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As Variáveis Independentes são sempre as causas, ou seja, os

fatores que provocam ou dão origem às consequências (Variáveis


Dependentes).
Ex: “Evasão Escolar é uma das causas do insucesso escolar”.

As Variáveis Dependentes são sempre as consequências ou os


efeitos de determinadas causas.
Ex: “Insucesso escolar é uma Variável Dependente (consequência) da
pobreza de muitos estudantes”.
Quando se trata de Variáveis Sociais Qualitativas Complexas,
como nos casos de consciência crítica, nível de conscientização política, classe
social, consciência de classe e etc..., dever-se-á caracterizá-las como
categorias de análise, já que se trata de “variáveis” qualitativas
incomensuráveis e, portanto que não se prestam à uma análise estatística,
necessitando-se para melhor compreendê-las que sejam explicitadas a partir
das “falas” dos sujeitos da informação, selecionados na pesquisa.
Nas pesquisas quantitativas, ou seja, quando se objetiva imprimir
uma análise essencialmente quantitativa dos “achados” na pesquisa, as
variáveis sociais podem ser submetidas a um tratamento estatístico através
das chamadas escalas de mensuração; mas por outro lado quando se objetiva
fornecer uma análise qualitativa, tais variáveis sociais, sobretudo as
incomensuráveis devem ser caracterizadas como “Categorias de Análise”, e
devem ser extraídas das próprias “falas” dos entrevistados e, nunca de forma
pré-estabelecida tomada antecipadamente, antes de se fazer uma pesquisa
exploratória de campo.
De todo modo, em uma leitura metodológica mais crítica e
contemporânea, tanto as variáveis quantitativas (sociais simples) como as
variáveis qualitativas ou sociais complexas, antes de serem “categorias”
dicotômicas são intercomplementares, por isso nas pesquisas sociais
contemporâneas, ambos os tipos de variáveis são dialeticamente relacionadas,
nos estudos quanti-qualitativos, mas sempre se alertando que especialmente
nas pesquisas sociais, as magnitudes estatísticas não “falam” por si sós,
carecendo de uma análise crítico-interpretativa de tais magnitudes, visando a
obtenção de um estudo mais profundo e, metodológica-mente mais relevante
dos significados que os sujeitos sociais constroem e atribuem sentido aos
fenômenos estudados no mundo sócio-cultural em que (con)vivem.

3.5 – Indicadores e sua Conceituação:

Indicadores são sinais que evidenciam ou se mede a variação de


uma determinada variável.
Ex¹:  “Número de Delitos é um indicador da variável
“Criminalidade”.
Ex²: “Número de Desocupados é um indicador da variável
“Desemprego”.
Ex³: “Índice de Reprovação é um indicador da variável “Insucesso
Escolar”.
De um modo geral, não se pode mensurar determinada “Variável”
através de um único indicador, mas por um conjunto de indicadores
organicamente interrelacionados à determinada variável. Assim, por exemplo, é
metodologicamente incorreto se avaliar o nível de “qualidade de vida” (Variável)
de um determinado país, somente através de sua “Renda Per Cápita”, pois se
assim fosse, o “Kuwait”, Principado do Oriente Médio, que constitui um dos
mais fortes produtores de petróleo do mundo, teria um elevado
desenvolvimento social, o que na verdade não acontece, porque este indicador
não é capaz de demonstrar a “distribuição interna da renda”, indicador
diretamente relacionado ao poder aquisitivo da população. Neste sentido, o fato
do Kuwait (1985), apresentar uma “Renda Per Cápita” de 3.540 dólares, está
intimamente ligado aos “Royalties” que as diversas Companhias de Mineração
estrangeiras pagam ao Sultão para terem autorização de explorarem as jazidas
de Petróleo. Mas esta alta renda não se distribui pela população do país, cuja
maioria vive em condições infra-humanas numa situação de extrema pobreza e
miserabilidade social.
Dessa forma, para se analisar a Variável “Qualidade de Vida” há
necessidade de se considerar vários indicadores, que inclui além da “renda
per cápita”, os índices de escolaridade, os coeficientes de mortalidade geral, a
renda familiar, o nível de saúde, os padrões habitacionais e, outros
relacionados às condições sócio-econômicas da população.
Carrasco (2012), faz uma interessante observação crítica em sua
obra “Estatísticas sob Suspeita” (2012), sobre a produção dos chamados
indicadores sociais e econômicos, que em sua maioria, apresenta uma visão
androcêntrica em seu processo de construção como se fossem indicadores
universais, ocultando e desconsiderando por completo as experiências das
mulheres no mundo do trabalho e, na sociedade em geral. Segundo a autora:
É o uso do termo “homem” para se referir ao conjunto dos seres
humanos ... naturalizando as experiências dos homens como se
fossem universais, o que termina por reproduzir uma visão enviesada
do fenômeno que pretende demonstrar e estudar [o que de certa
forma reproduz e acentua as desigualdades sociais entre os
gêneros]. Dessa forma, esta visão androcêntrica dos indicadores
torna invisível as experiências e as contribuições das mulheres no
processo de conhecimento. (CARRASCO, 2012: p. 5-6).

Na verdade, a crítica à produção androcêntrica dos indicadores de


pesquisa, evidencia que toda elaboração estatística são construções sociais
teoricamente formuladas, por isso, o que medem ou deixam de medir,
dependem daquilo que pretendem por objetivo mensurar e da própria
concepção de mundo que orientam essas elaborações, que atualmente é ainda
preconceituosa e machista.
Quando por exemplo, não se considera os “afazeres” domésticos
como um trabalho necessário à reprodução econômica da sociedade, torna-se
invisível uma parte da desigualdade social sobre a qual se estruturam as
relações sociais de gênero no Brasil.
A reflexão dessa autora recupera uma discussão crítica sobre a
construção dos indicadores, apontando para a necessidade de se formular uma
elaboração mais sócio-historicamente contextualizada que contemple também
as experiências das mulheres neste processo de produção científica.
IV – PRINCIPAIS TÉCNICAS DE PESQUISA:

As técnicas de pesquisa são instrumentos metodológicos que


servem para delimitar, coletar, sistematizar e analisar os dados de uma
determinada pesquisa. Essas técnicas se classificam em dois grandes
grupos, dependendo da natureza dos dados que se destinam a captar, ou
seja, em Técnicas Quantitativas e Técnicas Qualitativas que, incluem os
seguintes grupos:
1. As Técnicas Delimitadoras de Amostragem;
2. As Técnicas de Coleta de Dados;
3. As Técnicas Sistematizadoras de Dados;
4. As Técnicas de Análise.

4.1 – Técnicas Quantitativas de Pesquisa:

São aquelas que visam apresentar uma mensuração do objeto em


estudo através de índices, coeficientes, taxas, escalas, médias, frequências e
desvios.
Há vários tipos de técnicas quantitativas e sua utilização irá
depender dos objetivos que foram definidos no plano metodológico de
pesquisa.
Assim, as Técnicas Quantitativas se classificam em:

4.1.1 – Técnicas Quantitativas Delimitadoras:

4.1.1.1 – Técnica de Amostragem Probabilística – TAP:


a) TAP Aleatória Simples ou Randômica;
b) TAP Aleatória Estratificada;
c) TAP Aleatória por Conglomerado.

4.1.2 – Técnicas Quantitativas de Coleta:


1. Escalas de Mensuração; 7) Questionário;
2. Formulário; 8) Survey ou Sondagem;
3. Inquérito Descritivo; 9) Testes de Mensuração;
4. Observação Não Participante; 10) Testes Psicométricos;
5. Observação Simples; 11) Testes Sociométricos.
6. Observação Sistemática;
4.1.3 – Técnicas Quantitativas Sistematizadoras:

1. Codificação; 15) Matriz Nomotética-Indutivista;


2. Cartograma; 16) Matriz de Possibilidades;
3. Curva de Lorenz; 17) Piramidograma;
4. Climograma; 18) Polarograma;
5. Diagrama de Venn; 19) Polígono de Frequência;
6) Escalograma; 20) Projeções Estatísticas; 
7) Escalas de Mensuração; 21) Psicograma;
8) Escalas Estatísticas 22) Sociomatriz;
9) Fluxogramas; 23) Sociograma;
10) Gráficos Estatísticos; 24) Tabulação Estatística;
11) Heredogramas; 25) Taxa de Retorno.
12) Matriz Estrutural;
13) Matriz Insumo-Produto;
14) Matriz Nomotética Hipotética-Dedutiva;

4.1.4 – Técnicas Quantitativas de Análise:

1. Análise Combinatória; 14) Análise Funcional;


2. Análise Contingencial; 15) Análise Frequencial;
3. Análise Quantitativa de Conteúdo; 16) Análise Input-Output;
4. Análise de Corte Transversal; 17) Análise Longitudinal;
5. Análise de Covariância; 18) Análise Matemática;
6. Análise Custo-Benefício; 19) Análise Multivariada;
7. Análise Custo-Efetividade;20) Análise Nomotética Indutivista;
8. Análise de Custo de Vida; 21)Análise Psicométrica;
9. Análise Descritiva Simples; 22) Análise Semântica Quantitativa;
10. Análise de Dependência; 23) Análise de Sequência;
11. Análise Estatística; 24) Análise Sistêmica;
12. Análise Econométrica; 25) Análise Sociométrica;
13. Análise Fatorial; 26) Análise de Variância.

4.2 – Técnicas Qualitativas de Pesquisa:

São aquelas utilizadas na pesquisa para se captar as categorias


incomensuráveis, ou seja, as “variáveis” sociais complexas, como nos casos de
idéias subjacentes ou não, opiniões, consciência crítica, ideologias, consciência
de classe, motivações, participação política, processos e valores sócio-culturais
e, etc..., que não podem ser diretamente quantificadas, por isso tais categorias
de análise são empregadas para compreender os fenômenos estudados.
As técnicas qualitativas, dependendo dos objetivos para os quais
são aplicadas, classificam-se em quatro grupos:

4.2.1 – Técnicas Qualitativas Delimitadoras:


4.2.1.1 – Técnica de Amostragem Não-Probabilística:
a. TANP por Acessibilidade;
b. TANP por Tipicidade;
c. TANP por Coticidade;
d. TANP por Saturação.
e. TANP por Seleção de “Sujeitos-chave”.

4.2.2 – Técnicas Qualitativas de Coleta:


1. Autobiografias; 18) História de Vida;
2. Brainstorming; 19) Inventário Sócio-Cultural;
3. Cliente-Espião; 20) Inquérito Sociológico;
4. Delphos; 21) Juri Simulado;
5. Diálogos Informais; 22) Narrativas Orais;
6. Diário de Campo; 23) Observação Participante;
7. Diário de Comportamento;24) Observação Pedagógica;
8. Diário ìntimo; 25) Observação Sociológica;
9. Diário de Itinerância; 26) Psicodrama;
10. Dinâmicas de Grupo; 27) Relatos de Experiências;
11. Entrevista Clássica;28) Relatos de Viagens;
12. Entrevista Fenomenológica; 29) Relatos de Visita Domiciliar;
13. Enquete Social; 30) Sociodrama;
14. Estórias por Completar; 31) Testes Projetivos;
15. Experimento de Ruptura; 32) Visita Domiciliar.
16. Grupo Focal/ Grupo de Discussão;
17. História Oral;

4.2.3 – Técnicas Qualitativas Sistematizadoras:


1. Cartogramas Analíticos;
2. Fichamento Analítico;
3. Matriz Analítica;
4. Matriz Nomotética Fenomenológica;
5. Matriz Respondente;
6. Matriz Idiográfica;
7. Quadros-Síntese;
8. Quadros de Convergências Temáticas;
9. Quadros de Confluências e Categorias Abertas;
10. Resenha Bibliográfica;
11. Resumo Crítico;
12. Resumo Expandido;
13. Resumo Sintético.

4.2.4 – Técnicas Qualitativas de Análise:

1. Auto-Análise; 20. Análise Contextualizada;


2. Análise Antropológica; 20. Análise Documental;
3. Análise Auto-Avaliativa; 20. Análise Ecológica;
4. Análise Avaliativa Crítica; 20. Análise Etnográfica;
5. Análise de Avaliação Coletiva; 20. Análise Estrutural;
6. Análise Avaliativa Dialógica; 20. Análise Existencial;
7. Análise Avaliativa 20. Análise de Protocolo;
Transdisciplinar; 20. Análise Qualitativa de Conteúdo;
8. Análise Crítica de Discurso 20. Análise Literária;
9. Análise Descritiva Densa; 20. Análise Metodológica;
10. Análise de Discurso; 20. Análise de Relatos de
11. Análise Hermenêutica; Experiências;
12. Análise Fenomenológica; 20. Análise de Relatos de Memórias;
13. Análise Idiográfica; 20. Análise Sociológica;
14. Análise Qualitativa de 20. Análise Sócio-Histórica;
Conteúdo; 20. Análise Transacional;
15. Análise Nomotética 20. Meta-Análise Qualitativa;
Fenomenológica; 20. Triangulação;
16. Análise Filosófica 20. Variação Imaginativa.
17. Análise de Conjuntura;
18. Análise Cartográfica; 
19. Análise de Conversação;

– CONSIDERAÇÕES FINAIS:

A finalidade da pesquisa é fornecer respostas para uma série de


indagações, mediante a aplicação de um conjunto de técnicas que devem ser
selecionadas a partir dos objetivos propostos no Projeto de Pesquisa. Estas
técnicas são elaboradas e aplicadas no campo da Metodologia Científica para
delimitar, coletar, sistematizar e analisar dados/informações, bem como
orientar tecnicamente o pesquisador diante do objeto em investigação.
Cabe aqui nestas considerações, uma crítica à rígida divisão,
muito em voga por sinal, de pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa, que
segundo nosso ponto de vista se insere numa perspectiva francamente
funcionalista. Robert Merton(1910-2003), funcionalista norte-americano, afirma
por exemplo, que todas as atividades humanas são funcionais ou disfuncionais
ao sistema social. Distingue com base nesta classificação que o conhecimento
científico obtido pelas técnicas estatísticas, expressa uma funcionalidade
positiva não alcançável pela Pesquisa Qualitativa, considerada pelos
funcionalistas como mera “especulação discursiva”, vaga, difusa e, vazia de
cientificidade.
Essa dicotomia da atividade de pesquisa consiste em distinguir,
segundo a concepção dos funcionalistas, os “verdadeiros” cientistas em
relação aos filósofos, que seriam anti-científicos. Os primeiros seriam os
quantitativistas; enquanto os filósofos seriam os pesquisadores qualitativos.
Segundo este ponto de vista, fica bem claro o caráter absoluto
das “verdades” adquiridas por meio das Pesquisas Quantitativas que
transformam este tipo de pesquisa em uma atividade considerada como a
única “verdadeiramente” científica, por isso, segundo os funcionalistas, a única
capaz de subsidiar o planejamento técnico das políticas sociais que visam
atender as necessidades da Sociedade.
Essa separação rígida e funcional entre estes dois tipos de
pesquisa, tem um significado ideológico de alienação numa Sociedade de
Classes. Relaciona-se à uma perspectiva burguêsa de pesquisa científica,
como produto da divisão social do trabalho científico no Sistema Capitalista. É
uma dicotomia que reflete a dominação tecnocrática, ao afirmar o caráter de
cientificidade da pesquisa, baseado exclusivamente nos padrões de eficiência
e eficácia das técnicas de mensuração estatística.
Na verdade, esta dicotomia entre Pesquisa Quantitativa e
Pesquisa Qualitativa, constitui uma forma de justificar uma sociedade
“evoluída”, eficiente, produtivista e consumista, que serve à reprodução da
acumulação ampliada do grande capital. Expressa a visão da classe dominante
burguesa que vê o mundo de forma alienada, baseada na divisão do trabalho
capitalista, que fragmenta o homem, a sociedade e o próprio trabalho científico,
legitimando assim, a Sociedade de Classes: uma classe para comandar e outra
para trabalhar.
Podemos assim concluir que, segundo a Concepção Funcionalista
de Ciência, a “verdade” só existe na mensuração pura, utilizada pelos
pesquisadores tecnocratas, que nas formações sociais capitalistas, detém uma
hegemonia político-ideológica muito forte junto aos detentores do capital, ou
seja, aqueles que possuem condições econômicas de financiar as pesquisas,
razão pela qual, acabam por exercer uma força poderosa de dominação sobre
o Poder Público, influenciando-o a priorizar as pesquisas tecnicistas das áreas
das Ciências Exatas e Naturais em detrimento das Pesquisas Sociais
Qualitativas.
Convém ressaltar que, tanto as Ciências Exatas como as Naturais
podem e devem também priorizar as pesquisas qualitativas, de modo a superar
a visão unilateral funcionalista, porque não basta apenas se detectar taxas,
coeficientes e índices, pois também de fundamental importância e interesse
ao desenvolvimento científico, é a análise e a explicação das contradições
sociais que interferem direta e/ou indiretamente para a ocorrência dessas
magnitudes.
Apesar das concepções reducionistas, a pesquisa constitui uma
atividade de grande relevância social porque contribui para o avanço do
conhecimento científico, na medida em que amplia o campo da teorização da
Ciência, subsidiando pois o avanço da própria tecnologia.
De todo modo, o processo de construção da Ciência,
especialmente em suas diversas áreas de conhecimento, no campo da
academia universitária, deve-se em grande parte, ao desenvolvimento e
dinamização que se tem suscitado no campo da pesquisa científica por
pesquisadores independentes, que lutam com grandes dificuldades materiais
para custear suas pesquisas.

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