Você está na página 1de 158

Administração de

Medicamentos

2a edição
revista e ampliada

Organizadoras: Aline Laurenti Cheregatti


Rosangela Aparecida Sala Jeronimo

Autores: Ana Paula Miranda Barreto


Fabiano Rodrigues dos Santos
Madalena Monterisi Nunes
Rodrigo Sala Jeronimo

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 3 19/05/11 16:21


Capítulo 3

Farmacologia Geral
Rosangela Aparecida Sala Jeronimo

O termo farmacologia é de origem grega – pharmakon – e apresenta


vários significados: substâncias de uso terapêutico, venenos, substâncias de
uso místico ou sobrenatural, entre outros. Já o termo droga tem sua origem
no holandês e significa folha seca (ervas), pois, até o início do século XX,
todos os medicamentos eram feitos utilizando-se plantas e demais produtos
de origem vegetal.
Os primeiros medicamentos produzidos por indústrias farmacêuticas,
utilizando substâncias sintéticas, estão registrados a partir de 1920. Uma
das primeiras drogas sintéticas registradas é a anfetamina, produzida a par‑
tir de 1927, e indicada como vasoconstritor.
O estudo da farmacologia visa a proporcionar ao profissional conhe‑
cimentos sobre como os agentes químicos e biológicos afetam os sistemas
biológicos dos seres vivos. A farmacologia é uma ciência e seu estudo pode
ser utilizado com finalidade:
• terapêutica: quando é destinada para a cura e/ou controle
de doenças e para o alívio de sintomas;
• preventiva: quando se destina à prevenção de doenças,
como é o caso das vacinas e da colocação de flúor na água
(fluoração); e
• diagnóstica: quando se utiliza contrastes em exames.

O profissional de enfermagem é figura fundamental no processo de


medicação de um paciente. Ele é responsável pelo preparo e administração
31

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 31 18/05/11 20:43


Administração de Medicamentos
de medicamentos em pacientes internados em instituições de saúde e em
outros serviços, como ambulatórios, prontos‑socorros, unidades básicas de
saúde, empresas (enfermagem do trabalho), atendimento domiciliar (home
care) etc. Todos os cuidados de enfermagem prestados a um paciente são
importantes; o ato de medicar pode ser considerado um dos que mais ofe‑
recem riscos. Segundo artigo publicado na Revista de Saúde Pública, em
2009, com base em pesquisa abrangendo 4.026 prescrições médicas no ano
de 2001, observou-se que no total de 7.148 medicamentos de alto risco
prescritos foram registrados 3.177 erros, sendo mais frequente a omissão
de informação (86,5%).
Os aspectos legais que envolvem esse processo, assim como as res‑
pectivas medidas de segurança, foram abordados nos capítulos anteriores.
Neste capítulo, serão esclarecidos conceitos que permeiam o processo me‑
dicamentoso e estão diretamente ligados aos cuidados de enfermagem.

Princípios básicos
Ao administrar qualquer medicamento para um paciente, o profis‑
sional da área da saúde, incluindo-se o de enfermagem, tem como objetivo
primordial alcançar os efeitos terapêuticos desejados provocando o mínimo
de efeitos colaterais. Para isso, é fundamental o conhecimento dos princí‑
pios básicos que envolvem a farmacologia, a saber, a farmacocinética e a
farmacodinâmica, as quais podem ser assim definidas:
• Farmacocinética: é o ramo da farmacologia que estuda o
movimento do medicamento dentro do organismo nas fases
de absorção, distribuição, biotransformação e eliminação.
Descreve a ação do organismo sobre o medicamento.
• Farmacodinâmica: é o ramo da farmacologia que estuda o
local e o mecanismo de ação, e os efeitos do medicamento
32

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 32 18/05/11 20:43


Farmacologia Geral

no organismo. Descreve a ação do medicamento sobre o or‑


ganismo.

Com base nas definições anteriores, detalharemos alguns conceitos,


para melhor compreensão das ações e reações provocadas pelo uso dos
mais diversos medicamentos.

Absorção

Os medicamentos são administrados por diversas vias, fato que in‑


fluencia sua absorção. A absorção é a passagem do fármaco do local onde
foi administrado para a corrente sanguínea. Essa etapa não acontece
quando o medicamento é diretamente administrado na circulação, como,
por exemplo, na via endovenosa. Os locais mais comuns onde ocorre a ab‑
sorção são os músculos, a mucosa oral, a pele e o intestino.
Nos casos de medicamentos administrados por via oral, a absorção
ocorre no trato gastrointestinal e sofre influência de vários fatores, entre
eles: área disponível para absorção; fluxo sanguíneo regional; propriedades
físico-químicas dos medicamentos; concentração local do medicamento;
acidez gástrica; presença ou não de nutrientes no momento da adminis‑
tração; alteração da função gastrointestinal (aumento da velocidade de es‑
vaziamento gástrico, diarreia, constipação etc.); preparação do fármaco e
sua forma de apresentação (comprimidos, soluções etc.); concentração do
medicamento.
Nos medicamentos administrados por via sublingual, a absorção
ocorre na própria cavidade oral, através do sistema venoso bucal.
As vias de administração de medicamentos classificadas como pa‑
renterais (principalmente a endovenosa, a intramuscular e a subcutânea)
apresentam certas peculiaridades quanto à absorção de medicamentos. No
caso da via endovenosa, o medicamento é administrado diretamente na
circulação sanguínea. Na via intramuscular, a absorção está relacionada ao
33

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 33 18/05/11 20:43


Administração de Medicamentos
fluxo sanguíneo do local de aplicação e ao tipo de solução. Soluções que
utilizam água como base são absorvidas mais rapidamente que as soluções
oleosas. As características químicas dos fármacos também podem influen‑
ciar a absorção por via intramuscular. Medicamentos administrados por via
subcutânea apresentam como característica a absorção lenta e contínua.
A absorção de medicamentos pela via transdérmica dependerá das
condições de integridade da pele. Tecidos lesionados promovem uma
absorção mais lenta que tecidos íntegros. A absorção também está rela‑
cionada à extensão do local onde será aplicado o medicamento e o fluxo
sanguíneo na região.

Biodisponibilidade

Biodisponibilidade é definida como a fração do medicamento admi‑


nistrado que atinge a circulação sistêmica. Nos casos de administração de
medicamentos por via endovenosa, a biodisponibilidade é 100%.
O percentual de biodisponibilidade de cada medicamento depende‑
rá de vários fatores, entre eles, o grau e a velocidade de absorção desse
medicamento e a fração que é metabolizada pelo fígado (antes de atin‑
gir a circulação). Alguns medicamentos apresentam um grande percentual
de absorção pelo intestino, mas a fração metabolizada também é grande,
proporcionando um pequeno percentual que atinge a circulação sistêmica.
Esse problema é solucionado nos casos em que o medicamento pode ser
administrado por via endovenosa. Por exemplo, o medicamento propra‑
nolol, quando administrado por via endovenosa, tem dose padrão igual
a 5 mg, porém, quando administrado por via oral, sua dose varia de 40 a
80 mg, para atingir a mesma concentração de medicamento na circulação
sistêmica.
Problemas no fígado podem modificar a metabolização de um medi‑
camento, alterando sua biodisponibilidade.
34

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 34 18/05/11 20:43


Farmacologia Geral

Distribuição

A distribuição é definida como a passagem do medicamento da circu‑


lação sanguínea para os diversos órgãos e tecidos.
Esse processo sofre influência de vários aspectos, entre eles:
• características físico-químicas do medicamento, como lipos‑
solubilidade e grau de ionização;
• tamanho da molécula (complexo fármaco-proteína);
• pH local; e
• vascularização do tecido.

A distribuição pode ser dividida em duas fases. Na fase inicial, estão


envolvidos órgãos que apresentam alta perfusão e recebem a maior parte
do medicamento nos primeiros minutos. Esses órgãos são o coração, o fíga‑
do, o trato gastrointestinal, os rins e o cérebro. Na segunda fase, os órgãos e
tecidos atingidos são os músculos, algumas vísceras, os tecidos com perfu‑
são média e o tecido adiposo.
Outro fator importante relacionado à distribuição é a ligação protei‑
ca. Somente medicamentos livres conseguem passar pelas membranas ce‑
lulares, atingindo seu alvo e promovendo o efeito farmacológico desejado.

Eliminação

A eliminação é a retirada do medicamento do organismo. Esse pro‑


cesso tem início assim que o medicamento atingir a circulação sistêmica. A
eliminação ocorre por modificação metabólica e por excreção.
O fígado é o órgão mais importante no processo de eliminação por
modificação metabólica, podendo ocorrer, também, nos rins, nos pulmões,
no trato gastrointestinal e na pele.
O processo de excreção ocorre principalmente nos rins. A excreção
também pode ocorrer nos pulmões, no trato gastrointestinal (fezes), no
35

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 35 18/05/11 20:43


Administração de Medicamentos
suor, na saliva e nas lágrimas. Alguns medicamentos são eliminados pela
bile, sendo reabsorvidos e eliminados pelos rins.

Conceitos fundamentais
Para melhor compreensão dos conteúdos que serão abordados nos
próximos capítulos, é necessário que o profissional de enfermagem domine
as nomenclaturas mais utilizadas em farmacologia. Além dos termos já es‑
clarecidos, há outros que também são fundamentais, dentre os quais:

• Bioequivalência: é o estudo em que são comparadas a bio‑


disponibilidade de um medicamento de referência e a de um
medicamento genérico. Quando dois medicamentos têm a
mesma biodisponibilidade, ou seja, são bioequivalentes, um
pode substituir o outro.
• Concentração: é a quantidade de determinada substância
(ativa ou inativa) em certo volume ou massa de produto.
Exemplo: solução glicosada 5% significa que em cada 100 ml
de solução há 5 g de glicose.
• Dispensação: é o ato de fornecer o medicamento para o com‑
prador (nos casos de drogarias) ou ao profissional de enfer‑
magem que irá preparar o medicamento e administrá-lo ao
paciente.
• Dose de ataque: é a dosagem única de medicamento com ca‑
pacidade de atingir rapidamente a concentração terapêutica.
• Dose de manutenção: é a dosagem de medicamento que
deverá ser repetida, periódica ou continuamente, para
garantir a estabilidade da sua concentração dentro de limites
terapêuticos.
36

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 36 18/05/11 20:43


Farmacologia Geral

• Dose letal: dose com a qual a morte é atingida. É um efeito


indesejável, normalmente observado em pesquisas laborato‑
riais em animais.
• Droga: é qualquer substância que apresenta como caracterís‑
tica a capacidade de alterar a função dos organismos vivos,
acarretando mudanças fisiológicas e/ou comportamentais.
• Droga-tóxico: droga com ação maléfica sobre o organismo.
Pode‑se também utilizar apenas o termo tóxico.
• Efeito adverso: consiste em uma ação indesejável e não espe‑
rada ocasionada pelo medicamento.
• Fármaco: droga com ação benéfica sobre o organismo. Po‑
de‑se utilizar também o termo medicamento. Substância de‑
nominada princípio ativo de um medicamento.
• Farmacopeia: conjunto de medicamentos (drogas) oficializa‑
do pelo Ministério da Saúde, com ação consagrada e resulta‑
dos eficazes e úteis para a população.
• Farmacovigilância: é a identificação e a avaliação dos efeitos
dos medicamentos sobre o paciente, incluindo o risco do uso dos
medicamentos pela população ou por grupos de pacientes
expostos a determinados tratamentos.
• Idiossincrasia: é a suscetibilidade anormal de um indivíduo
a uma droga, mesmo quando administrada em doses tera‑
pêuticas.
• Janela terapêutica: área entre a dose mínima eficaz e a má‑
xima permitida. Intervalo de dose no qual os resultados são
positivos.
• Medicamento de referência: é o produto inovador, registrado
no Ministério da Saúde, com eficácia e segurança compro‑
vadas, protegido pela Lei de Patente, não podendo ser pro‑
37

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 37 18/05/11 20:43


Administração de Medicamentos
duzido, sem permissão do fabricante, por um determinado
período de tempo.
• Medicamento genérico: medicamento semelhante ao medi‑
camento de referência, produzido após o tempo determina‑
do pela patente, ou, em alguns casos, após quebra dessa pa‑
tente por órgão governamental. No Brasil, os medicamentos
genéricos seguem legislação específica (Lei nº 9.787/1999 e
RDC nº 102/2000).
• Medicamento similar: tem os mesmos princípios ativos do
medicamento de referência, mas apresenta alguma diferen‑
ça quando comparado (rótulo, forma de apresentação, prazo
de validade, excipientes etc.); portanto, não se pode dizer
que são bioequivalentes. Nesses casos, os testes de bioequi‑
valência não são exigidos.
• Medicamento oficinal: produzido nas farmácias de manipu‑
lação ou magistrais.
• Medicamento de controle especial: medicamento relaciona‑
do pela Agência de Vigilância Sanitária e que tem a capacidade
de causar dependência física ou química.
• Medicamento de uso contínuo: utilizado no tratamento de
doenças crônicas, continuamente.
• Medicamento fitoterápico: medicamento cuja composição
utiliza, exclusivamente, vegetais como matéria-prima.
• Meia-vida: tempo necessário para a concentração plasmática
de um medicamento ser reduzida em 50%.
• Posologia: estudo da dosagem dos medicamentos.
• Placebo: medicamento preparado com substâncias inativas,
sem finalidade terapêutica. Pode ser empregado em pesqui‑
sas clínicas ou ainda para satisfazer a necessidade psicológi‑
ca do paciente de receber medicamento.
38

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 38 18/05/11 20:43


Farmacologia Geral

• Pró-droga: substância que passará por transformação no or‑


ganismo, tornando-se uma droga ativa.

Formas de apresentação dos medicamentos


Os medicamentos podem ser classificados por sua forma, apresen‑
tação e, também, por sua ação. A classificação de acordo com a ação será
apresentada no próximo capítulo.
Quanto a sua forma e apresentação, os medicamentos podem ser
classificados em sólidos, líquidos, semissólidos e gasosos.
Os medicamentos disponíveis na forma sólida são divididos em com‑
primidos, drágeas, pós, granulados, cápsulas, pílulas, supositórios e óvulos.
Os medicamentos na forma líquida são as soluções, os xaropes, os elixires, as
suspensões, as emulsões e os injetáveis. Já os medicamentos na forma gasosa
são os aerossóis, e os semissólidos são os cremes, as pomadas, os unguentos,
as loções, os géis e as pastas.

Forma sólida

• Cápsula: o medicamento sólido ou líquido é envolvido por


um invólucro de substância gelatinosa, normalmente no for‑
mato cilíndrico. Apresenta como vantagens a possibilidade
de eliminar o sabor e/ou o odor desagradável do medica‑
mento, facilitar a deglutição e a sua liberação.
• Comprimido: o medicamento sólido (pó) é submetido à
compressão e apresenta formato específico. Os comprimidos
podem ou não ser revestidos por substância açucarada
(Figura 3.2).
• Drágea: normalmente é um comprimido revestido por uma
substância resistente à acidez gástrica. Nesse caso, o medi‑
camento é liberado no intestino. Apresenta as vantagens de
39

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 39 18/05/11 20:43


Administração de Medicamentos
eliminar o odor e/ou o sabor desagradável da droga, além
de facilitar a deglutição e proteger o medicamento da ação
estomacal. Geralmente utiliza-se em medicamentos de ação
intestinal (Figura 3.3).
• Granulado: constitui‑se de pequenos grãos a serem dissolvi‑
dos em água, podendo ser efervescente ou não. Após a di‑
luição total, o medicamento fica com aspecto líquido, o que
pode favorecer a ingestão (Figura 3.4).
• Óvulo: medicamento em forma ovoide destinado à aplicação
vaginal (Figura 3.5).
• Pastilha: essa forma apresenta a capacidade de dissolver‑se
lentamente na cavidade bucal. Encontra-se disponível em
vários sabores para satisfazer o paladar do paciente, facili‑
tando seu uso (Figura 3.6).
• Pílula: medicamento em forma de pó submetido à compres‑
são, tomando o formato esférico. Pode ou não ser revestido
com substância açucarada (Figura 3.7).
• Pó: divide‑se em dois tipos: os facilmente solúveis em água e
os não solúveis em água. Pode ser misturado em alimentos,
para disfarçar eventual sabor desagradável (Figura 3.8).
• Supositório: medicamento em formato cônico ou ogival, com
finalidade de administração por via retal (Figura 3.9).

Figura 3.1 – Cápsula Figura 3.2 – Comprimidos


40

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 40 18/05/11 20:43


Farmacologia Geral

Figura 3.3 – Drágea Figura 3.4 – Granulados

Figura 3.5 – Óvulo Figura 3.6 – Pastilhas

Figura 3.7 – Pílula Figura 3.8 – Pó

Figura 3.9 – Supositório


41

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 41 18/05/11 20:43


Administração de Medicamentos

Forma líquida

• Ampola: recipiente de plástico e/ou de vidro, utilizado para acon‑


dicionar o medicamento líquido ou em pó. É necessário aspirar
o conteúdo com seringa e agulha para administrar ao paciente.
• Elixir: preparado líquido contendo álcool, açúcar, glicerol
ou propilenoglicol. Normalmente, apresenta como caracte‑
rística, o sabor do álcool.
• Emulsão: é uma solução que contém pequenas partículas
de um líquido dispersas em outro líquido. Geralmente, as
emulsões envolvem a dispersão de água em óleo. É neces‑
sário agitar antes de administrar (Figura 3.11).
• Frasco‑ampola: é o acondicionamento de medicamento em
um frasco que permite a retirada de doses parciais, sendo
possível o reaproveitamento da dosagem restante, conside‑
rando-se os cuidados necessários de manuseio e conserva‑
ção. Possibilita o fracionamento da dose total em doses me‑
nores, permitindo sua reutilização (Figura 3.10).
• Suspensão: é uma forma de apresentação em que se percebe
nitidamente a forma sólida e a forma líquida. Ao agitar-se
o frasco, a solução torna-se homogênea. É necessário agitar
antes de administrá‑la.

Figura 3.10 – Ampolas Figura 3.11 – Emulsão


42

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 42 18/05/11 20:43


Farmacologia Geral

Forma semissólida

• Creme: emulsão semissólida contendo água e óleo. Apresen‑


ta boa penetração na pele (Figura 3.13).
• Xarope: solução preparada a base de açúcar e água com adi‑
ção do medicamento. Existe versão para pacientes diabéticos
e para crianças, com diversos sabores. Apresenta sabor mais
agradável devido à presença do açúcar (Figura 3.14).
• Gel: formado por um material gelatinoso no qual a parte dis‑
persa encontra-se em estado líquido, e a parte dispersante,
em estado sólido (Figura 3.15).
• Loção: formada por um pó insolúvel em água ou por subs‑
tâncias dissolvidas em líquido espesso. É necessário agitar a
loção antes de administrá‑la (Figura 3.16).
• Pasta: caracteriza‑se pela elevada porcentagem de sólidos in‑
solúveis em sua composição. Produz efeito protetor, oclusivo
e secante na pele onde é aplicada.
• Pomada: preparado de consistência pastosa, preferencial‑
mente oleosa e de fácil adesão ao local de aplicação. Apre‑
senta pouca penetração na pele (Figura 3.17).
• Unguento: é o medicamento com aparência de papa, utili‑
zado em áreas do organismo que estejam doloridas ou infla‑
madas. Pode ser extraído de plantas, gordura de animais ou
resíduos minerais.

43

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 43 18/05/11 20:43


Administração de Medicamentos

Figura 3.13 – Creme Figura 3.14 – Xarope

Figura 3.15 – Gel Figura 3.16 – Loção

Figura 3.17 – Pomada


44

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 44 18/05/11 20:43


Farmacologia Geral

Forma gasosa

• Aerossol: medicamento em forma de partículas suspensas


em gás (Figura 3.18).

Figura 3.18 – Aerossol

Um mesmo medicamento pode ser encontrado sob várias formas de


apresentação, facilitando, assim, sua administração em casos de restrições.
Por exemplo, a dipirona sódica pode ser encontrada nas formas líquida
(gotas, soluções e injetável) e sólida (comprimidos e supositórios). A apre‑
sentação está diretamente relacionada à via de administração determinada
em prescrição médica.
Os profissionais da área da saúde devem saber os princípios e os con‑
ceitos de farmacologia para prestar assistência adequada. O conhecimento
das várias formas de apresentação de um medicamento facilitará sua admi‑
nistração nos casos em que a restrição de uso ocorre pelo estado clínico do
paciente. Por exemplo, um paciente com dificuldade de deglutição, para o
qual está prescrito medicamento em comprimido, pode ser beneficiado se
utilizada a forma líquida.
A definição da forma de apresentação e da via de administração é da
alçada do médico responsável pelo paciente, mas os demais profissionais po‑
dem sugerir alterações, facilitando assim a administração do medicamento.
O profissional de enfermagem não pode alterar a prescrição médica
em nenhuma hipótese.
45

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 45 18/05/11 20:43


Capítulo 5

Vias de Administração de
Medicamentos
Rosangela Aparecida Sala Jeronimo

O processo de administrar medicamentos é complexo abrange vários


setores, dentre os quais:
• Compras: aquisição de medicamentos.
• Farmácia: armazenamento, dispensação, separação, confe‑
rência e orientação.
• Enfermagem: preparo, diluição e administração de medica‑
mentos.
• Médicos: prescrição dos medicamentos.

Esse procedimento é norteado por normas éticas e legais já descritas


no Capítulo 1.
A via de administração pode ser definida como o local onde o medi‑
camento entrará em contato com o organismo. Os medicamentos poderão
ser administrados por várias vias, sendo necessários cuidados específicos
com cada uma delas.
Sua escolha envolve o tipo de medicamento, o tempo de ação espe‑
rado, a habilidade do profissional, os efeitos colaterais do medicamento e o
estado físico geral do paciente.

Regras gerais
• Todo medicamento requer prescrição médica.
111

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 111 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
• O ideal é que a prescrição seja feita por escrito. Prescrições
por ordem verbal somente devem ocorrer em situações de
risco de morte.
• Todo medicamento deve ter rótulo.
• Todo medicamento deve estar dentro do prazo de validade.
• Não administrar medicamento preparado por outro profis‑
sional.
• Informar-se sobre ação, dose e efeitos colaterais dos medica‑
mentos.
• Em situações duvidosas, não administrar o medicamento.
• Manter os medicamentos em condições especiais para uso,
como refrigeração e fotossensibilidade.
• Os medicamentos devem ser armazenados em locais apro‑
priados.
• Medicamentos controlados devem ser segregados.

Cuidados gerais no preparo de medicamentos

• Não conversar durante o preparo de medicamentos.


• A prescrição médica deve ser mantida com o profissional no
momento de preparo do medicamento.
• Seguir critérios de segurança como os 5 Certos: medicamento
certo, dose certa, paciente certo, via certa e hora certa.
• Lavar as mãos antes e após o preparo do medicamento, a fim
de minimizar os riscos de contaminação.
• Checar a prescrição médica logo após a administração do
medicamento.
• Anotar em prontuário qualquer alteração na administração
de medicamento, como recusas, reações alérgicas e efeitos
colaterais.
112

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 112 18/05/11 20:44


Vias de Administração de Medicamentos

• Seguir protocolos da instituição sobre diluição de medica‑


mentos administrados por via oral ou endovenosa.
• Não misturar na mesma administração medicamentos dife‑
rentes, com exceção dos casos prescritos pelos médicos.
• Administrar os medicamentos por via oral com água, exceto
em casos prescritos pelo médico.

Cuidados gerais em relação à anotação de enfermagem

• Observar e anotar reações alérgicas decorrentes da adminis‑


tração de medicamentos.
• Realizar anotações de enfermagem relacionadas à adminis‑
tração de medicamento.
• As anotações de enfermagem devem conter data, horário, as‑
sinatura e identificação do Coren.
• Justificar, em anotação de enfermagem, qualquer tipo de
recusa da administração pelo paciente ou a suspensão do
medicamento. O horário para administração, colocado em
prescrição médica, deverá ser determinado.

Vias de administração
As vias de administração podem ser divididas em:
• Via enteral:
–– oral;
–– sublingual;
–– retal.
• Via vaginal.
• Via parenteral:
–– intravascular: intravenosa e intra-arterial;
–– intramuscular;
113

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 113 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
–– subcutânea;
–– intradérmica;
–– intracardíaca.
• Via tópica:
–– dérmica;
–– transdérmica;
–– intraocular.
• Via nasal.
• Via inalatória.
• Via auricular.
• Via intratecal:
–– peridural;
–– subaracnoidea.
• Via intraperitônea.
• Via intra-articular.

Via oral (VO)

A administração de medicamentos pela via oral consiste em ofere‑


cer o medicamento que será deglutido ou não com auxílio de líquidos. As
formas de apresentação dos fármacos para administração por via oral são:

• Comprimidos.
• Cápsulas.
• Drágeas.
• Soluções.
• Suspensão.
• Pó.
114

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 114 18/05/11 20:44


Vias de Administração de Medicamentos

Quadro 5.1 – Vantagens e desvantagens da administração de medica‑


mentos por via oral

Vantagens Desvantagens
Paladar desagradável de alguns
Facilidade para administração.
medicamentos.
Dispensa acompanhamento de Incerteza de dosagem absorvida pelo
profissional qualificado. organismo.
A ação da droga não é imediata,
Baixo custo financeiro. necessitando absorção gástrica ou
enteral.
Método não invasivo para Dificuldade de fracionamento de
administração. cápsulas, drágeas e comprimidos.

Contraindicações para administração de medicamentos por


via oral:
• Pacientes inconscientes.
• Pacientes com dificuldade de deglutição.
• Vômito.
• Pacientes em jejum para cirurgias e exames.

Material:
• Medicamento conforme prescrição médica.
• Bandeja inox.
• Copo descartável para colocar o medicamento.
• Copo com água, se necessário.
• Conta-gotas, se necessário.
• Canudo (se necessário).
• Espátula de madeira (se necessário para medicações pastosas
e pó).
• Etiqueta para identificação da medicação.
115

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 115 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
• Luva para procedimento não estéril (se necessário).
• Macerador de comprimidos (se necessário).
• Seringa descartável de 20 ml (se necessário).

Técnica:

• Higienizar as mãos.
• Reunir a medicação conferindo a regra dos 5 Certos: medica‑
mento certo, dose certa, paciente certo, via certa e hora certa.
• Identificar o medicamento.
• Colocar o medicamento no copo descartável sem retirar do
invólucro.
• Orientar o paciente sobre a administração do medicamento.
• Higienizar as mãos.
• Preparar o medicamento, se possível, na frente do paciente
ou de seu acompanhante.
• Deixar o paciente confortável, com a cabeceira elevada.
• Oferecer o medicamento ao paciente, retirando-o do invólucro,
com copo com água para deglutição. Caso não seja possível, au‑
xiliar o paciente, colocando o medicamento na cavidade oral.
• Observar e certificar-se de que o paciente deglutiu o medica‑
mento. Oferecer mais líquido, se necessário.
• Deixar o paciente confortável.
• Desprezar o material e manter a unidade em ordem.
• Higienizar as mãos.
• Checar o procedimento em prescrição médica conforme roti‑
na da instituição.
• Observar continuamente alterações orgânicas que possam
estar relacionadas ao medicamento administrado.
116

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 116 18/05/11 20:44


Vias de Administração de Medicamentos

Observações:

• Medicamentos em pó devem ser dissolvidos.


• Não deixar o medicamento no quarto do paciente, evitando
que ele ou o acompanhante realizem a administração.
• Verificar se o paciente não escondeu o medicamento sob a
língua para não deglutir.
• Em casos em que o paciente apresente dificuldade para de‑
glutir ou resistência, como, por exemplo, cuspir a medicação,
comunicar à chefia imediata e ao médico para avaliação da
medicação e via de administração.
• Efeitos colaterais podem não ocorrer imediatamente após a
administração, portanto, o paciente necessita de observação
constante.
• Alguns medicamentos necessitam ser administrados em
jejum e outros com alimentos ou logo após a ingestão ali‑
mentar.
• Para pacientes com dificuldade para deglutir, triturar o com‑
primido e diluir com quantidade mínima de água, utilizar
seringa descartável para a administração.
• Quando houver dificuldade para diluir o comprimido, man‑
tê-lo embebido em água filtrada por 15 minutos.
• Administrar a medicação líquida antes dos comprimidos.
• Utilizar canudo quando houver impossibilidade de elevar o
decúbito.

Via sublingual (SL)

A via sublingual consiste em administrar o medicamento diretamen‑


te sob a língua e deixar que sua absorção seja realizada pela mucosa oral.
117

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 117 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
Essa via é muito utilizada em casos de administração de nitratos em pacien‑
tes com angina pectoris, suspeita de infarto agudo do miocárdio ou para
administração de medicamentos anti-hipertensivos em casos de crises de
hipertensão arterial sistêmica.

Quadro 5.2 – Vantagens e desvantagens da administração de medica‑


mentos por via sublingual

Vantagens Desvantagens
Número reduzido de medicamentos
Facilidade de administração. disponíveis para administração
sublingual.
Rapidez na absorção.
Método não invasivo para
Utilizada em pacientes conscientes.
administração.
Baixo custo financeiro.

Material:
• Bandeja inox.
• Copo descartável para colocação do medicamento.
• Luva de procedimento.
• Medicamento.

Técnica:
• Higienizar as mãos.
• Reunir a medicação seguindo a regra dos 5 Certos: medica‑
mento certo, dose certa, paciente certo, via certa e hora certa.
• Identificar o medicamento.
• Colocar o medicamento no copo descartável sem retirar do
invólucro.
• Calçar as luvas.
118

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 118 18/05/11 20:44


Vias de Administração de Medicamentos

• Orientar o paciente sobre a administração do medicamento.


• Preparar o medicamento, se possível, na frente do paciente
ou do seu acompanhante.
• Deixar o paciente confortável, com a cabeceira elevada.
• Orientar o paciente para elevar a língua; administrar o medi‑
camento sob a língua do paciente, não oferecendo líquidos
que auxiliem na deglutição.
• Observar e certificar-se de que o paciente não deglutiu o
medicamento.
• Deixar o paciente confortável.
• Desprezar o material e manter a unidade em ordem.
• Higienizar as mãos.
• Checar o procedimento em prescrição médica conforme
rotina da instituição.
• Observar continuamente alterações orgânicas que possam
estar relacionadas ao medicamento administrado.

Observações:
• Não deixar o medicamento
no quar­
to do paciente,
evitando que ele faça
autoadmi­nis­tração.
• Verificar se o paciente não
deglutiu o medicamento.
• Se necessário, ofertar água Figura 5.1 – Via sublingual
para o paciente enxaguar a
boca.
• Efeitos colaterais podem não ocorrer imediatamente após a
administração, portanto, o paciente necessita de observação
constante.
119

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 119 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos

Via retal (VR)

É a via utilizada quando o paciente não apresenta condições de de‑


glutir fármacos ou em casos nos quais é necessário que o medicamento não
tenha contato com a circulação ou com o suco gástrico. O medicamento
será introduzido na região anal do paciente.
A apresentação do medicamento será em forma de supositórios ou
clister medicamentoso.

Quadro 5.3 – Vantagens e desvantagens da administração de medica‑


mentos por via retal

Vantagens Desvantagens
Absorção irregular e incompleta.
Irritação da mucosa retal.
Rápida absorção.
Posição desconfortável para o
paciente.

Material:

• Bandeja inox.
• Luva de procedimento.
• Gazes não esterilizadas.
• Medicamento.

Técnica:

• Higienizar as mãos.
• Reunir a medicação seguindo a regra dos 5 Certos: medica‑
mento certo, dose certa, paciente certo, via certa e hora certa.
• Identificar o medicamento e colocá-lo no copo descartável
sem retirar do invólucro.
120

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 120 18/05/11 20:44


Vias de Administração de Medicamentos

• Orientar o paciente sobre a administração do medicamento.


• Higienizar as mãos e calçar as luvas.
• Preparar o medicamento, se possível, na frente do paciente
ou de seu acompanhante.
• Posicionar o paciente adequadamente (posição SIMS), dei‑
xando-o confortável.
• Remover a roupa do paciente.
• Afastar com a mão esquerda a prega interglútea e, com a
mão direita, introduzir o medicamento no orifício anal.
• Instruir o paciente a comprimir as nádegas por 3 a 4 minutos
e permanecer na mesma posição por 15 a 20 minutos para
absorção do medicamento.
• Fazer ligeira pressão local ocluindo a saída do medicamento.
• Recolocar a roupa no paciente e deixá-lo confortável.
• Retirar a luva.
• Desprezar o material e manter a unidade em ordem.
• Higienizar as mãos.
• Checar o procedimento em prescrição médica conforme ro‑
tina da instituição.
• Observar continuamente alterações orgânicas que possam
estar relacionadas ao medicamento administrado.

Observação:
Na posição SIMS, o paciente fica em decúbito lateral esquerdo com
os membros inferiores flexionados. Caso o medicamento seja indicado para
esvaziamento intestinal, deve-se auxiliar o paciente a ir ao banheiro ou co‑
locar a comadre. Deve-se sempre observar e anotar o aspecto das fezes (cor,
consistência e quantidade).
121

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 121 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos

Via vaginal
É a via de administração pela qual o medicamento é aplicado direta‑
mente no canal vaginal. A ação do medicamento é local, e são administra‑
dos cremes, óvulos, géis, tampões, supositórios e pomadas.

Material:
• Bandeja inox para apoiar o medicamento.
• Luvas de procedimento.
• Aplicador vaginal.
• Comadre, se necessário.
• Medicamento.

Técnica:
• Higienizar as mãos.
• Reunir a medicação seguindo a regra dos 5 Certos: medica‑
mento certo, dose certa, paciente certo, via certa e hora certa.
• Identificar o medicamento e colocá-lo no copo descartável
sem retirar do invólucro.
• Orientar a paciente sobre a administração do medicamento.
• Higienizar as mãos e calçar as luvas.
• Preparar o medicamento, se possível, na frente da paciente
ou de seu acompanhante.
• Colocar a paciente em posição ginecológica.
• Abrir os pequenos lábios, expor o orifício vaginal e introduzir
o aplicador com o medicamento. O aplicador deve ser intro‑
duzido em direção ao sacro, para baixo e para trás, cerca de
5 cm, a fim de introduzir o medicamento na parede posterior
da vagina.
• Pressionar o êmbolo, introduzindo o medicamento.
122

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 122 18/05/11 20:44


Vias de Administração de Medicamentos

• Pedir para que a paciente permaneça em decúbito dorsal,


por aproximadamente 15 minutos.
• Retirar a luva.
• Desprezar o material e manter a unidade em ordem.
• Higienizar as mãos.
• Checar o procedimento em prescrição médica conforme ro‑
tina da instituição.
• Observar continuamente alterações orgânicas que possam
estar relacionadas ao medicamento administrado.

Via intravenosa (IV) ou endovenosa (EV)

Na via de administração intravenosa, o medicamento é injetado na


veia, diretamente na circulação sanguínea do paciente. A administração
do medicamento pode ser realizada
por uma única dose até uma solução
por infusão contínua. Essa via é in‑
dicada em situações de emergência.
As veias de preferência para
a colocação dos dispositivos para o
acesso venoso periférico são:

• Metacarpianas.
Figura 5.2 – Rede venosa da mão
• Basílica.
• Cefálica e cefálica acessória.
• Veia intermédia do ante‑
braço.
• Veia intermediária do coto‑
velo.
• Veia braquial.
Figura 5.3 – Rede venosa do braço
123

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 123 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
Em recém-nascidos, é habitual a punção em veias da região cefálica.
Veias localizadas em membros inferiores (MMII) são indicadas como
último recurso, em adultos.
A administração de medicamentos por via endovenosa pode ser feita
por acesso periférico ou central. Os dispositivos utilizados para punção de
acesso venoso periférico são:
• Cateter agulhado (ver figura 12.1, p. 241).
• Cateter sobre agulha (ver figura 12.2, p. 242).

Quadro 5.4 – Vantagens e desvantagens da administração de medica‑


mentos por via intravenosa

Vantagens Desvantagens

Dor pela punção e irritação local


causada por alguns medicamentos.
Absorção rápida.
Lesão no paciente em caso de
falhas na punção.
Risco de infecção devido a
procedimento invasivo.
Obtenção de resultados mais seguros.
Após a administração, a medicação
não poderá ser aspirada.
Via preferencial para infusão de
soluções hipertônicas, devido à Contraindicação para medicações
facilidade imediata de diluição no oleosas e de depósito.
sangue.
A via intravenosa aceita grandes Requer profissional técnico
volumes de soluções na sua capacitado.
administração. As contraindicações
relacionadas ao volume estão Risco de promover flebites.
associadas com a patologia do paciente.
Continua
124

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 124 18/05/11 20:44


Vias de Administração de Medicamentos

Quadro 5.4 – Continuação

Vantagens Desvantagens

Risco de transfixação da veia.

A terapia EV é mais “onerosa” que a


terapia VO.

Risco de hematoma por trauma de


Maior precisão em determinar a dose punção.
desejada.
Punção inadequada pode
ocasionar extravasamento de
medicamento para o espaço
intersticial, desencadeando lesões
no paciente.

A administração de medicação pela via endovenosa pode ser realiza‑


da por meio de duas técnicas distintas:
• Administração de medicamento com necessidade de instala‑
ção de dispositivo venoso periférico prévio.
• Administração de medicamento com dispositivo venoso já
instalado.

Punção venosa

Material:

• Bandeja para acondicionar o material.


• Luvas de procedimento.
• Dispositivo venoso adequado para a rede venosa (considerar
o tempo de permanência necessário).
• Conector de sistema fechado.
• Algodão com álcool a 70%.
125

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 125 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
• Material para fixação: fita adesiva hipoalergênica ou filme
transparente.
• Garrote.

Técnica:

• Higienizar as mãos.
• Separar o material necessário.
• Orientar o paciente sobre o procedimento a ser realizado.
• Higienizar as mãos e calçar as luvas.
• Avaliar as condições da rede venosa do paciente, identifican‑
do o melhor local a ser puncionado.
• Garrotear o membro aproximadamente 5 cm acima do local
a ser puncionado.
• Abrir o material com técnica asséptica.
• Pedir para o paciente abrir e fechar a mão diversas vezes,
mantendo a mão fechada até a obtenção do retorno venoso.
• Fazer antissepsia ampla no local com compressa embebida
em álcool a 70% com movimento único de baixo para cima.
• Inserir o cateter na veia com a mão dominante com o bisel
da agulha voltado para cima, em ângulo de 30º, 1 cm abaixo
do local da punção.
• Após a verificação do refluxo sanguíneo, pedir para o pacien‑
te abrir a mão, introduzir delicadamente o corpo do cateter
e retirar o mandril (cateter sobre agulha).
• Soltar o garrote.
• Adaptar conector de sistema fechado.
• Fixar o cateter com filme transparente.
• Reunir o material e deixar a unidade em ordem.
• Descartar o material.
126

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 126 18/05/11 20:44


Vias de Administração de Medicamentos

• Retirar as luvas.
• Higienizar as mãos.
• Checar o procedimento em prescrição médica.
• Fazer anotação de enfermagem, relatando local da punção e
dispositivo utilizado.

Observação:
É necessário retirar o ar do dispositivo antes de realizar a punção
venosa. Isso pode ser feito injetando-se soro fisiológico (SF) 0,9% antes da
punção no dispositivo ou permitindo o refluxo de sangue no momento da pun­
ção até o final do dispositivo.

Tabela 5.1 – Calibre dos dispositivos venosos periféricos

Calibre do
Calibre do cateter
cateter sobre Indicações
agulhado
agulha
Necessidade de infusão rápida;
19 G 14, 16 e 18 G
requer veia de grande calibre.
21 G 20 G Maioria das infusões; uso comum.
Crianças maiores (escolares),
23 G 22 G
adolescentes e idosos.
Veias de pequeno calibre e crianças
25 G 24 G
menores, lactentes e pré-escolares.
27 G 26 G Neonatos e lactentes.

Via de administração intramuscular (IM)

É a administração de medicamento no músculo. Os músculos de es‑


colha são o grande glúteo, o glúteo médio e o vasto lateral da coxa. O mús‑
culo bíceps somente é utilizado para vacinação.
127

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 127 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
Essa via permite a administração de medicamentos em solução aquo‑
sa e oleosa.

Quadro 5.5 – Vantagens e desvantagens da administração de medica‑


mentos por via intramuscular

Vantagens Desvantagens
Ação mais rápida da droga, Permite infusão de pequenos
comparando-se à administração por volumes de medicamento, no
via oral. máximo até 5 ml.
Facilidade de visualização e acesso ao Pode causar dor no paciente, pois é
músculo. um procedimento invasivo.
Requer profissional capacitado para o
procedimento.
Maior ônus, comparando-se à via
Menor custo, comparando-se à via oral.
endovenosa.
Aplicações inadequadas podem
causar lesões em músculos e nervos.

Podem aparecer hematomas.

Material:

• Bandeja inox para acondicionar material e medicamento.


• Luvas de procedimento.
• Uma seringa de 3 ou 5 ml (dependendo do volume do me‑
dicamento).
• Uma agulha 40 x 12 – para aspirar o medicamento.
• Uma agulha 30 x 7 ou 25 x 7 – para injetar o medicamento
no músculo.
• Algodão com álcool a 70%.
• Curativo adesivo.
128

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 128 18/05/11 20:44


Vias de Administração de Medicamentos

Técnica:

• Higienizar as mãos.
• Separar o material necessário.
• Preparar a medicação seguindo a regra dos 5 Certos: medi‑
camento certo, dose certa, paciente certo, via certa e hora
certa.
• Aspirar o medicamento com agulha 40 x 12 e seringa ade‑
quada.
• Trocar a agulha 40 x 12 por agulha 30 x 7 ou 25 x 7.
• Orientar o paciente sobre o procedimento a ser realizado.
• Higienizar as mãos e calçar as luvas.
• Posicionar o paciente conforme local escolhido, deixando-o
confortável.
• Realizar antissepsia ampla no local, com compressa embe‑
bida em álcool a 70%, com movimento único de cima para
baixo.
• Introduzir a agulha com o bizel lateralizado em ângulo de 90º.
• Aspirar, puxando o êmbolo para certificar-se de que não haja
refluxo de sangue. Em caso de refluxo, retirar a agulha e rei‑
niciar todo o preparo da medicação, escolhendo outro local
para realizar o procedimento.
• Injetar a medicação em velocidade constante.
• Retirar a agulha e seringa.
• Fazer compressão local. Em caso de pequeno sangramento,
colocar curativo.
• Deixar o paciente confortável.
• Desprezar o material.
• Higienizar as mãos.
129

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 129 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
• Checar o procedimento em prescrição médica.
• Observar continuamente alterações orgânicas que possam
estar relacionadas ao medicamento administrado.

Tabela 5.2 – Dimensões de agulhas em relação ao grupo etário

Magro Normal Obeso

25 x 6 30 x 6 40 x 6

Adulto 25 x 7 30 x 7 40 x 7
25 x 8 30 x 8 40 x 8
20 x 6 25 x 6 30 x 6

Criança 20 x 7 25 x 7 30 x 7

20 x 8 25 x 8 30 x 8

Região de administração e posicionamento do paciente:

• Região dorso-glútea: dividir mentalmente o glúteo em qua‑


tro partes e aplicar no quadrante superior externo. O pacien‑
te deve ser colocado em decúbito ventral, com a cabeça late‑
ralizada para o lado do profissional, com os braços ao longo
do corpo.

Figura 5.4 – Administração em região dorso‑glútea


130

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 130 18/05/11 20:44


Vias de Administração de Medicamentos

• Região ventro-glútea: o profissional deve colocar a mão não


dominante no quadril do paciente, espalmando-a so­bre a
base do trocanter do fêmur, localizando, assim, a espinha
ilíaca anterossuperior. Fazer a aplicação na área delimitada
pelos dedos (indicador e médio) abertos em V. O ideal é que o
paciente seja colocado em decúbito dorsal.

Figura 5.5 – Administração em região ventro-glútea

• Região vasto-lateral da coxa: dividir mentalmente a coxa em


três partes e fazer a aplicação na região antero lateral do ter‑
ço médio. Preferencialmente, o paciente deve ser colocado
sentado com as pernas fletidas ou em decúbito dorsal com
as pernas estendidas.

Via subcutânea (SC)

A via subcutânea é a administração de medicamento no tecido sub‑


cutâneo. É utilizada para administração de insulina, anticoagulantes, algu‑
mas vacinas, adrenalina e hormônios.
Pode ser feita em várias regiões do corpo, em que haja camada subs‑
tancial de tecido gorduroso. Os locais de preferência são: região dorsal, pe‑
riumbilical e na face externa lateral do braço, próximo ao músculo deltoide.
131

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 131 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
Quadro 5.6 – Vantagens e desvantagens da administração de medica‑
mentos por via subcutânea

Vantagens Desvantagens
Absorção lenta e uniforme. Pode causar lipodistrofia.
Efeito constante do medicamento. Procedimento invasivo.
Fácil aplicação. Requer treinamento do profissional
Permite autoaplicação. e paciente.

Administração de anticoagulante SC

Material:
• Bandeja para acondicionar o material e o medicamento.
• Seringa previamente preparada com medicamento.
• Algodão com álcool a 70%.
• Luvas de procedimento.

Técnica:
• Higienizar as mãos.
• Separar o material necessário.
• Preparar a medicação seguindo a regra dos 5 Certos: medica‑
mento certo, dose certa, paciente certo, via certa e hora certa.
• Orientar o paciente sobre o procedimento a ser realizado.
• Higienizar as mãos e calçar as luvas.
• Posicionar o paciente, conforme local escolhido segundo ro‑
dízio, deixando-o confortável em DDH.
• Realizar antissepsia ampla no local, com compressa embebida
em álcool a 70%, com movimento único de cima para baixo.
• Manter a compressa entre os dedos mínimo e anular da mão
que vai expor a região delimitada.
132

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 132 18/05/11 20:44


Vias de Administração de Medicamentos

• Realizar prega cutânea de aproximadamente 2,5 cm com os


dedos indicador e polegar.
• Inserir a agulha com a mão dominante no ângulo de 90º
para adultos e 45º para crianças, mantendo a prega cutânea
durante toda a aplicação do medicamento.
• Injetar lentamente o conteúdo da seringa.
• Retirar a agulha realizando movimento único, rápido e firme.
• Soltar a prega cutânea.
• Fazer discreta compressão no local com compressa embebi‑
da em álcool, sem massageá-lo.
• Reunir o material e deixar a unidade em ordem.
• Descartar o material.
• Retirar as luvas.
• Higienizar as mãos.
• Checar o procedimento em prescrição médica.
• Observar continuamente alterações orgânicas que possam
estar relacionadas ao medicamento administrado.
Observações:
• O anticoagulante já vem preparado pelo fabricante. Na serin‑
ga, há uma pequena bolha de gás que não deve ser retirada
para a aplicação do medicamento.
• É necessário realizar rodízio de locais ao aplicar injeções de
medicamento na região abdominal.
Administração de insulina e outras medicações por via subcutânea
Material:
• Seringa descartável de 1 cc com agulha 13 x 4,5.
• Bandeja para acondicionar o material e o medicamento.
133

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 133 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
• Algodão com álcool 70%.
• Luvas de procedimento.

Técnica:
• Higienizar as mãos.
• Separar o material necessário.
• Preparar a medicação seguindo a regra dos 5 Certos: medica‑
mento certo, dose certa, paciente certo, via certa e hora certa.
• Orientar o paciente sobre o procedimento a ser realizado.
• Higienizar as mãos e calçar as luvas.
• Posicionar o paciente, conforme local escolhido para aplica‑
ção segundo rodízio, deixando-o confortável.
• Realizar antissepsia ampla no local, com compressa embe‑
bida em álcool a 70%, com movimento único de cima para
baixo.
• Manter a compressa entre os dedos mínimo e anular da mão
que vai expor a região delimitada.
• Realizar prega cutânea de aproximadamente 2,5 cm de pele
e tecido adiposo entre o polegar e o dedo indicador.
• Inserir a agulha com a mão dominante no ângulo de 90º
para adultos e 45º para crianças.
• Aspirar o êmbolo para verificar que não foi atingido nenhum
vaso sanguíneo.
• Injetar lentamente o conteúdo da seringa.
• Retirar a agulha realizando movimento único, rápido e firme.
• Fazer discreta compressão no local com compressa embebi‑
da em álcool.
• Descartar o material.
134

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 134 18/05/11 20:44


Vias de Administração de Medicamentos

• Retirar as luvas.
• Higienizar as mãos.
• Checar o procedimento em prescrição médica.
• Observar continuamente alterações orgânicas que possam
estar relacionadas ao medicamento administrado.

Observações:

• Se houver retorno de sangue durante a aspiração, retirar a


seringa/agulha, comprimir o local e reiniciar o procedimento
em outro local.
• O volume máximo a ser administrado no tecido subcutâneo
é de 2 ml para adultos.
• Deve-se realizar o rodízio de locais ao aplicar injeções de me‑
dicamento.

Tabela 5.3 – Ângulo da agulha em relação ao tecido subcutâneo sem


prega cutânea

Normais Obesos Magros


Agulhas 13 x 4,5 (insulina)
45º 60º 30º

Figura 5.6 – Administração via subcutânea


135

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 135 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos

Via intradérmica (ID)

É a via de administração pela qual a droga é injetada na derme. É


pouco utilizada – somente para casos de testes alérgicos, vacinas e doses
pequenas de fármacos, como adrenalina.
A área de aplicação é a face interna do antebraço. A vacina de BCG é
aplicada na área de inserção inferior do músculo deltoide direito.
O volume máximo de administração é 1 ml.

Material:

• Bandeja para apoiar o material e o medicamento.


• Seringa de 1 ml ou insulina.
• Agulha para aspiração: 40 x 12.
• Agulha para administrar: 13 x 4,5.
• Algodão com álcool.

Técnica:
• Reunir a medicação seguindo a regra dos 5 Certos: medica‑
mento certo, dose certa, paciente certo, via certa e hora certa.
• Separar o material necessário.
• Lavar as mãos.
• Preparar o medicamento.
• Orientar o paciente e higienizar as mãos.
• Escolher o local de acesso, normalmente membros superio‑
res (MMSS), na face interior.
• Fazer antissepsia com álcool a 70%.
• Introduzir a agulha com bisel para cima, em ângulo de 15º.
• Introduzir a medicação até que uma pápula seja formada.
• Retirar a agulha e não massagear.
136

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 136 18/05/11 20:44


Vias de Administração de Medicamentos

• Deixar o paciente confortável.


• Desprezar o material.
• Lavar as mãos.
• Anotar no prontuário.
• Observar continuamente al‑
terações orgânicas que pos‑
sam estar relacionadas ao
Figura 5.7 – Administração intradérmica
fármaco administrado.

Via dérmica (VD)

É a aplicação de medicamentos sobre a pele, com objetivo de ação


local. Também é utilizada na aplicação em unha, cabelo e lesões cutâneas.
Vários tipos de medicamentos podem ser administrados por essa via, prefe‑
rencialmente na forma de loções, pomadas, géis e cremes.

Material:
• Bandeja inox para apoiar o medicamento.
• Espátulas.
• Gazes.
• Luvas de procedimento.
• Medicamento.

Técnica:
• Reunir a medicação seguindo a regra dos 5 Certos: medica‑
mento certo, dose certa, paciente certo, via certa e hora certa.
• Separar espátula ou gaze para a aplicação.
• Lavar as mãos.
• Orientar o paciente.
• Calçar luvas.
137

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 137 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
• Posicionar o paciente, expondo a região onde será feita a
aplicação.
• Proceder à aplicação na região determinada.
• Se for necessário, manter a área coberta com gazes.
• Deixar o paciente confortável.
• Desprezar o material.
• Lavar as mãos.
• Anotar no prontuário.
• Observar continuamente alterações orgânicas que possam
estar relacionadas ao fármaco administrado.

Via de administração transdérmica (VTD)

É a via utilizada para administrar medicamento por meio da pele com


o uso de adesivos. Esses medicamentos podem ter ação local ou sistêmica.

Material:
• Bandeja inox para apoiar o medicamento.
• Luvas de procedimento, se necessário.
• Medicamento.

Técnica:
• Reunir a medicação seguindo a regra dos 5 Certos: medica‑
mento certo, dose certa, paciente certo, via certa e hora certa.
• Lavar as mãos.
• Orientar o paciente sobre a administração do medicamento.
• Escolher o local para fixação do adesivo, preferencialmente
áreas sujeitas a pouca movimentação.
• Limpar o local escolhido (lavar com água e sabão).
138

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 138 18/05/11 20:44


Vias de Administração de Medicamentos

• Retirar o produto da embalagem e fixá-lo na pele, sem tocar


na parte adesiva.
• Deixar o paciente confortável.
• Desprezar o material.
• Lavar as mãos.
• Fazer anotação no prontuário conforme rotina da instituição.
• Observar continuamente alterações orgânicas que possam
estar relacionadas ao fármaco administrado.

Figura 5.8 – Administração transdérmica

Via de administração ocular

A instilação ocular consiste na administração de colírios ou pomadas.


Como qualquer outro fármaco, o colírio requer cuidados em sua adminis‑
tração, principalmente os relacionados à dosagem e ao local (olho direito e
olho esquerdo).
Antes de aplicar o colírio, deve-se verificar o prazo de validade e a
ausência de partículas em suspensão.
Quando mais de um produto é prescrito para uso no mesmo olho,
deve-se dar um intervalo mínimo de 5 minutos entre eles. Em casos de
pomadas e colírios, deve-se administrar primeiro o colírio e, depois
139

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 139 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
de 5 minutos, a pomada. É importante lembrar que a pomada pode causar
aderência à superfície ocular, impedindo o contato do colírio.
Material:
• Bandeja inox para apoiar o medicamento.
• Lenço de papel para limpar o excesso.
• Luva de procedimento (casos de conjuntivite).
• Medicamento.

Técnica de instilação de colírios:


• Reunir a medicação seguindo a regra dos 5 Certos: medica‑
mento certo, dose certa, paciente certo, via certa e hora certa.
• Lavar as mãos.
• Calçar luvas de procedimentos em caso de conjuntivite.
• Orientar o paciente sobre a administração do medicamento.
• Preparar o medicamento, se necessário, na frente do pacien‑
te ou de seu acompanhante.
• Puxar delicadamente a pálpebra inferior para baixo utilizan‑
do o dedo indicador.
• Pingar o colírio sem encostar o aplicador no olho.
• Fechar o olho devagar.
• Com o olho do paciente fechado, fazer ligeira pressão no
canto do olho próximo ao nariz. Essa pressão evitará que o
colírio escorra para os canais de comunicação do olho, como
nariz e garganta, o que poderia aumentar o surgimento de
efeitos colaterais.
• Remover possíveis resíduos do medicamento com auxílio de
lenço de papel.
• Deixar o paciente confortável.
• Desprezar o material.
140

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 140 18/05/11 20:44


Vias de Administração de Medicamentos

• Lavar as mãos.
• Fazer anotação no prontuário conforme rotina da instituição.
• Observar continuamente alterações orgânicas que possam
estar relacionadas ao fármaco administrado.

Observação:

• Em casos de paciente com dificuldade de aplicação do colírio


com o olho aberto, o fármaco pode ser aplicado com o olho
fechado, no canto interno, abrindo-o em seguida para que a
droga seja espalhada por toda a conjuntiva.

Via nasal
É a instilação de medicamentos diretamente nas narinas, para obten‑
ção de efeito local e no sistema respiratório.
Via muito utilizada para aplicação de descongestionantes nasais e
broncodilatadores.

Material:

• Bandeja inox para apoiar o medicamento.


• Gazes para limpar excesso de medicamento.
• Medicamento.

Técnica:

• Separar a medicação seguindo os 5 Certos: medicamento cer‑


to, dose certa, paciente certo, via certa e hora certa.
• Lavar as mãos.
• Orientar o paciente.
• Posicionar o paciente com a cabeça para traz, fazendo hipe‑
rextensão do pescoço.
• Instilar a medicação em uma narina de cada vez.
141

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 141 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
• Solicitar que o paciente aguarde nessa posição aproximada‑
mente um minuto.
• Deixar o paciente confortável.
• Lavar as mãos.
• Anotar no prontuário.
• Observar continuamente alterações orgânicas que possam
estar relacionadas ao fármaco administrado.

Via inalatória
A via inalatória utiliza gases como meio de transporte para medicamen‑
tos. Na sua maioria, os medicamentos assim administrados têm ação no siste‑
ma respiratório. Popularmente, essa via é conhecida por inalação.

Material:

• Bandeja inox para apoiar o medicamento e o micronebuli‑


zador.
• Micronebulizador adequado para o paciente (adulto ou
criança).
• Medicamento.
• Lenço de papel ou toalha de papel para o paciente secar o
rosto.

Técnica:

• Reunir a medicação seguindo a regra dos 5 Certos: medica‑


mento certo, dose certa, paciente certo, via certa e hora certa.
• Higienizar as mãos.
• Orientar o paciente sobre a administração do medicamento.
• Preparar o medicamento, se necessário, na frente do pacien‑
te ou de seu acompanhante.
142

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 142 18/05/11 20:44


Vias de Administração de Medicamentos

• Adaptar o micronebulizador à rede de gases (oxigênio ou ar


comprimido).
• Manter a vazão do gás entre 10 e 15 litros por minuto, ou a
critério médico.
• Orientar o paciente a respirar normalmente enquanto faz a
micronebulização.
• Remover possíveis resíduos do medicamento com auxílio de
lenço de papel.
• Deixar o paciente confortável.
• Desprezar o material.
• Lavar as mãos.
• Fazer anotação no prontuário conforme rotina da instituição.
• Observar continuamente alterações orgânicas que possam
estar relacionadas ao fármaco administrado.

Via auricular
Essa via de administração consiste em aplicar o medicamento direta‑
mente no ouvido. É utilizada em casos de antibióticos, analgésicos e para
remoção de cerume, sendo esta a situação mais comum.

Material:
• Bandeja inox para apoiar o medicamento.
• Gazes não esterilizadas para limpar excesso, se necessário.
• Medicamento.

Técnica:
• Separar a medicação seguindo os 5 Certos: medicamento cer‑
to, dose certa, paciente certo, via certa e hora certa.
• Higienizar as mãos.
143

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 143 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
• Orientar o paciente.
• Posicionar a cabeça do paciente lateralizada.
• Instilar o medicamento na dosagem prescrita.
• Aguardar aproximadamente cinco minutos para posicionar a
cabeça para o outro lado, caso a prescrição seja para os dois
ouvidos.
• Repetir o processo de instilação.
• Aguardar cinco minutos para permitir que o paciente mova
a cabeça.
• Deixar o paciente confortável.
• Desprezar o material.
• Lavar as mãos.
• Anotar no prontuário.
• Observar continuamente alterações orgânicas que possam
estar relacionadas ao fármaco administrado.

Neste capítulo, foram apresentadas e descritas as técnicas de adminis‑


tração de medicamentos mais utilizadas. Os profissionais de enfermagem
precisam conhecer e dominar a execução dessas técnicas, minimizando,
assim, a ocorrência de falhas a elas relacionadas.

144

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 144 18/05/11 20:44


Capítulo 6

Vias Específicas para Infusão de


Medicamentos
Ana Paula Miranda Barreto

Existem vias específicas que também podem ser utilizadas para a


administração de medicamentos parenterais, como o espaço epidural, o
espaço pleural, a cavidade peritoneal, a cápsula articular e o interior de
um osso longo.
Conforme protocolo da instituição, o profissional poderá ajudar a
administrar o medicamento ou, após receber treinamento especializado,
administrá-los por algumas dessas vias, como no caso de medicamentos
por cateter epidural, medicamentos na cavidade peritoneal e no interior de
um osso longo.
Conforme consta do Código de Ética, artigos 10 e 13, o profissional
tem o direito a:

• Recusar-se a executar atividades que não sejam de sua competên‑


cia técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam seguran‑
ça ao profissional, à pessoa, família e coletividade.

• Avaliar criteriosamente sua competência técnica, científica, ética


e legal e somente aceitar encargos ou atribuições, quando capaz
de desempenho seguro para si e para outrem.

Segundo o Decreto no 94.406/1987, sobre o exercício da enfermagem,


no artigo 8o, inciso I, alínea h, cabe ao enfermeiro, privativamente:

• Cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que


exijam conhecimentos científicos adequados e capacidade de
tomar decisões imediatas.
145

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 145 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos

Administração por via epidural (peridural)


Para a administração do medicamento pela via epidural, o médico
anestesista instala um cateter epidural por uma via percutânea no espaço
epidural, que está localizado entre o ligamento flavum e a duramáter, esten‑
dendo-se desde o forame magno até a membrana sacrococcígea. Esse espaço
potencial é preenchido por veias epidurais, gordura e tecido areolar frouxo.

Espaço Epidural

Cordão
Espinhal

Líquido Espinhal Cateter Peridural

Figura 6.1 – Local de inserção de cateter peridural

Na anestesia epidural, o anestésico local é injetado, geralmente, atra‑


vés dos espaços intervertebrais na região lombar, embora também possa
ser injetado nas regiões cervicais e torácicas. Para produzir analgesia do tó‑
rax e do abdome superior, o cateter é posicionado entre a 5a e a 8a vértebras
torácicas, e, para produzir analgesia do abdome inferior e membros infe‑
riores (MMII), o cateter é implantado entre a 2a e a 4a vértebras lombares.

Medicamentos que podem ser administrados pela via


epidural
Alguns medicamentos são administrados no espaço epidural, isola‑
dos ou em combinação, proporcionando um sítio específico de analgesia.
146

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 146 18/05/11 20:44


Vias Específicas para Infusão de Medicamentos

Quadro 6.1 – Medicamentos administrados no espaço epidural

Os opiáceos administrados por essa via difundem‑se


pela duramáter e misturam-se com o líquido cefalor‑
raquidiano (LCR) do paciente. Em seguida, ligam‑se aos
Opiáceos
receptores opioides, que bloqueiam a transmissão dos
estímulos dolorosos entre o gânglio da raiz dorsal e a
medula espinhal.
Os medicamentos lipossolúveis, como fentanil, sufenta‑
Medicamentos
nil e bupivacaína, atravessam facilmente a duramáter e
lipossolúveis
produzem alívio imediato da dor.
Os agentes hidrossolúveis, como a morfina e a hidro‑
Medicamentos morfona, atravessam lentamente a duramáter e, por
hidrossolúveis essa razão, proporcionam analgesia lenta e de maior
duração.

A administração simultânea de um opiáceo e uma anestesia local


pode produzir os efeitos analgésicos dos dois medicamentos. Possibilita-se,
assim, a utilização de doses menores e reduz-se os riscos de ocorrer efeito
colateral.
Os medicamentos administrados por essa via devem ser soluções
aquosas, neutras, isotônicas, rigorosamente estéreis e apirogênicas. Não
devem possuir conservantes germicidas, pois podem lesar o tecido nervoso.
Devido ao pequeno volume e à lentidão de movimento do LCR, as
preparações injetadas devem apresentar pH e tonicidade próximos dos va‑
lores fisiológicos.

Vantagens da via epidural

As vantagens dessa via, comparada à sistêmica, estão no fato de as


doses necessárias para analgesia serem menores e causarem menos efeitos
colaterais e maior liberdade de movimentação para o paciente.
147

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 147 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos

Efeitos colaterais

Os efeitos colaterais relacionados ao uso de morfina são: depressão


respiratória, náuseas, vômitos, retenção urinária, prurido, diminuição da
motilidade intestinal, sonolência e alucinações.

Complicações relacionadas ao cateter

• Infecção.
• Migração do cateter para o espaço subaracnoideo.
• Perda.
• Dobra – acotovelamento ou quebra acidental do cateter,
podem advir de manipulação inadequada nas trocas de
curativos ou por movimentação do paciente. Nesse caso,
a infusão deve ser interrompida e uma nova avaliação do
anestesista deve ser solicitada.
Prevenção de infecções
• Realizar a higienização das mãos antes e após a manipulação
do cateter.
• Observar a inserção do cateter (sinais flogísticos).
• Controlar rigorosamente a temperatura corpórea.
• Realizar curativo conforme padronização da instituição.
Contraindicações:
• Plaquetopenia.
• Distúrbios de coagulação.
• Infecção localizada.
• Anormalidade estrutural diagnosticada na coluna vertebral
ou no espaço epidural, artrite vertebral.
• Hipotensão.
148

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 148 18/05/11 20:44


Vias Específicas para Infusão de Medicamentos

• Hipertensão grave.
• Alergia ao medicamento prescrito.
Material:
• Medicamento prescrito previamente preparado.
• Compressas de gaze embebidas em álcool a 70% utilizado
para desinfecção.
• Seringa de 5 ml.
• Um par de luvas de procedimento.
• Máscara.
• Um pacote de compressas de gaze estéril.
Procedimento:
• Lavar as mãos.
• Colocar luvas e máscara.
• Colocar o campo fenestrado na região do cateter.
• Realizar desinfecção da tampa com álcool a 70% (deixar a
solução secar totalmente).
• Introduzir a agulha da seringa de 5 ml vazia na tampa para
injeção e aspirar. Caso retorne sangue ou LCR límpido, sus‑
pender o procedimento e avisar o médico. Se não houver re‑
torno, proceder à administração do medicamento, conforme
prescrição.

A administração por essa via pode ser prescrita em bolus, devendo ser
injetado o medicamento à velocidade prescrita, ou, ainda, pode ser pres‑
crita infusão contínua, e o fluxo de infusão deve ser ajustado conforme a
prescrição médica. No caso da infusão contínua, deve-se conectar o filtro ao
recipiente que contém o medicamento e retirar todo o ar do sistema. Esse
filtro é de 0,2 mícron sem surfactante.
149

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 149 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
1. Realizar a identificação do frasco do medicamento e do cateter
com as palavras: Via Epidural, para evitar infusão acidental de ou‑
tros medicamentos por meio dessa via de administração.
2. Enrolar o cateter e fazer a fixação preferencialmente com fil‑
me transparente conforme protocolo da instituição, evitan‑
do-se assim, a tração do cateter; observar a sua inserção e
localização.
3. Observar a inserção do cateter para avaliar: presença de sinais flo‑
gísticos; extravasamento de medicação ao redor do cateter; deslo‑
camento, dobra ou tração do cateter.
4. Realizar a limpeza e troca da fixação conforme protocolo da
instituição.
Cuidados importantes:
• Não utilizar soluções alcoólicas para limpar a inserção do
cateter, pois esse agente pode causar lesão nervosa se em
contato com o espaço epidural.
• Verificar a posição do cateter medindo seu comprimento ex‑
terno.
• Realizar aspiração do cateter conforme protocolo da insti‑
tuição.
• Se o paciente apresentar cefaleia pulsátil e prolongada, que
piora na posição sentada ou ereta, o cateter pode ter perfu‑
rado a duramáter, possibilitando o extravasamento de LCR
do espaço epidural e reduzindo a pressão no canal medular.
Comunicar o médico, pois o paciente pode receber uma dose
excessiva do analgésico prescrito.
• Caso a cefaleia não ceda em 48 horas, o médico poderá pres‑
crever injeções de cafeína ou um tampão sanguíneo (aspira‑
ção de 10 ml de sangue de uma veia periférica do paciente e
150

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 150 18/05/11 20:44


Vias Específicas para Infusão de Medicamentos

sua injeção no espaço epidural, que irá selar a área que está
vazando e atenuar a cefaleia).
• A tampa oclusora para administrar o medicamento e o filtro
do cateter epidural devem ser substituídos a cada 48 ou 72
horas, de acordo com o protocolo da instituição.

Administração por via intrapleural


O espaço intrapleural está interposto entre a pleura visceral, que re‑
cobre a superfície dos pulmões, e a pleura parietal, que reveste a cavidade
torácica. Esse espaço contém uma quantidade pequena de líquido pleu‑
ral, para permitir o deslizamento suave das membranas pleurais durante a
respiração.
A administração de medicamentos por essa via tem a finalidade de:
• tratar pneumotórax espontâneo;
• regredir derrames pleurais;
• administrar quimioterápicos.

Tais administrações podem ser realizadas da seguinte maneira:


• Empiema, derrame pleural ou pneumotórax – os medica‑
mentos são administrados por um dreno torácico.
• Outras indicações – administração de agentes quimioterápi‑
cos e analgesia. A administração é feita com um cateter in‑
trapleural, que é introduzido entre o 4o e o 8o espaços inter‑
costais, entre 7,5 e 10 cm da linha média posterior, atravessa
os músculos intercostais até perfurar a pleura em um ângulo
específico.

O profissional responsável por administrar medicamento por essas


vias é o médico, com auxílio e preparo do material realizado pela equipe
de enfermagem.
151

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 151 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
Contraindicações para utilização da via intrapleural:
Não utilizar essa via em pacientes portadores de fibrose, aderências, in‑
flamação pleural, enfisema bolhoso, sepse ou infecção na região da punção
ou que estiverem recebendo pressão tele-expiratória positiva (por exemplo,
pacientes que estiverem fazendo uso de máscara de Bipap ou Cpap).
Material:
• Medicamento prescrito previamente preparado.
• Seringa de 60 ml.
• Um par de luvas estéreis.
• Máscara.
• Um pacote de compressas de gaze estéril.
• Clampe com ponta de borracha (ou um dreno torácico).
• Avental estéril.
• Solução de iodopovidona.
• Agulhas nos calibres apropriados (cateteres plásticos de te-
flon ou poliuretano tipo pig-tail 10F, 12F, 14F ou retos 11F).
• Uma agulha 40 x 12 para aspirar anestésico, caso seja neces‑
sário.
• Uma agulha 25 x 7 para anestesiar o local, caso necessário.
• Lidocaína a 1%.
• Fita adesiva hipoalergênica.
• Campo estéril.
Procedimento:
• Verificar a prescrição médica.
• Calcular a dose do medicamento e fazer a sua diluição com
soro fisiológico ou diluente, conforme prescrição médica.
• Explicar o procedimento ao paciente.
152

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 152 18/05/11 20:44


Vias Específicas para Infusão de Medicamentos

• Higienizar as mãos.
• Administrar o analgésico narcótico ou antiemético, confor‑
me prescrito, 30 minutos antes do início da administração
do medicamento por via intrapleural, conforme prescrição
médica. O antiemético somente será utilizado nos casos de
administração de quimioterápicos por via intrapleural.
• Aspirar o medicamento em uma seringa de 60 ml.
• Posicionar o paciente com o lado no qual será realizada a
administração voltado para cima.
• Retirar o curativo que cobre o cateter intrapleural ou o dreno
torácico.
• Clampear o dreno.
• Oferecer o material para o médico e auxiliar durante o pro‑
cedimento.
Cuidados importantes:
• Avaliar a cada 15 minutos, após a administração do medi‑
camento, o padrão respiratório do paciente, até completar
uma hora do término do procedimento.
• Manter monitorização contínua do paciente durante o proce‑
dimento, para detectar qualquer reação adversa (por exem‑
plo, alteração do nível de consciência, agitação, sonolência,
letargia, dispneia, taquipneia, queda na saturação de oxigê‑
nio, alterações na frequência cardíaca, aumento ou diminui‑
ção na pressão arterial).
• Caso o paciente esteja recebendo infusão contínua, identi‑
ficar o frasco com as palavras: Apenas para uso intrapleural,
para evitar administrações acidentais por essa via.
• Manter próximo ao leito clampes com pontas de borracha,
caso aconteça uma rachadura acidental do frasco ou desco‑
nexão do dreno.
153

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 153 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
• Observar sinais de pneumotórax de tensão, pois nenhum ar
pode sair do espaço pleural enquanto o dreno estiver clam‑
peado.
• Manter um monitoramento rigoroso para as complicações
da administração de medicamentos por essa via, dentre as
quais: pneumotórax, pneumotórax de tensão, irritação quí‑
mica pleural, presença de neutropenia e/ou trombocitope‑
nia e infecção da região da inserção do dreno.
• Monitorizar sinais vitais – atenção para hipotensão.
• Observar distensão das veias cervicais, desaparecimen‑
tos de sons respiratórios, desvio de traqueia, hipoxemia,
dispneia, taquipneia, sudorese, dor torácica, pulso rápido
e débil.
• Caso aconteça um deslocamento acidental do dreno, cobrir
imediatamente a região com uma compressa de gaze e fixá‑
-la no local. Pedir ajuda a outro enfermeiro para que chame
o médico e, logo após, preparar um novo material para dre‑
nagem torácica.

Administração por via intraperitoneal


O peritônio é uma membrana serosa que cobre os órgãos abdomi‑
nais e reveste a parede abdominal e pélvica, funcionando como uma mem‑
brana semipermeável. É composta por uma área da superfície corporal de
cerca de 22 mil cm². A administração de medicamentos por essa via é mais
comum para a realização de diálise ou infusão de quimioterápicos. Na ad‑
ministração de medicamento, um cateter é colocado na cavidade perito‑
neal e a solução dialítica é instalada. Água, eletrólitos e produtos tóxicos
do metabolismo passam do leito capilar do peritônio para o dialisado, por
osmose ou difusão.
A diálise peritoneal pode ser um tratamento de escolha para pacien‑
tes com insuficiência renal, que não são capazes ou que não desejam se
154

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 154 18/05/11 20:44


Vias Específicas para Infusão de Medicamentos

submeter à hemodiálise ou transplante renal. Por conseguinte, pacientes


com diabetes, doenças cardiovasculares, idosos e aqueles que podem estar
em risco de efeitos colaterais do uso sistêmico da heparina são candidatos
a esse método.

Tipos de cateteres para diálise

Cateter de curta permanência


É um cateter rígido e desenhado para uso único ou esporádico, por
exemplo, em pacientes que fazem quimioterapia uma vez por mês. Esse
cateter pode ser instalado à beira do leito e usado imediatamente. É menos
dispendioso e sua retirada é mais fácil.
Sua desvantagem é poder perfurar órgãos e causar mais dor,
quando comparado aos cateteres de longa permanência, além de ser
mais suscetível a vazamentos e expulsões da cavidade intraperitoneal.
Esse cateter deve ser trocado a cada três dias (72 horas), conforme pa‑
dronização da Comissão de Controle de Infecção e Epidemiologia Hos‑
pitalar – CCIEH.

Cateter de longa permanência


É um cateter de silicone ou de poliuretano (cateter de TencKhoff®),
possuindo um ou dois cuffs e uma película de Dacron de 1 a 1,5 cm de
comprimento, que envolve o cateter em sua porção extraperitoneal. O cuff
serve para fixar o cateter no seu trajeto, no interior da parede abdominal.
A película de Dracon tem como função prevenir a migração de bactérias do
paciente para o túnel subcutâneo.

Acesso subcutâneo
O cateter subcutâneo (tipo port-a-cath) é implantado sob a pele do
abdome, por um túnel produzido no tecido subcutâneo e comunica a cavi‑
dade peritoneal do paciente com o acesso externo.
155

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 155 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
Esse acesso possui um reservatório para medicamentos e um septo de
silicone autobloqueável, que pode resistir até 2 mil punções com agulhas.
Dois manguitos ancoram o cateter no local, evitando, assim, seu desloca‑
mento dentro da cavidade.
Os acessos intraperitoneais tendem a ser mais dispendiosos do que os
cateteres externos e não permitem a irrigação sob alta pressão, a irrigação
forçada ou a manipulação para desprender ou afrouxar coágulos. Porém,
se o tratamento do paciente for domiciliar, esse cateter é indicado, pois não
requer cuidados especiais e possui menor risco de infecção e perfuração
visceral do que os cateteres externos.
Esse tipo de acesso não é apropriado para pacientes com infecção,
desnutridos obesos ou que foram submetidos à radioterapia torácica ou
mastectomia. Nesse último caso, a restrição é quanto à colocação torácica
do cateter, podendo ser feita a implantação próxima à crista ilíaca ou ingui‑
nal, sem contraindicação.

Realização de diálise peritoneal


Cada ciclo da diálise peritoneal compreende três fases:
• Infusão.
• Permanência.
• Drenagem do líquido.

Quadro 6.2 – Ciclo de diálise peritoneal

Infusão Permanência Drenagem


Nesta fase, ocorre o Há a remoção das
A solução é infundida
processo de difusão e escórias nitrogenadas
na cavidade
ultrafiltração. O tempo e do excesso de água.
abdominal, por força
de permanência varia A remoção das escórias
da gravidade, através
de acordo com as dependerá do equilíbrio
do cateter implantado
necessidades dialíticas entre a solução de diálise
no peritôneo.
do paciente. e o sangue.
156

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 156 18/05/11 20:44


Vias Específicas para Infusão de Medicamentos

Material:
• Equipo de diálise em Y.
• Bolsa de drenagem.
• Líquido dialisado aquecido.
• Compressa com iodopovidona.
• Solução de iodopovidona.
• Luvas estéreis.
• Máscara.
• Avental estéril.
• Compressas de gaze estéril.
• Esparadrapo ou fita adesiva hipoalergênica.
• Dois protetores ou campos impermeáveis.
Procedimento:
• Explicar o procedimento ao paciente.
• Pesar o paciente em jejum.
• Verificar sinais vitais.
• Mensurar circunferência abdominal.
• Lavar as mãos e colocar o avental, a máscara e as luvas estéreis.
• Abrir o equipo em Y e, a seguir, conectar a linha de saída
única da bolsa de drenagem.
• Fechar os clampes do tubo.
• Retirar a cobertura de uma das pontas do tubo, introduzi-la
no dialisado e a outra na bolsa que contém a solução.
• Abrir o clampe entre a solução e o paciente.
• Retirar todo o ar do sistema e fechar o clampe.
• Abrir os clampes de modo que a bolsa de drenagem encha e
também seja preenchida essa parte do tubo.
157

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 157 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
• Fechar todos os clampes.
• Abrir o campo estéril.
• Colocar as compressas de gaze, a solução e as compressas
com iodopovidona sobre o campo estéril.
• Colocar outro protetor sobre a extensão do tubo que parte
do cateter.
• Retirar e descartar as luvas usadas.
• Calçar um novo par de luvas estéreis.
• Realizar a desinfecção da tampa do tubo de extensão e
conectar o tubo do cateter ao equipo de administração.
• Fixar a conexão com esparadrapo.
• Fixar uma alça do tubo no abdome do paciente para evitar
tensão do cateter.
• Abrir o clampe do tubo de extensão do cateter e do tubo do
equipo de administração, para iniciar a infusão para a cavi‑
dade peritoneal.
• Deixar o paciente em posição confortável.
• Descartar o material utilizado em local adequado.
• Anotar a hora do início da infusão.
Cuidados importantes:

• Certificar-se de que o clampe da bolsa de drenagem está


real­mente fechado para evitar a saída acidental da solução
da cavidade para a bolsa de drenagem.
• Após a infusão, fechar o clampe de entrada para evitar en‑
trada acidental de ar na extensão e na cavidade peritoneal.
• Manter o líquido na cavidade conforme prescrição médica.
158

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 158 18/05/11 20:44


Vias Específicas para Infusão de Medicamentos

• Se necessário, realizar movimentação passiva do paciente,


para proporcionar contato da solução com todas as superfí‑
cies do peritônio.
• Ao término da permanência, drenar a cavidade abrindo o
clampe.
• Durante o período de permanência, o paciente pode referir
desconforto, com dor abdominal, sensação de plenitude e
dificuldade para respirar. Procurar deixá-lo em posição con‑
fortável.
• Observar se todo o líquido infundido foi drenado.
• Anotar a quantidade e o aspecto do líquido drenado.
• Comunicar ao médico qualquer anormalidade detectada
(por exemplo, drenagem de sangue ou retenção de líquido
na cavidade).
• Repetir as fases de infusão, permanência e drenagem, até
completar o número de banhos prescritos, conforme prescri‑
ção médica.
• Ao final das infusões, realizar desinfecção do cateter com
iodopovidona.
• Reunir e descartar todo o material.
• Realizar desinfecção da borda do cateter e colocar a tampa
estéril.
• Trocar o curativo e fixar o cateter.
Acesso implantável:
• Localizar o acesso peritoneal, palpando-o.
• Higienizar as mãos. Colocar máscara.
• Abrir o material com técnica estéril em campo estéril.
• Colocar as luvas e o avental estéril.
159

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 159 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
• Limpar a pele do paciente com gazes estéreis embebidas em
iodopovidona e deixar a solução secar.
• Usar a mão não dominante para firmar o acesso. Puncionar
com uma agulha sem mandril, que já tenha sido preenchida
previamente com soro fisiológico e que já esteja conectada a
um equipo de extensão.
• Fixar a agulha colocando esparadrapo, fitas adesivas estéreis
ou filme transparente sobre o mandril.
• Com uma seringa com soro fisiológico, verificar se a agulha
está bem posicionada, tentando aspirar líquido. Se não hou‑
ver retorno de líquido, tentar lavar o acesso com soro fisio‑
lógico.
• Conectar o equipo de administração e iniciar a infusão, con‑
siderando todas as fases da diálise.
Cuidados com o cateter:
Nos primeiros dias após a implantação de um cateter para diálise,
ele deve ser mantido pérvio, de acordo com o protocolo da instituição ou
prescrição médica.
Exemplo:
• Irrigar o cateter com 500 ml de uma solução de diálise he‑
parinizada a cada 2 ou 3 horas, durante três dias. A seguir,
preencher o cateter com 5.000 UI de heparina (1.000 U/ml) e
mantê-lo ocluído.
• Um período de cicatrização de duas semanas permite que o
cateter seja selado e não vaze.
• Realizar a troca diária do curativo até a cicatrização total.
• Manter o acesso implantável desobstruído, irrigando-o roti‑
neiramente com 5 a 10 ml de soro fisiológico. Antes e após a
administração de medicamentos, realizar uma pequena irri‑
gação com 20 ml de solução compatível.
160

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 160 18/05/11 20:44


Vias Específicas para Infusão de Medicamentos

• Ao retirar a agulha do acesso, manter pressão positiva no êm‑


bolo.
• O médico deve retirar um cateter de longa permanência ou
um acesso implantável. O enfermeiro pode retirar um cateter
de curta permanência.
• Segundo o Decreto no 94.406/1987, sobre o exercício da En‑
fermagem, artigo 8o, inciso I, alínea h, cabe ao Enfermeiro:
“cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e
que exijam conhecimentos científicos adequados e capacida‑
de de tomar decisões imediatas”.
• Registrar os sinais vitais.
• Pesar e medir a circunferência abdominal do paciente, verifi‑
car o aspecto da região do cateter, a solução ou medicamento
infundido, incluindo o volume, a dose e a taxa de adminis‑
tração, a cor do efluente do cateter, a resposta do paciente ao
procedimento e as orientações dadas durante a diálise.
• São sinais de peritonite: febre, calafrios, hiperestesia abdo‑
minal, espasmos generalizados, dispneia, náuseas, opacifica‑
ção do líquido de drenagem peritoneal, eritema, edema ou
saída de secreção pela região do cateter. É importante uma
educação adequada e bem registrada, no caso de pacientes
que farão uso do cateter em domícilio.
Cuidados na administração da diálise peritoneal:
Em todos os tipos de cateteres, a técnica asséptica rigorosa é
imprescindível.
• Antes de iniciar a infusão, a bolsa deve ser aquecida em calor
seco, em torno de 36ºC.
• Soluções frias causam dor e menor eficiência da diálise em
virtude da vasoconstrição.
• Soluções quentes queimam o peritôneo.
161

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 161 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
• Atentar para queixas álgicas, sinais de infecção, desconforto
abdominal e respiratório, bem como mau posicionamento
do cateter.

Administração por via intra-articular


O medicamento administrado por essa via é liberado diretamente na
cavidade sinovial de uma articulação para suprimir a inflamação, atenuar a
dor, ajudar a conservar a mobilidade articular, evitar contraturas e retardar
a atrofia muscular.
Os medicamentos mais comumente assim administrados são corticoi‑
des, anestésicos e lubrificantes, sendo utilizados no tratamento de artrite e
outras doenças articulares. Para que ocorra o efeito desses medicamentos,
eles precisam ser absorvidos pelos tecidos ou pelas células.
A via intra-articular é utilizada com cautela pelos médicos, devido
ao risco de infecção e à dificuldade associada à aplicação pela articulação
sinovial. Essa via é contraindicada para pacientes com infecção articular,
instabilidade ou fratura, infecção fúngica sistêmica, psoríase na região a ser
injetada, bacteremia ou artroplastia total.
Para acessá-la, o médico utiliza seringa e agulha comum. Inicialmente,
o médico aspira o líquido articular para diminuir a dor e a inflamação e au‑
mentar a amplitude dos movimentos do paciente. Quando necessário, pode
ser realizada a coleta desse líquido para exame. Posteriormente, o médico faz
a administração do medicamento. Após o término da medicação, realiza-se
pressão no local e massagem da região durante 1 a 2 minutos para facilitar a
absorção do medicamento. Por fim, aplica-se uma bandagem.
Material:
Para preparar a medicação:
• Uma agulha de 2,5 cm 18 G ou 2,0 cm 26 G (o número da
agulha a ser utilizada pelo médico dependerá da articulação
acometida).
162

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 162 18/05/11 20:44


Vias Específicas para Infusão de Medicamentos

• Medicamento prescrito.
• Seringas de 3, 5, 10 ou 20 ml (uma de cada tamanho).
• Toalhas estéreis.
• Travesseiros.
• Compressas de gaze
• Luvas estéreis.
• Cuba-rim (para o caso de vômitos).
• Iodopovidona ou outra solução, de acordo com o protocolo
da instituição.
• Campo.
• Lidocaína a 1%, etilcloreto ou outro anestésico.
• Bandagem adesiva.
• Tubos para exames para coleta de líquido sinovial.
• Lâminas para exames, caso seja necessário.

Procedimento:

• Aspirar a quantidade prescrita do medicamento, com uma


seringa de 5 a 10 ml. Rotular a seringa.
• Posicionar o paciente adequadamente e estabilizar as articula‑
ções afetadas, sustentando-as com travesseiros, se necessário.
• Usando técnica asséptica, produzir um campo estéril abrindo
uma toalha ou campo estéril.
• Colocar as agulhas dos tamanhos apropriados, seringas e
compressas de gazes no campo.
• Com luvas estéreis, o médico realizará a limpeza do local.
• Realizar a anestesia e iniciar o procedimento, que poderá in‑
cluir a coleta de líquido ou somente a injeção de medicamento.
163

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 163 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
• Anotar a data e a hora, o local da injeção e o nome do médi‑
co que realizou o procedimento.
• Anotar o volume do líquido sinovial aspirado e a tolerância
do procedimento pelo paciente.
• Registrar o medicamento administrado e todas as orienta‑
ções dadas ao paciente.

Administração por via intraóssea


O líquido injetado na medula drena rapidamente para os canais ve‑
nosos centrais e chega à circulação sistêmica por meio das veias de menor
calibre. Além disso, possibilita administração rápida de líquidos e medica‑
mentos na medula óssea.
Essa via de administração pode ser usada para lactentes, crianças ou
adultos, quando não for possível estabelecer um acesso venoso de emer‑
gência nos primeiros dois minutos após o atendimento inicial no caso de
parada cardiorrespiratória. Pode também ser utilizada para administrar‑
-se anestesia regional durante o tratamento de distúrbios ortopédicos, nos
quais não foi possível conseguir acesso venoso ou se tal fato for inexequível.
A agulha intraóssea deve ser retirada logo que o acesso venoso con‑
vencional for estabelecido; varia segundo a idade e o tamanho do paciente.
Existem agulhas descartáveis desenhadas especialmente para infusão intra‑
óssea. Um obturador pontiagudo protege a sua ponta e filamentos helicoi‑
dais ajudam a penetrar no osso.

Figura 6.2 – Inserção da agulha intraóssea


164

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 164 18/05/11 20:44


Vias Específicas para Infusão de Medicamentos

Figura 6.3 – Equipamentos para punção intraóssea em adultos

Na ausência de uma agulha intraóssea, o profissional pode optar por


uma agulha de aço inoxidável para uso lipodérmico, espinhal ou esternal,
um trépano ou uma agulha de medula óssea convencional, desde que te‑
nha as seguintes características:
• diáfise curta, para evitar deslocamento acidental;
• estilete para impedir obstrução da luz pelo osso;
• calibre grosso;
• rigidez;
• um cabo que firme o estilete durante a introdução.

A via intraóssea tem um índice elevado de sucesso e poucas compli‑


cações. Porém, não deve ser usada em pacientes com uma área infectada,
em osso no qual o acesso intraósseo já tenha sido tentado, em osso com
fratura exposta, em paciente com tumor ou com osteoporose.
Os medicamentos ou líquidos podem ser infundidos por gravidade
ou por bomba de infusão. O tamanho da agulha, a densidade e as di‑
mensões da cavidade da medula são fatores que interferem na taxa de
infusão. O uso da punção intraóssea por mais de 24 horas pode causar
osteomielite.

Qualificação para a técnica

Médico ou enfermeiro com treinamento específico.


165

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 165 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos

Locais para infusão


Crianças
• Superfície anteromedial da tíbia proximal, 2,5 cm abaixo da
tuberosidade tibial.
• Tíbia e fêmur distais. A tíbia distal é preferível por ter uma co‑
bertura fina de córtex ósseo e por possibilitar acesso mais difí‑
cil, porque o osso está bem protegido por músculo e gordura.
• A inserção no esterno não é recomendável para crianças, de‑
vido ao risco de perfuração.
• Nunca introduzir uma agulha intraóssea nas placas epifisá‑
rias de uma criança.

Adultos
• Crista ilíaca ou esterno (com exceção do segmento antero‑
posterior, no qual a agulha poderia penetrar por completo).
• Extremidade distal do rádio, a metáfise proximal do úmero e
uma região situada 3 a 4 cm antes da extremidade distal do
maléolo lateral ou medial.
• A agulha também pode ser introduzida no processo estiloide
da ulna, na epífise distal do segundo metacarpo, na epífise
distal do primeiro metatarso, na tíbia ou no fêmur distal.

Introdução de agulha intraóssea


Para realizar o procedimento de introdução de uma agulha intraós‑
sea, o profissional precisa ter recebido treinamento específico.

Material:
• Uma agulha de acesso intraósseo com obturador de tama‑
nho apropriado.
• Três pacotes de compressas de gaze com iodopovidona (ou
antisséptico padrão da instituição).
166

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 166 18/05/11 20:44


Vias Específicas para Infusão de Medicamentos

• Luvas estéreis.
• Seringa de 3 a 5 ml (uma de cada tamanho).
• Lidocaína a 1%.
• Soro fisiológico para irrigação.
• Um equipo.
• Medicamento prescrito.
• Fita hipoalergênica.
• Três pacotes de gaze estéril.
• Uma bomba de infusão.
• Controlador ou bolsa de infusão sob pressão, conforme a in‑
dicação.

Geralmente, essa via é acessada durante uma emergência, o que


interfere muito no preparo adequado do paciente para administração de
medicamento. Contudo, a preparação é extremamente importante para o
sucesso do procedimento.

Procedimento:

• Explicar o procedimento ao paciente.


• Escolher o local mais apropriado para a introdução da agulha.
• Para encontrar o segmento proximal da tíbia, medir 2,5 a 5,0 cm
abaixo da tuberosidade tibial na superfície anteromedial.
• Higienizar as mãos.
• Colocar um campo estéril sobre o local.
• Se o membro for utilizado para infusão, deve ser colocado
em uma posição confortável. Se o paciente for uma criança,
será necessário conter o membro.
• Colocar as luvas estéreis e limpar vigorosamente a pele da
região a ser puncionada com iodopovidona. Deixar a solução
secar ao ar livre.
167

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 167 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
• Introduzir a agulha cuidadosamente. Em algumas institui‑
ções, utiliza-se uma pistola de injeção óssea.
• Calçar um novo par de luvas estéreis.
• Caso tenha sido prescrito, anestesiar a pele com a lidocaína,
injetando o anestésico sob o periósteo. Avançar rapidamente
a agulha pela pele até chegar ao córtex ósseo. No caso de o
paciente ser uma criança, angular a agulha afastando-a do
espaço articular, para evitar perfuração da placa epifisária.
• Introduzir a agulha ainda mais, até chegar à cavidade me‑
dular, mantendo pressão firme e um movimento de rotação
ou helicoidal para baixo. É possível sentir a agulha passando
pelo córtex ósseo e atingindo uma parte oca e macia (o osso
esponjoso).
• Quando se sente um estalo suave e redução da resistência,
sabe-se que se terá chegado à medula óssea. Quando a agu‑
lha estiver introduzida no osso, permanecerá em posição re‑
tilínea sem sustentação.
• Após atingir a medula óssea, retirar o obturador da agulha,
conectar uma seringa de 5 ml e aspirar um pouco de medu‑
la óssea, para certificar-se de que a agulha está na posição
correta.
• Trocar a seringa por outra contendo soro fisiológico. A seguir,
irrigar a cânula para retirar o sangue e as partículas ósseas.
Se a agulha estiver posicionada adequadamente, não haverá
sensação de resistência durante a irrigação.
• Retirar a seringa e conectar o equipo.
• Fazer uma nova limpeza da região.
• Se o paciente estiver consciente, atenuar a dor durante a in‑
fusão inicial retirando 2 a 5 ml de medula óssea e, em segui‑
da, injetando lentamente 2 a 5 ml de lidocaína a 1% durante
60 segundos.
168

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 168 18/05/11 20:44


Vias Específicas para Infusão de Medicamentos

• Caso a primeira tentativa de introduzir uma agulha intraós‑


sea não tenha obtido sucesso, usar outro osso na tentativa
subsequente. Assim, evita-se que o líquido infundido extra‑
vase pelo local da primeira punção.

Neste capítulo, foram descritas técnicas de administração de medi‑


camentos específicas e utilizadas por profissionais autorizados e treinados
– enfermeiros e médicos. Cabe aos técnicos e auxiliares de enfermagem au‑
xiliar durante o procedimento, fornecendo materiais necessários e posicio‑
nando o paciente, entre outras atividades. Para isso, necessitam conhecer a
técnica a ser executada, assim como os materiais utilizados.

169

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 169 18/05/11 20:44


Capítulo 7

Preparo da Medicação
Aline Laurenti Cheregatti

Segurança para administração dos


medicamentos
Alguns cuidados são importantes no preparo e na administração dos me‑
dicamentos, reforçando a segurança na sua administração. Entre eles, citam-se:
• Prescrição por ordem verbal somente em situação de emer‑
gência.
• Administrar medicamento somente com prescrição médica.
• Não administrar medicamento sem rótulo ou sem identificação.
• Verificar data de validade antes da administração.
• Não administrar medicamento preparado por outro profis‑
sional.
• Ter conhecimento sobre o medicamento que será adminis‑
trado, seu efeito colateral, incompatibilidade com outros
medicamentos e formas de apresentação.
• Verificar acondicionamento correto de medicamentos fotos‑
sensíveis e termolábeis.
• Não conversar durante o preparo de medicamentos.
• Manter a prescrição médica próxima para realizar consultas
e checagem.
• Conferir os 5 Certos – medicamento certo, dose certa, paciente
certo, via certa e hora certa – para cada medicamento preparado.
171

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 171 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
Os cuidados envolvendo a administração de medicamentos são ne‑
cessários, independentemente da via de administração prescrita. Os princi‑
pais cuidados estão listados no quadro a seguir.

Quadro 7.1 – Administração de medicamentos por via oral e sublingual

Ingerir água fresca antes da


administração de medicamentos para
melhorar o paladar.
A melhora do amargor do
Medicamentos que possuem forte medicamento pode ser realizada
colocando-se gelo na boca, antes
paladar devem ser diluídos.
e depois da administração do
medicamento.
Acrescentar açúcar na diluição dos
medicamentos amargos melhora o
paladar.
Nunca se deve diluir ou misturar mais O aprazamento dos medicamentos
de um medicamento, devido ao risco deve ser realizado preferencialmente
de interação medicamentosa. em horários separados.
Os medicamentos administrados por Considerar interações que possam
via oral podem ser administrados com ocorrer entre medicamentos e
suco de frutas, água, leite ou chá. alimentos específicos.
Medicamentos em pó devem ser Considerar medicamentos
bem dissolvidos e administrados efervescentes como medicamentos em
imediatamente após sua dissolução. pó.
Para gotas, realizar contagem A contagem das gotas deve ser realizada
utilizando conta-gotas. uma a uma.
Verificar pressão arterial, antes de administrar hipotensores e frequência
cardíaca, antes de administrar digitálicos.
Utilizar luvas de procedimento em casos de isolamentos ou quando entrar em
contato com mucosa do paciente.
Todas as orientações devem ser realizadas, salvo contraindicações ou
orientação médica.

Os medicamentos administrados por via enteral requerem atenções


semelhantes aos administrados por via oral, acrescidos dos cuidados com a
172

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 172 18/05/11 20:44


Preparo da Medicação

sonda para mantê-la permeável. As administrações por via enteral incluem


as administradas por meio de sonda enteral, sonda de gastrostomia e son‑
da de jejunostomia.
Quadro 7.2 – Administração de medicamentos por via enteral

Os medicamentos com apresentação Os medicamentos devem ser diluídos


em comprimidos, gotas, soluções, e administrados separadamente.
suspensões e pós devem ser dissolvidos Verificar se há possibilidade de
em água e, depois, administrados com alteração do aprazamento do horário
auxílio de uma seringa. da medicação.
Outros tipos de apresentação do
medicamento facilitam a diluição
Sempre verificar com o farmacêutico
e a administração, diminuindo a
se o medicamento prescrito apresenta possibilidade de obstrução da sonda.
forma líquida para administração. O médico deve sempre ser consultado
para alteração da prescrição.
Antes, entre e após a administração
O intuito é manter a perviedade das
dos medicamentos, mesmo em
sondas, injetando água filtrada com
apresentação líquida, xaropes ou
pressão, levando-se em conta o tipo, o
soluções, as sondas devem ser lavadas
calibre da sonda e o paciente.
conforme padronização da instituição.
Todas as orientações devem ser realizadas, salvo contraindicações ou orientação
médica.

A administração de medicamentos por via retal é pouco utilizada


por gerar constrangimento em alguns pacientes. Para esse tipo de admi‑
nistração, deve-se colocá-lo na posição de SIMS, em decúbito lateral es‑
querdo, com o membro inferior esquerdo estendido e o membro inferior
direito ligeiramente flexionado.
Quadro 7.3 – Administração de medicamento por via retal
Manter a privacidade do paciente
Sempre que possível, permitir que o
Manter a privacidade e
paciente introduza o supositório sem
individualidade do paciente.
o auxílio da enfermagem.
Para a administração de supositório
Essa manobra evita que haja o
em crianças pode ser necessário leve
retorno do medicamento.
compressão das nádegas.
Continua
173

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 173 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
Quadro 7.3 – Continuação

Manter a privacidade do paciente


A comadre deve ser oferecida em casos de administração de enemas e
medicamentos laxativos.
O paciente deve sempre ser colocado em posição de SIMS para administração
do medicamento.
Todas as orientações devem ser realizadas, salvo contraindicações ou
orientação médica.

A administração por via vaginal é específica para alguns medicamen‑


tos. A paciente deve ser orientada a aplicar a medicação e permanecer dei‑
tada, para que não saia pela vagina. Deve-se colocá-la na posição ginecoló‑
gica para facilitar a aplicação.
Quadro 7.4 – Administração de medicação por via vaginal

Manter a privacidade da paciente


Administrar preferencialmente o medicamento antes de a paciente se deitar.
O medicamento deve ser colocado no Normalmente, a embalagem de
aplicador (vem com o medicamento) medicamento já vem com aplicadores
na quantidade indicada pelo na quantidade necessária para o
fabricante. tratamento.
Sempre que possível, permitir que a Dessa maneira, respeita-se a
paciente introduza o medicamento privacidade e a individualidade da
sem o auxílio da enfermagem. paciente.
Após a administração do Essa orientação e conduta fazem
medicamento, a paciente deve ser com que haja total absorção do
orientada a permanecer em repouso. medicamento.
Avisá-la que poderá sentir Solicitar que a paciente relaxe e não
desconforto durante a administração faça força durante a introdução do
do medicamento. medicamento.
A paciente deverá sempre ser colocada em posição ginecológica para
administração do medicamento.
Todas as orientações devem ser realizadas, salvo contraindicações ou
orientação médica.
174

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 174 18/05/11 20:44


Preparo da Medicação

A administração de medicamentos pela via nasal é específica e desti‑


nada a poucos medicamentos.
Quadro 7.5 – Administração de medicamento por via nasal
O medicamento por via nasal é introduzido O conta-gotas é de uso
nas narinas com o auxílio de um conta-gotas. individual.
Administrar preferencialmente o medicamento com a cabeça do
paciente ligeiramente voltada para trás.
O medicamento deve permanecer no quarto do paciente.
Alertá-lo que poderá sentir desconforto durante a administração do
medicamento.
Todas as orientações devem ser realizadas, salvo contraindicações ou
orientação médica.

A administração de medicamento por via ocular é uma técnica sim‑


ples para sua execução, mas apresenta certo grau de desconforto para o
paciente.

Quadro 7.6 – Administração de medicamento por via ocular

Podem ser aplicados, pela via ocular, colírios e pomadas.


O olho deve permanecer levemente aberto para que a gota seja instilada no
saco conjuntival.
O bico do frasco do colírio não pode encostar no olho do paciente.
Para aplicação da pomada, o profissional deve tracionar a pálpebra inferior e
aplicar o medicamento dentro do saco conjuntival.
O paciente deve ser orientado para fechar os olhos e fazer movimento com o
globo ocular, facilitando, assim, a absorção do medicamento.
Realizar higiene ocular antes da aplicação de colírios e pomadas.
Todas as orientações devem ser realizadas, salvo contraindicações ou
orientação médica.

A administração de medicamentos por via auricular é restrita a pou‑


cos fármacos. Apresenta certo grau de desconforto para os pacientes, prin‑
cipalmente crianças.
175

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 175 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
Quadro 7.7 – Administração de medicamentos por via auricular

Em adultos, para instilar o medicamento no ouvido, é necessário tracionar,


com delicadeza, o pavilhão auditivo para cima e para trás, com a finalidade
de expor o conduto auditivo.
Em crianças, para instilar o medicamento no ouvido, o pavilhão auditivo deve
ser tracionado para baixo e para trás.
A medicação deve ser administrada em temperatura ambiente ou levemente
aquecida, com a utilização da fricção com as mãos, para atingir a temperatura
corpórea.
Realizar higiene local antes da aplicação do medicamento.
Todas as orientações devem ser realizadas, salvo contraindicações ou
orientação médica.

A administração de medicamentos por via parenteral é a mais complexa


de todas. Ela engloba a administração pelas vias subcutânea, intradérmica,
intramuscular, endovenosa e intravenosa. Para a execução dessas técnicas, o
profissional necessita de amplo conhecimento e habilidades práticas, princi‑
palmente quando é necessária a instalação de dispositivo de acesso venoso
para administração de medicamentos por via intravenosa ou endovenosa.
Atualmente, dispõe-se, no mercado, de vários tipos de dispositivos, o que faci‑
lita a execução da técnica e garante maior conforto ao paciente.

Quadro 7.8 – Administração de medicamentos por via parenteral


As soluções administradas por via parenteral devem ser estéreis. O material
utilizado deve ser descartável e também estéril.
O medicamento deve ser introduzido de forma lenta e constante, evitando,
assim, a ruptura de capilares.
Ao preparar e administrar medicação por via parenteral, o profissional deve
certificar-se de não ter ocorrido contaminação com a solução e o material.
Preparo de medicamento ampola e Preparo de medicamento frasco
solução ampola e pó
1. Lavar as mãos. 1. Lavar as mãos.
2. Conferir os 5 Certos. 2. Conferir os 5 Certos.
Continua
176

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 176 18/05/11 20:44


Preparo da Medicação

Quadro 7.8 – Continuação


3. Conferir se o medicamento 3. Retirar a tampa protetora
está no corpo da ampola. Caso do frasco (soluto), realizar a
esteja no gargalo da ampola, desinfecção da borracha protetora
fazer movimentos rotatórios com algodão e álcool a 70%.
para promover a descida do 4. Preparar a seringa e a agulha para
medicamento para o corpo da aspirar o medicamento.
ampola.
5. Realizar desinfecção da ampola
4. Fazer a desinfecção do gargalo de solvente com álcool a 70% e
utilizando algodão com álcool a aspirar seu conteúdo.
70%.
6. Perfurar com agulha o frasco do
5. Proteger os dedos com gazes ou soluto e introduzir o solvente no
algodão ao quebrar ampolas de frasco do soluto.
vidro.
7. Retirar a seringa e a agulha.
6. Abrir a embalagem da seringa e
8. Homogeneizar a solução com
conectar a agulha sem contaminar.
movimentos firmes e lentos, entre
7. Segurar a ampola entre os dedos as mãos, evitando a formação de
indicador e médio da mão espuma.
não dominante e introduzir a
9. Aspirar a solução com a mesma
agulha na ampola; com a mão
seringa e agulha e, depois, retirá-la
dominante, aspirar o volume
do frasco.
prescrito do medicamento.
10. Retirar o ar da seringa voltando a
8. Após a aspiração, retirar a agulha da
agulha para cima.
ampola, virar a agulha para cima e
11. Trocar a agulha por outra,
retirar o ar da seringa.
adequada para a administração do
9. Trocar a agulha utilizada para
medicamento.
aspirar o medicamento por outra
12. Lavar as mãos.
indicada para fazer a aplicação.
13. Administrar o medicamento logo
10. Não reencapar a agulha e
após o seu preparo.
desprezá-la em local apropriado.
11. Lavar as mãos.
12. Administrar o medicamento logo
após o seu preparo.
Todas as orientações devem ser realizadas, salvo contraindicações ou
orientação médica.

177

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 177 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos

Figura 7.1 – Desinfecção da ampola Figura 7.2 – Abertura da ampola

Figura 7.3 – Aspirar com a seringa e a agulha

É importante ressaltar que, independentemente da via de adminis‑


tração prescrita pelo médico, o profissional de enfermagem deve possuir
conhecimento geral e específico sobre o assunto. Além do conhecimento
sobre a técnica a ser executada, o profissional deve saber as informações
sobre os medicamentos que administrará, seu efeito, tempo de ação, prin‑
cipais reações e efeitos colaterais.
Outro fator importante é não realizar a administração de medica‑
mentos em caso de dúvidas, as quais deverão ser esclarecidas pelo enfer‑
meiro ou pelo médico. Em situações de erros que envolvam medicamen‑
tos, o médico deverá ser comunicado imediatamente para tentar reverter
a ação de tal fármaco.

178

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 178 18/05/11 20:44


Capítulo 8

Principais Complicações da Terapia


Medicamentosa
Ana Paula Miranda Barreto

Via oral e gástrica


A administração de medicamentos por via oral (VO) é um método
seguro e barato, em comparação com outras vias de administração.
A absorção variável de uma substância ocorre pelo fígado, em que
um elaborado sistema enzimático pode inativá-la antes que ela passe para
a circulação sistêmica.
Alguns medicamentos por via oral irritam o trato gastrointestinal
(TGI), descolorem os dentes, têm sabor desagradável e podem ser aciden‑
talmente broncoaspirados, quando o paciente tem deglutição prejudicada.

Fatores que interferem na administração de medicamentos


por via oral ou gástrica

Alterações no pH do TGI
O pH gástrico de uma criança é menos ácido do que o pH de um adulto.
O pH baixo do estômago impede a absorção significativa de drogas
básicas, que são absorvidas mais efetivamente na cavidade oral (pH 6,2 a
7,2), ou no intestino grosso (pH 7,0 a 7,5). As alterações do pH gástrico po‑
dem diminuir a absorção ou fazer com que algumas drogas sejam absorvi‑
das de maneira inadequada. Certos princípios ativos encontram problemas
na absorção devido a suas características físico-químicas.
179

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 179 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
Alterações na permeabilidade da membrana intestinal
O pH do intestino é neutro, fato que favorece a absorção da maioria
das drogas. O papel fisiológico do intestino é absorver produtos finais da
digestão dos alimentos, pois possui uma grande área de superfície e uma
grande vascularização. A diferença entre o pH do intestino e do estômago
pode alterar a absorção de muitas drogas.
Flutuações na motilidade gástrica
Conforme cresce a velocidade de esvaziamento gástrico, aumenta a
velocidade de absorção das drogas e diminui a latência. A diminuição da
motilidade retarda o esvaziamento gástrico e diminui a absorção.
A elevação da absorção das drogas pode ocorrer em crianças menores
de 2 anos de idade, por apresentarem o intestino mais curto, pois com o
aumento do trânsito intestinal, há a diminuição da taxa de absorção.
Alimentos no TGI
A plenitude gástrica torna a absorção irregular. Muitas drogas não
são absorvidas adequadamente na presença de alimentos, enquanto outras
devem ser administradas com o estômago cheio para diminuir os danos
causados à mucosa gástrica.
Medicamentos no TGI
A presença de mais de uma medicação no TGI pode causar interação
medicamentosa, inativação de algumas substâncias ou, ainda, potenciali‑
zação da ação de outros medicamentos.
Vários componentes de alimentos ou drogas podem quelar ou adsorver
drogas intraluminalmente de uma maneira ativa, reduzindo sua absorção. Por
exemplo: os sais de cálcio, bário, magnésio, alumínio e ferro formam quelatos
(quando uma substância química gruda ou adere à outra, impedindo a sua
absorção pelo organismo) com antibióticos do tipo tetraciclina, o carvão ou a
colestiramina, e quelam muitas drogas ácidas, como Warfarim e tiroxina.
Os medicamentos líquidos, por exemplo, não devem ser misturados,
pois pode ocorrer uma reação química que resulta em precipitado.
180

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 180 18/05/11 20:44


Principais Complicações da Terapia Medicamentosa

Salicilatos, digitálicos e corticoides irritam a mucosa gástrica e devem


ser administrados com as refeições.
Os xaropes devem ser administrados puros, pois quando são diluídos
pode ocorrer alteração da dosagem.
Em decorrência da administração de medicamentos no TGI, podem
ocorrer náuseas, vômitos, gastralgia e inativação da ação medicamentosa.

Via intramuscular (IM)


Quando o paciente está hipotenso ou tem um aporte sanguíneo defi‑
ciente para o músculo, o medicamento administrado por via intramuscular
pode precipitar-se ou não ser absorvido.
Ocorre dor, no caso da injeção IM, porque a pele e o tecido subcutâ‑
neo são ricamente inervados e os receptores da dor são estimulados pela
agulha, quando ela penetra e disseca o tecido conectivo. O músculo é me‑
nos inervado, mas a infusão de solução no espaço intersticial pode ser mui‑
to dolorosa, devido à irritação causada pela solução, ao pH ou à tonicidade
alta para a solução fisiológica.
Quando não se emprega a técnica correta de administração, pode‑
-se, acidentalmente, injetar o medicamento na corrente sanguínea e causar
uma reação adversa ou overdose.
Podem ocorrer: irritação tecidual local, dor, lesão óssea, punção de
vasos sanguíneos causando hematomas, endurecimento local, lesão de ner‑
vos, volume inadequado para o músculo, rompimento de tecido muscular
interferindo na mioglobina (marcador de IAM), distrofias, abscessos, reações
alérgicas no caso de sensibilidade ao fármaco e perda da funcionalidade do
membro.
A administração de medicamento IM pode ser ineficaz para crianças
desidratadas, devido ao volume circulante impróprio para dissolver e trans‑
portar a substância para o sistema vascular.
181

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 181 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
As complicações mais comuns, após injeções no músculo vasto lateral
da coxa, são: desconforto do paciente, devido a intensa dor durante a apli‑
cação; presença de manchas avermelhadas no local e extensão do mem‑
bro e abdome; hiperemia; edema; hematomas difusos; vesículas contendo
fluido sanguinolento; abscessos; nodulações e escaras no local da injeção.
Tais fatores decorrem de local inapropriado da injeção, falta de rotatividade
dos locais, grande volume de medicação injetada em músculo pequeno e
técnica incorreta de assepsia. Porém surgir, por exemplo, no caso de admi‑
nistração de penicilina G, procaína e diclofenaco de sódio.

Causas das complicações


• Tipo de medicação introduzida: medicação irritante, diluição
em solvente oleoso ou de absorção lenta, alta concentração.
• Volume injetado incompatível com a estrutura do músculo,
ocasionando um aumento da tensão local, compressão vas‑
cular, edema local e, com o efeito tóxico, podendo causar
infarto muscular, fibrose e necrose.
• Local de aplicação errado em relação à qualidade da me‑
dicação injetada. Existem medicações que exigem grande
quantidade de massa muscular, possibilitando aumento na
velocidade de absorção.

Complicações da terapia endovenosa (EV)


Infiltração

A infiltração é a administração de uma solução ou medicamento não


vesicante no tecido circunvizinho. Ocorre quando a cânula EV se desloca ou per‑
fura a parede da veia. Caracteriza-se por edema ao redor do local de inserção,
extravasamento do líquido para fora do leito venoso, dor e sensação de frio na
área da infiltração e uma diminuição significativa na velocidade do fluxo.
182

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 182 18/05/11 20:44


Principais Complicações da Terapia Medicamentosa

Quando a solução é irritante, pode ocorrer descamação do tecido. É


necessário monitorização intensiva do local para detectar uma infiltração,
antes que ela se torne grave.
Nem sempre o fato de haver um fluxo retrógrado de sangue significa que
não houve infiltração; isso pode indicar, por exemplo, que o cateter não está
bem posicionado, podendo ter acontecido de a sua extremidade distal ter perfu‑
rado a veia. O fluido EV escorre para dentro dos tecidos, assim como flui dentro
da veia. Embora ocorra o retorno do sangue, a infiltração também aconteceu.
Uma boa forma de confirmar se a infiltração está ocorrendo é aplicar
um garrote acima ou próximo ao local de infusão e apertá-lo o suficiente
para restringir o fluxo venoso. Quando a infusão continuar a gotejar, apesar
da obstrução venosa, a infiltração estará acontecendo.
A infiltração de qualquer quantidade de produto sanguíneo, irritante
ou vesicante, é considerada grave.
O tratamento consiste em:
• Quando a infiltração for recente, aplicar compressas frias.
• Quando já tiver passado algumas horas, aplicar compressas
quentes no local.
• Elevar o membro para promover absorção do líquido e dimi‑
nuir o edema.
• Puncionar um novo acesso em outro membro.
• Associar a terapia prescrita com o local da punção.
• Escolher uma cânula do tamanho e do tipo adequado para
a veia.

Extravasamento
O extravasamento é similar à infiltração e ocorre por uma adminis‑
tração inadvertida de solução vesicante ou medicamento dentro do tecido
circunvizinho.
183

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 183 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
Medicamentos, como a dopamina, preparações de cálcio e agentes
quimioterápicos, podem provocar dor, queimação e rubor no local. Possivel‑
mente, ocorrerá a formação de vesículas, inflamação e necrose dos tecidos.
A extensão da lesão é determinada pela concentração do medica‑
mento, pela quantidade extravasada, pela localização da inserção para in‑
fusão, pela resposta tecidual e pela duração do processo de extravasamen‑
to. Deve-se interromper a infusão imediatamente. O enfermeiro e o médico
devem ser notificados.
O protocolo da instituição para extravasamento deve ser iniciado; ele
pode determinar os tratamentos necessários, incluindo antídotos específi‑
cos para o medicamento que extravasou, e pode indicar se a linha EV deve
permanecer no local ou ser removida antes do tratamento. Com frequência,
o protocolo especifica que o local de infusão seja infiltrado com o antídoto
prescrito, depois da avaliação pelo enfermeiro e pelo médico e a aplicação
de compressa fria inicialmente, seguida por compressas quentes e elevação
do membro. Esse membro não deve ser usado para a instalação posterior
de cânula. Avaliações neurovasculares completas do membro afetado de‑
vem ser regularmente efetuadas.

Flebite

A flebite é definida como a inflamação de uma veia devido a uma


irritação química e/ou mecânica. Caracteriza-se por uma área avermelhada
e quente ao redor do local de inserção, ou ao longo do trajeto da veia, e
edema.
A seguir, há a especificação dos tipos de flebite
Flebite Mecânica
É uma irritação mecânica, causando uma flebite ou inflamação na
veia; pode ser atribuída ao uso de cateter de calibre grande inserido em
uma veia pequena.
184

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 184 18/05/11 20:44


Principais Complicações da Terapia Medicamentosa

Flebite Química
Muitos fatores contribuem para o desenvolvimento de flebite química.
Geralmente, é causada por administração de medicações ou soluções irri‑
tantes, medicações diluídas ou misturadas impropriamente, infusão muito
rápida, presença de pequenas partículas na solução. Um fator contributivo
na formação de flebite química são partículas ínfimas na solução, tais como
partículas de drogas que não se dissolvem totalmente durante a diluição e
que não são visíveis. Infusões intermitentes heparenizadas causam menos
irritação na parede da veia no decorrer do tempo do que infusões contínuas.
Flebite Bacteriana
É a inflamação da parede interna da veia associada com a infecção
bacteriana. Fatores que contribuem para o desenvolvimento de flebite bac‑
teriana incluem técnicas assépticas inadequadas de inserção do cateter, fi‑
xação ineficaz do cateter e falha na realização de avaliação dos locais.
Flebite Pós-infusão
Trata-se de uma inflamação da veia que se torna evidente em 48 a
72 horas. Fatores que contribuem para seu desenvolvimento, são: técnica
de inserção do cateter, condição da veia utilizada, tipo, compatibilidade e o
pH da solução ou medicações infundidas, calibre, tamanho, comprimento
e material do cateter e tempo de permanência.

Quadro 8.1 – Classificação da flebite – Escala de Maddox


GRAVIDADE 0 Ausência de reação.
GRAVIDADE 1+ Sensibilidade ao toque sobre a porção IV da cânula.
GRAVIDADE 2+ Dor contínua sem eritema.
Dor contínua, com eritema e edema, veia dura, palpável a
GRAVIDADE 3+
menos de 8 cm acima do local IV da cânula.
Dor contínua com eritema e edema, endurecimento, veia
GRAVIDADE 4+
endurecida palpável a mais de 8 cm do local IV da cânula.
Trombose venosa aparente. Todos os sinais de 4+, mais fluxo
GRAVIDADE 5+ venoso = 0, o qual pode ter sido interrompido devido à
trombose. 185

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 185 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
A incidência de flebite aumenta conforme o período de tempo em
que a linha EV é mantida, dependendo da composição do líquido infundi‑
do, especialmente seu pH e tonicidade, do tamanho da cânula e do local da
inserção, da filtração ineficaz, da fixação imprópria da linha e da introdu‑
ção de micro-organismos no momento da inserção.
O tratamento consiste em troca da punção conforme protocolo da
instituição, geralmente a cada 72 horas, interrupção da linha EV, punção
em novo local e compressa morna e úmida no local afetado.

Tromboflebite
É a presença de um processo inflamatório de um segmento de uma
veia, geralmente de localização superficial, com a formação de coágulos, na
área afetada. Seus sinais são: dor localizada, rubor, calor e edema ao redor
da inserção ou ao longo do trajeto da veia.

Hematoma
Surge o hematoma quando o sangue extravasa para dentro dos teci‑
dos circunvizinhos ao local da inserção EV. Ocorre em decorrência da perfu‑
ração da parede vascular oposta durante a punção venosa, do deslizamento
da agulha para fora da veia e da pressão insuficiente aplicada ao local após
a retirada da agulha ou cânula. Os sinais de hematoma incluem equimose,
edema imediato e extravasamento de sangue no local.
O tratamento inclui a retirada da agulha ou cânula e a aplicação de
pressão com um curativo estéril, a utilização de bolsa de gelo durante as
próximas 24 horas no local e, em seguida, compressa quente para aumen‑
tar a absorção do sangue, além de avaliação do local.

Coagulação e obstrução
Os coágulos podem formar-se na administração EV em consequência
de equipo torcido, de velocidade de infusão muito lenta, de espaço vazio ou
da falta de lavagem da linha após administração de medicamentos.
186

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 186 18/05/11 20:44


Principais Complicações da Terapia Medicamentosa

Nunca se deve tentar desobstruir o cateter. Seringas grandes fazem


alta pressão, pode-se tentar aspirar o cateter com uma seringa de 1 a 3 ml.
A aspiração impede que se empurre o trombo para a circulação e previne
a formação de hematoma por rompimento da veia. Se não obter-se êxito,
deve-se retirar o cateter e realizar uma nova punção.
Deve-se interromper a infusão e reiniciar em outro local. O equipo
não deve ser irrigado ou ordenhado, nem a velocidade da infusão aumen‑
tada, nem o frasco da solução elevado.

Via subcutânea (SC)


A via SC é utilizada comumente para administração de insulina e an‑
ticoagulantes. As complicações mais comuns são reações alérgicas locais
(rubor, edema, dor e endurecimento do local, presença de pápula).
A lipodistrofia refere-se a uma reação localizada, na forma de lipoa‑
trofia ou lipo-hipertrofia, ocorrendo no sítio das injeções de insulina. A li‑
poatrofia é a perda do tecido adiposo subcutâneo e aparece como uma pe‑
quena fóvea ou depressão mais acentuada do tecido adiposo subcutâneo.
O uso de insulina humana quase eliminou essa complicação desfigurante.
A lipo-hipertrofia – o desenvolvimento de massas fibroadiposas no
sítio da injeção – é causada pelo uso repetido de um sítio de injeção.
Quando a insulina é injetada em áreas cicatrizadas, a absorção pode
ser retardada. O paciente deve evitar injeções de insulina nessas áreas até
que a hipertrofia desapareça.

Os medicamentos trazem inúmeros benefícios para os pacientes,


mas, infelizmente, também podem gerar algumas complicações.
Há as relacionadas diretamente com os fármacos, que são conside‑
radas efeitos indesejáveis, e o profissional tem pouca ação para minimizar.
187

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 187 18/05/11 20:44


Administração de Medicamentos
Outros efeitos estão relacionados com as vias de administração, e,
neste caso, a participação do profissional é fundamental para minimizá-los.
O profissional de enfermagem deverá estar constantemente atento
para a ocorrência desses efeitos e atuar para que eles não aconteçam ou,
pelo menos, sejam minimizados, trazendo maior conforto e segurança
para os pacientes.

188

Adm_Medicamentos_1_Backup.indd 188 18/05/11 20:44


Capítulo 10

Interações Medicamentosas
Ana Paula Miranda Barreto

A interação medicamentosa pode ser definida como a influência re‑


cíproca de um determinado medicamento sobre outro. Um deles, adminis‑
trado isoladamente, produz determinado efeito; porém, associado a outro
medicamento, alimentos ou, a substâncias, acarreta um efeito diferente do
esperado.
Uma interação entre dois ou mais medicamentos pode desencadear
uma diferença farmacológica (quando cada um age independentemente
dos outros, levando a uma resposta farmacológica diversa dos efeitos ha‑
bituais, daqueles isolados) ou uma interação farmacológica (quando um
deles interfere sobre os demais), alterando o efeito esperado, qualitativa e
quantitativamente, podendo ocorrer sinergismo, antagonismo parcial ou
total e neutralização desses efeitos.
As interações podem causar resultados benéficos para o organismo,
quando utilizadas para aumentar os efeitos terapêuticos ou reduzir a toxici‑
dade de um determinado medicamento, ou nocivos, diminuindo ou elimi‑
nando a ação dos medicamentos e, em alguns casos, provocando doenças.
Uma atenção especial deve ser dada aos extremos de idade. A imatu‑
ridade dos sistemas orgânicos de uma criança pode predispor a interação
medicamentosa.
Os medicamentos podem interagir durante o preparo, no momento
da absorção, distribuição, metabolização, eliminação ou na ligação ao re‑
ceptor farmacológico. Dessa forma, os mecanismos envolvidos no processo
201

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 201 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
interativo são classificados de acordo com o tipo predominante da fase far‑
macológica em que ocorrem:

• Farmacêutica.
• Farmacocinética.
• Farmacodinâmica.

Interação farmacêutica (ou incompatibilidade)


São do tipo físico‑químicas, que ocorrem quando dois ou mais medi‑
camentos são administrados na mesma solução ou misturados no mesmo
recipiente, e o produto obtido é capaz de inativar a terapêutica clínica.
Acontecem fora do organismo, durante o preparo e a administração
dos medicamentos parenterais (incompatibilidade entre os agentes admi‑
nistrados e o veículo adicionado), e resultam, frequentemente, em precipi‑
tação ou turvação da solução, mudança de coloração do medicamento ou
inativação do princípio ativo.

Interação farmacocinética
Interferem no perfil farmacocinético do medicamento, podendo afe‑
tar o padrão de absorção, distribuição, metabolização ou excreção. são in‑
terações de difícil previsão, pois ocorrem com medicamentos de princípios
ativos não relacionados.
Modificam a magnitude e a duração do efeito, com resposta final dos
medicamentos mantida.

Interações que modificam a absorção

Absorção é o processo de transferência para a corrente sanguínea.


202

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 202 18/05/11 21:57


Interações Medicamentosas

Fatores como o fluxo sanguíneo do trato gastrointestinal, pH, motili‑


dade, dieta e presença de outras substâncias e o tipo de formulação farma‑
cêutica interferem.

Interações que modificam a distribuição

Distribuição é o evento de deslocamento do medicamento da cir‑


culação sistêmica para os tecidos. Essa fase depende do volume de dis‑
tribuição aparente e da fração de ligação dos medicamentos às proteínas
plasmáticas.
Medicamentos que possuem grande afinidade pelas proteínas plas‑
máticas podem, quando associados com outros medicamentos, agir como
deslocadores e aumentar a concentração sérica livre do segundo medica‑
mento, causando manifestações clínicas nem sempre benéficas.

Interações que modificam a metabolização

No processo de metabolização, os medicamentos são transformados


pelas enzimas microssomais hepáticas em frações menores, hidrossolúveis.
As interações que ocorrem nessa fase são precipitadas por medica‑
mentos com capacidade de inibir ou induzir o sistema enzimático.
A inibição enzimática de sistemas como, por exemplo, do citocromo
P450, das colinesterases e das monoaminoxidases (MAO) acarreta lentifica‑
ção da biotransformação do próprio medicamento e de outros que tenham
sido administrados simultaneamente. A consequência desse atraso é um
tempo maior de ação do medicamento, principalmente em pacientes com
distúrbio hepático ou renal.

Interações que modificam a excreção

A maioria dos medicamentos é eliminada quase totalmente pelos


rins. Dessa forma, a taxa de excreção de vários agentes pode ser modificada
por meio de interações ao longo do néfron.
203

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 203 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
As alterações do pH urinário interferem no grau de ionização de bases
e ácidos fracos, afetando as respostas farmacológicas. Por exemplo, o bicar‑
bonato de sódio é utilizado para aumentar a excreção de ácidos fracos, em
casos de intoxicação por barbitúricos. A competição de medicamentos no
túbulo proximal pela secreção tubular é outro mecanismo utilizado como
estratégia farmacológica para prolongar o tempo de ação dos medicamen‑
tos. Isso acontece com a probenecida e a penicilina, quando a primeira
inibe a secreção da segunda e eleva o tempo de ação do antibiótico.

Interação farmacodinâmica
Causa modificação do efeito bioquímico ou fisiológico do medicamento.
Geralmente, ocorre no local de ação dos medicamentos (recepto‑
res farmacológicos) ou por meio de mecanismos bioquímicos específi‑
cos, sendo capaz de causar efeitos semelhantes (sinergismo) ou opostos
(antagonismo).

Sinergismo

É um tipo de resposta farmacológica obtida a partir da associação de


dois ou mais medicamentos, cujo resultado é maior do que a simples soma
dos efeitos isolados de cada um dos fármacos.
O sinergismo pode ocorrer com medicamentos que possuem os mes‑
mos mecanismos de ação (aditivo), que agem por diferentes modos (so‑
mação) ou com aqueles que atuam em diferentes sítios farmacológicos
(potencialização). Das associações sinérgicas podem surgir efeitos terapêu‑
ticos ou tóxicos. Estes últimos são frequentes nas combinações de medica‑
mentos com toxicidade nos mesmos órgãos, por exemplo, aminoglicosídeo
e vancomicina (nefrotoxicidade) ou corticosteroides e anti‑inflamatórios
não esteroidais (ulceração gástrica).
204

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 204 18/05/11 21:57


Interações Medicamentosas

Antagonismo

Nesse caso, antagonismo a resposta farmacológica de um medica‑


mento é suprimida ou reduzida na presença de outro, muitas vezes pela
competição destes pelo mesmo sítio receptor.

Todos os indivíduos submetidos à terapia farmacológica com dois ou


mais medicamentos estão expostos aos efeitos das interações medicamen‑
tosas. Determinados grupos, no entanto, são mais suscetíveis, tais como, as
crianças, devido à imaturidade de seus sistemas orgânicos, e os idosos. No
caso destes, a degeneração dos sistemas orgânicos, o excesso de medica‑
mentos prescritos, o tempo de tratamento, a prática de automedicação e os
inúmeros distúrbios de órgãos ou sistemas responsáveis pela farmacociné‑
tica dos medicamentos tornam-nos o grupo com maior risco de ocorrência.
Daí a importância de conhecer cada sistema e as diferenças existentes entre
eles, conforme a idade do paciente.

Sistema renal
Desde o nascimento até cerca de 1 ano de idade, esse sistema apre‑
senta reduzida capacidade de concentração de urina. Uma elevada resistên‑
cia ao fluxo sanguíneo minimiza a perfusão. O desenvolvimento glomerular
e tubular incompleto afeta a taxa de filtração e a reabsorção e secreção dos
filtrados. Os rins tornam‑se funcionalmente maduros em torno dos 2 anos
e meio de idade.
A função renal diminui conforme a idade avança e pode comprome‑
ter em até 50% a eliminação dos medicamentos, mantendo, dessa forma, os
níveis sanguíneos dos medicamentos aumentados.
Em geral, as drogas podem interagir antes da administração (quando
misturadas em frascos IV, seringas etc.), durante a absorção, distribuição e
ligação ao sítio ou aceptor, nos processos metabólicos ou durante o meta‑
bolismo ou excreção.
205

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 205 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos

Sistema gastrointestinal
O fígado interfere na capacidade da criança de metabolizar o medi‑
camento até cerca de 1 ano de idade. O tempo de trânsito gastrointestinal
aumenta até a fase de 2 a 3 anos, quando se aproxima do tempo do adulto.
A acidez gástrica aumenta à medida que a criança atinge a fase de 2 a
3 anos de idade. O processo digestivo amadurece próximo à fase pré‑escolar.
Com o avançar da idade dos pacientes e o surgimento de algumas pa‑
tologias, ocorre a diminuição da secreção de ácido gástrico e da motilidade
gastrointestinal. Além disso, o corpo não é capaz de absorver de maneira ade‑
quada muitos medicamentos, como no caso da digoxina, cuja faixa terapêuti‑
ca está ligada à absorção. No caso de paciente que utiliza ácido acetilsalisílico
ou anti‑inflamatório não esteroide, o risco de irritação gástrica torna‑se maior.

Área de superfície corporal


Essa área se modifica à medida que a criança cresce. A proporção
da área de superfície corporal e o peso em um lactente de 2 meses pode
ser de 2,5 vezes a de um adulto. Em uma criança de 1 a 3 anos de idade, a
proporção diminui para quase 2 vezes a de um adulto. Em torno de 12 anos
de idade, a relação entre a área de superfície corporal e o peso é apenas
ligeiramente superior à de um adulto.

Metabolismo
O metabolismo aumenta durante a fase de lactância e na infância em
relação ao peso corporal. Em contrapartida, à medida que o corpo envelhe‑
ce, as estruturas e os sistemas corporais modificam‑se, alterando o modo
como o corpo responde aos medicamentos.

Composição corporal
Com a idade, a massa corporal total e a massa magra diminuem, e
a adiposidade corporal tende a aumentar. A água corporal total diminui,
206

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 206 18/05/11 21:57


Interações Medicamentosas

bem como a quantidade de albumina plasmática, disponível para a ligação


com os medicamentos, afetando a relação entre o nível de medicamento e
a solubilidade do corpo.

Sistema cardiovascular
As respostas de barorreceptores diminuem e o tônus nervoso perifé‑
rico altera‑se, levando a efeitos hipotensivos exagerados dos diuréticos e
anti‑hipertensivos.

Sistema hepático
Conforme o indivíduo envelhece, algumas enzimas hepáticas se tor‑
nam menos ativas, e o fígado perde a capacidade de metabolizar os medi‑
camentos. Consequentemente, níveis mais elevados de medicamentos per‑
manecem na circulação, provocando efeitos mais intensos e aumentando o
risco de intoxicação medicamentosa.

Sistema neurológico
A barreira hematencefálica é facilmente afetada por várias substân‑
cias lipossolúveis, como, os betabloqueadores, causando tonturas e confu‑
são independentemente da idade do paciente.

Administração oral
As drogas que alteram a velocidade de esvaziamento gástrico ou a
motilidade intestinal podem provocar interações. A atropina e outros an‑
ticolinérgicos, ou drogas oleosas, retardam o esvaziamento gástrico, au‑
mentam ou diminuem a absorção de uma segunda droga, dependendo
do fato de ela ser ou não absorvida no estômago ou no intestino delgado,
respectivamente.
De maneira semelhante, agentes anticolinérgicos ou drogas consti‑
pantes (opiáceos, agentes bloqueadores ganglionares) retardam a desin‑
207

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 207 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
tegração e a dissolução de comprimidos, fazendo com que uma segunda
droga não tenha contato suficientemente adequado com a mucosa. Assim,
pode ocorrer toxicidade excessiva. Como exemplo, a clindamicina pode in‑
duzir enterocolite em pacientes que tomam drogas antidiarreicas.
Um aumento do peristaltismo produzido por laxativos e outras dro‑
gas pode reduzir o tempo de dissolução ou absorção de comprimidos re‑
vestidos ou de liberação lenta. A alteração da velocidade ou nível do fluxo
sanguíneo da mucosa possibilita às drogas alterarem a absorção de outros
agentes.
A modificação ou eliminação da microflora do paciente pode alterar
a suscetibilidade a drogas. Os antibióticos de largo espectro, por exemplo,
ao destruírem a flora que sintetiza a vitamina K, potencializam a ação dos
anticoagulantes orais.

Interações de drogas que produzem


alterações nas propriedades químicas do
conteúdo da luz intestinal
A ampla faixa de variação do pH gastrointestinal favorece alterações
induzidas por drogas diretas, como os antiácidos, ou indiretas, no caso dos
anticolinérgicos.
Vários componentes de alimentos ou drogas podem quelar ou adsor‑
ver drogas intraluminamente de uma maneira ativa, reduzindo sua absorção.

208

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 208 18/05/11 21:57


Interações Medicamentosas

Quadro 10.1 – Medicamentos e suas interações

Nome Ação Via Interação


Metoclopramida: ↑ absorção.
Antipirético,
Acetominofen VO Contraceptivos orais: ↓ nível sérico.
analgésico.
Isoniazida: ↑ efeito.
Inibidor da
anidrase carbô‑ Fenitoína: exacerba osteomalácia.
Acetazolamida nica. Tratamen‑ VO Quinidina, salicilatos: ↑ efeito e
to da alcalose nível sérico.
metabólica.
Acetazolamida, metotrexato,
Antiagregante hipoglicemiantes orais: ↑ efeito e
Ácido plaquetário, nível sérico.
VO
acetilsalicílico AINE, Antipirético, Antiácidos, probenecide: ↓ efeito
analgésico. e nível sérico. Warfarin: ↑ efeitos
colaterais.
Barbitúricos, clonazepam,
primidona, estossuximida,
depressores. SNC, IMAO, ADP,
fenitoína, carbamazepina,
Ácido valproico Anticonvulsivante. VO fenobarbital: tem efeito ↑ pelo
ácido valproico.
Fenitoína, carbamazepina,
dicumarol, fenibutazona, salicilatos:
↑ efeito.
Teofilina: ↓ efeito.
Adenosina Cardiotônico. IV/CC
Dipiridamol: ↑ efeito.
Várias drogas se ligam à albumina
Albumina Coloide, expansor e podem ter a sua porção ligada
IV
humana plasmático. à mesma aumentada ou reduzida
(Exemplos: fenitoína, furosemida).
Aerossol Teofilina: ↑ efeito.
Broncodilatador,
Albuterol NEB ↑ efeito de outros
2‑agonista.
IV beta‑adrenérgicos.
Continua

209

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 209 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
Quadro 10.1 – Continuação
Nome Ação Via Interação
Aminoglicosídeos: ↑ duração
dos efeitos. Neostigmina,
BNM de longa
Alcurônio IV piridostigmina: ↓ efeito.
duração.
Tetraciclina, clindamicina,
polimixina B e lincomicina: ↑ efeito.
Opioide­‑sedativo­
Alfentanil IV Eritromicina: ↓ efeito.
‑anal­gésico.
Azatioprina: ↑ efeito e nível
plasmático.
Ciclofosfamida e 6‑mercaptopurina:
↑ efeito e nível plasmático é
Inibidor da
Alopurinol VO potencializado pelo alopurinol.
xantinaoxidase.
Probenecid: ↓ efeito (metabolismo).
Diurético tiazídico: ↑ reação de
hipersensibilidade. Teofililina: tem
o nível ↑ pelo alopurinol.
Digoxina, flecainida, metoprolol,
finitoína, procainamida. Quinidina
Amiodarona Antiarrítmico. IV
e warfarin têm metabolismo inibido
pela amiodarona.

Antipirina, carbamazepina,
Bloqueador do ciclosporina, digitoxia, digoxina,
Amlodipina VO
canal de cálcio. metropolol, quinidina, teofilina: são
inibidos pela amlodipina.

SG5%: precipitada e ↓ atividade em


Inibidor
aproximadamente 13%.
Amrinona fosfodiesterase IV
Furosemida: é precipitada.
(cardiotônico).
Amirinona potencializa warfarin.
Fenitoína, aminoglicosídeos,
polimixina, lincomicina,
Bloqueador clindamicina: ↑ efeito.
Atracúrio IV
neuromuscular. Neostigmina, piridostigmina,
glicocorticoides, testosterona:
↓ efeito.
Fenotiazinas, ADT: antagonista de
Atropina Anticolinérgico. IV
receptores histemínicos H¹: ↑ efeito.
Continua
210

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 210 18/05/11 21:57


Interações Medicamentosas

Quadro 10.1 – Continuação


Nome Ação Via Interação
Antiarrítmico III Outros antiarrítmicos: ↓ efeito.
Bretílio (bloqueador dos IV ↑ efeito de: catecolaminas,
canais de K+). diuréticos, vasodilatadores.
AINEs: ↓ efeito.
Fenitoína, cimetidina, barbitúricos,
metotrexato, hipoglicemiantes orais,
Bumetanida Diurético de alça. IV/VO
warfarin: ↑ efeito.
Bumetanida: potencializa
ototoxicidade de aminoglicosídeos.
Diuréticos poupadores de K+ e
suplementos de K+, aumenta
hipercalemia.
AINEs: ↓ efeito.
Captopril Inibidor de ECA. VO
Antiácidos: ↓ absorção.
Reduz excreção do lítio e digoxina:
↑ efeito destes. Aumenta reação de
hipersensibilidade ao alopurinol.
Ácido valproico, bloqueadores
de canais de cálcio, cimetidina,
eritromicina, isoniazida, lítio,
propoxifeno: ↑ efeito.
Fenitoína, primidona, clonazepam,
Carbamazepina Anticonvulsivante. VO fenobarbital: ↑ efeito.
Efeito de: ácido valproico, fenitoína,
primidona, ↓ efeito de clonazepam,
etossuximida, doxiciclina,
haloperidol, contraceptivo oral,
teofilina, warfarin.
↑ efeito e nível sérico de:
digoxina, mexiletine, bloqueador
de canais de cálcio, propanolol,
Cimetidina Bloqueador H². VO/IV ADP, sulfonilureias, warfarin,
carbamazepina, lidocaína,
teofilina, feintoína, fenobarbital e
benzodiazepínicos.
Agente
Cisaprida VO ↑ absorção de álcool e diazepam.
procinético.
Continua
211

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 211 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
Quadro 10.1 – Continuação
Nome Ação Via Interação
Trazadona: ↑ efeito e nível sérico.
ADT: ↓ efeito e nível sérico.
Clonidina Vasodilatador. VO/IV
Betabloqueadores: exacerba
hipertensão de rebote na retirada.

Fenitoína: tem o seu efeito ↓ pela


clorpromazina. Betabloqueador,
fenitoína, morfina: ↑ nível e efeito.
Clorpromazina Antipsicótico. IV/VO Fenobarbital: ↓ efeito e nível.
Meperidina: ↑ efeitos colaterais (prin‑
cipalmente depressão respiratória).
Antiácidos: ↓ absorção oral.
Reações de hipersensibilidade
cruzada com as sulfas. Várias
Diurético interações medicamentosas
Clortalidona VO
tiazídico. provocadas pela mesma
(hiperglicemia, hipocalemia,
depleção de volume etc.).
Fenotiazinas, IMAO, ADP: ↑ nível
e efeito. Fenotiazinas: ↓ efeito
IV/SC
Codeína Analgésico. analgésico.
SC/VO
Anti‑histamínicos. AAS: ↑ efeito
analgésico.
Álcool, depressores do SNC: ↑ efeito
depressor. Verapamil induz choque
Relaxante
Dantrolene IV cardiogênico.
muscular.
BNM: ↑ nível e efeito.
Incompatível com SG 5% ou SF 0,9%.
Ureia, clofibrato, fludrocortisona,
Análogo sintético AINES, carbamazepina, clorpropa‑
Desmopressina
do hormônio IN mida: ↑ efeito antidiurético. Lítio,
(DDAVP)
antiurético. epinefrina, heparina, álcool: ↓
efeito antidiurético.
Anti‑inflamatório Fenitoína, fenobarbital, efedrina,
Dexametasona IV/VO
hormonal. rifampicina: ↓ nível e efeito.
Expansor Potencializa efeito dos
Dextran IV
plasmático. anticoagulantes.
Continua
212

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 212 18/05/11 21:57


Interações Medicamentosas

Quadro 10.1 – Continuação


Nome Ação Via Interação
Ácido valproico, digoxina,
Benzodiazepínico. dissulfiram, cimetidina, etanol: ↑
Hipnótico, IV/IM efeito e nível sérico.
Diazepam sedativo, Metroclopamida, etanol, antiácios,
relaxante VO teofilina: ↓ absorção Gl.
muscular. Teofilina: ↓ efeito e nível sérico.
Reduz efeito da levodopa.
Vasodilatador,
Diazóxido IV Reduz o efeito de warfarin.
hiperglicemiante.
Fenitoína, rifampicina, fenobarbital,
colestiramina: ↓ efeito e nível sérico.
Verapamil, diltiazem, di‑idropi‑
ridina, quinidina, amiodarona,
Antiarrítmico,
Digitoxina VO flecainida, espirolactona: ↑ efeito e
cardiotônico.
nível sérico.
Hipocalemia: potencializa as
arritmias digital‑induzidas.
Hipercalemia: ↑ toxicidade.
Fenitoína, rifampicina, fenobarbital,
colestiramina: ↓ efeito e nível sérico.
Verapamil, diltiazem,
di‑idropiridina, quinidina,
amiodarona, flecainida,
Antiarrítmico, espirolactona: ↑ efeito e nível
Digoxina IV/VO
cardiotônico. sérico.
Hipocalemia: potencializa as
arritmias digital‑induzidas.
Hipercalemia: ↑ toxicidade.
Anfoterixina B: potencializa efeitos
colaterais.
Cálcio, glucagon, atropina: anulam
efeito.
Bloqueador de Digoxina, betabloqueadores:
canal de cálcio. ↑ efeito.
Diltiazem IV/VO
Vasodilatador, Diltiazen ↑ efeito de: ciclosporina,
antiarrítmico. digoxina, digitoxina, metoprolol,
prazozin, propanolol, quinidina,
teofilina.
Continua
213

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 213 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
Quadro 10.1 – Continuação
Nome Ação Via Interação

Álcool, anti‑hipertensivos,
Dinitrato de
Vasodilatador. VO/SL betabloqueadores, fenotiazidas:
isossorbida
potencializam efeito hipotensor.
Antitérmico,
Dipirona IV/VO ↑ efeito de outros analgésicos.
analgésico.
Antiarrítmico
classe IA (antago‑
Rifampicina, anticonvulsivantes:
nista seletivo dos
Disopiramida IV/VO ↓ efeito e nível sérico. Propanolol,
canais de sódio,
verapamil: ↑ depressão miocárdica.
com dissociação
intermediária).
Betabloqueadores: ↓ efeito.
Analgésicos em geral: grande
Amina aumento na incidência de arritmias
ventriculares.
dardiotônica,
Dobutamina IV Incompatível com soluções
inotrópico
alcalinas, teofilina, heparina,
positivo. insulina simples e cloreto de
potássio (quando associado no
mesmo recipiente).
Betabloqueadores: ação antagônica.
IMAO: possível crise hipertensiva
(contraindicado uso concomitante).
Fenitoína: ↓ PAM.
Dopamina Amina vasoativa. IV
Incompatível com soluções
alcalinas (bicarbonato), ampicilina,
penicilina, gentamicina (quando
associados no mesmo recipiente).
Outras aminas vasoativas: ↑
Alfa e
Efedrina IV efeito hipertensivo. Antagonistas
beta‑agonista.
alfa‑adrenérgicos: ↓ efeitos.
Diuréticos poupadores de K+ e
suplementos de K+: ↑ hipercalemia.
AINEs: ↓ efeito.
Enalapril Inibidor de ECA. IV/VO
Antiácidos: ↓ absorção.
Reduz excreção do lítio e digoxina:
↑ efeito.
Continua
214

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 214 18/05/11 21:57


Interações Medicamentosas

Quadro 10.1 – Continuação


Nome Ação Via Interação
Antiarrítmico
classe 1c
(antagonista
Encainida seletivo dos VO Cimetidina: ↑ efeito e nível sérico.
canais de sódio,
de dissociação
lenta).
Alfabloqueadores: vasoconstrição
com crise hipertensiva, hemorragia
cerebral, bradicardia reflexa. IMAO,
Epinefrina Amina vasoativa. IV/SC
ADT: crises hipertensivas.
Anestésicos halogenados, digital:
aumenta o risco de taquiarritmias.
Sais de alumínio, colestiramina: ↓
absorção.
Fenitoína, rifampicina, fenobarbital,
fumo: ↓ efeito e nível sérico.
Esmolol Betabloqueador. IV Bloqueadores dos canais de Ca²+: ↑
bloqueio no sistema de condução.
AINEs: ↓ efeito hipotensor.
Incompatível com bicarbonato de
sódio (no mesmo recipiente).
Diurético
Salicilatos: ↓ efeitos e nível sérico.
Espironolactona poupador de VO
↓ o clearance dos digitálicos.
potássio.
AAS, dextran, heparina, warfarin,
Estreptoquinase Trombolítico. IV outros antiplaquetários: ↑ efeito e
possibilidade de sangramento.
Digoxina: bradicardia.
Betabloqueadores: hipotensão.
Agonista
Fenilefrina IV/VO Betabloqueadores: aumenta
adrenérgico.
vasoconstrição, crise hipertensiva.
IMAO, ADP: crises hipertensivas.
Continua

215

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 215 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
Quadro 10.1 – Continuação
Nome Ação Via Interação
Pentobarbital, ácido valproico,
carbamazepina, primidona,
clonazepam, diazepam,
etossuximida, alcoolismo agudo,
cimetidina, cloranfenicol,
clordiazepóxido, dicumarol,
furosemida, halotano, isoniazida,
ADT, fenotiazinas, salicilatos,
sulfonamidas, warfarin: ↑ nível e
Fenitoína Anticonvulsivante. IV/VO efeito sérico. Fenobarbital, ácido
valproico, primidona, diazepam,
antiácidos, alcoolismo crônico,
ácido fólico, piridoxina, reserpina:
↓ efeito e nível sérico.
Corticosteroide, warfarin,
digitoxina, doxiciclina, furosemida,
haloperidol, quinidina, rifampicina,
teofilina: tem ação reduzida pela
fenitoína.
Fenitoína, ácido valproico, ADP,
anti‑histamínicos, corticoesteroides,
IMAO, narcóticos: ↑ nível e efeito
sérico.
Fenitoína, dicumarol, piridoxina:
↓ nível e efeito sérico. Reduz a
ação de: fenitoína, ácido valproico,
Fenobarbital Anticonvulsivante. IV/VO
clonazapam, carbamazepina,
cloranfenicol, clorpromazina,
dexametasona, digitoxina,
doxiciclina, griseofulvina, isoniazida,
metoprolol, contraceptivos orais,
propanolol, quinidina, ADP,
vitamina D, warfarin.

Outros beta‑adrenérgicos e teofilina:


Fenoterol Broncodilatador. IN
sinergismo.

Continua

216

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 216 18/05/11 21:57


Interações Medicamentosas

Quadro 10.1 – Continuação


Nome Ação Via Interação
Naloxona: antagoniza o efeito.
Fenotiazinas, IMAO, ADT: ↑ nível
Analgésico/ e efeito. Fenotiazinas: ↓ efeito
Fentanil IV
narcótico. analgésico.
Anti‑histamínicos, AAS: ↑ efeito
analgésico.
Bloqueador
alfa‑adrenérgico,
anti‑hipertensivo
para diagnóstico Epinefrina e efedrina: antagoniza
Fentolamina IV
de feocromoci‑ efeito.
toma e durante
cirurgia para re‑
moção de tumor.
Antiarrítmico
classe IC
(antagonista Digoxina, propanolol: ↑ nível.
Flecainida seletivo dos VO Propanolol e amiodarona: ↑ nível
canais de sódio, de flecainida.
com dissociação
lenta).
Antagonista dos Antidepressivos tricíclicos: riscos de
Flumazenil IV
benzodiazepínicos. convulsões.
Aminoglicosídeos: potencializa
otoxicidade.
Digoxina: potencializa efeitos
Furosemida Diurético de alça. IV colaterais.
Clofibrato: ↑ efeito.
Indometacina e outros AINEs:
↓ efeito.
Aminoglicosídeos, polimixina
ototoxicidade.
Digoxina: potencializa efeitos
Bloqueador
Galamina IV colaterais.
neuromuscular.
Clofibrato: ↑ efeito com paralisia
respiratória menos responsiva aos
anticolinesterásicos.
Continua
217

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 217 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
Quadro 10.1 – Continuação
Nome Ação Via Interação
Hormônio hiperglicemiante,
antagonista da insulina. Usado em
Hormônio
choque insulínico e em overdose
hiperglicemiante
Glucagon IV/SC IM por betabloqueadores.
antagonista da
Insulina: ↓ efeito.
insulina.
Betabloqueador: tem efeito
reduzido com glucagon.
Anticonvulsivantes, rifampicina:
Haloperidol Neuroléptico. IV/VO ↓ efeito e nível sérico. Inibe
metabolismo da isoniazida.
Sais de zinco: ↓ efeito.
Agentes antiplaquetários: ↑ efeito.
Protamina: neutraliza efeito da
heparina (1g neutraliza 100 UI).
Incompatibilidade para mistura
Heparina Anticoagulante. IV/SC
em um mesmo recipiente:
amicacina, aminofilina, epinefrina,
eritromicina, hidrocortisona,
canamicina, tetraciclina,
tobramicina.
Outras drogas anti‑hipertensivas,
diuréticos: ↑ efeitos hipotensor.
Alimentos: ↑ biodisponibilidade.
↑ efeito do álcool.
IV/IM
Hidralazina Vasodilatador. Indometacina e AINEs: ↓ efeito
VO
anti‑hipertensivo.
Betabloqueadores: reduzem a
taquicardia desencadeada pela
hidralazina.
Reação de hipersensibilidade
cruzada com as sulfas. Várias
interações medicamentosas
Diurético
Hidroclorotiazida VO relacionadas com os distúrbios
tiazídico.
provocados pela mesma
(hiperglicemia, hipocalemia,
depleção de volume etc.).
Continua

218

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 218 18/05/11 21:57


Interações Medicamentosas

Quadro 10.1 – Continuação


Nome Ação Via Interação

Fenitoína, fenobarbital, efedrina,


rifampicina: ↑ nível e efeito.
AAS: aumenta a possibilidade de
Anti‑inflamatório
Hidrocortisona IV sangramento. Hipoglicemiantes
hormonal.
orais e insulina: ↓ efeito.
Diuréticos de alça: potencializam
hipocalemia. ↓ efeito dos BNM.
Hormônio hipoglicemiante.
Drogas que aumentam efeito
hipoglicemiante: etanol,
antagonista beta‑adrenérgicos,
salicilatos, indomentacina,
naproxen, teofilina, cálcio,
mebendazol, sulfonamidas,
tetraciclina, pentamidina,
IV/SC
Insulina Hipoglicemiante. piridoxina, subactan/ampicilina.
IM
Drogas que causam hiperglicemia:
epinefrina, glicocorticoides,
diuréticos, contraceptivos orais,
agonista beta‑adrenérgico,
bloqueadores dos canais de cálcio,
fenitoína, clonidina, bloqueador H²,
morfina, heparina, ácido nalidíxico,
nicotina, diazóxido.
Broncodilatadores β²‑adrenérgicos,
Broncodilatador. Nebuli‑ teofilina: ↑ efeito broncodilatador.
Ipatrópio
Anticolinérgico. zação Cromoglicato de sódio: incompatível
para mistura (precipita).
Betabloqueador: anulam ou
Agonista
reduzem efeito broncodilatador.
beta‑adrenérgicos IV
Isoproterenol Digital: induz arritmias.
não seletivo. Aerossol
Incompatível com solução de
Broncodilatador.
bicarbonato de sódio.

Benzodiazepínicos: ↓ incidência
Ketamina Anestésico. IV/IM de efeitos colaterais. Barbitúricos e
narcóticos: ↑ tempo de ação.

Continua
219

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 219 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
Quadro 10.1 – Continuação
Nome Ação Via Interação
Colestiramina, sucralfato sulfato
ferroso, hidróxido de alumínio: ↓
absorção.
Fenitoína, rifampicina, fenobarbital,
Hormônio
L‑tiroxina IV/VO fumo: ↓ efeito e nível sérico.
tireoidiano.
Estrogênio: ↓ efeito e nível sérico.
↓ efeito e nível sérico de:
anticoagulantes orais, insulina,
hipoglicemiantes orais.
Sais de alumínio, colestiramina: ↓
absorção. Fenitoína, rifampicina,
fenobarbital, fumo: ↓ efeito e nível
sérico.
Labetalol Betabloqueador. IV/VO
Bloqueadores de canais de Ca: ↑
efeito bloqueador no sistema de
condução.
AINEs: ↓ efeito hipotensor.
Antagonistas dos receptores H².
Betabloqueadores: ↑ nível e efeito.
Antiarrítmico Fenitoína: potencializa efeitos
classe IB colaterais (depressão cardíaca).
(antagonista Idosos, IH, ICC, choque:↑ meia‑vida.
Lidocaína seletivo dos IV Incompatível para mistura em um
canais de sódio, mesmo recipiente com: aminofilina,
de dissociação ampicilina, gluconato de cálcio, dexa‑
rápida). metasona, dopamina, dobutamina,
noradrenalina, adrenalina, cloreto de
potássio, penicilina, procaína.
Diuréticos poupadores de K+ e
suplementos de K+ aumentam a
hipercalemia.
AINES: ↓ efeito.
Lisinopril Inibidor de ECA. VO Antiácidos: ↓ absorção.
↓ excreção do lítio e digoxina: ↑
seus efeitos.
Aumenta reação de hipersensibilida‑
de ao alopurinol.
Continua

220

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 220 18/05/11 21:57


Interações Medicamentosas

Quadro 10.1 – Continuação


Nome Ação Via Interação
Tratamento de hiponatremia
crônica.
Carbamazepina, indometacina,
tiazídicos, metildopa: ↑ nível e
efeito.
Lítio (carbonato) Antidepressivo. VO
Depressores de SNC: ↑ efeitos
colaterais.
Diuréticos osmóticos,
acetazolamida, teofilina: ↑
excreção.

Ácido valproico, digoxina,


Benzodiazepínico.
dissulfiram, cimetidina, etanol: ↑
Hipnótico, seda‑ IV
Lorazepam efeito e nível sérico.
tivo, relaxante VO
Metoclopramida, etanol, antiácidos,
muscular.
teofilina: ↓ efeito da levodopa.

Íon divalente.
Magnésio Anticonvulsivante, Interfere na dosagem do Ca+ sérico
IV/VO
(sulfato) Laxativo, e urinário.
antiarrítmico.
Diurético Potencializa o efeito de outros
Manitol IV
osmótico. diuréticos.
Fenotiazinas, IMAO, ADP: ↑ nível
e efeito. Fenotiazinas: ↓ efeito
analgésico.
Anti‑histamínicos, AAS: ↑efeito
Analgésico
Meperidina IV analgésico.
opioide.
Clorpromazina, ADP: ↑ depressão
respiratória.
IMAO: depressão respiratória,
delírio, hiperexia, convulsões.
Lítio, IMAO, trazadona: ↑ nível e
Metildopa Anti‑hipertensivo. VO
efeito.
Continua

221

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 221 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
Quadro 10.1 – Continuação
Nome Ação Via Interação
Rifampicina, carbamazepina, feni‑
toína, barbitúricos: ↓ efeito e nível
sérico.
AAS, AINEs: aumenta risco para
úlcera péptica gastrointestinal.
Ciclosporina: aumenta risco para
convulsões.
Anti‑inflamatório
Metilprednisolona IV/VO Anfotericina B, diuréticos tiazídicos:
hormonal.
aumenta perda de K+.
Hipoglicemiantes orais, insulina:
antagonizam efeitos.
↓ efeito da ciclosporina.
Pode precipitar com: teofilina, glucona‑
to de cálcio, cefalotina, insulina, nafci‑
lin, penicilina G, tetraciclina, citarabina.
O hipertireoidismo aumenta a
Metimazol Antitireoidiano. VO
sensibilidade do warfarin.
Drogas anticolinérgicas: aumenta
efeitos colaterais.
Metoclopramida Antiemético. VO ↓ absorção de: cimetidina, digoxina.
↑ absorção de: acetaminofen,
hidroclorotiazida, etanol, lítio.
Propafenona, cimetidina, aloprui‑
nol, metotrexato, hidralazina: ↑
efeito e nível sérico.
Rifampicina, contraceptivos orais,
amiodarona, bloqueadores dos ca‑
nais de cálcio: ↓ efeito e nível sérico.
Verapamil: em pacientes com BAV
ou IVE, pode resultar em bradicar‑
dia, hipotensão, ou assistolia.
Metropolol Betabloqueador. IV/VO Agentes anestésicos como ciclopro‑
pano, dietiléster, fluroxane, tricloro‑
etileno, metoxiflurano, enflurano: ↑
efeito inotrópico negativo.
Nifedipina, verapamil, nitratos:
potencializam o efeito antiaginoso.
Hidralazina, nifedipina: tem o efeito
anti‑hipertensivo potencializado pelo
metroprolol ↓ clearance da lidocaína.
Continua
222

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 222 18/05/11 21:57


Interações Medicamentosas

Quadro 10.1 – Continuação


Nome Ação Via Interação
Antiarrítmico clas‑
Rifampicina, fenitoína: ↓ efeito e
se IB (antagonista
nível sérico. Lidocaína: aumenta a
Mexiletine seletivo dos canais VO
toxicidade.
de sódio, de disso‑
↑ nível de teofilina.
ciação rápida).
Ácido valproico, digoxina,
Benzodiazepínico.
dissulfiram, cimetidina,
Hipnótico,
etanol: ↑ efeito e nível sérico.
Midazolam sedativo, IV/VO
Metoclopramida, etanol, antiácidos,
relaxante
teofilina: ↓ efeito e nível sérico.
muscular.
↓ efeito da levodopa.
Inibidor da fosfo‑
diesterase, inotró‑ Incompatível com furosemida
Milrinona IV
pico e cronotrópi‑ (forma precipitado).
co positivo.
Fenitoína, aminoglicosídeos,
polimixina, lincomicina,
Bloqueador
Mivacúrio IV clindamicina: ↑ efeito. Neostigmina,
neuromuscular.
piridostigmina, glicocorticoides,
testosterona: ↓ efeito.
Acetilclina, anti‑histamínicos,
anti‑hipertensivos: ↑ efeito de
Mononitrato de
Vasodilatador. IV/VO hipotensão ortostática.
isossorbida
Simpaticomiméticos: reduzem
efeito antiaginoso.
Fenotiazinas, IMAO, ADP: ↑ nível
IV e efeito. Anti‑histamínicos, AAS: ↑
Analgésico
Morfina IM/SC efeito analgésico. Clorpromazina,
opioide.
VO ADP: ↑ depressão respiratória,
delírio, hiperpirexia, convulsões.
↓ nível de: cefalexina,
aminoglicosídeos.
↑ nível de amoxacilina, doxiclina.
Aerossol Incompatível para mistura em um
N‑acetilcisteína Mucolítico.
IV/VO mesmo recipiente com: penicilinas,
cefalosporinas, de primeira gera‑
ção, tetraciclina, anfotericina B,
gentamicina.
Continua 223

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 223 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
Quadro 10.1 – Continuação
Nome Ação Via Interação
Analgésico Álcool, depressores do SNC,
Nalbufina IV
opioide. potencializa efeitos colaterais.
Antagonista
Nalorfina IV/IM Opioides: antagoniza efeitos.
opioide.
Antagonista IV/IM
Naloxona Opioides: antagoniza efeitos.
opioide. SC
Laxativos: ↓ absorção GI.
Aminoglicosídeos, oxitetraciclina,
IV/IM
Neostigmina Anticolinesterásico. lincomicina, clindamicina, quinidina,
VO
procainamida, propanolol, lítio,
clorpromazina: ↓ efeito.
Propanolol: ↑ efeito e nível.
Bloqueador dos Anti‑hipertensivos: ↑ efeito hipotensor.
Nifedipina canais de cálcio, VO/SL ↑ efeito e nível de: ciclosporina,
anti‑hipertensivo. digitálicos, metropolol, prazosin,
quinidina, teofilina.
Fenobarbital, fenitoína, carbamaze‑
pina, cimetidina, ácido valproico: ↑
nível sérico. Drogas anti‑hipertensivas:
Bloqueador de ↑ efeito hipotensor.
Nimodipina IV/VO
canal de cálcio. Betabloqueador: potencializa efeito
inotrópico negativo.
Interação com drogas incompatíveis
com álcool.
Outros vasodilatadores, potencializa
Nitroglicerina Vasodilatador. IV o efeito. Incompatível com frascos
de plásticos (usar frascos de vidro).
Agentes hipotensores, diuréticos,
Nitropussiato de
Vasodilatador. IV simpaticolíticos: ↑ efeito,
sódio
↑ clearance de digoxina.
Alfabloqueadores: hipotensão.
Betabloqueadores: vasoconstrição
com crise hipertensiva, hemorragia
cerebral, bradicardia reflexa.
IMAO, ADT: crises hipertensivas.
Norepinefrina Amina vasoativa. IV
Anestésicos halogenados, digital:
aumenta risco de taquiarritmias.
Incompatível para infusão associada
com: teofilina, bicarbonato de sódio,
cefalotina, cefoxitina.
224 Continua

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 224 18/05/11 21:57


Interações Medicamentosas

Quadro 10.1 – Continuação


Nome Ação Via Interação
Inibidor da ↓ o metabolismo de fenitoína,
Omeprazol VO/IV
H²K++. ATPase. diazepam, warfarin.
Aminoglicosídeos, clindamicina,
polimixina, quinidina, hipnóticos,
anestésicos locais, analgésicos
Pancurônio BNM. IV
narcóticos, lítio: ↑ efeito. Neostigmina:
reverte o efeito (0,07 a 0,8 mg/kg) com
15 μg/kg de atropina).
Sais de alumínio, colestiramina: ↓
absorção. Fenitoína, rifampicina, feno‑
barbital, fumo: ↓ efeito e nível sérico.
Pindolol Betabloqueador. VO Bloqueador de canais de cálcio: ↑
efeito bloqueador no sistema de
condução.
AINEs: ↓ efeito hipotensor.
Laxativos: reduz a absorção GI.
Aminoglicosídeos, oxitetraciclina,
Piridostigmina Anticolinesterásico. VO lincomicina, clindamicina, quinidina,
procainamida, propanolol, lítio,
clorpromazina: ↓ efeito.
Poliestirenossulfo‑ Resina de troca
VO Antiácidos: alcalose metabólica.
nato de cálcio catiônica.
Bloqueador
alfa‑adrenérgico
Diuréticos e agentes hipotensores:
Prazosin pós‑sináptico, VO
↑ efeito.
vasodilatador,
anti‑hipertensivo.
Fenitoína, fenobarbital, efedrina,
rifampicina: ↓ nível e efeito.
AAS, AINEs e álcool: aumenta
possibilidade de sangramento.
Diuréticos de alça, anfotericina B:
Anti‑inflamatório potencializam hipocalemia.
Prednisona VO
hormonal. A dexametasona ↓ efeito de warfarin,
hipoglicemiantes orais e insulina.
Estrógenos: ↑ efeito (terapêuticos e
colaterais).
Digital: aumenta possibilidades de
arritmias e intoxicação.
Continua
225

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 225 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
Quadro 10.1 – Continuação
Nome Ação Via Interação
Fenitoína, ácido valproico, ADP,
anti‑histamínicos, coritcosteroides,
IMAO, narcóticos: ↓ efeito e nível
sérico. ↑ efeito e nível sérico quando
administrado concomitantemente:
Primidona Aniconvulsivante. VO
Cloranfenicol, clorpromazina,
dexametasona, digitoxina, doxicilina,
griseofulvina, isoniazida, metoprolol,
contraceptivos orais, propanolol,
quinidina, ADP, vitamina D, warfarin.
Antiarrítmico
classe IA (antago‑
Amiodarona, cimetidina: ↑ efeito e
nista seletivo dos
Procainamida IV/VO nível sérico.
canais de sódio,
Fenotiazinas, ADT: ↑ efeito.
de dissociação
intermediária).

IV/VO Aumenta efeito sedativo de


Antialérgico, meperidina. Álcool e depressores do
Prometazina
anti‑histamínico. SNC: ↑ efeito auditivo que atrapalha a
IM habilidade motora.

Antiarritmico Quinidina, anestésicos locais,


classe IC betabloqueadores, ADT, cimetidina:
(antagonista ↑ efeito e nível sérico.
Propafenona IV
seletivo dos canais ↑ nível sérico de propanolol,
de sódio, de metropolol, digoxina,
dissociação lenta). anticoagulantes orais.
Alta ingestão de iodo pode
Propiltiouracil Antitireoidiano. VO interferir na resposta ao tratamento
antitireoidiano.

Bloqueadores de canais de
cálcio, clorpromazina, flecainida,
antagonistas H², propafenona,
Betabloquea‑ quinidina: ↑ efeito e nível sérico.
dor. Antiarrít‑ Antiácidos, colestiramina: ↓
Propranolol mico classe II IV/VO absorção oral. Hidralazina: ↓ efeito
(antagonista e nível sérico.
beta‑adrenérgico). Alopurinol, metotrexato: aumenta
biodisponibilidade por VO.
↑ nível sérico de: diazepam,
flecainida, nifedipina, nisoldipina.
226 Continua

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 226 18/05/11 21:57


Interações Medicamentosas

Quadro 10.1 – Continuação


Nome Ação Via Interação
Antiarrítmico Betabloqueador de H², amiodarona,
classe IA (antago‑ bloqueadores de canais de cálcio: ↑
nista seletivo dos efeito e nível sérico.
Quinidina IV/VO
canais de sódio, ↑ nível sérico de: desipramina,
de dissociação imipramina, propafenona,
intermediária). propanolol, digoxina, digitoxina.
Antiácidos, carvão ativado, cloestira‑
mina: ↓ absorção e nível sérico.
↑ nível sérico de: amitiprilina,
benzodiazepínicos, carbamezepina,
Antagonista de cloroquina, desipramina,
Ranitidina IV/VO
receptor H². felodipina, imiparamida, lidocaína,
meperidina, metronidazol,
metoprolol, nifedipina, fenitoína,
propranolol, quinidina, teofilina,
tocainide, warfarim.
Ativador tissular Anticoagulantes, antiagregantes
Rt‑PA IV
do plaminogênio. plaquetários: ↑ efeito.
IV Aminofilina: provável aumento
B²‑agonista, IM/SC efeito broncodilatador.
Salbutamol
broncodilatador. Inalação Diuréticos de alça: potencializam
Spray hipocalemia.
Bloqueadores de canais Ca++, clorpro‑
mazina, flecainida, antagonistas H²
propafenona, quinidina: ↑ efeito e
Betabloqueador. nível sérico.
Antiarrítmico clas‑ Hidralazina: ↓ efeito e nível sérico.
Sotalol VO
se II (antagonista Antiácidos, colestiramina: ↓ absor‑
beta‑adrenérgico). ção oral. Alopurinol, methotrexate:
aumenta biodisponibilidade por VO.
↑ nível sérico de: diazepam, flecaini‑
da, lidocaína, nifedipina, nisoldipina.
Aminoglicosídeos, clindamicina,
polimixina. Quinidina, hipnóticos,
anestésicos locais, analgésicos
Bloqueador
Succinilcolina IV/IM narcóticos, lítio: ↑ efeito. Digitálicos:
neuromuscular.
arritmias. Neostigmina: reverte o
efeito (0,07 a 0,08 mg/kg) com 15
μg/kg de atropina).
Continua 227

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 227 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
Quadro 10.1 – Continuação
Nome Ação Via Interação
Antiácidos: ↓ efeito (devem ser
administrados 30 minutos antes
Protetor
ou após o sucralfato). Esse reduz a
Sucralfato da mucosa VO
absorção e nível de: ciprofloxacin,
gastroduodenal.
teofilina, tetraciclina, fenitoína,
digoxina, amitiprilina.
Carvão ativado, cigarro, moricizine,
fenobarbital, fenitoína, rifampicina,
carbamazepina: ↓ efeito e nível sérico.
Ticlodipina, bloqueadores de canais
de cálcio, dissulfiram, antagonistas
de receptores H², mexiletine,
contraceptivos orais, quinolonas,
eritromicina: ↑ efeito e nível sérico.
Propranolol: antagoniza efeito.
Teofilina Broncodilatador. IV
Potencializa efeito hipotensor do
nitropussiato de sódio.
Incompatível para mistura em
mesmo recipiente: ampicilina,
gluconato de cálcio, dobutamina,
epinefrina, norepinefrina, vitamina
C, complexo B, penicilina,
vancomicina, cefalotina,
clindamicina.
Alimentos: redução absorção
IV/IM VO. Aminofilina: provavelmente
B²‑adrenérgico.
Terbutalina aumenta o efeito broncodilatador.
Broncodilatador.
SC/VO Diuréticos de alça: potencializam
hipocalemia.
Outros antiagregantes plaquetários,
warfarin, AINEs: ↑ efeito, com
Antiagregante aumento da possibilidade de
Ticlopidina VO
plaquetário. sangramento:
↑ efeito e nível de teofilina,
digoxina.
Continua

228

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 228 18/05/11 21:57


Interações Medicamentosas

Quadro 10.1 – Continuação


Nome Ação Via Interação
Depressores do SNC, álcool,
anti‑histamínicos, isoniazida,
metilfenidato, IMAO: aumenta
depressão do SNC.
Cloranfenicol, sulfanamida: ↑ efeito
Barbitúrico/
Tiopental IV e nível sérico.
hipnótico.
Tetraciclina, warfarin: ↓ efeito e nível
sérico de: cloranfenicol, griseofulvina,
contraceptivos orais, quinidina.
Potencializa hepatoxicidade de
anestésicos inalatórios.
Antiarrítmico
classe IB
(antagonista Lidocaína e outros agentes
Tocainida seletivo dos VO antiarrítmicos: ↑ efeitos
canais de sódio, eletrofisiológicos.
de dissociação
rápida).
AAS, dextran, heparina, warfarin,
Uroquinase Trombolítico. IV outros antiplaquetários: ↑ efeito e
possibilidade de sangramento.
Ureia, clofibrato, fludrocortisona,
AINEs, carbamazepina,
Hormônio clorpropamida: ↑ efeito
Vasopressina IV
antidiurético. antidiurético.
Lítio, epinefrina, heparina, álcool: ↓
efeito antidiurético.
Aminoglicosídeos, clindamicina,
polimixina, quinidina, hipnóticos,
anestésicos locais, analgésicos
Vacurônio BNM. IV narcóticos, lítio: ↑ efeito.
Neostigmina: reverte o efeito (0,07
a 0,08 mg/kg com 15 μg/kg de
atropina).
Continua

229

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 229 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
Quadro 10.1 – Continuação
Nome Ação Via Interação
Fenobarbital, rifampicina,
alopurinol, metotrexato: ↓ efeito e
nível sérico.
Agentes anti‑hipertensivos
(IECA, propranolol, diuréticos,
Bloqueador dos vasodilatadores): ↑ efeito
Verapamil canais de cálcio. IV/VO hipotensor.
Antiarrítmico. Propranolol: ↑ BAV e depressão
miocárdica. ↑efeito e nível
de: propanolol, quinidina,
carbamazepina, ciclosporina,
digitálicos, metoprolol, prazosin,
BNM, anestésicos inalatórios.
Antiagregantes plaquetários,
clofibrato, cefalosporinas,
fenilbutasona, propoxifeno,
paracetamol, eritromicina,
corimazol, metronidazol,
cetoconazol, amiodarona,
Anticoagulante betabloqueadores, contraceptivos
Warfarin VO
oral. orais, tamoxifen: ↑ efeito e nível
sérico. Espirolactona, cimetidina,
carbamazepina, fenobarbital,
rifampicina, colestiramina: ↓ efeito
e nível sérico.
Vitamina K: antagoniza efeito do
warfarin.

Legenda das abreviações utilizadas no quadro:


ADT= antidepressivo tricíclico. IMAO= inibidor monoamina oxidase.
AINEs= anti‑inflamatórios não esteroides. CC= centro cirúrgico.
BAV= bloqueio atrioventricular. NEB= nebulização.
BNM= bloqueador neuromuscular. AAS= ácido acetilsalicílico.
ECA= enzima conversora da angiotensina. DDAVP= acetato de desmopressina.
IV= intravenoso. GI= gastrointestinal.
IM= intramuscular. SL= sublingual.
SC= subcutâneo. ICC= insuficiência cardíaca congestiva.
VO= via oral. IVE= insuficiência ventricular esquerda.
SNC= sistema nervoso central.
230

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 230 18/05/11 21:57


Interações Medicamentosas

Cuidados de enfermagem para evitar as


interações medicamentosas
• Racionalizar os horários da prescrição, evitando aplicar vá‑
rios medicamentos intravenosos nos mesmos horários.
• Evitar misturar medicamentos na mesma solução ou no mes‑
mo recipiente.
• Evitar administrar nos mesmos horários medicamentos
com mesmos efeitos tóxicos, tais como: aminoglicosídeos e
anfotericina B.
• Se possível, utilizar vias de infusão diferentes no caso de asso‑
ciação de medicamentos de compatibilidade desconhecida.
• Sempre que viável, utilizar administração in bolus.
• Observar alterações na reconstituição do fármaco (turvação,
precipitação, mudança de coloração).
• Lavar sempre os dispositivos intravenosos, após administrar
medicação.
• Consultar manual de incompatibilidade, padronizado pela
instituição.
• Procurar o farmacêutico sempre que houver dúvidas em re‑
lação à incompatibilidade dos medicamentos.
• Buscar sempre a não administração simultânea de vários
comprimidos.
• Evitar triturar comprimidos ou abrir cápsulas.
• Procurar manter um intervalo de cerca de duas horas na ad‑
ministração de antiácidos e outros medicamentos.

Para muitos pacientes, faz-se necessária uma terapia que envolva a


administração de muitos fármacos, concomitantemente. Nessas situações,
231

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 231 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
os profissionais da saúde – entre eles, os de enfermagem – devem ter co‑
nhecimento sobre as interações medicamentosas.
Ao deparar‑se com esse quadro, a alternativa indicada é o esclare‑
cimento das dúvidas com um farmacêutico, que poderá orientar sobre os
horários ideais de administração, evitando ou minimizando as interações
medicamentosas.

232

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 232 18/05/11 21:57


CapÍtulo 13

Interação de medicamentos –
nutrientes

Rosangela Aparecida Sala Jeronimo

Quando um paciente está em tratamento medicamentoso, sua


ingestão de nutrientes deve ser avaliada. Embora seja um tema não
totalmente elucidado, sabe‑se que muitos medicamentos podem in‑
terferir na absorção de nutrientes, assim como ter sua ação e efeito
alterados por esses.
Tal interação pode ocorrer em diversos níveis e precisa ser compre‑
endida pelos profissionais que atuam na área da saúde.
Em tratamentos crônicos ou prolongados, a avaliação do uso de me‑
dicamentos torna‑se contínua. Com a finalidade de evitar a interação, pre‑
coniza‑se que seja feita por profissional de nutrição.
Pode ocorrer em vários níveis, entre os quais, citam-se:
• ingestão do alimento;
• absorção da droga;
• absorção do nutriente;
• transporte por proteínas plasmáticas;
• processo de metabolização; e
• processo de excreção.

As ocorrências relacionadas à interação entre medicamentos e nu‑


trientes exigem, além de sua identificação, a prevenção, a intervenção
precoce e a monitorização do evento. Todo esse processo visa à conscien‑
257

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 257 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
tização dos profissionais de saúde e à ampliação do conhecimento sobre
o assunto.

Definição
A interação entre medicamento e nutriente pode ser definida como
uma alteração de um medicamento por ação de algum nutriente, ou a
alteração de um nutriente por ação de um medicamento. Também consi-
dera-se interação medicamentosa quando o estado nutricional de um pa-
ciente é alterado por ação de um medicamento.
Essa alteração pode ser cinética ou dinâmica. As alterações cinéticas
envolvem a quantidade de um medicamento, sua absorção, distribuição,
metabolismo e excreção. As alterações dinâmicas estão relacionadas com o
efeito clínico e/ou fisiológico do medicamento.
A interação entre medicamentos e nutrientes pode ser classificada
em quatro grupos:

• Tipo 1: através de reações bioquímicas ou físicas, tais como


a precipitação.
• Tipo 2: as que alteram a absorção de medicamentos ou nu-
trientes administrados por via oral ou enteral.
• Tipo 3: as que ocorrem após os medicamentos ou nutrien-
tes serem absorvidos pelo trato gastrointestinal e atingirem a
circulação sistêmica.
• Tipo 4: as que afetam a eliminação ou depuração do medi-
camento ou nutriente. Podem envolver modulação, antago-
nismo ou impedimento da eliminação (renal ou entero-he-
pática).
258

Adm_Medicamentos17x24_2_Backup.indd 258 20/05/11 14:45


Interação de medicamentos – nutrientes

Fatores de influência
Para facilitar a compreensão, estes serão divididos entre os relaciona‑
dos ao paciente, também denominado hospedeiro, e os ligados ao medica‑
mento ou nutriente.

Fatores relacionados ao paciente

• Idade: idosos e crianças são mais suscetíveis à interação. Os


idosos, em sua maioria, apresentam patologias concomitan‑
tes com o uso de vários medicamentos, além de tendência ao
desenvolvimento de desnutrição, o que eleva a possibilidade
de sua ocorrência. As crianças apresentam uma precariedade
no desenvolvimento do sistema de desintoxicação.
• Características genéticas: algumas patologias alteram a ne‑
cessidade de determinados nutrientes, tais como os polimor‑
fismos da metileno‑tetra‑hidrofolato redutase, que podem
levar a um aumento da necessidade de ingestão das vitami‑
nas B6, B12 e ácido fólico.
• Estilo de vida: tabagistas, por exemplo.
• Deficiências nutricionais: como carência de ácido fólico em
pacientes epilépticos, que pode alterar a farmacocinética da
fenitoína.
• Obesidade: para esses pacientes, o volume de distribuição
de fármacos é muito afetado, dada a variação da proporção
dos compartimentos corporais, que pode predispor a uma
resposta diferente de medicamentos e nutrientes.
• Desnutrição calórico‑proteica: pacientes com essa patologia
podem apresentar alterações de oxidação, conjugação e liga‑
ção de medicamentos e proteínas.
259

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 259 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
• Pacientes transplantados: a utilização de muitos medica‑
mentos, devido ao risco de rejeição, facilita a ocorrência da
interação.
• Condições clínicas: alterações renais e hepáticas, por exem‑
plo, podem estar relacionadas à variação sérica de proteínas
ou à biotransformação dos medicamentos.

Os pacientes enquadrados nas situações acima devem ser orientados


quanto às possíveis interações, para que sejam ajustados os horários de
medicamentos e ingestão de nutrientes.

Fatores relacionados ao medicamento ou ao nutriente

• Via de administração: como descrito na classificação das in‑


terações, a do tipo 2 está relacionada à absorção de medica‑
mentos e nutrientes por via oral ou enteral e pode ser anula‑
da nos casos em que é possível alterar a via de administração
de oral para endovenosa.
• Dose e tempo de administração: quando a interação ocorre
na fase de absorção gastrointestinal, o ato de espaçar a admi‑
nistração de medicamentos e a ingestão de nutrientes pode
resolver o problema.
• Apresentação dos medicamentos: alguns deles, quando ad‑
ministrados na forma de comprimidos ou cápsulas, podem
ter a interação minimizada ou até anulada ao se alterar sua
apresentação para soluções e/ou suspensões. Essas formas
têm como característica a difusão, melhorando a mobilida‑
de pelo trato gastrointestinal.
• Características químicas: alguns nutrientes necessitam de um
pH específico para sua absorção. Medicamentos que promovem
260

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 260 18/05/11 21:57


Interação de medicamentos – nutrientes

alteração do pH tornam-se um problema. A cobalina da dieta,


como exemplo, necessita de pH ácido para que ocorra sua
absorção pelo intestino (íleo). Os medicamentos classificados
como inibidores da bomba de próton, ou antagonistas de re‑
ceptores histamínicos, alteram o pH, impedindo sua absorção.
• Composição da refeição: os nutrientes de uma refeição co‑
laboram na interação, tais como as verduras de coloração
verde‑escura, como espinafre, que podem interagir com me‑
dicamentos anticoagulantes orais (Marevan).

Fase de ingestão
A ingestão de nutrientes sofre efeito de vários medicamentos, entre
eles, os utilizados em programas de emagrecimento. As anfetaminas são
um ótimo exemplo disso, por serem uma droga que inibe o apetite e po‑
dem acarretar a desnutrição dos usuários.
Uma situação oposta é a do ganho de peso decorrente do efeito de
drogas utilizadas em tratamentos psiquiátricos. Como exemplo, pode‑se ci‑
tar o lítio e o diazepam.
Outros medicamentos podem promover alteração no paladar (disgeu‑
sia), redução da percepção do paladar (hipogeusia) ou provocar sensação
desagradável nesse sentido. Tome-se o caso das drogas utilizadas nos trata‑
mentos oncológicos, os quimioterápicos, que provocam náuseas e vômitos
na maioria dos pacientes. Em consequência desses sintomas, a ingestão de
nutrientes fica reduzida.

Fase de absorção
A maior parte dos medicamentos é absorvida no intestino delgado
e sua interação com nutrientes está relacionada com vários fatores, entre
eles:
261

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 261 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
• dosagem da droga;
• tipo de nutriente ingerido;
• quantidade de nutriente ingerido;
• intervalo entre a ingestão de nutrientes e a medicação;
• presença de outras enfermidades;
• quadro clínico compatível com desnutrição.

A ingestão de nutrientes provoca o aumento do estímulo para produ‑


ção de secreções gástricas e intestinais, o que pode facilitar a dissolução de
medicamentos na apresentação sólida.
Alguns alimentos e medicamentos promovem o aumento ou a diminui‑
ção da motilidade gastrointestinal, o que pode acarretar alterações no processo
de absorção tanto de uns como de outros. A diminuição da motilidade traz o
surgimento de reações de toxicidade, pelo aumento da absorção. Já no aumen‑
to observa-se uma falha terapêutica, ou seja, a quantidade de medicamento ou
nutriente absorvida não é a indicada terapeuticamente.
Uma interação frequente é a diminuição do tempo de trânsito gas‑
trointestinal, causada por medicamentos, que pode provocar diarreia, de‑
corrente do excesso de gordura nas fezes, também denominada esteator‑
reia. Além da perda de gordura nas fezes, o paciente pode perder cálcio e
potássio.
Outra interação possível ocorre com medicamentos que afetam a ab‑
sorção de vitaminas lipossolúveis e colesterol. Um exemplo é a cimetidina,
que diminui a absorção de vitamina B.
Alguns alimentos ricos em vitaminas do complexo B:
• B1 (tiamina): grãos de cereais integrais, pão, carne vermelha,
gema de ovo, hortaliças verdes, legumes, milho, frutas verme‑
lhas, levedo de cerveja, germe e casca de grãos e nozes.
262

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 262 18/05/11 21:57


Interação de medicamentos – nutrientes

• B2 (riboflavina): grãos integrais, leite, carne, ovos, queijo e


ervilhas.
• B3 (niacina): alimentos ricos em proteínas, como carne, levedo
de cerveja, leite, ovos, legumes, batatas e amendoim.
• B6 (piridoxina): fígado, arroz integral, peixe, manteiga, ger‑
me de trigo, cereais integrais, soja.
• B12: fígado, carne, gema de ovo, aves domésticas e leite.
• B9 (ácido fólico): levedo de cerveja, fígado, hortaliças verdes,
grãos de cereais integrais e feijão.

Certos medicamentos provocam lesões na mucosa intestinal, como os


laxantes e alguns antibióticos (neomicina). As lesões em mucosas causam má
absorção de gordura, proteína, sódio, potássio e cálcio.
Como há uma variedade de alimentos que contêm vitaminas do com‑
plexo B, é indicado que os pacientes em uso de medicamentos que possam
causar esse tipo de interação (medicamento e complexo B) sejam acompa‑
nhados por um profissional da área de nutrição, que poderá adequar as
necessidades nutricionais ao uso de medicamentos, respeitando suas pre‑
ferências e hábitos alimentares.
Outro fator a ser acompanhado por esse profissional é a composi‑
ção da dieta, buscando a quantidade ideal de li­pídios, proteínas e carboi‑
dratos. Dietas ricas em proteínas aumentam a quantidade de citocromo
P-450, que está relacionado ao metabolismo oxidativo de determinados
medicamentos. Em contraposição, uma dieta rica em carboidratos diminui
sua quantidade.

Fase de metabolismo
Os medicamentos denominados antivitaminas inibem a síntese de
enzimas, pois apresentam a capacidade de competir com as vitaminas para
263

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 263 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
formar sua estrutura. Um exemplo de medicamento que apresenta essa
ação são os quimioterápicos, que impedem a replicação das células tumo‑
rais, induzindo‑as à morte, por competirem com o ácido fólico, levando a
uma deficiência específica desse nutriente. O ácido fólico é fundamental
para que ocorra a síntese de DNA, necessária para a reprodução celular.
Outro exemplo dessa interação medicamento‑nutriente ocorre com a
isoniazida (utilizada no tratamento para tuberculose), que interage com
a vitamina B6 interferindo em seu metabolismo, podendo levar a uma de‑
ficiência específica dessa vitamina.
A interação mais frequente na fase de metabolismo é a existente
entre os medicamentos utilizados em psiquiatria, classificados como ini‑
bidores da monoaminoxidase, e as aminas vasoativas encontradas nos
alimentos. A presença no organismo de aminas vasoativas não oxidadas
causa constrição de vasos sanguíneos e elevação da pressão arterial, po‑
dendo provocar hemorragia intracraniana, arritmias cardíacas e insufici‑
ência cardíaca.
Um medicamento muito utilizado e que apresenta interação com
nutrientes é o ácido acetilsalicílico, o qual possui a capacidade de alterar o
transporte de folato (ácido fólico), diminuindo seu nível sérico.
Os alimentos ricos em ácido fólico são: fígado, feijão e vegetais frescos
de folhas verde‑escuras (especialmente brócolis, espinafre e aspargo), carne
bovina magra e batata.
O exemplo acima serve de indutor para uma orientação importante a
ser feita e disseminada pela população, quanto à restrição do uso de medi‑
camentos sem prescrição médica, dado a frequencia de uso desse fármaco.

Pacientes em uso de nutrição enteral


A via de administração de dieta enteral (por curtos ou longos perío‑
dos) é, com frequência utilizada também para a admi­nistração de medi‑
264

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 264 18/05/11 21:57


Interação de medicamentos – nutrientes

camentos, podendo ocorrer um contato direto entre o medicamento e o


nutriente. Com a possibilidade de interação, por meio de reações biofísicas
e bioquímicas, pode ocorrer a inativação tanto de medicamentos como de
nutrientes.
Algumas formulações de soluções de dieta enteral podem diminuir a
absorção de medicamentos, como a varfarina, a tetraciclina, as fluroquino‑
lonas e a fenitoína, se administrados concomitantemente.
A incompatibilidade entre os medicamentos e a nutrição enteral
pode acarretar a obstrução da sonda.
Para minimizar todos esses efeitos, o profissional de enfermagem
pode adotar alguns cuidados, tais como:
• Não administrar medicamento e nutrição enteral pela mes‑
ma sonda, concomitantemente.
• Interromper a dieta antes e após a administração do medica‑
mento. Esse período de tempo deve ser definido consideran‑
do‑se a necessidade calórica‑proteica do paciente e o me‑
dicamento utilizado, podendo variar entre 30 minutos e 2
horas. Nesse caso, a velocidade de infusão da dieta precisa
ser recalculada.
• Lavar a sonda com água filtrada ou solução fisiológica 0,9%,
antes e após a administração de medicamentos. O volume
mínimo utilizado é 20 ml, devendo‑se considerar a estrutura
corpórea do paciente.
• Utilizar, preferencialmente, medicamentos na apresentação
líquida.
• Controlar o posicionamento da sonda, através de marcação
da fixação e/ou radiografia, garantindo assim o pH ideal para
a administração de medicamentos.
• Não adicionar medicamentos no frasco de dieta enteral.
265

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 265 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
• Diluir medicamentos considerando‑se a sua forma de apre‑
sentação.
• Na existência de vários medicamentos, administrar primeira‑
mente os menos viscosos.
• Esvaziar as cápsulas gelatinosas que contêm líquido.
• Pausar a ingestão de dieta enteral, quando o medicamento
necessitar de ausência de nutrientes para sua absorção.
• Aprazar os medicamentos em vários horários, evitando a ad‑
ministração simultânea.

Seguem quadros relacionando o medicamento, sua apresentação e o


procedimento a ser seguido pela enfermagem, para pacientes recebendo
nutrição enteral.

Quadro 13.1 – Ação preconizada para determinados medicamentos


em comprimidos
Ação: triturar e administrar imediatamente
Ácido acetilsalicílico Aciclovir
Alopurinol Amiodarona
Amlopidina Atenolol
Biperideno Bromocriptina
Captopril Carvedilol
Cimetidina Ciprofloxacino
Clomipramina Clopidogrel
Complexo de vitamina B Dexametasona
Diltiazen Enalapril
Espirinolactona Fenobarbital
Furosemida Glibenclamida
Hidroclorotiazida Hidrocortisona
Isosorbida Levodopa + carbidopa
Continua

266

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 266 18/05/11 21:57


Interação de medicamentos – nutrientes

Quadro 13.1 – Continuação


Ação: triturar e administrar imediatamente
Levotiroxina Lorazepan
Metilprednisolona Metrotexato
Morfina Neomicina
Norfloxacino Pirazinamida
Tiamina Verapamil
Warfarina
Organizado por: Rosangela Aparecida Sala Jeronimo

Quadro 13.2 – Ação preconizada para determinados medicamentos


Ação: utilizar a apresentação em solução oral, disponível
pela indústria farmacêutica
Ácido fólico (comprimidos) Ácido valproico (drágea)
Carbamazepina (comprimidos
Amoxicilina (cápsula)
recobertos)
Cefalexina (cápsula) Ciclosporina (cápsula)
Claritromicina (comprimidos
Cisaprida (comprimidos)
recobertos)
Complexo de vitamina B
Clemastina (comprimidos)
(comprimidos)
Dexclorfeniramina (drágea) Diclofenaco (drágea)
Eritromicina (comprimidos recobertos) Fenitoína (comprimidos)
Fluconazol (cápsula) Fluoxetina (cápsula)
Sulfato ferroso (comprimidos) Metronidazol (comprimidos)
Morfina (comprimidos) Paracetamol (comprimidos)
Teofilina (comprimidos) Tramadol (cápsula)
Valproato sódico (comprimidos
Zidovudina (cápsula)
recobertos)
Organizado por: Rosangela Aparecida Sala Jeronimo

267

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 267 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
Quadro 13.3 – Medicamentos com ações específicas: outras ações
Medicamento Ação
Amitriptilina (comprimidos recobertos) Sem alternativa, não triturar.
Bromazepan (cápsula) Abrir a cápsula e administrar
imediatamente
Calcitriol (cápsula) Sem alternativa, não triturar
Clindamicina (cápsula) Sem alternativa, não abrir a cápsula.
Fluconazol (cápsula) Abrir a cápsula e administrar.
Flurazepan (cápsula) Abrir a cápsula e administrar.
Hidralazina (drágea) Sem alternativa, não triturar
Miclofenolato mofetilo (cápsula) Abrir a cápsula e diluir em solução
glicosada 5% e administrar
imedicatamente.
Nifedipino (cápsula) Não triturar, administração
sublingual.
Omeprazol (cápsula) Sem alternativa, não triturar
Organizado por: Rosangela Aparecida Sala Jeronimo

Nos casos em que a indústria farmacêutica não orienta que o medica‑


mento seja triturado para administração, o médico deverá substituí‑lo por
outra forma de apresentação que permita o uso da via enteral.
Medicamentos com a orientação de ser administrados logo após a
abertura da cápsula, devem tê-la respeitada, com a finalidade de garantir
sua ação, conforme prescrição.

Pacientes em uso de nutrição parenteral


Em algumas situações clínicas não há disponibilidade de utilização
do trato gastrointestinal para a administração de nutrientes, podendo ser
indicada a nutrição parenteral.

268

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 268 18/05/11 21:57


Interação de medicamentos – nutrientes

Definida como uma solução ou emulsão, composta por carboidratos,


aminoácidos, lipídios, vitaminas e minerais, devidamente tornados estéreis
e apirogênicos, destina‑se à administração por via endovenosa.
A Portaria no 272 da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomen‑
da a utilização de acesso venoso central ou periférico de uso exclusivo para
a administração de nutrição parenteral.
Alguns pacientes apresentam dificuldade de manter mais de um acesso
venoso permeável, tornando‑se necessária a utilização do mesmo acesso para
infusão de nutrição parenteral e medicamentos por via endovenosa. Para ado‑
tar essa conduta é necessário considerar:
• o valor do pH do medicamento;
• a interação do medicamento com componentes da solução
de nutrição parenteral;
• a concentração de cálcio de magnésio na solução de nutrição
parenteral;
• a presença, ou não, de emulsão lipídica;
• a concentração final do medicamento na solução de nutrição
parenteral;
• as recomendações dos laboratórios fabricantes dos medica‑
mentos e da solução de nutrição parenteral.

A instabilidade entre medicamento e nutrição parenteral pode ser


observada por meio de sinais clássicos, como:
• Reação de Maillard: reações químicas envolvendo aminoáci‑
dos e carboidratos, provocando um escurecimento não en‑
zimático. Essa reação pode ser favorecida pelo aumento da
temperatura ou do pH, pela exposição à luz e conforme o
tempo de contato entre os componentes.
• Degradação de vitaminas: a decomposição de vitaminas
promove alteração na coloração, podendo ocorrer escure‑
269

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 269 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
cimento (formação de tiocromo na vitamina B1), perda de
coloração (fotólise na vitamina B2), descoloração (fotólise ou
oxidação na vitamina B12), escurecimento amarelo ou mar‑
rom (hidrólise na presença de vitamina C), escurecimento
(oxidação na presença de vitamina E) e alteração de colo‑
ração com escurecimento ou descoloração (isomerização ou
fotólise no betacaroteno).
• Separação de fases: pode ocorrer agregação (agrupamento
das gotículas de lipídio), formação de creme (acúmulo de
partículas de triglicerídeos), o que pode ser resolvido com
breve agitação da solução, coalescência (formação de gotas
maiores de triglicerídeos) irreversível (não pode ser adminis‑
trada) e quebra de emulsão (formação de uma fase aquosa
e outra oleosa), que também não pode ser administrada ao
paciente.

Os profissionais da área da saúde, especialmente os da enfermagem,


devem seguir certas regras para minimizar os quadros citados nesse tópico:
• Utilizar preferencialmente cateter de único lúmen, com a
finalidade de garantir via de administração exclusiva.
• Nos casos da utilização de cateteres de múltiplos lumens,
manter uma via exclusiva para infusão de nutrição parente‑
ral, devidamente identificada.
• Manter sistema fechado de infusão, conforme recomenda‑
ção do SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar) e
da EMTN (Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional) de
cada instituição.
• Em situações com suspeita de infecção relacionada ao ca‑
teter, retirá-lo, seguindo conduta preconizada pela SCIH e
EMTN de cada instituição.
270

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 270 18/05/11 21:57


Interação de medicamentos – nutrientes

• Seguir as recomendações da EMTN quanto à periodicidade


de irrigação do cateter utilizado para infusão de nutrição pa‑
renteral. Essa orientação deverá ser preconizada pela equipe
de EMTN de cada instituição e dependerá da composição da
dieta, assim como das condições clínicas de cada paciente.
• Determinar o tipo de dispositivo intravenoso adequado à os‑
molaridade e ao teor de glicose presentes nas formulações
de nutrição parenteral. A padronização dos cateteres utiliza‑
dos para infusão da dieta parenteral deve seguir padroniza‑
ção da equipe de EMTN, das condições clínicas do paciente e
do material disponível para uso na instituição.
• Conhecer as diversas apresentações de nutrição parenteral
disponíveis para uso.
• Utilizar bomba de infusão com a finalidade de controlar rigo‑
rosamente a infusão de nutrição parenteral.
• Atentar para alterações visíveis na solução de nutrição paren‑
teral, como turvação, precipitação e alteração de coloração,
por serem indícios de interação entre medicamentos e nu‑
trientes, conforme descrito neste capítulo.
• Administrar a nutrição parenteral com a solução em tempe‑
ratura ambiente.
• Atentar para a conferência de 5 Certos no momento de ad‑
ministração da nutrição parenteral. A solução de nutrição
parenteral não é preparada pela enfermagem no momento
de sua administração, mas a conferência quanto à identifi‑
cação do paciente, à dosagem dos componentes da solução,
ao horário e tempo de infusão, à via de administração exclu‑
siva e à bolsa com a solução certa deve ser realizada.
271

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 271 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
Os profissionais que atuam na área da saúde, especificamente os da
área de enfermagem, necessitam ampliar seus conhecimentos sobre farma‑
cologia, de modo geral.
Baseando‑se nessa afirmação, este capítulo teve por finalidade escla‑
recer e fornecer conhecimentos específicos sobre um assunto pouco divul‑
gado e que ainda nos leva a cometer muitas falhas.
Com os avanços tecnológicos e farmacêuticos constantemente adqui‑
ridos, nós, profissionais de enfermagem, precisamos buscar conhecimento
continuamente.
A interação entre medicamentos e nutrientes é algo com que nos de‑
paramos diariamente, e muitas vezes por desconhecimento, não minimi‑
zamos, a fim de alcançar nosso maior objetivo, que é proporcionar melhor
condição de saúde para os pacientes sob nossa responsabilidade.
Com explicações simples e exemplos de medicamentos comumen‑
te utilizados nas instituições de saúde, este capítulo visou à ampliação do
conhecimento e à busca dos meios para atingir o grau de excelência no
atendimento prestado.
Não se pode deixar de reforçar a importância do profissional de nu‑
trição, adequando a dieta do paciente e mantendo o valor calórico‑proteico
que supre suas necessidades diárias. Esse profissional também é fundamen‑
tal para orientar os familiares, elaborando cardápios que, além de atender
necessidades diárias, colaborem minimizando as interações, respeitando as
preferências individuais.

272

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 272 18/05/11 21:57


Capítulo 14

Cálculos de Medicamentos
Fabiano Rodrigues dos Santos

Os conhecimentos sobre matemática, adquiridos no Capítulo 9, serão


utilizados agora, pois abordaremos cálculos específicos de medicamentos e
gotejamento de soluções enterais e parenterais.
Como a maioria apresenta como resultados números decimais,
é necessário utilizar a regra de arredondamento, segundo a qual deci‑
mais inferiores a 0,4 (inclusive) são arredondados para menos, e supe‑
riores a 0,6 (inclusive) para mais. Serão mantidos os valores decimais
iguais a 0,5.

Gotejamento de soluções em gotas


É necessário para calcular a velocidade de infusão de uma solução, cujo
tempo é determinado na prescrição médica. O cálculo do gotejamento e, con‑
sequentemente, o controle sobre ele, necessita de alguns dados, entre eles:
• volume total da solução;
• tempo de infusão.

O controle do gotejamento é feito em gotas por minuto. Para isto,


é necessário saber quantas gotas há na solução e quantos minutos foram
estipulados para sua infusão.
Exemplo:
A prescrição médica indica: “SG 5% 500 ml de 6/6 h por via
endovenosa”.
273

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 273 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
1o passo: calcular quantas gotas há na solução de 500 ml.
Sabendo que 1 ml tem 20 gotas, o cálculo a ser feito é:
1 ml 20 gotas

500 ml A gotas
1 x A = 500 x 20
1 A = 10.000
A = 10.000 gotas

2o passo: calcular quantos minutos há em 6 horas.

1h 60 minutos

6h B minutos

1 B = 6 x 60
B = 360 minutos

3o passo: dividir gotas por minutos.


10.000 / 360 = 27,77 gotas/minutos.

Usando a regra de arredondamento, o gotejamento é de 28 gotas/


minuto.
Há uma regra mais simples a ser seguida para esse cálculo:
V
Gotas/minuto =
Tx3
Onde:
V = volume total da solução, em ml
T = tempo de infusão, em horas
Seguindo o exemplo acima, temos:
500
Gotas/minuto=
6x3

274

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 274 18/05/11 21:57


Cálculos de Medicamentos

500
Gotas/min. =
18
27,77 ou 28 gotas/min.

Tabela 14.1 – Padronização de volumes e tempo de infusão por con‑


trole manual, em equipo de gotas/minuto
250 ml 500 ml 1.000 ml
6h 14 gts/min 28 gts/min 56 gts/min
8h 11 gts/min 21 gts/min 42 gts/min
12 h Não utilizado 14 gts/min 28 gts/min
24 h Não utilizado Não utilizado 14 gts/min

Os valores indicados como “não utilizado” fazem referência à dificul‑


dade de controle manual com equipo de gotas/minuto. Nesses casos, há a
possibilidade de controle com equipo de microgotas/minuto e por bomba
de infusão, utilizada, principalmente, em pacientes críticos, ou medica‑
mentos que requerem grande rigor no seu controle.

Gotejamento de soluções em microgotas


Uma microgota tem 1/3 do tamanho de uma gota, e, por isso, 1 ml é
composto por 60 microgotas.
São utilizados os mesmos critérios para o cálculo de gotas/minuto.

Exemplo:
A prescrição médica indica: “SF 0,9% 250 ml de 12/12 h por via
endovenosa”.

275

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 275 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
1o passo: calcular quantas microgotas há na solução de 250 ml.

1 ml 60 microgotas

250 ml A

1 x A = 250 x 60
A = 15.000 microgotas

2o passo: calcular quantos minutos há em 12 horas.

60 min 1h

B 12 h

1 x B = 60 x 12
B = 720 minutos.

3o passo: dividir microgotas pelos minutos.

15.000 / 720 = 20,83 microgotas/minuto.


Seguindo a regra de arredondamento, temos 21 microgotas/min.
Utilizando a regra simplificada para o cálculo:
V
Microgotas/minuto=
T
Onde:
V = volume total da solução, em ml
T = tempo, em horas
250
Microgotas/minuto =
12
Microgotas/minuto = 20,83 ou

21 microgotas/minuto

276

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 276 18/05/11 21:57


Cálculos de Medicamentos

Tabela 14.2 – Volumes a serem infundidos pelo equipo microgotas


em controle manual, por tempo predeterminado

100 ml 250 ml 500 ml


6h 17 mgts/min 42 mgts/min 83 mgts/min
8h 13 mgts/min 31 mgts/min 63 mgts/min
12 h 8 mgts/min 21 mgts/min 42 mgts/min
24 h 4 mgts/min 10 mgts/min 21 mgts/min

Cálculo de dosagem de medicamentos


A dosagem do medicamento é prescrita pelo médico, mas nem sem‑
pre se encontram frascos com a dosagem indicada. As indústrias farma‑
cêuticas seguem uma padronização para cada tipo de fármaco, cabendo
ao profissional de enfermagem o cálculo para sua administração, bastan‑
do, na maioria das vezes, o uso da regra de três.

Exemplo 1:
A prescrição médica indica: “garamicina 50 mg, intramuscular”.
A apresentação do medicamento é feita em ampola de 80 mg/2 ml.

Cálculo:
80 mg 2 ml

50 mg A
A x 80 = 2 x 50
80 A = 100
A = 100 / 80
A = 1,25 ml

277

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 277 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
Resposta:
O profissional deve aspirar 1,25 ml do medicamento para administra‑
ção intramuscular. O restante será desprezado.

Exemplo 2:
A prescrição médica indica: “Rocefin 750 mg endovenoso”.
A apresentação do medicamento é feita em frasco/ampola de 1 g.
Por ser medicamento em pó, é necessária sua diluição, no caso, em
10 ml de água destilada.
1o passo: Transformar g em mg: 1 g tem 1.000 mg.
2o passo: Após diluir o frasco em 10 ml de água destilada, calcular
quantos ml serão aspirados.
1.000 mg 10 ml

750 mg A

A x 1.000 = 750 x 10
1.000 A = 7.500
A = 7.500 / 1.000
A = 7,5 ml

Resposta:
O profissional deve diluir o medicamento em 10 ml e aspirar 7,5 ml
para administração endovenosa. Após a diluição do frasco e aspiração
do volume, é feita nova diluição para administração do medicamento. A
maioria das instituições de saúde possui protocolo específico de diluição
de antibióticos para administração endovenosa, ficando entre 20 ml e
100 ml.

Exemplo 3:
A prescrição médica indica: “penicilina cristalina 2.800.000 UI por via
endovenosa”.
A apresentação do medicamento é feita em frasco/ampola com
5.000.000 UI.
278

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 278 18/05/11 21:57


Cálculos de Medicamentos

Por ser medicamento em pó, é necessária sua diluição, no caso, em 8


ml de água destilada, pois a penicilina cristalina é o único medicamento no
qual, após a diluição, há um acréscimo de volume em 2 ml. Isso quer dizer
que, utilizando 8 ml de água destilada, o volume final da diluição é de 10 ml.

5.000.000 ui 10 ml

2.800.000 ui A

A x 5.000.000 = 2.800.000 x 10
5 A = 28
A = 28 / 5
A = 5,6 ml

Resposta:
O profissional deve aspirar 5,6 ml da medicação diluída e, depois,
diluir novamente, conforme protocolo da instituição, para finalmente
administrá-la por via endovenosa.
Exemplo 4:
A prescrição médica indica: “Slow K 200 mg por sonda enteral”.
A apresentação do medicamento é feita em comprimidos de 600 mg.
Por ser comprimido, é necessária sua maceração e diluição, no caso,
em 20 ml de água destilada.
600 mg 20 ml

200 mg A

A x 600 = 200 x 20
600 A = 4.000
A = 4.000 / 600
A = 6,66 ml

Resposta:
O profissional deve aspirar 7 ml, seguindo a regra de arredonda­
mento, já vista.
279

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 279 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
Exemplo 5:
A prescrição médica indica: “insulina NPH 25 UI por via subcutânea”.
A apresentação é feita em frasco com 100 UI/ml.
Utiliza‑se seringa de insulina, na qual 100 UI corresponde a 1 ml.
Basta aspirar a insulina na quantidade determinada, na seringa apro‑
priada. Não havendo seringa com graduação de insulina, e somente a de
1 ml, fazer o cálculo:

100 ui 1 ml

25 ui A
100 x A = 25 x 1
A = 25 / 100
A = 0,25 ml

Resposta:
O profissional deverá aspirar 0,25 ml e administrar por via subcutânea.

Exemplo 6:
A prescrição médica indica: “SG 10% 500 ml”.
Apresentação: SG 5% 500 ml e ampola de glicose de 25% com 10 ml.
Nesse caso, é necessário alterar a concentração do soro glicosado.

1o passo: Calcular quantos gramas de glicose há no soro existente na


instituição.
5% significa:
5g 100 ml

A 500 ml
100 x A = 5 x 500
100 A = 2.500
A = 2.500 / 100
A = 25 g
280

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 280 18/05/11 21:57


Cálculos de Medicamentos

Resposta:
O soro disponível na instituição tem 25 g de glicose a cada 500 ml.
2o passo: Calcular quantos gramas de glicose há no soro prescrito.
10 g 100 ml

B 500 ml
100 x B = 10 x 500
100 B = 5.000
B = 5.000 / 100
B = 50 g

Resposta:
A prescrição médica solicita 50 g de glicose em 500 ml.

3o passo: Descobrir a diferença entre o soro prescrito e o soro dispo‑


nível na instituição.
B – A = 50 – 25 = 25 g
É a quantidade de glicose que falta para completar a concentração
prescrita. Em geral, realiza‑se a aspiração de ampolas desta substância para
chegar à dose necessária.

4o passo: Calcular a concentração de glicose da ampola a ser utilizada


para acrescentar a quantidade de glicose necessária no soro prescrito. Con‑
siderar que a instituição possui ampolas de glicose a 25% com 10 ml.
25 g 100 ml

C 10 ml
100 x C = 25 x 10
100 C = 250
C = 250 / 100
C = 2,5 g

Resposta:
A ampola tem 2,5 g de glicose.
281

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 281 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
5o passo: Calcular quanto de glicose será necessário acrescentar no
soro disponível.
10 ml 2,5 g

D 25 g
2,5 x D = 25 x 10
2,5 D = 250
D = 250 / 2,5
D = 100 ml ou 10 ampolas
6o passo: Para acrescentar 100 ml de glicose no soro disponível é ne‑
cessário desprezar 100 ml de soro, para manter o volume prescrito. Quanto
de glicose está sendo desprezado para reposição?
O soro a ser desprezado é SG 5%. Como são desprezados 100 ml e a
concentração é de 5 g a cada 100 ml, despreza-se 5 g de glicose.
Cada ampola de glicose tem 2,5 g. Para repor a glicose desprezada
são utilizadas 2 ampolas, perfazendo 5 g.

7o passo: Efetuar a transformação.


Desprezar 100 ml de SG 5%.
Acrescentar 12 ampolas de glicose 25% com 10 ml.

Exemplo 7:
A prescrição médica indica: “SF 2% 500 ml EV”.
A instituição tem disponível SF 0,9% 500 ml e ampola de NaCl 20%
com 10 ml.
Nesse caso, é necessário proceder à transformação do soro, de modo
que sua concentração original seja alterada para a concentração prescrita.

1o passo: Calcular a concentração de NaCl presente no soro prescrito.

2g 100 ml

A 500 ml
100 x A = 2 x 500
282

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 282 18/05/11 21:57


Cálculos de Medicamentos

100 A = 1.000
A = 1.000 / 100
A = 10 g

2o passo: Calcular a concentração de NaCl presente no soro disponí‑


vel na instituição.

0,9 g 100 ml

B 500 ml
100 x B = 0,9 x 500
100 B = 450
B = 450 / 100
B = 4,5 g

3o passo: Calcular a diferença de concentração entre o soro prescrito


e o soro disponível, para saber quanto é preciso acrescentar.
A – B = 10 – 4,5 = 5,5 g

4o passo: Calcular a concentração de NaCl de cada ampola de 10 ml.


20 g 100 ml

C 10 ml
100 x C = 20 x 10
100 C = 200
C = 200 / 100
C=2g

5o passo: Calcular quantos ml ou ampolas são necessários.


2g 10 ml

5,5 g D
2 x D = 5,5 x 10
283

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 283 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
2 D = 55
D = 55 / 2
D = 27,5 ml

6o passo: Como o volume a ser acrescentado é pequeno, não há ne‑


cessidade de desprezar qualquer volume, bastando adicionar ao frasco de
500 ml de SF 0,9% o volume de NaCl 20% necessário (27,5 ml).

Exemplo 8:
A prescrição médica indica: “água bicarbonatada 2% 200 ml para hi‑
giene oral”.
Nesse caso, é necessário acrescentar à água destilada o bicarbonato
de sódio, na concentração desejada.
Tem‑se disponível ampola de bicarbonato de sódio 10% com 10 ml.

1o passo: Calcular a concentração de bicarbonato prescrito.


2g 100 ml

A 200 ml
100 x A = 2 x 200
100 A = 400
A = 400 / 100
A=4g

2o passo: Calcular a concentração de bicarbonato em cada ampola.


10 g 100 ml

B 10 ml
100 x B = 10 x 10
100 B = 100
B = 100 / 100
B = 1 g
284

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 284 18/05/11 21:57


Cálculos de Medicamentos

3o passo: Calcular quantas ampolas são necessárias para atingir a


concentração prescrita.
1g 10 ml

4g C
1 x C = 4 x 10
C = 40 ml ou 4 ampolas

4o passo: Realizar o procedimento.


Desprezar 40 ml do frasco de 200 ml de água destilada.
Acrescentar 4 ampolas de bicarbonato de sódio.

Exemplo 9:
Preparar 3 litros de solução de KMnO4 na proporção de 1:4.000, sa‑
bendo que o saquinho de permanganato de potássio tem 100 g.

1o passo: Calcular quanto de permanganato há na proporção prescrita.


1 g de KMnO4 4.000 ml

2o passo: Calcular quanto de permanganato há no volume prescrito.


1g 4.000 ml

A 3.000 ml
4.000 x A = 1 x 3.000
A = 3000 / 4000
A = 0,75 g

3o passo: Calcular quantos saquinhos são necessários.


1 saquinho 100 mg

B 750 mg
100 x B = 750 x 1
B = 750 / 100
B = 7,5 saquinhos
285

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 285 18/05/11 21:57


Administração de Medicamentos
4o passo: Preparar a solução.
Colocar em uma bacia 3 litros de água limpa.
Adicionar 7,5 saquinhos de permanganato de potássio.

286

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 286 18/05/11 21:57


BIBLIOGRAFIA

Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Legislação vigente. Resolução RDC no 45, de 12 de


março de 2003. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br. Acesso em: 21 nov. 2008.
______.______ Resolução – RE no 515, de 15 de fevereiro de 2006. Disponível em: http://www.anvi‑
sa.gov.br. Acesso em: 21 nov. 2008.
______.______ Resolução da Diretoria Colegiada – RDC 29, de 17 de abril de 2007. Disponível em:
http://www.anvisa.gov.br. Acesso em: 21 nov. 2008.
Alves, M. A. C. Bombas de infusão: operação, funcionalidade e segurança. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Elétrica). Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2003.
Arcuri, E. A .M. Reflexões sobre a responsabilidade do enfermeiro na administração de medicamen‑
tos. Rev. Escola de Enfermagem USP, 1991.
BATLOUNI, Michel; RAMIRES, José Antonio Franchini (orgs.). Farmacologia e terapêutica cardiovascu‑
lar. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2004.
Bevan, J. A. et al. Interações de drogas. Fundamentos de farmacologia. São Paulo: Harper & Row do
Brasil, 1979.
Brunner & Suddarth. Tratamento de pacientes com disfunção urinária e renal. In: Brunner &
Suddarth. Tratado de enfermagem médico‑cirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
Cabral, E. I. Administração de medicamentos. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 2002.
Carvalho, V.T.; Cassiani, S.H. Erros na medicação: análise das situações relatadas pelos profissionais
de enfermagem. Medicina, Ribeirão Preto, jul./set. 2000.
Cassiani, S.H.B.; Rangel, S.M. Complicações locais pós‑injeções intramusculares em adultos: revisão
bibliográfica. Medicina, Ribeirão Preto, out./dez. 1999.
CHEREGATTI, Aline Laurenti; AMORIM, Carolina Padrão. As principais drogas utilizadas em UTI. São
Paulo: Martinari, 2008.
CHEREGATTI, a. L; jeronimo, r. a. s. (orgs). Manual ilustrado de enfermagem. São Paulo: Rideel, 2009.
Cipriano, S. L.; Maluvayshi, C. H.; Laragnoit, A. P. B.; Alves, M. E. Sistema de dispensação de me‑
dicamentos em dose unitária – SDMDU. São Paulo, 2001.
Coimbra, J. A. H.; Cassiani, S. H. B. Responsabilidade da enfermagem na administração de medica‑
mentos: algumas reflexões para uma prática segura com qualidade de assistência. Rev. Latino‑Ame‑
ricana de Enfermagem, mar. 2001.
Conselho Regional de Enfermagem. Documentos básicos de enfermagem. São Paulo, 2008. Dis‑
ponível em: http://www.portalcorensp.org.br. Acesso em: 7 nov. 2008.
Costa, E.M. Registro: documentação em Enfermagem – influências e contribuições para a prática.
Cadernos de Pesquisa: cuidado é fundamental, abr./jun. 1997.
Cunha, G.W.B. O pioneiro da dose unitária. Revista do InCor. Ano 1, n. 7, out. 1995.
______. Dose unitária: solução eficaz e eficiente. Revista Secretaria de Saúde, VI(25):14, 1997.
Institute of Medicine. Committee on Quality of Health Care in America. To err is human: building
a safer health care system. Washington: National Academy Press, 2000.
Knobel, E. Diálise peritoneal. In: Terapia intensiva: enfermagem. São Paulo: Atheneu, 2006.
______. Manuseio da dor com cateter epidural. In: Terapia intensiva: enfermagem. São Paulo: Athe‑
neu, 2006.
Lima, M.J. O que é Enfermagem. In: Figueiredo, N.M.A. Práticas de Enfermagem: fundamentos, con‑
ceitos, situações e exercícios. São Paulo: Difusão Paulista de Enfermagem, 2003.
301

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 301 18/05/11 21:57


MANSUR, Nacime Salomão; NISHIO, Elizabeth Akemi (orgs.). Administrando medicamentos com segu‑
rança. 2. ed. São Paulo: Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, 2009.
MATSUBA, Claudia Satiko; MAGNONI, Daniel. Enfermagem em terapia nutricional. São Paulo: Sarvier,
2009.
Melo, L.R.; Pedreira, M.L. Erros de medicação em pediatria: análise de anotações de enfermagem no
prontuário do paciente. Ver. Bras. Enferm., v. 58, n. 2, p. 180-185, 2005.
Mozachi, N. Administração de medicamentos. O hospital: manual do ambiente hospitalar. 2. ed.
Curitiba: Manual Real, 2005.
Néri, E.D.R. Determinação do perfil dos erros de prescrição de medicamentos em um hospital universi‑
tário. Dissertação (Mestrado). Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2004.
Pepper, G. Pesquisas em segurança na administração de medicamentos. In: Cassiani, S. H. B.; Ueta, J.
(orgs.). A segurança de pacientes na utilização da medicação. São Paulo: Artes Médicas, 2004.
ROSAL, Mário Borges. et al. Erros na prescrição hospitalar de medicamentos potencialmente perigo‑
sos. Rev. Saúde Pública, 43(3): 490-8, 2009.
SAMTEC Biotecnologia Ltda. Disponível em: http://samtec.com.br. Acesso em: 5 nov. 2008.
São Paulo (Estado). Lei no 10.241, de 25 de março de 1999. Dispõe sobre os direitos dos usuários
dos Serviços e das Ações de Saúde no Estado de São Paulo. Diário Oficial do Estado de São Paulo, 18
mar. 1999.
SCHWEIGERT, Ingrid Dalira; PLETSCH, Marilei Uecker; DALLEPIANNE, Loiva Beatriz. Interação medica‑
mento‑nutriente na prática clínica. Rev. Bras. Nutr. Clín., 23(1): 72-77, 2008.
Secoli, S. R. Interações medicamentosas: fundamentos para a prática clínica da enfermagem. Rev.
Escola de Enfermagem USP, v. 35, mar. 2001.
Smeltzer, S. C.; Bare, B. G; Brunner & Suddarth. Tratado de enfermagem médico‑cirúrgica. 10. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
Swearingen, L. P.; Keen, H. J. Terapia de substituição renal. In: Manual de enfermagem no cuidado
crítico. São Paulo: Artmed, 2005.

Sites consultados:
www.walsmed.com. Acesso em: 30 jan. 2009.
www.ctav.com.br/cursos/dowloads/Escala MaddoxWeb.ppt. Acesso em: 7 jun. 2009.

302

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 302 18/05/11 21:57


Créditos das figuras
• p. 40/41
Figs. 3.1 a 3.9 – Aline Laurenti Cheregatti e Rosangela Sala Jeronimo

• p. 42
Fig. 3.10 – Alvimann/Morguefile
Fig. 3.11 – Aline Laurenti Cheregatti e Rosangela Sala Jeronimo

• p. 44
Figs. 3.13, 3.15 a 3.17 – Aline Laurenti Cheregatti e Rosangela Sala Jeronimo
Fig. 3.14 – Cheryl Casey/Shutterstock

• p. 45
Fig. 3.18 – Maria Herrera/SXC

• p. 119/123/130/131/135/137/139
Figs. 5.1 a 5.8 – Aline Laurenti Cheregatti e Rosangela Sala Jeronimo

• p. 146
Fig. 6.1 – Sergio A. Pereira

• p. 164
Fig. 6.2 – Aline Laurenti Cheregatti e Rosangela Sala Jeronimo

• p. 165
Fig. 6.3 – R2 criações

• p. 178
Figs. 7.1 a 7.3 - – Aline Laurenti Cheregatti e Rosangela Sala Jeronimo

Adm_Medicamentos_2_Backup.indd 303 18/05/11 21:57

Você também pode gostar