Você está na página 1de 70

Universidade Federal de Goiás

Escola de Veterinária
Departamento de Medicina Veterinária

Setor de Patologia Animal


Telefax: 62-3521.1580
E-mail: patologia@vet.ufg.br

Fundamentos Básicos da Necropsia e da


Colheita de Material para Histopatologia

Profª Drª Moema Pacheco Chediak Matos


Técnica de Necropsia
Necropsia
 Revela e/ ou confirma
- diagnóstico das doenças
- erros de interpretação dos sinais e da terapêutica
“ Procedimento obrigatório para médicos veterinários que consideram sua
profissão uma ciência séria”
 Subsídio para conhecer a patogenia dos processos mórbidos

 A necropsia é a arte de fazer com que o cadáver “revele” o curso


dos padecimentos que o levaram a morte.

Conjunto de procedimentos, organizado e hierarquizado, utilizado para examinar um


cadáver na busca de informações que esclareçam as alterações que o levaram a morte.”
Fischer e Brito (1980)
Técnica de Necropsia

Conceito:

É o conjunto de procedimentos mecânicos que objetiva expor, de


maneira ordenada, as diversas partes do organismo

 As Técnicas de Necropsia são variadas.


 O importante é utilizar sempre a mesma.
Antes da necropsia é necessário:

1. Autorização do proprietário

2. Anamnese detalhada

3. Preparar o Material
Técnica de Necropsia

Anamnese

Identificação do animal;

Condições de manejo, alimentação, densidade populacional;

Alterações que ocorreram no animal;

Tempo de duração;

Número de animais que adoeceram ou morreram;


Técnica de Necropsia
Exame externo do cadáver

 Local onde o animal morreu

 Aberturas naturais

 Pele e anexos

 Ambos os lados do cadáver


Técnica de Necropsia
Exame externo do cadáver
Observações especiais
 Boca
 Narinas
 Olhos
 Pavilhões Auriculares
 Ânus
 Vulva
 Pênis
 Pele
 Pêlos
 Cascos
 Articulações
Material necessário:
Material necessário
Material necessário
Colheita e Remessa de Material
Objetivo
Auxiliar no diagnóstico de enfermidades:
 Bacterianas
 Virais
 Parasitárias
 Intoxicações químicas
 Plantas tóxicas
 Deficiências minerais e vitamínicas
 Análises bioquímicas
 Anatomohistopatológicos
Colheita para Exame Histopatológico
Colheita de Alça Intestinal para Exame Microbiológico
Colheita para Exame Microbiológico
Colheita e Remessa de Material

Exame Histopatológico: Finalidade da fixação


• Etapa essencial para obter-se uma boa preparação histológica
• Definição: Fixadores são substâncias químicas que mantêm a integridade dos

tecidos após a morte, sem que ocorra alteração da estrutura celular.

 Fixadores

 Permitir o estudo celular como em vida

 Evitar alterações na estrutura química celular

 Endurecimento de tecidos moles para processamento técnico

 Fixar proteínas e inativar enzimas proteolíticas responsáveis pela


autólise.
Fixadores
Colheita e Remessa de Material

Fixadores teciduais de rotina

1. Formol a 10%
Formol comercial.......10 ml
Água limpa.................90 ml

 Fácil de preparar
 Barato
 Fixação em 24 horas
 Aldeído fórmico ou formalina a 37% ou 40%
Colheita e Remessa de Material

Fixadores teciduais de rotina

2. Formol neutro tamponado pH 7


Formol comercial (aldeído fórmico 37-40 vol.)........100 ml
Água destilada.............900 ml
Fosfato de sódio monobásico.......4,0 g
Fosfato de sódio bibásico..............6,5 g

 Fixador de eleição para laboratório de histopatologia


 Fixação entre 12 a 24 horas
 Usado para todos tipos de tecido
Colheita e Remessa de Material

Fixadores teciduais de rotina

3. Fixador de Bouin
Ácido pícrico......................75 ml

Formol................................25 ml

Ácido acético glacial..............5 g

 Fixação entre 06 a 12 horas

 Fixador de eleição para o sistema reprodutor e pele

 Desvantagem: há necessidade de varias lavagens em água


corrente, antes de estocar
Colheita e Remessa de Material
Fixadores teciduais de rotina

4. Fixador Dubosc- Brasil

Solução estoque
Álcool a 80%.......................150 ml
Formol...................................60 ml
Ácido Pícrico..........................5 g

Solução de uso
Solução estoque....................28 ml
Ácido acético glacial................2 ml

• Fixação entre 2 a 3 horas

• Utilizado preferencialmente para biópsias


• Desvantagem: material histológico de qualidade inferior
Colheita e Remessa de Material Exame Histopatológico:

Regras básicas

1. Fixar imediatamente após a colheita

2. Usar frascos de boca larga

3. Relação entre volume da peça e volume do fixador 1:20

4. Espessura da peça de aproximadamente 1 a 3 cm e o mais regular possível

5. Colher amostra representativa da lesão e da área aparentemente normal


Colheita e Remessa de Material

Exame Histopatológico: Regras básicas

6. Nunca congelar

7. Acompanhar laudo descritivo da peça

8. Evitar a maceração das mucosas por manuseio à necropsia

9. Intestinos fazer cortes transversais

10. Fragmentos com diferentes partes anatômicas, que justifiquem sua

colheita.

11. Tecidos pouco densos colocar algodão sobre as amostras


Colheita de Material : frasco boca larga e volume adequado de fixador
Colheita de material e fixação de forma correta
Bom senso...
Colheita de Material – Rim
Colheita de Material – Rim com cisto
Colheita de Material
A escolha de uma boa amostra...

•Lesão focal - Área lesão x não lesão


•Lesão difusa
•Tamanho (3x3cm)
•Áreas de necrose
•Representatividade
Alguns exemplos...
Fixação de mucosas...
Recorte e processamento do fragmento no laboratório de histopatologia
Recorte e processamento do fragmento no laboratório de histopatologia
FORMOL: 1 parte

ÁGUA: 9 partes
2 3
1
1 - Frascos de formol encontrado no comércio
2 – Frasco de plástico com solução de formol a 10%
9 partes de água e 1 parte de formol
3 – Frasco com solução de formol a 10% e amostras
MATERIAL PRONTO PARA ENVIO PARA EXAME HISTOPATOLÓGICO
Remessa de Material
Envio correto
1 2
Envio correto
1 – Frasco de plástico com fragmentos de tamanho corretos
e proporção de formol adequado

2 – Fragmentos de diversos órgãos de tamanho correto


Peso da caixa : 0,800 kg
1 2
Envio incorreto
1 – Frascos de vidro sem proteção lateral com amostras e
formol desproporcionais

2 – Tamanho inadequado das amostras


Peso da caixa : 7,900 kg
Remessa de Material

Rotulagem

 Conter informações resumidas mas suficientes para a


identificação do material, tais como órgãos contidos no frasco.
 Acompanhar Laudo de Necropsia do caso
Acondicionar corretamente para evitar:
 Quebra de vidros.
 Usar jornal ou papel toalha para preencher os espaços vazios da caixa
acondicionadora do frasco.

 Extravasamento de conteúdo.
 Certificar-se que o frasco está com a tampa bem lacrada.
Remessa de Material

Solicitação de exame necroscópico/ histopatológico

 Identificação da propriedade e do proprietário

 Endereço completo para contato.

 Informar: Telefones de contato e E-mail.

 Histórico clínico completo Boa Anamnese !


 Número de animais existentes na propriedade

 Número de animais doentes .........

 Descrição das alterações macroscópicas observadas durante a necropsia,

Laudo de Necropsia
Relatório da Necropsia
 Importância
 Registrar dados que possam ser esquecidos
 Fonte de consulta
 Aspecto legal ( documento)
 Remeter o relatório, junto com o material para exames

 Conceito
Descrição detalhada da alterações observadas na necropsia, cuja
linguagem e conteúdo, devem ser claros para o entendimento de quem
não participou da mesma.

Obs.: Descrever apenas as alterações macroscópicas observadas !


Relatório da Necropsia
 Componentes
• Cabeçalho
• Histórico do caso
• Dados obtidos pela anamnese
 Achados de necropsia
• Exame externo
• Exame interno
• Descrição por sistemas
• Mencionar apenas as alterações observadas
• Descrição responsável, ou seja, não ceder as pressões do proprietário ou
responsável pelo animal e/ou propriedade.

 Emitir um Diagnóstico Presuntivo ou Definitivo, se possível !


 Citar os materiais remetidos para exame complementares.
Relembrando...

Acondicionamento de material...
...para histopatológicos
•embalagem primária (frasco );
•saco plástico hermético;
•embalagem secundária (rígida);
•acolchoamento das laterais;
•identificação;
•relatório de necropsia.
Sistema nervoso

Como colher e enviar?


Abertura do Crânio
Colheita de Material
Cérebro

Realizar cortes seriados após fixação em formol


Colheita de Material
Cérebro

Realizar cortes seriados após fixação em formol


Colheita de Material
Cérebro

Fonte: Dr.Anilton Vasconcelos /UFMG(2004)


Separação
Tronco Encefálico
Colheita para Diagnóstico de Raiva ( imunofluorência)
Verme do cerebelo , Medula, Tálamo, Parte rostral do cérebro

1 2

3
4
Restante para Histopatologia
Nota:
Animal com mais de 24 meses

Enviar para Encefalopatia


Espongiforme Bovina
(EEB)
Tronco Encefálico

Tálamo

Colículo rostral

Colículo caudal e
pedúnculo cerebelar

Óbex

Medula

Encefalopatia Espongiforme Bovina


Realizar quatro cortes seriados para melhor fixação do material
O que deve ser evitado:

 Tecidos em autólise

 Amostras congeladas

 Falta de histórico

 Amostragem não representativa

 Material fixado e enviado incorretamente


Colheita de material e fixação de forma incorreta
Colheita de Material: frasco e fixação inadequados
Colheita de Material: nódulos tumorais colhidos de forma inadequada
B

A
C
A – Amostras de diversos órgãos de tamanho inadequado
B – Amostra de fígado com aproximadamente 8 cm - tamanho inadequado
C – Tamanho de amostra correto para envio - aproximadamente 2 cm
nas três dimensões
Algumas aberrações...
Resumindo...

...com procedimentos adequados na colheita e


processamento do material...

...é só ALEGRIA!!!
...Para finalizar...

“Nunca utilizem exames auxiliares de diagnóstico como muletas,


porque esses não são capazes de suprir a lacuna da falta de
conhecimento técnico necessário para a interpretação dos
aspectos patológicos encontrados. A técnica mais avançada ou o
laboratório mais sofisticado não substituem o conhecimento
profissional.” PETER FISCHER
Bibliografia:

A bibliografia Consultada consta no plano de Aula.

As imagens utilizadas:

Internet com objetivo unicamente didático

Acervo do Setor de Patologia da EV/UFG

Pertencentes ao Prof. Dr. Jurij Sobestiansky

Pertencentes a Profª Veridiana M.B.D. Moura


Universidade Federal de Goiás
Escola de Veterinária
Departamento de Medicina Veterinária
Setor de Patologia Animal
Telefax: 62-3521.1597
E-mail: patologia@vet.ufg.br

Obrigada a todos !

Você também pode gostar