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1. INTRODUÇÃO
2 OPRESSÃO AO FEMININO
2.1 O Patriarcado
Vimos que a hierarquia moral legada pelo cristianismo tem como eixo
principal a oposição entre o espírito e o corpo. Tudo que é associado
ao espírito passa a ser nobre e digno de admiração, e tudo o que tem
a ver com o corpo e suas funções é visto como, animal, banal e
inferior. (SOUZA, 2018, p. 32)
essas mulheres são mais do que estatísticas , são vidas ceifadas. Vidas
perdidas por efeito de um problema maior, estrutural e originário, o patriarcado
acolhido pela grande parte da população e alimentado pelos opressores.
Entretanto, mesmo frente a uma nítida sociedade doente, há aqueles
que despendem esforços para desacreditar os problemas de gênero
mencionados, para desacreditar o sofrimento de milhões de mulheres e a
propriedade das pesquisas realizadas. O machismo, irresponsável como
incondicionalmente é, agrava a invisibilidade que recai sobre a mulher. Como
se não suficiente fosse a mulher não ter sua história e feitos contados da
maneira devida, como se já não bastasse a invisibilidade sofrida dia após dia
de todos os problemas que as atingem, há uma luta declarada pela
invisibilidade e silenciamento de seus sofrimentos e bandeiras.
Apesar de não existir um único movimento feminista, mas feminismos, a
empregabilidade é uma das grandes bandeiras entre os feminismos,
evidentemente, com diferentes abordagens, adaptada às diferentes lutas com
um objetivo em comum, pois ―feminista é a pessoa que acredita na igualdade
social, política e econômica do sexos‖. (ADICHIE, 2014)
O acesso ao mercado de trabalho bem como a manutenção do emprego
em condições isonômicas que assegurem o tratamento paritário entre os
gêneros além de importância na economia como um todo, detém relevância na
economia familiar. Hoje, as mulheres são reais provedoras de renda familiar a
partir da inserção mercadológica. Ainda assim, sofrem com ego frágil
masculino, moldado para ser sempre o líder familiar, a desigualdade salarial e
a dupla ou até tripla jornada de trabalho, precisando trabalhar fora e cuidar da
casa e dos filhos para que não falhe em ser ―a mulher que da conta de tudo".
Abaixo está a senhorita Triggs, estampada em uma charge na obra ―Mulheres
e Poder – Um Manifesto", da professora de Cambridge, Mary Beard:
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Nós podemos fazer isso!
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Figura 04: Distribuição dos crimes tentados/consumados entre os registros das mulheres
privadas de liberdade, por tipo penal.
desse total 37% são considerados inocentes no fim de seus processos. São
anos perdidos no abandono e sofrimento irreparáveis até que o Estado
reconheça sua inocência. Mas de nada adianta realizar uma crítica ao sistema
carcerário brasileiro, sem se pensar em um meio concreto e viável de combate
ao punitivismo que o toma a nação.
Para não cometer tal erro, em busca de uma saída para a catástrofe em
acontecimento, traz-se uma brilhante passagem do ―AS PLANTAS DO JARDIM
DE HULSMAN: DISCUTINDO O ABOLICIONISMO PENAL E O
ABOLICIONISMO CARCERÁRIO‖, do Professor Luciano Oliveira:
Figura 07: Evolução das mulheres privadas de liberdade (em mil) entre 2000 e 2016
Em geral, cada mulher recebe por mês dois papéis higiênicos (o que
pode ser suficiente para um homem, mas jamais para uma mulher,
que o usa para duas necessidades distintas) e dois pacotes com oito
absorventes cada. Ou seja, uma mulher com um período menstrual
de quatro dias tem que se virar com dois absorventes ao dia; uma
mulher com um período de cinco, com menos que isso. — Todo mês
eles dão um kit. No Butantã, dão dois papel higiênico, um sabonete,
uma pasta de dente da pior qualidade e um (pacote de) absorvente.
Falta, né? E ninguém dá nada de graça pra ninguém — conta
Gardênia. Itens de higiene se tornam mercadoria de troca para quem
não tem visita. Algumas fazem faxina, lavam roupa ou oferecem
serviços de manicure para barganhar xampu, absorvente, sabão e
peças de roupa. No regime semiaberto, só recebem o kit aquelas que
não têm visita. Para evitar que as trocas gerem uma espécie de elite
de cadeia, as penitenciárias limitam o número de produtos que as
detentas podem trazer das ―saidinhas‖. (QUEIROZ, 2015, p. 103)
que a gente solta. Solta, você pega seu filho, vê. E eu nem consegui
olhar os dedos da mão e do pé, pra ver se não tava faltando
nenhum‖, ficou se repetindo. Logo depois dessa inspecionada rápida,
Gardênia foi algemada à cama novamente. O procedimento é comum
para presas que dão à luz. (QUEIROZ, 2015, p. 41)
Num estado Democrático de Direito toda voz deve ser ouvida e o espaço
de discurso é democrático, todas as classes devem se expressar e ouvir, sem
qualquer distinção. Num estado Democrático de Direito a fala é um direito de
todos, inclusive, das mulheres encarceradas, indivíduos sociais indistintos.
Cumpre, então, a esse modelo de Estado a existência de elementos
principiológicos:
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
6. REFERÊNCIAS
BARBIÉRI, Luiz Felipe. CNJ registra pelo menos 812 mil presos no país;
41,5% não têm condenação. Disponível em:
<https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/07/17/cnj-registra-pelo-menos-812-
mil-presos-no-pais-415percent-nao-tem-condenacao.ghtml>. Acesso em: 15
out. 2019.
FERREIRA, Bia. Cota Não é Esmola | Sofar Curitiba. Intérpretes: Bia Ferreira.
Música: Cota Não é Esmola. 2018. Son., color.
ORWELL, George. A revolta dos bichos. São Paulo: Companhia das Letras,
2007.