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Fichamento do livro
Belo Horizonte
2017
Introdução/justificativa
Aminha escolha por fichar “A reinvindicaçãodos direitos da mulher” se fez em
razão de considerar a importância desse texto como uma introdução ao pensamento
feminista, respondendo aos teóricos da educação e da politica do século XVIII que não
acreditavam que as mulheres deveriam ter acesso ao sistema educacional.
Em toda a sua obra podemos observar que Mary aponta como fundamental para
a melhora do ser humano, em especial as mulheres, se daria por meio de uma maior
racionalidade em seus atos e pensamentos. A autora defende que as mulheres que as
mulheres contribuíram de maneira muito melhor se educadas de maneira racional, pois
assim enxergariam que varias de suas preocupações são meras superficialidades e
paixões que não contribuem para o cumprimento preciso de suas funções como
companheira e mãe.
A partir desse conceito diluído nos seus argumentos Mary dá dois exemplos
sobre as mulheres imodestas e modestas, as mulheres imodestas seriam as prostitutas
com seu comportamento desavergonhado que resulta da grande ignorância que
possuem. As mulheres modestas segundo a autora são as cristãs que tem motivos muito
nobres para preservar sua castidade e conquistar a modéstia, pois seus corpos são
considerados o Templo do Deus Vivo.
“As mentes fracas sempre se sentem inclinadas a descansar nos cerimoniais do dever,
mas a moralidade oferece motivos muito mais simples; e seria de se desejar que os
moralistas superficiais tivessem falado menos a respeito do comportamento e de sua
prática exterior, pois, a não ser que a virtude de qualquer tipo seja construída sobre o
conhecimento, produzirá somente uma espécie de decência insípida.”
Mary acredita que os dois sexos se corrompem e aperfeiçoam mutuamente,
sendo essa uma verdade indiscutível que se estende a qualquer virtude. As virtudes
como castidade, modéstia e o espirito cívico, sobre os quais se fundamentam a virtude
social e a felicidade, devem ser entendidas e cultivadas por todos os indivíduos, senão
seu efeito será reduzido.
Capitulo 9: “Dos efeitos perniciosos que surgem das distinções inaturais estabelecidas
na sociedade”
A autora começa o capitulo apontando um grande fato que ocorre nas relações
humanas, a opressão de um grupo sobre o outro, pois segundo ela todos almejam
respeito. Situações essas de opressão fazem com que distinções inaturais se estabeleçam
na sociedade causando uma serie de efeitos negativos para si mesma. Na seguinte
passagem podemos ver os tais efeitos negativos sobre os homens e mulheres em uma
sociedade desigual:
“... o diabo se serve de quem está ocioso. E que outra coisa a riqueza e os títulos
hereditários podem produzir, senão hábitos indolentes? Pois o homem é constituído de
tal modo que só pode obter um uso apropriado de suas faculdades exercitando-as, e
não o fará, a não ser que uma necessidade qualquer coloque o mecanismo em
movimento. Da mesma maneira, a virtude só pode ser adquirida pelo cumprimento dos
deveres pertinentes, mas a importância desses deveres sagrados será pouco sentida
pelo ser que foi levado a desistir de sua humanidade pela adulação dos bajuladores.”
“Pretendo inferir, portanto, que não é bem organizada a sociedade que não compele
homens e mulheres a cumprir seus respectivos deveres, fazendo disso a única maneira
para conquistar a aprovação de seus semelhantes, que todo ser humano deseja obter de
alguma forma. Consequentemente, o respeito prestado à riqueza e aos meros encantos
pessoais é uma verdadeira rajada de vento nordeste que malogra as ternas flores do
afeto e da virtude. A natureza sabiamente uniu os afetos às obrigações para suavizar o
trabalho e dar aquele vigor aos exercícios da razão que apenas o coração pode
oferecer. Mas o afeto, que é assumido meramente porque é a insígnia apropriada de
certo caráter quando seus deveres não são cumpridos, é um os galanteios vazios que o
vicio e a insensatez são obrigados a prestar à virtude e à real natureza das coisas.”
Mary Wollstonecraft discorre nesse capitulo sobre o afeto entre pais e filhos.
Para ela, na maioria das vezes os pais amam os filhos da maneira mais primitiva,
sacrificando coisas importantes para promover o desenvolvimento deles no mundo. Por
conseguinte, para obter esse progresso os pais irão usar de todo e qualquer poder,
chegando a serem despóticos com o abuso do poder. Esse poder exercido geralmente
não possui base racional, sendo usado de maneira tirânica para se obter obediência.
O papel da mulher na criação de seus filhos é de suma importância, por isso para
que haja uma criação pautada na afeição maternal e na razão. Para que isso aconteça, a
mulher deve deixar de ser escrava de preconceitos que a fazem ou negligenciar os filhos
ou mima-los em demasia.
Na relação entre pai e filho, existe uma relação de poder subjetiva que legitima o
exercício da autoridade de maneira irracional dos pais para com os filhos. A autora
chama essa obediência de “santidade misteriosa”, tal qual uma devoção a santos e a
Deus. Para Mary, essa os deveres entre pai e filhos é algo que deve se dar de maneira
reciproca e natural, por exemplo, se um pai dá a devida atenção a seu filho na infância,
quando o pai chegar a sua idade desvalida ele tem o direito de reclamar a atenção do
filho.
“A sujeição servil aos pais atrofia toda a faculdade mental; e o Sr. [Jonh] Locke
observa com muito critério que, “se a mente for controlada ou humilhada em demasia
nas crianças, se seu entusiasmo for muito rebaixado ou enfraquecido por uma mão
severa demais, elas perdem todo o seu vigor e sua engenhosidade”.
No trecho acima a autora explana sobre a ideia das consequências de criar filhos
de maneira arbitraria. Os homens passarão a reproduzir esse comportamento com as
próximas gerações que virão, enquanto as mulheres se submeterão a qualquer ordem de
seus maridos e serão arbitrarias com seus filhos, por isso Mary propõe uma relação que
livre as crianças e mulheres dessa devoção cega.
“O único caminho para evitar os dois extremos igualmente danosos à moralidade seria
criar algum modo de combinar a educação pública com a educação privada. Assim,
para fazer dos homens cidadãos, duas providencias naturais deveriam ser tomadas, as
quais parecem conduzir diretamente ao ponto desejado, pois as afeições domesticas,
que primeiro abrem o coração às varias modificações da humanidade, deveriam ser
cultivadas ao mesmo tempo que às crianças seria permitido passar grande parte de seu
tempo, em termo de igualdade, com outras crianças.”
Para Mary, a única maneira de fazer com que as mulheres cumpram seus deveres
é libertando-as de todas as suas restrições, permitindo com que elas participem de todos
os direitos inerentes à humanidade. Assim como podemos observar no trecho abaixo:
Capitulo 13: “Alguns exemplos de insensatez que a ignorância das mulheres gera e
reflexões conclusivas sobre o aperfeiçoamento moral que a revolução nas maneiras
femininas naturalmente produziria”
Nesse capitulo nos dá alguns exemplos sobre a insensatez que a ignorância das
mulheres gera. Os exemplos estão separados por seções comentadas, na seção I a autora
comenta sobre a evidente fraqueza das mulheres que procede de sua ignorância, as quais
creem em horóscopos, oráculos e meios que supostamente revelam algo a cerca do
futuro. Segundo Mary, se as mulheres tivessem acesso a conhecimentos como a
anatomia, ou se não acreditassem em coisas de maneira cega, provavelmente não seriam
enganadas tão facilmente devido a sua ignorância.
Na seção II, outro exemplo da fraqueza do caráter feminino, que muitas das
vezes é provocada pela educação confinada, é seu sentimentalismo, descrito por Mary
como um desvio romântico da mente.
“As mulheres sujeitas a suas sensações pela ignorância e ensinadas apenas a procurar
felicidade no amor refinam seus sentimentos sensuais e adotam noções metafisicas a
respeito da paixão, que as levam vergonhosamente a negligenciar os deveres da vida, e
com frequência, em meio a esses refinamentos sublimes, deixam-se cair no real vicio.”
“... as virtudes que são sustentadas pela ignorância serão sempre vacilantes – a casa
construída sobre a areia não resistiria a uma tempestade.”
Na seção IV a autora pontua que o afeto aderente da ignorância pode ser muito
perigoso, pois a mulher pode deixar de cumprir seus deveres enquanto mãe e esposa por
cultivar esses afetos como uma emoção passageira, já que ela não baseia seus afetos na
razão.
“Em resumo, falando da maioria das mães, elas deixam seus filhos inteiramente sob os
cuidados das criadas; ou; porque são seus filhos, tratam-nos como se fossem pequenos
semideuses, embora eu sempre observe que as mulheres que idolatram seus filhos dessa
forma raramente mostram humanidade comum aos criados ou sentem a menor ternura
por qualquer criança que não a sua.”
Na ultima seção, Mary Wollstonecraft faz suas considerações finais a cerca das
mulheres:
A virtude deve ser alimentada pela liberdade, pois se não for, nunca obterá força
para ser pautada na racionalidade. E que o afeto racional pelo país, seja baseado em
conhecimento, pois só assim existiria algum interesse em exercer seu papel como
cidadãs.
“Que a mulher compartilhe dos direitos, e ela irá emular as virtudes do homem, pois se
aperfeiçoará quando emancipada; caso contrario; que se justifique a autoridade que
escraviza um ser tão frágil a seu dever.”