1. XI - DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICO-ADMISTRATIVA / HIERARQUIZAÇÃO Existe uma distribuição de serviços de acordo com as necessidades de determinado território, tendo em vista sua população e suas necessidades. Isso explica a ausência de serviços mais especializados no município de Ana, fazendo com que ela se desloque para a capital várias vezes ao longo do seu tratamento. Quando Ana apresenta os sintomas, em um sábado, ela vai até o Pronto Atendimento por ausência de funcionamento da Unidade de Saúde da Família nos finais de semana. Um atitude que é corriqueira no dia a dia das pessoas devido ao temor aos sintomas e principalmente a falta de informação do que é ou não considerado sinais de urgência e emergência. Desta forma, acabam se dirigindo ao pronto-socorro em situações que não competem a este modelo de atendimento. Muitas vezes isso acaba dificultando o atendimento de outros pacientes ou causando insatisfação de muitos que alo estão devido a espera. Esta falha da atenção básica que reflete na sobrecarga das outras portas de entrada está relacionada com a descentralização e a hierarquização dos serviços de saúde. 2. INTEGRALIDADE DE ASSISTÊNCIA Com o histórico de câncer de mama na família, Ana deveria começar o rastreamento a partir dos seus 35 anos. Aos 53, nunca havia realizado a mamografia. Infere-se que a promoção e manutenção de saúde, bem como a prevenção de doenças relacionados a este princípio não estão sendo ofertados de forma correta. 3. V - DIREITO A INFORMAÇÃO É um direito do paciente ter informações a respeito da sua saúde e ao que se corresponde a mesma. A falta de informação além de afligir Ana, faz com que ela vá para casa sem noção de como dar continuidade ao diagnóstico do seu problema. 4. IV - IGUALDADE DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE Essa diretriz preserva a assistência sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie. Entretanto, no caso de Ana, temos uma situação na qual é necessário uma intervenção de terceiros para que a marcação aconteça. Percebe-se um certo privilégio que apesar da situação de Ana ser crítica não deveria existir. A atitude do médico em intervir com intenção de acelerar o processo é injusta para com os outros pacientes. 5. "PORTARIA Nº 55, DE 24 DE FEVEREIRO DE 1999 Dispõe sobre a rotina do Tratamento Fora de Domicilio no Sistema Único de Saúde - SUS, com inclusão dos procedimentos específicos na tabela de procedimentos do Sistema de Informações Ambulatoriais do SIA/SUS e dá outras providências. O Estado deve garantir o direito a saúde independente do local onde o paciente realiza seu tratamento. Porém, fica vedado o pagamento de TFD em deslocamentos menores do que 50 Km de distância e em regiões metropolitanas. Ana não fazia ideia de que essa ajuda de custo existia, mas ainda que tivesse, ela realizou o seu tratamento na capital. Logo, o benefício seria negado. 6. XI - CONJUGAÇÃO DE RECURSOS Nas idas de Ana à capital é notório a dificuldade que se tem em garantir o bom funcionamento das ações de saúde, pois o mesmo também apresenta problemas complexos. Na reunião do conselho fica evidente a falta de recursos que englobam diversas esferas e dificultam a preservação das estruturas que garantem a província das ações de saúde no município de Ana. 7. PORTARIA Nº 2.436, DE 21 DE SETEMBRO DE 2017 / EQUIDADE Esta portaria aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). O estado de saúde de Ana demandava agilidade em diagnóstico e tratamento, mas demorou muito tempo para conseguir, de fato, que este segundo fosse iniciado. Segundo as atribuições do Art.4, compete a Secretaria Municipal de Saúde realizar um mecanismo de encaminhamento de acordo com as necessidades de saúde das pessoas de forma que garantisse também o princípio da equidade. 8. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 / UNIVERSALIDADE / XII - CAPACIDADE DE RESOLUÇÃO Apesar do tratamento do câncer ter sido iniciado, dona Ana não teve assistência financeira, psicológica e social ao longo desse processo e além de não assegurar a o direito a saúde de proposto pela Constituição, fere o princípio da Universalidade que confere o acesso aos serviços de saúde em todos os níveis e assistência. Claramente, o caso de Ana foi apenas mais um caso nas estatísticas que, apesar de ser levado a uma reunião como pauta, será ignorado como tantos outros.