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AULA TEÓRICA

(TAXAS DE JURO)

3 TAXAS DE JURO - CONCEITOS E CARACTERIZAÇÃO

Quando se fala de taxas de juro temos que saber a que tipo de taxas se refere, sobretudo no R. J.
C.
Dizer apenas que a taxa é de 10% ao ano pode ser insuficiente.
Na situação 4 havia duas taxas anuais diferentes – Nominal e Efectiva

Isto acontece porque vigora o R. J. C em que o período da taxa era diferente da periodicidade a
que eram efectuadas as capitalizações – havia mais do que uma capitalização no período ao qual
estava reportada a i - a i era anual e as capitalizações eram semestrais.

3.1. TAXAS NOMINAIS E TAXAS EFECTIVAS


Em R.J.C, quando a i é anual e as capitalizações são feitas em sub-períodos do ano, o Jt obtido
após 1 ano dessas capitalizações é superior ao que seria obtido se houvesse apenas uma
capitalização no ano.

No ex: com 100 Mt e a i = 20% ao ano (a.a.), obtém-se, após um ano, Jt = 20 Mt a i = 10% ao
semestre obtém-se, após um ano, um Jt = 21 Mt.

No 1o caso como a i é anual e as capitalizações são anuais, à i = 20% a.a é simultaneamente nominal
e efectiva (não a verdadeira distinção, uma vez que, só há uma capitalização, nunca chega a haver
juros de juros).

No 2o caso a i = 20% a.a é capitalizada 2 vezes no ano, à i semestral de 10% o que conduz a uma
taxa anual efectiva de 21%. Diz-se que a i = 20% é nominal – não leva em conta o efeito de
capitalizações, enquanto a i = 21% é efectiva já leva em consideração o efeito das capitalizações
sucessivas.
Deste modo, diz-se que a taxa anual nominal de 20% com capitalizações semestrais corresponde
(está subjacente) a taxa anual efectiva de 21%.

A diferença reside no facto de reflectirem ou não as capitalizações sucessivas.

RASCUNHO DE APONTAMENTOS DE MATEMATICA FINANCEIRA / Imelde Jauane


Fonte: Rogério Matias (2004) Cálculo Financeiro, Teoria e Prática, Escolar Editora
Rogério Matias (2006) Cálculo Financeiro, Teoria e Prática, Escolar Editora
Alves Mateus (2006), Calculo Financeiro, 5ª Ed., Edições Silabo
Esta distinção existe em R.J.C., quando simultaneamente o período a que esta reportada a taxa não
coincide com o período a que são efectuadas as capitalizações. Quando tal ocorre é fundamental
saber desde logo se a taxa anunciada é efectiva ou nominal.
Sendo efectiva, significa que já leva em conta o efeito das sucessivas capitalizações, pelo que a
taxa periódica é calculada segundo uma relação de equivalência; sendo nominal, significa que não
leva em conta as sucessivas capitalizações, pelo que a taxa periódica é calculada segundo uma
relação de proporcionalidade.

3.1.1 TAXAS PROPORCIONAIS E TAXAS EQUIVALENTES


Quando a razão (quociente) entre duas taxas é a mesma que existe entre os períodos do tempo a
que elas se referem, essas taxas dizem-se proporcionais.
0,10 1
Assim, 10% ao ano e 5% ao semestre são taxas proporcionais, já que  2
0,05 0,5

Duas Taxas dizem-se equivalentes quando, reportando-se a períodos de tempo diferentes, fazem
com que um mesmo capital produza o mesmo J após um mesmo intervalo de tempo, sendo as
capitalizações efectuadas de acordo com o período a que cada uma das taxas está referida.
Simples: Duas taxas são ditas equivalentes quando, embora referidas a unidades de tempo
diferentes, aplicadas sobre o mesmo capital, durante o mesmo período, produzem o mesmo
valor.

Por ex: 21% ao ano e 10% ao semestre são taxas equivalentes (em R.J.C) já que, como vimos no
exemplo anterior, o juro produzido por 100 Mt ao fim de um ano, é de 21 Mt, quer em capitalização
anual a taxa anual de 21%, quer em capitalização semestral a taxa semestral de 10% (O juro do 1o
semestre é de 10 Mt e o J do 2o semestre é de 11mt (10 + 11= 21 a.a).

Simbologia:

i = taxa anual efectiva


i(k) = taxa anual efectiva composta k vezes por ano; Ex: i(2) = taxa anual efectiva composta
semestralmente; i(3) = taxa anual efectiva composta quadrimestralmente;
i(k) = taxa anual nominal composta (capitalizada) k vezes por ano; Ex: i(4) = taxa anual nominal
capitalizada trimestralmente ( cabem 4 trimestres no ano).
ik = taxa periódica efectiva, isto é, reportada ao mesmo período a que são efectuadas as
capitalizações; Ex: i6 = taxa bimestral; i12 = taxa mensal.
k – número de períodos de capitalização por ano.

RASCUNHO DE APONTAMENTOS DE MATEMATICA FINANCEIRA / Imelde Jauane


Fonte: Rogério Matias (2004) Cálculo Financeiro, Teoria e Prática, Escolar Editora
Rogério Matias (2006) Cálculo Financeiro, Teoria e Prática, Escolar Editora
Alves Mateus (2006), Calculo Financeiro, 5ª Ed., Edições Silabo
3.1.2 CÁLCULO DAS TAXAS

PARTINDO DE UMA TAXA ANUAL EFECTIVA PARA TAXA PERIÓDICA EFECTIVA

Usa-se a relação de equivalência


(1+i)1 (uma capitalização anual à taxa anual – horizonte temporal = a um ano) = (1+ik)k (k
capitalizações durante um ano à taxa periódica ik - horizonte temporal = a um ano) 
1 ik  1 ik   ik  1 ik 1
1 1

Ex: dada a taxa anual efectiva de 10%, quais as equações que permitem obter as taxas equivalentes
(ou efectivas) para os seguintes períodos?
a) Semestre
1 i1  1 i2 2  i2  1 0,12 1  0,048809100(110%)1  100(1 4,8809)2 110 110
1

b) Trimestre
1 i1  1 i4 4  i4  1 0,14 1  0,024114100(110%)1  100(1 2,4114%)4 110 110
1

c) Bimestre
1  i1  1  i6 6  i6  1  0,16 1  0,016012  100(1  10%)1  100(1  1,016012%)6  110  110
d) Mês
1 i1  1 i12 12  i12  1 0,112 1  0,007974 100(110%)1  100(1 0,7974%)12 110  110
Se usássemos 5% ao semestre (metade de 10%) após 2 capitalizações semestrais (um ano), o Cn
seria:  100(1  5%)2  110,25 e não 110 Mt.
5% ao semestre e 10% ao ano são taxas proporcionais, mas não são taxas equivalentes.

PARTINDO DE UMA TAXA ANUAL NOMINAL COM k CAPITALIZAÇÕES


DURANTE O ANO [ i(k ) ]

Como a taxa é anual nominal não reflecte o efeito das capitalizações. É fundamental começar por
calcular a taxa efectiva periódica reportada ao mesmo período a que são efectuadas as
ik 
capitalizações. Usa-se a relação de proporcionalidade: ik 
k
Por ik estar reportada ao mesmo período a que são efectuadas as capitalizações é para esse período,
uma taxa efectiva. A obtenção da taxa efectiva reportada a outro período será por equivalência.

Ex: Qual é a taxa anual efectiva subjacente à taxa anual nominal de 12%, composta
semestralmente?

ik 
 i2   6% e 2º 1  i1  1  i2 2  i2  1  0,62 1  12,36%
12
1º: ik 
k 2

Quando as capitalizações são anuais, a taxa anual nominal e a taxa anual efectiva coincidem.

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Fonte: Rogério Matias (2004) Cálculo Financeiro, Teoria e Prática, Escolar Editora
Rogério Matias (2006) Cálculo Financeiro, Teoria e Prática, Escolar Editora
Alves Mateus (2006), Calculo Financeiro, 5ª Ed., Edições Silabo
PARTINDO DE UMA TAXA PERIÓDICA EFECTIVA

1º Para obter a taxa anual nominal, multiplicamos aquela pelo número de períodos que
existem no ano;
2º Para obter a anual efectiva será por equivalência.

Ex: Dada a taxa trimestral de 3%, qual é:


a) A taxa anual nominal subjacente?
i(4) = 4 * 0,03 = 0,12 = 12%

b) A taxa anual efectiva subjacente?


1 i1  1 0,034  i2  1  0,1255092 1  12,5509%
Ex1: Dada a taxa trimestral de 3%, qual é:
a) A taxa mensal proporcional subjacente?
0,03
i12   1%
3
b) A taxa semestral proporcional subjacente?
i2 = 2 * 0,03 = 0,06 = 6%

c) A taxa mensal equivalente?


1 i12 3  1 0,031  i12  1 0,033 1  0,009902 0,9902%
1

d) 1 i2 1  1 0,032  i2  1 0,032 1  6,09%


Ex2: Considere a taxa anual nominal de 9% composta trimestralmente e calcule as seguintes taxas
efectivas:

a) Mensal = 0,007444 = 0,7444% mas 1º calcular a taxa trimestral proporcional a 9% = 0,0225


b) Semestral = 4,5506%
c) Trimestral = 2,25%
d) Anual = 9,3083%

Ex3: Considere a taxa anual efectiva de 9%, composta trimestralmente, calcule as seguintes taxas:
a) Mensal efectiva = 0,7207%
b) Semestral efectiva = 4,4031%
c) Trimestral efectiva = 2,1778%
d) Anual nominal = 2,21778%* 4 = 8,7112%

RASCUNHO DE APONTAMENTOS DE MATEMATICA FINANCEIRA / Imelde Jauane


Fonte: Rogério Matias (2004) Cálculo Financeiro, Teoria e Prática, Escolar Editora
Rogério Matias (2006) Cálculo Financeiro, Teoria e Prática, Escolar Editora
Alves Mateus (2006), Calculo Financeiro, 5ª Ed., Edições Silabo
Aplicação

Um aforrador pretende aplicar determinada quantia. O banco A propõe-lhe remunerá-la à taxa


anual efectiva bruta de 10%, permitindo-lhe optar por capitalizações semestrais ou mensais (juros
sujeitos a imposto à taxa liberatória de 20%). O banco B propõe ao aforrador a taxa anual efectiva
líquida de 8%. Por que hipótese deve optar o aforrador?
1º Calcular a taxa ilíquida do período de capitalização
2º Calcular a taxa efectiva líquida, eliminando o imposto.

Elementos Notação
Taxa que quero calcular .................................................. iq
Taxa que tenho ............................................................... it
Unidade da taxa que quero calcular ................................ q
Unidade da taxa que tenho ............................................. t

Cálculo da taxa equivalente:

3.2 TAXAS ILIQUIDAS E TAXAS LIQUIDAS


Tem a ver com o facto de reflectirem ou não o efeito da fiscalidade sobre os juros produzidos.
Os J produzidos em qualquer processo de capitalização estão sujeitos a impostos, i.e., sempre que
há juro, há imposto. Geralmente aplica-se uma taxa de 20% ao montante do juro produzido, o que
quer dizer que o aforrador fica com apenas 80% do juro produzido em cada período de
capitalização. É chamada também taxa liberatória (não incluir na declaração de y).
Chama-se Taxa Ilíquida (ou taxa bruta) a taxa que não leva em consideração o efeito fiscal e Taxa
Liquida que já se reflecte o efeito fiscal.
Iliq: taxa de juro líquido
Iiliq: taxa de juro ilíquido
Timp: taxa do imposto

Iliq=Iiliq-Timp*iiliq

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Fonte: Rogério Matias (2004) Cálculo Financeiro, Teoria e Prática, Escolar Editora
Rogério Matias (2006) Cálculo Financeiro, Teoria e Prática, Escolar Editora
Alves Mateus (2006), Calculo Financeiro, 5ª Ed., Edições Silabo
Ex: Calcule o juro líquido produzido por um capital de 1.000 Mt aplicado durante 1 ano, a taxa de
juro anual nominal ilíquida de 10% (juros sujeitos a taxa liberatória de 20%), admitindo que as
capitalizações são:
a) Anuais b) Semestrais
a) Só a uma capitalização
Jiliq=C.n.iliq=1000 * 1*0,10=100 Mt Iliq=(1-timp) iiliq
Temos retirar o imposto Iliq=(1-0,2) * 0,10
Imposto=0,20*100=20 iliq=0,08
Jliq=Jiliq-imposto=100-20=80 Mt Jiliq=C.n.Iliq = 1000*0,08*1 = 80Mt

b) Capitalizações semestrais
Calcula-se o juro 2 vezes ao ano
R.J.C 1º R.J.C
J1iliq=1000*6/12*0,10=50 Mt J1liq=1000*6/12*0,10=50Mt
Imposto= 0,2*50=10 Mt Imposto=0,2*50=10
J1liq=50-10=40mt J1liq=50-10=40
J2liq=1000*6/12*0,08=40mt J2iliq=1040*6/12*0,10=52mt
Jtliq=J1liq=40+40=80mt Imposto=0,2*52=10,4
J liq=52-10,4=41,6
Jtliq=40+41,6=81,6

2º R.J.C
isemestraliliq = 10/2 = 5% é porque i = 10% é nominal a.a
Isem liq = ( 1-0,20) * 0,05 = 0,04
J1liq = 1000*1*0,04 = 40MT
J2liq = 1040*1*0,04 = 41,6MT

1º Calcular a ilíquida reportada ao mesmo período a que são efectuadas as capitalizações.


2º Calcular a ilíquida subjacente.

A Taxa líquida deve ser calculada depois de a taxa ilíquida já estar reportada ao mesmo
período a que são efectuadas as capitalizações!

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Fonte: Rogério Matias (2004) Cálculo Financeiro, Teoria e Prática, Escolar Editora
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3.3 TAXAS CORRENTES E TAXAS REAIS
Taxa corrente é aquela que não reflecte o efeito da inflação.
Taxa real é aquela que reflecte o efeito da inflação.

1 i i 
Taxa real (ir) = 1 =
1  1 

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Fonte: Rogério Matias (2004) Cálculo Financeiro, Teoria e Prática, Escolar Editora
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