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Físico-Química

UNIDADE 3
FÍSICO-QUÍMICA
UNIDADE 3

Para início de conversa

Prezado (a) aluno (a), vamos lá continuar nossos estudos?

Hoje iniciaremos a Unidade III. Após um estudo bem detalhado da lei da velocidade, ordem da reação,
fatores que influenciam a velocidade de uma reação, o que é, e como se determina uma constante de
equilíbrio, você está apto a dar continuidade aos nossos assuntos desta unidade.

Orientações da Disciplina

Iremos nos aprofundar um pouco mais em Equilíbrio Químico. O meu objetivo é passar para você o conceito
do Princípio de Le Châtelier, explicar as constantes de equilíbrio e suas relações com as soluções ácidas
e básicas, e, por último, aprender sobre a técnica de titulação e cálculo de pH e pOH.

Preparado (a) para iniciar? Então, mãos à obra!

PRINCÍPIO DE LE CHÂTELIER

Querido (a) aluno (a), o primeiro tema abordado nesta unidade será o princípio de Le Châtelier e o efeito de
fatores como: Temperatura, pressão e adição ou remoção de reagentes relacionados a este princípio. Como
foi estudado na unidade 2, um sistema está em equilíbrio quando a formação de produtos e reagentes
está ocorrendo em velocidades iguais. O equilíbrio químico é dinâmico porque a formação de produtos e
reagentes continua a ocorrer com velocidades iguais.

O Princípio de Le Châtelier, também conhecido com Princípio de Le Châtelier-Braun, foi formulado pelo
químico francês Henri L. Le Châtelier e diz que quando um sistema em equilíbrio é perturbado por uma
alteração na concentração, pressão ou temperatura de um de seus componentes, o sistema deslocará sua
posição de equilíbrio de forma a reverter o efeito da perturbação.

Agora vamos lá porque vou te ensinar o efeito que essas perturbações causam em um sistema que está
em equilíbrio.

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Adição e Remoção de Reagentes

Quando aumentamos a concentração de algum reagente presente na mistura em uma reação em equilíbrio,
com temperatura constante, a reação será deslocada no sentido direto, pois para entrar em um novo
equilíbrio o sistema terá que gerar mais produtos.

O contrário também ocorre: Se aumentarmos a concentração dos produtos a reação se deslocará no


sentido inverso, fornecendo mais reagentes. Para facilitar o entendimento do efeito da variação da
concentração em um sistema em equilíbrio, considere uma mistura de N2, H2 e NH3 em equilíbrio:

N2(g) + 3H2(g) 2NH3

O que você acha que acontece se adicionarmos mais reagente ao sistema que está em equilíbrio? O
equilíbrio do sistema será perturbado. Para restabelecer o equilíbrio do sistema o que aconteceria com a
mistura? Os reagentes vão ser consumidos com o objetivo de formar mais produto e com isso atingir um
novo estado de equilíbrio.

Exemplo

Por exemplo, na mistura em equilíbrio descrita acima, se for colocado na mistura H2 o sistema irá
se deslocar a fim de reduzir o excesso de H2, através do consumo de N2 formando mais NH3. O que
aconteceria se ao invés de colocar H2 na mistura fosse colocado N2?

A resposta seria isso mesmo que você está pensando! Como o N2 também é um reagente o sistema irá
se deslocar com o objetivo de formar mais produto, que no caso é o NH3. Portanto, quando há a adição
de reagentes em um sistema em equilíbrio, o sistema vai se deslocar no sentido dos produtos, a fim de
restabelecer o equilíbrio.

Imagine se ao invés de adicionar reagente, fosse tirado reagente da mistura, o que aconteceria?

Na remoção de um ou dois reagentes, a concentração de reagentes iria diminuir, com isso, o equilíbrio irá
compensar essa redução dos reagentes através da decomposição do produto, NH3, deslocando o equilíbrio
no sentido dos reagentes, concorda? A mesma lógica vale para a adição ou remoção de produtos. Quando
ocorre a adição do produto o sistema se desloca na direção dos reagentes. Quando ocorre a remoção do
produto o equilíbrio se desloca no sentido do produto.

No caso da variação da concentração, deve-se ficar atento se a adição de algum componente causará
variação na pressão do sistema. Se duas variações produzem efeitos opostos não é possível prever em
que direção o equilíbrio será deslocado.

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Praticando

Para praticar, vou resolver um exemplo.

Aplicação 1 - Considere a seguinte reação que se encontra em equilíbrio químico:

H2(g) + I2(g) 2 HI(g)

O que acontece se for adicionado H2 ao sistema?

Resposta: Quando é adicionado um reagente a uma mistura em equilíbrio, o equilíbrio desloca-se no


sentido do consumo deste reagente, fazendo com que o H2(g) em excesso passe a reagir com o I2(g)
formando mais HI(g). Por tanto a adição de reagente favorece a formação do produto.

Agora outro exemplo, caro (a) aluno (a)!

Aplicação 2 - O cheiro do peixe é causado pelo composto metilamina, de fórmula CH3 - NH2, cuja equação
de equilíbrio é apresentada a seguir:

CH3 - NH3(aq) + H2O(l) CH3 - NH3(aq)+ + OH-(aq)

Por que as donas de casa usam limão para eliminar o cheiro causado por este composto?

Resposta: A adição do limão (H+) neutraliza o OH-, reduzindo a quantidade de produto da reação, fazendo
com que os reagentes reajam para produzir mais produto. Com isso o metilamina é consumido.

Temperatura

Agora você estudará o efeito da temperatura no equilíbrio do sistema. Vamos lá?

Diferente das variações de pressão e concentrações, a variação da temperatura em um sistema que


está em equilíbrio altera o valor da constante de equilíbrio do sistema. O deslocamento no equilíbrio do
sistema vai depender do tipo de reação do sistema que está em equilíbrio.

Para uma reação exotérmica, na qual há liberação de energia na forma de calor para acontecer, quanto
mais você diminui a temperatura mais estará favorecendo a formação dos produtos, ou seja, favorece o
sentindo da reação exotérmica.

Se a reação for endotérmica, ou seja, absorve calor para acontecer, aumentando a temperatura é que
favorece a formação dos produtos. Considere uma mistura de SO2, O2 e SO3 em equilíbrio:

2 SO2(g) + O2(g) 2 SO3(g) ΔH = -198 kJ (exotérmica)

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E agora? O que acontece quando a temperatura do sistema é alterada?

Como vimos anteriormente, para uma reação exotérmica, a redução da temperatura do sistema, deslocará
no sentindo da reação exotérmica, ou seja, favorecerá a formação de SO3, enquanto que o aumento da
temperatura do sistema favorece a reação no sentindo endotérmico, ou seja, a formação de mais SO2 e
O2.

Para praticar vamos fazer um exemplo de um sistema em equilíbrio em que a reação é endotérmica.

Praticando

Aplicação 3 - Considere o seguinte equilíbrio:

Co (H2O)62+ (aq) + 4 Cl- (aq) CoCl42- (aq) + 6 H2O (l) ΔH>0 (endotérmica)

A solução aquosa em equilíbrio a temperatura ambiente apresenta uma cor violeta. Sabendo que Co
(H2O)62+(aq) é rosa e CoCl42- (aq) é azul, indique o que acontece com a solução quando ela é aquecida e
o que acontece quando ela é resfriada.

Resposta: Experimentalmente é observado que quando a solução é aquecida, ela torna-se azul, indicando
que o equilíbrio foi deslocado para formar mais CoCl42- (aq). Isso ocorre porque para uma reação
endotérmica, o aumento da temperatura desloca o equilíbrio na direção do produto. Quando a solução é
resfriada, observa-se que a solução torna-se rosa, porque o equilíbrio foi deslocado para produzir mais
Co (H2O)62+ (aq). Isso ocorre porque para uma reação endotérmica a redução da temperatura desloca o
equilíbrio na direção do reagente.

Para praticar vou fazer um exemplo.

Vou resolver outra questão!

Aplicação 4 - Considere o equilíbrio:

2 H2S(g) + 3 O2(g) 2 H2O(g) + 2 SO2(g) ΔH = -1036kJ

Seguindo o princípio de Le Châtelier, em que direção o equilíbrio se desloca quando a temperatura do


sistema é reduzida.

Resposta: Muito fácil essa, isso? Como a reação é exotérmica, ou seja, libera calor, a redução da
temperatura irá favorecer o sentido exotérmico dela, com isso irá deslocar o equilíbrio na direção dos
produtos.

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Pressão e Volume

A variação da pressão só influencia na velocidade de reação se pelo menos uma das espécies químicas
envolvidas for gasosa.

Se reduzirmos o volume do sistema em que ocorre uma reação gasosa em equilíbrio, sem alterarmos a
temperatura, ocorrerá um aumento da pressão do sistema, concorda?

Portanto, o equilíbrio se deslocará no sentido do menor volume, ou seja, que possui menos quantidade
de matéria em mol. Já se aumentarmos o volume do sistema, a pressão exercida pelos gases reduzirá,
deslocando o equilíbrio no sentido da reação com maior volume (maior número de mol).

Pela equação dos gases ideais, vista na unidade 1 sabe-se que o volume é inversamente proporcional a
pressão, ou seja, se aumentarmos ( ) o volume, diminuiremos ( ) a pressão.

PV = nRT ( ) V=

Como exemplo, podemos citar novamente a síntese da amônia:

→ Sentindo 1
N2(g) + 3H2(g) ↔ 2NH3
← sentido 2

Uma redução na pressão do sistema que contêm uma mistura de N2, H2 e NH3 em equilíbrio, irá aumentar
o volume do sistema em que sentido?

Pelo princípio de Le Châtelier, para restabelecer o equilíbrio, o sistema irá se deslocar no sentido 2, o qual
possui maior número de moléculas de gás. Nesse caso, o aumento da pressão favorece a formação de
amônia, sentido 1, que é o lado da reação que possui um menor número de moléculas.

Considerando um novo sistema:

N2O2(g) ↔ 2NO2

O que acontece com o aumento da pressão neste novo sistema? O aumento da pressão do sistema
favorece a formação do N2O2, que é o lado que possui uma menor quantidade de moléculas de gás.

A pressão do sistema pode ser alterada sem variar o volume do sistema. Para isso, basta adicionar
reagente à mistura que a pressão do sistema irá aumentar.

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EQUILÍBRIO IÔNICO

Equilíbrio Iônico nada mais é que um equilíbrio químico que se constitui entre as moléculas não ionizadas
e os íons resultantes da ionização. É um caso particular de equilíbrio químico no qual, além de moléculas,
estão presentes íons.

Para iniciar nosso assunto de equilíbrio iônico, vamos revisar rapidamente sobre ácidos e bases!

Para Resumir

Ácidos e bases são substâncias amplamente conhecidas no cotidiano. Os sucos de


fruta cítricos (laranja, limão e acerola), os refrigerantes e o vinagre são soluções
ácidas, enquanto que o leite de magnésia, o bicarbonato de sódio, a soda cáustica e o
amoníaco (utilizado em produtos de limpeza) são soluções básicas.

Conceito Ácido-Base de Arrhenius

Os ácidos e as bases são conhecidos desde os tempos mais remotos. Os alquimistas eram capazes de
produzir o ácido sulfúrico (óleo de vitríolo) e o nítrico (água forte). As bases, por sua vez já eram conhecidas
no fabrico de sabões em 2800 a.C, além de serem também produzidas pelos alquimistas.

No entanto, apenas no século XIX, o químico Svant Arrhenius foi o primeiro a desenvolver uma definição
química de ácidos e bases. Segundo a Teoria de Arrhenius:

Ácido é uma substância que se ioniza (isto é, forma íons) na água dando cátions H+ (ou o cátion hidrônio,
H3O+).

Base é uma substância que se ioniza na água dando íons OH- (hidroxila).

Exemplos:
H2O

HCl H+ + Cl-

H2O

NaOH Na+ + OH-

??? Você sabia?

Aluno (a), você sabia que o conceito de ácidos e bases de Arrhenius, embora útil, tem
limitações, isso porque é restrito a soluções aquosas? Pois é!

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Teoria ácido-base de BrØnsted- Lowry

Uma teoria mais abrangente foi proposta independentemente pelo cientista dinamarquês Johannes
BrØnsted e pelo cientista inglês Martin Lowry, em 1923. Segundo essa teoria:

Ácido é uma substância capaz de doar um próton (ou seja, o íon H+) a uma base.
Base é uma substância capaz de receber um próton de um ácido.

Assim, uma reação ácido-base ocorre com a transferência do íon H+ de um ácido para uma base.

Exemplos:

HCl + H2O H3O+ + Cl-


ácido base

Nesse caso, o HCl doou o próton para a água, que funcionou como uma base, recebendo o próton (H+) e
se transformando no íon H3O+.

pH e Poh

O bioquímico dinamarquês Soren Sorensen desenvolveu a escada de pH, que expressa as concentrações
de íons H3O+ em escala logarítmica.

O pH é definido pela equação abaixo:

pH= -log [H3O+]

Assim, quanto maior a concentração de íons H3O+ (solução ácida), menor o valor de pH e quanto menor
a concentração desses íons (solução básica ou alcalina), maior o valor de pH. Soluções que apresentam
valores de pH entre 0 e 7 são consideradas ácidas e entre 7 e 14 básicas.

Como exemplo, vou calcular o pH de uma solução na qual [H+] = 1,0x10-3 mol.L-1:

pH = -log [H3O+] = -log [H+] = -log [1,0x10-3] = -(-3,00) = 3

Uma forma conveniente de medir a concentração de íons de OH- em uma solução é através do conceito
de pOH, que é análogo ao conceito de pH.

pOH= -log [OH-]

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Equilíbrio iônico na água

??? Você sabia?

Você sabia que a água é formada por moléculas de H2O, se considerarmos um recipiente
contendo água pura será que as moléculas de H2O sofrem alguma interação iônica
entre elas?

A resposta a essa pergunta é sim, pois as moléculas nos líquidos estão em constante movimento, sendo
assim, é normal que ocorram entre elas vários tipos de colisões e uma transferência de próton (H+) de
uma molécula para outra.

Essa transferência é representada na equação abaixo:

H2O(ℓ) + H2O(ℓ) H3O+(aq) + OH-(aq)

Chamamos o processo de ionização da água devido à formação dos íons: H3O+ (cátion hidrônio) e OH-
(hidroxila). As concentrações de íons H+ e OH- que estão no equilíbrio variam de acordo com a temperatura,
porém constantemente estarão iguais entre si:

H2O H+ + OH−

Temos:

Da constante de equilíbrio temos:

K. [H2O] = [H+].[OH−]
 
Kw = [H+].[OH−]

Ao produto K. [H2O] damos o nome de constante de produto iônico da água (Kw).

Medidas experimentais mostram que, a 25º, Kw vale, aproximadamente 10-14.



Kw = [H3O+][OH–] = 1,0 × 10–14 (a 25 ˚C)

Para a água pura [H+] = 10-7; [OH−] = 10−7


Em soluções ácidas [H+] > 10−7; [OH−] < 10−7
Em soluções básicas [H+] < 10−7; [OH−] > 10−7

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Supondo que uma solução aquosa contenha uma concentração de 2,0x10-3mol.L-1 de OH-, o pH desta
solução é dado por:

[H+] = = = 5,0x10-12 mol.L-1


pH = - log (5,0x10-12) = 11,30

Grau de Ionização

Um ácido será considerado forte ou fraco dependo do seu grau de ionização. Um ácido é considerado
forte, quando ele é capaz de dissociar uma grande quantidade de íons em uma solução aquosa. Quando
um ácido dissociar uma pequena quantidade íons em uma solução aquosa, ele é um ácido fraco. O grau
de ionização é dado pela razão entre a quantidade de mols que são ionizados e quantidade de mols que
foi dissolvido na solução.

Exemplo

Um ácido que a cada 10 moléculas dissolvidas em uma solução aquosa, 9 sofrem


ionização e 1 permanece sem ionizar tem um grau de ionização de 9/10, que corresponde
a 90%. De uma maneira geral, os ácidos que possuem um grau de ionização superior a
50%, são considerados ácidos fortes, enquanto que os ácidos com um grau de ionização
entre 5% e 50% são considerados moderados e com um grau de ionização inferior a 5%
são considerados ácidos fracos.

Ácidos e bases fortes

A reação de um ácido forte com água para formar íons de H3O+ é praticamente completa.

Exemplos de ácidos fortes são: O HCl, HBr, HI e H2SO4. O mesmo acontece para bases fortes, bases como:
NaOH, KOH e Ca(OH)2 dissociam-se completamente em íons em uma solução aquosa.

As bases fortes solúveis mais comuns são os hidróxidos iônicos dos metais alcalinos (grupo 1A) e os
metais alcalinos terrosos (grupo 2A).

Por exemplo, uma solução rotulada de 0,30 mol.L-1 NaOH consiste em 0,30 mol.L-1 de Na+(aq) e 0,30
mol.L-1 de OH-(aq), não existindo praticamente nenhum NaOH não dissociado.

Ácidos e bases fracas

Para um ácido fraco, a reação com água não é completa, havendo a reação nos dois sentidos. Para um
ácido fraco HA qualquer:

HA(aq) + H2O(l) H3O+(aq)+ A-(aq)

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Da mesma forma que fizemos para constante do produto iônico da água, trocamos o índice inferior (w)
nessa constante de equilíbrio para denominar o tipo de equação à qual ela corresponde (a), de ácido. A
constante de equilíbrio para a ionização de um ácido, Ka, mais conhecida como constante de ionização ou
constante de dissociação é dada por:

Ka = =

A ordem de grandeza do Ka indica a tendência de o ácido ionizar a água, sendo assim, quanto mais forte
o ácido, maior o valor de Ka.

As bases fracas quando reagem com água, abstraem um próton da água, formando íons de OH-

B(aq) + H2O HB+ + OH-(aq)

A expressão para Kb, constante de dissociação básica ou constante de basicidade, é escrita de forma
análoga para ácido, sendo trocado apenas o índice inferior da constante (a) por (b), indicando ionização
de uma base:

Kb =

Para fixar o assunto vamos resolver, praticando, uma aplicação rapidinho?

Praticando

Aplicação 5 - Considerando os ácidos, H2S, HNO3, H2CO3, CH3COOH, C6H5COOH e suas respectivas
constantes de dissociação, 1,0 x 10-7, 6,0 x 10-6, 4,4 x 10-7, 1,8 x 10-5, 6,6 x 10-5, indique qual o ácido mais
forte e qual o ácido mais fraco.

Como vimos anteriormente, a grandeza Ka, constante de dissociação, indica a tendência de o ácido ionizar
a água, portanto, quanto maior o Ka mais forte é o ácido.

Com isso, podemos afirmar que o C6H5COOH com Ka = 6,6 x 10-5, é o ácido mais forte e o H2S que possui
Ka = 1,0 x 10-7, é o ácido mais fraco.

Relação entre Ka e Kb

Para observar a relação entre a constante de dissociação (Ka) e a constante de basicidade (Kb), considere
as duas reações abaixo com o ácido acético:

CH3COOH(aq) + H2O(l) H3O+(aq) + CH3COO−(aq) Ka


CH3COO−(aq) + H2O(l) CH3COOH(aq) + OH− Kb
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A constante de acidez da primeira reação e a constante de basicidade da segunda reação são dadas por:

Ka =

Kb =

A soma das duas reações se reduz a autoionização da água:

CH3COOH(aq) + H2O(l) H3O+(aq) + CH3COO−(aq) Ka


CH3COO−(aq) + H2O(l) CH3COOH(aq) + OH− Kb
----------------------------------------------------------------------------------
2 H2O(l) H3O+(aq) + OH− Kw = Ka.Kb

A constante desta terceira equação é igual ao produto das constantes das duas equações:
Ka . Kb = x = [H3O+][OH-] = Kw

pH E CURVA DE TITULAÇÃO

A titulação ácido-base, também conhecida como análise titrimétrica, é uma reação de neutralização no
qual uma quantidade de analito presente na amostra é determinada pela adição de uma quantidade
conhecida de um reagente, o titulante, de modo que esse reagente reaja completamente com o analito.
Saiba que normalmente são utilizados indicadores para indicar quando ocorrer a neutralização, mas o
processo pode ser monitorado com o uso de um medidor de pH para medir o pH da solução à medida que
a titulação avança.

O gráfico da resposta medida em relação à quantidade titulante utilizado na titulação é chamado de curva
de titulação (figura 1).

Figura 1 – Curva de titulação de um ácido e de uma base


Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAh-wAK/construcao-curva-titulacao

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Vamos analisar a figura: O ponto dessa curva onde o volume do titulante adicionado neutralizou a solução
é chamado de ponto de equivalência. Uma vez conhecida o volume do titulante necessário para neutralizar
o analito, podemos definir a quantidade de analito presente na amostra inicial utilizando a estequiometria
da reação do titulante com o analito. O tipo de titulação em que as medições de volume são utilizadas
para caracterizar a amostra, sãos as titulações volumétricas.

Titulações e cálculos de pH

O objetivo principal da titulação é determinar a concentração do analito, através da concentração do


titulante e do volume do titulante necessário para atingir o ponto de equivalência. Tendo estes valores,
utiliza-se a seguinte expressão para calcular a concentração do analito:

Canalito x Vanalito = Ctitulante x Vtitulante

Onde C é a concentração em mol.L-1 e V é o volume em litros.

Vamos lá fazer uma aplicação para fixar melhor!

Praticando

Aplicação 6 - 20 mL de uma solução de ácido acético 0,1000 M foi titulada com NaOH 0,0500M. Qual o
volume de NaOH utilizado na titulação?

Para resolver este exemplo usarei a expressão:

Canalito x Vanalito = Ctitulante x Vtitulante

Conhecendo a concentração e o volume do analito, 0,1000 M e 20 mL respectivamente, e a concentração


do titulante, 0,0500 M, temos:

0,1000M x 20 mL = 0,0500 M x Vtitulante

Vtitulante = 40 mL

O volume de NaOH adicionado para neutralizar a solução de ácido acético foi de 40 mL.

Titulações ácido forte e base forte

Agora irei explicar para você, querido (a) aluno (a) as principais características de uma titulação envolvendo
uma base forte e um ácido forte.

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Considere a reação entre 20 cm3 de HCl 0,100 mol.dm-3 e NaOH aquoso 0,100 mol.dm-3. Considere o ácido
como o analito e a base como titulante.

HCl (aq) + NaOH (aq) NaCl (aq) + H2O (l)

Antes de ser adicionado qualquer base, o pH da solução é:

pH = -log10[H3O+] = -log10[0,100] = 1,00

À medida que vai sendo adicionado NaOH, os íons de OH- reagem com parte dos íons de H3O+ do ácido,
diminuindo a concentração do H3O+ e com isso aumentando o pH da solução. A solução atinge seu ponto
de equivalência ao ser adicionado 20 cm3 de NaOH, atingindo um pH = 7. Qualquer volume superior a 20
cm3 de NaOH adicionado a solução causará um excesso de OH- na solução, aumentando o pH da solução.

Titulações ácido fraco e base forte

Considere uma solução contendo 50 mL de ácido acético (HC2H3O2) a 0,1 mol.L-1 titulada com NaOH a 0,1
mol.L-1.

A curva de titulação pode ser dividida em quatro partes:

1. pH inicial: Como o ácido utilizado não é um ácido forte, a concentração de íons H+ é inferior a
concentração do ácido, tendo assim um pH maior do que 1, que seria o pH de um ácido forte.

2. Entre o pH inicial e o ponto de equivalência: O pH da solução varia a medida que o ácido acético
vai sendo neutralizado pela base NaOH

3. No ponto de equivalência: ponto alcançado com a adição de 50 mL de NaOH, todo o ácido


acético foi neutralizado pelo NaOH. Nesta reação de neutralização foram formados 2 íons, o
íon Na+, que não apresenta nenhum efeito sobre o pH da solução, e o íon C2H3O2-, que é uma
base fraca e ,por tanto, apresenta uma efeito no pH da solução, fazendo com que o pH no ponto
de equivalência seja maior que 7.

4. pH depois do ponto de equivalência: para o cálculo do pH nessa região, a concentração de OH


gerado pela base C2H3O2- é desprezada, sendo considerado somente o OH gerado pela base
forte NaOH.

Titulação de base fraca com ácido forte

A titulação de uma base fraca (0,1 mol.L-1 de NH3) com um ácido forte (0,1 mol.L-1 de HCl) segue o processo
inverso da titulação ácido fraco com uma base forte e tem seu ponto de equivalência em um pH de 5,28.

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Indicadores

Embora a titulação possa ser acompanhada usando apenas um medidor de pH para medir a concentração
dos íons H+, geralmente é mais conveniente usar um indicador para acompanhar a titulação. Com a
escolha certa do indicador, o ponto final da reação (ponto em que a mistura muda de cor) é o mesmo que
o ponto de equivalência. Um indicador ácido-base é geralmente uma base fraca ou um ácido fraco que
tem diferentes cores em suas formas neutras e iônicas. A escolha do indicador vai depender do ácido e
da base que estão sendo usados. Para uma titulação de um ácido forte e uma base forte, que possui um
ponto de equivalência no pH 7, o indicador precisa possuir um pH em torno de 7, que é o ponto em que vai
se verificar uma mudança na coloração da solução. Por tanto, o indicador ideal para uma titulação possui
um pH próximo ao pH do ponto de equivalência da reação ácido-base.

Acesse o Ambiente Virtual

Prezado (a) aluno (a), com isso chegamos ao fim da nossa terceira unidade. É importante que ao finalizar
essa unidade você tenha adquirido os conhecimentos. É interessante, para fixar o conteúdo, que você
leia o livro-texto, na íntegra, estude todo o conteúdo, bem como os exemplos e os exercícios que lá estão
presentes, pois é de fundamental importância para seu aprendizado.

Agora só precisa realizar as atividades presentes (questionário e fórum) no Ambiente Virtual de


Aprendizagem – AVA, para concluir a 3° unidade.

Bons estudos e até a próxima unidade!

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