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Universidade Eduardo Mondlane

Faculdade de Engenharia
Departamento de Engenharia Electrotécnica

DISCIPLINA: Comunicações Sem Fio

FICHA 10

GESTÃO DE CHAMADAS EM GSM

4º Ano – 2021 (PL)

1 Equipe de Trabalho: Eng.º HB e Eng.º LM


1. Introdução
A gestão de chamadas não é um tema novo. Consiste no estabelecimento e libertação de circuitos de
comunicação através de diversas redes. O desenvolvimento das redes fixas, principalmente a PSTN
(Rede pública de comutação telefónica) e a ISDN (Redes digitais com integração de serviços),
causou uma grande evolução nas técnicas de sinalização. As redes celulares públicas em geral, e o
GSM em particular, são basicamente redes de acesso a estes sistemas de telecomunicações. O seu
esquema de gestão de comunicações é bastante dependente das técnicas existentes e oferece poucas
novidades, por exemplo, a troca de sinalização na interface entre o GSM e as redes exteriores é
imposta pelas últimas. Os procedimentos de sinalização da gestão de comunicações, definidos entre
estações móveis e a infra-estrutura GSM, são cópias adaptadas e simplificadas daquelas especificadas
para o acesso à PSTN.

No entanto a gestão de chamadas não é totalmente herdada da PSTN, pois os sistemas celulares
acarretam alguns problemas devido à mobilidade dos utilizadores e ao facto de não existir nenhuma
ligação fixa entre cada utilizador e a estrutura da rede. O ponto central é o estabelecimento de
chamadas com utilizadores que se deslocam, pois temos:

 O problema do encaminhamento da chamada através de redes até ao utilizador móvel.

 O outro lado do problema é o percurso que o sistema tem que percorrer para seguir o
movimento dos utilizadores entre chamadas, de maneira a localizá-los sempre que
necessário.

Um factor importante aqui, é o de que em princípio deve ser possível a qualquer assinante do ISDN
ou PSTN efectuar chamadas para qualquer móvel de uma PLMN GSM, ou ainda receber chamadas
de assinantes móveis. Contudo, quando realizamos uma chamada de voz com um celular GSM,
diversos procedimentos de troca de mensagens são efetuados e, tanto o móvel como a rede, realizam
o processamento dessas mensagens e de seus parâmetros no sentido de definir as características do
serviço, avaliar a qualidade do canal e alertar o usuário.

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2. Solicitação do Serviço pelo Móvel (MS – MS)
O facto de a chamada ser originada num móvel não implica uma grande diferença de procedimento
em relação às redes fixas. As diferenças estão nos seguintes factores:

 O número é completamente digitado antes de ser estabelecido qualquer contacto com a rede,
sendo este visualizado na MS e estar sujeito a modificações antes da transmissão; e

 Uma outra diferença, que aplicável em redes multi-serviço como GSM, é que informação
adicional pode ser trocada entre o utilizador e a rede no início da chamada, tal como o tipo
de serviço ou o tipo de canal.

O início do processo se dá com a solicitação do serviço pelo móvel. De facto, no caso de uma
chamada de voz, o usuário A (aquele que pretende aceder ao serviço) deve digitar o número do
usuário B (o número com o qual o usuário A pretende se comunicar), ou escolher este número na
agenda de contatos ou na memória do MS. Nessa fase, o móvel irá efectuar um acesso aleatório,
através do canal RACH, pedindo então um canal de sinalização dedicado SDCCH, montando então
uma mensagem de camada 3 chamada “CM Service Request”. Esta é uma mensagem com
diversos campos, sendo o principal, o que indica o serviço solicitado.

O SDCCH é um canal de controle dedicado para a sinalização entre o móvel e o sistema e é alocado
através do procedimento de solicitação de canal (Channel Request). Portanto, como mostra a figura
2.1, o móvel deve então realizar o procedimento de Channel Request e em seguida, de posse do
SDCCH, enviar a “CM Service Request”.

Figura 2.1 - Solicitação do Serviço pelo Móvel.

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Note que a mensagem de solicitação do serviço é enviada pelo móvel para a BTS, que repassa para a
BSC que por sua vez repassa novamente, agora para a MSC. Portanto, é uma mensagem que o
móvel envia para a central que irá processá-la no sentido de autorizar ou não o serviço solicitado.

i) Autorização do Serviço
Depois de solicitado o serviço, a MSC vai comandar o processo de autorização. O objetivo é
verificar se o móvel está ou não autorizado para aquele tipo de serviço. Na interface aérea iremos
observar a troca de algumas mensagens. Dependendo da configuração da rede (versão de protocolo
ou parâmetros de sistema) algumas etapas podem ser suprimidas. No total, são quatro os
procedimentos possíveis:

 Autenticação do móvel - a rede verifica se o móvel é legítimo ou não, dificultando a


clonagem de aparelhos;
 Ativação da criptografia - a rede passa a trocar mensagens encriptadas na interface aérea,
garantindo sigilo no canal;
 Verificação do IMEI - a MSC consulta a Black List do EIR para verificar se o aparelho não
está bloqueado;
 Realocação de TMSI - o móvel pode receber o comando para mudar o seu número
temporário dificultando o rastreamento de suas chamadas futuras.

Até esta fase, os procedimentos podem ser revistos no diagrama da figura 2.2:

Figura 2.2 - Autorização do Serviço.

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ii) Setup da Chamada
O próximo passo de uma chamada originado pelo móvel GSM, é o envio da mensagem de “Setup”.
Nesta mensagem, o móvel transmite à rede todas as informações sobre a chamada originada,
inclusive o número do usuário B. O móvel envia a mensagem para a rede, sendo que os
equipamentos vão repassando até que chegue na MSC.

Figura 2.3 - Setup da Chamada

Note-se que na figura 2.3, não indica-se a troca de mensagens da MSC com outras centrais. Porém,
após o recebimento da mensagem de “Setup”, a MSC dispara o procedimento de busca e conexão
com o usuário B.

Encontrado o usuário B, a MSC envia para o móvel GSM, a mensagem “Call Proceeding” que
indica que o procedimento continuará com a alocação do canal de tráfego, conforme veremos.

iii) Alocação do Canal de Tráfego

O próximo passo do procedimento é a alocação do canal de tráfego. Neste ponto, a chamada está
autorizada e o usuário B está sendo procurado para conexão.

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Na figura 2.4, mostra-se a mensagem “Assignment Command” na interface aérea, a qual indica
para o móvel qual é o número do canal de tráfego (portadora e time slot) para o qual o móvel deve ir
para realizar a chamada.

Antes desta mensagem ser enviada, a BTS e a BSC já trocaram mensagens para a ativação do TCH
(Traffic Channel).

Figura 2.4 - Alocação do Canal de Tráfego.

Tendo o MSC/VLR instruído o BSC para alocar um canal de trafego livre. A BTS e o terminal
móvel (celular) são sintonizadas no canal de trafego:

 O telefone móvel (celular) toca. e

 Se o assinante atende, a conexão é estabelecida.

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3. Solicitação do Serviço pelo Móvel (FS – MS)
A maior diferença entre o estabelecimento de uma chamada para um utilizador PSTN/ISDN e um
utilizador móvel é que no primeiro, a localização exacta é conhecida, enquanto no segundo nunca
sabemos onde se encontra o móvel, podendo inclusivamente estar no estrangeiro. Desta forma
teremos de encontrar o móvel através das bases de dados e depois por paging e só então encaminhar
a chamada para o local destino.

Na Figura 3.1 estão representados os procedimentos que se deve efectuar no estabelecimento deste
tipo de chamada. Neste caso trata-se de uma chamada originada na rede fixa, mas na verdade, toda a
sequência de procedimentos é semelhante, qualquer que seja a origem da chamada:

Figura 3.1 - Estabelecimento de Chamada Terminada no Móvel.

1. O assinante fixo digita o número de telefone destino - MSISDN. Este número é então analisado
pela central de comutação local, que encaminha então a chamada para a gateway do operador móvel,
denominada por GMSC.

2. O GMSC analisa o MSISDN de forma a deduzir em que HLR se encontra registado o assinante.
Um operador móvel pode optar pela utilização de diversos HLR’s, existindo então uma separação
com base no MSIDN. É então altura de interrogar o HLR acerca do estado do móvel, e a forma de
encaminhar a chamada para o mesmo.

3. Depois de verificado o número do assinante móvel no HLR, terá então de se proceder a várias
operações:

i) O HLR terá de em primeiro lugar efectuar a transformação do MSISDN na identificação


móvel, o IMSI;

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ii) Esta consulta verifica também o estado dos serviços do assinante, pois pode-se dar o caso de
estarem activos reenvios para outros números, ou por exemplo, para um centro de voice
mail;

iii) O HLR contacta agora o MSC da área de serviço onde se encontra o móvel. Este contacto
tem como objectivo a obtenção do MSRN, que permitirá o encaminhamento da
chamada para o MSC. Repare-se que este MSC pode não ser do próprio operador,
podendo inclusive estar no estrangeiro. No entanto todo o processo é semelhante.

4. Com base no IMSI o VLR selecciona temporariamente um MSRN e associa-o ao assinante em


causa enquanto a chamada decorrer. Este número é então devolvido ao HLR, que por sua vez o
envia ao GMSC.

5. O GMSC está então agora em condições de encaminhar a chamada para o destino, estabelecendo
um circuito através da própria rede, ou através do PSTN caso o assinante esteja em roaming. Esta
chamada é encaminhada directamente para o MSC.

6. Chegado o MSRN ao MSC/VLR, este converte-o no respectivo TMSI e obtêm assim a LAI em
que se encontra o assinante. É então iniciado o processo de paging.

7. O MSC pede as BSC’s que controlam as estações base que pertencem à área de localização do
móvel, que enviem uma mensagem de paging por forma a encontrar o móvel. Esta mensagem tem
como parâmetro o IMSI e o TMSI do móvel destino.

8. O móvel em causa deverá então responder ao paging, através do canal de acesso aleatório RACH.
O móvel envia o TMSI.

9. É atribuído um canal para sinalização dedicado SDCCH. O canal lógico SDCCH é então
estabelecido entre o móvel e o MSC/VLR. É então que se dará todo o processo de autenticação por
forma a confirmar a identidade do móvel. Depois de iniciada a chamada encriptada, será passada ao
móvel toda a informação respeitante à chamada em causa, por exemplo número de origem.

10. Depois de informada a BSC, é então atribuído um canal de tráfego ao móvel, completando-se a
ligação. Esta atribuição poderá ser efectuada antes ou depois de início de alerta no móvel,
dependendo da estratégia de atribuição de canal de tráfego.

FIM

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