Você está na página 1de 12

Produção de café: opção pela qualidade 1

Características ambientais e qualidade da bebida


dos cafés do estado de Minas Gerais
Helena Maria Ramos Alves 1
Margarete Marin Lordelo Volpato 2
Tatiana Grossi Chquiloff Vieira 3
Flávio Meira Borém 4
Juliana Neves Barbosa 5

Resumo - Os mercados nacional e internacional de café mostram que existe uma demanda
crescente por cafés especiais, cujas qualidades ou características estejam relacionadas com
o meio geográfico. Os municípios mineiros vêm conquistando concursos de qualidade
de café, abrindo espaço no mercado e agregando valor ao produto. Por sua grande
extensão territorial e variação ambiental, o estado de Minas Gerais possibilita a produção
de cafés de qualidade com grande diversidade de sabor e aroma. Estas diferenças estão
relacionadas com as características peculiares de cada município, principalmente às
variações de clima, latitude, altitude e sistemas de produção. Embora a relação entre
características ambientais e a produtividade do café, em diferentes biomas, seja um
assunto já bem explorado, suas relações com a qualidade da bebida demandam, ainda,
grande investimento de pesquisa.

Palavras-chave: Café. Zoneamento agroclimático. Condição ambiental. Aptidão


climática. Cafés especiais. Geoprocessamento.

INTRODUÇÃO como maior produtor e segundo mercado vência da cafeicultura brasileira dependeria
consumidor do mundo, contudo, não tem de o País seguir o caminho da qualidade.
A partir da década de 1960, a cafeicul-
favorecido a venda do produto brasileiro Em 1988, o então presidente do IBC, em-
tura brasileira, sob a coordenação técnica
no mercado internacional (COSTA; CHA- baixador Jório Dauster (DAUSTER, 1988
do extinto Instituto Brasileiro do Café
(IBC), passou por uma grande transforma- GAS, 1997). Com o aumento da produção apud CARVALHO et al., 1997), dizia que:
ção que consolidou sua posição no mundo. e melhoria da qualidade dos cafés de outros sobreviverão no mercado cafeeiro os
Estas mudanças visaram, principalmente, países, associados a crescentes demandas produtores que aumentarem a produti-
à elevação da produtividade, sendo que por cafés especiais de bebida superior pelos vidade baixando os custos e aprimora-
aspectos relacionados com a qualidade fo- países importadores, a exportação brasi- rem a qualidade obtendo os prêmios que
ram enfocados nas práticas recomendadas leira tem enfrentado novas dificuldades. o mercado internacional oferece [...] no
para a colheita e pós-colheita (CORTEZ, Wiezel (1981 apud CARVALHO et al., futuro, à semelhança do que acontece
1997). A posição privilegiada do Brasil, 1997), já em 1981, alertava que a sobrevi- atualmente com o vinho, teremos cafés

1
Enga Agra, D.Sc., Pesq. Embrapa Café, Caixa Postal 08815, CEP 70770-901 Brasília-DF. Correio eletrônico: helena.alves@embrapa.br
2
Enga Florestal, D.Sc., Pesq. EPAMIG Sul de Minas/Bolsista FAPEMIG, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrô-
nico: margarete@epamig.ufla.br
3
Enga Agrimensora, M.Sc., Pesq. IMA/EPAMIG Sul de Minas/Bolsista FAPEMIG, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio
eletrônico: tatiana@epamig.ufla.br
4
Engo Agro, Pós-Doc, Prof. Associado III UFLA - Depto. Engenharia, Caixa Postal 3037, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico:
flavioborem@deg.ufla.br
5
Bióloga, Doutoranda Fisiologia Vegetal UFLA - Depto. Biologia, Caixa Postal 3037, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrônico:
juliananevesbarbosa@gmail.com

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v. 3 2 , n . 2 6 1 , p . - , m a r. / a b r. 2 0 11

artigo2.indd 1 17/5/2011 12:02:14


2 Produção de café: opção pela qualidade

de determinadas marcas brasileiras, por rísticas e atributos distintos, que permitem à competitividade e à sustentabilidade da
tipo de bebida e área da produção. inúmeras combinações e a elaboração de cafeicultura brasileira.
No Brasil, poucos produtos agrícolas produtos altamente diferenciados. Conhe-
cer e explicar o que afeta a qualidade dos TRAJETO DO CULTIVO DO
têm seus preços com base em parâme-
cafés especiais e mapear esta diversidade CAFÉ NO BRASIL
tros qualitativos. Dentre estes produtos
destaca-se o café, cujo valor é acrescido constitui tarefa mais complexa do que se O café chegou ao norte do Brasil em
significativamente com a melhoria da imagina. A Associação Brasileira da In- 1727, mais precisamente em Belém, trazi-
qualidade (CARVALHO et al., 1997). dústria de Café (Abic) elaborou um Guia do da Guiana Francesa pelo sargento-mor
De acordo com Souza (1996), um dos da Qualidade dos Cafés do Brasil – Safra Francisco de Mello Palheta, e, num tempo
fatores determinantes do declínio brasi- 2009, com o objetivo de oferecer uma re- relativamente curto, passou de posição se-
leiro no mercado internacional foi a falta ferência ou uma vitrine dessa diversidade, cundária para a de produto-base da econo-
de um padrão de qualidade do produto provendo informações sobre a história de mia brasileira. Pelas condições climáticas
nacional. A estratégia brasileira tem sido cada região e as características de sua pro- brasileiras, o cultivo de café espalhou-se
exportar grandes quantidades para um dução. Esse Guia visa auxiliar o trabalho rapidamente. Em sua trajetória pelo País, o
mercado em que a exigência, quanto à dos profissionais de compra das empresas café passou pelo Maranhão, Bahia, Rio de
qualidade, é cada vez maior. Como em e indústrias e demais profissionais dos Janeiro, São Paulo, Paraná e Minas Gerais.
qualquer segmento de alimentação e de mercados nacional e internacional, na O ponto de partida das grandes plantações
bebida, também para o café existem con- aquisição de lotes diferenciados e de boa foi o Rio de Janeiro, de onde se estendeu
sumidores que desenvolvem o prazer de qualidade (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA para São Paulo, passando por Angra dos
experimentá-lo e degustá-lo e, portanto, DA INDÚSTRIA DE CAFÉ, 2009). Reis, Parati e Ubatuba. Na época, o Rio
apreciam a qualidade e estão dispostos a Minas Gerais é o maior produtor na- de Janeiro era o porto de escoamento do
pagar por ela. Isto tem levado a pesquisa à cional de café. Com mais de um milhão produto. Em pouco tempo, o Vale do Rio
procura do conhecimento para a produção de hectares plantados, o Estado é respon- Paraíba tornou-se a grande região cafeeira
de cafés de melhor qualidade. sável por, aproximadamente, 50% da safra no Brasil, o que possibilitou o surgimento
O café é uma bebida que se expressa brasileira. O café é o principal produto de de uma área centralizadora de culturas e
diferentemente em função do local de exportação do agronegócio mineiro e é população. Subindo pelo Rio Paraíba, o
plantio. É essencialmente um produto de vendido para mais de 60 países do mundo. café invadiu a parte oriental da província
terroir, ou seja, influenciado diretamente Há que se considerar ainda, que a cafeicul- de São Paulo, migrou para o oeste, cen-
pelos aspectos ambientais, tanto os na- tura exerce um importante papel do ponto tralizando-se em Campinas e estendeu-se
turais quanto os humanos. Os diferentes de vista social no Estado. Buscar novos até Ribeirão Preto e a região da fronteira
métodos de cultivo, bem como as dife- nichos de consumo, como alternativa ao de Minas Gerais. Campinas passou a ser o
rentes técnicas de colheita e de secagem, café commodity, e valorizar a produção, grande polo produtor do País, onde as la-
que refletem o “saber fazer” local e as suas diferentes origens e produtores que vouras estendiam-se em largas superfícies
condições particulares de clima, solo e visam qualidade, é colocar o café mineiro uniformes, cobrindo a paisagem a perder
relevo, associados às características ge- em um lugar de destaque no mercado mun- de vista, formando os famosos “mares
néticas das diferentes variedades, criam dial, criando oportunidades de negócio e de de café”. Com esse novo polo produtor,
a identidade da bebida e implicam na agregação de valor. o café mudou seu centro de escoamento,
não repetição das safras, seja no aspecto Para tanto, é preciso desenvolver sendo toda a produção do oeste paulista
qualitativo, seja no quantitativo (ENSEI pesquisa para conhecer, caracterizar e enviada a São Paulo e depois exportada a
NETO, 2009 apud ASSOCIAÇÃO BRA- mapear os cafés especiais produzidos partir do porto de Santos (TAUNAY, 1939;
SILEIRA DA INDÚSTRIA DE CAFÉ, no Estado e seus territórios potenciais NEVES, 1974).
2009). A produção de café Arábica no diversificados, compreendendo as rela- Como a busca por regiões aptas para
Brasil estende-se no sentido norte-sul, ções entre as variáveis edafoclimáticas a cultura cobriu todo o País, a Região
desde 12o até 24o de latitude sul, o que e a qualidade final da bebida. Com base Sudeste, com os estados de Minas Gerais,
representa, aproximadamente, 1.200 em informações qualitativa e quanti- São Paulo e Espírito Santo, e a Região
km em linha reta, mesclando diversos tativa, cientificamente fundamentadas, Sul, com o estado do Paraná, apesar dos
ambientes. Em função dessas interações o setor cafeeiro e seus representantes, problemas, como a grande geada de 1870
entre a cultura e os diversos ambientes, os com órgãos do governo e da iniciativa e a crise de 1929, mantiveram-se como
cafés do Brasil possuem uma diversidade privada, poderão propor as ações de de- importantes produtoras. A Bahia firmou-
imensa de aromas e sabores e de caracte- senvolvimento e de inovação necessárias se como polo produtor no Nordeste, e
I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v. 3 2 , n . 2 6 1 , p . - , m a r. / a b r. 2 0 11

artigo2.indd 2 17/5/2011 12:02:14


Produção de café: opção pela qualidade 3

Rondônia, na região Norte. A produção mento econômico de alguns municípios a Biomas brasileiros e sua
de café Arábica, atualmente, concentra- partir da década de 1970. Há, atualmente, influência na identidade
se em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, três regiões produtoras consolidadas: a do café
Bahia e parte do Espírito Santo. As do Planalto, mais tradicional produtora Durante muito tempo, o café brasileiro
principais regiões produtoras no estado de café Arábica; a região oeste, também mais conhecido em todo o mundo foi o
de São Paulo são a Alta Mogiana, Alta produtora de café Arábica, sendo uma “tipo Santos”. A qualidade do café santista
Sorocabana e região de Piraju. Em Minas região de Cerrado com irrigação, e a e o fato de ser um dos principais portos
Gerais, as principais regiões produtoras Litorânea, com plantios predominantes exportadores do produto determinaram a
são: Cerrado mineiro, Sul de Minas, Ma- de café Robusta. No Espírito Santo, a criação do café “tipo Santos”. Contudo, por
tas de Minas e Chapadas de Minas. No produção do café Arábica localiza-se nas sua extensão territorial e peculiar variação
Paraná, o café é cultivado nas regiões do Montanhas Capixabas. A Figura 1 mostra ambiental, a cafeicultura brasileira tem sua
Norte Pioneiro, Norte, Noroeste e Oeste a distribuição das regiões cafeeiras bra- produção distribuída em diferentes regiões
do Estado. A cafeicultura na Bahia teve sileiras, o que demonstra que o café está que se distinguem pelas características
uma grande influência no desenvolvi- presente nos principais biomas do País. marcantes dos seus ambientes, tanto em
relação ao meio físico, quanto em relação
às condições climáticas e socioeconô-
micas. Essas regiões são marcadas por
grandes variações no solo, na temperatura,
na umidade relativa (UR) e na altitude, as
quais influenciam a qualidade da bebida
do café. Além das regiões e seus efeitos
edafoclimáticos, o Brasil também é rico em
formas de processamento que resultam em
cafés com distintas características senso-
riais. Como ressaltam Borém e Friedlander
(2009):
a pluralidade dos sabores e aromas
dos cafés do Brasil é sua marca mais
notável e precisa ser mais bem com-
preendida e explorada para o bem da
nossa cafeicultura.

As regiões de produção de cafés espe-


ciais, que se destacam, também apresentam
grandes variações ambientais que fazem
com que a qualidade do café se expresse
de maneiras distintas. Borém e Friedlander
(2009) descrevem estas relações entre o
ambiente e as características sensoriais
predominantes da bebida dos cafés pro-
duzidos em algumas destas regiões. Nas
Tipos de café
regiões com estação seca bem definida,
Arábica como o Cerrado mineiro, Mogiana Paulista
Conillon/Robusta e Chapada Diamantina, as quais possuem
predomínio do bioma Cerrado, os cafés
caracterizam-se pelo aroma intenso com
notas de chocolate, caramelo e nozes,
acidez delicada, corpo moderado, sabor
adocicado com finalização longa. As carac-
Figura 1 - Distribuição das regiões produtoras de café no Brasil terísticas desse ambiente para a produção
FONTE: Associação Brasileira da Indústria de Café (2009). de cafés são peculiares por apresentar
I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v. 3 2 , n . 2 6 1 , p . - , m a r. / a b r. 2 0 11

artigo2.indd 3 17/5/2011 12:02:15


4 Produção de café: opção pela qualidade

altitudes que variam de 700 a 1.200 m, ZONEAMENTO que, atualmente, contempla estudos de ris-
precipitação anual em torno de 1.500 mm AGROCLIMÁTICO PARA A cos climáticos, enfocando principalmente os
e temperaturas médias anuais entre 18 °C CULTURA DO CAFÉ elementos do balanço hídrico, as variações
e 22 °C. Nessas áreas, a implantação da O zoneamento agroclimatológico deli- de temperatura do ar e a ocorrência de even-
irrigação favoreceu o aumento de produ- mita as áreas com potencial adequado de tos adversos, empregando geotecnologias
ção e a expansão da área de cultivo, antes clima e solo para as culturas, sendo ferra- para a espacialização dos resultados.
inapta. Na Alta Mogiana, em São Paulo, a menta fundamental para a implantação de Sediyama et al. (2001), ao utilizarem
temperatura média anual é de 21 °C, com qualquer atividade agrícola. Para alcançar um banco de dados meteorológicos mais
altitudes iguais ou acima de 1.000 m e pre- produtividade econômica, cada cultura completo e um Sistema de Informações Ge-
cipitação média anual em torno de 1.500 necessita de condições favoráveis durante ográficas (SIG), realizaram o zoneamento
mm, sendo que o bioma predominante é a todo o seu ciclo vegetativo, isto é, exige agroclimático do café Arábica para Minas
Mata Atlântica, com ocorrência de Cam- determinados limites de temperatura nas Gerais (Fig. 2). Os elementos utilizados
pos Rupestres. Os cafés destacam-se por várias fases do ciclo, de uma quantidade para determinar a aptidão foram a faixa
apresentar corpo médio, acidez de média mínima de água e de um período seco nas de temperatura média anual entre 18 oC e
intensidade, aromas de erva-cidreira e fases de maturação e colheita. O atendi- 23 oC, temperaturas mínimas críticas iguais
capim-limão e finalização adocicada. Nas mento dessas exigências é que fará uma ou inferiores a 2 oC em abrigo termométrico,
regiões mais frias, como as Serras do Sul determinada região ser considerada apta a 30% de probabilidade, para os meses de
do estado de Minas Gerais, com biomas de para uma dada cultura. maio a julho, e a deficiência hídrica anual
transição Cerrado - Mata Atlântica e com Os primeiros estudos de zoneamento para a capacidade de água disponível no
ocorrência de Campos Rupestres, altitudes agrícola no Brasil foram realizados nas solo de 125 mm. Esses mesmos autores
maiores que variam de 800 a 1.400 m, décadas de 1970 e 1980, contemplando sugerem que os fatores pedológicos e
temperaturas médias anuais entre 12 °C várias culturas, entre estas o café. Esses topográficos devem ser considerados na
e 22 °C e precipitação anual em torno de estudos foram desenvolvidos considerando delimitação da cultura, dentro dos campos
1.500 mm, o café apresenta-se encorpado, aspectos macroclimáticos e a análise dos climáticos homogêneos, porque podem alte-
com acidez de média a fraca, de carac- fatores térmico e hídrico. Baseavam-se rar a aptidão climática. Ainda segundo esses
terística cítrica e doçura. Na região das no balanço hídrico de Thornthwaite em autores, os cafezais devem situar-se na face
Matas de Minas, com bioma predominante combinação com valores médios mensais norte ou na poente ou em pontos intermedi-
de Mata Atlântica, temperaturas médias e anuais de precipitação e temperatura ários, restringindo ao mínimo nas encostas
anuais mais amenas entre 18 °C e 23 °C, média do ar. O Plano de Renovação e de exposição sul. Nas zonas sujeitas ao fe-
precipitação entre 1.400 e 1.600 mm e alti- Revigoramento dos Cafezais do IBC, na nômeno das geadas de radiação, devem ser
tudes mais baixas de 400 a 1.000 m, o café década de 1970, empenhou-se na expan- evitados os vales de difícil circulação de ar.
produzido é mais encorpado, doce com são e racionalização do Parque Cafeeiro O relevo também é importante na instalação
acidez acentuada, mas equilibrada. Na Nacional, empregando zoneamentos de novos cafezais, quando se consideram
região das Montanhas Capixabas, também regionais de aptidão macroclimática, ou aspectos relacionados com mecanização e
no bioma Mata Atlântica, com temperaturas seja, uma faixa mapeada como apta podia conservação do solo.
médias anuais que variam entre 15 °C e apresentar situações topoclimáticas locais A primeira experiência brasileira para
22 °C, precipitação média anual de desfavoráveis, com restrições quanto ao identificar as melhores épocas de plantio,
1.400 mm e altitudes entre 650 e 1.200 m, solo e mostrar-se ecologicamente inapta à com utilização de geotecnologias, foi
os cafés especiais produzidos apresentam cafeicultura (CAMARGO, 1977). desenvolvida por Assad et al. (1993),
sabor intenso adocicado e acidez frutada O zoneamento é um processo contínuo quando foram espacializados os resultados
mediana, que confere equilíbrio à bebida. que necessita ser atualizado sempre que de simulação do balanço hídrico para o
No Norte Pioneiro do Paraná, no bioma novos dados ou métodos estiverem dis- arroz de sequeiro. A partir desse trabalho,
Mata Atlântica, onde as altitudes variam poníveis, os quais possibilitem detalhar e o Ministério da Agricultura, Pecuária e
de 400 a 1.000 m, as temperaturas médias ampliar as informações, tornando-o cada Abastecimento (MAPA) financiou um
entre 19 °C e 22 °C e a precipitação média vez mais próximo da realidade. Ao longo programa nacional de zoneamento, a fim de
anual entre 1.200 e 1.500 mm, os cafés dos anos, várias atualizações foram propos- estabelecer zonas homogêneas com épocas
apresentam bebida de sabor característico, tas para a cultura do café. A incorporação de plantio de menor risco para cada cultura
com doçura baixa, acidez e corpo medianos de séries climatológicas mais longas, da e a partir da safra 2005/2006, este trabalho
e finalização de longa duração (ASSOCIA- geotecnologia e de modernos sistemas com- foi ampliado para inclusão de novas cul-
ÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE putacionais permitiu o desenvolvimento de turas, dentre estas o café, apresentado na
CAFÉ, 2009). novos estudos para o zoneamento do café, Figura 3. O atual Zoneamento de Riscos
I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v. 3 2 , n . 2 6 1 , p . - , m a r. / a b r. 2 0 11

artigo2.indd 4 17/5/2011 12:02:15


Produção de café: opção pela qualidade 5

Climáticos (BRASIL, 2011) é alimentado


50º 48º 46º 44º 42º 40º
pela rede de dados meteorológicos dis-
poníveis no Sistema de Monitoramento
Agrometeorológico (Agritempo).
14º

Aptidão climática para a


qualidade do café

16º Camargo, Santinato e Cortez (1992) ci-


tam que os fatores climáticos fundamentais
para a definição da aptidão climática são
o térmico e o hídrico, representados pela
18º
temperatura média anual e pela deficiência
hídrica nos períodos críticos da cultura.
A espécie Coffea arabica L. é originária
20º de áreas tropicais da Etiópia, localizadas
entre 6o e 9o de latitude norte, em altitu-
des que variam entre 1.600 e 2.000 m. A
temperatura média anual nessa região é de
22º Legenda 18 oC a 20 oC (mínima de 4 oC e máxima de
Inapto
40 0 40 80km 31 oC) e a precipitação anual é de 1.500 a
Apto com irrigação
Apto 1.800 mm. A estação chuvosa é concen-
trada no verão, de março a outubro, com
24º
ocorrência de inverno seco de novembro a
fevereiro (CAMARGO; PEREIRA, 1994).
No Brasil, toda a cafeicultura está situada
Figura 2 - Zoneamento climático da cultura do café (Coffea arabica L.) no estado de
Minas Gerais - 2001 em áreas com latitudes superiores a 4o,
FONTE: Sediyama et al. (2001). encontrando-se em condições tropicais e
não equatoriais, apresentando um ciclo
fenológico bem definido: florescimento na
primavera, frutificação no verão, maturação
no outono e colheita no inverno.
Zoneamento atual As faixas de aptidão para a produção
do café, contudo, são normalmente mais
amplas que as referentes à qualidade da
bebida. Os parâmetros macroclimáticos
Irrigação
necessária considerados como favoráveis para a ob-
Apto
tenção de bebida fina podem ser altamente
influenciados por efeitos oroclimáticos
Irrigação
recomendada e topoclimáticos, que fazem aumentar a
Risco de
umidade ambiente afetando, entre outros,
geada
a composição química da mucilagem do
Excesso
térmico
café, o tipo de atividade microbiana e a in-
Inapto
tensidade do processo fermentativo. Dessa
forma, mesmo regiões propícias à produção
de cafés de boa qualidade possuem uma
diversidade climática que causa variações
nas características da bebida (acidez, corpo
Figura 3 - Zoneamento de risco climático do café (Coffea arabica L.) para o estado de e aroma). Isto, contudo, pode representar
Minas Gerais uma grande vantagem para o Brasil, país
FONTE: Assad et al. (2004). de dimensões continentais, pois, uma vez
I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v. 3 2 , n . 2 6 1 , p . - , m a r. / a b r. 2 0 11

artigo2.indd 5 17/5/2011 12:02:16


6 Produção de café: opção pela qualidade

que a interferência de microrganismos nos tura, precipitação, irradiância e evapotrans- Para melhor compreender as relações
processos fermentativos seja controlada, piração potencial) e a composição bioquí- entre o clima, a maturação dos grãos e a
é possível produzir cafés com caracterís- mica de grãos verdes, foi proposto por Joët qualidade da bebida de café Arábica em al-
ticas regionais de aroma e sabor e atender et al. (2010). Foram utilizadas amostras de gumas localidades de Minas Gerais, Cortez
mercados consumidores com exigências 16 talhões de café Arábica espacializados (1997) utilizou o cálculo do somatório de
diversas, a exemplo do que já acontece na Ilha Reunion (próximo a Madagascar), evapotranspiração potencial e constatou
com os vinhos. escolhida por possuir solo vulcânico, rico que as melhores condições climáticas para
É conhecido o fato de que temperatu- e homogêneo, diferentes microclimas em produzir, naturalmente, bebidas finas fo-
ras baixas são responsáveis pelo adiamen- curta distância, com uma densa rede de ram encontradas em propriedade localizada
to do processo de amadurecimento, que, estações meteorológicas. Todas as parcelas em Carmo do Paranaíba (1.050 m de alti-
por sua vez, leva ao maior acúmulo de foram semeadas no mesmo ano, com a tude), por causa do elevado déficit hídrico
bioquímicos associados à melhora do aro- mesma cultivar e manejo agrícola. Foram no momento da colheita, e em Machado
ma do café (VAAST et al., 2006). Logo, quantificadas variações em lipídios, ácidos e Ouro Fino (1.050 e 900 m de altitude,
a elevação da altitude está relacionada clorogênicos, cafeína e conteúdo de açúcar. respectivamente), por causa do moderado
com o aumento da qualidade da bebida. Entretanto, os resultados ainda foram con- déficit hídrico e temperaturas baixas su-
Serrano e Castrillón (2002) estudaram a traditórios, demonstrando a complexidade ficientes para interromper processos fer-
relação entre a altitude (1.450 a 1.650 m) de encontrar relações consistentes entre mentativos que prejudicam a bebida. Estes
e a qualidade do café no município de variáveis edafoclimáticas, constituintes resultados, contudo, são apenas indicativos
Fresno, Colômbia, e relataram melho- bioquímicos e a melhoria do aroma e sabor do potencial regional e não informam sobre
ria significativa da bebida em altitudes da bebida do café. a influência dos parâmetros climáticos na
mais elevadas. Em Honduras, Decazy A qualidade da bebida de café de- qualidade da bebida do café.
et al. (2003) observaram cafés de qua- pende da composição química do grão,
lidade superior em locais com altitudes determinada por fatores genéticos, tratos Condições climáticas
de Minas Gerais e suas
elevadas e precipitações anuais abaixo culturais e características do ambiente
relações com a qualidade
de 1.500 mm. Entretanto, resultados de cultivo (CARVALHO; CHALFOUN,
da bebida do café
contraditórios foram encontrados nos 1985). Visando caracterizar as principais
trabalhos de Guyot et al. (1996) e Avelino áreas naturalmente aptas para produção Minas Gerais situa-se na Região Su-
et al. (2005). Embora o cultivo de café de bebidas de café (Coffea arabica L.) deste do Brasil, entre os paralelos 14o 13’
Arábica na altitude seja conhecido por classificadas como mole, Camargo, 57’’ e 22o 55’ 47’’ de latitude sul e entre
afetar favoravelmente a qualidade final Santinato e Cortez (1992) determinaram os meridianos 39o 51’ 24’’ e 51o 02’ 56’’
da bebida, Joët et al. (2010) afirmam que condições térmicas e hídricas favoráveis de longitude oeste, com uma extensão
os dados quantitativos que descrevem a descritas no Quadro 1. Essas condições territorial de 582.586 km2, que representa
influência das condições climáticas sobre são encontradas normalmente nas regiões 6,9% da área total do Brasil, inteiramente
a composição química da semente ainda altiplanas de clima mais frio, entre 18 oC contida na zona intertropical (CUPO-
são escassos. Bertrand et al. (2006) inves- e 20 oC de média anual e com deficiência LILLO, 1997). O Estado destaca-se por
tigaram a qualidade da bebida de três tipos hídrica anual elevada nas fases de matu- apresentar grande diversidade de climas,
de variedades de café Arábica, localizados ração e colheita (Alta Mogiana, Sul de em razão de ser uma região tropical de
em diversos ensaios, em altitudes que va- Minas e Triângulo Mineiro) e em regiões transição climática, que advém das células
riaram de 700 a 1.600 m em El Salvador, com deficiências hídricas excessivamente de circulação atmosférica tropical, dos sis-
Costa Rica e Honduras, e observaram que elevadas, cuja cafeicultura necessita de temas frontais (fatores dinâmicos) e de suas
os cafés localizados em altitudes elevadas irrigação suplementar. interações com a continentalidade tropical
apresentaram efeito significativo positivo
na composição bioquímica dos grãos. Os
QUADRO 1 - Parâmetros de temperatura média anual e deficiência hídrica, utilizando capa-
parâmetros microclimáticos, contudo,
cidade de retenção de água no solo de 125 mm, para a obtenção de bebida fina
não foram registrados e, portanto, não foi
Temperatura média anual Deficiência hídrica anual (mm) superior
possível concluir se os efeitos da altitude (oC) a
são principalmente relacionados com o 18 a 19 20
gradiente de temperatura ou com outras 19 a 20 50
variáveis edafoclimáticas. 21 a 21 100
Um estudo mais rigoroso, relacionando 21 a 22 150
as principais variáveis climáticas (tempera- FONTE: Camargo, Santinato e Cortez (1992).

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v. 3 2 , n . 2 6 1 , p . - , m a r. / a b r. 2 0 11

artigo2.indd 6 17/5/2011 12:02:16


Produção de café: opção pela qualidade 7

e a topografia regional (fatores estáticos), tribuição das chuvas de acordo com as Nor- A temperatura é um fator climático
bastante acidentada (CUPOLILLO, 2008). mais Climatológicas do período 1961-1990 importante na pré-colheita, colheita e
O macroclima caracteriza-se por uma sazo- (CARVALHO et al., 2007). A precipitação é pós-colheita. Na pré-colheita, as altas
nalidade bem definida, com duas estações um dos atributos que mais influenciam nas temperaturas influenciam na desfolha,
claramente distintas, um verão úmido e fases fenológicas do cafeeiro e é utilizada principalmente durante o estádio de
quente e um inverno seco e ameno, e outras para ordenar geograficamente áreas aptas, frutificação, como relatado por Rena e
duas de transição, o outono e a primavera restritas e inaptas ao cultivo. Atualmente, Maestri (1986). Essa desfolha, durante a
(VIANELLO et al., 2006). Quanto à di- regiões restritas à disponibilidade hídrica, frutificação, pode ocasionar prejuízo para
nâmica atmosférica, o Estado encontra-se mas que adotaram práticas de irrigação su- a planta que necessita desses aparatos para
sujeito à influência de mecanismos de plementar, têm apresentado destaque tanto realizar o enchimento dos frutos. Já outros
larga escala, como os anticiclones quase- na produtividade quanto na qualidade da relatos na literatura mostram que a queda
da temperatura em decorrência das chuvas
estacionários do Atlântico Sul e do Pacífico bebida do café. Observam-se quatro faixas
ocasiona a quebra de dormência de botões
Sul, responsáveis, em grande parte, pelas de precipitação média anual evidenciando
florais (MES, 1957; BROWING, 1977
condições do tempo meteorológico sobre regiões com volume que varia de menor
apud SOARES et al., 2005). Camargo,
o Estado, justificando a estação seca no que 1.000 mm até maior que 1.500 mm
Rolim e Santos (2007) observaram tam-
inverno e chuvas no verão. O centro de de precipitação anual total. A precipitação
bém que temperaturas elevadas podem
baixa pressão provoca intensas formações anual ótima para o cafeeiro está entre 1.200
provocar redução no crescimento vege-
convectivas que penetram no estado de e 1.800 mm, mas a planta cresce e produz
tativo e descoloração foliar do cafeeiro.
Minas Gerais, associando-se às frentes bem de 800 a 2.000 mm (ALÉGRE, 1959
Essas reduções e a perda de pigmentação
polares, dando origem a uma larga faixa apud RENA; MAESTRI, 1986). No perí-
foliar irão prejudicar a lavoura de café
de grande nebulosidade, não raras vezes odo de vegetação e frutificação, o cafeeiro
e, consequentemente, haverá perda na
estacionando-se sobre Minas Gerais no necessita de maior umidade no solo e, na
qualidade final do produto. No mapa apre-
sentido noroeste-sudeste, dando origem fase de colheita e repouso, essa necessidade
sentado na Figura 5 (BARBOSA, 2009),
à Zona de Convergência do Atlântico é pequena, podendo o solo ficar com uma
observa-se que, pela sua grande extensão
Sul, responsável por chuvas contínuas menor umidade sem grandes prejuízos para
territorial, o Estado compreende diversas
(CUPOLILLO, 2008). a planta (MATIELLO, 1991; CARMAGO;
faixas latitudinais que vão desde o extre-
A Figura 4 apresenta o mapa de pluviosi- CAMARGO, 2001; CAMARGO; ROLIM;
mo sul, com temperaturas mais amenas,
dade do estado de Minas Gerais, com a dis- SANTOS, 2007).
ao extremo norte, com temperaturas mais
quentes. Observam-se faixas de tempera-
tura das áreas com limites térmicos para o
51 º0’0”W 48 º0’00”W 45 º0’0”W 42 º0’0”W
cultivo do café, os quais variam de 12 °C
Mapa de pluviosidade elaborado a partir das
15 º0’0”S a 26 °C. O cafeeiro não tolera variações
Normais Climatológicas (1961-1990)
muito amplas de temperatura, estando a
15 º0’0”S temperatura ótima compreendida entre
18 °C e 21 °C (ALÉGRE, 1959 apud
RENA; MAESTRI, 1986). Na colheita e
18 º0’00”S pós-colheita, sua influência é maior, quan-
do somada ao fator umidade, propiciando
18 º0’00”S a proliferação de pragas que irão afetar
a qualidade da bebida. Em regiões que
apresentam temperatura elevada, a forma
21 º0’0”S
de processamento dos frutos de café por
Pluviosidade (mm)
via úmida, ou seja, café cereja descascado,
< 1000
1000 - 1200 21 º0’0”S
propiciará uma melhor qualidade da bebi-
1200 - 1500 da, evitando fermentações indesejáveis à
Meters
> 1500 qualidade. Outros autores que estudaram
0 65.000 130.000 260.000 390.000 520.000
51 º0’0”W 48 º0’00”W 45 º0’0”W 42 º0’0”W 39 º0’0”W os efeitos do clima e do ambiente sobre a
Figura 4 - Mapa de classes de precipitação pluvial total média anual (mm) para o estado qualidade da bebida do café relataram a
de Minas Gerais forte influência tanto da temperatura quan-
FONTE: Dados básicos: Carvalho et al. (2007 apud BARBOSA, 2009). to da precipitação (DECAZY et al., 2003).
I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v. 3 2 , n . 2 6 1 , p . - , m a r. / a b r. 2 0 11

artigo2.indd 7 17/5/2011 12:02:29


8 Produção de café: opção pela qualidade

O índice de umidade também pode 51 º0’0”W 48 º0’00”W 45 º0’0”W 42 º0’0”W


ser utilizado para a espacialização da Mapa de temperatura elaborado a partir das
15 º0’0”S
aptidão da cafeicultura, o que possibilita Normais Climatológicas (1961-1990)

a melhoria do atual modelo de zoneamen- 15 º0’0”S

to citado por Meireles et al. (2007). No


mapa de índice de umidade, apresentado
18 º0’00”S
na Figura 6, podem ser observadas áreas
com disponibilidade hídrica e déficit
18 º0’00”S
hídrico, relacionados com diferentes
indicadores climáticos apresentados no
Quadro 2 (CARVALHO et al., 2007). 21 º0’0”S Temperatura (ºC)
A cor vermelha representa áreas com 12 - 19
19 - 21
maior déficit e a azul intenso, áreas com 21 - 22
21 º0’0”S

22 - 24 Meters
alta umidade. 24 - 26 0 65.000 130.000 260.000 390.000 520.000
Outro fator ambiental de grande rele- 51 º0’0”W 48 º0’00”W 45 º0’0”W 42 º0’0”W 39 º0’0”W

vância para a cafeicultura é o relevo que,


para uma mesma região, diferencia climas Figura 5 - Mapa de classes de temperatura média anual (oC) para o estado de Minas
Gerais
mais frios em altitudes maiores, quando
FONTE: Dados básicos: Carvalho et al. (2007 apud BARBOSA, 2009).
comparados à média da região. Existe
também a influência da exposição das
encostas que afetam os níveis de radiação 51 º0’0”W 48 º0’00”W 45 º0’0”W 42 º0’0”W
solar. Contudo, são poucos os trabalhos 15 º0’0”S Mapa de índice de umidade
que avaliam essa influência na qualidade elaborado a partir das
Normais Climatológicas
do café. Avelino et al. (2005) realizaram (1961-1990)
15 º0’0”S

um estudo sobre os efeitos da altitude e


a disposição geográfica de encostas para
18 º0’00”S
dois terroirs da Costa Rica: Orosi e Santa
Maria de Dota e constataram diferenças nas 18 º0’00”S

bebidas dos cafés produzidos nessas áreas


distintas. Verificaram que quanto maior a
Índice de umidade
altitude, maior a qualidade. 21 º0’0”S
(-58) - (-27)
A cafeicultura mineira tem sua pro- (-27) - 5
5 -36 21 º0’0”S
dução distribuída em quatro ambientes 36 - 68
68 - 100 Meters
principais, constituídos pelas regiões 100 - 132 0 65.000 130.000 260.000 390.000 520.000

Sul de Minas (Sul/Sudoeste), Matas de 51 º0’0”W 48 º0’00”W 45 º0’0”W 42 º0’0”W 39 º0’0”W

Minas (Zona da Mata/Rio Doce), Cer- Figura 6 - Zoneamento climático com base no índice de umidade (IU) de Thorntwaite
rados de Minas (Triângulo Mineiro/Alto para o estado de Minas Gerais
Paranaíba) e Chapadas de Minas (Vale FONTE: Dados básicos: Carvalho et al. (2007 apud BARBOSA, 2009).
do Jequitinhonha/Mucuri) (IMA, 1995).
Essas regiões apresentam características QUADRO 2 - Tipos climáticos estabelecidos no Zoneamento Ecológico Econômico do Estado
distintas, tanto em relação ao meio físico, de Minas Gerais (ZEE-MG)
quanto em relação às condições socio- Tipo de clima Índice de umidade
econômicas. Por sua grande extensão Superúmido ≥ 100
Úmido 80 a 100
territorial, o estado de Minas compreende
Úmido 60 a 80
diversas faixas latitudinais, que vão do
Úmido 40 a 60
extremo sul, com temperaturas mais ame-
Úmido 20 a 40
nas, ao extremo norte, com temperaturas
Subúmido 0 a 20
mais quentes. Também no que se refere
Subúmido seco -33,3 a 0
ao clima, altas altitudes são sinônimo de Semiárido -66,7 a -33,3
baixas temperaturas. Conforme Ayoade Árido -100 a -66,7
(2003), a temperatura do ar decresce FONTE: Carvalho et al. (2007).

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v. 3 2 , n . 2 6 1 , p . - , m a r. / a b r. 2 0 11

artigo2.indd 8 17/5/2011 12:02:49


Produção de café: opção pela qualidade 9

a uma taxa média de 0,6 oC, a cada as normais climatológicas do período Matas de Minas (Fig. 8), desaparecem na
100 m de altitude crescente. Dessa forma, 1961/1990, de temperatura, pluviosida- terceira fase, tornando-se focos de baixa
em relação à temperatura, as diversas de e índice de umidade do Zoneamento intensidade amostral. Verificam-se focos
regiões produtoras de café do Estado Ecológico Econômico de Minas Gerais de alta e média intensidade na região do
sofrem a influência das interações entre (ZEE-MG) (CARVALHO et al., 2007). Sul de Minas. Na quarta fase, para o ano
latitude e altitude. Laviola et al. (2007), As amostras foram espacializadas com de 2007 (Fig. 10), pode-se observar que
ao trabalharem com o cultivo de cafeeiro base na localização geográfica (latitude o Hot Point concentra-se no extremo sul
em altitudes distintas comprovaram que a e longitude) da sede do município ao da região Sul de Minas, e em seu entorno,
alocação de fotoassimilados em folhas e qual pertenciam. Para a visualização da focos de alta e média intensidade amostral.
frutos de cafeeiro são influenciados pela intensidade de concentração de amostras Ou seja, na fase em que ficam os cafés
altitude. Decazy et al. (2003) relatam foram criados mapas de Kernel e as áreas finalistas do concurso, verificou-se alta
que a altitude e o clima desempenham que continham o maior número de eventos concentração de amostras na região do
um importante papel por meio da tem- foram denominadas Hot Points. Os mapas Sul de Minas para ambas as categorias,
peratura e da disponibilidade de água e de Kernel que mostram a distribuição mostrando que a região destaca-se pela
luz, durante o período de maturação do espacial das amostras de cafés das duas produção de cafés com boa qualidade
cafeeiro. Fica evidente que as grandes categorias, café natural e cereja descas- de bebida. O clima e a altitude desempe-
variações ambientais de Minas Gerais cado, nas quatro fases do Concurso de nham um importante papel no período de
influenciam diretamente as características Qualidade - Cafés de Minas, do ano 2007, maturação do cafeeiro em decorrência da
de qualidade dos cafés produzidos no Es- estão apresentados nas Figuras 7 a 10. A temperatura, luz e água disponível (BER-
tado, proporcionando uma variabilidade cor vermelha caracteriza uma região com TRAND et al., 2006). Isto talvez explique
de sabor e aroma que precisam ser mais concentração muito alta de amostras − Hot a ocorrência de Hot Points no Sul de
bem estudados e identificados. Point. A cor laranja caracteriza a região Minas, principalmente no extremo sul da
com alta concentração. As regiões com região na quarta fase do concurso, fato que
Distribuição espacial de é ratificado pelo histórico de municípios
média, baixa e muito baixa concentração
cafés no estado de Minas da região da Serra da Mantiqueira, tradi-
são representadas, respectivamente, pelas
Gerais e sua relação com a cionalmente conhecidos pela produção
qualidade cores amarela, verde e azul.
Os resultados evidenciaram uma boa de cafés de qualidade, com notoriedade
Diante da necessidade de conhecer as distribuição das amostras, com focos nacional e internacional.
áreas com potencial de produção de cafés de média, alta e muito alta intensidade O sabor e o aroma do café estão
de qualidade de Minas Gerais, Barbosa amostral. Por meio da análise espacial relacionados com a presença de vários
et al. (2010) relacionaram a qualidade observa-se a mudança dos Hot Points, ou constituintes químicos voláteis e não
sensorial dos cafés participantes do Con- seja, da alta concentração das amostras, da voláteis, proteínas, aminoácidos, ácidos
curso de Qualidade – Cafés de Minas, primeira à quarta etapa de classificação do graxos, compostos fenólicos e também
com as características ambientais e geo- concurso. Na Figura 7, referente às avalia- à ação de enzimas sobre alguns desses
gráficas dos seus respectivos municípios. ções da primeira fase, pode ser observado constituintes. Além da composição quími-
O concurso é realizado anualmente, pela um foco de concentração amostral muito ca, o processamento pós-colheita também
Emater-MG e pela Ufla e compreende alto, ou seja, um Hot Point, em vermelho influencia na qualidade final do produto,
quatro etapas. A primeira é constituída por no mapa, localizado no município de São originando bebidas de características
todos os inscritos, e são avaliados os as- Sebastião do Paraíso, e três focos de alta distintas. Com o objetivo de avaliar as
pectos físicos. A partir da segunda etapa, intensidade amostral na cor laranja. A relações entre a qualidade, o conteúdo
são avaliados os atributos sensoriais para Figura 8 mostra uma maior distribuição de compostos químicos e características
amostras de café, separadas nas categorias dos focos de média intensidade amostral ambientais, Barbosa (2009) relacionou
de café natural e café cereja descascado, na segunda fase do concurso, surgindo o resultado da análise sensorial de 60
de acordo com a metodologia da As- nas regiões dos Cerrados de Minas, Ma- amostras participantes do concurso de
sociação Brasileira de Cafés Especiais tas de Minas e Sul de Minas. Observa-se 2007, com características ambientais e o
(BSCA). Nas análises sensoriais, a bebida também a ocorrência de dois Hot Points, conteúdo de trigonelina, cafeína e ácido-
do café é avaliada quanto ao sabor e aro- um a sudoeste da região Sul de Minas e 5-cafeiolquínico, presentes nos grãos de
ma, sendo também avaliados os atributos outro ao extremo sul dessa região. Ao ob- café produzidos nesses municípios.
corpo, acidez, doçura e fragrância. Com servar a Figura 9, nota-se que os focos de Os resultados demonstraram dis-
o intuito de caracterizar o ambiente dos média intensidade amostral presentes na criminação de notas altas e baixas em
municípios participantes foram utilizadas segunda fase do concurso, na região das decorrência das variáveis ambientais,
I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v. 3 2 , n . 2 6 1 , p . - , m a r. / a b r. 2 0 11

artigo2.indd 9 17/5/2011 12:02:49


10 Produção de café: opção pela qualidade

50 º0’0”W 45 º0’0”W 40 º0’0”W


50 º0’0”W 45 º0’0”W 40 º0’0”W
Mapa de Kernel
Mapa de Kernel
15 º0’0”S Segunda fase (2007)
15 º0’0”S Primeira fase (2007)
Café natural e cereja descascado
Café natural e cereja descascado
15 º0’0”S
15 º0’0”S

20 º0’0”S 20 º0’0”S

Legenda Legenda
20 º0’0”S 20 º0’0”S
Muito baixa Muito baixa
Baixa Baixa
Média
Média
Alta
Alta
Muito alta
Meters Muito alta
0 75.000 150.000 300.000 450.000 600.000 Meters
0 75.000 150.000 300.000 450.000 600.000
50 º0’0”W 45 º0’0”W 40 º0’0”W
50 º0’0”W 45 º0’0”W 40 º0’0”W

Figura 7 - Concentração das amostras de café natural e café cereja Figura 8 - Concentração das amostras de café natural e café cereja
descascado na primeira fase do Concurso de Qualidade - descascado na segunda fase do Concurso de Qualidade -
Cafés de Minas, para o ano de 2007 Cafés de Minas, para o ano de 2007
FONTE: Barbosa et al. (2010). FONTE: Barbosa et al. (2010).

50 º0’0”W 45 º0’0”W 40 º0’0”W 50 º0’0”W 45 º0’0”W 40 º0’0”W

Mapa de Kernel Mapa de Kernel


15 º0’0”S
Terceira fase (2007) Quarta fase (2007)
15 º0’0”S
Café natural e cereja descascado Café natural e cereja descascado

15 º0’0”S 15 º0’0”S

20 º0’0”S 20 º0’0”S

Legenda Legenda
20 º0’0”S 20 º0’0”S
Muito baixa Muito baixa
Baixa Baixa
Média Média
Alta Alta
Muito alta Muito alta
Meters Meters
0 75.000 150.000 300.000 450.000 600.000 0 75.000 150.000 300.000 450.000 600.000
50 º0’0”W 45 º0’0”W 40 º0’0”W 50 º0’0”W 45 º0’0”W 40 º0’0”W

Figura 9 - Concentração das amostras de café natural e café cereja Figura 10 - Concentração das amostras de café natural e café cereja
descascado na terceira fase do Concurso de Qualidade - descascado na quarta fase do Concurso de Qualidade
Cafés de Minas, para o ano de 2007 Cafés de Minas, para o ano de 2007
FONTE: Barbosa et al. (2010). FONTE: Barbosa et al. (2010).

evidenciando forte influência da tempe- notas. Esse fato também foi observado por geográfico. Ainda assim, constituem im-
ratura, precipitação, altitude e latitude na Avelino et al. (2005) em cafés da Costa portantes indicadores de caminhos para
qualidade dos cafés estudados. O Gráfico 1 Rica, mas dados semelhantes ainda não trabalhos futuros que visem uma melhor
apresenta a superfície obtida a partir dos da- haviam sido descritos para cafés do Brasil. compreensão das relações entre o am-
dos de altitude, latitude e qualidade sensorial. O trabalho possui caráter exploratório e biente e a qualidade dos cafés do estado
Os resultados evidenciam que as notas ilustrativo, uma vez que as coordenadas de Minas Gerais.
de qualidade de bebida variaram com a geográficas utilizadas referem-se às sedes
altitude, em função da latitude. Assim, municipais de origem das amostras, não CONSIDERAÇÕES FINAIS
quanto maior a altitude, maiores as notas e sendo, portanto, suficientes para obter A realidade dos mercados nacional e
quanto maior a latitude, menor a exigência afirmações precisas da espacialização internacional de café mostra que existe
de altitudes elevadas para as melhores da qualidade e suas relações com o meio uma demanda crescente por cafés espe-
I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v. 3 2 , n . 2 6 1 , p . - , m a r. / a b r. 2 0 11

artigo2.indd 10 17/5/2011 12:03:06


Produção de café: opção pela qualidade 11

ce of Food and Agriculture, Malden, v.85,


n.11, p.1869-1876, Aug. 2005.
20 AYOADE, J.O. Introdução à climatologia
para os trópicos. 9.ed. Rio de Janeiro: Ber-
trand Brasil, 2003.
40 20
BARBOSA, J.N. Distribuição espacial de
20
cafés do estado de Minas Gerais e sua rela-
ção com a qualidade. 2009. 108p. Disserta-
20 40 40
ção (Mestrado em Fisiologia Vegetal) − Uni-
versidade Federal de Lavras, Lavras. 2009.
20 _______. et al. Spatial distribution of coffees
from Minas Gerais state and their relation
with quality. Coffee Science, Lavras, v.5,
60
n.3, p.237-250, Sept./Dec. 2010.
60
BERTRAND, B. et al. Comparison of bean
60
60 biochemical composition and beverage

80
quality of Arabica hybrids involving su-
danese-ethiopian origins with traditional
varieties at various elevations in Central
America. Tree Physiology, Cary, v.26, n.9,
p.1239-1248, Sept. 2006.
Gráfico 1 - Superfície das amostras inscritas no ano de 2007, relacionando nota de qua-
BORÉM, F.M.; FRIEDLANDER, D. Navi-
lidade de bebida, altitude e latitude de 60 amostras finalistas do Concurso de
Qualidade - Cafés de Minas, do ano de 2007 gating origins. Roast Magazine, Portland,
p.94-95, Sept./Oct. 2009.
FONTE: Barbosa (2009).
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuá-
ria e Abastecimento. Zoneamento agríco-
ciais, cujas qualidades ou características demanda qualidade, tais estudos precisam la. Brasília, 2011. Disponível em: <http://
estejam relacionadas com o meio geográ- www.agricultura.gov.br/portal/ page/portal/
ser realizados para que se conheça a dis-
Internet-MAPA/pagina-inicial/politica-agri-
fico. Os municípios mineiros vêm con- tribuição espacial da qualidade dos cafés cola/zoneamento-agricola>. Acesso em: 17
quistando concursos de qualidade de café, produzidos no Estado e para que se possa abr. 2011.
abrindo espaço no mercado e agregando utilizar desse conhecimento para agregar CAMARGO, A.P. de; CAMARGO, M.B.P. de.
valor ao produto. Por sua grande extensão valor e sustentabilidade à cafeicultura Definição e esquematização das fases feno-
territorial e variação ambiental, o Estado mineira. lógicas do cafeeiro arábica nas condições
possibilita a produção de cafés de qualida- tropicais do Brasil. Bragantia, Campinas,
de com grande diversidade de sabor e aro- REFERÊNCIAS v.60, n.1, p.65-68, 2001.
ma. Estas diferenças estão relacionadas _______; PEREIRA, A.R. Agrometeorology of
ASSAD, E.D. et al. Impacto das mudanças
com as características peculiares de cada the coffee crop. Geneva: World Meteorologi-
climáticas no zoneamento agroclimático do
município, principalmente às variações cal Organization, 1994. 96p. (World Meteo-
café no Brasil. Pesquisa Agropecuária Bra-
rological Organization. CAgM Report, 58).
de clima, latitude, altitude e sistemas de sileira, Brasília, v.39, n.11, p.1057-1064,
produção. Por meio da análise espacial, nov. 2004. _______; SANTINATO, R.; CORTEZ, J.G.
Aptidão climática para qualidade da bebida
foi possível apontar alguns dos fatores _______ et al. Uso de modelos numéricos
nas principais regiões cafeeiras de arábica
que influenciam a qualidade dos cafés do de terreno na espacialização de épocas de no Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO
estado de Minas Gerais, demonstrando plantio. In: ASSAD, E.D.; SANO, E.E. (Ed.). DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 18., 1992,
que quanto maior a altitude, maior a nota Sistema de Informações Geográficas: apli- Araxá. Resumos... Rio de Janeiro: MAA-
obtida na análise sensorial, e que em la- cações na agricultura. ������������������
Planaltina: EMBRA- PROCAFÉ, 1992. p.70-74.
PA-CPAC, 1993. cap.10, p.231-248.
titudes maiores a influência da altitude na _______. Zoneamento da aptidão climática
obtenção de cafés de melhor qualidade é ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA para a cafeicultura de arábica e de robus-
menor (BARBOSA, 2009; BARBOSA et DE CAFÉ. Guia da qualidade dos cafés do ta no Brasil. In: IBGE. Recursos naturais,
Brasil - safra 2009. Rio de Janeiro, 2009. 111p. meio ambiente e poluição: contribuição de
al., 2010). Entretanto, estudos semelhan-
AVELINO, J. et al. Effects of slope exposure, um ciclo de debates. Rio de Janeiro, 1977.
tes são ainda escassos no Brasil e poucos
altitude and yield on coffee quality in two v.1, p.68-76.
trabalhos tentaram identificar tal relação.
altitude terroirs of Costa Rica, Orosi and CAMARGO, M.B.P. de; ROLIM, G. de S.;
Numa realidade global, que privilegia e
Santa Maria de Dota. Journal of the Scien- SANTOS, M.A. dos. Modelagem agroclima-

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v. 3 2 , n . 2 6 1 , p . - , m a r. / a b r. 2 0 11

artigo2.indd 11 17/5/2011 12:03:07


12 Produção de café: opção pela qualidade

tológica do café: estimativa e mapeamento ments. Journal of Food Science, Malden, SEDIYAMA, G.C. et al. Zoneamento agrocli-
das produtividades. Informe Agropecuá- v.68, n.7, p.2356-2361, Sept. 2003. mático do cafeeiro (Coffea arabica L.) para o
rio. Geotecnologias, Belo Horizonte, v.28, estado de Minas Gerais. Revista Brasileira
GUYOT, B. et al. Influence de l’altitude et de
n.241, p.58-65, nov./dez. 2007. de Agrometeorologia, Passo fundo, v.9, n.3,
l’ombrage sur la qualité des cafés Arabica.
CARVALHO, L.G. et al. Clima. In: SCOLFO- Plantations Recherche Développement, Mont- p.501-509, 2001. Número especial.
RO, J.R.; CARVALHO, L.M.T. de; OLIVEIRA, pellier, v.3, n.4, p.272-280, juil./août 1996. SERRANO, C.E.B.; CASTRILLÓN, J.J.C.
A.D. de (Org.). Zoneamento econômico Influência de la altitud en la calidad de la
IMA. Portaria n 165, de 27 de abril de 1995.
o

ecológico de estado de Minas Gerais: com- Delimita regiões produtoras de café do es- bebida de muestras de café procedente del
ponente geofísico e biótico. Lavras: UFLA, tado de Minas Gerais para a instituição ecotopo 206 B en Colombia. Cenicafé, Ma-
2007. CD-ROM. do certificado de origem. Belo Horizonte, nizales, v.53, n.2, p.119-131, abr./jun. 2002.
CARVALHO, V.D. de; CHALFOUN, S.M. As- 1995. Disponível em: <http://www.ima. SOARES, A.R. et al. Irrigação e fisiologia
pectos qualitativos do café. Informe Agro- mg.gov.br/ certificacao/legislacao>. Acesso da floração em cafeeiros adultos na região
pecuário. Café, Belo Horizonte, v.11, n.126, em: 18 dez. 2008. da Zona da Mata de Minas Gerais. Acta
p.79-91, jun. 1985. JOËT T. et al. Influence of environmental Scientiarum. Agronomy, Maringá, v.27, n.1,
_______. et al. Fatores que afetam a quali- factors, wet processing and their interac- p.117-125, jan./mar. 2005.
dade do café. Informe Agropecuário. Qua- tions on the biochemical composition of SOUZA, S.M.C. O café (Coffea arabica L.)
lidade do café, Belo Horizonte, v.18, n.187, green Arabica coffee beans. Food Chemis- na região Sul de Minas Gerais: relação da
p.5-20, 1997. try, Maryland Heights, v.118, n.3, p.693- qualidade com fatores ambientais, estrutu-
701, Feb. 2010. rais e tecnológicos. 1996. 171f. Tese (Douto-
CORTEZ, J.G. Aptidão climática para qua-
lidade da bebida nas principais regiões ca- LAVIOLA, B.G. et al. Acúmulo de nu- rado em Fitotecnia) − Universidade Federal
feeiras de Minas Gerais. Informe Agrope- trientes em frutos de cafeeiro em quatro de Lavras, Lavras. 1996.
cuário. Qualidade do café, Belo Horizonte, altitudes de cultivo: cálcio, magnésio e TAUNAY, A. de E. História do café no Brasil:
v.18. p.27-31, 1997. enxofre. Revista Brasileira de Ciência do no Brasil Imperial 1822-1872. Rio de Janeiro:
Solo,Viçosa, MG, v.31, n.6, p.1451-1462, Departamento Nacional do Café, 1939.
COSTA, L.; CHAGAS, S.J. de R. Gourmets:
nov./dez. 2007.
uma alternativa para o mercado de café. THORNTHWAITE, C.W.; MATHER, J.R. The
Informe Agropecuário. Qualidade do café, MATIELLO, J.B. Processamento, classifica- water balance. Centeron: Drexel Institute of
Belo Horizonte, v.18, n.187, p.63-67, 1997. ção, industrialização e consumo de café. In: Technology-Laboratory of Climatology, 1955.
_______. O café: do cultivo ao consumo. São 104p. (Publications in Climatology, v.8, n.1).
CUPOLILLO, F. Diagnóstico hidroclimato-
Paulo: Globo, 1991. p.273-317.
lógico da bacia do Rio Doce. 2008. 156p. VAAST, P. et al. Fruit thinning and shade
Tese (Doutorado em Geografia) − Univer- MEIRELES, E.J.L. et al. Zoneamento agro- improve bean characteristics and beverage
sidade Federal de Minas Gerais, Belo Hori- climático: um estudo de caso para o café. quality of coffee (Coffea arabica L.) under
zonte, 2008. Informe Agropecuário. Geotecnologias, optimal conditions. Journal of the Science
Belo Horizonte, v.28, n.241, p.50-57, nov./ of Food and Agriculture, Malden, v.86, n.2,
_______. Períodos de estiagem durante a
dez. 2007. p.197-204, Jan. 2006.
estação chuvosa no estado de Minas Ge-
rais: espacialização e aspectos dinâmicos NEVES, C. A estória do café. Rio de Janeiro: VIANELLO, R.L. et al. Veranico 2006 em
relacionados. 1997. 148p. Dissertação (Mes- IBC, 1974. 52p. Minas Gerais: precedentes meteorológicos
trado em Meteorologia Agrícola) – Universi- RENA, A.B.; MAESTRI, M. Fisiologia do ca- e impactos na agricultura. In: CONGRES-
dade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 1997. feeiro. In: _______. et al. (Ed.). Cultura do SO BRASILEIRO DE METEOROLOGIA,
DECAZY, F. et al. Quality of different hon- cafeeiro: fatores que afetam a produtivida- 14.,2006, Florianópolis. Anais... Florianó-
duran coffes in relation to several environ- de. Piracicaba: POTAFOS, 1986. p.14-85. polis: UFSC, 2006.

186 x 48 mm

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v. 3 2 , n . 2 6 1 , p . - , m a r. / a b r. 2 0 11

artigo2.indd 12 17/5/2011 12:03:08

Você também pode gostar