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Eduardo de Brito
Me. em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo
Prof. do curso de Ciências Contábeis da Fundação Hermínio Ometto
eduardobrito@fho.edu.br
Resumo
2. Marco teórico:
Contabilidade é a ciência social que visa ao registro e ao controle dos atos e fatos
econômicos, financeiros e administrativos das entidades. Trata-se de um sistema de
informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e
análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à
entidade objeto de contabilização.
Padoveze (2012), discorre que "a contabilidade gerencial congrega todos os demais
instrumentos de contabilidade que complementam a contabilidade financeira para tornar
efetiva à informação contábil dentro das empresas em todos os processos de gestão".
(...) contabilidade gerencial é o ramo da contabilidade que tem por objetivo fornecer
instrumentos aos administradores de empresas que os auxiliem em suas funções
gerenciais. É voltada para a melhor utilização dos recursos econômicos da empresa,
através de um adequado controle dos insumos efetuado por um sistema de
informação gerencial.
A DRE gerencial funciona como referência para que o gestor tome decisões e controle
as estratégias da empresa de maneira flexível e eficiente. Nessa situação, não há uma regra.
Para isso, a análise deve ser personalizada para atender às demandas de cada negócio. No
entanto, é fundamental manter a estrutura sequencial das principais contas, como: receitas,
deduções, despesas, lucro e prejuízo.
Existem diversas características que tendem a formar o controle interno mais eficiente,
que começa em ter pessoas qualificadas, plano de organização, ter uma contabilidade interna,
independência de outros setores, separação de funções, mas com um trabalho todo
coordenado e integrado com todos e por fim uma robusta auditoria interna para ter ciência de
onde deve ser melhorado e por consequência. ter uma maior atenção (ATTIE citado por
BRUNI e GOMES, 2010).
O controle interno tem por objetivo minimizar irregularidades, evitar erros, ter uma
melhor gestão e prevenir fraudes. Mas vale ressaltar que ele reduz o risco de ocorrência e não
a ocorrência pois é praticamente impossível evitar alguém mal-intencionado de realizar um
ato fraudulento.
[...] uma forte estrutura de controles internos pode ajudar a empresa a tomar
melhores decisões operacionais e obter informações mais pontuais, conquistar (ou
reconquistar) a confiança dos investidores, evitar a vazão de recursos, cumprir leis e
regulamentos aplicáveis ou obter vantagem competitiva através de operações
dinâmicas.
Com isso, pode-se entender que toda implementação de controles internos existe
custos, mas esses custos não devem ultrapassar os benefícios que ele vai trazer ao
departamento e à empresa, mesmo sabendo que geralmente é difícil visualizar os custos.
Rateio é uma divisão proporcional por uma base que tenha dados conhecidos em
cada uma das funções em que se deseja apurar custos. Tal base deve constituir-se de
dados que guardem estreita correlação com o custo, ou seja, o custo ocorre em
condições semelhantes aos dados da base.
O rateio é usado para alocar custos indiretos aos produtos e trata-se com base no rateio
sobre os custos diretos e indiretos da empresa, Santos (2010) cita que “A classificação dos
custos em diretos e indiretos diz respeito ao produto fabricado ou serviço prestado, e não à
produção como um todo ou aos departamentos da empresa”.
O que tem por objetivo, calcular o percentual que ele, o produto, representa em relação
ao todo da empresa que para Borges (2018): “Outra maneira também muito comum é usar o
faturamento como critério para divisão dos custos. Vamos dizer que você tem dois produtos A
e B. Se A fatura o dobro de B, ele também vai ser responsável pelo dobro de custos”.
Vale ressaltar que fica bem claro que em seu parágrafo único do Art. 4 do CFC 750/93
(1993) deixa explicito que: “O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é
verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova
ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômico-contábil”.
Sendo assim, torna-se indispensável entender que o patrimônio da empresa tem que
ser sempre separado do patrimônio pessoal do dono e dos sócios quando aplicado, pois nunca
poderá ser utilizado benefício próprio e sim considerado como um objeto da contabilidade
indiferentemente se ela pertence a várias pessoas físicas ou a uma pessoa jurídica.
3. Objeto de estudo
4. Plano de atividade
Dado que a empresa, atualmente, não possui um controle exato em relação a seus
custos e despesas, visto que, conforme citado acima, mudou seu ramo de atuação
recentemente e possui uma confusão patrimonial, os estudos foram realizados conforme
ordem abaixo:
5. Resultados
5.2 Desenvolvimento
A consultoria teve como base a utilização de premissas que foram necessárias para que o
cálculo fosse realizado de forma correta e completa, sendo essas premissas os custos de
produção, dentre eles nós temos, custos com relação a compra da matéria prima, custos com o
processamento da matéria prima, frete sobre a compra e processamento da matéria prima,
custos com armazenagem e custos variáveis que correspondem aos gastos que aumentam ou
diminuem de forma proporcional ao nível em que a atividade operacional ocorre.
5.2.1 Processamento
Tabela 2 - Custeio por Absorção do mês de janeiro de 2020 utilizado como exemplo do
cálculo adotado. Como podemos ver na tabela abaixo estamos adotando a premissa
mencionada nos itens 5.2.1 e 5.2.2.
5.2.3 Pallets
Conforme tabela 3 abaixo, de acordo com os dados obtidos aplica-se um pallets no montante
de R$34,99 para uma tonelada.
Conforme tabela 3 abaixo, em concordância com a pesquisa identificamos que a cada big bag
opera-se o valor de R$39,8 para cada tonelada neste processamento.
Tabela 3: Cálculo utilizado para contabilização do custo com big bag: R$ 39,80 (custo
unitário) multiplicado por 185 toneladas, que seria 184,1 toneladas arredondando para cima,
que é a quantidade que retornou do processamento conforme linha destacada em azul, o que
resulta em um gasto de R$ 7.372,25. O cálculo para apropriação do gasto com Pallets tem a
mesma lógica, então seriam: R$ 34,99 (custo unitário por toneladas) multiplicado por 185
toneladas, o que resulta em um gasto total de R$ 6.473,15.
As premissas utilizadas para o cálculo de absorção de custo e rateio das compras e frete de
matéria prima, com o objetivo de obter um resultado mais exato, foram com base na
quantidade produzida em quilos de cada produto. Nas tabelas 4 e 5 abaixo podemos ver de
forma mais clara a forma como o custo foi apropriado:
A premissa adotada para apropriação do gasto de Energia Elétrica no processo de envase foi
baseada na quantidade de KWh que a máquina consome para processar 1 tonelada de produto.
Considerando isso, e baseado na experiência dos demais meses, nota-se que a cada tonelada
envasada são consumidos 0,14 kWh, logo, o custo da energia no ano de 2020, período
analisado, custava R$ 0,79 (setenta e nove centavos), apenas realizamos a multiplicação de
KWh por tonelada e depois pelo valor de custo da energia elétrica do período. A amostragem
do cálculo mencionado dá-se na tabela 6 abaixo:
Tabela 6: Vemos na tabela abaixo, indicado em amarelo, a quantidade de KWh que foram
consumidos para o processamento do produto Alum + logo, conforme citado acima, a linha
Envase R$ mostra qual o valor do gasto com Energia Elétrica no mês de janeiro para o
processamento deste material.
5.2.7 Armazenagem
Conforme tabela 7, o custo com armazenagem, de R$ 8.307,00 fixo, foi atribuído apenas aos
produtos vendidos.
Tabela 7 – Devido ao valor de armazenagem ser fixo, pois refere-se ao aluguel de um galpão
para guarda dos produtos acabados, o valor mensal é atribuído aos produtos de forma a ser
rateado com base no valor de custo dos produtos. Como podemos notar na linha azul da tabela
abaixo o único produto que passou por industrialização é o Alum +, logo 100% do custo de
armazenagem é atribuído a ele.
5.2.8 Custo Unitário por Tonelada
Os cálculos comentados acima buscam elaborar o custeio dos produtos por tonelada, logo,
conforme tabela 8 abaixo, vemos que o mês de dezembro fechamos com um custo unitário
por produtos de:
O objetivo de realizar a amostragem por tonelada é facilitar a interpretação dos gestores, dado
que a venda é feita apenas nessa unidade de medida, as quantidades em quilos são utilizadas
apenas para envio de amostras.
A consultoria realizou a apropriação correta dos custos com base no custeio por absorção a
fim de gerar um relatório gerencial para auxiliar a gestão na tomada de decisão estratégica e
identificar oportunidades de crescimento e investimento nos produtos que atribuem lucro,
bem como para entender as operações e vendas que foram e serão lucrativas para a empresa.
Os estudos foram realizados na seguinte ordem: levantamento dos custos, apropriação
conforme o custeio por absorção e apuração do CMV de cada produto. O intuito desses
relatórios foi levantar os dados precisos de 2020, consolidar as informações relacionadas a
operação no ano, e entregar à gestão executiva pontos importantes de análise sobre como a
empresa tomou as decisões no passado, bem como apropriar um controle afim de auxiliar as
decisões de 2021 e dos próximos anos.
O objetivo deste trabalho foi realizar uma análise crítica e detalhada sobre os relatórios
utilizados para tomada de decisão da gestão da empresa, e assim propor um método que seja
apropriado e conciso afim de transformar relatórios contábeis como a Demonstração do
Resultado do Exercício, Relatórios de Estoque e demais em controles internos, baseados nas
informações dos relatórios, que facilitem a leitura e interpretação dos dados pelos
administradores da empresa.
O primeiro passo do trabalho foi identificar, através de estudos sobre a empresa, sua atividade
e operação, e seus relatórios, quais eram os pontos de melhoria em relação a seus controles.
Três principais relatórios de gestão foram identificados, sendo eles: o Custeio por Absorção
baseado na quantidade produzida, as Fichas de Estoque dos produtos acabados e matéria-
prima, e ao consolidar essas informações temos a Demonstração do Resultado do Exercício
como principal relatório gerencial de informação para tomada de decisão. Os resultados
obtidos nesses estudos deram origem ao capítulo 5.2 (cinco ponto dois) deste trabalho.
A construção destes controles internos teve o objetivo de auxiliar a empresa mensalmente nas
tomadas de decisão em diversos aspectos, como por exemplo: apropriação correta dos custos
aos produtos, onde conseguimos, de forma simples e fácil, entender quais valores estão
envolvidos na composição dos produtos, bem como entender o método de apropriação,
atentando-se às premissas utilizadas; melhor controle de estoque com base nas fichas de
movimentação de estoque mensal e gerenciar o resultado da empresa mensalmente de forma
gerencial que atenda às necessidades da gestão e administração afim de ser uma ferramenta de
apoio e direção para as decisões.
A conclusão final é que através dos controles internos desenvolvidos citados acima, as
decisões tomadas sejam baseadas em informações fidedignas e confiáveis, respaldadas por
indicadores de gerenciamento que facilitem o entendimento do cenário em que a empresa
esteja e a guie para a melhor decisão da gestão.
Para trabalhos futuros relacionados aos controles da empresa, alguns pontos de melhorias
devem ser adotados principalmente em relação ao monitoramento do custo de produto que
está sendo vendido, pois hoje construímos um relatório que nos mostra esse valor e como ele
deve ser composto, mas não abordamos a forma como ele deve ser monitorado e utilizado
para ser uma base de negociação com clientes e fornecedores fazendo com que a empresa
tenha um poder de aquisição e venda melhor. Sugerimos também que seja construída uma
DRE para cada um dos produtos da empresa para que assim os gestores tenham uma visão
clara de qual dos produtos está trazendo mais retorno e definindo se o portifólio de produtos
atuais é o mais vantajoso para a rentabilidade da empresa.
6. Referências bibliográficas
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