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Escola Secundária de ….. 

FILOSOFIA 10º ANO

Tema:  Alegoria da
FICHA DE TRABALHO
Caverna de Platão

GRUPO I

1.  A quem são comparáveis os prisioneiros de que Platão fala?


2.  As correntes que prendem os prisioneiros representam, simbolicamente, o
quê?
3.  Os prisioneiros julgavam que as sombras eram a realidade. Qual o significado
desta afirmação?
4.  Quais são, de acordo com o texto da Alegoria da Caverna, os conceitos
contrários a:
A.  Sombras
B. Ignorância
C.  Ilusão
D.  Prisão
5.  Que relação existe entre o caminho que o prisioneiro faz em direção à luz
exterior da caverna a atitude filosófica?
6.  O prisioneiro regressa à caverna para poder partilhar a sua descoberta com os
outros que ainda estavam acorrentados. Quais são, segundo Platão, os motivos
que o levam a agir desta forma?
7.  Como reagem os outros prisioneiros ao serem confrontados com o caráter
ilusório das sombras que viam? Como se pode justificar esta atitude dos
prisioneiros?
8.  Na Alegoria da Caverna, Platão defende algumas ideias fundamentais
relativamente à educação, ao conhecimento e à Filosofia. Enuncia-as por
palavras tuas. Consideras que estas poderão ter alguma utilidade para a nossa
vida?
9.  Rescreve, por palavras tuas e tendo em conta o que aprendeste sobre a
natureza da Filosofia, a seguinte afirmação: «Cada um de nós pode decidir ser
prisioneiro ou caminhar em direção à luz».
10.  Dá exemplos de questões filosóficas, que são colocadas na Alegoria da
Caverna, relativas á:
A.  Filosofia do Conhecimento;
B.  Metafísica;
C.  Ética.
11. Segundo Platão, os prisioneiros descritos na alegoria da caverna são
semelhantes a nós.
11.1.  Se admitirmos a verdade desta ideia, será que podemos estabelecer
alguma relação entre o modo como algumas pessoas usam as recentes
descobertas tecnológicas - a televisão, o computador (as redes sociais e os
 jogos, por exemplo) e a situação dos prisioneiros? Porquê?
 

GRUPO I I
Para responderes às questões, a seguir apresentadas, deverás efetuar uma pesquisa
(em livros ou na Net). Indica as fontes de onde tiraste a informação.

1.  No discurso sobre a Alegoria da Caverna, um dos interlocutores é Sócrates, o


mestre de Platão.
1.1.  Quem foi Sócrates?
1.2.  O que fazia?
1.3.  Por que motivo foi condenado à morte?
2.  Na opinião de alguns filósofos, «Sócrates não foi apenas um filósofo,
representa a própria atitude filosófica. Esclarece o significado desta afirmação.

Quarta-feira, 1 de Dezembro de 2010


A alegoria da caverna e o Facebook: a opinião dos alunos

Coloquei um desafio (aqui) aos meus alunos do 10º ano: turmas C, D e F. Agradeço a
todos os que se empenharam e se atreveram a expressar publicamente as suas
opiniões.

Os melhores trabalhos sobre o vídeo 2 , ainda que existam outros cuja leitura também
vale a pena, foram realizados pelos alunos: K S (turma C) e D Ao (turma D).

Ei-los:

As redes sociais virtuais são grupos ou espaços específicos na Internet que permitem
partilhar dados e informações, sendo estas de carácter geral ou específico e nos mais
diversos formatos (textos, arquivos, imagens fotos, vídeos, etc.). Incluem igualmente
 jogos, debates, testes e outros tipos de entretenimento virtuais. Embora seja um meio
de interação e comunicação que comporta inúmeras vantagens, engloba igualmente
diversas desvantagens  – quando usado por pessoas que possuem uma atitude acrítica
(não pensam de forma coerente e apresentam ideias injustificadas).

A facilidade com que alguns indivíduos divulgam informações pessoais e aceitam como
“verdades” o que lhes aparece no ecrã, passando inúmeras horas neste tipos de rede -
que se torna viciante e causa dependência - são exemplos que ilustram as
consequências negativas da utilização acrítica das redes sociais, em particular do
Facebook. Outros aspetos negativos resultantes do mau uso das redes sociais podem
ser: deficiência de interação não-virtual, insucesso profissional e escolar, publicidade
dirigida (após analise de perfis de diversas pessoas), perseguições por pessoas
indesejáveis, chantagens, perda de privacidade e danos na reputação.

Na Alegoria da Caverna, Platão exprime a diferença entre a atitude crítica e acrítica,


sublinhando que cada um de nós é livre de escolher ficar preso ou libertar-se. Para
fazer esta diferenciação relata a história de homens que viveram desde sempre numa
caverna escura, presos por correntes. Não veem nada a não ser uma das paredes da
caverna, onde são projetadas – graças a uma fonte de luz que se encontra atrás deles  – 
 

figuras que provêm de objetos e pessoas que estão nas suas costas. Quando um dos
prisioneiros é liberto, exposto à luz, começa por pensar que o que vê é irreal,
convencido que as projeções da caverna são a vida real. Porém, ao longo do tempo,
compreende que a verdade é precisamente o contrário, que as projeções não passam
de ilusões, e que a realidade é fora da caverna, na liberdade. Decide voltar para
persuadir os companheiros de prisão que tivera de que o que pensam não é verdade,
contando-lhes a realidade, mas eles gozam com ele, não querendo acreditar no que
ele diz.

Analisando esta história relatada por Platão, podemos afirmar que o prisioneiro liberto
é a pessoa que pensa e age criticamente, os outros prisioneiros são os que não pensam
por si próprios, presos a correntes  –  que são nem mais nem menos do que as suas
próprias mentes quadradas e convencidas da verdade  –  e envoltos nas sombras,
permanecendo, sem ter consciência, na ignorância.

Se examinarmos com atenção, podemos relacionar o modo acrítico com que algumas
pessoas usam as redes sociais com os prisioneiros, que são igualmente possuidores de
uma atitude acrítica e dogmática. A deficiência de interação não-virtual pode ser
comparada com o isolamento dos prisioneiros em relação ao mundo real. O insucesso
profissional e escolar é equivalente ao facto dos prisioneiros se encontrarem
embrenhados nas sombras, sem manifestarem qualquer tipo de interesse intelectual
por compreender verdadeiramente o mundo que os rodeia. A publicidade dirigida, as
chantagens e as perseguições (por pessoas indesejáveis que, de certa forma usaram a
atitude acrítica e dogmática da vítima para a alcançar, sendo isto um género de
manipulação) encaixam perfeitamente na ideia das pessoas estarem a ser manipuladas
e enganadas, tal como os prisioneiros que são levados a pensar que o mundo real é
apenas o espaço que eles conhecem da caverna.

As relações sociais podem ser bem mais difíceis no mundo real que no virtual. Mas não
será preferível a verdade à ilusão?

K. S- (turma C)

Se admitirmos que os prisioneiros descritos na Alegoria da Caverna são semelhantes a


nós, podemos estabelecer algumas relações entre o modo como algumas pessoas
usam as recentes descobertas tecnológicas e a situação dos prisioneiros. Por exemplo,
o uso do computador para aceder às redes sociais.

Atualmente, as redes sociais são usadas para diversos fins. Por exemplo, para manter
contacto com as pessoas que têm uma localização geográfica muito distante, para
comunicar sobre os mais variados assuntos, para jogar os vários jogos, etc. Este meio
também pode ser usado  – de forma muito eficaz - pela comunicação social e outras
organizações para transmitir determinadas notícias ou petições relacionadas a
determinado assunto.

De acordo com esta fonte, seis anos após a criação do Facebook, o número de
utilizadores já chega aos 400 milhões. Esta rede social teve, desde o início da sua
 

criação, uma grande adesão. Todavia, apesar das redes sociais poderem ser bem
utilizadas, podem também ter um impacto negativo na vida das pessoas, se elas
passarem aí demasiado tempo e deixarem de conviver presencialmente com os outros.
Estes utilizadores podem vir a sofrer de vários problemas a nível social e psicológico.

Algumas pessoas aceitam acriticamente a informação que lhes é transmitida nestas


redes, não se questionando acerca da sua veracidade. Deste modo, podemos
comparar a situação dos prisioneiros - que estão presos com correntes de metal e
pensavam que as sombras eram a realidade  –  descrita por Platão na Alegoria da
Caverna com o modo como algumas pessoas utilizam o Facebook. Neste caso, não
estão presas por correntes de metal, mas pela ignorância, pela falta de espírito crítico,
pelos preconceitos, etc.

Os utilizadores do Facebook partilham informações pessoais e fotografias no seu perfil


e adicionam “amigos”, alguns deles conhecidos apenas na Internet, sem pensarem que
podem estar a praticar ações cujas consequências na sua vida real podem ser graves:
serem vítimas de crimes como a invasão da privacidade, a pedofilia, entre outros.

D. A. (turma D)

A alegoria da caverna e a televisão: a opinião dos alunos


 

Coloquei um desafio (aqui) aos meus alunos do 10º ano: turmas C, D e F. Agradeço a
todos os que se empenharam e se atreveram a expressar publicamente as suas
opiniões.

Os melhores trabalhos sobre o vídeo 1, ainda que existam outros cuja leitura
também vale a pena, foram realizados pelas alunas: A. D. (turma C) e Filipa Santos
(turma D).

Ei-los:

O vídeo “Mito da Caverna –  por Maurício de Souza” retrata uma realidade que pode
identificar-se com o que acontece nos dias de hoje.

Os três velhos deste vídeo ocupavam a sua vida a observar a sombra das pessoas e
dos animais que passavam à frente da parede da caverna, tal como os presos da
Alegoria da Caverna viam as sombras projetadas dos objetos que passavam atrás das
suas costas. Estes velhos (ou os prisioneiros da alegoria da caverna) assumiam como
realidade todas as sombras que viam passar e não pensavam sequer que existisse
qualquer coisa diferente para conhecerem.

A vida deles passava-lhes “à frente dos olhos”, sem que eles participassem
ativamente nela. Podem, portanto, ser considerados “espectadores da vida” (tal
como Maurício de Souza refere). Por pensarem conhecer toda a realidade,
ridicularizaram e perseguiram o seu “salvador” por este lhes querer mostrar a
verdadeira vida e a realidade, ou seja, o exterior da caverna, os objetos e os seres
vivos em três dimensões, aqueles que davam origem às sombras.

Era mais fácil para eles continuarem na ignorância do que fazer o esforço para
alcançar o conhecimento e questionar as sombras, a ilusão vivida. Esses “prisioneiros
das sombras”, semelhantes aos pris ioneiros da caverna de Platão, representam
todas as pessoas que dependem da televisão e que preferem aceitar os
“conhecimentos” transmitidos por esta a pensarem por si próprios. Na maior parte
das vezes, os espectadores nem se questionam se estes conhecimentos são ou não
verdadeiros. A televisão tem, também, grande poder de influência. Se existem dois
produtos alimentares de diferentes marcas, por exemplo um azeite, e uma das
marcas tiver publicidade em vários canais televisivos, o outro produto - de uma
marca menos conhecida mas com ingredientes de melhor qualidade - venderá
menos. Se uma pessoa, diante os dois produtos, tiver de decidir qual deles comprar,
provavelmente, escolherá o primeiro, pois este é “aconselhado” pela televisão. A
 

publicidade é apenas um dos muitos exemplos do poder da televisão. Esta, além de


informar, pode também manipular, se não adotarmos um ponto de vista crítico.

A. D. (turma C)

Platão, filósofo grego, na Alegoria da Caverna, afirma que os prisioneiros são


semelhantes a nós. Significa que, tal como os prisioneiros, também nós confundimos
a aparência com a realidade e julgamos ser verdadeiro o conhecimento que é, na
realidade, falso. A diferença reside no facto de nós não estarmos presos da mesma
maneira que os prisioneiros descritos por Platão estão, visto que nos encontramos
presos psicologicamente, e não fisicamente.

Na Alegoria da Caverna, Platão descreve um grupo de homens que se encontram


acorrentados no interior de uma habitação subterrânea, onde tudo o que conseguem
ver são sombras e, por isso mesmo, julgam que estas são a realidade, dado que esta
é a única a que têm acesso. Esses prisioneiros representam os indivíduos que, na
nossa sociedade, têm uma atitude acrítica e dogmática. As sombras, tidas
ilusoriamente como a realidade, correspondem às crenças que a maior parte de nós
possui e julga serem incontestáveis.

Um dos prisioneiros consegue libertar-se, caminhando em direção à luz: o


conhecimento. Tem, no início, muita dificuldade em olhar para a luz, mas tenta com
muito esforço habituar-se a ela. Falando, filosoficamente, ele passou a ser capaz de
pôr em causa as crenças, que antes possuía e aceitava acriticamente, e procurou uma
 justificação racional para estas.

Quando o prisioneiro liberto regressa à caverna, não é bem aceite pelos outros. Estes
consideram-no um louco e poderiam até tentar matá-lo, diz Platão. Isto acontece
porque eles estão convencidos que conhecem a realidade e possuem a verdade e,
por isso, não se sentem à vontade quando alguém os tenta chamar à razão, como fez
o prisioneiro já solto.

Este texto, escrito por Platão, faz-nos pensar que se optarmos por um ponto de vista
filosófico, não seguiremos a opinião da maioria só porque é mais fácil e não requer
qualquer esforço da nossa parte, mas sim pensaremos pela nossa cabeça justificando
racionalmente as nossas ideias.
 

Depois de ter feito um pequeno resumo da Alegoria da Caverna e uma breve


interpretação da mesma, posso então dizer que o tema que escolhi foi o do artista
brasileiro Maurício de Souza que criou uma pequena banda desenhada ("As Sombras
da Vida"). Ele compara os prisioneiros com as pessoas que se tornam dependentes
da televisão e acabam por confundir as imagens televisivas com a sua vida. Neste
caso, as pessoas aceitam como verdadeira uma ''realidade imaginária'', artificial e
programada com o objectivo, muitas vezes, de manipular as suas ideias e emoções.
Vivem a vida dos personagens em vez de viverem a sua própria vida.

Podemos estabelecer uma relação entre o modo como algumas pessoas usam as
recentes descobertas tecnológicas, nomeadamente a televisão, e a situação dos
prisioneiros. Tal como Platão refere, há dois caminhos possíveis: deixar-se levar pela
fantasia e pela ilusão, aceitando, sem refletir, o conhecimento que nos é transmitido
ou, então, esforçar-nos por obter conhecimentos que nos permitam analisar
criticamente a informação transmitida. Cabe a cada um de nós escolher.

F S (turma D)

Examinar a vida: valerá a pena o esforço?

"Uma vida não examinada pode não valer a pena ser vivida, mas examinar a minha é
esgotante."

Este e outros cartoons da autora podem encontrar-se aqui.

Sócrates, um dos mais conhecidos filósofos gregos, foi condenado à morte em 399
(a.C.). Não escreveu nenhum livro. O que sabemos sobre ele deve-se, entre outros,
ao testemunho do seu discípulo Platão. Nos diálogos que este escreveu Sócrates é
uma figura central.
 

Na Apologia de Sócrates, Platão apresenta o discurso proferido em tribunal pelo seu


mestre. Acusado, entre outras coisas, de “fazer do argumento fraco o argumento
forte, ensinando os outros a fazerem como ele”, e corrompendo assim a juventude,
Sócrates defendeu-se dizendo que nada mais fazia do que examinar-se a si próprio e
aos outros com o objetivo de descobrir alguém mais sábio do que ele (que
reconhecia nada saber sobre o bom, a virtude e o belo, por exemplo). Eis as suas
palavras:

“Nada mais faço do que andar pelas ruas a persuadir -vos, jovens ou velhos, a
cuidardes mais da alma que do corpo e das riquezas, de modo a que vos torneis
homens excelentes.

Se, ao dizer isto, estou a corromper os jovens, mal vão as coisas. Mas, se alguém
afirmar que eu digo mais do que isto, afirma falsidades (…).  

Pois, se me matardes, sendo eu como sou, fareis mais mal a vós próprios do que a
mim. Poderiam talvez matar-me, banir-me ou privar-me de direitos, pensando como
outros que são estas coisas grandes males. Mas eu não penso assim. O que penso é
que quem o fizer está a fazer a si próprio muito pior, por tentar matar injustamente
um homem. Por isso, preciso muito mais de vos defender a vós do que de me
defender a mim (…). Isto porque, se me matardes, não encontrareis com facilidade
outro como eu que – para falar gracejando – se agarre à cidade como um moscardo a
um cavalo forte e de bom sangue que, por causa do tamanho, precisa de ser
despertado por um aguilhão (…).  

E se eu disser que o maior bem que pode haver para um homem é, todos os dias,
discorrer sobre a excelência e sobre outros temas acerca dos quais me ouvíeis
dialogar, investigando-me a mim e aos outros. E se eu vos disser que uma vida sem
pensar não é digna de ser vivida por um homem, ainda menos vos terei persuadido.
É como digo, homens, não sois fáceis de convencer!” 

Platão, A apologia de Sócrates, tradução de José Trindade Santos, 2ª Edição,


Imprensa Nacional Casa da Moeda, Lisboa, 1990, pág. 85-87 e 94.

Terá Sócrates razão ao defender que uma vida sem pensar não é digna de ser vivida?
Porquê?

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