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Janeiro

2020

FORMAÇÃO

Aspetos práticos da
contabilidade para
microentidades
DIS0420

Davide Ribeiro
Fábio Pinho

www.occ.pt
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

FICHA TÉCNICA

Título: Comunicação Escrita e Apresentação para Negócios

Autor: Davide Ribeiro


Fábio Pinho

Capa e paginação: DCI - Departamento de Comunicação e Imagem da OCC

© Ordem dos Contabilistas Certificados, 2020

Não é permitida a utilização deste Manual, para qualquer outro fim que não
o indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas
Certificados, entidade que detém os direitos de autor.

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SIGLAS E ABREVIATURAS

AFT – Ativos Fixos Tangíveis

CSC – Código das Sociedades Comerciais

IAS – International Accounting Standards

IASB – International Accounting Standards Board

IFRS - International Financial Reporting Standards

ME – Microentidades

MEP – Método da equivalência patrimonial

NCM – Normalização contabilística para microentidades

NC-ME – Norma contabilística para microentidades

NCRF – Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro

NCRF-PE – Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades

NI – Normas Interpretativas

SNC – Sistema de Normalização Contabilística

UE – União Europeia

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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ÍNDICE

1. Nota introdutória .......................................................................................................................................... 6

2. Diretiva n.º 2013/34/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de junho de


2013 ............................................................................................................................................................................. 9

3. Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho ........................................................................................... 12

4. Código de Contas (Portaria n.º 218/2015, de 23 de julho) ...................................................... 18

5. Demonstrações Financeiras (Portaria n.º 220/2015, de 24 de julho) ................................ 37

6. Estrutura Conceptual (Aviso n.º 8254/2015, de 29 de julho) ................................................ 41

7. Norma Contabilística para Microentidades (Aviso n.º 8255/2015, de 29 de julho) ..... 43

8. Alguns aspetos específicos da NC-ME ................................................................................................ 46

8.1. Introdução ............................................................................................................................................... 46

8.2. Adoção pela primeira vez da NC-ME ............................................................................................ 52

8.3. Políticas Contabilísticas, alterações nas estimativas contabilísticas e erros .............. 53

8.4. Ativos fixos tangíveis .......................................................................................................................... 59

8.5. Ativos intangíveis ................................................................................................................................. 69

8.6. Locações ................................................................................................................................................... 77

8.7. Custos de Empréstimos obtidos ..................................................................................................... 86

8.8. Inventários .............................................................................................................................................. 89

8.9. Rédito ........................................................................................................................................................ 96

8.10. Provisões ............................................................................................................................................... 107

8.11. Contabilização dos subsídios atribuídos por entidades públicas ................................. 114

8.12. Os efeitos de alterações em taxas de câmbio ........................................................................ 123

8.13. Impostos sobre o rendimento ...................................................................................................... 127

8.14. Ativos e Passivos Financeiros ...................................................................................................... 132

8.15. Benefícios dos empregados .......................................................................................................... 136

9. Apontamentos finais relacionados com as microentidades .................................................. 144

9.1. Campo 423 da Modelo 22 .............................................................................................................. 144

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9.2. Fim das exclusões para microentidades .................................................................................. 145

ANEXOS .................................................................................................................................................................. 146

Modelos de Demonstrações financeiras (Microentidades) ............................................................. 147

Código de Contas ............................................................................................................................................... 150

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................................... 163

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1. Nota introdutória

A Comunicação da Comissão intitulada "Ato para o Mercado Único", adotada em abril


de 2011, propôs simplificar a Quarta Diretiva 78/660/CEE do Conselho, de 25 de julho
de 1978, e a Sétima Diretiva 83/349/CEE do Conselho, de 13 de junho de 1983 no que
respeita às obrigações de informação financeira, e reduzir os encargos administrativos,
em especial para as PME.

O Conselho Europeu de 24 e 25 de março de 2011 apelou também à redução do peso


global da regulamentação, em especial para as PME, tanto a nível da União como a
nível nacional, e sugeriu medidas para aumentar a produtividade, nomeadamente a
eliminação da burocracia e a melhoria do quadro regulamentar para as PME.

No seguimento da revisão efetuada às diretivas, em junho de 2013, foi publicada a


Diretiva 2013/34/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, relativa às demonstrações
financeiras anuais, às demonstrações financeiras consolidadas e aos relatórios conexos
de certas formas de empresas, que altera a Diretiva 2006/43/CE do Parlamento
Europeu e do Conselho e revoga as Diretivas 78/660/CEE e 83/349/CEE do Conselho
(4.ª e 7.ª Diretivas).

A transposição para o ordenamento nacional da Diretiva 2013/34/UE do Parlamento


Europeu e do Conselho, de 26 de junho de 2013, foi concretizada com a publicação do
Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho.

Este decreto-lei veio introduzir no Sistema de Normalização Contabilística (SNC) as


alterações consideradas indispensáveis para garantir a sua conformidade com a
Diretiva n.º 2013/34, de 26 de junho, dentro das opções aí permitidas aos Estados
membros, sendo consequentemente alteradas as portarias e os avisos relativos aos
instrumentos contabilísticos que compõem o SNC.

Neste âmbito foram publicados os seguintes instrumentos legais:

- Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, que transpõe para a ordem jurídica


interna a Diretiva n.º 2013/34/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de
26 de junho de 2013, relativa às demonstrações financeiras anuais, às
demonstrações financeiras consolidadas e aos relatórios conexos de certas
formas de empresas, que altera a Diretiva n.º 2006/43/CE do Parlamento
Europeu e do Conselho, e revoga as Diretivas n.º 78/660/CEE e 83/349/CEE do
Conselho;

- Portaria n.º 218/2015, de 23 de julho, aprova o Código de Contas;

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- Portaria n.º 220/2015, de 24 de julho, aprova os modelos de demonstrações


financeiras para as diferentes entidades que aplicam o SNC;

- Aviso n.º 8254/2015, de 29 de julho, publica a Estrutura Conceptual;

- Aviso n.º 8255/2015, de 29 de julho, publica a Norma Contabilística para


Microentidades;

- Aviso n.º 8256/2015, de 29 de julho, publica as Normas Contabilísticas e de


Relato Financeiro (NCRF);

- Aviso n.º 8257/2015, de 29 de julho, publica a Norma Contabilística e de


Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF-PE);

- Aviso n.º 8258/2015, de 29 de julho, publica as Normas Interpretativas;

- Aviso n.º 8259/2015, de 29 de julho, publica a Norma Contabilística e de


Relato Financeiro para Entidades do Setor não Lucrativo (NCRF-ESNL).

Em 21 de setembro de 2015, foram publicados em Diário da República os seguintes


diplomas:

- Declaração de retificação n.º 41-A/2015, que corrige algumas inexatidões


da Portaria n.º 218/2015, de 23 de julho.

- Declaração de retificação n.º 41-B/2015, que corrige algumas inexatidões


da Portaria n.º 220/2015, de 24 de julho

Em 19 de outubro de 2015, foram publicados em Diário da República os seguintes


diplomas:

- Declaração de retificação n.º 914/2015, que corrige algumas inexatidões do


Aviso n.º 8255/2015, de 29 de julho, referente à Norma Contabilística para
Microentidades do SNC.

- Declaração de retificação n.º 915/2015, que corrige algumas inexatidões do


Aviso n.º 8257/2015, de 29 de julho, referente à Norma Contabilística e de Relato
Financeiro para Pequenas Entidades do SNC.

- Declaração de retificação n.º 916/2015, que corrige algumas inexatidões do


Aviso n.º 8259/2015, de 29 de julho, referente à Norma Contabilística e de Relato
Financeiro para Entidades do Setor Não Lucrativo do SNC.

- Declaração de retificação n.º 917/2015, que procede à retificação do Aviso


n.º 8254/2015, de 29 de julho, referente à Estrutura Conceptual do SNC.

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- Declaração de retificação n.º 918/2015, que corrige algumas inexatidões do


Aviso n.º 8256/2015, de 29 de julho, referente às Normas Contabilísticas e de Relato
Financeiro do SNC.

O disposto nos referidos diplomas é aplicável aos períodos que se iniciem em ou após
1 de janeiro de 2016.

Dada a relevância das alterações preconizadas este manual pretende efetuar uma
análise transversal e sistematizada destes instrumentos legais com relevância para as
denominadas Microentidades, bem como o enquadramento legal destas entidades, com
especial enfoque na Norma Contabilística para Microentidades. Para uma maior
aprofundamento das matérias será sempre recomendável a consulta das publicações
oficiais.

Neste âmbito são ainda apresentados vários casos práticos, tendo por base o regime
contabilístico aplicável às Microentidades.

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2. Diretiva n.º 2013/34/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26


de junho de 2013

A Diretiva n.º 2013/34/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de junho de


2013, relativa às demonstrações financeiras anuais, às demonstrações financeiras
consolidadas e aos relatórios conexos de certas formas de empresas, que altera a
Diretiva n.º 2006/43/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, e revoga as Diretivas
n.º 78/660/CEE e 83/349/CEE do Conselho, tem em consideração o programa "Legislar
Melhor" da Comissão, nomeadamente a Comunicação intitulada "Regulamentação
inteligente na União Europeia", que tem por objetivo conceber e assegurar uma
regulamentação da mais elevada qualidade, respeitando simultaneamente os
princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade e assegurando que os encargos
administrativos sejam proporcionais aos benefícios que permitem obter.

Podemos verificar nos últimos anos uma preocupação crescente de harmonização


contabilística europeia, associada a princípios de proporcionalidade entre os encargos
administrativos na produção da informação financeira e os benefícios que se
conseguem obter.

Neste sentido, a Comunicação da Comissão intitulada "Think Small First – Small


Business Act para a Europa", adotada em junho de 2008 e revista em fevereiro de 2011,
reconhece o papel fulcral desempenhado pelas pequenas e médias empresas (PME) na
economia da União e visa melhorar a abordagem geral do espírito empresarial e ancorar
o princípio "pensar primeiro em pequena escala" no processo de decisório, desde a
regulamentação até ao serviço público.

O Parlamento Europeu adotou, em 18 de dezembro de 2008, uma resolução não


legislativa sobre o reexame das diretivas contabilísticas no que respeita às pequenas e
médias empresas, em particular as microentidades, em que afirma que as Diretivas
Contabilísticas são muitas vezes excessivamente onerosas para as pequenas e médias
empresas e, em particular, para as microentidades.

Conforme referido nos considerandos da diretiva, as demonstrações financeiras anuais


têm objetivos diversos sendo que a legislação contabilística da União precisa de
encontrar um equilíbrio adequado entre os interesses dos destinatários das
demonstrações financeiras e o interesse das empresas em não serem indevidamente
sobrecarregadas com requisitos de divulgação.

Por outro lado, é necessário estabelecer requisitos legais mínimos equivalentes a nível
da União quanto ao âmbito das informações financeiras que deverão ser divulgadas ao
público por empresas que concorrem entre si. Neste sentido a diretiva pretende

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assegurar que os requisitos aplicáveis às pequenas empresas sejam em larga medida


harmonizados em toda a União.

Baseando-se no princípio "pensar primeiro em pequena escala", tendo como objetivo


evitar encargos administrativos desproporcionados para essas empresas, os Estados-
Membros só deverão ser autorizados a exigir um reduzido número de divulgações
através de notas adicionais às notas obrigatórias, salvaguardando no entanto que no
caso de um sistema de apresentação única, os Estados-Membros possam em certos
casos exigir um número limitado de divulgações adicionais, sempre que estas estejam
explicitamente previstas na sua legislação fiscal nacional e sejam estritamente
necessárias para fins de cobrança de impostos, podendo impor às médias e grandes
empresas requisitos que vão além dos requisitos mínimos previstos na presente
diretiva.

As pequenas, médias e grandes empresas deverão ser definidas e distinguidas em


função do total do balanço, do volume de negócios líquido e do número médio de
empregados durante o período, dado que estes critérios proporcionam informações
gerais objetivas quanto à dimensão das empresas.

Considera a diretiva que as microempresas dispõem de recursos escassos para


cumprirem requisitos regulamentares exigentes.

Quando não existirem regras específicas para as microempresas, aplicam-se-lhes as


regras aplicáveis às pequenas empresas. Essas regras representam encargos
administrativos desproporcionados para as microempresas face à sua dimensão, e, por
conseguinte, relativamente mais onerosos para elas do que para outras pequenas
empresas.

Nesse sentido, os Estados-Membros deverão poder dispensar as microempresas de


certas obrigações aplicáveis às pequenas empresas que representariam encargos
administrativos excessivos para elas. No entanto, as microempresas deverão
permanecer sujeitas à obrigação nacional de manter registos das suas operações
comerciais que reflitam a sua posição financeira. Além disso, as empresas de
investimento e as empresas de participação financeira deverão ser excluídas dos
benefícios resultantes das simplificações aplicáveis às microempresas.

Por outro lado, os utilizadores das demonstrações financeiras elaboradas por médias e
grandes empresas têm normalmente necessidades mais exigentes, pelo que deverão
ser efetuadas divulgações adicionais em determinadas áreas.

A fim de permitir uma maior transparência dos pagamentos feitos a administrações


públicas, as grandes empresas e as entidades de interesse público ativas na indústria
extrativa ou na exploração de floresta primária deverão divulgar os pagamentos

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relevantes feitos a administrações públicas dos países em que operam num relato
separado, de cariz anual.

A transposição para a ordem jurídica interna da Diretiva 2013/34/UE do Parlamento


Europeu e do Conselho, de 26 de junho de 2013, foi concretizada com a publicação do
Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho.

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3. Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho

O Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho transpõe para a ordem jurídica interna a


Diretiva n.º 2013/34/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de junho de
2013, relativa às demonstrações financeiras anuais, às demonstrações financeiras
consolidadas e aos relatórios conexos de certas formas de empresas, que altera a
Diretiva n.º 2006/43/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, e revoga as Diretivas
n.º 78/660/CEE e 83/349/CEE do Conselho.

A Diretiva n.º 2013/34 foi adotada no âmbito de um conjunto de iniciativas europeias


que têm apelado à adoção de medidas com vista à redução do peso global da
regulamentação, nomeadamente a redução da carga burocrática, reconhecendo o
papel significativo das pequenas e médias empresas na economia da União Europeia.

Em abril de 2011, foi adotada pela Comissão Europeia a Comunicação intitulada «Ato
para o Mercado Único», na qual se propõe simplificar a Quarta Diretiva n.º 78/660/
CEE, do Conselho, de 25 de julho de 1978, e a Sétima Diretiva n.º 83/349/CEE, do
Conselho, de 13 de junho de 1983, no que respeita às obrigações de informação
financeira, e reduzir os encargos administrativos, em especial para as pequenas e
médias empresas.

Também a «Estratégia Europa 2020» para um crescimento inteligente, sustentável e


agregador adota como prioridades a redução dos encargos administrativos e a melhoria
do ambiente empresarial, em especial para as pequenas e médias empresas, e a
promoção da sua internacionalização.

Neste âmbito a diretiva transposta teve como principais objetivos:

- a redução de encargos administrativos das pequenas e médias empresas e a


simplificação de procedimentos de relato financeiro;

- a redução da informação nas notas anexas às demonstrações financeiras, e

- a dispensa da preparação de demonstrações financeiras consolidadas para


grupos de pequenas empresas.

Tendo em consideração o referido, o Decreto-Lei n.º 98/2015 introduz no Sistema de


Normalização Contabilística (SNC) as alterações consideradas indispensáveis para
garantir a sua conformidade com a Diretiva n.º 2013/34, dentro das opções aí
permitidas aos Estados membros.

Tendo em consideração os objetivos de simplificação presentes na diretiva, e conforme


referido nos considerandos do Decreto-Lei n.º 98/2015, procedeu-se entre outros:

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- a uma redução das divulgações exigidas pelas normas contabilísticas e de


relato financeiro, especialmente no que respeita às microentidades;

- são acolhidas algumas das definições constantes da diretiva; e

- à alteração dos limites que definem as diferentes categorias de entidades.

Complementarmente, e com vista à unidade e clareza do sistema contabilístico, o


Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho (alterado pela Lei n.º 20/2010, de 23 de
agosto, pelo Decreto–Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, e pelas Leis n.º 66-B/2012, de
31 de dezembro, e 83-C/2013, de 31 de dezembro), é ainda alterado no sentido de
passar a incorporar as disposições relativas às entidades do setor não lucrativo e às
microentidades, até hoje constantes do Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março,
alterado pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, e pelo Decreto-Lei n.º 64/2013,
de 13 de maio, e da Lei n.º 35/2010, de 2 de setembro.

Finalmente, tendo como objetivo uma maior transparência nos pagamentos feitos por
grandes empresas e entidades de interesse público, ativas na indústria extrativa ou na
exploração de floresta primária, a administrações públicas, o decreto-lei em análise
cria, para estas entidades, a obrigação de divulgação dos pagamentos relevantes feitos
a administrações públicas, num relato separado de cariz anual.

No âmbito do processo de transposição da diretiva, o Decreto–Lei n.º 98/2015 altera:

- O Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, alterado pela Lei n.º 20/2010, de


23 de agosto, pelo Decreto –Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, e pelas Leis n.º 66-
B/2012, de 31 de dezembro, e 83-C/2013, de 31 de dezembro;

- O Código das Sociedades Comerciais;

- O Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, alterado pela Lei n.º 66-B/2012,


de 31 de dezembro, e pelo Decreto-Lei n.º 64/2013, de 13 de maio.

Sendo consequentemente alteradas as portarias e os avisos relativos aos instrumentos


contabilísticos que compõem o SNC, que serão analisados neste manual.

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Decorrente da publicação do Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, realçam-se


as seguintes alterações:

• Foram efetuadas algumas alterações nas definições existentes e


introduzidas novas definições constantes na Diretiva n.º 2013/34, de 26 de
junho (Artigo 2.º):
- Subsidiária;
- Empresas Coligadas;
- Empresa Associada;
- Grupo;
- Entidades de interesse público;
- Volume de negócios líquido.

• Alteração dos limites para a dispensa de elaboração de contas


consolidadas, ficando agora associado ao conceito de Pequeno Grupo
(Artigo 7.º);

• Foram alterados os limites e categorização das Microentidades (Artigo 9.º


n.º 1):

- Total balanço: 350.000 €;


- Volume negócios líquido: 700.000 €;
- N.º médio de empregados: 10.

• Aumento substancial dos limites e categorização das Pequenas Entidades


(Artigo 9.º n.º 2):

- Total balanço: 4.000.000 €;


- Volume negócios líquido: 8.000.000 €;
- N.º médio de empregados: 50.
- Retirada a exceção que condicionava a consideração como Pequena
Entidade no caso de “por razões legais ou estatutárias tenham as suas
demonstrações financeiras sujeitas a certificação legal das contas”.

• Introdução do conceito e limites de Médias Entidades (Artigo 9.º n.º 3);

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• Introdução do conceito e limites de Grandes Entidades (Artigo 9.º n.º 4);

• Equiparação, para efeitos da aplicação do Decreto-Lei 158/2009 (com as


alterações introduzidas pelo DL 98/2015), das Entidades de Interesse
Público a Grandes entidades, independentemente do respetivo volume de
negócios líquido, do total do balanço ou do número médio de empregados
do período. (Artigo 9.º n.º 5);

• Introdução do conceito e limites de Pequenos Grupos (Artigo 9.º-B);

• Redução substancial dos limites que dispensam a obrigatoriedade de


inventário permanente. Por força da alteração do n.º 2 do artigo 12.º a
obrigação da adoção do sistema de inventário permanente apenas não se
aplica às entidades previstas no n.º 1 do artigo 9.º (ou seja às
microentidades).

• Aumento das coimas previstas no artigo 14.º relacionadas com ilícitos de


mera ordenação social.

- Coima mínima passa para 1.500 €;

- Coima máxima passa para 30.000 €;

• Quanto às alterações ao anexo ao Decreto-Lei n.º 158/2009, que publica o


SNC, verifica-se de uma forma global a sua adaptação com a internalização
dos regimes aplicáveis às Microentidades e às Entidades do Setor Não
Lucrativo;

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• O Código das Sociedades Comerciais (CSC) também é sujeito a algumas


alterações destacando-se a dispensa de elaboração de relatório de gestão
para as microentidades (artigo 66.º do CSC);

• Introduzida uma nova obrigação de divulgação dos pagamentos feitos a


administrações públicas, num relato separado de cariz anual.

No que respeita à definição dos limites para as categorias de entidades, apresenta-


se seguidamente um quadro comparativo entre o regime anteriormente em vigor e
aquele que, por via da publicação do DL 98/2015, passou a vigorar a partir de 1 de
janeiro de 2016:

Categorização das entidades A partir de 1


Anterior Janeiro de
2016
(Não ultrapassem dois dos três limites)

Microentidades Total do balanço


500.000 € 350.000 €
Volume negócios liquido 500.000 € 700.000 €
N.º médio de empregados 5 10
Pequenas Total de balanço 1.500.000 € 4.000.000 €
entidades Total de vendas liquidas e outros
rendimentos 3.000.000 €
Volume de negócios liquido 8.000.000 €
N.º médio de empregados 50 50
Médias Total balanço 20.000.000 €
Entidades
Volume negócios liquido 40.000.000 €
N.º médio de empregados 250

Grandes
Entidades Total balanço que ultrapassem
dois dos três
Volume negócios liquido limites das
médias
entidades
N.º médio de empregados

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O quadro seguinte compara os limites previstos para a dispensa de elaboração de


contas consolidadas:

Dispensa de elaborar demonstrações financeiras


A partir de 1
consolidadas
Anterior Janeiro de
2016
(não ultrapassem dois dos três limites)

Conjunto Total do balanço 7.500.000 € 6.000.000 €


entidades a
consolidar Volume negócios liquido 12.000.000 €
Total de vendas liquidas e outros
rendimentos 15.000.000 €
N.º médio de empregados 250 50

Conjunto Total do balanço 5.000.000 € 6.000.000 €


entidades a
consolidar - Volume negócios liquido 12.000.000 €
ESNL Total de vendas liquidas e outros
rendimentos 10.000.000 €
N.º médio de empregados 250 50

Pequenos
Grupos

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4. Código de Contas (Portaria n.º 218/2015, de 23 de julho)

Na sequência da publicação do Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, que transpôs


a Diretiva 2013/34/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de junho de 2013,
os Decretos-Leis n.º 158/2009, de 13 de julho, e 36-A/2011, de 9 de março, foram
objeto de alterações substanciais, tendo ainda sido integrados no Decreto-Lei n.º
158/2009, de 13 de julho, os normativos aplicáveis às entidades do setor não lucrativo
e às microentidades.

Tais alterações implicaram a republicação do Código de Contas (em anexo a este


Manual).

Este instrumento contabilístico, embora inserido no contexto do SNC e de aplicação


obrigatória para as entidades a ele sujeitas, poderá, também, ser utilizado pelas
entidades que, nos termos do artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho,
apliquem as Normas Internacionais de Contabilidade.

Decorrente da publicação da Portaria n.º 218/2015, de 23 de julho, destacam-se


as seguintes alterações:

• O código de contas prevê uma tabela com três colunas, representado


por:

- Primeira coluna (Base): Código de Contas para as empresas que aplicam


o “regime geral” do SNC e para as Pequenas Entidades;

- Segunda coluna: Ajustamentos ao Código de Contas para as Entidades


do Setor Não Lucrativo (ESNL);

- Terceira coluna: Ajustamentos ao Código de Contas para as


Microentidades (ME).

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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

• Foram acrescentadas as seguintes contas1:

- Conta 6863 – Diferenças de câmbio desfavoráveis (associadas à


atividade de investimento)

- Conta 6887 – Diferenças de câmbio desfavoráveis (associadas à


atividade operacional)

- Conta 7887 – Diferenças de câmbio favoráveis (associadas à atividade


operacional)

- Conta 793 – Diferenças de câmbio favoráveis (associadas à atividade de


financiamento)

• A designação de algumas contas foi alterada, nomeadamente a Conta 51


– “Capital” que passa a ter a designação “Capital subscrito”

As notas de enquadramento têm o objetivo de ajudar na interpretação e ligação do


código de contas com as NCRF, incluindo a NCRF-ESNL, e a NC-ME, funcionando como
mero auxiliar aos preparadores da informação financeira. Não se trata de uma ligação
exaustiva entre o código de contas e as NCRF, mas apenas algumas referências
específicas para determinadas contas.

O código de contas incorpora, identificando-as, as contas específicas dirigidas às


entidades do setor não lucrativo, atentas as suas especificidades e missão.

As contas que não se encontrem especificamente identificadas como aplicáveis às ESNL


serão utilizadas e movimentadas conforme previsto nas notas de enquadramento,
sempre que a ESNL exerça atividades em que se revele necessária a sua utilização.

O código de contas reflete ainda as especificidades aplicáveis às microentidades, no


sentido da sua simplificação para uso por estas entidades.

Seguidamente são elencadas as notas de enquadramento previstas na Portaria n.º


218/2015, de 23 de julho.


1 Visando o entendimento da Comissão de Normalização Contabilística de fevereiro de 2010 emitido

pela FAQ 10.

19
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Classe 1 — Meios Financeiros Líquidos

Esta classe destina-se a registar os meios financeiros líquidos que incluem, quer o
dinheiro quer depósitos bancários, bem como ativos ou passivos financeiros
mensurados ao justo valor.

14 — Outros instrumentos financeiros

Esta conta visa reconhecer os instrumentos financeiros que sejam mensurados ao justo
valor, designadamente os derivados. Sem prejuízo do disposto na nota sobre a conta
41, excluem -se da conta 14 os instrumentos financeiros que devam ser mensurados ao
custo, custo amortizado ou método da equivalência patrimonial (MEP) (classe 2 ou
conta 41).

Classe 2 — Contas a Receber e a Pagar

Esta classe destina-se a registar as operações relacionadas com clientes, fornecedores,


pessoal, Estado e outros entes públicos, financiadores, acionistas, bem como outras
operações com terceiros que não tenham cabimento nas contas anteriores ou noutras
classes específicas. Incluem-se, ainda, nesta classe, os diferimentos (para permitir o
registo dos gastos e dos rendimentos nos períodos a que respeitam) e as provisões.

Para as ESNL, esta classe destina-se a registar as operações relacionadas com clientes
e utentes, fornecedores, pessoal, Estado e outros entes públicos, financiadores,
instituidores e beneméritos, bem como outras operações com terceiros que não
tenham cabimento nas contas de utilização generalizada ou noutras classes
específicas. Incluem-se, ainda, nesta classe, os diferimentos (para permitir o registo
dos gastos e dos rendimentos nos períodos a que respeitam) e as provisões.

21 — Clientes

Regista os movimentos com os compradores de mercadorias, de produtos e de serviços.

218 — Adiantamentos de clientes

Esta conta regista as entregas feitas à entidade relativas a fornecimentos, sem preço
fixado, a efetuar a terceiros. Pela emissão da fatura, estas verbas serão transferidas
para as respetivas subcontas da rubrica 211 — Clientes c/c.

20
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

219, 229, 239, 269 e 279 — Perdas por imparidade acumuladas

Estas contas registam as diferenças acumuladas entre as quantias registadas e as que


resultem da aplicação dos critérios de mensuração dos correspondentes ativos
incluídos na classe 2, podendo ser subdivididas a fim de facilitar o controlo e
possibilitar a apresentação em balanço das quantias líquidas. As perdas por imparidade
anuais serão registadas nas contas 651 — Perdas por imparidade — Em dívidas a
receber, e as suas reversões (quando deixarem de existir as situações que originaram
as perdas) são registadas nas contas 7621 — Reversões de perdas por imparidade — Em
dívidas a receber. Quando se verificarem as condições de incobrabilidade que
permitam o desreconhecimento dos ativos a que respeitem as imparidades, as contas
em epígrafe serão debitadas por contrapartida das correspondentes contas da classe
2.

22 — Fornecedores

Regista os movimentos com os vendedores de bens e de serviços, com exceção dos


destinados aos investimentos da entidade.

225 — Fornecedores — Faturas em receção e conferência

Respeita às compras cujas faturas, recebidas ou não, estão por lançar nas subcontas
da conta 221 por não terem chegado à entidade até essa data ou não terem sido ainda
conferidas. Será debitada por crédito da conta 221, aquando da contabilização
definitiva da fatura.

228 — Adiantamentos a fornecedores

Regista as entregas feitas pela entidade relativas a fornecimentos (sem preço fixado)
a efetuar por terceiros. Pela receção da fatura, estas verbas serão transferidas para
as respetivas subcontas da conta 221.

231 — Remunerações a pagar

O movimento desta conta insere-se no seguinte esquema normalizado:

1.ª fase — pelo processamento dos ordenados, salários e outras remunerações,


dentro do mês a que respeitem: débito, das respetivas subcontas de 63 — Gastos
com o pessoal, por crédito de 231, pelas quantias líquidas apuradas no
processamento e normalmente das contas 24 — Estado e outros entes públicos
(nas respetivas subcontas), 232 — Adiantamentos e 278 — Outros devedores e

21
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

credores, relativamente aos sindicatos, consoante as entidades credoras dos


descontos efetuados (parte do pessoal);

2.ª fase — pelo processamento dos encargos sobre remunerações (parte


patronal), dentro do mês a que respeitem: débito da respetiva rubrica em 635
— Gastos com o pessoal — Encargos sobre remunerações, por crédito das
subcontas de 24 — Estado e outros entes públicos a que respeitem as
contribuições patronais;

3.ª fase — Pelos pagamentos ao pessoal e às outras entidades: debitam -se as


contas 231, 24 e 278, por contrapartida das contas da classe 1.

24 — Estado e outros entes públicos

Nesta conta registam-se as relações com o Estado, Autarquias Locais e outros entes
públicos que tenham características de impostos e taxas.

241 — Imposto sobre o rendimento

Esta conta é debitada pelos pagamentos efetuados e pelas retenções na fonte a que
alguns dos rendimentos da entidade estiverem sujeitos.

No fim do período será calculada, com base na matéria coletável estimada, a quantia
do respetivo imposto, a qual se registará a crédito desta conta.

242 — Retenção de impostos sobre rendimentos

Esta conta movimenta a crédito o imposto que tenha sido retido na fonte relativamente
a rendimentos pagos a sujeitos passivos de IRC ou de IRS, podendo ser subdividida de
acordo com a natureza dos rendimentos.

243 — Imposto sobre o valor acrescentado (IVA)

Esta conta destina-se a registar as situações decorrentes da aplicação do Código do


Imposto sobre o Valor Acrescentado.

2521 — Empréstimos por obrigações

Regista os empréstimos por obrigações, sem prejuízo do referido na nota à conta 53.

22
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

255 — Instituidores e beneméritos

Nesta conta, específica das ESNL, registam-se os financiamentos obtidos dos


instituidores da entidade (fundadores, beneméritos, outros).

258 — Outros financiadores

Esta conta, no caso das ESNL, poderá ser desdobrada de acordo com as entidades
financiadoras em Estado e outras entidades oficiais, entidades desportivas e outras
entidades.

26 — Fundadores/patrocinadores/doadores/associados/membros

Esta conta é específica das ESNL, uma vez que estas não têm acionistas nem sócios,
nem distribuem os excedentes líquidos obtidos no período. Trata -se de uma conta
mista, isto é, pode ser conta de ativo, até à concretização da doação, ou conta de
passivo, quando os fundadores/doadores/ outros concederem empréstimos à entidade.

261 — Acionistas c/subscrição e 262 — Quotas não liberadas

Para efeitos de elaboração do balanço, os saldos destas contas são apresentados no


ativo.

261 — Fundadores/patrocinadores/doadores/associados/ membros — Em curso

Esta conta, específica das ESNL, poderá ser desdobrada consoante as necessidades
específicas da entidade.

271 — Fornecedores de investimentos

Regista os movimentos com vendedores de bens e serviços com destino aos


investimentos da entidade.

23
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

2712 — Faturas em receção e conferência

Respeita às aquisições cujas faturas, recebidas ou não, estejam por lançar na conta
2711 — Fornecedores de investimentos — contas gerais por não terem chegado à
entidade até essa data ou não terem sido ainda conferidas.

Será debitada por crédito da conta 2711, aquando da contabilização definitiva da


fatura.

2713 — Adiantamentos a fornecedores de investimentos

Regista as entregas feitas pela entidade relativas a fornecimentos, sem preço fixado,
de investimentos a efetuar por terceiros. Pela receção da fatura, estas verbas serão
transferidas para as respetivas contas na rubrica 2711 — Fornecedores de investimentos
— contas gerais.

272 — Devedores e credores por acréscimos

Estas contas registam a contrapartida dos rendimentos e dos gastos que devam ser
reconhecidos no próprio período, ainda que não tenham documentação vinculativa,
cuja receita ou despesa só venha a ocorrer em período ou períodos posteriores.

273 — Benefícios pós-emprego

Regista as responsabilidades da entidade perante os seus trabalhadores ou perante a


sociedade gestora de um fundo autónomo.

274 — Impostos diferidos

São registados nesta conta os ativos por impostos diferidos que sejam reconhecidos
para as diferenças temporárias dedutíveis e os passivos por impostos diferidos que
sejam reconhecidos para as diferenças temporárias tributáveis, nos termos
estabelecidos na NCRF 25 — Impostos sobre o Rendimento.

275 — Credores por subscrições não liberadas

Credita -se pelo valor total da subscrição de quotas, ações, obrigações e outros títulos,
por contrapartida das respetivas contas de investimentos financeiros.

24
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

276 — Adiantamentos por conta de vendas

Regista as entregas feitas à entidade com relação a fornecimentos de bens e serviços


cujo preço esteja previamente fixado. Pela emissão da fatura, estas verbas serão
transferidas para as respetivas contas da rubrica 211 — Clientes c/c.

28 — Diferimentos

Compreende os gastos e os rendimentos que devam ser reconhecidos nos períodos


seguintes.

29 — Provisões

Esta conta serve para registar as responsabilidades cuja natureza esteja claramente
definida e que à data do balanço sejam de ocorrência provável ou certa, mas incertas
quanto ao seu valor ou data de ocorrência (vide NCRF 21 — Provisões, Passivos
Contingentes e Ativos Contingentes e NCRF 26 — Matérias Ambientais).

As suas subcontas devem ser utilizadas diretamente pelos dispêndios para que foram
reconhecidas, sem prejuízo das reversões a que haja lugar.

298 — Provisões específicas do setor

Esta conta, específica das ESNL, poderá ser utilizada para registo das provisões
específicas do setor em que a entidade se insere. Assim, no caso das mutualidades,
registam -se nesta conta as responsabilidades assumidas relativamente a períodos
futuros com as modalidades associativas das associações mutualistas. As verbas a
incluir anualmente nesta conta resultam de estudos atuariais.

As suas subcontas devem ser utilizadas diretamente pelos dispêndios para que foram
reconhecidas, sem prejuízo das reversões a que haja lugar.

Classe 3 — Inventários e Ativos Biológicos

Esta classe inclui os inventários:

• Detidos para venda no decurso da atividade empresarial;

• No processo de produção para essa venda; ou

• Na forma de materiais consumíveis a serem aplicados no processo de produção


ou na prestação de serviços.

25
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Integra, também, os ativos biológicos (animais e plantas vivos), no âmbito da atividade


agrícola, quer consumíveis no decurso do ciclo normal da atividade, quer de produção
ou regeneração. Os produtos agrícolas colhidos são incluídos nas apropriadas contas de
inventários.

As quantias escrituradas nas contas desta classe terão em atenção o que em matéria
de mensuração se estabelece na NCRF 18 — Inventários, pelo que serão corrigidas de
quaisquer ajustamentos a que haja lugar, e na NCRF 17 — Agricultura. Apesar da não
existência de subconta específica no código de contas para o registo de ajustamentos
em ativos biológicos, os mesmos poderão ser efetuados através da criação de subconta
apropriada.

Relativamente às microentidades, os ativos biológicos consumíveis e os produtos


agrícolas são reconhecidos como inventários. As quantias escrituradas nas contas desta
classe terão em atenção o que em matéria de mensuração se estabelece na NC-ME,
pelo que serão corrigidas de quaisquer ajustamentos a que haja lugar.

387 — Ativos biológicos

Serão registadas nesta conta, designadamente, as reclassificações de ativos biológicos


para inventários.

As variações de justo valor são reconhecidas nas contas 664 e 774.

39 — Adiantamentos por conta de compras

Regista as entregas feitas pela entidade relativas a compras cujo preço esteja
previamente fixado. Pela receção da fatura, estas verbas devem ser transferidas para
a conta 221 — Fornecedores c/c.

Classe 4 — Investimentos

Esta classe inclui os bens detidos com continuidade ou permanência e que não se
destinem a ser vendidos ou transformados no decurso normal das operações da
entidade, quer sejam de sua propriedade, quer estejam em regime de locação
financeira. Compreende os investimentos financeiros, as propriedades de
investimento, os ativos fixos tangíveis, os ativos intangíveis, os investimentos em curso
e os ativos não correntes detidos para venda.

26
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

No caso de ser utilizado o modelo de revalorização nos ativos fixos tangíveis e ativos
intangíveis, poderão ser utilizadas subcontas que evidenciem o custo de
aquisição/produção e as revalorizações (positivas ou negativas).

Se a revalorização originar uma diminuição do valor do ativo essa diminuição deve ser
reconhecida em conta apropriada de gastos (subcontas da conta 65) na parte em que
seja superior ao excedente de revalorização que porventura exista. Se originar um
aumento do valor do ativo esse aumento é creditado diretamente na conta apropriada
do capital próprio (58 — Excedentes de revalorização de ativos fixos tangíveis e
intangíveis). Contudo esse aumento será reconhecido em resultados (subcontas da
conta 762) até ao ponto que compense um decréscimo de revalorização anteriormente
registado em gastos.

Para atender às especificidades do património de algumas ESNL a conta 43 — Ativos


fixos tangíveis é desdobrada do modo que à frente se indica.

41 — Investimentos financeiros

Os investimentos financeiros que representem participações de capital são mensurados


de acordo com os métodos indicados no quadro seguinte, conforme NCRF 13 —
Interesses em Empreendimentos Conjuntos e Investimentos em Associadas, NCRF 15 —
Investimentos em Subsidiárias e Consolidação e NCRF 27 — Instrumentos Financeiros:

27
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Relativamente às microentidades, os investimentos financeiros que representem


participações de capital são mensurados de acordo com o método indicado no capítulo
17 da NC–ME.

419, 429, 439, 449, 459 e 469 — Perdas por imparidade acumuladas

Estas contas registam as diferenças acumuladas entre as quantias registadas e as que


resultem da aplicação dos critérios de mensuração dos correspondentes ativos
incluídos na classe 4, podendo ser subdivididas a fim de facilitar o controlo e
possibilitar a apresentação em balanço das quantias líquidas. As perdas por imparidade
anuais serão registadas nas subcontas da conta 65, e as suas reversões (quando
deixarem de existir as situações que originaram as perdas) são registadas nas subcontas
da conta 762. Quando se verificar o desreconhecimento dos ativos a que respeitem as
imparidades, as contas em epígrafe serão debitadas por contrapartida das
correspondentes contas da classe 4. Estas contas poderão ser subdivididas em função
das contas respetivas.

431 — Bens do domínio público

Esta conta, específica das ESNL, inclui os bens de domínio público, definidos na
legislação em vigor, de que a entidade contabilística é administrante ou
concessionária.

432 — Bens do património histórico, artístico e cultural

Esta conta, específica das ESNL, é uma conta do ativo não corrente, onde se incluem
todos os bens do domínio privado que cumpram as condições exigidas por lei para a
classificação dos bens como património histórico, de interesse artístico, histórico,
arqueológico, etnográfico, científico ou técnico, assim como o património documental
e bibliográfico, arquivos (conjuntos orgânicos de documentos reunidos pelas pessoas
jurídicas, públicas ou privadas, no exercício das suas atividades, ao serviço da sua
utilização para a investigação, a cultura, a informação e a gestão administrativa)
bibliotecas, museus (conjuntos ou coleções de valor histórico, artístico, científico e
técnico ou de qualquer outra natureza cultural).

436 — Equipamentos biológicos

Serão registados nesta conta os animais e plantas vivos que reúnam os requisitos de
reconhecimento como investimento e que não se enquadrem ou a que não seja
aplicável a NCRF 17 — Agricultura.

28
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

442 — Projetos de desenvolvimento

Serão registados nesta conta os dispêndios que, nos termos do normativo aplicável,
reúnam as condições para se qualificarem como ativos intangíveis.

455 — Adiantamentos por conta de investimentos

Regista as entregas feitas pela entidade por conta de investimentos cujo preço esteja
previamente fixado. Pela receção da fatura, estas verbas devem ser transferidas para
a conta 2711 — Fornecedores de investimentos — contas gerais.

46 — Ativos não correntes detidos para venda

Esta conta destina -se a registar os ativos a que se refere a NCRF 8 — Ativos não
correntes detidos para venda e unidades operacionais descontinuadas. Os passivos
associados a ativos não correntes detidos para venda mantêm a sua mensuração e
apenas deverão ser identificados para efeitos de apresentação.

Classe 5 — Capital, Reservas e Resultados Transitados/ Fundos Patrimoniais

51 — Fundos

Esta conta, específica das ESNL, inclui o fundo (dotação) inicial e os excedentes
destinados a aumentar o mesmo. Esta conta é creditada por contrapartida de: (i)
dinheiro e depósitos; (ii) bens, tais como imóveis, coleções e obras de arte; e (iii)
ativos intangíveis.

Esta conta movimenta-se a débito se ocorrer a extinção da ESNL.

52 — Ações (quotas) próprias

A conta 521 — Valor nominal é debitada pelo valor nominal das ações ou quotas próprias
adquiridas. Ainda na fase de aquisição, a conta 522 — Descontos e prémios é
movimentada pela diferença entre o custo de aquisição e o valor nominal.

Quando se proceder à venda das ações ou quotas próprias, para além de se efetuar o
respetivo crédito na conta 521, movimentar -se -á a conta 522 pela diferença entre o
preço de venda e o valor nominal.

29
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Simultaneamente, a conta 522 deverá ser regularizada por contrapartida da conta 599
— Outras variações no capital próprio — Outras, de forma a manter os descontos e
prémios correspondentes às ações (quotas) próprias em carteira.

52 — Excedentes técnicos

Esta conta, específica das ESNL, é utilizada pelas mutualidades para registar
relativamente a cada modalidade complementar de segurança social subscrita pelos
associados das mutualistas o excesso de cobertura dos fundos permanentes
constituídos para lhes fazer face, relativamente ao valor dos encargos com
modalidades associativas efetuadas por técnicos atuariais e registados na conta 298 —
Provisões específicas do setor. Esta conta será debitada por contrapartida da conta
2685 — Beneficiários das mutualistas — Melhorias de benefícios.

53 — Outros instrumentos de capital próprio

Esta conta será utilizada para reconhecer as prestações suplementares ou quaisquer


outros instrumentos financeiros (ou as suas componentes) que não se enquadrem na
definição de passivo financeiro. Nas situações em que os instrumentos financeiros (ou
as suas componentes) se identifiquem com passivos financeiros, deve utilizar -se
rubrica apropriada das contas 25 — Financiamentos obtidos ou 26 — Acionistas/sócios.

57 — Ajustamentos em ativos financeiros

Evidencia os ajustamentos decorrentes, designadamente, da utilização do MEP


patrimonial em subsidiárias, associadas e entidades conjuntamente controladas.

5711 — Ajustamentos em ativos financeiros — Relacionados com o MEP —


Ajustamentos de transição

Esta conta regista os saldos dos ajustamentos de transição aquando da primeira


aplicação do SNC.

5712 — Ajustamentos em ativos financeiros — Relacionados com o MEP — Lucros


não atribuídos

Esta conta será creditada pela diferença entre os lucros imputáveis às participações e
os lucros que lhes forem atribuídos (dividendos), movimentando -se em contrapartida
a conta 56 — Resultados transitados.

30
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

5713 — Ajustamentos em ativos financeiros — Relacionados com o MEP —


Decorrentes de outras variações nos capitais próprios

Esta conta acolherá, por contrapartida das contas 411 a 413 os valores imputáveis à
participante na variação dos capitais próprios das participadas, que não respeitem a
resultados.

58 — Excedentes de revalorização de ativos fixos tangíveis e intangíveis

Esta conta é creditada em consequência da revalorização dos ativos fixos tangíveis e


intangíveis e é debitada por contrapartida da conta 56 — Resultados transitados, em
função da realização da revalorização. Essa realização ocorre pela depreciação, abate
ou venda do bem.

As diminuições de um ativo por revalorização serão debitadas na conta em epígrafe


até ao montante do saldo existente. A parcela da diminuição que ultrapasse o saldo
existente será considerada gasto do período (subconta apropriada da conta 65),
conforme NCRF 6 e 7. Se a revalorização do bem originar a reversão de uma perda
reconhecida em períodos anteriores, essa reversão será levada aos rendimentos do
período (subcontas da conta 762).

Relativamente às revalorizações, após o registo na conta 5811/5891 do valor do


aumento do imobilizado líquido, a conta 5812/5892 será debitada por contrapartida
da conta 2742 — Passivos por impostos diferidos pelo montante do imposto
correspondente à fração do excedente de reavaliação não relevante para a tributação.
Aquando da realização do excedente de revalorização, a subconta 5812/5892 será
creditada pela correspondente fração do imposto sobre o rendimento, por
contrapartida da conta 56 — Resultados transitados. Simultaneamente, a conta 2742 —
Passivos por impostos diferidos será debitada aquando do reconhecimento do respetivo
imposto a pagar na conta 241 — Imposto sobre o rendimento. Para efeitos de
apresentação em balanço, a quantia (saldo devedor) da conta 5812/5892, será abatida
ao saldo da conta 5811/5891.

59 — Outras variações nos fundos patrimoniais

Esta conta, específica das ESNL, regista os subsídios de


fundadores/associados/membros e do Estado, bem como os donativos que estejam
associados com ativos fixos tangíveis ou intangíveis. As subcontas 593 — Subsídios e
594 — Doações incluem os subsídios e doações associados com ativos fixos tangíveis e
intangíveis que deverão ser transferidos numa base sistemática para a conta 7883 —

31
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Imputação de subsídios/doações para investimentos, à medida que forem


contabilizadas as depreciações/amortizações do investimento a que respeitam.

591 — Diferenças de conversão de demonstrações financeiras

Inclui as diferenças de câmbio derivadas da transposição de uma unidade operacional


estrangeira (nos termos da NCRF 23 — Os efeitos de alterações em taxas de câmbio).

593 — Subsídios

Inclui os subsídios associados a ativos, que deverão ser transferidos, numa base
sistemática, para a conta 7883 — Imputação de subsídios para investimentos, à medida
em que forem contabilizadas as depreciações/ amortizações do investimento a que
respeitem.

Aquando do seu registo inicial, o subsídio prefigura um aumento nos benefícios


económicos durante o período contabilístico que resulta em aumento do capital
próprio. Porém, e uma vez que os subsídios estão sujeitos a tributação, o aumento do
capital próprio apenas se circunscreve à quantia do subsídio (a registar a crédito da
conta 5931 — Subsídios atribuídos, por débito de meios financeiros líquidos ou de uma
subconta da conta 278 — Outros devedores e credores), deduzida da quantia do imposto
que lhe está associado (a registar a débito da conta 5932 — Ajustamentos em subsídios,
por crédito de uma subconta da conta 278 — Outros devedores e credores).

Em cada um dos períodos subsequentes em que o subsídio é reconhecido como


rendimento na demonstrações dos resultados, é também reconhecido o
correspondente imposto, sendo, então, debitada a conta 5931 — Subsídios atribuídos
por crédito da conta 7883 — Imputação de subsídios para investimentos e creditada a
conta 5932 — Ajustamentos em subsídios por débito da subconta da conta 278 — Outros
devedores e credores.

Classe 6 — Gastos

Esta classe inclui os gastos respeitantes ao período.

613 — Ativos biológicos (compras)

Recolhe as aquisições de ativos biológicos consumíveis efetuadas durante o ano,


transferidas da conta 313 — Ativos biológicos.

32
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

6331 — Prémios para pensões

Respeita aos prémios da natureza em epígrafe destinados a entidades externas, a fim


de que estas venham a suportar oportunamente os encargos com o pagamento de
pensões ao pessoal.

67 — Provisões do período

Esta conta regista os gastos no período decorrentes das responsabilidades cuja


natureza esteja claramente definida e que à data do balanço sejam de ocorrência
provável ou certa, mas incertas quanto ao seu valor ou data de ocorrência.

678 — Provisões específicas do setor

Esta é uma conta específica das ESNL. No caso das entidades do setor mutualista esta
conta movimenta–se em contrapartida da conta 298 — Provisões específicas do setor,
de acordo com o resultado dos estudos atuariais mandados efetuar pela entidade. Foi
criada a conta 689 — Gastos com apoios financeiros concedidos a associados/utentes
para registar os subsídios, donativos, bolsas de estudo, prestações associadas a
modalidades complementares de segurança social subscritas por associados das
mutualidades.

683 — Dívidas incobráveis

Apenas regista, por contrapartida da correspondente conta da classe 2, as dívidas cuja


incobrabilidade se verifique no período e que não tivessem sido consideradas
anteriormente em situação de imparidade.

684 — Perdas em inventários

Apenas regista, por contrapartida da correspondente conta da classe 3, as perdas que


se verificarem no período e que não tivessem sido consideradas anteriormente em
situação de imparidade.

6852 — Gastos em subsidiárias, associadas e empreendimentos conjuntos —


Aplicação do MEP

33
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Esta conta regista os gastos relativos às participações de capital, derivados da


aplicação do MEP, sendo considerados para o efeito apenas os resultados dessas
entidades.

686 — Gastos nos restantes investimentos financeiros

Respeita aos gastos relacionados com os investimentos financeiros contabilizados nas


contas 414 e 415.

6863 — Diferenças de câmbio desfavoráveis

Respeita às diferenças de câmbio desfavoráveis associadas à atividade de


investimento.

6887 — Diferenças de câmbio desfavoráveis

Respeita às diferenças de câmbio desfavoráveis associadas à atividade operacional.

689 — Gastos com apoios financeiros concedidos a associados ou utentes

Esta conta, a utilizar pelas ESNL, destina -se a registar os subsídios, donativos, bolsas
de estudo e prestações associadas a modalidades complementares de segurança social
subscritas por associados das mutualidades.

Classe 7 — Rendimentos

Inclui os rendimentos respeitantes ao período.

71 — Vendas

As vendas devem ser deduzidas do IVA e de outros impostos e incidências nos casos em
que nela estejam incluídos.

34
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

72 — Prestações de serviços

Esta conta respeita aos trabalhos e serviços prestados que sejam próprios dos objetivos
ou finalidades principais da entidade. Poderá integrar os materiais aplicados, no caso
de estes não serem faturados separadamente.

No caso das ESNL, são registadas nesta conta as quotas dos utilizadores, as quotizações
e joias dos associados, as promoções e os patrocínios, de acordo com as respetivas
subcontas. A subconta 722 — Quotizações e joias pode ser utilizada pelas associações
mutualistas para registar os rendimentos resultantes da subscrição pelos associados de
qualquer das modalidades de benefícios postos à sua disposição.

75 — Subsídios à exploração

Esta conta inclui os subsídios relacionados com o rendimento, conforme estabelecido


na NCRF 22 — Subsídios e outros Apoios das Entidades Públicas ou noutro normativo
aplicável.

75 — Subsídios, doações e legados à exploração

Esta é uma conta específica das ESNL. Registam–se nesta conta os subsídios das
entidades públicas e os subsídios, doações e legados dos instituidores/fundadores da
entidade destinados à exploração.

7851 — Rendimentos em subsidiárias, associadas e empreendimentos conjuntos —


Aplicação do MEP

Esta conta regista os rendimentos relativos às participações de capital derivados da


aplicação do MEP, sendo considerados para o efeito apenas os resultados dessas
entidades.

7887 — Diferenças de câmbio favoráveis

Respeita às diferenças de câmbio favoráveis associadas à atividade operacional.

793 — Diferenças de câmbio favoráveis

Respeita às diferenças de câmbio favoráveis associadas à atividade de financiamento.

35
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Classe 8 — Resultados

Esta classe destina-se a apurar o resultado líquido do período, podendo ser utilizada
para auxiliar à determinação do resultado integral, tal como consta na Demonstração
das Alterações no Capital Próprio.

Nas ESNL poderá ser conveniente obter um desdobramento do resultado líquido do


período por projetos, por valências, por atividades, etc.

A classe 9, que é uma classe livre, pode ser utilizada para proceder ao apuramento de
resultados sectorizados para que a ESNL obtenha a informação interna necessária à
gestão dos fundos colocados à sua disposição.

811 — Resultado antes de impostos

Destina-se a concentrar, no fim do período, os gastos e rendimentos registados,


respetivamente, nas contas das classes 6 e 7.

8121 — Imposto estimado para o período

Considera-se nesta conta a quantia estimada para o imposto que incidirá sobre os
resultados corrigidos para efeitos fiscais, por contrapartida da conta 241 — Estado e
outros entes públicos — Imposto sobre o rendimento.

36
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

5. Demonstrações Financeiras (Portaria n.º 220/2015, de 24 de julho)

Na sequência da publicação do Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, que transpôs


a Diretiva 2013/34/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de junho de 2013,
os Decretos-Leis n.º 158/2009, de 13 de julho, e 36-A/2011, de 9 de março, foram
objeto de alterações substanciais, implicando a revisão dos modelos de demonstrações
financeiras neles previstos.

Estes instrumentos contabilísticos, embora inseridos no contexto do SNC, de aplicação


obrigatória para as entidades sujeitas ao SNC, poderão, também, ser utilizados pelas
entidades que, nos termos do artigo 4.º do citado Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de
julho, apliquem as Normas Internacionais de Contabilidade, atentos os benefícios daí
resultantes para a comparabilidade das demonstrações financeiras.

Os novos modelos de demonstrações financeiras foram publicados pela Portaria n.º


220/2015, de 24 de julho, tendo sido revogadas a Portaria n.º 986/2009, de 7 de
setembro, a Portaria n.º 104/2011, de 14 de março e a Portaria n.º 105/2011, de 14
de março.

Decorrente da publicação da Portaria n.º 220/2015, de 24 de julho, destacam-se


as seguintes alterações:

• De uma forma global, foram introduzidos ajustamentos nas designações


de algumas rubricas;

• As divulgações exigidas foram retiradas das NCRF e incluídas no Anexo;

• No balanço, é evidenciado no capital próprio o capital subscrito (em vez


de capital realizado), e apresentado no ativo o capital subscrito não
realizado;

• As microentidades estão dispensadas de apresentar o Anexo.

• O modelo de balanço das microentidades passa a incorporar informação


adicional/complementar a apresentar por estas entidades.

37
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Os modelos de demonstrações financeiras aprovados, para as diferentes entidades que


aplicam SNC, publicadas em anexo à Portaria n.º 220/2015, de 24 de julho, constituem
um referencial que contempla a informação a apresentar por aquelas entidades,
podendo ser adicionadas linhas de itens se tal for relevante para uma melhor
compreensão da sua posição e desempenho financeiros, devendo ser removidas linhas
de itens sempre que, em simultâneo para todas as datas de relato, não existam
quantias a apresentar.

Neste âmbito foram publicados os seguintes novos modelos:

- Modelo Geral

(Modelos das demonstrações financeiras referidas nos n.º 1 e 2 do artigo 11.º do


Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, com a redação dada pelo Decreto–Lei n.º
98/2015, de 2 de junho):

- Balanço;

- Demonstração dos resultados por naturezas;

- Demonstração dos resultados por funções (facultativa);

- Demonstração das alterações no capital próprio;

- Demonstração dos fluxos de caixa;

- Anexo

- Pequenas Entidades – Modelo reduzido

(Modelos das demonstrações financeiras referidas no n.º 3 do artigo 11.º do Decreto -


Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015,
de 2 de junho, aplicáveis às entidades a que se refere o n.º 2 do artigo 9.º do mesmo
diploma):

- Balanço, modelo reduzido

- Demonstração dos resultados por naturezas, modelo reduzido

38
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

- Demonstração dos resultados por funções, modelo reduzido (facultativa)

- Anexo, modelo reduzido

- Entidades do Sector Não Lucrativo – Modelo ESNL

(Modelos das demonstrações financeiras a apresentar pelas entidades do sector não


lucrativo, nos termos dos n.º 1 e 5 do artigo 11.º do Decreto–Lei n.º 158/2009, de 13
de julho, com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho)

- Balanço, modelo ESNL

- Demonstração dos resultados por naturezas, modelo ESNL

- Demonstração dos resultados por funções, modelo ESNL (facultativa)

- Demonstração das alterações nos fundos patrimoniais (por opção ou por


exigência de entidades públicas financiadoras)

- Demonstração dos fluxos de caixa, modelo ESNL

- Anexo, modelo ESNL

- Entidades do Sector Não Lucrativo – Modelo Regime de Caixa

(Modelos a apresentar pelas entidades do sector não lucrativo, nos termos do n.º 6 do
artigo 11.º do Decreto–Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, com a redação dada pelo
Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho):

- Pagamentos e recebimentos;

- Património fixo;

- Direitos e compromissos futuros.

- Microentidades – Modelo ME (em anexo a este Manual)

39
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

(Modelos das demonstrações financeiras referidas nos n.º 3 e 4 do artigo 11.º do


Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, com a redação dada pelo Decreto–Lei n.º
98/2015, de 2 de junho, aplicáveis às entidades a que se refere o n.º 1 do artigo 9.º do
mesmo diploma):

- Balanço, Modelo ME

- Demonstração dos resultados por naturezas, Modelo ME

40
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

6. Estrutura Conceptual (Aviso n.º 8254/2015, de 29 de julho)

Conforme referido no prefácio da EC, as demonstrações financeiras, preparadas com


o propósito de proporcionar informação que seja útil na tomada de decisões
económicas, devem responder às necessidades comuns da maior parte dos utentes.

O Aviso n.º 8254/2015, de 29 de julho, que publica a Estrutura Conceptual (EC)


não contempla alterações substanciais à publicação anterior de 2009 (Aviso n.º
15652/2009, de 7 de setembro).

A Estrutura Conceptual aplica-se às demonstrações financeiras de todas as entidades


comerciais, industriais e de negócios que relatam, sejam do setor público ou do
privado, estabelecendo conceitos que estão subjacentes à preparação e apresentação
das demonstrações financeiras para utentes externos, seja pelas entidades que
preparam um conjunto completo de demonstrações financeiras, seja pelas pequenas
entidades, tendo como propósito:

a) Ajudar os preparadores das demonstrações financeiras na aplicação das


Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF) e no tratamento de
tópicos que ainda tenham de constituir assunto de uma dessas Normas;

b) Ajudar a formar opinião sobre a aderência das demonstrações financeiras às


NCRF;

c) Ajudar os utentes na interpretação da informação contida nas demonstrações


financeiras preparadas; e

d) Proporcionar aos que estejam interessados no trabalho da Comissão de


Normalização Contabilística (CNC) informação acerca da sua abordagem à
formulação das NCRF.

41
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Importa referir que a EC não é uma NCRF e por isso não define normas para qualquer
mensuração particular ou tema de divulgação. A CNC reconhece que em alguns casos
pode haver um conflito entre esta Estrutura Conceptual e uma qualquer NCRF. Nos
casos em que haja um conflito, os requisitos da NCRF prevalecem em relação à
Estrutura Conceptual.

A Estrutura Conceptual trata:

a) Do objetivo das demonstrações financeiras;

b) Das características qualitativas que determinam a utilidade da informação


contida nas demonstrações financeiras;

c) Da definição, reconhecimento e mensuração dos elementos a partir dos quais


se constroem as demonstrações financeiras; e

d) Dos conceitos de capital e de manutenção de capital.

Para satisfazerem os seus objetivos, as demonstrações financeiras são preparadas de


acordo com dois pressupostos: o regime do acréscimo e a continuidade.

Tendo em consideração o regime do acréscimo, os efeitos das transações e de


outros acontecimentos são reconhecidos quando eles ocorram (e não quando
caixa ou equivalentes de caixa sejam recebidos ou pagos) sendo registados
contabilisticamente e relatados nas demonstrações financeiras dos períodos
com os quais se relacionem.

As demonstrações financeiras são normalmente preparadas no pressuposto de


que uma entidade é uma entidade em continuidade e de que continuará a
operar no futuro previsível. Daqui que seja assumido que a entidade não tem
nem a intenção nem a necessidade de liquidar ou de reduzir drasticamente o
nível das suas operações; se existir tal intenção ou necessidade, as
demonstrações financeiras podem ter que ser preparadas segundo um regime
diferente e, se assim for, o regime usado deve ser divulgado.

As características qualitativas são os atributos que tornam a informação proporcionada


nas demonstrações financeiras útil aos utentes. As quatro principais características
qualitativas são a compreensibilidade, a relevância, a fiabilidade e a comparabilidade.

42
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

7. Norma Contabilística para Microentidades (Aviso n.º 8255/2015, de 29 de


julho)

A Norma Contabilística para Microentidades (NC-ME) tem como objetivo estabelecer os


aspetos de reconhecimento e mensuração, tidos como os requisitos contabilísticos
aplicáveis às microentidades tal como são definidas pelo n.º 1 do artigo 9.º do Decreto-
Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2
de junho.

Esta Norma deve ser aplicada pelas entidades que cumpram os requisitos para serem
classificadas como microentidades, desde que não optem pela aplicação da Norma
Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF-PE) ou das
Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF).

Conforme decorre das alterações ao Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho,


introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 98/2005, de 2 de junho, os limites considerados
para a categorização das microentidades foram alterados.

Com efeito conforme disposto no n.º 1 do artigo 9.º do DL n.º 158/2009, de 13 de julho,
com as alterações introduzidas pelo DL n.º 98/2005, de 2 de junho, consideram-se
microentidades aquelas que, de entre as referidas no artigo 3.º, à data do balanço,
não ultrapassem dois dos três limites seguintes:

- Total de balanço: 350.000 €;

- Volume de negócios líquido: 700.000 €;

- Número médio de empregados durante o período: 10

Importa ainda realçar a alteração ao artigo 66.º do Código das Sociedades Comerciais
prevista no artigo 5.º do DL 98/2015, o qual prevê para as microentidades a dispensa
da obrigação de elaborar o relatório de gestão, passando aquele artigo a referir o
seguinte:

43
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Artigo 66.º - Relatório de gestão

(…)

5 – O relatório deve indicar, em especial:

a) …

b)…

c)…

d) O número e o valor nominal ou, na falta de valor nominal, o valor


contabilístico das quotas ou ações próprias adquiridas ou alienadas durante o
período, a fração do capital subscrito que representam, os motivos desses atos
e o respetivo preço, bem como o número e valor nominal ou contabilístico de
todas as quotas e ações próprias detidas no fim do período;

(…)

6 – Ficam dispensadas da obrigação de elaborar o relatório de gestão as


microentidades, tal como definidas no n.º 1 do artigo 9.º do Decreto-Lei n.º
158/2009, de 13 de julho, alterado pela Lei n.º 20/2010, de 23 de agosto, pelo
Decreto -Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, e pelas Leis n.os 66 -B/2012, de 31
de dezembro, e 83-C/2013, de 31 de dezembro, desde que procedam à
divulgação, quando aplicável, no final do balanço, das informações
mencionadas na alínea d) do n.º 5 do presente artigo.”

A NC-ME acolhe os conceitos, definições e procedimentos contabilísticos de aceitação


generalizada em Portugal, tal como enunciados no Sistema de Normalização
Contabilística (SNC), tendo como base de referência a correspondente Estrutura
Conceptual.

Os termos e expressões utilizados na norma correspondem aos constantes das NCRF,


cuja compilação em glossário é disponibilizada no sitio internet da Comissão de
Normalização Contabilística, exceto se de outra forma for especificamente
estabelecido.

44
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Das alterações decorrentes da publicação do Aviso n.º 8255/2015, de 29 de julho,


realçam-se os seguintes aspetos:

- As microentidades ficam dispensadas de apresentar o Anexo, pelo que foi


retirada a informação referente às divulgações.

- Quando aplicável, as microentidades deverão divulgar no final do balanço as


informações constantes no n.º 4 do artigo 11.º do DL 158/2009, com as alterações
introduzidas pelo DL 98/2015.

- A informação mínima a apresentar no balanço consta do respetivo modelo


publicado na Portaria 220/2015, de 24 de julho, o qual contempla, também a
informação adicional/complementar a fornecer.

- Para uma melhor compreensão da posição financeira, podem excecionalmente


ser apresentadas no balanço linhas de itens adicionais.

- Para uma melhor compreensão do desempenho financeiro, podem


excecionalmente ser apresentadas na demonstração dos resultados linhas de itens
adicionais.

- Os ativos intangíveis com vida útil indefinida passam a ser amortizados num
período máximo de 10 anos.

45
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

8. Alguns aspetos específicos da NC-ME

8.1. Introdução

A Norma Contabilística para Microentidades aborda as considerações gerais de


reconhecimento, mensuração, estrutura e conteúdo das demonstrações financeiras,
tendo como objetivo estabelecer os aspetos de reconhecimento e mensuração, tidos
como os requisitos contabilísticos aplicáveis às microentidades tal como são definidas
pelo n.º 1 do artigo 9.º do Decreto -Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, na redação dada
pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho.

Para além disso, a norma trata ainda de um conjunto de áreas específicas,


nomeadamente:

• Adoção pela primeira vez da NC-ME


• Políticas contabilísticas, alterações nas estimativas contabilísticas e erros
• Ativos fixos tangíveis
• Ativos intangíveis
• Locações
• Custos de empréstimos obtidos
• Inventários
• Rédito
• Provisões
• Contabilização dos subsídios atribuídos por entidades públicas
• Os efeitos de alterações em taxas de câmbio
• Impostos sobre o rendimento
• Ativos e passivos financeiros
• Benefícios dos empregados

Estes pontos irão ser desenvolvidos detalhadamente e de forma individualizada


seguidamente neste trabalho, tendo em consideração os seus aspetos de
reconhecimento e de mensuração.

Esta Norma deve ser aplicada pelas entidades que cumpram os requisitos para serem
classificadas como microentidades, desde que não optem pela aplicação da Norma
Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF-PE) ou das
Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF).

46
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Esta Norma acolhe os conceitos, definições e procedimentos contabilísticos de


aceitação generalizada em Portugal, tal como enunciados no Sistema de Normalização
Contabilística, tendo como base de referência a correspondente Estrutura Conceptual.
Os termos e expressões utilizados nesta norma correspondem aos constantes das NCRF,
cuja compilação em glossário é disponibilizada no sitio internet da Comissão de
Normalização Contabilística2, exceto se de outra forma for especificamente
estabelecido.

Conforme referido no seu capítulo 3, dada a estrutura da norma, considerou-se útil a


inclusão na mesma de um conjunto de disposições relativas a reconhecimento que nela
são recorrentemente utilizadas.

O Reconhecimento é o processo de incorporar no balanço e na demonstração dos


resultados um item que satisfaça a definição de um elemento e satisfaça os critérios
de reconhecimento descritos na presente norma. A falha do reconhecimento de tais
itens não é retificada pela divulgação das políticas contabilísticas usadas nem por notas
ou material explicativo.

Um ativo é reconhecido no balanço quando for provável que os benefícios económicos


futuros fluam para a entidade e o ativo tenha um custo ou um valor que possa ser
mensurado com fiabilidade.

Um passivo é reconhecido no balanço quando for provável que um exfluxo de recursos


incorporando benefícios económicos resulte da liquidação de uma obrigação presente
e que a quantia pela qual a liquidação tenha lugar possa ser mensurada com
fiabilidade.

Um rendimento é reconhecido na demonstração dos resultados quando tenha surgido


um aumento de benefícios económicos futuros relacionados com um aumento num
ativo ou com uma diminuição de um passivo e que possa ser quantificado com
fiabilidade. Isto significa, com efeito, que o reconhecimento dos rendimentos ocorre
simultaneamente com o reconhecimento de aumentos em ativos ou com diminuições
em passivos (por exemplo, o aumento líquido em ativos provenientes de uma venda de
bens ou de serviços ou a diminuição em passivos provenientes do perdão de uma dívida
a pagar).

Os gastos são reconhecidos na demonstração dos resultados quando tenha surgido uma
diminuição dos benefícios económicos futuros relacionados com uma diminuição num
ativo ou com um aumento de um passivo e que possam ser mensurados com fiabilidade.
O reconhecimento de gastos ocorre simultaneamente com o reconhecimento de um


2 http://www.cnc.min-financas.pt/

47
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

aumento de passivos ou de uma diminuição de ativos (por exemplo, o acréscimo de


direitos dos empregados ou a depreciação de equipamento).

No que se refere à estrutura e conteúdo das demonstrações financeiras, estas devem


ser identificadas claramente e distinguidas de outra informação publicada no mesmo
documento.

A informação seguinte deve ser mostrada de forma proeminente e repetida quando for
necessário para a devida compreensão da informação apresentada:

a) O nome da entidade que relata ou outros meios de identificação, e qualquer


alteração nessa informação desde a data do balanço anterior;

b) A data do balanço ou o período abrangido pelas demonstrações financeiras,


conforme o que for apropriado para esse componente das demonstrações
financeiras; e

c) O nível de arredondamento usado na apresentação de quantias nas


demonstrações financeiras.

As demonstrações financeiras devem ser apresentadas pelo menos anualmente.

Uma entidade deve apresentar ativos correntes e não correntes, e passivos correntes
e não correntes, como classificações separadas no balanço.

Um ativo deve ser classificado como corrente quando satisfizer qualquer dos seguintes
critérios:

a) Espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido,


no decurso normal do ciclo operacional da entidade;

b) Esteja detido essencialmente para a finalidade de ser negociado;

c) Espera-se que seja realizado num período até doze meses após a data do
balanço; ou

d) É caixa ou equivalente de caixa, a menos que lhe seja limitada a troca ou


sejam usados para liquidar um passivo durante pelo menos doze meses após a
data do balanço.

Todos os outros ativos devem ser classificados como não correntes.

Esta Norma usa o termo não corrente para incluir ativos tangíveis, intangíveis e
financeiros cuja natureza seja de longo prazo.

48
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

O ciclo operacional de uma entidade é o tempo entre a aquisição de ativos para


processamento e sua realização em caixa ou seus equivalentes. Quando o ciclo
operacional normal da entidade não for claramente identificável, pressupõe -se que a
sua duração seja de doze meses.

Um passivo deve ser classificado como corrente quando satisfizer qualquer um dos
seguintes critérios:

a) Se espere que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade;

b) Esteja detido essencialmente para a finalidade de ser negociado;

c) Deva ser liquidado num período até doze meses após a data do balanço; ou

d) A entidade não tenha um direito incondicional de diferir a liquidação do


passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço.

Todos os outros passivos devem ser classificados como não correntes.

Alguns passivos correntes, tais como dívidas a pagar comerciais e alguns acréscimos de
gastos relativos a empregados e outros gastos operacionais, são parte do capital
circulante usado no ciclo operacional normal da entidade. Tais itens operacionais são
classificados como passivos correntes mesmo que estejam para ser liquidados a mais
de doze meses após a data do balanço.

O mesmo ciclo operacional normal aplica-se à classificação dos ativos e passivos de


uma entidade.

Quando o ciclo operacional normal da entidade não for claramente identificável,


pressupõe-se que a sua duração seja de doze meses.

Uma entidade classifica os seus passivos financeiros como correntes quando a sua
liquidação estiver prevista para um período até doze meses após a data do balanço,
mesmo que:

a) O prazo original tenha sido por um período superior a doze meses; e

b) Um acordo de refinanciamento, ou de reescalonamento de pagamentos,


numa base de longo prazo seja completado após a data do balanço e antes das
demonstrações financeiras serem autorizadas para emissão.

A informação mínima a apresentar no balanço consta do respetivo modelo publicado


em Portaria, no qual se contempla, também, a informação adicional/complementar a
fornecer. Excecionalmente podem ser apresentadas no balanço linhas de itens

49
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

adicionais, quando tal apresentação for relevante para uma melhor compreensão da
posição financeira da entidade. Sempre que, em simultâneo para todas as datas de
relato incluídas no balanço, não existam quantias a apresentar, as correspondentes
linhas deverão ser removidas.

A informação mínima a apresentar na demonstração dos resultados consta do


respetivo modelo publicado em Portaria. Excecionalmente podem ser apresentadas na
demonstração dos resultados linhas de itens adicionais, quando tal apresentação for
relevante para uma melhor compreensão do desempenho financeiro da entidade.
Sempre que, em simultâneo para todas as datas de relato incluídas na demonstração
dos resultados, não existam quantias a apresentar, as correspondentes linhas deverão
ser removidas.

Uma entidade não deve apresentar itens de rendimento e de gasto como itens
extraordinários na demonstração dos resultados.

Os itens a apresentar na demonstração dos resultados deverão basear -se numa


classificação que atenda à sua natureza.

Todos os itens de rendimentos e de gastos reconhecidos num período devem ser


incluídos nos resultados a menos que um outro capítulo o exija de outro modo.

Em seguida, apresenta-se um resumo com algumas especificidades da NC-ME que


iremos abordar nos pontos seguintes:

50
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Descrição do tratamento
NC-ME
contabilístico

Mensuração ao Justo Valor Não é permitida

Revalorização de AFT ou Intangíveis Não é permitida

Capitalização de encargos de
Não é permitida
financiamento

Ativos Biológicos de produção Tratados como AFT

Ativos biológicos consumíveis e


Tratados como inventários
produtos agrícolas

Reconhecimento de Impostos
Não é permitido
diferidos

Método de equivalência patrimonial Não é permitida a aplicação

Propriedades de investimento Tratadas como AFT

51
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

8.2. Adoção pela primeira vez da NC-ME

As alterações de políticas contabilísticas decorrentes da adoção pela primeira vez da


presente norma devem ser aplicadas prospetivamente.

Consequentemente, no balanço de abertura relativo à primeira aplicação a entidade


deve:

a) Manter reconhecidos pela quantia escriturada todos os ativos e passivos cujo


reconhecimento continue a ser exigido por esta norma;

b) Reconhecer todos os ativos e passivos cujo reconhecimento passe a ser


exigido por esta norma, sendo a respetiva mensuração efetuada nos termos nela
previstos, não sendo contudo permitida, em caso algum, a utilização da base
de mensuração do justo valor à data da transição;

c) Não reconhecer itens como ativos ou passivos se a presente norma não


permitir esse reconhecimento; e

d) Efetuar as reclassificações pertinentes.

Quaisquer quantias relativas a diferenças de transição devem ser reconhecidas no


capital próprio.

Caso uma entidade dê conta de erros cometidos segundo o referencial contabilístico


anterior, os ajustamentos exigidos nos parágrafos anteriores, devem distinguir entre a
correção desses erros e as alterações às políticas contabilísticas.

52
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

8.3. Políticas Contabilísticas, alterações nas estimativas


contabilísticas e erros

A política ou políticas contabilísticas a aplicar a determinado item será a que decorrer


do capítulo que especificamente tratar da transação, outro acontecimento ou
condição.

Na ausência de uma disposição desta Norma que se aplique especificamente a uma


transação, outro acontecimento ou condição, o órgão de gestão fará juízos de valor no
desenvolvimento e aplicação de uma política contabilística que resulte em informação
que seja:

a) Relevante para a tomada de decisões económicas por parte dos utentes;

b) Fiável, de tal modo que as demonstrações financeiras:

i) Representem fielmente a posição financeira e o desempenho


financeiro da entidade;

ii) Reflitam a substância económica de transações, outros


acontecimentos e condições e não meramente a forma legal;

iii) Sejam neutras, isto é, que estejam isentas de enviesamentos;

iv) Sejam prudentes; e

v) Sejam completas em todos os aspetos materiais.

Ao fazer os juízos de valor descritos no parágrafo 6.2 da Norma, o órgão de gestão


deve ponderar a aplicabilidade das seguintes fontes, por ordem indicada:

a) Os requisitos e a orientação desta Norma que tratam de assuntos semelhantes


e relacionados; e

b) As definições e os critérios de reconhecimento e mensuração para ativos,


passivos, rendimentos e gastos constantes da Estrutura Conceptual.

Uma entidade deve selecionar e aplicar as suas políticas consistentemente para


transações semelhantes, outros acontecimentos e condições, a menos que
determinado capítulo desta Norma especificamente exija ou permita a categorização
de itens para os quais possam ser apropriadas diferentes políticas. Se um outro capítulo

53
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

exigir ou permitir tal categorização, uma política contabilística deve ser selecionada
e aplicada consistentemente a cada categoria.

No que respeita a alterações nas políticas contabilísticas uma entidade deve alterar
uma política contabilística apenas se a alteração:

a) For exigida por uma Norma ou Norma Interpretativa; ou

b) Resultar no facto de as demonstrações financeiras proporcionarem


informação fiável e mais relevante sobre os efeitos das transações, outros
acontecimentos ou condições, na posição financeira e no desempenho
financeiro da entidade.

Até ao ponto em que uma alteração numa estimativa contabilística dá origem a


alterações em ativos e passivos, ou se relacione com um item do capital próprio, ela
deve ser reconhecida pelo ajustamento da quantia escriturada do item de capital
próprio, ativo ou passivo relacionado no período da alteração.

O efeito de uma alteração numa estimativa contabilística, que não seja uma alteração
à qual se aplique o parágrafo anterior, deve ser reconhecido prospetivamente
incluindo-o nos resultados do:

a) Período de alteração, se a alteração afetar apenas esse período; ou

b) Período de alteração e períodos futuros, se a alteração afetar ambas as


situações.

A correção de um erro material de um período anterior é excluída dos resultados do


período em que o erro é detetado, sendo efetuada diretamente em resultados
transitados.

54
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 1

A empresa XPTO, Lda, tinha adquirido no Ano N um ativo fixo tangível (máquina
industrial) pelo valor de 20.000 euros, tendo-lhe atribuído uma vida útil de 10 anos e
valor residual de zero euros. O ativo tem estado a ser depreciado pelo método da linha
reta.

Passados 5 anos da utilização do equipamento a empresa procedeu á revisão da vida


útil deste bem, tendo constatado que o ativo estava em condições de funcionar mais
10 anos, passando então a ter uma vida útil total estimada de 15 anos.

Pedido: Pronuncie-se sobre o tratamento da problemática acima descrita, indicando o


valor de depreciação do exercício de N+5 e seguintes.

Natureza do problema: Alteração de estimativas contabilísticas

NC-ME (capítulo aplicável): 6

Reconhecimento e Mensuração:
• Estamos perante uma alteração de estimativa contabilística.

• De acordo com o disposto no § 6.6 da NC–ME, O efeito de uma alteração numa


estimativa contabilística, deve ser reconhecido prospectivamente incluindo-o
nos resultados do:

a) Período de alteração, se a alteração afetar apenas esse período; ou

b) Período de alteração e futuros períodos, se a alteração afetar ambas


as situações.

• Neste caso, a alteração de estimativas ocorreu durante o exercício N + 5, tendo


já decorrido cinco depreciações do bem (de N a N+4). O bem irá ter mais 10
anos de depreciação, totalizando um período total de depreciação de 15 anos
(até N+14).

• Assim, a alteração de estimativas tem uma influência no resultado do exercício


de N+5 bem como nos nove exercícios seguintes.

55
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Resolução:

Determinação da Quantia Escriturada à data da revisão:


De N a N+4, o bem foi depreciado em 5 exercícios pelo seguinte montante:
Depreciação anual : 20.000/10 = 2.000
QE do bem no final de N+4 = 20.000 – 2.000 * 5 = 10.000
Vida útil remanescente: 10 anos (N+5 a N+14)
A nova depreciação a aplicar ao ano N+5 e seguintes é:
10.000 / 10 = 1.000 euros

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

642 – Gastos de 438 – Ativos Fixos


Depreciação e de Tangíveis -
1.000 Pela depreciação anual (N+5)
Amortização - Ativos Depreciações
Fixos Tangíveis acumuladas

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

642 – Gastos de 438 – Ativos Fixos


Depreciação e de Tangíveis - Pela depreciação anual (N+6 a
1.000
Amortização - Ativos Depreciações N+14)
Fixos Tangíveis acumuladas

56
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 2

A empresa XPTO, Lda identificou no ano N, já após o fecho das contas do exercício de
N-1, que não tinha efetuado a especialização de férias e subsídio de férias do seu
pessoal do Ano N-1 a pagar no Ano N, no valor de 20.000 €. O erro em causa é
considerado relevante na tomada de decisão dos utentes das demonstrações
financeiras.

Pedido: contabilização das operações no exercício N.

Natureza do problema: Correção de erros

NC-ME (capítulo aplicável): 6

Reconhecimento e Mensuração:

De acordo com o disposto no § 6.8 da NC-ME, a correção de um erro material de um


período anterior é excluída dos resultados do período em que o erro é detetado, sendo
efetuada diretamente em resultados transitados.

Assim, e sendo o erro material, o lançamento corretivo foi efetuado diretamente na


conta de resultados transitados, de forma a não influenciar o resultado do período em
que foi identificado.

Resolução:

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

56 – Resultados 2722 – Credores por


20.000 Correção de erro material
Transitados acréscimos de gastos

57
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 3

A empresa XPTO, Lda. tem como política conceder, no início do ano seguinte, um
rappel aos seus clientes que ultrapassem um determinado volume de vendas. Assim,
no Ano n+1, foi emitido um rappel a um cliente no valor de 3.000 euros, tendo o mesmo
sido especializado nas contas do Ano N. Todavia, já durante o Ano N+1, e
posteriormente ao fecho das contas do Ano N, um cliente reclamou um rappel de 1.000
euros sobre as vendas de N, que não tinham sido especializadas. O Departamento
Comercial analisou a reclamação e constatou que efetivamente o cliente em causa
tinha direito ao referido rappel, uma vez que tinha existido um erro de cálculo do
departamento. O erro em causa não é considerado relevante na tomada de decisão do
utente das demonstrações financeiras.

Pedido: contabilização das operações no exercício N.

Natureza do problema: Correção de erros

NC-ME (capítulo aplicável): 6

Reconhecimento e Mensuração:

De acordo com o disposto no § 6.8 da NC-ME, a correção de um erro material de um


período anterior é excluída dos resultados do período em que o erro é detetado, sendo
efetuada diretamente em resultados transitados.

Assim, e se o erro não é material, a correção é efetuada no próprio período em que é


identificado o erro, influenciando o resultado deste período.

Resolução:

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

6881 – Correções
relativas a períodos 21 – Clientes C/C 1.000 Correção de erro não material
anteriores

58
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

8.4. Ativos fixos tangíveis

O custo de um item de ativo fixo tangível deve ser reconhecido como ativo se, e
apenas se, cumprir as condições de reconhecimento definidas no capítulo 3 da NC-ME
e desde que se trate de um item que seja detido para uso na produção ou fornecimento
de bens ou serviços, para arrendamento a outros, ou para fins administrativos e se
espera que seja usado durante mais do que um período.

As designadas propriedades de investimento (terrenos e edifícios), bem como os


ativos biológicos de produção, são reconhecidos como ativos fixos tangíveis.

Os animais ou plantas vivos detidos pela entidade e que não se enquadrem na atividade
agrícola integram a subcategoria de equipamentos biológicos.

Na rubrica “terrenos e edifícios” devem figurar os direitos imobiliários e outros direitos


similares tal como são legalmente definidos.

Sobressalentes e equipamentos de serviço são geralmente escriturados como


inventários e reconhecidos nos resultados quando consumidos. Porém, os
sobressalentes principais e equipamento de reserva classificam -se como ativos fixos
tangíveis quando uma entidade espera usá-los durante mais do que um período. Da
mesma forma, se os sobressalentes e os equipamentos de serviço puderem ser
utilizados em ligação com um item do ativo fixo tangível, eles são contabilizados como
ativo fixo tangível.

Podem ser considerados no ativo por uma só quantidade e quantia fixa, os itens que,
no seu conjunto, satisfaçam simultaneamente as seguintes condições:

a) Sejam renovados frequentemente;

b) Representem, bem a bem, uma quantia imaterial para a entidade; e

c) Tenham uma vida útil não superior a três anos.

Partes de alguns itens do ativo fixo tangível poderão necessitar de substituições a


intervalos regulares. Uma entidade deve reconhecer na quantia escriturada de um item
do ativo fixo tangível o custo da peça de substituição desse item quando o custo for
incorrido, se os critérios de reconhecimento forem cumpridos. A quantia escriturada
das peças que são substituídas é desreconhecida de acordo com as disposições de
desreconhecimento deste capítulo.

59
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

No que respeita à mensuração, um item do ativo fixo tangível que seja classificado
para reconhecimento como um ativo deve ser inicialmente mensurado pelo seu custo
e subsequentemente pelo seu custo deduzido de qualquer depreciação acumulada.

O custo de um item do ativo fixo tangível compreende:

a) O seu preço de compra, incluindo os direitos de importação e os impostos de


compra não reembolsáveis, após dedução dos descontos e abatimentos; e

b) Quaisquer custos diretamente atribuíveis para desenvolver e/ou colocar o


ativo na localização e condição necessárias para o mesmo ser capaz de
funcionar da forma pretendida;

Exemplos de custos que não são custos de um item do ativo fixo tangível são:

a) Custos de abertura de novas instalações;

b) Custos de introdução de um novo produto ou serviço (incluindo custos de


publicidade ou atividades promocionais);

c) Custos de condução do negócio numa nova localização ou com uma nova


classe de clientes (incluindo custos de formação de pessoal); e

d) Custos de administração e outros custos gerais.

Quanto aos aspetos relacionados com a depreciação, atento o disposto no parágrafo


7.5 da Norma, cada parte de um item do ativo fixo tangível com um custo que seja
significativo em relação ao custo total do item deve ser depreciada separadamente.

O gasto de depreciação em cada período deve ser reconhecido nos resultados a menos
que seja incluído na quantia escriturada de um outro ativo.

A quantia depreciável de um ativo deve ser imputada numa base sistemática durante
a sua vida útil.

A depreciação de um ativo começa quando este esteja disponível para uso, i.e. quando
estiver na localização e condição necessárias para que seja capaz de operar na forma
pretendida. A depreciação de um ativo cessa na data em que o ativo for
desreconhecido.

60
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Na determinação da vida útil de um ativo uma entidade deve ponderar o uso esperado
do ativo, o desgaste normal esperado, a obsolescência técnica ou comercial e limites
legais ou semelhantes no seu uso.

O método de depreciação é o método da linha reta.

A quantia escriturada de um item do ativo fixo tangível deve ser desreconhecida:

a) No momento da alienação; ou

b) Quando não se espere futuros benefícios económicos do seu uso ou alienação.

O ganho ou perda decorrente do desreconhecimento de um item do ativo fixo tangível


deve ser incluído nos resultados quando o item for desreconhecido. Os ganhos não
devem ser classificados como rédito.

Aquando da data de alienação de um item do ativo fixo tangível uma entidade deve
aplicar os critérios referidos no capítulo 12 da NC-ME para reconhecimento do rédito.

O ganho ou perda decorrente do desreconhecimento de um item do ativo fixo tangível


deve ser determinado como a diferença entre os proventos líquidos da alienação, se
os houver, e a quantia escriturada do item.

Em suma:

61
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Descrição do tratamento
AFT
contabilístico na NC-ME

Mensuração inicial Custo

Mensuração subsequente Custo

Revalorização Não é permitida

Capitalização de encargos de
Não é permitida
financiamento

Ativos Biológicos de produção Tratados como AFT

Tratados como AFT (apenas


permitido modelo do custo sem
Propriedades de investimento
reconhecimento de perdas por
imparidade)

Depreciações Apenas o método da linha reta

Não está previsto o seu


Perdas por imparidade reconhecimento nem análise
casuística

CASO PRÁTICO N.º 4

A empresa XPTO Lda que se dedica à fabricação de moldes dispunha de excessos de


tesouraria, pelo que adquiriu um imóvel na cidade do Porto com o objetivo de o
arrendar a terceiros.

Para além do valor de aquisição do imóvel que ascendeu a 180.000 €, a empresa


suportou ainda os seguintes gastos relacionados com a compra:

• Comissão a uma imobiliária: 18.000 euros


• Imposto de selo: 1.440 euros
• IMT: 8.000 euros

62
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Pedido: Pretende-se que indique em que rubrica deverá ser contabilizado o bem em
causa e por que montante.

Natureza do problema: Reconhecimento e mensuração de ativos fixos tangíveis

NC-ME (capítulo aplicável): 7

Reconhecimento e Mensuração:

O custo de um item de ativo fixo tangível deve ser reconhecido como ativo se, e
apenas se, cumprir as condições de reconhecimento definidas no capítulo 3 da NC-ME
e desde que se trate de um item que seja detido para uso na produção ou fornecimento
de bens ou serviços, para arrendamento a outros, ou para fins administrativos e se
espera que seja usado durante mais do que um período.

As designadas propriedades de investimento (terrenos e edifícios), bem como os


ativos biológicos de produção, são reconhecidos como ativos fixos tangíveis.

Resolução:

Assim, face ao referido, o bem em causa deverá ser contabilizado como:

- Ativo Fixo Tangível.

Nos termos do parágrafo 7.6 na NC – ME, um item do ativo fixo tangível que seja
classificado para reconhecimento como um ativo deve ser inicialmente mensurado pelo
seu custo.

Segundo o parágrafo 7.7 da NC-ME o custo de um item do ativo fixo tangível


compreende:

a) O seu preço de compra, incluindo os direitos de importação e os impostos de


compra não reembolsáveis, após dedução dos descontos e abatimentos; e

b) Quaisquer custos diretamente atribuíveis para desenvolver e/ou colocar o


ativo na localização e condição necessárias para o mesmo ser capaz de
funcionar da forma pretendida;

Assim, o bem em causa deve ser inicialmente mensurado por:

- 207.440 euros (180.000 + 18.000 + 1.440 + 8.000)

63
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 5

A sociedade XPTO, LDA, dispõe de instalações próprias que utiliza nas suas atividades
operacionais.

Estas instalações estão mensuradas no Balanço da sociedade no ano N (já depois das
depreciações do período) pelo montante de 80.000 euros.

A Gerência da empresa dispõe de uma avaliação destas instalações efetuada por um


perito independente e registado na Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM)
que atribuiu um valor de mercado de 100.000 euros ao imóvel com referência a 31
/12/N.

A Gerência da empresa contatou o Contabilista Certificado e solicitou-lhe que


procedesse à revalorização do valor do bem imóvel na contabilidade.

Pedido: Reconhecimento na contabilidade da revalorização do imóvel

Natureza do problema: Mensuração subsequente de ativos fixos tangíveis

NC-ME (capítulo aplicável): 7

Mensuração subsequente:

De acordo com o disposto nos § 7.6 da NC-ME, um item do ativo fixo tangível que seja
classificado para reconhecimento como um ativo deve ser inicialmente mensurado pelo
seu custo e subsequentemente pelo seu custo deduzido de qualquer depreciação
acumulada.

Resolução

Assim, e conforme mencionado no paragrafo § 7.6 do NC-ME um item do ativo fixo


tangível deve ser subsequentemente mensurado pelo seu custo deduzido de qualquer
depreciação acumulada.

Ou seja, na NC-ME não é permitida a mensuração pelo Modelo de Revalorização, pelo


que a sociedade não pode revalorizar as instalações e utilizar a NC-ME.

64
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A sociedade pode contudo revalorizar o valor das instalações, desde que abandone a
utilização da NC-ME optando por utilizar as NCRF-PE ou NCRF do Regime Geral,
cumprindo naturalmente as exigências destes normativos mais completos.

65
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 6

A empresa XPTO, Lda adquiriu em Março do Ano N uma nova linha de fabricação para
a sua fábrica.

Esta nova linha de fabricação teve um custo de 180.000 €, sendo constituída por 3
componentes significativas e com vidas úteis diferentes, assim discriminadas:

• Componente A: 120.000 euros e vida útil de 10 anos


• Componente B: 30.000 euros e vida útil de 3 anos
• Componente C: 50.000 euros e vida útil de 5 anos

As componentes no final da vida útil não têm valor residual.

A linha de fabricação ficou disponível para uso no início de Julho do Ano N.

Pedido: Contabilização das depreciações a reconhecer no ano N

Natureza do problema: Reconhecimento de componentes

NC-ME (capítulo aplicável): 7

Reconhecimento Mensuração:

De acordo com o disposto nos § 7.5 da NC – ME, os sobressalentes principais e


equipamento de reserva devem ser classificados como Ativos fixos tangíveis quando a
entidade espera usá-los durante mais do que um período. Quanto à mensuração uma
entidade deve reconhecer na quantia escriturada de um item do ativo fixo tangível o
custo da peça de substituição desse item quando o custo for incorrido. E a quantia
escriturada das peças que são substituídas deve ser desreconhecida.

Depreciação e método de depreciação

Segundo o § 7.9 da NC – ME, cada parte de um item do ativo fixo tangível com um custo
que seja significativo em relação ao custo total do item deve ser depreciada
separadamente.

O § 7.12 da NC – ME acrescenta que a depreciação de um ativo começa quando este


esteja disponível para uso i.e. quando estiver na localização e condição necessárias
para que seja capaz de operar na forma pretendida.

66
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Segundo o § 7.14 da NC – ME o único método de depreciação previsto é o método da


linha reta (também conhecido pelo método das quotas constantes)

Resolução

Depreciação por componente e pelo método da linha reta:

Componente Valor de Aquisição Vida útil Depreciação anual

Componente A 120.000 € 10 anos 12.000 €

Componente B 30.000 € 3 anos 10.000 €

Componente C 50.000 € 5 anos 10.000 €

O total da depreciação anual da linha de fabricação é de 32.000 €. No entanto, dado


que a linha só ficou disponível para uso em Julho do ano N, só deverá começar a ser
depreciada a partir dessa data. Logo, será depreciada apenas 6 meses:

32.000 / 12 * 6 = 16.000 €

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

642 – Gastos de 438 – Ativos Fixos


Depreciação e de Tangíveis -
16.000 Pela depreciação do ano N
Amortização - Ativos Depreciações
Fixos Tangíveis acumuladas

67
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

De salientar, que o montante das depreciações anuais serão as seguintes:

Depreciações Componente A Componente B Componente C Total

Depreciação N 6.000 € 5.000 € 5.000 € 16.000 €

Depreciação N+1 12.000 € 10.000 € 10.000 € 32.000 €

Depreciação N+2 12.000 € 10.000 € 10.000 € 32.000 €

Depreciação N+3 12.000 € 5.000 € 10.000 € 27.000 €

Depreciação N+4 12.000 € 0€ 10.000 € 22.000 €

Depreciação N+5 12.000 € 0€ 5.000 € 17.000 €

Depreciação N+6 12.000 € 0€ 0 € 12.000 €

Depreciação N+7 12.000 € 0 € 0 € 12.000 €

Depreciação N+8 12.000 € 0 € 0 € 12.000 €

Depreciação N+9 12.000 € 0 € 0 € 12.000 €

Depreciação N+10 6.000 € 0 € 0 € 6.000 €

Total 120.000 € 30.000 € 50.000 € 200.000 €

68
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

8.5. Ativos intangíveis

Os critérios estabelecidos no capítulo relativo a ativos fixos tangíveis aplicam-se aos


ativos intangíveis, incluindo os de caráter ambiental, sem prejuízo dos parágrafos
seguintes.

Um ativo intangível deve ser reconhecido se, e apenas se, for identificável, e cumprir
as condições de reconhecimento definidas no capitulo 3 desta Norma, desde que se
trate de um ativo não monetário, identificável e sem substância física, que se espera
que seja usado durante mais do que um período.

Um ativo intangível é identificável se:

a) For separável, isto é capaz de ser separado ou dividido da entidade e


vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado, seja individualmente ou
em conjunto com um contrato, ativo ou passivo relacionado,
independentemente da intenção da entidade de o fazer; ou

b) Resultar de direitos contratuais ou de outros direitos legais,


independentemente desses direitos serem transferíveis ou separáveis da
entidade ou de outros direitos e obrigações.

Um ativo intangível deve ser mensurado pelo seu custo, o qual deve ser determinado
como preconizado para os ativos fixos tangíveis.

A criação de um ativo intangível gerado internamente, que não seja goodwill, envolve
uma fase de pesquisa e uma fase de desenvolvimento.

Não deve ser reconhecido nenhum ativo intangível proveniente de pesquisa, ou da fase
de pesquisa de um projeto interno, sendo os correspondentes dispêndios reconhecidos
como um gasto quando forem incorridos.

Os dispêndios de caráter ambiental incorridos para evitar ou reduzir danos futuros,


ou para preservar recursos, apenas podem ser qualificados para reconhecimento como
ativos, se se destinarem a servir de maneira durável a atividade da entidade e se, além
disso, estiver satisfeita uma das seguintes condições:

a) Os gastos relacionarem -se com benefícios económicos que se espera venham


a fluir para a entidade e que permitam prolongar a vida, aumentar a capacidade
ou melhorar a segurança ou eficiência de outros ativos detidos pela entidade
(para além do seu nível de eficiência determinado originalmente); ou

69
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

b) Os gastos permitirem reduzir ou evitar uma contaminação ambiental


suscetível de ocorrer em resultado das futuras atividades da entidade.

Podem existir direitos ou outros elementos de natureza semelhante adquiridos por


motivos associados ao impacto das atividades da entidade sobre o ambiente (por
exemplo, patentes, licenças, autorização de poluição e direitos de emissão).

Se tiverem sido adquiridos a título oneroso, e, além disso, satisfizerem os critérios


necessários ao seu reconhecimento como ativo, devem ser capitalizados e amortizados
sistematicamente ao longo das suas vidas económicas úteis esperadas. Caso não
satisfaçam esses critérios, devem ser imputados a resultados.

Os dispêndios com itens intangíveis, incluindo os dispêndios de caráter ambiental,


devem ser reconhecidos como gastos quando incorridos, a menos que façam parte do
custo de um ativo intangível que satisfaça os critérios de reconhecimento referidos nos
parágrafos anteriores.

Os dispêndios de caráter ambiental relacionados com danos que ocorreram num


período anterior não podem qualificar-se como ajustamentos de exercícios anteriores
mas devem pelo contrário ser registados como gastos no período corrente.

Uma entidade reconhecerá como gasto os seguintes itens, os quais nunca deverão ser
reconhecidos como ativo:

a) As marcas, cabeçalhos, títulos de publicações, listas de clientes e itens


substancialmente semelhantes gerados internamente;

b) Dispêndio com atividades de arranque, a não ser que este dispêndio esteja
incluído no custo de um item de ativo fixo tangível de acordo com o capítulo 7
desta Norma. Os custos de arranque podem consistir em custos de
estabelecimento tais como os custos legais ou de secretariado incorridos no
estabelecimento de uma entidade legal, dispêndios para abrir novas instalações
ou negócio ou dispêndios para iniciar novas unidades operacionais ou lançar
novos produtos ou processos;

c) Dispêndios com atividades de formação; e

d) Dispêndios com atividades de publicidade e promocionais (incluindo


catálogos de venda por correspondência);

e) Dispêndios com a mudança de local ou reorganização de uma entidade no


seu todo ou em parte.

70
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

O dispêndio com um item intangível que tenha sido inicialmente reconhecido como um
gasto não deve ser reconhecido como parte do custo de um ativo intangível em data
posterior.

Uma entidade deve avaliar se a vida útil de um ativo intangível é finita ou indefinida
e, se for finita, a duração de, ou o número de produção ou de unidades similares
constituintes, dessa vida útil. Um ativo intangível tem uma vida útil indefinida quando,
com base numa análise de todos os fatores relevantes, não houver limite previsível
para o período durante o qual se espera que o ativo gere influxos de caixa líquidos para
a entidade.

A vida útil de um ativo intangível que resulte de direitos contratuais ou de outros


direitos legais não deve exceder o período dos direitos contratuais ou de outros direitos
legais, mas pode ser mais curta dependendo do período durante o qual a entidade
espera usar o ativo. Se os direitos contratuais ou outros direitos legais forem
transmitidos por um prazo limitado que possa ser renovado, a vida útil do ativo
intangível deve incluir o(s) período(s) de renovação apenas se existir evidência que
suporte a renovação pela entidade sem um custo significativo.

A quantia amortizável de um ativo intangível com uma vida útil finita deve ser
imputada numa base sistemática durante a sua vida útil, tal como o previsto para os
ativos fixos tangíveis. A amortização deve cessar na data em que o ativo for
desreconhecido.

O valor residual de um ativo intangível com uma vida útil finita deve ser assumido
como sendo zero a menos que:

a) Haja um compromisso de um terceiro de comprar o ativo no final da sua vida


útil; ou

b) Haja um mercado ativo para o ativo e:

i) O valor residual possa ser determinado com referência a esse


mercado; e

ii) Seja provável que tal mercado exista no final da sua vida útil.

Um ativo intangível com uma vida útil indefinida deve ser amortizado num período
máximo de 10 anos.

A vida útil de um ativo intangível deve ser revista a cada período para determinar se
os acontecimentos e circunstâncias continuam a apoiar uma avaliação de vida útil
indefinida para esse ativo. Se não apoiarem, a alteração na avaliação de vida útil de
indefinida para finita deve ser contabilizada como alteração numa estimativa
contabilística de acordo com o capítulo 6 da NC-ME.

71
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Um ativo intangível deve ser desreconhecido no momento da alienação ou quando não


se esperam futuros benefícios económicos do seu uso ou alienação.

Em suma:

Descrição do tratamento
Ativos intangíveis
contabilístico na NC-ME

Mensuração inicial Custo

Mensuração subsequente Custo

Revalorização Não é permitida

Depreciações Apenas o método da linha reta

Não está previsto o seu


Perdas por imparidade reconhecimento nem análise
casuística

Despesas de instalação Gasto do período

Despesas de investigação (pesquisa) Gasto do período

Norma é omissa quanto às regras de


Despesas de desenvolvimento
reconhecimento

Despesas com atividades de


Gasto do período
publicidade

72
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 7

A empresa XPTO, S.A. que se dedica à produção e comercialização de vinho pretende


relançar a sua empresa e como política de relançamento adquire no início do ano N,
duas marcas com nomes relevantes no mercado:

Marca “2 Drinks”:

- Fatura de venda da marca: 10.000 €

- Honorários de advogados: 1.000 €

- Registo da marca: 500 €

- Foi atribuída uma vida útil indefinida à marca

Marca “3 Drinks”:

- Fatura de venda da marca: 5.000 €

- Honorários de advogados: 500 €

- Registo da marca: 250 €

- Foi atribuída uma vida útil de 5 anos à marca.

Para além disso, e na mesma data, a empresa registou uma marca desenvolvida
internamente como o nome “GI Drinks”, tendo incorrido em gastos com terceiros no
valor de 5.000 €.

Pedido: Contabilização das operações relativas aos anos N

Natureza do problema: Ativos intangíveis (reconhecimento e mensuração)

NC-ME (capítulo aplicável): 8

Reconhecimento e Mensuração:

Os gastos aqui apresentados, com exceção da marca gerada internamente, preenchem


os pressupostos do reconhecimento como um ativo intangível, já que, para além dos
restantes aspetos de reconhecimento de um ativo cumpre igualmente os critérios de

73
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

identificabilidade, já que resulta de um direito contratual que é separável de outros


direitos e obrigações.

Em termos de mensuração inicial os Ativos intangíveis são mensurados pelo seu custo,
incluindo, para além do custo de aquisição, todos os custos necessários para o ativo
ser capaz de funcionar da forma pretendida. Para além disso, os Ativos intangíveis
podem ter vidas úteis definidas ou indefinidas. No caso em apreço, temos ativos
intangíveis com a vida útil definida e indefinida.

A mensuração subsequente é determinada pelo seu custo menos qualquer amortização


acumulada. Os ativos com vida útil definida são amortizados de acordo com a sua vida
útil, enquanto os ativos intangíveis com vida útil indefinida deve ser amortizado num
prazo máximo de 10 anos.

Quanto à marca gerada internamente, a própria NC-ME não deixa margem para
dúvidas, na alínea a) do § 8.11 ao referir que “uma entidade reconhecerá como gasto
os seguintes itens, os quais nunca deverão ser reconhecidos como ativo: a) As marcas,
cabeçalhos, títulos de publicações, listas de clientes e itens substancialmente
semelhantes gerados internamente”

Resolução:

Aquisição da marca “2 Drinks”

- Período de vida útil: indefinida (amortizada em 10 anos)

- Custo da marca: 11.500 € (10.000 € + 1.000 € + 500 €)

- Amortização: 11.500 € / 10 = 1.150 €

Lançamentos em N, relacionados com a marca:

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

444 - Ativos
intangíveis – 12 - Depósitos à Pela aquisição e registo da
11.500
Propriedade ordem marca
industrial

74
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

643 - Gastos de
depreciação e de 448 - Amortizações Pela amortização da marca em
1.150
amortização – Ativos acumuladas N
Intangíveis

Resolução:

Aquisição da marca “3 Drinks”

- Período de vida útil: 5 anos

- Custo da marca: 5.750 € (5.000 € + 500 € + 250 €)

- Amortização: 5.750 € / 5 = 1.150 €

Lançamentos em N, relacionados com a marca:


Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

444 - Ativos
intangíveis – 12 - Depósitos à Pela aquisição e registo da
5.750
Propriedade ordem marca
industrial

75
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

643 - Gastos de
depreciação e de 448 - Amortizações Pela amortização da marca em
1.150
amortização – Ativos acumuladas N
Intangíveis

Marca “GI Drinks”

- Marca gerada internamente

- Registar como gasto do exercício

Lançamentos em N, relacionados com a marca:


Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

622 – Fornecimento e
serviços externos – 12 - Depósitos à
5.000 Marca gerada internamente
Serviços ordem
especializados

76
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

8.6. Locações

Uma locação é classificada como locação financeira se ela transferir substancialmente


todos os riscos e vantagens inerentes à propriedade. Uma locação é classificada como
locação operacional se ela não transferir substancialmente todos os riscos e vantagens
inerentes à propriedade.

A classificação de uma locação como financeira ou operacional depende da substância


da transação e não da forma do contrato. Exemplos de situações que podem
normalmente conduzir a que uma locação seja classificada como uma locação
financeira são:

a) A locação transfere a propriedade do ativo para o locatário no fim do prazo


da locação;

c) O prazo da locação abrange a maior parte da vida económica do ativo mesmo


que o título de propriedade não seja transferido;

d) No início da locação o valor presente dos pagamentos mínimos da locação


ascende a pelo menos, substancialmente a estimativa do valor de mercado do
ativo locado; e

e) Os ativos locados são de uma tal natureza especializada que apenas o


locatário os pode usar sem que sejam feitas grandes modificações.

Os indicadores de situações que individualmente ou em combinação podem também


conduzir a que uma locação seja classificada como financeira são:

a) Se o locatário puder cancelar a locação, as perdas do locador associadas ao


cancelamento são suportadas pelo locatário;

b) Os ganhos ou as perdas da flutuação no valor de mercado do residual caem


no locatário (por exemplo sob a forma de um abatimento na renda que iguale
a maior parte dos proventos das vendas no fim da locação); e

c) O locatário tem a capacidade de continuar a locação por um segundo período


com uma renda que seja substancialmente inferior à renda do mercado.

Os exemplos e indicadores enunciados anteriormente nem sempre são conclusivos. Se


for claro com base noutras características que a locação não transfere

77
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

substancialmente todos os riscos e vantagens inerentes à posse, a locação é


classificada como locação operacional.

No início do prazo de locação, os locatários devem reconhecer as locações financeiras


como ativos e passivos nos seus balanços por quantias iguais ao valor dos pagamentos
mínimos da locação, cada um determinado no início da locação. Quaisquer custos
diretos iniciais do locatário são adicionados à quantia reconhecida como ativo.

Os pagamentos mínimos da locação devem ser repartidos entre o encargo financeiro e


a redução do passivo pendente. O encargo financeiro deve ser imputado a cada período
durante o prazo da locação.

As rendas contingentes devem ser debitadas como gastos nos períodos em que foram
incorridas.

Uma locação financeira dá origem a um gasto de depreciação relativo ao ativo


depreciável assim como a um gasto financeiro em cada período contabilístico.

A política de depreciação para os ativos locados depreciáveis deve ser consistente com
a dos ativos depreciáveis que sejam possuídos e a depreciação reconhecida deve ser
calculada nas bases estabelecidas nos capítulos 7 e 8 da Norma (Ativos Fixos Tangíveis
e Ativos Intangíveis). Se não houver certeza razoável de que o locatário obtenha a
propriedade no fim do prazo da locação, o ativo deve ser totalmente depreciado
durante o prazo da locação ou da sua vida útil, o que for mais curto.

Os pagamentos de uma locação operacional devem ser reconhecidos como um gasto


numa base linear durante o prazo da locação.

Os locadores devem apresentar os ativos sujeitos a locações operacionais nos seus


balanços de acordo com a natureza do ativo.

O rendimento proveniente de locações operacionais deve ser reconhecido numa base


linear durante o prazo da locação.

Os custos, incluindo a depreciação, incorridos para se obter o rendimento de locação


são reconhecidos como um gasto.

Os custos diretos iniciais incorridos pelos locadores ao negociar e aceitar uma locação
operacional devem ser adicionados à quantia escriturada do ativo locado e
reconhecidos como um gasto durante o prazo da locação na mesma base do rendimento
da locação.

A política de depreciação para ativos locados depreciáveis deve ser consistente com a
política de depreciação normal do locador para ativos semelhantes, e a depreciação

78
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

deve ser calculada de acordo com as disposições referentes a ativos intangíveis e a


ativos fixos tangíveis.

Um locador fabricante ou negociante não reconhece qualquer lucro de venda ao


celebrar uma locação operacional porque esta não é equivalente a uma venda.

Em suma:

Descrição do tratamento
Locações
contabilístico na NC-ME

Contabilizadas como ativo (conta 43


Financeiras
ou 44) e passivo (conta 25)

Contabilizadas como gasto (conta


Operacionais
62)

79
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 8

A empresa XPTO, S.A. adquiriu em leasing uma viatura ligeira de passageiros, com as
seguintes características:

• Data do início do contrato: 1 de Julho de N

• Período do contrato: 3 anos

• Valor do bem: 40.000 € (iva a 23%, excluído)

• Rendas: 36 rendas mensais e antecipadas iguais a 1.072,63 € (excluindo o IVA


à taxa de 23%).

• Valor residual no final do contrato: 4.000 €

• O valor residual é inferior ao justo valor esperado nessa data

• Período de vida útil do bem: 4 anos

• Espera-se que a empresa exerça a opção de compra

• O bem ficou disponível para uso em 01 de Julho do Ano N

Pedido: Contabilização das operações relativas ao ano N

Natureza do problema: Locações (reconhecimento e mensuração)

NC-ME (capítulo aplicável): 7 e 9

Reconhecimento e Mensuração:

Classificação das locações (§ 9 da NC-ME):

Financeira: transferência substancial de todos os riscos e vantagens inerentes


a posse de um ativo. O título de propriedade pode ou não ser eventualmente
transferido.

Operacional: locação que não seja locação financeira.

80
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

No caso em análise, estamos perante uma locação financeira, pois existe uma
transferência de todos os riscos e vantagens associadas ao bem locado, bem como a
certeza razoável de que o locatário exercerá a opção de compra no final do contrato.

Resolução:

Reconhecimento inicial da locação financeira:

- Reconhece como Ativos e passivos por quantias iguais ao valor presente dos
pagamentos mínimos da locação (§ 9.5 da NC-ME).

Reconhecimento inicial do equipamento básico:

- Cumpre com a definição de ativo fixo tangível, (§ 7.1 da NC-ME).

- Cumpre com os critérios de reconhecimento de um ativo (§ 3.3 da NC-ME).

- Mensuração no reconhecimento inicial: custo de aquisição (§ 7.6 da NC-ME).

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

433 – Ativos Fixos


2513 – Financiamentos
Tangíveis – Reconhecimento inicial do
obtidos – Locações 49.200
Equipamento contrato de leasing
financeiras
Transporte

Mensuração Subsequente:

De acordo com o § 9.6 da NC-ME, os pagamentos mínimos da locação devem ser


repartidos entre o encargo financeiro e a redução do passivo pendente. O encargo
financeiro deve ser imputado a cada período durante o prazo da locação de forma a
produzir uma taxa de juro periódica constante sobre o saldo remanescente do passivo.

81
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Conta a débito Conta a crédito Valor (€) Descrição

2513 – Financiamentos
12 Depósitos à
obtidos – Locações 1.319,34 Pagamento da 1ª renda
ordem
financeiras

Na segunda renda estão incluídos juros no valor de 129,76 €, acrescidos de IVA à tava
de 23% (129,76 € * 1,23% = 159,60 €)

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)
2513 - Financiamentos
obtidos - Locações 1.159,74
financeiras
12 Depósitos à Ordem Pagamento da 2.ª renda
6911 - Juros de
financiamentos obtidos 159,60
- Locações Financeiras

As restantes rendas, terão o mesmo lançamento com ajustamento apenas do valor dos
juros e da amortização de capital.

Em 31/12/N, não esquecer, que é necessário proceder ao registo da depreciação do


período do equipamento. Nos termos do § 9.7 da NC -ME, a quantia depreciável de um
ativo locado é imputada a cada período contabilístico durante o período do uso
esperado, numa base sistemática consistente com a política de depreciação que o
locatário adote para Ativos depreciáveis de que seja proprietário.

Se houver certeza razoável de que o locatário obterá a propriedade no fim do prazo


da locação, o período de uso esperado é a vida útil do ativo; se tal não for possível, o
ativo é depreciado durante o prazo da locação ou da sua vida útil, dos dois o mais
curto.

No caso concreto, como é esperado o exercício da opção de compra do bem no final


do contrato, o período de amortização será o da vida útil do bem, ou seja, 4 anos.

Depreciação anual = 49.200 € / 4 anos = 12.300 €

Como o bem só ficou disponível para uso em 01 de Julho do Ano N:

Depreciação do período N = 12.300 / 12 * 6 = 6.150 €

82
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

642 - Gastos de
depreciação e de 438 - Depreciações
6.150 Pela depreciação no exercício N
amortização – Ativos acumuladas
Fixos Tangíveis

83
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 9

A empresa XPTO, S.A. em 01 de Junho do ano N alugou por 60 dias uma viatura ligeira
de passageiros, para ser utilizada pelo seu Diretor Comercial tendo pago pelo aluguer
1.000 €, iva incluído. No final dos 60 dias a viatura foi devolvida ao locador.

Pedido: Contabilização das operações relativas ao ano N

Natureza do problema: Locações (reconhecimento e mensuração)

NC-ME (capítulo aplicável): 9

Reconhecimento e Mensuração:

Classificação das locações (§ 9 da NC-ME):

Financeira: transferência substancial de todos os riscos e vantagens inerentes


a posse de um ativo. O título de propriedade pode ou não ser eventualmente
transferido.

Operacional: locação que não seja locação financeira.

No caso em análise, estamos perante uma locação operacional, pois os riscos e as


recompensas associadas ao bem locado, são do locador e não do locatário.

Resolução

Reconhecimento e Mensuração das Locações operacionais

- De acordo com o parágrafo 9.8 da NC-ME, os pagamentos de uma locação operacional


devem ser reconhecidos como um gasto numa base linear durante o prazo da locação.

84
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

6261 – Fornecimento e
Reconhecimento da locação
serviços externos – 12 – Depósitos à Ordem 1.000
operacional
Rendas e alugueres

85
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

8.7. Custos de Empréstimos obtidos

Quanto aos custos de empréstimos obtidos, a NC – ME apenas considera o regime do


reconhecimento dos mesmos como um gasto no período em que sejam incorridos, não
considerando que os mesmos possam ser capitalizados.

Os custos de empréstimos obtidos considerados na norma incluem:

a) Juros de descobertos bancários e de empréstimos obtidos a curto e longo


prazo;

b) Encargos financeiros com respeito a locações financeiras reconhecidas de


acordo com o capítulo 9 (Locações) desta Norma; e

c) Diferenças de câmbio provenientes de empréstimos obtidos em moeda


estrangeira até ao ponto em que sejam vistos como um ajustamento do custo
dos juros.

Os custos de empréstimos obtidos devem ser reconhecidos como um gasto no período


em que sejam incorridos, não sendo permitida na NCM a sua capitalização.

Em suma:

Descrição do tratamento
Custos de empréstimos obtidos
contabilístico na NC-ME

Reconhecimento Gasto

Capitalização Não aplicável

86
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 10

A empresa XPTO, S.A. para financiar a construção de um imóvel, contratou no dia 1 de


Outubro do ano N um empréstimo bancário de médio e longo prazo (3 anos) no
montante 30.000 €, com o único objetivo de financiar a ampliação das suas instalações
fabris. As condições eram as seguintes:

• Data de início: 1 de Outubro ano N


• Período: 3 anos
• Amortização anual de capital e juros
• Taxa de juro = 6% ao ano

Como o montante não era suficiente para financiar a obra a empresa recorreu ainda a
um financiamento de um acionista (suprimentos) no valor de 50.000 € com as seguintes
condições:

• Data de início: 1 de Dezembro ano N


• Amortização anual de capital e juros
• Taxa de juro = 3% ao ano
• Período: 5 anos

A empresa iniciou a construção do imóvel em 01 de Outubro do ano N

Pedido: Contabilização das operações relativas aos anos N

Natureza do problema: Custos de empréstimos obtidos

NC-ME (capítulo aplicável): 10

Reconhecimento e Mensuração: De acordo com o § 10.2 da NC – ME, os custos dos


empréstimos obtidos devem ser reconhecidos como um gasto no período em que sejam
incorridos.

Os gastos devem ser reconhecidos de acordo com o regime do acréscimo, ou seja


devem ser reconhecidos no período de vigência desses gastos independentemente do
momento do seu dispêndio financeiro.

A NC – ME, não permite outro tratamento relativo aos custos dos empréstimos obtidos,
nomeadamente a sua inclusão nos custos de outros Ativos, conforme o disposto na
NCRF 10 e na NCRF – PE.

87
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Resolução:

- Empréstimo Bancário

• Capital mutuado: 30.000 €;


• Juros a pagar em 1/10/N+1 = 30.000 * 6% = 1.800 €
• Juros respeitantes ao período N: 450 € - (1.800 € /12 * 3)

No ano N:

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)
2511 - Empréstimos
12 - Depósitos à ordem 30.000 Contratação de financiamento
bancários

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

6911 - Juros de 2722 – Credores por


450 Juros do período ano N
financiamentos obtidos acréscimos de gastos

- Empréstimo de acionista - suprimentos

• Capital mutuado: 50.000 €;


• Juros a pagar em 1/12/N+1 = 50.000 * 3% = 1.500 €
• Juros respeitantes ao período N: 125 € - (1.500 € /12 * 1)

No ano N:

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

2532 - Outros
participantes -
12 - Depósitos à ordem 50.000 Contratação de financiamento
Suprimentos e outros
mútuos

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

6911 - Juros de 2722 – Credores por


125 Juros do período ano N
financiamentos obtidos acréscimos de gastos

88
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

8.8. Inventários

Os inventários são tratados pela NC – ME no seu § 11, sendo reconhecidos como tal os
Ativos

- Detidos para venda no decurso ordinário da atividade empresarial;


- No processo de produção para tal venda; ou
- Na forma de materiais ou consumíveis a serem aplicados no processo de
produção ou na prestação de serviços.

São igualmente tratados como inventários os Ativos biológicos consumíveis e os


produtos agrícolas.

Em termos de mensuração, os inventários devem ser considerados pelo seu custo ou


pelo seu valor realizável líquido, dos dois o mais baixo.

O custo dos inventários deve incluir todos os custos de compra, custos de conversão
e outros custos incorridos para colocar os inventários no seu local e condição atuais.

Os custos de compra de inventários incluem o preço de compra, direitos de importação


e outros impostos (que não sejam os subsequentemente recuperáveis das entidades
fiscais pela entidade) e custos de transporte, manuseamento e outros custos
diretamente atribuíveis à aquisição de bens acabados, de materiais e de serviços. Os
descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na
determinação dos custos de compra.

O custo dos inventários de produtos acabados e de subprodutos será obtido por um dos
seguintes métodos:

(i) custo de produção, ou

(ii) preço de venda deduzido da margem normal de lucro que a gestão


demonstre ser apropriada. O custo dos produtos e trabalhos em curso será
obtido pelo mesmo método corrigido com a percentagem estimada de
acabamento.

O custo dos inventários pode não ser recuperável se esses inventários estiverem
danificados, se se tornarem total ou parcialmente obsoletos ou se os seus preços de
venda tiverem diminuído. A prática de reduzir o custo dos inventários para o valor
realizável líquido é consistente com o ponto de vista de que os ativos não devem ser

89
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

escriturados por quantias superiores àquelas que previsivelmente resultariam da sua


venda ou uso. O custo de reposição dos materiais ou o preço de venda deduzido dos
necessários custos previsíveis de acabamento e venda podem ser a melhor mensuração
disponível do seu valor realizável líquido.

Em cada período subsequente é feita uma nova avaliação do valor realizável líquido.

Quando as circunstâncias que anteriormente resultavam em ajustamento ao valor dos


inventários deixarem de existir ou quando houver uma clara evidência de um aumento
no valor realizável líquido devido à alteração nas circunstâncias económicas, a quantia
do ajustamento é revertida (isto é a reversão é limitada à quantia do ajustamento
original) de modo a que a nova quantia escriturada seja o valor mais baixo do custo e
do valor realizável líquido revisto. Isto ocorre, por exemplo, quando um item de
inventários que é escriturado pelo valor realizável líquido, porque o seu preço de venda
desceu, está ainda detido num período posterior e o seu preço de venda aumentou.

Quando os inventários forem vendidos, a quantia escriturada desses inventários deve


ser reconhecida como um gasto do período em que o respetivo rédito seja
reconhecido. A quantia de qualquer ajustamento dos inventários para o valor realizável
líquido e todas as perdas de inventários devem ser reconhecidas como um gasto do
período em que o ajustamento ou perda ocorra. A quantia de qualquer reversão do
ajustamento de inventários, proveniente de um aumento no valor realizável líquido,
deve ser reconhecida como uma redução na quantia de inventários reconhecida como
um gasto no período em que a reversão ocorra.

Os inventários podem ser movimentados em sistema de inventário intermitente ou


permanente, podendo ser utilizado, como forma de custeio, o custo médio ponderado
ou o FIFO.

Alguns inventários podem ser imputados a outras contas do ativo, como por exemplo,
inventários usados como um componente de ativos fixos tangíveis construídos para a
própria entidade. Os inventários imputados desta forma a um outro ativo são
reconhecidos como um gasto durante a vida útil desse ativo.

Em suma:

90
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Descrição do tratamento
Inventários
contabilístico na NC-ME
Custo ou valor realizável líquido (o
Mensuração
mais baixo)
Permanente ou intermitente (ME
Sistema de movimentação dos
dispensadas legalmente de aplicar o
inventários
sistema de inventário permanente)

Custeio FIFO ou Custo médio

Custo de produção ou preço de


Valorização produtos acabados e
venda deduzido margem normal de
subprodutos
lucro
Custo de produção ou preço de
venda deduzido margem normal de
Valorização produtos em curso
lucro (corrigido com a percentagem
estimada de acabamento)
Ativos biológicos consumíveis e
Tratados como inventários
produtos agrícolas

91
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 11

A empresa XPTO, Lda iniciou a sua atividade em Janeiro de N e dedica-se à fabricação


de sapatos.

A empresa não dispõe de sistema de inventário permanente pelo que apurou os seus
inventários através de contagem física em 31 de Dezembro do Ano N.

No final do ano N, a empresa tinha os seguintes registos, relativos aos seus inventários.

• Compras: 50.000 €
• Direitos de importação: 2.000 €
• Transportes de compras: 10.000 €
• Rappel anual sobre compras: 4.000 €

A empresa apurou os seguintes inventários, tendo em conta o custo médio de cada


sapato e a sua fase de acabamento:

Stock Final:

• Matérias-primas: 18.000 € (Custo de aquisição)


• Produto acabado: 20.000 € (Custo de produção)
• Produto em curso: 15.000 € (Custo de produção)

Pedido: Contabilização das operações relativas aos anos N

Natureza do problema: Inventários

NC-ME (capítulo aplicável): 11

Reconhecimento e Mensuração: De acordo com o § 11.1 da NC – ME, são reconhecidos


como inventários os Ativos detidos para venda no decurso ordinário da atividade
empresarial, no processo de produção para tal venda ou na forma de materiais ou
consumíveis a serem aplicados no processo de produção, devendo ser mensurados pelo
seu custo ou pelo seu valor realizável líquido, dos dois o mais baixo.

Os custos dos inventários devem incluir todos os custos de compra e custos de


conversão. No caso dos produtos acabados e de subprodutos, deverá ser mensurado

92
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

pelo seu custo de produção ou pelo preço de venda deduzido de uma margem de lucro
que a gestão demonstre apropriada, devendo o custo dos produtos em curso ser
calculado pelo mesmo método corrigido com a percentagem estimada de acabamento.

De acordo com o § 11.9, os inventários são reconhecidos como um gasto no período em


que forem vendidos e o rédito da sua venda seja reconhecido.

Resolução:

Custo das compras: 50.000 € + 2.000 € + 10.000 € - 4.000 € = 58.000 €

Custo Matérias consumidas: EI + Compras – EF = 0 + 58.000 € - 18.000 € = 40.000 €

Produto acabado: 20.000 €

Produto em curso: 15.000 €

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

312 - Compras de
Pela transferência da conta de
matérias-primas,
331 - Matérias-primas 58.000 compras para a conta de
subsidiárias e de
inventário
consumo

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

612 - Consumos de Pelo consumo de matérias


331 - Matérias-primas 40.000
Matérias - primas primas na produção no ano N

93
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

731 - Produtos
34 - Produtos acabados Pelo reconhecimento do ativo
acabados e 20.000
e intermédios relativo aos produtos acabados
intermédios

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

36 - Produtos e 733 - Produtos e Pelo reconhecimento do ativo


15.000
trabalhos em curso trabalhos em curso relativo aos produtos em curso

CASO PRÁTICO N.º 12

A empresa XPTO, Lda tem como atividade a comercialização de vestuário.

A empresa não conseguiu, mesmo na época de saldos realizar algum do seu stock,
estando já a analisar a nova coleção, pelo que considera que este stock não é vendável
ao preço de venda comum.

Nesta situação, estão no final do ano N, os inventários no valor de 20.000 €.

Com o objetivo de realizar este stock e libertar espaço na sua loja para produtos mais
vendáveis, a empresa contatou no início do ano N+1 vários feirantes para conseguir o
melhor preço possível.

O melhor valor que conseguiu foi 5.000 €, não tendo que suportar qualquer custo
associado à venda.

94
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Pedido: Contabilização das operações relativas aos anos N

Natureza do problema: Mensuração de Inventários

NC-ME (capítulo aplicável): 11

Mensuração: De acordo com o § 11.3 da NC – ME, os inventários devem ser mensurados


pelo custo ou valor realizável líquido, dos dois o mais baixo.

Resolução:

Custo: 20.000 €

Valor realizável líquido (VRL) = 5.000 €

De acordo com o § 11.3 da NC – ME, a quantia que deve estar evidenciada na rúbrica
de inventários deve ser de 5.000 €, dado que é o mais baixo entre o seu Custo e o VRL.

Logo, deve ser reconhecida uma perda por imparidade de Inventários no montante da
diferença, que são 15.000 (20.000 € - 5.000 €).

Lançamento Ano N:

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

Perda por imparidade de


652 – Perda por 32.9 – Perdas por
inventários, mensurando os
imparidade em imparidade 15.000
inventários ao Custo ou VRL, dos
inventários acumuladas
dois o mais baixo

95
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

8.9. Rédito

O capítulo 12 da NC-ME respeita à contabilização do rédito proveniente da venda de


bens, prestação de serviços e uso por outros de Ativos da entidade que produzam juros,
royalties e dividendos.

Refere a norma que o rédito deve ser mensurado pela quantia da contraprestação
acordada a qual, em geral, é determinada por acordo entre a entidade e o comprador
ou utente do ativo, tomando em consideração a quantia de quaisquer descontos
comerciais e de quantidade concedidos pela entidade.

As quantias cobradas por conta de terceiros tais como impostos sobre vendas, impostos
sobre bens e serviços e impostos sobre o valor acrescentado são excluídos do rédito.
Num relacionamento de agência, o rédito é a quantia de comissão. As quantias
cobradas por conta do mandante não são rédito.

O rédito proveniente da venda de bens deve ser reconhecido quando tiverem sido
satisfeitas todas as condições seguintes:

a) A entidade tenha transferido para o comprador os riscos e vantagens


significativos da propriedade dos bens;

b) A entidade não mantenha envolvimento continuado de gestão com grau


geralmente associado com a posse, nem o controlo efetivo dos bens vendidos;

c) A quantia do rédito possa ser fiavelmente mensurada;

d) Seja provável que os benefícios económicos associados com a transação


fluam para a entidade; e

e) Os custos incorridos ou a serem incorridos referentes à transação possam ser


fiavelmente mensurados.

Quando o desfecho de uma transação que envolva a prestação de serviços possa ser
fiavelmente estimado, o rédito associado com a transação deve ser reconhecido com
referência à fase de acabamento da transação à data do balanço. O desfecho de uma
transação pode ser fiavelmente estimado quando todas as condições seguintes forem
satisfeitas:

a) A quantia de rédito possa ser fiavelmente mensurada;


b) Seja provável que os benefícios económicos associados à transação fluam
para a entidade;

96
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

c) A fase de acabamento da transação à data do balanço possa ser fiavelmente


mensurada; e
d) Os custos incorridos com a transação e os custos para concluir a transação
possam ser fiavelmente mensurados.

Quando o desfecho da transação que envolva a prestação de serviços não possa ser
estimado com fiabilidade, o rédito somente deve ser reconhecido na medida em que
sejam recuperáveis os gastos.

O rédito proveniente do uso por terceiros de ativos da entidade que produzam juros,
royalties e dividendos deve ser reconhecido nas bases estabelecidas no parágrafo 12.8
da Norma, quando:

a) Seja provável que os benefícios económicos associados com a transação


fluam para a entidade; e

b) A quantia do rédito possa ser fiavelmente mensurada.

O rédito deve ser reconhecido nas seguintes bases:

a) Os juros devem ser reconhecidos utilizando o regime do acréscimo;

b) Os royalties devem ser reconhecidos segundo o regime do acréscimo, de


acordo com a substância do acordo relevante; e

c) Os dividendos devem ser reconhecidos quando for estabelecido o direito do


acionista receber o pagamento.

Em suma:

Descrição do tratamento
Rédito
contabilístico na NC-ME
Valor nominal da contraprestação
Mensuração / reconhecimento (não está previsto o método do juro
efetivo)
Critério da percentagem de
Mensuração do rédito nas acabamento ou lucro nulo (no caso
prestações de serviços de não ser possível aplicar a % de
acabamento)
Critério da percentagem de
acabamento ou lucro nulo (no caso
Contratos de construção
de não ser possível aplicar a % de
acabamento)

97
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 13

Uma firma de auditoria contratou com uma empresa, no início do Ano N, uma auditoria
com as seguintes condições:

- Duração prevista: 2 anos (de 01/1/N a 31/12/N+1)

- Valor do contrato: 120.000 euros

- Faturação mensal linear.

- Recebimento na data da emissão de cada fatura

- Custos estimados totais foram de 100.000 euros

No que se refere aos custos, sabe-se que:

- Custos totais incorridos até à conclusão do serviço: 100.000 €

- Custos incorridos até 31/12/N: 40.000 € (que confirmam a estimativa)

Pedido: Contabilização das operações relativas aos anos N e N+1

Natureza do problema: Prestação de serviços (reconhecimento e mensuração)

NC-ME (capítulo aplicável): 12

Reconhecimento e mensuração do rédito na prestação de serviços:

• O rédito deve ser reconhecido com referência à fase de acabamento da


transação à data do balanço (§ 12.5 da NC-ME).

• Para que o rédito possa ser reconhecido, é necessário que a transação possa ser
fiavelmente estimada. Para isso tem de satisfazer todas as condições seguintes
(§ 12.5):

o a quantia de rédito possa ser fiavelmente mensurada;

98
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

o seja provável que os benefícios económicos associados à transação


fluam para a entidade;

o a fase de acabamento da transação à data do balanço possa ser


fiavelmente mensurada; e

o os custos incorridos com a transação e os custos para concluir a


transação possam ser fiavelmente mensurados.

De acordo com o § 12.6, quando o desfecho da transação que envolva a prestação de


serviços não possa ser estimado com fiabilidade, o rédito somente deve ser
reconhecido na medida em que sejam recuperáveis os gastos reconhecidos.

(Tendo em consideração os dados disponibilizados o reconhecimento do rédito deve


ser apurado com referência à fase de acabamento na proporção entre os custos
incorridos até à data e os custos totais estimados)

Resolução:

ANO N

- Valor do contrato da prestação de serviços: 120.000 €

- Período de execução: 1/1/N a 31/12/N+1

- Faturação total ano N = 60.000

- Custos incorridos em N: 40.000 €

Pela faturação emitida:

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

72 – Prestações de Durante o Ano N - Pelas faturas


21 - Clientes 60.000
Serviços emitidas (5.000 * 12)

Com o recebimento da dívida:

99
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

12 - Depósitos à Ordem 211 - Clientes c/c 60.000 Durante o ano N

Pelos gastos incorridos:

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

Durante o ano N -
12 D. Ordem / 221
6x - Gastos diversos 40.000 reconhecimento dos gastos
Fornecedores c/c (…)
incorridos

À data do balanço de N, é necessário reconhecer o rédito do período, com referência


à fase de acabamento, uma vez que o contrato da prestação de serviços é fiavelmente
estimado:

% de acabamento = custos incorridos / custos totais estimados


= 40.000 € / 100.000 € = 40%

Rédito a reconhecer em n = 120.000 € * 40% = 48.000 €


Rédito já reconhecido pela faturação = 60.000
Estão reconhecidos mais rendimentos que os devidos em, 12.000 euros

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

72 - Prestações de 282 - Rendimentos a 31/12/N – Diferimento do rédito


12.000
serviços reconhecer de N

100
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ANO N + 1

Custos incorridos em N+1 = Custos totais incorridos – custos incorridos em N


= 100.000 € – 40.000 € = 60.000 €

Rédito a reconhecer em N+1 = Valor da prestação de serviços – Rédito de N


= 120.000 € - 48.000 € = 72.000 €

Pelos gastos incorridos:


Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

12 D. Ordem / 221 Até 31/12/N+1 - reconhecimento


6x - Gastos diversos 60.000
Fornecedores c/c (…) dos gastos incorridos

Pela faturação emitida e regularização do rendimento a reconhecer:

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

72 - Prestações de Emissão das faturas ao cliente


211 - Clientes c/c 60.000
serviços durante o Ano N +1

282 - Rendimentos a 72 - Prestações de 31/12/N+1 - Regularização do


12.000
reconhecer serviços rendimento a reconhecer

Com o recebimento da dívida:


Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

12 - Depósitos à Ordem 211 - Clientes c/c 60.000 Durante o ano N+1

101
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 14

Exemplo idêntico ao anterior, mas com custos incorridos diferentes:

Uma firma de auditoria contratou com uma empresa, no início do Ano N, uma auditoria
com as seguintes condições:

- duração prevista: 2 anos (de 01/1/N a 31/12/N+1)

- valor do contrato: 120.000 euros

- Faturação mensal linear.

- Recebimento na data da emissão de cada fatura

- custos estimados totais foram de 100.000 euros

No que se refere aos custos, sabe-se que:

- Custos totais incorridos até à conclusão do serviço: 100.000 €

- Custos incorridos até 31/12/N: 60.000 € (que confirmam a estimativa)

Pedido: Contabilização das operações relativas aos anos N e N+1

Natureza do problema: Prestação de serviços (reconhecimento e mensuração)

NC-ME (capítulo aplicável): 12

Reconhecimento e mensuração do rédito na prestação de serviços:

• O rédito deve ser reconhecido com referência à fase de acabamento da


transação à data do balanço (§ 12.5 da NC-ME).

• Para que o rédito possa ser reconhecido, é necessário que a transação possa ser
fiavelmente estimada. Para isso tem de satisfazer todas as condições seguintes
(§ 12.5):

o a quantia de rédito possa ser fiavelmente mensurada;

o seja provável que os benefícios económicos associados à transação


fluam para a entidade;

102
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

o a fase de acabamento da transação à data do balanço possa ser


fiavelmente mensurada; e

o os custos incorridos com a transação e os custos para concluir a


transação possam ser fiavelmente mensurados.

De acordo com o § 12.6, quando o desfecho da transação que envolva a prestação de


serviços não possa ser estimado com fiabilidade, o rédito somente deve ser
reconhecido na medida em que sejam recuperáveis os gastos reconhecidos.

(Tendo em consideração os dados disponibilizados o reconhecimento do rédito deve


ser apurado com referência à fase de acabamento na proporção entre os custos
incorridos até à data e os custos totais estimados)

Resolução:

ANO N

- Valor do contrato da prestação de serviços: 120.000 €

- Período de execução: 1/1/N a 31/12/N+1

- Faturação total ano N = 60.000

- Custos incorridos em N: 60.000 €

Pela faturação emitida:


Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

72 – Prestações de Durante o Ano N - Pelas faturas


21 - Clientes 60.000
Serviços emitidas (5.000 * 12)

Com o recebimento da dívida:

103
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

12 - Depósitos à Ordem 211 - Clientes c/c 60.000 Durante o ano N

Com os gastos incorridos:

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

Durante o ano N -
12 D. Ordem / 221
6x - Gastos diversos 60.000 reconhecimento dos gastos
Fornecedores c/c (…)
incorridos

À data do balanço de N, é necessário reconhecer o rédito do período, com referência


à fase de acabamento, uma vez que o contrato da prestação de serviços é fiavelmente
estimado:

% de acabamento = custos incorridos / custos totais estimados


= 60.000 € / 100.000 € = 60%

Rédito a reconhecer em n = 120.000 € * 60% = 72.000 €


Rédito já reconhecido pela faturação = 60.000
Faltam reconhecer mais 12.000 euros de rendimentos

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

2721 - Devedores por


72 - Prestações de 31/12/N – Acréscimo do rédito
acréscimos de 12.000
serviços de N
rendimentos

104
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ANO N + 1

Custos incorridos em N+1 = Custos totais incorridos – custos incorridos em N


= 100.000 € – 60.000 € = 40.000 €

Rédito a reconhecer em N+1 = Valor da prestação de serviços – Rédito de N


= 120.000 € - 72.000 € = 48.000 €

Com os gastos incorridos:

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

12 D. Ordem / 221 Até 31/12/N+1 - reconhecimento


6x - Gastos diversos 40.000
Fornecedores c/c (…) dos gastos incorridos

Pela faturação emitida e pela regularização do acréscimo de rendimentos:

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

72 - Prestações de Emissão das faturas ao cliente


211 - Clientes c/c 60.000
serviços durante o Ano N +1

2721 - Devedores por


72 - Prestações de 31/12/N+1 - Regularização do
acréscimos de 12.000
serviços acréscimo de rendimentos
rendimentos

Com o recebimento da dívida:

105
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

12 - Depósitos à Ordem 211 - Clientes c/c 60.000 Durante o ano N+1

106
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

8.10. Provisões

Refere a norma que só devem ser reconhecidas provisões quando cumulativamente:

a) Uma entidade tenha uma obrigação presente (legal ou construtiva) como


resultado de um acontecimento passado;

b) Seja provável que um exfluxo de recursos que incorporem benefícios


económicos será necessário para liquidar a obrigação; e

c) Possa ser feita uma estimativa fiável da quantia da obrigação.

Presume-se que um acontecimento passado dá origem a uma obrigação presente se,


tendo em conta toda a evidência disponível, for mais provável do que não que tal
obrigação presente exista à data do balanço.

O uso de estimativas é uma parte essencial da preparação de demonstrações


financeiras e não prejudica a sua fiabilidade. Isto é especialmente verdade no caso de
provisões, que pela sua natureza são mais incertas do que a maior parte de outros
elementos do balanço. Uma entidade pode, normalmente, fazer uma estimativa da
obrigação que seja suficientemente fiável para usar ao reconhecer uma provisão.

Uma provisão deve ser usada somente para os dispêndios relativos aos quais a provisão
foi originalmente reconhecida.

Não devem ser reconhecidas provisões para perdas operacionais futuras, uma vez que
estas não satisfazem a definição de passivo nem os critérios gerais de reconhecimento
estabelecidos.

No que respeita à mensuração a quantia reconhecida como uma provisão deve ser a
quantia estimada que uma entidade racionalmente pagaria para liquidar a obrigação à
data do balanço ou para a transferir para uma terceira parte nesse momento.

As provisões devem ser revistas à data de cada balanço e ajustadas para refletir a
melhor estimativa corrente. Se deixar de ser provável que será necessário um exfluxo
de recursos que incorporem benefícios económicos futuros para liquidar a obrigação,
a provisão deve ser revertida.

Em suma:

107
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Descrição do tratamento
Provisões
contabilístico na NC-ME

Tratamento das provisões Definido na NC-ME

Conceito de ativos contingente e


Não tratado na NC-ME
passivo contingente

Cálculo tendo em consideração o


Não previsto
valor temporal do dinheiro

Provisões para despesas de


Não previsto
desmantelamento e restauro

108
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 15

A Sociedade XPTO, S.A., em novembro do Ano N foi alvo de um processo judicial


intentado por um ex – administrador devido a um suposto despedimento antes do fim
do mandato e sem justa causa.

O ex-administrador reclama à sociedade uma indemnização de 100.000 euros.

A sociedade recorreu a um advogado especialista neste tipo de casos.

No fecho das contas do Ano N o processo ainda estava em curso e o advogado era da
opinião que a ação judicial irá ter desfecho desfavorável para o ex-administrador,
sendo remotas as probabilidades da sociedade ser condenada a pagar.

Em N+1, tendo em conta a evolução do processo esta opinião é alterada, passando o


advogado a considerar que era altamente provável que a sociedade fosse condenada a
pagar os 100.000 euros.

Pedido: O tratamento contabilístico nos períodos N e N+1 na Sociedade


Boarepresentação, Lda.

Natureza do problema: Reconhecimento inicial, uso e alterações de provisões para


processos judiciais em curso

NC-ME (capítulo aplicável): 13

Reconhecimento e mensuração: Verificação das condições para o reconhecimento de


uma provisão:

a) Uma entidade tenha uma obrigação presente (legal ou construtiva) como


resultado de um acontecimento passado;

b) Seja provável que um exfluxo de recursos que incorporem benefícios


económicos será necessário para liquidar a obrigação; e

c) Possa ser feita uma estimativa fiável da quantia da obrigação.

109
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ano N

De acordo com a opinião do advogado da sociedade a ação judicial irá ter desfecho
favorável à empresa, sendo remotas a probabilidade de um exfluxo de recursos
necessário para liquidar a obrigação.

Nestes termos, não estando reunidas as condições para a contabilização de uma


provisão, não se procede a qualquer registo contabilístico.

Ano N+1

Em N+1, a opinião do advogado é alterada, em virtude da evolução do processo


judicial. Nestes termos passa a existir uma forte probabilidade de ocorrer um exfluxo
de recursos para liquidar a obrigação, cumprindo-se igualmente as restantes condições
prevista no capítulo 13 da NC-ME para o reconhecimento de uma provisão.

Verificadas as condições para o reconhecimento de uma provisão, deverá ser registado


o seguinte movimento contabilístico:

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

673 - Provisões do 293 - Provisões –


31/12/N+1 - Reconhecimento da
período – Processos Processos judiciais em 100.000
provisão
judiciais em curso curso

110
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 16

A sociedade XPTO, Lda. dedica-se ao comércio de compressores industriais,


concedendo um período de garantia de 2 anos.

No ano N vendeu, 50 compressores, pelo valor unitário de 5.000 €. Com base no


histórico dos últimos 3 anos, os custos totais de reparação, que se espera que ocorram
dentro do período da garantia, estão estimados em 10.000 €.

Sabe-se, ainda, que os custos das reparações efetuadas sobre aqueles compressores,
no ano N+1, ascenderam a 5.000 €.

No final do ano N+1 procedeu-se à revisão das estimativas efetuadas e espera-se que
os dispêndios ainda a incorrer até ao final do período da garantia daqueles 50
compressores se cifre em 8.000 €.

Pedido: Contabilização dos gastos com o reconhecimento inicial da garantia a clientes,


das reparações realizadas em N e da alteração da estimativa do valor das reparações
a efetuar durante o restante período da garantia.

Natureza do problema: Reconhecimento inicial, uso e alterações de provisões para


garantias a clientes

NC-ME (capítulo aplicável): 13

Reconhecimento e mensuração: Verificação das condições para o reconhecimento de


uma provisão:

- Existe um acontecimento passado (venda das máquinas) que gera uma


obrigação presente de natureza legal – período mínimo de garantia 2 anos

- É provável que um exfluxo de recursos que incorporem benefícios económicos


seja necessário para liquidar a obrigação, uma vez que, segundo o histórico da empresa
é normal que no processo de venda e pós-venda de produtos os clientes solicitem
reparação dos produtos quando estes estão no período de garantia.

- Existe uma estimativa fiável da quantia da obrigação presente. Para a


mensuração das garantias a clientes, regra geral, a estimativa é efetuada tendo por
base o historial da empresa no que respeita a reparações efetuadas no período de

111
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

garantia, procurando-se determinar uma taxa média desses gastos sobre o volume de
vendas dos produtos objeto de garantia.

Tendo em consideração o referido, podemos concluir que estão cumpridos os critérios


de reconhecimento desta obrigação. Assim, o gasto da provisão deve ser reconhecido
no ano da alienação dos bens objeto de garantia, ou seja, no ano N.

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

672 - Provisões do 31/12/N - Reconhecimento da


292 - Provisões -
período - Garantias a 10.000 provisão para garantias a
Garantias a clientes
clientes clientes

Durante o ano N+1 – Uso da provisão para garantias a clientes

Uma provisão só deve ser usada para os dispêndios relativos aos quais a provisão foi
originalmente reconhecida (§ 13.4 da NC-ME).

As subcontas da conta 29 – Provisões, devem ser utilizadas diretamente pelos


dispêndios para que foram reconhecidas, sem prejuízo das reversões a que haja lugar
(nota de enquadramento à conta 29).

No caso em concreto, os gastos com as reparações efetuadas no âmbito da garantia a


clientes ascenderam, durante o ano N+1, a 5.000 €.

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

12 - Depósitos à ordem Durante N+1 - Uso parcial da


292 - Provisões -
/ 221 Fornecedores 5.000 provisão para garantias a
Garantias a clientes
C/C clientes

112
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Em 31 de Dezembro de N+1 – Alterações em provisões

As provisões devem ser revistas à data de cada balanço e ajustadas para refletir a
melhor estimativa corrente. Se deixar de ser provável que será necessário um exfluxo
de recursos que incorporem benefícios económicos futuros para liquidar a obrigação,
a provisão deve ser revertida (§13.7 da NC-ME).

Revisão da estimativa da provisão em 31/12/N+1:

- Montante da provisão por utilizar: 10.000 € - 5.000 € = 5.000 €

- Gastos estimados a incorrer em N+2 = 8.000 €

- Reforço da provisão: 8.000 € - 5.000 € = 3.000 €

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

672 - Provisões do
292 - Provisões - 31/12/N+1 - Reforço da provisão
período - Garantias a 3.000
Garantias a clientes para garantias a clientes
clientes

113
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

8.11. Contabilização dos subsídios atribuídos por entidades públicas

Os subsídios atribuídos por entidades públicas só devem ser reconhecidos após existir
segurança de que:

a) A entidade beneficiária cumprirá as condições a eles associadas; e

b) Os subsídios serão recebidos.

A forma pela qual um subsídio é recebido não afeta o método contabilístico a ser
adotado com respeito ao subsídio. Por conseguinte, um subsídio é contabilizado da
mesma maneira, quer ele seja recebido em dinheiro, quer como redução de um passivo
para com a entidade pública.

Um empréstimo perdoável concedido por entidades públicas (subsídio a fundo perdido)


é tratado como um subsídio atribuído por entidades públicas quando haja segurança
razoável de que a entidade beneficiária satisfará as condições de perdão do
empréstimo.

Os subsídios atribuídos por entidades públicas que sejam não reembolsáveis e


relacionados com ativos fixos tangíveis ou intangíveis devem ser inicialmente
reconhecidos nos capitais próprios e, subsequentemente, imputados numa base
sistemática como rendimentos, durante os períodos necessários para balanceá-los com
os gastos relacionados que se pretende que eles compensem. Considera -se que os
subsídios são não reembolsáveis quando exista um acordo individualizado de concessão
do subsídio a favor da entidade, se tenham cumprido as condições estabelecidas para
a sua concessão e não existam dúvidas de que os subsídios serão recebidos.

Os subsídios atribuídos por entidades públicas que sejam reembolsáveis são


contabilizados como passivos. No caso de estes subsídios adquirirem a condição de não
reembolsáveis, deverão passar a ter o tratamento referido no ponto 14.4 da Norma.
Note-se que a MC-ME não prevê a contabilização como subsídio do benefício de um
empréstimo de uma entidade pública com uma taxa de juro inferior à do mercado.

Um subsídio pode ser concedido a uma entidade como forma de compensar gastos ou
perdas incorridos num período anterior. Se tal suceder, o subsídio é reconhecido como
rendimento do período em que se tornar recebível.

No que respeita à apresentação de subsídios relacionados com ativos refere a NC-ME


que os subsídios atribuídos por das entidades públicas que sejam não reembolsáveis e
relacionados com ativos fixos tangíveis ou intangíveis, incluindo os subsídios não
monetários, devem ser apresentados no balanço como componente do capital próprio,

114
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

e imputados como rendimentos do período, na proporção das depreciações e


amortizações efetuadas em cada período.

No que se refere à apresentação de subsídios relacionados com rendimentos, o


parágrafo 14.8 da NC-ME prescreve que os subsídios que são concedidos para assegurar
uma rentabilidade mínima ou compensar deficits de exploração de um dado período
imputam-se como rendimentos desse período, salvo se se destinarem a financiar
deficits de exploração de exercícios futuros, caso em que se imputam aos referidos
períodos. Estes subsídios devem ser apresentados separadamente como tal na
demonstração dos resultados.

Um subsídio atribuído por entidades públicas que se torne reembolsável deve ser
contabilizado como uma revisão de uma estimativa contabilística (ver capítulo 6 da
Norma). O reembolso de um subsídio relacionado com rendimentos, ou relacionado
com ativos, deve ser aplicado em primeiro lugar em contrapartida de qualquer crédito
diferido não amortizado registado com respeito ao subsídio. Na medida em que o
reembolso exceda tal crédito diferido, ou quando não exista crédito diferido, o
reembolso deve ser reconhecido imediatamente como um gasto.

Em suma:

Descrição do tratamento
Subsídios
contabilístico na NC-ME
Inicialmente reconhecidos em
Não reembolsáveis relacionados capital próprio (593) e
com ativos subsequentemente imputados a
rendimentos (7883)
Reembolsáveis relacionados com Contabilizados como passivos
ativos (financiamentos obtidos)

Contabilizados como subsídios à


Relacionados com rendimentos
exploração (75)
Benefício de taxa bonificada ou
Não reconhecido como subsídio na
taxa zero nos subsídios
NCM
reembolsáveis

115
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 17

A sociedade XPTO, LDA apresentou em finais do ano N -1 uma candidatura a incentivos


do IAPMEI. A candidatura prossuponha o seguinte plano de investimentos:

- Máquina X – com um custo de aquisição de 20.000 euros e

- Máquina Y – com um custo de aquisição de 10.000 euros.

A candidatura foi aprovada em janeiro do ano N, e previa a atribuição de 15.000 euros


de subsídio não reembolsável, correspondente a 50% do investimento. A empresa
efetuou o correspondente investimento também em janeiro do ano N.

A máquina X foi atribuída uma vida útil de 10 anos, enquanto à máquina Y foi atribuída
uma vida útil de 5 anos.

A empresa recebeu em dezembro do Ano N, o subsídio não reembolsável de 15.000


euros.

Pedidos: Lançamentos contabilísticos das operações no ano N

Natureza do problema: Problemática do reconhecimento inicial e mensuração


subsequente do subsídio não reembolsável relacionado com Ativos depreciáveis.

NC-ME (capítulos aplicáveis): 7 e 14

116
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Resolução:

1) Pela aquisição das máquinas.

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

433 - Ativos fixos


tangíveis – 12 – Depósitos à ordem 30.000 Pela aquisição das máquinas
Equipamento Básico

Nos termos do ponto 7.12 da NC-ME, “A depreciação de um ativo começa quando este
esteja disponível para uso, i.e. quando estiver na localização e condição necessárias
para que seja capaz de operar na forma pretendida.” Assim em N a empresa deve
reconhecer os gastos de depreciação das máquinas.

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)
642 - Gastos de 438 - Ativos fixos
depreciação e de tangíveis - 31/12/N - Depreciação do
4.000
amortização - Ativos Depreciações período
fixos tangíveis acumuladas

Depreciação de N – máquina X = 20.000 € / 10 = 2.000

Depreciação de N – máquina Y = 10.000 € / 5 = 2.000

117
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

2) Lançamentos contabilísticos relacionados com o subsídio

No início do ano N a empresa teve a comunicação da aprovação do subsídio. Admitindo


que nessa data aquela decisão foi alvo de contratualização e que se verificam os
critérios de reconhecimento previsto no capítulo 14 da NC-ME, existe segurança
razoável de que a entidade cumprirá as condições associadas ao subsídio e o subsídio
será recebido deve-se efetuar o seguinte lançamento contabilístico:

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)
278 - Outras contas a
593 - Outras variações
receber e a pagar - Jan/N - Reconhecimento inicial
no capital próprio - 15.000
Outros devedores e do subsídio
subsídios
credores

Posteriormente, em Dezembro do Ano N, registar-se-á o recebimento do subsídio de


15.000 €:

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)
278 - Outras contas a
receber e a pagar -
12 - Depósitos à ordem 15.000 Dez/N - Recebimento do subsídio
Outros devedores e
credores

Nos termos do ponto 14.4 da NC-ME os subsídios atribuídos por entidades públicas
relacionados com ativos fixos tangíveis e intangíveis devem ser inicialmente
reconhecidos nos capitais próprios e subsequentemente imputados numa base
sistemática como rendimentos durante os períodos necessários para balanceá-los com
os gastos relacionados que se pretende que eles compensem.

No caso em concreto, em Janeiro de N começou-se a registar os gastos associados às


máquinas, por via da depreciação, pelo que a partir desta data deverá ser imputada a
parte proporcional do subsídio a rendimentos.

118
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Valor de aquisição máquinas = 30.000 euros


Depreciação do exercício das máquinas = 4.000 euros
Depreciação acumulada das máquinas = 4.000 euros
Subsídio a imputar = 4.000 * 50% = 2.000

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)
7883 - Outros
593 - Outras variações rendimentos e ganhos
31.12.N - Imputação do subsídio
no capital próprio - - Outros - Imputação 2.000
a rendimentos
subsídios de subsídios para
investimento

119
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 18

A sociedade XPTO, Lda., recebeu no ano N, dois subsídios:

• Subsídio 1 – Foi aprovado em Abril do Ano N um subsídio, recebido em Maio do


mesmo ano, de 60.000 euros para compensar gastos com a formação
profissional dos seus funcionários. A formação profissional teve início no ano N-
1 (01 de Outubro) e decorreu até N+2 (30 de Setembro).
• Subsídio 2 – 100.000 euros num subsídio reembolsável para financiar ativos fixos
tangíveis. O subsídio deve ser reembolsável em 4 anos, apresentando uma
carência de 2 anos.

Pedido: Contabilização do recebimento dos subsídios e da imputação a rendimentos


no período N.

Natureza do problema: Problemática do reconhecimento inicial e mensuração


subsequente do subsídio relacionado com rendimentos.

NC-ME (capítulo aplicável): 14

Resolução:

Subsídio 1

O subsídio reúne os requisitos para ser reconhecido como ativo, devendo ser
inicialmente relevado na conta “282 – Rendimentos a reconhecer”.

Estamos perante um subsídio que visa compensar gastos do exercício, de exercícios


anteriores e exercícios seguintes.

Compensar gastos de exercícios anteriores - Note-se que nos temos do paragrafo 14.6
da NC-ME um subsídio concedido a uma entidade como forma de compensar gastos ou
perdas incorridos num período anterior, é reconhecido como rendimento do período
em que se tornar recebível. Assim, o subsídio visa subsidiar gastos do período e
períodos anteriores, o mesmo deve ser reconhecido como rendimento do exercício.

Compensar gastos do próprio exercício – imputados a rendimento

Compensar gastos de exercícios seguintes – manter em rendimentos diferidos.

120
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Lançamentos:

Ano N:
Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

278X – Outros
282 – Rendimentos a Reconhecimento inicial do
devedores e credores – 60.000
reconhecer subsídio em Abril do Ano N
Entidade X - Subsídio 1

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

278X – Outros
Recebimento do subsídio em
12 – Depósitos à Ordem devedores e credores – 60.000
Maio do Ano N
Entidade X - Subsídio 1

Imputação anual do subsídio = 60.000 / 3 = 20.000 €


Ano N – 1: 20.000 / 12 * 3 = 5.000 €
Ano N : 20.000

Conforme referido no paragrafo 14.6 da NC-ME, no Ano N, ficará imputado a parte


correspondente ao Ano N e Ano N -1

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

751 – Subsídios do Dez.N – Imputação a


282 – Rendimentos a
Estado e Outros entes 25.000 rendimentos da parte do Ano N-1
reconhecer
públicos e Ano N

Lançamentos Ano N+1:

Imputação Ano N + 1: 20.000

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

121
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

751 – Subsídios do Dez.N – Imputação a


282 – Rendimentos a
Estado e Outros entes 20.000 rendimentos da parte do Ano
reconhecer
públicos N+1

Lançamentos Ano N + 2:

Imputação Ano N + 2: 20.000 / 12 * 9 = 15.000 €

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

751 – Subsídios do Dez.N – Imputação a


282 – Rendimentos a
Estado e Outros entes 15.000 rendimentos da parte do Ano
reconhecer
públicos N+2

Subsídio 2

Ao contrário dos outros subsídios, estamos perante um subsídio reembolsável e como


tal, segundo o parágrafo 14.5 da NC – ME os subsídios atribuídos por entidades públicas
que sejam reembolsáveis são contabilizados como passivos.

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

258 – Financiamentos
Reconhecimento inicial do
12 – Depósitos à Ordem Obtidos – Outros 100.000
subsídio
financiadores

De notar, que tendo em conta que o subsídio reembolsável apresenta uma carência de
reembolso de 2 anos, estes 100.000 € devem ser apresentados no Balanço no passivo
não corrente.

122
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

8.12. Os efeitos de alterações em taxas de câmbio

Uma transação em moeda estrangeira é uma transação que seja denominada ou exija
liquidação numa moeda estrangeira, incluindo transações em que:

a) Uma entidade compra ou vende bens ou serviços cujo preço seja denominado
numa moeda estrangeira;

b) Uma entidade pede emprestado ou empresta fundos quando as quantias a


pagar ou a receber sejam estabelecidas numa moeda estrangeira; ou

c) Uma entidade, por qualquer outra forma, adquire ou aliena ativos ou incorre
ou liquida passivos, denominados numa moeda estrangeira.

Uma transação em moeda estrangeira deve ser registada, no momento do


reconhecimento inicial na moeda funcional, pela aplicação à quantia de moeda
estrangeira da taxa de câmbio entre a moeda funcional e a moeda estrangeira à data
da transação.

À data de cada balanço, exceto se a taxa de câmbio estiver contratualmente fixada:

a) Os itens monetários em moeda estrangeira devem ser transpostos pelo uso


da taxa de fecho;

b) Os itens não monetários que sejam mensurados em termos de custo histórico


numa moeda estrangeira devem ser transpostos pelo uso da taxa de câmbio à
data da transação.

As diferenças de câmbio resultantes da liquidação de itens monetários ou do relato de


itens monetários de uma empresa a taxas diferentes das que foram inicialmente
registadas durante o período, ou relatadas em demonstrações financeiras anteriores,
devem ser reconhecidas nos resultados do período em que ocorram.

Quando a transação é liquidada num período contabilístico subsequente àquele em que


ocorreu, a diferença de câmbio reconhecida em cada período até à data de liquidação
é determinada pela alteração nas taxas de câmbio durante cada período.

123
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 19

A sociedade XPTO, Lda., é uma sociedade que se dedica à venda de antenas


parabólicas. Em 1 Novembro de N, enviou parabólicas para o Brasil, e emitiu a
corresponde fatura em Reais (BRL), no montante de 10.000 BRL. A cotação do EUR/BRL
nessa data era de 1 € = 4 BRL.

Sabe-se ainda que a fatura foi liquidada em 15 de Janeiro de N+1. e que as cotações
EUR/BRL eram as seguintes:

• 31/12/N – 1 € = 3,95 BRL


• 15/01/N+1 – 1 € = 4,10 BRL

Pedidos: Contabilize as operações que entenda adequadas.

Natureza do problema: Apuramento de diferenças de câmbio.

NC-ME (capítulo aplicável): 15

Reconhecimento e mensuração:

O capítulo 15 da NC-ME prescreve como se devem incluir transações em moeda


estrangeira nas demonstrações financeiras de uma entidade.

De acordo com o § 15.2 uma transação em moeda estrangeira deve ser registada, no
momento do reconhecimento inicial em euros, pela aplicação à quantia de moeda
estrangeira da taxa de câmbio entre moeda estrangeira à data da transação e os euros.

À data de cada balanço, os itens monetários em moeda estrangeira devem ser


transpostos pelo uso da taxa de fecho, exceto se a taxa de câmbio estiver
contratualmente fixada.

As diferenças de câmbio, relativas à atividade operacional, resultantes da liquidação


de itens monetários ou do relato de itens monetários de uma empresa a taxas
diferentes das que foram inicialmente registadas durante o período, ou relatadas em
demonstrações financeiras anteriores, devem ser reconhecidas nos resultados do
período em que ocorram:

6887 – Diferenças de câmbio desfavoráveis

7887 – Diferenças de câmbio favoráveis

124
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Quando a transação é liquidada num período contabilístico subsequente àquele em que


ocorreu, a diferença de câmbio reconhecida em cada período até à data de liquidação
é determinada pela alteração nas taxas de câmbio durante cada período.

Resolução:

1) Registo da venda

Na data da operação:

- O registo contabilístico é efetuado ao câmbio da data considerada para a


operação, salvo se o câmbio estiver fixado entre as partes.

Valor da venda = 10.000 / 4 = 2.500 EUR

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

712 - Vendas -
211 - Clientes -
Produtos Acabados e 2.500 1/11/N - Registo da venda
Clientes C/C
intermédios

2) Tendo em consideração que em 31 de Dezembro de N ainda se encontrava por


pagar a referida fatura, e que o câmbio, nesta data era de 1 € = 3,95 BRL, é
necessário atualizar o câmbio para a data de balanço, conforme mencionado no
parágrafo 15.1 da NC-ME.

Câmbio na data da operação: 1 EUR = 4 BRL


Câmbio em 31/12/N: 1 EUR = 3,95 BRL
Diferença de câmbio = 10.000 / 3.95 – 10.000 / 4 = 31,64 €

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

125
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

7887 – Outros
211 - Clientes - rendimentos e ganhos
31,64 31/12/N - Atualização do câmbio
Clientes C/C - Outros - Diferenças
de câmbio favoráveis

3) O recebimento da dívida ocorreu em 15 de Janeiro de N+1, sendo o câmbio nessa


data de 1 EUR = 4,10 €.

Na data do recebimento:
- É necessário apurar a diferença entre o valor recebido, por aplicação da taxa
de câmbio da data do recebimento, e o valor escriturado.

Câmbio em 31/12/N: 1 EUR = 3,95 BRL


Diferença de câmbio = 10.000 BRL /4,10 – 10.000 / 3,95 = 92,62 €
Valor do recebimento: 10.000 BRL / 4,10 = 2.439,02 €

Valor Valor
Contas a débito Conta a crédito Descrição
(€) (€)

12 - Depósitos à ordem 2.439,02

211 - Clientes - 15/1/N+1 -


2.531,64
Clientes C/C Recebimento
6887 - Outros Gastos e
Perdas - Outros -
92,62
Diferenças de câmbio
desfavoráveis

126
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

8.13. Impostos sobre o rendimento

O tratamento contabilístico dos impostos sobre o rendimento é o método do imposto


a pagar.

O termo “impostos sobre o rendimento” inclui todos os impostos baseados em lucros


tributáveis, bem como as tributações autónomas, que sejam devidos em qualquer
jurisdição fiscal.

No que respeita aos aspetos de reconhecimento e mensuração, os impostos sobre o


rendimento para períodos correntes e anteriores devem, na medida em que não
estejam pagos, ser reconhecidos como passivos. Se a quantia já paga com respeito a
períodos correntes e anteriores exceder a quantia devida para esses períodos, o
excesso deve ser reconhecido como um ativo.

Os passivos (ativos) por impostos sobre o rendimento dos períodos correntes e


anteriores devem ser mensurados pela quantia que se espera que seja paga
(recuperada de) às autoridades fiscais, usando as taxas fiscais (e leis fiscais) aprovadas
à data do balanço.

As quantias de impostos sobre o rendimento relacionadas com as transações correntes


ou outros acontecimentos geradores de imposto no período deverão ser contabilizadas
como um gasto a afetar os resultados do período.

O gasto de impostos sobre o rendimento deve ser apresentado na demonstração dos


resultados.

Em suma:

Descrição do tratamento
Impostos sobre o rendimento
contabilístico na NC-ME

Tratamento contabilístico Método de imposto a pagar

Impostos diferidos Não aplicável

127
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 20

A sociedade XPTO, Lda., apurou no exercício de N um resultado antes de imposto no


montante de 10.000 euros.
A determinação do lucro tributável, utilizando as regras fiscais, é a que se apresenta
no quadro seguinte:

Resultado antes de impostos: 10.000


Variações patrimoniais
- negativas (não refletivas no resultado) 2.000
A acrescer
- gastos não aceites 1.500
A deduzir
- rendimentos não tributados 1.000
Lucro Tributável: 8.500

A empresa não apresenta prejuízos fiscais por deduzir. A taxa de IRC é de 17%. A
derrama do município onde se situa a empresa é de 1%. A taxa de tributação autónoma
é de 10%, sendo a base tributável, despesas de representação no valor de 1.000 €.

Pedido: Contabilize o imposto sobre o rendimento do exercício no ano N

Natureza do problema: Reconhecimento e mensuração do imposto sobre o rendimento

NC-ME (capítulo aplicável): 16

Reconhecimento e mensuração do imposto sobre o rendimento

Os impostos sobre o rendimento devem, na medida em que não estejam pagos, ser
reconhecidos como passivos. Se a quantia já paga com respeito a períodos correntes e
anteriores exceder a quantia devida para esses períodos, o excesso deve ser
reconhecido como um ativo.

Os passivos por impostos sobre o rendimento devem ser mensurados pela quantia que
se espera que seja paga às autoridades fiscais, usando as taxas fiscais aprovadas à data
do balanço.

Resolução:

Lucro Tributável: 8.500 €


Matéria Coletável: 8.500 €

128
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Coleta: 1.445 €
Derrama: 85 €
Tributações autónomas: 100 €
Total de estimativa de imposto: 1.630 €

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

8121 – Imposto
241 - Imposto sobre o
estimado para o 1.630 Ano N - Estimativa de imposto
rendimento
período

129
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 21

A sociedade XPTO, Lda., apurou no exercício de N:

- Resultado antes de imposto negativo no montante de 10.000 euros.


- Prejuízo Fiscal do ano no montante de 12.000 €.
- A taxa de derrama é de 1,5%.
- A taxa de IRC é de 17%.
- A empresa tem de tributações autónomas 500 euros.

Pedido: Contabilize o imposto sobre o rendimento do exercício no ano N

Natureza do problema: Reconhecimento e mensuração do imposto sobre o rendimento

NC-ME (capítulo aplicável): 16

Reconhecimento e mensuração do imposto sobre o rendimento

O tratamento contabilístico dos impostos sobre o rendimento é o método do imposto


a pagar.

Os impostos sobre o rendimento devem, na medida em que não estejam pagos, ser
reconhecidos como passivos. Se a quantia já paga com respeito a períodos correntes e
anteriores exceder a quantia devida para esses períodos, o excesso deve ser
reconhecido como um ativo.

Os passivos por impostos sobre o rendimento devem ser mensurados pela quantia que
se espera que seja paga às autoridades fiscais, usando as taxas fiscais aprovadas à data
do balanço.

Resolução:

Prejuízo fiscal:-12.000 €
Coleta: 0 €
Derrama: 0 € (porque incide sobre lucro tributável)
Tributações autónomas: 500 €
Total de estimativa de imposto a pagar: 500 €

A empresa apurou prejuízos fiscal, pelo que o o IRC a pagar, é apenas a tributação
autónoma (500 €).

130
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Note-se, que não há lugar ao reconhecimento de impostos diferidos, uma vez que o
mesmo não é permitido no NC-ME, dado que só está previsto o método do imposto a
pagar, conforme referido no parágrafo 16.1 da NC-ME.

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

8121 – Imposto
241 - Imposto sobre o
estimado para o 500 Ano N - Estimativa de imposto
rendimento
período

131
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

8.14. Ativos e Passivos Financeiros

O capítulo 17 da NC-ME aplica-se aos ativos e passivos financeiros decorrentes de


relacionamentos contratuais de aquisição e venda de bens e serviços e de outros
direitos e obrigações relacionados com a atividade económica da entidade,
designadamente clientes, fornecedores, financiamentos concedidos e obtidos,
participações de capital, locações, seguros e outras contas e receber e a pagar
relativas à sua atividade corrente, de financiamento e de investimento.

Este capítulo não se aplica a direitos e obrigações de natureza fiscal e parafiscal e a


outros direitos e obrigações em que o Estado ou entes públicos intervêm no uso de
poderes de autoridade.

Uma entidade deve reconhecer um ativo financeiro ou um passivo financeiro apenas


quando se torne uma parte de disposições contratuais geradoras de direitos e
obrigações.

Uma entidade deve mensurar os seus ativos e passivos financeiros ao custo,


entendido como a quantia nominal dos direitos e obrigações contratuais envolvidos.
Ativos financeiros relativos a contas a receber e a participações de capital são
mensurados ao custo de aquisição, sujeito a ajustamentos subsequentes derivadas de
eventuais imparidades.

Uma entidade deve desreconhecer um ativo financeiro (ou parte de um ativo


financeiro) apenas quando os direitos contratuais aos recebimentos resultantes do
ativo financeiro se realizam, expiram ou são transferidos para outra entidade.

Uma entidade deve desreconhecer um passivo financeiro (ou parte de um passivo


financeiro) apenas quando este se extinguir, isto é, quando a obrigação estabelecida
no contrato seja liquidada, cancelada ou expire.

Para determinar se um ativo financeiro está ou não com imparidade, uma entidade
deve rever a sua quantia escriturada, bem como determinar a sua quantia recuperável
e reconhecer (ou reverter o reconhecimento de) uma perda por imparidade,
designadamente em contas a receber (por exemplo, clientes).

A evidência objetiva de que um ativo financeiro pode estar em imparidade é


usualmente mostrada, por exemplo, pelas dificuldades financeiras ou quebra
contratual do devedor ou do emitente, ou por cotação oficial inferior ao custo de
aquisição.

Em suma:

132
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Descrição do tratamento
Ativos e passivos financeiros
contabilístico na NC-ME

Mensuração Custo

Custo, sujeito a correções


Contas a receber e participações
subsequentes relacionadas com
financeiras
perdas por imparidade

Método de equivalência patrimonial Não é permitida a sua utilização

Custo amortizado Não é permitida a sua utilização

133
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 22

A sociedade XPTO, Lda. tem uma dívida a receber do cliente XYZ, Lda, no montante
de 40.000 €. Esta dívida resultou de uma venda em fevereiro do Ano N, com data de
vencimento em Abril do mesmo ano.

Durante o ano, a empresa XPTO tem solicitado ao cliente por diversas vezes o
pagamento da sua dívida, situação que não tem acontecido.

No final do Ano N, a empresa XYZ, Lda ainda não tinha procedido a qualquer
pagamento, pelo que a empresa entendeu existirem fortes indícios da dívida ser de
cobrança duvidosa, uma vez que as suas tentativas de recebimento revelaram-se
infrutíferas, pelo que reconheceu uma perda por imparidade desta dívida.

Todavia, em meados do ano N+1, já em data posterior ao fecho das contas do Ano N,e
depois de troca de correspondência com o advogado da empresa o cliente pagou
metade da dívida. Todavia, até ao final do ano N+1, o restante montante em dívida
continuava por liquidar.

Pedido: Contabilize as operações nos períodos N e N+1, conforme previsto na NC-ME

Natureza do problema: Reconhecimento e mensuração de imparidades

NC-ME (capítulo aplicável): 17

Reconhecimento e mensuração de imparidades em clientes

Conforme referido na NC-ME os Ativos financeiros relativos a contas a receber e a


participações de capital são mensurados ao custo de aquisição, sujeito a correções
subsequentes derivadas de eventuais imparidades.

Para determinar se um ativo financeiro está ou não com imparidade, uma entidade
deve rever a sua quantia escriturada, bem como determinar a sua quantia recuperável
e reconhecer a diferença como uma perda por imparidade.

134
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Resolução:

Dado que existe uma evidência objetiva de imparidade, a entidade deve reconhecer
uma perda por imparidade.

Ano N

Pelo reconhecimento da perda por imparidade no final do ano N:

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

217 – Clientes Transferência para clientes


211 – Clientes C/C 40.000
cobrança duvidosa cobrança duvidosa

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)
6511 – Perdas por
219 – Perdas por
imparidade – em Reconhecimento da perda por
imparidade 40.000
dívidas a receber - imparidade
acumuladas
Clientes

Ano N+1

Pela reversão de parte da perda por imparidade:

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

217 – Clientes
12 – Depósitos à ordem 20.000 Recebimento de 20.000 €
cobrança duvidosa

135
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

219 – Perdas por 76211 – Reversões de


imparidade perdas por imparidade 20.000 Reversão pelo valor recebido
acumuladas em Clientes

O restante montante continua em cobrança duvidosa com imparidade totalmente


reconhecida, uma vez que os riscos de incobrabilidade se mantêm.

8.15. Benefícios dos empregados

Os benefícios dos empregados aos quais este capítulo se aplica são os seguintes:

a) Benefícios de curto prazo, tais como salários, ordenados e contribuições para


a segurança social, licença anual paga e licença por doença paga, participação
nos lucros e gratificações (se pagáveis dentro de doze meses a contar do final
do período) e benefícios não monetários (tais como cuidados médicos,
alojamento, automóveis e bens ou serviços gratuitos ou subsidiados) relativos
aos empregados; e

b) Benefícios de cessação de emprego.

Um empregado pode proporcionar serviços a uma entidade numa base de tempo


completo, de tempo parcial, permanente, acidental ou temporária. Para os fins deste
capítulo, os empregados incluem diretores e outro pessoal de gerência.

Em termos gerais, uma entidade deve reconhecer:

a) Um gasto quando consumir o benefício económico proveniente do serviço


proporcionado por um empregado em troca desses benefícios; e

b) Um passivo quando um empregado tiver prestado serviços em troca de


benefícios a pagar no futuro, ou quando ainda não tiverem sido pagos os
serviços passados.

136
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Quando um empregado tenha prestado serviço a uma entidade durante um período


contabilístico, a entidade deve reconhecer a quantia nominal de benefícios a curto
prazo que espera ser paga em troca desse serviço, incluindo a retribuição relativa aos
direitos adquiridos referentes a férias:

a) Como um gasto, salvo se outro capítulo da presente Norma exigir ou permitir


a inclusão dos benefícios no custo de um ativo; e

b) Como um passivo (gasto acrescido), após dedução de qualquer quantia já


paga. Se a quantia já paga exceder a quantia nominal dos benefícios, uma
entidade deve reconhecer esse excesso como um ativo (gasto pré -pago) na
extensão de que o pré -pagamento conduzirá, por exemplo, a uma redução em
futuros pagamentos ou a uma restituição de dinheiro.

Uma entidade deve reconhecer o custo esperado dos pagamentos de participação nos
lucros e gratificações quando, e só quando:

a) A entidade tenha uma obrigação presente de fazer tais pagamentos em


consequência de acontecimentos passados; e

b) Possa ser feita uma estimativa fiável da obrigação.

Uma obrigação por participação nos lucros e gratificações resulta do serviço dos
empregados e não de uma transação com os proprietários da entidade. Por
conseguinte, uma entidade reconhece o custo por essa participação nos lucros e
gratificações não como uma distribuição do lucro líquido mas como um gasto.

Os benefícios de cessação de emprego não proporcionam a uma entidade futuros


benefícios económicos e são reconhecidos como um gasto imediatamente.

137
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 23

A sociedade XPTO, Lda. tem como prática, desde há longa data, atribuir gratificações
ao pessoal a título de aplicação dos lucros do exercício.

Historicamente a assembleia geral da sociedade sempre aprovou a atribuição destas


gratificações propostas pela Gerência, incluindo os valores propostos.

A Gerência para o Ano N propõe atribuir gratificações de balanço no valor de 100.000


€, sendo 30.000 € para a Gerência e 70.000 € para o restante pessoal.

Pedido: Contabilize a participação dos trabalhadores nos lucros da empresa no ano N

Natureza do problema: Reconhecimento e mensuração do gasto com o pessoal

NC-ME (capítulo aplicável): 18

Reconhecimento e mensuração dos benefícios dos empregados

O capítulo 18 da NC-ME prescreve que, em termos gerais uma entidade deve


reconhecer um gasto quando consumir o benefício económico proveniente do serviço
proporcionado por um empregado em troca desses benefícios e um passivo quando um
empregado tiver prestado serviços em troca de benefícios a pagar no futuro, ou quando
ainda não tiverem sido pagos os serviços passados.

Nos termos da alínea a) do § 18.1 da NC-ME, constituem benefícios de curto prazo de


empregados a participação nos lucros e gratificações (se pagáveis dentro de doze
meses a contar do final do período).

Nos termos do § 18.5 da NC-ME uma entidade deve reconhecer o custo esperado dos
pagamentos de participação nos lucros e gratificações quando, e só quando:

- A entidade tenha uma obrigação de fazer tais pagamentos em consequência


de acontecimentos passados; e

- Possa ser feita uma estimativa fiável da obrigação.

138
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Uma entidade pode não ter obrigação legal de pagar uma gratificação. Não obstante,
em alguns casos, uma entidade tem a prática de pagar gratificações. Em tais casos, a
entidade tem uma obrigação construtiva porque não tem alternativa realista senão de
pagar a gratificação. A mensuração da obrigação construtiva deve refletir a
possibilidade de alguns empregados poderem sair sem receberem a gratificação.

Uma obrigação segundo planos de participação nos lucros e de gratificações resulta do


serviço dos empregados pelo que uma entidade reconhece o custo de planos de
participação nos lucros e de gratificações não como uma distribuição do lucro líquido
mas como um gasto.

Atendendo ao enquadramento efetuado e da análise do caso apresentado, resulta que


a entidade não tem uma obrigação presente legal de fazer os pagamentos de
participação nos lucros, mas sim uma obrigação presente construtiva, pela prática de
participação nos lucros pelos empregados, não tendo a empresa alternativa realista
senão a de pagar a participação nos lucros.

Tendo em consideração o preconizado, a contabilização da gratificação aos


trabalhadores a partir dos resultados da entidade, é reconhecida como gasto por
contrapartida de um passivo no período N, porque existe já em N uma obrigação
presente (construtiva), proveniente de acontecimentos passados (prática de
participação nos lucros), e cuja liquidação se espera que resulte num exfluxo de
recursos da entidade (o pagamento aos empregados no próximo período) que incorpora
benefícios económicos.

Resolução:

Relativamente ao reconhecimento e mensuração da obrigação construtiva, existe no


caso em concreto uma evidência da mesma.

Uma entidade pode fazer uma estimativa fiável da sua obrigação legal ou construtiva
segundo um plano de participação nos lucros ou de gratificações quando, e só quando:

- Os termos formais do plano contenham uma fórmula para determinar a quantia


do benefício;

- A entidade determine as quantias a serem pagas antes das demonstrações


financeiras serem aprovadas para emissão; ou

- A prática passada dê evidência clara da quantia da obrigação construtiva da


entidade.

Valor do gasto estimado = 100.000 euros

139
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Valor Valor
Contas a débito Conta a crédito Descrição
(€) (€)

631X - Gastos com o


pessoal – 2722 – Outras Contas e
Remunerações dos receber e a pagar -
30.000
órgãos sociais - Devedores e credores Dez./N - Estimativa da
Participação nos lucros por acréscimos - 100.000 participação nos lucros
632X - Gastos com o Credores por de N
pessoal – acréscimos de gastos
Remunerações do 70.000
pessoal - Participação
nos lucros

140
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 24

A sociedade XPTO, Lda. constituiu em 01 de Julho do Ano N um seguro de saúde em


favor de todos os trabalhadores da empresa.

O prémio anual global foi de 15.000 €, tendo sido totalmente pago na data da sua
constituição.

Pedido: Contabilize o seguro de saúde efetuado para todos os trabalhadores no ano N

Natureza do problema: Reconhecimento e mensuração do gasto com o pessoal

NC-ME (capítulo aplicável): 18

Reconhecimento e mensuração dos benefícios dos empregados

Nos termos da alínea a) do § 18.1 da NC-ME, os seguros de saúde em favor dos


trabalhadores constituem benefícios de curto prazo de empregados.

E nos termos do § 18.1 da NC-ME, o mesmo deve ser reconhecido como gasto.

No entanto, temos de atender que o premio do seguro foi pago antecipadamente


englobando o período de 01/07/N a 01/07/N+1, logo metade do valor tem de ser
reconhecida como gasto do período de N+1.

Lançamentos:

Valor Valor
Contas a débito Conta a crédito Descrição
(€) (€)

638X - Gastos com o


pessoal – Outros gastos
com o pessoal – 7.500
12 – Depósitos à
Seguros de saúde
Ordem
15.000 Seguro de Saúde

281 - Gastos a
7.500
reconhecer

141
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 25

A sociedade XPTO, Lda. despediu um dos seus trabalhadores em setembro do ano N,


tendo a indemnização a pagar ao trabalhador ascendido a 15.000 euros.

A empresa, todavia, conseguiu negociar com o trabalhador a forma de pagamento


tendo pago 50% na data do despedimento e os restantes 50% em Março de N+1.

Pedido: Contabilize a indemnização paga ao trabalhador no Ano N

Natureza do problema: Reconhecimento e mensuração do gasto com o pessoal

NC-ME (capítulo aplicável): 18

Reconhecimento e mensuração dos benefícios dos empregados

Nos termos do § 18.3 da NC-ME, os benefícios de cessação de emprego não


proporcionam a uma entidade futuros benefícios económicos e são reconhecidos como
um gasto imediatamente.

Assim os lançamentos no Ano N, serão os seguintes:

Lançamentos:

Valor Valor
Contas a débito Conta a crédito Descrição
(€) (€)

634 - Gastos com o 2312 – Pessoal –


pessoal – Remunerações a pagar 15.000 Indemnização
15.000
Indemnizações – ao pessoal

142
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Valor Valor
Contas a débito Conta a crédito Descrição
(€) (€)

2312 – Pessoal – 12 – Depósitos à Pagamento de 50% da


Remunerações a pagar Ordem 7.500
7.500 Indemnização
– ao pessoal

143
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

9. Apontamentos finais relacionados com as microentidades

9.1. Campo 423 da Modelo 22

Nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 9.º da Lei n.º 159/2009, de 13 de julho, na
redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, consideram-se
microentidades as empresas que, à data do balanço, não ultrapassem dois dos três
limites seguintes:

• Total do balanço: € 350.000,00;

• Volume de negócios líquido: € 700.000,00;

• Número médio de empregados durante o exercício: 10.

Nos termos do n.º 1 do artigo 9.º-D do Decreto-Lei n.º 158/2009, as microentidades


devem adotar a norma contabilística para microentidades (NC-ME).

Contudo, tal como referido nas instruções da declaração de rendimentos modelo 22,
nos termos do n.º 2 do mesmo artigo, estas entidades podem optar na declaração de
rendimentos a que se refere a alínea b) do n.º 1 do artigo 117.º do Código do IRC, pela
aplicação das normas contabilísticas e de relato financeiro para pequenas entidades
(NCRF-PE) ou das normas contabilísticas e de relato financeiro (NCRF). Neste caso,
esta opção deve ser identificada no campo 423.

Campo 423 – Tratando-se de microentidade, indique se, em alternativa às


normas contabilísticas para microentidades (NC-ME), opta pela aplicação das
normas contabilísticas e de relato financeiro para as pequenas entidades
(NCRF-PE) ou das normas contabilísticas e de relato financeiro (NCRF) [art.º
9.º-D do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho]

No caso de não ser assinalado este campo, a entidade adota a normalização


contabilística das microentidades.

No caso de a microentidade ter optado por estas normas contabilísticas (NCRF ou NCRF-
PE), não pode ficar enquadrada no regime simplificado de determinação da matéria
coletável.

144
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

9.2. Fim das exclusões para microentidades

Uma das alterações importantes introduzida com o Decreto-Lei n.º 98/2015, está
relacionada com a possibilidade de aplicação da NC-ME para as entidades sujeitas a
certificação legal de contas (sem prejuízo das exceções dos artigos 4.º e 5.º do
Decreto-Lei n.º 158/2009), nomeadamente para as sociedades anónimas e sociedades
por quotas que ultrapassem os limites do artigo 262.º do Código das Sociedades
Comerciais.

Note-se que de acordo com o artigo 3.º do DL n.º 36-A/2011 em vigor até 31/12/2015,
as microentidades ficariam dispensadas da aplicação das normas contabilísticas
previstas no Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de Julho, passando a adotar a NCM, salvo
quando por determinação legal ou estatutária tivessem as suas demonstrações
financeiras sujeitas a certificação legal de contas ou integrassem o perímetro de
consolidação de uma entidade que apresentasse demonstrações financeiras
consolidadas

Desta forma, a partir do período de 2016 inclusive, as sociedades anónimas (ou


sociedades por quotas com certificação legal de contas) que fiquem enquadradas na
categoria de microentidades (não ultrapassem dois dos três limites nos períodos
anteriores), ou as microentidades que integrem o perímetro de consolidação da uma
entidade que apresente demonstrações financeiras consolidadas, podem aplicar a NC-
ME, sem prejuízo de poderem optar pela aplicação da NCRF-PE ou das NCRF completas.

145
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ANEXOS

146
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Modelos de Demonstrações financeiras (Microentidades)

147
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Balanço (Modelo ME)


148
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Demonstração dos resultados por naturezas (modelo ME)


149
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Código de Contas


150
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Note-se, que não há lugar ao reconhecimento de impostos diferidos, uma vez que o
mesmo não é permitido no NC-ME, dado que só está previsto o método do imposto a
pagar, conforme referido no parágrafo 16.1 da NC-ME.

Valor
Conta a débito Conta a crédito Descrição
(€)

8121 – Imposto
241 - Imposto sobre o
estimado para o 500 Ano N - Estimativa de imposto
rendimento
período

151
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ajustamentos ao Código de Contas Ajustamentos ao Código de


Base
para as ESNL Contas para as ME
229 Perdas por imparidade acumuladas *
23 Pessoal
231 Remunerações a pagar *
2311 Aos órgãos sociais
2312 Ao pessoal
232 Adiantamentos
2321 Aos órgãos sociais
2322 Ao pessoal
……
237 Cauções -------
2371 Dos órgãos sociais -------
2372 Do pessoal -------
238 Outras operações
2381 Com os órgãos sociais
2382 Com o pessoal
239 Perdas por imparidade acumuladas *
24 Estado e outros entes públicos *
241 Imposto sobre o rendimento *
242 Retenção de impostos sobre rendimentos *
243 Imposto sobre o valor acrescentado (IVA)
*
2431 IVA — Suportado
2432 IVA — Dedutível
2433 IVA — Liquidado
2434 IVA — Regularizações
2435 IVA—Apuramento
2436 IVA—A pagar
2437 IVA—A recuperar
2438 IVA— Reembolsos pedidos
2439 IVA — Liquidações oficiosas
244 Outros impostos
245 Contribuições para a Segurança Social
246 Tributos das autarquias locais
……
248 Outras tributações
25 Financiamentos obtidos
251 Instituições de crédito e sociedades
financeiras
2511 Empréstimos bancários
2512 Descobertos bancários
2513 Locações financeiras
……
252 Mercado de valores mobiliários -------
2521 Empréstimos por obrigações * -------
…… -------
253 Participantes de capital -------
2531 Empresa-mãe — Suprimentos e outros
-------
mútuos
2532 Outros participantes—Suprimentos e
-------
outros mútuos
…… -------
254 Subsidiárias, associadas e
-------
empreendimentos conjuntos
255 Instituidores (empréstimos de
-------
fundadores e beneméritos) *
…… -------
-------
258 Outros financiadores 258 Outros financiadores *
26
26 Acionistas/sócios Fundadores/patrocinadores/doadores/assoc
iados/membros*

152
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ajustamentos ao Código de Contas Ajustamentos ao Código de


Base
para as ESNL Contas para as ME
261 Fundadores/associados/membros—Em
261 Acionistas c/ subscrição * -------
curso*
2611 ... -------
2612 ... -------
262 Quotas não liberadas * 262 Doadores — Em curso
263 Adiantamentos por conta de lucros 263 Patrocinadores
264 Resultados atribuídos 264 Quotas
265 Lucros disponíveis 265 Resultados disponíveis
266 Financiamentos concedidos—
266 Empréstimos concedidos—empresa-mãe -------
Fundador/doador
…… ……
268 Outras operações 268 Outras operações
2681 Beneficiários das mutualidades—
-------
Prestações a pagar
2682 Beneficiários das mutualidades—
-------
Capitais vencidos a pagar
2683 Beneficiários das mutualidades—
-------
Rendas vitalícias a pagar
2684 … -------
2685 Beneficiários das mutualidades—
-------
Melhorias de benefícios
2686 Beneficiários das mutualidades —
-------
Subvenções
269 Perdas por imparidade acumuladas * 269 Perdas por imparidade acumuladas
27 Outras contas a receber e a pagar
271 Fornecedores de investimentos *
2711 Fornecedores de investimentos — contas
gerais
2712 Faturas em receção e conferência *
2713 Adiantamentos a fornecedores de
investimentos *
272 Devedores e credores por acréscimos
(periodização económica)*
2721 Devedores por acréscimos de rendimentos
2722 Credores por acréscimos de gastos
273 Benefícios pós-emprego * -------
274 Impostos diferidos * -------
2741 Ativos por impostos diferidos -------
2742 Passivos por impostos diferidos -------
275 Credores por subscrições nao liberadas * -------
276 Adiantamentos por conta de vendas *
……
278 Outros devedores e credores
279 Perdas por imparidade acumuladas *
28 Diferimentos *
281 Gastos a reconhecer
282 Rendimentos a reconhecer
29 Provisões *
291 Impostos
292 Garantias a clientes
293 Processos judiciais em curso
294 Acidentes de trabalho e doenças
profissionais
295 Matérias ambientais -------
296 Contratos onerosos -------
297 Reestruturação -------
298 Outras provisões 298 Provisões específicas do setor *
299 Outras provisões -------
3 INVENTÁRIOS E ATIVOS BIOLÓGICOS * 3 INVENTÁRIOS *
31 Compras
311 Mercadorias
312 Matérias-primas, subsidiárias e de consumo

153
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ajustamentos ao Código de Contas Ajustamentos ao Código de


Base
para as ESNL Contas para as ME
313 Ativos biológicos -------
……
317 Devoluções de compras
318 Descontos e abatimentos em compras
32 Mercadorias
……
325 Mercadorias em trânsito
326 Mercadorias em poder de terceiros
……
329 Perdas por imparidade acumuladas
33 Matérias-primas, subsidiárias e de consumo
331 Matérias-primas
332 Matérias subsidiárias
333 Embalagens
334 Materiais diversos
335 Matérias em trânsito
……
339 Perdas por imparidade acumuladas
34 Produtos acabados e intermédios
……
346 Produtos em poder de terceiros
……
349 Perdas por imparidade acumuladas
35 Subprodutos, desperdícios, resíduos e
refugos
351 Subprodutos
352 Desperdícios, resíduos e refugos
……
359 Perdas por imparidade acumuladas
36 Produtos e trabalhos em curso
37 Ativos biológicos -------
371 Consumíveis -------
3711 Animais -------
3712 Plantas -------
372 De produção -------
3721 Animais -------
3722 Plantas -------
……
38 Reclassificação e regularização de 38 Reclassificação e regularização
inventários e ativos biológicos de inventários
382 Mercadorias
383 Matérias-primas, subsidiárias e de consumo
384 Produtos acabados e intermédios
385 Subprodutos, desperdícios, resíduos e
refugos
386 Produtos e trabalhos em curso
387 Ativos biológicos * -------
39 Adiantamentos por conta de compras * -------
4 INVESTIMENTOS * -------
41 Investimentos financeiros * -------
411 Investimentos em subsidiárias -------
4111 Participações de capital — método da
-------
equivalência patrimonial
4112 Participações de capital — outros métodos -------
4113 Empréstimos concedidos -------
…… -------
412 Investimentos em associadas -------
4121 Participações de capital — método da
-------
equivalência patrimonial
4122 Participações de capital — outros métodos -------
4123 Empréstimos concedidos -------

154
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ajustamentos ao Código de Contas Ajustamentos ao Código de


Base
para as ESNL Contas para as ME
…… -------
413 Investimentos em entidades conjuntamente
-------
controladas
4131 Participações de capital — método da
-------
equivalência patrimonial
4132 Participações de capital — outros métodos -------
4133 Empréstimos concedidos -------
…… -------
414 Investimentos noutras empresas
4141 Participações de capital
4142 Empréstimos concedidos
……
415 Outros investimentos financeiros -------
4151 Detidos até à maturidade -------
…… -------
4158 Outros -------
…… -------
419 Perdas por imparidade acumuladas *
42 Propriedades de investimento -------
421 Terrenos e recursos naturais -------
422 Edifícios e outras construções -------
…… -------
426 Outras propriedades de investimento -------
…… -------
428 Depreciações acumuladas -------
429 Perdas por imparidade acumuladas * -------
43 Ativos fixos tangíveis
431 Terrenos e recursos naturais 431 Bens do domínio público *
…… -------
4319 Perdas por imparidade acumuladas -------
432 Bens do património histórico e artístico
432 Edifícios e outras construções
e cultural *
4321 Bens imóveis -------
4322 Arquivos -------
4323 Bibliotecas -------
4324 Museus -------
4325 Bens móveis -------
…… -------
4329 Perdas por imparidade acumuladas -------
433 Equipamento básico 433 Outros ativos fixos tangíveis
4331 Terrenos e recursos naturais -------
4332 Edifícios e outras construções -------
4333 Equipamento básico -------
4334 Equipamento de transporte -------
4335 Equipamento administrativo -------
4336 Equipamentos biológicos -------
4337 Outros ativos fixos tangíveis -------
4338 Depreciações acumuladas -------
4339 Perdas por imparidade acumuladas -------
434 Equipamento de transporte
435 Equipamento administrativo
436 Equipamentos biológicos *
437 Outros ativos fixos tangíveis
438 Depreciações acumuladas
439 Perdas por imparidade acumuladas * -------
44 Ativos intangíveis
441 Goodwill 441 Bens do domínio público 441 .....
442 Projetos de desenvolvimento * 442 Outros ativos intangíveis
4421 Goodwill -------
4422 Projetos de desenvolvimento -------
4423 Programas de computador -------

155
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ajustamentos ao Código de Contas Ajustamentos ao Código de


Base
para as ESNL Contas para as ME
4424 Propriedade industrial -------
…… -------
4426 Outros ativos intangíveis -------
…… -------
4428 Amortizações acumuladas -------
4429 Perdas por imparidade acumuladas -------
443 Programas de computador
444 Propriedade industrial
……
446 Outros ativos intangíveis
……
448 Amortizações acumuladas
449 Perdas por imparidade acumuladas * -------
45 Investimentos em curso
451 Investimentos financeiros em curso
452 Propriedades de investimento em curso -------
453 Ativos fixos tangíveis em curso
454 Ativos intangíveis em curso ……
455 Adiantamentos por conta de investimentos 455 Adiantamentos por conta do património
* histórico, artístico e cultural
…… ……
459 Perdas por imparidade acumuladas * -------
46 Ativos não correntes detidos para venda * -------
…… -------
469 Perdas por imparidade acumuladas * -------
5 CAPITAL, RESERVAS E RESULTADOS
5 FUNDOS PATRIMONIAIS
TRANSITADOS *
51 Capital subscrito 51 Fundos *
52 Ações (quotas) próprias * 52 Excedentes técnicos *
521 Valor nominal
522 Descontos e prémios
……
53 Outros instrumentos de capital próprio*

54 Prémios de emissão

55 Reservas
551 Reservas legais
552 Outras reservas
……
56 Resultados transitados
57 Ajustamentos em ativos financeiros * -------
571 Relacionados com o método da
-------
equivalência patrimonial
5711 Ajustamentos de transição * -------
5712 Lucros não atribuídos * -------
5713 Decorrentes de outras variações nos
-------
capitais próprios das participadas *
…… -------
579 Outros -------
58 Excedentes de revalorização de ativos fixos 58 Excedentes de revalorização de
tangíveis e intangíveis * ativos fixos tangíveis *
581 Reavaliações decorrentes de diplomas
legais
5811 Antes de imposto sobre o rendimento -------
5812 Impostos diferidos -------
589 Outros excedentes -------
5891 Antes de imposto sobre o rendimento -------
5892 Impostos diferidos -------
… …. -------

156
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ajustamentos ao Código de Contas Ajustamentos ao Código de


Base
para as ESNL Contas para as ME
59 Outras variações nos fundos
59 Outras variações no capital próprio
patrimoniais *
591 Diferenças de conversão de demonstrações
-------
financeiras *
592 Ajustamentos por impostos diferidos -------
593 Subsídios *
5931 Subsídios atribuídos
5932 Ajustamentos em subsídios
594 Doações
……
599 Outras
6 GASTOS *
61 Custo dos inventários vendidos e das
matérias consumidas
611 Mercadorias
612 Matérias-primas, subsidiárias e de consumo
613 Ativos biológicos (compras)* -------
614 Materiais de consumo -------
6141 Material desportivo -------
6142 Medicamentos e artigos de saúde -------
6143 Material de representação e
-------
propaganda
6144 ... -------
62 Fornecimentos e serviços externos
621 Subcontratos
622 Serviços especializados
6221 Trabalhos especializados -------
6222 Publicidade e propaganda -------
6223 Vigilância e segurança -------
6224 Honorários -------
6225 Comissões -------
6226 Conservação e reparação -------
…… -------
6228 Outros -------
623 Materiais
6231 Ferramentas e utensílios de desgaste
-------
rápido
6232 Livros e documentação técnica -------
6233 Material de escritório -------
6234 Artigos para oferta -------
… -------
6238 Outros -------
624 Energia e fluidos
6241 Eletricidade -------
6242 Combustíveis -------
6243 Água -------
… -------
6248 Outros -------
625 Deslocações, estadas e transportes
6251 Deslocações e estadas -------
6252 Transportes de pessoal -------
6253 Transportes de mercadorias -------
… -------
6258 Outros -------
626 Serviços diversos
6261 Rendas e alugueres -------
6262 Comunicação -------
6263 Seguros -------
6264 Royalties -------
6265 Contencioso e notariado -------
6266 Despesas de representação -------

157
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ajustamentos ao Código de Contas Ajustamentos ao Código de


Base
para as ESNL Contas para as ME
6267 Limpeza, higiene e conforto -------
6268 Outros serviços -------
63 Gastos com o pessoal
631 Remunerações dos órgãos sociais
632 Remunerações do pessoal
633 Benefícios pós-emprego -------
6331 Prémios para pensões * -------
6332 Outros benefícios -------
634 Indemnizações
635 Encargos sobre remunerações
636 Seguros de acidentes no trabalho e doenças
profissionais
637 Gastos de ação social
638 Outros gastos com o pessoal
64 Gastos de depreciação e de amortização
641 Propriedades de investimento -------
642 Ativos fixos tangíveis
643 Ativos intangíveis.
65 Perdas por imparidade
651 Em dívidas a receber
6511 Clientes
6512 Outros devedores
652 Em inventários
653 Em investimentos financeiros
654 Em propriedades de investimento -------
655 Em ativos fixos tangíveis -------
656 Em ativos intangíveis -------
657 Em investimentos em curso -------
658 Em ativos não correntes detidos para venda -------
66 Perdas por reduções de justo valor -------
661 Em instrumentos financeiros -------
662 Em investimentos financeiros -------
663 Em propriedades de investimento -------
664 Em ativos biológicos -------
67 Provisões do período *
671 Impostos
672 Garantias a clientes
673 Processos judiciais em curso
674 Acidentes no trabalho e doenças
profissionais
675 Matérias ambientais -------
676 Contratos onerosos -------
677 Reestruturação -------
678 Outras provisões 678 Provisões específicas do sector *
679 Outras provisões -------
68 Outros gastos
681 Impostos
6811
6812 Impostos indiretos:
6813 Taxas
682 Descontos de pronto pagamento concedidos
683 Dívidas incobráveis *
684 Perdas em inventários *
6841 Sinistros
6842 Quebras
……
6848 Outras perdas
685 Gastos em subsidiárias, associadas e
-------
empreendimentos conjuntos
6851 Cobertura de prejuízos -------

158
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ajustamentos ao Código de Contas Ajustamentos ao Código de


Base
para as ESNL Contas para as ME
6852 Aplicação do método da equivalência
-------
patrimonial *
6853 Alienações -------
…… -------
6858 Outros gastos -------
686 Gastos nos restantes investimentos
financeiros *
6861 Cobertura de prejuízos
6862 Alienações
6863 Diferenças de câmbio desfavoráveis *
……
6868 Outros gastos
687 Gastos em investimentos nao financeiros
6871 Alienações
6872 Sinistros
6873 Abates
6874 Gastos em propriedades de investimento -------
……
6878 Outros gastos
688 Outros
6881 Correções relativas a períodos anteriores
6882 Donativos
6883 Quotizações
6884 Ofertas e amostras de inventários
6885 Insuficiência da estimativa para impostos
6886 Perdas em instrumentos financeiros -------
6887 Diferenças de câmbio desfavoráveis *
6888 Outros não especificados
689 Gastos com apoios financeiros
-------
concedidos a associados ou utentes *
6891 Subsídios, donativos, bolsas de estudo -------
6892 Prestações a associados das
-------
mutualidades
6893 Capitais vencidos — associados das
-------
mutualidades
6894 Prestações dos regimes profissionais
-------
complementares
6895 Rendas vitalícias — associados das
-------
mutualidades
6896 Prestações pecuniárias de cuidados de
-------
saúde
… -------
6898 Outros gastos inerentes a associados -------
…… -------
69 Gastos de financiamento
691 Juros suportados
6911 Juros de financiamentos obtidos
……
6918 Outros juros
692 Diferenças de câmbio desfavoráveis
6921 Relativas a financiamentos obtidos
……
6928 Outras
……
698 Outros gastos de financiamento
6981 Relativos a financiamentos obtidos
……
6988 Outros
7 RENDIMENTOS *
71 Vendas *
711 Mercadorias

159
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ajustamentos ao Código de Contas Ajustamentos ao Código de


Base
para as ESNL Contas para as ME
712 Produtos acabados e intermédios
713 Subprodutos, desperdícios, resíduos e
refugos
714 Ativos biológicos -------
…… 715 Materiais de consumo
7151 Material desportivo -------
7152 Medicamentos e artigos de saúde -------
7153 Material de representação e
-------
propaganda
… -------
…… -------
716 IVA das vendas com imposto incluído
717 Devoluções de vendas
718 Descontos e abatimentos em vendas
72 Prestações de serviços *
721 Serviço A 721 Quotas dos utilizadores
722 Serviço B 722 Quotizações e joias
723 Promoções para captação de recursos -------
724 Rendimentos de patrocinadores e
-------
colaborações
…… -------
……
725 Serviços secundários
726 IVA dos serviços com imposto incluído
……
728 Descontos e abatimentos
73 Variações nos inventários da produção
731 Produtos acabados e intermédios
732 Subprodutos, desperdícios, resíduos e
refugos
733 Produtos e trabalhos em curso
734 Ativos biológicos -------
74 Trabalhos para a própria entidade
741 Ativos fixos tangíveis
742 Ativos intangíveis
743 Propriedades de investimento -------
744 Ativos por gastos diferidos
……
75 Subsídios, doações e legados à
75 Subsídios à exploração *
exploração *
751 Subsídios das entidades públicas 751 Subsídios das entidades públicas
752 Subsídios de outras entidades 752 Subsídios de outras entidades
753 Doações e heranças -------
754 Legados -------
…… -------
76 Reversões
761 De depreciações e de amortizações
7611 Propriedades de investimento -------
7612 Ativos fixos tangíveis
7613 Ativos intangíveis
762 De perdas por imparidade
7621 Em dívidas a receber
76211 Clientes
76212 Outros devedores
7622 Em inventários
7623 Em investimentos financeiros
7624 Em propriedades de investimento -------
7625 Em ativos fixos tangíveis -------
7626 Em ativos intangíveis -------
7627 Em investimentos em curso

160
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ajustamentos ao Código de Contas Ajustamentos ao Código de


Base
para as ESNL Contas para as ME
7628 Em ativos não correntes detidos para
venda
763 De provisões
7631 Impostos
7632 Garantias a clientes
7633 Processos judiciais em curso
7634 Acidentes no trabalho e doenças
profissionais
7635 Matérias ambientais -------
7636 Contratos onerosos -------
7637 Reestruturação -------
7638 Outras provisões 7638 Específicas -------
7639 Outras provisões -------
…… -------
77 Ganhos por aumentos de justo valor -------
771 Em instrumentos financeiros -------
772 Em investimentos financeiros -------
773 Em propriedades de investimento -------
774 Em ativos biológicos -------
78 Outros rendimentos
781 Rendimentos suplementares
7811 Serviços sociais -------
7812 Aluguer de equipamento -------
7813 Estudos, projetos e assistência tecnológica -------
7814 Royalties -------
7815 Desempenho de cargos sociais noutras
-------
empresas
7816 Outros rendimentos suplementares -------
782 Descontos de pronto pagamento obtidos
783 Recuperação de dívidas a receber
784 Ganhos em inventários
7841 Sinistros
7842 Sobras

7848 Outros ganhos
785 Rendimentos em subsidiárias, associadas e
-------
empreendimentos conjuntos
7851 Aplicação do método da equivalência
-------
patrimonial *
7852 Alienações -------
…… -------
7858 Outros rendimentos -------
786 Rendimentos nos restantes ativos
financeiros
7861 Diferenças de câmbio favoráveis
7862 Alienações
……
7868 Outros rendimentos
787 Rendimentos em investimentos não
financeiros
7871 Alienações
7872 Sinistros
7873 Rendas e outros rendimentos em
-------
propriedades de investimento
……
7878 Outros rendimentos
788 Outros
7881 Correções relativas a períodos anteriores
7882 Excesso da estimativa para impostos
7883 Imputação de subsídios para
investimentos

161
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ajustamentos ao Código de Contas Ajustamentos ao Código de


Base
para as ESNL Contas para as ME
7884 Ganhos em outros instrumentos
-------
financeiros
7885 Restituição de impostos
……
7887 Diferenças de câmbio favoráveis *
7888 Outros não especificados
79 Juros, dividendos e outros rendimentos
similares
791 Juros obtidos
7911 De depósitos
7912 De outras aplicações de meios financeiros
-------
líquidos
7913 De financiamentos concedidos a
-------
associadas e empreendimentos conjuntos
7914 De financiamentos concedidos a
-------
subsidiárias
7915 De financiamentos obtidos
……
7918 De outros financiamentos concedidos 7918 Outros
792 Dividendos obtidos
7921 De aplicações de meios financeiros
-------
líquidos
7922 De associadas e empreendimentos
-------
conjuntos
7923 De subsidiárias -------
…… -------
7928 Outras -------
793 Diferenças de câmbio favoráveis *
………
798 Outros rendimentos similares
……
8 RESULTADOS *
81 Resultado líquido do período
811 Resultado antes de impostos *
812 Imposto sobre o rendimento do período
8121 Imposto estimado para o período *
8122 Imposto diferido -------
……
818 Resultado líquido
……
89 Dividendos antecipados

162
Aspetos práticos da contabilidade para microentidades
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Rui M. P., e al., “SNC – Casos Práticos e exercícios resolvidos”, ATF edições
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RODRIGUES, João, “Sistema de Normalização Contabilística Explicado”, Porto Editora,


2009

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