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GERENCIAL
Contabilidade
gerencial como
instrumento da
administração
Ricardo da Silva e Silva
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Os profissionais da área da contabilidade devem reunir uma série de habilidades,
visando à realização de suas atividades da melhor forma possível. Entre o rol de
atividades realizadas pelo profissional da área contábil estão aquelas relacionadas
ao gerenciamento de custos para subsidiar gestores no processo decisório das
organizações, fazendo com que a tomada de decisão seja mais assertiva.
Neste capítulo, você vai estudar o objetivo e as principais atividades da gestão
de custos na contabilidade gerencial, no sentido de minimizar a possibilidade de
riscos e incertezas com a elaboração de cenários. O capítulo destaca também
as funções desempenhadas pelo profissional em contabilidade e as principais
habilidades para esse exercício.
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Habilidades e
competências Contribuição para a área de atuação
Métodos de custeio
Para que seja possível gerenciar gastos, são utilizados métodos de separação
e organização dos custos e despesas de uma empresa, denominados métodos
de custeio. Com eles, é possível compreender o percentual do custo de cada
produto ou serviço e realizar uma leitura dos produtos que geram maiores
ou menores custos, além de determinar mais adequadamente preços, avaliar
os estoques e definir os custos unitários para a produção da unidade de
um produto. Martins e Rocha (2010) afirmam que o método de custeio visa
aprimorar ou reduzir atividades que não geram valor ao produto, bem como
analisar quais custos devem ser computados na mensuração dos custos de
produção individual.
Há diversos métodos de custeio, com características distintas que visam
à adequação na organização e no controle de custos, conforme o Quadro 2.
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Fonte: Adaptado de Nakagawa (2001), Bornia (2010), Leone (1997) e Martins (2010).
Uma série de riscos pode influenciar diretamente nos gastos de uma orga-
nização, como aumento dos salários ou encargos sobre a mão de obra, perdas
nos estoques ou variações nos valores de matéria-prima, além dos custos de
depreciação de equipamentos, taxas de juros, entre outros. O empreendedor
deve estar atento aos diferentes cenários, que podem influenciar no preço
de venda e, consequentemente, no ponto de equilíbrio. Para compreender
como elaborar cenários para avaliar riscos e incertezas do mercado e suas
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Ponto de equilíbrio
Com o ponto de equilíbrio, é possível definir a quantidade de vendas necessária
para cobrir todos os gastos de uma empresa. O ponto de equilíbrio identifica
a partir de que momento a empresa passa a ter lucro, considerando as vendas
realizadas. Martins (2010) salienta que o ponto de equilíbrio representa a
capacidade mínima necessária de operação de uma empresa para que não
tenha prejuízo.
O ponto de equilíbrio é um importante indicador do risco de operações de
um negócio, envolvendo os custos de produção e considerando a demanda
pelo produto. Esse importante indicador pode ser compreendido por três
distintas perspectivas: financeira, econômica e contábil. O Quadro 3 apresenta
a conceituação dessas três perspectivas do ponto de equilíbrio, a fórmula
para encontrá-los e o índice resultante.
Econômica Diferencia-se
do contábil por
considerar que,
além de suportar os
custos e despesas
fixos, a margem de
contribuição deve
cobrir o custo de
oportunidade do
capital investido na
empresa.
Simulação de cenários
Os riscos em uma empresa podem ser relacionados a aspectos internos, como
gerenciamento e organização, mas, em geral, estão relacionados a fatores
externos, não controlados pela vontade dos empreendedores. É de extrema
importância acompanhar tais fatores visando antecipar situações que possam
pôr em risco a saúde financeira de uma organização.
Como vimos, para uma adequada avaliação de riscos e redução de incer-
tezas, é indispensável o controle de custos. O processo orçamentário é uma
ferramenta de grande valia para esse controle, já que permite maior margem
de lucro e, consequentemente, de lucratividade. Com o orçamento dos custos,
é possível descobrir a margem de contribuição, definir o preço de venda e
o ponto de equilíbrio. Lunkes (2007) define o orçamento como a expressão
quantitativa dos planos e estratégias de uma empresa, contingenciando,
organizando e controlando os gastos.
Para Schwartz (2003, p. 15), projetar cenários é “[…] uma ferramenta para nos
ajudar a adotar uma visão de longo prazo num mundo de grande incerteza”.
Marcial e Grumbach (2002, p. 35) afirmam que “[…] os estudos de cenários
prospectivos são uma das ferramentas mais adequadas para a definição de
estratégias em ambientes turbulentos”. Portanto, visando a uma análise deta-
lhada das variações, riscos e incertezas de um negócio, a projeção e a análise
de cenários é uma ferramenta de grande importância para a organização
empresarial. Permite compreender e analisar os contextos interno e externo
das organizações, projetando alternativas para uso dos recursos financeiros.
É possível que os profissionais de uma organização projetem uma grande
quantidade de cenários, analisando diferentes perspectivas envolvendo
custos, despesas e demanda de consumo, visto que, para que seja atingido o
ponto de equilíbrio, é necessária a comercialização de uma série de unidades
de um bem de consumo. Uma das metodologias para a criação de cenários
é o método Delphi, que permite mensurar a opinião de especialistas de uma
área para projetar diferentes realidades. Conforme Marcial e Grumbach (2002),
o método consiste em consultar uma série de especialistas, projetando
eventos futuros com base em suas respostas, para, a partir disso, definir se
tais eventos são favoráveis ou não para a empresa.
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Referências
ANDRADE, E. L. de. Introdução à pesquisa operacional: métodos e modelos para análise
de decisões. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
ATKINSON, A. A. et al. Contabilidade gerencial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
BORNIA, A. C. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas modernas. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 2010.
CFC. Resolução CFC nº. 560/83. Dispõe sobre as prerrogativas profissionais de que trata
o artigo 25 do Decreto-lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946. Rio de Janeiro: CFC, 1983.
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Leitura recomendada
SANTOS, J. J. dos. Fundamentos de custos para formação do preço e do lucro. 5. ed.
São Paulo: Atlas, 2005.