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Capítulo 6 – Sensores de Pressão

6.1 INTRODUÇÃO

A maioria dos sensores de pressão utiliza um dispositivo mecânico, como tubos de


Bourdon, diafragmas, ou foles, como detector básico. Estes dispositivos se deformam quando
é aplicada uma pressão. O movimento resultante desta deformação posiciona um ponteiro
num dial, no caso de um manômetro, ou cria um sinal elétrico, no caso dos transdutores.
Entretanto, há muitos outros tipos de sensores de pressão e este capítulo apresentará alguns
dos mais comuns, apresentando seu princípio de funcionamento e aplicações.

6.2 COLUNA DE LÍQUIDO

A coluna de líquido pode ser tanto do tipo em U, como do tipo em L, como visto na
Figura 6.1.
O tipo em U é feito de vidro ou algum outro tipo de tubo transparente vazado, de
parede suficientemente espessa para suportar a pressão à qual o manômetro será submetido. O
tubo é cheio com o líquido de trabalho, aproximadamente até a metade de sua altura máxima.
As pressões aplicadas às extremidades do tubo se equilibram provocando um desnível nos
ramos do tubo, que pode ser lido em uma escala convenientemente graduada. O tipo em L é
semelhante ao tipo em U, sendo uma das pernas do tipo em U substituída por um bulbo
cilíndrico bem maior (o Barômetro, largamente utilizado em previsões metereológicas, é um
tipo especial de manômetro em L).

Fig. 6.1 a) Manômetro Tipo U; b) Manômetro Tipo L.

A pressão é obtida pela seguinte expressão:

P2  P1  d .h

onde:

 d é a densidade do líquido;
 h é a diferença em altura das colunas;

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 P2  P1 são as pressões aplicadas aos ramos dos tubos.

Se a pressão P1 for a pressão atmosférica, h será uma medida direta de P2 ,


funcionando, portanto, como um sensor de pressão (este dispositivo na realidade mede a
diferença de pressão).
Vários líquidos podem ser usados nesses tipos de medidores. A faixa de pressão a ser
medida é que determina o líquido específico. Os líquidos mais comumente usados são:

 Líquidos orgânicos com densidade menor que a da água;


 Água;
 Líquidos dos compostos do grupo dos bromidos, cuja densidade é cerca de três vezes a
densidade da água;
 Mercúrio, cuja densidade é 13,6 vezes maior que a da água.

A densidade relativa varia com a temperatura, e portanto, em medições precisas a


temperatura do líquido deve ser considerada. Existem disponíveis várias tabelas para correção
de temperatura.
Geralmente, estes medidores são utilizados para medir baixos valores de pressão como
em túneis de vento, pressão do ar de combustão em caldeiras, pressão do ar de lavagem, etc...
No entanto, devido à sua simplicidade e precisão, são empregados como padrões primários
para calibrar outros tipos de manômetros.

6.3 MEDIDORES DO TIPO ELÁSTICO

Estes tipos de manômetros utilizam, basicamente, o princípio da Lei de Hooke para


sua operação. Dentro da zona elástica, a tensão é proporcional à deformação e a deflexão é
então proporcional à pressão aplicada. Existem três tipos de medidores desta classe: tubo de
Bourdon, fole e diafragma.

6.3.1 MANÔMETROS DE TUBOS BOURDON

A maioria dos manômetros emprega alguma forma de tubo de Bourdon: o clássico em


forma de C, uma espiral ou uma helicoidal. Devido a sua inerente robustez, simplicidade,
versatilidade e custo baixo, o manômetro de Bourdon encontra ampla faixa de aplicações e é,
sem dúvida, o mais comum de todos esses tipos de medidores de pressão em uso.
A Figura 6.2 mostra um manômetro comum tubo em forma de C. Uma extremidade do
tubo é fixada a um bloco para conexão com a câmara ou rede a qual se deseja medir a pressão
interna. A extremidade livre é selada e conectada a uma articulação ou setor dentado e pinhão.

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Fig. 6.2 Manômetro Bourdon Tipo C.

Se a pressão aplicada ao tubo de Bourdon for superior a pressão externa ou


atmosférica, o tubo achatado terá seu formato alterado para uma seção transversal mais
circular. Como uma extremidade é fixa ao soquete, a ponta livre se movimenta um pouco (1,6
a 12 mm, dependendo das dimensões do manômetro). Através de uma articulação apropriada,
consegue-se ampliar e converter o movimento da ponta do tubo Bourdon no movimento de
um ponteiro indicador sobre uma escala convenientemente graduada. Sobre a faixa de
operação projetada o movimento do ponteiro é aproximadamente linear em relação à pressão
aplicada.
A Figura 6.3 mostra um manômetro Bourdon tipo espiral e a Figura 6.4 mostra um
manômetro Bourdon tipo helicoidal.

Fig. 6.3 Manômetro Bourdon Tipo Espiral.

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Fig. 6.4 Manômetro Bourdon Tipo Helicoidal.

A forma espiral é utilizada para medição de baixas pressões e a forma helicoidal é


utilizada para medição de pressões mais altas.
Os manômetros de Bourdon podem ser construídos com qualquer tipo de material que
possua as características elásticas adequadas para a escala de pressão e a resistência de
corrosão a ser medido. Alguns materiais usados incluem latão, ligas de aço, aço inoxidável,
Monel-K, bronze e cobre-berílio.

6.3.2 MANÔMETRO DE FOLE

O fole é um elemento elástico, geralmente formado a partir de um tubo de parede fina,


sem costura, com corrugações na sua parede externa. A Figura 6.5 mostra um esquema
simplificado do elemento de fole usado sem oposição à deflexão. Os foles geralmente medem
pressões baixas. Como o tamanho dos foles varia de 6 a 30 mm de diâmetro, eles podem ser
bastante sensíveis e, contudo, potentes. Geralmente são utilizados para medir pressões de até
3Kgf/cm2 (0,3 MPa). Para garantir ao fole o máximo de durabilidade, seu movimento muitas
vezes é restrito por uma mola espiral oposta, de modo que somente uma parte do curso
máximo é usada. A Figura 6.6 mostra um fole pretensionado por mola.

Fig. 6.5 Medidor de Fole de Movimento Básico.

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Fig. 6.6 Medidor de Fole Pretensionado por Mola.

Os metais utilizados na construção dos foles devem ser suficientemente finos para
terem flexibilidade, dúcteis para uma fabricação razoavelmente fácil e devem ter uma
altíssima resistência à fadiga. Os materiais comumente usados são: latão, bronze, cobre-
berílio, ligas de níquel e cobre, aço e metal Monel. Metais ou ligas de difícil usinagem são
usados fundamentalmente para atingir as exigências de resistência à corrosão. Os fabricantes
recomendam que o curso de trabalho não exceda 10% do comprimento do fole. Para maior
vida útil, a pressão de trabalho deve estar limitada a 25% da que o material do fole e sua
configuração são capazes de suportar.

6.3.3 MANÔMETROS DE MEMBRANA OU DIAFRAGMA

Os diafragmas metálicos são utilizados em manômetros de pressão diferencial,


transmissores pneumáticos e transmissores elétricos de pressão, nos quais a pressão estática
pode estar bem acima da resistência à ruptura do material utilizado nos foles. Estes
diafragmas são construídos em forma de discos circulares, e quase sempre esses discos
possuem superfícies corrugadas de modo a aumentar a área e a capacidade de deflexão da
superfície. A deflexão do diafragma depende do tipo e da espessura do material, do diâmetro
do disco, do formato e do número de corrugações, do modulo de elasticidade do metal e da
pressão aplicada.
Um arranjo de diafragma metálico para um medidor de pressão é mostrado na Figura
6.7. consiste de um diafragma corrugado, fixado entre dois flanges. A pressão aplicada no
lado inferior da câmara mostrada e o movimento do centro do diafragma são transmitidos,
através de um mecanismo amplificador, a um ponteiro para a indicação da pressão
correspondente em uma escala convenientemente graduada.

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Fig. 6.7 Manômetro de Diafragma.

Em muitas aplicações os discos de diafragmas são montados formando cápsulas,


soldando-se dois discos um contra o outro ou o disco em uma chapa rígida.
A pressão aplicada no interior do elemento faz com que ele se expanda ao movimentar
um ponteiro indicador. A Figura 6.8 mostra o medidor de pressão de cápsula.

Fig. 6.8 Manômetro Bourdon Tipo C.

As aplicações típicas dos manômetros de diafragma incluem: manômetro de baixa


pressão, de pressão absoluta, medidores de depressão ou baixo vácuo, manômetros para sinais
pneumáticos padrão, manômetros para nível líquido e manômetros de pressão diferencial.
A sensibilidade máxima para pequenas deflexões ou movimentos do diafragma é
obtida com um diafragma liso e plano.
A maior desvantagem no projeto de diafragmas corrugados é que a relação pressão-
deflexão deve ser determinada empiricamente para cada tipo de material e para o número, tipo
e tamanho das corrugações. Numa análise final, conclui-se que a deflexão para este tipo de
diafragma é função da quarta potencia do diâmetro. Isto é, se o diâmetro dobra, a deflexão
aumenta dezesseis vezes para a mesma variação de pressão.

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6.7 TRANSDUTORES

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