Você está na página 1de 39

Manual da Formação

[Técnico/a de Recursos florestais e Ambientais]


[4442 – Instalação de povoamentos]

I.FP.016.02 – 12/2015 1 / 39
Formador: Rita Metelo
[dezembro, janeiro, abril] de [2021]

Índice
Índice ............................................................................................................................................. 2

Ficha Técnica................................................................................................................................ 3

Conteúdos: ................................................................................................................................... 4

Desenvolvimento: ......................................................................................................................... 5

Glossário: ....................................................................................................................................... 5

Povoamento florestal: ................................................................................................................ 13

Escolha de espécies:.................................................................................................................. 13

Regeneração dos povoamentos florestais .............................................................................. 17

Regeneração natural ............................................................................................................ 17

Regeneração artificial ........................................................................................................... 19

Regeneração artificial - vantagens ...................................................................................... 20

Operações de preparação do terreno ................................................................................... 20

Controlo da vegetação espontânea ...................................................................................... 21

Operações e métodos de controlo da vegetação espontânea ......................................... 22

Operações manuais e motomanuais ................................................................................... 23

Operações mecanizadas ...................................................................................................... 24

Uso de corta-matos ................................................................................................................ 25

Gradagem e lavoura ............................................................................................................. 26

Outras operações................................................................................................................... 28

Operações preparatorias .......................................................................................................... 28

Operações especificas de mobilização do terreno ............................................................... 29

Mobilização do solo ............................................................................................................... 29

Operações e métodos de mobilização do solo.................................................................. 29

Operações manuais............................................................................................................... 30

Operações preparatorias ...................................................................................................... 30


I.FP.016.02 – 12/2015 2 / 39
Sementeiras florestais ................................................................................................................. 31

Plantações florestais ................................................................................................................... 33

Condições essenciais para o sucesso das instalações


https://www.icnf.pt/api/file/doc/e550b62b6b44f397 ............................................................. 33

Aprovisionamento em água ................................................................................................. 33

Arejamento do solo ................................................................................................................ 33

Nutrição mineral ..................................................................................................................... 34

Nutrição e o solo:.................................................................................................................... 35

Tolerância das espécies......................................................................................................... 35

Resistência às geadas ............................................................................................................ 36

Controlo da vegetação espontânea ...................................................................................... 37

I.FP.016.02 – 12/2015 3 / 39
Ficha Técnica

Título “Instalação de povoamentos”

Autores Rita Metelo

Publico- Alvo Desempregados com 9ºano de escolaridade

Características Manual que contem os conteúdos básicos da UFCD 4442 –


Técnicas instalação de povoamentos;

Objetivos • Executar as técnicas de repovoamento florestal.

http://www2.icnf.pt/portal/florestas/gf/documentos-
tecnicos/resource/doc/Especies-florestais-zona-atlantica_EI-
322_Correia-Oliveira_DGF_2003b.pdf
http://www.scielo.mec.pt/pdf/slu/v16nEspecial/v16a08.pdf
file:///C:/Users/Rita/Downloads/formacaodepovoamentoflorestais
.pdf
http://drrf.azores.gov.pt/areas/silvicultura/Paginas/Controlo_da_V
Fontes egetacao_Espontanea.aspx
https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/284/o/Apostila-Praticas-
Silviculturais-UFMT.pdf
https://www.icnf.pt/api/file/doc/e550b62b6b44f397
https://acientistaagricola.pt/preparacao-do-solo/
https://www.jardineiro.net/como-proteger-suas-plantas-das-
geadas.html
https://www.icnf.pt/api/file/doc/e550b62b6b44f397

I.FP.016.02 – 12/2015 4 / 39
962400058
Contactos
ritabelometelo@gmail.com

Data Dezembro, janeiro, abril 2021

Conteúdos:

• Escolha de espécies

• Regeneração dos povoamentos florestais

Regeneração natural

Regeneração artificial

• Operações de preparação do terreno

Operações preparatórias

Operações específicas de mobilização do terreno

• Repovoamento florestal

Sementeiras florestais

Plantações florestais

• Condições essenciais para o sucesso das instalações

Aprovisionamento em água

Arejamento do solo

Nutrição mineral

Tolerância das espécies

Resistência às geadas

• Controlo da vegetação espontânea

- Objetivos

- Técnicas de controlo

I.FP.016.02 – 12/2015 5 / 39
Desenvolvimento:

Glossário:

Abate: parte da operação onde a árvore é fixa, cortada próximo ao solo e tombada
pela cabeça processadora.

Acesso de Emergência: caminho em propriedade florestal necessário para possibilitar a


resposta a uma emergência.

Agricultura: Classe de uso do solo que abrange os terrenos dedicados à produção


agrícola. Na classe agricultura estão incluídas as terras aráveis, culturas hortícolas e
arvenses, pomares de fruto, prados ou pastagens artificiais, que ocupam uma área
superior ou igual a 0,5 ha e largura não inferior a 20 metros.

Altura dominante: Considera-se a altura dominante a altura média das cem árvores com
maior DAP, designadas por árvores dominantes, por ha (unidades: m).

Área de proteção: área mantida no estado natural ou sujeita a gestão específica com o
objetivo de conservar ou fomentar valores paisagísticos e/ou ecológicos; normalmente é
especificada num mapa.

Área de solos sensíveis: área que devido à natureza do solo e subsolo, declive e
dimensão da encosta e a outros fatores, tais como o coberto vegetal e práticas culturais,
está sujeita à perda de solo, deslizamentos ou quebra de blocos, compactação ou
degradação físico-química do solo.

Áreas Florestais Sensíveis: Áreas que, do ponto de vista da incidência da flora invasora e
de pragas e doenças, da sensibilidade à erosão e da importância ecológica, social e
cultural, impõem normas e medidas especiais de planeamento e intervenção, podendo
assumir designações diversas consoante a natureza da situação a que se referem.

Árvore: Planta perene lenhosa com um tronco principal, ou em caso de talhadias com
diversas varas, com uma copa sensivelmente definida.

Inclui palmeiras, bambus e outras plantas lenhosas que cumpram a definição (6.º
Inventário Florestal Nacional).

Biodiversidade: termo geral para designar a riqueza e variedade de formas de vida,


constituída pelas espécies e/ou populações de animais, vegetais e microrganismos num

I.FP.016.02 – 12/2015 6 / 39
determinado nível de observação.

Carregadouro: área onde se concentra a madeira rechegada para o posterior


transporte por camião.

Composição de um povoamento: Em sentido restrito, refere-se à variedade e natureza


específica ou cultural dos indivíduos de um povoamento. Distinguir-se-á assim entre
povoamentos puros, constituídos por uma só espécie florestal dominante, e
povoamentos mistos, nos quais coexistem indivíduos pertencentes a mais do que uma
espécie florestal – espécies dominantes e espécies dominadas, presença de bosquetes
de outras espécies. Considerar-se-ão povoamentos puros aqueles em que a
percentagem de outras espécies não ultrapasse 25 %, embora alguma bibliografia
referida 10 %.

Corte: conjunto de operações feito com máquina multifunções florestal (harvester) de


que fazem parte o abate, a desrama, o descasque (eventual) e a toragem e
empilhamento.

DAP (Diâmetro à altura do peito): – Diâmetro do tronco de uma árvore medido sobre
casca a 1,30 m do solo (unidades: cm).

Densidade do povoamento: Número de árvores existentes num povoamento florestal por


unidade de área (unidades: nº árvores/ha). Este indicador, conjuntamente com a
lotação e o coberto, permite realizar uma apreciação da ocupação da estação pelo
povoamento.

Descasque: parte da operação é feita eventualmente (quando solicitado) onde a árvore


abatida passa pela cabeça processadora para ser retirada a casca, normalmente é
feita simultaneamente a desrama.

Desrama: parte da operação onde a árvore abatida passa pela cabeça processadora
para serem retirados os ramos e a folhagem.

Espaços Agroflorestais: Terrenos ocupados por uma matriz de uso do solo que se
caracteriza pela interpenetrabilidade, física e funcional, entre espaços florestais e
agrícolas.

Espaços florestais: Os terrenos ocupados com floresta, matos, e pastagens ou outras


formações vegetais espontâneas, segundo os critérios definidos no Inventário Florestal
Nacional.
I.FP.016.02 – 12/2015 7 / 39
Estação: Conjunto dos fatores inorgânicos do ecossistema.

Estrutura do povoamento: Características de ocupação do espaço acima do solo pelas


árvores, isto é, a forma de arranjo interno dos povoamentos.

Existência: Volume em pé.

Exploração florestal: conjunto de operações florestais que se destinam a converter


árvores em pé em produtos utilizáveis pelo processo industrial. Inclui o corte, podendo
envolver pré-abate, a rechega e o transporte, podendo ainda envolver o carregamento.

Exploração ou Unidade de Gestão Florestal/Agroflorestal: Prédio ou conjunto de prédios,


contíguos ou não, cujo nível de dispersão espacial não implica o estabelecimento de
uma gestão diferenciada, podendo assim ser entendidos como uma unidade territorial,
ocupada, total ou parcialmente, por espaços florestais e/ou agroflorestais, pertencentes
a um ou mais proprietários e que estão submetidos a uma gestão única.

Fases de desenvolvimento: Para o alto fuste distinguem-se as seguintes fases: nascedio,


novedio, bastio, fustadio, alto fuste. Para as talhadias é uso distingui-las em – jovens,
médias e velhas.

Floresta: Extensão de terreno com área P 5 000 m2 e largura P 20 m, com um grau de


coberto P 10 % (definido pela razão entre a área da projeção horizontal das copas e a
área total da parcela), onde se verifica a presença de arvoredo florestal que, pelas suas
características ou forma de exploração, tenha atingido, ou venha a atingir, porte
arbóreo (altura superior a 5 m), independentemente da fase em que se encontre no
momento da observação.

Folhosas: Árvores florestais pertencentes ao grupo botânico das angiospérmicas


dicotiledóneas que se caracterizam, de uma forma geral, por apresentarem flor e folhas
planas e largas. Como por exemplo, os carvalhos, os castanheiros, as acácias, os
eucaliptos e outras folhosas.

Gestão florestal ativa: Administração de explorações florestais e agroflorestais


caracterizada pela regular execução de intervenções silvícolas, que interfiram com
coberto vegetal presente, tais como arborizações, rearborizações, desbastes, limpezas e
cortes de arvoredo.

Gestão única: Administração integrada de prédios rústicos pertencentes a um ou mais


proprietários, cujos objetivos de produção lenhosa, de aproveitamento de recursos não
I.FP.016.02 – 12/2015 8 / 39
lenhosos e outros serviços associados, e de gestão da biodiversidade, sejam definidos
tendo em consideração a globalidade dos recursos presentes.

Grau de coberto: Razão entre a área da projeção horizontal das copas das árvores
(média de duas medidas perpendiculares) e a respetiva área de terreno, expresso em
percentagem.

Improdutivos: Terrenos estéreis do ponto de vista da existência de comunidades vegetais


ou com capacidade de crescimento limitada, quer em resultado de limitações naturais,
quer em resultado de ações antropogénicas (ex: afloramentos rochosos). Para uma área
ser classificada como improdutiva terá que ocupar uma área superior ou igual a 0,5 ha e
largura não inferior a 20 metros.

Incultos: Terrenos ocupados por matos e pastagens naturais, que ocupam uma área
superior ou igual a 0,5 ha e largura não inferior a 20 metros.

Linha de água: qualquer rio, ribeiro ou leito definido no qual corre água, de forma
contínua ou intermitente. Podem ser a) permanentes, no caso de terem água todo o
ano; b) temporárias, no caso de terem água apenas parte do ano; ou c) efémeras, no
caso de terem água apenas quando chove.

Locais de valor cultural: Benefícios que as pessoas obtêm, direta ou indiretamente, dos
ecossistemas, nomeadamente ao nível espiritual, recreativo, estético ou educativo, entre
outros. São exemplos de locais de valor cultural, zonas arqueológicas, árvores singulares,
áreas com significado histórico ou onde cerimónias tradicionais são realizadas, paisagens
de especial beleza, etc.

Matos: Extensão de terreno com área P 5 000 m2 e largura P 20 m, com cobertura de


espécies lenhosas de porte arbustivo, ou de herbáceas de origem natural, onde não se
verifique atividade agrícola ou florestal, que podem resultar de um pousio agrícola,
constituir uma pastagem espontânea ou terreno pura e simplesmente abandonado.

Modo de tratamento: Refere-se à forma como pelos cortes de realização se faz a


colheita dos produtos principais. Podem distinguir-se dois modos de tratamento:

❖ regular em que os povoamentos resultam de um corte raso ou de cortes


sucessivos, originando povoamentos de uma só idade, ou de idades muito
próximas;

❖ irregulares ou jardinados os povoamentos que são provenientes de cortes


I.FP.016.02 – 12/2015 9 / 39
salteados, árvores isoladas ou pequenos bosquetes, de que resultam
povoamentos de idades diversas (equiénios ou irregulares).

Ocupação do solo: Identifica a cobertura física do solo.

Ordenamento Florestal: Conjunto de normas que regulam as intervenções nos espaços


florestais com vista a garantir, de forma sustentável, o fluxo regular de bens e serviços por
eles proporcionados.

Outros terrenos arborizados e Matos: Terrenos com um coberto vegetal de 5 a 10 % de


árvores capazes de atingir uma altura de 5 m quando adultas in situ (p. ex. áreas em que
a estação não é adequada à espécie instalada e esta nunca atinge 5 m de altura); ou
um coberto de mais de 10 % de árvores não suscetíveis de atingir 5 m de altura quando
adultas in situ; ou um coberto arbustivo.

Parcela: Parte do talhão que constitui a unidade mínima de planificação e seguimento


da gestão, devendo ser o mais homogénea possível, particularmente no que respeita às
características do povoamento/formações vegetais e às condições da estação.

Plano de Gestão Florestal: Instrumento de administração de espaços florestais que, de


acordo com as orientações definidas no PROF, determina, no espaço e no tempo, as
intervenções de natureza cultural e de exploração dos recursos, visando a produção
sustentada dos bens e serviços por eles proporcionados e tendo em conta as atividades
e os usos dos espaços envolventes.

Plano simplificado de corte e rearborização: Documento constituído por um formulário e


por uma peça cartográfica, onde conste a distribuição espacial e temporal das
operações (corte e posterior rearborização) a decorrer numa exploração florestal e\ou
agroflorestal, identificando-se, na rearborização, as espécies a empregar, composição,
compassos e locais de instalação das mesmas.

Ponto de água: Armazenamento de água proveniente de qualquer forma de


precipitação atmosférica, de cursos de água ou de alimentação artificial, subdividindo-
se em estruturas de armazenamento de água (reservatórios, poços, fontes, tanques de
rega), em planos de água (albufeiras de barragem e de açude, canais de rega,
charcas, lagos, rios, estuários e outros cursos de água) e em tomadas de água (bocas de
incêndio).

Povoamento Florestal: Porção bem demarcada duma mata que possui uma estrutura

I.FP.016.02 – 12/2015 10 / 39
uniforme e é suficientemente limitada em extensão de modo a poder ser submetida a
tratamento independente (Alves, 1988).

Segundo Alves, Pereira e Correia (2012), o povoamento é a unidade elementar da


floresta, que se define por um grupo de árvores, parte de uma mata ou floresta, com
uma área mínima de 0,5 ha. Porém não havendo uma dimensão máxima para o
povoamento, entende-se que por razões de organização espacial e de planeamento
das operações da unidade de gestão, é aconselhável não ultrapassar 5 ou 10 ha e
largura não inferior a 20m, consoante o tipo de povoamentos.

Smith et al. (1997) in Alves, Pereira e Correia (2012), define povoamento como “um grupo
contínuo de árvores suficientemente uniforme em composição de espécies, arranjo de
classes de idade, qualidade do sítio e condições para ser uma unidade distinta”. Assim, é
uma área ocupada com árvores florestais com uma percentagem de coberto no mínimo
de 10%.

Povoamento florestal misto: Povoamento em que, havendo várias espécies, nenhuma


atinge os 75% do coberto. Neste caso, considera-se a espécie dominante a que for
responsável pela maior parte do coberto (norma do Inventário Florestal Regional e
Nacional).

Povoamento florestal puro: Povoamento constituído por uma ou mais espécies de árvores
florestais, em que uma delas ocupa mais de 75% do coberto total (norma do Inventário
Florestal Regional e Nacional).

Pré-abate: corte das árvores feita com motosserra para possibilitar a desrama, descasque
(eventual), toragem e empilhamento a ser feito com máquina multifunções florestal
(harvester).

Produção sustentável: Garante a oferta regular e contínua de bens e serviços nas


gerações presentes, sem afetar a capacidade das gerações futuras em garantir a oferta
desses mesmos bens e serviços.

Proprietários ou outros produtores florestais: Proprietários, usufrutuários, superficiários,


arrendatários ou quem, a qualquer título, for possuidor ou detenha a gestão de terrenos
que integram os espaços florestais, independentemente da sua natureza jurídica.

Rechega: operação que consiste na recolha e transporte da madeira cortada, desde o


local de corte até ao carregadouro, podendo ser aí empilhada ou colocada

I.FP.016.02 – 12/2015 11 / 39
diretamente na unidade de transporte, neste caso chamado carregamento (colocação
no camião).

Reconversão Florestal: Intervenção que visa aumentar a produtividade e/ou a qualidade


dos produtos florestais, bem como a adaptação dos povoamentos florestais às
características edafo-climáticas de cada estação, sendo que este tipo de ação tem
como objetivo a substituição parcial ou total dos povoamentos florestais mal adaptados,
ou cujo potencial produtivo esteja comprometido prevendo-se, a instalação de novos
povoamentos seguindo novos modelos de silvicultura, adaptados às estações florestais,
utilizando as mesmas espécies ou outras.

Rede divisional: Conjunto de faixas – aceiros e arrifes – que dividem a exploração em


unidades territoriais de planificação, para efeitos de administração. Estas redes podem
integrar redes de defesa da floresta contra incêndios.

Rede viária: Conjunto de vias de comunicação.

Regime cultural: Refere-se á forma como se obtém a regeneração das árvores ou dos
povoamentos.

Regime de alto fuste: Quando o povoamento se perpetua, direta ou indiretamente, por


via seminal.

Resinosas: Árvores florestais originadas há mais de 300 milhões de anos, pertencentes ao


grupo botânico das gimnospérmicas, caracterizadas por apresentarem folhagem perene
e em forma de agulhas ou escamas. Incluem espécies, como as criptomérias, os
pinheiros, os abetos, as píceas, as sequoias, as pseudotsugas, os ciprestes, os zimbros e os
cedros, entre outras espécies (mais de 630 espécies).

Rotação: Intervalo de tempo que decorre entre a realização de cortes da mesma


natureza no mesmo local de uma mata.

Secção: Parte da unidade de gestão que tem a mesma função dominante e que está
sujeita a um determinado tipo de tratamento. Pode não coincidir exatamente com o
limite dos talhões, mas vir a ser constituída por conjuntos de parcelas,
independentemente da sua distribuição no espaço e nos talhões.

Servidão administrativa: Ónus ou encargo imposto por uma disposição legal sobre uma
propriedade e limitadora do exercício do direito da propriedade, por razões de utilidade
pública. Resulta imediatamente da Lei e do facto de existir um objeto que a Lei
I.FP.016.02 – 12/2015 12 / 39
considere como dominante sobre os prédios vizinhos.

Sub-região florestal homogénea: Abordagem funcional da floresta na perspetiva da


organização dos espaços florestais, que tem por base informação de cariz biofísico, de
uso do solo e socioeconómico do setor florestal e que permite uma delimitação dos
espaços florestais em resultado da análise e síntese hierárquica das funções
desempenhadas pelos mesmos, com vista à otimização do uso dos recursos florestais. As
sub-regiões florestais homogéneas visam concretizar as orientações estratégicas setoriais
regionais.

Talhadia: Povoamento proveniente de rebentos ou pôlas de origem caulinar ou radicular.

Talhão: Divisão elementar da mata para a sua administração. É uma unidade territorial
de planeamento e de seguimento da gestão, sendo utilizada como quadro de
referência geográfica. Os talhões são identificados através de numeração árabe.

Toragem e Empilhamento: parte da operação onde a árvore já desramada e


eventualmente descascada é seccionada pela cabeça processadora em toras de
tamanho predefinido de maneira a agrupá-las em pequenas pilhas.

Trilhos: Vias temporárias destinadas à passagem exclusiva de tratores e de máquinas


florestais.

Unidade de exploração: composta por uma ou mais (geralmente apenas uma) unidades
de gestão contíguas e agrupadas para efeitos de exploração florestal.

Unidade de gestão: parcela de características relativamente homogéneas, gerida como


uma unidade.

Unidade Operacional de Gestão: É a unidade de macrozonamento da gestão,


constituída por um conjunto de parcelas de uma Exploração Florestal\Agroflorestal, com
características homogéneas em função de determinados critérios pré-estabelecidos
(ocupação do solo, tipo de formação florestal que se pretende fomentar, e o tipo e
gestão a implementar).

Zonas húmidas: Áreas terrestres onde a vegetação e as condições microclimáticas são


produto da presença e influência conjuntas de água permanente ou temporária, lençóis
freáticos elevados e solos que apresentam algumas características de encharcamento/
humidade.

I.FP.016.02 – 12/2015 13 / 39
Povoamento florestal:

Escolha de espécies:

A floresta fornece inúmeros bens e serviços, desde os bens diretos, como por exemplo
madeira ou os frutos florestais, passando pelo bens indiretos (a caça, os cogumelos, ….)
ate aos serviços:

❖ regularização do regime hídrico, proteção do solo, manutenção da biodiversidade,


criação de áreas de recreio, entre outros.

❖ Os sistemas de produção florestal permitem ainda produzir de forma sustentada, isto


é, produzir sem degradar o meio ambiente onde se inserem, desde que geridos
corretamente.

❖ Ao planear-se uma arborização a nível local, a 1º fase será a escolha da informação,


para se caraterizar o potencial produtivo da estação e identificar limitações á
arborização.

I.FP.016.02 – 12/2015 14 / 39
Esta escolha deve incidir fundamentalmente sobre os seguintes aspetos:

Fatores edafo-climáticos – as caraterísticas da estação (material que origina o solo,


tipo de solo, temperatura atmosférica, quantidade e distribuição da precipitação,
exposição, declive) permitem caraterizar o respetivo potencial produtivo, identificar
as espécies que a ela melhor se adaptarão e conhecer as limitações naturais á
florestação.

Acessibilidade do terreno – a existência de uma boa rede viária, que emite a


mecanização das intervenções culturais e das operações da exploração florestal,
é fundamental, principalmente no caso das plantações produtoras de bens, tanto
lenhosas como não lenhosas;

Condicionantes da florestação – deve averiguar-se, previamente, junto das


camaras municipais, direções regionais de agricultura, direção-geral das florestas e
instituto da conservação da natureza, a existência de planos ou projetos que
condicionem a atividade florestal (integração em áreas protegidas, reserva
ecológica nacional, reserva agrícola nacional, planos diretores de ordenamento
florestal, …..)

Zona envolvente – a caracterização da zona envolvente permite identificar possíveis


fontes de conflito ou de complementaridade, tais como explorações agrícolas que
possam ser afetadas pela arborização, industrias poluentes, presença de fauna
silvestre ou de gado que ponha em risco a nova arborização, polos turísticos, …..

Meios disponíveis – o levantamento dos meios técnicos e financeiros para a


arborização e o acompanhamento dos povoamentos instalados permite, se
necessário, ajustar os objetivos da arborização e estabelecer de um modo
detalhado o modelo de silvicultura mais apropriado.

Risco de incendio – a análise dos fatores de risco e do índice de perigo permite a


planificação de ações especificas de proteção da arborização, designadamente
a criação de zonas de descontinuidade e implantação de pontos de agua.

Objetivos da arborização – é um dos fatores mais importantes que concorre para o


planeamento da arborização, condicionando a escolha das espécies e o modelo
de silvicultura a seguir: a clara definição dos objetivos, permite a atingir,
I.FP.016.02 – 12/2015 15 / 39
necessariamente adequados as caraterísticas da estação, permite estabelecer o
conjunto de técnicas a aplicar durante a vida do povoamento, de modo a que os
mesmos sejam alcançados. A sua definição depende diretamente dos fatores
anteriormente mencionados e ainda das excetivas e interesses do
proprietário/empresário.

A escolha das espécies a utilizar na arborização depende das caraterísticas edafo-


climáticas, das caraterísticas ecológicas-culturais das espécies, dos objetivos do
empresário e dos programas de financiamento as suas caraterísticas ecológicas-culturais
disponíveis.

A caracterização da zona a arborizar permite identificar quais as espécies que a ela


melhor se adaptam, atendendo as suas caraterísticas ecologias –culturais. A partir desta
seleção primaria, e tendo em conta os programas de financiamento disponíveis,
escolhem-se aquelas que melhor se adaptam aos objetivos do gestor e estabelecem-se
os respetivos modelos de silvicultura.

Um outro aspeto a ter em atenção, particularmente relevante no caso da área a arborizar


ser extensa. É a constituição de povoamentos puros ou mistos. Embora os povoamentos
puros sejam mais fáceis de implantar e gerir, comportam alguns inconvenientes: maior
suscetibilidade a pragas e doenças, menor diversidade ecológica, menor valor
paisagístico e um maior risco de perda financeira, no caso do material produzido ter
perdido valor no momento da exploração.

Há situações, como o caso de povoamentos mistos de sobreiro e pinheiro, em que a


espécie secundário(pinheiro) pode contribuir para uma melhor conformação da espécie
principal(sobreiro) proporcionando ainda rendimento antes da espécie principal entrar em
exploração.

A disponibilidade de plantas e /ou sementes quer em quantidade, quer em qualidade é


outro fator que pode influenciar a escolha da espécie. Muitas espécies não produzem
semente em quantidade todos os anos, pelo que se deve averiguar se existem plantas ou
sementes suficientes no mercado. A qualidade das plantas é também essencial para o

I.FP.016.02 – 12/2015 16 / 39
sucesso da plantação. As plantas a utilizar não devem apresentar sinais de doença ou
descoloração, devem possuir um sistema radical proporcional a parte aérea, com uma
raiz principal robusta, não bifurcada ou enrolada, e raízes secundárias abundantes. A parte
aérea não deve apresentar feridas não cicatrizadas, deve ser constituída por um caule
único e direito e respeitar os diâmetros mínimos do colo e de altura da planta, quando tal
for exigido por lei.

I.FP.016.02 – 12/2015 17 / 39
Regeneração dos povoamentos florestais

Considera-se que a perpetuidade dos povoamentos florestais pode ser assegurada


através da sementeira, plantação ou regeneração natural. A plantação é o método mais
comum de instalação de povoamentos. A sementeira é mais indicada em zonas onde não
seja de temer a destruição das sementes.

Regeneração em ecologia é um processo de recomposição de uma forma de vegetação,


anteriormente eliminada de uma determinada área.

A regeneração pode ser natural ou artificial.

Regeneração natural
A regeneração natural, pelos seus baixos custos e adaptabilidade das jovens plantas, é

I.FP.016.02 – 12/2015 18 / 39
indicada para povoamentos existentes, especialmente os irregulares, ou os regulares
desde que haja fornecimento de semente

(para mais detalhes ver HARMER, 1995, 1994a, b; PIUSSI, 1994; DAVIS e JOHNSON, 1987;
AYANZ, 1986; LANIER et al., 1986). A sua utilização nos povoamentos mistos deve ter em
atenção o grau e forma de mistura.

A natureza tem um grande poder de se regenerar. Mesmo áreas que sofreram profundas
alterações ou desmatamento podem conseguir, dependendo das condições, tornarem-
se florestas novamente, só com a ajuda do tempo e de processos ecológicos naturais, sem
a necessidade de intervenção humana – especialmente se essa área estiver perto de
outros fragmentos florestais.

Uma área pode ser restaurada se aproveitando da regeneração natural de duas formas:

Regeneração natural sem manejo: Em uma área de potencial de regeneração alto, a


restauração por regeneração natural consiste em deixar que os processos naturais atuem
livremente. Para isso, o produtor ou proprietário da área precisa tomar algumas medidas
de isolamento da área, como a construção e manutenção de cercas para limitar o acesso
de pessoas e animais de produção ou domésticos.

Regeneração natural com manejo: Dependendo da área, a natureza precisa de uma


ajuda da ação humana para se regenerar. Nesse caso, além do isolamento, outras
medidas são necessárias para permitir que a regeneração aconteça, como controle de
plantas competidoras, controle de formigas, adubação, entre outras.
I.FP.016.02 – 12/2015 19 / 39
Regeneração artificial
Regeneração florestal, também denominada de reprodução florestal, é o processo de
substituição das árvores colhidas, por novas árvores, para garantir a continuidade do
povoamento florestal. Enquanto regime florestal, ou método de regeneração são os
procedimentos ordenados que incluem o corte parcial ou total de um povoamento
existente e o estabelecimento de um novo povoamento.

A regeneração artificial é aquela em que o homem está envolvido no processo de


implantação de um novo povoamento florestal; a regeneração artificial, que pode ser
feita através da semeadura direta ou do plantio de mudas.

Este tipo de regeneração é indicado quando faltam árvores;

• no estabelecimento de espécies exóticas;

• nas plantações extensivas ou plantios de curta rotação;

• quando é necessária uma cobertura rápida do solo para evitar erosão e quando,
apesar de ocorrer regeneração natural, esta não ocorre no momento desejado.

A regeneração propicia inúmeras vantagens:

❖ pois é possível selecionar a espécie ou as espécies que serão plantadas, segundo


o objetivo do empreendimento florestal, de modo que o povoamento implantado
apresenta relação mais direta com o povoamento colhido;

❖ também é possível selecionar o local e época de plantio, o que permite escolher


sítios de melhor qualidade, que podem propiciar melhores incrementos, além de
implantar o povoamento na época mais adequada;

❖ os povoamentos implantados por este método são mais uniformes e regulares, pois
a divisão em talhões, o planejamento de aceiros, estradas e acessos permite um
fluxo mais fácil de máquinas e implementos, do controle e das execução das
práticas para condução desses povoamentos;

❖ finalmente, é possível o estabelecimento de espécies exóticas ou espécies que não

I.FP.016.02 – 12/2015 20 / 39
ocorrem na área ou no povoamento colhido, se isto for desejável.

Regeneração artificial - vantagens


http://www.ciflorestas.com.br/conteudo.php?id=12093

Operações de preparação do terreno

O preparo do terreno consiste na retirada de obstáculos, de toda área, em faixas ou áreas


menores, que atrapalham as operações de preparo do solo e a semeadura direta ou a
plantação de mudas na implantação do povoamento florestal.

A remoção de vegetação é a primeira atividade a ser executada, sendo que esta


operação é basicamente afetada pelo tipo ou estado da cobertura vegetal, pela
topografia da área e pelas características da espécie a ser plantada. De modo geral pode
ser encontrada:

• uma vegetação primária autóctone, com ou sem exploração prévia;

• uma vegetação secundária, proveniente de regeneração natural sobre área


anteriormente trabalhada

• vegetação residual de atividade agropecuária.

A remoção da vegetação pode ser feita através de tratamento mecanizado, pelo uso da
queima controlada, por tratamento químico, por tratamento manual ou através de
tratamento combinado.

❖ Quanto à queima controlada, apesar de ser uma prática usual e barata, existem
muitas restrições quanto ao seu uso, principalmente pelo perigo potencial se houver
qualquer descontrole, pela queima de material orgânico com aumento da taxa de
dióxido de carbono na atmosfera. Esta técnica é mais indicada para remover
vegetação secundária de menor porte, culturas e restos agropecuários
abandonados, devendo ser utilizada em áreas sem perigo de erosão, sem
regeneração natural, além de seguir as recomendações técnicas do órgão de
fiscalização ambiental e sua respetiva autorização.

I.FP.016.02 – 12/2015 21 / 39
❖ O tratamento químico, semelhante à queima controlada, também apresenta
inúmeras restrições, sendo o custo uma das principais, além de ser indicado mais
para cultura ou pastagem abandonadas. Esta técnica consiste em utilizar
herbicidas para matar a vegetação.

❖ O tratamento manual também tem utilização limitada em empreendimentos


florestais. A operação é efetuada com foice e enxada, apenas em pequenas áreas
e em locais inclinados sujeitos à erosão. Neste caso muitas vezes podem ser abertas
apenas as linhas de plantio ou somente pequenas coroas onde serão depositadas
as mudas ou sementes.

Controlo da vegetação espontânea

Com as intervenções sobre a vegetação espontânea pretende-se, quer anular ou diminuir


a sua capacidade de competição relativamente a alguns fatores de produção (água,
nutrientes, luz), quer, em certas situações, reduzir os riscos de incêndio a ela associados,
quer, ainda, possibilitar a realização de determinadas operações subsequentes de
mobilização do solo.

A vegetação espontânea é um importantíssimo fator de proteção do solo contra a erosão


e uma fonte de matéria orgânica, assumindo ainda, com frequência, um papel de
proteção das jovens plantas contra o vento, a insolação e a geada, sendo por estes
motivos de toda a conveniência que, em muitas situações, a sua conservação seja feita
pelo menos em faixas regularmente distanciadas e dispostas em curva de nível;

• A conservação de uma parte da vegetação espontânea atenua os impactos negativos


em termos de biodiversidade, o que poderá refletir-se de forma benéfica, nomeadamente,
na riqueza em fauna cinegética;

• Nas áreas envolventes das linhas de água o risco de erosão é frequentemente muito
elevado, uma vez que se trata de áreas de concentração do escoamento de águas
pluviais. Nestas faixas (a que por norma é atribuída uma largura mínima de 10 metros para
cada lado, decorrendo tal facto das definições e condição jurídica de margem expressas

I.FP.016.02 – 12/2015 22 / 39
legalmente (Decreto-Lei n.º 468/71, de 5 de Novembro)) deve ser feita uma rigorosa
prevenção dos fenómenos erosivos, pelo que é fundamental a adoção de medidas que
visem a sua proteção, de entre as quais se destacam, pela sua particular conveniência, a
manutenção da totalidade ou de uma parte significativa da vegetação espontânea e a
não realização de quaisquer mobilizações do solo, com exceção das localizadas;

• As áreas da Reserva Ecológica Nacional (REN) – particularmente as áreas classificadas


como "áreas com riscos de erosão", "cabeceiras das linhas de água", "áreas de máxima
infiltração" e "faixas de proteção a lagoas e albufeiras", por serem as áreas da REN onde
mais frequentemente se verificam intervenções de índole florestal – foram definidas e
delimitadas pela sua maior sensibilidade e importância relativamente a objetivos de
gestão e conservação de recursos, alguns dos quais – como o solo e a água – se podem
considerar vitais. Por estas razões, é fundamental que nestas áreas sejam adotadas
práticas que contribuam para garantir a conservação do solo e a manutenção ou o
aumento das taxas de retenção e infiltração hídricas;

• A destruição total da vegetação pode originar o surgimento de pragas – como as de


insetos pertencentes aos géneros Brachyderes e Anoxia – que podem ser responsáveis pela
inutilização de plantas jovens e por elevadas taxas de mortalidade em novos
povoamentos florestais.

Operações e métodos de controlo da vegetação espontânea

Quanto ao grau de incidência sobre o solo:

❖ Operações que não mobilizam o solo, afetando em grau elevado a componente


aérea da vegetação e, a prazo e em maior ou menor grau, a componente radical
(roças de mato manuais ou mecânicas, corte de vegetação herbácea, aplicação
de produtos químicos);

❖ Operações que mobilizam o solo, afetando simultaneamente as componentes


aérea e radical (corte e arranque localizado com recurso a meios manuais ou
mecânicos, gradagens, lavouras e outras mobilizações mecânicas do solo).

I.FP.016.02 – 12/2015 23 / 39
Quanto à forma de execução:

❖ Operações manuais;

❖ Operações motomanuais;

❖ Operações mecanizadas.

Quanto à natureza da ação:

❖ Operações mecânicas;

❖ Operações químicas.

Os métodos de controlo da vegetação espontânea podem


dividir-se, de acordo com a área de incidência das operações, em:

❖ Métodos de controlo localizado (restringido à periferia

dos locais de plantação ou sementeira);

❖ Métodos de controlo em faixas (de largura variável);

❖ Métodos de controlo total (contínuo ou generalizado).

Para efeitos de exposição, usar-se-á, para as operações, a separação entre operações de


controlo manuais e motomanuais, mecanizadas e químicas.

Operações manuais e motomanuais


Por norma são usadas em áreas onde se torna difícil ou impossível o uso de meios
mecanizados – podendo tal facto dever-se quer a declives muito acentuados (superiores
a 30-35%), quer a uma grande abundância de afloramentos rochosos, quer ainda à
existência de regeneração de espécies arbóreas que interessa proteger – ou em situações
em que a reduzida dimensão da área a intervir torna financeiramente incomportável e
injustificável o custo da deslocação de meios mecanizados pesados.

Nas operações manuais são usados utensílios manuais de corte (podoas, roçadouras e

I.FP.016.02 – 12/2015 24 / 39
machados para vegetação lenhificada, e foices e gadanhas para vegetação herbácea)
ou de corte e arranque (enxadas).

Nas operações motomanuais são usadas motorroçadouras (variando o tipo com o grau
de lenhificação da vegetação) e mesmo motosserras (para vegetação lenhificada muito
desenvolvida).

Atendendo às razões invocadas anteriormente e ao elevado custo da mão-de-obra, é


aconselhável realizar estas operações apenas parcialmente (em faixas ou de forma
localizada, quando não ocorra arranque de vegetação e mobilização do solo, e só de
forma localizada quando se proceda ao arranque de vegetação), devendo ainda as
faixas disporem-se em curva de nível sempre que existam riscos de erosão.

Operações mecanizadas
As operações mecanizadas podem ser de dois tipos:

❖ umas atuam somente na parte aérea da vegetação, fracionando-a em maior ou


menor grau;

❖ outras atuam simultaneamente nas componentes aéreas e radicais da vegetação


e numa camada de solo com profundidade variável.

O primeiro grupo é constituído pelas operações que recorrem à utilização de diversos tipos
de corta-matos, enquanto no segundo grupo, ainda que abrangendo operações
relativamente diversas, se destacam, pela maior frequência com que são usadas, a
gradagem e a lavoura.

I.FP.016.02 – 12/2015 25 / 39
Uso de corta-matos
A destruição exclusivamente da parte aérea
da vegetação é feita utilizando corta-matos,
e é uma operação com um efeito tanto mais
duradouro quanto menor for a capacidade
de regeneração da vegetação através da
emissão de rebentos de toiça ou de raiz.

Os corta-matos, de que existem vários tipos,


tanto podem atuar sobre vegetação
herbácea como sobre vegetação lenhificada
em maior ou menor grau, devendo para isso
usar-se o tipo mais adequado: por norma,
corta-matos de eixo vertical (que podem
estar equipados com lâminas, discos, facas ou
correntes) para a vegetação herbácea ou arbustiva pouco ou medianamente
desenvolvida, e corta-matos de eixo horizontal (também chamados por vezes
destroçadores de mato) para vegetação arbustiva muito desenvolvida.

O uso de corta-matos pode, com frequência, ser preferível à utilização de equipamentos


que mobilizem o solo, nomeadamente nas seguintes situações:

❖ Quando o risco de erosão se apresente elevado ou muito elevado;

❖ Em áreas de maior sensibilidade ecológica (devido, por exemplo, à ocorrência de


espécies – que podem ser, entre outras, pequenos mamíferos e répteis, ou espécies
vegetais de porte herbáceo – raras ou ameaçadas, ou ainda por causa da
necessidade de respeitar determinadas condições ligadas à reprodução de
espécies animais);

❖ Quando o porte e constituição da vegetação arbustiva – caso se apresente muito


desenvolvida, e ainda, por vezes, com elevada flexibilidade e dificilmente
quebrável, como as espécies do género Cytisus – torne pouco eficazes e mesmo
contraproducentes outros processos mecanizados, como, por exemplo, o uso de
grades pesadas;

I.FP.016.02 – 12/2015 26 / 39
❖ Quando a formação de uma cobertura morta seja considerada favorável
(nomeadamente em termos de redução da evaporação da água do solo e de
retardamento ou inibição da regeneração e desenvolvimento de vegetação
espontânea);

❖ Quando toda ou alguma da vegetação presente – por exemplo, gramíneas rústicas


com grande capacidade de proliferação, ou espécies arbustivas ou arbóreas com
uma elevada capacidade de regeneração por via seminal (podendo a situação
ser considerada ainda mais grave se uma parte das sementes apresentar longos
períodos de dormência, como acontece com o género Acacia) – faça prever a
possibilidade de uma recolonização mais agressiva e intensa por parte destas
espécies espontâneas na sequência de mobilizações do solo.

Gradagem e lavoura
A destruição das componentes aéreas e radicais das plantas com simultânea mobilização
do solo pode ser feita recorrendo a diversas operações. As mais comuns são:

❖ A gradagem com grade de discos, que corta e enterra parcialmente a vegetação;

❖ A lavoura com charrua de aivecas (eficaz sobretudo com vegetação herbácea ou


arbustiva pouco densa e de pequeno porte), que, pela ação de reviramento da
leiva, enterra a parte aérea e expõe a parte radical. Qualquer destas operações
pode ser realizada a profundidade variável – não sendo necessário, por norma,
ultrapassar os 30 cm – devendo ainda a sua execução, na maioria das situações,
fazer-se em curva de nível. Quando exista a possibilidade de ocorrer
encharcamento prolongado, podem ser realizadas com uma ligeira inclinação (1 a
3%).

I.FP.016.02 – 12/2015 27 / 39
Ainda que a gradagem seja realizada mais frequentemente como operação prévia de
limpeza – antecedendo, portanto, outras operações exclusivamente ou dominantemente
de mobilização do solo –, a sua execução pode proporcionar, em certas situações, uma
mobilização do solo suficiente, ao mesmo tempo que faz o controlo da vegetação
espontânea.

É o que acontece, por exemplo, quando o perfil do solo não apresente níveis compactos
ou endurecidos e quando a ausência de aridez ou os nulos ou baixos riscos de erosão não
tornem necessária a construção de vala e cômoro em todas as linhas de plantação ou
sementeira (sem prejuízo de aquela poder ser construída com o espaçamento
considerado suficiente para a prevenção da erosão).

A lavoura (incluindo a sua variante conhecida como vala e cômoro), por outro lado,
apesar de ser mais frequentemente utilizada como operação de mobilização do solo,
pode, se o tipo de vegetação o permitir – o que acontece sobretudo com vegetação
herbácea ou arbustiva pouco densa e pouco desenvolvida, como já foi referido –,
funcionar como operação única de controlo da vegetação e de mobilização do solo.

Além disso, não deve ser esquecido que ocorrem situações – como, por exemplo, pousios
recentes – em que o fraco porte e a pouca abundância de vegetação espontânea
tornam desnecessária qualquer operação destinada ao seu controlo, podendo realizar-se
de imediato as operações de mobilização do solo consideradas necessárias,
I.FP.016.02 – 12/2015 28 / 39
independentemente de estas afetarem muito ou pouco a vegetação.

Outras operações
Existem ainda outras operações que, para além de mobilizarem o solo, podem ser
utilizadas simultaneamente como operações de controlo da vegetação espontânea:

❖ é o caso das escarificações (sobretudo quando a vegetação se apresente pouco


desenvolvida), das fresagens (eficazes também com vegetação pouco
desenvolvida, mas cujo uso, devido aos efeitos prejudiciais que tem sobre a
estrutura do solo, deve ser reservado para solos sem estrutura, como os solos
fortemente arenosos, e ainda na condição de os riscos de erosão serem muito
baixos ou nulos), e, em intervenções localizadas, da limpeza com retroescavadora
antecedendo a abertura de covas com a mesma máquina.

À semelhança da gradagem, tanto as escarificações como as fresagens podem, em


situações de solo favorável, constituir operações únicas de preparação do terreno
antecedendo a plantação ou sementeira.

Operações preparatorias

Após o terreno estar desimpedido serão efetuadas as operações de preparo físico de solo,
que consistem em aração, gradagem, nivelamento e terraceamento, bem como o
preparo químico, que trata da correção do solo.
I.FP.016.02 – 12/2015 29 / 39
Arar - consiste em lavrar o solo e melhorar suas características físicas. Após a aração o solo
fica lavrado e com bastante torrões, sendo em seguida executada a operação de
gradagem para aplainar e destorroar o solo, pela passagem de grade também
tracionada por trator pneumático.

Esta operação pode ser melhorada com a operação de nivelamento, pela passagem de
grade niveladora, principalmente quando as operações seguintes forem também
mecanizadas.

Em terrenos inclinados ou para aumentar a proteção do solo contra a erosão é


recomendada a prática de terraceamento, pela construção de terraços, patamares
construídos para proteger o solo da ação de água pluvial ou aumentar a absorção dessa
água.

Operações especificas de mobilização do terreno

A mobilização do solo tem por objetivos fornecer às jovens plantas as melhores condições
possíveis de desenvolvimento:

❖ Aumentar a capacidade de retenção de água;

❖ Descompactar o solo, melhorando tanto a infiltração como o arejamento;

❖ Aumentar a profundidade do solo, eliminando horizontes impermeáveis ou o “calo


da lavoura” característicos dos terrenos agrícolas;

Mobilização do solo
Com as intervenções sobre o solo pretende-se – além do controlo da vegetação
espontânea, quando as operações sirvam também este objetivo – melhorar algumas das
suas características físicas, nomeadamente a porosidade e as capacidades de retenção
e infiltração hídricas, e facilitar ou melhorar o desenvolvimento do sistema radical das
plantas a instalar.

Operações e métodos de mobilização do solo


As operações de mobilização do solo, à semelhança do controlo da vegetação
espontânea, podem distinguir-se entre si em função de diversos parâmetros:

I.FP.016.02 – 12/2015 30 / 39
Quanto à forma de execução:

❖ Operações manuais;

❖ Operações mecanizadas.

Quanto à forma como é afetada a camada de solo mobilizada:

❖ Operações que não provocam uma alteração significativa da disposição dos


horizontes do solo;

❖ Operações que provocam a inversão dos horizontes do solo (ou uma alteração
significativa da disposição dos mesmos horizontes).

Operações manuais
À semelhança das operações manuais de controlo da vegetação espontânea, são
sobretudo usadas em situações onde a utilização de meios mecanizados se revela
problemática, devido quer ao declive elevado (superior a 30-35%), quer à existência de
afloramentos rochosos abundantes, quer ainda à reduzida dimensão da área a preparar.

A mobilização manual do solo como operação de preparação do terreno consiste na


mobilização, com ferramentas manuais, de um determinado volume de solo. Para tal,
procede-se, por norma, ou à abertura de covas com dimensões variáveis (mais
frequentemente com 30 a 40 cm de lado e igual profundidade), usadas sobretudo em
plantações, ou de covachos de menor dimensão para sementeiras. Num e noutro caso
mobiliza-se mais do que aquilo que seria necessário à plantação ou sementeira
propriamente ditas, uma vez que objetivo é o de pôr à disposição das jovens plantas um
volume adequado de solo mobilizado em todo o espaço envolvente dos sistemas radicais
em crescimento.

Operações preparatorias
Ao término do preparo físico do solo, pode ser necessário alguma alteração química,
como a correção do solo, pela aplicação de calcário para aumentar o pH e melhorar as
condições nutricionais do solo.

Esta operação depende da análise prévia do solo para quantificar o produto e o tipo de
I.FP.016.02 – 12/2015 31 / 39
calcário.

https://www.yumpu.com/pt/document/read/12850564/operacao-de-preparacao-do-
terreno

Sementeiras florestais

A plantação e sementeira são as operações finais de instalação de um povoamento


florestal. Os cuidados e técnicas inerentes à sua execução adquirem uma importância
fulcral na viabilização e qualidade do futuro povoamento.

Na plantação são colocadas, em solo previamente preparado, plantas de torrão ou de


raiz nua produzidas em viveiro; enquanto na sementeira se efetua a aplicação direta de
sementes no local de instalação definitiva do povoamento. A sementeira pode ser
realizada na totalidade, ou apenas em parte do terreno. No caso de se realizar em parte
do terreno, pode ser feita em: manchas, linhas, faixas ou pontualmente.

É uma das formas de utilizar a regeneração artificial e consiste na deposição das sementes
diretamente na área onde será estabelecido o povoamento florestal. Indicada para
espécies com sementes grandes, com intensa produção e fáceis de coletar, ou que
desenvolvem mal em viveiro.

Esta técnica apresenta as vantagens de


ser mais barata e produzir plantas sem
defeitos no sistema radicular, comparada
com o processo de produção de mudas
em viveiro. Contudo apresenta
desvantagens, pois é necessária uma
grande quantidade de sementes, os
povoamentos apresentam distribuição
irregular; há necessidade de maiores
cuidados silviculturais, pois o estágio de
plântula é bastante sensível à competição,
abafamento ou à ação de agentes
danosos.

I.FP.016.02 – 12/2015 32 / 39
Condições de aplicação

O recurso à plantação relativamente à sementeira deve ocorrer, preferencialmente, nas


seguintes condições:

❖ Edafo-climáticas

– Os solos serem de textura pesada ou inundáveis;

– As condições climáticas serem rigorosas, isto é, haver probabilidade de ocorrência de


geadas fortes e/ou de secura acentuada.

❖ Do material vegetal

– Utilizar com espécies que produzam pouca semente ou em que a semente tenha baixa
capacidade germinativa;

– As espécies não serem muito sensíveis à transplantação;

– O material de reprodução utilizado ser melhorado, o que, face ao seu custo elevado,
torna necessária uma gestão rigorosa desse material.

❖ De outros agentes bióticos

– Detetar-se a presença de fauna silvestre suscetível de causar danos ou de consumir as


sementes

Tipo de plantas:

Existem dois tipos fundamentais: plantas de raiz nua e plantas de torrão.

❖ Planta de raiz nua - Neste tipo de plantas, o sistema radicular, à saída do viveiro,
não apresenta terra a envolvê-lo, pelo que se encontra a descoberto. O utilizador
das plantas deve certificar-se, ainda no viveiro, de que os respetivos sistemas
radiculares não foram danificados durante o arranque. Os custos de produção, de
transporte e de plantação são inferiores aos das plantas de torrão. Utilizam-se,
normalmente, em situações favoráveis de temperatura e humidade, variáveis
consoante a espécie. Por serem mais sensíveis às crises de transplantação, os
períodos de plantação são mais curtos do que os das plantas de torrão.

❖ Plantas de torrão - Este tipo de plantas é produzido em contentor, mantendo-se o

I.FP.016.02 – 12/2015 33 / 39
sistema radicular sempre envolto num substrato. O conjunto constituído pelas raízes
e pelo substrato forma o torrão. Os períodos de plantação são mais longos que os
das plantas de raiz nua, já que o substrato, protegendo as raízes, possibilita a
conservação da humidade à sua volta e torna-as menos suscetíveis às crises de
transplantação.

Plantações florestais

A implantação dos povoamentos depende de um planeamento inicial das áreas


destinadas a seus talhões e do número de mudas necessárias. A quantidade de mudas
que ocupa um talhão é definida pelo espaçamento inicial que é a distância entre as linhas
de plantio e a distância entre as plantas dentro de cada linha, cujo produto expressa a
área disponível para o crescimento inicial de cada árvore. Esta ocupação do espaço
também pode ser expressa pela densidade, que é a quantidade de árvores em um
hectare.

Condições essenciais para o sucesso das instalações


https://www.icnf.pt/api/file/doc/e550b62b6b44f397

Aprovisionamento em água
Os pontos de água são zonas alagadas artificialmente, com água proveniente de
qualquer forma de precipitação atmosférica ou de cursos de água, e podem ser formados
por pequenas barragens de terra batida, tanques de alvenaria ou betão, reservatórios
metálicos e charcas escavadas com ou sem revestimento. Estas estruturas são construídas
ou colocadas no interior dos povoamentos florestais para melhorar as condições de
combate aos incêndios florestais e, em simultâneo, contribuir para aumentar a
biodiversidade nos locais onde são colocados.

Arejamento do solo
1º Evitar as estagnações de água

Se o seu terreno apresenta zonas com má drenagem: modifique o seu perfil, coloque um
dreno e plante nessas zonas apenas as espécies que aí se adaptem (são pouco numerosas,
I.FP.016.02 – 12/2015 34 / 39
não oferecendo, portanto, uma escolha muito vasta).

2º Aplicar composto orgânico para mistura

Se o seu solo for de tipo arenoso ou saibroso, seja de areia branca ou de argila, tem uma
estrutura fraca, podendo tornar-se asfixiante para as raízes ou não permitir a retenção da
humidade suficiente para o seu desenvolvimento. O composto orgânico é constituído,
essencialmente, por turfa, possuindo fibras mais ou menos longas que permitem melhorar
a estrutura do solo. Ao misturar um composto orgânico na terra, torná-la-á mais arejada, o
que irá favorecer o enraizamento das suas árvores ou arbustos e, consequentemente, o
seu crescimento.

3º Colocar a planta

Para melhorar o arejamento do solo a terra deve ser revolvida, podendo ser utilizados
diferentes utensílios - pá, broca ou até charrua. A quantidade de terra a remover também
tem importância: tente trabalhar a terra até 30 ou 40 cm de profundidade e em largura.

Nutrição mineral

A nutrição mineral é o estudo das formas como as plantas utilizam e obtêm os nutrientes
minerais obtidos através do solo.

As quantidades demandadas de cada nutriente são variáveis, mas todos eles são
igualmente importantes. Entretanto, para fins didáticos, os elementos essenciais podem ser
assim classificados:

Macronutrientes

Os macronutrientes são os elementos básicos necessários em maior volume às plantas. São


eles: carbono, oxigênio, hidrogênio - retirados do ar e da água - e nitrogênio, fósforo,
potássio, cálcio, magnésio e enxofre retirados do solo, sob condições naturais.

Micronutrientes

Os micronutrientes são requeridos em pequenas quantidades, de miligramas (um milésimo


do grama) a microgramas (um milionésimo do grama). São micronutrientes o boro, cloro,
cobre, ferro, manganês, molibdênio, níquel e zinco.

I.FP.016.02 – 12/2015 35 / 39
Nutrição e o solo:
O conceito de solo como meio para o crescimento vegetal é uma noção antiga desde os
primórdios da agricultura. De facto, as características físicas e químicas dos solos
condicionam o crescimento vegetal, ao fazer variar a capacidade de retenção de água,
a solubilidade dos elementos minerais, as transformações minerais e bioquímicas, a
lixiviação dos nutrientes e o pH. O solo é importante para o crescimento vegetal pois supre
as plantas com fatores de crescimento, permite o desenvolvimento e distribuição das suas
raízes e possibilita o movimento dos nutrientes, de água e ar nas superfícies radiculares. O
conjunto de propriedades do solo que propiciam o desenvolvimento vegetal é chamado
fertilidade do solo.

Tolerância das espécies


Fator limitante (ou recurso limitante) é a designação dada ao parâmetro ambiental
(biótico ou abiótico) que efetivamente controla o crescimento de uma população num
determinado biótopo ou ecossistema, limitando o desenvolvimento do organismo e por
essa, via o tamanho e a distribuição da população a que o organismo pertence.

Dependendo da situação concreta, o fator limitante pode ser o espaço, a temperatura,


a disponibilidade de abrigo, de água, de luz ou de um qualquer nutriente ou ainda a
presença de tóxicos ou inibidores. Também fatores de natureza ecológica, como a pressão
I.FP.016.02 – 12/2015 36 / 39
dos predadores ou a ausência de organismos simbiontes ou polinizadores pode constituir-
se em fator limitante. Na realidade, dada a complexidade das relações ecológicas e dos
requisitos de cada organismo e das suas populações, qualquer parâmetro ambiental pode
num determinado tempo e lugar funcionar como "fator limitante".

As tolerâncias das espécies são variáveis quanto às diferentes condições ou níveis de


disponibilidade recursos, pelo que o fator que limita o crescimento do número de
organismos numa população também varia. Algumas espécies têm grande tolerância a
fatores ambientais (sendo designadas por euritópicas), com uma curva de tolerância
aberta e ampla gama ótima de crescimento, enquanto outras apresentam baixa
tolerância e apenas toleram uma gama estreita de variação de determinados fatores
ambientais (estenotópicas).

Resistência às geadas
As geadas podem ser bastante destrutivas. Elas são eventos climáticos que costumam
ocorrer quando temos a junção de três fatores, tais como noites extremamente frias, com
temperaturas ao nível do solo inferiores a 0°C, somadas a céu limpo e alta Umidade do ar
(100%).

Nestas condições a geada se forma (e não cai, como você poderia pensar), através da
sublimação do vapor d’água (a água passa do estado gasoso diretamente para o estado
sólido). A geada é branca, pois nada mais é do que um depósito de cristais de gelo sobre
as plantas.

Na geada negra, temos uma condição atmosférica que provoca o congelamento da


planta, de dentro pra fora, deixando as plantas escurecidas. A diferença é que neste caso
temos o frio intenso, unido a um tempo seco e com ventos fortes. Este tipo de geada é
ainda mais perigoso e de protegermos nossas plantas da geada, estaremos prevenindo os
estragos que esta provoca sobre elas. Conhecendo as técnicas adequadas de proteção,
já podemos tomar atitudes mesmo antes da previsão do tempo, e assim, mantermos as
nossas plantas saudáveis e felizes durante todas as estações do ano.

De forma geral, devemos proteger as plantas sensíveis ao frio, tais como a grande maioria
das plantas tropicais, suculentas, folhagens, floríferas, hortaliças de folhas delicadas, assim

I.FP.016.02 – 12/2015 37 / 39
como árvores frutíferas tropicais como manga e banana. As sementeiras, assim como as
bandejas com estacas e outras mudas jovens também devem ser protegidas das geadas.
Plantas que foram podadas recentemente e estão com brotação nova, mesmo que de
espécies resistentes à geadas, podem estar sensíveis nesta fase do crescimento destrutiva.

Tipos de geada

Quando se verifica a presença de geada, é comum diferenciar-se entre dois tipos:

Geada branca – Termo que se refere aos cristais de gelo que se formam na planta devido
à congelação do orvalho ou à sublimação do vapor de água.

Geada negra – Termo que resulta do aspeto necrótico das plantas afetadas, que parecem
ter sido “queimadas.” A necrose pode ocorrer quando o ponto de orvalho é mais baixo
do que a temperatura negativa atingida pelas plantas ou após a ocorrência de uma
geada branca que causou danos.

Quando classificamos as geadas em função das causas do seu surgimento, verificamos a


existência de vários tipos e subtipos de geadas: geadas de radiação, de advecção, de
advecção-radiação e de evaporação.

Controlo da vegetação espontânea

No controlo da vegetação espontânea recorre-se a um conjunto de técnicas e operações


para eliminar a vegetação concorrente. Esta ação pode ser realizada previamente à
instalação do povoamento, como trabalho preparatório, ou aquando da manutenção
deste. Realizam-se operações manuais (p. ex. escadote, catana, foice), moto-manuais
(motor roçadora e motosserra), mecânicas (corta-matos, grade) ou químicas (aplicação
de herbicida, em situações extremas, de último recurso e quando esta é a única alternativa
viável).

Controlo da vegetação infestante:

Normalmente, após a instalação de um povoamento, é necessário proceder à


I.FP.016.02 – 12/2015 38 / 39
limpeza/eliminação de plantas infestantes. Esta operação encarece muito a manutenção
dos povoamentos, visto que emprega muita mão-de-obra e dependendo do grau de
infestação, é realizada uma ou mais vezes por ano. A limpeza de infestantes é
normalmente necessária nos primeiros cinco anos após a instalação do povoamento.
Passado este período, esta operação poderá justificar-se, mas em menor número.

Em todo o território Nacional, incluindo a Região Autónoma dos Açores, ao longo dos anos,
temos vindo a verificar um aumento de espécies exóticas, muitas delas
invasoras/infestantes. Estas espécies, quando instaladas, causam muitos impactos
negativos de natureza económica, ambiental, social e cultural.

Devido ao aumento das espécies invasoras em todo o mundo, bem como aos impactos
negativos causados por estas, os países começaram a dar mais importância a este
problema.

Em 1999 é publicado, no nosso país, o Decreto-Lei nº 565/99, de 21 de dezembro, o qual


regula a introdução na natureza de espécies não-indígenas (exóticas). Este Decreto-Lei
lista as espécies exóticas introduzidas em Portugal, assinalando entre essas as que são
consideradas invasoras e proíbe a introdução de novas espécies (com algumas exceções).
Este decreto segue diretivas europeias que recomendam a adoção de medidas que
limitem a introdução deliberada e previnam as introduções acidentais de novas espécies,
bem como a tomada de medidas de controlo e erradicação de espécies invasoras já
introduzidas. O decreto proíbe a detenção, a criação, o cultivo e a comercialização das
espécies consideradas invasoras e de risco ecológico.

As invasoras são espécies com características específicas que de um modo geral


apresentam um crescimento rápido e/ou uma grande capacidade de dispersão
reproduzindo-se quer por via seminal quer vegetativamente, produzem muitas sementes
que podem ser viáveis por longos períodos de tempo, competem de um modo mais eficaz
pelos recursos disponíveis comparativamente com as espécies nativas e no local onde são
invasoras não têm inimigos naturais. Estas características não estão obrigatoriamente todas
presentes numa espécie invasora.

I.FP.016.02 – 12/2015 39 / 39

Você também pode gostar