Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2 DESENVOLVIMENTO
No dia 3 de Maio de 2019 foi realizada uma visita à campo por intermédio do
Profº Diego Carneiro Ramos no intuito de conhecer o trabalho de Marília Alcantara,
agente comunitária de saúde há 19 anos, na USF Dr Jaime Dias de Lima, localizada
na Vila Dulce, na cidade de Barreiras. Essa instituição abriga três equipes diferentes
de Saúde da Família, contendo cada uma de forma generalizada, um médico, um
enfermeiro, um ou dois técnicos de enfermagem, um dentista e no mínimo sete
agentes comunitários, atendendo assim de forma independente, as necessidades das
famílias locais como marcação de consultas e exames, vacinação, acompanhamento
do tratamento de doenças, troca de curativos, acompanhamento pré-natal dentre
outras. Através dessa atividade foram analisados diversos pontos em relação a
relevância da instituição e do trabalho da agente para a promoção da saúde na
comunidade.
Marília atua seguindo o princípio de territorialização, esse tipo de sistema
delimita uma área de abrangência para a equipe que ela pertence — equipe 17,
identificada pela cor rosa —. Diferente da USF que está situada na Vila Dulce, sua
área de atuação se encontra na Vila Brasil iniciando na Rua Quintino Bocaíuva,
seguindo pelas paralelas São José e Tomé de Souza, e a transversal que as conecta,
é uma região majoritariamente residencial, com pouquíssimos pontos de comércio,
ruas calçadas e movimentadas, com muitas casas conjugadas e ocupadas por
moradores que estão lá há anos. A Marília mora em sua própria micro área, o que
facilita sua aproximação e vínculo com a comunidade, além de permitir que ela
conheça muito bem as necessidades e problemáticas desse espaço. Segundo suas
palavras, é uma área com: muitos idosos e poucos jovens e crianças; com baixos
índices de gravidez adolescente, tendo apenas duas gestantes, adultas, identificadas
até essa data; muitos hipertensos e diabéticos; pessoas com transtornos mentais;
problemas com alcoolismo e drogas (vários pontos de tráfico); e casos de hanseníase.
De acordo com Marília, ela atende cerca de 190 famílias (aproximadamente,
900 pessoas), e suas visitas são realizadas, no mínimo, uma vez ao mês. Mesmo
possuindo planejamento prévio, nem sempre é possível segui-lo, pois acontecem
algumas ocorrências que podem mudar seus planos, exemplo: novo cadastramento;
alguém que passou mal e precisa de atenção; não ter ninguém em casa, assim, muitos
a procuram depois. Em alguns casos se faz necessária a realização de mais visitas,
a depender do estado do paciente. Não só ela vai até as residências, mas toda a
equipe se for preciso (quando o paciente não tem condições de se deslocar até a
unidade, a equipe se desloca até ele, e nessas situações até mesmo vacinações
podem ser feitas a domicilio).
Ela também compartilhou conosco que algumas famílias têm resistência com
relação a realização do cadastramento, não conseguindo convencê-las de fazê-lo ela
pede para que assinem um termo de responsabilidade informando que recusaram a
se cadastrar. Isso serve para proteger a equipe de problemas futuros, uma vez que
só é possível ter acesso aos serviços integralmente se for cadastrado.
A agente relatou ainda que acaba entrando em contato não só com assuntos
relacionados à saúde mas também com questões pessoais e familiares de cada
indivíduo, esse relato confirma o que NUNES, 2002 diz: “A entrada no mundo familiar
traz inevitavelmente consigo a intimidade das pessoas, o seu mundo privado, e, com
ele, novas construções relacionais permeadas de significados e de sentimentos”. Por
outro lado, ela reconhece que essa intimidade pode por a sua vida em risco em
algumas ocasiões, nesses momentos ela tenta tomar as melhores decisões junto à
equipe para sanar o problema sem se colocar em perigo.
A comunidade na qual ela atua é considerada pela mesma como participativa
nos serviços da USF, principalmente os idosos que acabam sendo mais cooperativos
e abertos as ações da ACS. Os usuários estão sempre depositando suas sugestões
e críticas, relacionadas a falta de medicamentos, a demora para agendamentos de
exames e marcações de consultas, na caixinha da ouvidoria.
Semanalmente a unidade é abastecida com os medicamentos que serão
distribuídos para a população cadastrada. Alguns atendimentos especiais, como
tomografias ou exames, possuem vagas limitadas e o médico precisa avaliar qual
morador tem a maior necessidade daquele serviço de saúde.
A Marília ainda nos falou sobre as reuniões realizadas com a equipe, que
ocorrem a cada 15 dias para discutir a demanda da comunidade e com o NASF —
Núcleo Ampliado de Saúde da Família, quando necessário, que além de suprir
algumas necessidades dos pacientes também auxilia a equipe com diversos
profissionais especializados em diferentes áreas, e com palestras de capacitação dos
ACS’s.
3 CONCLUSÃO