007­‑2013 (QREN).
*O periodo do QREN
considera apenas os
Desenvolvimento 12% 1% 2% 7% montantes executados
rural até ao final de 2011.
Fonte: Augusto Mateus &
Associados com base em
Outros 0% 3% 3% 6%
dados disponibilizados
pelo GPP/MAMAOT

Aplicação dos fundos para as pescas | IFOP e FEP

Entre 1989 e 2011, o financiamento estrutural recebido da União Europeia


com o objetivo de facilitar a aplicação da política comum da pesca e de apoiar
a necessária reestruturação do sector em Portugal atingiu o montante de cerca
de 800 milhões de euros, a preços constantes de 2011, primeiro através do
Instrumento Financeiro de Orientação da Pesca (IFOP) e, no último período
de programação, já através do Fundo Europeu das Pescas (FEP).
Este financiamento da União Europeia suscitou um volume de investi-
mento nacional na ordem de 900 milhões de euros, financiado em cerca de um
terço por entidades do sector público e dois terços de privados.
Somando o financiamento da União Europeia, a contrapartida pública
nacional e a contrapartida privada nacional, o investimento no país finan-
ciado pelo Instrumento Financeiro de Orientação da Pesca e pelo Fundo
Europeu das Pescas ascendeu a cerca de 2 mil milhões de euros entre 1989 e
2011 (Gráfico C.18).
Convém referir que no I Quadro Comunitário de Apoio este financia-
mento estrutural corresponde a apoios ao sector das pescas no domínio do
Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola (FEOGA).

501
O investimento médio anual associado às intervenções do Instrumento
Financeiro de Orientação da Pesca demonstra uma parcela maior do cofinan-
ciamento estrutural no II Quadro Comunitário de Apoio (Gráfico C.19).
A distribuição regional do Instrumento Financeiro de Orientação da Pesca
e do Fundo Europeu das Pescas revela o Algarve (com 24% dos fundos) e Lisboa e
Vale do Tejo (22%) como as principais destinatárias dos apoios entre 1994 e 1999
e o Centro (com 35% dos fundos) como principal destinatário entre 2000 e 2006.
A repartição regional do financiamento no período 2007-2011 representa
uma execução financeira ainda modesta. A repartição indicativa dos apoios
mantém o Centro como a principal região beneficiária, acolhendo 39% do
total deste apoio (Gráfico C.20)
A repartição da execução dos fundos entre as duas grandes componentes
de investimento no sector das pescas – designadamente os investimentos mais
associados à estrutura de pesca, por um lado, e os investimentos relacionados
com a transformação e comercialização dos produtos de pesca e os equipa-
mentos para portos, por outro lado – revela uma repartição diferenciada ao
longo do tempo. Assim:
• o ajustamento do esforço de pesca e a renovação e modernização da
frota foram domínios privilegiados do financiamento estrutural, repre-
sentando em conjunto cerca de 58% dos apoios entre 1994 e 1999 e 45%
dos apoios entre 2000 e 2006;
• os investimentos associados à transformação, comercialização e pro-
moção de produtos da pesca acolheram cerca de um quarto dos apoios
no conjunto dos quatro períodos de programação, com a execução do
último período a evidenciar uma clara reorientação dos fundos para esta
tipologia de intervenção;
• os investimentos com equipamentos de portos de pesca assumem maior
relevância no III Quadro Comunitário de Apoio, quando atingem 20%
dos fundos;
• a aquicultura é o menos representativo em termos de apoios recolhi-
dos, equivalendo, em média, a cerca de 9% dos fundos entre 1989 e 2011
(Gráfico C.21).

Com base no exercício de recolha de informação relativa às realizações


físicas registadas nos diversos relatórios de execução e avaliação dos progra-
mas operacionais financiados pelo Instrumento Financeiro de Orientação da
Pesca, é possível destacar diversos resultados materiais deste financiamento
estrutural da União Europeia desde o II Quadro Comunitário de Apoio.
No período 1994-1999, a síntese das realizações mais marcantes finan-
ciadas pela intervenção operacional para as pescas refere a retirada definitiva

502
de 447 embarcações obsoletas, a construção de 260 novas embarcações e a
modernização de outras 432. Foram também construídos e modernizados 37
estabelecimentos aquícolas e construídos no Algarve dois sistemas recifais
com uma área de influência de 15 milhas.
No domínio da transformação e comercialização, foram apoiadas interven-
ções em 73 unidades, com realce para congelados e conservas/semiconservas.
Contabilizou-se ainda a intervenção em 19 lotas, nove fábricas de gelo e 350
armazéns de aprestos com vista à melhoria dos equipamentos de portos de pesca.
Os dados disponibilizados pela Direção-Geral de Recursos Naturais,
Segurança e Serviços Marítimos permitem já a sistematização plena dos resul-
tados materiais cofinanciados pelo Instrumento Financeiro de Orientação da
Pesca no III Quadro Comunitário de Apoio e pelo Fundo Europeu das Pescas
no período do Quadro de Referência Estratégico Nacional.
No âmbito do III Quadro Comunitário de Apoio (2000-2006) assinala-se o
apoio à cessação definitiva por demolição de 265 embarcações para ajustamento
do esforço de pesca, a construção de 178 novas embarcações e a modernização
de outras 196.
No domínio dos equipamentos dos portos de pesca, o fundo apoiou a
modernização de 362 equipamentos portuários e de 21 lotas e postos de ven-
dagem, além da construção de 167 novos armazéns de aprestos.
Já no domínio das condições de transformação e de comercialização,
foram criadas 14 novas unidades, além de 91 modernizações relacionadas com
a transformação de pescado e de seis modernizações de comercialização de
pescado por grosso.
Em termos de promoção e prospeção de novos mercados, é de referir o apoio
dado a seis campanhas de promoção e a 26 participações em feiras ou exposições.
Outras intervenções consideram recifes artificiais com vista à proteção e
desenvolvimento dos recursos aquáticos ou o apoio ao desenvolvimento da aqui-
cultura, com a construção de três novas unidades e a modernização de outras 29.
No período do Quadro de Referência Estratégico Nacional (2007-2011), o
Fundo Europeu das Pescas apoiou até 2011 a modernização de 304 embarcações
e a redução da capacidade de pesca em 5468 GT (arqueação bruta) e 17 347 KW
(potência do motor), com vista à adaptação da frota de pesca. Foram também
modernizados 73 portos de pesca ou locais de desembarque.
No domínio dos incentivos à transformação e comercialização dos produ-
tos de pesca, contabilizam-se os apoios a 12 projetos de construção ou moder-
nização de unidades de preparação/conservação de pescado fresco/refrigerado,
de preparação/conservação de pescado congelado e ultracongelado, de secos
e salgados ou de pré-cozinhados.

503
Gráfico C.18. Investimento total Gráfico C.19. Investimento médio anual
financiado por Instrumento Financeiro financiado por Instrumento Financeiro
de Orientação da Pesca e Fundo Europeu de Orientação da Pesca e Fundo Europeu
das Pescas em Portugal | 1989 a 2011 das Pescas em Portugal | 1989 a 2011
Fundo contrapartida pública nacional contrapartida privada nacional
QREN* 120
O investimento QCA I
milhões de euros
0,07
100
total associado mil
milhões
0,2
mil
de euros
aos fundos para as (9%)
milhões
de euros
80

(20%)
pescas foi financiado 60

em 47% pela União 40


QCA III IFOP/FEP
Europeia e em 35% 0,3 20
mil
0,8
por contrapartidas milhões mil
0
de euros milhões
nacionais de privados. (35%) de euros
QCA II
QCA I QCA II QCA III QREN*

Preços correntes
0,3
mil
milhões
Nota: Investimento total a de euros 120
preços constantes de 2011. (36%) milhões de euros

Os ciclos correspondem a 100


1989­‑1993 (QCA I), 1994­‑1999
(QCA II), 2000­‑2006 (QCA 80

III) e 2007­‑2013 (QREN).


60
No QCA I consideram­‑se os
0,3 0,6
apoios ao sector das pescas mil mil 40
no domínio do FEOGA. milhões milhões
de euros de euros
20
*O período do QREN
considera apenas os Contrapartida Contrapartida 0
montantes executados pública privada QCA I QCA II QCA III QREN*
até ao final de 2011. nacional nacional
Preços constantes de 2011
Fonte: Augusto Mateus &
1,7 mil milhões de euros
Associados com base em dados de investimento total
disponibilizados pela DGRM

Gráfico C.20. Repartição regional do Instrumento Financeiro de Orientação da Pesca


e Fundo Europeu das Pescas aplicado em Portugal | 1989 a 2011
As regiões Centro Alentejo Madeira
e Norte do Norte Norte Centro Lisboa e Vale do Tejo Algarve Açores

têm acolhido uma


proporção crescente
QCA II 16% 18% 22% 24% 7% 11%
dos apoios às pescas,
por contrapartida das
regiões do Algarve e
de Lisboa.

Nota: A preços correntes.


Os ciclos correspondem a
1989­‑1993 (QCA I),1994­‑1999
QCA III 18% 35% 8% 3% 14% 8% 13%
(QCA II), 2000­‑2006 (QCA
III) e 2007­‑2013 (QREN).  
QREN considera apenas
os montantes executados
até ao final de 2011.
*O período do QREN
considera apenas os montantes
executados até ao final de
2011, tendo Lisboa perdido
três regiões NUTS III para QREN* 21% 39% 6% 16% 3%
% 12%
o Centro e o Alentejo.
Fonte: Augusto Mateus &
Associados com base em dados
disponibilizados pela DGRM 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

504
Gráfico C.21. Repartição por áreas de intervenção do Instrumento Financeiro de
Orientação da Pesca e Fundo Europeu das Pescas aplicado em Portugal | 1989 a 2011
QCA I QCA II QCA III QREN*
O ajustamento do
esforço de pesca e a
Ajustamento
do esforço 10% 24% 22% 36% renovação da frota,
de pesca
bem como a valorização
dos produtos da
Renovação
e modernização 38% 34% 23% 8% pesca, têm acolhido
da frota
a grande maioria
do financiamento
Desenvolvimento
da aquicultura
12% 7% 12% 4% estrutural destinado 
a este sector.
Transformação e Nota: A preços correntes.
comercialização 40% 21% 15% 41%
O ciclos correspondem a
1989­‑1993 (QCA I), 1994­‑1999
(QCA II), 2000­‑2006 (QCA
Equipamentos III) e 2007­‑2013 (QREN).
de portos 0% 10% 20% 8% No QCA I consideram­‑se os
de pesca
apoios ao sector das pescas
no domínio do FEOGA.
*O período do QREN
Outros 0% 4% 7% 3% considera apenas os montantes
executados até ao final de 2011.
Fonte: Augusto Mateus &
Associados com base em dados
disponibilizados pela DGRM

Aplicação do Fundo de Coesão | FC

Entre 1993 e 2011, Portugal recebeu por via do Fundo de Coesão da União
Europeia pouco menos de 9 mil milhões de euros, a preços constantes de 2011,
tendo em vista o investimento em infraestruturas nos domínios do ambiente
e das redes transeuropeias de transportes.
A contrapartida nacional deste financiamento da União Europeia teve
essencialmente origem em dinheiros públicos, na ordem de quatro mil milhões
de euros (cerca de 30% do investimento total) e uma componente relativa-
mente residual de sete milhões de euros de investimento privado no Quadro
de Referência Estratégico Nacional até 2011.
Somando o financiamento da União Europeia, a contrapartida pública
nacional e a contrapartida privada nacional, o investimento no país financiado
pelo Fundo de Coesão superou os 12 mil milhões de euros entre 1989 e 2011
(Gráfico C.22).
Aproximadamente metade deste financiamento da União Europeia foi
executado durante o período de vigência do II Quadro Comunitário de Apoio
(incluindo, no caso específico deste fundo, os investimentos realizados no ano
de 1993) e cerca de 43% entre 2000 e 2006. A execução até ao final de 2011 do
Quadro de Referência Estratégico Nacional (2007-2013) representa apenas
cerca de 8% do volume total executado no Fundo de Coesão.

505
O investimento médio anual associado às intervenções do Fundo de
Coesão tem vindo a decrescer ao longo dos últimos três períodos de intervenção
comunitária, quer na componente fundo, quer na correspondente contrapartida
pública nacional. A execução do Quadro de Referência Estratégico Nacional
revela-se ainda limitada, quando anualizados os valores executados até ao final
de 2011 (Gráfico C.23).
A repartição do financiamento do Fundo de Coesão pelas regiões NUTS
II de Portugal (excluindo a parcela não regionalizável dos apoios) revela a
primazia da região de Lisboa e Vale do Tejo na absorção dos apoios, represen-
tando, entre 1993 e 2006, cerca de 40% do financiamento executado. Também
a região Norte sobressai no contexto nacional, ao acolher cerca de 30% dos
apoios do Fundo de Coesão no mesmo período.
No que respeita às restantes regiões NUTS II, assinala-se a significativa
redução da parcela afeta ao Algarve entre o segundo e o terceiro Quadros e o
facto de os Açores apenas emergirem como região de acolhimento de inves-
timentos associados ao Fundo de Coesão a partir de 2000.
Recorde-se que a repartição regional do Fundo de Coesão no período
2007-2013 tem por base as novas unidades territoriais NUTS II e uma execução
financeira ainda modesta, emergindo o Alentejo como a região que absorve
a maior parcela dos apoios (cerca de 30%). As regiões do Centro e de Lisboa
acolhem cada uma cerca de 20% do fundo executado até 2011 (Gráfico C.24).
A repartição do montante executado segundo os dois grandes domínios
de intervenção elegíveis ao Fundo de Coesão revela-se praticamente equitativa
ao longo do período considerado. As redes de transporte representam cerca de
49% e o ambiente cerca de 51% dos apoios executados nos períodos de vigência
dos segundo e terceiro quadros.
Não obstante o ainda reduzido nível de execução até 2011, no Quadro
de Referência Estratégico Nacional os apoios tendem a privilegiar a área do
ambiente, que acolhe cerca de 57% do valor total executado, face a 43% no
domínio dos transportes.
Uma desagregação mais em pormenor dos montantes executados em
ambos os domínios visados pela intervenção do Fundo de Coesão até ao final
do III Quadro Comunitário de Apoio permite concluir que:
• O transporte rodoviário foi o privilegiado na alocação dos apoios ao
longo do II Quadro Comunitário de Apoio, ao passo que o ferroviário foi
o principal destinatário das verbas no III Quadro Comunitário de Apoio;
• Nas infraestruturas ambientais, os montantes executados tenderam a pri-
vilegiar os investimentos associados à água e ao saneamento (cerca de 33%
no II Quadro Comunitário de Apoio e 39% no III Quadro Comunitário

506
de Apoio), bem como o tratamento de resíduos sólidos urbanos e indus-
triais (Gráfico C.25).

É possível destacar diversos resultados materiais deste instrumento de


apoio ao desenvolvimento dos territórios nacionais menos prósperos da União
Europeia por ciclo de programação em Portugal.
Entre 1993 e 1999, o projeto com financiamento mais elevado por parte do
Fundo de Coesão foi a Ponte Vasco da Gama, com um incentivo comunitário
superior a 300 milhões de euros.
Destacam-se também a ampliação do aeroporto do Funchal, a ampliação
da autoestrada A3, a primeira fase de intervenção no sistema multimunicipal
de abastecimento de água do Grande Porto e a modernização da linha ferro-
viária do Norte, além de redes rodoviárias de descongestionamento de zonas
de grande concentração urbana como as circulares regionais interior e exterior
de Lisboa (CRIL e CREL).
No período 2000-2006, salientam-se os apoios do Fundo de Coesão a
projetos ferroviários e, em particular, a metropolitanos.
O projeto com financiamento mais elevado foi a modernização da linha
ferroviária de ligação ao Algarve, visando alcançar um tempo de percurso
competitivo relativamente à rodovia. Destacam-se também a ampliação da
rede de Metro de Lisboa, com a ligação entre Baixa-Chiado e Santa Apolónia
e entre a Gare do Oriente ao Aeroporto, bem como financiamento ao Metro
do Porto e outras intervenções de modernização da linha ferroviária do Norte,
designadamente os troços Vila Franca-Santarém e Entroncamento-Albergaria.
Neste período de programação, o troço do IP6 Peniche-IC1 e a conclusão
do Eixo Norte-Sul destacam-se entre as intervenções rodoviárias.
No domínio do ambiente, inclui-se a segunda fase de construção da uni-
dade de valorização de resíduos sólidos urbanos da Madeira e vários sistemas
multimunicipais de abastecimento de água e saneamento, nomeadamente em
Trás-os-Montes e Alto Douro.
No período 2007-2011, a intervenção conjunta do Fundo de Coesão e do
Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) destaca a constru-
ção e reabilitação de 3133 km de estradas e 104 km de ferrovia em termos de
acessibilidades e transportes. Também em parceria com este fundo estrutural,
é referenciado o financiamento do Fundo de Coesão a 76 intervenções no
combate à erosão e defesa do litoral, a que se juntam no domínio ambiental a
construção/reabilitação de 181 estações de tratamento de águas residuais e a
intervenção em 2430 km de rede de abastecimento de água.

507
Gráfico C.22. Investimento total Gráfico C.23. Investimento médio
financiado pelo Fundo de Coesão anual financiado pelo Fundo de Coesão
em Portugal | 1993 a 2011 em Portugal | 1993 a 2011
Fundo contrapartida pública nacional contrapartida privada nacional
QREN* 1 200
O investimento total milhões de euros
0,7
1 000
associado ao Fundo mil
milhões
de euros
de Coesão recebeu (8%)
800

70% de financiamento 600

comunitário e uma 400


QCA III
Fundo de QCA II
contrapartida nacional 3,7
coesão
4,3
200

essencialmente pública mil


milhões
8,7 mil
milhões 0
de euros mil de euros QCA II QCA III QREN*
a rondar os 30%. (43%) milhões (49%)
Preços correntes
de euros

1 200
milhões de euros

1 000

Nota: Investimento total 800


a preços constantes de
2011. No caso específico do 600

Fundo de Coesão, os ciclos


400
correspondem a 1993­‑1999 3,7 0,01
(QCAII), 2000­‑2006 (QCAIII) mil mil
milhões milhões 200
e 2007­‑2013 (QREN). de euros de euros
0
*O QREN considera apenas QCA II QCA III QREN*
os montantes executados Contrapartida Contrapartida
pública privada Preços constantes de 2011
até ao final de 2011. nacional
nacional
Fonte: Augusto Mateus &
12 mil milhões de euros
Associados com base em dados de investimento total
disponibilizados pelo IFDR

Gráfico C.24. Repartição regional do Fundo de Coesão aplicado em Portugal | 1993 a


2011
Centro Alentejo Madeira
Parcela do fundo
Lisboa e Vale do não regionalizável Norte Lisboa e Vale do Tejo Algarve
4% 4%
Tejo afirmou­‑se na 10% 10%
captação das verbas 16%
QCAII

31% 7% 39% 5% 11% 8%


do Fundo de Coesão
no período entre
1993 e 2006, com
destaque para grandes Açores
infraestruturas de
transporte na região.
QCAIII

29% 15% 40% % 6%


5% 2%

Nota: A preços correntes


e excluindo parcela não
regionalizável. No caso do
Fundo de Coesão, os ciclos 3%
correspondem a 1993­‑1999
(QCAII), 2000­‑2006 (QCAIII)
e 2007­‑2013 (QREN).
QREN*

* O QREN considera apenas


os montantes executados até 17% 20% 19% 30% % 6% 6%
3%
ao final de 2011, tendo Lisboa
perdido três regiões NUTS III
para o Centro e o Alentejo.
Dados não disponíveis QCAII QCAIII QREN* 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
para Açores no QCAII.
Fonte: Augusto Mateus &
Associados com base em dados
disponibilizados pelo IFDR

508
Gráfico C.25. Repartição por área de intervenção do Fundo de Coesão aplicado
em Portugal | 1993 a 2011
QCA II QCA III QREN*

As verbas do Fundo
Transporte 0%
5% 0,4% de Coesão foram
aeroportuário

repartidas entre
Transporte 16%
as infraestruturas
11% 39%
ferroviário
ambientais e de
transportes, com
Transporte 3% 5% 10% benefício para a
portuário
ferrovia, a rodovia,
água e saneamento.
Transporte 28% 5% 17%
rodoviário

Ambiente 33% 39% 32%


Água e
saneamento Nota: A preços correntes.
No caso específico do
10% Fundo de Coesão, os ciclos
15% 10%
Ambiente correspondem a 1993­‑1999
Resíduos (QCAII), 2000­‑2006 (QCAIII)
e 2007­‑2013 (QREN).
4% 0% 15% *O QREN considera apenas
Ambiente os montantes executados
Diversos
até ao final de 2011.

0%
Fonte: Augusto Mateus &
0% 0,2%
Associados com base em dados
Outros disponibilizados pelo IFDR

Posição de Portugal na União Europeia

O presente estudo tem comparado a evolução do país face à União Europeia e, em


particular, à Espanha, à Grécia e à Irlanda enquanto parceiros iniciais da coesão.
Esta designação encontra plena justificação nos rankings da UE27 quanto
aos montantes de financiamento estrutural recebidos pela União Europeia.
Os quatro parceiros iniciais da coesão destacam-se entre os beneficiários
desta política comunitária, desde logo impulsionada pela reforma de 1988,
no contexto da realização do mercado interno e da crescente disparidade
de desenvolvimento regional decorrente do alargamento à Grécia (1981) e a
Portugal e Espanha (1986).
A configuração do I Quadro Comunitário de Apoio (1989-1993) possibili-
tou a Portugal, à Grécia e à Irlanda candidatarem a totalidade do seu território
à meta prioritária dos fundos estruturais. Este objetivo 1 vem consignando a
dotação maioritária do orçamento da política de coesão para apoiar o desen-
volvimento das regiões de PIB per capita inferior a 75% da média comunitária.
Com perto de 60% da sua população em regiões de objetivo 1, a Espanha partiu
como principal beneficiário dos fundos estruturais.
A este financiamento estrutural para as regiões menos desenvolvidas,
acederam também as principais economias da União Europeia, designadamente

509
através do Mezzogiorno (Itália), da Córsega e departamentos ultramarinos
(França), da Irlanda do Norte (Reino Unido) ou dos Länder orientais da
Alemanha reunificada.
O lançamento do Fundo de Coesão, em 1993, veio ampliar o financiamento
estrutural a projetos ambientais e de redes transeuropeias em matéria de infraes-
truturas de transportes aos Estados-membros com produto nacional bruto (PNB)
inferior a 90% da média comunitária. No contexto da UE15, apenas quatro países
cumpriam este critério de acesso ao novo apoio da União Europeia: Espanha,
Irlanda, Grécia e Portugal, os quatro parceiros iniciais da coesão.
Tendo em conta a dimensão populacional de cada Estado-membro, o ranking
revela os quatro parceiros iniciais da coesão como primeiros beneficiários dos
financiamentos estruturais per capita entre 1989 e 2006 (Gráfico C.26).
Nos dois primeiros Quadros Comunitários de Apoio, Portugal foi o
segundo Estado-membro que recebeu mais fundos por habitante, a seguir à
Irlanda: cerca de 160 euros anuais no período 1989-1993 e de 280 euros anuais
no período 1994-1999, a preços correntes.
No período 2000-2006, Portugal foi o Estado-membro que mais financia-
mento estrutural recebeu por habitante: cerca de 270 euros anuais a preços
correntes.
Tendo em conta a dimensão económica de cada Estado-membro, o ranking
revela os quatro parceiros iniciais da coesão como primeiros beneficiários dos
financiamentos estruturais em percentagem do PIB até à viragem do século
(Gráfico C.27).
Nos três Quadros Comunitários de Apoio, Portugal foi o Estado-membro
que mais financiamento estrutural recebeu, numa média anual nunca inferior
a 2% do PIB. Por contraste, a convergência obtida pela Irlanda conduziu ao
abandono do pódio logo no III Quadro Comunitário de Apoio. A Irlanda foi
o primeiro parceiro inicial da coesão a emancipar-se do financiamento estru-
tural, sendo o mais rápido a perder o acesso ao Fundo de Coesão e a reduzir
o número de regiões menos desenvolvidas.
Sem relativizar pela dimensão económica ou populacional, o ranking
revela a Espanha como grande beneficiário do financiamento estrutural,
enquanto as maiores economias europeias já se intercalam entre os restantes
parceiros iniciais da coesão (Gráfico C.28).
Portugal foi o terceiro Estado-membro que maior volume de financia-
mento estrutural recebeu nos dois primeiros Quadros Comunitários de Apoio
e desceu para a quarta posição no período 2000-2006, apenas superado por
Espanha, Alemanha e Itália.
Quanto ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (2007-2013), con-
vém notar que os rankings não são diretamente comparáveis com os anteriores

510
por incluírem apenas os montantes pagos pela União Europeia até 2011 e,
neste caso, não considerarem os montantes recebidos para desenvolvimento
rural ou pescas.
Neste período, Portugal foi o quarto Estado-membro que mais fundos
recebeu em termos per capita depois da Grécia, da Estónia e da Lituânia, bene-
ficiando de cerca de 250 euros anuais por habitante (Gráfico C.26). Quando
relativizado pelo PIB, Portugal desce para a sétima posição, atrás da Grécia e
das regiões mais pobres do alargamento a Leste (Gráfico C.27).
Entre 2007 e 2011, os seis principais beneficiários deste financiamento
estrutural em termos absolutos foram Polónia, Espanha, Grécia, Alemanha,
Itália e Portugal (Gráfico C.28).

Gráfico C.26. Financiamento estrutural médio anual em euros per capita: a posição
de Portugal na UE | 1989 a 2011
QCA I QCA II QCA III QREN*

IE IE PT EL Portugal surge como


PT PT EL EE
EL EL LT
grande beneficiário
ES
ES ES IE PT dos fundos estruturais
LU LU LV
IT
EE
HU
por habitante, a par
IT IT
FR FI FI SI dos parceiros iniciais
UK PL
DE LV da Coesão.
BE AT LT CZ
DK FR HU SK
DE BE DE MT
NL UK SK ES
SE SE UK CY
FI DK SI LU Nota: Em euros por habitante
AT NL PL IT a preços correntes. Os ciclos
SK SK FI correspondem a 1989­
AT
SI DE
‑1993 (QCAI), 1994­‑1999
SI SE
(QCAII), 2000­‑2006 (QCAIII)
PL PL FR BG
e 2007­‑2013 (QREN).
MT MT CZ IE
LV LV LU FR *O QREN considera apenas
LT LT RO os montantes executados até
MT
HU BE
ao final de 2011 e não inclui
HU BE
o Fundo Europeu Agrícola
EE EE DK UK
de Desenvolvimento Rural
CZ CZ NL AT
(FEADER) nem o Fundo
CY CY CY SE Europeu das Pescas (FEP).
RO RO RO NL
Fonte: Augusto Mateus
BG BG BG DK
& Associados com base
0 100 200 300 400 0 100 200 300 400 0 100 200 300 400
0 100 200 300 400 em Comissão Europeia

511
Gráfico C.27. Financiamento estrutural médio anual em percentagem do PIB: a posição
de Portugal na UE | 1989 a 2011
QCA I QCA II QCA III QREN*

Portugal foi o PT PT PT LT
Estado­‑membro IE EL EL LV
EL IE ES EE
que mais beneficiou ES ES EE HU
de financiamento IT IT LV PL
UK FI LT
estrutural em EL
FR DE HU PT
percentagem do PIB LU FR PL SK

até ao alargamento a BE AT SK CZ
DE BE IE SI
Leste do Quadro de DK UK IT MT
Referência Estratégico NL LU CZ BG
SE SE SI RO
Nacional.
FI DK MT ES
AT NL FI CY
Nota: Os ciclos correspondem
SK SK DE IT
a 1989­‑1993 (QCAI), 1994­‑1999
SI SI FR DE
(QCAII), 2000­‑2006 (QCAIII)
e 2007­‑2013 (QREN). PL PL UK FI
MT MT AT FR
*O QREN considera apenas LV LV SE IE
os montantes executados até
LT LT BE BE
ao final de 2011 e não inclui
HU HU CY UK
o Fundo Europeu Agrícola
de Desenvolvimento Rural EE EE NL AT

(FEADER) nem o Fundo CZ CZ DK LU


Europeu das Pescas (FEP). CY CY LU SE
RO RO RO NL
Fonte: Augusto Mateus
BG BG BG DK
& Associados com base
em Comissão Europeia 0% 1% 2% 3% 0% 1% 2% 3% 0% 1% 2% 3% 0% 1% 2% 3%

Gráfico C.28. Financiamento estrutural médio anual em milhões de euros: a posição


de Portugal na UE | 1989 a 2011
Sem relativizar pelo QCA I QCA II QCA III QREN*

PIB ou pelo número ES ES ES PL


IT DE DE ES
de habitantes,
PT PT IT EL
Portugal fica atrás EL IT PT DE

de Espanha, Itália FR EL EL IT
UK FR UK PT
ou Alemanha até à DE UK FR HU
viragem do século. IE IE PL FR
BE BE IE UK
NL AT HU CZ
DK NL NL SK
LU FI CZ LT
SE SE FI RO
FI DK SE LV
Nota: A preços correntes.
AT LU BE EE
Os ciclos correspondem a
SK SK AT SI
1989­‑1993 (QCAI), 1994­‑1999
(QCAII), 2000­‑2006 (QCAIII) SI SI SK NL
e 2007­‑2013 (QREN). PL PL LT BE
MT MT LV BG
*O QREN considera apenas
LV LV DK SE
os montantes executados até
ao final de 2011 e não inclui LT LT EE FI

o Fundo Europeu Agrícola HU HU SI AT


de Desenvolvimento Rural EE EE LU IE
(FEADER) nem o Fundo CZ CZ CY DK
Europeu das Pescas (FEP). CY CY MT CY

Fonte: Augusto Mateus RO RO RO MT

& Associados com base BG BG BG LU


em Comissão Europeia. 0 2 000 4 000 6 000 8 000 0 2 000 4 000 6 000 8 000 0 2 000 4 000 6 000 8 000 0 2 000 4 000 6 000 8 000
Conceitos e metodologia

512
Conceitos e metodologia

Fundos estruturais e de coesão financiamento estrutural correspondente a apoios


Na contabilização do volume de financiamento ao sector das pescas no domínio do Fundo Europeu
estrutural da União Europeia aplicado em de Orientação e Garantia Agrícola (FEOGA),
Portugal estão considerados o Fundo Europeu de considerados ao abrigo da regulamentação específica
Desenvolvimento Regional (FEDER) e o Fundo já em vigor no momento da adesão de Portugal,
Social Europeu (FSE) enquanto fundos estruturais nomeadamente o Regulamento (CEE) 355/77
de base, a secção Orientação do Fundo Europeu destinado à melhoria das condições de transformação
de Orientação e Garantia Agrícola (FEOGA­‑O) e de comercialização dos produtos agrícolas e da
e o Instrumento Financeiro de Orientação da pesca, bem como os Regulamentos (CEE) 2908/83 e
Pesca (IFOP), enquanto componente estrutural 4028/86 que contemplavam apoios à reestruturação,
das políticas europeias de apoio aos sectores modernização e desenvolvimento do sector da pesca
agrícola e das pescas entre 1989 e 2006, bem como e desenvolvimento do sector da aquicultura.
o Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Nos rankings europeus (Gráficos C.26. a C.28.),
Rural (FEADER) e o Fundo Europeu das Pescas os dados disponibilizados a nível europeu não são
(FEP) entre 2007 e 2011, com o intuito de comparáveis diretamente com os dados relativos à
manter a coerência da análise global dos fundos execução dos fundos estruturais e de coesão a nível
estruturais nos quatro períodos de programação. nacional por incluírem as iniciativas comunitárias
No conjunto dos fundos estruturais e de e excluírem os montantes recebidos ao abrigo do
coesão, considera­‑se ainda o Fundo de Coesão Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural
como instrumento financeiro de apoio estrutural. (FEADER) e do Fundo Europeu das Pescas (FEP).
O Fundo de Coesão distingue­‑se essencialmente dos
Promotor
fundos estruturais pela sua abrangência nacional.
Entidade, pública ou privada, que solicita
Não sendo estrita e formalmente considerado como
e eventualmente obtém uma ajuda no
fundo estrutural, corresponde efetivamente a um
quadro de uma intervenção, com vista a um
instrumento de apoio ao desenvolvimento dos
projeto específico (Portal do QREN).
territórios nacionais menos prósperos da União
Europeia e, como tal, considerados prioritários QCA | QREN | Acordos de Parceria
no âmbito da sua política de coesão. Nesta O Quadro Comunitário de Apoio (QCA) designou
contabilização não são consideradas as iniciativas o primeiro documento a enquadrar o conjunto
comunitárias adotadas pela União Europeia ao da ajuda estrutural comunitária a Portugal nos
longo dos três primeiros Quadros e que visavam o períodos de programação 1989­‑1993 (QCA I), 1994­
apoio e a superação de problemas específicos com ‑1999 (QCA II) e 2000­‑2006 (QCA III). Sucedeu o
incidência e interesse a nível europeu, como sejam, Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN)
a título de exemplo, a igualdade de oportunidades, no período de programação 2007­‑2013, documento
a cooperação territorial europeia ou o apoio a de referência para a preparação da programação dos
áreas urbanas com dificuldades estruturais. fundos estruturais e do fundo de coesão, no qual o
Convém notar que os valores relativos ao I Quadro Estado­‑membro apresenta a estratégia nacional e
Comunitário de Apoio (1989­‑1993) incluem execução os temas prioritários escolhidos para a intervenção
relativa a planos e programas já lançados em Portugal, dos fundos. No âmbito do período de programação
ao abrigo do Anterior Regulamento (1986­‑1988). No 2014­‑2020, sucedem­‑se os Acordos de Parceria.
caso específico do financiamento estrutural às pescas
no I Quadro Comunitário de Apoio considera­‑se o

513
Para saber mais
Augusto Mateus & Associados (2011) | Avaliação Direção­‑Geral do Desenvolvimento Regional,
da operacionalização inicial dos sistemas AGROGES (1994) | Avaliação Ex­‑post do Quadro
de incentivos no contexto da agenda factores Comunitário de Apoio I (1989­‑1993) na área da
de competitividade, Instituto Financeiro para o agricultura
Desenvolvimento Regional Direção­‑Geral do Desenvolvimento Regional (1995) |
Centro Interdisciplinar de Estudos Económicos 10 anos de Fundos Estruturais
(2003) | Ex­‑post evaluation of objective 1, 1994­‑1999 Instituto de Gestão do Fundo Social Europeu (2009)
– National Report | Intervenção do FSE e Desenvolvimento do
Centro de Estudos e Desenvolvimento Regional e Potencial Humano em Portugal (2000­‑2006)
Urbano, Quaternaire Portugal, TIS.pt (2005) | Instituto Nacional de Estatística (2007) | Portugal
Estudo de Atualização da Avaliação Intercalar – 20 Anos de Integração Europeia
do Quadro Comunitário de Apoio 2000­‑2006 Instituto de Gestão do Fundo Social Europeu (2011)
Comissão Europeia (1994) | PEDIP Programa | O valor acrescentado do FSE no período 2000­
Específico de Desenvolvimento da Indústria ‑2006 – Visão de síntese
Portuguesa Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente
Comissão Europeia (1996) | The impact of structural e do Ordenamento do Território (2012) | Relatório
policies on economic and social cohesion in the Union Anual de Execução do Programa Operacional
1989­‑99 – A first assessment presented by country Pesca PROMAR – Relatório Anual 2011
Comissão Europeia, Direção­‑Geral de Política Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente
Regional (2008) | A Política de Coesão da UE e do Ordenamento do Território (2012) | Relatório
d 1988 a 2008: Investir no futuro da Europa Anual de Execução do PRODER 2011
Comissão Europeia (2008, 2011) | EU Budget – NEMUS, CISED Consultores, Lda. e Centro
Financial Reports Interdisciplinar de Estudos Económicos (2007)
Comissão Europeia (2010) | Ex­‑post Evaluation of | Estudo de Avaliação do Fundo de Coesão em
Cohesion Policy Programmes 2000­‑06 financed by the Portugal (1993­‑2006)
ERDF (Objective 1 & 2) – Synthesis Report Observatório do QREN (2012) | Indicadores
Comissão de Gestão dos Fundos Comunitários (2000) Conjunturais de Monitorização – Boletim
| Um Olhar sobre o QCA II – Encerramento Informativo QREN N.º 14
do período de programação 1994­‑1999 Observatório do QREN (2012) | Relatório Anual
Departamento de Prospetiva e Planeamento, do QREN IV – 2011
Ministério do Planeamento (2001) | Impacto Secretaria Regional da Agricultura e Florestas, Região
Macroeconómico do Quadro Comunitário Autónoma dos Açores (2012) | PRORURAL
de Apoio (1994­‑1999) – Relatório de Execução do ano 2011
Departamento de Prospetiva e Planeamento, Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais,
Ministério das Finanças (2005) | Impacto Região Autónoma da Madeira (2012) | Madeira
Macroeconómico do QCA III – Avaliação Rural – Relatório de Execução do Programa
Intercalar (Atualização) de Desenvolvimento Rural da Região Autónoma
Direção­‑Geral da Agricultura e Desenvolvimento da Madeira (PRODERAM)
Rural (2012) | Programa para a Rede Rural Relatórios anuais de execução do Fundo de Coesão
Nacional – Relatório de Execução 2011 relativos ao período 1993­‑2011
Direção Geral das Pescas e Aquicultura, Instituto Relatórios finais de execução dos Programas
Nacional de Estatística (1998) | As Pescas Operacionais do II e III Quadros Comunitários
em Portugal 1986­‑1996 de Apoios

514
IV
Roteiros
Seis questões para
compreender e agir
Sobre os roteiros
Este quarto e último capítulo apresenta seis percursos de interpretação da
informação sistematizada ao longo de olhares, retratos e fundos para fazer um
balanço dos 25 anos de Portugal europeu.
Seis grandes questões dão o mote aos roteiros elaborados pela equipa
de investigação:
• o nível de vida melhorou para a generalidade da população de forma
relevante?
• o país progrediu no contexto europeu e tornou-se mais atrativo?
• as empresas tornaram-se mais competitivas e aproveitaram as oportu-
nidades do mercado interno europeu e da globalização?
• o país ganhou sustentabilidade na evolução da forma como produz,
consome e valoriza os recursos naturais?
• a trajetória de ocupação do território favoreceu a coesão territorial e a
igualdade de oportunidades?
• onde se deram as grandes mudanças e quais os principais desequilíbrios
que se produziram?

A escolha das questões visou a formulação de conclusões operativas em


aberto, capazes de alimentar um debate sem restrições em torno do desen-
volvimento do país.
Neste sentido, combinam-se questões mais «analíticas» – que resultam
da própria lógica de investigação e das hipóteses explicativas dela surgidas – e
questões «cidadãs» – que resultam das reflexões, dúvidas e interrogações que
a generalidade da população portuguesa foi alimentando ao longo destes 25
anos de plena integração europeia.
O objetivo destes roteiros é então exemplificar caminhos de interrogação
e de análise. Realçando dificuldades e oportunidades, margens de escolha e
lições de experiência, estes percursos de interpretação visam promover a
reflexão sobre os desafios da economia e da sociedade portuguesas, incitando
o leitor a planear e a percorrer o seu próprio roteiro sobre os 25 anos do
Portugal europeu.

517
1
O nível de vida melhorou para
a generalidade da população
de forma relevante?
Os 25 anos de Portugal europeu permitiram uma melhoria global do nível de
vida da população, quer em termos de evolução interna, quer em termos de
comparação no quadro europeu, apesar das dificuldades mais recentes de
sustentação do crescimento económico e da crise económica e financeira em
que vivemos.
O roteiro percorrido constata a modernização da economia e da sociedade
portuguesa, permitindo um acesso praticamente generalizado da população
à satisfação das necessidades básicas elementares, um importante aumento
do nível de equipamento das famílias (casa, carro, eletrónica de consumo e
computadores) e um reforço substancial do peso dos serviços, do lazer e da
cultura no consumo.
O consumo ganhou novas dimensões económicas e sociais, em articu-
lação com a redução do tempo de trabalho, o aumento dos tempos livres e
o surgimento e expansão dos novos formatos comerciais, tornando-se uma
componente especialmente relevante da vida quotidiana.
A revolução das tecnologias da informação, da internet e do telemóvel
democratizou o acesso à informação e difundiu pelo continente e pelas ilhas
modelos de consumo e estilos de vida muito mais convergentes, nomeada-
mente no caso dos grupos etários mais jovens, apesar de a penetração destas
tecnologias e serviços ainda ficar razoavelmente aquém dos níveis atingidos
pelos países mais desenvolvidos da União Europeia.
O rendimento disponível real das famílias portuguesas praticamente
duplicou ao longo deste ciclo de 25 anos, numa trajetória marcada por impulsos
mais fortes no início e no final da década de 1990 e por uma desaceleração ao
longo da primeira década do século xxi (Gráfico 35.1). Face a um crescimento
da população diminuto, permitiu uma forte melhoria do nível de vida por
habitante.
Refletindo a tendência de lenta e progressiva queda da poupança
(Gráfico 36.1), o consumo real das famílias cresceu bem acima do rendimento,

519
mais do que duplicando o cabaz de bens e serviços adquiridos entre 1986 e
2010 (Gráfico 5.1).
A desigualdade na repartição do rendimento conheceu uma redução visí-
vel, apesar de permanecer mais elevada que na União Europeia. O rácio entre
as proporções do rendimento detidas pelos 20% mais ricos e pelos 20% mais
pobres desceu de cerca de 7,5 em 1986 para cerca de 5,5 em 2010. No entanto,
este movimento não foi uniforme, indiciando mesmo um agravamento entre
2000 e 2005 (Gráfico 37.1).
O peso dos salários e ordenados no rendimento disponível passou a bar-
reira dos 50%, subindo para valores em torno dos 56% no início do século xxi e
caindo ligeiramente desde então (Gráfico 35.1). A desigualdade na distribuição
do ganho salarial agravou-se até meados da década de 1990 e na última década,
refletindo quer as disparidades nos níveis de educação e qualificação, quer a
reduzida coesão económica do tecido empresarial (Gráfico 38.4).
O aumento do património líquido de endividamento acompanhou a
diversificação da carteira de investimentos das famílias ao mercado de capi-
tais e aos planos de poupança para a reforma. O peso dos ativos financeiros
(ações, obrigações e participações) na riqueza das famílias quase triplicou para
superar o peso dos ativos em moeda e depósitos (Gráfico 35.4 e Gráfico 35.5).
A melhoria do nível de vida da população portuguesa neste ciclo de 25
anos do Portugal europeu foi, portanto, inequívoca, muito expressiva e genera-
lizada. A desigualdade reduziu-se, embora não tanto quanto a coesão económica
e social exigiria. O património líquido e o rendimento aumentaram, embora
menos do que o consumo, que se alcandorou à posição de variável económica
mais relevante e dinâmica.
A economia mundial e, em particular, as economias desenvolvidas conhe-
ceram uma baixa histórica muito importante da inflação e das taxas de juro
na década de 1990. A economia portuguesa seguiu o mesmo caminho descen-
dente, ainda com maior amplitude, beneficiando dos esforços de convergência
nominal impulsionados pelo Tratado de Maastricht e pelo caminho para a
moeda única, tendo convergindo plenamente com a média da União Europeia
no ritmo da inflação e nas taxas de juro (Gráfico 3.2).
O nível de vida em Portugal conheceu um impulso adicional com a mobi-
lização do muito baixo nível das taxas de juro reais para melhorar o consumo
e garantir o acesso à habitação, ainda que sob a forma arriscada de ocupante
proprietário com hipotecas de prazo longo e juro variável (Gráfico 45.4).
A estabilidade económica alcançada foi, assim, utilizada para favorecer
o presente e não para favorecer o futuro, isto é, para sustentar um nível de
investimento indutor de maior capacidade competitiva e concorrencial com
retorno a prazo na criação de mais riqueza e de mais e melhores empregos.

520
O acesso ao crédito com baixas taxas de juro constituiu um catalisador
do consumo muito importante, mas seria um erro não reconhecer que foi a
plena integração de Portugal na União Europeia que gerou a radical mudança
de expetativas conducente à forte expansão do consumo de bens duradouros
(Gráfico 5.5).
O endividamento das famílias portuguesas cresceu de forma galopante
com esta escolha coletiva de preferência pelo presente. O nível de endivida-
mento, sem considerar os seus ativos, quase quadruplicou face ao rendimento
disponível entre 1995 e 2010 (Gráfico 36.2).
Este caminho foi reforçado pelas orientações de política pública pre-
valecentes e pelas orientações de crédito adotadas pelo sistema financeiro
português, que alimentaram um boom de crédito sem precedentes na economia
portuguesa para viabilizar o consumo de bens duradouros e a aquisição de
habitação (Gráfico 45.1). Só por breves períodos de exceção se estimulou, ao
contrário, o investimento empresarial interno (Gráfico 6.1) e internacional
(Gráfico 14.1).
As elevadas taxas de equipamento alcançadas pelas famílias portuguesas
no conforto das suas habitações, com fogões, frigoríficos, televisões e máqui-
nas de lavar roupa, mas também micro-ondas e aspiradores, computadores,
arcas congeladoras e câmaras fotográficas, constituem um indicador seguro
da generalização de uma melhoria do nível de vida através de um cabaz de
equipamentos relativamente amplo (Gráfico 46.4).
O parque automóvel expandiu-se a um ritmo muito apreciável até 2002,
tendo mais do que triplicado face a 1986, indicando que, também aqui, o
aumento da taxa de motorização das famílias portuguesas tocou um conjunto
bastante alargado de grupos e segmentos sociais (Gráfico 48.5).
O roteiro fornecido por estas transformações permite entender que o
Portugal europeu foi lido pela generalidade da população como a integração
num quadro institucional mais seguro e mais forte, propiciando uma via de
melhoria do consumo que o acesso generalizado ao crédito ajudou a confirmar.
O peso do consumo no rendimento disponível conheceu um importante
crescimento, sobretudo depois de 1998 e até ao desencadear da crise financeira
internacional, em contraste com o padrão das economias europeias estabili-
zadas a um nivel inferior ao português (Gráfico 5.2.).
O forte dinamismo do consumo foi acompanhado de uma profunda
transformação da oferta comercial que mudou a configuração das cidades
portuguesas, das maiores às mais pequenas, e a própria instituição social do
“passeio público”, numa articulação mais estreita entre o consumo e o lazer.
Os hipermercados e supermercados, os centros comerciais e os espaços
de aglomeração do moderno comércio especializado, nos interfaces entre o

521
espaço central das maiores cidades e as suas áreas de expansão metropolitana,
surgiram e expandiram-se a um ritmo muito forte.
Os centros comerciais, praticamente inexistentes em 1986, aceleraram
para quase 3 milhões de m2 em 2010. As unidades comerciais de dimensão
relevante (hipermercados e grandes cadeias especializadas nos bens não ali-
mentares) conheceram uma dinâmica de crescimento equivalente (Gráfico 5.7
e Gráfico 5.8).
Em contrapartida, as mercearias, as pequenas lojas de bens alimentares e
as drogarias perderam quase dois terços dos estabelecimentos e da quota nas
compras das famílias desde 1995 (Gráfico 5.9).
As marcas da distribuição moderna foram as grandes companheiras do
alargamento e da diversificação do consumo das famílias portuguesas, nomea-
damente nos bens alimentares, onde a sua quota se multiplicou por cinco entre
1994 e 2010, tal como nos produtos de limpeza caseira e de higiene pessoal e,
mesmo, nas bebidas, embora a um ritmo menor.
As relações entre a distribuição, a indústria e a agricultura alteraram-se
substancialmente sob a pressão dos preços baixos exigidos pelas expetativas
de consumo das famílias.
A organização dos tempos de consumo, de lazer e de relacionamento social
e familiar transformaram-se profundamente, em especial aos fins de semana,
sob o impulso da frequência destes novos espaços comerciais.
A redução do horário de trabalho, que em média passou de mais de 41
para menos de 36 horas semanais (Gráfico 33.1), contribuiu de forma relevante
para a melhoria do nível de vida da população portuguesa, nomeadamente pela
dimensão imaterial de maior liberdade e capacidade de escolha que suportou.
O alargamento da capacidade discricionária das famílias, a possibilidade
de fazer escolhas para além das despesas de consumo destinadas a satisfazer
necessidades básicas, expressou-se, neste ciclo, com uma força particular nas
categorias associadas ao lazer.
As despesas de consumo em viagens e turismo no exterior captaram
também a atenção desta preferência pelo presente e pelo consumo, catalisada
pelo crédito fácil e abundante (Gráfico 12.1). O contributo do turismo para a
melhoria do nível de vida da população é, também, evidenciado pelo crescente
peso dos residentes nas dormidas de uma hotelaria nacional em expansão
(Gráfico 12.6).
O alargamento do acesso das famílias ao turismo interno e internacional
contribuiu de forma relevante para a diversificação do consumo da população
portuguesa ao longo destes 25 anos, alargando horizontes e experiências.
No contexto europeu, os portugueses surgem abaixo da média europeia
na relevância das despesas com lazer e cultura (Gráfico 49.3) e na utilização da

522
internet, mas superam a média europeia em subscrições de telefones móveis
(Gráfico 50.2).
O bem-estar das famílias portuguesas refletiu, igualmente, uma evolução
muito favorável no acesso a bens e serviços públicos de mérito, determinantes
para a respetiva qualidade de vida e para a própria equidade social, como a
educação e a saúde.
Em matéria de educação, o grande eixo de melhoria da qualidade de
vida dos portugueses traduziu-se na introdução e generalização do ensino
pré-escolar (Gráficos 43.1), no alargamento da escolaridade obrigatória e na
melhoria do nível geral de educação da população ativa, uma vez que o peso
relativo dos ativos com ensino secundário e superior quase duplicou entre
1986 e 2010 (Gráfico 42.1).
Em matéria de saúde, os grandes eixos de melhoria da qualidade de vida
dos portugueses traduziram-se em resultados relevantes, como a redução da
taxa de mortalidade infantil (Gráfico 44.2) ou o aumento da esperança de vida,
e em condições de oferta dos cuidados de saúde, como as camas hospitalares e
os médicos (Gráfico 44.9 a Gráfico 44.12), mitigados pela subida substancial
das despesas públicas e privadas com cuidados de saúde (Gráfico 44.3).
O peso no produto interno bruto das prestações sociais em dinheiro
recebidas pela população passou de cerca de metade do padrão europeu para
um valor idêntico à média da União Europeia (Gráfico 41.2), contribuindo para
integrar grupos sociais mais carenciados neste movimento global de melhoria
do nível de vida da população portuguesa.
O efeito positivo na redistribuição do rendimento das transferências
sociais permitiu reduzir a desigualdade e o risco de pobreza e consolidar aquele
resultado (Gráfico 37.5).
Em sentido contrário, determinados grupos sociais enfrentam dificuldades
na defesa do nível de vida alcançado, verificando-se uma perda de relevância
quantitativa (Gráfico 39.2) e uma erosão da vantagem remuneratória da classe
média (Gráfico 39.6).

* * *

Este é o roteiro das transformações que conduziram a população portuguesa


a um nível de vida, material e imaterial, bem superior ao que conhecia antes
da plena integração europeia, ainda que de forma desigual, desequilibrada e
não sustentável.
Este roteiro constitui um bom exemplo de uma viagem onde o entusiasmo
do progresso se articulou com a intranquilidade dos riscos assumidos e com a
inconsistência das respetivas bases de consolidação.

523
Desencadeado pela rutura no financiamento internacional do país envol-
vido numa crise económica e financeira de grande dimensão, o ajustamento
em curso já acumula uma quebra do consumo global da população portuguesa
de dois dígitos.
O sentimento de facilidade associara-se às novas possibilidades de inves-
timento público – alimentadas pelos fundos estruturais e de coesão – e de
consumo – alimentadas pela expansão do crédito abundante e barato. Mas este
sentimento de facilidade foi substituído por um sentimento de dificuldade,
associado aos custos de recessão, de desemprego e de quebra de rendimento
do doloroso ajustamento tornado inevitável pelas doses largamente excessivas
na utilização daquelas possibilidades.
Os desafios do futuro, a prazo mais curto ou mais longo, são muito rele-
vantes e obrigam a preparar, com cuidado redobrado e aprendendo com as
lições da experiência recente, uma nova viagem do Portugal europeu.
No desígnio da melhoria do nível de vida da população, este novo roteiro
deve concentrar-se em enfrentar os fatores de desequilíbrio e de insustentabi-
lidade que tornaram tão vulneráveis os resultados obtidos, até para conseguir
limitar e conter a rápida destruição dos progressos alcançados ao longo dos
primeiros 25 anos.
Em primeiro lugar, o roteiro do futuro só pode ser o de um reequilí-
brio entre a capacidade de criação de riqueza e o nível de vida da população
portuguesa. Os próximos anos terão de ser anos de progresso mais rápido na
produtividade e na competitividade. No futuro, o nível de consumo médio
não poderá superar o nível de produção médio de valor da economia portu-
guesa, dependendo a sua melhoria dos ganhos de produtividade que possam
ser obtidos no conjunto das atividades económicas.
Em segundo lugar, o roteiro do futuro só pode ser o da criação de bases
seguras para a poupança das famílias, conciliando um movimento de melhoria
nas decisões e formas de consumir e de poupar com um esforço progressivo e
cumulativo de desendividamento. O entusiasmo no acesso a uma experimen-
tação muito vulnerável da sociedade de consumo, que marcou as duas últimas
décadas, deve passar o testemunho ao entusiasmo de uma sustentação credível
dos modelos de consumo e dos níveis de vida, através de um exercício mais
exigente de concretização de escolhas mais enraizadas no rendimento efetivo
das famílias e na otimização do retorno das despesas realizadas e dos impostos
pagos em matéria de qualidade de vida.
Em terceiro lugar, o roteiro do futuro terá de ser o da criação de novas
referências de equidade e de coesão social, numa economia e numa sociedade
marcada por novos e múltiplos fatores de diferenciação (económica, social,
educacional, informacional e cultural) que acelerem o ritmo de inovação e a

524
mobilidade, que intensifiquem a diversificação das formas de trabalho sob o
impulso do conhecimento e da criatividade, e que favoreçam a reforma dos
sistemas de promoção, produção e difusão dos bens e serviços públicos, bem
como dos modelos de governação do mundo urbano e do mundo rural.
O roteiro da próxima viagem dos portugueses em direção a uma vida
melhor, numa Europa em difícil construção, deve favorecer maior investi-
mento no futuro e maior diálogo entre gerações, para produzir resultados
mais duradouros para toda a população portuguesa.

525
2
O país progrediu no contexto europeu
e tornou-se mais atrativo?
Os 25 anos de Portugal europeu marcaram um percurso sinuoso de convergência
e divergência, isto é, de aproximação e afastamento das principais realiza-
ções civilizacionais europeias, nomeadamente no que respeita à capacidade
das instituições de promover a equidade e a justiça social e à capacidade das
empresas e dos mercados de favorecer a eficiência, a inovação e o crescimento
económico.
O roteiro percorrido permite verificar uma rápida convergência inicial,
que durou até à recessão de 1993, seguida de uma consolidação, num ritmo
mais lento, até ao final dos anos 90.
O mesmo roteiro revela que a convergência se foi transformando em
lenta divergência neste século, com a progressiva estagnação do crescimento
económico a anteceder o presente recuo, já sob o impacto das medidas de
austeridade exigidas pelo programa de auxílio financeiro que veio suprir as
necessidades de financiamento do país.
A memória mais recente não pode, contudo, sobrepor-se ao balanço
global deste ciclo de 25 anos.
O saldo do Portugal europeu ainda é o de um progresso razoável no con-
texto europeu, mas pode e deve ser utilizada para perceber que esse progresso
limitado é manifestamente insuficiente para permitir ao país enfrentar com
sucesso os novos desafios concorrenciais e competitivos da globalização, do
alargamento da União Europeia e, sobretudo, do regime cambial e orçamental
resultante da união económica e monetária.
A atratividade global da economia portuguesa conheceu uma sucessiva
e relevante erosão, em especial no que respeita ao mundo das atividades eco-
nómicas e da criação de riqueza. A atratividade salarial, perdida com o alarga-
mento da União Europeia, não foi compensada pela valorização dos fatores
associados à cultura, à criatividade e ao conhecimento.
A própria resistência e progresso da atratividade turística do país ou o
surgimento de alguns outros polos relevantes de atratividade serão futura-
mente postos em causa, se o país não for capaz de construir um novo e exigente
caminho de atratividade global.

527
O nível de vida médio potencial da população portuguesa, medido pela
riqueza criada por habitante em poder de compra comparável à escala europeia,
aumentou significativamente, passando de dois terços para quatro quintos da
média da União Europeia (Gráfico 1.1).
O nível de vida médio potencial de partida da população portuguesa não
chegava a atingir 65% do nível médio europeu. O progresso foi muito rápido,
convergindo para 79% em 1992 e para 81% em 1999. A partir daí, a conver-
gência sofreu uma interrupção que a presente crise veio agravar e aprofundar
(Gráfico 1.2).
A evolução do nível médio relativo de consumo das famílias portuguesas
foi ainda mais significativa e próxima de uma convergência total, reduzindo
em cerca de três quartos a distância que o separava do padrão europeu.
A posição de Portugal no ranking europeu do poder de compra interno do
rendimento per capita foi regredindo com a concretização do alargamento aos
países da Europa Central e Oriental e com a estagnação económica (Gráfico 1.3).
A progressão do país no contexto europeu dependia da capacidade de
articular de forma coerente e sustentável os avanços na convergência nominal,
através da aproximação dos ritmos de variação das grandes variáveis macroe-
conómicas como a inflação, as taxas de juro e as taxas de câmbio, com avanços
na convergência real, através da aproximação dos níveis de produtividade e
de qualidade de vida.
A convergência económica de Portugal no espaço europeu exigia, assim,
a alimentação de um círculo virtuoso entre melhoria da competitividade e
aumento da coesão económica, social e territorial do país.
A convergência nominal foi bem visível ao nível da desinflação, tendo a
economia portuguesa conhecido uma sincronização europeia duradoura, no
ritmo da inflação, nos últimos quinze anos.
Portugal entrou nas Comunidades Europeias com uma inflação de dois
dígitos, mas evoluiu para um quadro duradouro de baixa inflação, com refle-
xos positivos na defesa do poder de compra dos rendimentos das famílias e na
redução da incerteza no retorno dos investimentos. Ainda que só se tenha com-
pletado com as decisões sobre a entrada de Portugal no grupo de fundadores
da moeda única europeia, a convergência nominal foi ainda mais favorável na
evolução das taxas de juro nominais de curto prazo, com impactos importantes
no comportamento das famílias e das empresas (Gráfico 3.2).
No entanto, a principal mudança verificou-se no regime cambial. A economia
portuguesa passou de uma moeda fraca, sujeita a sucessivas desvalorizações, para
uma moeda forte, sujeita a pressões relevantes para uma apreciação cumulativa.
Com efeito, a taxa de câmbio efetiva nominal conheceu uma forte des-
valorização nos primeiros anos da plena integração europeia, de quase 45%

528
em 1986-1992 face ao quinquénio anterior, que se prolongou a menor ritmo
até à introdução do euro.
Dentro da disciplina do euro, a economia portuguesa ficou num regime
de câmbios fixos com os seus principais parceiros comerciais. Na verdade,
tratou-se de uma lenta apreciação uma vez que a inflação manteve um ligeiro
diferencial positivo face à média da União Europeia. Nesta nova realidade, a
economia portuguesa conheceu uma progressiva valorização da sua taxa de
câmbio efetiva nominal.
A convergência económica de Portugal na União Europeia revelou-se
bem mais difícil, oscilante e atribulada em matéria de saldo orçamental e
dívida pública.
O aumento da carga fiscal (Gráfico 23.1) não acompanhou a escalada
das despesas das administrações públicas (Gráfico 24.1). A aproximação aos
níveis de proteção social europeus acelerou-se ao longo da última década, em
articulação com as recessões globais de 2001-2003 e 2008-2009 (Gráfico 41.2),
agravando os problemas de sustentabilidade das contas públicas.
Num contexto de encargos com juros bem menos fortes que os suporta-
dos nos primeiros dez anos, a progressiva deterioração do saldo primário foi
anunciando a crise orçamental do Estado português (Gráfico 25.7).
Em plena aceleração da globalização e num regime de moeda única, as
grandes debilidades do país encontravam-se na convergência real da economia
portuguesa, no seu desempenho visto do lado da eficiência produtiva e da
eficácia na criação de riqueza.
As dificuldades da construção europeia – articulação coerente entre alarga-
mento e aprofundamento – e da inserção concorrencial das economias europeias
numa economia mundial agora centrada em torno do Pacífico traduziram-se
num abrandamento significativo do crescimento económico do país.
A crise de competitividade da economia portuguesa está na incapacidade
de fazer crescer suficientemente a produtividade (Gráfico 2.2) e de reforçar a
sua orientação exportadora global (Gráfico 11.2).
No contexto do regime macroeconómico da moeda única e da disciplina
orçamental, esta crise não se expressa através de uma aceleração da inflação,
como nas décadas de 1970 e de 1980, mas através de uma crise de emprego de
proporções crescentes.
O desemprego português agravou-se no contexto europeu (Gráfico 32.3) e
degradou-se em termos qualitativos: o desemprego de longa duração aumentou
e o país gera cada vez mais desemprego quando a economia cresce abaixo do
seu potencial (Gráfico 32.7 e Gráfico 32.8).
A proporção da população em idade ativa que completou o ensino secun-
dário ou superior praticamente duplicou, mas o ritmo desta evolução não

529
chegou para impedir o acentuar do atraso comparativamente ao padrão euro-
peu (Gráfico 42.2).
Os problemas da convergência da economia portuguesa no espaço da
União Europeia têm-se traduzido numa especial dificuldade de saída da situa-
ção de “país da coesão”. Só a pequena região de Lisboa – Grande Lisboa e
Península de Setúbal – se conseguiu constituir com uma região desenvolvida
no contexto das regiões europeias (Mapa B3 e Mapa B4).
Quanto à atratividade para viver e trabalhar, Portugal conheceu, entre
1993 e 2005, um breve momento de afirmação com os fluxos de imigração a
assumirem, em termos relativos, maior expressão que o valor médio na UE27
(Gráfico 29.2). Os imigrantes do Brasil e da região do Mar Negro deram corpo
a uma atratividade suportada pelas oportunidades de emprego no comércio
e nas obras públicas (Gráfico 29.8). No entanto, a crise de crescimento e de
emprego vem invertendo drasticamente os fluxos migratórios.
Quanto à atratividade para investir, Portugal conheceu uma significativa
erosão quando se comparam a fase inicial e a fase final deste ciclo de 25 anos.
O elemento-chave no recuo da atratividade da economia portuguesa
em matéria de investimento internacional encontra-se na sua progressiva
orientação para a procura interna, suportada por uma afetação de recursos
prioritariamente dirigida para as atividades não transacionáveis mais abri-
gadas da concorrência internacional, sobretudo a partir da viragem para o
século xxi (Gráfico 4.5).
O crescimento do consumo privado correspondeu, por si só, a três quartos
da expansão do produto interno bruto entre 1986 e 2010, sendo o Estado-
-membro da UE15 que mais expandiu o peso do consumo público e um dos
que mais viram cair o peso do investimento (Gráfico 4.8).
A internacionalização da economia portuguesa como que foi ficando
“em espera”.
Os fluxos de investimento do estrangeiro em Portugal, que tinham regis-
tado dois surtos relevantes de aceleração entre 1986 e 1990 e entre 1995 e 2000,
reduziram-se significativamente uma vez perdida a posição de país com os
mais baixos salários no alargamento da União Europeia.
Os fluxos de investimento estrangeiro de Portugal no exterior cresceram
significativamente entre 1996 e 2000, em linha com o percurso histórico das
economias europeias mais desenvolvidas. Contudo, perderam rapidamente
esse impulso uma vez criadas condições favoráveis de rendibilidade e risco
nos sectores internos abrigados da concorrência internacional (Gráfico 14.4).
Neste quadro, as viagens e turismo constituem a grande fronteira atual
da atratividade da economia portuguesa.

530
O dinamismo do sector do turismo, gerando receitas que o colocam como
o mais relevante no nosso esforço global de exportação, tem assumido um
peso na economia portuguesa que mais do que duplica o padrão europeu
(Gráfico 12.2).

* * *

O roteiro da evolução da convergência e da atratividade da economia portu-


guesa dentro da União Europeia neste ciclo de 25 anos representa uma viagem
de avanços, interrupções e recuos.
Apesar de muitas realizações positivas, nomeadamente na vida empresa-
rial, académica e científica, cultural e artística, não pode deixar de ser conside-
rada como a história de um semifalhanço nacional e europeu: o tempo de uma
geração não foi suficiente para tirar Portugal da condição de “país da coesão”.
Perante um ambiente externo relativamente favorável, a convergência
da economia portuguesa fez-se, com mérito e sem especiais dificuldades, nos
terrenos onde se tratava de promover a recuperação de atrasos evidentes e
a adaptação a padrões e regras bem estabelecidos. Inicialmente, a economia
portuguesa conseguiu crescer mais depressa do que as economias europeias
mais desenvolvidas, reduzindo fortemente o ritmo da inflação e estabilizando
as grandes variáveis da política monetária e cambial.
Contudo, perante um ambiente externo muito mais concorrencial e
desfavorável, a convergência da economia portuguesa conheceu dificuldades e
retrocessos crescentes nos terrenos que exigiam alterações muito substanciais
na capacidade de criar riqueza e de gerar equidade social e territorial.
O choque precipitado pelos novos caminhos de aprofundamento e de
alargamento da União Europeia revelou-se bem mais difícil, exigindo mudan-
ças sucessivas nos padrões de especialização e nos modelos de negócio e de
governação, suportadas por novas competências e processos cumulativos de
inovação e internacionalização.
A economia portuguesa não conseguiu evitar assim nem uma queda
abruta do seu ritmo de crescimento económico, nem uma mistura complicada
de desemprego estrutural e conjuntural, que se foram conjugando num quadro
de crescentes desequilíbrios nas contas públicas e nas contas externas.
Para a economia portuguesa, o século xxi tornou-se um tempo de diver-
gência nominal, em especial nas condições de financiamento, e um tempo de
divergência real, com o recuo, parcial, mas recuo, dos níveis de vida e bem-
-estar da população.
O roteiro desta atribulada viagem parece indicar que a sociedade portu-
guesa não percebeu a tempo que o seu caminho de plena integração europeia

531
seria tanto mais difícil e problemático quanto não fossem alcançados todos os
fundamentos da convergência real – a melhoria continuada da produtividade
global dos fatores suportada pela inovação – e da convergência estrutural – a
criação de instituições e de regras coletivas de promoção, efetiva e permanente,
da eficiência e da equidade.
Os 25 anos do Portugal europeu foram marcados por uma forte ace-
leração do tempo histórico das transformações económicas e sociais. Estas
transformações ainda não foram devidamente entendidas e incorporadas nos
comportamentos coletivos, em especial pelos responsáveis políticos e pelas
organizações de representação corporativa de interesses empresariais, sindi-
cais e profissionais, e através da consensualização, aprovação e execução de
incontornáveis reformas estruturais nas instituições, nas políticas públicas e
nos modelos de governação.
Os desafios da convergência no espaço europeu são decisivos para o futuro
da economia e da sociedade portuguesa. As lições da experiência recente são
muito importantes. O reconhecimento de um semifalhanço coletivo nunca é
fácil de admitir, mas é nele que começa a construção de uma solução.
Este roteiro não permite nem a negação de um semifalhanço global, pela
focalização nas muitas áreas parciais onde se alcançaram progressos relevantes
(uma ou várias “andorinhas” não fazem uma “primavera”), nem a atribuição
desse semifalhanço global a causas prioritariamente externas (os erros e limites
da própria construção europeia).
O roteiro das dificuldades do processo de convergência nestes 25 anos
de Portugal europeu é, sem dúvida, um roteiro dos falhanços do Pacto de
Estabilidade e Crescimento, da política monetária do euro e das políticas
comunitárias de convergência e coesão. Contudo, este roteiro é, principalmente
e em primeiro lugar, um roteiro dos erros e limitações da própria experiência
portuguesa, das políticas públicas e das preferências sociais e económicas que
acabaram por prevalecer na sociedade, na economia e no Estado.
O roteiro do futuro da convergência tem de começar a ser construído
na melhoria da qualidade das instituições e no reforço da democracia, em
Portugal e na União Europeia, para garantir escolhas coletivas mais claras e
acertadas e permitir políticas públicas melhor fundamentadas e mais eficazes
na promoção do interesse geral.
O roteiro do futuro da convergência tem de se focar nesse quadro de rege-
neração dos modelos de governação e de participação e nas dimensões sociais
e económicas de uma união duradoura e coerente entre a competitividade e a
solidariedade. Urgem mudanças que permitam criar mais riqueza e distribuí-
-la de forma bem mais equilibrada entre gerações, isto é, articulando muito
melhor as escolhas que garantem um presente melhor sem limitar o futuro.

532
3
As empresas tornaram-se mais competitivas
e aproveitaram as oportunidades do
mercado interno europeu e da globalização?
Os 25 anos de Portugal europeu foram marcados por um crescimento inicial
mais rápido da produtividade face à média da União Europeia. Esta conver-
gência, realizada ainda em regime de desvalorização deslizante do escudo e
de elevada inflação, foi induzida, em grande parte, pelo reforço que os fundos
estruturais significaram para o investimento público e privado. O impacto da
plena integração europeia criou condições mais favoráveis ao investimento
e mudou subjetivamente o comportamento dos empresários num sentido de
valorização da abertura externa e da modernização das empresas.
No entanto, o surto de crescimento assim originado traduziu-se, maiorita-
riamente, numa simples aceleração quantitativa. Não produziu progressos quali-
tativos relevantes nem na especialização nem na competitividade, tendo mesmo
reforçado algumas das principais vulnerabilidades da economia portuguesa.
A dinâmica deste crescimento extensivo (fazer “mais do mesmo”) come-
çou a esgotar-se na sequência da recessão europeia de 1992-1993, ainda que
prolongada pelo dinamismo do investimento estrangeiro. Polarizado pelos
baixos custos unitários de produção, o investimento direto estrangeiro no país
contribuiu para a evolução da especialização industrial, orientando-se para
novos sectores de produção, como o automóvel e a eletrónica.
O resto dos anos 90 foi marcado pela consolidação do mercado interno
europeu e pela concretização do projeto da moeda única. A economia portu-
guesa encontrava dificuldades crescentes na mudança do paradigma compe-
titivo de criação riqueza e de emprego, quer por razões de estratégia e gestão
empresarial, quer por razões de política pública.
Os esforços integrados de desenvolvimento tecnológico, com resultados
reconhecidos pelos mercados em matéria de inovação e de diferenciação,
tornaram-se essenciais para afirmar os fatores mais avançados e dinâmicos
da competitividade. Mas ao nível das estratégias empresariais nacionais, estes
esforços não se tornaram prevalecentes nos modelos de gestão e organização
do tecido empresarial português.

533
A maioria das empresas permaneceu ancorada em fatores competitivos
centrados no custo e em modelos limitados de organização e de qualificação
do trabalho e da gestão.
Ao nível das políticas públicas, os esforços de convergência nominal e a
adesão ao euro alteraram por completo a envolvente empresarial, limitando
severamente a possibilidade de a política económica poder compensar as
insuficiências de eficiência no desempenho das empresas.
A passagem para um regime de câmbios fixos (os quatro grandes parceiros
comerciais de Portugal são todos membros da área do euro) e de uma situação
de moeda fraca para uma situação de moeda forte (no relacionamento com
o resto do mundo) gerou novas dificuldades e tensões que expuseram ainda
mais as limitações da economia portuguesa perante a aceleração do processo
de globalização e do alargamento da União Europeia a países de baixos salários
e elevados níveis de educação.
Ao longo dos 25 anos de Portugal europeu, as empresas fizeram investi-
mentos importantes e melhoraram as suas capacidades no contexto da sua
trajetória histórica interna. Contudo, as empresas portuguesas não se torna-
ram suficientemente competitivas para enfrentarem as novas exigências da
concorrência na globalização, na União Europeia alargada e no novo quadro
orçamental e cambial da área do euro.
A competitividade das empresas, das regiões e das economias é um pro-
cesso cumulativo e não um estado pontual. Constrói-se acumulando conhe-
cimento e competências na disputa concorrencial das oportunidades que os
mercados propiciam, mudando mais vezes e mais depressa na intensidade do
crescimento (fazer “melhor e diferente”).
Os défices de competitividade da economia portuguesa revelar-se-iam
de forma muito assimétrica ao nível das empresas, dos sectores, das atividades
e das próprias regiões.
Esta assimetria permitiu, aliás, a coexistência de leituras aparentemente
contraditórias, isto é, uma leitura “otimista” da valorização dos muitos casos
empresariais de progresso competitivo que concretizaram saltos qualitativos
na sua organização e gestão, em simultâneo com uma leitura “pessimista” da
permanência de mais casos de retrocesso competitivo, por insuficiente adap-
tação e mudança às novas condições de concorrência interna e internacional.
Os problemas de competitividade global da economia portuguesa acu-
mularam-se ao longo destes 25 anos à medida que as empresas e as atividades
mais vulneráveis iam perdendo força e velocidade, gerando pressões cada vez
mais fortes sobre o crescimento económico, o emprego, o défice público e o
endividamento externo.

534
A degradação do nível de competitividade global da economia portuguesa
acentuou-se com a viragem para o século xxi e ganhou a dimensão de crise
estrutural, enquanto muitas economias emergentes, dentro e fora da Europa,
faziam um percurso inverso.
A tendência do ritmo de crescimento potencial do produto interno bruto
em Portugal desceu sucessivamente (Gráfico 2.9.), revelando uma crescente
vulnerabilidade da economia portuguesa perante os impactos do alargamento
da União Europeia e da aceleração da globalização. A produtividade conheceu
uma forte erosão (Gráfico 2.2) e foi acompanhada da progressiva redução da
utilização dos recursos humanos e num progressivo aumento do desemprego
(Gráfico 32.1).
No contexto europeu, Portugal está entre as economias com menor pro-
dutividade e onde mais pessoas trabalham com horários mais elevados, ficando
a produtividade por hora trabalhada a cerca de metade da média europeia
(Gráfico 2.7.).
A posição portuguesa afasta-se do grupo das economias mais desenvolvidas
e dinâmicas (Áustria, Holanda, Reino Unido, Alemanha, Dinamarca, Suécia
e Finlândia) onde a maior taxa de utilização dos recursos humanos coexiste
com os níveis mais elevados de produtividade. A posição portuguesa afasta-se
também das principais economias da Europa do Sul (Espanha, Itália e França),
onde a menor taxa de utilização dos recursos humanos mitiga o contributo
de níveis mais elevados de produtividade (Gráfico 2.6).
Numa economia integrada no comércio internacional e num mercado
doméstico de dimensão limitada, a posição competitiva das empresas pode
avaliar-se pela comparação internacional dos preços e dos custos de produção
em moeda comum internacional.
As progressivas dificuldades competitivas da economia portuguesa ao
longo destes 25 anos, quer em termos de custos, quer em termos de rendibili-
dade, resultam muito claras quando se utilizam os indicadores disponíveis para
comparar o seu desempenho com o dos seus principais parceiros comerciais.
Os custos e os preços subiram mais em Portugal do que na UE15
(Gráfico17.1) e a rendibilidade das atividades económicas reduziu-se, em espe-
cial no sector transacionável (Gráfico 17.2).
A posição competitiva relativa da economia portuguesa na União Europeia
degradou-se entre 1986 e 2010, perdendo a vantagem inicial que resultava de
a diferença entre as produtividades médias ser razoavelmente menor que a
diferença entre os salários médios.
A crise de competitividade veio a traduzir-se no ressurgimento de défices
externos muito relevantes (Gráfico 15.2), com o país a importar mais do que

535
exporta (Gráfico 15.4), as remessas de emigrantes a cair (Gráfico 15.6) e os
pagamentos de juros e dividendos a não residentes a aumentar (Gráfico 15.4).
O agravamento do défice externo ao longo da última década na economia
portuguesa exprime um fenómeno estrutural de viragem para dentro na afeta-
ção dos recursos (infraestruturas e atividades abrigadas da concorrência inter-
nacional) e de progressiva dificuldade de participação positiva na globalização.
A orientação exportadora da economia portuguesa, medida pelo peso
relativo das exportações de bens e serviços no produto interno bruto, manteve-
-se praticamente inalterada em torno dos 30%, cavando o atraso ao padrão
europeu (Gráfico 11.2.).
O agravamento do défice externo ganha uma dimensão tanto mais insti-
tucional e estrutural porque se produziu apesar de um desempenho positivo
na exportação de bens (primários e industriais), de alguma diversificação de
mercados, ou do contributo positivo do turismo para um crescente excedente
na balança de serviços.
O persistente desequilíbrio externo conduziu, sem surpresa, a um cres-
cimento insustentável das responsabilidades líquidas de Portugal face ao
exterior que vieram a superar a totalidade do produto interno bruto depois
de 2008 (Gráfico 15.8).
A crise de competitividade, prolongada em crise de crescimento e
emprego, veio a manifestar-se através de défices externos anuais superiores a
10% do produto interno bruto. Quando a crise económica e financeira mundial
atingiu as economias mais vulneráveis da área do euro sob a forma de crise
de dívidas soberanas, a economia portuguesa já enfrentava a sua própria crise
de financiamento.
O desempenho competitivo ao nível microeconómico foi, ao longo destes
25 anos, bastante assimétrico. Registaram-se progressos assinaláveis em mui-
tas empresas, seja ao nível da modernização, seja ao nível da renovação dos
modelos de negócio em direção à criação de valor. No entanto, estes avanços
não se se difundiram pela generalidade do tecido empresarial nacional, que
perde na comparação com o padrão europeu.
As melhorias na trajetória nacional não impediram que a intensidade em
I&D apresentasse um défice superior a 20% face à média europeia (Gráfico 16.2),
que o nível de educação e competência dos recursos humanos apresentasse
um atraso ainda maior (Gráfico 42.1) e que generalização da internet fosse
das mais reduzidas da UE27 (Gráfico 50.4).
Nestes 25 anos de Portugal europeu, os estabelecimentos de maior dimen-
são perderam terreno para as empresas com menor número de trabalha-
dores (Gráfico 18.1) e o tecido empresarial apresentou forte turbulência
(Gráfico 18.4), indiciando modelos de iniciativa empresarial com fraco potencial

536
à partida, nomeadamente em capital próprio, em capacidade técnica e em
qualidade de gestão.
Portugal é também dos Estados-membros com menor disponibilidade de
capitais para criação e expansão de empresas (Gráfico 34.8).
O défice de capitais próprios prevalecente na estrutura de financiamento
típica de muitas empresas portuguesas foi temporariamente ultrapassado
através do endividamento com empréstimos bancários a custo decrescente e
com acesso aos incentivos ao investimento suportados por fundos estruturais
(Gráfico 20.5). O endividamento das empresas mais que duplicou desde 1995
(Gráfico 20.8), num contexto de declínio da poupança (Gráfico 20.4) e do
investimento empresarial no país (Gráfico 20.3).
O desenvolvimento larvar desta crise de competitividade transformou-
-se, na segunda metade deste ciclo de 25 anos, numa crise de investimento,
potenciada pela menor captação de investimento estrangeiro e aprofundada
pela crise internacional.

* * *

O roteiro desta crise de competitividade da economia portuguesa é também


uma história de ilusões, de facilidades e de incompreensões:
• uma história de ilusões dada a ideia do desaparecimento da restrição do
défice externo numa pequena economia sob a proteção do euro;
• uma história de facilidades, dada a utilização do crédito barato pelo
Estado, pelas empresas, pelos bancos e pelas famílias para sustentar o
nível de despesa, como se os credores não se interrogassem sobre a sol-
vabilidade dos devedores;
• uma história de incompreensões, dada a reduzida atenção prestada às
consequências devastadoras da fragmentação das cadeias de valor à escala
mundial nas economias europeias incapazes de mudar a sua especializa-
ção, de diversificar mercados e produtos e de mobilizar o conhecimento
para gerar valor acrescentado.

A história só poderia ter sido outra se a economia portuguesa tivesse


conseguido melhorar o seu desempenho competitivo, em sintonia com as
novas exigências do regime do euro, do alargamento e da aceleração da glo-
balização. Tal implicaria uma melhoria do perfil de especialização, para
atividades mais qualificadas e para mercados mais dinâmicos, bem como
uma renovação dos modelos de negócio empresariais, desenvolvendo fatores
competitivos não custo associados à inovação e à diferenciação em cadeias
de valor internacionais.

537
A competitividade exprime a capacidade de as empresas responderem
com rapidez e qualidade às necessidades que moldam as procuras das empre-
sas e das famílias, gerando o valor acrescentado e a riqueza que permitem os
investimentos que mantêm e criam empregos e que remuneram os diferentes
fatores produtivos, nomeadamente capital, trabalho e propriedade intelectual.
No quadro de uma recuperação lenta da economia portuguesa, o roteiro
de um futuro onde seja possível concretizar os ajustamentos e reformas indis-
pensáveis ao reequilíbrio do querer e do poder da sociedade portuguesa terá
de reforçar necessariamente a produtividade e a competitividade das empresas
portuguesas.
O crescimento sustentado da produtividade pode combinar um caminho
de melhoria do perfil de especialização produtiva, favorecendo atividades
de forte valor acrescentado em mercados internacionais dinâmicos, com um
caminho de renovação dos modelos de negócio das empresas, favorecendo a
progressão nas cadeias de valor, a inovação e a mobilização do conhecimento
para responder às necessidades dos mercados.

538
4
O país ganhou sustentabilidade na evolução
da forma como produz, consome e valoriza
os recursos naturais?
Os 25 anos de Portugal europeu foram palco de múltiplas transformações que
mudaram profundamente a relação entre a economia, na sua dimensão de
combinação de modos de produção e de consumo, e o ambiente, na sua dimen-
são de recursos naturais e biodiversidade exigindo conservação e valorização.
A própria noção de sustentabilidade foi evoluindo com a adoção do refe-
rencial moderno do desenvolvimento económico e social sustentável, isto
é, que porta um futuro com equilíbrio ecológico e respeitador dos valores
materiais e imateriais do passado, na sua dimensão de património, cultura e
valores civilizacionais.
O ponto de partida apresentava um défice de infraestruturas, de serviços,
de condições materiais, de prioridades sociais e de sensibilidade política de
grandes proporções. O acerto de contas com o passado assumia neste terreno
uma dimensão tal que o roteiro da mudança não podia deixar de ser dominado,
pelo menos nos primeiros anos, por essa faceta de adaptação e de recuperação
de atrasos muito importantes face ao referencial médio da sociedades euro-
peias mais desenvolvidas.
O quadro da organização territorial das administrações públicas portu-
guesas, espartilhado entre a centralização das políticas sectoriais e a dimensão
insuficiente dos municípios para gerar coerência e eficiência, comportava e
comporta limitações muito relevantes para a concretização de verdadeiras
estratégias de sustentabilidade. Estas limitações, menos visíveis na fase inicial de
recuperação de atrasos gritantes, tornaram-se progressivamente mais evidentes à
medida que os resultados foram surgindo nas infraestruturas ambientais básicas.
Os 25 anos de Portugal europeu retratam melhorias em muitos dos prin-
cipais indicadores de infraestruturas ambientais básicas que condicionam a
qualidade de vida das populações, tendo permitido reforçar a coesão social e
territorial do país, num alargamento importante no que respeita à valorização
dos recursos naturais, seja na produção de bens e serviços, seja na composição
dos produtos turísticos.

539
Em sentido contrário, a evolução dos modos de produção, de consumo e
de mobilidade registou uma trajetória de forte pressão sobre a sustentabilidade.
Em primeiro lugar, encontramos um défice de ordenamento real e pragmá-
tico do território, com as caraterísticas do crescimento urbano a configurarem
um poderoso travão dos ganhos de sustentabilidade ambiental, económica e
social. A expansão urbana foi marcada por um processo casuístico, centrado
em edificado novo e raramente apoiado em planeamento de redes de infraes-
truturas e de serviços, gerando mais “casas” do que “habitats”.
Em segundo lugar, encontramos um défice crescente de racionalidade,
de poupança e de eficiência energética.
Este défice foi alimentado por modelos de gestão empresarial excessiva-
mente polarizados pelo curto prazo, onde os investimentos de racionalização
e desenvolvimento de processos não têm tempo para produzir resultados; pelo
preço da energia, desvalorizando o papel decisivo das condições internas da
sua utilização eficiente na fatura energética; ou pela reduzida estabilidade e
coerência das politicas energéticas nacionais, fornecendo incentivos errados
a empresas e a consumidores e travando a sua colaboração virtuosa.
Para este défice contribuiu, sobretudo, um crescimento autónomo de
infraestruturas e serviços de transporte, sem diálogo real com o ordenamento
do território e com a promoção da competitividade das empresas. Esta situação
gerou custos graves de sustentabilidade, arrastando um forte primado do
transporte individual de pessoas e do transporte rodoviário de mercadorias que
têm implicado a persistência de uma elevada intensidade energética do funcio-
namento da economia portuguesa, em contraste com os parceiros europeus.
À medida que a gama básica de infraestruturas e de serviços ambientais
se disponibilizava à generalidade da população, a persistência dos desequilí-
brios de sustentabilidade revelava a menor sintonia entre avanços formais no
quadro legislativo (ou seja, a procura de uma convergência política e jurídica)
e as dificuldades reais de compatibilização entre nível de vida das famílias,
competitividade das empresas e desenvolvimento sustentável.
Os 25 anos de Portugal europeu exprimem um quadro limitado na integra-
ção da dimensão da sustentabilidade nas políticas públicas. A permanência de
múltiplas falhas de mercado, ao nível dos preços e da concorrência, contribuiu
para uma escassa colaboração entre governos e empresas para enfrentar as
pressões e os riscos sobre os recursos, observando-se uma tendência de subida
muito oscilatória e desigual dos preços dos principais recursos naturais com
custos relevantes em matéria ambiental.
O roteiro retrospetivo de sustentabilidade parte da mudança de paradigma
que observou a política ambiental na sequência da adesão de Portugal à União
Europeia em 1986, seguindo a disponibilidade de indicadores em domínios

540
como as infraestruturas ambientais, a gestão dos resíduos, a conservação da
natureza e da biodiversidade ou as emissões de gases com efeito de estufa.
No domínio das infraestruturas ambientais, a legislação adotada e os
vultuosos investimentos efetuados conduziram a fortes incrementos da per-
centagem da população servida por infraestruturas ambientais como o abas-
tecimento público de água, a drenagem de águas residuais ou o tratamento
de águas residuais. Também a percentagem de água para consumo humano
controlada e de boa qualidade subiu fortemente (Gráfico 47.1).
No domínio dos resíduos urbanos, Portugal aumentou a percentagem de
resíduos recolhidos e tratados, não obstante o volume crescente produzido por
habitante, em convergência com a média comunitária (Gráfico 47.7).
No domínio da biodiversidade, cerca de um quinto do território do con-
tinente integra a Rede Natura 2000, a rede ecológica para conservação a longo
prazo das espécies e dos habitats mais ameaçados da União Europeia.
No domínio das emissões de gases com efeito de estufa, a evolução não
foi tão linear, tendo-se verificado uma aceleração na década de 1990, uma
estabilização na passagem do século e uma redução desde 2005. A penetração
do gás natural e das energias renováveis, a reforma da tributação automóvel, a
melhoria da eficiência energética das habitações e dos transportes e a própria
crise económica são justificações apontadas para esta evolução (Gráfico 47.2).
Para esta evolução contribuiu fortemente o facto de o transporte rodo-
viário ter assumido um claro predomínio na mobilidade de pessoas e bens.
A comparação europeia destaca a vantagem da estrada no transporte das
mercadorias do país (Gráfico 48.12) assim como a preferência das famílias
portuguesas pelo automóvel em detrimento de transportes públicos, como o
comboio e o autocarro (Gráfico 48.3).
Esta preferência pela viatura não pode ser dissociada da evolução do
Portugal urbano, que cresceu sobretudo fora das duas áreas metropolitanas do
país e, dentro destas, fora das cidades de Lisboa e do Porto (Gráfico 27.6), inten-
sificando e prolongando a distância das deslocações diárias entre casa e trabalho.
A expansão da rede de autoestradas e de itinerários principais e com-
plementares acompanhou a dilatação do parque automóvel e é visível, por
exemplo, na acentuada redução do tempo/distância da capital às principais
capitais de distrito e fronteiras (Gráfico 48.9 e Gráfico 48.10).
A densidade da rede ferroviária eletrificada está claramente abaixo da
média europeia, enquanto a densidade da rede nacional de autoestradas é
quase o dobro da média da UE27 (Gráfico 48.2).
No que respeita à evolução dos padrões de consumo, as famílias portu-
guesas aderiram aos novos formatos comerciais em detrimento do comércio
tradicional de proximidade, como mercearias e drogarias (Gráfico 5.9).

541
Os centros comerciais e as unidades comerciais de dimensão relevante
cresceram de modo exponencial nas periferias das grandes cidades, contri-
buindo para um aumento das deslocações com recurso ao veículo automóvel
(Gráfico 5.7 e Gráfico 5.8).
A clara aproximação à União Europeia dos padrões de consumo das famí-
lias portuguesas contribuiu igualmente para a evolução verificada na produção
de resíduos urbanos.
Ao nível da estrutura produtiva, a economia registou uma crescente ter-
ciarização (Gráfico 7.1). O sector primário contraiu (Gráfico 9.1) e o consumo
crescente de bens alimentares refletiu-se no grau de autoaprovisionamento
do país e na penetração de importações de bens alimentares (Gráfico 9.13).
A indústria transformadora nacional empreendeu um processo lento e
incompleto de alteração estrutural com vista a uma maior intensidade tecnoló-
gica e de capital, por exemplo, pela automatização dos processos de produção.
No domínio da especialização industrial, a continuidade prevaleceu sobre
uma viragem em direção a sectores mais “leves” em matéria de sustentabili-
dade, porque mais ancorados no conhecimento e no valor acrescentado da
inovação do que na transformação física e química pesada de matérias-primas
e produtos intermédios.
Nestes 25 anos, a especialização da indústria transformadora portuguesa
manteve-se concentrada em cinco grandes fileiras consideradas de baixa ou
média-baixa tecnologia: indústrias alimentares, bebidas e tabaco; indústria
têxtil, vestuário e couro; fabricação de artigos de borracha, matérias plás-
ticas e outros produtos minerais não metálicos; indústrias metalúrgicas de
base e indústria da madeira, pasta, papel e cartão e seus artigos de impressão
(Gráfico 8.4).
A história recente do país tem-se caraterizado pela manutenção de uma
elevada intensidade energética, ou seja, de um elevado consumo de ener-
gia face ao produto interno bruto. Esta intensidade energética supera, regra
geral, os referenciais médios da União Europeia, indiciando uma significativa
debilidade no tocante à eficiência energética da estrutura produtiva nacional
(Gráfico 10.2).
A par da intensidade energética, Portugal apresenta uma elevada depen-
dência energética (Gráfico 10.1), sendo um dos Estados-membros da União
Europeia que maior proporção de energia importa para satisfazer as necessi-
dades energéticas a nível interno (Gráfico 10.3).
As elevadas intensidade e dependência energética induzem preocupações
acrescidas quanto à segurança do abastecimento. Este é um fator adicional
de fragilização da economia portuguesa uma vez que o aumento do consumo

542
energético nas duas últimas décadas foi sempre suportado pelo crescente
recurso a importações (Gráfico 10.4).
Portugal mantém uma forte dependência do petróleo, situação para a
qual contribui o consumo e a menor diversidade energética do sector dos
transportes (Gráfico 10.5). A recente experiência de incentivo às energias reno-
váveis, dominada pela eólica e pela solar, traduz-se no aumento da sua quota
no consumo final de energia do país e coloca Portugal nos lugares cimeiros
da União Europeia neste domínio.

* * *

Este roteiro das transformações a nível da sustentabilidade das formas de


produção, de consumo e de valorização dos recursos naturais clarifica a neces-
sidade de o país reduzir a intensidade energética e a exigência de mudanças
significativas ao nível dos padrões de mobilidade e dos modos de consumo e
de produção.
Os limites destes 25 anos em matéria de desenvolvimento sustentável
e de generalização de comportamentos de racionalidade ecológica acon-
selham a busca de um novo roteiro de combate aos principais motores de
insustentabilidade.
O roteiro da convergência real de Portugal com os esforços mais rele-
vantes desenvolvidos à escala europeia e mundial não pode ser orientado
pela ação ao nível das consequências mas, muito mais, ao nível das causas da
insustentabilidade – a desordem das cidades, a irracionalidade das soluções
de mobilidade, a insuficiente exploração da inovação orientada para uma
economia de baixo teor de carbono, a desvalorização dos serviços ambientais
prestados pelas comunidades rurais e a insuficiente capacidade de valorização
económica dos recursos endógenos e naturais adequadamente protegidos.
Não sendo sustentáveis as reduções da intensidade energética por via
da diminuição dos níveis de consumo, da produção ou da mobilidade, o novo
roteiro do futuro aponta como necessário um forte reforço das ações promo-
vendo a eficiência, seja adotando tecnologias menos consumidoras de energia,
seja alterando padrões e modos de vida.
Neste novo roteiro do futuro, deverão merecer particular atenção aque-
les domínios que assumem maior relevância ao nível do consumo de energia,
nomeadamente a mobilidade, a regeneração urbana e a habitação sustentável,
bem como as atividades industriais de maior intensidade energética e, obvia-
mente, a própria produção e distribuição de energia, onde a coexistência de
formas de produção e consumo pode vir a representar avanços relevantes.

543
No domínio crucial dos transportes, o roteiro do futuro não deixará de
incluir o urbanismo e o ordenamento do território como peças integrantes
da estratégia com impacto na forma e na distância das deslocações entre casa
e trabalho.
O roteiro futuro só poderá ser o do desenvolvimento sustentável, isto é,
sustentabilidade-solução em vez de sustentabilidade-problema.
Este roteiro exigirá um novo modelo de governação – temático e não
sectorial – onde possam convergir e ganhar coerência as políticas de competi-
tividade, de ordenamento do território, de ambiente e de transportes, coman-
dando uma reestruturação da tributação incentivadora da racionalização das
escolhas das empresas e das famílias.
Este roteiro exigirá ainda a exploração das redes inteligentes, disponibi-
lizando serviços de informação sobre infraestruturas ambientais, energéticas
e de transportes que permitam aos consumidores e aos produtores construir
sinergias de poupança e de racionalidade.
Os riscos associados às alterações climáticas e ao potencial ciclo ascen-
dente e oscilatório dos preços dos principais recursos são demasiado pena-
lizadores do ambiente e das condições de crescimento no longo prazo para
não exigirem uma profunda alteração do comportamento das famílias, das
empresas e dos governos.
O roteiro do futuro configura-se bem mais difícil face aos primeiros
25 anos de Portugal europeu. Em causa está uma maior eficiência no acesso, na
transformação e na utilização dos recursos chave e uma maior coerência na
adoção dos objetivos de desenvolvimento sustentável, através do combate à
fragmentação das políticas públicas e da utilização corajosa dos incentivos
dos preços (positivos e negativos), para gerar sociedades bem mais resilientes
e equitativas.

544
5
A trajetória de ocupação do território
favoreceu a coesão territorial e a igualdade
de oportunidades?
Os 25 anos de Portugal europeu mudaram substancialmente a configuração do
país em termos das condições de vida e de trabalho nas suas diferentes regiões
e territórios.
Os investimentos realizados em infraestruturas ambientais, sociais, cul-
turais, empresariais, produtivas, comerciais e de transportes, com o apoio
determinante dos fundos estruturais, bem como os investimentos realizados
em habitação, com o apoio decisivo da queda histórica das taxas de juro, trans-
formaram profundamente a configuração territorial do país, tornando-o muito
menos desigual nas condições básicas de acesso à qualidade de vida.
Na orientação dos investimentos, observou-se o primado da coesão sobre
o da competitividade e o primado das condições potenciais sobre o dos resul-
tados efetivos do desenvolvimento económico e social.
Esta escolha permitiu, com efeito, superar em boa medida muitas das
distâncias entre o “litoral” e o “interior”. Contudo, não permitiu construir
dinâmicas regionais de convergência cumulativa de igualdade, quer para as
pessoas, quer para as empresas, seja no acesso aos fatores mais avançados de
criação de valor (conhecimento, cultura, criatividade), seja no acesso ao ren-
dimento gerado fora do contexto da ação das políticas públicas.
Do ponto de vista da coesão territorial, os 25 anos de Portugal europeu
evidenciam um país que se afastou progressivamente da oposição tradicional,
global e genérica, entre litoral e interior, tornando-se muito mais complexo e
diferenciado nos mecanismos de criação e distribuição da riqueza.
O desenvolvimento das regiões portuguesas gerou formas suficientemente
diferenciadas de “litoral” e de “interior” e transformou o país numa espécie
de grande arquipélago: algumas “ilhas” (o número limitado de polos mais
dinâmicos) destacam-se num “mar” de dificuldades (as regiões que perdem
população, riqueza relativa e dinamismo económico).
Os investimentos na coesão territorial foram concretizados numa lógica
de redução de disparidades regionais internas e não numa lógica de promoção

545
da equidade de participação equilibrada das diferentes regiões portuguesas
nas oportunidades da construção europeia e da globalização.
Mesmo quando orientados para os fatores mais avançados de desenvol-
vimento, a eficácia dos investimentos foi mitigada pelo referencial das distân-
cias regionais internas do passado. Este referencial de convergência regional
“doméstico” alimentou, em muitos casos, uma fragmentação redundante de
projetos insuficientemente ancorados em estratégias suficientemente dife-
renciadas e descentralizadas de desenvolvimento regional.
A dificuldade em substituir este referencial de convergência regional
“doméstico” por um novo referencial de convergência regional virado para a
internacionalização na Europa e no mundo contribuiu para a própria redução
da eficácia dos investimentos na coesão territorial, na medida em que não per-
mitiu, em muitos deles, alcançar a massa crítica necessária, nem na dimensão,
nem na intensidade da colaboração institucional e empresarial.
Os progressos na coesão territorial foram muito mais visíveis no plano
interno do que no plano europeu, tendo-se situado muito mais no acesso às
condições de vida do que nos fatores cumulativos e sustentáveis de desenvol-
vimento (Mapa 1.1).
As 30 regiões NUTS III do país podem ser divididas em quatro grandes
grupos, tendo em conta a evolução do produto interno bruto por habitante
e a decomposição das trajetórias de convergência por via da produtividade
(eficiência) ou do emprego (intensidade na utilização do recursos humanos):
• no grupo das cinco regiões com produto interno bruto por habitante
mais elevado e níveis de produtividade mais elevados estão Grande Lisboa,
Grande Porto, Madeira, Alentejo Litoral e Algarve (Mapa 26.4);
• no grupo das seis regiões com produto interno bruto por habitante
intermédio e melhor posicionamento relativo na produtividade estão
Alto Alentejo, Alentejo Central, Baixo Alentejo, Lezíria do Tejo, Médio
Tejo e Açores (Mapa 26.6);
• no grupo das sete regiões com produto interno bruto por habitante
intermédio e melhor posicionamento relativo na taxa de emprego estão
as regiões do litoral situadas entre o Grande Porto e a Grande Lisboa,
mais o Cávado e Beira Interior Sul (Mapa 26.5);
• no grupo das 12 regiões com produto interno bruto por habitante infe-
rior a três quartos da média nacional, estão a generalidade das regiões
do interior Norte e Centro, o Minho-Lima e a Península de Setúbal,
fazendo-se notar neste último caso fortes movimentos pendulares com
a região de Lisboa (Mapa 26.3).

546
Este posicionamento das regiões portuguesas resulta de trajetórias de
convergência muito diversas ao longo dos últimos 25 anos. No conjunto, este
processo não resultou numa redução significativa das disparidades inter-
-regionais, conservando-se ainda níveis muito significativos de variabilidade
do produto interno bruto por habitante entre as regiões NUTS III portuguesas
(Gráfico 26.1).
Um conjunto significativo de regiões NUTS III, em particular, no inte-
rior Norte e Centro do país registaram processos de convergência positiva,
aproximando-se do padrão nacional. Mas tal não implicou um processo de
convergência das grandes regiões NUTS II em que estão inseridas.
Pelo contrário, as regiões NUTS II Norte e Centro observaram processos
de divergência e afastaram-se da média nacional do produto interno bruto por
habitante, em particular no conjunto dos últimos quinze anos (Gráfico 26.2).
A justificação para este facto reside no atraso de NUTS III Grande Porto, Ave
e do Entre Douro e Vouga, no caso da grande região NUTS II Norte, e das
NUTS III Baixo Vouga, Pinhal Litoral, Oeste e Médio Tejo, no caso da grande
região NUTS II Centro (Gráfico 1.6).
As transformações ocorridas em termos demográficos e de povoamento
do país permitem compreender caraterísticas adicionais destas diferentes
trajetórias de convergência a nível regional.
Portugal distingue-se do padrão europeu pelo modelo de ocupação ter-
ritorial mais extremado, apresentando comparativamente mais população
nas áreas ou predominantemente rurais ou predominantemente urbanas e
apresentando menos população nas zonas intermédias (Gráfico 27.2).
Dois em cada cinco habitantes do país residem nas áreas metropolitanas
de Lisboa e do Porto (Gráfico 27.4 e Gráfico 27.5). Em duas décadas, as cidades
portuguesas subiram de 88 para 158 (Gráfico 27.8 e Gráfico 27.9) e o maior
contributo para o crescimento da população urbana veio das próprias cidades
fora destas duas áreas metropolitanas (Mapa 27.3 e Mapa 27.4).
Em termos demográficos, convém notar que o país só superou o padrão
europeu entre 1994 e 2004. O ritmo foi marcado pela intensidade dos movi-
mentos de emigração e imigração (Gráfico 28.2).
Portugal integra o grupo de Estados-membros cujo saldo entre nados-
-vivos e óbitos já não faz crescer a população (Gráfico 28.3) e apresenta dos
mais elevados ritmos de envelhecimento no contexto europeu (Gráfico 30.3).
As dinâmicas demográficas da polarização da população em torno das
duas grandes regiões de Lisboa e do Porto apresentaram especificidades face
ao quadro nacional. Na grande região de polarização do Porto, incluindo Ave,
Cávado, Entre Douro e Vouga e Tâmega, o grande contributo para a variação
populacional foi o saldo natural. Na grande região de polarização de Lisboa,

547
incluindo Alentejo Central, Alentejo Litoral, Lezíria do Tejo, Médio Tejo,
Oeste, Península de Setúbal e Pinhal Litoral, foi o saldo migratório que mais
contribuiu para a evolução da população.
A migração da população do interior, sobretudo em idade ativa e em busca
de emprego e de melhores condições de vida, potenciou, também, o seu maior
envelhecimento (Mapa 30.3 e Mapa 30.4).
O processo de convergência observado na generalidade do interior do país
foi, em parte, alimentado por esta recomposição demográfica, uma vez que a
redução do peso dos jovens (Mapa 30.2) fez aumentar a taxa de atividade, mais
forte na população mais velha, e o peso do emprego no total da população
residente. O aspeto menos interessante é, obviamente, a natureza precária e
insustentável deste tipo de convergência.
Pelo contrário, o processo de divergência observado em regiões NUTS
III no Norte e no Centro que se afastam dessa referência de interior, foi ali-
mentado em parte pela redução do peso do emprego na população residente,
refletindo um aumento significativo do índice de dependência de idosos.
Em termos de estrutura produtiva, os 25 anos do Portugal europeu obser-
vam também um conjunto significativo de transformações com reflexo nas
especializações sectoriais de atividades das regiões portuguesas.
Os serviços proliferam na área da Grande Lisboa, do Grande Porto, do
Baixo Mondego e nas regiões turísticas da Madeira e do Algarve, onde res-
pondem por mais de três quartos do VAB regional (Mapa 7.6). O Alentejo é
a nona região europeia e a primeira em Portugal em termos de relevância do
sector primário (Mapa 7.4). As maiores bolsas industriais em território nacional
localizam-se, na região Norte, nas NUTS III situadas em torno do Grande Porto
e nas regiões do Baixo Vouga e Pinhal Litoral, na região Centro (Mapa 7.5).
Na intensificação da I&D e da inovação ocorrida em Portugal, a região
de Lisboa responde por mais de metade do esforço nacional, acentuando a
distância no domínio empresarial (Gráfico 16.8 e Gráfico 16.9).

* * *

Este é o roteiro das transformações que conduziram as regiões portuguesas a


uma aproximação das condições de vida propiciadas às suas populações, em
domínios tão importantes como a habitação, o acesso à energia e ao sanea-
mento, a saúde, a educação ou em termos das distâncias “rodoviárias” entre
os principais centros urbanos do país.
Este é também o roteiro da progressiva descoberta de que o acerto de
contas necessário para o progresso não deve ser feito com as próprias assime-
trias regionais no passado com base num referencial “doméstico”, mas com

548
um novo referencial assente na capacidade de aproveitar as oportunidades de
desenvolvimento no futuro com a Europa e o mundo.
Este roteiro ilustra uma viagem cuja própria manutenção do progresso
inicialmente alcançado é posto em causa por crescentes dificuldades de con-
vergência a nível das regiões portuguesas.
Os desafios do futuro exigem outra organização mental na identificação
e apropriação das alavancas de uma efetiva e sustentável convergência regional
no plano nacional, europeu e internacional.
O roteiro do futuro é, em primeiro lugar, o da valorização do princípio
da diferenciação territorial como fator de sucesso na integração europeia e
na globalização.
O futuro das regiões portuguesas depende cada vez mais da respetiva
capacidade em alimentar processos cumulativos de povoamento humano,
institucional e empresarial na valorização aberta dos seus recursos endóge-
nos, materiais e imateriais, naturais e patrimoniais e na realização de funções
económicas específicas e distintivas na produção para o mercado mundial de
bens e serviços transacionáveis diferenciados segundo formas de concorrência
monopolística.
O roteiro do futuro é, em segundo lugar, o de uma colaboração supramu-
nicipal para garantir uma descentralização regional liberta dos limites físicos
dos concelhos, mas ancorada na legitimidade democrática do poder local.
O futuro das regiões portuguesas depende em larga medida do abandono
radical da fragmentação, implícita na reduzida escala concelhia, e da mimética
de caminhos, implícita no confinar dos investimentos e das iniciativas ao
estrito referencial das assimetrias internas.
O roteiro do futuro é, em terceiro lugar, o de uma muito maior valoriza-
ção do papel das regiões na renovação dos paradigmas competitivos em ação
em Portugal.
Em causa está uma menor centralização estratégica das decisões de afe-
tação de recursos que poderá ocorrer na exata medida em que as dinâmicas
regionais consigam ganhar escala e coerência. Em causa está também uma
maior tomada dos riscos para percorrer um novo caminho que faça sustentar
a coesão social e territorial nos ganhos obtidos a nível da coesão económica
e da competitividade.
O futuro das regiões portuguesas depende, em larga medida, da construção
de sinergias territoriais específicas, combinando economias de aglomeração e
de especialização alicerçadas em estratégias regionais não fragmentadas, mas
suficientemente diferenciadas e descentralizadas. Estas sinergias poderão ser
fortemente potenciadas por reformas estruturais na organização e modelos
de governação das administrações públicas do país.

549
O roteiro do futuro deverá centrar-se em torno de dois elementos fun-
damentais em matéria de ocupação do território para favorecer o equilíbrio
entre igualdade de oportunidades e eficácia dos investimentos.
Por um lado, é necessário procurar garantir a trajetória de convergência
da produtividade através da competitividade e do reforço da eficiência econó-
mica. As estratégias de especialização regionais identificadas devem valorizar
os recursos regionais e o seu potencial de incorporação de conhecimento e
inovação para melhorar o posicionamento das regiões em matéria de controlo
das cadeias de valor em que se especializam.
Simultaneamente, ganha relevância a necessidade de integrar respostas
aos processos de recomposição demográfica com instrumentos de promoção da
mobilidade que permitam uma maior eficiência na organização do território.
O roteiro do futuro na coesão territorial só pode ser construído em torno
da prossecução de resultados centrados na melhoria das capacidades huma-
nas, empresariais e institucionais das regiões e no seu acesso aos serviços, aos
conhecimentos e aos talentos que lhes permitam fazer parte de processos de
desenvolvimento sustentável, não à escala meramente doméstica, mas à escala
europeia e mundial.

550
6
Onde se deram as grandes mudanças
e quais os principais desequilíbrios
que se produziram?
Os 25 anos de Portugal europeu acederam a volumosos fundos estruturais da
União Europeia que suportaram o financiamento de investimentos públicos e
privados com impacto nas estruturas económicas e sociais do país (Gráfico 13.8).
Os 25 anos de Portugal europeu também produziram desequilíbrios assi-
naláveis, nomeadamente no plano do funcionamento e da organização das
administrações públicas, bem evidenciados pelas crescentes dificuldades de
financiamento das suas principais funções económicas e sociais.
Mais do que uma visão simplificada sobre quem foram os grandes ganha-
dores e perdedores, o roteiro retrospetivo da plena integração europeia exige
uma visão articulada sobre o significado das grandes mudanças e sobre as
consequências dos novos desequilíbrios que elas arrastaram.
As esperanças depositadas na interpenetração entre a consolidação da
democracia e a participação na construção europeia na construção de um país
mais moderno, mais desenvolvido e mais coeso não devem ser perdidas numa
leitura subjugada pelas dificuldades da atual crise do país.
Os olhares, retratos e fundos sobre os 25 anos de Portugal europeu procuram,
ao contrário, encorajar a renovação lúcida dessas esperanças, através de tantos
exercícios leitura quanta a própria diversidade da sociedade portuguesa.
As mudanças nas regiões e nas cidades portuguesas foram acompanhadas
do desaparecimento ou de forte redução das assimetrias nas condições básicas
de vida. Contudo, não permitiram nem uma convergência regional sustentada,
nem um crescimento equilibrado das realidades urbanas, nem um desenvol-
vimento efetivo de grande parte do mundo rural.
Com efeito, considerando o nível das comunidades intermunicipais
(NUTS III), verifica-se que as regiões mais pobres do país reduziram a sua dis-
tância ao padrão europeu, mas que um terço das regiões portuguesas divergiu
entre 1995 e 2009. Ao longo deste 25 anos mantiveram-se grandes assimetrias
regionais, sendo o nível de vida da região mais pobre, a Serra da Estrela, um
terço do da região mais rica, a Grande Lisboa (Gráfico 1.6).

551
As regiões do Alentejo, do Centro, do Norte e dos Açores não acompa-
nharam o processo de convergência global à escala europeia, nomeadamente
na comparação com as regiões do alargamento e da Europa do Sul (Mapa 1.1).
Uma vez que a zona franca tende a empolar o indicador do produto interno
bruto, quando analisada sob o prisma da riqueza efetivamente retida na região,
a Madeira também não se afasta desta tendência. Só a região de Lisboa em
sentido estrito (Grande Lisboa e Península de Setúbal) escapa à condição de
região de convergência ou região ultraperiférica no contexto europeu.
Este ciclo de 25 anos viu acelerar a urbanização do país, praticamente
duplicando o número de cidades que já acolhem perto de metade da população
portuguesa. A maioria das 70 vilas que ganharam o estatuto de cidade nas duas
décadas de 1991 a 2011 têm menos de 20 mil habitantes ou entre 20 mil e 50
mil habitantes (Gráfico 27.8 e Gráfico 27.9).
Pelo contrário, os habitantes de Lisboa e do Porto perderam protagonismo
para aqueles que residem fora das cidades nas duas áreas metropolitanas, gerando
novos desafios para a reabilitação e revitalização dos centros históricos das duas
maiores cidades do país. A escala urbana portuguesa permaneceu estreita uma
vez que o número das cidades com mais de 100 mil habitantes só contou com
a cidade de Braga para crescer de sete para oito (Gráfico 27.6 e Gráfico 27.7).
As dinâmicas de evolução das grandes atividades e sectores económicos
ao longo deste ciclo de 25 anos refletiram uma significativa dificuldade de
equilíbrio seja entre os movimentos do consumo e da produção.
A penetração das importações aumentou significativamente, alimentada
pela procura crescente de “preços baixos” e pela articulação entre os ritmos de
avanço das atividades de serviços (sector terciário) e de recuo das atividades
de produção de bens (sectores primário e secundário) e pela articulação dos
ritmos de avanço da economia financeira, polarizada pelos bancos e pelas
companhias de seguros, e de recuo da economia real, polarizada pelas socie-
dades não financeiras.
O peso do sector primário na riqueza gerada no país dividiu-se por cinco
e a quota do sector secundário caiu para menos de um quarto do valor acres-
centado bruto gerado pelo do país. No seu conjunto, as atividades primárias
e secundárias, incluindo agricultura, pecuária, silvicultura, pesca, indústria e
energia, perderam metade da sua relevância económica no país (Gráfico 7.1).
As dinâmicas de mudança em ação não foram lineares nem monótonas.
O sector secundário convergiu e ultrapassou o próprio padrão europeu
entre 1996 e 2002, mas desde então cavou novamente um atraso na sua rele-
vância económica face à União Europeia. Inversamente, desde 2005 que o
sector terciário assume uma expressão comparativamente maior na economia
portuguesa face à média da União Europeia (Gráfico 7.2). O recuo da produção

552
de bens foi compensado pelo avanço dos serviços públicos (como educação,
saúde, apoio social, etc.), dos serviços às empresas (como transportes, ativi-
dades financeiras, jurídicas, etc.) e dos serviços às famílias (como comércio,
alojamento, restauração, etc.)
Os significativos desequilíbrios que caraterizaram esta aceleração da ter-
ciarização da economia portuguesa resultam ainda mais evidentes quando se
analisa o crescimento do produto interno bruto a preços constantes entre 1995
e 2009. Sem considerar os efeitos de preços e salários, o contributo dos serviços
às famílias e, sobretudo, dos serviços às empresas destaca-se do contributo dos
serviços públicos e das restantes atividades da economia portuguesa (Gráfico 7.6).
O quadro histórico de baixa inflação e baixas taxas de juro, propiciado
nos anos noventa, permitiu um forte progresso do crédito bancário, que tri-
plicou nestes 25 anos, em articulação com o aumento do endividamento das
empresas e das famílias portuguesas (Gráfico 21.2). A relevância económica do
setor financeiro aumentou significativamente, contribuindo para o dinamismo
dos serviços às empresas e reforçando o seu peso relativo nos rendimentos
de empresa e propriedade em detrimento dos sectores de produção de bens.
Apesar do dinamismo do terciário para o sistema produtivo, a evolução
dos serviços prestados às empresas não foi suficiente para compensar o recuo
das atividades de produção de bens, em boa parte porque a especialização da
indústria transformadora permaneceu com um forte peso de atividades de
baixa intensidade tecnológica (Gráfico 8.7).
A indústria perdeu um terço do emprego entre o máximo de 1991 e 2010,
embora os ganhos de produtividade tenham conseguido adiar o recuo em
termos de produção de riqueza até 2001 (Gráfico 8.1). A agricultura e as pes-
cas perderam mais de metade da mão de obra desde 1986 (Gráfico 9.1) e o
agravamento da dependência alimentar tornou-se inexorável (Gráfico 9.13).
O sector da construção ganhou forte relevância económica até 2001,
aumentando o seu peso relativo no valor acrescentado bruto gerado pela
economia portuguesa em cerca de 40%, subindo de cerca de 6%, em 1986, para
mais de 8% em 2001 (Gráfico 7.1).
A construção e as obras públicas marcaram fortemente a composição
do investimento no país (Gráfico 6.4 e Gráfico 6.5), respondendo à procura
gerada pelos investimentos empresariais e pelos investimentos públicos em
equipamentos e infraestruturas, dinamizados por fundos estruturais e de
coesão e alavancados, a montante, pelo crédito, e a jusante, pela generalização
dos empréstimos à habitação entre as famílias portuguesas (Gráfico 21.7 a
Gráfico 21.9).
A década de 1990 duplicou a construção, triplicou as transações de prédios
urbanos e terminou com taxas de crescimento anuais de crédito à habitação

553
em torno dos 30%. A desaceleração progressiva do investimento em casa pró-
pria pelas famílias portuguesas desde a viragem do século acompanhou desde
então a tendência de recuo na relevância económica do sector da construção
(Gráfico 45.2).
Nesta profunda mutação sectorial da economia portuguesa, a insufi-
ciente viragem para uma economia efetivamente baseada no conhecimento
representou o seu principal desequilíbrio e uma das principais causas do
agravamento do desemprego.
A economia portuguesa começou a cavar a sua atual crise de competiti-
vidade quando não foi capaz de equilibrar os movimentos de investimento no
exterior e de captação de investimento estrangeiro ou de transformar a baixa
histórica dos juros e da inflação para sustentar a viragem para atividades de
bens e serviços transacionáveis num surto cumulativo de investimentos qua-
lificados, alavancados por fundos estruturais.
Ao contrário, os 25 anos do Portugal europeu privilegiaram os sectores
virados para dentro sobre as oportunidades do mercado interno europeu e da
globalização, privilegiaram o consumo sobre o investimento e privilegiaram
a promoção da coesão sobre a construção da competitividade, isto é, privile-
giaram o presente sobre o futuro.
As mudanças sociais ao longo destes 25 anos não foram menos fortes que
as mudanças económicas. A natureza das famílias e das relações sociais, os
contornos e estatuto das classes médias, bem como os hábitos de consumo e o
papel da habitação alteraram-se de forma muito substancial, gerando, mesmo,
uma importante desestabilização do relacionamento entre as várias gerações.
As famílias diminuíram em tamanho mas multiplicaram-se em número,
com as pessoas que vivem sós, as famílias monoparentais e os casais sem filhos
a ganharem quota aos tradicionais casais com filhos (Gráfico 31.1). Portugal é
dos Estados-membros com menos casamentos e mais divórcios (Gráfico 31.7),
superando o padrão europeu nos nascimentos fora do casamento (Gráfico 31.8).
Neste contexto, o acesso generalizado dos portugueses a um projeto
arriscado de aquisição de casa própria marcou decisivamente as transforma-
ções sociais deste período.
Patrocinado pela queda das taxas de juro, por hipotecas longas de juro
variável, por regimes de bonificação de juros ou por benefícios fiscais, o peso
do crédito à habitação no rendimento disponível das famílias multiplicou-se
por cerca de sete vezes (Gráfico 45.1) e propagou-se fora das áreas metropoli-
tanas (Mapa 45.1), envolvendo quase um terço da população adulta residente
no país no final de 2010 (Gráfico 45.8).
O roteiro dos 25 anos de Portugal europeu, no terreno da habitação,
representa uma complexa teia de facilidades e dificuldades, de esperanças e

554
desencantos, que não deixará de contar com futuros desenvolvimentos que
comportam riscos elevados.

* * *

Este é o roteiro das principais transformações económicas e sociais que condu-


ziram a uma sociedade claramente marcada pelas realidades urbanas (embora
de pequena escala) e pelas atividades de serviços (embora mais orientados para
as famílias e coletivos do que para as empresas). O acesso generalizado da
população às condições básicas de vida foi estabelecido, embora permaneçam
importantes disparidades territoriais. As estruturas e relações sociais sofre-
ram uma autêntica revolução que mudou os comportamentos e as próprias
bases do contrato social, apesar de o país permanecer na cauda da Europa em
matéria de educação.
Este roteiro de profundas e irreversíveis mudanças económicas e sociais
é também o roteiro de profundos e insustentáveis desequilíbrios e o roteiro
da progressiva descoberta de que uma sociedade não pode sustentar duradou-
ramente progressos na sua coesão social sem garantir melhorias dinâmicas
substanciais na sua competitividade.
A convergência económica é real ou não é. No longo prazo, são os fatores
determinantes da criação de riqueza e de emprego e os fatores determinantes
do progresso económico e social que contam, quando devidamente utilizados
na organização das empresas e do Estado.
Num mundo que se globalizou aceleradamente e onde as atividades eco-
nómicas conhecem uma volatilidade sem precedentes em função da fragmen-
tação mundial das cadeias de produção e distribuição, não basta construir
infraestruturas e adquirir equipamentos. É necessário melhorar todos os dias
a qualidade, a eficiência e a rapidez com que as organizações respondem às
necessidades de clientes, de consumidores e de cidadãos.
Este é, igualmente, o roteiro da descoberta de inúmeros paradoxos nos
resultados da utilização dos fundos estruturais europeus e dos recursos nacio-
nais aplicados nas condições genéricas e infraestruturais do desenvolvimento:
o roteiro da difícil aprendizagem de que um investimento sem retorno econó-
mico e social efetivo não passa de uma despesa, de um desperdício de recursos,
que arrasta sucessivas despesas adicionais, sobretudo quando os custos de
manutenção foram subestimados.
Grande parte da escassez dos resultados obtidos é explicada pela ausência
de focalização em resultados que melhoram as organizações e a gestão da pro-
dução e distribuição de bens e serviços de qualidade, preterida pela focalização

555
na expansão das condições potenciais, cujo motor é a despesa financeira capaz
de alimentar obras e infraestruturas.
A capacidade concorrencial e competitiva das empresas é determinada
pela inovação e pela diferenciação e não pela dimensão quantitativa do seu
capital físico.
A qualidade e quantidade dos bens e serviços públicos disponibilizados à
população depende da eficiência da organização, da racionalização dos recursos
e das competências mobilizadas e não dos empregos genéricos criados ou dos
edifícios construídos.
Este é, finalmente, o roteiro de uma dificuldade crescente em articular
coerentemente os desafios internos e externos, em entender que o desenvolvi-
mento interno depende da capacidade de participar mais ativa e equilibrada-
mente na construção europeia e na globalização, abrindo mais oportunidades
para os portugueses, para as suas empresas e para as suas regiões.
A internacionalização é decisiva para o desenvolvimento tecnológico,
para a participação nas cadeias de valor e para a identificação das necessidades
dos consumidores e das oportunidades concretas de mercado.
Não é possível criar uma economia dinâmica capaz de gerar os empregos
correspondentes às expetativas de uma população que se educa e qualifica
continuando virados para dentro de uma pequena economia e esperando que
a sua limitada procura interna seja suficiente.
O conjunto de equívocos e paradoxos apontados explicam que o princi-
pal desequilíbrio das insuficiências deste modelo de desenvolvimento é o da
profunda crise financeira do Estado português.
Esta crise reflete o crescimento das despesas públicas sem suporte no
aumento da capacidade de gerar as receitas necessárias.
As administrações públicas portuguesas apresentam, face ao padrão euro-
peu, uma maior relevância económica medida pelo valor acrescentado bruto e
uma menor margem orçamental (Gráfico 40.2). Nesta trajetória configura-se
uma espécie de sobre convergência da despesa pública com a União Europeia,
onde salários e prestações sociais assumem um peso determinante.
Com efeito, depois de uma recuperação, com a plena integração europeia,
para níveis mais confortáveis de acesso a bens e serviços públicos, o país não
foi capaz de acompanhar a tendência europeia de racionalização das funções
económicas e sociais do Estado. A convergência com a média europeia foi
particularmente evidente a partir da segunda metade da década de 1990, con-
siderando, no plano europeu, a descida do peso da despesa pública no produto
interno bruto (Gráfico 24.2) e, no plano nacional, a descida dos encargos com
juros (Gráfico 25.4).

556
À trajetória de sobreconvergência nos encargos com salários nas adminis-
trações públicas somou-se a sobreconvergência nos encargos com as prestações
sociais: o peso no produto interno bruto das transferências sociais em dinheiro
à população era de cerca de metade do nível europeu no ano de partida de
1986, mas ultrapassou este referencial no ano de chegada de 2010.
A sobreconvergência ao nível da despesa pública compara com a sub-
convergência ao nível da carga fiscal. As administrações públicas portuguesas
gastam comparativamente mais e cobram comparativamente menos receitas
face à média dos 27 Estados-membros da União Europeia (Gráfico 23.2).
Portugal apresenta dos piores desempenhos em termos orçamentais da
área do euro e da União Europeia (Gráfico 25.5). As administrações públicas
gastaram sempre acima das receitas, acumulando sucessivos défices que se tra-
duziam em necessidades permanentes de maior endividamento (Gráfico 25.2).
Portugal manteve uma posição mais confortável na dívida pública nos
anos 90, quando registou das mais elevadas receitas de privatizações em per-
centagem do PIB no contexto europeu (Gráfico 22.4). Mas veio a ultrapassar
em meados da década passada a média da UE27, referencial que vinha empo-
lado pelos rácios de três dígitos da Grécia, da Itália e da Bélgica (Gráfico 25.2).
O roteiro do futuro próximo da sociedade portuguesa, seja para conservar
e aprofundar os importantes progressos registados nestes 25 anos de Portugal
europeu, seja para poder alcançar novos patamares de qualidade de vida, de
coesão social e territorial e de liberdade de escolhas, passa, necessariamente,
pela eliminação das raízes da crise financeira do Estado.
As reformas que importa concretizar devem ser baseadas numa estratégia
abrangente mas concentrada em prioridades bem claras.
O balanço da experiência destes 25 anos de Portugal europeu, dos seus
sucessos e falhanços, mostra que a equidade não pode ser construída sem
eficiência e que a eficiência não pode ser cumulativamente dinamizada sem
equidade. A competitividade e a coesão não passam das duas faces inseparáveis
da moeda rara do progresso económico e social sustentável.

557
Índices
Gráficos, mapas
e tabelas
Índice de Gráficos
ÍNDICE DE GRÁFICOS
51 Gráfico 1.1. PIB per capita em Portugal | 63 Gráfico 2.11. Produtividade aparente do
1986 a 2010 trabalho na indústria transformadora:
comparação entre Portugal e UE | 2000
51 Gráfico 1.2. Convergência na ótica da
a 2009
produção e do consumo: comparação
entre Portugal e UE | 1986 a 2010 67 Gráfico 3.1. Inflação e taxa de juro
nominal de curto prazo em Portugal |
52 Gráfico 1.3. PIB per capita: a posição de
1986 a 2010
Portugal na UE | 1993 e 2010
67 Gráfico 3.2. Inflação e taxa de juro
52 Gráfico 1.4. Óticas de convergência:
nominal de curto prazo: comparação
comparação entre Portugal e parceiros
entre Portugal e UE | 1986 a 2010
iniciais da coesão | 1986 a 2010
68 Gráfico 3.3. Inflação: a posição de
53 Gráfico 1.5. Rotas de convergência
Portugal na UE | 1995 e 2010
do PIB per capita: comparação entre
Portugal, parceiros iniciais da Coesão e 68 Gráfico 3.4. Taxa de juro: a posição de
UE | 1994 a 2010 Portugal na UE | 1995 e 2010
53 Gráfico 1.6. Convergência do PIB per 69 Gráfico 3.5. Critérios de convergência
capita por NUTS III em Portugal | 1995 nominal: a posição de Portugal na UE |
a 2009 1990 a 2011
59 Gráfico 2.1. Taxa de crescimento real do 73 Gráfico 4.1. Taxa de crescimento real
PIB per capita em Portugal | 1986 a 2010 do PIB, da procura interna e da procura
externa líquida em Portugal | 1986 a
59 Gráfico 2.2. Taxa de crescimento real
2010
da produtividade: comparação entre
Portugal e UE | 1986 a 2010 73 Gráfico 4.2. Taxa de crescimento do
PIB, da procura interna e da procura
60 Gráfico 2.3. Produtividade do trabalho:
externa líquida: comparação entre
a posição de Portugal na UE | 1995 e
Portugal e UE | 1986 a 2010
2010
74 Gráfico 4.3. Peso da procura interna no
60 Gráfico 2.4. Taxa de utilização dos
PIB: a posição de Portugal na UE | 1986
recursos humanos: a posição de
a 2010
Portugal na UE | 1995 e 2010
74 Gráfico 4.4. Contributos para o
61 Gráfico 2.5. Taxa de crescimento real
crescimento do PIB em Portugal | 1986
do PIB per capita: a posição de Portugal
e 2010
na UE | 1994 e 2010
74 Gráfico 4.5. Estrutura do PIB:
61 Gráfico 2.6. Produtividade e taxa de
comparação entre Portugal e UE | 1995
utilização dos recursos humanos: a
e 2010
posição de Portugal na UE | 2010
75 Gráfico 4.6. Composição da taxa de
62 Gráfico 2.7. Produtividade e taxa de
crescimento do PIB em Portugal | 1986
utilização dos recursos humanos:
a 2010
comparação entre Portugal e UE | 2010
75 Gráfico 4.7. Peso no PIB da procura
62 Gráfico 2.8. Contributos para o
interna e das exportações: a posição
crescimento da produtividade aparente
de Portugal na UE15 | 1986/1999 e
do trabalho em Portugal | 1990 a 2010
1999/2010
62 Gráfico 2.9. Taxa de crescimento do PIB
76 Gráfico 4.8. Composição da procura
potencial: comparação entre Portugal
interna: a posição de Portugal na UE15 |
e UE | 1995 a 2010
1986 a 2010
63 Gráfico 2.10. Produtividade aparente
81 Gráfico 5.1. Taxa de crescimento real
do trabalho por grandes atividades:
do consumo privado per capita e peso
comparação entre Portugal e UE | 2000
do consumo no rendimento disponível
a 2010
em Portugal | 1986 a 2010
81 Gráfico 5.2. Peso do consumo no 91 Gráfico 6.6. Estrutura do investimento
rendimento disponível: comparação por sector institucional em Portugal |
entre Portugal e UE | 1986 a 2010 1995 a 2009
82 Gráfico 5.3. Peso do consumo privado 95 Gráfico 7.1. Estrutura do valor
no rendimento disponível: a posição de acrescentado bruto em Portugal | 1986 a
Portugal na UE | 1986 e 2010 2008
82 Gráfico 5.4. Indicador coincidente do 95 Gráfico 7.2. Peso do valor acrescentado
consumo privado em Portugal | 1986 bruto das atividades secundárias e
a 2010 terciárias: comparação entre Portugal e
UE | 1986 a 2010
82 Gráfico 5.5. Expetativa de compra de
bens duradouros: comparação entre 96 Gráfico 7.3. Peso do valor acrescentado
Portugal e UE | 1986 a 2010 bruto das atividades do sector primário:
a posição de Portugal na UE | 1986 e
83 Gráfico 5.6. Estrutura dos orçamentos
2010
das famílias: comparação entre Portugal
e UE | 1988 a 2010 96 Gráfico 7.4. Peso do valor acrescentado
bruto das atividades do sector
83 Gráfico 5.7. Evolução das unidades
secundário: a posição de Portugal na UE
comerciais de dimensão relevante
| 1986 e 2010
em Portugal | 2004 a 2010
97 Gráfico 7.5. Peso do valor acrescentado
83 Gráfico 5.8. Área bruta locável de
bruto das atividades do sector terciário:
centros comerciais acumulada em
a posição de Portugal na UE | 1986 e
Portugal | 1986 a 2010
2010
84 Gráfico 5.9. Formatos comerciais na
99 Gráfico 7.6. Contributo por atividade
distribuição alimentar e mista em
económica para o crescimento do valor
Portugal | 1995 e 2009
acrescentado bruto em Portugal | 1996 a
84 Gráfico 5.10. Peso das marcas do 2009
distribuidor em Portugal | 1994 e 2010
105 Gráfico 8.1. Valor acrescentado bruto,
85 Gráfico 5.11. Distribuição dos emprego e produção da indústria
empréstimos ao consumo e outros fins transformadora em Portugal | 1986 a
por NUTS II | 2010 2010
85 Gráfico 5.12. População que comprou 105 Gráfico 8.2. Taxa de crescimento real do
online: comparação entre Portugal e UE valor acrescentado bruto da indústria
| 2004 a 2010 transformadora: comparação entre
Portugal e UE | 1986 a 2010
85 Gráfico 5.13. População que comprou
online por produto: comparação entre 106 Gráfico 8.3. Taxa de crescimento médio
Portugal e UE | 2010 anual do valor acrescentado bruto da
indústria transformadora: a posição de
89 Gráfico 6.1. Taxa de investimento em
Portugal na UE | 1995 a 2010
Portugal | 1986 a 2010
106 Gráfico 8.4. Estrutura sectorial do
89 Gráfico 6.2. Taxa de investimento:
valor acrescentado bruto da indústria
comparação entre Portugal e UE | 1986
transformadora em Portugal | 1986 a
a 2010
2009
90 Gráfico 6.3. Taxa de investimento: a
107 Gráfico 8.5. Evolução da especialização
posição de Portugal na UE | 1990 e 2010
industrial: comparação entre Portugal
90 Gráfico 6.4. Investimento por ramo e UE | 1986 a 2009
investidor em Portugal | 1995 e 2009
107 Gráfico 8.6. Especialização industrial: a
90 Gráfico 6.5. Investimento por ativo posição de Portugal na UE | 2009
investido em Portugal | 1995 e 2010
108 Gráfico 8.7. Intensidade tecnológica da 122 Gráfico 10.4. Produção, consumo
indústria transformadora: comparação interno bruto e importações líquidas de
entre Portugal, parceiros iniciais da energia em Portugal | 1990 a 2009
coesão e UE25 | 1986 a 2009
123 Gráfico 10.5. Fontes do consumo final
113 Gráfico 9.1. Produção e mão de obra de energia por sector de atividade
na agricultura e na pesca em Portugal | económica em Portugal | 1998 a 2009
1986 a 2008
123 Gráfico 10.6. Peso da energia renovável
113 Gráfico 9.2. Produtividade do sector no consumo final bruto de energia: a
primário e rendibilidade agrícola: posição de Portugal na UE | 1990 a 2010
comparação entre Portugal e UE | 1986
127 Gráfico 11.1. Orientação exportadora e
a 2010
taxa de penetração das importações de
114 Gráfico 9.3. Índice de produção bens e de serviços em Portugal | 1986 a
alimentar: a posição de Portugal na UE | 2010
1990/95 e 2005/09
127 Gráfico 11.2. Orientação exportadora e
114 Gráfico 9.4. Tratores por 100 km2: a taxa de penetração das importações de
posição de Portugal na UE | 1986 a 2005 bens e de serviços: comparação entre
Portugal e UE | 1986 a 2010
115 Gráfico 9.5. Valor acrescentado do
sector primário: a posição de Portugal 128 Gráfico 11.3. Taxa de cobertura das
na UE | 2010 importações pelas exportações de bens
e de serviços: a posição de Portugal na
115 Gráfico 9.6. Explorações agrícolas em
UE | 1993 e 2010
Portugal | 1989 a 2009
128 Gráfico 11.4. Peso no PIB das
115 Gráfico 9.7. Dimensão média das
exportações de bens e de serviços: a
explorações em Portugal | 1989 a 2009
posição de Portugal na UE | 1993 e 2010
115 Gráfico 9.8. Mão de obra por
129 Gráfico 11.5. Exportações per capita de
exploração em Portugal | 1989 a 2009
bens e de serviços: a posição de Portugal
115 Gráfico 9.9. Pescadores em Portugal | na UE | 1993 e 2010
2003 a 2010
129 Gráfico 11.6. Estrutura do comércio
115 Gráfico 9.10. Embarcações em Portugal de bens e de serviços em Portugal | 1996
| 1990 a 2010 a 2010
115 Gráfico 9.11. Capacidade por 129 Gráfico 11.7. Saldo intra e
embarcação com motor em Portugal | extracomunitário do comércio de bens
1999 a 2010 e de serviços em Portugal | 1996 e 2010
116 Gráfico 9.12. Taxa de cobertura das 130 Gráfico 11.8. Quotas das exportações
importações pelas exportações de portuguesas de bens e de serviços | 1995
produtos alimentares: a posição de a 2009
Portugal na UE | 1999 e 2010
130 Gráfico 11.9. Peso do comércio intra
116 Gráfico 9.13. Taxa de penetração das e extracomunitário em Portugal | 1996
importações por produtos alimentares a 2010
em Portugal | 1986 e 2007
130 Gráfico 11.10. Geografia do comércio
121 Gráfico 10.1. Intensidade e dependência internacional de bens e de serviços
energética em Portugal | 1990 a 2009 de Portugal | 1996 a 2010
121 Gráfico 10.2. Intensidade energética: 131 Gráfico 11.11. Quotas dos principais
comparação entre Portugal e UE | 1990 clientes das exportações portuguesas
a 2010 por grandes fileiras de atividade | 1986 a
2009
122 Gráfico 10.3. Dependência energética: a
posição de Portugal na UE | 1990 e 2009
131 Gráfico 11.12. Peso na produção das 138 Gráfico 12.12. Contribuição da
exportações por nível de intensidade atividade turística para o emprego e
tecnológica em Portugal | 1999 a 2006 o valor acrescentado bruto gerado em
Portugal | 2000 a 2010
131 Gráfico 11.13. Quota mundial das
exportações portuguesas por nível de 143 Gráfico 13.1. Transferências financeiras
intensidade tecnológica | 2000 a 2008 entre Portugal e a UE | 1986 a 2010
132 Gráfico 11.14. Exportações industriais 143 Gráfico 13.2. Saldo líquido das
por nível de intensidade tecnológica em transferências com a UE: comparação
Portugal | 2000 a 2008 entre Portugal e países da coesão | 1992
a 2010
132 Gráfico 11.15. Contribuição por nível
de intensidade tecnológica para o saldo 144 Gráfico 13.3. Saldo operacional: a
comercial industrial em Portugal | 2000 posição de Portugal na UE | 2007 a 2010
e 2008
144 Gráfico 13.4. Pagamentos de Portugal
135 Gráfico 12.1. Balança de viagens e à UE | 1989 a 2010
turismo em Portugal | 1986 a 2010
144 Gráfico 13.5. Estrutura de pagamentos
135 Gráfico 12.2. Balança de viagens e de Portugal à UE | 1989 a 2010
turismo: comparação entre Portugal e
145 Gráfico 13.6. Recebimentos da UE
UE | 1986 a 2010
em Portugal | 1989 a 2010
136 Gráfico 12.3. Bens e serviços adquiridos
145 Gráfico 13.7. Estrutura dos
por turistas estrangeiros em cada
recebimentos da UE em Portugal | 1989
Estado-membro: a posição de Portugal
a 2010
na UE | 1995 e 2010
145 Gráfico 13.8. Fundos estruturais e de
136 Gráfico 12.4. Bens e serviços adquiridos
coesão e formação bruta de capital fixo
por turistas de cada Estado-membro
em Portugal | 1995 a 2009
no estrangeiro: a posição de Portugal na
UE | 1995 e 2010 149 Gráfico 14.1. Fluxos líquidos de
investimento direto em Portugal | 1986
137 Gráfico 12.5. Evolução do número
a 2010
de camas e de emprego em alojamento
e restauração: comparação entre 149 Gráfico 14.2. Saldo dos fluxos de
Portugal e UE | 1995 a 2010 investimento direto: comparação entre
Portugal e UE | 1986 a 2010
137 Gráfico 12.6. Nacionalidades
dos hóspedes dos estabelecimentos 150 Gráfico 14.3. Saldo dos fluxos de
hoteleiros em Portugal | 1995 e 2010 investimento direto: a posição de
Portugal na UE | 1998/2000 e 2008/2010
137 Gráfico 12.7. Variação do número
de dormidas por NUTS II | 1996 a 2010 150 Gráfico 14.4. Fluxos líquidos de
investimento direto: comparação entre
137 Gráfico 12.8. Variação do número
Portugal e UE | 1986 a 2010
de camas por NUTS II | 1996 a 2010
151 Gráfico 14.5. Saída de fluxos líquidos
137 Gráfico 12.9. Variação do grau
de investimento direto: a posição de
de internacionalização das dormidas
Portugal na UE | 1998/2000 e 2008/10
por NUTS II | 1996 a 2010
151 Gráfico 14.6. Entrada de fluxos líquidos
137 Gráfico 12.10. Grau de
de investimento direto: a posição de
internacionalização das dormidas por
Portugal na UE | 1998/2000 e 2008/10
NUTS II | 2010
151 Gráfico 14.7. Investimento direto
138 Gráfico 12.11. Consumo e emprego
líquido acumulado em Portugal | 1986 a
dos principais produtos e atividades
2010
turísticas em Portugal | 2000 a 2008
152 Gráfico 14.8. Destinos do investimento
direto português | 1998/2000 e 2007/09
152 Gráfico 14.9. Origem do investimento 168 Gráfico 16.9. Estrutura dos sectores
direto em Portugal | 1998/2000 e executantes por NUTS II | 2008
2007/09
169 Gráfico 16.10. Estrutura da despesa
157 Gráfico 15.1. Balança corrente em empresarial em I&D por sector de
Portugal | 1986 a 2010 atividade em Portugal | 1995 a 2008
157 Gráfico 15.2. Balança corrente: 169 Gráfico 16.11. Top do I&D empresarial
comparação entre Portugal e UE | 1986 em Portugal | 2008
a 2010
173 Gráfico 17.1. Taxa de câmbio efetiva
158 Gráfico 15.3. Balança corrente: a real de Portugal | 1986 a 2010
posição de Portugal na UE | 2002 e 2010
173 Gráfico 17.2. Rendibilidade das
158 Gráfico 15.4. Balança de bens e serviços atividades económicas: comparação
em Portugal | 1986 a 2010 entre Portugal e UE15 | 1986 a 2010
159 Gráfico 15.5. Balança de rendimentos 174 Gráfico 17.3. Taxa de câmbio efetiva
em Portugal | 1996 a 2010 real da indústria transformadora: a
posição de Portugal na UE | 1999 a 2010
159 Gráfico 15.6. Remessas de emigrantes
e de imigrantes em Portugal | 1996 a 174 Gráfico 17.4. Rendibilidade da indústria
2010 transformadora: a posição de Portugal
na UE | 1999 a 2010
159 Gráfico 15.7. Geografia das remessas
em Portugal | 1999 e 2010 175 Gráfico 17.5. Custo em trabalho
por unidade produzida no sector
160 Gráfico 15.8. Posição líquida de
transacionável | 1994 a 2010
investimento internacional em Portugal
| 1996 a 2010 175 Gráfico 17.6. Preços de exportação
no sector transacionável | 1994 a 2010
160 Gráfico 15.9. Posição líquida de
investimento internacional: a posição 175 Gráfico 17.7. Termos de troca:
de Portugal na UE | 2002 e 2010 comparação entre Portugal, parceiros
iniciais da coesão e maiores economias
165 Gráfico 16.1. Despesa em I&D e
do euro | 2000 a 2010
desempenho em inovação em Portugal |
1986 a 2010 179 Gráfico 18.1. Estrutura do emprego
por dimensão do estabelecimento em
165 Gráfico 16.2. Despesa em I&D:
Portugal | 1986 a 2009
comparação entre Portugal e UE | 1986
a 2010 179 Gráfico 18.2. Peso do emprego
em empresas com menos de dez
166 Gráfico 16.3. Despesa em I&D: a
trabalhadores: comparação entre
posição de Portugal na UE | 1995 e 2010
Portugal e UE | 1998 a 2009
166 Gráfico 16.4. Desempenho em
180 Gráfico 18.3. Peso do emprego
inovação: comparação entre Portugal e
em empresas com menos de dez
UE | 2010
trabalhadores: a posição de Portugal na
167 Gráfico 16.5. Dimensões do indicador UE | 2009
de desempenho em inovação:
180 Gráfico 18.4. Turbulência empresarial: a
comparação entre Portugal e UE | 2010
posição de Portugal na UE | 2008
167 Gráfico 16.6. Despesa em I&D por
181 Gráfico 18.5. Mortalidade por ano
sector executante em Portugal | 1986 a
de criação das empresas: a posição de
2010
Portugal na UE | 2009
168 Gráfico 16.7. Estrutura da despesa em
181 Gráfico 18.6. Estrutura do emprego por
I&D por sector executante: a posição de
antiguidade da empresa | 1994 a 2009
Portugal na UE | 2010
168 Gráfico 16.8. Estrutura da despesa em
I&D por NUTS II | 1999 a 2008
187 Gráfico 19.1. Peso do emprego em 197 Gráfico 20.7. Peso dos empréstimos na
empresas com mais de 10% e de 50% de dívida total: a posição de Portugal na
capital estrangeiro em Portugal | 1986 a UE | 1995 a 2010
2010
198 Gráfico 20.8. Dívida financeira e
187 Gráfico 19.2. Peso do investimento dívida total das empresas: a posição de
direto estrangeiro na formação bruta de Portugal na UE | 1995 e 2010
capital fixo: comparação entre Portugal
203 Gráfico 21.1. Crédito interno concedido
e UE | 1995 a 2010
pelo sector bancário e capitalização
188 Gráfico 19.3. Peso do emprego em bolsista em Portugal | 1986 a 2010
empresas com mais de 50% de capital
203 Gráfico 21.2. Crédito interno concedido
estrangeiro no emprego total: a posição
pelo sector bancário e capitalização
de Portugal na UE | 2003 e 2008
bolsista: comparação entre Portugal e
189 Gráfico 19.4. Contributo por ramo UE | 1986 a 2010
de atividade para o crescimento do
204 Gráfico 21.3. Crédito interno
emprego em empresas com mais de 50%
concedido pelo sector bancário: a
de capital estrangeiro | 1986 e 2009
posição de Portugal na UE | 1995 e 2010
189 Gráfico 19.5. Ramos de atividade do
204 Gráfico 21.4. Evolução do sistema
emprego em empresas com mais de 50%
bancário em Portugal | 1986 a 1998
de capital estrangeiro | 1986 e 2009
204 Gráfico 21.5. Estrutura do balanço
189 Gráfico 19.6. Peso do investimento
dos bancos domésticos em Portugal
direto estrangeiro na formação bruta
| 1998 e 2007
de capital fixo: a posição de Portugal na
UE | 1995 e 2009 204 Gráfico 21.6. Rácio de transformação
do sistema bancário português | 2000 a
190 Gráfico 19.7. Número de vezes que as
2010
empresas de capital maioritariamente
estrangeiro excedem a produtividade 205 Gráfico 21.7. Peso no PIB do crédito
média nacional | 2009 concedido às famílias e às empresas
em Portugal | 1986 a 2010
190 Gráfico 19.8. Número de vezes que as
empresas de capital maioritariamente 205 Gráfico 21.8. Estrutura do crédito
estrangeiro excedem a dimensão média concedido às famílias e às empresas
nacional | 2009 em Portugal | 1986 a 2010
195 Gráfico 20.1. Investimento, poupança 205 Gráfico 21.9. Taxa de crescimento
e endividamento das empresas em nominal do crédito às famílias e às
Portugal | 1995 a 2010 empresas em Portugal | 1986 a 2010
195 Gráfico 20.2. Investimento, poupança 205 Gráfico 21.10. Caixas automáticos por
e endividamento das empresas: milhão de habitantes: comparação entre
comparação entre Portugal e UE | 1995 Portugal e parceiros iniciais da coesão
a 2010 | 1990 a 2010
196 Gráfico 20.3. Formação bruta de capital 205 Gráfico 21.11. Cartões de pagamento
das empresas: a posição de Portugal na per capita: comparação entre Portugal
UE | 1995 e 2010 e parceiros iniciais da coesão | 1990 a
2010
196 Gráfico 20.4. Poupança bruta das
empresas: a posição de Portugal na UE | 205 Gráfico 21.12. Transações em não
1995 e 2010 numerário: comparação entre Portugal,
Espanha, Irlanda, Alemanha e UE | 1990
197 Gráfico 20.5. Fontes de financiamento
a 2010
do investimento das empresas em
Portugal | 2003 a 2009 206 Gráfico 21.13. Capitalização bolsista: a
posição de Portugal na UE | 1995 e 2010
197 Gráfico 20.6. Estrutura da dívida total
em Portugal | 1995 a 2010
206 Gráfico 21.14. Capitalização bolsista 225 Gráfico 24.1. Despesa das
de ações: comparação entre Portugal administrações públicas em Portugal |
e parceiros iniciais da coesão | 1988 1986 a 2010
a 2010
225 Gráfico 24.2. Despesa das
206 Gráfico 21.15. Volume de transações administrações públicas: comparação
de ações: comparação entre Portugal entre Portugal e UE | 1986 a 2010
e parceiros iniciais da coesão | 1988
226 Gráfico 24.3. Despesa das
a 2010
administrações públicas: a posição de
211 Gráfico 22.1. Peso das empresas Portugal na UE | 1995/97 e 2008/10
públicas não financeiras no total da
226 Gráfico 24.4. Variação da estrutura da
economia em Portugal | 1986 a 2010
despesa pública em Portugal | 1986 a
211 Gráfico 22.2. Ações e outras 2010
participações detidas pelas
226 Gráfico 24.5. Composição da despesa
administrações públicas: comparação
pública | 1986 a 2010
entre Portugal e UE | 1986 a 2010
227 Gráfico 24.6. Principais despesas
212 Gráfico 22.3. Ações e outras
públicas: a posição de Portugal na UE |
participações detidas pelas
2010
administrações públicas: a posição de
Portugal na UE | 1995 e 2010 231 Gráfico 25.1. Saldo orçamental e dívida
pública em Portugal | 1986 a 2010
212 Gráfico 22.4. Receitas das privatizações:
a posição de Portugal na UE | 1986 a 231 Gráfico 25.2. Saldo orçamental e dívida
2010 pública: comparação entre Portugal e
UE | 1986 a 2010
217 Gráfico 23.1. Carga fiscal em Portugal |
1986 a 2010 232 Gráfico 25.3. Dívida pública: a posição
de Portugal na UE | 1995 e 2010
217 Gráfico 23.2. Carga fiscal: comparação
entre Portugal e UE | 1986 a 2010 232 Gráfico 25.4. Rotas da dívida pública e
da taxa de juro implícita: comparação
218 Gráfico 23.3. Carga fiscal: a posição de
entre Portugal, Irlanda, Grécia, área do
Portugal na UE | 1995 e 2010
euro e UE | 1991 e 2010
218 Gráfico 23.4. Composição da carga
233 Gráfico 25.5. Saldo orçamental: a
fiscal: comparação entre Portugal e UE |
posição de Portugal na UE | 1995 a 2010
1986 a 2010
233 Gráfico 25.6. Défice orçamental,
219 Gráfico 23.5. Peso no PIB dos impostos
despesas e receitas públicas em Portugal
indiretos | 1995 e 2010
| 1986 a 2010
219 Gráfico 23.6. Peso no PIB
234 Gráfico 25.7. Saldo orçamental global,
dos impostos diretos | 1995 e 2010
primário, ajustado do ciclo e estrutural
219 Gráfico 23.7. Peso no PIB das em Portugal | 1986 a 2010
contribuições sociais | 1995 e 2010
241 Gráfico 26.1. Disparidades regionais do
219 Gráfico 23.8. Estrutura da carga fiscal PIB per capita em Portugal | 1995 a 2010
por imposto em Portugal | 1989 a 2010
241 Gráfico 26.2. Dispersão do PIB per
220 Gráfico 23.9. Estrutura da carga capita das regiões NUTS II: comparação
fiscal por base tributável: a posição entre Portugal e a UE | 1995 a 2010
de Portugal e dos parceiros iniciais da
242 Gráfico 26.3. Dispersão do PIB per
coesão na UE | 2010
capita regional: a posição de Portugal na
220 Gráfico 23.10. Taxa implícita de UE | 1995 e 2009
tributação sobre consumo, trabalho e
249 Gráfico 27.1. Ocupação territorial em
capital: comparação entre Portugal e
Portugal | 1990 a 2010
UE | 1995 a 2010
249 Gráfico 27.2. Ocupação territorial da 263 Gráfico 29.2. Taxa bruta de crescimento
população: comparação entre Portugal migratório: comparação entre Portugal
e UE | 1990 a 2010 e UE | 1986 a 2010
250 Gráfico 27.3. Variação da população 264 Gráfico 29.3. Peso da população
residente na cidade capital e na região estrangeira: a posição de Portugal na UE
da cidade capital: a posição de Portugal | 1998 e 2010
na UE | 1989 e 2009
264 Gráfico 29.4. Ano de regresso a
251 Gráfico 27.4. Peso da população Portugal da população de nacionalidade
residente no Portugal metropolitano e portuguesa que já residiu no estrangeiro
urbano | 1991 | 2011
251 Gráfico 27.5. Peso da população 264 Gráfico 29.5. Dez maiores comunidades
residente no Portugal metropolitano e de origem portuguesa | 2010
urbano | 2011
264 Gráfico 29.6. Último país de residência
252 Gráfico 27.6. Peso da população da população de nacionalidade
residente no Portugal metropolitano | portuguesa que já residiu no estrangeiro
1991 a 2011 | 2011
252 Gráfico 27.7. Dez cidades mais 265 Gráfico 29.7. População estrangeira
populosas de Portugal | 1991 a 2011 em Portugal | 1986 a 2010
253 Gráfico 27.8. Número e população 265 Gráfico 29.8. Principais nacionalidades
das cidades em Portugal | 1991 da população estrangeira em Portugal
| 2001 a 2009
253 Gráfico 27.9. Número e população
das cidades em Portugal | 2011 269 Gráfico 30.1. Peso da população jovem
e idosa e índice de envelhecimento em
253 Gráfico 27.10. Estrutura da ocupação
Portugal | 1986 a 2010
territorial em Portugal | 1990 e 2006
269 Gráfico 30.2. Índice de envelhecimento:
257 Gráfico 28.1. Saldo natural, migratório
comparação entre Portugal e UE | 1986
e efetivo da população em Portugal |
a 2010
1986 a 2010
270 Gráfico 30.3. Índice de envelhecimento:
257 Gráfico 28.2. Taxa bruta de crescimento
a posição de Portugal na UE | 1990 e
natural e migratório: comparação entre
2010
Portugal e UE | 1986 a 2010
270 Gráfico 30.4. Pirâmide etária da
258 Gráfico 28.3. Taxa bruta de crescimento
população em Portugal | 1986 e 2010
natural: a posição de Portugal na UE |
1986 e 2010 275 Gráfico 31.1. Estruturas familiares em
Portugal | 1992 a 2010
258 Gráfico 28.4. Quota da população
europeia: a posição de Portugal na UE | 275 Gráfico 31.2. Famílias sem filhos
1986 e 2010 dependentes: comparação entre
Portugal e a UE | 1997 a 2010
259 Gráfico 28.5. Contributo dos saldos
natural e migratório para a variação da 276 Gráfico 31.3. Peso das famílias sem
população anual em Portugal | 1986 a filhos dependentes: a posição de
2010 Portugal na UE | 1997 e 2010
259 Gráfico 28.6. Taxa de crescimento 276 Gráfico 31.4. Taxa de fecundidade: a
migratório por NUTS II | 1992 a 2010 posição de Portugal na UE | 1986 e 2010
263 Gráfico 29.1. Taxa bruta de crescimento 277 Gráfico 31.5. Idade média das mãe ao
migratório e fluxos de emigração e nascimento do primeiro filho: a posição
imigração em Portugal | 1986 a 2010 de Portugal na UE | 1986 e 2010
277 Gráfico 31.6. Peso dos jovens entre 18 289 Gráfico 32.14. Estrutura por profissão
e 34 anos de idade a viver com os pais: a dos desempregados à procura de novo
posição de Portugal na UE | 2005 e 2010 emprego em Portugal | 2000 e 2010
278 Gráfico 31.7. Casamentos e divórcios: a 293 Gráfico 33.1. Estrutura do trabalho por
posição de Portugal na UE | 1986 e 2010 situação na profissão e número médio
de horas semanais trabalhadas em
278 Gráfico 31.8. Peso de nascimentos fora
Portugal | 1986-2010
do casamento: a posição de Portugal na
UE | 1986 e 2010 293 Gráfico 33.2. Peso dos trabalhadores
por conta de outrem na população
280 Gráfico 31.9. Idade média ao primeiro
empregada e número médio de horas
casamento por NUTS III | 1995 e 2010
semanais trabalhadas: comparação entre
280 Gráfico 31.10. Peso dos casamentos Portugal e UE | 1986 a 2010
em que um dos cônjuges era divorciado
294 Gráfico 33.3. Número médio de horas
por NUTS III | 1995 e 2010
semanais trabalhadas: a posição de
285 Gráfico 32.1. População empregada e Portugal na UE | 2001 e 2007
desempregada em Portugal | 1986 a 2010
294 Gráfico 33.4. Peso dos trabalhadores
285 Gráfico 32.2. Taxa de emprego e taxa de por conta de outrem na população
desemprego: comparação entre Portugal empregada: a posição de Portugal na UE
e UE | 1986 a 2010 | 2000 e 2008
286 Gráfico 32.3. Taxa de desemprego: a 295 Gráfico 33.5. Peso dos trabalhadores
posição de Portugal na UE | 2000 e 2010 por conta de outrem com contratos a
termo certo na população empregada:
286 Gráfico 32.4. Estrutura do emprego por
comparação entre Portugal e UE | 1995
sectores de atividade em Portugal | 1986
a 2010
a 2009
295 Gráfico 33.6. Peso dos trabalhadores
287 Gráfico 32.5. Taxa de emprego por
por conta de outrem com contratos a
género e por classe etária: a posição de
termo certo: a posição de Portugal na
Portugal na UE | 2000 e 2010
UE | 2000 e 2010
287 Gráfico 32.6. Taxa de desemprego
295 Gráfico 33.7. Peso dos trabalhadores a
por género, idade e escolaridade:
tempo parcial na população empregada:
comparação entre Portugal e UE | 2000
comparação entre Portugal e UE | 1995
a 2010
a 2010
288 Gráfico 32.7. Taxa de desemprego de 12
295 Gráfico 33.8. Peso dos trabalhadores a
ou mais meses | 1992 a 2010
tempo parcial: a posição de Portugal na
288 Gráfico 32.8. Relação de Okun entre UE | 2000 e 2010
desemprego e produto | 1986 a 2010
296 Gráfico 33.9. Número médio de horas
288 Gráfico 32.9. Taxa de desemprego semanais trabalhadas por NUTS II |
compatível com taxa de inflação 1998 e 2010
constante em Portugal | 1997 a 2010
296 Gráfico 33.10. Peso dos trabalhadores
288 Gráfico 32.10. Taxa de desemprego por conta própria na população
por NUTS II | 2000 e 2010 empregada por NUTS II | 1998 e 2010
288 Gráfico 32.11. Distribuição dos 296 Gráfico 33.11. Peso dos trabalhadores a
desempregados por NUTS II | 2000 tempo parcial na população empregada
e 2010 por NUTS II | 1998 e 2010
288 Gráfico 32.12. Taxa de emprego 296 Gráfico 33.12. Peso dos contratos
por NUTS II | 2000 e 2010 a termo certo nos trabalhadores por
conta de outrem por NUTS II | 1998 e
289 Gráfico 32.13. Desempregados à
2010
procura de novo emprego por profissão
em Portugal | 2000 e 2010
301 Gráfico 34.1. Peso do trabalho por 311 Gráfico 35.7. Ativos e passivos
conta própria no total do emprego em financeiros das famílias: comparação
Portugal | 1986 a 2010 entre Portugal e UE | 1995 a 2010
301 Gráfico 34.2. Peso do trabalho por 315 Gráfico 36.1. Poupança e dívida bruta
conta própria no total do emprego: das famílias em Portugal | 1986 a 2010
comparação entre Portugal e UE | 1986
315 Gráfico 36.2. Poupança e dívida bruta
a 2010
das famílias: comparação entre Portugal
302 Gráfico 34.3. Peso do trabalho por e UE | 1995 a 2010
conta própria no total do emprego: a
316 Gráfico 36.3. Dívida bruta das famílias:
posição de Portugal na UE | 1995 a 2010
a posição de Portugal na UE | 1999 e
302 Gráfico 34.4. Peso do trabalho por 2010
conta própria como empregador: a
316 Gráfico 36.4. Poupança bruta das
posição de Portugal na UE | 1995 e 2010
famílias: comparação entre Portugal e
302 Gráfico 34.5. Peso do trabalho por UE | 1999 a 2010
conta própria como empregador por
317 Gráfico 36.5. Expetativa de poupança
género: a posição de Portugal na UE |
dos consumidores nos doze meses
1995 e 2010
seguintes: a posição de Portugal na UE |
303 Gráfico 34.6. Ranking Doing Business: 1986 a 2010
a posição de Portugal e dos parceiros
317 Gráfico 36.6. Distribuição do stock de
iniciais da coesão na UE | 2010
empréstimos concedidos às famílias por
303 Gráfico 34.7. Global Entrepreneurship NUTS II | 2010
Monitor: comparação entre Portugal
321 Gráfico 37.1. Desigualdade na
e parceiros iniciais da coesão | 2001 e
repartição do rendimento em Portugal |
2010
1995 a 2010
304 Gráfico 34.8. Peso no PIB do capital
321 Gráfico 37.2. Desigualdade na
de risco e do capital de crescimento: a
repartição do rendimento: comparação
posição de Portugal na UE | 2009
entre Portugal e UE | 1995 a 2010
304 Gráfico 34.9. Empresas de elevado
322 Gráfico 37.3. Desigualdade na
crescimento: a posição de Portugal na
repartição do rendimento: a posição de
UE | 2009
Portugal na UE | 1995 e 2010
309 Gráfico 35.1. Rendimento disponível
322 Gráfico 37.4. Variação do rendimento
das famílias em Portugal | 1986 a 2010
disponível em Portugal | 1995 a 2010
309 Gráfico 35.2. Composição do
322 Gráfico 37.5. Risco de pobreza
rendimento disponível bruto das
em Portugal | 1995 a 2010
famílias: comparação entre Portugal e
UE | 1995 a 2010 323 Gráfico 37.6. Privação material severa
por grupo etário em Portugal | 2005
310 Gráfico 35.3. Peso das remunerações
e 2010
dos trabalhadores no rendimento
disponível bruto das famílias: a posição 323 Gráfico 37.7. Indicadores de privação
de Portugal na UE | 1995 e 2010 material: comparação entre Portugal e
UE | 2005 e 2010
310 Gráfico 35.4. Património líquido
das famílias em Portugal | 1986 a 2007 327 Gráfico 38.1. Ganho mensal e
disparidade salarial entre homens e
310 Gráfico 35.5. Estrutura do património
mulheres em Portugal | 1986 a 2010
das famílias em Portugal | 1986 a 2007
327 Gráfico 38.2. Disparidade salarial entre
311 Gráfico 35.6. Ativos e passivos
homens e mulheres: comparação entre
financeiros das famílias em Portugal |
Portugal e UE | 1994 a 2010
1986 a 2007
328 Gráfico 38.3. Disparidade salarial 342 Gráfico 40.5. Estrutura da despesa
entre homens e mulheres: a posição de pública por funções em Portugal | 1995
Portugal na UE | 1994 e 2010 a 2009
328 Gráfico 38.4. Tendências do ganho 343 Gráfico 40.6. Peso das despesas com
mensal em Portugal | 1986 a 2009 serviços gerais da administração
pública, defesa, segurança e ordem
333 Gráfico 39.1. Estrutura de profissões
pública: a posição de Portugal na UE |
em Portugal | 1992 a 2010
1995 e 2010
333 Gráfico 39.2. Peso da classe média e
343 Gráfico 40.7. Indicadores de governança
dos operários e trabalhadores similares
do Banco Mundial: a posição de
na estrutura de profissões: comparação
Portugal e dos parceiros iniciais da
entre Portugal e UE | 1992 a 2010
coesão na UE | 2010
334 Gráfico 39.3. Peso da classe média no
344 Gráfico 40.8. Taxa de abstenção nas
total do pessoal ao serviço: a posição de
eleições em Portugal | 1986 a 2011
Portugal na UE | 2000 e 2010
344 Gráfico 40.9. Taxa de abstenção nas
334 Gráfico 39.4. Variação do peso das
eleições parlamentares: a posição de
habilitações superiores e de mulheres
Portugal na UE | 1990 a 2010
no total da classe média: a posição de
Portugal na UE | 2000 e 2010 349 Gráfico 41.1. Receitas e despesas totais
com proteção social em Portugal | 1986
335 Gráfico 39.5. Média etária da classe
a 2010
média em Portugal | 1986 a 2009
349 Gráfico 41.2. Despesa com prestações
335 Gráfico 39.6. Vantagem remuneratória
sociais: comparação entre Portugal e UE
da classe média em Portugal | 1986 a
| 1986 a 2010
2009
350 Gráfico 41.3. Despesa com prestações
335 Gráfico 39.7. Peso da classe média por
sociais: a posição de Portugal na UE |
sectores de atividade económica em
1995 e 2010
Portugal | 1995 e 2009
350 Gráfico 41.4. Número de pensionistas
335 Gráfico 39.8. Estrutura da classe média
e de beneficiários da segurança social
por sectores de atividade económica
em Portugal | 1990 a 2010
em Portugal | 1995 e 2009
351 Gráfico 41.5. Peso no PIB das funções
336 Gráfico 39.9. Caraterísticas da classe
das prestações sociais em Portugal |
média em Portugal | 1995 e 2009
1990 a 2009
341 Gráfico 40.1. Peso na carga fiscal das
351 Gráfico 41.6. Estrutura das funções
despesas públicas com pessoal e com
das prestações sociais em Portugal |
prestações sociais e peso do valor
1990 a 2009
acrescentado bruto das administrações
públicas em Portugal | 1986 a 2010 351 Gráfico 41.7. Custos com proteção
social em Portugal: prestações sociais e
341 Gráfico 40.2. Peso na carga fiscal das
outros custos | 1990 a 2009
despesas públicas com pessoal e com
prestações sociais e peso do valor 351 Gráfico 41.8. Despesa por tipo de
acrescentado bruto das administrações pensão: comparação entre Portugal,
públicas: comparação entre Portugal e parceiros iniciais da coesão e UE15 |
UE | 1986 a 2010 1995 a 2009
342 Gráfico 40.3. Peso da despesa pública 355 Gráfico 42.1. População entre 15 e
local na despesa pública total: a posição 64 anos de idade por nível de ensino
de Portugal na UE | 1995 e 2010 completado em Portugal | 1985 a 2010
342 Gráfico 40.4. Peso no PIB das funções
da despesa pública em Portugal | 1995 a
2009
355 Gráfico 42.2. População entre 15 e 369 Gráfico 44.1. Despesa em saúde e taxa
64 anos de idade por nível de ensino de mortalidade infantil em Portugal |
completado: comparação entre Portugal 1986 a 2010
e UE | 1985 a 2010
369 Gráfico 44.2. Despesa em saúde e taxa
356 Gráfico 42.3. População entre 15 e de mortalidade infantil: comparação
64 anos de idade com ensino básico entre Portugal e UE | 1986 a 2010
completado: a posição de Portugal na
370 Gráfico 44.3. Despesa em saúde: a
UE | 1985 e 2010
posição de Portugal na UE | 1995 e 2010
356 Gráfico 42.4. População entre 30 e 34
370 Gráfico 44.4. Mortalidade infantil e
anos de idade com ensino superior
esperança média de vida à nascença: a
completo: a posição de Portugal na UE |
posição de Portugal na UE | 1986 e 2010
2000 a 2010
371 Gráfico 44.5. Esperança média de vida
357 Gráfico 42.5. Taxa de abandono
aos 65 anos por género, saudável e não
escolar precoce e média de anos de
saudável: a posição de Portugal na UE |
escolaridade: a posição de Portugal na
2009
UE | 2002 e 2010
371 Gráfico 44.6. Despesa em saúde per
361 Gráfico 43.1. Distribuição dos alunos
capita: a posição de Portugal na UE |
matriculados no ensino público por
1995 a 2010
nível de ensino em Portugal | 1986 a
2010 372 Gráfico 44.7. Despesa pública em saúde:
a posição de Portugal na UE | 1995 a
361 Gráfico 43.2. Despesa pública em
2010
educação: comparação entre Portugal e
UE | 1995 a 2009 372 Gráfico 44.8. Despesa out of pocket em
saúde: a posição de Portugal na UE |
362 Gráfico 43.3. Despesa anual em
1995 a 2010
instituições de educação públicas por
aluno: a posição de Portugal na UE | 373 Gráfico 44.9. Médicos por mil
1999 e 2009 habitantes: comparação entre Portugal
e parceiros iniciais da coesão | 1995 a
362 Gráfico 43.4. Peso das despesas com
2010
pessoal no total das despesas correntes
em educação em instituições públicas: a 373 Gráfico 44.10. Enfermeiros por mil
posição de Portugal na UE | 1999 e 2008 habitantes: comparação entre Portugal
e parceiros iniciais da coesão | 1995 a
363 Gráfico 43.5. Rácio aluno-professor
2009
no ensino básico público e privado em
Portugal | 1986 a 2010 373 Gráfico 44.11. Número de enfermeiros
por médico: comparação entre Portugal
363 Gráfico 43.6. Rácio aluno-professor no
e parceiros iniciais da coesão | 1995 a
1.º e 2.º ciclos do ensino básico público
2010
e privado: a posição de Portugal na UE |
1999 e 2009 373 Gráfico 44.12. Camas por mil
habitantes: comparação entre Portugal
364 Gráfico 43.7. Número de
e parceiros iniciais da coesão | 1995 a
estabelecimentos de ensino público e
2009
privado em Portugal | 1992 a 2010
373 Gráfico 44.13. Médicos por mil
364 Gráfico 43.8. Variação do número
habitantes por NUTS II | 2002 e 2010
de estabelecimentos por nível de ensino
| 1992 a 2010 373 Gráfico 44.14. Enfermeiros por mil
habitantes por NUTS II | 2002 e 2010
364 Gráfico 43.9. Peso dos estabelecimentos
de ensino público por nível de ensino 373 Gráfico 44.15. Camas por mil
em Portugal | 1986 a 2010 habitantes por NUTS II | 2002 e 2010
373 Gráfico 44.16. Habitantes por centro
de saúde por NUTS II | 2001 e 2010
377 Gráfico 45.1. Peso do stock de crédito 391 Gráfico 47.2 Emissão de gases com
à habitação no rendimento disponível efeito de estufa: comparação entre
em Portugal | 1986 a 2010 Portugal e UE | 1990 a 2010
377 Gráfico 45.2. Formação bruta de capital 392 Gráfico 47.3. Emissão de gases com
fixo em habitação: comparação entre efeito de estufa per capita: a posição de
Portugal, parceiros iniciais da coesão e Portugal na UE | 1990 e 2010
UE15 | 1986 a 2010
392 Gráfico 47.4. Evolução das emissões
378 Gráfico 45.3. Formação bruta de capital de gases com efeito de estufa no sector
fixo em habitação: a posição de Portugal dos transportes: a posição de Portugal
na UE | 2005 e 2010 na UE | 1990 a 2010
378 Gráfico 45.4. Estatuto de ocupação da 393 Gráfico 47.5. Produção de resíduos
habitação da população: a posição de urbanos por habitante: a posição de
Portugal na UE | 2010 Portugal na UE | 1995 e 2010
379 Gráfico 45.5. Caraterísticas do 393 Gráfico 47.6. Estrutura do tratamento
arrendamento de residência habitual dos resíduos urbanos: a posição de
em Portugal | 2011 Portugal na UE | 1995 e 2010
379 Gráfico 45.6. Peso da habitação, 394 Gráfico 47.7. Recolha de resíduos
construção e atividades imobiliárias urbanos em Portugal | 1991 e 2010
no crédito concedido às empresas
399 Gráfico 48.1. Densidade da rede
e às famílias | 2010
nacional de autoestradas e da linha
379 Gráfico 45.7. Distribuição do stock ferroviária eletrificada em Portugal |
de crédito concedido às famílias 1986 a 2010
para habitação por NUTS II | 2010
399 Gráfico 48.2. Densidade da rede
379 Gráfico 45.8. Peso dos devedores de nacional de autoestradas e da linha
crédito à habitação na população adulta ferroviária eletrificada: comparação
residente por NUTS II | 2010 entre Portugal e UE | 1986 a 2010
379 Gráfico 45.9. Rácio de crédito vencido 400 Gráfico 48.3. Peso do automóvel na
na habitação por NUTS II | 2010 repartição modal do transporte de
passageiros: a posição de Portugal na
385 Gráfico 46.1. Alojamentos familiares
UE | 1990 e 2010
clássicos e agregados domésticos
privados em Portugal | 1992 a 2010 400 Gráfico 48.4. Repartição modal do
transporte de passageiros: a posição de
385 Gráfico 46.2. População com acesso a
Portugal na UE | 2010
instalações sanitárias: comparação entre
Portugal, parceiros iniciais da coesão e 401 Gráfico 48.5. Rede nacional de
área do euro | 1990 a 2010 itinerários principais e complementares
e parque automóvel em Portugal | 1986
386 Gráfico 46.3. Peso da população a
a 2010
residir em alojamentos sobrelotados: a
posição de Portugal na UE | 2010 401 Gráfico 48.6. Número de feridos e de
vítimas mortais em Portugal | 1986 a
386 Gráfico 46.4. Peso dos principais
2010
equipamentos domésticos nos
agregados privados | 1995 e 2005 401 Gráfico 48.7. Variação do número
de vítimas mortais: a posição de
387 Gráfico 46.5. Peso dos alojamentos com
Portugal na UE | 1991 e 2009
necessidades de infraestruturação em
Portugal | 1991 e 2011 401 Gráfico 48.8. Número de vítimas
mortais por milhão de habitantes: a
391 Gráfico 47.1. População servida por
posição de Portugal na UE | 2008
infraestruturas básicas e emissões de
gases com efeito de estufa em Portugal |
1990 a 2009
402 Gráfico 48.9. Redução do tempo/ 416 Gráfico 50.8. Top das atividades
distância de Lisboa às capitais de económicas com sítios na internet |
distrito | 1986 e 2006 2010
402 Gráfico 48.10. Redução do tempo/ 416 Gráfico 50.9. Disponibilidade de
distância de Lisboa às principais serviços públicos online: a posição de
fronteiras | 1986 e 2006 Portugal na UE | 2004 e 2010
402 Gráfico 48.11. Repartição modal do 478 Gráfico B.1. Total do investimento
transporte de mercadorias: comparação programado a financiar pelos fundos
entre Portugal e a UE | 1991 a 2010 estruturais e de coesão em Portugal |
1989 a 2013
403 Gráfico 48.12. Repartição modal do
transporte de mercadorias: a posição de 478 Gráfico B.2. Investimento médio anual
Portugal na UE | 2010 programado a financiar pelos fundos
estruturais e de coesão em Portugal |
407 Gráfico 49.1. Peso do lazer, recreação e
1989 a 2013
cultura no consumo final dos agregados
domésticos em Portugal | 1988 a 2010 479 Gráfico B.3. Peso dos parceiros iniciais
da Coesão na programação de fundos
407 Gráfico 49.2. Peso do lazer, recreação e
estruturais e de coesão da União
cultura no consumo final dos agregados
Europeia | 1989 a 2013
domésticos: comparação entre Portugal
e UE | 1988 a 2010 479 Gráfico B.4. Programação dos fundos
estruturais e de coesão per capita:
408 Gráfico 49.3. Consumo privado per
comparação entre Portugal e os
capita em lazer e cultura: a posição de
parceiros iniciais da coesão | 1989 a
Portugal na UE | 1995 e 2010
2013
408 Gráfico 49.4. Afluência a eventos
485 Gráfico C.1. Investimento total
culturais em Portugal | 1986 a 2010
financiado pelos fundos estruturais e de
408 Gráfico 49.5. Peso da população que coesão em Portugal | 1989 a 2011
realizou pelo menos uma atividade
485 Gráfico C.2. Investimento médio anual
cultural no ano anterior | 2007
financiado pelos fundos estruturais
413 Gráfico 50.1. Utilização de telefone e de coesão em Portugal | 1989 a 2011
fixo, telefone móvel e internet em
486 Gráfico C.3. Repartição regional dos
Portugal | 1986 a 2010
fundos estruturais e de coesão aplicados
413 Gráfico 50.2. Utilização de internet e em Portugal | 1989 a 2011
de telefone móvel: comparação entre
486 Gráfico C.4. Repartição por fundo do
Portugal e UE | 1990 a 2010
financiamento estrutural aplicado em
414 Gráfico 50.3. Utilização do telefone Portugal | 1989 a 2011
móvel: a posição de Portugal na UE |
491 Gráfico C.5. Investimento total
1996 e 2010
financiado pelo Fundo Europeu de
414 Gráfico 50.4. Utilização da internet: a Desenvolvimento Regional em Portugal
posição de Portugal na UE | 1996 e 2010 | 1989 a 2011
415 Gráfico 50.5. Famílias com acesso a 491 Gráfico C.6. Investimento médio anual
computador em Portugal | 2002 a 2010 financiado pelo Fundo Europeu de
Desenvolvimento Regional em Portugal
415 Gráfico 50.6. Empresas com acesso a
| 1989 a 2011
computador em Portugal | 2003 a 2010
491 Gráfico C.7. Repartição regional do
416 Gráfico 50.7. Empresas que utilizam
Fundo Europeu de Desenvolvimento
correio eletrónico e com sítio na
Regional aplicado em Portugal | 1989 a
internet em Portugal | 2003 a 2010
2011
492 Gráfico C.8. Repartição por área de 504 Gráfico C.19. Investimento médio
intervenção do Fundo Europeu de anual financiado por Instrumento
Desenvolvimento Regional aplicado em Financeiro de Orientação da Pesca e
Portugal | 1989 a 2011 Fundo Europeu das Pescas em Portugal
| 1989 a 2011
495 Gráfico C.9. Investimento total
financiado pelo Fundo Social Europeu 504 Gráfico C.20. Repartição regional do
em Portugal | 1989 a 2011 Instrumento Financeiro de Orientação
da Pesca e Fundo Europeu das Pescas
495 Gráfico C.10. Investimento médio
aplicado em Portugal | 1989 a 2011
anual financiado pelo Fundo Social
Europeu em Portugal | 1989 a 2011 505 Gráfico C.21. Repartição por áreas
de intervenção do Instrumento
496 Gráfico C.11. Repartição regional
Financeiro de Orientação da Pesca e
do Fundo Social Europeu aplicado
Fundo Europeu das Pescas aplicado em
em Portugal, incluindo parcela não
Portugal | 1989 a 2011
regionalizável | 2000 a 2011
508 Gráfico C.22. Investimento total
496 Gráfico C.12. Repartição regional
financiado pelo Fundo de Coesão
do Fundo Social Europeu aplicado
em Portugal | 1993 a 2011
em Portugal, excluindo parcela não
regionalizável | 2000 a 2011 508 Gráfico C.23. Investimento médio
anual financiado pelo Fundo de Coesão
496 Gráfico C.13. Repartição por área de
em Portugal | 1993 a 2011
intervenção do Fundo Social Europeu
aplicado em Portugal | 1989 a 2011 508 Gráfico C.24. Repartição regional do
Fundo de Coesão aplicado em Portugal
500 Gráfico C.14 Investimento total
| 1993 a 2011
financiado por Fundo Europeu de
Orientação e Garantia Agrícola – secção 509 Gráfico C.25. Repartição por área
Orientação e Fundo Europeu Agrícola de intervenção do Fundo de Coesão
de Desenvolvimento Rural em Portugal aplicado em Portugal | 1993 a 2011
| 1989 a 2011
511 Gráfico C.26. Financiamento estrutural
500 Gráfico C.15. Investimento médio médio anual em euros per capita: a
anual financiado por Fundo Europeu de posição de Portugal na UE | 1989 a 2011
Orientação e Garantia Agrícola – secção
512 Gráfico C.27. Financiamento estrutural
Orientação e Fundo Europeu Agrícola
médio anual em percentagem do PIB: a
de Desenvolvimento Rural em Portugal
posição de Portugal na UE | 1989 a 2011
| 1989 a 2011
512 Gráfico C.28. Financiamento estrutural
500 Gráfico C.16. Repartição regional
médio anual em milhões de euros: a
do Fundo Europeu de Orientação e
posição de Portugal na UE | 1989 a 2011
Garantia Agrícola – secção Orientação
e do Fundo Europeu Agrícola de
Desenvolvimento Rural aplicado em
Portugal | 1989 a 2011
501 Gráfico C.17. Repartição por área
de intervenção do Fundo Europeu
de Orientação e Garantia Agrícola –
secção Orientação e do Fundo Europeu
Agrícola de Desenvolvimento Rural
aplicado em Portugal | 1989 a 2011
504 Gráfico C.18. Investimento total
financiado por Instrumento Financeiro
de Orientação da Pesca e Fundo
Europeu das Pescas em Portugal | 1989 a
2011
Índice de Mapas
ÍNDICE DE MAPAS
54 Mapa 1.1 PIB per capita por NUTS II: a 244 Mapa 26.5. Regiões com PIB per capita
posição de Portugal na UE | 2000 a 2009 intermédio e mais bem posicionadas na
taxa de emprego | 2009
97 Mapa 7.1. Peso do valor acrescentado
bruto das atividades do sector primário 244 Mapa 26.6. Regiões com PIB per capita
por NUTS II: a posição de Portugal na intermédio e mais bem posicionadas na
UE | 2009 produtividade | 2009
98 Mapa 7.2. Peso do valor acrescentado 250 Mapa 27.1. Ocupação dominante do
bruto das atividades do sector território por NUTS III: a posição de
secundário por NUTS II: a posição de Portugal na UE | 2010
Portugal na UE | 2009
251 Mapa 27.2. Ocupação dominante do
98 Mapa 7.3. Peso do valor acrescentado território por freguesia | 1991 e 2011
bruto das atividades do sector terciário
252 Mapa 27.3. População residente
por NUTS II: a posição de Portugal na
em cidades | 1991
UE | 2009
252 Mapa 27.4. População residente
99 Mapa 7.4. Peso do valor acrescentado
em cidades | 1991 e 2011
bruto do sector primário por NUTS III
| 2009 253 Mapa 27.5. Ocupação territorial
em Portugal | 2006
99 Mapa 7.5. Peso do valor acrescentado
bruto do sector secundário por NUTS 259 Mapa 28.1. Variação da população
III | 2009 por concelho | 1981 e 2011
100 Mapa 7.6. Peso do valor acrescentado 259 Mapa 28.2. Densidade populacional
bruto do sector terciário por NUTS III | por concelho | 2011
2009
271 Mapa 30.1. Peso da população jovem
182 Mapa 18.1. Emprego em empresas por concelho | 2011
jovens por concelho | 1994 e 2009
271 Mapa 30.2. Variação do peso da
182 Mapa 18.2. Emprego em população jovem por concelho | 1991 e
estabelecimentos com mais de 250 2011
trabalhadores por concelho | 1986 e
271 Mapa 30.3. Peso da população idosa por
2009
concelho | 2011
183 Mapa 18.3. Peso do emprego nos dez
271 Mapa 30.4. Variação do peso da
maiores estabelecimentos por concelho
população idosa por concelho | 1991 e
| 2009
2011
188 Mapa 19.1. Peso do emprego em
279 Mapa 31.1. Evolução da dimensão das
empresas com mais de 50% de capital
famílias com mais de cinco pessoas por
estrangeiro por NUTS III | 1986
concelho | 2001 e 2011
188 Mapa 19.2. Peso do emprego em
279 Mapa 31.2. Evolução da dimensão das
empresas com mais de 50% de capital
famílias com uma pessoa por concelho
estrangeiro por NUTS III | 2009
| 2001 e 2011
242 Mapa 26.1. Convergência do PIB per
329 Mapa 38.1. Taxa média de crescimento
capita regional: a posição de Portugal na
anual do ganho mediano por concelho |
UE | 2008
1986 a 2009
243 Mapa 26.2. Taxa de emprego por NUTS
329 Mapa 38.2. Ganho mediano por
II: a posição de Portugal na UE | 2009
concelho | 2009
243 Mapa 26.3. Regiões portuguesas com
357 Mapa 42.1. População entre 15 e 64
PIB per capita mais baixo | 2009
anos de idade com ensino superior
243 Mapa 26.4. Regiões portuguesas com completo por concelho | 1991 e 2011
PIB per capita mais elevado | 2009
380 Mapa 45.1. Crédito à habitação por 395 Mapa 47.6. População servida por
habitante por NUTS III | 2001 e 2011 estações de tratamento de águas
residuais por concelho | 1994
387 Mapa 46.1. Alojamentos sem instalação
de banho ou duche por concelho | 2011 395 Mapa 47.7. População servida por
estações de tratamento de águas
387 Mapa 46.2. Alojamentos sem
residuais por concelho | 2009
estacionamento por concelho | 2011
475 Mapa B.1. Regiões elegíveis no I
394 Mapa 47.1. Variação da quota da
Quadro Comunitário de Apoio em
recolha seletiva de resíduos urbanos por
Portugal | 1989 a 1993
concelho | 2001 e 2010
475 Mapa B.2. Regiões elegíveis no II
394 Mapa 47.2 População servida pelo
Quadro Comunitário de Apoio em
sistema público de abastecimento de
Portugal | 1994 a 1999
água por concelho | 1990
476 Mapa B.3. Regiões elegíveis no III
394 Mapa 47.3 População servida pelo
Quadro Comunitário de Apoio em
sistema público de abastecimento de
Portugal | 2000 a 2006
água por concelho | 2009
476 Mapa B.4. Regiões elegíveis no Quadro
395 Mapa 47.4. População servida pelo
de Referência Estratégico Nacional
sistema de drenagem de águas residuais
em Portugal | 2007 a 2013
por concelho | 1990
395 Mapa 47.5. População servida pelo
sistema de drenagem de águas residuais
por concelho | 2009
Índice de Tabelas
ÍNDICE DE TABELAS
441 Tabela A.1. Cronologia do 450 Tabela A.6. Domínios de intervenção e
aprofundamento e alargamento da de financiamento potencial do Fundo
União Europeia | 1957 a 2012 Europeu de Orientação e Garantia
Agrícola – secção Orientação | 1989 a
443 Tabela A.2. Fundos estruturais e
2006
financiamento da política de coesão na
União Europeia | 1957 a 2010 451 Tabela A.7. Domínios de intervenção
e de financiamento potencial do
446 Tabela A.3. Referenciais estratégicos
Instrumento Financeiro de Orientação
dos ciclos de programação dos fundos
da Pesca | 1989 a 2006
estruturais e de coesão | 1989 a 2013
453 Tabela A.8. Domínios de intervenção e
447 Tabela A.4. Domínios de intervenção e
de financiamento potencial do Fundo
de financiamento potencial do Fundo
de Coesão | 1989 e 2013
Europeu de Desenvolvimento Regional
| 1989 a 2013
448 Tabela A.5. Domínios de intervenção e
de financiamento potencial do Fundo
Social Europeu | 1989 a 2013
Fundação Francisco Manuel dos Santos

Outros estudos da Fundação Este livro condensa o projeto de investigação que a sociedade de
Desigualdade Económica em Portugal consultores Augusto Mateus & Associados realizou para a Fundação
Coordenador: Carlos Farinha Rodrigues Francisco Manuel dos Santos sobre o desenvolvimento de Portugal
2012 ao longo dos primeiros 25 anos de integração na União Europeia.
Avaliações de Impacto Legislativo: Droga e Propinas O desafio foi concretizar instrumentos de reflexão que, sobre
Coordenador: Ricardo Gonçalves um mesmo referencial objetivo de observação e medida, permitissem

A economia, a sociedade e os fundos estruturais 25 ANOS DE PORTUGAL EUROPEU


2012
formar leituras diversificadas e plurais sobre as profundas MATEUS, Augusto é economista, professor catedrático convidado do Instituto Superior
Publicado em duas versões: estudo completo e versão resumida
transformações ocorridas no tempo de uma geração. de Economia e Gestão (ISEG) e presidente da sociedade de consultores Augusto Mateus
Justiça Económica em Portugal Associados. É investigador e coordenador de múltiplos estudos de macroeconomia e
O modelo fechado de relatório técnico foi assim evitado para abrir, de política económica, de avaliação de programas e políticas públicas ou de estratégias
Coordenadores: Nuno Garoupa, Pedro Magalhães
a cada leitor, a possibilidade de observar a evolução da economia, da competitivas de desenvolvimento para empresas, sectores e regiões. Foi Secretário
e Mariana França Gouveia
sociedade e dos fundos estruturais aplicados no país e de traçar o seu de Estado da Indústria e Ministro da Economia do XIII Governo Constitucional.
2013
próprio roteiro de interpretação destes 25 anos de Portugal europeu.
Segredo de Justiça
Autor: Fernando Gascón Inchausti
Esta obra encontra-se dividida em quatro partes. Nos Olhares, A economia, a sociedade e os fundos estruturais
observa-se a evolução da economia e da sociedade desde a adesão
2013

25 anos
à União Europeia. Nos Retratos, cinquenta indicadores sintetizam
Informação e Saúde o desenvolvimento de Portugal em comparação com a União Europeia.
Autor: Rita Espanha Nos Fundos, analisa-se o financiamento estrutural disponibilizado
2013
a Portugal. Nos Roteiros, são exemplificados caminhos de interpretação

de portugal
O Cadastro e a Propriedade Rústica em Portugal que percorrem a informação estatística concentrada em olhares,
Coordenador: Rodrigo Sarmento de Beires retratos e fundos.
2013
Escolas para o séc. XXI

Eur peu
Autor: Alexandre Homem Cristo
2013
Processos de Envelhecimento em Portugal: usos do tempo,
redes sociais e condições de vida
Coordenador: Manuel Villaverde Cabral
2013 Coordenador
Augusto Mateus

ISBN 978-989-8662-07-1

Director de Publicações: António Araújo Um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos
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