ESCRITÓRIO
Foi criado em 1996 por Cristiane Muniz, Fábio Valentim, Fernan-
CASA NA
MANTIQUEIRA
“Tudo foi conservado, sem
nenhuma intervenção, por isso
é um lugar belíssimo e com a
geografia muito presente.”
corte logitudinal
ESTÁCIO RIBEIRÃO PRETO | ARQUITETURA E URBANISMO | 3º SEMESTRE | ATÊLIE DE PROJ. DE ARQUITETURA | TÂNIA BULHÕES
fotos: Nelson Kon
UNA ARQUITETOS
LOCAL: São Bento do Sapucaí, São Paulo
ANO DE PROJETO: 2012
ANO DE CONCLUSÃO: 2016
ÁREA CONSTRUÍDA: 545m²
ESCRITÓRIO: Una Arquitetos
0 5
da Barbara e Fernando Viégas, todos arquitetos formados pela
FAU/USP. Recentemente, o UNA se dividiu em duplas, sem motivo
divulgado. Desde o início, a escala dos projetos desenvolvidos pelo
escritório varia muito, de um projeto urbano até uma residência unifa-
miliar.
Já fizeram parte da equipe de um projeto para as Olimpíadas
2012 com o escritório de Paulo Mendes da Rocha. Com 24 anos de
existência, o UNA arquitetos já ganhou alguns prêmios e diversos
concursos públicos, um deles foi do Teatro Laboratório de Artes Cêni-
cas e Corporais da UNICAMP.
CONCEITO E PARTIDO
O escritório não deixa claro qual seria exatamente o conceito
aplicado nessa casa, mas observando atentamente alguns detalhes, o
projeto parece ter um grande apelo pela paisagem e pelo entorno em
que foi implantado. Sobre partido, o uso do vidro é essencial para o
cumprimento do conceito, pois em qualquer lugar da casa é possível
ver a mata, transformando cada abertura em um quadro, em uma
imagem para admiração.
Além do vidro, para privilegiar ainda mais o entorno, a residên-
cia se “camufla” quando seu embasamento é semienterrado em um
desnível da topografia, seu patamar intermediário, o deck, é comple-
tamente aberto com apenas um fechamento em vidro que “desapare-
ce” no olhar e o vagão metálico superior é revestido com madeira.
Vale lembrar que a casa ainda possui alguns chanfros que abrem mais
a visão para o externo.
corte transversal 0 5
MODOS DE VIDA shou sugi ban
A Casa na Mantiqueira tem características
que nos levam a pensar que seja uma segunda
moradia ou um imóvel para alugar, principal-
mente pela sua localização que é distante da
cidade, pela sua quantidade de quartos, sendo
duas suítes para hóspedes no pavimento infe-
rior e outras duas suítes no vagão (pavimento
superior) e pelos espaços de permanência em
grande escala, preparados para receber muitas
pessoas em festividades.
SERRA DA MANTIQUEIRA
A Serra da Mantiqueira (Do Tupi: amana (chuva) e tykyra
(gota)) é uma cadeia montanhosa com aproximadamente 500
km de extensão, que inicia-se na região onde está o município de
Barbacena no estado de Minas Gerais (60%), se estende para o
sudoeste até se encontrar com as divisas com o Rio de Janeiro
(10%) e São Paulo (30%), onde torna-se a divisa com o estado de
Minas Gerais e termina na cidade de Bragança Paulista.
A serra possui uma grande importância com áreas de con-
servação ambiental, como o Parque Nacional do Itatiaia, o parque
estadual da serra do Brigadeiro, o parque estadual da serra do
Papagaio e Campos do Jordão; assim como fonte de água potá-
vel, na formação de rios que abastecem um grande número de
cidades da Região Sudeste do Brasil. A Serra da Mantiqueira faz
parte do ecossistema da mata Atlântica e mata de Araucárias.
IMPLANTAÇÃO E TOPOGRAFIA
A Casa na Mantiqueira é uma fusão entre
arquitetura e natureza. Localizada em um sítio
de mata densa, dentro da Serra da Mantiquei-
ra, em um lote de 545 m² com uma suave decli-
vidade.
A forma discreta como a morada foi
implantada, em meio a uma clareira se dá ao
fato da mesma estar semienterrada e fez com
que ela fique voltada para um ribeirão afluen-
te, conserva a situação natural do terreno, sem
nenhuma interferência e possua diversas rela-
ções com o terreno e múltiplas vistas para a
paisagem. Segundo a arquiteta Fernanda Bar-
Serra da Mantiqueira bara, todas as árvores foram mantidas.

SÃO BENTO
DO SAPUCAÍ

mapa de abrangência da Serra da Mantiqueira

SÃO BENTO DO SAPUCAÍ

O Município de São Bento do Sapucaí situa-se ao leste do
Estado de São Paulo, nos contrafortes da Serra da Mantiqueira,
compondo a região Vale do Paraíba, mais especificamente no
Alto Sapucaí. Compreende uma área de 279 km², dividindo em
perímetro urbano: 91.405 km2 e rural 187,595 km2, com uma
planta baixa - pav. térreo (embasamento)
população estimada de 10.895 habitantes (censo 2017), sendo
44,68% na zona urbana e 55,2% na zona rural. Seu clima é tempe-
rado, suas temperaturas variam de 2 a 33 graus e seu solo fértil
permite uma agricultura diversificada que, ao lado da pecuária,
forma a base econômica do Município que também produz horti-
frutigranjeiros.
Sua densidade demográfica (2010) era de 41,37 hab/km² e
seus habitantes possuem, em sua maioria, origem nos índios e 0 5
bandeirantes.

LEITURA PROJ: CASA NA MANTIQUEIRA - UNA | GRUPO: GABRIEL CHIVITE - GABRIEL COTRIM - GABRIELA VALDEVITE - LEONARDO MOREIRA
VOLUMETRIA ZONEAMENTO FUNCIONAL
A casa conta com dois volumes, sendo o embasa-
mento e o vagão, entre os dois foi desenvolvido um terra-
1. ço. No primeiro volume, o embasamento, estão a cozinha,
a área de estar e o pátio aberto que separa a área da sauna
2 3 4 5 7
e da lavanderia, e mais reservados dois dormitórios.
2. Subindo, chegamos no terraço onde se encontra a 6
8
piscina e o deck, um espaço de socialização e contempla- 1
6
ção da natureza. No vagão, encontra-se um espaço de
7
estar aberto, e duas suítes masters, uma em cada extremi-
dade, que se abre para dentro da floresta e outra para 10 11 12
3. frente do terreno. 9

1. Bicicletário LEGENDA
2. Sauna
3. Lavabo
4. 4. Churrasqueira INDIVIDUAL planta baixa - pav. térreo (embasamento) 0 5

5. Lavanderia
6. Dormitório COLETIVO
7. Banheiro
8. Pátio
ARMAZENA-
9. Despensa MENTO
5. 10. Cozinha + Sala de Jantar
11. Sala de Estar e TV ÁREAS
12. Depósito MOLHADAS
13. Deck
14. Piscina
15. Terraço 13 14
CHEIOS E VAZIOS
Partindo de dois prismas quadrangulares, um
sobreposto ao outro, o inferior denominado pelos arquite-
tos como embasamento, e o superior, vagão, sendo este
menor e no sentindo contrário do debaixo; a elevação planta baixa - deck e piscina 0 5

natural do terreno permite que um corte diagonal seja

realizado na lateral do embasamento, para melhor ade-
quação do mesmo ao terreno e criação de uma rampa de
acesso ao primeiro pavimento, que se abre para um
grande terraço. abertura zenital 6
No embasamento, é realizado um recorte interior para sauna
7
que cria a abertura necessária para ventilação e luz natu-
ral, ligação entre os cômodos da casa e um pátio interno
com jardim. Deste embasamento, sobe duas estruturas
que funcionam como pilares que sustentam o prisma 15
superior, como escada de acesso ao segundo pavimento.
As aberturas para ventilação e luz nos cômodos do emba- 7
samento, se dão por quase toda fachada e nas paredes
internas que se voltam para o pátio. 6
No vagão, as aberturas são janelas posicionadas na
parte superior e inferior do volume, bem como uma
varanda no meio do prisma. Todas as aberturas da casa vidro jateado planta baixa - pav. superior (vagão) 0 5

fazem vista a paisagem que a cerca.

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CONFORTO AMBIENTAL
Todas as aberturas da residência foram pensadas
de forma com que o sol e os ventos beneficiassem a cons-
trução, sem ser desagradável e trazendo salubridade para
a casa. Os grandes vãos de vidro contribuem com a ilumi-
nação natural. A piscina está localizada em cima dos dor-
mitórios do térreo, e funciona como laje afogada ajudan-
do no conforto pois o concreto apresenta grande condu-
tibilidade térmica, além de ser um espelho d’água colabo-
rando na elevação da umidade relativa do ar.
A madeira que reveste o vagão, é um ótimo isolan-
te térmico que mantém a casa em uma temperatura
neutra, nem tão quente no verão e nem tão fria no inver-
no, além disso os dormitórios recebem uma varanda que
funciona como anteparo, fazendo com que não recebam
diretamente a insolação. Analisando imagens pode-se
perceber que o vagão recebe argila expandida em seu
espaço superior, fazendo com que a estrutura metálica
não superaqueça o interior.
N CIRCULAÇÃO VERTICAL (ENTRE PAVIMENTOS)
caminho do sol
ventos predominantes
RELAÇÃO INTERNO-EXTERNO
Os espaços se definem quase que de forma tradi-
cional, tendo seus limites estipulados por paredes de con-
creto como no pavimento térreo e quando não, o concre-
to é substituído por vidro ou madeira. Mesmo que traba-
lhados de forma tradicional, tal segregação ocorre de
forma leve por conta da permeabilidade visual que os
grandes vãos e fechamentos em vidro trazem em todos
os pavimentos da edificação, jogando toda a atenção
para a contemplação externa.
A relação do interno com o externo se dá através
de toda a arquitetura, que possui grandes vãos e trabalha
de forma a promover a permeabilidade visual a todo mo-
mento, trazendo para dentro toda a natureza e permitin-
do que a volumetria da residência se destaque de maneira
sutil no ambiente sem um contraste agressivo.
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planta baixa - pav. térreo (embasamento)
planta baixa - deck e piscina
planta baixa
pav. superior (vagão)
ACESSOS E CIRCULAÇÕES
Por se encontrar em um terreno em declive e da forma
como a arquitetura foi implantada no mesmo, os acessos a edi-
ficação se dão de formas variadas.
Temos como os principais acessos no pavimento térreo as
aberturas da sala de estar e da cozinha, seguidas do acesso
pelo corredor ao lado da sala de estar que permite a passagem
aos dormitórios e a escadaria que leva ao deck do 1º pavimen-
to; o acesso a toda a parte inferior da edificação também pode
se dar através de seu pátio que faz ligação com todos os
cômodos desse pavimento.
Já o primeiro pavimento pode ser acessado de três
modos, sendo a rampa lateral, a escadaria nos fundos da cons-
trução, a mesma que liga aos dormitórios e demais áreas do
pavimento térreo, e através de uma escada interna localizada
0 5 entre a cozinha e a sala de jantar, que nos leva a uma área de
permanência que permite andar por todo o deck chegando até
a piscina.
LEGENDA
ACESSOS
CIRCULAÇÃO
eixo principal de
circulação vertical
0 5
Quanto ao acesso do segundo pavimento, o mesmo só
pode ser acessado através da escada interna que se encontra
no pavimento abaixo, que nos leva a uma pequena sala de
estar com um mini pátio aberto e a duas suítes. Esse pequeno
pátio também permite o acesso ao terraço desse segundo
pavimento.
A circulação de toda a edificação ocorre tanto de forma
vertical quanto horizontal, sendo difusa e espontânea no pavi-
0 5 mento térreo e se tornando mais restrita e direcionada ao se
movimentar no sentido horizontal.
 MATERIALIDADE
A base do projeto, o embasamento, é composto de concreto
aparente, seu interior recebe revestimento de piso em madeira,
enquanto o exterior, onde fica o pátio, tem seu acabamento em
piso de pedra. O segundo volume da construção, chamado vagão,
é de estrutura metálica e foi revestida com madeira carbonizada
MADEIRA
através da técnica japonesa shou sugi ban, que faz com esta ma-
deira seja mais resistente as intempéries, seu interior também
recebe revestimento em madeira.
Entre os dois volumes, há um espaço com fechamento em
vidro que sai para o terraço com deck em madeira e piscina. Todas
as aberturas recebem fechamento em vidro, o que permite a entra-
da de iluminação natural, visualização das vistas para a mata e traz
leveza para o projeto.
VIDRO

madeira
freijó
ESTRUTURA E TÉCNICAS CONSTRUTIVAS
A principal parte estrutural de toda a edificação é constituída de concreto, sendo o CONCRETO
embasamento da arquitetura e permitindo a sustentação da estrutura metálica que dá vida
ao primeiro e segundo pavimento, o vagão. Todo o pavimento térreo é composto basica- madeira de
mente de concreto aparente e fechamentos em vidro, assim como o primeiro pavimento demolição
que ainda conta com um deck de madeira que circunda a piscina, no segundo pavimento a
estrutura metálica é revestida por madeira, porém a parte externa, também em madeira,
recebe um tratamento especial.
O elemento metálico que constitui o segundo pavimento, atua com seu contraventa-
mento, afim de impedir que haja deformidade da estrutura por contas dos ventos, assim
como permite as suas dimensões em sentido oposto ao volume inferior. Devido a não se
encontrar localizada em nenhuma das plantas, cortes e imagens do projeto, inferimos que
a caixa d’água se encontra aterrada ou então que seria uma torre de caixa d’água, alocada
em algum ponto próximo a edificação.
caixa de vidro que protege o espaço de
circulação entre os pavimentos
guindastes prestes a
posicionar a estrutu-
ra metálica do vagão
sobre os apoios de
concreto

REFERÊNCIAS
https://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_da_Mantiqueira
contraventa- https://www.saobentodosapucai.sp.gov.br/site/
mentos https://www.archdaily.com.br/br/806175/casa-na-mantiqueira-una-arquitetos
https://www.ufrgs.br/casacontemporanea/casa-s-bento-do-sapucai-i-2012/
https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/una-arquitetos_/casa-na-mantiqueira/
https://www.anualdesign.com.br/saopaulo/profissionais/una-arquitetos/
http://www.nelsonkon.com.br/casa-na-mantiqueira/

LEITURA PROJ: CASA NA MANTIQUEIRA - UNA | GRUPO: GABRIEL CHIVITE - GABRIEL COTRIM - GABRIELA VALDEVITE - LEONARDO MOREIRA