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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

A BÍBLIA
ENTRE OS
DOIS
TESTAMENTOS
RESUMO HISTÓRICO DO PERÍODO QUE
COMPREENDEM OS QUATRO SÉCULOS
ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS BÍBLICOS

EZEQUIEL CAMILO DA SILVA

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

FICHA TÉCNICA

© 2011 Ezequiel Camilo da Silva

CAPA: ILUSTRAÇÃO ENCONTRADA NA INTERNET

DIREITOS AUTORAIS: As fotos são de domínio publico

Textos – Textos históricos com respectivos créditos registrados


em notas de rodapé e bibliografia.

Todos os diretos reservados ao autor

Copyright 2011 – Louveira – SP – Brasil

1ª edição – 1ª impressão

© 2012 Bubok Publishing S.L.


ISBN:
Impresso em Portugal / Printed in Portugal
Impresso pela Bubok

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

INFORMAÇÕES SOBRE O AUTOR

Ezequiel Camilo da Silva


É professor atualmente aposentado, licenciado pela
Faculdade de Belas Artes de São Paulo, com Mestrado em
História Econômica e Regional. Atuou mais de quarenta anos
na área educacional nas escolas públicas estaduais,
municipais e particulares da grande São Paulo.
Tem uma longa experiência como coordenador de
Turismo, Viagens, Roteiros Culturais e Projetos Turísticos
Ecológicos; é autor dos livros “A Conquista da Amazônia”, “Que
País é Esse?”, “Os Povos Bíblicos”, “Arqueologia Bíblica e As
grandes Descobertas”, “Uma Jornada no Livro de Jó”, “O Bom
Samaritano”, “Poemas e Poesias”, “A Montanha”, “A Grande
Mentira”, “Fugindo e Viajando com Jonas”, “Estou Aposentado
e Agora?”, “Ser Escritor. . . Um Sonho”, “As Mulheres Bíblicas”,
“Dicionário Brasileiro de Nomes”, “Brasáfrica”, “Viagem a
Manaus – Impressões”, “Sonhos & Desejos”, “Aventuras na
Austrália e Nova Zelandia” e outros

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“Certamente o Senhor DEUS não fará coisa


alguma, sem ter revelado o seu segredo aos
seus servos, os profetas.” Amós 3:7

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ÍNDICE

1 – INTRODUÇAO – UMA SÍNTESE HISTÓRICA ....... 09


2 - A IMPORTÂNCIA DO RETORNO DOS JUDEUS DO
CATIVEIRO BABILÔNICO .......................................15
3 - A IMPORTANCIA DO PERÍODO ENTRE OS DOIS
TESTAMENTOS .................................................. 17
4 - OS PERSAS DOMINADORES E PARCEIROS DOS
JUDEUS ..............................................................19
5 - AS INFLUÊNCIAS DE ALEXANDRE E A CULTURA
GREGA .............................................................. 22
6 - A CIDADE DE ALEXANDRIA NA ANTIGUIDADE .. 23
7 - A BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA ...................... 29
8 - A DESTRUIÇÃO DA BIBLIOT. DE ALEXANDRIA ....36
9 - OS MACABEUS – O MUNDO GREGO –
SEPTUAGINTA......................................................37
10 - RESUMO CRONOLÓGICO – ―REVOLTA DOS
MACABEUS‖ ........................................................45
11 - AS INFLUÊNCIAS HELÊNICAS ENTRE JUDEUS .. 51
12 – OS ROMANOS ............................................. 56
13 - HERODES ―O GRANDE‖...................................59
14 – AS SEITAS JUDAICAS ....................................60
15 – OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO ............... 66
16 – O ADVENTO DE CRISTO .................................75
17 – FLAVIO JOSEFO ........................................... 77
18 - BIOGRAFIA DE FLAVIO JOSEFO .......................79
19 – AS PROFECIAS DE DANIEL PREVIRAM OS
GRANDES IMPÉRIOS ............................................87
20 - ISAAC NEWTON E AS PROFECIAS DE DANIEL. 107
21 – CONCLUSÃO .............................................. 113
22 – BIBLIOGRAFIA ........................................... 114

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

1 - INTRODUÇÃO – UMA SÍNTESE HISTÓRICA

Ao longo dos quatrocentos anos que


separam os registros deixados pelo Velho
Testamento da Bíblia Sagrada edição canônica,
que é considerada e aceita como inspirada, até os
relatos do Novo Testamento, temos um vácuo
histórico que abre em nossas mentes uma grande
interrogação.

Este período compreende os eventos que


desenrolaram entre o fim do Antigo Testamento e
o início do Novo Testamento. As datas mais
precisas ou aproximadas são de 424 a.C. até o
ano 5 a.C.

Afinal, ocorreram quatro longos séculos, o


mundo não dormiu no final do Livro de Malaquias
e acordou de repente no início do Evangelho de
Mateus!

Os judeus, como sendo remanescente do


Povo de Israel, foram subjugados pelas potencias
estrangeiras, primeiro os persas, depois os gregos
e finalmente os romanos. Passaram por uma fase
muito difícil, porque no meio de tantas
dificuldades eles não tiveram profetas para dar as
orientações precisas, as instruções necessárias e a
condução segura. Neste período, eles ficaram
como ovelhas sem um pastor.

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Mesmo assim, sendo os guardiões dos


livros sagrados, possuíam todas as instruções
divinas apropriadas para cada situação e
circunstancias. Contudo, quando estavam diante
das grandes adversidades, um grupo fiel deste
povo manteve a fidelidade nos relatos sagradas e
a crença que Deus enviaria um messias, de acordo
com as profecias, que deveria vir como grande e
poderoso rei libertador e vingar todo o tipo de
atrocidades que eles haviam sofrido e suportado
neste longo período.

Estes quatrocentos anos foram deveras


importantes e porque não dizer, cruciais para que
o curso natural da história do mundo e dos judeus
tivesse uma continuidade e um desfecho favorável
até o nascimento de Jesus.

Todavia, não houve uma calmaria ao longo


destes anos neste cenário que compreendeu o
cotidiano da vida na Palestina, nem tampouco os
judeus foram agraciados com um período de paz
duradouro, pelo contrário, atravessaram tempos
difíceis intermeados com períodos de relativa
calma com momentos terríveis nos quais foram
perseguidos e até deportados.

Estes acontecimentos que tiveram seu


principal palco a Palestina, ainda o impacto
marcante do retorno do cativeiro babilônico com a
reconstrução de Jerusalém, de suas muralhas e o
templo do Senhor, foram determinantes e

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moldaram uma e nova e distinta etapa na história


deste povo.

Logo após a chegada do cativeiro babilônico,


apesar dos judeus terem a importante tutela dos
persas que promoveram o seu retorno sob o
patrocínio de Ciro o Grande,1 para que se
cumprissem as profecias. Notamos que este
retorno era parte do grande plano divino para
preparar o nascimento do Messias.

Este povo enfrentou uma enorme


dificuldade em se readaptarem a sua terra que já
não lhe pertenciam mais, agora a Judeia havia se
transformado numa simples província persa, que
deixara os judeus sem liberdade politica e
econômica, apenas gozavam do direito de se
instalarem, cumprir as leis dos seus dominadores.

Entretanto, tinham todos os direitos


religiosos preservados e assegurados pelas leis

1
- Temos dois textos bíblicos que registram as profecias que
prediziam a atuação de Ciro Reis da Persa como patrocinador do
retorno dos judeus e da reconstrução de Jerusalém. “Que digo de
Ciro: É meu pastor, e cumprirá tudo o que me apraz, dizendo
também a Jerusalém: Tu serás edificada; e ao templo: Tu serás
fundado. Isaías 44:28. No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia (para
que se cumprisse a palavra do SENHOR, pela boca de Jeremias),
despertou o SENHOR o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez
passar pregão por todo o seu reino, como também por escrito,
dizendo: Esdras 1:1”

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dos persas, coisa que em outras épocas não lhe


foram permitidos.

Nestes tempos difíceis logo após o retorno,


as dificuldades foram acrescidas com a oposição
dos samaritanos, além da dispersão de muitos dos
judeus, como resultado do cativeiro babilônico,
dos quais a grande maioria não conseguira
retornar por vários motivos, devido a isso estavam
vivendo em outras nações e partes do mundo
conhecido.

Esta dispersão acarretou outras influencias


entre o povo judeu que estavam longe da
Palestina, entre estas estava, a assimilação de
novos costumes, outras línguas, que trouxeram
vários problemas para a preservação da unidade
do povo para que então, permanecessem fiéis aos
mesmos princípios religiosos.

Com a reconstrução do templo houve o


fortalecimento desta unidade em torno da mesma
fé. Esta regra de obediência e fidelidade em um
único Deus, somada a observância das leis e de
todas as regras estabelecidas, mais a esperança
em torno da vinda de um messias era a essência e
a viga mestra da nova ordem judaica.

Após a superação de muitas dificuldades, a


vida entrou numa rotina na sua readaptação na
Palestina debaixo das mãos dos dominadores,
novos costumes foram incorporados; criaram-se
novas ordens religiosas, entre elas estavam em

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destaque os fariseus, os saduceus e mais tarde


surgiram os zelotes.

Entretanto, com o passar dos anos, ocorreu


gradualmente o enfraquecimento e a queda
gradual do poderoso império persa, levantou se
uma nova potencia com um novo domínio, eram
os gregos que tomaram o poder.

Por breve tempo, houve certa tolerância,


porém com a morte prematura de Alexandre o
Grande, resultou na divisão do grande império, os
judeus sofreram também estas mudanças;
atravessou um período tenebroso, primeiro com os
ptolomeus seus novos dominadores, depois vieram
os selêucidas também gregos, mas intolerantes e
intransigentes com os dominados, impuseram aos
judeus os mais cruéis tratamentos e severos
castigos.

As guerras, as lutas, as perseguições, o


sofrimento, as incertezas, a morte, as deportações
foram cruéis com os judeus.

É neste período crucial desta história entre


os dois testamentos que surgem os Macabeus,
uma família de linhagem sacerdotal que pelas
circunstancias adversas transformaram se em
heróis que auxiliaram esta nação a atravessar esta
fase tão delicada que pôs em risco até a existência
deste povo.

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Grandes barbaridades e terríveis crueldades,


verdadeiras atrocidades foram praticadas pelos
selêucidas contra os judeus, que chegou ao limite
de proibir suas práticas religiosas, os relatos nos
dois livros de Macabeus2 nos dão uma ideia destes
acontecimentos.

2
- Os Livros dos Macabeus estão na versão da Bíblia Vulgata Latina,
são livros apócrifos, não inspirados, mas apresenta um valor histórico
e nos ajuda a entender os acontecimentos neste período difícil da
existência do povo judeu.

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2 - A IMPORTÂNCIA DO RETORNO DOS


JUDEUS DO CATIVEIRO BABILÔNICO

Ao reportarmos sobre esta ocorrência de


grande dimensão e significado, não poderíamos
deixar de citar nesta obra esta personagem norte
americana, que se destacou pelo seu trabalho
realizado como educadora e também sobre as
suas considerações e referencias que abordam de
maneira sábia e oportuna a saga dos judeus no
seu retorno do cativeiro babilônico.

Mary Ellen Chase - foi uma das mais


importantes escritoras cristãs americanas e
educadora do seu tempo, respeitada e admirada
pelo seu trabalho, escreveu e publicou mais de 30
livros. Como cientista e educadora, numa de suas
importantes afirmações em 1926, declarou que “a
humanidade de hoje deve a estes judeus como
destemidos e intrépidos, que enfrentaram todo o
tipo de adversidade para retornarem do cativeiro
babilônico à Jerusalém”.

Sendo eles os judeus fiéis guardiões das


Escrituras Sagradas, portanto, a existência e a
divulgação deste livro, trouxe uma crença num
único e verdadeiro Deus, um cristianismo, uma
esperança e a formação de uma cultura ocidental,
como referenciais pautados e fundamentados na
ética e moral.

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Complementando estas afirmações sobre


este marcante acontecimento como parte dos
cumprimentos das profecias e também do grande
plano divino para redenção da humanidade.

Mary Ellen Chase


24 de fevereiro de 1887 a julho de 1973

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3 - A IMPORTANCIA DO PERÍODO ENTRE OS


DOIS TESTAMENTOS

Entre o final do Antigo Testamento e o


início do Novo Testamento há uma lacuna de 400
anos sem a manifestação de um profeta de Deus.
Durante esse longo período ocorreu eventos
marcantes, guerras e o surgimento de diversos
grupos que estão presentes nas páginas do Novo
Testamento. Qual a característica desses grupos?
O que idealizavam? Nesse artigo procuramos
destacar, no formato esboço, uma coletânea de
eventos ocorridos entre o Período Persa, Período
Grego e o Período Romano, os quais envolveram a
nação do povo de Israel, os judeus.

Este importante período histórico, entre os


Testamentos, de define como uma longa etapa
histórica recheada de eventos significativos. Os
estudiosos deparam com algumas dificuldades
para encontrar as fontes de informações extra
bíblicas.

Por isso, muitos são as razões e motivos


históricos, que justificam esta busca, como uma
forma de explicar os resultados de quatro séculos
de existência que atravessou o povo judeu: A
seguir temos uma relação destes motivos e
razões:

1 - "Razões Históricas" que explicam os


acontecimentos "de fundo" do Novo Testamento.;

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2 - "Razões Culturais" que explicam a


origem e desenvolvimento dos costumes,
instituições e vida espiritual do povo judaico do
período do NT;

3 - "Razões Messiânicas" que demonstram


como Deus preparou o mundo para o Seu
Advento.

As Divisões do Período Inter bíblico

Entre as datas marcadas para este estudo,


muitos eventos passaram que não teremos
oportunidade de reconhecer.

Estamos assinalando e dando uma atenção


especial ao fim do Antigo Testamento, este
período em que os judeus estiveram dominados
pelas potencias estrangeiras, destacando em
especial, entre estes, o tempo de Alexandre, as
"Guerras dos Macabeus" e Herodes. Estas são a
seguir, as divisões deste período histórico:

1. Período da dominação persa (536-331);


2. Período do domínio grego (331-167);
a-Período Grego – Alexandre “O Grande”
(331-323);
b-Período Egípcio - Ptolomeus (323-198);
c-Período Sírio – Selêceucidas (198-167);
3. Período dos Macabeus (167-63);
4. Período da dominação romana (63-5).

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

4 - OS PERSAS DOMINADORES E PARCEIROS


DOS JUDEUS

Apesar de tudo, podia se notar que as


profecias bíblicas estavam se cumprindo, o retorno
dos judeus à Jerusalém, a retomada ainda que de
forma precária de suas propriedades, com a
restauração das muralhas e a reconstrução do
templo, foram vitais para dar uma base de
sustentação nesta árdua tarefa de reiniciar a vida
na Judéia subjugada.

Eram os sinais visíveis de que Deus estava


conduzindo tudo isto e que o grande plano de
Deus preparando o mundo para o nascimento do
Messias estava sendo conduzido.

Entretanto, os persas, apesar de serem os


dominadores, foram parcimoniosos, complacentes
e até parceiros judeus nesta tarefa de manter a
unidade religiosa em torno dos princípios
sagrados.

Neste período pouco se sabe a respeito dos


acontecimentos, mas é importante registrar
algumas descobertas arqueológicas que estão
inseridas neste trabalho, que nos forneceram uma
ideia mais concreta desta situação e nos dão
algumas respostas pertinentes a estas questões.

Os persas não só permitiram, mas também


apoiaram os líderes judeus, para que impusessem

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

a obrigatoriedade da obediência de suas leis, tanto


foi assim que os relatos confirmam no livro de
Esdras 7: 23 a 26.3

Complementando estas afirmações em 1905


nas escavações arqueológicas realizadas em
Elefantina, uma ilha do Nilo junto à primeira
catarata, nas proximidades da represa de Assuã,
ocorreu uma surpreendente descoberta.

Neste local foram achados três documentos


em papiros, escritos em aramaico datados de 419
ªC, um deles era uma carta pascal de Dario II, na
qual havia instruções sobre a maneira de celebrar
3
- 23-Tudo quanto se ordenar, segundo o mandado do Deus do céu,
prontamente se faça para a casa do Deus dos céus; pois, para que
haveria grande ira sobre o reino do rei e de seus filhos? 24- Também
vos fazemos saber acerca de todos os sacerdotes e levitas, cantores,
porteiros, servidores do templo e ministros desta casa de Deus, que
não será lícito impor-lhes, nem tributo, nem contribuição, nem
renda.25-E tu, Esdras, conforme a sabedoria do teu Deus, que possuis,
nomeia magistrados e juízes, que julguem a todo o povo que está
dalém do rio, a todos os que sabem as leis do teu Deus; e ao que não
as sabe, lhe ensinarás. 26-E todo aquele que não observar a lei do teu
Deus e a lei do rei, seja julgado prontamente; quer seja morte, quer
desterro, quer multa sobre os seus bens, quer prisão. 27 - Bendito seja
o SENHOR Deus de nossos pais, que tal inspirou ao coração do rei,
para ornar a casa do SENHOR, que está em Jerusalém. 28 - E que
estendeu para mim a sua benignidade perante o rei e os seus
conselheiros e todos os príncipes poderosos do rei. Assim me animei,
segundo a mão do SENHOR meu Deus sobre mim, e ajuntei dentre
Israel alguns chefes para subirem comigo. Esdras 7:23-28

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

corretamente a festa da Páscoa, assinada por


Hananja, encarregado dos assuntos judeus na
corte do governador persa no Egito.

Sobre a comunidade judaica que se


estabeleceu nesta ilha, formada principalmente
por soldados mercenários judeus que haviam
fugido de Jerusalém após a invasão dos caldeus.
Estes judeus chegaram a construir um templo em
Elefantina, chegaram até oferecer sacrifícios e
concederam as mulheres um nível maior de
liberdade. Este templo foi destruído pelos próprios
judeus obedecendo às ordens do sumo sacerdote
em Jerusalém assim que chegou ao seu
conhecimento.

Esta determinação foi cumprida com o apoio


das autoridades persas, era uma espécie de
corretivo, para que toda a adoração à Deus
deveria ser em um único templo, aquele que esta
em Jerusalém, entretanto foram permitidas a
implantação das sinagogas que foram construídas
nas cidades que haviam um considerável grupo de
judeus.

Os privilégios dos judeus se estenderam


pela grande extensão do império persa,
consolidado até quase o final desta supremacia,
com o casamento do rei Assuero (Xerxes) com
uma linda jovem judia, a rainha Ester.

Esta notável monarca judia deixou uma


interessante história do seu povo no exílio,

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

registrada no livro que recebeu o nome da rainha


que é de autoria judaica desconhecida, escrito
possivelmente no século IV a.C. na cidade de
Susã, local em que os judeus permaneceram
numa considerável tranquilidade em sua colônia
até a queda de império persa por volta de 331 ªC.
até a conquista de Alexandre O Grande.4

5 - AS INFLUÊNCIAS DE ALEXANDRE E A
CULTURA GREGA

Com as conquistas de Alexandre, as


influências da cultura grega se espalharam em
quase todo o mundo conhecido, do qual havia sido
subjugado, sendo assim de grande abrangência.

Além do alto nível de conhecimento


filosófico, os gregos dominavam uma avançada
tecnologia na arte e na arquitetura. Por isso, estas
influências foram bem marcantes por toda a
extensão territorial em que eles permaneceram.

Nestas áreas dominadas estabeleceu


centros de comércio e cultura, que se intensificou
em toda a extensão do seu império;

Com a imposição da cultura grega, e a


assimilação pelos povos dominados, as

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- SILVA, Ezequiel Camilo da. ARQUEOLOGIA BÍBLICA – As
Grandes Descobertas. Editora Bubok, Portugal. 2011.

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

superstições que faziam parte das crenças


orientais, cederam à liberdade do pensamento
grego, na filosofia, arquitetura, seus deuses,
religiosidade, atletismo (primeira olímpiada em
776 a.C).

Surgiram as bibliotecas e universidades em


Alexandria e Tarso como em outros lugares.
Preparou-se assim o campo para que nos gregos
impusessem uma religião universal.

Por outro lado com o incremento dessa


cultura, foi de grande importância a disseminação
da língua grega, criando a possibilidade da
pregação do evangelho fazendo uso de uma língua
universal e a criação de uma Bíblia legível neste
idioma, abrangendo toda a extensão da bacia do
Mediterrâneo. Este avassalador domínio grego
propiciou a realização das grandes obras da
antiguidade.

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

6 - A CIDADE DE ALEXANDRIA NA
ANTIGUIDADE

Em 332 a.C., o Egito estava sob domínio


persa. Nesse mesmo ano, Alexandre, o Grande
entrou triunfalmente como vencedor do rei persa
Dario III e os egípcios aceitaram-no, aclamando-o
como libertador.

Um dos motivos que provocou esta efusiva


acolhida foi com certeza a considerável colônia de
gregos que haviam se instalados há muitos anos
antes. Estas colônias gregas estavam de certa
forma incorporada à sociedade egípcia, portanto,
os gregos não eram mais considerados como
estrangeiros.

Apenas um ano após a chegada de Alexandre


a cidade que levaria o seu nome foi fundada num
local privilegiado no delta do Nilo, a partir de um
antigo povoado chamado Rakotis habitado por
pescadores.

A escolha deste local foi muito afortunada,


pois estava ao abrigo das variações que o rio Nilo
apresentava, e, por outro lado, suficientemente
perto do rio para que se pudesse chegar através
das suas águas às mercadorias destinadas ao
porto, através de um canal que unia o rio com o
lago Mareotis e o porto.

Este local que foi escolhido estava em frente


a uma ilha chamada Faros, que com o tempo e as

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

múltiplas melhorias que se fariam ficaria unida por


um longo dique à cidade de Alexandre.

O arquiteto que realizou esta obra chamava-


se Dinócrates de Rodes. O dique tinha um
comprimento de sete estádios (185 m é a medida
de um estádio), pelo que se lhe chamou
Heptastadio (Επταστάδιο).

A construção do dique formou dois portos,


de ambos os lados: o Grande Porto, a leste, o
mais importante; e o Porto do Bom Regresso
(Εύνοστος), a oeste, que é o que ainda hoje se
usa.

Nos amplos cais do Grande Porto atracavam


barcos que navegavam pelo mar Mediterrâneo e
as costas do oceano Atlântico. Traziam
mercadorias que se empilhavam nos cais: lingotes
de bronze da Hispânia, além de barras de estanho
da Bretanha, algodão das Índias, sedas da China.

O famoso farol construído na ilha de Faros


por Sostral de Cnido, em 280 a. C., dispunha no
alto do seu topo uma grande chama um fogo
permanentemente alimentado que guiava os
navegantes, até o ano de 1340, quando foi
destruído.

O arquiteto Dinócrates preparou e planejou


o traçado da cidade e fez segundo um plano
hipodâmico, sistema que vinha utilizando desde o
século V a.C., era composto de uma grande

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

praça, uma rua maior com trinta metros de


largura e seis quilômetros de comprimento que
atravessava a cidade, com ruas paralelas e
perpendiculares, cruzando-se sempre em ângulo
reto.

Seu planejamento urbano era constituído


por bairros com traçados compostos por quadras.
As ruas tinham condutores para facilitar o
escoamento das águas de chuva para evitar a
inundações.

Administrativamente a cidade era dividida


em cinco distritos, cada um dos quais tinha como
nome uma das cinco primeiras letras do alfabeto
grego.

Quando Alexandre saiu do Egito para


continuar as suas lutas contra os persas deixou
como administrador de Alexandria Cleómenes de
Naucratis.

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Uma ilustração do Farol de Alexandria disponível


na Internet

Desde sua fundação a Cidade de Alexandria


transformou se na mais rica e opulenta cidade do
seu tempo no mundo.

Os Ptolomeus construíram um palácio de


mármore com um grande jardim no qual havia
fontes e estátuas. Do outro lado desse jardim
havia outro edifício construído em mármore a que
se chamava Museu.

Foi uma inovação do rei Ptolomeu I ―Sóter‖


e nele se reunia toda a cultura da época. O museu
tinha uma grande biblioteca. Perto deste edifício

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

erguia-se o templo de Serápis, a nova divindade


greco-egípcia.

Na parte central da cidade encontravam-se


a Assembleia, as praças, os mercados, as
basílicas, os banhos, os ginásios, os estádios e
demais edifícios públicos necessários para os
costumes da época.

Os habitantes desta magnífica cidade eram


na sua maioria gregos de todas as procedências.
Alexandria transformou se no esplendor da cultura
grega em pleno Egito.

Também havia uma colônia judaica que


tornou tão numerosa, que chegou a haver mais
judeus em Alexandria do que na própria cidade de
Jerusalém. Enquanto que um bairro egípcio, de
pescadores, era o mais pobre e abandonado da
grande metrópole. De imediato a cidade de
Alexandria se converteu no centro mundial da
cultura grega na época helenística e contribuiu
para promover a helenização do resto do país de
tal maneira que quando os romanos conquistaram
este país, todo o Egito era bilíngue.

Somente a arte e a arquitetura


permaneceram como as áreas genuinamente
egípcias. Tão importante, que chegou pela sua
grandiosidade a chamarem de Alexandria ad
Aegyptum, ou seja, "Alexandria que está perto do
Egito", perdendo importância o resto do país.

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

7 - A BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA

A Biblioteca Real de Alexandria ou Antiga


Biblioteca de Alexandria foi uma das maiores
bibliotecas do mundo antigo. Ela floresceu sob o
patrocínio da dinastia ptolemaica e existiu até a
Idade Média, quando foi totalmente destruída por
um incêndio casual.

Acredita-se que a biblioteca foi fundada no


início do século III a.C., concebida e aberta
durante o reinado do faraó Ptolemeu I Sóter ou

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

durante o de seu filho Ptolomeu II. Plutarco nas


suas obras fez referencias a esta biblioteca.5

Durante sua visita a Alexandria em 48 a.C.,


Júlio César queimou acidentalmente a biblioteca
quando ele incendiou seus próprios navios para
frustrar a tentativa de Achillas de limitar a sua
capacidade de comunicação por via marítima. De
acordo com Plutarco, o incêndio se espalhou para
as docas e daí à biblioteca.

No entanto, esta versão dos


acontecimentos não é confirmada na

5
- Plutarco de Queroneia (46 a 126 d.C.), filósofo e prosador grego do
período greco-romano, estudou na Academia de Atenas (fundada por
Platão). Ele foi um discípulo de Ammonius de Lamprae, um filósofo
peripatético com profundo conhecimento de religião. Viajou pela Ásia
e Egito, viveu em Roma e foi sacerdote de Apolo em Delfos em 95
d.C. O seu enorme prestígio valeu-lhe deter direitos de cidadão em
Delfos, Atenas e mesmo em Roma (Mestrius Plutarchus). A sua ética
baseia-se na convicção de que para alcançar a felicidade e a paz, é
preciso controlar os impulsos das paixões. Escreveu sobre Platão,
sobre os estóicos e os epicuristas, e estudou a inteligência dos animais
comparando-a à dos humanos. É dele um pequeno ensaio, onde expõe
a habilidade no uso da astúcia com ética, Como tirar proveito do
inimigo. Segundo a tradição, Plutarco escreveu mais de 200 livros.
Chegaram até nós cerca de 50 biografias de gregos (entre elas a "Vida
de Licurgo") e romanos ilustres em que ambas são comparadas,
conhecidas como as Vidas Paralelas e dezenas de outros escritos sobre
os mais variados tópicos, designadas genericamente por Obras Morais
("Moralia"), sobre Filosofia, Religião, Moral, Crítica literária e
Pedagogia.

30
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

contemporaneidade. Atualmente, tem sido


estabelecido que a biblioteca, ou pelo menos
segmentos de sua coleção, foram destruídos em
várias ocasiões, antes e após o século I a.C..

Fragmento da Septuaginta, traduzida do hebraico


para o grego koiné, entre os séculos III a.C. e I
a.C. em Alexandria.

Considera-se que tenha sido fundada no


início do século III a.C., durante o reinado de
Ptolomeu II, após seu pai ter construído o Templo
das Musas (Museum). É atribuída a Demétrio de
Faleros sua organização inicial. Uma nova

31
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

biblioteca foi inaugurada em 2002, próximo ao


sítio da antiga.

Complementando os relatos sobre as


aventuras de Júlio Cesar em Alexandria. Conta-se
que num destes incêndios da histórica biblioteca
foi provocado por César. Em caçada a Pompeu, o
seu inimigo de Triunvirato (formado por Pompeu,
Crasso e ele), César deparou-se com a cidade de
Alexandria, governada na época por Ptolomeu XII,
irmão de Cleópatra.

Pompeu foi decapitado por um dos tutores


do jovem Ptolomeu, e sua cabeça foi entregue a
César juntamente com o seu anel. Diz-se que ao
ver a cabeça do inimigo César pôs-se a chorar.

A narrativa prossegue afirmando que ao


apaixonar-se perdidamente por Cleópatra, César
conseguiu colocá-la no poder através da força. Os
tutores do jovem faraó foram mortos, mas um
conseguiu escapar.

Temendo que o homem pudesse fugir de


navio mandou incendiar todos, inclusive os seus.
Como decorrência desta estúpida iniciativa, o
incêndio alastrou-se e atingiu uma parte da
famosa biblioteca.

A instituição da antiga biblioteca de


Alexandria tinha como o principal objetivo
preservar e divulgar a cultura grega e do mundo
conhecido. Continha livros que foram levados de

32
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Atenas. Existiram também matemáticos ligados à


biblioteca, como por exemplo, Euclides de
Alexandria. Ela se tornou um grande centro de
comércio e fabricação de papiros.

De fato, existiram duas grandes Bibliotecas


de Alexandria. A Biblioteca Mãe e a Filha. De início
a Filha era usada apenas como complemento da
primeira, mas com o incêndio acidental (por Júlio
César), no século I, da Biblioteca Mãe, a Filha
ganhou uma nova importância.

Os sábios viam de todo o mundo para


Alexandria e debatiam os mais variados temas.
Em 272 d.C., durante a guerra entre o imperador
Aureliano e a rainha Zenóbia,6 a Biblioteca Filha,
foi provavelmente destruída, quando as legiões de
Aureliano tomaram a cidade de assalto.

A lista dos grandes pensadores que


frequentaram a biblioteca e o museu de
Alexandria inclui nomes de grandes gênios do
passado. Importantes obras sobre geometria,
trigonometria e astronomia, bem como sobre
idiomas, literatura e medicina, são creditados a
eruditos de Alexandria.

6
- Zenóbia (Tibur - hoje Tívoli -, 274), foi uma rainha de Palmira
(Síria). Depois da morte do marido (Odenato), reinou em nome do
filho (Vabalato) e fez de Palmira uma brilhante capital no Oriente
Médio. Foi vencida e reduzida ao cativeiro, pelo imperador romano
Aureliano (273).

33
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Segundo a tradição, foi ali que 72 eruditos


judeus traduziram as Escrituras Hebraicas para o
grego, produzindo assim a famosa Septuaginta.

Os grandes nomes da Alexandria antiga

Euclides: matemático do século IV a.C.. O


pai da geometria e o pioneiro no estudo da óptica.
Sua obra Os Elementos foi usada como padrão da
geometria até o século XIX.

Aristarco de Samos: astrônomo do século


III a.C.. O primeiro a presumir que os planetas
giram em torno do Sol. Usou a trigonometria na
tentativa de calcular a distância do Sol e da Lua, e
o tamanho deles.

Arquimedes: matemático e inventor do


século III a.C.. Realizou diversas descobertas e fez
os primeiros esforços científicos para determinar o
valor do pi (π).

Calímaco (c. 305–c. 240 a.C.): poeta e


bibliotecário grego, compilou o primeiro catálogo
da Biblioteca de Alexandria, um marco na história
do controle bibliográfico, o que possibilitou a
criação da relação oficial (cânon) da literatura
grega clássica. Seu catálogo ocupava 120 rolos de
papiro.

Eratóstenes: polímata (conhecedor de


muitas ciências) e um dos primeiros bibliotecários

34
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

de Alexandria, do terceiro século a.C.. Calculou a


circunferência da Terra com razoável exatidão.

Galeno: médico do século II d.C.. Seus 15


livros sobre a ciência da medicina tornaram-se
padrão por mais de 12 séculos.

Hipátia: astrônoma, matemática e filósofa


do século III d.C.. Uma das maiores matemáticas,
diretora da Biblioteca de Alexandria; por ser pagã,
foi assassinada durante um motim de cristãos.

Herófilo: médico, considerado o fundador


do método científico, o primeiro a sugerir que a
inteligência e as emoções faziam parte do cérebro
e não do coração.

Ptolomeu: astrônomo do século II d.C.. Os


escritos geográficos e astronômicos eram aceitos
como padrão.

35
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

8 - A DESTRUIÇÃO DA BIBLIOTECA DE
ALEXANDRIA

A destruição da biblioteca é um lamentável


evento que divide os historiadores pelo menos
desde o século XVIII. Há uma versão que é mais
comum e mais citada pelos historiadores, pelo
menos entre os apreciadores da história antiga, é
a de que a biblioteca foi destruída por ordem de
Amr ibn al-As,7 governador provincial do Egito em
nome do califa Rashidun Omar ibn al-Khattab,
pouco depois da conquista do Egito comandada
por Amr em 642, mas desde o século XVIII que
diversos estudiosos questionam a veracidade
dessa versão da história.

Foi um período difícil para a cultura ocidental


que esteve ameaçada pelo surgimento do
islamismo, que por sua vez impôs aos vencidos
uma nova ordem política e religiosa e um
fanatismo que dominou e transformou uma
considerável parte do mundo conhecido.

7
- Amr ibn al-` Como 'Amru ibn al-'As; c. 573 - 06 de janeiro, 664)
foi um Árabe militar comandante que foi mais conhecido por liderar a
conquista muçulmana do Egito em 640. Um contemporâneo de
Maomé, e um dos Sahaba ("Companheiros"), que subiu rapidamente
na hierarquia muçulmana após sua conversão ao Islam no ano 8 AH
(629). Ele fundou a egípcia capital da Fustat , e construiu a Mesquita
de Amr ibn al-As no seu centro - a primeira mesquita no continente da
África.

36
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

9 - OS MACABEUS – O MUNDO GREGO – A


SEPTUAGINTA

Por dois séculos, sob o domínio e a


tolerância dos persas, os judeus puderam se
refazer, fortalecendo se em torno da unidade
religiosa no templo restaurado, embora bem
aquém do outrora e glorioso templo construído por
Salomão, agora, para alguns que já de idade
avançada, recordavam a glória do majestoso e
magnífico templo construído pelo Rei Salomão, via
somente que o novo templo, não passava de
apenas uma caricatura do anterior.

Entretanto, o templo passou a representar


um grande símbolo e o emblema maior da fé
judaica. Aglutinava e acolhia os judeus vindos de
várias partes do mundo conhecido.

Os serviços foram novamente restaurados,


anualmente judeus peregrinos de outras partes
afluíam para as festas e cerimônias,
principalmente na época da Páscoa.

Havia uma determinação que deveria ser


cumprida ao pé letra, consistia numa regra de fé e
sobrevivência da unidade judaica, que
praticamente obrigava a todos os judeus, não
importando onde ou qual lugar estivesse
estabelecido no mundo conhecido.

37
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

O importante era que tinham que


comparecer ao menos uma vez ao templo em cada
ano, sob o risco de não serem mais reconhecidos
como participante deste povo ou de serem
banidos.

Este período somado mais os anos do


cativeiro foram propícios para a compilação e
transcrição dos seus livros sagrados escritos no
antigo hebraico e traduzidos para o aramaico, que
resultou posteriormente na composição das
Escrituras Sagradas, mas para chegar até lá,
muita coisa aconteceu.

O aramaico se tornou a língua comum e


popular entre os vários povos e grupos étnicos que
habitavam as províncias da palestina subjugada.

Ainda no século IV ªC.; iniciava a influência


da cultura grega e começava a tomar corpo e
ocupar espaços entre os judeus, já era percebida
nos principais centros comerciais e aos poucos a
sua língua se tornava conhecida.

Além disso, as influencias dos costumes


sociais e nas práticas esportivas com o culto ao
físico atraíram muitos judeus a participarem deste
novo estilo de vida.

O poderoso império persa dava sinais de


decadência e enfraquecimento com a
independência de suas províncias mais
importantes, uma delas foi o Egito.

38
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Os gregos de forma avassaladora a partir do


mar e por terra iniciaram um período de intensas
guerras contra os persas, em várias batalhas, os
persas se enfraqueceram e perderam aos poucos
seus domínios, seus territórios e sua hegemonia.

Entrou em cena, na Macedônia um grande


líder militar, dotada de uma inteligência para as
artes militares até então inigualável, jovem
macedônio, temível guerreiro e conquistador
chamado Alexandre, que comandando um
poderoso e bem treinado exército com suas
falanges, em guerras relâmpagos conseguiu tornar
o senhor de todas as cidades gregas.

Unificou toda a Grécia, sob o seu domínio,


senhor pleno do poder, adotando novas táticas
militares, com sua engenhosidade, equipado com
grandes máquinas mortíferas de guerra.

Seus exércitos construíram torres de assalto


de até cinquenta metros de altura, com vinte
andares, quando colocadas ao lado das muralhas
inimigas, permitia que o seus soldados, arqueiros
e lanceiros, atingissem com facilidade seus alvos e
punham abaixo toda a resistência da cidade
atacada.

Usando estes fantásticos aparatos bélicos,


expandiu suas conquistas para além das fronteiras
gregas. As grandes cidades, que eram bem

39
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

protegidas e guardadas por poderosas forças


militares não resistiram.

Depois de sete cercos, conseguem infligir


uma pesada derrota aos fenícios e destruir a até
então a toda poderosa e inexpugnável cidade
fortaleza de Tiro.

Alexandre comandou seus vitoriosos


exércitos percorrendo longas distancias, era
temível perante seus inimigos. Enfrentou em duras
e sangrentas batalhas, infligindo pesadas derrotas
aos grandes numerosos exércitos persas.

Consolidou o seu domínio, conquistando


finalmente o Egito em 332 e 331, cuja população
recebeu e foi aclamado um herói libertador. Em
poucos anos era senhor do mundo conhecido.

No ponto mais saliente do delta do Nilo


junto ao litoral do Mediterrâneo, fundou em sua
própria homenagem a cidade de Alexandria,8 não
havia mais nada pra conquistar.

Dez anos depois quando Alexandre


regressava para Babilônia de uma campanha
militar da distante Índia contraiu uma doença,
cuja enfermidade o levou à morte.

8
- Em poucos anos a cidade de Alexandria transformou na principal e
mais importante cidade do mundo do seu tempo.

40
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Nesta que foi a gloriosa cidade, agora era o


palco que presenciava o fim de sua breve vida que
chegou ao fim em 13 de junho de 323 ªC, após
contrair uma misteriosa febre que até os dias
atuais é ainda motivo de polêmica, morreu aos 33
anos, Alexandre o Grande.

Seu imenso império abrangia todos os


povos e nações daquele mundo conhecido,
estendia desde o Egito, Grécia até as
proximidades do Himalaia.

Após sua morte seus principais generais


entraram em confronto e o grande reino foi
fragmentado. Ptolomeu um dos seus principais
líderes militares manteve sob o seu poder o Egito
e a Palestina.9

Naquela ocasião, nos primeiro anos de seu


governo, a Judéia estava com uma
superpovoação, então Ptolomeu autorizou a
imigração em massa daquela província para o
Egito, ocorreu que Alexandria recebeu uma grande
quantidade de judeus e tornou o maior centro
judaico fora de Jerusalém.

Segundo o historiador judeu Josefo, o que


houve na realidade foi uma grande deportação em
massa de judeus, ocorrida em pleno sábado
9
- O general Ptolomeu assume o governo do Egito como Faraó e dá
inicio a uma longa dinastia grega no comando do Egito acerca de três
séculos.

41
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

aproveitando o descanso do dia sagrado, esta


versão parece verdadeira, pois fazia parte desta
deportação até um sacerdote chamado Ezequias
que era tesoureiro do templo.

Os textos em manuscritos em aramaico foram


traduzidos para o grego.

42
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

A SEPTUAGINTA - No reinado de
Philadelpho rei do Egito, intitulado Faraó Ptolomeu
II (285-246), por sua iniciativa pacífica, segundo a
tradição que registra, ele fez um pedido ao sumo
sacerdote de Jerusalém, para que desse uma
autorização para a tradução dos livros sagrados
judaicos, escritos em aramaico para o grego.

O Rei Ptolomeu II nesta tarefa com o


objetivo de incrementar a cultura no seu reino
empenhou se em montar uma grande biblioteca,
que mais tarde se tornaria a lendária biblioteca de
Alexandria com as obras contendo a cultura
literária de todas as nações do mundo conhecido.

Ocorreu que o sumo sacerdote autorizou


com a condição de nomear uma grande comitiva
formada por setenta e dois sábios escribas, que se
dirigiram a Alexandria e passaram vários meses
internos num grande palácio, em quartos
individuais, realizando a tradução desses livros do
aramaico para o grego.

Ao cabo de vários meses quando chegaram


ao término desta grande missão, eles fizeram uma
confrontação entre os resultados obtidos nesta
enorme tarefa, a conclusão foi que todos
chegaram ao um mesmo resultado comum, isto é
todas as setenta e duas traduções estavam
absolutamente iguais!

Milagre? Tudo indica que sim, Deus tinha


um propósito de revelar sua palavra ao mundo

43
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

conhecido daquela época, e para que este objetivo


fosse atingido, estava pronta a tradução das
Sagradas Escrituras10 para o grego, exatamente o
Velho Testamento da Bíblia, da mesma Bíblia que
estudamos hoje, que inicia no Livro de Gênesis até
ao livro profético de Malaquias.

Naquele período o idioma mais popular e


mais falado e escrito já era o grego.

10
- Esta era a Bíblia da época de Cristo quando ele deu a seguinte
instrução: João 5:39 ―Examinai as Escrituras porque cuidais ter nelas a
vida eterna e são elas que de mim testificam‖. Paulo também
recomendou na Epístola de II Timóteo 3:16 Toda Escritura é
divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para
corrigir, para instruir em justiça‖.

44
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

10 - RESUMO CRONOLÓGICO – “REVOLTA


DOS MACABEUS”

Um dos personagens que marcou bem a vida


dos judeus foi Antíoco Epifânio.

Antíoco significa "Opositor" (grego). Foi este


o nome de treze reis da "Dinastia Selêucida".
Estabeleceram-se após a morte de Alexandre, o
Grande, em 323 a.C.

OS REIS

1. Antíoco I ―Soter‖ - (324 a 261);


2. Antíoco II ―Theos‖ - (286 a 246);
3. Antíoco III ―O Grande‖ - (242 a 187);
4. Antíoco IV ―Epifânio‖ - (170 a 169);
5. Antíoco V ―Eupator‖ - (173 a 162).

Eventos Relacionados com Alexandre e com


Antíoco

1. Após a morte de Alexandre, ocorreram as lutas,


guerras e disputas militares pelo controle do
império;

2. Em 301 a.C, na batalha de Ipso, a divisão se


definiu efetuando-se em quatro partes;

45
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

3. O Egito e a Palestina ficaram com Ptolomeu


Soter (Lagos) e a Síria do Norte e Ásia Menor com
Seleuco;

4. Os Ptolomeus dominaram a Palestina até 198


quando os sírios com Seleuco anexaram a Terra
Santa ao seu domínio;

5. Antíoco III, o Grande, que conquistou a


Palestina, morreu e cedeu lugar a seu filho,
Seleuco Filopater (187–175) que foi envenenado,
abrindo caminho para a sucessão de seu irmão
Antíoco Epifânio (IV).

Os Atos de Antíoco Epifânio (175–164)

1. Epifânio (nome que deu a si mesmo) significa


―deus manifesto‖;

2. O sumo sacerdote, Onias III, liderou os


nacionalistas; Jasom, seu irmão dirigiu os
helenistas.11 Jasom ofereceu grande soma de
dinheiro a Antíoco por ser apontado sumo
sacerdote no lugar do seu irmão. Prometeu

11
- Estes helenistas atraíram para si um considerável número de
judeus, eles eram adeptos fervorosos da cultura e dos costumes
gregos, embora diziam ser observadores das leis judaicas,
provocaram uma guerra civil e deram origem aos saduceus.

46
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

também helenizar12 Jerusalém. Quando assim foi


apontado, tornou o povo cidadãos da capital da
Síria (Antioquia), erigiu um ginásio grego logo em
baixo o Templo e os jovens judeus começaram
tomar parte nos jogos gregos. Jasom criou um
altar, até mandou ofertas às festas de Hércules,
em Tiro. Os nacionalistas são os antecedentes dos
Fariseus, helenistas dos Saduceus;

3. Antíoco fez várias expedições para o Egito.


Numa delas surgiram rumores de sua morte, algo
que provocou grande regozijo entre os judeus. Ao
ouvir isto, Antíoco massacrou 40.000 judeus num
só dia. Muitos judeus foram escravizados e o
Templo roubado;

4- Numa campanha seguinte, os romanos


forçaram sua desistência no Egito. Em face desta
derrota, derramou sua grande ira sobre
Jerusalém. No Sábado matou muitos, escravizou
outros e destruiu partes da cidade. Mandou
erradicar a religião judaica.

Quem possuía cópia da Lei (Torah), ou


tivesse circuncidado a criança, seria morto.
Finalmente converteu o Templo em "templo de
Zeus". Profanou o Templo, em cujo altar, ofereceu
uma porca em sacrifício.

12
- Helenizar é um verbo que deriva da palavra ―heleno‖, tem o
mesmo significado do adjetivo pátrio grego. Portanto, helenizar é o
mesmo que adotar os costumes ou a cultura grega.

47
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Destruiu cópias das Escrituras, vendeu


milhares de judias para o cativeiro e recorreu a
toda espécie imaginável de tortura para forçar os
judeus a renunciar sua religião. Estas atrocidades
provocaram naquela ocasião à "Revolta dos
Macabeus", umas das mais heróicas façanhas da
história.

A Revolta dos Macabeus (167–63)

A revolta começou com Matatias, sacerdote


em Modim (167). Período de Independência,
também chamado de Hasmoneano. Matatias, era
sacerdote patriota e de imensa coragem, furioso
com a tentativa de Antioco Epifânio de destruir os
judeus e sua religião, reuniu um grupo de leais
compatriotas judeus e ergueu a bandeira da
revolta.

Essa revolta foi deflagrada quando Matatias,


sendo obrigado por um agente de Antioco a
oferecer um sacrifício pagão, este recusou
matando-o, e fugiu na companhia dos cinco filhos,
refugiando num região montanhosa.

Seus filhos eram: Judas, Jônatas, Simão,


João e Eleazar. Essa família era chamada de
"Hasmoneanos", por causa de Hasmom, bisavô de
Matatias, e também de "Macabeus", devido ao
apelido Macabeu (Martelo) conferido a Judas, um
dos filhos de Matatias;

48
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Judas Macabeus encabeçou uma campanha


de guerrilhas de extraordinário sucesso, até que
os judeus se viram capazes de derrotar os sírios
em campo de batalha regular.

Na revolta dos Macabeus, havia entretanto


disputas internas que enfraquecia a nação, foi na
realidade uma guerra civil deflagrada entre os
judeus pró-helenistas e anti–helenistas;

Judas conseguiu entrar em Jerusalém e


restaurar o Templo. Houve uma trégua e os
judeus recuperaram a liberdade religiosa, sendo
esta a origem da Festa da Dedicação (João
10:22), entre 165 e 164 a.C;

Este ato teve um importante significado


sobre a opressão síria e a revolta dos macabeus:
Promoveu a restauração da nação da decadência
política e religiosa, com esta iniciativa, foi
fortalecido o espírito nacionalista que unificou a
nação e com bravura.

Renovou e motivou os ideais do judaísmo


com um novo impulso, revigorando o zelo às leis e
a esperança na vinda de um messias.

Entretanto, foi Intensificado ao longo deste


período o desenvolvimento dos dois movimentos
que se transformaram em grupos distintos: Os
Fariseus e os Saduceus.

49
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Os Fariseus surgiram e de destacando como


um grupo purista e nacionalista e o saduceus
como um grupo simpático e aliado aos
dominadores estrangeiros.13

Deu maior ímpeto ao movimento da


Dispersão, com muitos judeus querendo se
ausentar durante as terríveis perseguições de
Antíoco.

13
- Os saduceus tiveram suas origens na dominação grega e
permaneceram também fieis à dominação romana, como aliados de
Roma tiraram grandes proveitos na política e também nas vantagens
econômicas, por isso se transformaram no grupo de judeus que
detiveram as riquezas e eram os grandes proprietários. Dominavam o
sinédrio e ordenaram a morte de Jesus.

50
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

11 - AS INFLUÊNCIAS HELÊNICAS ENTRE OS


JUDEUS

Por outro lado as influências helênicas


marcaram determinantemente a vida e o cotidiano
de muitos judeus, temos como exemplo os relatos
nos livros apócrifos dos Macabeus, aceitos por
uma boa parte da comunidade científica como
relatos históricos.

Nestes registros consta que alguns dos


judeus influenciados pela cultura grega, chegaram
até a dissimular os sinais da circuncisão para
participar dos jogos olímpicos nus. (I Macabeus
1:15)14

A bíblia relata no livro Atos dos Apóstolos,


comprovando a existência da Cidade de Alexandria
e ainda registra um judeu com o nome de uma
divindade grega, que afirma a influência
helenística sobre os judeus. Atos 18:24, “Ora
veio à Éfeso um judeu, chamado Apolo,
natural de Alexandria, homem eloquente,
versado nas Escrituras”.15

14
- Foi edificado em Jerusalém um ginásio como os gentios,
dissimularam os sinais da circuncisão, afastaram-se da aliança com
Deus, para se unirem aos estrangeiros e venderam-se ao pecado.
15
- Apolo foi um dos baluartes na pregação do evangelho no período
de Paulo, apesar de ter nome grego era judeu.

51
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

A Judéia passou por um período agitado,


com as guerras de disputas territoriais entre o
Egito dos Ptolomeus e os Selêucidas, trouxeram
grandes distúrbios à Judéia e afligiram
diretamente os judeus.

Os registros nos livros dos Macabeus


relatam a dramaticidade destes acontecimentos,
principalmente quando os gregos profanaram o
templo, oferecendo porcos no altar de sacrifícios,
um animal imundo para os judeus, além de
colocar no templo a estátua da principal divindade
o deus grego Zeus.

Nestes fatos ocorridos surgem alguns heróis,


entre eles o sacerdote Matatias Macabeus e seus
filhos, com destaque os irmãos Judas e Jônatas
Macabeus que tentam organizar a resistência para
a independência da Judéia do jugo grego, embora
tenham conseguido com muitas perdas por alguns
anos.

Todavia nesta tentativa fracassada, a


realidade fora cruel aos revoltosos e como
consequência muitas vidas foram sacrificadas em
vão nesta luta inglória.

Neste período de grandes incertezas que foi


marcado pelas guerras e disputas, um perigo
maior rondou aquela região e a soberania grega
estava ameaçada, era o avanço das poderosas
legiões romanas, cuja expansão daquele império,
com suas avassaladoras campanhas militares,

52
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

impôs se um pesado jugo a todas as nações e


reinos conquistados.

O império grego entrou em declínio e


preparava para seu colapso total, por este motivo
a grande preocupação dos exércitos de Antíoco IV
foi concentrar todas suas forças e últimas reservas
militares para defender seus territórios.

Nesta trégua no ano de 135 a.C, por estas


circunstancias, ocorreu um breve período de paz
para a Judéia, então João Hircano, não perdeu a
oportunidade e se autodeclarou rei e sacerdote em
Jerusalém.

Ele apesar de ser acusado de corrupto e


oportunista, iniciou um curto período de total
independência ao povo judeu com uma nova
dinastia.

No ano de 128 a.C o rei Antíoco IV morreu


em combate numa campanha militar contra os
exércitos romanos. Este fato proporcionou algo
inédito, agraciou aos judeus com algo
extraordinário, uma Palestina com a Judéia
momentaneamente livre e sem a dominação
estrangeira.

Eles não perderam tempo, restauraram os


rituais de sacrifícios e cerimoniais do templo,
prenunciava uma nova fase para o povo judeu.

53
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Houve um grande esforço para reunificar as


ideias em torno de uma doutrina judaica, numa
dispersão de seis séculos de diáspora havia criado
várias versões conflitantes pela transmissão das
leis oralmente.

Este período inédito na história judaica foi


chamado de ―hasmoneu‖, derivado da ―Casa de
Hasmon‖, como foi denominada esta dinastia
iniciada por João Hircano e mais três filhos seus
sucessores, governaram a Palestina entre 135 a
47 a.C., cunharam até moedas com a Judéia
independente.

Elementos Gregos – As influências da


filosofia grega que se aproximava do monoteísmo,
com uma clara tendência para a imortalidade da
alma, dava bastante ênfase sobre a consciência e
dignidade humana e liberalismo de pensamento,
notoriamente destacada na arte de fazer a política
que já era chamado de democracia.

A língua grega ganhou corpo e abrangeu


praticamente o mundo conhecido, com a tradução
do Antigo Testamento para o grego, foi de
fundamental importância para a pregação do
evangelho.

A língua grega foi também muito importante


para os discípulos e apóstolos que escreveram o
Novo Testamento, junto com os termos adotados

54
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

por Paulo e outros pregadores do Novo


Testamento para explicar o evangelho.

No primeiro século os romanos cultos já


conheciam tanto o grego e também latim. O
dialeto grego usado no quinto século a.C, na
época da glória de Atenas, tornou-se o dialeto
―Koiné‖ (comum) do primeiro século.

O dialeto da literatura clássica de Atenas foi


modificado e enriquecido pelas mudanças que
sofreu nas conquistas de Alexandre Magno no
período entre 338 e 146 a.C. O Novo Testamento
foi escrito nesse dialeto "comum".

As influências exercidas pela cultura


helenística em geral com seu espírito cosmopolita,
superou todas as barreiras, o judeu helenizado
que serviria como ponte entre o judeu e gentio e a
busca da salvação do mundo romano;

Por um lado a filosofia grega trouxe uma


marcante e positiva contribuição, destacando e
revelando o melhor que o homem poderia fazer na
busca de Deus pelo intelecto.

Entretanto, também pode contribuir


negativamente, pois, nunca trouxe uma resposta
aos reclamos dos corações e deixou de aproximar
o homem a seu Deus como seu criador e seu
salvador pessoal.

55
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

12 - OS ROMANOS

Após esta etapa no ano 63 a.C. iniciou o


domínio dos romanos, com a ocupação vitoriosa
pelo poderoso exército romano comandado pelo
imponente general Pompeu, dez anos depois
Herodes Antipas, que recebeu o título de Herodes
―O Grande‖ e foi constituído rei pelos novos
dominadores.

A imposição de uma paz relativa ocorreu na


Palestina, sob a égide desta nova potência tão
poderosa e avassaladora.

Este grande império denominado de ferro,


oriundo da península itálica chamado de Roma,
com os seus exércitos compostos pelas temíveis
legiões, derrotaram os gregos e tornaram
senhores do mundo conhecido de então.

Esta campanha vitoriosa romana teve seu


ápice no ano de 63 ªC, quando o general romano
Pompeu general Damasco em seguida invadiu a
Judéia e sitiou Jerusalém, derrubou seus muros
com as máquinas de guerra, profanou o templo,
penetrando no lugar santíssimo e o incendiou.

Os judeus tentaram em vão uma resistência,


mas foram impotentes diante de tão grande
poderio e doze mil judeus foram massacrados
pelos romanos, com outra multidão de judeus
sendo sumariamente deportada para Roma como

56
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

escravos, então a Judéia passou as mãos de mais


uma potencia estrangeira e foi definitiva anexada,
se transformou em província romana.

Enquanto, que em Roma no seio do poder,


houve uma disputa determinante que definiu para
quem iria tomar as rédeas da direção do império
romano, na qual a participação de alguns
personagens se tornou decisiva, ocorreram até
disputas amorosas, muitas lutas que resultaram
em guerras, batalhas cruciais e intrigas políticas,
entre Júlio César, Cássio, Brutus, Otávio e Marco
Antonio e a formosa rainha egípcia Cleópatra.

Estes fatos culminaram com o assassinato


de Julio César pelo seu filho adotivo Brutus, numa
conspiração e cilada urdida em pleno senado
romano, a vitória de Otávio sobre Marco Antonio
em batalha naval, que por sua vez é atraído e se
apaixona por Cleópatra.

Finalmente esta rainha do Egito que foi


subjugado pelos exércitos romanos, deu cabo com
sua própria vida, deixando se picar por uma
víbora.

Lembrando que Otávio vitorioso nestas


campanhas tornou se o grande ditador de Roma,
em 27 ªC., consolidado no poder, se autodeclarou
com o título de César Augusto, foi aclamado o
todo poderoso imperador de Roma e governou
este império desde este período até o nascimento
de Jesus Cristo e parte de sua vida terrestre.

57
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Os Romanos e a Sua Política - Cristo veio


ao mundo na época em que o império romano
dominava o mundo conhecido. Todas as nações e
reinos estavam subjugados e todas as leis e
regras emanavam de um único centro de poder
que era Roma.

Era possível obter cidadania romana, ainda


que a pessoa não fosse romana. O Império
Romano mostrou as tendências de unificar os
povos de raças diferentes sob o comando de uma
única organização política e um único poder, o
romano.

Havia uma relativa paz na terra quando


Cristo nasceu. Os soldados romanos asseguravam
esta paz nas estradas da Ásia, África e Europa.

Construíram excelentes estradas ligando


Roma a todas as partes do Império. As estradas
principais foram construídas com pavimentação de
pedras e concreto.

As estradas romanas forneceram conforto e


segurança nos transportes, tinham uma ótima
infraestrutura para atender estas cidades em
pontos estratégicos que estavam localizadas nos
caminhos, por isso foram indispensáveis para a
evangelização do mundo no primeiro século.

58
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

13 - HERODES “O GRANDE”

Neste período no início do domínio romano


na Palestina com o apoio das autoridades desse
império, desde 37 a.C. Herodes denominado o
Grande que era Idumeu,16 se intitulou rei dos
judeus. Contudo, para muitos dos principais
líderes judeus, no entanto, o considerava um
impostor.

Dotado de muitos recursos porque possuía


uma enorme fortuna, erigiu o seu suntuoso palácio
em Jerusalém no local onde fora a outrora
cidadela de Davi.

Para agradar os judeus reconstruiu o templo


ampliando suas dependências, demonstrando
respeito pelos seus lugares sagrados, trouxe
especialistas de Alexandria que ensinaram os
próprios sacerdotes a trabalharem nesta
construção.

Apesar de obedecer todos os detalhes da


planta do templo de Salomão, este templo tinha
as linhas arquitetônicas helenísticas, isto é, sua
fachada era de estilo grego.

16
- Herodes ―O Grande‖, era um homem riquíssimo e seu poder
estava fundamentado em sua riqueza, não era judeu, mas idumeu,
tinha grande influencia entre os dominadores e era homem de
confiança dos romanos.

59
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Depois de oito anos de trabalho no templo a


grande obra ficou concluída no ano 10 ªC e pronto
para o culto. O templo tornou o orgulho dos
judeus, sua cúpula revestida de ouro podia ser
contemplada a longa distância de Jerusalém.

Os historiadores descrevem o brilho da


cúpula de ouro do templo, refletida pelos raios
solares como uma imensa bola de fogo que atraía
a atenção de todos.

14 - AS SEITAS JUDAICAS

Nestes quatrocentos anos, houve uma


grande concentração de esforços em torno da
obediência as leis mosaicas e da observância de
todos os preceitos e regras estabelecidas no Torá.

As duras lições aprendidas após os terríveis


períodos de cativeiros, motivados pela
desobediência e pela apostasia religiosa, havia
sido colocados como a grande consequência que
resumia todos os males que haviam pairados
sobre este povo.

Devido a isto, como resultado deste estremo


zelo pela guarda de todos estes preceitos, formou
se os grupos de pessoas que se aglutinaram em
torno de crenças e objetivos comuns.

Já relatamos alguns conceitos e registramos


alguns fatos sobre estes grupos, contudo, a seguir

60
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

iremos complementar mais algumas interessantes


informações sobre este tema.

Muito desses grupos como os fariseus


atingiram o máximo do fanatismo. E passaram a
exercer de forma impecável e intransigente as
ordenanças legais.

1. Os Fariseus – Esta seita arraigada entre


os judeus, que exercitavam com estremo zelo a
observância dos preceitos de suas leis, teve a sua
origem desde seus antecedentes que foram os
primeiros reformadores ainda dos tempos de
Esdras e Neemias; Quando Matatias revoltou-se
contra os esforços de Antíoco, os Hasidim (―Os
Piedosos‖), o apoiaram e se ligaram a ele; Mais
tarde os Hasidim foram denominados Perushim
(―Os Separados‖)

Fariseus - Constituíram o núcleo da


aristocracia religiosa e acadêmica.

Entre suas crenças, ensinavam que a alma


era imortal, que havia uma ressurreição corporal e
julgamento futuro com galardão ou castigo.

Acreditavam na existência de anjos e


espíritos bons e maus.

Predestinatários, mas aceitaram que o


homem tinha livre arbítrio e responsável
moralmente;

61
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Eram radicais no cumprimento dos


preceitos e normas, coordenaram a tradição e a
Lei escrita num conjunto de regras de fé e a
prática, evoluindo com os tempos.

2. Os Saduceus - O nome possivelmente


vem de Zadoque, o sumo sacerdote dos tempos
de Davi (II Sm 8:17 e 15:24); Eles aparecem na
história na mesma época que os Fariseus;

Enquanto os Fariseus eram nacionalistas, a


tendência dos saduceus era na direção da filosofia
grega com a cultura grega; serem politicamente
corretos com os dominadores para tirarem
vantagens econômicas e preservarem seus
patrimônios, pois eram os detentores do poder
econômico e das grandes propriedades.

Sendo eles um partido político de tendências


sacerdotais e aristocráticas, tinham pouca
influência com o povo comum.

Os saduceus formava o núcleo da


aristocracia sacerdotal, política e social;

Ensinaram que não há nem galardão nem


castigo, por incrível que pareça, apesar de se
apossarem dos serviços sacerdotais do tempo,
eram mais materialistas do que espirituais;

Influenciados pela cultura e filosofia grega,


negaram até a existência de espíritos e anjos;

62
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Enfatizaram a liberdade da vontade


humana, rejeitando o determinismo e o azar;

Mantinham que a Torah era única fonte


infalível de fé e prática.

Os saduceus, representados pelos


sacerdotes que atuavam no templo, no tempo de
Jesus, foram determinantes na política, eram em
maior número no sinédrio e decidiram pela prisão
e morte de Cristo.

4. Os Essênios

Não há registro algum sobre os essênios no


Novo Testamento, mas segundo os historiadores,
afirmava se que havia 4.000 ou mais essênios,
que eram participantes de uma seita ascética com
sede na beira ocidental do mar morto. Calculava
se que muitos dos essênios viviam nas vilas e
cidades espalhadas pela Palestina.

Eram austeros na vida em comum,


seguiram o conceito de comunidade na
distribuição e aquisição de bens, abstinência,
meditação, trabalho zeloso e o celibato.

5. Os Herodianos

Eram os partidários desta dinastia, formada


pelos Herodes, estas pessoas que faziam parte
deste partido político que não estava ligado a

63
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

nenhuma religião; Esperaram que estes reis


cumprissem a realização da esperança da nação.

6. Os Zelotes

Legalistas, fiéis pietistas, messianistas


nacionalistas, intolerantes dos judeus impiedosos
e de Israel na subjugação aos romanos.

Quem foram os Zelotes?! - Foi um grupo


de judeus radicais em sua oposição à Roma que
dominava a Palestina e subjugava o povo de Deus.

Os zelotes estimulavam e agitavam o povo


conduzindo os a revolta contra os romanos, o que
provocou a utópica Guerra judia (anos 66-70), que
terminou com a destruição de Jerusalém e do
templo por obra de Tito Flávio.

Nos evangelhos eles não são nomeados,


embora a um dos doze, Simão, seja dado o
apelido de Zelotes (Luc 6,15 - Mateus e Tomé;
Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado
Zelote;

Zelotes ou "fervorosos". Este movimento


unia o fervor religioso com o compromisso social.
Segundo eles, os sacerdotes e os demais líderes
religiosos estavam preocupados demais com o
poder e não faziam nada para libertar a terra
prometida da dominação dos romanos.

64
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Os zelotes defendiam a guerra santa e


pretendiam alcançar a libertação da Palestina
através da violência. A luta deles visava combater
os impostos que esmagavam o povo, a idolatria do
Imperador romano que exigia ser adorado como
um Deus, e a má distribuição da terra.

A terra, na opinião do movimento, era


propriedade de Javé e os romanos não tinham o
direito de ocupá-la e exigir imposto dos
camponeses.

Apesar de lutar pela justiça, os zelotes


também tinham um forte preconceito em relação
aos pobres. Como os fariseus e os saduceus,
achavam que os pobres não tinham condições de
seguir a Lei e que não eram úteis na luta de
libertação.

Os saduceus eram os "ritualistas", os


fariseus os "legalistas" e os zelotes os
"revolucionários".

Embora no seu ministério terrestre, Jesus


questionasse a proposta religiosa destes três
movimentos, ainda hoje, temos em nossas
comunidades religiosas, pessoas que convivem
com a fé em Cristo, mas são semelhantes aos
saduceus: frequentando as reuniões, porém,
desinteressando-se totalmente com a miséria e o
sofrimento dos "pequeninos" de Deus; como os
fariseus: respeitando todas as Leis da Igreja mas
separados do povo e cheios de preconceitos em

65
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

relação aos pobres e aos fiéis de outras religiões


ou Igrejas; como os zelotes: idealizando a
violência e desvalorizando a cultura e a
religiosidade popular.

A Esperança Messiânica dos Judeus

1. No surgimento no Período Inter bíblico

Na época da restauração, e com o


desaparecimento dos profetas, houve pouca
ênfase na esperança messiânica. O interesse do
povo era a observação da Lei.

Neemias 8 1 a 3 -E chegado o sétimo


mês, e estando os filhos de Israel nas suas
cidades, todo o povo se ajuntou como um só
homem, na praça, diante da porta das águas;
e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse
o livro da lei de Moisés, que o SENHOR tinha
ordenado a Israel.
E Esdras, o sacerdote, trouxe a lei
perante a congregação, tanto de homens
como de mulheres, e todos os que podiam
ouvir com entendimento, no primeiro dia do
sétimo mês.
E leu no livro diante da praça, que está
diante da porta das águas, desde a alva até
ao meio dia, perante homens e mulheres, e
os que podiam entender; e os ouvidos de
todo o povo estavam atentos ao livro da lei.
Neemias 8:1-3

66
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

15 - OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO

Os Pergaminhos do Mar Morto, ou


manuscritos do Mar Morto são uma coleção de
cerca de 800 documentos em pergaminho,
incluindo textos da Bíblia Hebraica Antigo
Testamento, que foram descobertos entre 1947 e
1956 em 11 cavernas próximas de Qumran, uma
fortaleza a noroeste do Mar Morto, em Israel, que
foi uma região pertencente à Judéia.

Eles foram escritos em Hebraico, Aramaico e


grego, entre o século II a.C. e no primeiro século
depois de Cristo.

Foram encontrados mais de oitocentos


textos, representando vários pontos de vista,
incluindo as crenças dos Essênios e outras seitas.

O mapa mostra o lugar no qual se localizam


as cavernas que foram encontradas os rolos do
Mar Morto.

Estes textos são importantes porque eles


confirmam a veracidade da Bíblia e por serem
praticamente os únicos documentos bíblicos
judaicos hoje existentes relativos a este período e
porque eles podem explicar muito sobre o
contexto político e religioso nos tempos do
nascimento do cristianismo.

67
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Estes pergaminhos contêm pelo menos um


fragmento de todos os livros do das escrituras
hebraicas, exceto o livro de Ester.

Além de fragmentos bíblicos, contêm regras


da comunidade, escritos apócrifos, filatérios,
calendários e outros documentos.

Antes da descoberta dos Rolos do Mar


Morto, os manuscritos mais antigos das Escrituras
Hebraicas datavam da época do nono e do décimo
século de nossa era.

Havia muitas duvidas se podíamos mesmo


confiar nesses manuscritos como cópias fiéis de
manuscritos mais antigos, visto que a escrita das
Escrituras Hebraicas foi completada há bem mais
de mil anos antes.

Todavia, o Professor Julio Trebolle Barrera,


membro da equipe internacional de editores dos
Rolos do Mar Morto, declarou: ―O Rolo de Isaías
[de Qumran] fornece prova irrefutável de que a
transmissão do texto bíblico, durante um período
de mais de mil anos pelas mãos de copistas
judeus, foi extremamente fiel e cuidadosa.‖

O ROLO mencionado por Barrera contém o


inteiro livro de Isaías. Dessemelhantes do Rolo de
Isaías, a maioria deles é representada apenas por
fragmentos, com menos de um décimo de
qualquer dos livros.

68
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Os livros bíblicos mais populares em Qumran


foram os Salmos (36 exemplares), Deuteronômio
(29 exemplares) e Isaías (21 exemplares). Estes
são também os livros mais frequentemente citados
nas Escrituras Gregas Cristãs.

Embora os rolos tenham confirmado e


fazem uma demonstração de que a Bíblia não
sofreu mudanças eles também revelam até certo
ponto, que havia versões diferentes dos textos
bíblicos hebraicos usados pelos judeus no período
do Segundo Templo, cada uma com as suas
próprias variações.

Nem todos os rolos são idênticos ao texto


massorético, tanto na grafia como na fraseologia.
Alguns se aproximam mais da Septuaginta grega.

Anteriormente, os eruditos achavam que as


diferenças na Septuaginta talvez resultassem de
erros ou mesmo de invenções deliberadas do
tradutor.
Agora, os rolos revelam que muitas das
diferenças realmente se deviam a variações no
texto hebraico. Isto talvez explique alguns dos
casos em que os primeiros cristãos citavam textos
das Escrituras Hebraicas usando fraseologia
diferente do texto massorético. — Êxodo 1:5;
Atos 7:14.

Os Rolos do Mar Morto confirmaram o valor


tanto da Septuaginta como do Pentateuco
samaritano para a comparação textual. Fornecem

69
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

uma fonte adicional para os tradutores da Bíblia


considerassem possíveis emendas ao texto
massorético.

Por exemplo, em vários casos, eles


confirmam decisões feitas pela Comissão da
Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas,
para restaurar o Nome de Deus nos lugares onde
havia sido removido do texto massorético.

Os rolos que descrevem as normas e as


crenças da seita de Qumran tornam bem claro que
não havia apenas uma forma de judaísmo no
tempo de Jesus. A seita de Qumran tinha tradições
diferentes daquelas dos fariseus e dos saduceus.

É provável que essas diferenças tenham


levado a seita a se retirar para o ermo. Eles se
encaravam como cumprindo Isaías 40:3 a
respeito duma voz no ermo para tornar reta a
estrada de YHWH.

Diversos fragmentos de rolos mencionam o


Messias, cuja vinda era encarada como iminente
pelos autores deles. Isso é de interesse especial
por causa do comentário de Lucas, de que ―o povo
estava em expectativa‖ da vinda do Messias. —
Lucas 3:15. Os Rolos do Mar Morto nos traz uma
ideia para compreender melhor o contexto da vida
judaica no tempo do ministério terrestre de Jesus.
Fornecem informações comparativas para o estudo
do hebraico antigo e do texto da Bíblia. O texto
de muitos dos Rolos do Mar Morto ainda exige

70
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

uma análise mais de perto. Portanto, é possível


que haja mais revelações. Entretanto, é a maior
descoberta arqueológica do século vinte e continua
a empolgar tanto eruditos como estudantes da
Bíblia.

HISTÓRICO - Em 1947 na Palestina, nos


arredores do vilarejo de Khirbet Qumran, perto do
lado ocidental do Mar Morto; foram encontrados
por acaso uns antigos manuscritos que revelaram
a extraordinária descoberta arqueológica, cujas
consequências ainda não estão completamente
esclarecidas.

Infelizmente, por mais de 30 anos, os


documentos encontrados desta descoberta foram
estritamente monopolizados e impedidos de serem
examinados ou pesquisados pela comunidade
acadêmica internacional. Em 1947 quando o
Estado de Israel ainda não tinha nascido; ao lado
leste do Mar Morto ficava em território jordaniano,
e o lado ocidental sob o protetorado inglês.

Naquela época as estradas que levavam ao


Mar Morto eram poucas e muito ruins, e a região
ao redor era a pátria dos beduínos, os quais
sempre foram nômades deslocando se de um lado
para o outro suas tendas com seu gado.

Nesta ocasião, um jovem pastor árabe,


Mohammed adh-Dhib, que estava tentando retirar
a sua cabra de uma caverna, descobriu por acaso
uma série de acessos de grutas na encosta de

71
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

uma perigosa rocha escarpada, próxima da aldeia


de Khibet Qumran.

O beduíno entrou e encontrou no seu


interior muitos jarros abandonados. Voltou
novamente com um amigo para recuperar os
jarros (podiam ser usados para a água) quando os
dois descobriram que nos jarros encontravam-se
alguns rolos de pele embrulhados em tecidos em
decomposição.

Esta história não foi ainda bem esclarecida,


há grande dificuldade em saber quantos
manuscritos foram originariamente encontrados
pelos beduínos, nem se há ainda com alguém
alguns manuscritos escondidos.

Em 1954 alguns manuscritos acabaram no


cofre do hotel Waldorf Astoria de New York, de
onde saíram quando o governo israelita os
comprou por 250.000 dólares (ajudado por um
rico benfeitor). Outros manuscritos chegaram ao
Museu Rockfeller, na parte leste de Jerusalém, na
época em mão jordaniana. Nasceram assim duas
diferentes comissões independentes: uma chefiada
por Yigael Yadin, em Israel, a outra, controlada
por Padre de Vaux, um sacerdote católico, na
Jordânia.

Hoje, os manuscritos são conservados no


Museu de Israel, que passou a ser chamado Shrine
of the book. Por causa do péssimo relacionamento
entre os dois países, as comissões trabalharam

72
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

sobre os manuscritos de forma completamente


independente, sem possibilidade nenhuma de
comunicação, com todas as desvantagens da
situação.

O problema foi resolvido em 1967 após a


guerra dos seis dias, quando a parte leste de
Jerusalém passou para as mãos israelitas e tudo o
que aí se encontrava se tornou de propriedade do
governo de Israel como despojos de guerra,
inclusive os rolos de Qumran conservados no
Rockfeller Museum. A curiosa e significativa a
reação a este acontecimento do Padre de Vaux, da
conta de que, até o material permaneceu em mão
jordaniana e que havia sido impedido que os
israelenses tivessem acesso aos manuscritos, e
que, quando eles passaram sob a autoridade
judaica, de Vaux ficou literalmente enfurecido e
aterrorizado pela ideia de perder o controle do
material qumraniano.

O padre de Vaux era um dominicano que foi


enviado, em 1929, à École Biblique de Jerusalém
onde primeiro foi professor e depois diretor. Era
um homem dedicado aos estudos e pesquisas,
carismático, enérgico, autoritário e carola. O
governo israelita, que em 1967 estava ocupado
em assuntos muito diferentes que os manuscritos
do Mar Morto; deixou ao padre de Vaux a
responsabilidade de supervisionar o trabalho de
análise e lhe deu o encargo de formar e dirigir
uma equipe internacional, com o compromisso de

73
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

publicar o mais rápido possível os resultados das


pesquisas.

Claramente, a expressão "equipe


internacional" faz pensar numa precisa intenção
de criar um grupo amplo, caracterizado pela
presença de diferentes componentes que
pudessem dar garantia de uma gestão não parcial
do trabalho. Os manuscritos encontrados a Khirbet
Qumran abriram a porta de uma longa série de
incômodas perguntas sobre os primeiros cristãos?

De fato, nos rolos se encontram elementos


que, além de mostrar evidentes ligações com o
cristianismo das origens, põem em seria discussão
alguns fundamentos da mesma doutrina e da
interpretação histórica da pessoa de Jesus Cristo.

Em 1992, depois de 25 anos de monopólio


absoluto da equipe, a situação começou a mudar.
Sobretudo pela enorme quantidade de críticas
internacionais contra o absurdo de um pequeno
grupo de pesquisadores, tratar e controlar como
propriedade privada estes materiais arqueológicos
daquela extraordinária importância, e muitos
daqueles rolos acabaram sendo publicados. Mas
ainda assim fica a suspeita que parte dos
documentos continua ficando ignorados e
desconhecidos à coletividade.

Para não falar da profunda influência


cultural, que continua a condicionar o endereço
interpretativo, causado por esses mais de 25 anos

74
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

de monopólio. Serão precisos muitos anos para a


situação se ajeitar até o ponto de poder avaliar o
material de maneira objetiva baseada sobre
posições realmente desinteressadas.

16 - O ADVENTO DE CRISTO

Nesta longa etapa denominada de "Período


de Silêncio", o mundo foi preparado para a vinda
de Cristo através de vários povos.

O Apóstolo Paulo escreveu: “Mas vindo a


plenitude dos tempos, Deus enviou seu filho”
(Gal. 4:4).

Marcos o evangelista afirmou o mesmo no


seu livro, dizendo: ―O tempo está cumprido e o
reino de Deus está próximo‖ (Marc. 1:15).

É interessante observar que houve uma


preparação do mundo para a primeira vinda de
Cristo e as contribuições dos três grandes povos
daquela época. Verdadeiramente, havia uma
necessidade, em meio dos graves problemas
sociais, das injustiças, das desigualdades e
opressão dos mais fortes sobre os desfavorecidos.

O povo clamava por justiça, por liberdade e


Cristo preencheu aquele vazio que era exatamente
o que as pessoas esperavam no aspecto do amor,
para aliviar a dor, o sofrimento, a opressão dos
mais fortes sobre os mais fracos.

75
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Neste clima de expectativa e de esperança,


então foi chegado a ―plenitude do tempo‖ e Jesus
instituiu seu ministério terrestre e preparou um
grupo de abnegados apóstolos para a pregação do
evangelho que transformou o mundo.

Os Judeus estavam se preparando para a


vinda de Cristo. Os verdadeiros e abnegados
judeus, fiéis servos de Deus, foi parte deste povo
privilegiado e guardião das Escrituras Sagradas
como um livro divinamente inspirado e a
verdadeira carta aberta de Deus para a
humanidade. Como está escrito nos textos
bíblicos, sendo um povo divinamente preparado;
escolhido para ser testemunha entre as nações;17

As Escrituras Sagradas relatam muitas


profecias que prediziam a vinda do Messias; A
dispersão dos judeus em todo o mundo conhecido;
Sinagoga onde se estudava as Escrituras que
forneceriam local para a pregação do evangelho;
Proselitismo que trouxe muitos gentios para o
judaísmo;

Era o povo do Livro Sagrado, interessado na


prática da religião e na busca da salvação;
17
- Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o
povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos
chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; 1 Pedro 2:9 - e vós
sereis para mim reino sacerdotal e nação santa. São estas as palavras
que falarás aos filhos de Israel. Êxodo 19:6

76
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Uma esperança da vinda do Messias foi


oferecida pelos judeus a um mundo de religiões
pagãs.

Também o judaísmo ofereceu, pela parte


moral da Lei Judaica, o sistema de ética mais
íntegra do mundo. Contudo, o mais importante é
que os judeus prepararam o caminho para vinda
de Cristo pelo fornecimento de um Livro Sagrado,
o Velho Testamento.

17 - FLÁVIO JOSEFO

Busto romano considerado como sendo de Flávio


Josefo - Nome completo - Yosef ben Matityahu
Nascimento 37 d.C. ou 37 d.C. Morte
100 d.C.

77
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Flávio Josefo, ou apenas Josefo (em latim


Flavius Josephus conhecido pelo seu nome
hebraico Yosef ben Matityahu "José, filho de
Matias") e, após se tornar um cidadão romano,
como Tito Flávio Josefo (latim: Titus Flavius
Josephus), foi um historiador e apologista judaico-
romano, descendente de uma linhagem de
importantes sacerdotes e reis, que registrou in
loco a destruição de Jerusalém, em 70 d.C., pelas
tropas do imperador romano Vespasiano,
comandadas por seu filho Tito, futuro imperador.
As obras de Josefo fornecem um importante
panorama do judaísmo no século I.

Suas duas obras, mais importantes são


Guerra dos Judeus (c. 75) e Antiguidades Judaicas
(c. 94). O primeiro é fonte primária para o estudo
da revolta judaica que ocorreu contra Roma (66-
70), enquanto, que no segundo livro há um relato
da história do mundo, visto sob uma perspectiva
judaica.

Estas obras fornecem informações valiosas


sobre a sociedade judaica da época, bem como o
período que viu a separação definitiva do
cristianismo do judaísmo e as origens da Dinastia
Flaviana, que reinaria de 69 a 96.18

18
- Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

78
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

18 - BIOGRAFIA DE FLAVIO JOSEFO

As informações disponíveis sobre a sua vida


são oriundas principalmente de sua autobiografia
(Vida de Flávio Josefo).

Josefo, que se apresentou em grego como


Iósepos, filho de Matias, sacerdote judaico, teria
nascido em Jerusalém numa família de cohanim
(sacerdotes), onde recebera uma educação sólida
na Torá. Sua mãe era descendente da família real
dos Hasmoneus.

Em plena adolescência, ainda aos treze


anos de idade, iniciou o seu aprendizado sobre
três das quatro seitas judaicas: saduceus, fariseus
e essênios, fez uma pessoal opção aos dezenove
anos de idade ao farisaísmo.

Em sua obra, Josefo atribuiu aos zelotes, a


quarta seita, a responsabilidade por ter incitado e
fomentado a revolta contra os romanos, que
conduziu à destruição de Jerusalém e do Templo.

No ano de 64 de nossa era, aos vinte e seis


anos de idade, seguiu numa embaixada a Roma
onde obteve, por intermédio de Popeia Sabina,
esposa do imperador romano Nero, a libertação de
alguns sacerdotes judeus condenados pelo
governador da Judeia, Marco Antônio Félix.

Ao regressar à Judeia, Jerusalém


encontrava-se na imenência da revolta. Josefo

79
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

procurou dissuadir os líderes, mas os seus


esforços foram inúteis. Os revoltosos já haviam
tomado a Fortaleza Antônia.

Neste interim Josefo, com receio de ser


acusado de partidário dos romanos, refugiou-se no
Templo. Entretanto, após a morte de Manaém e
dos principais líderes da revolta, uniu-se aos
sacerdotes do Sinédrio (Sanhedrin) que, naquele
momento, aguardavam a chegada das tropas de
Cássio para sufocar a revolta, o que não se
concretizou porque esta tropa foi derrotada pelos
revoltosos.

Em seguida, foi enviado pelo Sinédrio para a


Galileia. À sua chegada, relatou a Jerusalém que
os galileus estavam prestes a marchar sobre
Séforis, cidade leal a Roma. Foi designado então,
pelo Sinédrio, para governar militarmente a
província, que fez fortificar.

Defrontou-se com a oposição dos


extremistas liderados por João de Giscala, que o
acusavam de tender à contemporização.

Galileia, governada brevemente por


Josefo. Enfrentou as forças de Plácido, enviadas
por Géstio Galo para a região. Em 67, as tropas de
Vespasiano tomaram Jotapata, então Flávio
Josefo, com quarenta homens, escondeu-se em
uma cisterna.

80
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Com a descoberta do esconderijo, foi-lhes


proposto que se rendessem, em troca, de suas
próprias vidas. Josefo teria sugerido então um
método de suicídio coletivo: tirariam a sorte e
matariam se uns aos outros, de três em três
pessoas; restaram apenas Josefo e mais um
homem.

Há quem veja o ocorrido como um


problema matemático, por vezes designado como
problema de Josefo ou Roleta Romana. Josefo
convenceu este seu soldado a se entregar então
às forças romanas que invadiram a Galileia, em
julho de 67, tornando-se prisioneiro de guerra.

As tropas romanas do imperador romano,


(Flávio) Vespasiano, eram comandadas por seu
filho, Tito, ele próprio futuro imperador. Em 69,
Josefo foi libertado e, de acordo com seu próprio
relato, teria tido um papel de relevo como
negociador com as tropas de resistência durante o
cerco de Jerusalém, em 70, fazendo discursos
incitando os revoltosos ao arrependimento, sem
que fosse ouvido.

Viajou para Roma, após a queda de


Jerusalém, foi bem aceito, assumindo o nome
romano de seu protetor Flávio Vespasiano, e
recebido a cidadania romana. Passou também a
receber uma generosa pensão.

Além disso, tratou de aumentar suas


rendas, obtendo permissão de Vespasiano para,

81
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

através de seus agentes, adquirir, a preço vil,


terras na Judeia, confiscadas dos envolvidos na
revolta. As honrarias prosseguiram sob o reinado
de Tito e de Domiciano.

Em 71, Josefo chegou a Roma com a


comitiva de Tito; cidadão romano passou a ser um
cliente da dinastia dominante, os flavianos; foi
durante sua estada em Roma, e sob a patronagem
flaviana, que escreveu todas as suas obras
conhecidas.

Embora Josefo só se refira a si próprio por


este nome, parece ter adotado o prenome de Titus
(Tito) e o nome Flavius (Flávio) de seus patrões.
Esta prática era costumeira para todos os 'novos '
cidadãos romanos.

A primeira esposa de Josefo morreu,


juntamente com seus pais, durante o cerco de
Jerusalém, e Vespasiano arranjou-lhe um
casamento com uma mulher judaica que também
havia sido capturada. Esta mulher o abandonou e,
por volta de 70, ele casou com uma judia de
Alexandria, com quem teve três filhos.

Apenas um, Flávio Hircano (Flavius


Hyrcanus), sobreviveu além da infância. Josefo se
divorciou posteriormente desta sua terceira
esposa, aos 75 anos de idade, se casou pela
quarta vez, com uma judia de uma família distinta
de Creta. Este último casamento produziu dois

82
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

filhos, Flávio Justo (Flavius Justus) e Flávio


Simônides Agripa (Flavius Simonides Agrippa).

A vida de Flávio Josefo é recheada de


ambiguidades; para seus críticos, ele nunca
explicou satisfatoriamente seus atos durante a
Guerra Judaica, justificando como, por que ele não
teria cometido suicídio na Galileia, com seus
companheiros, e por que, depois de sua captura,
submeteu aos romanos?

Seus críticos, no entanto, ignoram o fato de


que Simão Bar Giora e João de Giscala, ambos
zelotes extremistas e grandes oponentes de Josefo
permaneceram em Jerusalém e lideraram os
combates contra os romanos em sua última etapa,
preferiram — num momento de honestidade — a
vida ao suicídio, e humildemente se renderam aos
romanos.

Aqueles que viram Josefo como um traidor e


informante também questionaram sua
credibilidade como historiador — desprezando
suas obras como propaganda romana ou uma
apologética pessoal, destinada a reabilitar sua
reputação histórica.

Mais recentemente, os críticos vêm


reavaliando as visões pré-concebidas de Josefo.
Um argumento importante é a comparação entre
os danos causados por seus atos e aqueles dos
idealistas que reprovaram seu comportamento;
enquanto Josefo teria sido responsável pelo

83
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

suicídio de alguns soldados, pela humilhação


temporária de um exército enfraquecido e pelo
transtorno de uma esposa, os bons, leais,
idealistas e corajosos, devotos e patrióticos líderes
de Jerusalém tinham sacrificados dezenas de
milhares de vidas à causa da liberdade.

Os generais romanos Tito e Vespasiano


sacrificaram dezenas de milhares de judeus, mas
à causa da ordem civil, e até mesmo Agria II, o rei
da Judéia, cliente romano, que fez tudo o que
podia para evitar a guerra, acabou
supervisionando a destruição de meia dúzia de
cidades e a venda de seus habitantes como
escravos.

Josefo foi sem dúvida alguma, um


importante apologista, no mundo romano, para a
cultura e o povo judaico, particularmente numa
época de conflito e tensão.

Aparentemente sempre demonstrou ser, pelo


menos em seus próprios olhos, um judeu leal e
cumpridor das leis. Fez tudo o que podia para
indicar o judaísmo aos gentis letrados, e para
insistir sobre sua compatibilidade com o
pensamento aculturado greco-romano.

Constantemente se manifestou a respeito da


antiguidade da cultura judaica, apresentando seu
povo como civilizado, devoto e filosófico. O
historiador Eusébio relata que uma estátua de
Josefo teria sido erguida em Roma.

84
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

OBRAS - Escreveu um relato da Grande


Revolta Judaica, dirigida à comunidade judaica da
Mesopotâmia, em língua aramaica. Escreveu,
depois, em grego, outra obra de estilo histórico
que abarcava o período que vai dos Macabeus até
à queda de Jerusalém.

Este livro, a Guerra dos Judeus, foi


publicado em 79. A maior parte do livro é
diretamente inspirada, relata os fatos de sua
própria vida e experiência militar e administrativa.

As Antiguidades Judaicas (escritas cerca


do ano de 94 em grego) é a história dos Judeus
desde a criação do Génesis até à irrupção da
guerra da década de 60. Acrescentou, no final, um
apêndice autobiográfico onde defendeu a sua
polêmica posição de colaboracionista em relação
aos invasores romanos.

Seu relato, ainda que com um paralelismo


evidente em relação ao Antigo Testamento, não é
idêntico ao das escrituras sagradas. Há quem
defenda que estas diferenças se devam à
possibilidade de Josefo ter tido acesso a
documentos antigos (que remontariam até à
época de Neemias) que teriam sobrevivido à
destruição do templo.

A maior parte dos acadêmicos não dá crédito


a tal suposição. Neste livro encontra-se o famoso
Testimonium Flavianum, uma das referências mais

85
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

antigas à Jesus mas considerada por alguns


estudiosos uma interpolação fraudulenta posterior.

Contra Apião é outra obra importante deste


autor, onde o Judaísmo é defendido como religião
e filosofia realmente clássica, em contraponto às
tradições mais recentes dos gregos. O livro serve
para expor e refutar algumas alegações anti
semíticas de Apião, bem como mitos antigos,
como os de Maneton.

Sua última obra foi uma autobiografia (Vida


de Flávio Josefo), que nos revela o nome do
adversário ("Justo de Tiberíades", filho de Pistos),
ao qual essa obra vem responder e as censuras
que lhe faz Josefo. Essa obra é cheia de lacunas,
confusa e hipertrofiada.

Esta obra continua fazendo registros sobre


a vida de Flávio Josefo contendo informações
preciosas, que não encontramos em nenhum outro
historiador da antiguidade.

86
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

19 - AS PROFECIAS DE DANIEL PREVIRAM


OS GRANDES IMPÉRIOS

No período que é chamado de inter bíblico ou


entre os testamentos, as ocorrências políticas, a
atuação das grandes potencias, as mudanças de
poder que transformariam o mundo, foram
reveladas por Deus ao Profeta Daniel.

Um estudo minucioso das profecias de Daniel


é o caminho histórico deixado pela Bíblia que
projeta e revela os acontecimentos futuros que
iriam ocorrer neste período em questão, devemos
então, não deixar de percorrer este caminho para
elucidar as mudanças ocorridas naquele cenário.

Observamos o que está escrito,


aproveitamos a oportunidade para deixar alguns
textos pertinentes a este tema encontrados nas
Escrituras Sagradas que julgamos muito
importante: Certamente o Senhor DEUS não
fará coisa alguma, sem ter revelado o seu
segredo aos seus servos, os profetas. Amós
3: 7.19

Respondeu o rei a Daniel, e disse:


Certamente o vosso Deus é Deus dos deuses,
e o Senhor dos reis e revelador de mistérios,

19
- Este texto do Livro de Amós está bem de acordo e em
conformidade com os relatos do Livro de Daniel.

87
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

pois pudeste revelar este mistério. Daniel


2:47

E te fizesse saber os segredos da


sabedoria, que é multíplice em eficácia; sabe,
pois, que Deus exige de ti menos do que
merece a tua iniquidade. Jó 11:6

Mas há um Deus no céu, o qual revela os


mistérios; ele, pois, fez saber ao rei
Nabucodonosor o que há de acontecer nos
últimos dias; o teu sonho e as visões da tua
cabeça que tiveste na tua cama são estes:
Daniel 2:28

Aproximadamente no ano de 606 a.C, o


Império Babilônico dominava o mundo de então. O
poderoso monarca Nabucodonosor, o rei deste
império, com seus vitoriosos exércitos havia
subjugado o Reino de Judá e a grande maioria do
povo foi levado para o cativeiro.

Dentre estes cativos estava o jovem Daniel,


da Tribo de Judá. Babilônia era uma cidade de
beleza e luxo. Seus palácios e Jardins Suspensos
se tornaram uma das sete maravilhas do mundo
antigo. Era cercada por imensos muros e
gigantescas portas, além de um profundo fosso
rodeando os muros.

Babilônia era uma cidade muito bem


fortificada protegida por altas e largas muralhas,
que muitos a consideravam como inexpugnável. O

88
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Rio Eufrates cortava a cidade em diagonal, sob os


muros, fertilizando os maravilhosos jardins. O
território que Nabucodonosor governava tinha tido
uma longa e variada história e estado sob o
governo de diferentes povos e reinos.

De acordo com o Gênesis, a cidade de


Babilônia foi parte do reino fundado por Nimrod,
bisneto de Noé. Nabopolasar (626-605 a.C.) foi o
fundador do que se chama o Império Caldeu ou
Império Neo-Babilônico, o qual teve sua idade de
ouro nos dias do rei Nabucodonosor e durou até
que Babilônia caiu nas mãos dos medos-persas no
ano 539.

Nabucodonosor se orgulhava de "sua


Babilônia", que ele dizia ter criado por suas
próprias mãos, com a força de seu poder, para
glória de sua magnificência.

Mas ele se preocupava em como seria


quando ele não fosse mais o governante.

Visão do contexto narrado enquanto


alegoria?

Há uma edição bíblica que é chamada de


Pastoral, faz uma interpretação das profecias de
Daniel de maneira que, em nosso ver,
consideramos errônea, por tratar as interpretações
apenas como alegorias, por que rejeita as
confirmações e os dados históricos, sustenta que a
referência à Nabucodonosor é alegórica, pois o

89
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

autor queria criticar Antíoco IV que perseguia a


comunidade judaica no século II a.C.

Sob o nosso entendimento, a interpretação


dos sonhos seguem essa perspectiva, a visão da
estátua tem o seguinte significado:

- cabeça de ouro: Império Babilônico


- peito e braços de prata: Reino Medo Persa
- ventre e coxas de bronze: Império Grego
- pernas de ferro e pés de ferro/argila:
Império Romano, depois dividido entre os povos
bárbaros.

A Tradução Ecumênica da Bíblia, tenta


desvirtuar a interpretação correta dessa
profecia, lembra que Antíoco III procurou casar
sua filha com Ptolomeu V que se refere a um reino
dividido, ou seja, os sucessores de Alexandre
(Império Selêucida e a Dinastia Ptolemaica).

A pedra simboliza o reino messiânico, o reino


divino de Cristo, definitivo, que destrói os poderes
humanos. Esta é a pedra que esmaga todos estes
reinos.

RELATO BÍBLICO - O profeta Daniel


interpretou o sonho do rei Nabucodonosor. Como
todos os antigos, Nabucodonosor acreditava em os
sonhos como um dos meios pelos quais os deuses
revelavam sua vontade aos homens. Segundo a
Bíblia, em uma noite Deus decidiu revelar a
Nabucodonosor o futuro em uma Profecia, não só

90
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

do império da Babilônia, mas também a história


de toda a humanidade.

Nabucodonosor sonhou com uma grande


estátua, a cabeça era de ouro, o peito e os braços
de prata, o ventre e coxas de bronze, as pernas de
ferro e os pés eram parte de ferro e parte de
barro. Enquanto admirava a estátua uma grande
pedra veio do alto e acertou os pés da estátua que
acabou sendo totalmente destruída. Depois disso a
pedra cresceu até cobrir toda a face da terra.

No dia seguinte ao pensar no sonho, o rei


percebeu que não conseguia se lembrar de nada.
Não conformado com o esquecimento procurou
ajuda dos sábios de sua corte. Exigiu que eles o
fizessem lembrar esse sonho e também dessem a
sua interpretação

Daniel não estava presente quando os sábios


foram convocados e notificados da difícil tarefa. Se
o mistério não fosse solucionado todos os sábios
seriam executados.

A severidade do castigo não estava fora de


tom com os costumes desses tempos. No entanto,
era um passo temerário do rei porque os homens
cuja morte tinha ordenado constituíam a classe
mais culta da sociedade.

Daniel pediu um tempo para buscar o


auxílio de Deus e então solucionar o que parecia
impossível.

91
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Segundo a Bíblia, naquela mesma noite


Deus enviou a Daniel o mesmo sonho que o Rei
havia sonhado. Na manhã seguinte Daniel foi
levado até Nabucodonosor. Daniel descreveu o
sonho com exatidão ao rei, contou até mesmo o
que Nabucodonosor pensara antes de dormir.

Nabucodonosor não tinha nenhuma dúvida


que aquele era o sonho e que Deus havia revelado
essas coisas a Daniel.

Em seguida Daniel deu a interpretação do


sonho. Daniel descreveu, segundo o relato bíblico,
história da humanidade desde a babilônia até o dia
do juízo final.

Segundo Daniel as diferentes partes da


estátua eram os grandes e diferentes impérios que
se sucederiam no controle e domínio do mundo.

As mais óbvias interpretações preteristas


sobre a revelação do sonho de Daniel estão
contidas nas próprias Escrituras Sagradas onde se
tem revelações sobrenaturais bem como a do
próprio jovem Daniel. Vejamos por partes:

1.a cabeça de ouro: as sagradas escrituras


definem essa cabeça de ouro como o poder
babilônico da época cujo rei era Nabucodonosor e
todo seu império conquistador;

92
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

2.o peito e os braços de prata: seria um


segundo reinado um pouco inferior ao babilônico;

3.o ventre e o quadril: seria um terceiro


reino, um reinado de bronze que governaria toda
terra;

4.o as pernas de ferro: se refere a um


quarto reino forte como o ferro, pois o ferro
quebra e destrói tudo; e assim como o ferro
despedaça tudo também ele destruirá e quebrará
todos os outros reinos que já existiram;

5.o os pés eram em parte ferro e parte


barro: essa parte da revelação que Daniel
revelara ao rei se refere aos dedos dos pés que
eram em parte de ferro e em parte de barro,
assim por uma parte o reino será forte, e por
outra será frágil; quanto ao ferro misturado com
barro de lodo, misturar-se-ão com semente
humana, mas não se ligarão um ao outro, assim
como o ferro não se mistura com o barro.

Referindo-se desta forma às alianças que as


nações futuras tentarão fazer umas com as outras,
mas sem grandes resultados;

6.a pedra que caiu sem auxílio de mãos:


se refere ao Messias e Salvador da humanidade, o
próprio Jesus Cristo, a quem as escrituras
sagradas se referem (Daniel 2:44) - Mas, nos
dias desses reis, o Deus do céu levantará um
reino que não será jamais destruído; e este

93
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

reino não passará a outro povo; esmiuçará e


consumirá todos esses reinos, mas ele
mesmo subsistirá para sempre.)

INTERPRETAÇÃO - Segundo esta linha de


interpretação, a profecia do capítulo sete cobre
essencialmente o mesmo lapso histórico que o
sonho do capítulo dois de Daniel. Ambos
abarcam desde os dias do profeta até o dia do
juízo final.

Em Daniel 2, Nabucodonosor viu os poderes


mundiais representados por uma grande estátua
de metal, já no capítulo 7, Daniel os viu
mediante o simbolismo de bestas e chifres.

Os estudiosos que defendem esta linha de


raciocínio entendem que tema do capítulo 2 de
Daniel é essencialmente político. Foi dado, em
primeiro lugar, para informar a Nabucodonosor e
assim conseguir sua cooperação com o plano
divino. Já a profecia do capítulo 7, como as do
resto do livro, foram dadas especialmente para
que o plano divino, através de todos os séculos,
pudesse ser entendido e revelado.

Estas profecias têm como pano de fundo a


luta do bem contra o mal. Antes de prosseguir
nesta leitura veja os artigos Simbologia Bíblica e
Tabela de Símbolos Bíblicos.

A Cabeça de Ouro – Daniel dizendo ao


Rei Nabucodonosor: Ele deu ao senhor o

94
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

domínio em todo o mundo sobre os seres


humanos, os animais e as aves. O senhor é a
cabeça feita de ouro.

O Primeiro Reino - Nabucodonosor era a


personificação do Império Neobabilônico. As
conquistas militares e o esplendor arquitetônico de
Babilônia se deviam, em grande parte, a suas
proezas. Literalmente, Daniel diz que a destacada
cabeça de ouro da estátua era o Império
Babilônico representado por seu governante
Nabucodonosor.

Ouro - Para embelezar a cidade de


Babilônia se tinha usado ouro em abundância.
Heródoto descreve com profusão de termos o
resplendor do ouro nos templos sagrados da
cidade. A imagem do deus, o trono sobre o qual
estava sentado, a mesa e o altar estavam feitos
de ouro.

Cabeça - Nabucodonosor sobressaía entre


os reis da antiguidade, era o primeiro pela ordem,
então só poderia ser a cabeça, também pela
ordem cronológica.

Peito e Braços de Prata - Depois do seu


reino haverá outro, que não será tão poderoso
como o seu.

O Segundo Reino - Dario Medo Persa e


depois Ciro que permitiu que os judeus

95
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

retornassem para a reconstrução de Jerusalém,


das suas muralhas e do Templo do Senhor.

Este segundo reino da profecia de Daniel é


chamado às vezes Império Medo-Persa, incluía o
mais antigo Império Medo e as aquisições mais
recentes do conquistador persa Ciro. Império
Medo caiu nas mãos de Ciro o persa antes da
queda da Babilônia. O livro de Daniel se refere
várias vezes à nação que conquistou a Babilônia, à
qual Darío representava, como "os medos e os
persas".

Segundo Heródoto, Ciro venceu os medos e


tornou se rei expandindo o poderoso império
persa. havia dito que era parte Persa e parte
Medo. Ciro, que tinha chegado a ser rei da Persia,
derrotou a Astíages dos Medos no ano 553 ou 550
a.C. Já que os persas governaram desde o tempo
de Ciro em adiante, se os menciona normalmente
como Império Persa. Mas o prestígio mais antigo
se refletia na frase "Medos e Persas" que se
aplicava aos conquistadores da Babilônia no tempo
de Daniel e ainda mais tarde.

Prata - Como a prata é inferior ao ouro, o


Império Medo-Persa foi inferior ao Neobabilônico.
Ao contrastar os dois reinos, notamos apesar do
segundo reino, haver durado mais tempo,
certamente foi inferior em luxo e esplendor. Os
conquistadores medos e persas adotaram e
assimilaram a cultura da complexa civilização

96
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

babilônica, porque a sua estava muito menos


desenvolvida.

Ventre e Coxas de Bronze - e depois desse


reino haverá ainda outro, um reino de bronze, que
dominará o mundo inteiro.

O Terceiro Reino - O sucessor do Império


Medo-Persa foi o Império de Alexandre, o Grande
e seus sucessores. Grécia estava dividida em
pequenas cidades-estados que tinham um idioma
comum, mas não unificada.

A Grécia antiga, atingiu seu apogeu da


civilização grega sob a liderança de Atenas, no
século V a.C. Este florescimento da cultura grega
seguiu ao período de maior esforço unido das
cidades-estados autônomas, a exitosa defesa de
Grécia contra a Pérsia, possivelmente no período
da rainha Ester.

A "Grécia" de Daniel 8:2120 não se refere


às cidades-estados autônomas do período da
Grécia clássica, mas ao posterior reino macedônico
que venceu a Pérsia.

Macedônia era uma nação consanguínea


situada ao norte de Grécia territorial,
propriamente dita, conquistou as cidades gregas e

20
- Mas o bode peludo é o rei da Grécia; e o grande chifre que tinha
entre os olhos é o primeiro rei; Daniel 8:21

97
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

as incorporou pela primeira vez a um Estado forte


e unificado.

Alexandre ―O Grande‖, depois de ter herdado


de seu pai, o recém fortalecido e engrandecido
reino grego macedônico, então pôs se em marcha
para estender a dominação macedônica e a cultura
grega para o oriente e venceu ao Império Persa.

A profecia apresenta o reino da Grécia como


um reino que viria depois da Pérsia, porque Grécia
nunca se uniu para formar um reino até a
formação do Império Macedónico que substituiu a
Persia como principal poder do mundo desse
tempo. O último rei do Império Persa foi Dario III,
que foi derrotado por Alexandre nas batalhas de
Granico (334 ac), Issos (333 ac), e Batalha de
Gaugamela (331 ac).

Bronze - O Império de Alexandre


Magno: Os soldados gregos se distinguiam por
sua armadura de bronze. Seus capacetes, escudos
e machados eram de bronze. Heródoto nos diz que
Psamético I do Egito viu nos piratas gregos que
invadiam suas costas o cumprimento de um
oráculo que predizia a "homens de bronze que
saem do mar".

Dominará o Mundo Inteiro - A história


registra que o domínio de Alexandre se estendeu
sobre Macedônia, Grécia e o Império Persa. Incluiu
a Egito e se expandiu pelo oriente até a Índia.

98
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Foi o império mais extenso do mundo antigo


até esse tempo. Seu domínio foi "sobre toda a
terra" no sentido de que nenhum poder da terra
era igual a ele, e não porque cobrisse todo mundo,
nem ainda toda a terra conhecida nesse tempo.

Um "poder mundial" pode definir-se como


aquele que está acima de todos os demais,
invencível; não necessariamente porque governe a
todo mundo.

As afirmações superlativas eram


comumente usadas pelos reis da antiguidade. Ciro
denomina a si mesmo "rei do mundo… e dos
quatro bodes (regiões da terra)".

Pernas de Ferro - Depois, virá um quarto


reino, que será forte como o ferro, que quebra e
despedaça tudo. E assim como o ferro quebra
tudo, esse reino destruirá completamente todos os
outros reinos do mundo.

O Quarto Reino - Esta não é a etapa


posterior quando se dividiu o império de
Alexandre, mas império que conquistou o mundo
macedónico. Muito antes da tradicional data de
753 a.C, Roma tinha sido estabelecida por tribos
latinas que tinham vindo a Itália em ondas
sucessivas arredor do tempo em que outras tribos
indo europeias se tinham estabelecido na Grécia.

Por volta do século VIII a.C. até o V a.C. a


cidade-estado latina de Roma foi governada por

99
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

reis etruscos vizinhos. A civilização romana teve


uma grande influencia etrusca, que vieram a Itália
no século X a.C., e especialmente influenciados
pelos gregos que chegaram dois séculos mais
tarde. Pelo ano 500 a.C., o estado romano se
converteu em república, e seguiu dessa forma por
quase 500 anos.

Em 265 a.C. toda Itália estava sob o domino


romano. Em 200 a.C. Roma saiu vitoriosa da luta
a morte que tinha sustentado com sua poderosa
rival do norte de África, Cartago (originalmente
uma colônia fenícia).

Desde então Roma fez senhora absoluta do


Mediterrâneo Ocidental e era mais poderosa do
que qualquer dos estados do oriente. Desde então
Roma primeiro dominou e depois absorveu, um a
um, os três reinos que sobraram dos sucessores
de Alexandre, e assim chegou a ser o seguinte
grande poder mundial depois de Alexandre.

Este quarto império foi o que mais durou e o


mais extenso dos quatro, pois no século II d.C.
estendia-se desde Inglaterra até o Eufrates.

Ferro - Edward Gibbon21 chamou muito


adequadamente Roma de a "monarquia de ferro",
21
- Edward Gibbon (Putney, 27 de abril de 1737 — Londres, 16 de
janeiro de 1794) foi um historiador inglês que expressou se dentro do
espírito do iluminismo, autor de A História do Declínio e Queda do
Império Romano.

100
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

ainda que não era monarquia no tempo em que


chegou a ser o principal poder do mundo.

Quebrava e Despedaçava Tudo - Tudo o


que se pôde reconstruir da história romana
confirma esta descrição. Roma ganhou seu
território pela força ou pelo temor que
representava seu poderio armado. Ao princípio
interveio em conflitos internacionais numa luta por
sobreviver contra seu rival, Cartago, e se viu
assim envolvida numa guerra depois de outra.
Destruindo seus adversários um após outro,
chegou a ser finalmente a agressiva e irresistível
conquistadora do mundo mediterrâneo e da
Europa Ocidental.

No princípio da era cristã, e um pouco mais


tarde, o poder de ferro das legiões romanas
respaldava à Pax Romana (a paz de Roma). Roma
era o império maior e mais forte do que o mundo
tinha conhecido até então.

Dedos de Ferro e Barro - Na estátua que


o Rei Nabucodonosor vira, os pés e os dedos dos
pés eram metade de ferro e metade de barro. Isso
quer dizer que esse reino seria dividido, mas terá
alguma coisa da força do ferro; pois, como o
senhor viu, o ferro estava misturado com barro.

O Quinto Reino - Ainda menciona sendo os


dedos da estátua, Daniel não chama
especificamente atenção a seu número. Declara
que o reino seria dividido.

101
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Isso significa que esse Reino representa a


forma de governo em que se encontra a sociedade
humana dividida, com alguns reinos fortes como o
ferro e outros frágeis como o barro. Os dois pés de
ferro não misturado, mas em partes de ferro e em
partes de barro, representavam os dez reinos dos
povos bárbaros que atacavam Roma e
enfraqueceram seus domínios, estes dedos
também simbolizavam o que os dez chifres
simbolizavam.

Mas havia algo do qual os historiadores não


gostam de falar, refere-se a pequena cabeça que
falava com voz humana, de acordo com o texto de
Daniel: Esta pequena ponta que surge com
autoridade é uma referencia ao poder papal: E
proferirá palavras contra o Altíssimo, e
destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará
em mudar os tempos e a lei; e eles serão
entregues na sua mão, por um tempo, e
tempos, e a metade de um tempo. Daniel
7:25

Barro e Ferro, Fraco e Forte - Roma tinha


perdido sua tenacidade e força férreas, e seus
sucessores eram manifestamente débeis, isto
significa que Roma permaneceria até os dias de
hoje, contudo como mistura dela (Ferro) com o
barro, sabemos que não existe mais atualmente o
império Romano, e sim o que sobrou dele, o
papado que se estendeu seu poder total durante
toda a Idade Média.

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Vejamos o texto a seguir que é pertinente a


este grande poder o papado: Estando eu a
considerar os chifres, eis que, entre eles
subiu outro chifre pequeno, diante do qual
três dos primeiros chifres foram arrancados;
e eis que neste chifre havia olhos, como os
de homem, e uma boca que falava grandes
coisas. E proferirá palavras contra o
Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo,
e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles
serão entregues na sua mão, por um tempo,
e tempos, e a metade de um tempo. Daniel
7:25 Daniel 7:822

Também existia entre aquelas nações que


surgiam uma parte forte. Os reinos bárbaros
diferiam grandemente em valor militar, como o diz
Gibbon ao referir-se a "as poderosas monarquias
dos francos e os visigodos, e os reinos
subordinados dos suevos e burgundios".

Não Ficarão Unidos - Os versos 42 e 43


dizem: "Como os artelhos dos pés eram, em
parte de ferro e em parte de barro, assim,
por uma parte o reino será forte e, por outra,
será frágil. Quando ao que viste do ferro
misturado com barro de lodo, misturar-se-ão
mediante casamento, mas não se ligarão um
22
- Esta pequena cabeça é o papado que foi instituído a partir do
terceiro século de nossa era, uma fusão entre o cristianismo e o
paganismo.

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

ao outro, assim como o ferro não se mistura


com o barro.".

A profecia de Daniel suportou a prova do


tempo. A arqueologia comprovou a veracidade e a
autenticidade destas profecias, quando foram
encontradas cópias intactas destes textos entre
outros textos nas cavernas junto ao Mar Morto em
1947. Algumas potências mundiais foram débeis,
outras fortes. O nacionalismo continuou com
vigor. As tentativas de converter num império
único e grande as diversas nações que surgiram
do quarto império terminaram no fracasso.

Certas seções se uniram transitoriamente,


mas a união não resultou nem pacífica nem
permanente. Existiram também muitas alianças
políticas entre as nações. Mas todas essas
tentativas se frustraram. A profecia não declara
especificamente que não poderia ter uma união
transitória de vários elementos, por meio da força
das armas ou de uma dominação política. No
entanto, afirma que se tentasse ou se conseguisse
formar tal união, as nações que a integrassem não
funcionariam organicamente, e continuariam com
seus receios mútuos e hostis.

Uma federação formada sobre tal


fundamento está condenada à ruína. O sucesso
passageiro de algum ditador ou de alguma nação
não deve assinalar-se como o fracasso da profecia
de Daniel.

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

A Pedra - O verso 44 diz: No tempo desses


reis, o Deus do céu fará aparecer um reino que
nunca será destruído, nem será conquistado por
outro reino. Pelo contrário, esse reino acabará
com todos os outros e durará para sempre. É isso
o que quer dizer a pedra que o rei viu vinda do
espaço, sem que ninguém a tivesse atirado, e que
despedaçou a estátua feita de ferro, bronze, prata,
barro e ouro. O Grande Deus está revelando ao rei
o que vai acontecer no futuro. Foi este o sonho
que a sua majestade teve, e esta é a correta
explicação.

Fará Aparecer um Reino - Alguns


estudiosos apresentam este detalhe da profecia
uma predição da primeira chegada de Cristo e da
posterior conquista do mundo pelo Evangelho.
Outros estudiosos afirmam que isto é improvável
porque este novo "Reino" não devia coexistir com
nenhum daqueles quatro reinos; devia suceder à
fase do ferro e barro misturados, que ainda não
existiam quando Cristo esteve na terra.

Segundo eles o reino de Deus ainda estava


por vir, como Jesus afirmou a seus discípulos. Esta
linha de interpretação defende a ideia que este
último Reino será estabelecido quando Cristo
voltar para resgatar aqueles que O aceitaram
como Salvador.Também há outras especulações
sugerindo a possibilidade de esta pedra ser um
movimento intelectual como foi o helenismo, pode
ser o domínio religioso universal, pode ser até um
movimento político de nacionalismo, há muitas

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

possiblidades não avaliadas pelos estudiosos que


aceitam a interpretação cristã.

Significado para “Pedra” - Em Aramaico


―ében‖, é uma palavra idêntica a palavra ―ében‖'
do Hebraico. Sua tradução é "pedra", e é usada
para referir-se a lousas, pedras para atirar com
funda, pedras talhadas, vasilhas de pedra, pedras
preciosas.

A palavra ‗'rocha'‘ é usada frequentemente


na bíblia como uma referência a Deus (Deut.
32:4, 18;1 Sam. 2:2; etc.). Esta palavra ―rocha‖
vem da palavra hebraica 'tsur'. A palavra usada no
original por Daniel foi 'tsur' e não 'eben'. Daniel é
claro em sua interpretação para Nabucodonosor
apresenta e descreve todos os símbolos usados na
profecia.

Sem que Ninguém Tivesse Atirado -


Muitos comentaristas acreditam que este é um
indício de que este último reino tem origem sobre
humana. Acreditam que o último reino não será
fundado pelas hábeis mãos dos homens, mas pela
poderosa mão de Deus. Assim como todo reino
tem sua existência debaixo da vontade de Deus,
este novo movimento também será estabelecido
por Deus.

Será um reino que se estabelecerá para


durar para sempre, de forma abrangente atingirá
toda a terra e será certamente será um reino
universal.

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Newton retratado por Godfrey Kneller, 1689,


46 anos de idade

20 - ISAAC NEWTON
E AS PROFECIAS DE DANIEL

O ilustre cientista inglês Sir Isaac Newton,


como um profundo estudioso das Escrituras
Sagradas, fez uma interpretação das profecias
contidas no Livro de Daniel.

Sir Isaac Newton,23 autor da física clássica


foi um devoto cristão, nesta interpretação do Livro

23
- Isaac Newton - Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Sir Isaac
Newton. Nascimento 4 de janeiro de 1643 Woolsthorpe-by-
Colsterworth, Inglaterra – Morte 31 de março de 1727 (84 anos)
Londres – Nacionalidade – Inglês – Ocupação Cientista. Principais
interesses Ciência, química, física, mecânica e matemática, foi o
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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

de Daniel, está fornecendo as introspecções que


ainda hoje são consideradas como profundas. A
seguir estamos considerando em nossos registros
trechos do livro escrito por Isaac Newton; na
primeira parte este cientista destaca uma
descrição detalhada e minuciosa de como foram
escritos os livros das Escrituras Sagradas e cita
algumas ocorrências pertinentes ao período pós
cativeiro babilônico que estão registrados nos
Livros apócrifos dos Macabeus, na segunda parte
há comentários sobre as interpretações dos
sonhos e visões do Livro de Daniel:

“As Profecias escritas pelo próprio Daniel em


diferentes ocasiões; os seis primeiros, uma
coleção de escritos históricos de outros autores. O
quarto capítulo é um Decreto de Nabucodonosor.
O primeiro capítulo foi escrito depois da morte de
Daniel, pois aí se diz que Daniel viveu até o
primeiro ano do reinado de Ciro, isto é, até o
primeiro ano do domínio deste rei sobre os Persas
e os Medas e o terceiro ano sobre a Babilônia. E,
pelo mesmo motivo, o quinto e sexto capítulos
também foram escritos após a morte de Daniel,
pois terminam com estas palavras: "E Daniel

descobridor de Ideias notáveis Lei Fundamental da Dinâmica, Lei da


Gravitação Universal, Cálculo embora tenha sido também astrônomo,
alquimista, filósofo natural e teólogo.

108
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

permaneceu sempre em dignidade, durante o


reinado de Dario e o reinado do persa Ciro"
(Daniel 6:28). Também estas palavras deveriam
ter sido adicionadas pelo coletor dos escritos, que
suponho tenha sido o próprio Ezra. Parece que os
Salmos, compostos por Moisés, Davi e outros,
foram colecionados por Ezra pois, na coleção,
encontro alguns até da época do cativeiro de
Babilônia, mas nenhum posterior. Ezra os reuniu
num grande volume que conhecemos atualmente
como livro dos Salmos. Depois disto, Antíoco
Epifânio saqueou o Templo, proibiu os Judeus de
respeitar a Lei, sob pena de morte, e mandou
queimar todos os livros sagrados que fossem
encontrados. Nesses distúrbios, é bem provável
que o livro das Crônicas dos Reis de Israel se haja
perdido por completo. Passada a opressão, Judas
Macabeu recolheu todos os escritos que foi
possível encontrar (cf. 2 Macabeus 2:14).”24

“As profecias de Daniel ligam-se todas umas


às outras, como se fosse simples parte de uma
profecia geral, dadas em várias épocas. A primeira
deve ser compreendida em primeiro lugar; e cada
uma das que se seguem adicionam algo de novo
às anteriores. A primeira foi dada num sonho a
Nabucodonosor, rei da Babilônia, no segundo ano
24
- OBSERVAÇÕES SOBRE AS PROFECIAS DE DANIEL E O
APOCALIPSE DE SÃO JOÃO, POR Sir Isaac Newton.
TRADUZIDAS DA EDIÇÃO INGLESA DE 1733, POR JULIO
ABREU FILHO - RUA ALFERES MAGALHÃES, 304 SÃO
PAULO – BRASIL, p. 14.

109
A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

de seu reinado. Tendo o rei esquecido do sonho


que havia tido, a mesma foi dada novamente a
Daniel, também num sonho, que o revela então à
Nabucodonosor. Assim Daniel tornou-se famoso
por seu saber e pela faculdade de revelar coisas
secretas, de tal modo que Ezequiel, seu
contemporâneo, no décimo nono ano do reinado
de Nabucodonosor, assim fala ao rei de Tiro:
"Porque és mais sábio que Daniel, nenhum
segredo há oculto para ti" (Ezeq. 28:3). E o
mesmo Ezequiel, noutra passagem, reúne Daniel a
Noé e a Jó, como os mais distinguidos pelos
favores de Deus (Ezeq. 14:14, 16, 18, 20). E no
último ano de Baltazar, dele disse a rainha-mãe ao
rei: "No teu reino há um homem que tem em si o
espírito dos deuses santos; e no tempo de teu pai,
manifestaram-se nele a ciência e a sabedoria; por
isto até o rei Nabucodonosor, teu pai, o constituiu
chefe dos magos, dos encantadores, dos caldeus e
dos agoureiros; porque um espírito superior aos
dos outros, e prudência, e inteligência, e
interpretação de sonhos, e declaração de
segredos, e solução de dificuldades, tudo se achou
nele, isto é, Daniel, a quem o rei pôs o nome de
Baltazar" (Daniel v. 11, 12). Tinha Daniel o maior
prestígio. . .” 25

25
- OBSERVAÇÕES SOBRE AS PROFECIAS DE DANIEL E O
APOCALIPSE DE SÃO JOÃO, POR Sir Isaac Newton.
TRADUZIDAS DA EDIÇÃO INGLESA DE 1733, POR JULIO
ABREU FILHO - RUA ALFERES MAGALHÃES, 304 SÃO
PAULO – BRASIL, p. 26.

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Ilustrações sobre as visões e a profecias


interpretadas pelo profeta Daniel

A visão era de uma grande estátua de um


homem de aspecto terrível, sua cabeça era de
ouro, o peito e os braços de prata, o quadril de
bronze, as pernas de ferro e os pés em parte de
ferro e barro.

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

Uma pedra arremessada sem mãos golpeou


a estátua em seus pés e a reduziu a pó.
Transformando-se numa montanha que encheu a
terra.

O senhor disse a Daniel a interpretação que


as quatro partes representaram quatro reinos que
dominarão o mundo. O primeiro é a Babilônia sob
o reinado de Nabucodonosor e aqueles outros três
reinos seguintes seria cada vez mais inferior,
como indicado pelo valor dos metais.

Mas o reino do ferro seria muito forte e


destruirá muitos outros reinos. O barro e o ferro
que compõe os pés com os dez dedos do pé
seriam separados e não se juntarão mais, porque
o ferro e o barro não misturam.

A pedra representa um reino ajustado acima


pelo Deus dos Céus que destruirá em partes e
consome todos estes reinos e que reinará para
sempre e jamais será destruído. (Dan. 2:31 - 45).

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

21 - CONCLUSÃO

Este trabalho, só foi possível a sua realização


pelo desejo que se manifestou em nós no sentido
de adquirir mais conhecimento a respeito desta
história tão fascinante sobre este longo período de
transformações e mudanças radicais no cenário
histórico da humanidade.

Todavia ao longo deste processo os judeus,


remanescentes Israel, conseguiram superar estes
quatro séculos, com fé e determinação, foram
guiados pela crença nas Escrituras Sagradas, fiéis
ao único e verdadeiro Deus, nas profecias que
anunciavam a vinda do Messias.

Por isso, apesar de nossas falhas e


dificuldades em somar ainda além dessas, outras
informações, preparamos este resumo que, como
resultado de tudo o que juntamos e conseguimos;
então nos restou compartilhar este trabalho com
os leitores, nossos amigos e irmãos de fé.

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A BÍBLIA ENTRE OS DOIS TESTAMENTOS Ezequiel Camilo da Silva

22 - BIBLIOGRAFIA

1 – TOGNINI, Enéas. Resumo Histórico - livro


"O Período Inter bíblico".

2 – JOSEFO, Flavio. HISTÓRIA DOS JUDEUS.

3 – Wikipédia, A Enciclopédia Livre da Internet.

4 – NEWTON, Isaac. AS PROFECIAS DE


DANIEL E O APOCALIPSE DE SÃO JOÃO,
Traduzidas da Edição Inglesa de 1733, por Julio
Abreu Filho - São Paulo – Brasil, p.p. 14 e 26.

5 – Biblia Sagrada – Edição Almeida Revisada –


Internet – Bíblia Online.

6 - Bíblia Católica Online – Internet.

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