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Universidade Estadual de Goiás

Unidade Universitária de ciências Exatas e Tecnológicas

Físico-Química Experimental II

Determinação da Energia de Ativação de uma


Reação Química Iônica

Professor Dr. Ademir

Acadêmicos: Cristina Rodrigues


Gabriel Siade Jensen
Gabriel Ribeiro
Larissa Fernandes
Pamela Christine Felipe
Anápolis, 2015

Resumo

Para ocorrer reações químicas entre duas substâncias na mesma solução é preciso
fornecer certa quantidade de energia para favorecer o encontro e a colisão entre elas. Por isso,
é necessário experimentos para se determinar a energia de ativação das reações. No
experimento realizado, foram misturadas quatro soluções, iodeto de potássio, peróxido de
hidrogênio, tiossulfato de sódio e amido, além do acido sulfúrico agindo com catalisador, com
intuito de se verificar experimentalmente a energia de ativação. O resultado obtido foi de

1. Introdução
A ocorrência de uma reação química está relacionada com o contato entre as moléculas
reagentes e a uma energia mínima necessária - a energia de ativação - para que ocorra a
reação e a formação de produtos, em termos de potencial em um passo intermediário da
reação necessário para que ocorra a transformação dos reagentes em produtos. A formação
dos produtos a partir dos reagentes é um processo gradual em que as ligações dos reagentes
são quebradas e ocorre a formação dos produtos.
Esse estado de formação é chamado de complexo ativado, sendo possível formular a
velocidade de reação em termos de propriedades dos reagentes e do estado de transição, no
qual as moléculas integrantes formam o complexo ativado, sendo a velocidade da reação o
número de complexos ativados que passam por segundo sobre o topo da barreira potencial
com uma energia mínima para a ocorrência da reação. Por exemplo, uma reação exotérmica
binária A + B = AB, o complexo ativado pode ser representado por AB*. Sendo o complexo
ativado superior à energia dos reagentes, a diferença entre a energia dos reagentes e da
energia do complexo ativado é denominada energia de ativação (ΔH*).
Para uma reação exotérmica onde se é fornecida energia para que seja superada a
energia de ativação e ocorra formação de produtos, o caminho da reação e sua energia de
ativação são demonstrados graficamente como no exemplo da figura abaixo:

Figura 1 - Representação gráfica de uma reação exotérmica demonstrando a energia de ativação para essa reação.
Quando uma reação é endotérmica, liberando energia para a formação dos produtos, seu
comportamento no caminho da reação é demonstrado de forma graficamente contrária à
reação exotérmica, fornecendo menos energia que o necessário para formação de produtos.
Figura 2 - Representação gráfica de uma reação endotérmica demonstrando a energia de ativação para essa reação.
Os catalisadores influenciam na velocidade de uma reação porque alteram a energia
envolvida na ocorrência da mesma; a energia de ativação necessária para que haja a formação
do complexo ativado a partir dos reagentes diminui, porque a presença do catalisador oferece
um caminho alternativo e menos energético para que a reação ocorra, e isto faz com que a
reação ocorra com maior velocidade.
Assim, a representação gráfica para uma comparação entre uma reação exotérmica
catalisada e a mesma reação não catalisada:

Figura 3 -Gráfico demonstrando a comparação energética entre uma reação exotérmica catalisada e uma reação
exotérmica não-catalisada.
A energia de ativação pode também ser aumentada com a adição de inibidores, que são
substâncias que diminuem a velocidade de reação. Um inibidor desvia um dos reagentes para
uma reação alternativa, de menor energia de ativação, sendo consumido preferencialmente
nesta reação do que na reação que ocorreria sem a presença do inibidor.

2. Objetivos
Determinar, a partir de dados experimentais, o valor da energia de ativação .

3. Procedimento experimental
Preparou-se a solução B da seguinte forma: Adicionou-se 1,00 g de amido a 2,00 mL de
água quente, de modo a fazer uma pasta e , adicionando-se em seguida 1 ml da solução de
acido sulfúrico e 0,1 g de NaHSO 3 e diluindo-se em um balão volumétrico de 250 ml. Mediu-
se 10 ml da solução A e 10 ml da solução B em frascos separados. Colocou-se os frascos com
as soluções A e B em uma chapa de aquecimento em diferentes temperaturas. Utilizando-se 5
temperaturas diferentes para esta experiência. Para cada temperatura misture as soluções,
adicionando-se a solução A à solução B e homogeneizando a solução. Medindo-se o tempo
para o aparecimento da cor azul, a partir das misturas das soluções.

3.1 - Materiais
Amido Termômetros
Solução de iodeto de potássio Pipeta de 10 ml
0,01 mol.L-1  (a) Cronometro
Solução de acido sulfúrico 1,0 Béqueres
mol.L-1  (b) Balão volumétrico de 250 ml
Hidrogenossulfito de sódio

4. Resultado e Discussão
Após a retirada de 5 alíquotas de 10,00 mL das soluções (a) e (b) esta soluções
foram aquecidas em um determinado intervalo de tempo como mostrado na tabela 1, de
modo a se fornecer energia aos componentes da solução para que se possa transpassar a
barreira de energia de ativação o que significa a transformação de reagentes em
produtos.
A reação entre as soluções (a) e (b) ocorre como descrito abaixo:
IO3- + 3 HSO3- I- + 3 SO4 + 3 H+ etapa lenta

5 I- + IO3- + 6 H+ 3 I2 + 3 H2O etapa rápida

Após a formação do íon I- este reage rapidamente com o íon IO- para produzir o I2
o qual apresenta uma coloração específica. A solução de iodo em iodeto aquoso tem
uma cor amarela intensa, assim em soluções que, de outro modo sejam incolores, o iodo
serve como seu próprio indicador. O teste torna-se muito mais sensível com o uso de
uma  solução de amido. O amido reage com o iodo na  presença de iodeto, formando um
complexo de cor azul intensa, que é visível em concentrações mínimas de iodo. A
sensibilidade da reação de cor é tal que ocorre o aparecimento de uma coloração azul
bem visível e definida.
Os resultados obtidos neste experimento estão expressos na tabela1.
Tabela 1. Resultados obtidos do experimento de efeito da temperatura na velocidade de
reação.
Temperatura Temperatura Tempo (s) t-1 (s-1)
(°C) (K)

12 285,15 94 0,01063
17 290,15 68 0,01470
26,5 299,65 38 0,02631
31 304,15 40 0,02500
40 313,15 56 0,01785
Mediu-se no experimento a velocidade da reação entre o hidrogenossulfito de
sódio e o iodato de potássio a diferentes temperaturas. A reação pode ser representada
pela seguinte equação química:

IO3- + 3HSO3-→ I- + 3SO4 + 3H+ (lenta)

Formando o íon I-, ele reage rapidamente com o íon IO3- para produzir o I2 que
muda a coloração das soluções para azul.

5I- + IO3- + 6H+→ 3I2 + 3H2O (rápida)

Como a segunda reação entre o iodo e o amido é muito mais rápida que a primeira
reação, considerou-se o tempo necessário para o aparecimento da coloração
característica como a medida do tempo que leva a formação dos íons I-.
As constantes de velocidade da maior parte das reações aumentam quando a
temperatura aumenta. Em termos de equação de velocidade tem-se que a causa da
velocidade variar com a temperatura é devido ao fato de que a constate K também varia
com a temperatura, como pode ser demonstrado pela equação de Arrhenius sob forma
de exponencial na (Eq. 01).

(Eq.01)

onde:

Ea é a energia de ativação;

A é o fator pré-exponencial ou fator de frequência;

R é a constante universal dos gases;

T é a temperatura absoluta.

Energia de ativação é a energia cinética mínima que os reagentes devem ter para
que se formem os produtos. Por exemplo, em uma reação em fase gasosa são numerosas
as colisões a cada segundo, porém somente uma pequena fração dessas colisões possui
energia suficiente para provocar a reação. A fração das colisões com energia cinética

maior do que a energia de ativação é dada pela distribuição de Boltzmanm, por: .


Sendo Ea e A conhecidos como parâmetros de Arrhenius que são puramente
empíricos, convenientes para discutir a variação da constante da velocidade com a
temperatura. Uma elevada energia de ativação corresponde a uma velocidade de reação
que é muito sensível a temperatura, de modo inverso uma pequena energia de ativação
indica uma velocidade que varia apenas ligeiramente com a temperatura. O fator pré-
exponencial da equação de Arrhenius pode ser interpretado como a fração de colisões
que têm energia cinética suficiente para levar a reação.
O fator pré-exponencial é a medida da taxa de colisões, independente da

respectiva energia. Assim o produto de A, pelo fator exponencial, , dá a taxa de


colisões que são bem sucedidas.
A equação de Arrhenius é expressa numa forma logarítmica apresentada na Eq.02:

(Eq.02)

Em termos de logaritmos decimais, pode ser representada pela Eq.03:

(Eq.03)

Sob a forma de potência de base decimal pode ser representada por:

Na qual o estudo da variação do logaritmo de K em função de T -1 permite


determinar o valor de Ea pela inclinação da reta e o valor de A pela interseção na
origem, ou seja, quando T → e T-1→0.
O objetivo do experimento é encontrar experimentalmente a energia de ativação
da reação entre hidrogenossulfito de sódio e o iodato de potássio.
A partir dos dados contidos na Tabela 2, que apresenta os resultados do efeito da
temperatura na velocidade de reação, não se determina o valor de K, mas sim uma
grandeza que lhe é proporcional. A inclinação da reta da Figura 1 permite a
determinação da energia de ativação, mas a interseção na origem não nós dá o valor de
A e sim nos permite conhecer o valor do tempo de reação quando a temperatura tende
para o infinito, ou, para efeitos práticos, quando a temperatura é muito elevada.

Tabela 2. Resultados experimentais que relacionam o efeito da temperatura na


velocidade de reação.

t-1 (s-1) log 1/t 1/T (K-1)

0,01063 -1,97346 0,00350


0,01470 -1,83268 0,00344
0,02631 -1,57987 0,00334
0,02500 -1,60205 0,00328
0,01785 -1,74836 0,00319

Através dos dados da Tabela 2 construiu-se o gráfico de 1/T em função de log 1/t
representado pela Figura 1.

Figura 1. Gráfico do log 1/t em relação a 1/T.

Com o aumento da temperatura, pode ser verificado que a mistura ficou mias clara
do que em temperatura ambiente, então, provavelmente teve-se a degradação do amido
ao longo do tempo.
Através do gráfico da Figura 1 tem-se um coeficiente de linearidade de 0,9306
para a seguinte equação da reta:

y = -625,91x + 0,3797

O coeficiente angular da reta é igual a -625,91, então a inclinação da reta nos


conduz a: (sendo R= 8,314 J/K mol)
Com a extrapolação da reta do gráfico, substitui-se o valor de Ea na equação da
reta. Sendo x=1/T, adotou-se T → e dessa forma resulta em x=0 e sendo y=log 1/t
desse modo tem-se que log 1/t= 0,3797.
Fazendo-se o logaritmo da equação elevando-se dos dois lados a potência de base
10:

Encontrou-se através da extrapolação do gráfico um valor de tempo muito


pequeno que é indetectável para os meios experimentais que foram empregados, dessa
forma se faz necessário utilizar de outros métodos que possam medir essa faixa de
tempo.
A extrapolação não corresponde ao valor real do fator exponencial, pois este leva
em consideração não apenas os valores de temperatura, mas também que todas as
colisões entre as moléculas conseguem adquirir a energia necessária para reagirem entre
sim.
Alguns erros experimentais podem ter sido ocasionados por erros na
cronometragem do tempo e também pela má condição dos reagentes usados, como o
fato do amido estar vencido, tornando a coloração da solução lilás e não azul. O amido
vai se degradando com o tempo, podendo dessa forma ter interferido nos resultados do
experimento
5. CONCLUSÃO
O valor calculado experimentalmente por meio do gráfico do logaritmo natural do
tempo em função do inverso da temperatura foi igual aproximadamente . Os pontos
distantes da reta podem apresentar erros de cronometragem, além de possíveis erros na
preparação das soluções.

6. REFERENCIAS BIBLIGRAFICAS
ATKINS, Peter; DE PAULA, Julio. Physical Chemistry. Oxford University Press.
8ªed. 2006.
MOORE, Walter Jonh. Físico-química. Vol. 1. Tradução de Helena Li Chun. São
Paulo: Edgard Bluncher, 1976

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