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AUTORAS DO TEMPO

“Já pensou em entender por que as figuras femininas são sempre ofuscadas na
história, se são elas as geradoras históricas?”

Amigos leitores, quando se fala sobre a sociedade é comum sempre


pensarmos em tudo que a compõe, já que ela é fundada nas relações e papéis
de cada pessoa. Pensando nisso, é natural associar a ideia de deveres e direitos
iguais para todos que estão inseridos nela…, mas diga-me, até que ponto essa
igualdade é real? Infelizmente, é uma representação que não passa do papel,
principalmente quando se contrasta a realidade entre homens e mulheres, estas
que durante toda a história foram desfavorecidas, tendo suas ações limitadas
ao trabalho doméstico e a servidão aos filhos e maridos. Essa ideia, estruturou
o papel social feminino na atualidade que nesses mesmos compromissos de
inferioridade e responsabilidades, refletem como as mulheres têm difícil
acesso para atuar em outras áreas, como a política ou economia, sendo aceitas
apenas com o que a sociedade dita como certo, fugindo da importância
histórica da mulher.

Primeiramente, esse cenário sempre associou a mulher como dona de casa e


responsável pelos afazeres diários. Esse ponto está presente em toda a história,
um exemplo são as amas de leite, mulheres negras escravizadas que deviam
cumprir o papel materno, sendo esse, o cuidado com as crianças e a
amamentação, que naquela época era considerada uma prática perigosa, pois
desnutria e causava a exaustão. Essa visão quanto a natureza do corpo
feminino, apresenta o controle que a sociedade impunha sobre não somente as
ações, mas ao corpo da própria mulher, roubando suas identidades e a
liberdade de fazerem aquilo que desejam. Essa definição é inserida não apenas
na vida adulta, mas desde a infância, onde meninas são ensinadas a sempre
brincarem com bonecas e brinquedos os quais remetem aos objetos da casa,
como fogão, panelas e louças, fazendo com que elas criem amor em tais
práticas. Desse modo, elas são induzidas a uma mesma tarefa, limitando as
demais profissões que poderiam seguir.

Baseando-se nisso, podemos levar em conta a aparição de mulheres que


lutaram para ganhar tal liberdade. Estas estiveram muito presentes no século
XVI, período em que ocorreu a Grande Inquisição, a famosa caças às bruxas.
“Bruxas” essas, que muitas vezes eram acusadas somente pelo fato de lutarem
em prol de valores medicinais ou da ciência, práticas que eram vistas como
pecaminosas pelas igrejas. Sendo assim, eram responsáveis por um importante
papel científico e pelo estudo em diferentes áreas, alquimia, anatomia e
medicina. Seria esse um caminho para arrancarem das mulheres um pouco de
liberdade que elas estavam lutando para almejar?

Se a sua resposta for sim, parabéns, bate com a nossa linha de raciocínio e de
uma jovem que vivera no período do holocausto. Anne Frank foi uma Judia
que tentou sobreviver ao período da segunda guerra mundial junto de sua
família; cheia de sonhos em um esconderijo, ela dividia os seus pensamentos
em um diário, pensamentos estes revolucionários, como: “As mulheres, seres
que sofrem e suportam a dor para garantir a continuação de toda raça humana,
seriam soldados muito mais corajosos do que todos aqueles heróis falastrões
lutadores pela liberdade postos juntos”. Não há dúvidas que as escrituras de
Anne mostravam o óbvio, pois as mulheres, tão fortes e resistentes, são
capazes de aguentar e assumir qualquer tipo de responsabilidade, que muitas
vezes são reprimidas pelo caráter masculino, onde sua força do trabalho e
posição social é inferiorizada diante a atual sociedade.

Dito isso, já devem ter percebido a importância do papel social feminino, que
por muito tempo foi retirado e ameaçado pela estrutura social, contudo, hoje,
mulheres têm autonomia para decidir seus sonhos e futuro, apesar de ainda
haver barreiras a serem enfrentadas. Retomando a pergunta que fora
apresentado no início do nosso blog, “Autoras do Tempo” são as fundadoras e
transformadoras de tudo, muito além de escritoras, são a própria história
encarnada em suas ações, ideias e lutas, que persistem até os dias de hoje. E
como geradoras de história, elas são capazes de representar o futuro da
humanidade, pois é delas quem provém tudo que faz e transforma o mundo.
Por isso, mesmo oprimidas, censuradas e incapacitadas por uma sociedade
patriarcal, são fortes e independentes ao ponto de lutar por sua liberdade e por
seu direito de fazer e ser história.

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