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Vox Dei:
A Teologia Reformada da Pregação
Paulo R. B. Anglada*
A pregação, como uma forma distinta de comunicação da vontade de Deus revelada na sua
Palavra, está em declínio. Em muitas igrejas ela tem sido substituída por um número cada vez maior de
atividades.
Há 30 anos atrás, o Dr. Martyn Lloyd-Jones foi convidado a proferir uma série de
conferências no Westminster Theological Seminary, em Filadélfia. Nessas palestras, publicadas em 1971
com o título Pregação e Pregadores, ele enfatizou que a pregação é a tarefa primordial da igreja e do
ministro, e explicou que estava ressaltando isso “por causa da tendência, hoje, de depreciar a pregação
em prol de várias outras formas de atividade.”1 A situação não melhorou. John J. Timmerman observou,
quase vinte anos depois, que “em muitas igrejas o sermão é uma ilha que diminui cada vez mais em um
mar turbulento de atividades.”2
Mesmo igrejas de tradição reformada parecem estar sucumbindo paulatina, mas
progressivamente, a essa tendência, e o lugar da pregação no culto tem perdido importância. John Frame,
teólogo de tradição reformada, publicou há dois anos o livro Culto em Espírito e em Verdade: Um
Estudo Estimulante dos Princípios e Práticas do Culto Bíblico. No livro o autor nega, entre outras
coisas, que a pregação seja função restrita dos ministros da Palavra, ou mesmo dos presbíteros em geral,
considera a dramatização e o diálogo métodos legítimos de ensino no culto público, e não vê razão pela
qual um culto público não possa ser inteiramente musical.3 David Engelsma, outro reformado
conhecido, observa, entretanto, que com base na negação de qualquer distinção entre o culto público
oficial e o culto familiar, John Frame faz uma interpretação tão ampla do princípio regulador reformado,
que este acaba se tornando sem sentido.4
Muitas são as razões para o declínio contemporâneo da pregação. O surgimento de novos
meios de comunicação e de novas mídias interativas, a aversão do homem pós-moderno pela verdade
objetiva ou absoluta, a secularização da sociedade, o afastamento do cristianismo das Escrituras, e a
própria corrupção da pregação, em muitos púlpitos degenerada em eloqüência de palavras, demonstração
de sabedoria humana, elucubrações metafísicas, meio de entretenimento, ou embromação pastoral
dominical, certamente são algumas delas.5 Uma das principais razões, entretanto, diz respeito à
concepção moderna da pregação, muitas vezes encarada como atividade meramente humana e pouco
relevante, cuja eficácia depende fundamentalmente das habilidades naturais ou capacidade do pregador.
Todas estas tendências, influências e concepções produziram resultados devastadores sobre
a pregação nos meios evangélicos. Ela tornou-se como que um apêndice no culto público, e as
conseqüências, sem dúvida, se têm feito sentir na vida da igreja. Na perspectiva reformada, o declínio do
lugar da pregação no evangelicalismo moderno é uma constatação seríssima. Se a teologia reformada
com relação à pregação reflete o ensino bíblico, então muito do estado presente da igreja cristã, se
explica como resultado desse declínio da pregação. Meu propósito com este artigo é apresentar,
resumidamente, o ensino reformado concernente à natureza, importância, eficácia e propósito da
pregação.
I. A NATUREZA DA PREGAÇÃO
O conceito reformado de palavra de Deus é mais amplo do que aquele geralmente compreendido
pela expressão. Ele inclui a palavra escrita: a Bíblia; a palavra encarnada: Cristo; a palavra simbolizada
ou representada: os sacramentos do batismo e da ceia; e a palavra proclamada: a pregação.6 Na teologia
reformada, portanto, a pregação da Palavra de Deus é palavra de Deus. Esta concepção de pregação é
professada no primeiro capítulo da Segunda Confissão Helvética, de Bullinger, nos seguintes termos:
A Pregação da Palavra de Deus é palavra de Deus. Por isso, quando a
Palavra de Deus é presentemente pregada na igreja por pregadores legitimamente
chamados, cremos que a própria palavra de Deus é proclamada e recebida pelos féis;
e que nenhuma outra palavra de Deus deve ser inventada nem esperada do céu...
Isto não significa identificação absoluta da palavra pregada com a palavra escrita. As Escrituras
são definitivas e supremas, inerentemente normativas, enquanto que a autoridade da pregação é sempre
delas derivada e a elas subordinada.7 Não significa também que a pregação seja inspirada ou inerrante.
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Os pregadores, por mais fiéis que sejam na exposição das Escrituras, não são preservados do erro como
o foram os autores bíblicos. Muito menos significa que os ministros da Palavra sejam instrumentos de
novas revelações do Espírito. O próprio documento reformado acima citado repudia essa idéia, ao
afirmar que “nenhuma outra palavra de Deus deve ser inventada nem esperada do céu.”
A pregação da Palavra de Deus é palavra de Deus, primeiro porque é na condição de porta-voz,
de embaixador, de representante comissionado por Deus, que o pregador fala (2 Co 5.20). “A natureza
da obra do pregador,” observa Dabney, “é determinada pela palavra empregada para descrevê-la pelo
Espírito Santo. O pregador é um arauto.”8 A pregação é palavra de Deus porque é entregue em nome de
Deus, e debaixo da sua autoridade. Em segundo lugar, a pregação é palavra de Deus em virtude do seu
conteúdo. Parker observa que a pregação recebe seu status de palavra de Deus das Escrituras. A pregação
“é palavra de Deus, porque transmite a mensagem bíblica, que é a mensagem ou Palavra de Deus.”9
Enquanto a pregação refletir fielmente a Palavra de Deus, ela tem a mesma autoridade, e requer dos
ouvintes a mesma obediência.10
Robert L. Dabney observa que o uso do termo arauto para descrever o ofício do pregador encerra
duas implicações. Primeiro, que não lhe compete inventar sua mensagem, mas transmiti-la e explicá-la.
Segundo, que o arauto
...não transmite a mensagem como mero instrumento sonoro, como uma trombeta ou
tambor; ele é um meio inteligente de comunicação...; ele tem um cérebro, além de uma língua; e
espera-se que ele entregue e explique de tal maneira a mente do seu senhor, que os ouvintes recebam,
não apenas os sons mecânicos, mas o verdadeiro significado da mensagem.”11
Pregação, definiu Phillips Brooks, é a comunicação da verdade de Deus através da personalidade
do pregador.12 Assim como a palavra inspirada não deixa de ser divina, embora escrita por autores
humanos em pleno uso de suas peculiaridades humanas, assim também a palavra pregada não deixa de
ser de Deus por ser mediada pela personalidade do pregador.
Na verdade, mais do que mero instrumento de comunicação da vontade de Deus, a pregação, na
concepção reformada, é um dos meios pelos quais Cristo se faz presente na igreja. Assim como a fé
reformada crê na real presença espiritual de Cristo nos sacramentos, crê também na sua real presença
espiritual na pregação, pela qual ele salva os eleitos e edifica e governa a igreja.13 Essa concepção, em
certo sentido sacramental da pregação, considerada como que uma epifania de Cristo,14 é afirmada
freqüentemente por Calvino nas Institutas e em seus comentários.15 Leith observa que, nas Institutas
(4.14.26), Calvino cita Agostinho, o qual referia-se às palavras como sinais, porquanto na sua
concepção, “na pregação, o Espírito Santo usa as palavras do pregador como ocasião para a presença de
Deus em graça e em misericórdia,” e, “nesse sentido, as palavras do sermão são comparáveis aos
elementos dos sacramentos.”16
A concepção reformada de pregação como vox Dei é compartilhada por Lutero. Comentando
João 4.9-10, o reformador pergunta: “Quem está falando [na pregação]? O pastor? De modo nenhum!
Vocês não ouvem o pastor. A voz é dele, é claro, mas as palavras que ele emprega são na realidade
faladas pelo meu Deus.”17 Condenando a tendência católica romana de transformar em sacramento tudo
o que os apóstolos fizeram, Lutero afirma que se alguma dessas práticas tivesse que ser
sacramentalizada, que a pregação o fosse.18
Foi Calvino, entretanto, quem elaborou mais detalhadamente a questão da natureza da pregação
como “a voz de Deus.”19 Em seu comentário de Isaías ele afirma que na pregação “a palavra sai da boca
de Deus de tal maneira que ela de igual modo sai da boca de homens; pois Deus não fala abertamente do
céu, mas emprega homens como seus instrumentos, a fim de que, pela agência deles, ele possa fazer
conhecida a sua vontade.”20 Comentando Gálatas 4.19, “até ser Cristo formado em vós,” Calvino
enfatiza a eficácia do ministério da Palavra, afirmando que porque Deus “...emprega ministros e a
pregação como seus instrumentos para este propósito, lhe apraz atribuir a eles a obra que ele mesmo
realiza, pelo poder do seu Espírito, em cooperação com os labores do homem.”21 Para Calvino, a leitura
e meditação privadas das Escrituras não substituem o culto público, pois “entre os muitos nobres dons
com os quais Deus adornou a raça humana, um dos mais notáveis é que ele condescende consagrar bocas
e línguas de homens para o seu serviço, fazendo com que a sua própria voz seja ouvida neles.”22 Por
isso, quem despreza a pregação despreza a Deus, porque ele não fala por novas revelações do céu, mas
pela voz de seus ministros, a quem confiou a pregação da sua Palavra.23 Ao falar Deus aos homens por
meio da pregação, Calvino identifica dois benefícios: “...por um lado, ele [Deus], por meio de um teste
admirável, prova a nossa obediência, quando ouvimos seus ministros exatamente como ouviríamos a ele
mesmo; enquanto que, por outro, ele leva em consideração a nossa fraqueza ao dirigir-se a nós de
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maneira humana, por meio de intérpretes, a fim de que possa atrair-nos a si mesmo, ao invés de afastar-
nos por seu trovão.”24
Os puritanos não pensavam de modo diferente. Eles viam o pregador da Palavra como um porta-
voz de Deus.25 Eles afirmavam que “na fiel exposição da Palavra, Deus mesmo está pregando, e que se
um homem está fazendo uma verdadeira exposição das Escrituras, Deus está falando, pois é a palavra de
Deus, e não a palavra do homem.”26 “Não pode haver dúvida de que para estes adoradores, a pregação
da Palavra tornou-se um sacramento verbal.’’27 John Owen, por exemplo, escreveu que “Cristo nos
chama a si... nas pregações do evangelho, pelas quais ele é evidentemente crucificado diante de nossos
olhos” (Gl 3.1).28 Mencionando a mesma passagem bíblica, Paul Helm comenta que, na pregação, os
Gálatas como que viram a Cristo com seus próprios olhos.29 Ele também observa que “os protestantes
geralmente enfatizam que a graça conferida nos sacramentos não é de natureza diferente e, certamente,
não superior àquela conferida na pregação fiel... assim como os sacramentos são emblemas visíveis da
graça de Deus, assim também é a pregação fiel.”30
Em virtude dessa elevada concepção da pregação como vox Dei, a fé reformada atribui à
proclamação pública da Palavra de Deus a maior importância. Na tradição reformada a pregação é
considerada como o principal meio de graça, como a tarefa primordial da igreja e do ministro da Palavra,
como o elemento central do culto, como marca genuína da verdadeira igreja e como o meio por
excelência pelo qual é exercido o poder das chaves.
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vocação interna do seu Espírito, ele constitui outros evangelistas e outros pastores,
com vistas à sua constante proclamação e persuasão. E é somente (no que diz
respeito aos adultos) em conexão com a verdade assim revelada e pregada, que o
Espírito Santo é comunicado.39
Que graças são comunicadas por meio da pregação? A pregação é o meio pelo qual as pessoas
adultas e capazes são externamente chamadas para a salvação.40 É a causa instrumental da fé e principal
meio pelo qual a fé é aumentada e fortalecida, a igreja é edificada e o Reino de Deus é promovido no
mundo.41 Pela pregação da Palavra a igreja é ensinada, convencida, reprovada, exortada e confortada.42
Para Lutero, “...quem não prega a Palavra, para o que foi chamado pela igreja, não é sacerdote
de maneira alguma... quem não é anjo (mensageiro) do Senhor dos Exércitos ou quem é chamado para
outra coisa que não para o angelato (por assim dizer), certamente não é sacerdote... Por isso também são
chamados de pastores, porque devem apascentar, isto é, ensinar. O múnus do sacerdote é pregar. O
ministério da Palavra faz o sacerdote e o bispo.”47
Calvino também condena repetidas vezes os sacerdotes e bispos por não pregarem o evangelho. 48
Comentando Atos 1.21-22, quando Barsabás e Matias são indicados para preencher a vaga de Judas no
apostolado, como testemunhas da ressurreição de Cristo, Calvino conclui com isso que o ensino e a
pregação são funções essenciais do ministério. 49
A Forma de Governo Eclesiástico Presbiteriano relaciona, entre as atribuições do ministro da
Palavra, juntamente com a oração e a administração dos sacramentos, “alimentar o rebanho pela
pregação da Palavra, de acordo com a qual deve ensinar, convencer, reprovar, exortar e confortar.” 50
Esses documentos presbiterianos simplesmente refletem a concepção puritana. William
Bradshaw, autor de uma das obras mais antigas sobre os puritanos comenta que, para eles, “o mais
elevado e supremo ofício e autoridade do pastor é pregar o evangelho solene e publicamente à
congregação.”51 Packer cita Owen para demonstrar que a pregação era, para os puritanos, “o principal
dever de um pastor. De acordo com o exemplo dos apóstolos, eles devem livrar-se de todo impedimento
a fim de que possam dedicar-se totalmente à Palavra e à oração.”52 Jonathan Edwards considerava a
pregação do evangelho o principal dever do ministro.53 Em uma carta, ele comentou:
Devemos ser fiéis em cada parte das nossas obras ministeriais, e nos empenhar para
magnificar nosso ofício. De maneira particular, devemos atentar para a nossa pregação, a fim de que
ela seja não apenas sã, mas instrutiva, temperada, espiritual, muito estimulante e perscrutadora; bem
pertinente à época e tempos em que vivemos, labutando diligentemente para isso. 54
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pregação o pregador precisa confiar-se completamente à assistência do Espírito Santo, dando lugar a que
ele intervenha na entrega da mensagem.
Com relação ao ouvinte, a eficácia da pregação depende, em última instância, da ação
iluminadora interna do Espírito Santo na sua mente e coração. É ele quem abre o coração dos ouvintes
para que compreendam a mensagem (At 16.14). É ele quem escreve a mensagem no coração dos
ouvintes (2 Co 3.3). Somente ele faz resplandecer o evangelho no coração, “para iluminação do
conhecimento da glória de Deus na face de Cristo” (2 Co 4.6). A pregação em si mesma, por mais
verdadeira que seja, e por mais ungido que seja o pregador, é inútil. Não porque falte poder a ela. Mas,
por causa da cegueira espiritual do homem natural, a palavra pregada só se torna eficaz pela operação
interna imprescindível do Espírito Santo, “o Mestre interior,” que a acompanha.73 Em contraste com a
posição arminiana, a fé reformada enfatiza que “é Deus somente, na pessoa do Espírito Santo, quem
pode tornar e torna eficaz a pregação.74 A depravação do coração humano não permite dissociar a
palavra pregada da operação do Espírito.75
É este o ensino de Calvino sobre o assunto, e aqueles que o investigam raramente deixam de
observar o fato.76 Para ele, “assim como a pregação é o instrumento da fé, assim também o Espírito
Santo torna a pregação eficaz.”77 Em seu comentário de Isaías, ele escreveu que “o Espírito está ligado à
Palavra, porque, sem a eficácia do Espírito, a pregação do evangelho de nada adiantaria, mas
permaneceria infrutífera.”78 E em seu comentário do livro de Atos, ele deixa claro que depende do poder
secreto do Espírito Santo que a pregação dos ministros do evangelho seja eficaz.79 A vocação eficaz,
explica Calvino, consiste de um duplo chamado: externo, pela pregação da Palavra, e interno, pela
iluminação do Espírito, que enraíza a palavra pregada.80 Em seu comentário de Miquéias, por exemplo,
o reformador observa que “o governo peculiar de Deus existe no âmbito da igreja, onde pela Palavra e
Espírito, ele dobra os corações dos homens à obediência, de modo que eles o seguem voluntária e
livremente, sendo ensinados interna e externamente — internamente pela influência do Espírito,
externamente pela pregação da Palavra.”81 O fato de que o apóstolo Paulo chama a sua pregação em 2
Coríntios 3.8 de “ministério do Espírito,” mostra a Calvino quão relacionados estão a pregação da
Palavra e o Espírito.82 Para ele, “o Espírito exerce o seu ofício pela pregação do evangelho.”83
A Confissão de Fé de Westminster afirma que é pelo ministério (da Palavra), tornado eficiente
pela presença de Cristo e pelo seu Espírito, que os santos são congregados e aperfeiçoados nesta vida.84
O Catecismo Maior de Westminster reconhece que é o Espírito Santo quem torna a pregação da Palavra
o meio especialmente eficaz para a salvação: “O Espírito de Deus torna a leitura, e especialmente a
pregação da Palavra, um meio eficaz para iluminar, convencer e humilhar os pecadores; para lhes tirar
toda confiança em si mesmos e os atrair a Cristo; para os conformar à sua imagem e os sujeitar à sua
vontade; para os fortalecer contra as tentações e corrupções; para os edificar na graça e estabelecer os
seus corações em santidade e conforto mediante a fé para a salvação.”85
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para ouvir a pregação (Cl 3.1-2; 2 Co 4.18). A atitude ao ouvir exige reverência, atenção, humildade e fé
(Hb 4.1-2), características daqueles que discernem a real natureza do culto e da pregação. O uso
apropriado posterior inclui meditação, oração e prática da mensagem ouvida (Tg 1.21-25).87
Lutero escreveu que “incorre em grave pecado quem não ouve [a pregação do] evangelho e
despreza semelhante tesouro...”88 Para Calvino, “a pregação é um ato corporativo da igreja toda.” A
congregação participa da pregação tão ativamente quanto participa da ceia.89 Por isso, ele insiste em que
os ouvintes venham preparados para receber a mensagem.90 Ele enfatizou que a pregação da Palavra
precisa ser ouvida “com grande reverência”, “bastante atenção,” e “sobriedade para o nosso proveito.”
Acima de tudo, disse ele, “precisamos orar continuamente para que o generoso e gracioso Senhor nos
conceda seu Espírito, a fim de que por ele a semente da Palavra de Deus seja vivificada em nossos
corações.”91 Calvino menciona também a necessidade de humildade para receber a palavra pregada, mas
observa que é o próprio Espírito Santo quem torna uma pessoa desejosa de ser ensinada pela Palavra.92
William Perkins, um dos pais do puritanismo inglês, escreveu que
...a responsabilidade daqueles que ouvem a pregação da Palavra de Deus, é
submeterem-se a ela... O dever de vocês é ouvir a Palavra de Deus, pacientemente,
submeter-se a ela, ser ensinados e instruídos, e mesmo ser perscrutados e
repreendidos, e ter os seus pecados descobertos e as corrupções arrancadas. 93
Whitefield pregou um sermão especificamente sobre o assunto, intitulado Instruções sobre
Como Ouvir Sermões, baseado em Lucas 8.18, “Vede, pois, como ouvis.”94 Eis suas instruções: 1)
venha ouvir, não por curiosidade, mas motivado por um sincero desejo de conhecer e praticar seus
deveres; 2) “não apenas prepare seu coração de antemão para ouvir, mas também atente diligentemente
para as coisas que forem faladas da Palavra de Deus”; 3) não tenha prevenção contra o ministro a que
Deus constituiu bispo (supervisor) e embaixador sobre você;95 4) aplique tudo o que ouvir ao seu
próprio coração; 5) ore, antes, durante e depois do sermão, a fim de que Deus conceda poder ao pregador
e habilite você a praticar a mensagem.
O Breve Catecismo de Westminster, na resposta à pergunta de número 90, “Como se deve ler e
ouvir a Palavra a fim de que ela se torne eficaz para salvação?” resume assim a responsabilidade do
ouvinte na pregação: “Para que a Palavra se torne eficaz para a salvação, devemos ouvi-la com
diligência, preparação e oração, recebê-la com fé e amor, guardá-la em nossos corações e praticá-la em
nossas vidas.” Já o Catecismo Maior de Westminster, na resposta à pergunta de número 160, afirma:
Exige-se dos que ouvem a palavra pregada que atendam a ela com diligência,
preparação e oração; que comparem com as Escrituras aquilo que ouvem; que
recebam a verdade com fé, amor, mansidão e prontidão de espírito, como a palavra
de Deus; que meditem nela e conversem a seu respeito uns com os outros; que a
escondam nos seus corações e produzam os devidos frutos em suas vidas.
D. Conclusão
Estas considerações sobre a obra do Espírito e a responsabilidade humana para a eficácia da
pregação não devem levar o leitor a pensar que a pregação da Palavra só se torna eficaz quando obtém
resposta positiva dos ouvintes. A genuína pregação do evangelho nunca é vã. Os legítimos pregadores do
evangelho são sempre conduzidos por Deus em triunfo, pois por meio deles se manifesta em todo lugar a
fragrância do conhecimento de Deus. Eles são, diante de Deus, o bom perfume de Cristo, tanto nos que
são salvos, como nos que se perdem. “Para com estes cheiro de morte para morte; para com aqueles
aroma de vida para vida” (2 Co 2.14-16).96 Mesmo quando rejeitada, a eficácia da palavra pregada se
manifesta tornando indesculpáveis os réprobos, os quais, afirma Calvino, são cegados e estupeficados
ainda mais pela pregação da Palavra.97 Ou a pregação nos aproxima de Deus, ou nos coloca mais perto
do inferno.98
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de boas novas. Assumiram novos papéis: animadores de auditório e levantadores de fundos. O púlpito
transformou-se em mero palco. A igreja, simples platéia... Sermões podem ser facilmente confundidos
com palestras de neurolingüística.”100
O propósito da pregação reformada é completamente diferente. Ela tem objetivos claros e
elevados com relação ao texto que está sendo pregado, com relação aos ouvintes e, especial mente, com
relação a Deus e ao seu reino neste mundo.
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almejavam alcançar e converter o coração, o próprio centro da alma humana.110 E isto eles buscavam,
não por meio de manipulação retórica da audiência, mas através da pregação fiel da Palavra de Deus.111
Em uma de suas obras, Lutero resume assim o propósito da pregação: “Estimular os pecadores a
sentirem seus pecados e despertar neles o desejo pelo tesouro” do evangelho.112 Em outra obra, ele
deplora o fato de que não poucos pregam a Cristo meramente com a intenção de comover os sentimentos
humanos, ao invés de promover neles a fé em Cristo.113 Calvino escreveu que “o propósito pelo qual a
Palavra de Deus é pregada é nos iluminar com o verdadeiro conhecimento de Deus, fazer com que nos
voltemos para Deus, e nos reconciliar com ele.”114
Para os pregadores puritanos, o sucesso da pregação não deve ser avaliado apenas pelo que
acontece na igreja, mas pelo seu efeito nas vidas dos ouvintes que estão fora da mesma.115 O Catecismo
Maior de Westminster exorta os ministros da Palavra a pregarem “...com sinceridade..., procurando
converter, edificar e salvar as almas.”116 A salvação da alma é o grande propósito da pregação
reformada com relação àqueles que se encontram em estado de pecado.117
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nela somos ensinados que seja qual for o resultado da nossa pregação, ainda assim ela é agradável a
Deus..., porque Deus é glorificado mesmo quando o evangelho resulta na ruína dos ímpios.”129 Calvino
afirma que os crentes da antiga dispensação “foram exortados a buscarem a face de Deus no santuário...
(Sl 27.8; 100.2; 105.4) por nenhuma outra razão, senão porque o ensino da lei e as exortações dos
profetas eram uma imagem viva de Deus, assim como Paulo afirma que na sua pregação a glória de
Deus resplandece na face de Cristo (2 Co 4.6).”130
Benoît, um autor reformado francês, observa que “fazer da salvação o fim da religião significa,
segundo Calvino, colocar o homem no centro e fazer de Deus um simples meio com vistas a um fim
pessoal.” Ele continua, afirmando que, para Calvino, “a salvação individual não é o propósito final da
pregação do evangelho. Ela tem um propósito muito mais elevado: a manifestação da glória de
Deus...”131 Para o Sínodo de Dort, também, nota Peter Jong, o propósito último da pregação “é a glória
de Deus na salvação de pecadores.”132
Na tradição puritana, o Catecismo Maior de Westminster exorta os ministros da Palavra a
pregarem... “tendo por alvo a glória de Deus.” 133 Joseph Pipa, estudioso da pregação puritana, afirma
que “o grande propósito do sermão puritano era transformar a vida das pessoas e equipá-las para viver
para a glória de Deus.”134
Embora anelasse profundamente a conversão de almas para Cristo, Spurgeon não considerava
esse o fim maior da pregação. Ele enfatiza insistentemente que a glória de Deus, sim, é o principal
propósito da pregação. Ele escreveu que “nada deveria ser o alvo do pregador a não ser a glória de Deus
através da pregação do evangelho da salvação.”135 “Vocês e eu,” disse ele em um de seus sermões,
“somos constrangidos a pregar o evangelho, mesmo que nenhuma alma jamais seja convertida por ele;
pois o grande propósito do evangelho é a glória de Deus, visto que Deus é glorificado mesmo naqueles
que rejeitam o evangelho.”136 “Preguem o evangelho tendo em vista unicamente a glória de Deus,”
adverte Spurgeon, “ou então, segurem suas línguas.”137
V. conclusão
Em muitos círculos evangélicos contemporâneos e até mesmo entre reformados, o surgimento de
novos meios de comunicação, a aversão do homem moderno por verdades objetivas, a secularização da
sociedade, o afastamento do cristianismo das Escrituras, e especialmente a concepção moderna da
pregação como uma atividade meramente humana, têm resultado em evidente declínio da pregação.
Outras atividades têm tomado o seu lugar no culto, e a pregação têm sido relegada a um plano
secundário no culto e na vida da igreja.
Na concepção reformada, entretanto, a pregação pública da Palavra de Deus é considerada não
como palavra de homem, mas como vox Dei. Na proclamação solene da Palavra de Deus por arautos
comissionados pelo próprio Deus, Cristo se faz presente, fala e governa a igreja. A fé reformada tem
uma concepção quase que sacramental da pregação. Ela professa a real presença espiritual de Cristo na
pregação, assim como na Ceia.
Em virtude dessa elevada concepção quanto à sua natureza, a teologia reformada atribui grande
importância à pregação. Na teologia reformada, a pregação é imprescindível. É o principal meio de
graça, a tarefa primordial da igreja e do ministro, o principal elemento de culto na dispensação da graça;
constitui-se em marca essencial da verdadeira igreja, e meio pelo qual o reino de Deus é aberto ou
fechado aos pecadores. Isto não significa que a fé reformada atribua eficácia automática à pregação. A
eficácia da pregação também não está, primordialmente, nas habilidades pessoais do pregador ou dos
ouvintes. Está, sim, na operação do Espírito Santo, tanto na preparação e entrega da mensagem, como na
sua recepção. Os pregadores devem laborar na interpretação da Palavra, e transmiti-la fielmente. Os
ouvintes, devem receber com atenção, reverência, fé e obediência a palavra pregada. Contudo, somente o
Espírito Santo pode conferir eficácia à pregação, assistindo e capacitando o pregador, e iluminando e
convencendo os ouvintes do pecado e da graça de Deus em Cristo. Não obstante, independentemente da
resposta dos ouvintes, a genuína pregação do evangelho nunca é vã. O reino de Deus é promovido
também na condenação dos réprobos.O propósito da pregação reformada consiste na fidelidade ao
sentido, significado e propósito do texto; na conversão e restauração da imagem de Deus nos ouvintes; e
na promoção do reino e da glória de Deus no mundo. Que a vox Dei seja ouvida em nossos púlpitos,
para a conversão dos perdidos, para a restauração da imago Dei na alma e na vida dos ouvintes, com
vistas à promoção do reino e da glória de Deus no mundo.
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Obs.: Este artigo é parte de um dos capítulos da dissertação de Doutorado em Ministério que está
sendo elaborada pelo autor com o tema: “Hermenêutica e Pregação: Manual de Hermenêutica
Reformada para Pregadores.”
1. D. Martyn Lloyd-Jones, Preaching and Preachers (Londres: Hodder and Stoughton, 1985 [1971]), 26.
2. John J. Timmerman, Through a Glass Lightly (Grand Rapids: Eerdmans, 1987). Citado em David J. Engelsma, “Preaching in Worship:
Voice of God, Voice of Christ (1),” The Standard Bearer 74/8 (1998). Internet:
ttp://www.prca.org/standard_bearer/1998jan15.html#PreachingInWorship; acessado em 05/09/98. Ver também Paul Helm, “Preaching and
Grace,” The Banner of Truth 117 (s/d), 8.
3. John M. Frame, Worship in Spirit and Truth: A Refreshing Study of the Principles and Practice of Biblical Worship (Presbyterian &
Reformed, 1996), 91-94, 114. Ver a resenha dessa obra por T. J. Ralston, em Bibliotheca Sacra 155 (Jan-Mar 1998), 124-5.
4. Engelsma, “Preaching in Worship: Voice of God, Voice of Christ (1).”
5. No livro Pregação e Pregadores, Lloyd-Jones menciona algumas razões bem particulares para a presente depreciação da pregação, que
também merecem ser consideradas, dentre as quais: os “pulpiteiros,” os profissionais do púlpito do século passado e do início deste século, os
quais davam valor exagerado à forma e ao estilo elaborado do sermão; a ênfase moderna em aconselhamento pessoal (hoje degenerado em
clínicas pastorais de aconselhamento psicológico); e o ritualismo, que enfatiza formas elaboradas de culto, atribuindo-lhes certa conotação
religiosa (ver Lloyd-Jones, Preaching and Preachers, 16-18 e 36-40).
6. Para um estudo da perspectiva reformada sobre a relação entre a palavra escrita, pregada e representada, ver o segundo capítulo de Pierre
Ch. Marcel, El Bautismo: Sacramento del Pacto de Gracia (Rijswijk: Fundación Editorial de Literatura Reformada, 1968), 33-61.
7. T. H. L. Parker, Calvin’s Preaching (Edinburgh: T&T Clark, 1992), 23.
8. Ver Robert L. Dabney, Sacred Rhetoric: A Course of Lectures on Preaching (Edimburgo e Pensilvânia: Banner of Truth, 1979 [1870]),
36.
9. Parker, Calvin’s Preaching, 23.
10. Ver também Pierre Ch. Marcel, The Relevance of Preaching, trad. Rob Roy McGregor (Grand Rapids: Baker, 1977), 21-22, 30-31, 61-
62; J. J. Van der Walt, “Prediking wat God van die Woord laat kom,” em God aan die Woord, ed. Van der Walt (Potchefstroom: Departement
Diakoniologie, Potchefstroom University for Christian Higher Education, 1985), 11; e David J. Engelsma, “Preaching in Worship: Voice of
God, Voice of Christ (2),” The Standard Bearer 74/9 (1998).
11. Dabney, Sacred Rhetoric, 37-8.
12. Phillips Brooks, Eight Lectures on Preaching, reimp. da 5ª edição (Londres: SPCK, 1959), 5.
13. Ver John Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, trad. Christopher Fetherstone, ed. Henry Beveridge (Albany, Oregon: Ages,
1998), 25-26 e 238.
14. Como coloca Richard Stuaffer, em “Les Discours a la premiere personne dans les sermons de Calvin,” em Regards Contemporains sur
Jean Calvin (citado por Leith, “Calvin’s Doctrine of the Proclamation of the Word,” 31).
15. Ver, por exemplo, Institutas 1.11.7, onde, combatendo o emprego de símbolos visíveis para representar a presença de Cristo no culto,
Calvino afirma que é “...pela verdadeira pregação do Evangelho,” e não por cruzes, que “Cristo é retratado como crucificado diante de nós.” Ver
também John Calvin, Commentary on the Prophet Isaiah, vol. 2, trad. William Pringle (Albany, Oregon: Ages, 1998), 331; e John Calvin,
Commentary On the Prophet Jeremiah, vol. 2, trad. e ed. John Owen (Albany, Oregon: Ages, 1998), 403.
16. Ver Leith, “Calvin’s Doctrine of the Proclamation of the Word,” 31. Leith cita as Institutas 4.1.6 e 4.14.9-19, para corroborar sua
afirmativa. Verificar também a citação de T. H. L. Parker, comparando o sermão com a eucaristia (Peter Lewis, “Preaching from Calvin to
Bunyan,” Puritan/Westminster Conference [1985], 36).
17. Martin Luther, Luther’s Works, ed. Jaroslav Pelikan, trad. Martin H. Bertram, vol. 22, Sermons on the Gospel of St. John Chapters 1-4,
American Edition (St. Louis: Concordia Publishing House, 1957), 528 (citado por Carl C. Fickenscher II, “The Contribution of the Reformation
to Preaching,” Concordia Theological Quarterly 58/4 [1994], 263).
18 Martinho Lutero, “Do Cativeiro Babilônico da Igreja: Um Prelúdio de Martinho Lutero,” em Martinho Lutero: Obras Selecionadas, vol.
2, O ProgRama da Reforma: Escritos de 1520 (São Leopoldo e Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, 1989), 399.
19. Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, 291.
20. John Calvin, Commentary On the Prophet Isaiah, vol. 2, 434 (ver pp. 50, 112, 341). Ver também Calvin, Commentary on the Acts of the
Apostles, 291; John Calvin, Commentary on the Prophet Haggai (Albany, Oregon: Ages, 1998), 24; e John Calvin, Commentary on Matthew,
Mark and Luke, vol. 1, trad. William Pringle (Albany, Oregon: Ages, 1997), 43.
21. John Calvin, Commentary on the Epistle to Galatians (Albany, Oregon: Ages, 1998), 116. Ver também Institutas 4.1.5; e John Calvin,
Commentary On the Epistle to the Ephesians (Albany, Oregon: Ages, 1998), 47.
22. Institutas 4.1.5. Ver também Calvin, Commentary on the Prophet Haggai, 1.12, 25.
23. Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, 340.
24. Institutas 4.1.5. Ver John Calvin, Harmony of the Law, vol. 1., trad. Charles William Bingham (Albany, Oregon: Ages, 1998 ), 252.
25. James I. Packer, A Quest for Godliness: The Puritan Vision of the Christian Life (Wheaton, Illinois: Crossway Books, 1990), 284.
26. Ver Martin Lloyd-Jones, “A Pregação,” em Os Puritanos: Suas Origens e Seus Sucessores, trad. Odayr Olivetti (São Paulo: Publicações
Evangélicas Selecionadas, 1991), 385.
27. Leland Ryken, Santos no Mundo: Os Puritanos como Realmente Eram (São José dos Campos, São Paulo: Editora Fiel, 1992), 135.
28. John Owen, The Doctrine of Justification by Faith (Albany, Oregon: Ages, 1997), 78.
29. Helm, “Preaching and Grace,” 10.
30. Ibid., 12. Ver também George Whitefield, “Sermon 38 — The Indwelling of the Spirit: The Common Privilege of All Believers,” em
George Whitefield 59 Sermons (Albany, Oregon: Ages, 1997), 569.
31. Catecismo Maior de Westminster, resposta 35. Ver também Confissão de Fé de Westminster, 7:6.
32. James I. Packer, “Mouthpiece for God: Preaching and the Bible,” em Truth & Power: The Place of Scripture in the Christian Life
(Wheaton, Illinois: Harold Shaw Publishers, 1996), 158.
33. Ver Martinho Lutero, “Um Sermão a respeito do Novo Testamento, isto é, a respeito da Santa Missa,” em Martinho Lutero: Obras
Selecionadas, vol. 2, O Programa da Reforma: Escritos de 1520 (São Leopoldo e Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, 1989), 271.
34. Ver Institutas 4.14.14 e 4.17.39; Marcel, El Bautismo, 55-58; e “The Directory for the Publick Worship of God,” 379.
35. Institutas 4.16.28.
36. Ibid., 4.14.5.
37. Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, 363.
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38. Lloyd-Jones, “A Pregação,” 385. Whitefield também menciona a pregação como meio de graça (ver George Whitefield, “Sermon 32: A
Penitent Heart: The Best New Year’s Gift,” em George Whitefield 59 Sermons (Albany, Oregon: Ages, 1997), 445.
39. Charles Hodge, An Exposition of Ephesians (Albany, Oregon: Ages, 1997), 167-68.
40. Confissão de Fé de Westminster, 10:3.
41. Ver Confissão de Fé de Westminster, 14:1 e 25:3, e “The Form of Presbyterial Church Government,” em Westminster Confession of
Faith (Glasgow: Free Presbyterian Publication, 1994), section 1.
42. “The Form of Presbyterial Church Government,” section 3.
43. Packer, A Quest for Godliness, 281.
44. Especialmente a pregadores itinerantes, como os dominicanos e franciscanos.
45. Martinho Lutero, “Das Boas Obras,” em Martinho Lutero: Obras Selecionadas, vol. 2, O Programa da Reforma: Escritos de 1520 (São
Leopoldo e Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, 1989), 97.
46. Martinho Lutero, “Tratado de Martinho Lutero sobre a Liberdade Cristã,” em Martinho Lutero: Obras Selecionadas, vol. 2, O Programa
da Reforma: Escritos de 1520 (São Leopoldo e Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, 1989), 438.
47. Lutero, “Do Cativeiro Babilônico da Igreja,” 415-16.
48. Institutas 4.5.13.
49. Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, 52.
50. Seção 3. Ver também “The Directory for the Publick Worship of God,” 379.
51. Citado em Lloyd-Jones, “A Pregação,” 382.
52. Packer, A Quest for Godliness, 282.
53. Ver Sereno E. Dwight, “Memoirs of Jonathan Edwards,” em The Works of Jonathan Edwards, vol. 1 (Albany, Oregon: Ages, 1997), 86.
54. Dwight, “Memoirs of Jonathan Edwards,” 293.
55. Confissão de Fé de Westminster, 21:5.
56. Ver Fickenscher, “The Contribution of the Reformation to Preaching,” 263-64.
57. J. H. Merle d’Aubigné, History of the Reformation in the Time of Calvin (Albany, Oregon: Ages, 1998), vol. 7, 82.
58. James Montgomery Boice, prefácio a Sermons on Psalm 119, by John Calvin (Albany, Oregon: Ages, 1998), 7.
59. Clyde E. Fant, Jr. e William M. Pinson, Jr., 20 Centuries of Great Preaching: An Encyclopedia of Preaching (Waco, Texas: Word Books,
1971), vol. 2, 9.
60. Timothy George, Teologia dos Reformadores, trad. Gérson Dudus e Valéria Fontana (São Paulo: Vida Nova, 1994), 91-92
61. R. T. Kendall, “Puritans in the Pulpit and ‘Such as run to hear Preaching,’” Westminster/Puritan Conference (1990), 87.
62. Lloyd-Jones, “A Pregação,” 138-139.
63. Kendall, “Puritans in the Pulpit,” 87.
64. Martinho Lutero, “A Respeito do Papado em Roma contra o Celebérrimo Romanista de Leipzig,” em Martinho Lutero: Obras
Selecionadas, vol. 2, O Programa da Reforma: Escritos de 1520 (São Leopoldo e Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, 1989), 199
65. Institutas 4.1.11.
66. Ibid., 4.1.10. Ver também John Calvin, “Prefatory Address,” em Institutes of the Christian Religion (Albany, Oregon: Ages, 1996), 27.
67. Louis Berkhof, Teologia Sistematica, 3ª ed. espanhola (revisada), trad. Felipe Delgado Cortés (Grand Rapids: T.E.L.L., 1976), 689.
68. Herman Hoeksma, Reformed Dogmatics (Grand Rapids: Reformed Free Publishing Association, 1985), 620. O autor explica a razão
dessa primazia na página seguinte.
69. Peter Y. De Jong, “Preaching and the Synod of Dort,” The Banner of Truth 63 (s/d), 30.
70. Ver Dabney, Sacred Rhetoric, 36.
71. John Calvin, Commentary on Matthew, Mark, Luke, vol. 3 (Albany, Oregon: Ages, 1997), 296.
72. Thomas Smith, Calvin and His Enemies (Albany, Oregon: Ages, 1998), 47.
73. Ver Institutas 2.2.20.
74. De Jong, “Preaching and the Synod of Dort,” 30.
75. Ibid., 27-28.
76. Ver, por exemplo, Parker, Calvin’s Preaching, 29, e Leith, “Calvin’s Doctrine of the Proclamation of the Word,” 31-32.
77. John Calvin, Commentary On the Epistle to the Ephesians, 17.
78. John Calvin, Commentary On the Prophet Isaiah, vol. 2, 516. Ver John Calvin, Sermons on Psalm 119, 249.
79. John Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, 777.
80. William Wileman, John Calvin: His Life, Teaching and Influence (Albany, Oregon: Ages, 1998), 47. Ver John Calvin, Commentary on
the Prophet Hosea (Albany, Oregon: Ages, 1998), 103; e John Calvin, Commentary on the Epistle of James (Albany, Oregon: Ages, 1998), 21.
81. John Calvin, Commentary on the Prophet Micah, trad. John Owen (Albany, Oregon: Ages, 1998), 97. Ver também John Calvin,
Commentary on First Epistle to the Thessalonians (Albany, Oregon: Ages, 1998), 7-8.
82. Institutas 1.9.3.
83. John Calvin, The Commentaries on the Epistle of Paul the Apostle to the Hebrews, trad. John Owen (Albany, Oregon: Ages, 1996), 88.
84. Confissão de Fé de Westminster, 25:3.
85. Catecismo Maior, 155. Ver a pergunta e a resposta 89 do Breve Catecismo: “Como a Palavra se torna eficaz para a salvação? Resposta:
O Espírito de Deus torna a leitura, especialmente a pregação da Palavra, meios eficazes para convencer e converter os pecadores, para os
edificar em santidade e conforto, por meio da fé para a salvação.”
86. Peter H. Lewis, The Genius of Puritanism (Morgan, Pensilvânia: Soli Deo Gloria Publications, 1996), 53.
87. Para este uso triplo (anterior, no momento e posterior) da palavra pregada, ver resumo de Joel Beek, do ensino de Thomas Watson no
livro Heaven Taken by Storm (Joel R. Beek “Hearing the Word in a Puritan Way,” Banner of Sovereign Grace 4/5 [1996], 120-21). Ver também
Peter Lewis, “The Puritans in the Pew,” em The Genius of Puritanism, 53-62.
88. Lutero, “Das Boas Obras,” 128.
89. Parker, Calvin’s Preaching, 48.
90. Ibid., 49.
91. Ibid., 18.
92. Ibid., 51.
93. William Perkins, “The Calling of the Ministry,” em The Art of Prophesying: With The Calling of the Ministry (Edimburgo e Carlisle,
Pensilvânia: Banner of Truth, 1996), 118-119.
94. George Whitefield, “Sermon 28: Directions How to Hear Sermons,” em George Whitefield 59 Sermons (Albany, Oregon: Ages, 1997),
385-393.
95. O ponto também é objeto da exortação de William Perkins: “Você não deve ficar com raiva e se rebelar, nem deve odiar o ministro, nem
recorrer à crítica pessoal contra ele. Ao invés disso, submeta-se ao Evangelho, porque é a mensagem e ministério para a sua salvação (The Art of
Prophesying, 119).
96. Ver John Calvin, Commentary on Matthew, Mark, Luke, vol. 4, 226.
97. Institutas 3.24.12.
98. John Preston, citado em Ryken, Santos no Mundo, 103.
99. Ricardo Gondim, “Como a Pena de um Destro Escritor,” Ultimato 253 (1998), 50-51.
100. Ibid., “A Cultura Pop Chegou para Ficar?,” Ultimato 257 (1999), 44-45.
101. Martin Luther, Table Talk (Albany, Oregon: Ages, 1997), 248.
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ENGLISH ABSTRACT
This article is a historical research on some aspects of the Reformed theology of preaching. After calling attention to the
decline of contemporary preaching and suggesting some reasons behind it, the author attempts to demonstrate that, as far as
its nature is concerned, the preaching of the Word of God is vox Dei. Through the solemn proclamation of God’s Word by
ministers commissioned by God himself, Christ is spiritually present (as he is in the sacraments), he speaks and governs his
church. Due to its higher view concerning its nature, Reformed theology ascribes great importance to preaching. It is the
main means of grace, the primary task of the church and of the minister, the central element of worship in this dispensation
of grace, the essential mark of the church, and the instrument by which God’s kingdom is opened or closed to sinners.
Concerning its efficacy, it does not depend so much on the personal abilities of the preacher or of the hearers, as it depends
on the action of the Holy Spirit in the preparation, delivery and hearing of the message. Preachers must work hard to
interpret the Word and deliver it faithfully. The hearers should receive the preached word with attention, reverence, faith and
obedience. But the Holy Spirit alone can make it efficacious, assisting and enabling the preacher and illuminating and
convincing the hearers. Nevertheless, genuine preaching is never in vain, for the kingdom of God is also promoted in the
condemnation of the reprobates. The purpose of Reformed preaching consists in being faithful to the sense, significance and
purpose of the biblical text; in the conversion of sinners and restoration of God’s image in the hearers; and in the promotion
of the kingdom and glory of God in the world.
Artigo colhido do site da revista FIDES REFORMATA no seguinte endereço:
http://teologia.mackenzie.br/fides_reformata.htm
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