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Não se sabe como Custódio escolheu o nome pelo qual se identificou aqui
no Brasil, mas é curioso o fato de que o sobrenome escolhido teria
semelhança com um ex-escravo chamado Manuel Joaquim d'Almeida, um
mahi da família Azima, nascido na aldeia de Hoko, e cujo nome, antes do
batismo, era Gbego Sokpa. Após muitos anos na Bahia, Joaquim, ainda
escravo ou já liberto, fez, entre 1835 e 1845, várias viagens à costa, a
serviço de seu dono ou ex-dono e também por conta própria, até que
decidiu instalar-se de vez na África, em Ágüe, onde fundou o bairro
Zokikomé. Joaquim era católico convicto, ainda que católico à baiana,
ganhou um bom dinheiro no comércio negreiro; era proprietário de uma
casa em Salvador, tinha nove escravos a seu serviço; era credor de
mercadores de escravos em Pernambuco e Havana, Joaquim d'Almeida
tornou-se o maior mercador de escravos em Ágüe, e o líder local da
comunidade brasileira. Uma parte de seu êxito deve-se ao fato de ter sido
feito pelo rei Glidji o chefe da alfândega nas praias entre Aguê e Popô
pequeno, coletando, portanto, as taxas devidas pelos navios que ali
comerciavam, o que lhe dava enorme vantagem sobre seus competidores,
mesmo assim não deixara de ter contato com o Brasil, principalmente com
a Bahia. Joaquim d'Almeida, apesar de ser católico devoto, era também
polígamo; dele identificaram-se 82 filhos. Vê-se aí uma descendência
grandiosa herdando o sobrenome d'Almeida, que pode ou não ter
influenciado o príncipe Osuanlele em Ajudá, quando escolheu o nome de
Custódio Joaquim de Almeida.
Ajudá era o nome do reino, na realidade Huedá (ou Xweda) com capital
em Savi, mas a palavra acabou por se aplicar à cidade onde os
portugueses construíram a fortaleza de São João Batista.