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Operações Triangulares

Para conseguir tratar corretamente as operações triangulares é necessário em primeiro lugar definir
claramente as operações consideradas normais, realizadas entre duas entidades.

É necessário ter em conta se o adquirente é ou não sujeito passivo.

Em todas estas operações o fluxo das faturas coincide geralmente com o fluxo dos bens.

É necessário verificar que todas as condições são preenchidas para poder considerar cada uma das
operações.

OPERACÕES NORMAIS (Fluxo do material = Fluxo da fatura)

Operação Interna (sujeita a IVA – Art.º 1.º, n.º 1 al a) CIVA)

SP (PT) Residente (PT) – Particular ou SP

Importação (sujeita a IVA – Art.º 1.º, n.º 1 al b) do CIVA)

Residente (Terceiro) Residente (PT) – particular ou SP

Exportação (isenta de IVA – art.º 14.º CIVA)

SP (PT) Residente (Terceiro) – particular ou SP

Aquisição IC (sujeita a IVA – art.º 1.º, al a) RITI)

SP (UE) SP (PT) (ambos têm de ser SP)

Transmissão IC (isenta de IVA – Art.º 14.º do RITI)

SP (PT) SP (UE) (ambos têm de ser SP)

OPERAÇÃO TRIANGULAR (PURA)

Numa operação triangular pura existe três SP de estados membros diferentes, sendo a mercadoria
enviada para um sujeito passivo de um Estado Membro e fatura enviada para outro sujeito passivo de
outro Estado Membro.

SP (UE1) 1) SP (UE2) - Fluxo mercadorias

2) SP (UE3) - Fluxo fatura - SP (UE3) (SP UE2)


Exemplo Operação Triangular Pura

Uma empresa com sede no TN “A”, compra bens a uma empresa com sede em França “B”.

Os bens são entregues numa empresa em Espanha “C”, cliente da empresa “A”.

Qual o tratamento da fatura da empresa “B” para a empresa “A”?

Qual o tratamento da fatura da empresa “A” para a empresa “C”?

SP B (França) SP C (Espanha) - Fluxo mercadorias

Fatura SP A (Portugal)

Fluxo fatura - SP A (PT) 3) fatura (SP C ES)

Resolução

Tratamento da fatura da empresa B (França) e a empresa A (Portugal).

A empresa francesa ao emitir a fatura não vai liquidar IVA, porque estão cumpridas todas as condições
para a isenção do IVA previstas no art.º 14.º do RITI (naturalmente que em França o artigo tem outra
numeração). A venda por parte da empresa “B” é realizada a um SP de outro EM, empresa “A”. Os bens
saíram do território francês para um outro território da UE (reparem que em lado nenhum no art.º 14.º
do RITI, refere que os bens têm de ser transportados para o mesmo país do SP que comprou os bens).

A empresa portuguesa ao receber a fatura não poderá considerar estar perante uma aquisição IC, por
força do art.º 8.º, n.º 1 do RITI que refere que para se verificar uma aquisição IC, os bens têm de entrar no
TN. Contudo o art.º 8,.º nº 2 refere que no caso dos bens não terem entrado no TN e a empresa portuguesa
ter indicado o seu NIPC para realizar a aquisição, a operação é tributável no TN, a não ser que prove que
o IVA desta operação é liquidado noutro local (neste caso na empresa C).

Essa prova é realizada através da emissão da fatura da empresa A para a empresa C.

A empresa A ao emitir a fatura não liquida IVA, porque esta operação não está sujeita a IVA (não se trata
de uma isenção, a operação não se localiza em Portugal - art.º 6.º n.º 1 – os bens não estavam em Portugal
no início do transporte). A empresa “C” ao receber a fatura, será considerado uma aquisição IC, por
cumprir todas as condições de uma aquisição IC (bens provenientes de um estado da UE - França, o
vendedor é um sujeito passivo da UE (Portugal), o lugar de chegada dos bens é em Espanha (artigo
espanhol equivalente ao artigo 8.º n.º 1 RITI.
OPERAÇÃO TRIANGULAR (FALSA – sujeita a IVA)

As situações de operações triangulares consideradas falsas são aquelas em que geralmente não se
verificam as condições referidas anteriormente.

Exemplo 1

Uma empresa com sede no território nacional “A” vende mercadorias a uma empresa Suíça “B”. As
mercadorias são entregues a uma empresa situada em França “C”, cliente da empresa “B”.

Qual o tratamento da fatura da empresa “A” para a empresa “B”?

SP A (PT) 1) SP C (FR) - Fluxo mercadorias

2) SP B (terceiro) - Fluxo fatura

Resolução

A fatura emitida pela empresa portuguesa à empresa Suíça não é considerada uma exportação ao abrigo
do art.º 14.º do CIVA em virtude dos bens não se destinar a um país terceiro. Por outro lado, também não
se encontra isenta de IVA ao abrigo do art.º 14.º do RITI porque a fatura não foi emitida a um sujeito
passivo de outro EM.

Sendo a operação localizada no TN, nos termos do art.º 6.º, n.º 1 do CIVA, a operação está sujeita a IVA.
Não se verificando nenhuma situação em que se possa aplicar uma isenção, a empresa “A” terá que
liquidar IVA ao cliente Suíço, à taxa em vigor no TN.

Nota: como podem verificar, para um correto tratamento destes casos, é necessário ter bem presente, as
condições para poder aplicar a sujeição ou isenção e saber interpretar as regras de localização.

Exemplo 2

Uma empresa com sede no território nacional “A” vende mercadorias a uma Espanhola “B”. As
mercadorias são entregues a uma empresa situada em Portugal “C”, cliente da empresa “B”.

Qual o tratamento da fatura da empresa “A” para a empresa “B”?

SP A (PT) 1) SP C (PT) - Fluxo mercadorias

2) SP B (ES) - Fluxo fatura

Resolução

A fatura emitida pela empresa portuguesa à empresa espanhola não se encontra isenta de IVA ao abrigo
do art.º 14.º do RITI porque os bens não saíram do território nacional. Sendo a operação localizada no TN,
nos termos do art.º 6.º, n.º 1 do CIVA, a operação está sujeita a IVA, à taxa em vigor no TN.

Nota: A empresa Espanhola poderá neste caso solicitar o reembolso do IVA suportado ao estado
Português. No caso dos bens serem entregues na empresa C, apenas para serem objetos de um
tratamento, e serem posteriormente enviados para a empresa B, desde que a empresa A tenha essa
garantia, poderá emitir a fatura sem IVA, aplicando o art.º 14.º do RITI. Será necessário posteriormente
ter na sua posse um documento comprovativo do envio dos bens para Espanha – ex CMR do transporte.

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