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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

FACULDADE DE TEOLOGIA NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO


Campos Santana

TRABALHO DE TEOLOGIA – DEUS E A CRIAÇÃO


ASSUNTO: A TRINDADE COMO HISTÓRIA

São Paulo, 09/06/2019


TRABALHOS SOBRE O CAPÍTULO IV DO LIVRO A TRINDADE
COMO HISTÓRIA

Trabalho apresentado ao Professor Lisâneos do Curso


de Bacharel de Teologia referente a disciplina do Deus
e a Criação, com ênfase no livro a Trindade como
história.

São Paulo, 09/06/2019

Sumário
1. A ORIGEM TRINITÁRIA DA HISTÓRIA. ..................................................................................... 1
a) A criação como história Trinitária: ....................................................................................... 1
b) O criado a e criatura:................................................................................................................. 1
c) O homem a imagem do deus trinitário: ................................................................................ 2
d) A trindade e a comunidade dos homens: ............................................................................ 3
2. O PRESENTE TRINITÁRIO DA HISTÓRIA................................................................................ 4
a) A Trindade e o tempo presente: ............................................................................................. 4
b) A Trindade no homem: .............................................................................................................. 5
c) A Igreja ícone a Trindade: ........................................................................................................ 6
d) Eucaristia, Trindade e Comunhão Eclesial: ........................................................................ 7
e) Eucaristia, Trindade e Missão:................................................................................................ 8
CONCLUSÃO: ...................................................................................................................................... 9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ............................................................................................. 10
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1. A ORIGEM TRINITÁRIA DA HISTÓRIA.


a) A CRIAÇÃO COMO HISTÓRIA TRINITÁRIA:

O mesmo Deus que operou no evento salvífico da Páscoa e reconhecido na


Igreja nascente como mesmo Deus da Criação, sendo a Trindade inserida como o Pai
que no princípio da vida nos une a pessoa divina e a sua paternidade entre o céu e a
terra (cf. Ef 3,15).

O Criador leva a dar a sua criatura objetos de amor, expressão esta que
somente por Ele podem ser ditas e que tudo o que é criado em virtude do mesmo
amor na qual o amo. Quem nega a alteridade infinita entre o Criador e a criatura, nega
no fim à própria dignidade de criatura, objeto plena de amor, o chamado pela liberdade
a liberdade no amor.

O ato criador, referindo a fontalidade do amor que se ama eternamente, vem a


ligar-se a eterna geração do filho, que em sua distinção encontra-se o lugar a infinita
alteridade entre o Criador e a criatura. O filho é caracterizado na história, tem o interno
modelo e fundamento da criação eterna do amor, o próprio ato de assumir a natureza
humana que pode concretamente no ser o “homem Jesus”, sendo o mistério da
encarnação, sendo assim tudo é graça, aquilo que envolve a existência da vida tanto
da matéria quanto do espírito..

O originaria bondade da criatura é também iluminada pela correspondência


entre a criação e a outra processão intra-divina, a do Espírito Santo, que tudo é criado
(cf Gn 1,2) e é no Espírito Santo que tudo é mantido no ser (cf. Sl 104,29). O Espírito
Santo une a criatura ao Criador, o filho que é o amor unificante do amante e do amado.
Podemos afirmar que o Espírito é a garantia da criação, pois onde há “ser”, há “amor”
dentro do eterno vínculo com a divina caridade.

Se a criatura renega o amor, negará si mesma, sendo esta atitude devido a


liberdade que lhe foi criada pelo Espírito... Onde se acha o Espírito do Senhor aí está
a liberdade (2 Cor 3,17).

b) O CRIADO A E CRIATURA:

Se a criação é a história do Pai, do Filho e do Espírito Santo, sua


fundamentação na história se funda segundo uma analogia construída a partir do
evento pascal, nas processões eternos do Amor, é história trinitária de Deus: Deus
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uno é o criador do mundo e tudo que concerne por ele é criado, bem como, é o que
determina e que dá ao ser a vida envolto no mistério do seu Amor, estando em todas
as coisas.

Aquele que transcende o mundo é também o coração e o seio do mundo


(Aquele no qual “temos a vida, o movimento e o ser” (At 17,28)). É possível conhecer
a Deus por meio da sua criatura? Por meio de um conhecimento natural de Deus: é o
que afirma, contra o fidelismo e o tradicionalismo, acesso ao âmbito da fé e da
transmissão viva da verdade revelada.

O ser de Deus é a garantia da consciência do mundo, pois não é mais a partir


do mundo que se deve provar Deus, mas é em certo sentido a partir de Deus que se
deve verificar o mundo. Deus, não se prova, põe-se e, no processo do conhecimento
da verdade, se autopropõe.

Deus é hoje sempre mais percebida com o conceito da experiência de encontro:


se, de uma parte, se evidencia que é Deus da vida e da história, de outra parte se
apela à problemática radical (G Marcel) e à autotranscedência do homem, como a
abertura para o infinito divino (K. Rahner).

Podemos identificar uma tríplice relação entre a natureza e a graça: se ele é o


Deus criador e o Deus redentor, não pode haver oposição entre a comunicação da
vida e do seu ser nas origens e a participação na natureza outorgada na “plenitude
dos tempos”. A história da revelação nos faz conhecer que Deus é amo, a fé na criação
como ato do Deus trinitário nos faz afirmar que o amor é divino, sendo a presença de
Deus. Amor que impresso na vocação e nos mais profundo da criatura, é a fonte da
sua liberdade: Ama e o faz o que queres (Santo Agostinho).

A graça supera a natureza nos levando a um impensável nível de acolhida e de


efusão do dom, o que realiza na suprema entrega do Filho de Deus na cruz e na
comunicação pascal do Espírito Santo. Deus é amor, e que “aquele que permanece
no amor em Deus e Deus nele” (1Jo 4,16).

c) O HOMEM A IMAGEM DO DEUS TRINITÁRIO:

No âmbito da criação o homem constitui o vértice, a obra do penúltimo dia,


antes do repouso de Deus: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gn
1,26s). O motivo da imagem de Deus será realizado pela comunidade pascal em
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sentido Cristológico e Trinitário: o Cristo é por excelência a imagem do Deus invisível


(cf. Cl 1,15; 2 Cor 4,4); nele, o “último Adão” (cf. Rm 5,12-21; 1 Cor 15, 20-22.45.49),
o homem criado a imagem de Deus (cf. 1Cor 11,7). Olhando pelo aspecto da fá a
visão que que se tem do homem é trinitária, marcada pela relação, constitutiva e
essencial com a Trindade.

O homem é chamado a ser amor e feito para amar, criado por meio do Filho,
em vista dele e nele, que sendo a imagem perfeita do Pai o torna o homem a imagem
de Deus. O Homem também revê em si a presença do Espírito Santo: presente ao ato
criador (cf. Gn 1,2), poder da nova criação (cf. Mc 1,10 e par.), o Espírito imprime na
criatura humano certo reflexo daquilo que ele é no mistério de Deus.

Este chamado ao amor se dá pela própria liberdade, no qual garante por meio
de sua imagem, o reflexo da realidade de Deus, se propõe ao outro, no seu
acolhimento e no acolher o outro graças à relação unificante e libertadora do amor.

d) A TRINDADE E A COMUNIDADE DOS HOMENS:

A relação da criatura humana somente se dá na sociedade do amor, que desde


a origem de toda a história e a comunidade dos homens trata-se de um processo
histórico de construção da família humana dentro de uma relação de comunhão
trinitária.

Como a comunhão trinitária se refere ao Pai, fonte eterna de amor, assim a


comunidade dos homens é constitutivamente relacionada com o Deus Pai, senhor do
céu e da terra. A comunidade é uma comunhão de diferentes fontalidades no amor,
que se devem relacionar entre si para juntas se tornarem fonte de vida e de amor.

Dentro de uma comunidade onde há comunhão trinitária, “ao Deus Uno e Trino
não se pode corresponder uma monarquia de um soberano, e sim uma comunhão
entre os homens na qual se reconheçam privilégios e submissões. Deus não é
onipotente e sim somente o seu amor apaixonável e passivo.

Em uma comunidade de acolhida o que prevalece é a comunhão de diferentes


receptividades no amor, soma de todos os seus membros, acolhendo o outro e o
diverso de si, até o dom sacrificial de si mesmo. Dentro de um Espírito onde o homem
é a imagem e semelhança de Deus estando no seio da Trindade o vínculo de abertura
em uma acolhida é o amor, valorizando cada pessoa e a sua vocação à reciprocidade.
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A Trindade é um lugar a que devemos voltar continuamente, em uma história


de amor que devemos inserir e que devemos narrar através das opções de justiça e
de liberdade nas obras e nos dias dos homens.

2. O PRESENTE TRINITÁRIO DA HISTÓRIA.

a) A TRINDADE E O TEMPO PRESENTE:

Em toda história da Trindade e no que esperamos em sua glória está em nosso


tempo, é presente em nosso meio, não ficou no passado nem se espera no futuro, já
é presente, foi antes, é agora e será depois, mas o mais importante é o hoje, sabemos
que o amor de Deus foi, é e será, mas como somos acolhidos no amor de Deus que
é Pai, na pessoa de Jesus Cristo, o Filho, unidos ao Espírito Santo, e isso acontece
no hoje de cada um, Deus é contigo hoje, é assim que nos diz o próprio Jesus, hoje a
salvação entrou nesta casa (Lc 19,9).

O tempo se origina no ato trinitário da criação e no evento pascal é manifestado


o eterno do amor de Deus, e o Espírito Santo não cessa sua atuação na história, se
fazendo pressente no presente de nossa história, nos dando a compreensão de que
o tempo presente é o tempo de Deus, e assim o Deus que é tino, que fez o homem e
cuida dele, também fez o tempo para que o homem tivesse todo tempo como tempo
de salvação, tempo favorável (cf. 2Rm 6,2). A providência de Deus é o seu passado
que não passa, é Deus vindo se fazer presente num presente que não passa, Ele é o
futuro de si mesmo, o futuro é o não passar do seu passado e do seu presente, Deus
é providência ou origem na vida divina, Ele é Pai, e em sua vinda Ele é Filho, e como
futuro ou unidade eterna da origem, no seu livre amor, Deus é Espírito Santo, para
compreendermos assim o Deus trinitário, no Pai que envia, ou no Filho que é enviado
numa abertura pascal da vida divina, ou o Espírito entregue pelo Filho ao Pai na hora
da cruz, no evento pascal que Deus se entrega por nós, entregando o Filho que
entrega o Espírito e volta para o Pai, e assim todo instante está em ação o amor de
Deus agindo em favor de cada um de nós, porque tudo vem do Pai pelo Filho no
Espírito, e no mesmo Espírito pelo Filho vai para o Pai. Na unidade do tempo presente
é refletida a unidade da origem do fim e do futuro, que Deus coloca em movimento
eterno do amor trinitário.
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Toda essa estrutura trinitária do tempo será de permanência fecunda, se


assumida na liberdade consciente do homem, pois o tempo de Deus será uma oferta
sem resposta se não houver um tempo do homem para Deus, isto é aceitar
conscientemente e poder entender que a pessoa humana, de objeto se faz sujeito da
sua história, é necessário ser criativo, acolhedor e viver na liberdade do amor, no Novo
Testamento encontramos a passagem do chónos ao chairós, tudo em seu tempo,
porém o homem deve discernir para que o seu tempo não seja o simples tempo
humano, mas o tempo de Deus, (Mt 25,19). Essa passagem do chónos para chairós,
olhando com um olhar pascal, acontece propriamente quando a pessoa se decide por
Cristo, na liberdade e no amor, portanto está nas mãos do homem a possibilidade de
fazer do tempo presente o reflexo do tempo eterno, e a partir da história do mundo
poder contar a história da Trindade Santa, como história do amor, pois na Trindade, o
tempo é sempre criatura do amor divino, assim a trindade entra no tempo quando o
homem se decide a viver na liberdade do amor: “se alguém me ama, guardará minha
palavra e meu Pai o amará, e a ele viremos e nele estabeleceremos morada” (Jo
14,23).

b) A TRINDADE NO HOMEM:

Quando o homem se decide por Cristo, cria uma abertura no tempo à acolhida
da vida eterna, o que no presente podemos chamar como história eterna do amor.
Como acontece esse entrar do homem na própria vida trinitária? E como entra a
trindade de modo novo e pleno na mais bela de suas criaturas? Podemos ter uma
resposta muito clara olhando com os olhos da fé, desde o princípio da vida cristã a
resposta mais decisiva dessa passagem foi colhida e celebrada no batismo em nome
da trindade, conforme o próprio Jesus nos orienta, “Ide, portanto, e fazei que todas as
nações se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo” (Mt 28,19). Por isso também a existência cristã é existência batismal.

Na vida do batizado é comunicado a vida divina dos Três, nos fazendo


participar de sua natureza, (cf 2Pd 1,4), ai entendemos o porque pelo batismo
participamos da morte e ressurreição de Cristo (Rm 6,3-5). Mediante o batismo o
homem se torna filho adotado no amor de Deus, e assim vemos a trindade no homem,
que como homem é sepultado com Cristo na morte para que venha ressuscitar como
Ele ressuscitou dos mortos.
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É preciso crer, e crendo o homem participa desse movimento eterno do amor


de Deus, a exemplo do Filho que aceitou sem medida o amor do Pai e que dele se
torna eternamente a imagem, crer é nesse sentido, deixar-se amar por Deus, seguindo
aquele que é objeto da fé e também modelo de nossa fé, o Cristo Jesus.

A existência batismal realizará bem em cada batizado, quanto mais souber de


fato acolher em si a presença vivificante do mistério trinitário, e transmitir toda essa
alegria em gestos de amor e de fé, com a esperança que não decepciona. Dentro
desse movimento trinitário do amor, que fazemos parte pelo batismo, que nos tornou
cristão e agora como cristão não vamos orar simplesmente a um Deus, mas sim
vamos orar a Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, ao qual é unido pela força do
Espírito Santo, vamos orar em Deus, por cristo, com Cristo e em Cristo, ao Pai que é
todo poderoso e unido ao Espírito Santo, à Trindade Santa toda honra e toda glória.

O movimento de vida em oração vem, portanto, do Pai, origem do Filho e do


Espírito Santo, no coração de ora, é aqui que a oração introduz o homem na Trindade
e faz entrar a Trindade na existência humana: é um estar “escondido com Cristo em
Deus” (Cl 3,3). Orar é falar com Deus, a oração é terrena de aliança entre a Trindade
e a história, nela a condição humana é leva ao Deus vivo.

c) A IGREJA ÍCONE A TRINDADE:

A trindade se comunicando com o homem, portanto não pode a Trindade, que


é unidade essencial e que há comunhão profunda entre os três no amor, deixar de
suscitar comunhão, comunidade essa que vem do Pai, do Filho e do Espírito Santo:
obra das missões divinas, é na Igreja o lugar de encontro entre o céu e a terra, onde
a história trinitária, por iniciativa do amor passa a fazer parte da história humana e
assim é transformada no movimento da vida divina, essa Igreja vinda do alto, fruto da
Trindade.

É também estruturada a imagem à trindade: una na diversidade, comunhão


de carismas e ministérios suscitados pelo único Espírito, e assim a vida da Igreja
depende do amor trinitário do qual ela é envolvida, a estrutura dessa Igreja é segundo
o exemplo da Trindade e a sua maior riqueza são os dons do Espírito Santo, e tem
como missão anunciar a boa nova, respeitar os ministérios e carismas de cada um,
vivendo numa recepção recíproca das pessoas e das comunidades, praticando a fé,
gerando a esperança e vivendo o amor.
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A Trindade é a origem e a pátria à quem é encaminhado o povo peregrino: é o


já e o ainda não, da Igreja, o passado, e o futuro, o começo e o fim. E por isso
constantemente renovada na força do Espírito santo, que nela opera dando-lhe
condições para cumprir com suas promessas, assim a Igreja se fortalece na
esperança do reino, dando seu testemunho de fidelidade ao mundo presente e ao
mundo que virá.

A Igreja que vem da Trindade, caminha em sua direção e é estruturada à sua


imagem, esta Igreja que é Uma, Santa, Católica e Apostólica, busca viver sua unidade,
baseada na fé, olhando o passado para dar testemunho apostólico, a partir da tradição
e que hoje pode ser feita uma leitura à luz da Trindade Santa. Uma leitura baseada
na reciprocidade e complemetariedade da cristologia e da pneumatologia para
evidenciar a tradição como história do Espírito, que permite a presença viva do Cristo
em nós. O mistério da unidade, está na unidade da Igreja com o seu futuro em plena
revelação, podemos dizer que o Reino e a índole escatológica de toda comunidade
eclesial, é como a outra face da sua apostolicidade, o que une à Jerusalém celeste,
com fundação nos doze apóstolos.

d) EUCARISTIA, TRINDADE E COMUNHÃO ECLESIAL:

O lugar onde a origem trinitária volta continuamente a representar-se, e a


suscitar, alimentando a Igreja como comunhão e com o coração voltado para a
unidade do Reino, “é a eucaristia”, podemos até dizer que a celebração eucarística é
o verdadeiro ponto de encontro da Trindade com a Igreja.

A eucaristia tem um grande motivo na aliança, unindo o céu e a terra, a


eucaristia é o memorial da páscoa do senhor, essa estreita relação entre Trindade-
eucaristia, eucaristia essa que, antes de tudo, e a grande ação de graças ao Pai,
senhor do céu e da terra, dentro do memorial da Páscoa do Filho, a eucaristia é o
sacramento do sacrifício do Senhor, representado em sua morte e ressurreição, uma
vez consumado em favor da humanidade.

Jesus nos apresenta a origem e a forma trinitária da Igreja a partir da eucaristia,


sendo um mistério essa unidade, mas nos é apresentada: o Cristo não é separado do
Pai e do Espírito, e o seu corpo como Igreja pode ser visto como presença real, na
história e no seu corpo eucarístico, e aqui temos aquela visão sacramental da Igreja,
alimentada pelo próprio Cristo, sacramento este que o visível está para o invisível
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dentro desta relação, que existe entre a Pessoa do Verbo e a humanidade assumida,
(cf. Lumen Gentium).

A eucaristia é a invocação do Espírito (epiclese), em um primeiro passo o


Espírito é invocado para que venha santificar os dons que então sobre o altar, e num
segundo passo, diante desses dons por ele santificados que agora são, sinais da
presença real do Cristo, venha reunir os fiéis crentes no corpo único do Senhor. É o
Espírito quem realiza a promessa contida nas palavras da instituição, tornando
presente nos sinais eucarísticos e na Igreja aquele que morreu e ressuscitou, e tem
o poder de reunir os batizados ao Pai, por cristo, com Cristo e em Cristo. É nesta
celebração eucarística do Deus trinitário que revela o papel do espírito Santo, como
aquele que torna presente e vivifica a palavra histórica de Jesus, e assim fica claro
que é impossível separa Cristo do Espírito, da eucaristia ou da Igreja.

A Revelação de Deus se dá em Jesus, que se faz pão, mantendo sua presença


e nos alimentando, através da eucaristia, assim Deus é tudo em todos, é puramente
graça trinitária que forma a Igreja na sua comunhão, não tendo isso como privilégio,
mas como tarefa, não classificando como posse, mas uma missão de amor, é na
eucaristia que tem esse dinamismo do agir trinitário, e que passa para o agir eclesial,
onde acontece o grande louvor ao Pai, memorial do Filho, invocação do Espírito, assim
a eucaristia estrutura o amor missionário.

E como missionários somos chamados a esse banquete que é um memorial e


estabelece uma profunda comunhão de vida comunitária, entre quem preside e os
convidados, e dos convidados entre si, e em obediência ao preceito do Senhor a Igreja
faz conforme Ele pediu: fazei isto em minha memória, por isso é missão da Igreja
exigir a comunhão com Cristo e com os irmãos, essa Igreja apresentada por Cristo na
última ceia, que nasce da eucaristia e do serviço.

e) EUCARISTIA, TRINDADE E MISSÃO:

A partir da experiência transformadora da Páscoa, a Igreja pode ver o presente


e o passado, mas também ser visionária do futuro, tudo com base na esperança
trinitária, assim como o evento do terceiro dia não pôde ficar fora da origem, como
não pode ficar fora do fim. Pois tanto o princípio como o fim dessa realidade humana
tem como chave pascal “ a plenitude dos tempos” (cf. Gl 4,4; Ef 1,10).
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Neste evento pascal podemos pensar no início e no fim, como protologia e


escatologia, a Trindade é a origem e a pátria, o primeiro e o último. A história do Pai
é história do Filho e no tempo final, história do Espírito, resplandecerá na glória do fim
a unidade do mistério trinitário: glória do Pai que derramará o se amor sobre todas as
criaturas por todo sempre; a glória do Filho, a quem toda criatura estará sempre unida,
para louvá-lo por toda vida; e a glória do Espírito, que celebrará a unidade do amor
que acolhe na aliança eterna do povo de Deus, e assim tudo que veio do Pai pelo
Filho no Espírito, pela acolhida do Filho, retornará ao Pai.

CONCLUSÃO:

Dentro de uma concepção de uma Igreja nascente voltada a memória pascal a


concepção trinitária e que Deus está presente desde o ato da criação, guiada pelo
Espírito Santo e confirmada na pessoa de seu ato criado o “homem Jesus”. Este ato
nos revela que fazemos parte do seu ato de criação, suas criaturas constituídas por
amor.

Sendo a sua obra de criação a sua relação entre o Criador e o criado por meio
de que fomos feitos, eleitos para amar. Por mais que tenhamos a liberdade, não
reconhecer este ato é ignorar a nossa própria existência. Para tanto somente a
exercemos quanto vivemos em comunidade fazendo parte de um corpo trinitário de
acolhida, movidas pela vocação própria do homem.

A história trinitária, é louvável e gloriosa, está em nosso tempo, é presente em


nosso meio, o mais importante é sabermos que o amor de Deus está presente, somos
acolhidos no amor de Deus que é Pai, na pessoa de Jesus Cristo, o Filho, e assim
estamos unidos no Espírito Santo, e isso acontece no hoje de cada um de nós, Deus
é contigo hoje, é assim que nos diz o próprio Jesus, hoje a salvação entrou nesta casa
(Lc 19,9).

Somos chamados a assumir na liberdade o amor trinitário para que permaneça


em nós e possa dar frutos, Deus nos oferece o seu tempo, e só será produtivo se
imitarmos essa bondade de Deus lhe oferecendo também o nosso tempo, e dando o
nosso tempo podemos compreender o tempo de Deus, assim vamos nos tornando
participante da história. Deus nos chama para viver na liberdade do amor, quando o
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homem assume um compromisso com Cristo, ele se aproxima da vida eterna, que em
toda história nos é apresentada como amor divino. E assim a trindade nos faz
participar de sua natureza, na eucaristia participamos do corpo e sangue do Senhor,
e Nele somos reunidos como fiéis crentes no corpo único do Senhor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRUNO FORTE, A Trindade como história. 2ª ed.: Paulinas, 1987.

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