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A importância da comissão técnica de classificação

para a execução da pena


monografias.brasilescola.uol.com.br/direito/a-importancia-comissao-tecnica-classificacao-para-execucao-
pena.htm

Direito
Demonstração da importância prática da Comissão Técnica de Classificação no programa
de individualização da pena.

índice

1. RESUMO
Após 19 anos de vigência da Lei de Execução Penal, os legisladores alteraram, em 2003,
alguns de seus artigos por meio da Lei n.º 10.792/2003 que retirou da Comissão Técnica
de Classificação o papel de acompanhamento da execução penal, deixando a cargo da
Comissão, tão somente, realizar o programa individualizador da pena privativa de
liberdade ao condenado ou preso provisório, no momento de ingresso da pessoa no
sistema penitenciário para fins de orientação do plano individualizado da pena. A
alteração que impactou a forma do corpo técnico atuar fez-se na redação do artigo 112 da
Lei n.º 10.792/2003 quando retirou do texto a exigência do exame criminológico para
concessão da progressão de regime e do livramento condicional, bastando apenas a
comprovação de bom comportamento carcerário emitido pelo diretor do estabelecimento,
além de que a decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério
Público. Desta forma, este trabalho tem por objetivo demonstrar a importância prática da
Comissão Técnica de Classificação no programa de individualização da pena. Para tal,
pretende-se no primeiro capítulo fazer um breve apanhado da função da pena no Direito
Brasileiro dirigindo-se tão logo para o segundo capítulo que analisará a efetividade da
CTC de acordo com a Lei de Execução Penal vigente em nosso ordenamento jurídico.

Palavras-chave: Execução Penal; Comissão Técnica de Classificação; Individualização


da Pena.

RESUMEN

Después de 19 años de la Ley de Ejecución Penal , los legisladores cambiaron en 2003 ,


algunos de sus artículos a través de la Ley núm. 10.792/2003 que se retiraron del Comité
de Clasificación Técnica el papel de la supervisión de la ejecución penal , dejando a
Comisión , por sí sola , hacer que la pena privativa de libertad programa de
individualización en el delincuente o la detención provisional en el momento de la
entrada de la persona en el sistema penitenciario para la orientación del plan
individualizado de la frase. El cambio que afectó la forma en que el trabajo personal
realizado en la redacción del artículo 112 de la Ley núm. 10.792/2003 al ser retirada del
texto a la exigencia de un examen criminológico para la concesión de la progresión de

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régimen y la libertad condicional, que sólo requiere una prueba el buen comportamiento
de prisión emitida por el director del establecimiento, y que la decisión será siempre
motivada y precedió a la manifestación de la fiscalía. Por lo tanto, este trabajo pretende
demostrar la importancia práctica del Comité Técnico de la individualización programa
Rango de castigo. Para ello, tenemos la intención de hacerlo en el primer capítulo una
breve descripción de la función de la pena en la legislación brasileña abordar tan pronto
en el segundo capítulo se examinará la eficacia del CTC de acuerdo con la Ley de
Ejecución Penal vigente en nuestro ordenamiento jurídico.

Palabras-clave: Ejecución Penal; Comité de Clasificación Técnica; La individualización


de la pena.

2. INTRODUÇÃO
A educação para os serviços penais no Brasil, até o início do século XXI, caracterizou-se
por iniciativas, na sua maioria, não articuladas, descontínuas e com abrangência irregular
no território nacional. Embora tenha ocorrido uma relevante quantidade de cursos
promovidos pelo Governo brasileiro, eles não propiciaram, de fato, mudança nos
processos de trabalho, nem o almejado objetivo de transformação dos “agentes de
encarceramento” em “agentes de educação” ou “de ressocialização” (Ministério da Justiça,
2007).

O Brasil confronta-se várias dificuldades face à crise do Sistema Penitenciário Brasileiro.


Trabalhar com essa veracidade revela, portanto, a precisão na colocação e fixação de
políticas públicas que acatam os direitos da pessoa encarcerada e dispõem as
qualificações unidas aos profissionais da execução penal.

Compreende-se que a criação de um inovador projeto para a lida no sistema carcerário no


Brasil, desafio imposto há mais de vinte anos pela Lei de Execução Penal e avaliado pela
Constituição de 1988, não poderá ir adiante sem a criação de identidades predispostas a
realizar as transformações que se mostram necessárias.

Com base nessa constatação, o Governo Federal, por meio do Departamento Penitenciário
Nacional do Ministério da Justiça, iniciou um amplo movimento visando à construção de
uma política pública com abrangência nacional para a formação inicial e permanente dos
profissionais da execução penal (Ministério da Justiça, 2007).

As Comissões Técnicas de Classificação são elencadas na Lei de Execução Penal em razão


da sua relevância na classificação do apenado e criação do programa individualizador da
pena equilibrada ao preso ou preso provisório.

Um dos pontos mais frágeis do Sistema Penitenciário Brasileiro é a efetuação do


programa individualizador da pena, pela questão da ausência de técnicos e de
treinamento dos indivíduos que elaborarão as Comissões Técnicas de Classificação.

A respeito da formação e o labor desenvolvido pela Comissão Técnica de Classificação, a


Lei de Execução Penal 7.210/84 dispõe que:

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Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento, será
presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um)
psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social, quando se tratar de condenado à
pena privativa de liberdade.

Parágrafo único - Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será
integrada por fiscais do serviço social.

Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da personalidade,


observando a ética profissional e tendo sempre presentes peças ou informações do
processo, poderá:

I - entrevistar pessoas;

II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e informações a


respeito do condenado;

III - realizar outras diligências e exames necessários.

Dessa forma, a Comissão Técnica de Classificação exerce papel de destaque na política


criminal de nosso país, fazendo com que seja colocada em experiência a vontade do
legislador ao traçar objetivos de reintegração do condenado à sociedade por meio da
individualização da pena.

Assim, esta monografia estará estruturada em dois capítulos, munidos de subtópicos que
os complementaram com notícias precisas para o bom compreendimento do contexto.

Nesse sentido, no primeiro capitulo será apresentado a evolução do direito penal


brasileiro, sendo este, complementado pelo subtopico do conteúdo histórico do direito de
punir, além de um apanhado geral sobre os adjetivos da criminalização primária e
secundária, bem como notícias sobre a política brasileira de ressocialização dos apenados.

Em seguida, no segundo capitulo trabalhado, é demonstrado o foco essencial desta


monografia, que busca apresentar um aglomerado de informação, tornar claro a
importância da comissão técnica de classificação da lei de execução penal para a execução
da pena.

Este segundo capitulo também é composto por subtópicos que o incrementam, o primeiro
deles é o que diz respeito à lei de execução penal como mecanismo fundamental para
cumprimento da pena, já o segundo subtópico, trabalha a comissão técnica de
classificação e suas atribuições e competências, já o terceiro subtópico traz comentários
que dizem respeito aos artigos 5°, 6°, 7°, 8° e 9° da lei de execução penal, traz também,
algumas jurisprudências para poder reforçar as informações descritas.

Com este composto de informações, buscara elevar a essencialidade do tema de forma


mais esclarecedora e abrangente possível.

3. A EVOLUÇÃO DO DIREITO PENAL BRASILEIRO

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Nos primórdios da humanidade, os indivíduos tinham assegurado todos os sentidos. Por
meio da exatidão, qualitativo não designado a nenhum outro animal, com exceção à
espécie humana, o homem possui elemento estruturado em aglomerados ou sociedades.
Entretanto, a mediação social nem sempre está em sintonia, pois nela o ser humano
apresenta o seu lado instintivo: a agressividade (DUARTE, 1999).

No início dos tempos, quando o homem evolui o adjetivo da razão, deixou de lado o
nomadismo e deu começou aos iniciais pontos sociais, notou, rapidamente, que o que foi
elaborado como uma forma de proteção e desempenho não impossibilitando que o ser
humano deixasse de mostrar seu lado instintivo, que é a agressividade citada acima. O
homem precisou de aprender a lidar com o crime e deu origem ao Direito Penal, sendo
que o principal fundamento é estimular a paz social e a proteção da coletividade
(CHAVES; SANCHES, 2010).

É possível certificar que por meio dos tempos o ser humano tem adquirido a
aprendizagem de viver numa real "societas criminis". Com isso aparece-se o Direito Penal,
com o interesse de proteger a coletividade e divulgar uma sociedade mais tranquila
(DUARTE, 1999).

Conforme a alta das junções humanas, notou-se que era preciso tornar pública e deixar ao
abarcamento de todos o que grande maioria destes contingentes denominavam
comportamentos danoso e problemáticos ao bem coletivo. Surgiram no entanto os iniciais
tratados de Direito Penal, determinando como cada pessoa precisaria atuar para não
prejudicar a sistematização e a paz social, bem como as sanções posto aos infratores, dos
quais conseguimos mencionar o Código de Hamurábi, a Lei das XII Tábuas e, de acordo
com alguns, a própria Bíblia (CHAVES; SANCHES, 2010).

Se existisse a confirmação de que se venera a vida, e reverência, a virtude física e os


demais bens jurídicos do indivíduo, não seria preciso a presença de um aglomerado
normativo sancionativo, confirmado por um elemento capaz de colocá-lo em experiência.
Existiria, assim, o "jus puniendi", cujo elemento essencial é o Estado (NORONHA, 2004).

Conforme o ser humano, o Direito Penal progride, estando momentaneamente observado


como uma forma de vingança privada, ora momentaneamente observado como mediação
divina na Terra, ora observado como um benefício disponibilizado ao Estado, único
possuidor do poder coercitivo capaz de pô-lo em vigor, noção atuante até os presentes
dias. Assim, no entendimento de Magalhães Noronha, “o Direito Penal aparece com o ser
humano e o acompanha durante os anos, haja vista o delito, qual treva assombrosa,
jamais dele se sumiu” (NORONHA, 2004, p. 123).

Diante o dito, é importante acentuar que o direito, como base de comportamento social,
apareceu inicialmente com a sociedade, onde o primeiro direito seria o Direito Penal.
Seguidamente, pode-se dizer que: “A primitiva ideia da pena é a de reação vingativa do
ofendido, mas não se pode falar que a simples vingança individual dos primeiros grupos
sociais formasse um direito Penal” (FRAGOSO, 2003, p. 31).

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Prontamente, com o transcorrer dos anos, o ser humano, mesmo na sua etapa inicial,
após passar a viver em equipe, sentiu a precisão de sancionar aquele que tivesse
maltratado algum atrativo de seus membros e também de sancionar o desconhecido que
se tivesse colocado contra algum adjetivo pessoal e coletivo (BECK, 2013).

Com força em elementos históricos menciona-se que o Direito Penal talvez tenha sido o
primeiro direito a existir (TELES, 2004)

Já Bitencourt comenta que opinar em Direito Penal presume significar em violência.


Entretanto, atualizadamente, pensa-se que a criminalidade é mantida como um evento
social normal. Além desse pensamento ele acrescenta dizendo que o delito não pode ser
somente um evento social normal pois se responsabiliza com uma obrigação relevante na
sociedade, ou seja, sustentar aberto o meio de modificação social de que a sociedade
precisa (BITENCOURT, 2014).

Desta forma, é permitido observar que o Direito nas sociedades dos anos primórdios,
persistem em fatores referentes à religião, na qual a reação sancionatória demonstra
critério religioso, aparecendo a pena com sentido sacral (BECK, 2013).

3.1. CONTEXTO HISTÓRICO DO DIREITO DE PUNIR

O direito de punir é um elemento que possibilita a existência da organização social, ou


seja, o sistema penitenciário é muito mais do que um local onde se aprisionam ou jogam
indivíduos transgressores do ordenamento jurídico-social. Ele é uma instituição cuja
estruturação em padrões democráticos demonstra o amadurecimento da sociedade e o
fortalecimento do próprio direito de punir do Estado. Nas palavras de Nelson Mandela:
‘’Uma nação não pode ser julgada pela maneira como trata seus cidadãos mais ilustres e
sim pelo tratamento dado aos mais marginalizados: seus presos’’. Portanto, trata-se de
um assunto que carece de análises no aspecto político (ROCHA, 2006, p. 57).

Nem sempre a lei penal teve o conteúdo e a forma que hoje atribuímos a ela. Ainda que
não se consiga dizer de uma sequência histórica no direito penal, pode reconhecer-se na
sua história uma luta da qual vai surgindo, arduamente a Formação do ser humano como
indivíduo, isto é, como um ser dotado de autonomia moral.

Todas as sistematizações simplificadoras das etapas da legislação penal no mundo se


vinculam a teorias da história que, apesar de sua multiplicidade, podem ser divididas em
‘’cíclicas’’ e ‘’progressivas’’, sendo as primeiras mais próprias da antiguidade e as últimas
do século XVIII. Nas exposições da evolução legislativa penal tem prevalecido a adoção da
teoria ‘’progressiva’’. Assim, uma das distinções mais comuns que têm sido formuladas
trata da vingança privada como período primitivo, a vingança pública quando o Estado
toma a seu cargo a pena, a humanização da pena a partir do século XVIII, e o período
atual, em que cada autor dá como triunfantes suas próprias ideias (ZAFFARONI, 2009, p.
159).

Nesse sentido, torna-se de vital importância salientar que da Babilônia decorre do mais
velho direito penal sabido, por meio do ágil código de Hamurabi, do século XXIII a.C.
(entre 2285 e 2242 a.C), que possui preposições civis e penais. Neste contexto traz-se uma

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diferenciação entre homens livres e escravos e dispõe sanção para inúmeros crimes. A
formação era permitida em poucos crimes estritamente patrimoniais, com a restituição do
triplo do que tinha sido capturado (TELES, 2004).

Desde o habitante brasileiro primitivo até nossos dias, podemos dividir a aplicação da
norma penal em três períodos distintos, a saber: Pré-histórico – consiste no direito
consuetudinário indígena, de vingança privada. Pré-independência – retratamos aqui
sobre as Ordenações Filipinas, de característica medievais. Pós-independência –
Ordenações Filipinas (1822), Código Criminal do Império (1830), Código Penal da
República (1890), Consolidação das Leis Penais (1932), Código Penal (1940) (JESUS,
2005).

Em relação ao desenrolar histórico do homem e da civilização, podemos dizer que o índio,


inculto e isolado do resto do mundo, em nada difere do homem primitivo, arcaico e rude.
Por isso que se observa, nas poucas e vagas pesquisas sobre os costumes do índio
brasileiro, estrita coincidência entre suas leis punitivas e as do homem primitivo
(FRAGOSO, 2003).

Pelos princípios consuetudinários que regiam a conduta dos índios, a punição entre eles
era de ordem privada: o criminoso era entregue á vítima ou a seus parentes. Se fosse de
outra tribo, tratava-se de verdadeiro crime de Estado, em razão do qual, não raro,
travava-se autentica batalha campal. A vingança, quando interna, era limitada – só
atingia a pessoa do criminoso – e consistia no sacrifício do portador da praga contagiante,
que era o crime. Nos casos de dano, aplicava-se algo parecido com a lei de talião.

Mesmo posterior a independência do Brasil, não era possível a elaboração simultânea de


leis políticas, criminais e civis. Cuidou-se primeiro da emancipação política. Por força de
decreto de D. Pedro I, em 1823, as Ordenações Filipinas continuaram vigendo para por
elas se organizarem os planejamentos do interior do Império, enquanto não se organizar
um novo código (TELES, 2004).

A parte dos delitos e das penas era cuidada no Livro V das Ordenações, onde direito,
religião e moral se confundiam e se completavam. As penas eram extensivas, abrangendo
toda a família do criminoso.

Restauradas em 1595, as Ordenações sofriam naturalmente as influências do direito


medieval, por isso que as penas eram rigorosas e cruéis: morte pelo fogo; mutilação dos
pés, das mãos; queimadura e morte no fogo; além de esquartejamento como ocorreu com
Tiradentes. Considerava-se crime até mesmo benzer cães ou bichos sem autorização do
rei.

Nesse alicerce Porto descreve que:

O direito de punir está historicamente ligado a vingança do soberano e não a defesa da


sociedade. A modificação desse entendimento jurídico só ocorreu com o surgimento do
sistema carcerário, que nos permitiu legitimar o poder disciplinar, de forma de banir,
ainda que através de método falho, a forma de punição ligada a vingança, aplicada aos
corpos dos condenados (PORTO, 2008, p.75).

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Hodiernamente está em vigor em nosso sistema jurídico o Código Penal de 1940 que
começou a ser aplicado ainda no Governo ditatorial de Getúlio Vargas, e com auxílio da
Constituição Autocrática de 1937. Mudanças interessantes existiram por volta da vigência
da Lei 7.209 de 11. 07.1984. Evidente que no alicerce de um Código, o legislador anseia
unir em apenas um atestado a tese que deseja trabalhar, continuamente com o anseio de
permitir o acesso mais direto as situações contingentes. No entanto, por várias questões,
relativamente, os Códigos sofrem a atuação dos anos e das alternativas sociais, que mais
certamente forçam ajustes ou legislações paralelas, como no caso da Lei n.º 7.210 de 1984
- Lei de Execução Penal (JESUS, 2005).

3.2. CARACTERÍSTICAS DA CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA E


SECUNDÁRIA

O decreto-lei nº 3.914, de 9 de dezembro de 1941, a Lei de Introdução ao Código Penal no


seu artigo 1º, define crime com as seguintes palavras: Art 1º Considera-se delito a violação
penal que a lei designa sanção de reclusão ou de detenção, quer somente, quer
possibilitadamente ou juntamente com a sanção de multa; contravenção, a infração penal
a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas,
alternativa ou cumulativamente (FOUCALT, 2003, p; 111).

Bitencourt entende ser uma definição "sem nenhuma precisão cientifico doutrinária,
controlou-se somente a apresentar os elementos que diferenciam as ofensas penais
determinadas crimes daquelas que formam contravenções penais". A doutrina penalista,
em sua grande parte, define crime como comportamento típico, antijurídico e culpável
(BITENCOURT, 2014).

Já para Zaffaroni a definição do tipo penal se dá como: "uma ferramenta legal,


precisamente fundamental e de natureza intensivamente descritiva, que possui por
essência a personalização de condutas humanas penalmente importantes (ZAFFARONI,
2004, p.41).

Ainda com os entendimentos de Zaffaroni ele diz que:

Do que se viu até este momento pode-se chegar a duas conclusões: em primeiro lugar é o
Estado que cria as condutas criminalizáveis, que criminaliza. Em segundo lugar, deduz-se
que, na verdade, não existem criminosos e sim criminalizados. Esse processo de
criminalização pode ser dividido em dois. A criminalização primária e a secundária. A
criminalização primária "é o ato e o efeito de sancionar uma lei penal material que
incrimina ou permite a punição de certas pessoas" e a criminalização secundária "é a ação
punitiva exercida sobre pessoas concretas, que acontece quando as agências policiais
detectam uma pessoa que supõe-se tenha praticado certo ato criminalizado
primariamente". A primeira é realizada pelos legisladores e a segunda por agências
estatais como Polícia, Ministério Público, Poder Judiciário etc. (ZAFFARONI, 2004,
p.43).

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Atualmente, há quem sustente a utilização da pena de prisão como apenas uma maneira
de defender a sociedade do cometimento de crimes futuros, legitimando sua utilização
com alicerce no evitar total ou na proteção especial (BITENCOURT, 2014).

O poder punitivo do sistema penal é exercido por meio de um procedimento de


criminalização selecionativo, separado em criminalização primária (elaboração das leis) e
criminalização secundária (exercida sob pessoas concretas, que tem início com a prisão
em flagrante delito ou investigação do suspeito e prolonga-se até a imposição de uma
pena) (NORONHA, 2004).

A legislação (criminalização) primária é simplesmente a lei. No momento em que é


executada ao fato concreto, há outra forma de criminalização, que é secundária.

Zaffaroni citado por Tiago Megaldi em seu artigo dispõe que:

A criminalização primária caracterizaria o ato legislativo que estabelece um programa


punitivo (o “ponto de vista” de citado anteriormente), um rol de tipos de crimes aos quais
deve-se subsumir as condutas criminosas correspondentes. Essa criminalização é levada a
cabo pelo que o autor chama de “agências políticas”. A próxima “fase” é a da
criminalização secundária, que significa a ação punitiva exercida sobre pessoas concretas:
a ação punitiva deixa sua característica abstrata e impessoal da criminalização primária e
passa a se efetuar na realidade. Partindo daqui, o autor descreve o “funcionamento” de
uma seleção, que será feita na sociedade para determinar quem serão os, criminalizados,
os vitimados e os policializados (ZAFFARONI, 2004, p.51).

Basicamente todo conteúdo de criminalização primária é bastante extenso e, que por isso,
torna-se impedido de ser efetuado por completo. A aptidão ativa das agências de
criminalização secundária é gigantescamente controlada se analisada ao sistema de
criminalização primária. É certo que, uma ligeira observação no nosso código penal nos
faz verificar desta maneira. A quantidade de condutas tipificadas é imensa, essa
desigualdade leva à precisão de uma triagem que assegurara um cumprimento mínimo do
programa (ZAFFARONI, 2004, p.52).

Na lição de Raúl Zaffaroni a inevitável escolha operacional da criminalização secundária


(sobre indivíduos sem poder e por aspectos agressivos e até irrisórios) ocasionam uma
partilha taxativa em modelo de epidemia, que acerta somente indivíduos que têm
pequenas proteções mediante o poder punitivo (ZAFFARONI, 2004, p.53).

Sendo assim, verifica-se que essas duas agências são as que "selecionam" quem será
criminalizado. Como a agencia de criminalização secundaria é aquela que vai à procura,
na sociedade, dos indivíduos criminalizáveis, é ela quem gradativamente efetua o sistema
de limite social. O que se procura são elementos tranquilamente perceptíveis como crime,
cometidos por aqueles que possuem redução no poder de reação e com mínimas chances
de se valer de fatores para escorregar ou escapulir da ação do controle social (ARRUTY,
2007).

3.3. A POLÍTICA BRASILEIRA DE RESSOCIALIZAÇÃO DOS APENADOS

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A atual concepção de Estado fundamenta-se na compreensão de que toda a construção
estatal deve voltar-se para a provocação e a proteção dos direitos humanos (civis,
políticos, sociais, econômicos, culturais, difusos e coletivos). O Estado de Direito
Brasileiro, estruturado pela Constituição de 1988, adere e defende tais direitos, ao
designar que “são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados” (BRASIL, CONSTITUIÇÃO FEDERAL,1988, art 6º.). Diante disso, a
população do sistema prisional deve ter seus direitos assegurados como todo cidadão.

Como nos demais Estados, no Brasil, o direito de punir passou por vários estágios, desde
as punições violentas até o momento atual de ressocialização do criminoso. Com isso, em
termos de codificação específica, a política penitenciária brasileira é recente, pois só em
1984 – com a Lei de Execução Penal – a discussão de fato emergiu das profundezas dos
estabelecimentos prisionais. Essa legislação sedimentou-se no processo de humanização
da pena.

O detalhamento mais específico sobre as regulamentações prisionais brasileiras, ou pelo


menos suas intuições para o sistema prisional, pode ser averiguado na Lei de Execução
Penal (LEP). Adotada em 1984, a LEP é uma obra inteiramente inovadora de legislação;
admite um acatamento saudável aos direitos humanos dos apenados e possui inúmeras
mantimentos decretando tratamento individualizado, assegurando os direitos
substantivos e processuais dos condenados e protegendo assistência médica, jurídica,
educacional, social, religiosa e material. Observado de modo geral, o ponto dessa lei não é
a punição, mas, ao contrário disso, a ressocialização das pessoas presas (NOGUEIRA,
1996).

Na Lei de Execução Penal, encontra-se a metodologia que o Estado adota para corrigir e
cuidar dos encarcerados, ou seja, como o Estado efetua o direito de punir. O objetivo da
Lei de Execução Penal pode ser observado no seu primeiro artigo: Art. 1º. A execução
penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e
proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado
(BITENCOURT, 2014).

Outro ponto de salutar importância na Lei de Execução Penal é questão da


individualização da pena. Desta forma, cabe ao Estado analisar o criminoso,
consequentemente, aplicando-lhe pena adequada ao seu crime e peculiar à sua pessoa,
como consta na LEP: Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus
antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal
(NOGUEIRA, 1996).

O objetivo do direito de punir do Estado a partir do surgimento das prisões correcionais é


transformar o indivíduo delituoso de tal modo que consiga voltar a vivencia em sociedade.
A pena de restrição de liberdade que leva o indivíduo à prisão é um método de educação.
Ou seja, a prisão, não foi inicialmente uma restrição de liberdade e que posteriormente
seria ofertado uma atitude técnica de acertos; ela foi desde o princípio uma “detenção
legal” procurador de um alimento assertivo, ou ainda uma empresa de mudanças das
pessoas que a restrição de liberdade possibilite fazer agir no sistema legal. Neste contexto,

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fundamentou-se a Lei de Execução Penal, segundo a qual o Estado brasileiro, no exercício
do direito de punir, tem que adotar instrumentos que possam transformar os infratores e
proporcionem condições de ressocialização, como consta na LEP:

Art. 10º A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o


crime e orientar à convivência em sociedade.

Art. 11º A assistência será:

I – material;

II – à saúde;

III – jurídica;

IV – educacional;

V – social;

VI – religiosa.

Não entrando ainda no mérito da Lei de Execução Penal, observa-se que ela surgiu no
intuito de efetivar o processo de humanização da pena. Com isso, trata-se de uma
legislação oriunda do aprofundamento do Estado de Direito, o qual é pertinente para a
ampla efetivação do direito de punir do Estado brasileiro, conforme o entendimento
moderno da punição (GRECO, 2009).

No caso brasileiro, existem vários sistemas penitenciários, visto que o direito


penitenciário é de competência concorrente, forçando à União legislar de maneira
abrangente e aos Estados de forma especifica. Dessa forma, cada unidade federativa
organiza um aglomerado dispersos de unidades prisionais com uma formação
organizacional diversa, polícias autônomas e, em poucos casos, leis de execução penal
complementares (ROCHA, 2006).

A autonomia da qual as unidades federativas brasileiras gozam ao designar a política


penal espelha-se na grande diversidade entre eles em questões tão divergentes como os
índices de superlotação, custo mensal por preso e salários dos agentes penitenciários.
Observa-se, portanto, que no aspecto da organização do sistema penitenciário brasileiro,
não existe um padrão a ser seguido pelas unidades federativas. Cada uma delas formula
suas estruturas e normas. Entretanto, geralmente o sistema penitenciário é dirigido pelo
chefe do executivo por meio das secretarias de segurança pública ou de justiça (ROCHA,
2006).

A Lei de Execução Penal preceitua que os estados criem secretarias próprias para lidar
com a questão penitenciária (LEP Lei nº 7.210/84, Arts. 73 e 74). A execução penal é um
processo que responsabiliza inúmeros órgãos, como consta no Art. 61 da LEP: Conselho
Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP); Juízo da Execução (Varas de
Execução Criminal); Ministério Público; Departamentos Penitenciários, Patronato e
Conselho da Comunidade (OLIVEIRA, 1996).

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O CNPCP é um órgão federal cuja responsabilidade é definir a política criminal. Este
órgão é auxiliado em termos administrativo e financeiro pelo Departamento Nacional de
Política Penitenciária (DEPEN), que é o órgão executor da política penitenciária. O
CNPCP e o DEPEN são os órgãos da União responsáveis pelo sistema penitenciário nos
diversos níveis (NOGUEIRA, 1996).

Os demais órgãos que compõem o processo de execução da pena possuem atitudes mais
localizadas. O delinear da política penitenciária, portanto, percorre a União e as unidades
federativas, além de várias instituições. Por causa disso, analisar o sistema penitenciário
não se constitui numa tarefa fácil. Entretanto, a variedade de competência e instituições
não impossibilita que muitas características sejam distribuídas (OLIVEIRA, 1996).

Dessa forma, nota-se que, no tocante as dificuldades, consideravelmente todas as


unidades federativas são vítimas, pois praticamente todas lutam contra problemas
comuns ao sistema prisional, ou seja, superlotação, fugas, rebeliões, motins, maus-tratos,
corrupção de agentes penitenciários etc. (CAMPOS 2005).

Enfim, se a política ou legislação penitenciária são díspares, afastando uma unidade


federativa da outra, os problemas são semelhantes, aproximando todos num drama que
requer soluções rápidas.

A ausência de políticas públicas e o desrespeito com as regulamentações já presentes


fazem com que a reintegração se apresente cada vez mais permanente do que se precisa;
significativo se mostra uma reanálise do que se possui e do que se necessita e mais do que
ficar na função de dar sentido experiente às propostas que possuem em interligação a essa
reestruturação e as que já estão sendo trabalhadas (CAMPOS, 2005).

4. A COMISSÃO TÉCNICA DE CLASSIFICAÇÃO NA LEI DE


EXECUÇÃO PENAL
A comissão Técnica possui a função é averiguar o apenado com grande profundidade:
criar o parecer para o início do cumprimento da pena e, antes da Lei n.10.792 de 2003,
certificava o parecer para a progressão e regressão de regime (NEVES, 2010).

Sobra a comissão Mirabete certifica que:

A Comissão Técnica de Classificação possui a legítima função de elaborar o programa


individualizador e de acompanhamento do preso. Isto depois de realizados os exames
gerais e criminológicos no Centro de Observação. Na falta de Centro de Observação,
permite a lei (art. 98 da LEP) que os exames sejam realizados no próprio presídio, pela
Comissão Técnica de Classificação (C.T.C.) (MIRABETE, 2004, p.49).

Trabalha-se, no entanto, a C.T.C., de um órgão complexo, que rapidamente adquire saber


da avaliação criminológica efetuada, precisa iniciar os processos precisos a análise da
individualidade. Possuindo esses fatores, buscará conceituar o perfil do preso, devendo

11/36
ser assistido e trabalhado ao convívio social. “A C.T.C. elaborará pontos de assistência e
análise, seja da produtividade dos programas, seja do resultado dos presos aos mesmos”
(MIRABETE, 2004).

A classificação dos apenados a pena privativa de liberdade é vista atualmente como um


critério inovador da execução penal e evidencia uma das melhores inovações do sistema
carcerário, pois apresenta a firmação do princípio da individualização da pena e da
assistência (ORSOLINI, 2003).

A classificação começa seu trabalho por meio de um processo que irá designar o sistema
de atuação a que precisa ser subordinado o apenado, determinação esta que pode ser
adquirida no ímpeto da unidade prisional, ou em outro, delimitado principalmente para a
triagem (ORSOLINI, 2003).

Sobre o contexto Mirabete dispõe:

Correto seria que houvesse um estabelecimento próprio para observação e seleção, pois
em lugar de uma destinação esquemática a determinado estabelecimento penal, se
possibilite preliminarmente decidir, de acordo com o julgamento da personalidade, qual o
estabelecimento mais apropriado para o condenado (MIRABETE, 2002, p. 52).

Todavia, fosse mais firme uma unidade específica, qual seja o Centro de Observação, é
permitido, na sua ausência, que estas análises sejam efetuadas pela CTC (Art. 98 da LEP)
(ORSOLINI, 2003).

Por fim, Mirabete conclui dizendo o seguinte:

O procedimento de classificação utiliza-se de métodos científicos de personalidade, que


visam à observação do comportamento, compreendendo toda a percepção do condenado
em relação a outras pessoas, possibilitando a aplicação de testes, entre outros, “tudo com
o sentido de tornar bem conhecida a individualidade do sentenciado e conferir-lhe o
tratamento adequando, no presídio mais adequado” (MIRABETE, 2002, p. 52).

4.1. A Lei de Execução Penal como mecanismo fundamental para


cumprimento da pena
A Lei de Execução Penal brasileira aparece, em seu alicerce final, em 1984. Tendo
adquirido auxílio com a criação do abrangente conserto da parte geral do Código Penal de
1940, antecipa-se à Constituição da República de 1988, que, por seus motivos, vem a
mercê das gerais situações políticas e sociais que qualificam a restauração democrática no
país. É, no entanto, uma lei nova, se notarmos que o Código Penal de 1940, mesmo tendo
passado por fortes modificações, vigora ainda hoje. Afirma-se que o aparecimento
vagaroso da LEP espelha-se na negligência dos cientistas do direito em virtude da
população presa, inconsequência que se espelha na maior parte dos cursos de Direito no
Brasil, cujas grades curriculares não inserem a execução penal como disciplina obrigatória
(CADERNOS DO DEPEN, 2011).

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Todavia, desde 1933, vários projetos para uma codificação individual para a execução
penal foram criados, sem, entretanto, estarem em vigor. A mais nova da Lei 7.209/84, a
da reestruturação da parte geral do Código Penal de 1940, e batizada como Lei 7.210/84,
com data de nascimento em 11 de julho de 1984, o maior mérito da LEP foi inserir, na
execução penal, o princípio da legalidade, obrigando ao juiz a posição de assegurador dos
direitos fundamentais dos apenados (CADERNOS DO DEPEN, 2011).

A Lei de Execução Penal considera designar, entre o apenado e o Estado, uma interação
de direitos e obrigações bilaterais. Com isso, conta com 204 artigos, sendo que o primeiro
deles trabalha significativamente o fundamento da execução penal, ou finalidade da pena.
Para a LEP, a execução penal tem por fundamento não apenas exercer as atribuições de
sentença ou decisão criminal, mas, também, “oferecer condições para a adequada
interação social do condenado e do internado”. Para alcançar tal ponto chave, a LEP
propõe que o Estado precise recorrer à ajuda da comunidade na execução penal. Na
explanação de motivos da Lei, o item 24 fundamenta que “nenhum programa designado a
confrontar as dificuldades referentes ao crime, ao apenado e à sanção se finalizaria sem o
indispensável e pertinente auxílio comunitário”, o que, tristemente, raramente acontece
(CADERNOS DO DEPEN, 2011).

Instituída pelo artigo 6º da LEP, a Comissão Técnica de Classificação (CTC) é a


compromissada pela criação do programa para a individualização da pena e designação
do tratamento penal correto a cada apenado. Com isso, precisa contar com uma equipe
multidisciplinar formada, no mínimo, por psiquiatra, psicólogo e assistente social.
Embora não haja previsão legal, a fim de dar uma melhor abrangência a essa Comissão,
profissionais de pedagogia, terapia ocupacional e setor de segurança, também ajudam nas
reuniões. Todos os participantes da CTC, bem como seus suplentes, são destinados para
compô-la por meio de portaria específica da Secretária de Justiça do Estado que pertencer
a comissão (CADERNOS DO DEPEN, 2011).

No intuito de elencar a classificação do apenado, os membros da CTC precisam, além de


examiná-lo objetivamente, proporcionar a mais alta quantidade de notícias permitidas a
seu respeito. Essas notícias implantadas no prontuário precisam estar sempre à
disposição, e outras permitirão ser adquiridas por meio de entrevistas com indivíduos da
família ou da comunidade e/ou por meio de solicitações de dados e informações de
instituições pelas quais o preso corriqueiramente tenha passado (MIRABETE, 1996).

É imprescindível que o relatório possua a carta de guia e a cópia de sentença para que os
profissionais das inúmeras áreas técnicas consigam averiguar as informações ali
adquiridas e compará-las com as informadas pelo condenado. Cada área técnica
participante na classificação procurará as informações individuais a sua área
(MIRABETE, 1996).

A CTC tem por fundamento denominar um alicerce do apenado conforme seus


antecedentes e qualidades individuais. Por meio desse alicerce, aponta-se o trabalho penal
equilibrado na execução da pena, e, em seguida, se pedido pelo juiz, subsidia-se a decisão
judicial em relação às denominadas progressões e regressões do regime de cumprimento
da pena.

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É imperiosa a necessidade de uma Comissão Técnica de Classificação composta de
profissionais ligados à metodologia, seja para classificar o recuperando quanto à
necessidade de receber tratamento individualizado, seja para recomendar, quando
possível e necessário, os exames exigidos para a progressão de regimes e, inclusive,
cessação de periculosidade e insanidade mental (FRATERNIDADE, 2007).

2.2 Comissão Técnica de Classificação: atribuições e competências

A Comissão Técnica de Classificação tem por trabalho principal projetar a especificação


da execução penal. Ao mesmo tempo que o exame criminológico direciona o perigo de
reincidência, o entendimento da C.T.C. precisaria especificar a adequação que possui para
a alegria defensível do apenado a adquirição do privilégio. Em destaque, na redação
antecedente do art. 6º da LEP, lia-se que a Comissão deve “oferecer, à autoridade
competente, as progressões e regressões dos regimes.” O oferecer insinua que a C.T.C.
sabe a pessoalidade e a especificidade do apenado, os seus hábitos, precisando conhecer o
que para ele é mais positivo. Ele faz insinuar que a C.T.C. precisa possuir um papel
afirmativamente proativo na execução (SÁ, 2007).

São qualificações personalizadas da CTC planejar o programa de individualização e


auxiliar a execução das penas privativas de liberdade e restritiva de direitos, podendo-lhe
oferecer as progressões e as regressões dos regimes, bem como as conversões, com vistas
a sua reinserção social. A CTC faz-se habitual em todo o procedimento de reeducação do
infrator (ORSOLINI, 2003).

Seguem algumas atribuições e competências gerais da Comissão Técnica de Classificação


traçadas pelo Cadernos do Depen:

1. Procurar, no prontuário do preso, os tipos de crimes cometidos e suas


circunstâncias, as penas recebidas, o tempo já cumprido, os eventuais benefícios
concedidos, o cumprimento ou não das condições impostas nos benefícios, bem
como o cometimento ou não de faltas disciplinares nas unidades penais de origem e
os motivos dessas faltas;

Certamente o profissional compromissado por esses elementos é o assessor jurídico da


Unidade Prisional, que, em reunião com os demais membros da CTC, fornece com mais
clareza tais informações dirimindo demais dúvidas de cunho jurídico.

2. Obter conhecimento dos dados adquiridos nas entrevistas preliminares;

As entrevistas preliminares ou também chamada CTC de entrada é o momento onde cada


profissional vai avaliar o preso da justiça em caráter primário; assim que ele der entrada
na Unidade Prisional, geralmente ocorre o lapso temporal de quinze dias a contar da data
de ingresso no estabelecimento prisional para tal medida efetivar-se. Assim, durante a
reunião de CTC cada profissional tem a oportunidade de expor para os demais, o que foi
constatado em sua avaliação prévia (CADERNOS DO DEPEN, 2011).

3. Comparar as informações adquiridas no prontuário com os dados obtidos nas


entrevistas;

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O preso ao longo de sua execução de pena pode ser transferido para outras Unidades
Prisionais por questões de segurança, remanejamento, enfim, interesse da administração
ou por própria solicitação ou de seus familiares. Dessa forma, existe um prontuário que
nada mais é do que uma pasta individual sob guarda do setor administrativo da Unidade
Prisional ou também chamado DLP (Departamento de Laudos e Prontuários) que
armazena todas as informações inerentes aos documentos e atendimentos realizados
durante seu cumprimento de pena em determinada Unidade Prisional. Assim, quando
transferido de UP o preso da justiça é encaminhado juntamente com seu prontuário e, no
momento que é entrevistado pelo profissional da Unidade onde está ingressando, este
tem a facilidade de cruzar o histórico de sua vida carcerária com as informações obtidas
em sua entrevista (THOMPSON, 2000).

4. Pesquisar e certificar as informações obtidas nas inúmeras análises técnicas a que o


apenado tenha se submetido;

Tudo deve ser documentado no que tange ás avaliações e atividades realizadas no


processo de tratamento penal. A Comissão Técnica de Classificação deve elaborar
relatório formal de suas reuniões bem como a evolução de seus atendimentos técnicos. No
fim da reunião de CTC o secretário pode montar um modelo contendo tudo que foi dito
durante a reunião e, solicitar assinatura de todos os técnicos, para posteriormente
arquivar no prontuário do preso da justiça ou encaminhar ao juízo de execução caso
requerido (NOGUEIRA, 1996).

5. Procurar informações sobre os acompanhamentos técnicos realizados com o preso;

A Comissão Técnica de Classificação deve definir qual o melhor caminho para conseguir
efetivar o tratamento penal com determinado preso de acordo com sua personalidade e
limitação. Neste sentido, é possível que seja feito um levantamento de como estão os
acompanhamentos técnicos empregados ao preso da justiça bem como averiguar seus
resultados. Essa medida procura manter o diálogo entre os profissionais que trabalham
em prol do tratamento penal, bem como acompanhar de perto o efeito das ações em
execução. Por exemplo, um preso da justiça que durante o atendimento no setor de
serviço social reclama constantemente de estado febril e dor no corpo; logo, a assistente
social poderá solicitar ao setor de enfermagem a informação se o referido preso está sendo
medicado ou passando por tratamento de saúde, uma vez que o serviço social não é o
setor competente para tratar tal questão (NOGUEIRA, 1996).

6. Proceder à avaliação de desenvolvimento do apenado quando de sua participação


nos programas de saúde, educação, cursos profissionalizantes, canteiros de
trabalho, entre outros;

Atualmente o paradigma de tratamento penal adotado pelo sistema Brasileiro inclui ações
voltadas à reintegração social. Para tal, faz-se necessário o desenvolvimento e
implantação de projetos nas áreas de educação, trabalho, saúde entre outras. A ideia
basicamente consiste em trabalhar algo produtivo com o encarcerado; fugindo da regra
antes vista de acumular indigentes no cárcere, entregando-os a ociosidade. Assim, no
momento que a Comissão Técnica de Classificação traça o perfil de determinado preso

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encaminhando-o a uma atividade nos termos da lei, essa mesma Comissão deve analisar o
desempenho, produtividade e demais resultados que tal atividade possa estar trazendo
para o preso da justiça; até mesmo, se necessário, proceder a retirada ou mudança de
trabalho/projeto se observado que não houve adaptação do preso (CAPEZ, 2014).

7. Visar a troca de informações entre as diversas áreas profissionais que compõem a


CTC;

O diálogo é essencial em qualquer relação profissional. Sem dúvida não é diferente no


caso dos componentes da Comissão Técnica de Classificação. Muito importante a
interação e transparência de todos os técnicos que participam da reunião de CTC, pois é o
momento dedicado especialmente para tratar de determinados assuntos que envolvem
um indivíduo encarcerado que, na maioria das vezes, apresenta traços e personalidade
contraditórios (NOGUEIRA, 1996).

8. Identificar no preso possíveis efeitos da prisionização.

Os efeitos da prisionização afetam o indivíduo encarcerado bem como os profissionais que


trabalham na execução da pena. Todavia, a Comissão Técnica de Classificação é
competente para encaminhar o preso da justiça ao profissional especializado caso seja
necessário algum tipo de tratamento especial que cuide de eventuais problemas
desenvolvidos antes e principalmente durante sua vida carcerária. Nota-se na prática
mudanças de comportamento, alto grau de agressividade, depressão e tendência ao
suicídio. Durante os atendimentos o corpo técnico da Unidade Prisional percebendo
alguma anomalia neste sentido deverá imediatamente levar tal fato á CTC para que o
colegiado tome as medidas cabíveis.

A classificação dos encarcerados não obedece a sugestão na LEP. Até porque a maior
parte dos presídios tem suas Comissões Técnicas de Classificação baseadas, essas fazem
uma análise multidisciplinar inicial, mas topam nas problemáticas físicas das unidades
onde os dormitórios são coletivos, os internos deparam-se coagidos a conviver com o
complexo fato de não poder permanecer sós e nem possuir qualquer privacidade, da
convivência entre presos dos descritos “crimes leves” com os presos dos também
conhecidos crimes graves, de réus primários com reincidentes, com a realidade do
problemático planejamento arquitetônico, onde não existe ambiente para ampliar os
canteiros de tarefas, por vezes, sequer ambiente para salas de aula, que acabam, todos,
improvisados quando somam com a boa vontade da direção e dos funcionários
(RIBEIRO, 2003).

4.2. Comentários aos artigos 5°, 6°, 7°, 8° e 9° da Lei de Execução Penal

No decorrer de séculos passados, os apenados ficavam embolados em masmorras e era


jogado todos os condenados, saudáveis e enfermos, problemáticos e normais, homens e
mulheres, grandes e pequenos, pessoas de alto, médio e baixo risco. Não existia
diferenciação de gênero algum. Convivem bagunçados, na mais horrorosa hostilidade
(RESSEL, 2007).

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Apenas no século XIX, posteriormente a Revolução Francesa, é que se deu início ao
fazimento da separação. Inicialmente começou a diferenciar os presos saudáveis dos
enfermos, pois existia fatos em que afetado de moléstias infectocontagiosas geravam a
morte de todos os demais encarcerados; por consequência, entre homens e mulheres;
entre grandes e pequenos (RESSEL, 2007).

Segundo a opinião de Thompson, citado por Ressel:

A classificação dos condenados é elemento essencial para delimitar o começo da execução


científica das penas privativas de liberdade e da medida de segurança. Com relação à
individualização da pena, esta é norma constitucional, conforme exposto no artigo 5°,
XLVI, 1ª parte, da CF: “a lei regulará a individualização da pena”. Na Lei de Execução
Penal o assunto é tratado também em seu artigo 5° que dispõe que “os condenados serão
classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a
individualização da execução penal” (RESSEL apud THOMPSON, 2000, p. 3).

A execução penal não pode ser igual para todos os encarcerados, pois ninguém é igual a
ninguém (RESSEL, 2007).

De acordo com Mirabete, individualizar a pena indica dar a cada apenado as alternativas e
fatores precisos para conquistar a sua reinserção social, tendo em vista, que é indivíduo,
ser distinto MIRABETE, 1996, p.50).

No contexto da Lei de Execução Penal, a classificação dos presos se produz conformes


suas condutas anteriores e adjetivos pessoais. Desde anos atrás da Criminologia se aplica
uma análise médico-psicológico-social, afamado como exame da personalidade, com
intuito de se agrupar a maior quantidade permitida de dados em relação ao preso (JESUS,
2005).

A classificação é precisamente executada pela Comissão Técnica de Classificação que


precisa criar um programa individualizador da efetuação da pena do condenado com
interesse relacionado na sua reinserção social, bem como auxiliar a execução das penas
privativas de liberdade e restritivas de direitos, precisando oferecer as progressões e
regressões dos regimes, além das conversões (art. 6° da LEP) (SÁ, 2009).

A Constituição Federal de 1988 determina, por meio do artigo 5º, em seu inciso XLVI que
a lei deverá regulamentar a individualização da pena, sendo responsabilidade da Lei de
Execução Penal ocupar-se da classificação, baseando-se nos antecedentes e na
personalidade do indivíduo condenado, elegendo a Comissão Técnica de Classificação
como responsável para a produção do programa que regulará a classificação (BRASIL.
Constituição Federal de 1988).

Renato Marcão afirma que há três tipos de individualização que possuem sempre por
finalidade juntar todas as informações relevantes em relação ao infrator, com o fim de
causa a menor quantidade possível de impactos negativos em pessoas que já estão
diminuídas frente ao Estado. Tudo o que for levantado em relação a aquele que comete
um ato criminoso, será usado para que possa ser quantificado o quantum da pena que
será aplicada, bem como a forma de cumprimento dessa sanção. Assim aduz Marcão:

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O art. 5-, XLVI, da Constituição Federal é taxativo ao determinar que "a lei regulará a
individualização da pena [...]". A individualização da pena, como se sabe, deve ocorrer em
três momentos distintos. Primeiro, na cominação, elaborada pelo legislador; segundo, na
aplicação diante do caso concreto, feita pelo julgador; e, por fim, na execução da pena, a
cargo do juiz da execução penal. Temos, assim, a individualização legislativa ou formal, a
individualização judicial ou do caso concreto, no processo de conhecimento, e a
individualização executaria.

CARMEN SILVIA DE MORAES BARROS esclarece que "a individualização da pena no


processo de conhecimento visa aferir e quantificar a culpa exteriorizada no fato passado.
A individualização no processo de execução visa propiciar oportunidade para o livre
desenvolvimento presente e efetivar a mínima dessocialização possível. Daí caber à
autoridade judicial adequar a pena às condições pessoais do sentenciado" (MARCÃO,
2012. p. 42).

A partir da Lei 10.792/03, ocorreram alterações específicas em relação às Comissões


Técnicas de Classificação, que tiveram suas competências diminuídas em relação das que
estão previstas no artigo 6º da LEP. Renato Marcão atenta sobre tal situação:

Com o advento da Lei n. 10.792, de lº de dezembro de 2003, que, entre outras


providências, modificou pontualmente a Lei de Execução Penal, as atividades das
Comissões Técnicas de Classificação foram mitigadas se comparadas àquelas previstas na
redação original do art. 6° da Lei de Execução, onde se assegurava, além do que hoje se
tem previsto, que às Comissões Técnicas de Classificação também competia acompanhar
a execução das penas privativas de liberdade e restritivas de direitos, devendo propor à
autoridade competente as progressões e regressões dos regimes, bem como as conversões.
A modificação induzida reduziu consideravelmente o rol das atividades das comissões
(MARCÃO, 2012. p. 43).

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A realização do exame criminológico tem o objetivo de avaliar o grau de periculosidade do


condenado, com o fim de classificá-lo dentre os outros indivíduos que cumprem pena, e
possibilitar a progressão de regime (BATISTA JUNIOR, 2013).

Apesar das alterações relacionadas ao exame criminológico, este não foi extinto,
permanecendo obrigatório para os indivíduos que forem condenados a uma pena
privativa de liberdade em regime fechado, caso seja em regime semiaberto o referido
exame será facultativo. Ademais, o juiz da execução determinara a realização do exame
caso considere necessário e imprescindível, entretanto, seria ideal que fosse realizado em
todos os casos (BATISTA JUNIOR, 2013).

A seguir, o entendimento de Marcão a respeito do exame criminológico:

Não é correto dizer que a Lei n. 10.792, de 1º de dezembro de 2003, acabou com o exame
criminológico. Com efeito, é certo que, mesmo após o advento da referida lei, a teor do
disposto no art. 5 da Lei de Execução Penal, que permaneceu intocado, "os condenados
serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a

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individualização da execução penal". A classificação será feita por Comissão Técnica, a
quem incumbirá elaborar o programa individualizador da pena privativa de liberdade
adequada ao condenado ou preso provisório, como determina o art. 6º. Visando a
obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à
individualização da execução, nos termos do art. 8 da Lei de Execução Penal, o condenado
ao cumprimento de pena privativa de liberdade em regime fechado ainda deverá ser
submetido a exame criminológico, sendo o mesmo exame apenas facultativo para o
condenado que tiver de iniciar o cumprimento da pena privativa de liberdade em regime
semiaberto (MARCÃO, 2012. p. 44).

A individualização da pena inicia-se no momento da elaboração da lei penal, depois passa


pela atividade do judiciário e chega a execução da pena que possui grande importância,
pois traz muitas consequências para a dignidade do ser humano (BACHUR, 2012).

Após a prolação da sentença e a expedição da guia de recolhimento, o condenado vai para


o sistema prisional, devendo nesse momento ser individualizado, sendo levados em conta
as características da sua personalidade e seus antecedentes (BACHUR, 2012).

O art. 5°da Lei de Execução Penal assim determina: “Art. 5º Os condenados serão
classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a
individualização da execução penal” (Lei nº 7.210/84).

Portanto, a exigência da classificação do condenado está expressamente na lei, assim,


deve ser cumprida.

Ao ser analisada a personalidade do agente, deverá ser verificado se tem algum desvio de
caráter, ou alguma característica que demonstre alteração no comportamento. São
analisados os antecedentes do apenado com o fim de apurar a sua vida social e verificar se
é reincidente ou responde a outro inquérito ou processo judicial (BACHUR, 2012).

Assim, o órgão responsável por essa classificação é a Comissão Técnica de Classificação,


conforme previsto no art. 6° da Lei de Execução Penal: “Art. 6º A classificação será feita
por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o programa individualizador da pena
privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório” (Lei nº 7.210/84).

Ademais, em cada estabelecimento prisional deverá existir uma Comissão Técnica de


Classificação, sendo formada conforme determina o art. 7° da Lei de Execução Penal.

Após as alterações advindas da Lei 10.792/03, o que se pode aferir da nova redação do art.
6º é que a Comissão Técnica de Classificação não possui mais a responsabilidade de criar
o programa individualizador dos condenados às penas restritivas de direitos, bem como
não mais propõe progressões, regressões ou conversões, em conformidade com a nova
redação do art. 112 (KUEHNE, 2004).

Assim, não há mais necessidade, para ser concedida a progressão, do parecer da


Comissão, bem como do Exame Criminológico. Entretanto, questionamentos surgirão em
relação ao livramento condicional, diante da regra prevista no art. 83, parágrafo único do
Código Penal, que diz: “Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou

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grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à
constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a
delinquir” (BRASIL. Código Penal).

Importante se faz mencionar notícia publicada no jornal Folha de São Paulo em 24.12.03,
informando que o Juízo de Contagem – Minas Gerais, ao aplicar a lei recentemente
alterada, concedeu livramento condicional, sem o exame criminológico, sendo contestado
pelo Ministério Público. Várias discussões existem em relação a revogação ou não do
parágrafo único do art. 83 mencionado. De acordo com algumas discussões ocorridas na
Câmara dos Deputados e do Parecer do relator Dep. Ibrahim Abi Ackel, foi deixada
expressamente o desejo de medir os requisitos para o livramento condicional e para a
progressão de regime, por meio apenas do fator temporal e do comportamento do preso,
excluindo o exame criminológico. Entretanto, ainda deverão existir muitas discussões a
respeito do exame criminológico, uma vez que já existia divergências em relação a
necessidade do exame em julgados do STJ e STF (KUEHNE, 2004).

Portanto, o programa individualizador deve ser feito no início da execução, entretanto, na


prática, isso não era observado (KUEHNE, 2004).

Não se pode observar essa regra para a inclusão do preso provisório, pois de acordo com o
art. 102 da LEP, ficam recolhidos em cadeias públicas e elas não possuem condições para
criar a Comissão Técnica de Classificação, conforme previsto no art. 7º da LEP
(KUEHNE, 2004).

Para a realização do programa individualizador é necessário o exame criminológico, pois é


de extrema importância para uma correta individualização da execução penal, que deve
ser realizada no início (KUEHNE, 2004).

Assim dispõe o art. 7º da Lei de Execução sobre a Comissão Técnica de Classificação:

Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento, será


presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um)
psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social, quando se tratar de condenado à
pena privativa de liberdade (Lei nº 7.210/84).

Portanto, tem-se que os profissionais referidos no dispositivo citado são os responsáveis


pela adequada individualização do condenado à pena privativa de liberdade.

Outro ponto que não funcionada na prática é a realização dos exames de classificação nos
centros de observação, estabelecimentos previstos na Lei de Execução Penal, porém ainda
não foram criados no sistema brasileiro, conforme afirma Mesquita Júnior: "Na maior
parte do País não existe qualquer tipo de centro de observação, sendo que os condenados
são classificados segundo os crimes que cometeram, quantidade de pena etc.”
(MESQUITA JÚNIOR, 2005, p. 211).

Mesquita Júnior ainda afirma sobre a Comissão Técnica de Classificação:

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A Comissão Técnica de Classificação deve estar composta por policiais, psiquiatra,
psicólogo e assistente social. Todavia, na prática, a Comissão é composta por um ou no
máximo dois agentes de polícia, ou agentes penitenciários, só existindo em presídios
destinados aos cumprimentos de pena. Assim, os critérios para a classificação dos presos,
logo que chegam ao presídio, são objetivos, ou seja, prevalece o quantum da pena como
referência para a classificação do condenado.

Hoje, são vários os países que adotam um sistema penitenciário em três fases: a
observação, o tratamento penitenciário e a reinserção na sociedade. De tal sistema,
podemos verificar o quanto é importante a existência de uma observação prévia
adequada, o que, na prática, não ocorre em nosso país. [...] A LEP é boa, sendo que se a
prática não a acompanha, deve-se alterá-la, não a lei. Expusemos que não se individualiza
adequadamente a pena e é rara a formação de uma Comissão Técnica de Classificação nos
moldes do previsto no art. 7º da LEP (MESQUITA JÚNIOR, 2005, p. 90).

A Lei de Execução Penal determina, de acordo com o regime inicial do condenado,


quando ele deverá ou poderá ser sujeitado ao exame criminológico:

Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado,


será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma
adequada classificação e com vistas à individualização da execução.

Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao
cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semiaberto (Lei nº 7.210/84).

Objetivando a individualização da pena, o art. 8º da LEP determina que seja obrigatória a


realização de exame criminológico para o condenado que possui como regime inicial de
cumprimento de pena o regime fechado. Diz respeito ao exame criminológico inicial,
diverso do parecer da Comissão Técnica de Classificação, previsto na antiga redação do
art. 112 da LEP (JUNQUEIRA; BARROS, 2010).

Importante a distinção: o exame criminológico tem como finalidade promover adequada


individualização da pena que será cumprida, adequando-a às características pessoais de
cada preso. Já o parecer da Comissão Técnica de Classificação é relacionado ao mérito
objetivo do sentenciado para conseguir a progressão de regime e livramento condicional
(JUNQUEIRA; BARROS, 2010).

A proposta original da Lei de Execução Penal é que a análise realizada por equipe
multiprofissional no exame criminológico inicial tenha por objetivo determinar a inclusão
de cada preso no grupo em que conviverá durante o cumprimento da pena. Ademais, tem
por finalidade orientar a forma do cumprimento da pena, bem como servir de
fundamento para o acompanhamento do preso durante a execução. Assim, sem o exame
criminológico inicial não existirá plano de execução e a pena se tornará de todo inútil
(JUNQUEIRA; BARROS, 2010).

De acordo como artigo 5º, XLVI, da Constituição Federal, o exame criminológico obedece
aos princípios da personalidade e da individualização da pena. Diz respeito ao direito que
o condenado possui de cumprir a pena em conformidade com as suas possibilidades,

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necessidades e características individuais, sendo respeitada a sua personalidade, bem
como o seu potencial de desenvolvimento (JUNQUEIRA; BARROS, 2010).

De acordo com a LEP, ao ser recebido o exame criminológico no local em que o indivíduo
cumprira sua pena, competirá à equipe multiprofissional o encaminhamento e o
acompanhamento do preso nos programas disponibilizados de acordo com seu perfil e
suas aptidões. Portanto, à Comissão compete promover a adequada individualização da
pena.

Em relação ao exame criminológico, MIRABETE afirma: "exame de personalidade


comum para a classificação dos criminosos e a individualização da execução da pena"
(MIRABETE, 2004, p. 58).

Analisando o art. 8º da LEP, verifica-se que os apenados do regime fechado realizarão


obrigatoriamente o exame criminológico, os do regime semiaberto poderão realizar o
exame, e os apenados do regime aberto nem são referidos no artigo, não sendo
submetidos ao exame criminológico (BACHUR, 2012).

O exame criminológico é de indiscutível importância para que seja efetivada a


individualização da pena, de modo que os meios utilizados para sua realização estão
descritos no art. 9º da referida lei de execução:

Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da personalidade,


observando a ética profissional e tendo sempre presentes peças ou informações do
processo, poderá:

I - entrevistar pessoas;

II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e informações a


respeito do condenado;

III - realizar outras diligências e exames necessários (Lei nº 7.210/84).

Além dos procedimentos previstos na lei, é indispensável que a Comissão também analise
de maneiras detalhada e dinâmica o comportamento do condenado.

MESQUITA JUNIOR elucida a importância do exame criminológico do apenado da


seguinte maneira:

[...] a falta de classificação prévia gera a promiscuidade, misturando condenados de


personalidades diversas, o que contribui para o desenvolvimento da periculosidade,
fomentando a reincidência, visto que criminosos eventuais serão reunidos com
delinquentes profissionais (MESQUITA JÚNIOR, 2005, p. 89).

Pelo exposto, tem-se que o exame criminológico é caracterizado como meio de


individualização do apenado e consequentemente da execução da pena.

22/36
Ademais, outro fator de garantia da adequada individualização do apenado é a sua
adequada separação, provisórios de condenados, civis de criminais, etc. Essa medida está
expressa em lei no art. 84 da Lei de Execução Penal.

A classificação dos condenados é requisito essencial para definir o início da execução das
penas privativas da liberdade e da medida de segurança (MARCÃO, 2012).

Essa classificação busca assegurar os princípios da personalidade e da proporcionalidade


da pena, previstos no rol dos direitos e garantias previstos na Constituição. A classificação
sendo realizada da maneira correta, cada sentenciado terá conhecimento da sua
personalidade, recebendo o tratamento penitenciário específico, sendo atendido o
princípio da individualização da pena (MARCÃO, 2012).

De acordo com o art. 6º da Lei de Execução Penal, a classificação será realizada por
Comissão Técnica de Classificação, que criará o programa individualizador da pena
privativa de liberdade correspondente ao condenado ou preso provisório (MARCÃO,
2012).

Com a Lei n. 10.792/03, houve algumas modificações na Lei de Execução Penal, sendo
reduzidas as atividades das Comissões Técnicas de Classificação se comparadas àquelas
previstas na redação original do art. 6º da Lei de Execução, em que também previa, além
das previstas atualmente, o acompanhamento da execução da pena pelas Comissões
Técnicas de Classificação (MARCÃO, 2012).

Assim, a alteração introduzida restringiu de forma considerável o rol das atividades das
Comissões.

Há de se destacar o art. 84 da Lei de Execução Penal:

Art. 84. O preso provisório ficará separado do condenado por sentença transitada em
julgado.

§ 1° O preso primário cumprirá pena em seção distinta daquela reservada para os


reincidentes.

§ 2° O preso que, ao tempo do fato, era funcionário da Administração da Justiça Criminal


ficará em dependência separada (Lei nº 7.210/84).

Em relação à separação dos presos provisórios dos condenados importante se faz os


ensinamentos de Mirabete em que observa que os presos provisórios não podem estar
subordinados às mesmas condições dos condenados, pois, ainda que estejam
subordinados à disciplina penitenciária, ainda desfrutam da presunção da inocência e não
estão presos para cumprimento de pena (MIRABETE, 2004).

Além disso, destaca-se do referido artigo que, além da separação de presos condenados de
provisórios, também haverá a separação de presos primários de reincidentes, para que
evite-se que os reincidentes influenciem de alguma forma os primários (MIRABETE,
2004).

23/36
A esse respeito NUCCI considera:

Torna-se fundamental separar os presos, determinando o melhor lugar para que


cumpram suas penas, de modo a evitar o contato negativo entre reincidentes e primários,
pessoas com elevadas penas e outros, com penas brandas, dentre outros fatores. Em
suma, não se deve mesclar, num mesmo espaço, condenados diferenciados (NUCCI,
2008, p. 408).

A norma trazida pelo § 2° do art. 84 é a mais simples de ser efetivada no sistema prisional
atual, pois a quantidade de ex-funcionários públicos da administração da Justiça Criminal
que atualmente são apenados é muito pequena (BACHUR, 2012).

Outra situação especial prevista na Lei de Execução Penal, diz respeito aos presos civis, e
está elencada no art. 201: "Na falta de estabelecimento adequado, o cumprimento da
prisão civil e da prisão administrativa se efetivará em seção especial da Cadeia Pública"
(Lei nº 7.210/84).

A prisão civil é uma medida de coerção para que seja cumprida uma obrigação resultante
de execução alimentícia ou no caso de depositário infiel. Poderá ter duração de 1 (um)
mês até 1 (um) ano, sendo a liberdade do apenado condicionada à realização da obrigação
(BACHUR, 2012).

A esse respeito, MIRABETE (2004) defende que é inimaginável que presos civis tenham
contato com outros presos, mesmo que sejam provisórios. Para ele, deveriam ser
construídos lugares específicos para os presos civis, podendo ser até mesmo juntamente
com o estabelecimento penal, mas isolado.

Importante as observações de FERNANDES:

Na prática, contudo, poucas destas regras são respeitadas. As mulheres presidiárias são
separadas dos homens, os menores, são, grande parte, mantidos fora das prisões de
adultos, e ex-policiais são mantidos em celas separadas dos outros presos; ainda assim, na
maior parte das instituições penais, pouco mais é realizado no sentido de separar as
diferentes categorias de presos

Acima de tudo, há pouco empenho para separar os presos potencialmente perigosos de


seus companheiros mais vulneráveis. Alguns estados têm penitenciárias especiais de
segurança máxima para manter os indivíduos mais perigosos e propensos a fugas, mas
elas contêm apenas uma parcela dos presidiários; além disso, não há um sistema operante
de classificação de prisioneiros por níveis de segurança – como, por exemplo, máximo,
médio e mínimo – tanto em cada prisão, como entre as diferentes prisões. Os prisioneiros
são mantidos igualmente ao acaso: a distribuição de celas, por exemplo, tende a ser ditada
por considerações de espaço ou decidida pelos próprios prisioneiros (FERNANDES,
2000, p. 226).

Portanto, apesar da grande importância da classificação do apenado frente a


individualização da execução penal, no atual sistema prisional pouco é feito para que os
dispositivos que a garanta ganhem efetividade.

24/36
Dos atuais artigos 6º e 7º da LEP tem-se que tratam apenas da classificação do condenado
a pena privativa de liberdade, não se admitindo a classificação para a pena restritiva de
direito, além de não caber mais a proposta à autoridade competente das progressões,
regressões e das conversões (SILVA, 2011).

Segundo Silva:

Em homenagem ao princípio da presunção de inocência, o exame criminológico, pelas


suas peculiaridades de investigação, somente é admissível após declarada a culpa ou a
periculosidade do sujeito. O exame é obrigatório para os condenados à pena privativa da
liberdade em regime fechado (SILVA, 2011, p. 1).

Assim, a gravidade do fato delituoso ou as circunstancias individuais do agente, que


determinam a execução em regime fechado, orientam a realização do exame
criminológico, sendo orientado no conhecimento da inteligência, vida afetiva e princípios
morais do apenado, determinando sua inserção no grupo que conviverá no cumprimento
da pena (SILVA, 2011).

A inexistência do exame criminológico e de outras medidas tem possibilitado a passagem


de internos para o regime de semiliberdade ou de prisão-albergue, além da concessão de
livramento condicional, sem que eles se mostrassem para tanto prontos, em notável
desinteresse aos pontos da segurança social. Com a utilização do exame criminológico
entre as normas precisas da pena privativa da liberdade em regime fechado, os
planejamentos de reforma da Parte Geral do Código Penal e da Lei de Execução Penal
extinguem a denegação ainda não delineada na literatura internacional em relação a
situação processual das classificações criminológicas de autores com possibilidades desta
forma de exame (ARAUJO, 1998).

Araújo ainda destaca um alicerce muito importante em síntese, que diz:

Os escritores brasileiros tiveram o ensejo de analisar mais concretamente este ângulo do


problema com a edição do Anteprojeto do Código de Processo Penal elaborado pelo
Professor José Frederico Marques, quando se previu o exame facultativo de categorias
determinadas de delinquentes, no curso do processo ou, conforme a condição do autor, no
período inicial do cumprimento da sentença (COSTA, Álvaro Mayrink da. Exame
Criminológico. São Paulo, 1972. p. 255 e ss.). As discussões amplamente travadas a partir
de tais textos revelaram que não obstante as naturais inquietações a propósito dos
destinatários das investigações e da fase em que se deve processá-las, a soma das
divergências não afetou a convicção da necessidade desse tipo de exame para o
conhecimento mais aprofundado não só da relação delito delinquente, mas também da
essência e da circunstância do evento antissocial. O Projeto distingue o exame
criminológico do exame da personalidade como a espécie do gênero. O primeiro parte do
binômio delito-delinquente, numa interação de causa e efeito, tendo como objetivo a
investigação médica, psicológica e social, como o reclamavam os pioneiros da
Criminologia. O segundo consiste no inquérito sobre o agente para além do crime
cometido. Constitui tarefa exigida em todo o curso do procedimento criminal e não
apenas elemento característico da execução da pena ou da medida de segurança. Diferem

25/36
também quanto ao método esses dois tipos de análise, sendo o exame de personalidade
submetido a esquemas técnicos de maior profundidade nos campos morfológico,
funcional e psíquico, como recomendam os mais prestigiados especialistas, entre eles DI
TULLIO (Principi di criminologia generale e clínica. Roma: V. Ed., p. 213 e ss.). O exame
criminológico e o dossiê de personalidade constituem pontos de conexão necessários
entre a Criminologia e o Direito Penal, particularmente sob as perspectivas de causalidade
e da prevenção do delito. "O trabalho a ser desenvolvido pela Comissão Técnica de
Classificação não se limita, pois, ao exame de peças ou informações processuais, o que
restringiria a visão do condenado a certo trecho de sua vida, mas não a ela toda.
Observando as prescrições éticas, a Comissão poderá entrevistar pessoas e requisitar às
repartições ou estabelecimentos privados elementos de informação sobre o condenado,
além de proceder a outras diligências e exames que reputar necessários" (ARAUJO, 1998,
p.1).

Diante todo o exposto a pergunta de qual maneira pode-se certificar, no entanto, que a
individualização acontece na execução?

É fato notório que em extremo desinteresse ao art. 5º da LEP não existe uma perfeita
taxatividade do apenado ou do internado. Em tese, também não existe um sistema
individualizador para a execução das penas, sobrando no vago o art. 6º da Lei de
Execução Penal (MARCÃO, 2001).

No que se relaciona com o exame criminológico a questão não é diferente.

Sobre o contexto do que vem explanando nos arts. 8º e 9º da LEP, é do saber geral que
não se possui de profissionais práticas e qualidade, para a execução do exame
criminológico, que no momento em que é efetuado, pouquíssimo ou praticamente nada de
proteção (CAPEZ, 2014).

A bastante real, em grande parte das comarcas do Estado de São Paulo por exemplo que o
exame criminológico é trocado por um relatório demonstrado por Assistente Social, que
não possui saber personalizado para a averiguação da conduta do criminoso, delimitando
seu trabalho em apenas uma entrevista. Junta-se o dito relatório de entrevista
a um parecer psicológico consequente de apenas um encontro (MARCÃO, 2001).

O fruto, certamente, não poderia ser diferente. Executa-se esta determinadas entrevistas e
valem-se de tais procedimentos técnicos, mais pela solenidade e regras do que pelo
contexto (MARCÃO, 2001).

Esses dois julgados citados abaixo destacam um pouco da importância de exame


criminológico tem perante a comissão de classificação, os magistrados e os apenados
possuem para uma melhor eficácia da pena e de seu cumprimento:

RHC 92605 / PR – PARANÁ - RECURSO EM HABEAS CORPUS Relator (a): Min. EROS
GRAU Julgamento: 22/04/2008 - Órgão Julgador: Segunda Turma EMENTA: HABEAS
CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DO REGIME DE CUMPRIMENTO DA
PENA. FALTA GRAVE. PERDA DOS DIAS REMIDOS. EXAME CRIMINOLÓGICO. 1. O
Pleno do Supremo Tribunal Federal reafirmou recentemente, no julgamento do RE n.

26/36
452.994, que o cometimento de falta grave resulta na perda dos dias remidos pelo
trabalho, sem que isso implique ofensa aos princípios da isonomia, da individualização da
pena e da dignidade da pessoa humana. 2. Em que pese o advento da Lei n. 10.792/03,
que alterou o artigo 112 da LEP, excluindo a referência ao exame criminológico, nada
impede que o juiz da execução o realize, desde que motivadamente. Ordem denegada
(NEVES, 2012, p.9).

Acrescenta os dizeres ainda, com este segundo julgado que expõe o seguinte:

STJ: HC 94577 / SP HABEAS CORPUS 2007/0269868-8 Ministra MARIA THEREZA DE


ASSIS MOURA PENAL. 1. PROGRESSÃO DE REGIME. DISPENSA DO EXAME
CRIMINOLÓGICO. AGRAVO EM EXECUÇÃO. DECISÃO REFORMADA. REGRESSÃO.
EXAME CRIMINOLÓGICO. FACULDADE DO JUIZ, MEDIANTE DECISÃO
DEVIDAMENTE MOTIVADA. IMPOSIÇÃO PELO TRIBUNAL. POSSIBILIDADE,
DESDE QUE FUNDADA EM ELEMENTOS CONCRETOS DA EXECUÇÃO PENAL A
APONTAR PARA A NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DO EXAME. HISTÓRICO DE
FUGA E PARTICIPAÇÃO DE REBELIÕES. RECAPTURA EFETIVADA APENAS APÓS O
COMETIMENTO DE OUTRO DELITO, A DEMONSTRAR A CONVENIÊNCIA DE
SUBMISSÃO A UMA ANÁLISE TÉCNICA. ORDEM DENEGADA. De acordo com as
alterações trazidas pela Lei 10.792/03, o exame criminológico deixa de ser requisito
obrigatório para a progressão de regime, podendo, todavia, ser determinado de maneira
fundamentada pelo juiz da execução de acordo com as peculiaridades do caso. Assim,
mesmo que não tenho sido realizado em primeira instância, o exame criminológico pode
ser determinado pelo tribunal a quo, desde que este se funde em elementos concretos
(relativos sempre a fatos ocorridos no curso da execução penal) a apontar para a sua
necessidade. No caso sob exame, considerando o histórico de fugas e participação em
rebeliões apresentado pelo paciente, que apenas foi recapturado quando do cometimento
de outro delito, é de se reconhecer a conveniência da realização do exame. Ordem
denegada (BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. 6ª Turma. Habeas Corpus Nº
2007/0269868-8. Relatora Maria Thereza de Assis Moura, julgamento em 15 de março de
2008. Disponível em: http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/7088833/habeas-
corpus-hc-94577-sp-2007-0269868-8. Acesso em 25 set 2014).

Com isso, alerto para o aspecto de que o Estado detém a obrigação de servir
acompanhamento ao condenado e ao internado, procurando em primeiro lugar a
ressocialização desta pessoa - e não deixa-lo ainda mais uma aberração - para que o
mesmo consiga um dia viver em tranquilidade com a sociedade, laborar e assegurar o seu
sustento de maneira digna (MARCÃO, 2001).

Mesmo sendo o sistema penitenciário tão precário como é o nosso, ainda acredita-se que
a chance para ressocializar um preso ainda está na educação, a qual sabemos que também
possui inúmeros problemas. No Brasil, a contribuição oferecida ao condenado e ao
internado, em tese, seja ela material, jurídica, educacional, social, religiosa, saúde, ainda
se rasteja. Na prática é geralmente diverso, o indivíduo que pratica o crime de roubo, por
exemplo, entra no sistema penitenciário e acaba se tornando um psicopata, frio, que não
demonstra nenhuma emoção positiva ao seu semelhante. Lamentavelmente é a triste
realidade do nosso país (PORTO, 2008).
Ê
27/36
4.3. JURISPRUDÊNCIAS A RESPEITO
Neste subtópico serão trazidas algumas jurisprudências que demonstram um pouco dessa
importância da comissão técnica de classificação da pena, voltado para a individualização
da pena e sua interligação com a ressocialização também.

Neste primeiro julgado, é apresentado a importância do estudo para o interno, e a força


que este meio de classificar um apenado, seja eficaz posteriormente:

TJ-PR - Recurso de Agravo RECAGRAV 3774978 PR 0377497-8 (TJ-PR). Data de


publicação: 16/11/2006 Ementa: RECURSO DE AGRAVO. REMIÇÃO DA PENA.
ESTUDO. POSSIBILIDADE. TRABALHO INTELECTUAL. CONDIÇÕES PARA A
HARMÔNICA INTEGRAÇÃO SOCIAL DO CONDENADO E DO INTERNADO. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO. "O estudo é um fator importante para reeducação dos
encarcerados, pois o prepara para a sua reincorporação à comunidade, proporcionando-
lhes reabilitar-se diante de si mesmo e da sociedade; disciplina sua vontade, favorece a
sua família e sobretudo abrevia a condenação, condicionando ao próprio esforço do
apenado. (BRASIL, Tribunal de Justiça de PR. Recurso de Agravo Nº 3774978 PR
0377497. Relator Maria Jose de Toledo Marcondes Teixeira, julgamento em 16 de
novembro de 2006. Disponível em: http://tj-
pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/6307467/recurso-de-agravo-recagrav-3774978-pr-
0377497-8. Acesso em 28 set 2014).

Com este julgado pode se notar, o quão seria importante uma avaliação e um parecer para
a classificação da pena deste interno, pois assim, poderiam ser analisados melhor os
pontos positivos do mesmo e assim designar a melhor maneira de cumpra a sentença que
foi submetido:

TJ-MG - Habeas Corpus HC 10000130175920000 MG (TJ-MG). Data de publicação:


20/05/2013. Ementa: HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. TRANSFERÊNCIA DE
COMARCA. LOCAL DA PREFERÊNCIA DO REEDUCANDO. INEXISTÊNCIA DE
DIREITO SUBJETIVO. - Ainda que um dos objetivos estabelecidos para a execução penal
seja o de proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e o
internado, o reeducando não possui o direito subjetivo de escolher onde cumprirá a pena
privativa de liberdade. (BRASIL, Tribunal de Justiça de MG. Habeas Corpus Nº
10000140263906000 MG. Relator Nelson Missias de Morais, julgamento em 15 de Junho
de 2014. Disponível em: http://tj-
mg.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/120925219/habeas-corpus-hc-
10000140263906000-mg. Acesso em 28 set 2014).

Já para este acrescenta ainda a importância e se computar a pena em todo fundamento.

TJ-RS - Agravo AGV 70052977386 RS (TJ-RS). Data de publicação: 21/03/2013. Ementa:


AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRATAMENTO CONTRA DROGADIÇÃO EM
INSTITUIÇÃO PARTICULAR AUTORIZADO JUDICIALMENTE. CÔMPUTO DO
PERÍODO DE INTERNAÇÃO COMO PENA CUMPRIDA. POSSIBILIDADE.
Considerando que "a execução penal tem por objetivo efetivar as disposições da sentença

28/36
ou decisão e proporcionar condições para a harmônica integração socialdo condenado e o
internado" (artigo 1º da LEP), é corolário lógico e jurídico de tal regra/princípio que o
apenado, cumprindo pena em regime semiaberto, obtendo autorização judicial para ser
internado em clínica especializada, possa ver computado esse período como pena
cumprida. AGRAVO PROVIDO. (BRASIL, Tribunal de Justiça de RS. Agravo Nº AGV
70052977386 RS. Relator Joao Conrado Kurtz de Souza, julgamento em 14 de Março de
2013. Disponível em:http://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/112633104/agravo-agv-
70052977386-rs. Acesso em 28 set 2014).

Nos termos deste julgado, o intuito é de demonstrar a melhor maneira de selecionar e


utilizar a comissão técnica de classificação da lei penal:

STJ - RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS RHC 1615 RJ 1991/0021284-9


(STJ). Data de publicação: 24/02/1992. Ementa: RHC - LEI DAS EXECUÇÕES PENAIS -
SAIDA TEMPORARIA - A LEI DE EXECUÇÕES PENAIS TEM POR OBJETIVO
EFETIVAR AS DISPOSIÇÕES DA SENTENÇA OU DECISÃO CRIMINAL E
PROPORCIONAR CONDIÇÕES PARA AHARMONICA INTEGRAÇÃO SOCIAL DO
CONDENADO E DO INTERNADO. A SAIDA TEMPORARIA (ART. 122) E DIREITO
PÚBLICO, SUBJETIVO DO CONDENADO. UMA VEZ REUNIDAS AS CONDIÇÕES
OBJETIVAS E SUBJETIVA, E EXIGIVEL A SUA CONCESSÃO. AO JUIZ DA EXECUÇÃO
CUMPRE DECIDIR MOTIVADAMENTE QUANTO A SATISFAÇÃO DOS REQUISITOS.
O CUMPRIMENTO MINIMO DE UM SEXTO DA PENA, SE O CONDENADO FOR
PRIMARIO, E UM QUARTO, SE REINCIDENTE, REFERE-SE A QUEM ESTEJA
CUMPRINDO A PENA EM REGIME SEMI-ABERTO. NO CASO DE PROGRESSÃO,
SATISFEITO AQUELE PERIODO, NO REGIME FECHADO, SUPRIDA ESTARA A
EXIGENCIA, DISPENSADA, POIS, NO REGIME SEGUINTE, O MESMO RESGATE. A
PENA E UMA SO, EMBORA A EXECUÇÃO, QUANTO A PROGRESSÃO, SE DESDOBRE
EM REGIMES SUCESSIVOS (BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental
Nº 1615 RJ 1991/0021284-9. Relator Luiz Vicente Cernicchiaro, julgamento em 17 de
dezembro de 1991. Disponível em:
http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/598500/recurso-ordinario-em-habeas-corpus-
rhc-1615. Acesso em 28 set 2014).

Nestes últimos julgados são apresentados exemplos claros da utilização da comissão


técnica de classificação da pena, onde classificam a pena do indivíduo, de acordo com o
crime que cometeu e seus antecedentes:

STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL: Ag Rg no AREsp


269239 AC 2012/0264033-9. Publicação: 09/04/2013. AGRAVO REGIMENTAL NO
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO NADIREÇÃO DE VEÍCULO
AUTOMOTOR. CLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA COMO DOLOSA ESUBMISSÃO DO
RÉU AO TRIBUNAL DO JÚRI. ENTENDIMENTO DO TRIBUNAL DEORIGEM
PAUTADO EM ELEMENTOS FÁTICO-PROBATÓRIOS. ÓBICE DO ENUNCIADON. 7 DA
SÚMULA/STJ. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.1. A desconstrução do
entendimento exarado no decisum atacado, na forma pretendida pelo agravante,
demandaria, necessariamente, incursão no conjunto probatório dos autos, providência de
todo inadequada em sede de recurso especial, em função do óbice da Súmula nº 7 desta

29/36
Corte Superior de Justiça.2. Agravo regimental improvido. (BRASIL, Superior Tribunal de
Justiça. 6ª Turma. Agravo Regimental Nº 269239 AC 2012/0264033-9. Relator Campos
Marques, julgamento em 04 de abril de 2013. Disponível em
http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23096475/agravo-. Acesso o em 28 set 2014).

TJ-SC - Apelação Criminal (Réu Preso): APR 20130321791 SC 2013.032179-1 (Acórdão).


Publicação: 16/09/2013. APELAÇÕES CRIMINAIS. TRÁFICO DE DROGAS.
DESISTÊNCIA RECURSAL DE J. R. J. NÃO CONHECIMENTO DO APELO. PLEITO
ABSOLUTÓRIO DE D. L. INVIABILIDADE. MATERIALIDADE E AUTORIA
SOBEJAMENTE COMPROVADAS. AGENTE QUE, EM SAÍDA TEMPORÁRIA,
TRANSPORTOU MACONHA PARA O INTERIOR DO PRESÍDIO ONDE CUMPRIA
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. PROVA ORAL QUE EVIDENCIA O FATO.
TIPICIDADE. PRETENSÃO DE AFASTAMENTO DA CLASSIFICAÇÃO DE TRÁFICO DE
DROGAS. INVIABILIDADE. QUANTIDADE RAZOÁVEL DE MACONHA (14 BUCHAS),
EM 2,5 GRAMAS, PARA PORTE EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL. ASSUNÇÃO DA
RESPONSABILIDADE PELO APELANTE. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS DE
TERCEIROS QUE ABORDAM A APREENSÃO DA DROGA E O FATO DELE A TER
ASSUMIDO. REGISTRO DE ANTERIORES CONDENAÇÕES CRIMINAIS (POR DANO
QUALIFICADO E ROUBO CIRCUNSTANCIADO), SENDO UMA DELAS POR TRÁFICO
(ART. 12, LEI 6.368/76), O QUE GERA SITUAÇÃO DE RECALCITRÂNCIA ESPECÍFICA
NA ATIVIDADE CRIMINOSA. ABSOLVIÇÃO E DESCLASSIFICAÇÃO INVIÁVEIS.
APELAÇÕES CRIMINAIS. TRÁFICO DE DROGAS. DESISTÊNCIA RECURSAL DE J. R.
J. NÃO CONHECIMENTO DO APELO. PLEITO ABSOLUTÓRIO DE D. L.
INVIABILIDADE. MATERIALIDADE E AUTORIA SOBEJAMENTE COMPROVADAS.
AGENTE QUE, EM SAÍDA TEMPORÁRIA, TRANSPORTOU MACONHA PARA O
INTERIOR DO PRESÍDIO ONDE CUMPRIA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE.
PROVA ORAL QUE EVIDENCIA O FATO. TIPICIDADE. PRETENSÃO DE
AFASTAMENTO DA CLASSIFICAÇÃO DE TRÁFICO DE DROGAS. INVIABILIDADE.
QUANTIDADE RAZOÁVEL DE MACONHA (14 BUCHAS), EM 2,5 GRAMAS, PARA
PORTE EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL. ASSUNÇÃO DA RESPONSABILIDADE
PELO APELANTE. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS DE TERCEIROS QUE
ABORDAM A APREENSÃO DA DROGA E O FATO DELE A TER ASSUMIDO.
REGISTRO DE ANTERIORES CONDENAÇÕES CRIMINAIS (POR DANO
QUALIFICADO E ROUBO CIRCUNSTANCIADO), SENDO UMA DELAS POR TRÁFICO
(ART. 12, LEI6.368/76), O QUE GERA SITUAÇÃO DE RECALCITRÂNCIA ESPECÍFICA
NA ATIVIDADE CRIMINOSA. ABSOLVIÇÃO E DESCLASSIFICAÇÃO INVIÁVEIS.

APELAÇÕES CRIMINAIS. TRÁFICO DE DROGAS. DESISTÊNCIA RECURSAL DE J. R.


J. NÃO CONHECIMENTO DO APELO. PLEITO ABSOLUTÓRIO DE D. L.
INVIABILIDADE. MATERIALIDADE E AUTORIA SOBEJAMENTE COMPROVADAS.
AGENTE QUE, EM SAÍDA TEMPORÁRIA, TRANSPORTOU MACONHA PARA O
INTERIOR DO PRESÍDIO ONDE CUMPRIA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE.
PROVA ORAL QUE EVIDENCIA O FATO. TIPICIDADE. PRETENSÃO DE
AFASTAMENTO DA CLASSIFICAÇÃO DE TRÁFICO DE DROGAS. INVIABILIDADE.
QUANTIDADE RAZOÁVEL DE MACONHA (14 BUCHAS), EM 2,5 GRAMAS, PARA
PORTE EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL. ASSUNÇÃO DA RESPONSABILIDADE

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PELO APELANTE. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS DE TERCEIROS QUE
ABORDAM A APREENSÃO DA DROGA E O FATO DELE A TER ASSUMIDO.
REGISTRO DE ANTERIORES CONDENAÇÕES CRIMINAIS (POR DANO
QUALIFICADO E ROUBO CIRCUNSTANCIADO), SENDO UMA DELAS POR TRÁFICO
(ART. 12, LEI 6.368/76), O QUE GERA SITUAÇÃO DE RECALCITRÂNCIA ESPECÍFICA
NA ATIVIDADE CRIMINOSA. ABSOLVIÇÃO E DESCLASSIFICAÇÃO INVIÁVEIS.
APELAÇÕES CRIMINAIS. TRÁFICO DE DROGAS. DESISTÊNCIA RECURSAL DE J. R.
J.. NÃO CONHECIMENTO DO APELO. PLEITO ABSOLUTÓRIO DE D. L..
INVIABILIDADE. MATERIALIDADE E AUTORIA SOBEJAMENTE COMPROVADAS.
AGENTE QUE, EM SAÍDA TEMPORÁRIA, TRANSPORTOU MACONHA PARA O
INTERIOR DO PRESÍDIO ONDE CUMPRIA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE.
PROVA ORAL QUE EVIDENCIA O FATO. TIPICIDADE. PRETENSÃO DE
AFASTAMENTO DA CLASSIFICAÇÃO DE TRÁFICO DE DROGAS. INVIABILIDADE.
QUANTIDADE RAZOÁVEL DE MACONHA (14 BUCHAS), EM 2,5 GRAMAS, PARA
PORTE EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL. ASSUNÇÃO DA RESPONSABILIDADE
PELO APELANTE. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS DE TERCEIROS QUE
ABORDAM A APREENSÃO DA DROGA E O FATO DELE A TER ASSUMIDO.
REGISTRO DE ANTERIORES CONDENAÇÕES CRIMINAIS (POR DANO
QUALIFICADO E ROUBO CIRCUNSTANCIADO), SENDO UMA DELAS POR TRÁFICO
(ART. 12, LEI6.368/76), O QUE GERA SITUAÇÃO DE RECALCITRÂNCIA ESPECÍFICA
NA ATIVIDADE CRIMINOSA. ABSOLVIÇÃO E DESCLASSIFICAÇÃO INVIÁVEIS.
Comprovada a materialidade e autoria do fato delituoso atribuído, considerado o local de
cometimento, o contexto das provas, assim como a nova incidência na atividade de tráfico
de drogas, não se há falar em absolvição, ou mesmo em desclassificação para o crime de
porte de drogas. ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. RECONHECIMENTO
PELO APELANTE, NA FASE INDICIÁRIA, DA AQUISIÇÃO E TRANSPORTE DA
DROGA PARA O INTERIOR DO PRESÍDIO. ELEMENTO DE FUNDAMENTAL
IMPORTÂNCIA PARA O RECONHECIMENTO DA AUTORIA. NECESSIDADE DE
VALORAÇÃO COM A MINORAÇÃO RESPECTIVA. COMPENSAÇÃO COM A
REINCIDÊNCIA, QUE SE FAZ IMPERIOSA NO CASO CONCRETO. A confissão da
autoria do fato se mostra relevante no caso concreto, uma vez que a localização da droga
se deu em recinto ocupado por mais pessoas. Em hipótese contrária, poder-se-ia ter
dificuldade em apontar o responsável, o que determina venha a ser referido aspecto
valorizado na dosimetria da pena, a ponto de justificar a compensação com a dupla
reincidência. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. [...] (BRASIL, Superior Tribunal de
Justiça. 6ª Turma. Agravo Regimental Nº 269239 AC 2012/0264033-9. Relator Jorge
Schaefer Martins, julgamento em 04 de setembro de 2013. Disponível em: http://tj-
sc.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24161859/apelacao-criminal-reu-preso-apr-
20130321791-sc-2013032179-1-acordao-tjsc. Acesso em 28 set 2014.

Todos os julgados trazidos, mesmo que de forma distinta e talvez quase imperceptível,
procuraram apresentar a relevância de se traçar um perfil adequado de cada apenado e
assim designar pra ele uma pena adequada e eficiente.

5. CONCLUSÃO

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A individualização da pena não se finaliza quando a sentença é disposta. É preciso
também que sejam efetuadas adequações no período do cumprimento da pena. Com isso,
o juízo da execução pode observar com inúmeros sistemas disponíveis na Lei de Execução
Penal (LEP), como o exame de personalidade, o exame criminológico e o parecer da
Comissão Técnica de Classificação (CTC).

A LEP, Lei 7.210, disposta em 1984, observa a individualização da pena, dando ao


sentenciado melhores alternativas de recuperação e reinserção social. Com isso, conceitua
a existência da CTC em cada unidade de execução penal.

A CTC tinha como ponto principal de seu conteúdo, conforme a LEP, artigo 6º, criar um
sistema individualizado e auxiliar a execução das penas privativas de liberdade e
restritivas de direitos, precisando oferecer, à autoridade competente, as progressões e
regressões dos regimes, além das conversões.

Com a modificação na LEP elencada antecipadamente, foi interrompida a análise do


sentenciado para a progressão de regime realizada pela CTC: “Art. 6o a classificação será
efetuada por Comissão Técnica de Classificação que criará o sistema individualizador da
pena privativa de liberdade equilibrada ao apenado ou preso provisório.

Nota-se que as alterações obtidas pela Lei 10.792/03 demonstram um atraso. O fruto é
que atualmente os benefícios prisionais estão delimitados em simples atestado de boa
conduta fornecido pelo diretor do presídio. Por outra forma, de nada vale alterar
novamente a lei se as unidades prisionais não tenham CTC com infraestrutura equilibrada
para a criação de pareceres interdisciplinares, humanos, de qualidade, e não
“mecanizados”, “padronizados”.

A atitude de punir no Estado de Direito é estagnada por normas de direitos humanos.


Ademais, um dos princípios da punição é o instituto da individualização da

A pena será personalizada a cada crime e a cada pessoa. Entretanto, nas unidades
carcerárias superlotados, haja vista cada apenado ter as individualidades de sua pena,
todos cumprem uma punição uniforme, claramente designada pelo meio prisional.

A punição assim efetuada dispersa a natureza humana, entretanto. Mesmo assim, obriga-
se do apenado um comportamento ressocializador. Nas unidades prisionais, tudo é
planejado de sorte a proporcionar aos apenados a notória sensação de atinentes à mais
reduzida classe social, em normas de status. A sociedade insiste em demonstrar que os
conceitua, não como sua parte subordinada, mas como uma camada moralmente abaixo
da sociedade, cuja conservação apresenta um valor. Condenados são elementos a serem
manipulados, sem direito a expressar opinião sobre a maneira por que isso será efetuado.

Por meio disto, em suma de execução da pena, precisaria sempre considerar os ditames
da LEP, juntamente a classificação do apenado, especialmente em concordância com a
utilização do exame criminológico. Trabalha-se portanto, a providência fundamental para
que o cumprimento da pena incumbida seja considerado de uma forma que atinja

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reduzidamente o possível dos direitos e garantias individuais pertinentes à pessoa
humana, além da defesa dos outros indivíduos quer se achem na condição de condenados
ou servidores que ajam nos meios carcerários.

A Lei de Execuções Penais enalteceu primeiramente análises técnicas que se consolidam


no exame criminológico, no exame de individualidade e nos pareceres da Comissão
Técnica de Classificação, as quais se focam a ajudar o magistrado na individualização da
pena privativa de liberdade, na execução penal.

Com a apresentação da Lei n.10.792 de 2003, os arts. 6º e 112 foram parcialmente


revogados extinguindo-se o exame criminológico e o parecer da Comissão Técnica de
Classificação quando da possibilidade de privilégios penais, tornando-se a precisar, além
de uma quantidade mínima de cumprimento de pena, tão apenas o atestado de boa
conduta carcerária, certificado pelo diretor da unidade prisional.

Pontuações doutrinárias vêm reativando a indagação, desde a alteração legislativa, a


respeito da legitimidade das análises estabelecidas na LEP: alguns mantem que essas
avaliações técnicas discordam das garantias designadas na Lei Maior, e outros asseguram
que as ditas análises se justificam por meio do princípio constitucional da
individualização das penas, inscrito no art. 5º, inciso XLVI, da Carta Magna.

Finaliza esse estudo no instante em que está sendo revisto a questão carcerária do nosso
país, por meio aos debates da Comissão Permanente de Inquérito, que buscam juntar
interesses para que as modificações que serão demonstradas pela CPI sejam observadas
como soluções inerentes para a crise no sistema carcerários.

Assim, conclui-se que o ponto fundamental do presente estudo foi atingindo, pois visava,
demonstrar e apresentar de maneira geral um pouco sobre a Comissão de Classificação
Técnica e sua importância na execução penal.

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Publicado por: DEMILSON FRANCO HUNGARO JUNIOR

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