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A PREPARAÇÃO
Estabelecimento do Rapport:
ENGAJAR E EXPLICAR
Reconheça que relembrar de eventos requer algum esforço;
Diga que a criança terá o tempo suficiente para recordar:
“Vou pedir que você se empenhe o máximo que puder para me contar o que você
conseguir se lembrar. Pense o tempo que for necessário...
Permite pausas;
Contextualiza perguntas;
Para conduzir uma entrevista com sucesso pode-se dizer que o comportamento não-
verbal apropriado durante a entrevista é tão importante quanto às instruções verbais.
Apresentamos algumas sugestões para que você possa praticar comportamentos
adequados no momento da entrevista (Memon & Walker, s/d):
Sente-se de
forma relaxada;
procure manter
seu corpo
levemente de
frente para a
Tente manter uma
Não interrompa criança expressão amigável e
de suporte
RELATO E CLARIFICAÇÃO
Sempre baseie suas perguntas naquilo que a criança verbalizou durante o relato livre;
Nunca introduza em suas perguntas, com elementos não trazidos pela criança;
Evitar o uso da palavra “porque”;
Ao questionar sobre um aspecto, vá em profundidade, até esgotá-lo, evitando assim ter
que retornar a ele no futuro.
Perguntas fechadas (.. perguntas cuja resposta se restringe a uma palavra, ou pequena
frase, como por exemplo, “ele te bateu?”)
Uma pergunta aberta é aquela que não limita a resposta da criança, dando-lhe a
oportunidade de relatar uma quantidade irrestrita de informações.
Perguntas abertas:
Quem...?
O quê...?
Como?
Quando?
Onde...?
Tendo em vista que lembrar requer um esforço concentrado por parte da testemunha, é
fundamental que os entrevistadores deem atenção a este ponto. Em outras palavras, a
criança deve ser incentivada a se engajar neste processo de recordação;
Algumas crenças distorcidas, ou ideias equivocadas por parte das crianças, podem
interferir para a boa coleta de evidências. É muito comum que a testemunha acredite
que os entrevistadores sabem tanto quanto ela. Deste modo, deve-se deixar claro que o
papel do entrevistador é o de FACILITADOR – foi a criança que testemunhou o evento.
Esse esclarecimento é chamado de transferência de controle. Na transferência do
controle, o entrevistador deve dizer à criança que é ela que possui todas as informações
relevantes. É preciso transmitir claramente que a criança não deve esperar pelas
perguntas do entrevistador;
É a testemunha que está no controle – logo, é ela quem deve gerar toda informação
possível.
Por motivos didáticos, a 3ª etapa do modelo PEACE também será dividida em duas
seções:
“Eu não estava lá na tua casa nesse dia que [seu padrasto foi te espiar no banho
depois que a mãe saiu para o serviço]. Então, para eu entender bem o que
aconteceu, eu gostaria que você me contasse tudo que você consegue se lembrar
sobre essa situação. Conte para mim até as coisas que você acha que não são
importantes”
Após solicitar o relato livre, cabe ao entrevistador manter uma postura de escuta ativa.
A escuta ativa envolve uma escuta atenta ao que o entrevistado tem a dizer, transmitindo
um grande interesse naquilo que é relatado. O entrevistado, independente de ser criança
ou adolescente, ao perceber que está sendo ouvido com atenção, respeito e paciência,
tende a reportar uma maior quantidade de informações. Para demonstrar estar escutando
ativamente, o entrevistador deve fazer uso das seguintes estratégias (Memon, 2007):
Não interromper
Manter contato
Demonstrar
ocular, mas
escuta ativa
sem olhar
“uhum”
fixamente
Anuir com a
Permitir Pausas
cabeça
REFERÊNCIAS
DOBKE, Veleda. Abuso sexual: A inquirição das crianças – Uma abordagem interdisciplinar.
Porto Alegre, POA:2011.
Fisher, R.P. & Geiselman, R.E. (1992) Memory enhancing techniques for investigative
interviewing: The Cognitive Interview. Springfield III.: Charles C. Thomas.
Milne, R. (1999). The cognitive interview: Recent research. Edited issue of Psychology, Crime
and Law, 5 ( 1 and 2).
Material do Curso desenvolvido dentro do projeto A. Memon, financiado pelo ESRC, com
contribuições substanciais de Güenter Koehnken (Alemanha), Ray Bull e Rebecca Milne
(Inglaterra).
Memon & Walker, N. Materiais de treinamento para entrevistas forense de crianças. Stein, L.
M. e colaboradores (2010). Falsas Memórias: Fundamentos científicos, aplicações clínicas e
jurídicas. Porto Alegre: Artmed.
CRÉDITOS
Doemia Ignes Ceni (TJMS) – Tutora