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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO I

DESENVOLVIMENTO DA DRE GERENCIAL PARA SER UM GUIA NA


ESTRATÉGIA EMPRESARIAL

Alif Fernando Dias da Costa


Graduando em Ciências Contábeis pela Fundação Hermínio Ometto
alif.dias@alunos.fho.edu.br

Annelise Cristina Batista da Silva


Graduando em Ciências Contábeis pela Fundação Hermínio Ometto
annelisesilva@alunos.fho.edu.br

Daniele Sarti Santana


Graduando em Ciências Contábeis pela Fundação Hermínio Ometto
daniele.santana@alunos.fho.edu.br

Vinicius Carvalho Fornazo


Graduando em Ciências Contábeis pela Fundação Hermínio Ometto
viniciusrice@alunos.fho.edu.br

Eduardo de Brito
Me. em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo
Prof. do curso de Ciências Contábeis da Fundação Hermínio Ometto
eduardobrito@fho.edu.br
Resumo

As Demonstrações Contábeis são de grande importância para a análise financeira


dentro das empresas, sendo elas de pequeno ou grande porte. A empresa em questão não
possui as demonstrações contábeis elaboradas de forma adequada pelo serviço terceirizado de
contabilidade, ou seja, sem as devidas informações gerenciais para a tomada de decisão.

A pesquisa foi desenvolvida por meio de um projeto de consultoria e sua relevância é


essencial por utilizar a contabilidade para resolver problemas empresariais do cotidiano das
empresas.

O presente trabalho tem o objetivo de implementar uma Demonstração de Resultado


Gerencial para ajudar nas tomadas de decisões da empresa. Para isso, foi necessário o
levantamento de receitas, custos e despesas, a implementação de sistemas de custeio. A
elaboração dos controles para a geração da DRE Gerencial nos permitiu ter uma visão mais
ampla a respeito dos resultados contábeis, tornando assim a situação financeira em que a
empresa se encontra mais exata.

Como resultado, mapeamos todo o processo da empresa, identificamos custos e


despesas, desenvolvemos sistemas de custeio por tonelada e elaboração de uma demonstração
de resultados gerencial que possa ajudar o empresário na condução do seu negócio.

Palavra-chave: Demonstrativo de Resultado do Exercício Gerencial, Consultoria, Custo.


1. Introdução

As Demonstrações Contábeis são de suma importância para a análise financeira dentro


das empresas, sendo elas de pequeno ou grande porte. O serviço prestado pela equipe contábil
tem por objetivo controlar o patrimônio da empresa mediante a disponibilização de relatórios
fidedignos à realidade, retratando sua situação perante as decisões tomadas ao longo do
exercício (ano-calendário), a fim de amparar as decisões cujo administradores devem tomar.
(MARION, 2015).

A contabilidade abrange diversas áreas de atuação, tais como: contabilidade fiscal,


pública, de custos, gerencial, auditoria, perícia e financeira. Dentro da contabilidade gerencial
existem vários conceitos para facilitar a tomada de decisão dos administradores. Por vezes os
relatórios enviados, principalmente pelos escritórios contábeis, não são completos e
explicativos o suficiente. Com isso, o administrador não possui uma base de informações para
interpretá-las sem a orientação de um Contador. Um relatório detalhado e estruturado
possibilita ao administrador prever oportunidades de crescimento, pois fornece dados já
organizadas para que seja possível identificar para onde os recursos financeiros estão indo.
Para uma análise completa é necessário um conjunto de técnicas e procedimentos contábeis
que, quando combinados, resultam em informações favoráveis para empresa.

Nesse contexto, a proposta deste trabalho é identificar os custos envolvidos na


industrialização do produto químico, óxido de alumínio, para uma Indústria localizada no
interior de São Paulo, que se enquadra como uma empresa de médio porte, com o objetivo de
entender e apropriar todos os custos de produção e venda. O óxido de alumínio é aplicado
principalmente nos segmentos de: borracha, colorífico, espumas, metalurgia, polimento,
resinas, refratários, superfície sólida, tintas e vidros, onde o produto passa por dois diferentes
processamentos para atender as especificações de venda de cada segmento e cliente, sendo
eles: Peneiramento e Envase. A industrialização interna (envase) é realizada com os
equipamentos próprios, e a externa (peneiramento) em galpão de terceiros, tornando
necessária a remessa e retorno dos produtos.

Atualmente a empresa conta com os relatórios gerados pela contabilidade terceirizada


e não possui controle interno de absorção dos custos. Logo, não há apuração de custos por
produto. Diante do exposto, o objetivo específico deste trabalho é implementar uma
Demonstração de Gerencial para ajudar na tomada de decisões da empresa. Para isso será
preciso identificar, segundo as técnicas e procedimentos da contabilidade gerencial, os custos
unitários por meio do custeio por absorção, a fim de gerar informações que auxiliem a gestão
na tomada de decisão.

2. Marco teórico:

2.1 O que é a DRE, qual sua importância e utilidade

A Demonstração de resultado do exercício (DRE) é um relatório gerado que evidencia


de forma estruturada qual o resultado de um determinado período da empresa, lucro ou
prejuízo. O relatório segue o artigo 1184 da Lei n° 10.406 de 10 de janeiro de 2002, deverá
ser assinado por um profissional contabilista legalmente habilitado pelo CRC (Conselho
regional de contabilidade) e pelo empresário responsável. A DRE tem como sua formação o
confronto das receitas e despesas do negócio em um determinado período e deverá seguir um
padrão de dados detalhado sendo esses, receitas de vendas, impostos e deduções, custos de
venda, despesas, IRPJ e CSLL, receitas e despesas financeiras e por fim o confronto de todos
os resultados gera o resultado do exercício que vai nos relatar o lucro ou prejuízo apurado no
período. A análise da DRE pode informar ao dizer ao gestor como anda a saúde financeira de
sua empresa e qual a melhor decisão a ser tomada.

Segundo Torres (2021), “A Demonstração do Resultado do Exercício – DRE – é um


relatório contábil que evidencia se as operações de uma empresa estão gerando um lucro ou
prejuízo, considerando um determinado período de tempo”. A estrutura deverá seguir o
padrão implementado pelo Artigo 187 da Lei 6.404/1976 de 15 de dezembro de 1976 (Lei das
Sociedades por Ações), que de acordo com a lei as empresas deverão, na demonstração de
resultado do exercício, preencher os critérios obrigatórios. Sendo Receita todo o dinheiro
recebido vindo das atividades da empresa, vendas, serviços e aplicações financeiras, e das
Despesas que são os gastos necessários para a obtenção de receitas, por exemplo, despesas
com salários, despesas com vendas etc. Por fim, o resultado é o confronto entre o que a
empresa obteve com receitas, retirando as despesas e mostrando o lucro ou prejuízo.

2.2 Contabilidade gerencial

Para entendermos a Contabilidade Gerencial, é necessário apresentarmos uma breve


síntese do conceito de Contabilidade. Sendo ela uma ciência social, a qual busca como
principal objetivo o registro de informações (financeiras e econômicas) controlando as
variações no patrimônio das entidades, para ser utilizada como um instrumento muito
importante nas tomadas de decisões. A Contabilidade aborda vários ramos de estudo, tais
como: contabilidade de custos, contabilidade financeira, contabilidade tributária,
contabilidade gerencial etc. Ainda Amorim, D. (2015) vem trazer em seu artigo as citações
abaixo de Barros (2013), Padoveze (2012) e Crepaldi (2006).

Para Barros (2013):

Contabilidade é a ciência social que visa ao registro e ao controle dos atos e fatos
econômicos, financeiros e administrativos das entidades. Trata-se de um sistema de
informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e
análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à
entidade objeto de contabilização.

Padoveze (2012), discorre que "a contabilidade gerencial congrega todos os demais
instrumentos de contabilidade que complementam a contabilidade financeira para tornar
efetiva à informação contábil dentro das empresas em todos os processos de gestão".

Para Crepaldi (2006):

(...) contabilidade gerencial é o ramo da contabilidade que tem por objetivo fornecer
instrumentos aos administradores de empresas que os auxiliem em suas funções
gerenciais. É voltada para a melhor utilização dos recursos econômicos da empresa,
através de um adequado controle dos insumos efetuado por um sistema de
informação gerencial.

A Contabilidade Gerencial é a que mais agrega informações extraídas de outras


ferramentas já utilizadas no controle do patrimônio da empresa, ou seja, segrega dados que,
por exemplo, são retirados da contabilidade de custos e financeira. Sendo assim, podemos
concluir que a Contabilidade Gerencial é uma ferramenta que resume os registros de
informações coletados em outras ocasiões dentro da empresa, fornecendo dados que serão de
muito proveito no processo decisório e estratégico por parte dos gerentes, a curto e longo
prazo.

2.3 Demonstração do Resultado do Exercício Gerencial

Conforme salientam Jones e George (2008):

Os gerentes não podem planejar, organizar, liderar e controlar efetivamente se não


tiverem acesso à informação. Por outro lado, esse excesso de informação pode
representar um problema se o gestor não atribuir as características úteis necessárias
para as informações que deseja extrair.

A DRE gerencial funciona como referência para que o gestor tome decisões e controle
as estratégias da empresa de maneira flexível e eficiente. Nessa situação, não há uma regra.
Para isso, a análise deve ser personalizada para atender às demandas de cada negócio. No
entanto, é fundamental manter a estrutura sequencial das principais contas, como: receitas,
deduções, despesas, lucro e prejuízo.

2.4 A importância da informação contábil para tomada de decisão

As informações contábeis tornaram-se indispensáveis aos gestores e administradores,


conforme Neuton, R (2012) realiza a citação de Marion, (2005, p.1):

A contabilidade é o grande instrumento que auxilia a administração a tomar


decisões. Na verdade, ela coleta todos os dados econômicos, mensurando-os
monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou de
comunicados, que contribuem sobremaneira para a tomada de decisões.

A contabilidade permite à empresa estruturar suas atividades de forma eficaz e segura,


coletar, reunir e apresentar relatórios para qualquer tomada de decisão, sendo aplicado sobre
os níveis operacionais, táticos ou estratégicos, possibilitando a empresa consiga obter
vantagem competitiva no mercado, visto que, sem os presentes relatórios e informações,
dificilmente a empresa conseguiria ter uma visão de seus resultados. Os resultados presentes
nos relatórios também auxiliam a empresa em ações a serem tomadas externamente, caso ela
necessite de um empréstimo, pode ser requisitado pela entidade financeira alguns relatórios,
como: demonstração de resultado do último mês (DRE), balanço patrimonial atualizado, para
que a entidade financeira possa conferir as dimensões da empresa.

2.5 Controles Internos

Controle interno visa conter procedimentos de forma sistemática para garantir o


aperfeiçoamento de objetivos da empresa. Attie (1998), citado por Bruni e Gomes (2010),
retrata o controle interno da seguinte forma:

Dessa forma, o controle interno compreende todos os meios planejados numa


empresa para dirigir, restringir, governar e conferir suas várias atividades com o
propósito de fazer cumprir os seus objetivos. Os meios de controle incluem, mas não
se limitam a: formas de organizações, políticas, sistemas, procedimentos, instruções,
padrões, comitês, planos de contas, estimativas, orçamentos, inventários, relatórios,
registros, métodos, projetos, segregação de função, sistemas de autorização e
aprovação, conciliação, análise, custódia, arquivos, formulários, manuais de
procedimentos, treinamento, etc.

Existem diversas características que tendem a formar o controle interno mais eficiente,
que começa em ter pessoas qualificadas, plano de organização, ter uma contabilidade interna,
independência de outros setores, separação de funções, mas com um trabalho todo
coordenado e integrado com todos e por fim uma robusta auditoria interna para ter ciência de
onde deve ser melhorado e por consequência. ter uma maior atenção (ATTIE citado por
BRUNI e GOMES, 2010).
O controle interno tem por objetivo minimizar irregularidades, evitar erros, ter uma
melhor gestão e prevenir fraudes. Mas vale ressaltar que ele reduz o risco de ocorrência e não
a ocorrência pois é praticamente impossível evitar alguém mal-intencionado de realizar um
ato fraudulento.

Bruni e Gomes (2010) citam Maurício Motta (1992) que:

[...] discorre que os controles internos trazem, como benefícios, um plano de


organização e todos os métodos e procedimentos referentes principalmente à
eficiência operacional, e à obediência às diretrizes administrativas impostas pela
administração. Afirma ainda que, a salvaguarda dos ativos já incorporados ou que
ainda o serão, são exemplos de benefícios trazidos pelos controles internos, já que os
benefícios sobre estes ativos são oriundos das ferramentas destes controles.

E para finalizar Bruni e Gomes (2010) falam que

[...] uma forte estrutura de controles internos pode ajudar a empresa a tomar
melhores decisões operacionais e obter informações mais pontuais, conquistar (ou
reconquistar) a confiança dos investidores, evitar a vazão de recursos, cumprir leis e
regulamentos aplicáveis ou obter vantagem competitiva através de operações
dinâmicas.

Com isso, pode-se entender que toda implementação de controles internos existe
custos, mas esses custos não devem ultrapassar os benefícios que ele vai trazer ao
departamento e à empresa, mesmo sabendo que geralmente é difícil visualizar os custos.

2.6 Rateio do custo indiretos

O rateio segundo Dutra (2018):

Rateio é uma divisão proporcional por uma base que tenha dados conhecidos em
cada uma das funções em que se deseja apurar custos. Tal base deve constituir-se de
dados que guardem estreita correlação com o custo, ou seja, o custo ocorre em
condições semelhantes aos dados da base.

O rateio é usado para alocar custos indiretos aos produtos e trata-se com base no rateio
sobre os custos diretos e indiretos da empresa, Santos (2010) cita que “A classificação dos
custos em diretos e indiretos diz respeito ao produto fabricado ou serviço prestado, e não à
produção como um todo ou aos departamentos da empresa”.

O que tem por objetivo, calcular o percentual que ele, o produto, representa em relação
ao todo da empresa que para Borges (2018): “Outra maneira também muito comum é usar o
faturamento como critério para divisão dos custos. Vamos dizer que você tem dois produtos A
e B. Se A fatura o dobro de B, ele também vai ser responsável pelo dobro de custos”.

2.7 Princípio da entidade contábil


O princípio da entidade foi estabelecido no Art. 4º da Resolução CFC nº 750-93
entrando em vigor em 1º de janeiro de 1994 e ela foi revisada revogando o artigo 4 em
04/10/2016, mesmo sendo revogada ela ainda possui uma grande importância e
principalmente onde envolve o contábil.

O Art. 4ª da resolução 750/93 (1993), vem falar que:

O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e


afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio
particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a
uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer
natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção,
o Patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso
de sociedade ou instituição.

Vale ressaltar que fica bem claro que em seu parágrafo único do Art. 4 do CFC 750/93
(1993) deixa explicito que: “O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é
verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova
ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômico-contábil”.

Girotto (2016), responsável pela comunicação do CFC (Conselho federal de


contabilidade), vem explicar que a resolução nº 750/93 foi revisado pois:

No processo de revisão da Resolução nº 750/1993, surgiram questões como, por


exemplo, a preponderância de alguns princípios da contabilidade sobre outros – ou
seja, alguns princípios não apresentados na Resolução nº 750/1993 poderiam ser
interpretados como de menor relevância, ou não “fundamentais”, gerando dúvidas
para os profissionais.

Sendo assim, torna-se indispensável entender que o patrimônio da empresa tem que
ser sempre separado do patrimônio pessoal do dono e dos sócios quando aplicado, pois nunca
poderá ser utilizado benefício próprio e sim considerado como um objeto da contabilidade
indiferentemente se ela pertence a várias pessoas físicas ou a uma pessoa jurídica.

3. Objeto de estudo

A Aluminas Comex, é uma empresa do ramo de comércio e industrialização de


produtos, fundada em 2005 com o objetivo inicial de comercializar aluminas para os
segmentos de borracha, colorífico, espumas, metalurgia, polimento, resinas, refratários,
superfície sólida, tintas e vidros, a aquisição do material era feita no exterior, especificamente
na China, por conta do seu preço competitivo em relação a venda nacional, onde adquiria a
mercadoria a preço de custo, e após ser trazida para o Brasil era comercializada
nacionalmente. Com o passar dos anos, especificamente em 2020, com a demanda de vendas
crescendo e as solicitações dos clientes para produtos personalizados aumentando, a empresa
identificou oportunidade de crescimento e decidiu industrializar seus produtos por conta
própria para atender a demanda dos clientes, onde o processo de industrialização poderia ser
feito em duas fases: o Peneiramento ou o Envase, dependendo do tipo de especificação
solicitada pelo cliente. O produto industrializado e comercializado Alumina, possui diferentes
fases dependendo de sua temperatura de calcinação, seu uso mais significativo é na produção
do metal alumínio, embora seja usado como um abrasivo devido à sua dureza e como um
material refratário devido a seu alto ponto de fusão. Atende grandes empresas como
Colormique, Colobiria, Gerbal, Colornew, Belcol e entre outros, com seus produtos
personalizados nacionalmente, e no mercado internacional atende o cliente Alumel.

Com a significativa mudança no ramo de atuação da empresa, deixando de ser


comércio para realizar a industrialização própria dos produtos, os controles internos existentes
deixaram de ser adequados para a análise dos custos envolvidos, pois anteriormente tratava-se
de uma empresa apenas com custo de aquisição de mercadorias e revenda, e atualmente
possui grandes e novos custos como: mão de obra direta, industrialização, aquisição de
mercadoria, embalagens, gás de empilhadeira, entre outros. Logo, nos primeiros meses de
atuação com o novo ramo, a empresa controlou suas operações com relatórios infiéis à sua
realidade, os quais eram superficiais e não abrangiam as informações necessárias, fazendo
com que a apuração interna do lucro dos produtos, bem como da empresa, fosse irreal. Após a
identificação do déficit nos relatórios, a gestão juntamente com a controladoria, identificaram
a necessidade de uma análise robusta nos relatórios gerados, para que fosse feita a apropriação
correta dos custos, no qual é o objetivo deste trabalho.

Além do citado no parágrafo acima, a empresa também possui problemas com o


controle de seus custos indiretos e despesas, pois divide o prédio em que realiza suas
atividades administrativas e operacionais com um coligada do mesmo grupo econômico, logo
as contas fixas da empresa como energia elétrica, consumo de água, telefonia, aluguel e entre
outras, não são divididas de forma correta, o que gera uma confusão patrimonial dos bens,
direitos e deveres.

4. Plano de atividade

Dado que a empresa, atualmente, não possui um controle exato em relação a seus
custos e despesas, visto que, conforme citado acima, mudou seu ramo de atuação
recentemente e possui uma confusão patrimonial, os estudos foram realizados conforme
ordem abaixo:

1° Composição do Custo de operação (Diretos) e da mercadoria vendida – Entender


toda a industrialização em que os produtos são submetidos, e tributação aplicada a cada
aquisição, visto que a empresa trabalha com uma vasta gama de fornecedores, sendo eles
internacionais ou nacionais;

2° Apropriação e realocação dos Custos Indiretos e Despesas Administrativas – No


exemplo citado no primeiro parágrafo vemos a necessidade de entender cada valor lançado
nos custos indiretos, bem como nas despesas administrativas e analisar se as alocações de
ambos estão corretas, e caso seja necessário ajustá-los da maneira mais fidedigna possível. O
método a ser implementado na empresa para apropriação desses custos será mediante o
custeio por absorção e variável.

Este estudo apresenta os resultados adquiridos pela empresa em momentos anteriores,


e os novos resultados adquiridos com a aplicação da metodologia da DRE Gerencial, desde os
momentos de dificuldades encontrados pela empresa na elaboração do plano de estudo até os
aprendizados adquiridos durante o processo.

5. Resultados

5.1 Diagnóstico da Situação-Problema

A empresa em questão não possuía as demonstrações contábeis elaboradas de forma adequada


pelo serviço terceirizado de contabilidade para suprir as necessidades gerenciais, ou seja, sem
as devidas informações para a tomada de decisão. A consultoria teve como objetivo a
implementação de uma Demonstração de Resultado Gerencial para ajudar nas tomadas de
decisões da empresa, ou seja, por intermédio da apropriação e apuração correta dos custos e
despesas advindos dos processos de industrialização dos produtos que tinham maior
relevância sobre o faturamento da empresa.

5.2 Desenvolvimento

A consultoria teve como base a utilização de premissas que foram necessárias para que o
cálculo fosse realizado de forma correta e completa, sendo essas premissas os custos de
produção, dentre eles nós temos, custos com relação a compra da matéria prima, custos com o
processamento da matéria prima, frete sobre a compra e processamento da matéria prima,
custos com armazenagem e custos variáveis que correspondem aos gastos que aumentam ou
diminuem de forma proporcional ao nível em que a atividade operacional ocorre.

5.2.1 Processamento

Conforme tabelas 1 e 2 abaixo, o valor apresentado sobre o processamento é realizado com


base na produção da matéria prima, sendo esse valor sem uma premissa fixa.

5.2.2 Frete sobre o processamento

Conforme tabelas 1 e 2 abaixo, em relação ao frete sobre o processamento, a premissa


utilizada é que a cada tonelada de matéria prima enviada para processamento, possui o custo
de R$ 4,92, ou seja, em uma operação que a quantidade de matéria que irá sair é de 72
toneladas, esse valor rateado com a premissa de R$ 4,92 por tonelada, resultará no valor de
R$354,62 que deverá ser pago em relação ao frete sobre o processamento.

Tabela 1 - Conta Contábil na Demonstração do Resultado do Exercício 2020:

Tabela 2 - Custeio por Absorção do mês de janeiro de 2020 utilizado como exemplo do
cálculo adotado. Como podemos ver na tabela abaixo estamos adotando a premissa
mencionada nos itens 5.2.1 e 5.2.2.
5.2.3 Pallets

Conforme tabela 3 abaixo, de acordo com os dados obtidos aplica-se um pallets no montante
de R$34,99 para uma tonelada.

5.2.4 Big Bag

Conforme tabela 3 abaixo, em concordância com a pesquisa identificamos que a cada big bag
opera-se o valor de R$39,8 para cada tonelada neste processamento.

Tabela 3: Cálculo utilizado para contabilização do custo com big bag: R$ 39,80 (custo
unitário) multiplicado por 185 toneladas, que seria 184,1 toneladas arredondando para cima,
que é a quantidade que retornou do processamento conforme linha destacada em azul, o que
resulta em um gasto de R$ 7.372,25. O cálculo para apropriação do gasto com Pallets tem a
mesma lógica, então seriam: R$ 34,99 (custo unitário por toneladas) multiplicado por 185
toneladas, o que resulta em um gasto total de R$ 6.473,15.

5.2.5 Compra e Frete de Matéria Prima

As premissas utilizadas para o cálculo de absorção de custo e rateio das compras e frete de
matéria prima, com o objetivo de obter um resultado mais exato, foram com base na
quantidade produzida em quilos de cada produto. Nas tabelas 4 e 5 abaixo podemos ver de
forma mais clara a forma como o custo foi apropriado:

Tabela 4: Como podemos ver na caixa em amarelo, a quantidade adquirida material é de R$


228.611,00 e em quantidade é de 194.290 quilos, a forma como apropriamos o custo do
material Alum + é atribuído com base na quantidade que fora enviada para processamento,
como podemos notar na linha em azul. Para o cálculo do frete de compra adotamos o método
de custeio apropriando 100% deste custo para o material processado afim de compor o custo
do item de forma a manter o mínimo de custos aos insumos que ficam parados na empresa.
Logo, como 99% do material adquirido é enviado para processamento, 99% do valor total da
compra é atribuído ao produto Alum + juntamente com 100% do valor do frete.

Tabela 5 - Conta Contábil na Demonstração do Resultado do Exercício de 2020:

5.2.6 Envase de Materiais (Energia Elétrica)

A premissa adotada para apropriação do gasto de Energia Elétrica no processo de envase foi
baseada na quantidade de KWh que a máquina consome para processar 1 tonelada de produto.
Considerando isso, e baseado na experiência dos demais meses, nota-se que a cada tonelada
envasada são consumidos 0,14 kWh, logo, o custo da energia no ano de 2020, período
analisado, custava R$ 0,79 (setenta e nove centavos), apenas realizamos a multiplicação de
KWh por tonelada e depois pelo valor de custo da energia elétrica do período. A amostragem
do cálculo mencionado dá-se na tabela 6 abaixo:
Tabela 6: Vemos na tabela abaixo, indicado em amarelo, a quantidade de KWh que foram
consumidos para o processamento do produto Alum + logo, conforme citado acima, a linha
Envase R$ mostra qual o valor do gasto com Energia Elétrica no mês de janeiro para o
processamento deste material.

5.2.7 Armazenagem

Conforme tabela 7, o custo com armazenagem, de R$ 8.307,00 fixo, foi atribuído apenas aos
produtos vendidos.

Tabela 7 – Devido ao valor de armazenagem ser fixo, pois refere-se ao aluguel de um galpão
para guarda dos produtos acabados, o valor mensal é atribuído aos produtos de forma a ser
rateado com base no valor de custo dos produtos. Como podemos notar na linha azul da tabela
abaixo o único produto que passou por industrialização é o Alum +, logo 100% do custo de
armazenagem é atribuído a ele.
5.2.8 Custo Unitário por Tonelada

Os cálculos comentados acima buscam elaborar o custeio dos produtos por tonelada, logo,
conforme tabela 8 abaixo, vemos que o mês de dezembro fechamos com um custo unitário
por produtos de:

Custo por Tonelada


Dezembro
Alum + Alum Hida
Custo Médio 5.544 3.350

O objetivo de realizar a amostragem por tonelada é facilitar a interpretação dos gestores, dado
que a venda é feita apenas nessa unidade de medida, as quantidades em quilos são utilizadas
apenas para envio de amostras.

5.3 Resultados Obtidos

A consultoria realizou a apropriação correta dos custos com base no custeio por absorção a
fim de gerar um relatório gerencial para auxiliar a gestão na tomada de decisão estratégica e
identificar oportunidades de crescimento e investimento nos produtos que atribuem lucro,
bem como para entender as operações e vendas que foram e serão lucrativas para a empresa.
Os estudos foram realizados na seguinte ordem: levantamento dos custos, apropriação
conforme o custeio por absorção e apuração do CMV de cada produto. O intuito desses
relatórios foi levantar os dados precisos de 2020, consolidar as informações relacionadas a
operação no ano, e entregar à gestão executiva pontos importantes de análise sobre como a
empresa tomou as decisões no passado, bem como apropriar um controle afim de auxiliar as
decisões de 2021 e dos próximos anos.

5.4 Conclusões Finais

O objetivo deste trabalho foi realizar uma análise crítica e detalhada sobre os relatórios
utilizados para tomada de decisão da gestão da empresa, e assim propor um método que seja
apropriado e conciso afim de transformar relatórios contábeis como a Demonstração do
Resultado do Exercício, Relatórios de Estoque e demais em controles internos, baseados nas
informações dos relatórios, que facilitem a leitura e interpretação dos dados pelos
administradores da empresa.

O primeiro passo do trabalho foi identificar, através de estudos sobre a empresa, sua atividade
e operação, e seus relatórios, quais eram os pontos de melhoria em relação a seus controles.
Três principais relatórios de gestão foram identificados, sendo eles: o Custeio por Absorção
baseado na quantidade produzida, as Fichas de Estoque dos produtos acabados e matéria-
prima, e ao consolidar essas informações temos a Demonstração do Resultado do Exercício
como principal relatório gerencial de informação para tomada de decisão. Os resultados
obtidos nesses estudos deram origem ao capítulo 5.2 (cinco ponto dois) deste trabalho.

A construção destes controles internos teve o objetivo de auxiliar a empresa mensalmente nas
tomadas de decisão em diversos aspectos, como por exemplo: apropriação correta dos custos
aos produtos, onde conseguimos, de forma simples e fácil, entender quais valores estão
envolvidos na composição dos produtos, bem como entender o método de apropriação,
atentando-se às premissas utilizadas; melhor controle de estoque com base nas fichas de
movimentação de estoque mensal e gerenciar o resultado da empresa mensalmente de forma
gerencial que atenda às necessidades da gestão e administração afim de ser uma ferramenta de
apoio e direção para as decisões.

A conclusão final é que através dos controles internos desenvolvidos citados acima, as
decisões tomadas sejam baseadas em informações fidedignas e confiáveis, respaldadas por
indicadores de gerenciamento que facilitem o entendimento do cenário em que a empresa
esteja e a guie para a melhor decisão da gestão.

As principais limitações identificadas nessa consultoria dão-se em relação a base de dados


disponível para análise. Devido a empresa ter uma operação pequena, e estar apenas agora
aprimorando seus controles não há bases com dados concisos e estruturados, os controles
internos são feitos de forma bem sucintas o que dificulta a construção de uma análise
detalhada e robusta fazendo com que tenhamos que fazer uma busca por esses dados junto ao
escritório contábil, fornecedores de material, fornecedores das máquinas e demais prestados
de serviço para que nos enviem os relatórios referentes ao que se trata, detalhadamente, as
cobranças feitas, para que possamos apropriar os custos corretamente.

Para trabalhos futuros relacionados aos controles da empresa, alguns pontos de melhorias
devem ser adotados principalmente em relação ao monitoramento do custo de produto que
está sendo vendido, pois hoje construímos um relatório que nos mostra esse valor e como ele
deve ser composto, mas não abordamos a forma como ele deve ser monitorado e utilizado
para ser uma base de negociação com clientes e fornecedores fazendo com que a empresa
tenha um poder de aquisição e venda melhor. Sugerimos também que seja construída uma
DRE para cada um dos produtos da empresa para que assim os gestores tenham uma visão
clara de qual dos produtos está trazendo mais retorno e definindo se o portifólio de produtos
atuais é o mais vantajoso para a rentabilidade da empresa.

6. Referências bibliográficas

AMORIM, Diego. A importância da contabilidade gerencial para a gestão dos negócios. Disponível em:
<https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/artigo_contabilidade_gerencial_0.pdf>. Acessado em:
08/05/2021.

BRUNI, Adriano Leal e GOMES, Sandra Maria da Silva. Controladoria Empresarial: Conceitos,
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