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Direito
Demonstração da importância prática da Comissão Técnica de Classificação no programa
de individualização da pena.
índice
1. RESUMO
Após 19 anos de vigência da Lei de Execução Penal, os legisladores alteraram, em 2003,
alguns de seus artigos por meio da Lei n.º 10.792/2003 que retirou da Comissão Técnica
de Classificação o papel de acompanhamento da execução penal, deixando a cargo da
Comissão, tão somente, realizar o programa individualizador da pena privativa de
liberdade ao condenado ou preso provisório, no momento de ingresso da pessoa no
sistema penitenciário para fins de orientação do plano individualizado da pena. A
alteração que impactou a forma do corpo técnico atuar fez-se na redação do artigo 112 da
Lei n.º 10.792/2003 quando retirou do texto a exigência do exame criminológico para
concessão da progressão de regime e do livramento condicional, bastando apenas a
comprovação de bom comportamento carcerário emitido pelo diretor do estabelecimento,
além de que a decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério
Público. Desta forma, este trabalho tem por objetivo demonstrar a importância prática da
Comissão Técnica de Classificação no programa de individualização da pena. Para tal,
pretende-se no primeiro capítulo fazer um breve apanhado da função da pena no Direito
Brasileiro dirigindo-se tão logo para o segundo capítulo que analisará a efetividade da
CTC de acordo com a Lei de Execução Penal vigente em nosso ordenamento jurídico.
RESUMEN
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régimen y la libertad condicional, que sólo requiere una prueba el buen comportamiento
de prisión emitida por el director del establecimiento, y que la decisión será siempre
motivada y precedió a la manifestación de la fiscalía. Por lo tanto, este trabajo pretende
demostrar la importancia práctica del Comité Técnico de la individualización programa
Rango de castigo. Para ello, tenemos la intención de hacerlo en el primer capítulo una
breve descripción de la función de la pena en la legislación brasileña abordar tan pronto
en el segundo capítulo se examinará la eficacia del CTC de acuerdo con la Ley de
Ejecución Penal vigente en nuestro ordenamiento jurídico.
2. INTRODUÇÃO
A educação para os serviços penais no Brasil, até o início do século XXI, caracterizou-se
por iniciativas, na sua maioria, não articuladas, descontínuas e com abrangência irregular
no território nacional. Embora tenha ocorrido uma relevante quantidade de cursos
promovidos pelo Governo brasileiro, eles não propiciaram, de fato, mudança nos
processos de trabalho, nem o almejado objetivo de transformação dos “agentes de
encarceramento” em “agentes de educação” ou “de ressocialização” (Ministério da Justiça,
2007).
Com base nessa constatação, o Governo Federal, por meio do Departamento Penitenciário
Nacional do Ministério da Justiça, iniciou um amplo movimento visando à construção de
uma política pública com abrangência nacional para a formação inicial e permanente dos
profissionais da execução penal (Ministério da Justiça, 2007).
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Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento, será
presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um)
psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social, quando se tratar de condenado à
pena privativa de liberdade.
Parágrafo único - Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será
integrada por fiscais do serviço social.
I - entrevistar pessoas;
Assim, esta monografia estará estruturada em dois capítulos, munidos de subtópicos que
os complementaram com notícias precisas para o bom compreendimento do contexto.
Este segundo capitulo também é composto por subtópicos que o incrementam, o primeiro
deles é o que diz respeito à lei de execução penal como mecanismo fundamental para
cumprimento da pena, já o segundo subtópico, trabalha a comissão técnica de
classificação e suas atribuições e competências, já o terceiro subtópico traz comentários
que dizem respeito aos artigos 5°, 6°, 7°, 8° e 9° da lei de execução penal, traz também,
algumas jurisprudências para poder reforçar as informações descritas.
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Nos primórdios da humanidade, os indivíduos tinham assegurado todos os sentidos. Por
meio da exatidão, qualitativo não designado a nenhum outro animal, com exceção à
espécie humana, o homem possui elemento estruturado em aglomerados ou sociedades.
Entretanto, a mediação social nem sempre está em sintonia, pois nela o ser humano
apresenta o seu lado instintivo: a agressividade (DUARTE, 1999).
No início dos tempos, quando o homem evolui o adjetivo da razão, deixou de lado o
nomadismo e deu começou aos iniciais pontos sociais, notou, rapidamente, que o que foi
elaborado como uma forma de proteção e desempenho não impossibilitando que o ser
humano deixasse de mostrar seu lado instintivo, que é a agressividade citada acima. O
homem precisou de aprender a lidar com o crime e deu origem ao Direito Penal, sendo
que o principal fundamento é estimular a paz social e a proteção da coletividade
(CHAVES; SANCHES, 2010).
É possível certificar que por meio dos tempos o ser humano tem adquirido a
aprendizagem de viver numa real "societas criminis". Com isso aparece-se o Direito Penal,
com o interesse de proteger a coletividade e divulgar uma sociedade mais tranquila
(DUARTE, 1999).
Conforme a alta das junções humanas, notou-se que era preciso tornar pública e deixar ao
abarcamento de todos o que grande maioria destes contingentes denominavam
comportamentos danoso e problemáticos ao bem coletivo. Surgiram no entanto os iniciais
tratados de Direito Penal, determinando como cada pessoa precisaria atuar para não
prejudicar a sistematização e a paz social, bem como as sanções posto aos infratores, dos
quais conseguimos mencionar o Código de Hamurábi, a Lei das XII Tábuas e, de acordo
com alguns, a própria Bíblia (CHAVES; SANCHES, 2010).
Diante o dito, é importante acentuar que o direito, como base de comportamento social,
apareceu inicialmente com a sociedade, onde o primeiro direito seria o Direito Penal.
Seguidamente, pode-se dizer que: “A primitiva ideia da pena é a de reação vingativa do
ofendido, mas não se pode falar que a simples vingança individual dos primeiros grupos
sociais formasse um direito Penal” (FRAGOSO, 2003, p. 31).
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Prontamente, com o transcorrer dos anos, o ser humano, mesmo na sua etapa inicial,
após passar a viver em equipe, sentiu a precisão de sancionar aquele que tivesse
maltratado algum atrativo de seus membros e também de sancionar o desconhecido que
se tivesse colocado contra algum adjetivo pessoal e coletivo (BECK, 2013).
Com força em elementos históricos menciona-se que o Direito Penal talvez tenha sido o
primeiro direito a existir (TELES, 2004)
Desta forma, é permitido observar que o Direito nas sociedades dos anos primórdios,
persistem em fatores referentes à religião, na qual a reação sancionatória demonstra
critério religioso, aparecendo a pena com sentido sacral (BECK, 2013).
Nem sempre a lei penal teve o conteúdo e a forma que hoje atribuímos a ela. Ainda que
não se consiga dizer de uma sequência histórica no direito penal, pode reconhecer-se na
sua história uma luta da qual vai surgindo, arduamente a Formação do ser humano como
indivíduo, isto é, como um ser dotado de autonomia moral.
Nesse sentido, torna-se de vital importância salientar que da Babilônia decorre do mais
velho direito penal sabido, por meio do ágil código de Hamurabi, do século XXIII a.C.
(entre 2285 e 2242 a.C), que possui preposições civis e penais. Neste contexto traz-se uma
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diferenciação entre homens livres e escravos e dispõe sanção para inúmeros crimes. A
formação era permitida em poucos crimes estritamente patrimoniais, com a restituição do
triplo do que tinha sido capturado (TELES, 2004).
Desde o habitante brasileiro primitivo até nossos dias, podemos dividir a aplicação da
norma penal em três períodos distintos, a saber: Pré-histórico – consiste no direito
consuetudinário indígena, de vingança privada. Pré-independência – retratamos aqui
sobre as Ordenações Filipinas, de característica medievais. Pós-independência –
Ordenações Filipinas (1822), Código Criminal do Império (1830), Código Penal da
República (1890), Consolidação das Leis Penais (1932), Código Penal (1940) (JESUS,
2005).
Pelos princípios consuetudinários que regiam a conduta dos índios, a punição entre eles
era de ordem privada: o criminoso era entregue á vítima ou a seus parentes. Se fosse de
outra tribo, tratava-se de verdadeiro crime de Estado, em razão do qual, não raro,
travava-se autentica batalha campal. A vingança, quando interna, era limitada – só
atingia a pessoa do criminoso – e consistia no sacrifício do portador da praga contagiante,
que era o crime. Nos casos de dano, aplicava-se algo parecido com a lei de talião.
A parte dos delitos e das penas era cuidada no Livro V das Ordenações, onde direito,
religião e moral se confundiam e se completavam. As penas eram extensivas, abrangendo
toda a família do criminoso.
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Hodiernamente está em vigor em nosso sistema jurídico o Código Penal de 1940 que
começou a ser aplicado ainda no Governo ditatorial de Getúlio Vargas, e com auxílio da
Constituição Autocrática de 1937. Mudanças interessantes existiram por volta da vigência
da Lei 7.209 de 11. 07.1984. Evidente que no alicerce de um Código, o legislador anseia
unir em apenas um atestado a tese que deseja trabalhar, continuamente com o anseio de
permitir o acesso mais direto as situações contingentes. No entanto, por várias questões,
relativamente, os Códigos sofrem a atuação dos anos e das alternativas sociais, que mais
certamente forçam ajustes ou legislações paralelas, como no caso da Lei n.º 7.210 de 1984
- Lei de Execução Penal (JESUS, 2005).
Bitencourt entende ser uma definição "sem nenhuma precisão cientifico doutrinária,
controlou-se somente a apresentar os elementos que diferenciam as ofensas penais
determinadas crimes daquelas que formam contravenções penais". A doutrina penalista,
em sua grande parte, define crime como comportamento típico, antijurídico e culpável
(BITENCOURT, 2014).
Do que se viu até este momento pode-se chegar a duas conclusões: em primeiro lugar é o
Estado que cria as condutas criminalizáveis, que criminaliza. Em segundo lugar, deduz-se
que, na verdade, não existem criminosos e sim criminalizados. Esse processo de
criminalização pode ser dividido em dois. A criminalização primária e a secundária. A
criminalização primária "é o ato e o efeito de sancionar uma lei penal material que
incrimina ou permite a punição de certas pessoas" e a criminalização secundária "é a ação
punitiva exercida sobre pessoas concretas, que acontece quando as agências policiais
detectam uma pessoa que supõe-se tenha praticado certo ato criminalizado
primariamente". A primeira é realizada pelos legisladores e a segunda por agências
estatais como Polícia, Ministério Público, Poder Judiciário etc. (ZAFFARONI, 2004,
p.43).
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Atualmente, há quem sustente a utilização da pena de prisão como apenas uma maneira
de defender a sociedade do cometimento de crimes futuros, legitimando sua utilização
com alicerce no evitar total ou na proteção especial (BITENCOURT, 2014).
Basicamente todo conteúdo de criminalização primária é bastante extenso e, que por isso,
torna-se impedido de ser efetuado por completo. A aptidão ativa das agências de
criminalização secundária é gigantescamente controlada se analisada ao sistema de
criminalização primária. É certo que, uma ligeira observação no nosso código penal nos
faz verificar desta maneira. A quantidade de condutas tipificadas é imensa, essa
desigualdade leva à precisão de uma triagem que assegurara um cumprimento mínimo do
programa (ZAFFARONI, 2004, p.52).
Sendo assim, verifica-se que essas duas agências são as que "selecionam" quem será
criminalizado. Como a agencia de criminalização secundaria é aquela que vai à procura,
na sociedade, dos indivíduos criminalizáveis, é ela quem gradativamente efetua o sistema
de limite social. O que se procura são elementos tranquilamente perceptíveis como crime,
cometidos por aqueles que possuem redução no poder de reação e com mínimas chances
de se valer de fatores para escorregar ou escapulir da ação do controle social (ARRUTY,
2007).
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A atual concepção de Estado fundamenta-se na compreensão de que toda a construção
estatal deve voltar-se para a provocação e a proteção dos direitos humanos (civis,
políticos, sociais, econômicos, culturais, difusos e coletivos). O Estado de Direito
Brasileiro, estruturado pela Constituição de 1988, adere e defende tais direitos, ao
designar que “são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados” (BRASIL, CONSTITUIÇÃO FEDERAL,1988, art 6º.). Diante disso, a
população do sistema prisional deve ter seus direitos assegurados como todo cidadão.
Como nos demais Estados, no Brasil, o direito de punir passou por vários estágios, desde
as punições violentas até o momento atual de ressocialização do criminoso. Com isso, em
termos de codificação específica, a política penitenciária brasileira é recente, pois só em
1984 – com a Lei de Execução Penal – a discussão de fato emergiu das profundezas dos
estabelecimentos prisionais. Essa legislação sedimentou-se no processo de humanização
da pena.
Na Lei de Execução Penal, encontra-se a metodologia que o Estado adota para corrigir e
cuidar dos encarcerados, ou seja, como o Estado efetua o direito de punir. O objetivo da
Lei de Execução Penal pode ser observado no seu primeiro artigo: Art. 1º. A execução
penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e
proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado
(BITENCOURT, 2014).
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fundamentou-se a Lei de Execução Penal, segundo a qual o Estado brasileiro, no exercício
do direito de punir, tem que adotar instrumentos que possam transformar os infratores e
proporcionem condições de ressocialização, como consta na LEP:
I – material;
II – à saúde;
III – jurídica;
IV – educacional;
V – social;
VI – religiosa.
Não entrando ainda no mérito da Lei de Execução Penal, observa-se que ela surgiu no
intuito de efetivar o processo de humanização da pena. Com isso, trata-se de uma
legislação oriunda do aprofundamento do Estado de Direito, o qual é pertinente para a
ampla efetivação do direito de punir do Estado brasileiro, conforme o entendimento
moderno da punição (GRECO, 2009).
A Lei de Execução Penal preceitua que os estados criem secretarias próprias para lidar
com a questão penitenciária (LEP Lei nº 7.210/84, Arts. 73 e 74). A execução penal é um
processo que responsabiliza inúmeros órgãos, como consta no Art. 61 da LEP: Conselho
Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP); Juízo da Execução (Varas de
Execução Criminal); Ministério Público; Departamentos Penitenciários, Patronato e
Conselho da Comunidade (OLIVEIRA, 1996).
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O CNPCP é um órgão federal cuja responsabilidade é definir a política criminal. Este
órgão é auxiliado em termos administrativo e financeiro pelo Departamento Nacional de
Política Penitenciária (DEPEN), que é o órgão executor da política penitenciária. O
CNPCP e o DEPEN são os órgãos da União responsáveis pelo sistema penitenciário nos
diversos níveis (NOGUEIRA, 1996).
Os demais órgãos que compõem o processo de execução da pena possuem atitudes mais
localizadas. O delinear da política penitenciária, portanto, percorre a União e as unidades
federativas, além de várias instituições. Por causa disso, analisar o sistema penitenciário
não se constitui numa tarefa fácil. Entretanto, a variedade de competência e instituições
não impossibilita que muitas características sejam distribuídas (OLIVEIRA, 1996).
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ser assistido e trabalhado ao convívio social. “A C.T.C. elaborará pontos de assistência e
análise, seja da produtividade dos programas, seja do resultado dos presos aos mesmos”
(MIRABETE, 2004).
A classificação começa seu trabalho por meio de um processo que irá designar o sistema
de atuação a que precisa ser subordinado o apenado, determinação esta que pode ser
adquirida no ímpeto da unidade prisional, ou em outro, delimitado principalmente para a
triagem (ORSOLINI, 2003).
Correto seria que houvesse um estabelecimento próprio para observação e seleção, pois
em lugar de uma destinação esquemática a determinado estabelecimento penal, se
possibilite preliminarmente decidir, de acordo com o julgamento da personalidade, qual o
estabelecimento mais apropriado para o condenado (MIRABETE, 2002, p. 52).
Todavia, fosse mais firme uma unidade específica, qual seja o Centro de Observação, é
permitido, na sua ausência, que estas análises sejam efetuadas pela CTC (Art. 98 da LEP)
(ORSOLINI, 2003).
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Todavia, desde 1933, vários projetos para uma codificação individual para a execução
penal foram criados, sem, entretanto, estarem em vigor. A mais nova da Lei 7.209/84, a
da reestruturação da parte geral do Código Penal de 1940, e batizada como Lei 7.210/84,
com data de nascimento em 11 de julho de 1984, o maior mérito da LEP foi inserir, na
execução penal, o princípio da legalidade, obrigando ao juiz a posição de assegurador dos
direitos fundamentais dos apenados (CADERNOS DO DEPEN, 2011).
A Lei de Execução Penal considera designar, entre o apenado e o Estado, uma interação
de direitos e obrigações bilaterais. Com isso, conta com 204 artigos, sendo que o primeiro
deles trabalha significativamente o fundamento da execução penal, ou finalidade da pena.
Para a LEP, a execução penal tem por fundamento não apenas exercer as atribuições de
sentença ou decisão criminal, mas, também, “oferecer condições para a adequada
interação social do condenado e do internado”. Para alcançar tal ponto chave, a LEP
propõe que o Estado precise recorrer à ajuda da comunidade na execução penal. Na
explanação de motivos da Lei, o item 24 fundamenta que “nenhum programa designado a
confrontar as dificuldades referentes ao crime, ao apenado e à sanção se finalizaria sem o
indispensável e pertinente auxílio comunitário”, o que, tristemente, raramente acontece
(CADERNOS DO DEPEN, 2011).
É imprescindível que o relatório possua a carta de guia e a cópia de sentença para que os
profissionais das inúmeras áreas técnicas consigam averiguar as informações ali
adquiridas e compará-las com as informadas pelo condenado. Cada área técnica
participante na classificação procurará as informações individuais a sua área
(MIRABETE, 1996).
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É imperiosa a necessidade de uma Comissão Técnica de Classificação composta de
profissionais ligados à metodologia, seja para classificar o recuperando quanto à
necessidade de receber tratamento individualizado, seja para recomendar, quando
possível e necessário, os exames exigidos para a progressão de regimes e, inclusive,
cessação de periculosidade e insanidade mental (FRATERNIDADE, 2007).
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O preso ao longo de sua execução de pena pode ser transferido para outras Unidades
Prisionais por questões de segurança, remanejamento, enfim, interesse da administração
ou por própria solicitação ou de seus familiares. Dessa forma, existe um prontuário que
nada mais é do que uma pasta individual sob guarda do setor administrativo da Unidade
Prisional ou também chamado DLP (Departamento de Laudos e Prontuários) que
armazena todas as informações inerentes aos documentos e atendimentos realizados
durante seu cumprimento de pena em determinada Unidade Prisional. Assim, quando
transferido de UP o preso da justiça é encaminhado juntamente com seu prontuário e, no
momento que é entrevistado pelo profissional da Unidade onde está ingressando, este
tem a facilidade de cruzar o histórico de sua vida carcerária com as informações obtidas
em sua entrevista (THOMPSON, 2000).
A Comissão Técnica de Classificação deve definir qual o melhor caminho para conseguir
efetivar o tratamento penal com determinado preso de acordo com sua personalidade e
limitação. Neste sentido, é possível que seja feito um levantamento de como estão os
acompanhamentos técnicos empregados ao preso da justiça bem como averiguar seus
resultados. Essa medida procura manter o diálogo entre os profissionais que trabalham
em prol do tratamento penal, bem como acompanhar de perto o efeito das ações em
execução. Por exemplo, um preso da justiça que durante o atendimento no setor de
serviço social reclama constantemente de estado febril e dor no corpo; logo, a assistente
social poderá solicitar ao setor de enfermagem a informação se o referido preso está sendo
medicado ou passando por tratamento de saúde, uma vez que o serviço social não é o
setor competente para tratar tal questão (NOGUEIRA, 1996).
Atualmente o paradigma de tratamento penal adotado pelo sistema Brasileiro inclui ações
voltadas à reintegração social. Para tal, faz-se necessário o desenvolvimento e
implantação de projetos nas áreas de educação, trabalho, saúde entre outras. A ideia
basicamente consiste em trabalhar algo produtivo com o encarcerado; fugindo da regra
antes vista de acumular indigentes no cárcere, entregando-os a ociosidade. Assim, no
momento que a Comissão Técnica de Classificação traça o perfil de determinado preso
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encaminhando-o a uma atividade nos termos da lei, essa mesma Comissão deve analisar o
desempenho, produtividade e demais resultados que tal atividade possa estar trazendo
para o preso da justiça; até mesmo, se necessário, proceder a retirada ou mudança de
trabalho/projeto se observado que não houve adaptação do preso (CAPEZ, 2014).
A classificação dos encarcerados não obedece a sugestão na LEP. Até porque a maior
parte dos presídios tem suas Comissões Técnicas de Classificação baseadas, essas fazem
uma análise multidisciplinar inicial, mas topam nas problemáticas físicas das unidades
onde os dormitórios são coletivos, os internos deparam-se coagidos a conviver com o
complexo fato de não poder permanecer sós e nem possuir qualquer privacidade, da
convivência entre presos dos descritos “crimes leves” com os presos dos também
conhecidos crimes graves, de réus primários com reincidentes, com a realidade do
problemático planejamento arquitetônico, onde não existe ambiente para ampliar os
canteiros de tarefas, por vezes, sequer ambiente para salas de aula, que acabam, todos,
improvisados quando somam com a boa vontade da direção e dos funcionários
(RIBEIRO, 2003).
4.2. Comentários aos artigos 5°, 6°, 7°, 8° e 9° da Lei de Execução Penal
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Apenas no século XIX, posteriormente a Revolução Francesa, é que se deu início ao
fazimento da separação. Inicialmente começou a diferenciar os presos saudáveis dos
enfermos, pois existia fatos em que afetado de moléstias infectocontagiosas geravam a
morte de todos os demais encarcerados; por consequência, entre homens e mulheres;
entre grandes e pequenos (RESSEL, 2007).
A execução penal não pode ser igual para todos os encarcerados, pois ninguém é igual a
ninguém (RESSEL, 2007).
De acordo com Mirabete, individualizar a pena indica dar a cada apenado as alternativas e
fatores precisos para conquistar a sua reinserção social, tendo em vista, que é indivíduo,
ser distinto MIRABETE, 1996, p.50).
A Constituição Federal de 1988 determina, por meio do artigo 5º, em seu inciso XLVI que
a lei deverá regulamentar a individualização da pena, sendo responsabilidade da Lei de
Execução Penal ocupar-se da classificação, baseando-se nos antecedentes e na
personalidade do indivíduo condenado, elegendo a Comissão Técnica de Classificação
como responsável para a produção do programa que regulará a classificação (BRASIL.
Constituição Federal de 1988).
Renato Marcão afirma que há três tipos de individualização que possuem sempre por
finalidade juntar todas as informações relevantes em relação ao infrator, com o fim de
causa a menor quantidade possível de impactos negativos em pessoas que já estão
diminuídas frente ao Estado. Tudo o que for levantado em relação a aquele que comete
um ato criminoso, será usado para que possa ser quantificado o quantum da pena que
será aplicada, bem como a forma de cumprimento dessa sanção. Assim aduz Marcão:
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O art. 5-, XLVI, da Constituição Federal é taxativo ao determinar que "a lei regulará a
individualização da pena [...]". A individualização da pena, como se sabe, deve ocorrer em
três momentos distintos. Primeiro, na cominação, elaborada pelo legislador; segundo, na
aplicação diante do caso concreto, feita pelo julgador; e, por fim, na execução da pena, a
cargo do juiz da execução penal. Temos, assim, a individualização legislativa ou formal, a
individualização judicial ou do caso concreto, no processo de conhecimento, e a
individualização executaria.
Apesar das alterações relacionadas ao exame criminológico, este não foi extinto,
permanecendo obrigatório para os indivíduos que forem condenados a uma pena
privativa de liberdade em regime fechado, caso seja em regime semiaberto o referido
exame será facultativo. Ademais, o juiz da execução determinara a realização do exame
caso considere necessário e imprescindível, entretanto, seria ideal que fosse realizado em
todos os casos (BATISTA JUNIOR, 2013).
Não é correto dizer que a Lei n. 10.792, de 1º de dezembro de 2003, acabou com o exame
criminológico. Com efeito, é certo que, mesmo após o advento da referida lei, a teor do
disposto no art. 5 da Lei de Execução Penal, que permaneceu intocado, "os condenados
serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a
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individualização da execução penal". A classificação será feita por Comissão Técnica, a
quem incumbirá elaborar o programa individualizador da pena privativa de liberdade
adequada ao condenado ou preso provisório, como determina o art. 6º. Visando a
obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à
individualização da execução, nos termos do art. 8 da Lei de Execução Penal, o condenado
ao cumprimento de pena privativa de liberdade em regime fechado ainda deverá ser
submetido a exame criminológico, sendo o mesmo exame apenas facultativo para o
condenado que tiver de iniciar o cumprimento da pena privativa de liberdade em regime
semiaberto (MARCÃO, 2012. p. 44).
O art. 5°da Lei de Execução Penal assim determina: “Art. 5º Os condenados serão
classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a
individualização da execução penal” (Lei nº 7.210/84).
Ao ser analisada a personalidade do agente, deverá ser verificado se tem algum desvio de
caráter, ou alguma característica que demonstre alteração no comportamento. São
analisados os antecedentes do apenado com o fim de apurar a sua vida social e verificar se
é reincidente ou responde a outro inquérito ou processo judicial (BACHUR, 2012).
Após as alterações advindas da Lei 10.792/03, o que se pode aferir da nova redação do art.
6º é que a Comissão Técnica de Classificação não possui mais a responsabilidade de criar
o programa individualizador dos condenados às penas restritivas de direitos, bem como
não mais propõe progressões, regressões ou conversões, em conformidade com a nova
redação do art. 112 (KUEHNE, 2004).
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grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à
constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a
delinquir” (BRASIL. Código Penal).
Importante se faz mencionar notícia publicada no jornal Folha de São Paulo em 24.12.03,
informando que o Juízo de Contagem – Minas Gerais, ao aplicar a lei recentemente
alterada, concedeu livramento condicional, sem o exame criminológico, sendo contestado
pelo Ministério Público. Várias discussões existem em relação a revogação ou não do
parágrafo único do art. 83 mencionado. De acordo com algumas discussões ocorridas na
Câmara dos Deputados e do Parecer do relator Dep. Ibrahim Abi Ackel, foi deixada
expressamente o desejo de medir os requisitos para o livramento condicional e para a
progressão de regime, por meio apenas do fator temporal e do comportamento do preso,
excluindo o exame criminológico. Entretanto, ainda deverão existir muitas discussões a
respeito do exame criminológico, uma vez que já existia divergências em relação a
necessidade do exame em julgados do STJ e STF (KUEHNE, 2004).
Não se pode observar essa regra para a inclusão do preso provisório, pois de acordo com o
art. 102 da LEP, ficam recolhidos em cadeias públicas e elas não possuem condições para
criar a Comissão Técnica de Classificação, conforme previsto no art. 7º da LEP
(KUEHNE, 2004).
Outro ponto que não funcionada na prática é a realização dos exames de classificação nos
centros de observação, estabelecimentos previstos na Lei de Execução Penal, porém ainda
não foram criados no sistema brasileiro, conforme afirma Mesquita Júnior: "Na maior
parte do País não existe qualquer tipo de centro de observação, sendo que os condenados
são classificados segundo os crimes que cometeram, quantidade de pena etc.”
(MESQUITA JÚNIOR, 2005, p. 211).
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A Comissão Técnica de Classificação deve estar composta por policiais, psiquiatra,
psicólogo e assistente social. Todavia, na prática, a Comissão é composta por um ou no
máximo dois agentes de polícia, ou agentes penitenciários, só existindo em presídios
destinados aos cumprimentos de pena. Assim, os critérios para a classificação dos presos,
logo que chegam ao presídio, são objetivos, ou seja, prevalece o quantum da pena como
referência para a classificação do condenado.
Hoje, são vários os países que adotam um sistema penitenciário em três fases: a
observação, o tratamento penitenciário e a reinserção na sociedade. De tal sistema,
podemos verificar o quanto é importante a existência de uma observação prévia
adequada, o que, na prática, não ocorre em nosso país. [...] A LEP é boa, sendo que se a
prática não a acompanha, deve-se alterá-la, não a lei. Expusemos que não se individualiza
adequadamente a pena e é rara a formação de uma Comissão Técnica de Classificação nos
moldes do previsto no art. 7º da LEP (MESQUITA JÚNIOR, 2005, p. 90).
Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao
cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semiaberto (Lei nº 7.210/84).
A proposta original da Lei de Execução Penal é que a análise realizada por equipe
multiprofissional no exame criminológico inicial tenha por objetivo determinar a inclusão
de cada preso no grupo em que conviverá durante o cumprimento da pena. Ademais, tem
por finalidade orientar a forma do cumprimento da pena, bem como servir de
fundamento para o acompanhamento do preso durante a execução. Assim, sem o exame
criminológico inicial não existirá plano de execução e a pena se tornará de todo inútil
(JUNQUEIRA; BARROS, 2010).
De acordo como artigo 5º, XLVI, da Constituição Federal, o exame criminológico obedece
aos princípios da personalidade e da individualização da pena. Diz respeito ao direito que
o condenado possui de cumprir a pena em conformidade com as suas possibilidades,
21/36
necessidades e características individuais, sendo respeitada a sua personalidade, bem
como o seu potencial de desenvolvimento (JUNQUEIRA; BARROS, 2010).
De acordo com a LEP, ao ser recebido o exame criminológico no local em que o indivíduo
cumprira sua pena, competirá à equipe multiprofissional o encaminhamento e o
acompanhamento do preso nos programas disponibilizados de acordo com seu perfil e
suas aptidões. Portanto, à Comissão compete promover a adequada individualização da
pena.
I - entrevistar pessoas;
Além dos procedimentos previstos na lei, é indispensável que a Comissão também analise
de maneiras detalhada e dinâmica o comportamento do condenado.
22/36
Ademais, outro fator de garantia da adequada individualização do apenado é a sua
adequada separação, provisórios de condenados, civis de criminais, etc. Essa medida está
expressa em lei no art. 84 da Lei de Execução Penal.
A classificação dos condenados é requisito essencial para definir o início da execução das
penas privativas da liberdade e da medida de segurança (MARCÃO, 2012).
De acordo com o art. 6º da Lei de Execução Penal, a classificação será realizada por
Comissão Técnica de Classificação, que criará o programa individualizador da pena
privativa de liberdade correspondente ao condenado ou preso provisório (MARCÃO,
2012).
Com a Lei n. 10.792/03, houve algumas modificações na Lei de Execução Penal, sendo
reduzidas as atividades das Comissões Técnicas de Classificação se comparadas àquelas
previstas na redação original do art. 6º da Lei de Execução, em que também previa, além
das previstas atualmente, o acompanhamento da execução da pena pelas Comissões
Técnicas de Classificação (MARCÃO, 2012).
Assim, a alteração introduzida restringiu de forma considerável o rol das atividades das
Comissões.
Art. 84. O preso provisório ficará separado do condenado por sentença transitada em
julgado.
Além disso, destaca-se do referido artigo que, além da separação de presos condenados de
provisórios, também haverá a separação de presos primários de reincidentes, para que
evite-se que os reincidentes influenciem de alguma forma os primários (MIRABETE,
2004).
23/36
A esse respeito NUCCI considera:
A norma trazida pelo § 2° do art. 84 é a mais simples de ser efetivada no sistema prisional
atual, pois a quantidade de ex-funcionários públicos da administração da Justiça Criminal
que atualmente são apenados é muito pequena (BACHUR, 2012).
Outra situação especial prevista na Lei de Execução Penal, diz respeito aos presos civis, e
está elencada no art. 201: "Na falta de estabelecimento adequado, o cumprimento da
prisão civil e da prisão administrativa se efetivará em seção especial da Cadeia Pública"
(Lei nº 7.210/84).
A prisão civil é uma medida de coerção para que seja cumprida uma obrigação resultante
de execução alimentícia ou no caso de depositário infiel. Poderá ter duração de 1 (um)
mês até 1 (um) ano, sendo a liberdade do apenado condicionada à realização da obrigação
(BACHUR, 2012).
A esse respeito, MIRABETE (2004) defende que é inimaginável que presos civis tenham
contato com outros presos, mesmo que sejam provisórios. Para ele, deveriam ser
construídos lugares específicos para os presos civis, podendo ser até mesmo juntamente
com o estabelecimento penal, mas isolado.
Na prática, contudo, poucas destas regras são respeitadas. As mulheres presidiárias são
separadas dos homens, os menores, são, grande parte, mantidos fora das prisões de
adultos, e ex-policiais são mantidos em celas separadas dos outros presos; ainda assim, na
maior parte das instituições penais, pouco mais é realizado no sentido de separar as
diferentes categorias de presos
24/36
Dos atuais artigos 6º e 7º da LEP tem-se que tratam apenas da classificação do condenado
a pena privativa de liberdade, não se admitindo a classificação para a pena restritiva de
direito, além de não caber mais a proposta à autoridade competente das progressões,
regressões e das conversões (SILVA, 2011).
Segundo Silva:
25/36
também quanto ao método esses dois tipos de análise, sendo o exame de personalidade
submetido a esquemas técnicos de maior profundidade nos campos morfológico,
funcional e psíquico, como recomendam os mais prestigiados especialistas, entre eles DI
TULLIO (Principi di criminologia generale e clínica. Roma: V. Ed., p. 213 e ss.). O exame
criminológico e o dossiê de personalidade constituem pontos de conexão necessários
entre a Criminologia e o Direito Penal, particularmente sob as perspectivas de causalidade
e da prevenção do delito. "O trabalho a ser desenvolvido pela Comissão Técnica de
Classificação não se limita, pois, ao exame de peças ou informações processuais, o que
restringiria a visão do condenado a certo trecho de sua vida, mas não a ela toda.
Observando as prescrições éticas, a Comissão poderá entrevistar pessoas e requisitar às
repartições ou estabelecimentos privados elementos de informação sobre o condenado,
além de proceder a outras diligências e exames que reputar necessários" (ARAUJO, 1998,
p.1).
Diante todo o exposto a pergunta de qual maneira pode-se certificar, no entanto, que a
individualização acontece na execução?
É fato notório que em extremo desinteresse ao art. 5º da LEP não existe uma perfeita
taxatividade do apenado ou do internado. Em tese, também não existe um sistema
individualizador para a execução das penas, sobrando no vago o art. 6º da Lei de
Execução Penal (MARCÃO, 2001).
Sobre o contexto do que vem explanando nos arts. 8º e 9º da LEP, é do saber geral que
não se possui de profissionais práticas e qualidade, para a execução do exame
criminológico, que no momento em que é efetuado, pouquíssimo ou praticamente nada de
proteção (CAPEZ, 2014).
A bastante real, em grande parte das comarcas do Estado de São Paulo por exemplo que o
exame criminológico é trocado por um relatório demonstrado por Assistente Social, que
não possui saber personalizado para a averiguação da conduta do criminoso, delimitando
seu trabalho em apenas uma entrevista. Junta-se o dito relatório de entrevista
a um parecer psicológico consequente de apenas um encontro (MARCÃO, 2001).
O fruto, certamente, não poderia ser diferente. Executa-se esta determinadas entrevistas e
valem-se de tais procedimentos técnicos, mais pela solenidade e regras do que pelo
contexto (MARCÃO, 2001).
RHC 92605 / PR – PARANÁ - RECURSO EM HABEAS CORPUS Relator (a): Min. EROS
GRAU Julgamento: 22/04/2008 - Órgão Julgador: Segunda Turma EMENTA: HABEAS
CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DO REGIME DE CUMPRIMENTO DA
PENA. FALTA GRAVE. PERDA DOS DIAS REMIDOS. EXAME CRIMINOLÓGICO. 1. O
Pleno do Supremo Tribunal Federal reafirmou recentemente, no julgamento do RE n.
26/36
452.994, que o cometimento de falta grave resulta na perda dos dias remidos pelo
trabalho, sem que isso implique ofensa aos princípios da isonomia, da individualização da
pena e da dignidade da pessoa humana. 2. Em que pese o advento da Lei n. 10.792/03,
que alterou o artigo 112 da LEP, excluindo a referência ao exame criminológico, nada
impede que o juiz da execução o realize, desde que motivadamente. Ordem denegada
(NEVES, 2012, p.9).
Acrescenta os dizeres ainda, com este segundo julgado que expõe o seguinte:
Com isso, alerto para o aspecto de que o Estado detém a obrigação de servir
acompanhamento ao condenado e ao internado, procurando em primeiro lugar a
ressocialização desta pessoa - e não deixa-lo ainda mais uma aberração - para que o
mesmo consiga um dia viver em tranquilidade com a sociedade, laborar e assegurar o seu
sustento de maneira digna (MARCÃO, 2001).
Mesmo sendo o sistema penitenciário tão precário como é o nosso, ainda acredita-se que
a chance para ressocializar um preso ainda está na educação, a qual sabemos que também
possui inúmeros problemas. No Brasil, a contribuição oferecida ao condenado e ao
internado, em tese, seja ela material, jurídica, educacional, social, religiosa, saúde, ainda
se rasteja. Na prática é geralmente diverso, o indivíduo que pratica o crime de roubo, por
exemplo, entra no sistema penitenciário e acaba se tornando um psicopata, frio, que não
demonstra nenhuma emoção positiva ao seu semelhante. Lamentavelmente é a triste
realidade do nosso país (PORTO, 2008).
Ê
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4.3. JURISPRUDÊNCIAS A RESPEITO
Neste subtópico serão trazidas algumas jurisprudências que demonstram um pouco dessa
importância da comissão técnica de classificação da pena, voltado para a individualização
da pena e sua interligação com a ressocialização também.
Com este julgado pode se notar, o quão seria importante uma avaliação e um parecer para
a classificação da pena deste interno, pois assim, poderiam ser analisados melhor os
pontos positivos do mesmo e assim designar a melhor maneira de cumpra a sentença que
foi submetido:
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ou decisão e proporcionar condições para a harmônica integração socialdo condenado e o
internado" (artigo 1º da LEP), é corolário lógico e jurídico de tal regra/princípio que o
apenado, cumprindo pena em regime semiaberto, obtendo autorização judicial para ser
internado em clínica especializada, possa ver computado esse período como pena
cumprida. AGRAVO PROVIDO. (BRASIL, Tribunal de Justiça de RS. Agravo Nº AGV
70052977386 RS. Relator Joao Conrado Kurtz de Souza, julgamento em 14 de Março de
2013. Disponível em:http://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/112633104/agravo-agv-
70052977386-rs. Acesso em 28 set 2014).
29/36
Corte Superior de Justiça.2. Agravo regimental improvido. (BRASIL, Superior Tribunal de
Justiça. 6ª Turma. Agravo Regimental Nº 269239 AC 2012/0264033-9. Relator Campos
Marques, julgamento em 04 de abril de 2013. Disponível em
http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23096475/agravo-. Acesso o em 28 set 2014).
30/36
PELO APELANTE. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS DE TERCEIROS QUE
ABORDAM A APREENSÃO DA DROGA E O FATO DELE A TER ASSUMIDO.
REGISTRO DE ANTERIORES CONDENAÇÕES CRIMINAIS (POR DANO
QUALIFICADO E ROUBO CIRCUNSTANCIADO), SENDO UMA DELAS POR TRÁFICO
(ART. 12, LEI 6.368/76), O QUE GERA SITUAÇÃO DE RECALCITRÂNCIA ESPECÍFICA
NA ATIVIDADE CRIMINOSA. ABSOLVIÇÃO E DESCLASSIFICAÇÃO INVIÁVEIS.
APELAÇÕES CRIMINAIS. TRÁFICO DE DROGAS. DESISTÊNCIA RECURSAL DE J. R.
J.. NÃO CONHECIMENTO DO APELO. PLEITO ABSOLUTÓRIO DE D. L..
INVIABILIDADE. MATERIALIDADE E AUTORIA SOBEJAMENTE COMPROVADAS.
AGENTE QUE, EM SAÍDA TEMPORÁRIA, TRANSPORTOU MACONHA PARA O
INTERIOR DO PRESÍDIO ONDE CUMPRIA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE.
PROVA ORAL QUE EVIDENCIA O FATO. TIPICIDADE. PRETENSÃO DE
AFASTAMENTO DA CLASSIFICAÇÃO DE TRÁFICO DE DROGAS. INVIABILIDADE.
QUANTIDADE RAZOÁVEL DE MACONHA (14 BUCHAS), EM 2,5 GRAMAS, PARA
PORTE EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL. ASSUNÇÃO DA RESPONSABILIDADE
PELO APELANTE. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS DE TERCEIROS QUE
ABORDAM A APREENSÃO DA DROGA E O FATO DELE A TER ASSUMIDO.
REGISTRO DE ANTERIORES CONDENAÇÕES CRIMINAIS (POR DANO
QUALIFICADO E ROUBO CIRCUNSTANCIADO), SENDO UMA DELAS POR TRÁFICO
(ART. 12, LEI6.368/76), O QUE GERA SITUAÇÃO DE RECALCITRÂNCIA ESPECÍFICA
NA ATIVIDADE CRIMINOSA. ABSOLVIÇÃO E DESCLASSIFICAÇÃO INVIÁVEIS.
Comprovada a materialidade e autoria do fato delituoso atribuído, considerado o local de
cometimento, o contexto das provas, assim como a nova incidência na atividade de tráfico
de drogas, não se há falar em absolvição, ou mesmo em desclassificação para o crime de
porte de drogas. ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. RECONHECIMENTO
PELO APELANTE, NA FASE INDICIÁRIA, DA AQUISIÇÃO E TRANSPORTE DA
DROGA PARA O INTERIOR DO PRESÍDIO. ELEMENTO DE FUNDAMENTAL
IMPORTÂNCIA PARA O RECONHECIMENTO DA AUTORIA. NECESSIDADE DE
VALORAÇÃO COM A MINORAÇÃO RESPECTIVA. COMPENSAÇÃO COM A
REINCIDÊNCIA, QUE SE FAZ IMPERIOSA NO CASO CONCRETO. A confissão da
autoria do fato se mostra relevante no caso concreto, uma vez que a localização da droga
se deu em recinto ocupado por mais pessoas. Em hipótese contrária, poder-se-ia ter
dificuldade em apontar o responsável, o que determina venha a ser referido aspecto
valorizado na dosimetria da pena, a ponto de justificar a compensação com a dupla
reincidência. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. [...] (BRASIL, Superior Tribunal de
Justiça. 6ª Turma. Agravo Regimental Nº 269239 AC 2012/0264033-9. Relator Jorge
Schaefer Martins, julgamento em 04 de setembro de 2013. Disponível em: http://tj-
sc.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24161859/apelacao-criminal-reu-preso-apr-
20130321791-sc-2013032179-1-acordao-tjsc. Acesso em 28 set 2014.
Todos os julgados trazidos, mesmo que de forma distinta e talvez quase imperceptível,
procuraram apresentar a relevância de se traçar um perfil adequado de cada apenado e
assim designar pra ele uma pena adequada e eficiente.
5. CONCLUSÃO
31/36
A individualização da pena não se finaliza quando a sentença é disposta. É preciso
também que sejam efetuadas adequações no período do cumprimento da pena. Com isso,
o juízo da execução pode observar com inúmeros sistemas disponíveis na Lei de Execução
Penal (LEP), como o exame de personalidade, o exame criminológico e o parecer da
Comissão Técnica de Classificação (CTC).
A CTC tinha como ponto principal de seu conteúdo, conforme a LEP, artigo 6º, criar um
sistema individualizado e auxiliar a execução das penas privativas de liberdade e
restritivas de direitos, precisando oferecer, à autoridade competente, as progressões e
regressões dos regimes, além das conversões.
Nota-se que as alterações obtidas pela Lei 10.792/03 demonstram um atraso. O fruto é
que atualmente os benefícios prisionais estão delimitados em simples atestado de boa
conduta fornecido pelo diretor do presídio. Por outra forma, de nada vale alterar
novamente a lei se as unidades prisionais não tenham CTC com infraestrutura equilibrada
para a criação de pareceres interdisciplinares, humanos, de qualidade, e não
“mecanizados”, “padronizados”.
A pena será personalizada a cada crime e a cada pessoa. Entretanto, nas unidades
carcerárias superlotados, haja vista cada apenado ter as individualidades de sua pena,
todos cumprem uma punição uniforme, claramente designada pelo meio prisional.
A punição assim efetuada dispersa a natureza humana, entretanto. Mesmo assim, obriga-
se do apenado um comportamento ressocializador. Nas unidades prisionais, tudo é
planejado de sorte a proporcionar aos apenados a notória sensação de atinentes à mais
reduzida classe social, em normas de status. A sociedade insiste em demonstrar que os
conceitua, não como sua parte subordinada, mas como uma camada moralmente abaixo
da sociedade, cuja conservação apresenta um valor. Condenados são elementos a serem
manipulados, sem direito a expressar opinião sobre a maneira por que isso será efetuado.
Por meio disto, em suma de execução da pena, precisaria sempre considerar os ditames
da LEP, juntamente a classificação do apenado, especialmente em concordância com a
utilização do exame criminológico. Trabalha-se portanto, a providência fundamental para
que o cumprimento da pena incumbida seja considerado de uma forma que atinja
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reduzidamente o possível dos direitos e garantias individuais pertinentes à pessoa
humana, além da defesa dos outros indivíduos quer se achem na condição de condenados
ou servidores que ajam nos meios carcerários.
Finaliza esse estudo no instante em que está sendo revisto a questão carcerária do nosso
país, por meio aos debates da Comissão Permanente de Inquérito, que buscam juntar
interesses para que as modificações que serão demonstradas pela CPI sejam observadas
como soluções inerentes para a crise no sistema carcerários.
Assim, conclui-se que o ponto fundamental do presente estudo foi atingindo, pois visava,
demonstrar e apresentar de maneira geral um pouco sobre a Comissão de Classificação
Técnica e sua importância na execução penal.
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Saraiva. 2014.
33/36
BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental Nº 1615 RJ 1991/0021284-9.
Relator Luiz Vicente Cernicchiaro, julgamento em 17 de dezembro de 1991. Disponível
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BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Agravo Nº AGV 70052977386 RS.
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