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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

DISCIPLINA: INICIAÇÃO A PRODUÇÃO ACADÊMICO-CIENTÍFICA


CÓDIGO: 10423 TURMA: 02

PROFESSOR: HENRIQUE MANOEL DA SILVA

ACADÊMICA: MARIANA PAIVA MULLER RA: 124042

O CAPITALISMO LUCRA COM A DESTRUIÇÃO DO PLANETA

Há décadas a humanidade sabe sobre os problemas climáticos que nosso


estilo de vida está causando ao planeta. Rachel Carson, bióloga marinha e
ecologista, alertava, já na década de 1960, sobre como nós estaríamos nos
encaminhando para um desastre ambiental se não colocássemos sob controle os
danos que infligimos à natureza.

Jeff Gibbs, escritor, produtor e diretor de “Planet of the Humans”, sempre se


preocupou com a natureza, escreveu sobre vida sustentável em questões
ambientais em vários meios de comunicação, acompanhou diversos protestos pelo
ambiente e participou de documentários sobre o colapso dos ecossistemas devido
às mudanças climáticas. Gibbs pesquisou, registrou e apresentou neste
documentário as contradições e ilusões quanto à "Energia Verde” ser a solução para
salvar a humanidade.

“Quanto tempo você acha que nós, humanos, temos?” é a pergunta que dá
início ao documentário. Conforme algumas pessoas entrevistadas respondem a
essa pergunta, fica evidente que muitas estão otimistas quanto ao futuro da
humanidade, mas muitas outras não acreditam que vamos conseguir reverter os
danos causados ao nosso planeta. Pensar a respeito disso faz crescer o
questionamento “e se nós tivermos ido longe demais?”.
Com a eleição de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos,
aumentou a esperança de que a Energia Verde fosse ganhar espaço e fosse mais
utilizada no país. Houve muito dinheiro investido no estímulo a esse tipo de energia.
Al Gore, ex-vice-presidente, também foi muito importante para o estímulo a esses
investimentos. Bilionários, banqueiros, políticos e ex-políticos também participaram
destes investimentos. As coisas pareciam estar melhorando.

Parques eólicos estavam sendo criados em todo o país, pois acreditava-se


que, juntamente com a energia solar, a energia eólica era a solução para nossos
problemas. As turbinas eólicas são máquinas enormes e impressionantes, mas que
fazem irromper o questionamento feito pelo diretor: “é possível que máquinas
enormes fabricadas pela civilização industrial possam nos salvar da civilização
industrial?”. Em vários locais do país, campos estavam sendo limpos, florestas
desmatadas e cidadãos desrespeitados para a criação desses novos parques de
energia eólica.

Foi mostrado ao longo do documentário que, para todas as fontes de energia


sustentável, tanto solar quanto eólica, é necessário uma fonte de energia não
sustentável funcionando ao mesmo tempo, em marcha lenta, para servir de backup
para quando o Sol se pôr ou ficar encoberto por nuvens e para quando o vento
parar de ventar. Acontece que a energia que muitos acreditavam ser verde e
sustentável, não é tão verde e nem tão sustentável assim. De acordo com
especialistas da indústria de energia sustentável, o que impede que o mundo
funcione 100% a base de energia não fóssil são a instabilidade e a intermitência.

Para expor ainda mais as incoerências dessas energias aparentemente


sustentáveis, Ozzie Zehner escreve “Green Illusions” (Ilusões Verdes), revelando
que a ilusão da energia solar começa desde sua fabricação, que na verdade não é
realmente sustentável. As placas solares não são produzidas a partir de areia, como
muitas indústrias afirmam, mas sim de quartzo e (muito) carvão. E essas placas,
assim como as turbinas eólicas, duram muito pouco, apenas algumas décadas, ou
até menos, antes de precisarem ser substituídas. Se usa mais combustível fóssil
para construir todas as estruturas para as energias renováveis, que se tem benefício
realmente dessas energias. Para Zehner, era melhor apenas queimar apenas
queimar os combustíveis fósseis, ao invés de fingir sustentabilidade. Afirma também
que “isso [campos de energia solar] absolutamente não pode prolongar a vida da
civilização. Isso depende dos processos mais tóxicos e industriais que já criamos”.

Usinas de carvão estavam sendo fechadas em vários estados do país, mas


não para serem substituídas por energia solar, mas sim por usinas de gás natural, o
que muitos consideram ser uma fonte limpa de energia, mas é na verdade um
combustível fóssil.

O que chamamos de energia verde e renovável não são medidas para salvar
o planeta em si, mas para continuar com o estilo de vida da civilização industrial que
existe atualmente. Estamos presenciando os limites do planeta de uma só vez, em
várias esferas diferentes. Especialistas afirmam que existem muitas pessoas,
usando muitas coisas, muito rápido. A população mundial cresceu de forma muito
rápida em um curto espaço de tempo, o que consequentemente fez com que a
energia necessária para toda a população aumentasse também. O impacto humano
no mundo é cem vezes maior que duzentos anos atrás. Segundo o documentário,
todas essas mudanças humanas estão fazendo com que nosso planeta sofra.

Nos últimos anos, a biomassa, que consiste na queima de matéria orgânica,


de origem vegetal ou animal, para geração de energia, ganhou espaço no meio
industrial e começou a ser defendida por muitos grandes empresários e também por
muitos ambientalistas. Nos Estados Unidos são utilizadas principalmente árvores
para a produção de biomassa. Gibbs propõe a reflexão: será que a queima de
árvores para produção de energia é realmente sustentável?

Há registros de algumas usinas de biomassa que adicionam resíduos sólidos


à queima da matéria orgânica, para aumentar a temperatura do fogo, o que causa
ainda mais poluição das cidades e compromete a vida de quem mora perto desses
locais.

A maioria dos cidadãos que se preocupam com sustentabilidade e com o


futuro da humanidade e que são contra o uso de combustíveis fósseis, não aprovam
também a queima de biomassa e de biocombustíveis. Não acreditam ser possível
salvar o planeta derrubando árvores e matando animais. Os líderes ambientalistas,
entretanto, se contradizem sobre esse assunto. Muitos defendem o uso da
biomassa e argumentam que é uma fonte renovável, e muitos alegam não ter uma
opinião formada a respeito disso. Quando questionados por Gibbs, apenas uma
mulher dentre os líderes ambientalista se mostrou disposta a rejeitar a biomassa, a
filósofa, física, ecofeminista e ativista ambiental Vandana Shiva. Para ela, as
grandes empresas de petróleo querem lucrar com a biomassa e os biocombustíveis,
e nos fizeram cair na ilusão de que isso seria nossa salvação.

Os bilionários, banqueiros e grandes empresários lucram com a ilusão da


energia verde. Não é debatido em nível mundial o excesso populacional e de
consumo e nem como o crescimento econômico está nos matando, porque isso não
gera lucro para os mais ricos. Os ambientalistas, ao invés de lutarem contra aqueles
que só visam o lucro, acabaram se juntando a eles. São apresentados pelo
documentário diversos dados sobre como as organizações que deveriam lutar pelo
ambiente, estão na verdade se aliando e sendo patrocinadas por grandes empresas
que acabam com a natureza. Essas organizações não vão se opor a quem as
mantém.

Jeff Gibbs acredita que o caminho para melhorar vem da conscientização


sobre tudo o que foi mostrado no decorrer do filme. Afirma que “nós, humanos,
devemos aceitar que o crescimento infinito em um planeta finito é suicídio”. Para o
diretor, é preciso que entendamos que o problema não é o dióxido de carbono no ar,
somos nós.

O documentário, desde seu início, apresenta questionamentos que não


costumamos fazer a respeito do que acreditamos ser necessário para salvar nosso
planeta, expondo também informações novas para a grande maioria do público,
como sobre os materiais necessários para a fabricação das placas solares, os quais
a indústria não fala a verdade a respeito. A obra, além de ser de fácil acesso, pois
está disponível de forma gratuita na plataforma Youtube, ainda possui uma
linguagem que dialoga facilmente com pessoas fora do meio científico.

Gibbs traz pontos extremamente relevantes no que se refere à “energia


verde” e à posição dos ambientalistas em tudo isso. A relação feita pelo autor entre
as energias consideradas sustentáveis atualmente e o capitalismo é extremamente
pertinente, mas acredito que poderia ter sido mais aprofundada.

Ao abordar o sistema capitalista propriamente dito apenas nos últimos


minutos do documentário, deu a entender que não é algo tão significativo, que a
responsabilidade por todos os danos sofridos pelo planeta é de toda a população
mundial, quando na verdade a culpa deveria ser atribuída ao sistema em que
estamos inseridos, o qual permite que existam pessoas bilionárias enquanto muitas
outras passam fome diariamente. É o sistema capitalista que possibilita que haja
todo o desmatamento e poluição ambiental que presenciamos na atualidade. O
problema é sistêmico. Mas ao afirmar, por exemplo, que se “nos controlarmos”, tudo
é possível, o autor responsabiliza todas as pessoas, ao invés de afirmar que
devemos controlar e responsabilizar os grandes empresários, banqueiros e
bilionários.

Concordo com Gibbs sobre a conscientização ser fundamental para que


mudanças efetivas sejam realizadas, mas acho pertinente acrescentar que devemos
atribuir a culpa por tudo isso aos verdadeiros culpados: os capitalistas.

REFERÊNCIAS

PLANET of the Humans. Direção de Jeff Gibbs. Estados Unidos: Youtube, 2020. 1
vídeo (100 min.).

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