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1ª AULA DE HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

PROFESSORA: ALANNA RUTH

ASPECTOS HISTÓRICOS

Período Pré-Cristão

No período Pré-Cristão as doenças eram tidas como um castigo de Deus ou


resultavam do poder do demônio. Por isso os sacerdotes ou feiticeiras
acumulavam funções de médicos e enfermeiros. O tratamento consistia em
aplacar as divindades, afastando os maus espíritos por meio de sacrifícios.
Usavam-se: massagens, banho de água fria ou quente, purgativos,
substâncias provocadoras de náuseas. Mais tarde os sacerdotes adquiriram
conhecimentos sobre plantas medicinais e passaram a ensinar pessoas,
delegando-lhes funções de enfermeiros e farmacêuticos. Alguns papiros,
inscrições, monumentos, livros de orientações política e religiosas, ruínas de
aquedutos e outras descobertas nos permitem formar uma ideia do tratamento
dos doentes.

OS AVANÇOS DAS PRÁTICAS DE SAÚDE POR PERÍODOS HISTÓRICOS

As práticas de saúde instintivas – caracteriza a prática do cuidar nos grupos


nômades primitivos, tendo concepções evolucionista e teológica. Neste
período as práticas de saúde consistiam em ações que garantiam ao homem a
manutenção da sua sobrevivência, estando na sua origem, associadas ao
trabalho feminino. Com o evoluir dos tempos, constatando que o conhecimento
dos meios de cura resultava em poder, o homem, aliando este conhecimento
ao misticismo, fortaleceu tal poder e apoderou-se dele. Observa-se que a
Enfermagem está em sua natureza intimamente relacionada ao cuidar das
sociedades primitivas.

As práticas de saúde mágico-sacerdotais – este período é marcado pela


relação mística entre as práticas religiosas e as práticas de saúde mais
primitivas. Desenvolvidas pelos sacerdotes nos templos. Este período
corresponde à fase de empirismo, e se dá antes do surgimento da especulação
filosófica que ocorre por volta do século V a.C. Essa prática permanece por
muitos séculos, nos templos que eram também santuários e escolas, onde os
conceitos primitivos de saúde eram ensinados. Posteriormente,
desenvolveram-se escolas específicas para o ensino da arte de curar no sul da
Itália e na Sicília, propagando-se pelos grandes centros do comércio, nas ilhas
e cidades da costa. Naquelas escolas, eram variadas as concepções acerca do
funcionamento do corpo humano, seus distúrbios e doenças, concepções
essas que, por muito tempo, marcaram a fase empírica da evolução dos
conhecimentos em saúde.

Quanto à Enfermagem, as únicas referências concernentes à época em


questão estão relacionadas com a prática domiciliar de partos e a atuação
pouco clara de mulheres de classe social elevada que dividiam as atividades
dos templos com os sacerdotes.

As práticas de saúde no alvorecer da ciência – relaciona a evolução das


práticas de saúde ao surgimento da filosofia e ao progresso da ciência, quando
estas então se baseavam nas relações de causa e efeito. Inicia-se no século V
a.C. estendendo-se até os primeiros séculos da Era Cristã.

A prática de saúde passa agora a ser um produto desta nova fase, baseando-
se essencialmente na experiência, no conhecimento da natureza, no raciocínio
lógico – que desencadeia uma relação de causa e efeito para as doenças – e
na especulação filosófica, baseada na investigação livre e na observação dos
fenômenos, limitada, entretanto, pela ausência quase total de conhecimentos
anatomofisiológicos. Essa prática individualista volta-se para o homem e suas
relações com a natureza e suas leis imutáveis. Este período é considerado pela
Medicina grega como período hipocrático, destacando a figura de Hipócrates
que como já foi demonstrado no relato histórico, propôs uma nova concepção
em saúde, dissociando a arte de curar dos preceitos místicos e sacerdotais,
através da utilização do método indutivo, da inspeção e da observação. Não há
caracterização nítida da prática de Enfermagem nesta época.

As práticas de saúde monástico-medievais – Regidas pela influência dos


fatores sócio-econômicos e políticos. Esta época corresponde ao exercício da
Enfermagem como prática leiga, desenvolvida por religiosos e abrange o
período medieval compreendido entre os séculos V e XIII. Foi um período que
deixou como legado uma série de valores que, com o passar dos tempos,
foram aos poucos legitimados e aceitos pela sociedade como inerentes à
Enfermagem. A abnegação, o espírito de serviço, a obediência e outros
atributos que dão à Enfermagem, não uma prática profissional, mas de
sacerdócio.

RESUMINDO...

As práticas de saúde após as sociedades monásticas evoluíram, em especial,


durante os movimentos Renascentistas e da Reforma Protestante.
Corresponde ao período que vai do final do século XIII ao início do século XVI
A retomada da ciência, o progresso social e intelectual da Renascença e a
evolução das universidades não constituíram fator de crescimento para a
Enfermagem.

As práticas de saúde ficaram estagnadas nos hospitais religiosos, permaneceu


empírica e desarticulada durante muito tempo, desagregando-se ainda mais a
partir dos movimentos de Reforma Religiosa e das conturbações da Santa
Inquisição. O hospital, já negligenciado, passa a ser um insalubre depósito de
doentes, onde homens, mulheres e crianças coabitam as mesmas
dependências, amontoados em leitos coletivos. Sob exploração deliberada, o
serviço doméstico – pela queda dos padrões morais que o sustentava tornou-
se indigno e sem atrativos para as mulheres de casta social elevada. Esta fase,
que significou uma grave crise para a Enfermagem, permanece por muito
tempo e apenas no limiar da revolução capitalista é que alguns movimentos
reformadores, que partiram principalmente de iniciativas religiosas e sociais,
tentam melhorar as condições do pessoal a serviço dos hospitais.

As práticas de saúde no mundo moderno, em especial, a de Enfermagem,


evoluíram juntamente ao sistema político-econômico da sociedade capitalista,
que promoveu o surgimento da Enfermagem como prática profissional
institucionalizada. Processo que tem início com a Revolução Industrial no
século XVI e culmina com o surgimento da Enfermagem moderna na Inglaterra,
no século XIX.

ORIGEM DA ENFERMAGEM
A Enfermagem surgiu antes mesmo de Cristo – ainda que à época não tivesse
esse nome técnico.Sua origem aponta para o trabalho de homens e mulheres
abnegados que cuidavam do bem-estar dos enfermos, tentando garantir a eles
uma situação digna, de saúde básica e de sobrevivência.

É claro que, com o passar do tempo, a profissão começou a ganhar corpo.

Divide-se em três períodos, sendo eles:

 Entre os séculos V e VIII d.C, por exemplo, alguns princípios da


Enfermagem eram aplicados pelos detentores da fé. No caso, os
sacerdotes.
 Mais tarde, por volta do século XVI, a atividade era vista, na Europa,
como uma profissão que já começava a se institucionalizar,
principalmente a partir da Revolução Industrial.
 No entanto, foi somente no século XIX, na Era Moderna, que ela, de
fato, ganhou notoriedade com as figuras de duas mulheres incríveis, das
quais falaremos mais adiante.

Fundamentos históricos da Enfermagem no Brasil

No Brasil, a história da Enfermagem pode ser divididas em três períodos:

A organização da Enfermagem: do período colonial ao final do século XIX

O desenvolvimento da Enfermagem: do final do século XIX até a Segunda


Guerra Mundial
Enfermagem Moderna: do final da Segunda Guerra Mundial até os dias
atuais.

Organização da Enfermagem

Essa primeira fase tem uma Enfermagem mais instintiva e cultural, onde os
pajés, feiticeiros e outros líderes religiosos eram responsáveis por fazer rituais
místicos com a intenção de curar enfermidades.

Além disso, as mulheres é que deviam cuidar de crianças e idosos, pois tinham
como obrigação prezar pelo bem-estar da casa.

Com o processo de colonização, os europeus acabaram trazendo para cá


diversas doenças que, logo, se tornaram epidemias.

O curandeirismo era o que havia de mais próximo às práticas da Enfermagem


até a chegada dos padres jesuítas, que começavam a prestar assistência aos
doentes nas Casas de Misericórdia.

Desenvolvimento da Enfermagem

O segundo ciclo é marcado pelo êxodo rural.


Com muitas pessoas migrando do campo para cidade, houve um crescimento
urbano descontrolado que, por sua vez, aumentou o número de doenças
contagiosas e acelerou as suas propagações. Logo, havia a necessidade
de mais atenção à saúde pública.
Então, o governo começou a assumir o controle, passando a criar órgãos
específicos responsáveis para dar assistência médica à população.
A profissão de enfermeiro começa a ganhar força com a atuação,
especialmente, em hospitais militares.O trabalho consistia em dar suporte
durante as grandes guerras do período, muito em função da criação da Cruz
Vermelha Brasileira.
Foi nesse período também que as primeiras escolas de Enfermagem foram
inauguradas. E a atenção médica, por sua vez, desvinculada um pouco da
religião.

Enfermagem Moderna
Passado o período de Guerras, se inicia o desenvolvimento da educação em
Enfermagem no Brasil.
Mais escolas são abertas, especialização criadas, conselhos, associações e
sindicatos de classe organizados, entre outras medidas.
A própria profissão de enfermeiro é regulamentada no último ciclo.
Além disso, mudanças importantes na saúde, de um modo geral, também
foram implementadas.
Dentre elas: a criação do Ministério da Saúde, da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Sistema Único de Saúde (SUS).

FLORENCE NIGHTINGALE

Filha de pais ingleses ricos, ela nasceu em 12 de maio de 1820, na cidade de


Florença, Itália, daí o seu nome. Florence teve uma educação aristocrática, e
aprendeu diversos idiomas, como o grego, latim, francês, alemão e italiano.
Estudou ainda história, filosofia, matemática e estatística.

Muito religiosa, interessou-se por ajudar os pobres, doentes e desvalidos,


amenizando-lhes o sofrimento. Servir a Deus significava, para ela, cuidar dos
enfermos, e especialmente dos enfermos hospitalizados. Naquela época, os
hospitais curavam tão pouco e eram tão perigosos (por causa da sujeira, do
risco de infecção) que os ricos preferiam tratar-se em casa. Hospitalizados
eram só os pobres, e Florence preparou-se para cuidar deles, praticando com
os indigentes que viviam próximos à sua casa.

Viajou por toda a Europa, visitando hospitais, fazendo anotações da assistência


prestada aos doentes e noções administrativas dos hospitais. Coisa que os
pais não viam com bons olhos: enfermeiras eram consideradas pessoas de
categoria inferior, de vida desregrada. Mas Florence foi em frente e se
aperfeiçoou, ela se formou na instituição protestante de Kaiserweth, na
Alemanha, onde aprendeu os primeiros passos da disciplina na enfermagem,
com regras e horários rígidos, transferiu-se para Londres, onde passou a
trabalhar como superintendente de um hospital de caridade.

Em 1854 , quando a Inglaterra e a França eram aliados da Turquia na guerra


da Criméia contra a Rússia, os hospitais militares ingleses viviam um
verdadeiro caos. O exército britânico estava prestes a ser derrotado, em
grande parte devido às doenças, à desorganização, ao frio e à fome. Muitos
soldados foram contaminados pela cólera, e as primeiras batalhas foram feitas
por homens com diversas doenças. Os jornais ingleses criticavam duramente a
administração dos hospitais militares, o que motivou o Ministro da Guerra a
convidar Florence Nightingale para integrar o corpo de enfermagem britânico
como enfermeira–chefe do exército. Florence partiu para Scutari, na Turquia,
com 38 voluntárias, entre religiosas e leigas vindas de diferentes hospitais.
Durante a guerra, ela constatou que a falta de higiene e as doenças matavam
grande número de soldados hospitalizados. Desenvolveu então um plano de
trabalho de assistência aos feridos e de organização da infra-estrutura
hospitalar que a tornou reconhecida em toda a frente de batalha, consagrando
a assistência aos enfermos em hospitais de campanha. Entre suas principais
ações, estavam a lavagem das feridas e a lavagem das mãos dos profissionais
de saúde. Com essas medidas, a taxa de mortalidade dos feridos, que era de
43%, foi reduzida para 2%. Além de se preocupar com a melhora do
atendimento médico, Florence também dedicou especial atenção a obtenção e
organização de dados estatísticos. Ela foi a primeira na utilização de gráficos,
para apresentar dados de forma clara, de maneira que mesmo os generais e
membros do parlamento pudessem compreendê-los. Para Florence, a
estatística era essencial para entender qualquer problema social. Ela procurou
introduzir o seu estudo na educação superior, e utilizava a análise de dados e
os gráficos como ferramenta fundamental para o entendimento. Além disso,
fazia resumos numéricos e calculava taxas de mortalidade detalhadas. Dizia
que os dados ajudavam-na a mostrar aos outros como salvar vidas. Seus
gráficos criativos constituíram-se em um marco no crescimento da nova ciência
da estatística. Florence entregou-se de corpo e alma: cuidava incansavelmente
dos pacientes, percorrendo enfermarias à noite; era a “dama da lâmpada”,
segundo a expressão do Times de Londres. Florence providenciava comida,
remédios, agasalhos, além de supervisionar o trabalho das enfermeiras.

Voltou famosa da guerra, e, pelo seu trabalho na Criméia, recebeu um prêmio


do governo inglês. Trabalhou pela reforma do sistema militar de saúde e, em
1858, publicou “Notes on Matters Affecting the Health, Efficiency and Hospital
Administation of British Army, (Notas sobre a saúde, a eficiência e a
administração hospitalar no exército britânico). Seus méritos foram
reconhecidos, e ela recebeu uma importante condecoração da rainha Vitória.

Em 1860, fundou a escola de enfermagem do Hospital St Thomas, em Londres,


que serviu de modelo para as demais escolas, com ênfase na disciplina
rigorosa , do tipo militar, e na exigência de qualidades morais das candidatas.

Florence foi uma mulher à frente do seu tempo.


Como era solteira, trabalhava fora de casa e agia de acordo com suas próprias
idéias, servindo de exemplo para outras mulheres e contribuindo para impor
respeito ao papel da mulher na sociedade. Contribuiu de forma significativa
para consolidação da profissão enfermagem. Ela só parou de trabalhar quando
ficou completamente cega, em 1901. Morreu em Londres, aos noventa anos de
idade.

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