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A história e lenda de São Martinho

São Martinho nasceu em Sabaria, na antiga província romana da Panómia – hoje


Hungria – por volta do ano 316. Era filho de pais pagãos; fez os seus estudos em Pavia,
onde vivia a família e, aos quinze anos, entrou ao serviço exército romano tendo
chegado a cavaleiro da guarda imperial.

Um dia, aconteceu um facto que o marcou para toda a vida.


Numa tarde chuvosa e fria de Inverno do ano 338, às portas de Amiens, Martinho seguia
montado no seu cavalo, quando viu um homem muito pobre, vestido de roupas
esfarrapadas e regelado pelo frio, que lhe estendia a mão, pedindo esmola. Infelizmente,
Martinho não tinha nada para lhe dar. Então, num gesto de compaixão e de
solidariedade, cortou ao meio o manto do seu uniforme militar e partilhou-o com o
mendigo. Os outros soldados, seus companheiros, gozaram de tal atitude, porque
Martinho ficara com a capa rasgada. Mas, segundo reza a lenda, de imediato, a chuva e o mau tempo desapareceram,
brilhando nesse mesmo instante os raios do Sol por entre as nuvens – parecia um dia Verão! Este episódio ficou
conhecido como "Verão de São Martinho". Todos os anos se repete esse verão pois Deus quer que os homens não se
esqueçam deste ato de bondade e misericórdia.

Depois daquele encontro de Martinho com o pobre mendigo – que mais tarde ele irá reconhecer com o próprio Jesus! –
sentiu-se um homem novo. Compreendeu que, a partir de então, tinha que mudar de vida. Não podia continuar a
perseguir mais ninguém, e os cristãos eram mais seus irmãos que inimigos.

Converteu-se à fé cristã e na noite de Páscoa de 339 recebeu em Poitiers o Baptismo. A partir de então, não podia
continuar a ser mais um guarda imperial e a solução foi renunciar à carreira militar, obtendo do imperador a exoneração
do seu cargo.

Com o desejo ardente de difundir e anunciar o Evangelho do Senhor, partiu para a Panómia, sua terra natal, onde só
consegue converter a mãe. Os hereges arianos, aí predominantes, obrigaram-no a fugir. Regressa à península itálica
e, na ilha Gallimara – na costa da Ligúria – entrega-se completamente à vida eremítica.

Quando teve conhecimento que o seu amigo, S. Hilário, fora nomeado bispo de Poitiers, Martinho decide ir ter com ele
e, a seu conselho, deixou a vida de eremita de Gallimara, fundando um mosteiro próximo Ligugé, na França. Tempos
depois, é por este ordenado sacerdote e, anos mais tarde, eleito e aclamado bispo da diocese de Tours, continuando,
no entanto, a viver fraternamente com os seus monges, num eremitério feito de cabanas às portas da cidade.

Foi um insigne modelo de bom pastor; fundou vários mosteiros, dedicando-se empenhadamente à formação do clero e
à evangelização dos pobres. Governou a diocese durante vinte e sete anos. Morreu a 8 de Novembro de 397, em
Candes, onde se deslocara para aí restaurar a paz. Nos últimos dias, esgotado pelo cansaço e pela fadiga, rezava
assim: "Senhor, se ainda sou necessário ao teu povo, não me recuso a sofrer".

Os seus restos mortais regressaram a Tours e, no dia 11 de Novembro, foi aí sepultado, tornando-se o primeiro
padroeiro da França e um modelo de humildade e de caridade. Foi um dos santos mais amados da Idade Média e o
seu túmulo foi um dos maiores centros de peregrinação de toda a Europa ocidental.

Um bom dia de São Martinho!

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