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Formação:
Dislexia
Sinalização, Avaliação e Intervenção
Manual da Formação
Formador:
Octávio Moura
octavio@octaviomoura.com
www.dislexia-pt.com
http://hiperactividade.portalpsi.net
www.octaviomoura.com
2011
Dificuldades Específicas de Aprendizagem
A Federação Mundial de Neurologia (1968) define-a como uma perturbação que se manifesta
pela dificuldade na aprendizagem da leitura, apesar de uma educação convencional, uma
adequada inteligência e oportunidades sócio-culturais.
PROCESSAMENTO FONOLÓGICO
Consciência Fonológica
Codificação Fonológica
Memória Trabalho (Baddeley, 2003): Central Executiva; Memória
Visuoespacial (Visual e Espacial); Memória Fonológica.
NA INFÂNCIA:
Atraso na aquisição da linguagem. Começou a dizer as primeiras palavras mais tarde do que
o habitual e a construir frases mais tardiamente.
Apresentou problemas de linguagem durante o seu desenvolvimento, dificuldades em
pronunciar determinados sons, linguagem ‘abebezada’ para além do tempo normal.
Revelou dificuldades em construir frases lógicas e com sentido.
Apresentou dificuldades em memorizar e acompanhar canções infantis e a rima das lenga-
lengas.
Dificuldade na consciência e manipulação fonológica. Dificuldade em se aperceber que os
sons das palavras podem dividir-se em bocados mais pequenos.
NA IDADE ESCOLAR:
Lentidão na aprendizagem dos mecanismos da leitura e escrita. Maior lentidão que o normal
na aprendizagem das letras e na leitura de sílabas.
Dificuldade em compreender que as palavras se podem segmentar em sílabas e fonemas.
Tipologia da Dislexia
CASTLE & COLTHEART (1993)
Prevalência da Dislexia
Percentagem de 5 a 10% das crianças com idade escolar (segundo o DSM-IV é de 4%).
Maior frequência de casos diagnosticados com Dislexia no sexo Masculino (estudos mais
recentes apontam para percentagens próximas entre o género).
Aproximadamente 30% a 40% dos irmãos de crianças disléxicas apresentam de uma forma mais
ou menos graves a mesma perturbação. Elevada concordância entre gémeos monozigóticos
[68%] e dizigóticos [38%] (Fisher & DeFries, 2002).
A criança apresenta um risco de 50% de vir a ser disléxico se o pai for disléxico e 40% no caso da
mãe ser disléxica (Snowling, 2006).
Pessoas famosas: Einsten, Alexander Bell, Thomas Edison, Antony Hopkins, Bill Gates, Agatha
Christie, Julio Verne, Franklin D. Roosevelt, Leonardo da Vinci; Louis Pasteur, Picasso, Spielberg,
Tom Cruise, etc.
Etiologia da Dislexia
Inicialmente atribui-se aos factores pedagógicos (método tradicional/sintético versus método
global/analítico) a origem da dislexia. Mais tarde, pensava-se que a dislexia era resultante de défices
ao nível da percepção (visual e/ou auditiva, etc.). Actualmente, estas duas correntes teóricas estão
totalmente excluídas dos factores etiológicos da dislexia. Presentemente, a comunidade científica
associa a dislexia a 3 factores que se encontram relacionados entre si:
Recusa na realização das actividades escolares e exercícios que exijam a leitura e escrita.
Sintomatologia ansiosa e depressiva.
Baixa auto-estima e auto-conceito académico.
Sentimentos de tristeza, vergonha e culpa pelo seu fraco desempenho escolar.
Sentimentos de incapacidade e insegurança.
Baixa tolerância à frustração.
Enurese nocturna, encoprese e alterações do sono.
Sintomas psicossomáticos diversos.
Problemas comportamentais diversos no contexto de sala de aula e no contexto familiar.
2 - AVALIAÇÃO INTELECTUAL
Capacidade intelectual geral (QI-EC; QI-V; QI-R); análise das diferentes subprovas; análise
dos factores (Compreensão Verbal, Organização Perceptiva, Velocidade de Processamento);
Factor “ACID”, “Factor SCAD”, “Factor FD”.
3 - AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
Consciência Fonológica
Memória Imediata; Memória Diferida; Memória Verbal; Memória Visual (ex: Figura Complexa
de Rey); Memória de Trabalho (Verbal/Fonológica, Visuo-Espacial, Central Executiva).
Nomeação Rápida.
Testes: Consciência Fonológica (BANC); Bateria de Provas Fonológicas (Ana Cristina Silva);
Bateria de Avaliação da Linguagem Oral (ALO; Inês Sim-Sim); Teste de Identificação de
Competências Linguísticas (TICL; Leopoldina Viana); Teste Illinois de Aptidões
Psicolinguísticas (ITPA, Samuel Kirk); etc.
6 - AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
Leitura
Leitura de diversos textos com níveis diferentes de complexidade
Análise e caracterização da tipologia dos erros presentes na leitura
Leitura de palavras frequentes e irregulares (via visual ou directa)
Leitura de palavras pouco frequentes, regulares e pseudopalavras (via fonológica ou
indirecta)
Avaliação da compreensão leitora
Avaliação da velocidade, fluência e precisão da leitura:
Teste de Idade de Leitura (TIL; Sucena & Castro, 2009)
O Rei: Precisão e Fluência da Leitura (Carvalho & Pereira, 2009)
Escrita
Escrita de textos/composições, ditados
Escrita de palavras regulares, irregulares, frequentes, pouco frequentes,
pseudopalavras
Análise e avaliação da construção e estruturação frásica
Análise e caracterização da tipologia dos erros ortográficos encontrados nos
cadernos diários
Processamento Fonológico:
Rimas e lengalengas; Percepção das palavras que começam ou terminam pelo mesmo som;
Reconstrução, segmentação e consciência fonémica e silábica; Manipulação Fonológica
(omissão, adição e inversão de sílabas iniciais, intermédias e finais); Processos de
descodificação fonema-grafema e grafema-fonema; Memória auditiva (verbal) de curto prazo
(dígitos, palavras, frases, pseudopalavras); Leitura e escrita de pseudopalavras.
Técnicas multissensoriais.
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A discalculia é uma perturbação estrutural da capacidade matemática que tem a sua origem
numa alteração genética ou congénita das áreas do cérebro que estão anatómica e
fisiologicamente na base da maturidade das competências matemáticas adequadas para a idade
sem se observar simultaneamente qualquer perturbação do funcionamento mental. [Kosc, L.
(1974). Developmental dyscalculia. Journal of Learning Disabilities, 7, 46-59.]
Prevalência:
1% segundo o DSM-IV e surge isoladamente em 1 em cada 5 casos de Perturbação da
Aprendizagem.
3% a 6% segundo vários outros autores e investigações.
Percentagem semelhante entre rapazes e raparigas.
¼ das discalculias apresentam uma comorbilidade com a dislexia e a hiperactividade.
Sinais Indicadores:
Dificuldades em contar e associar ao respectivo número.
Dificuldades na compreensão da quantidade, do conceito de medida (maior/menor;
pesado/leve, 1kg=4x250g, ...), etc.
Dificuldade ou resultados inconsistentes nas operações matemáticas básicas (+, -, x, :).
Dificuldade no cálculo e raciocínio matemático.
Dificuldades na compreensão da linguagem matemática e dos símbolos e em recordar
conceitos matemáticos, regras, fórmulas, unidades matemáticas e sequências.
Quando escreve, lê ou se recorda de números estes frequentemente surgem errados (adição,
substituição, omissão e inversão de números).
Dificuldades em lidar com o dinheiro e com conceitos monetários.
Problemas em copiar números e/ou desenhos geométricos, ou de os reproduzir após
memorização.