EDUCAÇÃO
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
LEGISLAÇÃO SOCIAL
Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu
as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; E Deus escolheu as coisas humildes
deste mundo, e as desprezadas, e as que não são, para aniquilar as que são; Para que
nenhuma carne se glorie perante ele. Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi
feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; I COR 1, 27-30
1
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
DA PARAÍBA
PRO-REITORIA DE ENSINO DEPARTAMENTO DE ENSINO
SUPERIOR
CURSO DE TECNOLOGIA EM NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS
DISCIPLINA: LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA
CARGA HORÁRIA: 67 PERÍODO: 3º CRÉDITOS: 04
PROFESSORA: CLÁUDIA FABIANI MARANHÃO FARIA
PLANO DE CURSO
OBJETIVOS: HABILITAR OS ALUNOS PARA GERENCIAR, PREVINIR OU SOLUCIONAR DIVERGÊNCIAS RESULTANTES DAS
RELAÇÕES TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIAS, CONFERINDO NOÇÕES BÁSICAS DO DIREITO TRABALHISTA E
PREVIDENCIÁRIO, ESSENCIAIS EM QUALQUER RELAÇÃO EMPREGO/TRABALHO, SEJA NA QUALIDADE DE EMPREGADO OU
COMO EMPREGADOR.
EMENTA: DIREITO DO TRABALHO. BASES HISTÓRICAS. TRABALHO E MODELO ECONÔMICO. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
BRASILEIRA. CONTRATO DE TRABALHO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA BRASILEIRA.
CONTRIBUINTES E SEGURADOS. BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS.
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS
UNIDADE QUANT/
ASSUNTO
I AULA
1 PRINCIPAIS MODELOS ECONÔMICOS HISTÓRICOS
O Liberalismo e a Revolução Industrial à luz da relação de
1.1
Trabalho
1.2 O Estado Social e o Direito do Trabalho
O neoliberalismo, a Globalização e as novas faces das
1.3
Relações de Tarbalho
A Revolução Francesa e suas Influências no Direito do
1.4
Trabalho
UNIDADE
ASSUNTO
II
2 INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRABALHO
2.1 Historia do Direito do Trabalho no Brasil
2.2 Legislação Trabalhista Brasileira
2.3 Conceito
2.4 Princípios do Direito do Trabalho
2.5 Caracterização e Natureza Jurídica
2.6 Espécies
2.7 Do Empregado
2.8 Do Empregador
UNIDADE
ASSUNTO
III
3 ADMISSÃO DO EMPREGADO
2
3.1 Recrutamento e Seleção
3.2 Práticas Discriminatórias
3.3 Documentação Necessária
3.4 Exame Médico Admissional
3.5 Registro do Empregado
UNIDADE
ASSUNTO
IV
4 CONTRATO DE TRABALHO
4.1 Direito Coletivo do Trabalho
Contrato de Trabalho por Tempo Indeterminado
4.2
4.3 Contrato de Trabalho por Tempo Determinado
Acordos Coletivos, Convenção Coletiva, Negociação Coletiva,
4.4
Dissídios Coletivos e Sentença Normativa
UINDADE
ASSUNTO
V
1. DURAÇÃO DO TRABALHO
1.1 Jornada de Trabalho
1.2 Intervalos para Descanso
1.3 Repouso Semanal Remunerado
1.4 Trabalho Noturno
1.5 Férias
Atestados Médicos, Faltas Justificadas e Atrasos Constantes
1.6
e Saídas Antecipadas
UNIDADE
DIREITOS TRABALHISTAS
VI
1.1 Aviso Prévio
1.2 FGTS
1.3 Seguro-Desemprego
1.4 Vale-Transporte
1.5 Acidente de Trabalho
UNIDADE
ASSUNTO
VII
REMUNERAÇÃO
1.1 Denominação e Classificação
1.2 Tipos Especiais
1.3 Verbas Salariais
1.4 13º Salário
1.5 Salário Mínimo
UNIDADE
ASSUNTO
VIII
EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO (VERBAS
RESCISÓRIAS)
1.1 Falência
1.2 Dispensa Sem Justa Causa
1.3 Pedido de Demissão
1.4 Culpa Recíproca
1.5 Rescisão Indireta
1.6 Falecimento do Empregado ou Empregador
1.7 Justa Causa
3
UNIDADE
ASSUNTO
IX
CONTRATO DE ESTÁGIO
1.1 Conceito
1.2 Evolução Histórica do Estágio
1.3 Nova Lei do Estágio
1.4 Direitos e Obrigações das partes no Contrato de Estágio
UNIDADE
ASSUNTO
X
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
1.1 Perfil Histórico do Direito Previdenciário
1.2 Princípios do Direito Previdenciário
1.3 Seguridade Social: Conceito e Abrangência
1.4 A Previdência Social Brasileira
1.5 Contribuintes: Conceito e Espécies
Principais Benefícios da Seguridade Social e seus
1.6
Beneficiários
1.7 Aposentadorias: Conceito, Espécies e Requisitos
Aula Expositiva
Visitas técnicas
Seminários
RECURSOS DIDÁTICOS
Quadro de giz
Retroprojetor
Projetor de Multimidia
BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
4
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. 18 ed. São Paulo: Atlas, 2002.
OLIVEIRA, Aristeu de. Manual prático da previdência social. 10 ed. São Paulo: Atlas,
2002.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
5
Anteriormente à Revolução Industrial o trabalho era basicamente servil, escravo, realizado
em ambiente patriarcal. O trabalho passava de uma geração para outra, sem visar acúmulo,
havia trocas. Cada grupo familiar buscava suas necessidades. Não havia necessidade de
interferir, de normatizar as normas de trabalho. Não havia relação entre empregado e
empregador. No trabalho servil ou escravo, não há liberdade, e o direito só atua em
ambiente de igualdade, o que havia era arbítrio. O direito do trabalho é produto da história
recente da humanidade, quando a sociedade passou por modificações significativas. No
século XIX, sucedem fatos, ingredientes sociais que propiciaram o surgimento do direito do
trabalho. O marco principal é a Revolução Industrial, a mecanização do trabalho humano em
setores importantes da economia.
Antes da indústria, não apenas os nobres não trabalhavam de fato, como até os operários e
os escravos se limitavam a trabalhar não mais de quatro ou cinco horas por dia. Os
camponeses ficavam inativos muitos meses por ano. Posteriormente, por volta do fim do
século XVIII, com a chegada da indústria, milhões de camponeses e artesãos se
transformaram em trabalhadores "subordinados", os tempos e os lugares de trabalho
passaram a não depender mais da natureza, mas das regras empresariais e dos ritmos da
máquina, dos quais o operário não passava de uma engrenagem. O trabalho, que podia
durar até quinze horas por dia, passou a ser um esforço cruel para o corpo do operário e
preocupação estressante para sua mente. Quando existia, deformava os músculos e o
cérebro; quando não existia, reduzia os trabalhadores a desocupados e estes a "sub-
proletariado": trapos ao vento, como diz Marx.
Na Inglaterra do séc. XVIII houve uma grande concentração de terras em mãos de poucos
(os cercamentos) e multiplicação das manufaturas, sobre cuja base se desenvolverão as
fábricas. Os agricultores deixaram o campo para vir se engajar nos subúrbios industriais,
trocando o ritmo solar pelo relógio de ponto. As pessoas desocupadas começavam a se
deslocar para os grandes centros. O objetivo do trabalhador era sair da miséria e vir para o
centro urbano. A mecanização da indústria, pelas oportunidades de trabalho que oferecia,
melhores ganhos e maior qualidade de vida, seduziram o trabalhador campesino,
estimulando o seu deslocamento para as cidades. Mulheres e crianças também disputavam o
mercado de trabalho. Substituía-se o trabalho adulto pelo das mulheres e menores, que
trabalhavam mais horas, percebendo salários inferiores.
A desagregação do antigo sistema de produção expeliu para os centros fabris grande massa
de despossuídos, sem meios de sustento. O trabalhador recém-chegado não estava
preparado para a máquina, para receber o processo de industrialização num momento em
que o Estado não interferia.
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Nos primeiros anos do século XIX, as fábricas são numerosas, as cidades industriais abrigam
um grande contingente de mão-de-obra. Pelo fato de haver mais procura do que oferta de
trabalho, ocorreu o aviltamento dos salários, e permitiu que os industriais estabelecessem as
condições de trabalho. Passou a haver uma excessiva oferta de mão-de-obra e o trabalho
humano se tornou mais barato. A máquina importa na redução da mão-de-obra porque,
mesmo com o aparecimento das grandes oficinas e fábricas, para obter um determinado
resultado na produção não era necessário tão grande número de operários. Em face de uma
legião de desempregados e com menos necessidade de trabalhadores, as regras eram
exploradoras.
O trabalhador estava despreparado para lidar com a máquina. Não havia prevenção contra
acidentes de trabalho. A riqueza estava acumulada nas mãos de poucos. Ao lado do
progresso via-se a exploração. A máquina, para o trabalhador, passou a ter uma conotação
diabólica: ocupava o seu posto, diminuindo a procura de emprego. Verificaram-se
movimentos de protesto e até mesmo verdadeiras rebeliões, com a destruição das
máquinas. Os ludistas organizavam-se para destruir as máquinas, pois entendiam que eram
elas as causadoras da crise do trabalho.
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Os contratos eram verbais, quase vitalícios, ou então enquanto o trabalhador pudesse
prestar serviços, implicando verdadeira servidão. Não havia direitos, restrições legislativas,
só exploração. Regras, só as que interessavam ao dono do empreendimento: vontade
arbitrária dos industriais. Engels descreveu os processos de miséria e fome nas cidades
industriais usando as cidades inglesas.
O socialismo utópico propunha uma sociedade ideal do futuro, onde houvesse saúde, riqueza
e felicidade para todos. No capitalismo, os poucos que não trabalhavam, viviam com luxo e
conforto, graças à propriedade privada dos meios de produção. As falhas e conseqüentes
males causados pelo regime capitalista foram apontados. Os perigos da industrialização –
físicos, econômicos, culturais, políticos – começavam a revelar-se à medida que a indústria
se difundia. A solução que os socialistas utópicos apresentaram era a propriedade comum
dos meios de produção.
Robert Owen está ligado à formação das primeiras Trade Unions na Inglaterra, e ele próprio
foi, em grande parte, o inspirador dos regulamentos de fábrica. Foi a primeira das
testemunhas contra a organização industrial do trabalho. Pedia uma lei para pôr fim à
exploração dos adultos e das crianças e também a todas as conseqüências nefastas da
desesperada aplicação do princípio regulador da atividade industrial e comercial: "o do ganho
pecuniário imediato acima de qualquer outra coisa". Owen afirmava a lógica do capitalismo
tinha lançado os trabalhadores em condições materiais e espirituais verdadeiramente piores
que as pré-industriais. Para ter sucesso nessa corrida, os concorrentes em disputa "levaram
as classes inferiores, de cujo trabalho deriva hoje essa riqueza, a um nível de verdadeira
opressão... Por conseguinte, eles se encontram atualmente numa situação de degradação e
miséria muito maior do que aquela em que se encontravam antes da introdução dessas
indústrias, de cujo sucesso depende hoje a sua mera subsistência". Fourier tem o mérito de
haver sugerido o princípio do 'direito de trabalhar' e o estabelecimento das 'oficinas
nacionais' da França. A crítica do socialismo utópico ao direito de propriedade e à exploração
de que o proletariado, inclusive mulheres e crianças, eram submetidos, serviu para despertar
a consciência da burguesia e induzi-la a um tratamento mais humano dos operários.
8
A auto regulamentação de classes.
Tratado de Versailles (1891 até 1919): cada país se comprometeu a criar normas
reguladoras do Direito do Trabalho, seguindo métodos e princípios. O Tratado se ocupou da
questão social, convencendo seus signatários a regulamentar a questão. Criou a OIT, com a
finalidade de lutar por condições dignas de trabalho no âmbito internacional, expedindo
convenções e recomendações nesse sentido. Significou a humanização das condições de
trabalho, auxiliando na busca pela paz social. O tratado foi um sopro estimulante em matéria
de legislação trabalhista. Ele cristaliza o novo espírito, que contribuiu para o aceleramento do
processo de regulamentação do trabalho.
O Liberalismo é uma filosofia política que prima pela autonomia moral e econômica da
sociedade civil em oposição à concentração do poder político. Apesar de diversas
culturas e épocas apresentarem indícios das ideias liberais, o liberalismo
definitivamente ganhou expressão moderna com os escritos de John Locke (1632-
1704) e Adam Smith (1723-1790). Seus principais conceitos incluem individualismo
metodológico e jurídico, propriedade privada, governo limitado, ordem
espontânea, estado de direito, e livre mercado.
A palavra "liberal" deriva do latim liber ("livre", ou "não escravo"), e está associada com a
palavra "liberdade".
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Governo limitado é a consequência da redução do poder político. Para os liberais, todo
poder coercitivo deve ser justificado, sendo a liberdade humana uma presunção universal.
Por ordem espontânea compreende-se o conjunto de instituições que são criadas pela ação
humana sem a premeditação humana. A linguagem e o mercado são exemplos de ordem que
emergem da sociedade independente do controle de um indivíduo ou de um grupo. Grandes
contribuições foram feitas sobre a teoria de ordem espontânea pelo economista Friedrich
Hayek.
Livre mercado é o conjunto de interações humanas sobre os recursos escassos sem ser
restrito pela imposição política de interesses particulares. Difere-se, assim, de sistemas
protecionistas ou mercantilistas. Enquanto explicava o funcionamenteo do mercado, a
economia clássica de Adam Smith, David Ricardo, Anne Robert Jacques Turgot e Jean-
Baptiste Say também caracterizava-se pela oposição às formas de restrições ao comércio.
Neoliberalismo é um termo que foi usado em duas épocas diferentes com dois significados
semelhantes, porém distintos:
• na primeira metade do século XX, significou a doutrina proposta por economistas
franceses, alemães e norte-americanos voltada para a adaptação dos princípios do
liberalismo clássico às exigências de um Estado regulador e assistencialista;
• a partir da década de 1960, passou a significar a doutrina econômica que defende a
absoluta liberdade de mercado e uma restrição à intervenção estatal sobre a
economia, só devendo esta ocorrer em setores imprescindíveis e ainda assim num
grau mínimo (minarquia). É nesse segundo sentido que o termo é mais usado hoje
em dia.
Na crise das novas relações de classe, com o esforço de libertação das normas estatais,
forma-se e se adensa o novo sistema de pensamento cultural e econômico: o pensamento
liberal. O liberalismo constitui a corrente ideológica que melhor expressa as aspirações da
nova ordem burguesa. Liberdade de empresa, liberdade de contrato e liberdade individual
são os objetivos. A não-intervenção do Estado na esfera econômica e social é uma das
principais características do liberalismo clássico.
Adam Smith será o maior teórico dessa nova economia impregnada de Iluminismo e da
nascente sociedade industrial marcada pela mecanização. A riqueza das nações (1776)
decretará definitivamente a superioridade da indústria sobre a agricultura, do lucro e da
mais-valia sobre a renda, da moeda sobre a troca, do egoísmo sobre a caridade.
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seus representantes em direção à prática política, nos aparelhos de Estado, nas associações
de classe, no controle dos conflitos sociais e na expansão imperial em busca de novos
mercados para suas fábricas.
O trabalho livre era considerado como uma das mais marcantes comprovações da liberdade
do indivíduo. Mas a liberdade de contratar não dava meios ao operário, premido pela fome, a
recusar uma jornada que muitas vezes se estendia durante quinze horas, tendo retribuição
miserável. Teoricamente livre, o operário tornava-se cada vez mais dependente do patrão.
Surgia uma concepção de direito contrária aos interesses do proletariado.
O laissez-faire está no cerne da regulamentação das novas atividades industriais. A questão
não se limitava apenas à repressão das reivindicações dos assalariados. Implicava também o
controle das relações de trabalho, da vida das fábricas e da produção pelo governo. A
liberdade e a igualdade permitiam que se instituísse uma nova forma de escravidão, com o
crescimento das forças dos privilegiados da fortuna e a servidão e a opressão dos mais
débeis. O operário não passava de um simples meio de produção.
O individualismo levava a uma exploração do mais fraco pelo mais forte. O capitalista
livremente podia impor, sem interferência do Estado, as suas condições ao trabalhador.
Havia mera igualdade jurídica. Em curto tempo, estavam os mais ricos cada vez mais ricos e
os mais pobres cada vez mais pobres. O mais forte subjuga o mais fraco. Aumentava a
legião dos empobrecidos. Imaginava-se que as pessoas podiam auto regulamentar seus
interesses pelas regras do Direito Natural. O Estado não deveria interferir, as relações
econômicas se auto regulamentam. O homem naturalmente escolhem como viver em
sociedade. A submissão da vontade do mais fraco levou à prática de injustiças, concentração
da riqueza nas mãos de poucos. A desprotegida massa operária sofria, enquanto o Estado
assistia inerte, na convicção liberal de que seu papel não devia ir além da ordem pública,
podendo os cidadãos conduzir-se como melhor lhes aprouvesse. Jonh Locke afirma: "ao
Estado não cabe interferir. O homem é livre. A intervenção do Estado é negativa".
O Estado não podia servir somente para as finalidades individuais. O legislador precisava
tomar medidas para garantir uma igualdade jurídica que desaparecia diante da desigualdade
econômica. A própria dignidade humana estava rebaixada diante da opressão econômica. O
individualismo teria que passar a um plano secundário para que o interesse social tomasse
realce.
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Da luta entre a liberdade do indivíduo e o absolutismo do monarca, nasceu a primeira noção
de Estado de Direito. Essa luta da liberdade contra o despotismo foi decidida pela Revolução
Francesa, iniciada com a Queda da Bastilha (14 jul. 1789).
A filosofia política do liberalismo, preconizada por John Locke (1632 – 1704), barão de
Montesquieu (1689 – 1755) e Immanuel Kant (1724 – 1804), cuidou de salvar a liberdade
decompondo a soberana na pluralidade dos poderes. A teoria tripartida dos poderes, como
princípio de organização do Estado constitucional, é uma contribuição de Locke e
Montesquieu.
A divisão de poderes, na essência uma técnica acauteladora dos direitos do indivíduo perante
o organismo estatal, não implicava necessariamente determinada forma de governo, e tanto
podia compadecer-se com o Estado democrático como, também, com a monarquia
constitucional.
Debaixo das pressões sociais e ideológicas do marxismo, o Estado liberal não sucumbiu, mas
se transformou no Estado social.
Max irritou-se com a burguesia ante a maneira pela qual o capitalismo espoliava o
trabalhador. Condenou, de forma implacável, os vícios do capitalismo. O liberalismo
favorecia o capitalismo. No marxismo, ocorreu a reação da classe operária. Antes, no
liberalismo, foi a reação da burguesia capitalista.
Quando o Estado se põe a concorrer com a iniciativa privada, ele ingressa na socialização
parcial. Quando o Estado dilata ainda mais a sua esfera de ação, assiste-se a outra transição
mais séria, a passagem do Estado social para o Estado socialista.
O Estado social da democracia distingue-se do Estado social dos sistemas totalitários por
oferecer concomitantemente, na sua feição jurídico-constitucional, a garantia tutelar dos
direitos da personalidade.
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O Estado social foi a grande conseqüência da Revolução Russa de 1917, assim como o
Estado liberal o foi da Revolução Francesa.
Reflexos da conjuntura internacional, marcada pela prática de dumping social, pela qual os
países abaixam salários e fazem de tudo para que seus produtos sejam competitivos no
mercado internacional, atingem a estrutura do direito laboral, em proporções alarmantes. O
trabalhador paga diretamente esta conta, pois nos dias que correm, sendo a nossa pátria,
infelizmente, quase sempre uma caixa de ressonância daquilo que acontece lá fora, estamos
no apogeu da onda neoliberalizante, praticando uma reengenharia do Estado, solapando as
instituições, demolindo conquistas, encolhendo a máquina administrativa, vendendo tudo .
O texto constitucional de 1988 havia acenado com grandes conquistas para a classe
trabalhadora. Efetivamente, uma realidade econômica marcada pela influência da onda
neoliberal pretende anular aquela vitória de Pirro. Assim, após 21 anos de arrocho-político
em virtude do regime instalado pelos militares, a idéia de uma nova Constituição insuflada
pelas diversas correntes políticas que trabalharam pela volta da democracia foi saudada
como a panacéia para todas nossas viscissitudes. Logo promulgada a Constituição,
começaram as críticas, algumas delas veementes, taxando-a de responsável por uma
suposta impossibilidade de se governar o país. Porque coincidiu a chegada da nova
Constituição, exatamente, com o surgimento de um liberalismo vestido de nova roupagem,
porém, com a mesma estrutura filosófica, como se fora um sepulcro caiado de que nos fala o
Evangelho.
A realidade violenta que nos sufoca infelizmente comprovou a imprestabilidade fática da fala
constitucional, opondo mais uma vez a ética da convicção e a preocupação com os fins que
caracterizam os economistas em face da ética da responsabilidade e da preocupação com os
meios que marcam a atuação desses últimos. É lugar comum no discurso jurídico afirmar
que os economistas, ostentando teses herméticas e salvadoras, vociferam contra o custo
Brasil, mostrando a necessidade premente de fazer o produto Made in Brazil competitivo
para o crescimento das divisas.
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subemprego e miniaturiza-se o salário mínimo. De tal modo, filho enjeitado dessa conjuntura
liberalizante, o salário mínimo, segundo os entendidos em matéria econômica, um dos
componentes menos significativos do tal ‘custo Brasil’, foi escolhido como ‘bode expiatório’
para justificar não só o desequilíbrio da Previdência Social quanto a impossibilidade de os
órgãos públicos arcarem com o salário maior. E a Constituição ? Ora, a Constituição que vá
para ... qualquer lugar, menos aqui.
Sentir realista parece nortear as reflexões mais recentes em torno dessa aparente
desconstrução do direito do trabalho. Inevitável o processo de mundialização do capital, o
que suscita problemas, que devem ser enfrentados, a tomarmos a circunstância como mais
uma (entre outras no pretérito havidas) que ameaça o vendedor da força de trabalho. Nesse
sentido, O processo de globalização, ao mesmo tempo em que propicia a internacionalização
do sistema produtivo de serviços, começa a evidenciar a necessidade de se buscar, de forma
mais concreta, imediata e progressiva, a solução de necessidades prementes para garantir a
sobrevivência da humanidade, que deixa de ser uma abstração, para se converter numa
realidade.
A partir de 1945 o movimento globalizante teria ganho mais velocidade, e de tal maneira,
Com a queda dos nacionalismos e o início da decadência do socialismo real, a partir do final
da Segunda Grande Guerra, o processo de globalização, que havia permanecido suspenso
até então, ingressou em sua derradeira fase de consolidação. Uma das características dessa
fase é a superação dos paradigmas da modernidade e o advento da pós-modernidade.
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Em que pese o avanço nos direitos conquistados é axioma que se faz necessária uma
reforma no modelo normativo laboral que estabeleça um mínimo de proteção a todos os
trabalhadores, abaixo do qual não se concebe a dignidade do ser humano28, embora não se
perceba a assertiva de forma integral, dado que, (...) é urgente uma reforma da legislação,
num contexto reformista de todo o ordenamento legal brasileiro, que lhe permita ombrear-se
com as profundas e rápidas transformações que marcaram o fenômeno social do século XX e
invadem com o mesmo ritmo vertiginoso o alvor do século XXI.
Implementa-se programa desenvolvido pelo capital internacional, que não vê limites. Tudo
se faz em nome da eficiência, da concorrência, da ampliação das condições de competição no
mercado. Eventuais direitos da empresa chocam-se com efetivos direitos de seus
trabalhadores; estes últimos levam a pior. Invoca-se que sem aquelas estes últimos não
existem e que todos os sacrifícios são necessários, pertinentes, impostergáveis. O problema
é recorrente e Fala-se em destruição ou minimização dos direitos instituídos em prol dos
trabalhadores, para propiciar às empresas mais produtividade e maior competitividade, ou
seja, o favorecimento do capital em detrimento do trabalho.
Uma voz traiçoeira começa a ser ouvida, sussurrando que não se pode falar em direito do
trabalho onde não há emprego, sutil lamento de um salve-se quem puder oportunista,
entreguista e vendido. Certa razão indolente quer se acomodar, esquecendo-se de uma
trajetória de lutas, protagonizada por aqueles que nunca usaram black tié.
No tocante à História do Direito do Trabalho no Brasil, cabe-nos observarmos que ela tem
como fonte inspiradora a Evolução do Direito do Trabalho no mundo, posto que, o Brasil é
um país novo, tendo sido descoberto no século XVI, possuindo grande quantidade de
recursos naturais.
Assim sendo, podemos dizer que a História do Direito do Trabalho no Brasil tem origem na
abolição da escravatura, em função do uso da mão de obra escrava, e na imigração de
trabalhadores europeus, esses por sua vez com tradição sindicalista, que passaram a
reivindicar medidas de proteção legal.
A política trabalhista brasileira começa a surgir com Getúlio Vargas em 1930, quando foi
criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que passou a expedir decretos, a
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partir de então, sobre as profissões, sobre o trabalho das mulheres em 1932, sobre o salário
mínimo em 1936, sobre a Justiça do Trabalho em 1939, etc.
No Brasil, as primeiras normas nesse sentido começaram a surgir antes da virada do século
passado, como é o caso do Decreto nº 1.313, de 1891, que regulamentou o trabalho dos
menores de 12 a 18 anos. Em 1907, uma lei tratou da sindicalização rural. Em 1917 foi
criado o Departamento Nacional do Trabalho como órgão fiscalizador e informativo.
Em 1922, foi criado órgão especializado em resolver divergências nas relações de trabalho. A
lei estadual nº 1.869, de 10/10/22, criou, em cada comarca de São Paulo, um Tribunal Rural
"para conhecer e julgar as questões, até o valor de quinhentos mil réis (500$000),
decorrentes da interpretação e execução dos contratos de locação de serviços agrícolas".
O artigo 140 da referida Carta era claro no sentido de que a economia era organizada em
corporações, sendo consideradas órgãos do Estado, exercendo função delegada de poder
público. Instituiu o sindicato único, imposto por lei, vinculado ao Estado, exercendo funções
delegadas de poder público, podendo haver intervenção estatal direta nas suas atribuições.
Foi criado o imposto sindical, sendo que o Estado participava do produto da sua arrecadação.
Estabeleceu-se a competência normativa dos tribunais do trabalho, que tinham por objetivo
principal evitar o entendimento direto entre trabalhadores e empregadores. A greve e o
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‘lockout" foram considerados recursos anti-sociais, nocivos ao trabalho e ao capital e
incompatíveis com os interesses da produção nacional (art. 139).
Foi criada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), através do Decreto-Lei nº 5.452 de 10
de maio de 1943, em virtude de haver várias normas trabalhistas esparsas, tornando-se
necessária sua sistematização, por sua vez, a CLT não é um código, pois não traz um
conjunto de regras novas, mas apenas a reunião das normas já existentes de forma
sistematizada.
Como quer que seja, lançada em 1936, no Estado Novo, a Legislação Trabalhista Brasileira aí
está, como um enorme e imponente edifício, antes, ao ser lançada, sem o acabamento
necessário, mas hoje, aperfeiçoada.
Naquela época, o Brasil passou a possuir uma legislação trabalhista das mais adiantadas e,
em certas instituições, tornou-se verdadeiro pioneiro das inovações sociais. A CLT estava
dividida em quatro partes principais, um título preliminar e um apêndice. No titulo
preliminar, foram transcritos alguns artigos da Constituição Federal pertinentes às questões
do trabalho e cujo conhecimento era indispensável para a boa interpretação das leis
trabalhistas.
Na primeira parte: "Contratos de Trabalho, Conflitos e órgãos Julgadores" teve primazia a Lei
de Sindicalização, base de toda a legislação trabalhista, seguindo-se-lhe a lei que instituiu as
"Carteiras Profissionais", complemento da Lei de Sindicalização. Seguem a "Convenção
Coletiva": a Lei que regula a estabilidade dos empregados (Lei nº 62); as Leis sobre
"Nacionalização"; "Juntas de Conciliação e Julgamento"; "Comissões Mixtas de Conciliação" e
"Conselho Nacional do Trabalho".
Naquela ocasião o Conselho, pela sua organização tinha diversas funções: julgava os
conflitos de trabalho, fiscalizava as Caixas de Aposentadoria e Pensões e Institutos
Congêneres e é órgão administrativo propriamente dito, de modo que o desdobramento do
Decreto nº 24.784, nessas subdivisões, era matéria muito complexa, pelo que a sua
reprodução na parte referente à Organização administrativa", era uma necessidade evidente.
Terceira parte: "Previdência e Assistência Social" - era assim formada: lei geral de Caixa de
Aposentadoria e Pensões e suas modificações; leis reguladoras dos diversos serviços
peculiares às referidas Caixas, leis especiais que regulam as Caixas de Aposentadorias e
Pensões da Imprensa Nacional, Trapiches e Armazéns de Café, dos Estivadores; leis
especiais referentes aos Institutos dos Marítimos, Comerciários e Bancários e lei sobre
Seguro de Acidente de Trabalho.
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No conceito de economia pública, trabalho é a atividade produtiva que vai associada ao
emprego de determinada quantidade de energia; na economia comercial representa a forma
de atividade lucrativa.
Quando essa atividade tem lugar em benefício de terceiro, ou para exploração de uma
empresa, e mediante uma remuneração, há, então, a relação de trabalho.
Para os vernaculistas, examinada como contrato, essa relação é a "convenção ou acordo pelo
qual uma ou mais pessoas se obrigam a dar, a fazer, ou a não fazer, alguma coisa."
(Aulette), é o acordo em que uma ou mais pessoas transferem entre si algum direito ou se
sujeitam a alguma obrigação". (Cândido Figueiredo).
Para Griolet e Vergé, em seu dicionário jurídico, é a "convenção ou acordo de duas ou mais
pessoas em torno de um interesse jurídico, dando nascimento a uma ou mais obrigações."
Os juristas, o definem, como Clovis, como "acordo de vontades para o fim de adquirir,
resguardar, modificar ou extinguir direitos". Para Dyonisio Gama é o "ato jurídico, em virtude
do qual duas ou mais pessoas se obrigam, por consentimento recíproco, a dar, fazer ou não
fazer alguma coisa. Jorge Giorgi o declara como "figura jurídica destinada a criar uma
obrigação.", e Carvalho de Mendonça o entende como a fonte mais fecunda, mais comum e
mais natural dos direitos de crédito."
Se assim entende vernaculistas e juristas o contrato, sob um aspecto geral, ou melhor, sob
seu aspecto no direito privado, em face do Direito Trabalhista ele tem que ser considerado
de maneira especial, porque é, como bem afirma Gaete o "contrato do qual depende a
subsistência de 99% dos homens, para não dizer de 100%".
Em breve resumo:
1º período
1ª Fase
O Brasil tratava-se de uma colônia portuguesa, presa a políticas mercantilistas à base de
agricultura, com apropriação de mão de obra escrava. Em 1888, com a abolição da
escravidão, inicia-se a 1ª fase de formação do Direito Laboral, nesse período não há de se
falar em Direito do Trabalho, a escassez de mão de obra livre e sua reduzida importância na
sociedade, justificam o vácuo legislativo.
2º período
De 1888 a 1930.
• 1891 – lei proibindo o trabalho dos menores de 12 anos.
• 1907 – 1ª lei sindical.
• 1916 – Código Civil, com caráter individualista e regulando a relação de emprego
como locação de serviços.
• 1919 – 1ª lei de acidentes do trabalho.
18
• 1923 – lei instituindo caixa de aposentadoria e pensões dos ferroviários.
• 1925 – lei de férias de 15 dias anuais.
2ª Fase
A partir da Abolição, estendendo-se até 1930, com a queda da escravatura, cai em seguida a
monarquia a qual dependia da mão de obra escrava. O trabalho livre ganha então
importância na teia social, iniciando-se a sua regulamentação. Como por exemplo, a Lei
1869/22, que criou os tribunais Rurais, a Lei Elói Chaves – 1923 – sobre caixas de pensões e
Aposentadorias dos Ferroviários, e a Lei de Férias (15) de 1925.
3º período
3ª Fase
Inicia-se em 1930, com a Revolução e a Era Vargas, procedendo-se à sistematização das
normas laborais existentes, desenvolvendo-se autonomia deste novo ramo de Direito. Com o
crescimento da industrialização, surge a necessidade de uma disciplina das relações de
trabalho, cria-se então, com a Constituição de 1934 a Justiça do Trabalho, como Órgão do
Poder Executivo. São desse período: a primeira lei de indenização por despedida injusta
(1935); Organização da Justiça do Trabalho (1939); Consolidação das Leis do Trabalho
(1943); reconhecimento do direito de greve (1946); repouso semanal remunerado (1949);
Gratificação Natalina (1962); Estatuto do Trabalhador Rural (Lei 4.214/66); Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (1966); Lei de Trabalho Rural (5.859/73).
Conceito
Em outra definição “é o ramo da ciência do direito que tem por objeto as normas, as
instituições jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de trabalho subordinado,
determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho em sua
estrutura e atividade" (Amauri Mascaro Nascimento).
Princípios
Trata-se de princípio que visa atenuar a desigualdade entre as partes em Juízo, razão pela
qual, engloba os demais princípios que favorecem o trabalhador. Na verdade esta orientação
revela-se de maneira inconfundível através da própria norma, demonstrando que a
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sociedade reconhece naquele que dispõe unicamente de sua força de trabalho, a parte mais
fraca na relação, o que bem ilustra o art. 468, “caput”, da CLT:
Ao contrário do que ocorre no Direito Comum, onde se busca a todo custo a igualdade das
partes, o legislador trabalhista teve grande preocupação em estabelecer maior amparo a
uma das partes, ou seja, objetivou a proteção do trabalhador. Entretanto, essa aparente
desigualdade tem por finalidade igualar as partes no âmbito do Direito do Trabalho.
Justamente com a finalidade de igualar os desiguais foi que surgiu o princípio da proteção no
âmbito do Direito do Trabalho. Pode-se afirmar, sem medo de errar. que este princípio trata-
se de reflexo da igualdade substancial das partes, preconizada no âmbito do direito material
comum e direito processual.
Essa referida igualdade substancial tem a finalidade de equiparar as partes desiguais, já que
dar tratamento isonômico às partes, significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os
desiguais, na exata medida de suas desigualdades.
Tal princípio informa ao operador do Direito que se existirem duas ou mais normas aplicáveis
ao caso concreto, dever-se-á aplicar aquela que melhor atenda aos interesses do
trabalhador.
Na aplicação deste princípio, permite-se até mesmo afastar a aplicação hierárquica das
normas, o que implica objetivamente, que determinado dispositivo legal com prevalência
sobre outro(s) poderá ser preterido, caso o interessado tutelado exerça força de atração à
norma “inferior”, ao se vislumbrar que apresenta condição favorável de solução à demanda
proposta.
Não há dúvida, entretanto, que a aplicação de tal princípio encontra-se subordinada aos
rígidos limites estabelecidos pela ordem jurídica, não se cogitando sua aplicação meramente
empírica ou interpretativa de maneira a despi-la da cientificidade necessária a assegurar que
o encaminhamento na solução de questões similares siga um mesmo curso ou impliquem em
insegurança jurídica dos jurisdicionados, posto que sua aplicação deverá estar jungida às
fronteiras do sistema jurídico vigente.
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Por fim, o princípio poderá ser utilizado na interpretação das normas jurídicas, o que deverá
ocorrer mediante a otimização no enquadramento jurídico de uma da situação de fato e do
exame teleológico (finalístico) dos dispositivos legais aplicáveis à espécie, desde que
mantidos os critérios técnico-científicos informadores da ordem jurídica.
Informa este princípio que deve haver prevalência das normas trabalhistas, não podendo as
partes, via de regra, as afastarem mediante declaração bilateral de vontades,
caracterizando, assim, restrição à autonomia das partes no ajuste das condições contratuais
trabalhistas.
Este princípio projeta o anterior, revelando o caráter imperativo das normas trabalhistas,
bem como a sua essência social, cujo conteúdo protetivo tem espectro de interesse público
coletivo, delimitando restritivamente a possibilidade de disponibilidade das partes,
evidentemente que colocando a salvo direitos do trabalhador, forma pela qual se reduzem as
desigualdades jurídicas que se evidenciam entre as partes na relação de trabalho.
Este princípio encontra-se bem delineado pelo art. 468, caput, da CLT, que assim dispõe:
“Art. 468 da CLT: Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das
respectivas condições por mútuo consentimento, e, ainda assim, desde que não resultem,
direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula
infringente desta garantia.”
Perceba que a limitação imposta às partes tem o nítido propósito de oferecer proteção ao
trabalhador, já que o conjunto de garantias mínimas e essenciais encontra-se assegurado
pela Lei: não será objeto de negociação para a concessão e, muito menos, com vistas à
supressão ou redução.
O empregado não pode dispor de suas férias; não pode individualmente firmar acordo que
reduza o seu salário; não pode prescindir de equipamentos de segurança na realização de
trabalhos que coloquem em risco sua vida ou saúde e etc.
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I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas
anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do
regulamento. (ex-Súmula nº 51 - RA 41/73, DJ 14.06.1973)
Este princípio, espelhado no princípio geral do Direito Comum, resumido pelo brocardo pacta
sunt servanda (os pactos devem ser cumpridos), assume particular e especial feição na área
justrabalhista, o que se pode entrever até mesmo pela sua denominação: a intangibilidade
contratual restringe-se à proibição de supressão ou redução de direitos e vantagens dos
trabalhadores.
A própria Lei, e novamente invocamos o art. 468 da CLT, coloca a salvo os direitos
conquistados pelos trabalhadores.
Não se poderá deixar de registrar ser desejável, além de ser hoje uma constatável tendência
de fato, que as condições de trabalho sejam cada vez mais objeto de livre negociação por
parte de trabalhadores e empregadores, o que deverá ocorrer através do fortalecimento das
entidades representativas dos trabalhadores (neste sentido a tão propalada reforma sindical)
e da reforma na legislação trabalhista.
Por fim, ilustra de maneira plena o espírito de tal princípio, o art. 444 da CLT:
“Art. 444 da CLT – As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre
estipulação pelas partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de
proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das
autoridades competentes.”
Informa tal preceito que na análise das questões relativas às relações de trabalho, deve-se
observar a realidade dos fatos em detrimento dos aspectos formais que eventualmente os
atestem.
c) Como cediço, os contratos de trabalho podem ser escritos ou verbais. Evidente que nos
verbais o contrato só assume condição de efetiva existência com o decorrer do tempo, ditado
pelas práticas estabelecidas entre os sujeitos da relação de trabalho.
22
Este princípio não distoa dos demais. É francamente favorável ao trabalhador, na medida em
que com o passar do tempo incorporam-se ao seu patrimônio jurídico vantagens alcançadas
pelas negociações coletivas e pelas inovações legislativas e, principalmente, aquelas de
caráter pessoal, como por exemplo, promoções e adicionais que, por sua habitualidade,
passam a integrar o contrato de trabalho.
Além de vantagens diretas, que possuem uma natureza eminentemente econômica como as
supracitadas, não resta dúvida que um vínculo de trabalho duradouro testemunha
progressos pessoais e familiares do trabalhador, já que a estabilidade no emprego oferece
uma base mais sólida, inclusive e principalmente no aspecto social, permitindo que o
trabalhador desfrute de bem estar físico, mental e social.
Há dois institutos legais que bem expressam a qualidade exponencial deste princípio: o FGTS
e a indenização compensatória pela despedida arbitrária.
São inúmeros os reflexos práticos deste preceito, entre os quais destacamos a sucessão de
empregadores, nos termos dos artigos 10 e 448 da CLT:
Também conhecido como “in dúbio pro reo” ou “in dúbio pro misero”.
Este princípio encontra-se absorvido pelo princípio da norma mais favorável, que colocou à
margem eventuais estrabismos jurídicos que pretendiam legitimar a desigualdade entre as
partes através do franco favorecimento ao trabalhador.
Não será demais lembrar que os supracitados princípios, notadamente este ora em estudo,
inclinados de forma patente a proteger os interesses do trabalhador, devem ser aplicados
com a finalidade precípua de reduzir as desigualdades entre as partes, uma vez que o
trabalhador é notoriamente a parte mais frágil na relação.
Enfim, a denominação “norma mais favorável” veio afastar também a idéia de um conteúdo
empírico e anticientífico de que se impregnava o conceito “in dúbio pro misero”, ainda que,
frise-se, no plano estritamente conceitual
3. EMPREGADO X EMPREGADOR
Constata-se, portanto, que não é qualquer relação de trabalho estará sujeita ao Direito do
Trabalho, mas somente aqueles que possuam as características antes mencionadas, as ditas
relações de emprego. Existem relações de trabalho lato sensu que não se confundem com a
relação de emprego, considerada relação e trabalho stricto sensu. São elas o trabalho
autônomo, o eventual, o avulso, entre outros.
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O conceito legal de empregador e empregado está delimitado nos arts. 2º e 3º da
Consolidação das Leis do Trabalho. De acordo com o conceito legal “considera-se
empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade
econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços” (art. 2º, CLT).
E no conceito legal “considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob a dependência dele e mediante salários” (art. 3º,
CLT).
Empregado pode ser conceituado como a pessoa física que presta serviço de natureza não-
eventual a empregador mediante salário e subordinação jurídica. Esses serviços podem ser
de natureza técnica, intelectual ou manual, integrantes das mais diversas categorias
profissionais ou diferenciadas.
Como já dito, faltando qualquer dos requisitos não haverá vínculo de emprego, não
sujeitando a relação jurídica de serviço a tutela da legislação trabalhista. E dentre os
requisitos da relação de emprego, a subordinação é o de maior relevância.
Encarada sob o prisma subjetivo, a subordinação apresenta três aspectos: pessoal, técnico e
econômico. Quando o empregado está sujeito a controle de horário e acata as ordens
recebidas, ele subordina-se pessoalmente ao empregador; quando atende às regras de
execução, aflora a subordinação técnica; e quando seu orçamento familiar e seu patrimônio
são constituídos basicamente do salário que recebe do empregador, fica patente a
subordinação econômica. Em geral, esses três aspectos estão presentes na subordinação
jurídica.
Faltando qualquer dos requisitos da relação de emprego, o trabalhador estará fora da égide
do Direito do Trabalho.
Trabalho autônomo
Trabalho eventual
O trabalho eventual não gera vínculo empregatício, pois a não eventualidade é requisito da
relação empregatícia como visto acima, não estando sujeito à proteção da legislação
trabalhista.
O trabalho eventual é aquele que não se insere no âmbito das atividades normais de uma
empresa, como é o caso de um técnico chamado momentaneamente para reparar o elevador
de um estabelecimento comercial.
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Trabalho avulso
O trabalhador avulso é visto como “aquele que, devidamente habilitado e registrado como
tal, pelo órgão gestor da mão-de-obra, trabalha para operador portuário, remunerado por
este, mas pago pelo primeiro. Como exemplos de trabalho avulso pode-se citar: capatazia:
movimentação de mercadorias nas instalações de uso público; estiva: movimentação de
mercadorias nos conveses ou porões de embarcações; conferência de carga: contagem e
verificação de volumes e demais serviços correlatos nas operações de carregamento e
descarga de embarcações; conserto de cargas: conserto e reparo de embalagens de
mercadoria; reembalagem, marcação, remarcação, carimbagem, etiquetagem, abertura de
volumes para vistoria; vigilância de embarcações: fiscalização de entrada e saída de pessoas
a bordo das embarcações atracadas e fundeadas ao largo, bem como da movimentação de
mercadorias dos portalós, rampas, porões; bloco: limpeza e conservação de embarcações
mercantes e de seus tanques, incluindo abatimento de ferrugem, pintura, reparos de
pequena monta e correlatos.
Entre a subordinação e a autonomia existe a denominada “zona grise”, zona cinzenta. Trata-
se de situação fronteiriça habitada por trabalhadores que tanto
poderão ser enquadrados como empregados ou como autônomos.
São exemplos de trabalhadores na “zona grise” além dos trabalhadores a domicílio e dos
intelectuais, cuja subordinação técnica ou está ausente ou é muito reduzida, os cabeleireiros,
os motoristas de táxi, os motoqueiros entregadores, os “chapas”, os corretores, entre outros,
dadas as peculiaridades que norteiam essas funções, entre as quais a maior liberdade no
tocante a horário, a impessoalidade e/ou a assunção de risco pelo trabalhador.
Flexibilização.
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Hoje há uma busca da chamada flexibilização dos níveis de proteção assegurados pelo
Direito do Trabalho no interior do próprio sistema, através da delimitação de tipos
contratuais diferentes do protótipo normativo ou da relação normal de trabalho.
O surgimento do direito do trabalho se deu numa época de rigidez das relações entre
trabalhador e empregador, que se apoiava numa linha de produção em série. O modelo atual
é flexível, apesar de convivermos com o Estado Social que tem como regra a interferência
estatal em sede de direitos eminentemente privados. A mudança no modelo produtivo
alterou o paradigma do direito do trabalho, culminando com a flexibilização e
desregulamentação do direito do trabalho.
4) Medida Provisória n. 1.779/99 introduz o art. 476-A na CLT criando uma nova
modalidade de suspensão contratual com diminuição do salário e ausência de recolhimento
do FGTS e do INSS durante o período de vigência. A medida contempla o uso da verba do
Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT para viabilizar a suspensão de interesse do
empregador.
4. ADMISSÃO DO EMPREGADO
A admissão é um ato de vontade das partes do vínculo jurídico; é um contrato pelo qual o
empregado, sem maiores discussões sobre os seus direitos, simplesmente adere aos direitos
previstos nas normas jurídicas sem sequer pleiteá-los ou negociá-los com o empregador;
Forma do contrato: os ajustes serão expressos ou tácitos; os expressos, por sua vez, serão
verbais ou escritos; o contrato de trabalho é informal; pode alguém tornar-se empregado
porque verbalmente fez um trato nesse sentido; porque assinou um contrato escrito; pode,
ainda, alguém tornar-se empregado porque, embora nada ajustando, começou a trabalhar
pra o empregador sem a oposição deste.
Duração do contrato: o empregado, quando admitido de forma expressa, o será por prazp
indeterminado ou determinado (CLT, art. 443); silenciando-se as partes sobre o prazo, o
contrato será por prazo indeterminado; a CLT permite contratos a prazo, em se tratando de
atividades de caráter transitório, de serviço cuja natureza ou transitoriedade o justifique e
em se tratando de contratos de experiência.
Contrato de experiência: denomina-se assim, aquele destinado a permitir que o empregador,
durante um certo tempo, verifique as aptidões do empregado, tendo em vista a sua
contratação por prazo indeterminado.
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Carteira de trabalho e previdência social (CTPS): sua natureza é de prova do contrato de
trabalho; tanto nas relações de emprego verbalmente ajustadas como naquelas em que há
contrato escrito, haverá, além do contrato com as cláusulas combinadas, a carteira; quanto
a sua obrigatoriedade, nenhum empregado pode ser admitido sem apresentar a carteira, e o
empregador tem o prazo legal de 48 horas para as anotações, devolvendo-a em seguida ao
empregado (CLT, art. 29); as anotações efetuadas na carteira geram presunção relativa
quanto à existência da relação de emprego; serão efetuadas pelo empregador, salvo as
referentes a dependentes do portador para fins previdenciários, que serão feitas pelo INSS,
bem como as de acidentes de trabalho (arts. 20 e 30, CLT).
Registro: a lei obriga o empregador a efetuar o registro de todo empregado em fichas, livros
ou sistema eletrônico (CLT, art. 41); tem a natureza de prova do contrato, é documento do
empregador, prestando-se para esclarecimentos solicitados pela fiscalização trabalhista da
DRT.
O recrutamento, fase inicial do processo, torna-se positivo e eficaz quando estimula e atrai
os próprios empregados às novas vagas abertas na empresa, constituindo fonte mais
próxima e de menor custo.
Muitas vezes não encontramos a pessoa certa para preencher a vaga, então lançamos mão
do recrutamento externo. Aqui nos deparamos com a primeira situação de risco da empresa.
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e.- Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) . A CTPS é um documento obrigatório
para o exercício de qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que em caráter
temporário. É indispensável que o empregador a exija, por ocasião da admissão, sob pena
de incorrer em multa por manter empregado sem esse documento. (CLT artº 13 e
seguintes).
De posse da CTPS, a empresa verifica, dentre outras:
as anotações relativas à Contribuição Sindical; ao Programa de Integração Social / Programa
de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS / PASEP) etc.
As anotações referentes a remuneração devem especificar o salário, qualquer que seja sua
forma de pagamento, seja ele em dinheiro ou em utilidades. Tomando-se por analogia o
artigo 82 da CLT, quando o empregador fornecer, “in natura” uma ou mais parcelas do
salário, o valor pago em dinheiro não poderá ser inferior a 30% do total.
Lembrando:
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Destacamos a seguir algumas parcelas que integram a remuneração:
Comissões, Horas extras, Diárias, Gorjeta, Gratificações ,Prêmios e Parcelas diversas ainda
que em caráter de liberalidade, pois a repetição do pagamento implica cláusula tacitamente
ajustada.
PIS / PASEP
O trabalhador é inscrito no PIS/PASEP uma única vez, em toda sua vida profissional. Dessa
forma, por ocasião da admissão, a empresa verifica, antes de proceder ao cadastramento, se
o empregado ou servidor está inscrito no PIS ou no PASEP, mediante solicitação do
“Comprovante de Cadastramento” ou “Comprovante de Inscrição”, conforme o caso, ou da
anotação na CTPS.
Registro de Empregados
O art. 41 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, estabelece que em todas as atividades
será obrigatório para o empregador o registro dos respectivos trabalhadores, podendo ser
adotados livros, fichas ou sistema eletrônico. Não existe, juridicamente, a experiência "sem
registro".
Dessa forma, não há necessidade de qualquer comunicação ao INSS das admissões feitas
pela empresa ou formalidades relativas à matrícula, registro etc., dos seus empregados.
Exame Médico Admissional.
O PCMSO deve incluir, entre outros, a realização obrigatória dos exames médicos
admissionais [custo do empregador].
Esse exame deverá ser realizada antes que o trabalhador assuma suas atividades.
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5. CONTRATO DE TRABALHO
Conceito:
Parágrafo único. Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não existe
vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores de
serviços daquela.
Art. 442-A. Para fins de contratação, o empregador não exigirá do candidato a emprego
comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 (seis) meses no mesmo tipo de
atividade.
Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente,
verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado.
Na maioria dos contratos afins ao de trabalho, estão presentes quase todos os requisitos
legais necessários para se caracterizar como de emprego a relação contratual firmada entre
os contratantes, exceto o mais importante e característico da relação laboral: a subordinação
jurídica. O pressuposto de maior importância do contrato de emprego é a sujeição jurídica do
empregado à empresa, é a submissão ao comando diretivo empresário, que lhe organiza o
trabalho, mediante normas e regras na execução do serviço, controlando e fiscalizando as
suas atividades, aplicando punições ou fixando a possibilidade destas, ocasião em que perde
o trabalhador a liberdade e autonomia características dos contratos autônomos. Isto
definido, restando incontroversa a prestação de serviços.
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Tácito – Quando há aceitação das regras tacitamente, ou seja, não houve a formalização do
contrato.
Expresso – Quando há regras expressas através da formalização de um contrato de trabalho.
Verbal - Oral.
Por escrito - Há um contrato formal, onde as condições do contrato sejam entabuladas por
escrito.
Natureza Contratual:
- Acordo de vontades;
- Autonomia Privada.
Características:
Requisitos:
- Continuidade;
- Onerosidade;
- Pessoalidade;
- Alteridade ( por conta alheia ).
Obs. Como se trata de contrato é necessário que se respeite os requisitos do artigo 104, do
Código Civil (agente capaz (artigo 7, inciso XXXII, CF), objeto lícito e forma prescrita e não
defesa em lei).
Conceito:
§ 1º. Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência dependa
de termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo
acontecimento suscetível de previsão aproximada.
§ 2º. O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando:
a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo;
b) de atividades empresariais de caráter transitório;
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c) de contrato de experiência.
Por prazo determinado – A contratação de empregados por prazo determinado deve ser
considerada válida quando observados os parâmetros legais, ou seja, na hipótese de serviço
cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo ou em se tratando de
atividades empresariais de caráter transitório, como disposto pelo § 2º do art. 443 da CLT.
Não existindo elementos que autorizam o reconhecimento da transitoriedade dos serviços,
justificando a excepcionalidade da contratação por prazo determinado, merece o
entendimento que declarou a nulidade do contrato a termo.
A multa normativa e a indenização relativa ao seguro-desemprego são indevidas em caso de
extinção normal do contrato de trabalho por prazo determinado;
O acidente de trabalho ocorrido no curso do contrato a prazo determinado somente suspende
a sua fluência, mas não dá ensejo à estabilidade acidentária;
Art. 444. As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das
partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho,
às convenções coletivas que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades
competentes.
Art. 445. O contrato de trabalho por prazo determinado não poderá ser estipulado por mais
de 2 (dois) anos, observada a regra do artigo 451.
Parágrafo único. O contrato de experiência não poderá exceder de 90 (noventa) dias.
Art. 447. Na falta de acordo ou prova sobre condição essencial ao contrato verbal, esta se
presume existente, como se a tivessem estatuído os interessados, na conformidade dos
preceitos jurídicos adequados à sua legitimidade.
Havendo discordância entre o que ocorreu na prática (remuneração paga) e o que emerge
dos documentos do contrato de trabalho (salário registrado na CTPS), dá-se preferência
àquele, por força do princípio da primazia da realidade.
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Art. 450. Ao empregado chamado a ocupar, em comissão, interinamente, ou em substituição
eventual ou temporária cargo diverso do que exercer na empresa, serão garantidas a
contagem do tempo naquele serviço, bem como a volta ao cargo anterior.
Art. 451. O contrato de trabalho por prazo determinado que, tácita ou expressamente, for
prorrogado mais de uma vez, passará a vigorar sem determinação de prazo.
Art. 452. Considera-se por prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro de seis
meses, a outro contrato por prazo determinado, salvo se a expiração deste dependeu da
execução de serviços especializados ou da realização de certos acontecimentos.
Contrato por prazo indeterminado – Os contratos por prazo certo, sucessivos, com intervalo
entre eles superior a seis meses, em desacordo com a regra do art. 452 da CLT, afastam a
possibilidade de caracterização de contrato por tempo indeterminado, bem como a de que
tenha havido burla à legislação para os fins de evitar o pagamento de direitos trabalhistas.
Art. 456. A prova do contrato individual do trabalho será feita pelas anotações constantes da
Carteira de Trabalho e Previdência Social, ou por instrumento escrito e suprida por todos os
meios permitidos em direito.
Parágrafo único. À falta de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito, entender-
se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição
pessoal.
Anotação na CTPS:
O trabalhador que for contratado pela modalidade de Contrato de Trabalho por tempo
determinado tem Carteira de Trabalho anotada normalmente contendo as datas de início e
término do contrato, suas prorrogações e a referência à Lei n.º 9.601/98, bem como o
tempo de serviço é contado para a aposentadoria e os demais direitos previdenciários são
garantidos.
33
trabalhador, cujo contrato por prazo determinado encerrou-se no limite máximo de 2 anos,
terá que aguardar o intervalo de 6 meses entre este e o novo contrato por prazo
determinado. Para não ser obrigado a esperar o prazo de 6 meses, o empregador poderá
admitir o trabalhador através de um contrato por prazo indeterminado.
Requisitos:
Contrato de Experiência:
Duração
Conforme determina o artigo 445, parágrafo único da CLT, o contrato de experiência não
poderá exceder 90 dias.
Prorrogação
O artigo 451 da CLT determina que o contrato de experiência só poderá sofrer uma única
prorrogação, sob pena de ser considerado contrato por prazo indeterminado, porém hoje em
confronto com a Lei n.º 9.601/98.
O contrato de experiência deve ser anotado na parte do "Contrato de Trabalho", bem como
nas folhas de "Anotações Gerais".
Qualquer das partes pode rescindir antes do prazo o contrato de experiência. Contudo, só
haverá aviso prévio se houver no contrato cláusula recíproca de rescisão antecipada (artigo
481 da CLT).
Auxílio-Doença
Acidente de Trabalho
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A legislação previdenciária determina que o empregado que sofrer acidente do trabalho terá
assegurada a manutenção de seu contrato de trabalho, pelo prazo mínimo de 12 meses a
contar da cessão do auxílio-doença acidentário, independentemente da concessão de auxílio-
acidente.
CAPÍTULO III
DA ALTERAÇÃO
Art. 468. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas
condições por mútuo consentimento, e, ainda assim, desde que não resultem, direta ou
indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta
garantia.
Parágrafo único. Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para
que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o
exercício de função de confiança.
Art. 469. Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para
localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não
acarretar necessariamente a mudança de seu domicílio.
§ 1º. Não estão compreendidos na proibição deste artigo os empregados que exerçam
cargos de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição implícita ou explícita, a
transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço.
§ 2º. É lícita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o
empregado.
§ 3º. Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para
localidade diversa da que resultar do contrato, não obstante as restrições, do artigo anterior,
mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte
e cinco por cento), dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto
durar essa situação.
Por vários motivos o empregado pode ser ver obrigado a paralisar momentaneamente suas
atividades sem que isso signifique a ruptura do contrato de trabalho, como, por exemplo,
quando precisa afastar-se para tratamento de saúde ou em decorrência de acidente de
trabalho, também no caso de gozo das férias e, até mesmo, quando sai para o almoço e
quando passa o final de semana longe do trabalho.
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A principal diferença entre interrupção e suspensão é que, na interrupção, o salário continua
sendo pago. Na suspensão, o empregador não precisa pagar o salários. Mas o que é certo ou
errado nesta que é uma das principais dúvidas trabalhistas?
O artigo 476-A, da Consolidação das Leis do Trabalho, permite que o contrato de trabalho
seja suspenso por um período de dois a cinco meses para participação do empregado em
curso ou programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador. “Nesse caso, há a
necessidade de acordo ou convenção coletiva e prévio assentimento do empregado”.
“Durante esse período, o empregado não presta serviços e nem recebe salário, ficando
apenas com os benefícios voluntariamente concedidos pelo empregador”.
O caso do afastamento por doença ainda causa muitas dúvidas quando se trata de
interrupção ou suspensão do contrato de trabalho. “Somente a partir do 16º dia, o
afastamento se transforma em suspensão do contrato de trabalho, quando o ônus pela
remuneração do empregado recai sobre a Previdência Social”.
A suspensão do trabalho pode ocorrer de modo individual ou coletivo. No primeiro caso cada
emprego tem um motivo diferente do outro; no segundo, todos têm o mesmo motivo, como
no caso da greve. Exemplo do primeiro é a licença remunerada ou não, concedida pela
empresa a um dos empregados. Também no caso em que o dirigente sindical se afasta das
suas atividades laborais para atuar na direção do sindicato da classe.
No caso de grave crise econômica, ou força maior, a suspensão também pode ocorrer por
meio de acordo coletivo, quando os trabalhadores, por intermédio do sindicato da categoria,
concordam com a suspensão e seus efeitos, a fim de preservarem seus empregos.
Suspensões legais
Também ocorre suspensão no caso de prestação de serviço militar, decorrente da concessão
de aposentadoria por invalidez, até que o emprego tenha recuperado sua capacidade laboral,
ou a invalidez seja considerada definitiva (sem recuperação); quando o emprego está
recebendo auxílio-doença; no caso de acordo com o sindicato, a fim de qualificar os
profissionais; a licença-gestante e os afastamentos em decorrência de acidente do trabalho.
Efeitos da suspensão
Na verdade o que ocorre é que com a suspensão do trabalho, ficam suspensas algumas
obrigações contratuais, como, por exemplo, o pagamento de salários no caso de afastamento
para o serviço militar. Sendo, neste caso, devidos os depósitos do FGTS.
Sob pena de abandono do emprego o empregado deve retornar ao trabalho em, no máximo,
30 dias após cessação da causa que ocasionou a suspensão. Então se o empregado está em
gozo de auxílio-doença, após constatada pela perícia médica que o mesmo está em
condições de retornar ao trabalho, deve fazê-lo em trinta dias, sob pena de demissão por
justa causa em decorrência do abandono do emprego.
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Ao contrário, há a interrupção não periódica, quando o empregado falta ao trabalho, mas
justifica a ausência, quando se ausenta para votar ou prestar algum serviço público, como
depor em juízo, atuar como jurado, etc.
Efeitos da interrupção
É fácil compreender por que a interrupção consiste numa paralisação momentânea das
atividades laborais do trabalhador, sem que isto implique em perda dos efeitos da
continuidade da execução do contrato de trabalho. Basta lembrar que, no caso de
interrupção decorrente de férias, apesar do empregado não está trabalhando, o tempo das
férias será contado para todos os efeitos legais. Ou seja, para o pagamento de gratificação
natalina, tempo de serviço, recolhimentos previdenciários, FGTS, se for o caso, etc.
Tomando ainda o exemplo acima, caso o mesmo caseiro, apesar de não estar trabalhando,
por estar doente, e mesmo com o contrato de trabalho suspenso, caso ele pratique algum
ato que atente contra a dignidade do empregador ou da família deste, de modo que
configure falta grave, neste caso poderá ser dispensado por justa causa. Ou seja, mesmo
não estando trabalhando, seu comportamento surtirá efeito no contrato de trabalho, que não
está suspenso, repita-se (suspenso está o trabalho, a prestação do serviço e não o contrato).
Em Resumo
Em princípio, com a suspensão quase todas as cláusulas contratuais não se aplicam: não há
pagamento de salários, não se presta serviço, não se computa tempo de serviço, não se
efetuam recolhimentos vinculados ao contrato, etc. Logo, se o empregado passa, por
exemplo, 12 meses em gozo de auxílio-doença este período não será contado para efeito de
gozo de férias, da gratificação natalina, nem contará como tempo de serviço, tampouco o
empregador será obrigado a fazer os recolhimentos do FGTS do período. Lembrando sempre
que esta regra é geral, mas não absoluta.
LEGISLAÇÃO:
Art. 471. Ao empregado afastado do emprego são asseguradas, por ocasião de sua volta,
todas as vantagens que, em sua ausência, tenham sido atribuídas à categoria a que
pertencia na empresa.
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§ 2º. Nos contratos por prazo determinado, o tempo de afastamento, se assim acordarem as
partes interessadas, não será computado na contagem do prazo para a respectiva
terminação.
FALTAS JUSTIFICADAS:
Art. 473. O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço, sem prejuízo do salário:
I - até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente,
descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua Carteira de Trabalho e Previdência
Social, viva sob sua dependência econômica;
II - até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento;
III - por um dia, em caso de nascimento de filho, no decorrer da primeira semana;
Nota: O item III foi tacitamente revogado pelo artigo 10, § 1º, do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, que dilatou de 1 para 5 dias o prazo, até regulamentação do
texto pelo Congresso Nacional.
IV - por um dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação voluntária de
sangue devidamente comprovada;
V - até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos termos da lei
respectiva.
VI - no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar referidas
na letra "c" do artigo 65 da Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964 .
VII - nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular para
ingresso em estabelecimento de ensino superior.
VIII - pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo.
Art. 474. A suspensão do empregado por mais de 30 dias consecutivos importa na rescisão
injusta do contrato de trabalho.
Art. 475. O empregado que for aposentado por invalidez terá suspenso o seu contrato de
trabalho durante o prazo fixado pelas leis de Previdência Social para a efetivação do
benefício.
§ 1º. Recuperando o empregado a capacidade de trabalho e sendo a aposentadoria
cancelada, ser-lhe-á assegurado o direito à função que ocupava ao tempo da aposentadoria,
facultado, porém, ao empregador, o direito de indenizá-lo por rescisão do contrato de
trabalho, nos termos dos artigos 477 e 478, salvo na hipótese de ser ele portador de
estabilidade, quando a indenização deverá ser paga na forma do artigo 497.
§ 2º. Se o empregador houver admitido substituto para o aposentado, poderá rescindir, com
este, o respectivo contrato de trabalho sem indenização, desde que tenha havido ciência
inequívoca da interinidade ao ser celebrado o contrato.
Art. 476-A. O contrato de trabalho poderá ser suspenso, por um período de dois a cinco
meses, para participação do empregado em curso ou programa de qualificação profissional
oferecido pelo empregador, com duração equivalente à suspensão contratual, mediante
previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho e aquiescência formal do empregado,
observado o disposto no art. 471 desta Consolidação.
§ 1º Após a autorização concedida por intermédio de convenção ou acordo coletivo, o
empregador deverá notificar o respectivo sindicato, com antecedência mínima de quinze dias
da suspensão contratual.
§ 2º O contrato de trabalho não poderá ser suspenso em conformidade com o disposto no
caput deste artigo mais de uma vez no período de dezesseis meses.
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§ 3º O empregador poderá conceder ao empregado ajuda compensatória mensal, sem
natureza salarial, durante o período de suspensão contratual nos termos do caput deste
artigo, com valor a ser definido em convenção ou acordo coletivo.
§ 4º Durante o período de suspensão contratual para participação em curso ou programa de
qualificação profissional, o empregado fará jus aos benefícios voluntariamente concedidos
pelo empregador.
§ 5º Se ocorrer a dispensa do empregado no transcurso do período de suspensão contratual
ou nos três meses subseqüentes ao seu retorno ao trabalho, o empregador pagará ao
empregado, além das parcelas indenizatórias previstas na legislação em vigor, multa a ser
estabelecida em convenção ou acordo coletivo, sendo de, no mínimo, cem por cento sobre o
valor da última remuneração mensal anterior à suspensão do contrato.
§ 6º Se durante a suspensão do contrato não for ministrado o curso ou programa de
qualificação profissional, ou o empregado permanecer trabalhando para o empregador, ficará
descaracterizada a suspensão, sujeitando o empregador ao pagamento imediato dos salários
e dos encargos sociais referentes ao período, às penalidades cabíveis previstas na legislação
em vigor, bem como às sanções previstas em convenção ou acordo coletivo.
§ 7º O prazo limite fixado no caput poderá ser prorrogado mediante convenção ou acordo
coletivo de trabalho e aquiescência formal do empregado, desde que o empregador arque
com o ônus correspondente ao valor da bolsa de qualificação profissional, no respectivo
período.
ORGANIZAÇÃO SINDICAL
O direito coletivo pressupõe uma relação coletiva de trabalho, quer dizer uma relação
jurídica cujos sujeitos nela figuram em função de um grupo social. Os interesses que esta
relação põe em jogo são os interesses abstratos do grupo, como tal, e não os interesses
mediatos, reflexos e concretos dos indivíduos que pertençam, ou possam a ele pertencer.
O direito coletivo tem caráter instrumental: meio para alcançar a criação de novas
condições de trabalho, através de normas estabelecidas pelas próprias categorias
interessadas ou pela Justiça do Trabalho, com a participação daquelas.
Liberdade Sindical
Quando se conclui uma convenção coletiva, o empregador procura conservar sua liberdade e,
não podendo utilizar-se da cláusula da non union shop, ou seja, de exclusão dos sindicatos,
defende o regime da open shop, que lhe permite escolher livremente seus empregados,
pertençam ou não ao sindicato com o qual celebrou a convenção. Os sindicatos, por sua vez,
pugnam pela cláusula closed shop, que impede o empregado de contratar trabalhadores que
não sejam associados do sindicato com que fez a convenção.
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Questão das mais controvertidas é a que se refere à compatibilidade do sindicato único,
oficialmente reconhecido como representante de toda a categoria, com a liberdade sindical.
Em uma sociedade democrática, a unidade do movimento sindical não deve ser legalmente
imposta pelo Estado, mas resultar da unidade mesma do grupo profissional, principalmente
através de órgãos de cúpula, superando, por instrumentos próprios, os conflitos de
interesses que inevitavelmente existirão dentro dele. É o caso típico da unidade sindical
inglesa.
Note-se que, ainda quando o indivíduo possa negar-se a ser associado de sindicato, nem por
isso, sempre e necessariamente, escapará ao controle coletivo sindical, por isso que pode
estar obrigado a respeitar a convenção coletiva.
A prevalência dos interesses coletivos do grupo, como tal, pressuposto da existência mesma
dos sindicatos, importa, por conseguinte, em maior ou menor grau, certa restrição à
liberdade do trabalhador, como indivíduo, para negociar, por conta própria, as condições de
seu contrato de trabalho. Mas essa restrição, como aliás, a que decorre, também, das
normas legais que regem tal contrato, visa a beneficiar o próprio indivíduo, dada a
desigualdade econômica entre empregado e empregador, empecilho a que em geral, se
possa chegar, no plano individual, a uma relação contratual justa. Cumpre à lei garantir a
liberdade do trabalhador, como indivíduo, em relação ao sindicato, resguardando-lhe o
direito de associar-se ou não e de participar nas deliberações do sindicato.
Sindicato
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É que o sindicato participa de atividades que envolvem uma colaboração mais direta com o
poder público, "sempre orientadas, porém, no sentido de melhoria das condições de
trabalho". Não há identificação entre os fins do Estado e do sindicato, predominando em
relação a este os interesses do grupo organizado.
O caput do mencionado artigo inicia deixando nítida impressão de que assegura a liberdade
sindical. Porém, em seguida condiciona o exercício do direito às disposições dos incisos
subseqüentes que se atritam com os postulados daquela liberdade.
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O recolhimento da contribuição sindical dos empregadores efetuar-se-á no mês de janeiro de
cada ano, ou, para os que venham a estabelecer-se após aquele mês, na ocasião em que
requeiram às repartições o registro ou a licença para o exercício a respectiva atividade.
FEDERAÇÕES E CONFEDERAÇÕES
CATEGORIA PROFISSIONAL
ABRANGÊNCIA TERRITORIAL
Os sindicatos constituídos devem ter como base territorial de atuação a área correspondente
a um município ou superior. Portanto, não poderá haver mais de um sindicato, para um
mesmo município, que represente uma mesma categoria profissional.
As normas do contrato não são impostas pelo sindicato, nem tampouco pelas entidades que
representam o patronato. As normas são negociadas, levando em consideração as
necessidades dos empregados e dos empregadores. Porém a agenda defendida pelo
sindicato durante as negociações se constrói através de debates e assembléias com os
trabalhadores da categoria, local onde estes podem expressar suas idéias e opiniões. Só o
músico conhece sua realidade, seus problemas e suas necessidades e somente ele pode dar
voz à elas, daí necessidade da presença dele nas assembléias. Pois só podemos defender o
interesse de uma categoria ouvindo o que ela pensa. A prerrogativa do SIMPROIND é
defender os interesses dos músicos independentes, promover contratos melhores e mais
justos, nos quais as obrigações possam equilibrar-se com direitos.
Findas as negociações e instituído o acordo coletivo trabalho, este entra em vigor três dias
após e todos os contratos individuais devem respeitá-lo; ele tem força de lei e seu
descumprimento leva a sanções junto à justiça do trabalho, sanções estas que podem ser
previstas no próprio contrato coletivo.
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na adesão forçada do trabalhador às cláusulas que lhe eram impostas pelo contratante mais
forte e que constavam do regulamento da empresa.
Uma Convenção Coletiva de Trabalho cria lei entre as partes, que devem ser respeitadas
durante sua vigência. Ressalta-se que suas cláusulas não podem ferir direitos previstos na
legislação, sob pena de nulidade.
Convenção coletiva é a solução, por via de acordo, dos conflitos de interesses coletivos de
grupos ou categorias, através do estabelecimento de normas e condições de trabalho
reguladoras, durante o prazo da respectiva vigência, das relações individuais entre os
integrantes das categorias ou grupos convenentes.
Segundo o direito de cada país, variam os tipos legais de convenção coletiva, com maior ou
menor âmbito de eficiência normativa. As convenções com eficácia geral, isto é, cujas
normas obrigam todos os integrantes das categorias representadas pelos sindicatos, sejam
ele sindicalizados ou não, são as que, por não se ajustarem aos esquemas clássicos do
direito comum, suscitaram e suscitam controvérsias doutrinárias quanto à sua natureza
jurídica.
A convenção coletiva é uma das vias em que se pode desdobrar a negociação coletiva.
Juntamente com o acordo coletivo, representa a solução do conflito coletivo pela
autocomposição por parte dos interlocutores naquele processo. A negociação coletiva, por
sua vez, foi amplamente valorizada pela Constituição de 1988 como processo mais adequado
e eficaz na busca da composição dos conflitos coletivos de trabalho.
As convenções e os acordos serão celebrados por escrito, sem emendas nem rasuras, em
tantas vias quantos forem os sindicatos convenentes ou as empresas acordantes, além de
uma destinada a registro.
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Os sindicatos só poderão celebrar convenções ou acordos coletivos de trabalho por
deliberação de assembléia-geral especialmente convocada para esse fim, consoante o
disposto nos respectivos estatutos.
As convenções e os acordos entrarão em vigor 3 dias após a data de entrega dos mesmos no
órgão referido.
As cláusulas normativas da convenção são todas as que podem constituir o conteúdo de uma
relação individual de trabalho.
As cláusulas normativas são inderrogáveis e se aplicam não só "aos contratos que vierem a
ser celebrados depois de sua entrada em vigor, como aos que já existiam anteriormente".
Data base
Segundo a legislação trabalhista, data base é aquela data na qual os sindicatos
representantes das respectivas categorias têm para, através de negociação ou ajuizamento
de ação coletiva, requerer, rever, modificar ou extinguir normas contidas nos instrumentos
normativos de sua categoria. É o mês no qual se discute o reajuste salarial, por exemplo.
Rol de reivindicações
O primeiro passo ocorre quando um dos sindicatos, geralmente o laboral, envia o Rol de
Reivindicações à outra parte, contendo as exigências da categoria, previamente discutida e
aprovada em assembléia.
Tudo o que diz respeito à relação de emprego das partes representadas pode ser inserido na
Convenção Coletiva de Trabalho, porém, dentro do limite legal.
Cláusulas econômicas
Versam sobre a remuneração, como reajustamento, piso salarial, gratificações, valor das
horas extras, vales, entre outras.
Cláusulas sociais
São as demais cláusulas, e que não geram um desembolso imediato por parte dos
empregadores, como a garantia de emprego por um determinado período, seguro de vida,
abono de faltas ao estudante, condições de segurança e higiene do trabalho, etc.
Validade
Uma convenção coletiva de trabalho terá a validade máxima de dois anos, porém, o mais
comum é o prazo de um ano. Nada impede que certas cláusulas tenham validade diversa de
outras, desde que seja respeitado o limite acima.
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Aditamento
Durante sua vigência, é licito as partes fazer inclusão, alteração ou supressão de cláusulas,
através de um instrumento chamado de aditamento.
Registro
Para ter validade, a Convenção Coletiva de Trabalho devidamente assinada, terá que ser
registrada no site do MTE, pelo Sistema Mediador das Relações de Trabalho.
Extinta a convenção coletiva, claro que suas cláusulas contratuais, obrigando, diretamente,
as partes convenentes, se extinguem, também. Quanto às cláusulas normativas, que
estabelecem condições de trabalho, às quais terão que se subordinar os contratos
individuais, perdem, evidentemente, sua eficácia em relação aos novos contratos que se irão
celebrar, individualmente, depois de extinta a convenção. No que se refere aos contratos por
ela modificados, automaticamente, ou celebrados durante o período de vigência da norma,
não nos parece que, em nosso direito positivo do trabalho, possa haver outra solução:
continuam regidos pelas normas da convenção extinta. É que elas se incorporam nos
contratos individuais e as condições de trabalho nestes incorporadas não podem sofrer
alteração, nos termos expressos no art. 468 da Consolidação.
Negociação Coletiva
A negociação coletiva é uma forma de ajuste de interesses entre as partes, que acertam as
diferentes posições existentes, visando encontrar uma solução capaz de compor as suas
posições.
Funda-se a negociação na teoria da autonomia privada coletiva, visando suprir a insuficiência
do contrato individual do trabalho. Tem um procedimento mais simplificado, mais rápido,
flexível, com trâmites mínimos se comparados com os da elaboração da lei. E
descentralizada, atendendo a peculiaridades das partes envolvidas, passando a ser
específica. Há uma periodicidade menor nas modificações.
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ou, ainda, por entidades sindicais registradas ou não registradas. As autoridades públicas,
entretanto, não poderão restringir o direito de negociação, assim como não se deve exigir a
dependência de homologação pela autoridade pública, pois a negociação concretizada se
constitui em lei entre as partes.
ACORDO COLETIVO
Cabe observar que o ponto em comum do acordo e da convenção coletiva é que em ambos
serão estipuladas condições de trabalho que serão aplicadas aos contratos individuais dos
trabalhadores, que tem efeito normativo. Tendo como diferenças entre os instrumentos em
referência os sujeitos envolvidos, posto que o acordo coletivo é feito entre uma ou mais
empresas e o sindicato da categoria profissional, enquanto na convenção coletiva o pacto é
realizado entre sindicato da categoria profissional, de um lado, e sindicato da categoria
econômica, de outro.
É facultado aos sindicatos celebrar acordos coletivos com uma ou mais empresas da
correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho aplicáveis no
âmbito daquelas, às respectivas relações de trabalho (CTL, art. 611, § 1º); a legitimação
para o acordo coletivo, pelo lado patronal, é da empresa, porém a CF/88 (art. 8º, VI)
considera obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas.
O acordo tem um efeito mais restrito na medida em que atinge apenas os trabalhadores e
empresas que celebraram o acordo. É um pacto feito entre o sindicato dos trabalhadores e a
empresa (acordo se formaliza com a presença tão somente do sindicato da categoria
profissional, sendo desnecessária a da categoria econômica).
De acordo com a Constituição Federal de 1988 (art. 8º, VI) é obrigatória a participação dos
sindicatos nas negociações coletivas. Porém, não é permitido que o empregado negocie
acordos coletivos (caso contrário não seria necessária a existência dos sindicatos), salvo
quando o sindicato for acionado e não cumprir o pedido daquele que o faz nesse caso é
permitida a negociação. O sindicato exerce o monopólio da negociação mesmo se
desenvolvida diretamente perante uma empresa.
Dissídio Coletivo
Os dissídios coletivos são ações ajuizadas no Tribunal para solucionar conflitos entre as
partes coletivas que compõem uma relação de trabalho.
SENTENÇA NORMATIVA
Representa a atribuição do Poder Judiciário de fixar, no âmbito das relações laborais, normas
jurídicas, sendo proferida pelo Poder Judiciário Trabalhista, em processos de Dissídio
Coletivo, distinguindo-se da sentença clássica, na medida em que não traduz incidência da
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norma jurídica sobre a relação já configurada, mas, ao contrário, expressa normas gerais,
impessoais e abstratas.
Entretanto, aos neófitos, é bom lembrar que ao ingressarem com uma ação trabalhista onde
alguns direitos encontram proteção unicamente nos dissídios coletivos, têm que juntar a sua
inicial esses acordos coletivos, sob pena, de não o fazendo, perder a demanda. O Juiz é
obrigado a conhecer as Leis, que devem ser citadas pelo número e se possível, a data, mas,
pela quantidade de dissídios coletivos existentes, grande parte deles modificando-se
anualmente, não podem saber de todos eles, assim, é de importância capital que o advogado
adune ao seu processo esses dissídios coletivos, devidamente homologados pelo Poder
Judicial.
Em suma, É uma decisão proferida pelos Tribunais Regionais do Trabalho (TRT) ou pelo
Tribunal Superior do Trabalho (TST) no julgamento dos dissídios coletivos.
A sentença normativa cria normas e condições de trabalhos a uma categoria sindical.
A competência da Justiça do Trabalho em julgar estas ações, está prevista na Consituição
Federal de 1988, no art. 114, caput e parágrafo segundo.
DURAÇÃO DO TRABALHO
CONCEITO
Jornada de trabalho é "o tempo em que o empregado permanece, mesmo sem trabalhar, à
disposição do empregador e quando, em casos especiais, manda computar como de jornada
de trabalho o tempo em que o empregado se locomove para atingir o local de trabalho".
(NASCIMENTO: 2003).
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) traz em seu artigo 4º a seguinte orientação sobre
jornada de trabalho:
Pode-se extrair dos conceitos acima que a jornada de trabalho é uma medida do tempo de
trabalho. Este trabalho poderá ser interpretado em sentido amplo ou restrito: amplo poder-
se-ia dizer aquele em que o empregado se coloca à disposição desde o momento em que sai
de seu domicílio, até o momento em que retorna; restrito, somente aquele em que o
empregado permanece à disposição do empregador.
Este assunto é tão importante para o estudo do direito do trabalho que a Convenção nº. 1 da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), de 1919, é dedicada a este tema.
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A duração normal do trabalho, prevista no art. 7º, inciso XIII, da Constituição, é de 8 horas
diárias ou 44 horas semanais.
Importa aduzir que as normas relativas à limitação da duração do trabalho são imperativas,
de ordem pública, não sendo possível aos particulares afastar sua incidência quando
verificadas as hipóteses tratadas pelas mesmas.
Por ser um direito que tutela a vida, é indisponível. Entenda-se como um direito indisponível
o seguinte:
COMPENSAÇÃO DE JORNADAS
Essa compensação deve ser feita em até um ano, como prevê o §2º do art. 59 da CLT. O
denominado "banco de horas" prevê que seja ajustada a compensação em período de um
ano não sendo necessário mais dentro da mesma semana ou do mesmo mês, desde que este
procedimento seja sempre o mais favorável ao empregado.
O instrumento jurídico apto a tornar válido tal procedimento será o acordo coletivo de
trabalho ou convenção coletiva de trabalho.
Portanto, hoje o regime de compensação de jornadas, alterado pela Lei 9.601, somente pode
ser pactuado através de acordo coletivo ou convenção coletiva, sendo inválido o acordo
bilateral entre empregado e empregador. Isso porque não autorizam a Constituição e o
próprio Direito do Trabalho, que tem como princípio maior o da proteção ao hipossuficiente,
que a transação meramente bilateral, sem tutela sindical, tenha o condão de constituir
medidas desfavoráveis à saúde e à segurança dos empregados.
Não podemos olvidar que a falta de previsão escrita para compensação de jornadas enseja a
nulidade do procedimento adotado, ficando o empregador sujeito ao pagamento do adicional
de 50% sobre as horas excedentes à oitava trabalhada em cada dia.
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Finalmente, a prestação habitual de horas extras enseja a descaracterização do acordo de
compensação e o pagamento de horas extras após a 44ª trabalhada na semana e o adicional
de 50% sobre as horas destinadas à compensação.
Como dito acima, a lei prevê a limitação da jornada de trabalho a 10 horas, quando haja
compensação de jornadas (art. 59 da CLT). Entretanto, alguns acordos coletivos e
convenções coletivas de trabalho trazem previsão expressa de prestação de trabalho nas
chamadas "escalas 12 x 36" (doze horas de trabalho e trinta e seis horas de descanso), que
é uma forma de compensação de jornadas.
O TST entende que se a norma coletiva permitir a prestação de serviços em escala 12 x 36,
porém condicionada à celebração de acordo entre empregado e empregador, a falta dessa
condição importará na sujeição deste ao pagamento como extras das horas trabalhadas após
a oitava diária.
A prorrogação da jornada de trabalho, prevista no art. 59, caput, da CLT. Aqui é possível a
previsão de simples prorrogação de jornada de trabalho mediante acordo individual
celebrado entre empregado e empregador. Não há redução da jornada em qualquer dia da
semana e são devidas as horas extras com o adicional de 50% (art. 7º, inc. XVI, da CF).
Não se diga que ao prever o pagamento da hora extra com adicional de 50% a Constituição,
em seu art.7º, inciso XVI, permitiu de forma genérica a prestação de trabalho extraordinário.
O dispositivo deve ser interpretado em sintonia com os demais incisos que integram esse
dispositivo, assim como com seu caput, pois a flexibilização de direitos trabalhistas, tão
propalada, somente é possível nas hipóteses versadas nos incisos VI, XIII e XIV do art. 7º da
Constituição, quais sejam: redução do salário, com assistência do sindicato que representa a
categoria profissional do empregado; duração do trabalho superior a 8 horas diárias ou 44
semanais, observada compensação de horários e redução de jornada; e jornada superior a 6
horas no trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, desde que permitida
por acordo coletivo ou convenção coletiva.
A jornada em tempo parcial são aquelas que não ultrapassem vinte e cinco horas semanais.
Neste caso, os empregados em tempo parcial receberão salários proporcionais à jornada
realizada.
Poderão adotar o regime parcial aqueles empregados que assim desejarem, mediante acordo
ou convenção coletiva de trabalho.
DA JORNADA DE TRABALHO
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computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de
local de difícil acesso ou não servido por transporte público, o
empregador fornecer a condução.
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INTERVALOS PARA ALIMENTAÇÃO E DESCANSO
Devemos destacar que o legislador procurou limitar a duração dos intervalos intrajornada
não somente quanto ao tempo mínimo, mas também quanto ao máximo, de forma a evitar
que os empregados ficassem à disposição dos empregadores por tempo excessivamente
longo. Daí a regra contida no caput do art. 71 da CLT, que limita ao máximo de duas horas o
intervalo intrajornada dos empregados que têm jornadas superiores a seis horas, somente
sendo possível estipular intervalo maior mediante acordo entre empregado e empregador,
acordo coletivo ou convenção coletiva.
Em decisão recente, com base na orientação jurisprudencial 342 da SDI-I, a Segunda Turma
do TST condenou um empregador ao pagamento de 30 minutos diários, decorrentes da
redução do intervalo intrajornada de um ex-empregado, reformando acórdão proferido pelo
TRT da 2ª Região (São Paulo) que considerou válida a redução do intervalo por haver
previsão nesse sentido em norma coletiva (Notícias do Tribunal Superior do Trabalho –
01/06/2006).
Na falta de concessão do intervalo intrajornada o §4º do art. 71 da CLT, dispõe que "Quando
o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for concedido pelo
empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo
de no mínimo 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de
trabalho".
O primeiro ponto a ser tratado aqui é que o texto legal menciona pagamento de adicional
sobre o valor da remuneração, que tem conceito mais amplo que salário, constituindo a
soma de todos os valores recebidos pelo empregado do empregador ou de terceiros, pela
prestação de serviços. Por isso, integram o cálculo do valor do adicional o salário, as
gratificações, outros adicionais (inclusive noturno, de horas extras, de insalubridade e de
periculosidade), gorjetas etc.
51
A natureza do adicional é indenizatória visto que o §4º do art. 71 da CLT trata-se de norma
punitiva, devendo, portanto, receber interpretação restritiva.
Em qualquer regime de trabalho, revezamento ou não, entre uma jornada e outra, deverá
haver um intervalo de 11 horas para repouso.
Atentar-se que esses períodos de descanso não prejudicam as férias anuais do empregado
asseguradas pela CLT. Ainda, o empregado não poderá permanecer em viagem por tempo
superior a 6 meses consecutivos.
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§ 2º - Os intervalos de descanso não serão computados na duração
do trabalho.
§ 3º - O limite mínimo de 1 (uma) hora para repouso ou refeição
poderá ser reduzido por ato do Ministro do Trabalho e Previdência
Social, quando, ouvido o Departamento Nacional de Higiene e
Segurança dp Trabalho (DNHST), se verificar que o estabelecimento
atende integralmente às exigências concernentes à organização dos
refeitórios e quando os respectivos empregados não estiverem sob
regime de trabalho prorrogado a horas suplementares.
§ 4º - Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto
neste artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará
obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo
de no mínimo 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor da
remuneração da hora normal de trabalho.
Nos serviços que exijam trabalhos aos domingos, à exceção dos elencos teatrais e
assemelhados, será estabelecida escala de revezamento, mensalmente organizada. O
trabalho aos domingos, à exceção do comércio varejista, somente será realizado mediante
autorização prévia da autoridade competente, neste caso, o Ministério do Trabalho. O
mesmo se aplicando aos trabalhos aos feriados nacionais e religiosos.
A dúvida que surge em relação a esse instituto é decorrente da utilização, tanto por parte da
Constituição Federal, quando pela legislação infraconstitucional, da expressão "semanal".
53
S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S D
X X X
12 dias trabalhados
Obs: o "X" indica o dia de descanso do empregado
Por fim, a Jurisprudência e Doutrina não vacilam em reconhecer o direito dos empregados de
terem o gozo de sua folga semanal, no máximo, no sétimo dia trabalhado.
Tem-se como imposição legal que os empregados devem ter suas folgas semanais
concedidas de forma a que não trabalhem sete dias corridos.
Nas atividades autorizadas a manter empregados trabalhando aos domingos, quando é que
esses empregados têm direito de coincidirem suas folgas com os domingos?
A Constituição Cidadã, de 1988, restituiu o termo "preferencialmente" em relação ao repouso
semanal remunerado, in verbis:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria
de sua condição social:
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
Art. 6º Fica autorizado o trabalho aos domingos nas atividades do comércio em geral,
observada a legislação municipal, nos termos do art. 30, inciso I, da Constituição. Parágrafo
único. O repouso semanal remunerado deverá coincidir, pelo menos uma vez no
período máximo de três semanas, com o domingo, respeitadas as demais normas de
proteção ao trabalho e outras a serem estipuladas em negociação coletiva.
DO TRABALHO NOTURNO
54
Ademais, o art. 73, § 1º, da CLT, que prevê a redução da hora noturna, não foi revogado
pelo inc. IX do art. 7º, da Carta Magna de 1988. Desta forma, deve ser adotada a hora
noturna reduzida de que trata o art. 73, parágrafo 1º, da CLT (para o trabalhador urbano,
com exceção dos petroleiros, conforme Lei nº 5.811, de 11/10/1972 e Enunciado nº 112 do
C. TST), pois sem relevância para a questão se a jornada diária normal é de seis ou oito
horas, ou, ainda, se em turnos de revezamento. Sendo diversa a natureza dos institutos, um
não absorve o outro. Havendo trabalho noturno, deve-se adotar a hora noturna reduzida (de
52 minutos e 30 segundos) inclusive para o cômputo das horas extras.
A remuneração do trabalho noturno deve ser superior à do diurno (art. 7º, inc. IX, da
Constituição Federal; Súmula nº 313 do C. STF), eis que em condição desvantajosa por
haver labor no período que normalmente destina-se ao sono reparador. Assim, o adicional
noturno é de 20% da remuneração do trabalhador urbano (CLT, art. 73), incluindo-se o vigia
noturno, e de 25% do ganho do obreiro rural (Lei nº 5.889, de 08/06/1973, art. 7º,
parágrafo único).
No trabalho por produção ou por hora, havendo labor em sobrejornada, remunera-se apenas
com o adicional de horas extras de no mínimo 50%. É que, embora o empregado se
beneficie o quanto mais trabalha, eis que assim produz mais e, conseqüentemente ganha
mais, não se pode deixar de lado a limitação constitucional, que visa preservar o trabalhador
de esforços sobre-humanos, remunerando com adicional de no mínimo 50% as que
excederam a mesma, para diminuir o desgaste do obreiro e tentar brecar os empregadores
na adoção de tal expediente, eis que oito horas diárias e quarenta e quatro horas semanais
de trabalho é o presumido como máximo suportável ante o descanso que possibilita ser
usufruído.
Ademais, o empregado que trabalha no domingo e/ou feriado recebe essas horas extras em
dobro e, tendo laborado com rigorosa pontualidade e freqüência, não perde o descanso
remunerado, que se soma ao dia trabalhado pago em dobro.
O labor em intervalo intrajornada para descanso e refeição (CLT, art. 71), com o advento da
Lei nº 8.923, de 27/07/1994, que acrescentou o § 4º no art. 71 da CLT, passou para
obrigação de remunerar como hora extraordinária o período de intervalo para descanso e
refeição não concedido pelo empregador. Assim, existindo intervalo intrajornada inferior ao
mínimo legal ou acordado/normativo o lapso temporal faltante nos dias efetivamente
trabalhados é devido com adicional de no mínimo 50%, independentemente de extrapolar a
jornada normal diária e/ou semanal. Tratam-se de horas extras com caráter indenizatório
mas, sendo habituais, integram a remuneração, gerando reflexos.
Havendo habitualidade, são devidos reflexos das horas extras na indenização por
antigüidade, 13º salários (proporcionais e integral), FGTS+40% , aviso prévio indenizado,
gratificações semestrais, férias+1/3 (integral e proporcional), e, nos descanso semanal
remunerado, sejam mensais e/ou da rescisão, eis que os acessórios acompanham o
principal.
55
§ 2º - Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho
executado entre as 22 (vinte e duas) horas de um dia e as 5 (cinco)
horas do dia seguinte.
§ 3º - O acréscimo a que se refere o presente artigo, em se
tratando de empresas que não mantêm, pela natureza de suas
atividades, trabalho noturno habitual, será feito tendo em vista os
quantitativos pagos por trabalhos diurnos de natureza semelhante.
Em relação às empresas cujo trabalho noturno decorra da natureza
de suas atividades, o aumento será calculado sobre o salário
mínimo geral vigente na região, não sendo devido quando exceder
desse limite, já acrescido da percentagem.
§ 4º - Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem
períodos diurnos e noturnos, aplica- se às horas de trabalho
noturno o disposto neste artigo e seus parágrafos.
§ 5º - Às prorrogações do trabalho noturno aplica-se o disposto
neste Capítulo.
Adicional de Sobreaviso
Segundo consta do art. 244, § 2º, da CLT, que trata do serviço ferroviário, "considera-se de
sobreaviso o empregado efetivo, que permanecer em sua própria casa, aguardando a
qualquer momento o chamado para o serviço".
Já em relação ao art. 5º, § 1º, da Lei nº 5.811, de 11/10/1972, que dispõe sobre o regime
de trabalho dos empregados nas atividades de exploração, perfuração, produção e refinação
de petróleo, industrialização do xisto, indústria petroquímica e transporte de petróleo e seus
derivados por meio de dutos, "entende-se por regime de sobreaviso aquele em que o
empregado permanecer à disposição do empregador por um período de 24 (vinte e quatro)
horas para prestar assistência aos trabalhos normais ou atender às necessidades ocasionais
de operação".
Pelo disposto no art. 25 da Lei nº 7.183, de 05/04/1984, que disciplina as atividades dos
aeronautas, "sobreaviso é o período de tempo não excedente a 12 (doze) horas, em que o
aeronauta permanece em local de sua escolha à disposição do empregador, devendo
apresentar-se no aeroporto ou outro local determinado até 90 (noventa) minutos após
receber comunicação para o início de nova tarefa".
Desta forma, o uso do bip, telefone celular, lap top, terminal de computador ligado à
empresa, ou de outros aparelhos similares, não caracterizam tempo à disposição do
empregador, sendo descabida a aplicação analógica das disposições legais relativas ao
sobreaviso dos ferroviários, que constituem profissão regulamentada há dezenas de anos em
razão das suas especificidades. A interpretação analógica, tal como autorizada pelo art. 8º
da CLT, é de natureza integrativa, e não ampliativa da norma.
Estando o obreiro tolhido em sua liberdade de locomoção, não podendo dedicar-se as suas
ocupações e lazer, resta caracterizado o sobreaviso, pois o obreiro está em lugar onde pode
56
ser encontrado que é de conhecimento do empregador, que pode vir a convocá-lo para
prestar serviços.
FÉRIAS
O direito de férias é assegurado, constitucionalmente, pelo art. 7º, inciso XVII. A lei ordinária
(CLT) regula a matéria nos arts. 129 a 153. Este direito é aplicado a todos os empregados
(rural e urbano), servidores públicos (art. 39, parágrafo 3º da CF), membros das forças
armadas (art. 142, parágrafo 3º, inciso VIII da CF) e empregados domésticos (art. 7,
parágrafo único da CF).
1.A - Período Aquisitivo: As férias simples são as que se referem ao período aquisitivo já
completado e que ainda não foram concedidas ao empregado. O direito do empregado ao
pagamento do valor correspondente pode ser em dobro, se decorrido o período concessivo.
As férias não concedidas, se pagas em dinheiro, em decorrência da atualização, devem ser
remuneradas com base no salário da época da rescisão (art. 146 c/c art. 142, ambos da
CLT). A jurisprudência segue o mesmo raciocínio (Enunciado 7 do TST: "A indenização pelo
não deferimento das férias no tempo oportuno será calculada com base na remuneração
devida ao empregado à época da reclamação ou, se for o caso, à da extinção do contrato".)
Diferenças básicas entre férias vencidas e férias proporcionais: 1.a 1) As férias vencidas
(chamadas, também, de integrais) são sempre devidas e pagas, pois constitui-se em direito
adquirido do empregado, independentemente da causa da rescisão contratual (dispensa com
ou sem justa causa do empregado ou do empregador; aposentadoria; falecimento do
empregado; ou pedido de demissão. 1.a 2) As férias proporcionais referem-se ao pagamento
em dinheiro pelo período aquisitivo não completado em decorrência da rescisão do contrato
de trabalho. Para pagamento com empregado com mais de 1 ano de caso aplica-se a regra
do art. 146, parágrafo único da CLT, e para aqueles com menos de 1 ano, aplica-se o
disposto no art. 147 da CLT.
Em resumo, afirmamos que somente o empregado que comete justa causa, tendo mais, ou
menos, de um ano no emprego, perde o direito às férias proporcionais. Contudo, o terá
quando pedir demissão, quando despedido sem justa causa, qualquer que seja o seu tempo
de serviço, como também no término do contrato a prazo.
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1.B - Período Concessivo: Não concedendo as férias no período legal, o empregador estará
sujeito ao pagamento em dobro, que pode ser reclamada judicialmente, podendo o juiz fixar
o período para o gozo, nos termos do art. 137 da CLT. Conforme Enunciado 81 do TST, "Os
dias de férias, gozadas após o período legal de concessão, deverão ser remunerados em
dobro.".
Caso o empregador não dê as férias ao empregado no período concessivo, ele terá que pagá-
las em dobro.
5. Princípio da Proporcionalidade
5.A - A duração das férias pode sofrer redução em proporção das suas faltas injustificadas,
ou seja, dependerá da assiduidade do empregado. São faltas justificadas as legalmente
previstas no art. 473 da CLT (como p. ex.: comparecimento em juízo; realizar prova de
vestibular; doação de sangue; etc.) e aquelas descritas no art. 131 da CLT. O Enunciado 89
do TST assegura que, "Se as faltas já são justificadas pela lei, consideram-se como
ausências legais e não serão descontadas para o cálculo do período de férias.".
5.B - O empregado terá direito ao pagamento proporcional remuneratório do período
aquisitivo não completado em razão da rescisão do contrato, quando por inciaitiva do
empregador.
Por outro lado, não terá direito a férias, nos termos do art. 133 da Consolidação, aquele
que: 1) deixar o emprego e não for readmitido dentro de 60 dias subseqüentes à sua saída;
2) tirar licença por mais de 30 dias; 3) paralisação da empresa por mais de 30 dias; 4) ficar
afastado do serviço, durante o período aquisitivo, decorrente da concessão pelo INSS de
58
auxílio doença, previdenciário ou acidentário, ultrapassando 6 meses contínuos ou
descontínuos.
Cabe ressaltar que, quando o empregado perde o direito de férias, inicia-se nova contagem
do período aquisitivo, ao retornar ao serviço. Se fica afastado para prestar serviço militar
obrigatório, o tempo anterior ao afastamento é computado na contagem do período
aquisitivo (art. 132 da CLT).
Aqui, mais uma vez, o legislador consagra o direito de gozo de férias, porém estabelece um
quadro do período a ser gozado de acordo com o número de faltas que o obreiro tiver.
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computado no período aquisitivo, desde que ele
compareça ao estabelecimento dentro de 90 (noventa)
dias da data em que se verificar a respectiva baixa.
A concessão de férias nos derradeiros dias do prazo previsto pelo art. 134 da CLT, de modo
que o efetivo gozo ocorra na quase totalidade após o período de 12 (doze) meses do
vencimento do período aquisitivo, justifica a dobra prevista pelo art. 137 da CLT, na medida
em que o ato do empregador desvirtua a aplicação do texto consolidado quanto ao gozo do
repouso anual.
O fracionamento de férias é vedado pelo art. 134 da CLT, sendo prejudicial ao empregado. A
teor do parágrafo 1º do preceito legal citado, somente em casos excepcionais poderiam ser
concedidas em dois períodos.
60
reduzido de dias de descanso, constitui limite que deve ser respeitado, sob pena de
inviabilizar a recuperação do trabalhador, e, assim, o atingimento da finalidade das normas
que regulam o instituto das férias.
A concessão das férias se faz através de prova documental, devendo os respetivos períodos
serem anotados na CTPS do empregado, bem como na ficha de registro de empregados, que
foram juntados pelo autor e reclamada. Ainda, o artigo 135 da CLT, determina a participação
por escrito das concessão das férias ao empregado, o que não consta nos autos.
O pagamento em dobro das férias é devido na hipótese de inobservância do prazo para a sua
concessão.
A concessão de férias nos derradeiros dias do prazo previsto pelo art. 134 da CLT, de modo
que o efetivo gozo ocorra na quase totalidade após o período de 12 (doze) meses do
vencimento do período aquisitivo, justifica a dobra prevista pelo art. 137 da CLT, na medida
em que o ato do empregador desvirtua a aplicação do texto consolidado quanto ao gozo do
repouso anual.
61
Art. 139. Poderão ser concedidas férias coletivas a
todos os empregados de uma empresa ou de
determinados estabelecimentos ou setores da
empresa.
§ 1º. As férias poderão ser gozadas em dois períodos
anuais, desde que nenhum deles seja inferior a 10
(dez) dias corridos.
§ 2º. Para os fins previstos neste artigo, o empregador
comunicará ao órgão local do Ministério do Trabalho,
com a antecedência mínima de 15 (quinze) dias, as
datas de início e fim das férias, precisando quais os
estabelecimentos ou setores abrangidos pela medida.
§ 3º. Em igual prazo o empregador enviará cópia da
aludida comunicação aos sindicatos representativos da
respectiva categoria profissional e providenciará a
fixação de aviso nos locais de trabalho.
As férias coletivas podem ser concedidas de forma integral ou fracionada, porém respeitando
a fração prevista no artigo anterior, ou seja, no mínimo 10 dias.
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coletivo entre o empregador e o sindicato
representativo da respectiva categoria profissional,
independendo de requerimento individual a concessão
do abono.
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica aos
empregados sob o regime de tempo parcial.
Art. 144. O abono de férias de que trata o artigo
anterior, bem como o concedido em virtude de cláusula
do contrato de trabalho, do regulamento da empresa,
da convenção ou acordo coletivo, desde que não
excedente de vinte dias do salário, não integrarão a
remuneração do empregado para efeitos da legislação
do trabalho. Art. 145. O pagamento da remuneração
das férias e, se for o caso, o abono referido no artigo
143 serão efetuados até 2 (dois) dias antes do início
do respectivo período.
Parágrafo único. O empregado dará quitação do
pagamento, com indicação do início e do término das
férias.
Atestados Médicos
O empregado que usar meios legais com fins ilegais para poder auferir vantagens indevidas
deverá ser punido com rigor pelo empregador, uma hipótese é a do empregado que falta
reiteradas vezes e apresenta atestado médico de origem duvidosa com o intuito de evitar
descontos em seu salário. Entretanto, não se deve punir aquele empregado que realmente
utilizou-se do atestado com fins lícitos.
63
Na hipótese da confirmação da falsidade ideológica, estará configurada a falta grave, que é o
ato reprovável por parte do empregado que atinge diretamente o empregador dando ensejo
à rescisão do contrato de trabalho.
É importante salientar que a comprovação da falsidade deve ser bem robusta, de tal modo
que não possa gerar dúvidas, e evitar transtornos como uma ação de reparação civil por
danos morais por parte do empregado.
Contudo, a melhor arma do empregador para evitar fraude ou qualquer outro ilícito por parte
do empregado é o conhecimento e a procura incansável em manter-se sempre atualizado na
legislação trabalhista vigente.
Para que o empregador não sofra prejuízos devido às conseqüências econômicas que
representa a ausência, a legislação trabalhista prevê penalidades que poderão ser impostas
aos empregados faltosos, quais sejam:
a) o empregado que não cumprir integralmente toda a jornada de trabalho durante a
semana, por atrasos ou saídas antecipadas (ainda que apenas alguns minutos) que não
forem devidamente justificadas, perderá o direito de receber a remuneração do repouso
semanal, sendo-lhe ainda descontados os minutos ou horas correspondentes a estas
ausências.
Obs.: Cumpre ao empregador observar, entretanto, que conforme o Decreto n. 27.048/49,
art. 12, & 3º, as entradas no serviço verificadas com atraso, em decorrência de transporte,
quando devidamente comprovadas mediante atestado da empresa concessionária, não
acarretarão a perda da remuneração do dia do repouso semanal.
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Minutos de Tolerância
Para que o empregado não se habitue a chegar atrasado ao serviço todos os dias, abusando
dos minutos concedidos pelo empregador, uma vez que não será penalizado, a empresa
poderá estipular um número limite de minutos tolerados mensal ou quinzenalmente, após o
qual serão todos os atrasos computados e descontados de seu salário, pela totalidade.
Exemplo:
- empresa concede 10 minutos de atraso diariamente, com limite mensal de 60 minutos;
- o empregado atrasa-se 10 minutos durante 10 dias úteis, num total de 1:40 (uma hora e
quarenta minutos) mensais;
- poderá ser descontado de seu salário o equivalente a 1:40 (e não apenas o que excedeu
aos 60 minutos permitidos).
Outras penalidades poderão ser adotadas caso o empregado ultapasse o limite mensal (ou
quinzenal) de tolerância estipulado, como, por exemplo, a aplicação de sanções disciplinares
(advertências, suspensões etc.) e o desconto do repouso semanal correspondente.
O empregador que optar pela adoção deste sistema de estipular "minutos de tolerância"
deverá previamente comunicar a todos os seus empregados, através de documento escrito,
o qual deverá ser assinado pelo trabalhador, atestando estar ciente das condições
estipuladas.
7. AVISO PRÉVIO
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I - oito dias, se o pagamento for efetuado por semana
ou tempo inferior
II - trinta dias aos que perceberem por quinzena ou
mês, ou que tenham mais de doze meses de serviço na
empresa.
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O aviso prévio concedido é nulo, ante a inexistência da
redução da jornada de trabalho do demandante, tal como prevê o artigo 488 da CLT, pois
frustrada a finalidade do instituto, que é a de dar ao empregado a possibilidade de buscar
uma nova colocação no mercado de trabalho.
FGTS
Conceito: é uma conta bancária, que o trabalhador pode utilizar nas ocasiões previstas em
lei, formada por depósitos efetuados pelo empregador; foi instituído com alternativa para o
direito de indenização e de estabilidade para o empregado e como poupança compulsória a
ser formada pelo trabalhador da qual pode valer-se nos casos previstos; o empregado tem
direito, quando é despedido sem justa causa ou dá por rescindido o contrato em decorrência
de justa causa do empregador, faz jus a uma indenização de dispensa, além de efetuar o
levantamento dos depósitos recolhidos pelo empregador; a indenização corresponderá a um
acréscimo de 40% do valor dos referidos depósitos.
O empregador tem a obrigação de proceder aos depósitos no FGTS dos empregados nas
hipóteses de interrupção do contrato de trabalho.
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desvinculado à dispensa, caso em que estará usando um pecúlio, como na construção de
moradia; os recolhimentos do empregador são compulsórios e se caracterizam como uma
obrigação muito próxima à parafiscal; tem natureza jurídica múltipla diante dos diferentes
ângulos da sua estrutura.
Levantamento dos depósitos: poderá ser levantado nos seguintes casos: por falecimento;
doença grave; despedida imotivada; extinção do contrato de trabalho por tempo
determinado; aposentadoria; como pagamento de prestações da casa própria, liquidação ou
amortização de saldo devedor de financiamento imobiliário, ou ainda, pagamento total ou
parcial do preço de aquisição de moradia própria, conforme normas do SFH; culpa recíproca
ou força maior; fechamento de estabelecimento; falta de depósitos por 3 anos ininterruptos;
suspensão do contrato de trabalho do avulso por mais de 90 dias.
No que concerne ao FGTS, a Carta Magna de 1988, através de um único inciso – III – de seu
art. 7º, alterou os institutos da estabilidade e do FGTS, estabelecendo o regime obrigatório
do FGTS a todos os trabalhadores urbanos e rurais, não havendo mais que se falar em opção
do trabalhador; aboliu a estabilidade decenal, ressalvado o direito adquirido dos
trabalhadores que já eram estáveis antes da promulgação da Constituição Federal de 1988
(art. 14 da Lei nº 8.036/90) e eliminou a “opção” dos trabalhadores pelo regime da
estabilidade ou do FGTS, já que todos os trabalhadores, obrigatoriamente, passaram a ter o
direito ao FGTS, correspondente ao depósito mensal efetuado pelo empregador, na
proporção de 8% sobre as parcelas de natureza salarial dos empregados.
Consideramos que a Constituição Federal de 1988 neste particular foi prejudicial aos
trabalhadores, ao abolir o instituto da estabilidade e erigir o FGTS como regime geral
aplicável a todos os trabalhadores.
A leitura do art. 7º, inciso III da Lei Maior, acrescido do entendimento doutrinário e
jurisprudencial esmagador, não deixa dúvida de que, com o advento da atual Carta Magna, o
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço passou a ser um direito social extensível a todos os
trabalhadores urbanos e rurais, que compõe o chamado mínimo de garantias – expresso no
art. 7º, caput, da Constituição Federal de 1988 – ou seja, constitui um direito tutelado pelo
Estado por meio de normas cogentes, inafastável pela vontade das partes.
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O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, privando o trabalhador da segurança do
emprego, coloca-o em situação tão adversa, desigual e dependente do empregador,
que importa virtual supressão da liberdade constitucional, a todos assegurada, de
recorrer ao Poder Judiciário contra "qualquer lesão ou ameaça a direito''.
PERGUNTAS FREQUENTES:
No caso de saldo de conta inativa, qual o valor que o trabalhador irá receber?
O saldo total das contas que satisfaçam as exigências.
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- Quando o trabalhador ou seu dependente for acometido de neoplasia maligna - câncer;
- Quando o trabalhador ou seu dependente estiver em estágio terminal, em razão de doença
grave;
- Quando a conta permanecer sem depósito por 3 anos seguidos;
- Quando o trabalhador permanecer por 03 anos seguidos fora do regime do FGTS, cujo
afastamento tenha ocorrido a partir de 14/07/90, podendo o saque, neste caso, ser efetuado
a partir do mês de aniversário do titular da conta;
- Para aquisição de moradia própria, liquidação ou amortização de dívida ou pagamento de
parte das prestações de financiamento habitacional.
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Dependentes
Esposo (a) / Companheiro (a)
Filhos (as)
Filho equiparado (menor tutelado e enteado)
Pais
Irmãos (ãs)
SEGURO DESEMPREGO
O Programa foi criado por intermédio da Lei n.º 7.998, de 11 janeiro de 1990, que também
deliberou sobre a fonte de custeio, com a instituição do Fundo de Amparo ao Trabalhador -
FAT, o que permitiu a definição de critérios de concessão do benefício mais acessíveis e
mudanças substanciais nas normas para o cálculo dos valores do Seguro-Desemprego.
A partir de 1º de julho de 1994, entrou em vigor a Lei n.º 8.900, de 30 de junho de 1994,
que estabeleceu novos critérios diferenciados para a concessão de parcelas do benefício,
quais sejam:
FONTE DE CUSTEIO
Dos recursos que constituem a receita do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT, 40% são
repassados ao BNDES para aplicação no financiamento em programas de desenvolvimento
econômico.
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Emprego e Melhoria da Qualidade de Vida do Trabalhador - PROEMPREGO e ao
pagamento do Abono Salarial do PIS-PASEP.
Perguntas freqüentes:
Quando requerer?
Onde requerer?
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Requerimento do Seguro;- Desemprego - SD (via verde);- Termo de
rescisão do Contrato de Trabalho – TRCT;- Carteira de Trabalho;- Carteira
de Identidade ou Certidão de Nascimento ou Certidão de Casamento com
Protocolo de requerimento da Carteira de Identidade,ou Carteira Nacional de
Habilitação – CNH (modelo novo), dentro do prazo de validade, ou
Passaporte, ou Certificado de Reservista.- Comprovante de inscrição no
PIS/PASEP;- Documento de levantamento dos depósitos no FGTS ou extrato
comprobatório dos depósitos;- Cadastro de Pessoa Física – CPF.-
Comprovante dos 2 últimos contracheques ou recibos de pagamento para o
trabalhador formal.
VALE TRANSPORTE
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efeitos; 2) Não integra a base de cálculo para incidência do percentual de 8% (oito
por cento) pertinente a contribuição previdenciária ou de Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço; 3) não se configura como rendimento tributável ao trabalhador.
ACIDENTE DE TRABALHO
CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO
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A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de
proteção e segurança da saúde do trabalhador, sendo também seu dever prestar
informações pormenorizadas sobre os riscos da operação a executar e do produto a
manipular.
O segurado que sofreu acidente de trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de
12 meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação
do auxílio-doença acidentário, independentemente da percepção de auxílio-
acidente.
08. REMUNERAÇÃO
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A remuneração é enquadrada no requisito onerosidade do
vínculo empregatício, ou seja, significa que o trabalhador tem direito a uma remuneração e
que o beneficiário por seu trabalho deve pagá-la.
a) Salários
Características:
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O conteúdo em si da proteção oferecida por tal princípio é garantir ao trabalhador perceber a
contraprestação a que faz jus por seu trabalho, de maneira estável, não sujeita as oscilações
da economia e às instabilidades do mercado e, por extensão, assegurar a satisfação de um
conjunto, ainda que eventualmente mínimo, de suas necessidades, entre as quais a
alimentação.
“ Art. 7º, da C.F.: - São direitos dos trabalhadores (...) além de outros:
VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
X – proteção do salário na forma da Lei, constituindo crime a sua retenção dolosa.
Exatamente por não ter qualquer possibilidade de auferir grandes vantagens de ordem
econômica para si próprio, prerrogativa exclusiva do detentor dos meios de produção e/ou
de capital, não pode o trabalhador participar dos riscos da atividade econômica, quer através
da redução direta do valor nominal de seu salário (e, ampliativamente, de sua
remuneração); quer através da redução de jornada de trabalho, tarefa ou alteração de
critério na apuração de valores de composição de sua remuneração.
Atente para o fato de que, como exceção à regra, há possibilidade de haver redução
salarial: se decorrente de convenção ou acordo coletivo de trabalho.
b) 13º salários
DESPEDIDAS INDIRETAS
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obrigações do contrato. Não basta ao empregado invocar a Lei. É preciso informar com
detalhes a ocorrência ou ocorrências de fato que ensejaram a sua repulsa à manutenção do
vínculo de emprego.
Justa causa é todo ato faltoso do empregado que faz desaparecer a confiança e a boa-fé
existentes entre as partes, tornando indesejável o prosseguimento da relação empregatícia.
Os atos faltosos do empregado que justificam a rescisão do contrato pelo empregador tanto
podem referir-se às obrigações contratuais como também à conduta pessoal do empregado
que possa refletir na relação contratual.
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Observe-se que imputar uma justa causa ao empregado sem esta existir poderá ensejar, em
alguns casos, uma indenização por danos morais.
Com base no artigo 482 da CLT, são os seguintes atos que constituem justa causa para a
resolução do contrato de trabalho pelo empregador:
1) Ato de Improbidade
Improbidade, regra geral, é toda ação ou omissão desonesta do empregado, que revelam
desonestidade, abuso de confiança, fraude ou má-fé, visando a uma vantagem para si ou
para outrem. Ex.: furto, adulteração de documentos pessoais ou pertencentes ao
empregador, etc.
São duas justas causas semelhantes, mas não são sinônimas. Mau procedimento é gênero
do qual incontinência é espécie.
3) Negociação Habitual
Ocorre justa causa se o empregado, sem autorização expressa do empregador, por escrito
ou verbalmente, exerce, de forma habitual, atividade concorrente, explorando o mesmo
ramo de negócio, ou exerce outra atividade que, embora não concorrente, prejudique o
exercício de sua função na empresa.
4) Condenação Criminal
A condenação criminal deve ter passado em julgado, ou seja, não pode ser recorrível.
5) Desídia
A desídia é o tipo de falta grave que, na maioria das vezes, consiste na repetição de
pequenas faltas leves, que se vão acumulando até culminar na dispensa do empregado. Isto
não quer dizer que uma só falta não possa configurar desídia.
A desídia, motivo ensejador de dispensa por justa causa, pode caracterizar-se pelas
ausências reiteradas ao serviço sem justificativa, o atraso habitual e o desinteresse pelo
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trabalho. Caracteriza-se ainda pelo descumprimento culposo da obrigação de dar rendimento
quantitativo e qualitativo na execução de serviços.
Cumpre observar, entretanto, que esta caracterização somente ocorrerá pela reincidência de
atos negligentes anteriormente já punidos com penas de menor rigor.
Assim, uma vez evidenciado que o empregador aplicou punições ao empregado faltoso, e
que este persistiu em sua conduta desidiosa, poderá o empregador aplicar-lhe a pena
máxima, não subsistindo dúvidas quanto ao efetivo cometimento da falta grave.
O álcool é a causa mais freqüente da embriaguez. Nada obsta, porém, que esta seja
provocada por substâncias de efeitos análogos (psicotrópicos).
De qualquer forma, a embriaguez deve ser comprovada através de exame médico pericial.
9) Abandono de Emprego
A falta injustificada ao serviço por mais de trinta dias faz presumir o abandono de emprego,
conforme entendimento jurisprudencial.
Existem, no entanto, circunstâncias que fazem caracterizar o abandono antes dos trinta dias.
É o caso do empregado que demonstra intenção de não mais voltar ao serviço. Por exemplo,
o empregado é surpreendido trabalhando em outra empresa durante o período em que
deveria estar prestando serviços na primeira empresa.
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As ofensas físicas constituem falta grave quando têm relação com o vínculo empregatício,
praticadas em serviço ou contra superiores hierárquicos, mesmo fora da empresa.
As agressões contra terceiros, estranhos à relação empregatícia, por razões alheias à vida
empresarial, constituirá justa causa se relacionarem ao fato de ocorrerem em serviço.
A legítima defesa exclui a justa causa. Considera-se legítima defesa, quem, usando
moderadamente os meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito
seu ou de outrem.
São considerados lesivos à honra e à boa fama gestos ou palavras que importem em expor
outrem ao desprezo de terceiros ou por qualquer meio magoá-lo em sua dignidade pessoal.
Para que o jogo de azar constitua justa causa, é imprescindível que o jogador tenha intuito
de lucro, de ganhar um bem economicamente apreciável.
A prática de atos atentatórios contra a segurança nacional, desde que apurados pelas
autoridades administrativas, é motivo justificado para a rescisão contratual.
Além das hipóteses acima, constituem, também, justa causa específica para resolução
contratual:
Por ser a legislação omissa, no que se refere à contumácia do não pagamento, será preciso
averiguar se a habitualidade existiu ou não, levando-se em conta o número de dívidas que
não foram pagas e o período de ocorrência.
Pode-se comprovar a reiteração através da movimentação dos credores, quer pelo protesto,
quer pela execução judicial das dívidas.
A falta reiterada do menor aprendiz sem motivo justificado constitui justa causa para a
rescisão contratual.
c) Ferroviário
Constitui falta grave quando o ferroviário se negar realizar trabalho extraordinário, nos casos
de urgência ou de acidentes, capazes de afetar a segurança ou regularidade do serviço.
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PUNIÇÃO – PRINCÍPIO
Elementos da Punição
Gravidade
Atualidade
A punição deve ser aplicada em seguida à falta, ou seja, entre a falta e a punição não deve
haver período longo, sob pena de incorrer o empregador no perdão tácito. No que diz
respeito ao espaço de tempo, deve-se adotar o critério de punir, tão logo se tome
conhecimento do ato ou fato praticado pelo trabalhador.
Imediação
A imediação diz respeito à relação entre causa e efeito, ou seja, à vinculação direta entre a
falta e a punição.
DOSAGEM DA PENALIDADE
A jurisprudência trabalhista tem entendimento firmado, no sentido de que o juiz não pode
dosar a penalidade, em conseqüência modificar a medida punitiva aplicada pelo empregador.
Ao juiz cabe manter ou descaracterizar a penalidade, devido a isto o empregador deve usar a
coerência e a justiça ao aplicar a pena.
DUPLICIDADE NA PENALIDADE
O empregado não pode ser punido mais de uma vez por uma mesma falta cometida. Por
exemplo: o empregado falta um dia de trabalho, quando retorna é advertido por escrito pelo
empregador e em seguida o empregador aplica-lhe a pena de suspensão pelo motivo da
mesma falta ao trabalho.
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Como exemplo, frise-se a proibição da dispensa imotivada ou
sem justa causa em determinadas situações nas quais uma das condições da eficácia do ato
de despedir é a inexistência de proteção ao empregado através da garantia da continuidade
do vínculo como nos casos de dirigentes sindicais, gestantes e outros tantos nos quais um
interesse social maior se sobrepõe retirando o caráter potestativo do ato patronal presente
quando nenhum óbice legal ou convencional o impede.
CULPA RECÍPROCA
Assim, concluímos que pressupõe, sempre, uma decisão judicial em processo trabalhista,
não podendo decorrer de entendimento das partes.
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No caso concreto, é de difícil ocorrência, eis que muito rígidos os seus requisitos. Demais
disso, em caso de dúvida, o mais sensato é que o julgador não se utilize do instituto.
Para sua efetivação, necessário que se constate a ocorrência de justa causa praticada tanto
por parte do empregador (art. 483, da CLT), quanto por parte do empregado (art. 482, da
CLT), ambas aptas e com força suficiente para, sozinhas, justificar o desfazimento do vínculo
empregatício (proporcionalidade) e com suas próprias relações de causa e efeito.
São sempre conexas. A segunda, sendo o efeito da culpa cometida, primeiramente, pela
outra parte da relação de emprego.
Ressalte-se que não é possível o somatório de duas faltas leves, transformando-as em uma
grave, que justifique o encerramento do contrato de trabalho, mas a ocorrência de duas
faltas distintas, cuja gravidade justifique o encerramento contratual, por si só.
Ressalte-se que a Constituição tornou genérico o regime do FGTS (art. 7º, incisos I e III),
abandonando o sistema de indenização previsto no art. 478, da CLT. Este somente
prevaleceu para os que não eram optantes até a data da promulgação da CF, com relação ao
tempo anterior.
Seguindo esse mesmo raciocínio, também deveriam ser pagos pela metade o aviso prévio, o
13º salário e as férias proporcionais, o que nos parecer bastante razoável, pois de outra
forma o ônus da culpa recíproca recai totalmente sobre o trabalhador. Não se trata de
simples compensação do dever mútuo de avisar, que o faz desaparecer, mas do aspecto
patrimonial perdido pelo empregado também por culpa da outra parte.
A questão se pacificou, prestigiando esse posicionamento, por meio da Resolução n.º 121, de
28/10/2003, do TST, que revisou o Enunciado n.º 14, que antes estabelecia que reconhecida
a culpa recíproca na rescisão do contrato de trabalho (art. 484 da CLT), o empregado não
fará jus ao aviso prévio, às férias proporcionais e à gratificação natalina do ano respectivo, o
que recebia a crítica dos doutrinadores. Eis sua nova redação, reconhecendo o direito ao
aviso prévio, 13º salário e férias proporcionais, na razão de 50% dos efetivos valores:
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Art. 485. Quando cessar a atividade da empresa, por morte do empregador, os empregados
terão direito, conforme o caso, à indenização a que se referem os arts. 477 e 497.
Art. 486. No caso de paralisação temporária ou definitiva do trabalho, motivada por ato de
autoridade municipal, estadual ou federal, ou pela promulgação de Lei ou resolução que
impossibilita a continuação da atividade, prevalecerá o pagamento da indenização que ficará
a cargo do governo responsável.
§ 1º Sempre que o empregador invocar em sua defesa o preceito do presente artigo, o
tribunal do trabalho competente notificará a pessoa de direito público apontada como
responsável pela paralisação do trabalho, para que, no prazo de trinta dias, alegue o que
entender divido, passando a figurar no processo como chamada à autoria.
§ 2º Sempre que a parte interessada, firmada em documento hábil, incorra defesa baseada
na baseada na disposição deste artigo e indicar qual o juiz competente, será ouvida a parte
contrária, para, dentro de três dias, falta sobre essa alegação.
§ 3º verificada qual a autoridade responsável, a junta de Conciliação ou juiz dar-se-á por
incompetente, remetendo os autos ao juiz privativo da Fazenda, perante o qual correrá o
feito nos termos no processo comum.
BREVE RESUMO
EXTINÇÃO DIRETA
EXTINÇÃO INDIRETA
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tanto no trabalho, como nas demais, outras terminologias que definem mais adequadamente
a forma do fim do contrato.
Resolução do Contrato: é uma forma que cabe à parte usar para por fim ao contrato por
via judicial. Podemos entender que ocorre quando o empregado pede na justiça o fim do
contrato, podendo ser utilizado o art. 483 da CLT.
Resilição do Contrato: é a declaração de vontade de uma das partes , ou de ambas, para
por fim ao contrato de forma convencional. Exemplo: despedido sem justa causa, o pedido
de demissão e o término do contrato por prazo determinado.
Rescisão do Contrato: é a forma de por fim ao contrato em razão de lesão contratual.
Forma-se pelo descumprimento das partes, recíproca ou não, sendo válido os artigos 482 e
483 da CLT.
Cessação do Contrato: é o fim da relação contratual por motivo de morte. Isso pode
ocorrer sendo empregado ou empregador.
Mas o que temos praticado é simplesmente denominar rescisão, para qualquer forma de fim
do contrato de trabalho, talvez pela facilidade em se dizer que “acabou”, independente do
motivo.
Para qualquer situação acima mencionada a empresa deve confirmar se a relação contratual
possui:
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Nota: Ocorrendo atraso no pagamento da rescisão, deverá a empresa pagar multa para o
empregado e para o governo. A multa para empregado é de 1 (um) salário base mais a
parte do governo recolhido na guia darf.
Importante!
A CLT não prescreve nenhuma forma, mas a empresa pode se valer do Código Civil e utilizar
da forma de pagamento por CONSIGNAÇÃO, que existe disponível, principalmente, nos
Bancos do Estado.
Essa forma permite que a empresa deposite o crédito em nome do ex-empregado, até a data
limite originalmente prevista na CLT, cumprindo a exigência do prazo e evitando o
pagamento de multa.
A exigência legal, para finalizar essa possibilidade de crédito, é documentar junto à empresa
e provar que enviou mensagem ao ex-empregado da localidade e valor onde o crédito se
encontra disponível. Código Civil (Lei n.° 10.406/2002) art. 334 e seguintes.
Exemplo de cálculo:
Admissão: 01/06/07 – Desligamento: 14/03/09 – Causa: Sem Justa – Salário: R$ 800,00 –
Jornada Mensal: 220 hs - Não Gozou Férias – Horas Extras 60%: 7 hs – Aviso Prévio:
Indenizado.
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Aviso Prévio R$ 800,00
13º Salário – 02/12 avos R$ 133,33
13º Salário – 01/12 avos - indenizado R$ 66,67
Férias Vencidas – 2002/2003 R$ 800,00
Férias Proporcionais – 10/12 avos R$ 666,67
Férias Adicional 1/3 R$ 488,89
Saldo de Salário – 14 dias R$ 373,33
Horas Extras 60% - 7 hs R$ 40,72
DSR 24/6 (padrão) R$ 10,18
SOMA R$ 3.379,79
DESCONTOS
VERBAS RESCISÓRIAS:
As verbas rescisórias devidas ao empregado variam conforme o tipo de rescisão que está
sendo feito e, do tempo de serviço que o mesmo tenha na empresa (mais de um ano ou
menos de um ano). Assim, já existem vários tipos de rescisão/extinção contratual. Abaixo
está discriminado cada um dos casos, com mais e com menos de um ano de serviço, bem
como as respectivas verbas:
Saldo de salários
Aviso-prévio
Férias proporcionais + 1/3 CF
13º salário
FGTS + 40% (+ (10 %)
Saldo de salários
Aviso-prévio
Férias Proporcionais + 1/3 CF
Férias Vencidas + 1/3 CF
13º Salário
FGTS + 40% ( + 10%)
Saldo de salários
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Saldo de salários
Férias vencidas + 1/3 CF
Saldo de salários
50% Aviso-Prévio
50% Férias Proporcionais + 1/3 CF
50% 13º Salário
FGTS + 20% (+ 10%)
Saldo de salários
50% Aviso-Prévio
50% Férias Proporcionais + 1/3 CF
Férias vencidas + 1/3 CF
50% 13º Salário
FGTS + 20% ( + 10%)
Saldo de salários
13º salário
Férias proporcionais + 1/3 CF (ver Súmula 261 do TST)
Saldo de salários
Férias proporcionais + 1/3 CF
Férias vencidas + 1/3 CF
13º salário
Saldo de salários
Aviso-Prévio
Férias Proporcionais + 1/3 CF
13º Salário
FGTS + 40% ( + 10%)
Saldo de salários
Aviso-Prévio
Férias Proporcionais + 1/3 CF
Férias Vencidas + 1/3 CF
13º Salário
FGTS + 40% ( + 10%)
Saldo de salários
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Férias Proporcionais + 1/3 CF ( Súmula 261 do TST)
13º Salário
Saldo de Salários
Férias Proporcionais + 1/3 CF
Férias Vencidas + 1/3 CF
13º Salário
Saldo de salários
Aviso-Prévio
Férias Proporcionais + 1/3 CF
13º Salário
FGTS + 40% ( + 10%)
Saldo de salários
Aviso-Prévio
Férias Proporcionais + 1/3 CF
Férias Vencidas + 1/3
13º Salário
FGTS + 40% ( + 10%)
Saldo de salários
Férias Proporcionais + 1/3 (súmula 171 do TST)
13º Salário
FGTS
Saldo de salários
Férias proporcionais + 1/3 CF
Férias vencidas + 1/3 CF
13º Salário
FGTS
Saldo de salários
Indenização do artigo 479 da CLT
Férias proporcionais + 1/3 CF
13º Salário
FGTS + 40% ( + 10%)
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Saldo de salários
Indenização do artigo 479 da CLT
Férias Proporcionais + 1/3 CF
Férias vencidas + 1/3 CF
13º Salário
FGTS + 40% ( + 10%)
OBRA CERTA ( CONSTRUÇÃO CIVIL) E SAFRA ( AREA RURAL ) FGTS – NÃO SACA
Saldo de salários
Férias Proporcionais + 1/3 (ver súmula 261 TST)
13º Salário
Saldo de salários
Férias Proporcionais + 1/3 CF
Férias Vencidas + 1/3 CF
13º Salário
Saldo de salários
Aviso-Prévio
Férias-Proporcionais + 1/3 CF
13º Salário
FGTS + 40% ( + 10%)
Saldo de salários
Aviso-Prévio
Férias Proporcionais + 1/3 CF
Férias Vencidas + 1/3 CF
13º Salário
FGTS + 40% ( + 10%)
FGTS
Saldo de salários
Férias-Proporcionais + 1/3 CF
13º Salário
FGTS
Saldo de salários
Férias Proporcionais + 1/3 CF
Férias Vencidas + 1/3 CF
13º Salário
FGTS
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RESCISÃO DO CONTRATO A PRAZO COM JUSTA CAUSA ( artigo 479 da CLT) – FGTS
- NÃO SACA
Saldo de salários
Saldo de salários
Férias Vencidas + 1/3 CF
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