Você está na página 1de 45

1 2 3 4 5 6

LINDB integração, mas subsunção, eis que a própria


norma jurídica é que é aplicada.
1 2 3 4 5 6 b) Costumes praeter legem: aplicados
7 8 9 10 11 12 quando a lei for omissa, sendo denominados cos-
13 14 15 16 17 18 tumes integrativos, eis que ocorre a utilização pro-
19 20 21 22 23 24 priamente dita dessa ferramenta de correção do
25 26 27 28 29 30 sistema.
c) Costumes contra legem: incidem quando a
Princípios aplicação dos costumes contraria o que dispõe a
lei. Não é admitido.
• Pelo princípio da vigência sincrônica entende-
se que a obrigatoriedade da lei é simultânea, por- Aplicação da lei
que entra em vigor a um só tempo em todo o país.
• Não confundir com a integração da lei.
• Segundo os princípios da obrigatoriedade e da
• A aplicação orienta-se...
continuidade, informadores da eficácia das leis,
a) Pelos fins sociais,
uma lei eficaz deve ser cumprida por todos, ainda
b) Pela exigência do bem comum.
que a desconheçam.
• Vigora entre nós o princípio da supremacia da lei,
Principais regras
ou seja, para assegurar maior segurança das rela-
Relações Personalidade,
ções jurídicas a lei deve ser escrita e emanada de Domicílio da
pessoais nome, capaci-
autoridade competente. pessoa
(existenciais) dade, família
Principais características da lei:
Impedimentos e Lei
a) generalidade – se aplica a todas as pes- Casamento formalidades brasileira
soas indistintamente realizado no
Brasil Domicílio
b) imperatividade – impõe obrigações a to- Regime de bens
dos nubentes
dos os destinatários, possuindo caráter bi- Lei que os quali-
lateral, a cada dever imposto corresponde fica e regula as Lei do país onde
Bens
a um direito. Ex. se impõe o dever de não relações concer- situados
causar dano a alguém, obriga aquele que nentes
Lei que as quali- Lei do país onde se
o causar a indenizar a vítima. Obrigações
fica e rege constituírem
c) autorizamento – consiste na possibili- Lei do país do do-
dade de o lesado pela violação à norma micílio do fale-
exigir-lhe o cumprimento Por morte ou
cido, qualquer
por ausência
d) permanência – a norma vigora e preva- que seja a natu-
lece até sua revogação. reza e a situação
e) Emanação de autoridade competente. Lei brasileira...
Sucessão - Em benefício do
cônjuge ou dos fi-
Revogação da lei Bens de estran-
lhos brasileiros,
geiros situados
Derrogação Ab-rogação - sempre que não
no Brasil
Revogação PARCIAL. Revogação TOTAL. for mais favorável
a lei pessoal do de
cujus.
Integração
São formas de integração expressamente previs-
tas: “A.C.P”. = analogia, costumes e princípios ge-
rais de direito.

Costumes
a) Costumes secundum legem: incidem
quando há referência expressa aos costumes no
texto legal. Quando da sua aplicação, não ocorre
1
1 2 3 4 5 6

PARTE GERAL • A emancipação pelo casamento cessa a incapaci-


dade civil do nubente menor púbere. Eventual di-
vórcio, viuvez ou anulação do casamento não de-
Livro I – Das Pessoas
volve o nubente menor à incapacidade, ressalvada
a hipótese de nulidade do casamento ("ex tunc").
1. Pessoas naturais (1 a 39, CC)
1 2 3 4 5 6 Morte
7 8 9 10 11 12
• A morte baseada na ausência de todas as funções
13 14 15 16 17 18
neurológicas define, em regra, o fim da personali-
19 20 21 22 23 24
dade (MPMG/2018).
25 26 27 28 29 30
31 32 33 34 35 36 Morte presumida
37 38 39 40 41 42
Sem decretação de Com decretação de
Personalidade ausência ausência
Art. 7°, CC. Art. 37, CC.
• Nascituro e concepturo são conceitos diferentes.
Extremamente provável Quando se autoriza a
a morte de quem estava abertura da sucessão
Capacidade em perigo de vida. definitiva do ausente:
• MPRS/2017. Todas as pessoas têm a capacidade Alguém, desaparecido 10 anos depois de pas-
de direito, o que pressupõe a capacidade de fato, em campanha ou feito sada em julgado a sen-
prisioneiro, não é en- tença que concede a
em regra, pois a incapacidade é a exceção (Tar-
contrado até 2 anos abertura da sucessão
tuce).
após o fim da guerra. provisória.
• MPGO/16. A senilidade, por si só, não é motivo Procedimento de justi- Procedimento de juris-
de incapacidade, independentemente da idade do ficação, com necessá- dição voluntária re-
agente que pratica o ato da vida civil. ria intervenção do MP. gulado no NCPC (arts.
744 e 745).
Emancipação (art. 5°, CC)
Comoriência
Espécies
• No caso da comoriência, como não se consegue
Ambos os pais
Voluntária identificar quem faleceu primeiro, sendo os indiví-
Instrumento público
Sentença do juiz duos considerados simultaneamente mortos, não
Judicial Maior de 16 anos cabe direito sucessório entre comorientes, vale di-
Ouvido o tutor zer, comorientes não são herdeiros entre si.
Casamento • MPMG/2017: A comoriência é compatível com a
Emprego público efetivo morte presumida, sem a decretação de ausência.
Colação de grau em curso superior CORRETO.
Legal Estabelecimento civil ou comer- • MPMG/2017, MPSC/2016: A comoriência en-
cial / relação de emprego cerra presunção relativa de falecimento ao
+ mesmo tempo, não havendo necessidade de que
Economia própria seja do mesmo modo. CORRETO.
✓ Presunção relativa: “...não se podendo se
• A emancipação VOLUNTÁRIA, diversamente da averiguar se algum dos comorientes prece-
operada por força de lei, não exclui a responsabili- deu aos outros...”
dade civil dos pais pelos atos praticados por seus ✓ Não havendo necessidade de que seja do
filhos menores (AgRg no Ag 1239557, 17/10/2012). mesmo modo: a lei exige que o falecimento
Se a emancipação é legal, cessa a responsabilidade ocorra na mesma ocasião, ainda que não
dos pais. Nesse sentido o Enunciado 41 da I Jor- seja do mesmo modo ou no mesmo
nada: A única hipótese em que poderá haver res- evento.
ponsabilidade solidária do menor de 18 anos com
seus pais é ter sido emancipado nos termos do art.
5º, § único, I, do CC (emancipação voluntária).
2
1 2 3 4 5 6

Testamento vital (Giselda Hironaka) pois – respeitados os entendimentos contrá-


rios – a ortotanásia é lícita enquanto prática
O que é?
médica (conforme as Resoluções CFM n°
Trata-se da situação daqueles que, saudáveis ou já 1.805/ e CFM n 1.995/2012).
adoecidos, possuem diretivas relativas aos trata- • Algumas recomendações:
mentos médicos que se lhes devem ser aplicados ✓ Assistência por médico durante sua
(ou não) quando não puderem mais externar sua elaboração: a ausência do médico não
volição. É, assim, o documento escrito (na melhor invalida o NJ, mas constitui fundado in-
das hipóteses feito por escritura pública) por uma dício de que a opção foi feita de forma
pessoa capaz, com a finalidade de manifestar pre- consciente.
viamente sua vontade acerca de tratamentos e ✓ Formalização perante tabelião, em
não-tratamentos a que deseja ser submetida Cartório de Notas;
quando estiver impossibilitada de manifestar sua • É importante apontar que as diretivas ante-
vontade. As diretivas antecipadas de vontade vi- cipadas de vontade devem ser aplicadas
sam, pois, a um só tempo, garantir ao paciente apenas a casos de terminalidade.
que sua vontade será atendida no momento de
terminalidade da vida, e, também, garantir ao mé- Direitos da personalidade
dico um respaldo jurídico para a tomada de deci-
Características
são em situações conflitivas.
1. Absolutos: podem ser opostos contra toda e
Fundamentos
qualquer pessoa ou instituição que queira lhe pre-
1. DPH, judicar/diminuir (oponíveis erga omnes);
2. Proibição de tratamento desumano, 2. Intransmissíveis: não podem ser transferidos
3. Autonomia da vontade (princípio consti- para outra pessoa. Nascem e extinguem com seu
tucional implícito) titular (inseparáveis). CUIDADO com a redação do
art. 11 do CC: “Com exceção dos casos previstos em
Disciplina normativa
lei, os direitos da personalidade são intransmissí-
• No plano infraconstitucional, não há lei disci- veis e irrenunciáveis...”;
plinando o assunto. Destacam-se dois atos in- • MPSC/2016: De acordo com o CC, os direitos
fralegais: da personalidade são intransmissíveis e irre-
✓ Código de Ética Médica (Res CFM nunciáveis, não podendo o seu exercício so-
1.931/2009) frer limitação voluntária. Todavia, alguns di-
✓ Res CFM 1.995/2012 reitos excepcionam referida regra, como p.
Conteúdo ex., o direito à imagem e o direito à
honra. CORRETO.
• Diretivas antecipadas de vontade ≠ eutanásia, 3. Inatos: aqueles que fazem parte do indivíduo
ortotanásia, distanásia etc. Esses conceitos re- desde o seu nascimento; que nascem com ele; ine-
lacionados ao direito à morte digna podem rentes ou congênitos.
constituir objeto das diretivas antecipadas.
• MPMG/2017: Os direitos inatos da persona-
• O testamento vital, como diretiva antecipada lidade dependem da manifestação de von-
da vontade, é forma consentida de ortotaná- tade para a titularidade. INCORRETO.
sia (MPMG/2018). 4. Indisponíveis: em regra (indisponibilidade rela-
Validade e eficácia tiva), estão fora do comércio (não têm valor econô-
mico). Não impede exceções, como por exemplo,
A questão da validade e eficácia das diretivas rela-
admitir sua disponibilidade em prol do interesse
ciona-se com a licitude de seu objeto.
social (ninguém pode recusar que sua foto fique es-
• Se inclui a eutanásia, por exemplo, o NJ é nulo
tampada em documento oficial);
pela ilicitude de seu objeto.
5. Irrenunciáveis: seu titular não pode renunciá-
• Se, contudo, as diretivas antecipadas de von-
los;
tade contiverem um pedido de ortotanásia,
6. Imprescritíveis: não se consomem (prescre-
este objeto deverá ser considerado válido,
vem) com o tempo.

3
1 2 3 4 5 6

Direitos da personalidade em espécie individual, seja sob o enfoque do interesse pú-


blico. Tal exame, é certo, não prescinde, em hipó-
1. Direito ao nome
tese alguma, da adoção do princípio da dignidade
STJ: É possível que mãe divorciada altere o so- da pessoa humana, como princípio basilar e nor-
brenome no registro dos filhos, para acrescen- teador do Estado Democrático de Direito, e da ra-
tar seu patronímico de solteira (REsp. zoabilidade, como critério axiológico; II - Sob o
1.041.751). prisma individual, o direito de o indivíduo não sa-
ber que é portador do vírus HIV (caso se entenda
Alguns enunciados (CORRETOS) de provas que este seja um direito seu, decorrente da sua in-
• Os aspectos essenciais da personalidade hu- timidade), sucumbe, é suplantado por um direito
mana são caracterizados pela imaterialidade maior, qual seja, o direito à vida, o direito à vida
(MPMG/2018). com mais saúde, o direito à vida mais longeva e
saudável; III - Mesmo que o indivíduo não tenha
Lesados indiretos interesse ou não queira ter conhecimento sobre a
• Quem são? Parentes do morto que estão legi- enfermidade que lhe acomete (seja qual for a ra-
zão), a informação correta e sigilosa sobre seu es-
timados para requerer a tutela jurídica dos
tado de saúde dada pelo Hospital ou Laboratório,
seus direitos da personalidade (art. 12 , p. ainda que de forma involuntária, tal como ocor-
único e art. 20 , p. único, CC). rera na hipótese dos autos, não tem o condão de
• Os lesados indiretos vão a juízo em nome pró- afrontar sua intimidade, na medida em que lhe
prio, para reclamar direito próprio. Logo, tem- proporciona a proteção a um direito maior; IV -
se hipótese de legitimação ordinária. Não se afigura permitido, tão-pouco razoável que
• Não há que se falar em ordem preferencial para o indivíduo, com o desiderato inequívoco de res-
guardar sua saúde, após recorrer ao seu médico,
a ajuizamento da ação. A legitimidade é con-
que lhe determinou a realização de uma série de
corrente: cada lesado pode reclamar a repara-
exames, vir à juízo aduzir justamente que tinha o
ção de seu respectivo dano. Como o dano é par- direito de não saber que é portador de determi-
ticular, ou seja, sofrido pelo próprio lesado indi- nada doença, ainda que o conhecimento desta te-
reto, o valor da indenização também será indi- nha se dado de forma involuntária. Tal proceder
vidualizado. aproxima-se, em muito, da defesa em juízo da pró-
• Em responsabilidade civil, fala-se em dano re- pria torpeza, não merecendo, por isso, guarida do
Poder Judiciário; V - No caso dos autos, o exame
flexo ou em ricochete.
efetuado pelo Hospital não contém equívoco, o
Direito de não saber que permite concluir que o abalo psíquico supor-
tado pelo ora recorrente não decorre da conduta
• Decorre do direito à intimidade do Hospital, mas sim do fato de o recorrente ser
• “Autodeterminação informativa”: ao indivíduo portador do vírus HIV, no que o Hospital-recor-
deve ser reconhecido o direito de eleger as in- rido, é certo, não possui qualquer responsabili-
formações que entram em sua esfera de conhe- dade; VI - Sob o enfoque do interesse público, as-
cimento. sinala-se que a opção de o paciente se submeter
• Caso julgado pelo STJ: RECURSO ESPECIAL - ou não a um tratamento de combate ao vírus HIV,
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E que, ressalte-se, somente se tornou possível e,
MATERIAIS DECORRENTES DA REALIZAÇÃO DE certamente, mais eficaz graças ao conhecimento
EXAME DE HIV NÃO SOLICITADO, POR MEIO DO da doença, dado por ato involuntário do Hospital,
QUAL O PACIENTE OBTEVE A INFORMAÇÃO DE é de seu exclusivo arbítrio. Entretanto, o compor-
SER SOROPOSITIVO - VIOLAÇÃO AO DIREITO À IN- tamento destinado a omitir-se sobre o conheci-
TIMIDADE - NÃO OCORRÊNCIA - INFORMAÇÃO mento da doença, que, em última análise, gera
CORRETA E SIGILOSA SOBRE SEU ESTADO DE SA- condutas igualmente omissivas quanto à preven-
ÚDE - FATO QUE PROPORCIONA AO PACIENTE A ção e disseminação do vírus HIV, vai de encontro
PROTEÇÃO A UM DIREITO MAIOR, SOB O ENFO- aos anseios sociais; VII - Num momento em que o
QUE INDIVIDUAL E PÚBLICO - RECURSO ESPECIAL Poder Público, por meio de exaustivas campanhas
IMPROVIDO. I - O direito à intimidade, não é abso- de saúde, incentiva a feitura do exame anti HIV
luto, aliás, como todo e qualquer direito indivi- como uma das principais formas de prevenção e
dual. Na verdade, é de se admitir, excepcional- controle da disseminação do vírus HIV, tem-se que
mente, a tangibilidade ao direito à intimidade, em o comando emanado desta augusta Corte, de re-
hipóteses em que esta se revele necessária à pre- percussão e abrangência nacional, no sentido de
servação de um direito maior, seja sob o prisma que o cidadão teria o direito subjetivo de não sa-

4
1 2 3 4 5 6

ber que é soropositivo, configuraria indevida so- exercida pelo próprio órgão ministerial, não
breposição de um direito individual (que, em si sendo necessária, portanto, nomeação de cu-
não se sustenta, tal como demonstrado) sobre o rador à lide.
interesse público, o que, data maxima venia, não
se afigura escorreito; VII - Recurso Especial impro- Jurisprudência
vido. (REsp 1195995/SP, Rel. Ministra NANCY AN- • Não há exigência de formalidade específica
DRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro MASSAMI acerca da manifestação de última vontade do indi-
UYEDA, TERCEIRA TURMA, DJe 06/04/2011)
víduo sobre a destinação de seu corpo após a
Tutela e curatela morte, sendo possível a submissão do cadáver ao
Tutela Curatela
procedimento de criogenia em atenção à vontade
Instrumento jurídico para Instrumento jurí-
manifestada em vida (STJ. REsp 1.693.718-RJ,
proteger a criança ou adoles- dico voltado para a 26/03/2019, Info 645).
cente que não goza da prote- proteção de uma • O transgênero tem direito fundamental subjetivo
ção do poder familiar em vir- pessoa maior de à alteração de seu prenome e de sua classificação
tude da morte, ausência ou 18 anos que, ape- de gênero no registro civil, não se exigindo, para
destituição de seus pais. sar de adulto, pos- tanto, nada além da manifestação de vontade do
A tutela é uma espécie de co- sui uma incapaci-
indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade
locação da criança ou adoles- dade prevista no
cente em família substituta. CC. tanto pela via judicial como diretamente pela via
administrativa. Essa alteração deve ser averbada à
Sobre a curatela... margem do assento de nascimento, vedada a inclu-
• Como é instituída a curatela? Para que a cu- são do termo 'transgênero'. STF. Plenário. RE nº
ratela seja instituída é necessária a instaura- 670422, 15/8/2018. Pode-se reconhecer no trecho
ção de um processo judicial, de jurisdição “vedada a inclusão do termo ‘transgênero’” uma
voluntária, regulado pelos arts. 1.177 a manifestação do direito ao esquecimento.
1.186 do CPC. Esse processo é iniciado por • No REsp 1.415.727-SC, o Min. Relator Luis Felipe
meio de uma ação de interdição. Salomão afirmou expressamente que, em sua opi-
• Legitimados. A ação de interdição deve ser nião, “o ordenamento jurídico como um todo – e
promovida: não apenas o Código Civil de 2002 – alinhou-se
✓ I - pelos pais ou tutores;
mais à teoria concepcionista para a construção da
✓ II - pelo cônjuge, ou por qualquer pa-
situação jurídica do nascituro, conclusão enfatica-
rente;
mente sufragada pela majoritária doutrina con-
✓ III - pelo Ministério Público.
temporânea”. P/ o Ministro, mesmo que se diga
• Situações em que o MP poderá ajuizar a ação que a personalidade jurídica se inicia com o nasci-
de interdição mento, ainda assim é forçoso concluir que o nasci-
✓ I - em caso de doença mental grave turo já deve ser considerado como pessoa. Caso
(independentemente dos demais legi-
contrário, não se vislumbraria nenhum sentido ló-
timados); ou
gico na fórmula “a personalidade civil da pessoa co-
✓ II - em qualquer outro caso de incapa-
cidade, se não existirem outros legiti- meça” (art. 2º), se ambas – pessoa e personalidade
mados (pais, tutores, cônjuge ou pa- civil – tivessem como começo o mesmo aconteci-
rente) ou, existindo, eles ficarem iner- mento.
tes ou se não puderem propor a ação • Info 921, STF. Inexistência do direito à indeniza-
(por serem incapazes). ção em razão da divulgação, no jornal, de imagem
➔ Dessa forma, o MP só propõe a ação do cadáver morto em via pública.
de interdição em caso de doença men- • Info 645, STJ. Não se exige que o indivíduo tenha
tal grave ou se nenhum dos outros le- deixado um documento escrito dizendo que dese-
gitimados propuser. java ser submetido à criogenia, podendo essa von-
✓ Se a ação de interdição for proposta por outro tade ser provada por outros meios, como a decla-
legitimado que não seja o MP, será necessária ração do familiar mais próximo.
a nomeação de curador especial? NÃO. Nas • 634, STJ. Dever de restituição do lucro da inter-
ações de interdição não ajuizadas pelo MP, a venção é o dever que o indivíduo possui de pagar
função de defensor do interditando deverá ser

5
1 2 3 4 5 6

aquilo que foi auferido mediante indevida interfe- seus documentos brasileiros.
rência nos direitos ou bens jurídicos de outra pes- • Info 583, STJ. A morte do interditando no curso
soa. A obrigação de restituir o lucro da intervenção de ação de interdição não implica, por si só, a ex-
é baseada na vedação do enriquecimento sem tinção do processo sem resolução de mérito da
causa (art. 884 do CC). ação de exigir contas por ele ajuizada mediante seu
• O mero desejo pessoal não é motivo justificável curador provisório, tendo o espólio legitimidade
para a alteração do prenome. STJ, REsp para prosseguir com a ação de exigir de contas.
1728039/SC. • Info 571, STJ. A ordem de legitimados para o ajui-
• Info 627, STJ. É inadmissível a homologação de zamento de ação de interdição NÃO é preferencial.
acordo extrajudicial de retificação de registro civil • Info 555, STJ. Se a genitora, ao se divorciar, volta
de menor em juízo sem a observância dos requisi- a usar seu nome de solteira, é possível que o regis-
tos e procedimento legalmente instituído para essa tro de nascimento dos filhos seja retificado para
finalidade. constar na filiação o nome atual da mãe. É direito
• Info 627, STJ. É admissível o restabelecimento do subjetivo da pessoa retificar seu patronímico no re-
nome de solteiro na hipótese de dissolução do vín- gistro de nascimento de seus filhos após divórcio.
culo conjugal pelo falecimento do cônjuge. A averbação do patronímico no registro de nasci-
• Info 627, STJ. DIREITO AO ESQUECIMENTO. Ex- mento do filho em decorrência do casamento atrai,
cepcionalmente, é possível que o Judiciário deter- à luz do princípio da simetria, a aplicação da mesma
mine o rompimento do vínculo estabelecido por si- norma à hipótese inversa, qual seja, em decorrên-
tes de busca entre o nome da pessoa, utilizado cia do divórcio, um dos genitores deixa de utilizar o
como critério exclusivo de busca, e a notícia desa- nome de casado (art. 3º, parágrafo único, da Lei nº
bonadora apontada nos resultados. 8.560/1992). Em razão do princípio da segurança
• Info 621, STJ. A representação cênica de episódio jurídica e da necessidade de preservação dos atos
histórico em obra audiovisual biográfica não de- jurídicos até então praticados, o nome de casada
pende da concessão de prévia autorização de ter- não deve ser suprimido dos assentamentos, proce-
ceiros ali representados como coadjuvantes. O STF, dendo-se, tão somente, a averbação da alteração
no julgamento da ADI 4.815/DF, afirmou que é ine- requerida após o divórcio.
xigível a autorização de pessoa biografada relativa- • Info 555, STJ. Nos moldes preconizados pelo STJ,
mente a obras biográficas literárias ou audiovisuais considerando que o nome é elemento da persona-
bem como desnecessária a autorização de pessoas lidade, identificador e individualizador da pessoa
nelas retratadas como coadjuvantes. A Súmula na sociedade e no âmbito familiar, conclui-se que o
403/STJ é inaplicável às hipóteses de representa- abandono pelo genitor caracteriza o justo motivo
ção da imagem de pessoa como coadjuvante em de o interessado requerer a alteração de seu nome
obra biográfica audiovisual que tem por objeto a civil, com a respectiva exclusão completa dos so-
história profissional de terceiro. brenomes paternos.
• Info 829, STF. São constitucionais o art. 28, § 1º e • Info 549, STJ. Configura dano moral indenizável a
o art. 30 da Lei 13.146/15, que determinam que as divulgação não autorizada da imagem de alguém
escolas privadas ofereçam atendimento educacio- em material impresso de propaganda político-elei-
nal adequado e inclusivo às pessoas com deficiên- toral, independentemente da comprovação de pre-
cia sem que possam cobrar valores adicionais de juízo.
qualquer natureza em suas mensalidades, anuida- • Info 547, STJ. É cabível indenização do DPVAT por
des e matrículas para cumprimento dessa obriga- morte do feto em acidente de trânsito.
ção. • Info 546, STJ. O uso, por sociedade empresária,
• Info 528, STJ. O brasileiro que adquiriu dupla ci- de imagem de pessoa física fotografada isolada-
dadania pode ter seu nome retificado no registro mente em local público, em meio a cenário desta-
civil do Brasil, desde que isso não cause prejuízo a cado, configura dano moral mesmo que não tenha
terceiros, quando vier a sofrer transtornos no exer- havido nenhuma conotação ofensiva ou vexami-
cício da cidadania por força da apresentação de do- nosa na divulgação.
cumentos estrangeiros com sobrenome imposto • Info 534, STJ. A pessoa jurídica de direito público
por lei estrangeira e diferente do que consta em

6
1 2 3 4 5 6

não tem direito à indenização por danos morais re- que o conteúdo exibido seja capaz de individualizar
lacionados à violação da honra ou da imagem. Não o ofendido. A obrigação de reparação decorre do
é possível pessoa jurídica de direito público plei- próprio uso indevido do direito personalíssimo,
tear, contra particular, indenização por dano moral não sendo devido exigir-se a prova da existência de
relacionado à violação da honra ou da imagem. prejuízo ou dano. O dano é a própria utilização in-
• Info 533, STJ. É possível determinar, no âmbito de devida da imagem. STJ. REsp 794586/RJ.
ação de interdição, a internação compulsória de
quem tenha acabado de cumprir medida socioedu- 2. Pessoas jurídicas (40 a 69, CC)
cativa de internação, desde que comprovado o pre-
40 41 42 43 44 45
enchimento dos requisitos para a aplicação da me-
dida mediante laudo médico circunstanciado, di- 46 47 48 49 50 51
ante da efetiva demonstração da insuficiência dos 52 53 54 55 56 57
recursos extra-hospitalares. 58 59 60 61 62 63
64 65 66 67 68 69
• Info 527, STJ. O STJ admite, a depender do caso
concreto, o chamado direito ao esquecimento.
• Info 516, STJ. O uso não autorizado da imagem de Teorias sobre a natureza jurídica
atleta em cartaz de propaganda de evento espor- Afirma que a PJ não é sujeito de direito.
tivo, ainda que sem finalidade lucrativa ou comer- Corrente Uma associação formada por um grupo
cial, enseja reparação por danos morais, indepen- negati- de indivíduos nada mais é que esses
dentemente da comprovação de prejuízo. Trata-se vista meros indivíduos considerados em seu
de hipótese de dano in re ipsa. conjunto (teoria da mera aparência).
PJ é sujeito com existência
• É possível alterar o registro de nascimento para Teoria da
ideal, fruto da técnica jurí-
nele fazer constar o nome de solteira da genitora, ficção
dica e desprovida de fun-
(Savigny)
excluindo o patronímico do ex-padrasto. STJ. 4ª ção social.
Turma. REsp 1072402-MG. Teoria da Contrapondo-se à anterior,
realidade entende que a PJ não é
• Ainda que se trate de pessoa pública, o uso não
objetiva fruto de ficção jurídica,
autorizado da sua imagem, com fins exclusiva- ou constituindo organismo
mente econômicos e publicitários, gera danos mo- Corrente
organiza- social vivo, com atuação
afirmati-
rais. Assim, a obrigação de indenizar, tratando-se cionista social. A PJ seria criada
vista (Beviláqua)
de direito à imagem, decorre do próprio uso inde- pela sociologia.
vido desse direito, não sendo necessário provar a Teoria da Intermediária entre as
realidade duas anteriores, afirma
existência de prejuízo. Trata-se de dano in re ipsa. técnica que a PJ tem existência
STJ. REsp 1102756-SP. ou jurí- real, embora seja criada
• Imagine a seguinte situação: marido e mulher se dica pelo Direito. Logo, tem
casaram e, no momento da habilitação do casa- (Ferrara) atuação social na condição
- 45, CC - de sujeito de direito.
mento, não requereram a alteração do nome. É
possível que, posteriormente, um possa acrescen-
tar o sobrenome do outro? SIM. É permitido incluir Desconsideração da personalidade jurídica
ao seu nome o sobrenome do outro, ainda que Origem
após a data da celebração do casamento. Vale res-
saltar, no entanto, que esse acréscimo terá que ser Inglaterra: Aaron Salomon vs Salomon Company.
feito por intermédio da ação de retificação de re- Conceito
gistros públicos, nos termos dos arts. 57 e 109 da
Afastamento temporário da personalidade da PJ,
LRP (Lei 6.015/73). Assim, não será possível a alte-
permitindo que os credores lesados possam satis-
ração pela via administrativa, mas somente em ju-
fazer os seus direitos no patrimônio pessoal do só-
ízo. STJ. REsp 910094-SC.
cio ou administrador que cometeu o ato abusivo
• A ofensa ao direito à imagem materializa-se com (superação episódica da personalidade jurídica =
a mera utilização da imagem sem autorização, lift the veil).
ainda que não tenha caráter vexatório ou que não
viole a honra ou a intimidade da pessoa, e desde

7
1 2 3 4 5 6

Desconsideração x Despersonalização privado criada por iniciativa de um particular (ou


um grupo de particulares) que decide separar um
Desconsideração Despersonalização patrimônio (dinheiro, imóveis etc.) e destiná-lo
Superação episódica da PJ, Extinção da PJ (caso do (afetá-lo) para que seja utilizado na realização de
em função de fraude, abuso MPSP x torcidas organi- determinada finalidade de interesse coletivo.
ou desvio de finalidade. zadas)
É temporária É permanente • Finalidades. Toda fundação tem finalidade ideal
(não lucrativa). A lista de finalidades está prevista
Jornadas de Direito Civil no § único do art. 62, em rol exemplificativo.
Enunciado 8, JDC – Art. 62, § único: a constituição
• Enunciado 7: Só se aplica a desconsideração da de fundação para fins científicos, educacionais ou
personalidade jurídica quando houver a prática de de promoção do meio ambiente está compreendida
ato irregular e, limitadamente, aos administrado- no CC, art. 62, § único.
res ou sócios que nela hajam incorrido. Enunciado 9, JDC – Art. 62, § único: o art. 62, §
• Enunciado 146: Nas relações civis, interpretam- único, deve ser interpretado de modo a excluir ape-
se restritivamente os parâmetros de desconsidera- nas as fundações com fins lucrativos.
ção da personalidade jurídica previstos no art. 50
(desvio de finalidade social ou confusão patrimo- É possível a instituição de fundação privada para o
nial). desempenho de atividades de “habitação de inte-
• Enunciado 281: A aplicação da teoria da descon- resse social”? NÃO. A nova redação do § único do
sideração, descrita no art. 50 do CC, prescinde da art. 62 termina no inciso IX. No entanto, a Lei
13.151/15 previa o inciso X dizendo que a fundação
demonstração de insolvência da pessoa jurídica.
poderia ser instituída para fins de “X - habitação de
• Enunciado 282: O encerramento irregular das
interesse social”. Esse inciso X foi vetado, sob o ar-
atividades da pessoa jurídica, por si só, não basta gumento de que a existência de fundações atuando
para caracterizar abuso da personalidade jurídica. no setor de habitação prejudicaria empresas ope-
• Enunciado 283: É cabível a desconsideração da ram no ramo imobiliário em regime de concorrên-
personalidade jurídica denominada "inversa" para cia.
alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurí- • CUIDADO: Embora a fundação possa alterar seu
dica para ocultar ou desviar bens pessoais, com estatuto, não pode alterar o fim para a qual foi
prejuízo a terceiros. constituída (isso porque o fim já foi definido
• Enunciado 284: As pessoas jurídicas de direito pelo instituidor, quando fez a dotação de
privado sem fins lucrativos ou de fins não-econômi- bens livres). Para alteração do estatuto, exige-se:
cos estão abrangidas no conceito de abuso da per- 1º. Deliberação por 2/3,
sonalidade jurídica. 2º. Não contrarie ou desvirtue o fim para a
• Enunciado 285: A teoria da desconsideração, pre- qual foi constituída,
vista no art. 50 do CC, pode ser invocada pela pes- 3º. Aprovação pelo MP em no máximo 45
soa jurídica, em seu favor. dias...
• Enunciado 406: A desconsideração da personali- ► Juiz pode suprir, se...
dade jurídica alcança os grupos de sociedade a. MP denegar,
quando estiverem presentes os pressupostos do b. Ultrapassar o prazo de 45 dias.
art. 50 do CC e houver prejuízo para os credores até
o limite transferido entre as sociedades. Entes despersonalizados
Jurisprudência MHD: “há entidades que não podem ser subsumi-
das ao regime legal das PJ do CC por lhes faltarem
• Membros do conselho fiscal de uma cooperativa
requisitos à subjetivação, embora possam agir
não podem ser atingidos pela desconsideração da
ativa ou passivamente. São entes que se formam
personalidade jurídica se não praticaram nenhum
independentemente da vontade dos seus mem-
ato de administração STJ. 3ª Turma. REsp 1766093-
bros ou em virtude de ato jurídico que vincula pes-
SP, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
soas físicas em torno de bens que lhes interessam,
12/11/2019 (Info 661).
sem lhes traduzir o affectio societatis, de onde se
Fundação infere que os grupos despersonalizados ou com
• Conceito. A fundação privada é uma PJ de direito personificação anômala constituem um conjunto
de direitos e obrigações, de pessoas e de bens sem
8
1 2 3 4 5 6

personalidade jurídica e com capacidade proces- passivo por força da desconsideração (STJ, Info
sual mediante representação.” 544).
• É possível a desconsideração inversa da persona-
Jurisprudência lidade jurídica sempre que o cônjuge ou compa-
• Pessoa jurídica ostenta direito da personalidade? nheiro empresário valer-se de PJ por ele contro-
Pode sofrer dano moral? SIM! lada, ou de interposta pessoa física, a fim de sub-
✓ Súmula 227, STJ: A PJ pode sofrer dano moral. trair do outro cônjuge ou companheiro direitos ori-
✓ Art. 52, CC: Aplica-se às PJ, no que couber, a undos da sociedade afetiva. A legitimidade p/ re-
proteção dos direitos da personalidade. querer essa desconsideração é daquele que foi le-
• A instauração de incidente de desconsideração sado por essas manobras, ou seja, do outro cônjuge
da personalidade jurídica não exige prova de ine- ou companheiro, sendo irrelevante o fato deste ser
xistência de bens do devedor (STJ, 08/05/2018). sócio da empresa (STJ, Info 533).
• Em caso de divórcio no qual se pede a desconsi-
deração inversa da PJ, deve-se incluir no polo pas- 3. Domicílio (70 a 78, CC)
sivo a pessoa que teria participado do conluio com 70 71 72 73 74 75
o cônjuge (STJ, 13/6/2017, Info 606). 76 77 78 79 80 81
• O art. 1.023 do CC, que trata da responsabilidade
subsidiária dos sócios da sociedade simples, não se
aplica às associações civis (STJ, 4/4/2017, Info 602).
• A autonomia das entidades desportivas não é ab-
soluta. O art. 59 do CC é compatível com a autono-
mia constitucional conferida aos clubes pelo art.
217, I, da CF/88. (STF, 07/02/2017, Info 853).
• As cooperativas possuem natureza jurídica de
"sociedades simples", conforme determina o art.
982, § único, do CC. Se uma cooperativa quiser se
transformar em uma sociedade empresária, ela
não precisará primeiro ser dissolvida e liquidada p/
depois ser constituída uma nova PJ (sociedade em-
presária). Isso pode ser feito direto, ou seja, ao
mesmo tempo em que a cooperativa deixa de exis-
tir, ela passa a ser uma sociedade empresária, per-
mitindo-se que ela mantenha o mesmo n° do CNPJ.
Enfim, a alteração no CNPJ da razão social de soci-
edade cooperativa que modificou sua forma jurí-
dica não exige o prévio cancelamento de sua auto-
rização para funcionar e de seu registro (STJ,
20/8/2015, Info 568).
• O encerramento das atividades ou dissolução da
sociedade, ainda que irregulares, não é causa, por
si só, para a desconsideração da personalidade ju-
rídica prevista no CC (STJ, 10/12/2014, Info 554).
• Em execução proposta pelo credor contra a em-
presa devedora, se o juiz determinar a desconside-
ração e a penhora dos bens dos sócios, a PJ tem le-
gitimidade p/ recorrer contra essa decisão, desde
que o recurso seja interposto c/ o objetivo de de-
fender sua autonomia patrimonial, isto é, a prote-
ção da sua personalidade. No recurso, a PJ não
pode se imiscuir indevidamente na esfera de direi-
tos dos sócios ou administradores incluídos no polo
9
1 2 3 4 5 6

Livro II - Bens

1. Diferentes classes de bens (79 a 103, CC)


79 80 81 82 83 84
85 86 87 88 89 90
91 92 93 94 95 96
97 98 99 100 101 102
103

Visão funcionalizada do bem público


• Nessa acepção, a ideia de funcionalização é ínsita
até à propriedade pública. A propriedade pública é,
de ordinário, funcionalizada à satisfação de um de-
terminado fim de interesse público, sem o que não
faria sentido cogitar do próprio domínio público.
• Esse conceito guarda relação com as noções...
• de Estado Gerencial;
• e de máximo aproveitamento dos recur-
sos públicos.

Jurisprudência correlata
• S. 619, STJ: A ocupação indevida de bem público
configura mera detenção de natureza precária in-
suscetível de retenção ou indenização por aces-
sões e benfeitorias.
• É possível reconhecer a usucapião do domínio útil
de bem público sobre o qual tinha sido, anterior-
mente, instituída enfiteuse, pois, nesta circunstân-
cia, existe apenas a substituição do enfiteuta pelo
usucapiente, não trazendo qualquer prejuízo ao Es-
tado. Precedentes. (AgInt no REsp 1642495/RO,
23/05/2017).
• Construção ou atividade irregular em bem de uso
comum do povo revela dano presumido à coletivi-
dade, dispensada prova de prejuízo em concreto”.
Senão vejamos: IV - A edificação particular está ir-
regularmente situada em bem de uso comum per-
tencente à União, lesando o direito da população
ao livre acesso à praia, fato que confi-
gura dano in re ipsa à coletividade, enseja o de-
ver de indenização à União independente-
mente da verificação de boa-fé do particular, e im-
põe a reparação do ilícito às custas do Recorrido.
(STJ, REsp 1681210/RN, 11/02/2019).

10
1 2 3 4 5 6

Livro III – Fatos jurídicos jurídico. Entre os defeitos, apenas a simulação


acarreta a nulidade.
1. Negócio jurídico (104 a 184, CC)
Erro
104 105 106 107 108 109
• Apenas o erro substancial acarreta a nulidade do
110 111 112 113 114 115
116 117 118 119 120 121 negócio jurídico.
122 123 124 125 126 127 Dolo
128 129 130 131 132 133
134 135 136 137 138 139 Gera anulabilidade. O dolo é essen-
Essencial
140 141 142 143 144 145 cial quando for a causa do NJ.
146 147 148 149 150 151 Obriga à satisfação de perdas e da-
Acidental
152 153 154 155 156 157 nos.
158 159 160 161 162 163
164 165 166 167 168 169 Coação
170 171 172 173 174 175 Promessa de mal grave que incute no paciente fun-
176 177 178 179 180 181 dado temor de dano iminente e considerável...
182 183 184 185 186 187
✓ À sua pessoa,
✓ À sua família,
Elementos do negócio jurídico
✓ Aos seus bens.
Essenciais ➔ Pessoa não pertencente à família: juiz
a) Agente capaz; decide.
b) Objeto lícito, possível, determinado ou de- Estado de perigo x Lesão
terminável.
Estado de perigo Lesão
c) Forma prescrita ou não defesa em lei
Art. 156, CC Art. 157, CC
Acidentais - Necessidade de salvar- - Premente necessidade
se ou a pessoa de sua ou inexperiência,
a) Condição: subordina os efeitos do NJ a
família, - assume prestação ma-
evento futuro e incerto. - de grave dano conhe- nifestamente despro-
b) Termo: se inicial, suspende o exercício cido pela outra parte porcional.
(não a aquisição) do direito, a evento fu- (aqui reside o dolo de Obs: não há dolo de
turo e certo. aproveitamento), aproveitamento.
c) Encargo: ônus imposto em ato de liberali- - assume obrigação ex-
dade. cessivamente onerosa.

Os elementos acidentais do negócio jurídico, con- Fraude contra credores


forme leciona Maria Helena Diniz são aqueles • Conceito
‘que as partes podem adicionar em seus negócios ✓ Vício que determina a anulação
para modificar uma ou algumas de suas conse- ✓ dos negócios gratuitos ou da remissão de
quências naturais’. Os elementos acidentais do ne- dívida
gócio jurídico não estão no plano da sua existência ✓ praticados pelo credor insolvente ou por
ou validade, mas no plano de sua eficácia, sendo a eles conduzido à insolvência,
sua presença até dispensável” (TARTUCE). E, ainda, ✓ a requerimento dos credores quirografá-
“além dos elementos estruturais e essenciais, que rios, bem como aqueles cuja garantia tor-
constituem requisitos de existência e de validade nou-se insuficiente.
do negócio jurídico, pode este conter outros ele- • Requisitos: eventus damni (sempre deve ser pro-
mentos meramente acidentais, introduzidos facul- vado) + concilium fraudis (pode ser presumido).
tativamente pela vontade das partes, não neces-
sários à sua existência. Aqueles são determinados
pela lei; estes dependem da vontade das partes”
(Carlos Roberto Gonçalves).

Defeitos do negócio jurídico


• Via de regra, geram a anulabilidade do negócio
11
1 2 3 4 5 6

Invalidade do negócio jurídico der familiar, sonegados no direito das su-


cessões);
Nulidade Anulabilidade
3. Ilícito invalidante (ex: vícios do consen-
1. Qualquer interes- 1. Só os interessados
Quem pode alegar

timento);
sado; podem alegar (art.
2. MP; 177, CC). Só aproveita 4. Ilícito autorizante (ex: desforço imedi-
3. Juiz (deve!). aos que alegarem, ato na defesa da posse).
salvo solidariedade e
indivisibilidade. Abuso de direito
• Juiz não pode su- • Admite confirmação A responsabilidade civil decorrente do abuso de di-
Vício é sanável?

prir; pelas partes;


reito independe de culpa. O art. 186 do CC con-
• Insuscetível de con- • Submete-se a prazo
firmação; decadencial de 4 tém uma cláusula geral de responsabilidade por
• Não convalesce anos p/ ser arguida. culpa, enquanto o art. 187 oferece uma cláusula
pelo decurso do geral de ilicitude de natureza objetiva. Enunciado
tempo. 37 da 1ª Jornada de Direito Civil: “A responsabili-
Art. 166 do CC: 1. Incapacidade rela- dade civil decorrente do abuso do direito inde-
1. Pessoa absolu- tiva;
pende de culpa e fundamenta-se somente no crité-
tamente incapaz 2. Defeitos do negó-
2. Objeto impossível, cio jurídico (com rio objetivo-finalístico”.
ilícito ou indeter- exceção da simula-
minado ção): 4. Prescrição e decadência (189 a 211, CC)
3. Motivo comum ilí- a. Erro
189 190 191 192 193 194
cito a ambas as b. Dolo (essencial)
partes c. Coação
195 196 197 198 199 200
4. Não revestir for- d. Estado de pe- 201 202 203 204 205 206
ma prescrita em rigo 207 208 209 210 211 212
lei e. Lesão
Hipóteses

5. Preterida soleni- f. Fraude contra Distinção proposta por Agnelo Amorim Filho
dade que a lei con- credores
sidera essencial à Prescrição Decadência
validade Extingue a pretensão. Extingue direito potes-
6. Objetivo de frau- tativo.
dar a lei impera- Admite renúncia... • É nula a renúncia à
tiva • Expressa ou tácita, decadência LEGAL.
7. Lei taxativamente
• Depois que a pres- • Admite-se a renúncia
declarar nulo ou
crição se consumar, à decadência CONVEN-
proibir-lhe a prá-
tica sem cominar • Sem prejuízo de 3°. CIONAL.
sanção Juiz pode reconhecer de Juiz só pode reconhe-
Art. 167 do CC: simu- ofício. cer de ofício a deca-
lação dência legal.
CUIDADO: Ambas têm efeitos retroativos (ex Submete-se a... Não se aplicam os ca-
tunc). Art. 182, CC. Anulado o negócio jurídico, a) Impedimentos, sos de impedimento,
Efeitos

restituir-se-ão as partes ao estado em que antes b) Suspensões, suspensão ou interrup-


se achavam, e, não sendo possível restituí-las, c) Interrupções. ção. Exceção: não
serão indenizadas com o equivalente.
corre contra absoluta-
mente incapazes.
2. Atos jurídicos lícitos (185, CC)
3. Atos jurídicos ilícitos (186 a 188, CC) Pretensões imprescritíveis
1. Relativas ao estado das pessoas;
186 187 188
2. Relacionadas a bens públicos;
“Eficácias do ato ilícito” 3. Decorrentes de condutas do período mili-
tar;
1. Ilícito indenizante: obriga à satisfação 4. Reparação de danos ambientais;
de perdas e danos; 5. Ressarcimento ao erário por ato doloso de
2. Ilícito caducificante (ex: perda do po- improbidade administrativa.

12
1 2 3 4 5 6

Jurisprudência
• A separação de fato por tempo razoável mitiga a
regra do art. 197, I, do CC, segundo a qual “não
corre a prescrição entre os cônjuges, na constância
da sociedade conjugal”. STJ. 3ª Turma. REsp
1660947-TO, Min. Moura Ribeiro, 05/11/2019 (Info
660).
• Tanto a prescrição como a decadência prorro-
gam-se para o 1° dia útil seguinte, quando o termo
final ocorre durante o recesso forense. Na hipó-
tese em que o Tribunal suspenda, por força de ato
normativo local, os atos processuais durante o re-
cesso forense, o termo final do prazo prescricional
que coincidir com data abrangida pelo referido re-
cesso prorroga-se para o 1° dia útil posterior ao tér-
mino deste. A Corte Especial do STJ uniformizou o
entendimento de que o prazo decadencial para o
ajuizamento da ação rescisória prorroga-se para o
primeiro dia útil seguinte, caso venha a findar no
recesso forense, sendo irrelevante a controvérsia
acerca da natureza do prazo para ajuizamento da
ação, se prescricional ou decadencial, pois, em
ambos os casos, o termo ad quem seria prorro-
gado (EREsp 667.672-SP). REsp 1.446.608-RS, Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, 21/10/2014.

5. Prova (212 a 232, CC)


212 213 214 215 216 217
218 219 220 221 222 223
224 225 226 227 228 229
230 231 232 233 234 235

Algumas regras importantes


1. A confissão é irrevogável, mas pode ser anu-
lada por erro de fato ou coação.
2. Escritura pública faz prova plena.
3. Livros e fichas do empresário...
a. Sempre provam CONTRA;
b. Provam A FAVOR se:
i. Escrituradas sem vício,
ii. Forem confirmadas por outros
subsídios.
4. Qualquer que seja o valor do NJ, a prova tes-
temunhal é admissível como subsidiária ou
complementar da prova por escrito.
5. Não podem ser testemunhas...
a. Menores de 16 anos;
b. Interessado, amigo ou inimigo;
c. CAD + Colateral até 3° grau.

13
1 2 3 4 5 6

PARTE ESPECIAL Obrigação in solidum


Aquela em que os devedores se encontram vincu-
Livro I – Obrigações lados ao mesmo fato, embora por liames distintos,
1. Modalidades (233 a 285, CC) sem solidariedade (ex: responsabilidade do incen-
diário e da seguradora em razão de um incêndio).
233 234 235 236 237 238
239 240 241 242 243 244 Obrigação natural ou degenerada
245 246 247 248 249 250
251 252 253 254 255 256 • Aquela que não é dotada de exigibilidade jurídica,
257 258 259 260 261 262 como a dívida prescrita e a dívida de jogo (882, CC).
263 264 265 266 267 268 • Gera o efeito jurídico da soluti retentio: o devedor
269 270 271 272 273 274 que paga não pode repetir aquilo que pagou.
275 276 277 278 279 280 • É hipótese de débito (schuld), sem responsabili-
281 282 283 284 285 286 dade (haftung).

Regra geral da responsabilidade nas obriga- 2. Transmissão (286 a 303, CC)


ções de dar coisa
286 287 288 289 290 291
1. Se existe CULPA do devedor, sempre ha-
292 293 294 295 296 297
verá perdas e danos.
298 299 300 301 302 303
2. Se não existe culpa do devedor, uma das 304 305 306 307 308 309
soluções é a resolução do negócio jurídico.
2.1. Cessão de crédito
Obrigação indivisível x Obrigação solidária
• Em regra, admite-se a cessão de crédito, salvo
Indivisível Solidária se a isso não se opuser...
Objeto da prestação é Resulta de... a) A natureza da obrigação,
coisa ou fato indivisí- 1. Lei
b) A lei
vel... 2. Vontade das par-
1. Por natureza, tes. c) A convenção com o devedor.
2. Por motivo de or- • Responsabilidade do cedente
dem econômica, a) REGRA: existência do crédito
3. Dada a razão de- b) Exceção: responde pela solvência do
terminante do NJ. devedor se assim estipulado.
O pagamento por um O pagamento por 1 dos
dos devedores gera credores não gera sub- 2.2. Assunção de dívida
sub-rogação. rogação, mas o direito
de exigir a cota parte. • Requer consentimento expresso do CREDOR.
Conversão em perdas e Convertendo-se a pres-
danos extingue a indivi- tação em perdas e da- 3. Adimplemento e extinção (304 a 388,
sibilidade (afinal, o nos, subsiste para todos CC)
objeto da prestação os efeitos a solidarie-
é que era indivisí- dade (afinal, ela é 304 305 306 307 308 309
vel). determinada por 310 311 312 313 314 315
lei ou pela vontade 316 317 318 319 320 321
das partes). 322 323 324 325 326 327
Pluralidade de credores Pluralidade de credores 328 329 330 331 332 333
• Cada um pode exigir a • Cada um pode exigir a 334 335 336 337 338 339
dívida toda (aqui, por- dívida toda (por deter- 340 341 342 343 344 345
que ela é indivisí- minação legal). 346 347 348 349 350 351
vel). • Devedor se desobriga 352 353 354 355 356 357
• Devedor se deso- pagando a qualquer
358 359 360 361 362 363
briga... credor.
1. Pagando a todos
364 365 366 367 368 369
conjuntamente, 370 371 372 373 374 375
2. Pagando a um, 376 377 378 379 380 381
com caução de ra- 382 383 384 385 386 387
tificação. 388 389 390 391 392 393
14
1 2 3 4 5 6

Formas de extinção das obrigações essa teoria, se a parte devedora cumpriu quase
tudo que estava previsto no contrato (ex: eram 48
(a) pagamento, (b) compensação, (c) confusão e
(d) remissão de dívida. prestações, e ela pagou 46), então, neste caso, a
parte credora não terá direito de pedir a resolução
a) Pagamento do contrato porque, como faltou muito pouco, o
• Regra da intangibilidade do pagamento (313, desfazimento do pacto seria uma medida exage-
CC): credor não é obrigado a receber presta- rada, desproporcional, injusta e violaria a boa-fé
ção diversa. objetiva.
• Regra da indivisibilidade do pagamento (314, Desse modo, havendo adimplemento substan-
CC): credor e devedor não podem ser obriga- cial (adimplemento de grande parte do contrato),
dos a receber/pagar por partes. o credor teria apenas uma opção: exigir do devedor
• Regra do nominalismo (315, CC): dívidas em o cumprimento da prestação (das prestações) que
dinheiro são pagas no vencimento, em moeda ficou (ficaram) inadimplida(s) e pleitear eventual
corrente pelo seu valor nominal. indenização pelos prejuízos que sofreu.
• Cláusula de escala móvel (316, CC): é lícito Veja o clássico conceito de Clóvis do Couto e
convencionar o aumento sucessivo de presta- Silva: adimplemento substancial “constitui um a-
ções sucessivas. dimplemento tão próximo ao resultado final, que,
• Regra da satisfação imediata (331, CC): salvo tendo-se em vista a conduta das partes, exclui-se o
disposição legal ou convencional em contrá- direito de resolução, permitindo-se tão somente o
rio, credor pode exigir o pagamento imediata- pedido de indenização e/ou adimplemento, de vez
mente. que a primeira pretensão viria a ferir o princípio da
boa-fé (objetiva)".
b) Compensação
A origem desta teoria remonta o Direito Inglês
Duas pessoas são, ao mesmo tempo, credoras e de-
do séc. XVIII, tendo lá recebido o nome de "subs-
vedoras uma da outra.
tancial performance".
c) Confusão A teoria do adimplemento substancial é aco-
Na mesma pessoa se confundem as qualidades de lhida pelo STJ?
credor e devedor.
SIM. Existem julgados adotando expressamente
d) Remissão de dívidas a teoria. Vale ressaltar, no entanto, que seu uso
• É o perdão da dívida. não pode ser banalizado a ponto de inverter a ló-
• Tem que ser aceito pelo devedor. gica jurídica de extinção das obrigações. O “nor-
Teoria do adimplemento substancial (DoD) mal” é que os contratos sejam cumpridos de forma
integral e regular. Diante disso, a fim de que haja
Num contrato, se uma parte descumpre a sua
critérios, o STJ afirma que são necessários três re-
obrigação, a parte credora terá, em regra, duas op-
quisitos para a aplicação da teoria:
ções:
a) a existência de expectativas legítimas gera-
1) poderá exigir o cumprimento da prestação
das pelo comportamento das partes;
que não foi adimplida; ou
b) o pagamento faltante há de ser ínfimo em se
2) pedir a resolução (“desfazimento”) do con-
considerando o total do negócio;
trato.
c) deve ser possível a conservação da eficácia
Além disso, tanto em um caso como no outro,
do negócio sem prejuízo ao direito do credor
ela poderá também pedir o pagamento de eventu-
de pleitear a quantia devida pelos meios or-
ais perdas e danos que comprove ter sofrido. Isso
dinários. STJ. REsp 1581505/SC, 18/08/2016.
está previsto no art. 475 do Código Civil:
Art. 475. A parte lesada pelo inadimple- 4. Inadimplemento (389 a 420, CC)
mento pode pedir a resolução do con- 389 390 391 392 393 394
trato, se não preferir exigir-lhe o cum- 395 396 397 398 399 400
primento, cabendo, em qualquer dos
401 402 403 404 405 406
casos, indenização por perdas e danos.
407 408 409 410 411 412
A teoria do adimplemento substancial tem por 413 414 415 416 417 418
objetivo mitigar o que foi explicado acima. Segundo 419 420 421 422 423 424
15
1 2 3 4 5 6

4.1. Cláusula penal condenar a construtora ao pagamento da


multa e mais os lucros cessantes (valor do alu-
Conceito
guel)? Não. A cláusula penal moratória tem a
• Cláusula penal é...
finalidade de indenizar pelo adimplemento
✓ uma cláusula do contrato
tardio da obrigação, e, em regra, estabelecida
✓ ou um contrato acessório ao principal
em valor equivalente ao locativo, afasta-se
✓ em que se estipula, previamente, o valor
sua cumulação com lucros cessantes. STJ.
da indenização que deverá ser paga
REsp 1.498.484, Min. Luis Felipe Salomão,
✓ pela parte contratante que não cumprir,
22/05/2019 (rec. repet.) (Info 651).
culposamente, a obrigação.
• Também pode ser chamada de multa convencio- 4.2. Arras ou sinal
nal, multa contratual ou pena convencional. Conceito
Espécies Quando duas pessoas celebram um contrato, é
possível que elas combinem que uma delas irá pa-
Moratória Compensatória gar à outra um valor em dinheiro (ou em outro
Estipulada para desestimu- Estipulada para servir bem fungível) como forma de:
lar o devedor a incorrer em como indenização no
mora ou para evitar que caso de total inadim-
• demonstrar que irá cumprir a obrigação no
deixe de cumprir determi- plemento da obriga- momento em que chegar o dia do vencimento; ou
nada cláusula especial da ção principal. • como uma espécie de valor que será perdido
obrigação principal. É a co- caso ela queira desistir do negócio.
minação contratual de uma P/ Sílvio Rodrigues, as arras constituem a impor-
multa para o caso de mora.
tância em dinheiro ou a coisa dada por um contra-
Finalidade: para uns, funci- Funciona como uma
ona como punição pelo prefixação das per- tante ao outro, por ocasião da conclusão do con-
atraso no cumprimento da das e danos. trato, c/ o escopo de firmar a presunção de acordo
obrigação. Para outros auto- final e tornar obrigatório o ajuste; ou ainda, excep-
res, teria uma função apenas cionalmente, c/ o propósito de assegurar, p/ cada
de inibir o descumprimento
um dos contratantes, o direito de arrependimento.
e indenizar os prejuízos (não
teria finalidade punitiva). As arras só existem em contratos bilaterais
Aplicada p/ o caso de ina- Aplicada p/ o caso de (obrigações para ambas as partes) que tenham por
dimplemento relativo. inadimplemento ab- objetivo transferir a propriedade de alguma coisa.
soluto. Possuem natureza de contrato acessório.
Ex: em uma promessa de Ex: num contrato p/
compra e venda de um apar- que um cantor faça
tamento, é estipulada multa um show, é estipu-
para o caso de atraso na en- lada uma multa de
trega. 100 mil reais caso ele
não se apresente.
Art. 411. Quando se estipu- Art. 410. Quando se
lar a cláusula penal p/ o caso estipular a cláusula
de mora, ou em segurança penal para o caso de
especial de outra cláusula total inadimplemento
determinada, terá o credor o da obrigação, esta
arbítrio de exigir a satisfação converter-se-á em al-
da pena cominada, junta- ternativa a benefício
mente com o desempenho do credor.
da obrigação principal.
Obrigação principal Obrigação principal
+ ou
Multa Multa
✓ CLÁUSULA PENAL MORATÓRIA. Em caso de
atraso na entrega do imóvel, é possível a cu-
mulação da indenização por lucros cessantes
com a cláusula penal moratória? Será possível

16
1 2 3 4 5 6

Espécies
Confirmatórias Penitenciais
São previstas no con- São previstas no contrato
trato com o objetivo de c/ o objetivo de permitir
reforçar, incentivar que as partes possam de-
que as partes cum- sistir da obrigação e, se
pram a obrigação com- isso ocorrer, o valor das ar-
binada. ras penitenciais já funcio-
nará como sendo as per-
das e danos.
É a regra. Ocorre quando o contrato
estipula arras, mas tam-
bém prevê o direito de ar-
rependimento.
Se as partes cumprirem as obrigações contratuais,
as arras serão devolvidas para a parte que as havia
dado. Poderão também ser utilizadas como parte do
pagamento.
Se a parte que deu as Se a parte que deu as arras
arras não cumprir o decidir não cumprir o con-
contrato: a parte ino- trato (exercer seu direito
cente poderá reter as de arrependimento): ela
arras. perderá as arras dadas.
Se a parte que recebeu Se a parte que recebeu as
as arras não executar o arras decidir não cumprir o
contrato: a parte ino- contrato (exercer seu di-
cente poderá exigir a reito de arrependimento):
devolução das arras deverá devolver as arras
mais o equivalente. mais o equivalente.
Além das arras, a parte As arras penitenciais têm
inocente poderá pedir: função unicamente inde-
• indenização suple- nizatória. Significa que a
mentar, se provar parte inocente ficará ape-
maior prejuízo, valendo nas com o valor das arras
as arras como taxa mí- (e do equivalente) e NÃO
nima; terá direito a indenização
• a execução do con- suplementar ¹.
trato, com as perdas e
danos, valendo as arras
como o mínimo da in-
denização.
¹ Súmula 412-STF: No compromisso de compra e
venda com cláusula de arrependimento, a devolu-
ção do sinal, por quem o deu, ou a sua restituição
em dobro, por quem o recebeu, exclui indenização
maior, a título de perdas e danos, salvo os juros
moratórios e os encargos do processo).

17
1 2 3 4 5 6

5. Contratos em geral (421 a 480, CC) e) Estoppel: está relacionado com o direito inter-
nacional público. Trata-se de uma proibição do
421 422 423 424 425 426
comportamento contraditório em relação aos atos
427 428 429 430 431 432
de soberania. Estado não pode invocar uma causa
433 434 435 436 437 438
de anulabilidade, de extinção ou de suspensão de
439 440 441 442 443 444
um tratado se, após tomar conhecimento dos fa-
445 446 447 448 449 450
451 452 453 454 455 456 tos, tiver aceitado expressamente que o tratado é
457 458 459 460 461 462 válido ou continua em execução.
463 464 465 466 467 468 e) Duty to mitigate the loss – é o dever de miti-
469 470 471 472 473 474 gar o próprio prejuízo. É o dever que a vítima de um
475 476 477 478 479 480 evento danoso tem de evitar o agravamento do
próprio prejuízo.
Princípios contratuais
2. Força obrigatória (pacta sunt servanda)
1. Boa-fé
3. Liberdade, do qual decorre a autonomia pri-
Institutos correlatos
vada
a) Supressio (verwirkung) – é a supressão/perda
de um direito pelo seu não exercício no tempo, ou 4. Relatividade dos efeitos contratuais
seja, a falta de exercício de um direito gera a expec- 5. Conservação dos negócios jurídicos
tativa no outro de que o seu titular o tenha aban-
donado. É a interpretação da boa-fé objetiva + Vício Redibitório
abuso de direito. Ex. Art. 330. O pagamento reite- • O que é vício redibitório? Vício ou defeito oculto
radamente feito em outro local faz presumir renún- que torna a coisa imprópria para o uso a que se
cia do credor (supressio) relativamente ao previsto destina ou lhe diminui o valor.
no contrato. Para o credor ocorreu supressio, para • Ocorre nos contratos comutativos [aqueles que
o devedor ocorreu surrectio. Ex. Art. 330.CCB têm prestações certas e determinadas] e nas doa-
MPMS/2018: A aplicação dos institutos ções onerosas.
da supressio e da surrectio constituem figu- • A parte pode...
ras concomitantes, podendo ser comparadas a) Enjeitar a coisa
como verso e reverso da mesma moeda. b) Reclamar abatimento no preço (ação quanti
minoris).
b) Surrectio (erwirkung) – é o contrário da su-
pressio. É o surgimento de um direito em razão de • Prazos
Móvel 30 dias A partir da
uma conduta tolerada no tempo pelo outro contra-
Imóvel 1 ano entrega efetiva
tante. REGRA
Se já na posse, prazos reduzem da metade,
c) Venire contra factum proprium (exercício contando-se desde a alienação.
inadmissível da posição jurídica) – proibição do
comportamento contraditório (doutrina dos atos Móvel 180 dias ...da ciência, se
próprios): é a regra pela qual uma pessoa não pode vício só puder ser
Exceção
alterar seu comportamento/posição na relação ju- Imóvel 1 ano conhecido mais
rídica, procurando obter um ganho e prejudicando tarde.
a outra parte. Assim, se o agente tem um compor- Obs. comum: os prazos não correm no período de
tamento em um determinado sentido, não pode garantia, mas o adquirente deve denunciar o de-
depois agir no sentido oposto. Ex.: art. 180 do CC. feito nos 30 dias seguintes ao seu descumpri-
d) Tu quoque – é a regra que impede uma pessoa mento, sob pena de decadência.
de se beneficiar do descumprimento de uma
norma jurídica por ela própria (geral ou individual). Evicção (447 a 457, CC)
O tu quoque deriva da regra pela qual ninguém • O que é a evicção? A evicção ocorre quando:
pode se valer da própria torpeza / da proibição de ➢ a pessoa que adquiriu um bem
uma pessoa se beneficiar do locupletamento ilícito. ➢ perde a posse ou a propriedade desta coisa,
➢ em razão de uma decisão judicial ou de um
ato administrativo
18
1 2 3 4 5 6

➢ que reconhece que um terceiro possuía di- 6. Contratos em espécie (481 a 853, CC)
reitos anteriores sobre este bem
481 482 483 484 485 486
➢ de modo que ele não poderia ter sido alie- 487 488 489 490 491 492
nado. 493 494 495 496 497 498
• Ocorre nos contratos onerosos. 499 500 501 502 503 504
• Tradicionalmente, afirma-se que a evicção ocorre 505 506 507 508 509 510
diante da perda da coisa. No entanto, a Min. Nancy 511 512 513 514 515 516
Andrigui explica que a evicção não se configura 517 518 519 520 521 522
523 524 525 526 527 528
apenas com a “perda da coisa” em si, mas sim com
529 530 531 532 533 534
a privação de um direito que incide sobre a coisa.
535 536 537 538 539 540
Esse direito pode ser não apenas sobre a proprie- 541 542 543 544 545 546
dade, mas também sobre a posse. Assim, ocorre a 547 548 549 550 551 552
evicção quando há privação do direito de proprie- 553 554 555 556 557 558
dade ou de posse sobre a coisa. E essa privação 559 560 561 562 563 564
pode ser total ou parcial. Daí a INCORREÇÃO do 565 566 567 568 569 570
571 572 573 574 575 576
enunciado cobrado no MPMS/18: “O direito de de-
577 578 579 580 581 582
mandar pela evicção supõe, necessariamente, a
583 584 585 586 587 588
perda da coisa adquirida em contrato oneroso, por 589 590 591 592 593 594
força de decisão judicial”. 595 596 597 598 599 600
601 602 603 604 605 606
Extinção do contrato 607 608 609 610 611 612
Terminologias 613 614 615 616 617 618
619 620 621 622 623 624
a) Resolução: inadimplemento. 625 626 627 628 629 630
b) Rescisão: invalidade (anulabilidade/nuli- 631 632 633 634 635 636
dade). 637 638 639 640 641 642
c) Resilição: ato de vontade, unilateral (nos 643 644 645 646 647 648
casos previstos em lei) ou bilateral (dis- 649 650 651 652 653 654
655 656 657 658 659 660
trato).
661 662 663 664 665 666
De acordo com o CC: 667 668 669 670 671 672
673 674 675 676 677 678
a) Distrato
679 680 681 682 683 684
b) Cláusula resolutiva
685 686 687 688 689 690
c) Exceção de contrato não cumprido
691 692 693 694 695 696
d) Resolução por onerosidade excessiva 697 698 699 700 701 702
703 704 705 706 707 708
Resolução por onerosidade excessiva
709 710 711 712 713 714
Teoria da imprevisão x teoria da base objetiva 715 716 717 718 719 720
721 722 723 724 725 726
Resolução por one- Teoria da base
727 728 729 730 731 732
rosidade excessiva objetiva do negócio
733 734 735 736 737 738
Surgida na França, no Surgida na Alemanha, tam- 739 740 741 742 743 744
pós 1ª Guerra. bém no pós 1ª Guerra. 745 746 747 748 749 750
É uma teoria subjetiva. É uma teoria objetiva. 751 752 753 754 755 756
Prevista no art. 478 do Prevista no art. 6º, V do 757 758 759 760 761 762
CC. CDC. 763 764 765 766 767 768
Exige a imprevisibili- Dispensa a imprevisibili- 769 770 771 772 773 774
dade e a extraordinari- dade e o caráter extraordi- 775 776 777 778 779 780
edade do fato superve- nário dos fatos superveni- 781 782 783 784 785 786
niente. entes. 787 788 789 790 791 792
Somente exige um fato su- 793 794 795 796 797 798
perveniente que rompa a 799 800 801 802 803 804
base objetiva. 805 806 807 808 809 810
Exige a extrema vanta- Não exige esta condi- 811 812 813 814 815 816
gem para o credor. ção. 817 818 819 820 821 822
19
1 2 3 4 5 6

823 824 825 826 827 828 • Impõe ao comprador a obrigação de


829 830 831 832 833 834 Preempção oferecer ao vendedor a coisa que aquele
835 836 837 838 839 840 ou vai vender ou dar em pagamento.
841 842 843 844 845 846 preferência • Prazo: 180 dias (móvel) / 2 anos (imó-
847 848 849 850 851 852 vel).
853 854 855 856 857 858 • Vendedor reserva para si a proprie-
dade da coisa vendida até o pagamento
Venda com
6.1. Compra e venda reserva de
integral do preço.
• Só bem móvel.
• Contrato pelo qual uma pessoa se obriga a trans- domínio
• Por escrito, dependendo de registro
ferir o domínio de certa coisa e a outra a pagar-lhe
para valer contra terceiros.
certo preço em dinheiro ($). • A tradição da coisa é substituída pela
Venda so-
• É anulável a venda de ascendente a descen- entrega do seu título representativo e
bre docu-
dente, salvo consentimento... dos outros documentos exigidos pelo
mentos
✓ expresso, contrato ou, no silêncio dele, pelos usos.
✓ dos outros descendentes e do cônjuge (salvo
se o regime for o de separação obrigatória). 6.2. Troca ou permuta
➔ Deve-se fazer uma interpretação sistemá-
tica do dispositivo que impõe anulabilidade na 6.3. Contrato estimatório (Consignação)
compra e venda de ascendente p/ descen- • Pelo contrato estimatório, o consignante entrega
dente, pois tal dispositivo não contempla ex- bens móveis ao consignatário, que fica autorizado
pressamente o prazo para propositura da re- a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado,
ferida ação. Por se tratar de ação desconstitu- salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-
tiva (anulação) o prazo é decadencial e não lhe a coisa consignada.
prescricional. Pois bem, preceitua o art. 179
do CC que o quando a lei não dispuser de outra 6.4. Doação
forma, o prazo para anular um negócio é de 2
• Contrato em que uma pessoa, por liberalidade,
anos, a contar da conclusão do ato.
transfere do seu patrimônio bens ou vantagens
➔ O prazo para se anular a venda de ascen-
para o de outra.
dente para descendente sem que os outros te-
nham consentido é de 2 anos; esse mesmo • Instrumentos:
prazo se aplica caso o ascendente tenha se 1. Escritura pública
utilizado de uma interposta pessoa (“la- 2. Instrumento particular
ranja”) para efetuar essa venda. STJ. 3ª Turma. 3. Verbal – requisitos:
REsp 1679501-GO, Min. Nancy Andrighi, a. Bens móveis,
10/03/2020 (Info 667). b. Pequeno valor,
• É lícita a compra e venda entre cônjuges, com c. Incontinenti tradição.
relação a bens excluídos da comunhão. • Doação a incapaz dispensa aceitação se for pura.
• Cláusula de reversão:
Cláusulas especiais da compra e venda 1. Em favor do próprio donatário: admite-se!
2. Em favor de terceiro: não é admitida.
• Recobrar coisa imóvel,
• No prazo (decadencial) de 3 anos,
• Anulação da doação do cônjuge adúltero ao seu
Retrovenda • Restituindo preço + despesas + benfei- cúmplice...
torias necessárias. ✓ Legitimidade: outro cônjuge e herdeiros ne-
• É cessível e transmissível a terceiros. cessários.
• Presumem-se feitas sob condição sus- ✓ Prazo: até 2 anos depois de dissolvida a soci-
pensiva... edade conjugal.
a) a contento: até que o comprador
A contento
! MP pode exigir a execução dos encargos
manifeste seu agrado;
/ sujeita a
prova
b) sujeita a prova: de que a coisa tenha
a qualidade assegurada. da doação, quando forem de interesse geral,
• Até o aceite, comprador é tratado depois da morte do doador, se ele não tiver feito.
como mero comodatário.

20
1 2 3 4 5 6

6.5. Locação de coisas da taxa efetiva anual contratada.


• Contrato pelo qual uma das partes se obriga a ce- • É possível entre particulares;
der à outra... • Sempre depende de expressa pactuação;
✓ por tempo determinado ou não, • PERIODICIDADE...
✓ o uso e gozo de coisa não fungível, a) Anual: Sempre foi permitida para to-
✓ mediante certa retribuição. dos os contratos;
• Locação de imóveis urbanos: Lei 8.245/91. b) Inferior a 1 ano:
✓ A inércia do locador em exigir o reajuste - só nos contratos bancários,
dos aluguéis por longo período de tempo - basta a previsão de taxa anual mais
elevada que a soma das taxas duode-
suprime o direito à cobrança de valores
cimais.
pretéritos, mas não impede a atualização
dos aluguéis a partir da notificação extraju-
6.7. Prestação de serviço
dicial encaminhada ao locatário. STJ. 3ª
Turma. REsp 1803278-PR, Min. Ricardo Vil- • O CC disciplina a prestação de serviços que não
las Bôas Cueva, 22/10/2019 (Info 659). estiver sujeita às leis trabalhistas.
✓ O prazo para o fiador exonerar-se da fiança • Prazo máximo = 4 anos (sem exceção).
inicia-se do efetivo conhecimento da sub-
locação, ainda que a ciência não ocorra 6.8. Empreitada
pela comunicação do locatário sub-rogado. • Pode ser de trabalho ou de trabalho + materiais.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.510.503-ES, Rel. Acd. • Não há subordinação entre o dono da obra e o
Min. Nancy Andrighi, 05/11/2019 (Info empreiteiro.
660). • Manifestação da teoria da imprevisão no con-
✓ A ação de despejo não exige a formação de trato de empreitada: Art. 625, II, CC: Poderá o em-
litisconsórcio ativo necessário. STJ. 3ª preiteiro suspender a obra: [...] II - quando, no de-
Turma. REsp 1737476-SP, Min. Nancy An- correr dos serviços, se manifestarem dificuldades
drighi, 04/02/2020 (Info 664). imprevisíveis de execução, resultantes de causas
geológicas ou hídricas, ou outras semelhantes, de
6.6. Empréstimo modo que torne a empreitada excessivamente
2 Espécies: onerosa, e o dono da obra se opuser ao reajuste
do preço inerente ao projeto por ele elaborado,
Comodato Mútuo
observados os preços.
Gratuito Gratuito ou oneroso
• Em regra, empreitada não é intuitu personae:
(feneratício).
morte de qualquer das partes não extingue o con-
Coisas infungíveis Coisas fungíveis: trans-
trato, salvo se ajustado em consideração às quali-
fere o domínio da coisa
emprestada, devendo o dades do empreiteiro.
mutuário restituir coisa
do mesmo gênero, qua- 6.9. Depósito
lidade e quantidade. 2 Espécies:
Capitalização de juros (Anatocismo) Voluntário Necessário
Depositário recebe um É necessário o que se
• S. 539, STJ. É permitida a capitalização de juros objeto móvel, para faz...
com periodicidade inferior à anual em contra- guardar, até que o de- a) em desempenho de
tos celebrados com instituições integrantes do positante o reclame. obrigação legal;
Sistema Financeiro Nacional a partir de b) por ocasião de al-
31/3/2000 (MP n. 1.963-17/2000, reeditada guma calamidade.
como MP n. 2.170-36/2001), desde que ex- Em regra é gratuito, Não se presume gra-
salvo (i) convenção em tuito.
pressamente pactuada.
contrário; (ii) se resultar
• S. 541, STJ. A previsão no contrato bancário de de atividade negocial;
taxa de juros anual superior ao duodécuplo da (iii) se depositário o pra-
mensal é suficiente para permitir a cobrança ticar por profissão.

21
1 2 3 4 5 6

6.10. Mandato 6.13. Corretagem


• Contrato pelo qual alguém recebe poderes de ou- • Pelo contrato de corretagem, uma pessoa, não li-
trem para, em seu nome, praticar atos ou adminis- gada a outra em virtude de mandato, de prestação
trar interesses. de serviços ou por qualquer relação de dependên-
• Pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito. cia, obriga-se a obter para a segunda um ou mais
• Pessoa com idade entre 16 e 18 anos não eman- negócios, conforme as instruções recebidas.
cipada pode ser mandatária. • INFO 640, STF. É devida a comissão de correta-
• A procuração que estabelece poderes para alie- gem ainda que o resultado útil da intermediação
nar "quaisquer imóveis localizados em todo o terri- imobiliária seja negócio de natureza diversa da ini-
tório nacional" não atende aos requisitos do art. cialmente contratada.
661, § 1º, do CC/2002, que exige poderes especiais
6.14. Transporte
e expressos para tal desiderato. STJ. 3ª Turma. REsp
1814643-SP, Min. Nancy Andrighi, 22/10/2019 • Contrato pelo qual alguém se obriga...
(Info 660). ✓ mediante retribuição,
✓ a transportar de um lugar para outro
6.11. Comissão ✓ pessoas ou coisas.
• É o contrato que tem por objeto... • INFO 640, STJ. Mesmo que o transportador não
✓ a aquisição ou a venda de bens pelo COMIS- tenha exigido, durante longo período de tempo, o
SÁRIO, pagamento antecipado do pedágio, não perde o di-
✓ em seu próprio nome, reito de exigir essa quantia (inocorrência de su-
✓ à conta do COMITENTE. pressio). A dobra do frete, sanção aplicável àquele
• Como age em seu próprio nome, é o COMISSÁ- que não paga ao transportador o valor do pedágio,
RIO quem se obriga. não pode ser suprimida nem modificada por
• Em regra, o comissário não responde pela in- acordo entre as partes, por tratar-se de sanção le-
solvência das pessoas com quem contratar, gal de natureza cogente.
salvo... 6.15. Seguro
a) em caso de culpa,
• Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga,
b) previsão da cláusula del credere: comissá-
mediante o pagamento do prêmio, a garantir in-
rio responde solidariamente com as pessoas
teresse legítimo do segurado, relativo a pessoa
com quem houver tratado, fazendo jus a re-
ou a coisa, contra riscos predeterminados.
muneração mais elevada (salvo estipulação
• Princípios especificamente referidos pelo CC:
em contrário).
a) Boa-fé,
6.12. Agência e distribuição b) Veracidade.

Pelo contrato de agência, uma Seguro de dano e seguro de pessoa


pessoa assume, em caráter não
eventual e sem vínculos de de- Seguro de dano Seguro de pessoa
pendência, a obrigação de pro- A garantia não pode ul- Premissa: o interesse
Agência
mover, à conta de outra, medi- trapassar o valor do inte- segurado não tem ca-
ante retribuição, a realização resse segurado (no mo- ráter patrimonial.
de certos negócios, em zona mento da conclusão do Logo:
determinada. negócio). a) O capital segurado é li-
Caracteriza-se quando o agente ti- A indenização não pode vremente estipulado;
Distribuição ver à sua disposição a coisa a ser ultrapassar o valor do in- b) proponente pode con-
negociada. teresse segurado no mo- tra mais de um seguro
mento do sinistro. sobre o mesmo inte-
• Há presunção de exclusividade mútua: resse, com o mesmo ou
a) Proponente não pode constituir mais de diversos seguradores.
um agente; Paga a indenização, o se- O segurador não pode
b) Agente não pode tratar de negócios do gurador sub-roga-se nos sub-rogar-se nos direitos
mesmo gênero. direitos e ações que e ações do segurado ou
• Regência supletiva das regras do mandato e da competirem ao segurado do beneficiário, contra o
contra o autor do dano. causador do sinistro.
comissão.
22
1 2 3 4 5 6

• Súmula 632, STJ: Nos contratos de seguro regidos gurado embriagado. A garantia de responsabili-
pelo Código Civil, a correção monetária sobre a in- dade civil não visa apenas proteger o interesse eco-
denização securitária incide a partir da contratação nômico do segurado tendo, também como objetivo
até o efetivo pagamento. preservar o interesse dos terceiros prejudicados. O
• Súmula 610, STJ: O suicídio não é coberto nos 2 seguro de responsabilidade civil se transmudou
primeiros anos de vigência do contrato de seguro após a edição do CC/2002, de forma que deixou de
de vida, ressalvado o direito do beneficiário à de- ser apenas uma forma de reembolsar as indeniza-
volução do montante da reserva técnica formada. ções pagas pelo segurado e passou a ser também
um meio de proteção das vítimas, prestigiando,
➔ É cabível a modulação dos efeitos do en-
assim, a sua função social.
tendimento da Súmula 610 do STJ no caso de
suicídio que tenha ocorrido ainda na vigência Em resumo:
do entendimento anterior, previsto nas Sú- ✓ Contrato pode prever a exclusão da cober-
mulas 105 do STF e 61 do STJ (o critério era o tura securitária em caso de embriaguez do
da premeditação: a) se o suicídio foi premedi- segurado.
tado: não cabe indenização; b) se o suicídio ✓ Mas essa cláusula é ineficaz contra tercei-
ros: a seguradora deve indenizar a vítima
não foi premeditado: cabe indenização). STJ.
inocente e depois, regressivamente, buscar
3ª Turma. REsp 1721716-PR, Min. Nancy An-
o ressarcimento em face do segurado cau-
drighi, 10/12/2019 (Info 662).
sador do dano.
• Súmula 537, STJ: Em ação de reparação de danos,
• A cláusula de não renovação do seguro de vida,
a seguradora denunciada, se aceitar a denunciação
quando constituiu faculdade conferida a ambas as
ou contestar o pedido do autor, pode ser conde-
partes do contrato, assim como a de reajuste do
nada, direta e solidariamente junto com o segu-
prêmio com base na faixa etária do segurado, me-
rado, ao pagamento da indenização devida à ví-
diante prévia notificação, não configuram abusivi-
tima, nos limites contratados na apólice.
dade. STJ. 4ª Turma. REsp 1769111-RS, Min. Luis
• INFO 640, STJ. É abusiva a exclusão do seguro de Felipe Salomão, 10/12/2019 (Info 665).
acidentes pessoais em contrato de adesão p/ as hi-
póteses de: a) gravidez, parto ou aborto e suas con- • Em regra, é válida a cláusula de reajuste por faixa
sequências; b) perturbações e intoxicações alimen- etária em contrato de seguro de vida. Essa cláusula
tares de qualquer espécie; e c) todas as intercor- somente não será válida nos casos em que o con-
rências ou complicações consequentes da realiza- trato já tenha previsto alguma outra técnica de
ção de exames, tratamentos clínicos ou cirúrgicos. compensação do “desvio de risco” dos segurados
idosos, como nos casos de constituição de reserva
• INFO 640, STJ. A seguradora não pode recusar a
técnica para esse fim, a exemplo dos seguros de
contratação de seguro a quem se disponha a
vida sob regime da capitalização (em vez da repar-
pronto pagamento se a justificativa se basear uni-
tição simples). STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp
camente na restrição financeira do consumidor
632992/RS, Min. Maria Isabel Gallotti, 19/03/2019.
junto a órgãos de proteção ao crédito.
STJ. 3ª Turma. REsp 1816750-SP, Min. Paulo de
• IMPORTANTE. INFO 639, STJ. A cláusula que ex- Tarso Sanseverino, 26/11/2019 (Info 663).
clui a cobertura securitária para o caso de acidente
de trânsito é ineficaz perante terceiros. No con- 6.16. Constituição de renda
trato de seguro de automóvel, é lícita a cláusula • Contrato pelo qual uma pessoa se obriga para
que exclui a cobertura securitária para o caso de o com outra a uma prestação periódica, a título
acidente de trânsito (sinistro) ter sido causado em gratuito.
decorrência da embriaguez do segurado. No en-
tanto, esta cláusula é ineficaz perante terceiros 6.17. Fiança
(garantia de responsabilidade civil). Isso significa • Contrato pelo qual uma pessoa garante satisfazer
que, mesmo que contrato preveja a exclusão da co- uma obrigação assumida pelo devedor, caso este
bertura em caso de embriaguez do segurado, a se- não a cumpra.
guradora será obrigada a indenizar a vítima (ter- • Contrato escrito.
ceiro) caso o acidente tenha sido causado pelo se- • Não admite interpretação extensiva: logo, não
abrange acessórios e honorários advocatícios.
23
1 2 3 4 5 6

• Pode ser estipulada sem o consentimento do de- Multifuncionalidade da responsabilidade ci-


vedor ou mesmo contra a sua vontade. vil
• Como regra, fiador tem benefício de ordem.
a) Função punitiva: punir o causador do
6.18. Transação dano.
b) Função reparatória: dever de reparação
• Contrato pelo qual os interessados previnem ou
integral do dano.
terminam litígio envolvendo direitos patrimoni-
c) Função pedagógica/preventiva: desesti-
ais privados, mediante concessões mútuas.
mular novas violações.
• Interpreta-se restritivamente.
• Pela transação, não se transmitem direitos: Teoria do desestímulo (punitive damages)
apenas se reconhece ou declara.
• Visa imputar uma indenização pecuniária ao
• Relatividade: a transação não aproveita nem
ofensor, capaz de puni-lo pelo ato ilícito praticado,
prejudica quem não interveio, ainda que diga res-
visando assim inibir a repetição da conduta danosa
peito a coisa indivisível.
e ainda servir de exemplo para a sociedade, atu-
• A nulidade de uma única cláusula acarreta a nuli-
ando como uma ferramenta preventiva contra o
dade de TODA a transação.
cometimento de atos ilícitos.
6.19. Compromisso • Vem ganhando adeptos na doutrina e na jurispru-
dência, mas ainda não se pode falar que se trata de
• É o acordo de vontades em que as partes, prefe-
uma teoria amplamente aceita nos Tribunais, so-
rindo não se submeter à decisão judicial, confiam a
bretudo no que diz respeito à tutela individual.
árbitros a solução de seus conflitos de interesse, de
• EXEMPLO RECENTE EM QUE SE PODE VISLUM-
cunho patrimonial.
BRAR A APLICAÇÃO DA TEORIA (ainda que não te-
7. Atos unilaterais (854 a 886, CC) nha sido expressamente referida no julgado):
DANO MORAL COLETIVO. O descumprimento da lei
854 855 856 857 858 859
municipal que estabelece parâmetros para a ade-
860 861 862 863 864 865
quada prestação do serviço de atendimento pre-
866 867 868 869 870 871
sencial em agências bancárias é capaz de configu-
872 873 874 875 876 877
rar dano moral de natureza coletiva. A violação aos
878 879 880 881 882 883
884 885 886 887 888 889 deveres de qualidade do atendimento presencial,
exigindo do consumidor tempo muito superior aos
8. Responsabilidade civil (927 a 954) limites fixados pela legislação municipal perti-
nente, afronta valores essenciais da sociedade,
927 928 929 930 931 932
sendo conduta grave e intolerável, de forma que se
933 934 935 936 937 938
mostra suficiente para a configuração do dano mo-
939 940 941 942 943 944
ral coletivo. A instituição financeira optou por não
945 946 947 948 949 950
951 952 953 954 adequar seu serviço aos padrões de qualidade pre-
vistos em lei municipal e federal, impondo à socie-
Conceito de responsabilidade civil dade o desperdício de tempo útil (teoria do des-
vio produtivo) e acarretando violação injusta e in-
A responsabilidade civil consiste na imposição ao
causador de um dano do dever jurídico de indeni- tolerável ao interesse social de máximo aproveita-
zar, derivando da transgressão de uma norma jurí- mento dos recursos produtivos, o que é suficiente
dica preexistente (legal ou contratual). para a configuração do dano moral coletivo. A con-
denação em danos morais coletivos cumprirá sua
Dever jurídico originário e dever jurídico su- função de sancionar o ofensor, inibir referida
cessivo prática ilícita e, ainda, de oferecer reparação in-
direta à sociedade, por meio da repartição social
a) Dever jurídico originário: não causar
dos lucros obtidos com a prática ilegal com a desti-
dano a outrem (não lesar).
nação do valor da compensação ao fundo do art. 13
b) Dever jurídico sucessivo: se lesar, nasce
da Lei 7.347/85. STJ, Info 641.
o dever de reparar o dano (aqui surge a res-
ponsabilidade civil).

24
1 2 3 4 5 6

Responsabilidade civil e responsabilidade Responsabilidade subjetiva e responsabili-


penal dade objetiva
Regra Autonomia das instâncias Subjetiva Objetiva
Sentença absolutória penal: Fundada na teoria da Fundada na teoria do risco,
a) Porque o réu não foi autor do culpa, pressupõe a prá- dispensa a análise de dolo ou
crime: impede a responsabili- tica voluntária de uma culpa do agente.
dade civil. conduta dolosa ou cul-
b) Por falta de provas: não im- posa p/ que nasça o de-
pede responsabilidade civil ver de indenizar.
c) Pelo reconhecimento da pres- Cláusula geral de res- Cláusula geral de responsa-
Situações ponsabilidade subje- bilidade objetiva: arts. 187 e
crição punitiva: não impede a
específicas tiva: art. 186, CC; 926, § único, do CC.
responsabilidade civil.
Art. 187. Também comete ato
d) Em caso de transação penal: Art. 186. Aquele que, ilícito o titular de um direito
não impede a responsabili- por ação ou omissão que, ao exercê-lo, excede ma-
dade civil. voluntária, negligência nifestamente os limites im-
e) No Júri: não impede responsa- ou imprudência, violar postos pelo seu fim econô-
bilidade civil, porque jurados direito e causar dano a mico ou social, pela boa-fé ou
julgam pela íntima convicção. outrem, ainda que ex- pelos bons costumes.
clusivamente moral,
comete ato ilícito. Art. 927, § único. Haverá obri-
Distinção entre responsabilidade civil e res- gação de reparar o dano, inde-
ponsabilidade penal pendentemente de culpa, nos
casos especificados em lei, ou
Responsabilidade Responsabilidade quando a atividade normal-
Penal civil mente desenvolvida pelo au-
tor do dano implicar, por sua
O interesse é da coleti- O interesse é particular
natureza, risco para os direi-
vidade. tos de outrem.
É pessoal: a única seara A sanção é sempre pa-
jurídica que admite a trimonial. Cuidado: pri- • Em consonância com o princípio da solidariedade,
privação da liberdade é são civil por alimentos o CC ampliou as hipóteses de responsabilidade ob-
a penal, apesar das pos- não tem natureza inde- jetiva.
sibilidades das penas al- nitária – o cumprimento
Responsabilidade objetiva
ternativas. da pena não exime do
pagamento. Logo, a pri- No art. 927, § único, o CC contempla a teoria do
são civil não é exceção à risco.
regra da responsabili- Teorias do risco - espécies
dade patrimonial. Teoria do Responsável é aquele que tira proveito
Personalíssima: as con- Há casos em que a res- risco de atividade potencialmente lesiva.
sequências do ato so- ponsabilidade recai so- proveito
mente recaem sobre a bre pessoa diferente do Aquele que, em razão de sua atividade
pessoa do agente. agente causador (ex: ou profissão, cria um perigo, está su-
jeito à reparação do dano que causar,
932, CC). Teoria do
salvo prova de haver adotado todas as
Princípio da tipicidade A responsabilidade civil risco cri-
medidas idôneas a evita-lo. Obs. Aqui,
(estrita). é prevista em cláusula ado
diferentemente da teoria anterior, não
geral = art. 186, CC. se perquire se o agente obteve algum
Grau elevado de culpa- Contenta-se com qual- proveito, o que é irrelevante.
bilidade. Se a culpabili- quer grau de culpabili- Para o surgimento do dever de indeni-
dade for muito pequena dade. Vale lembrar a re- Teoria do zar, basta a existência do dano. É apli-
(ex: acidente de trân- gra do art. 944, § único, risco inte- cada excecionalmente, como nos casos
sito culposo), normal- CC, que permite a redu- gral da responsabilidade ambiental e por
mente o caso deságua ção equitativa da inde- danos nucleares.
em absolvição. nização. NOTE: juiz não Nova perspectiva da responsabilidade
civil, para a qual o foco do dever de in-
pode isentar da respon- Teoria do
denizar é a vítima (e não o autor do
sabilização. risco so-
dano), de modo que a reparação ficará
cial
a cargo de toda a sociedade (socializa-
ção dos riscos).
25
1 2 3 4 5 6

• O art. 927, § único, do CC é compatível com o ▪ Lucro cessante (dano -)


art. 7º, XXVIII, da CF, sendo constitucional a 1) Mera presunção de rentabilidade
responsabilização objetiva do empregador por não caracteriza lucro cessante.
danos decorrentes de acidentes de trabalho 2) Não cabe lucro cessante no caso de
nos casos especificados em lei ou quando a atividade irregular/ilícita.
atividade normalmente desenvolvida, por sua b) Moral
natureza, apresentar exposição habitual a ▪ Caracteriza-se pela ofensa aos direitos
risco especial, com potencialidade lesiva, e im- da personalidade, não decorrendo de
plicar ao trabalhador ônus maior do que aos meros aborrecimentos.
demais membros da coletividade. STF. Plená- ▪ Em regra, mero inadimplemento con-
rio. RE 828040/DF, Min. Alexandre de Moraes, tratual não provoca dano moral.
12/3/2020 (repercussão geral – Tema 932) ▪ Há casos de dano moral in re ipsa (ex:
(Info 969). negativação indevida).
▪ Abandono MORAL/AFETIVO: o tema
Responsabilidade pressuposta (G. Hironaka)
não é pacífico no STJ, mas o último jul-
Consiste em pressupor a responsabilidade de
gado (2017) foi pela impossibilidade
quem, com sua atividade, expõe outras pessoas a
de se indenizar o abandono afetivo.
risco (mise en danger) e, por isso, deve indenizá-
▪ Abandono MATERIAL: A omissão vo-
las, ainda que não seja o culpado. A ideia é a de
luntária e injustificada do pai quanto
que, em primeiro lugar, deve-se indenizar a vítima
ao amparo MATERIAL do filho gera
e, depois, buscar-se o reembolso de quem real-
danos morais, passíveis de compen-
mente foi o culpado ou o criador da situação de
sação pecuniária. Info 609, STJ.
risco.
Dessa maneira, é proposta a retirada do ele- ▪ Súmulas do STJ sobre dano moral:
mento culpa para a concretização da responsabili- ! S. 37. São cumuláveis as indenizações
dade. Isso quer dizer que o dano ocuparia papel por dano material e dano moral ori-
principal na apuração da responsabilidade: pri- undos do mesmo fato.
meiro, preocupa-se com o ressarcimento do dano ! S. 227. A PJ pode sofrer dano moral.
provocado em caso de atividade eminentemente ! S. 362. A correção monetária do valor
perigosa, depois, apura-se o real causador do dano. da indenização do dano moral incide
desde a data do arbitramento.
Elementos gerais da responsabilidade civil:
! S. 370. Caracteriza dano moral a apre-
(a) conduta, (b) dano ou prejuízo, (c) nexo causal
sentação antecipada de cheque pré-
a) Conduta humana datado.
• Positiva (comissiva) ou negativa (omissiva). ! S.387. É lícita a cumulação das indeni-
• Voluntária: não há responsabilidade civil no zações de dano estético e dano mo-
caso de força natural invencível. ral.
• Presente mesmo na responsabilidade civil indi- ! S. 388. A simples devolução indevida
reta (por ato de outrem): aqui, resta caracteri- de cheque caracteriza dano moral.
zada a omissão do dever jurídico de cuidado. ! S. 402. O contrato de seguro por da-
b) Dano ou prejuízo nos pessoais compreende os danos
morais, salvo cláusula expressa de ex-
• É a lesão a um interesse ou patrimônio, mate- clusão.
rial ou moral, juridicamente tutelado.
! S. 403. Independe de prova do preju-
• Regra da reparação integral (art. 944, CC). Há ízo a indenização pela publicação não
uma exceção no § único do art. 944, segundo autorizada de imagem de pessoa com
o qual “se houver excessiva desproporção entre fins econômicos ou comerciais.
a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz re- ! S. 420. Incabível, em embargos de di-
duzir, equitativamente, a indenização. vergência, discutir o valor de indeniza-
• Espécies: ção por danos morais.
a) Patrimonial
! O condomínio, por ser uma massa pa-
▪ Dano emergente (dano +) trimonial, não possui honra objetiva e
26
1 2 3 4 5 6

não pode sofrer dano moral STJ. 3ª Excludentes da responsabilidade civil


Turma. REsp 1736593-SP, Min. Nancy
1. Legítima defesa (188, I, CC).
Andrighi, 11/02/2020 (Info 665).
2. Exercício regular de um direito (188, I, CC)
• Outras espécies de dano
3. Estado de necessidade (188, II, CC).
Representa o atingimento de um bem 4. Caso fortuito e força maior (393, CC).
jurídico externo. A S. 387 do STJ consa-
Estético 5. Culpa/Fato exclusiva(o) da vítima.
gra a autonomia do dano estético em
relação ao dano moral. 6. Fato de terceiro
Reflexo, A ofensa é dirigida a uma pessoa, mas ▪ Há hipóteses em que o fato de terceiro
oblíquo ou quem sente os efeitos é outra (ex: não exclui o dever de indenizar, como se
em rico- ofensa proferida contra o morto). É o dá no contrato de transporte).
chete dano dos “lesados indiretos”. 7. Cláusula de não indenizar
Remete à ideia de uma cadeia de preju- ▪ Admitida apenas na responsabilidade
ízos: a mesma vítima sofre um dano
Indireto contratual, não se estendo à responsabi-
principal (direto) e, em consequência
deste, ainda suporta outro, indireto. lidade extracontratual (em que despon-
Bumeran- Ocorre quando há uma reação da ví- tam questões de ordem pública).
gue tima a uma lesão iniciada pelo agressor.
Espécie de dano difuso que decorre de Modalidades de culpa
comportamentos socialmente reprová-
veis, que diminuem o nível social de
1. Culpa em sentido amplo = dolo + culpa em
Social sentido estrito.
tranquilidade (ex: jogar papel no chão).
A indenização é destinada a um fundo 2. Culpa em sentido estrito
de proteção de interesses difusos. a. Imprudência
Reconhecido em junho/2013 pelo TST b. Negligência
em relação a empregado que deixou de
c. Imperícia (não é referida pelo art. 186
gozar férias por cerca de 10 anos, pri-
Existen- do CC, mas a doutrina e a jurisprudên-
vando-se da convivência familiar e com
cial cia a admitem tranquilamente.
amigos, o que gerou danos a um dos as-
pectos da sua existência, como relações 3. Culpa in elegendo / culpa in vigilando
sociais e projetos de vida. 4. Culpa in commitendo / culpa in ommitendo
c) Nexo de causalidade - TEORIAS 5. Culpa provada / culpa presumida
6. Culpa levíssima (art. 984, § único, CC)
Equivalência Todos os antecedentes que tenham 7. Culpa contra a legalidade: a infração de
dos contribuído para o resultados são
anteceden- considerados sua causa. texto de lei ou de regulamento gera presunção
tes de culpa, constituindo fator determinante à
Causa é somente o antecedente abs- responsabilidade civil (muito aplicada nas in-
Causalidade
tratamente idôneo à produção do re- frações de trânsito, como no caso do condutor
adequada
sultado. que não observa o dever de preferência).
Causa é o antecedente fático que, li-
8. Culpa psicológica x culpa normativa
gado por um vínculo de necessidade
ao resultado, o determine como con- a. Culpa psicológica: dizia respeito à previsi-
Teoria da bilidade do agente causador do dano, no
sequência direta e imediata, a partir
causalidade
da análise do caso concreto. STF ado- caso concreto.
direta e ime-
tou no caso de ação ajuizada pelo b. Culpa normativa: Prevalece na moderna
diata:
dono de uma joalheria contra o Es-
causalidade teoria da responsabilidade civil, levando
tado do Paraná, sob a alegação de
necessária em conta a previsibilidade diante de um
que a fuga de presos permitiu a prá-
tica do crime em seu estabeleci- padrão objetivo de conduta.
mento.
Não há consenso sobre a teoria adotada no Brasil: Teoria da perda de uma chance (Fonte: DoD)
• Cavalieri, Tartuce, Cristiano Chaves e Rosenvald
Conceito e origem
adotam a teoria da causalidade adequada.
• Pablo Stolze e Carlos Roberto Gonçalves adotam a Trata-se de teoria inspirada na doutrina fran-
teoria da causalidade necessária. cesa (perte d’une chance). Na Inglaterra é chamada
• STJ aplica ora a causalidade adequada, ora a causa- de loss-of-a-chance.
lidade necessária.
Segundo esta teoria, se alguém, praticando um

27
1 2 3 4 5 6

ato ilícito, faz com que outra pessoa perca uma Como se calcula o valor da indenização?
oportunidade de obter uma vantagem ou de evitar
Como o próprio nome do instituto sugere, a inde-
um prejuízo, esta conduta enseja indenização pelos
nização será medida pela perda da chance que a ví-
danos causados. Em outras palavras, o autor do ato
tima possuía, e não pelos lucros que deixou de au-
ilícito, com a sua conduta, fez com que a vítima per-
ferir em razão do evento danoso.
desse a oportunidade de obter uma situação futura
melhor. Com base nesta teoria, indeniza-se não o
dano causado, mas sim a chance perdida. Resumo
• Frustração de uma legítima e esperada ex-
É adotada no Brasil? Quais os requisitos? pectativa de se obter uma vantagem.
SIM, esta teoria é aplicada pelo STJ, que exige, no • Chance perdida deve ser séria, real, atual e
entanto, que o dano seja certa (dentro de juízo de probabilidade).
a) REAL, • “Terceira categoria”: não se confunde com
b) ATUAL e dano emergente, tampouco com lucro ces-
c) CERTO, dentro de um juízo de probabilidade, sante.
e não mera possibilidade, porquanto o dano po- • Indenização é pela chance perdida, não
tencial ou incerto, no espectro da responsabili- pelo lucro que o sujeito deixou de auferir.
dade civil, em regra não é indenizável (REsp • STJ já admitiu (caso das células tronco).
1.104.665-RS, Min. Massami Uyeda, 9/6/2009).
Teoria do desvio produtivo
Em outros julgados, fala-se que a chance per-
dida deve ser REAL e SÉRIA, que proporcione ao le- Caso concreto: Demora excessiva para atendi-
sado efetivas condições pessoais de concorrer à si- mento bancário:
tuação futura esperada (AgRg no REsp 1220911/RS). a) Dano moral individual: em regra, NÃO! Salvo
se associada a outros constrangimentos;
O STJ considerou que a teoria da perda de uma
b) Dano moral coletivo: SIM! Teoria do desvio
chance pode ser utilizada como critério para a apura-
produtivo.
ção de responsabilidade civil ocasionada por erro mé-
dico. Nesse caso... É cabível indenização por danos morais em caso de
✓ A perda da chance consubstancia uma mo- demora excessiva para atendimento na fila do
dalidade autônoma de indenização; banco?
✓ Nesse específico caso, o médico não res- • DANOS MORAIS INDIVIDUAIS. O simples fato de
ponde pelo resultado em si (a morte da paci- a pessoa ter esperado por atendimento bancário
ente), mas, isto sim, pela chance de que pri- por tempo superior ao previsto na legislação muni-
vou a paciente. cipal não enseja indenização por danos morais. No
✓ A chance, em si mesma considerada, é bem entanto, se a espera por atendimento na fila de
autônomo e perfeitamente reparável. banco for excessiva ou associada a outros constran-
✓ Daí afirmar-se que é direto o nexo causal en- gimentos, pode ser reconhecida como provoca-
tre a conduta (o erro médico) e o dano (lesão dora de sofrimento moral e ensejar condenação
gerada pela perda do bem jurídico autô- por dano moral. STJ. REsp 1647452, 26/02/2019.
nomo: a própria chance).
• DANO MORAL COLETIVO. O descumprimento da
Qual a natureza do dano? lei municipal que estabelece parâmetros para a
adequada prestação do serviço de atendimento
Trata-se de uma terceira categoria (não é dano
presencial em agências bancárias é capaz de confi-
emergente, nem lucro cessante). A teoria em ques-
gurar dano moral de natureza coletiva. A violação
tão visa à responsabilização do agente causador
aos deveres de qualidade do atendimento presen-
não de um dano emergente, tampouco de lucros
cial, exigindo do consumidor tempo muito superior
cessantes, mas de algo intermediário entre um e
aos limites fixados pela legislação municipal perti-
outro, precisamente a perda da possibilidade de se
nente, afronta valores essenciais da sociedade,
buscar posição mais vantajosa, que muito prova-
sendo conduta grave e intolerável, de forma que se
velmente se alcançaria, não fosse o ato ilícito pra-
mostra suficiente para a configuração do dano mo-
ticado. (REsp 1190180/RS, Min. Luis Felipe Salo-
ral coletivo. A instituição financeira optou por não
mão, j. 16/11/2010).
28
1 2 3 4 5 6

adequar seu serviço aos padrões de qualidade pre- mesmo que os pais provem que não foram negli-
vistos em lei municipal e federal, impondo à socie- gentes.
dade o desperdício de tempo útil (teoria do des-
vio produtivo) e acarretando violação injusta e in- Responsabilidade civil do Estado
tolerável ao interesse social de máximo aprovei- Condutas comissivas
tamento dos recursos produtivos, o que é sufici-
ente para a configuração do dano moral coletivo. A Condutas omissivas
condenação em danos morais coletivos cumprirá A responsabilidade civil do Estado por condutas
sua função de sancionar o ofensor, inibir referida omissivas é subjetiva, devendo ser comprovados a
prática ilícita e, ainda, de oferecer reparação indi- negligência na atuação estatal, o dano e o nexo de
reta à sociedade, por meio da repartição social dos causalidade (MPMS/2018).
lucros obtidos com a prática ilegal com a destina-
ção do valor da compensação ao fundo do art. 13 Indenização (944 a 954, CC)
da Lei 7.347/85. STJ. REsp 1402475/SE, Min. H.
Concorrência de culpas
Benjamin, 09/05/2017. STJ. REsp 1.737.412/SE,
Min. Nancy Andrighi, 05/02/2019 (Info 641). Diante da sentença penal condenatória que tenha
reconhecido a prática de homicídio culposo, o juízo
Responsabilidade do incapaz (928, CC) cível, ao apurar responsabilidade civil decorrente
do delito, não pode, com fundamento na concor-
Art. 928. O incapaz responde pelos
rência de culpas, afastar a obrigação de reparar,
prejuízos que causar, se as pessoas
embora possa se valer da existência de culpa con-
por ele responsáveis não tiverem
corrente da vítima para fixar o valor da indenização
obrigação de fazê-lo ou não dispuse-
(MPMS/2018 – base legal: art. 945, CC).
rem de meios suficientes.
Pessoa por ele Jurisprudência correlata
Incapaz
responsável
Subsidiária: porque A responsabilidade é substi- Jurisprudência em teses STJ, edição 125
apenas ocorrerá quan- tutiva, exclusiva e não solidá- 1. A fixação do valor devido à título de indeniza-
do os seus genitores ria ção por DANOS MORAIS deve considerar o mé-
não tiverem meios para ▪ Se o ato ilícito foi prati-
todo bifásico, que conjuga os critérios da valori-
ressarcir a vítima. cado por um incapaz, o
responsável por ele irá res- zação das circunstâncias do caso e do interesse ju-
Condicional e miti-
gada: porque não po- ponder de forma principal; rídico lesado, e minimiza eventual arbitrariedade
▪ Ademais, não há obriga- ao se adotar critérios unicamente subjetivos do jul-
derá ultrapassar o limite
ção da vítima lesada de gador, além de afastar eventual tarifação do dano.
humanitário do patri-
propor a ação em litiscon-
mônio mínimo do in- 7. O abandono afetivo de filho, em regra, não gera
sórcio contra o responsá-
fante. dano moral indenizável, podendo, em hipóteses
vel e o incapaz (não há li-
Equitativa: a indeniza- tisconsórcio necessário excepcionais, se comprovada a ocorrência de ilícito
ção deverá ser equâ- neste caso). civil que ultrapasse o mero dissabor, ser reconhe-
nime, sem a privação do ▪ A vítima pode até propor cida a existência do dever de indenizar.
mínimo necessário p/ a contra o incapaz e seu res-
sobrevivência digna do 8. Não há responsabilidade por dano moral decor-
ponsável, mas o litiscon-
incapaz. sórcio será simples e facul- rente de abandono afetivo antes do reconheci-
tativo. mento da paternidade (logo, o dano moral não
ocorre desde o conhecimento da gravidez –
Responsabilidade por ato de terceiro (932, MPSC/2019).
CC) 9. O prazo prescricional da pretensão reparatória
• É objetiva (art. 933, CC) e solidária (art. 942, § de abandono afetivo começa a fluir a partir da mai-
único, CC). oridade do autor.
• A responsabilidade civil dos pais por danos causa- Outros julgados
dos por filho menor que estiver sob sua guarda e
• O ajuizamento de sucessivas ações judiciais, des-
companhia é objetiva (teoria da substituição),
providas de fundamentação idônea e intentadas
com propósito doloso, pode configurar ato ilícito
29
1 2 3 4 5 6

de abuso do direito de ação ou de defesa, o deno- praticados por motivos políticos.


minado assédio processual. STJ. 3ª Turma. REsp
1817845-MS, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, 9. Preferências e privilégios creditórios
10/10/2019 (Info 658). Trata-se daquilo que, nos (955 a 965, CC)
Estados Unidos, ficou conhecido como “sham liti-
955 956 957 958 959 960
gation” (litigância simulada), ou seja, a “ação ou
961 962 963 964 965 966
conjunto de ações promovidas junto ao Poder Judi-
ciário, que não possuem embasamento sólido, fun-
damentado e potencialidade de sucesso, com o ob-
jetivo central e disfarçado de prejudicar algum con-
corrente direto do impetrante, causando-lhe danos
e dificuldades de ordem financeira, estrutural e re-
putacional”1.
• Provedor deve fornecer porta lógica para identi-
ficar usuário acusado de atividade irregular na in-
ternet. STJ. 3ª Turma. REsp 1777769-SP, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 05/11/2019 (Info 660).
• Pretensão dos acionistas de serem indenizados
pela União e pela Petrobrás pelos prejuízos causa-
dos em decorrência da desvalorização dos ativos da
Companhia, por conta da Lava Jato, deverá ser ajui-
zada na Justiça Federal de 1ª instância (e não por
arbitragem). STJ. 2ª Seção. CC 151130-SP, Rel. Acd.
Min. Luis Felipe Salomão, 27/11/2019 (Info 664).
• STF suspende a eficácia da MP 904/2019, que
pretendia extinguir o DPVAT e o DPEM, conside-
rando que, por se tratar de Sistema Financeiro Na-
cional, o tema deve ser tratado por meio de lei
complementar. STF. Plenário virtual. ADI 6262/DF,
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 19/12/2019.
• A decretação da prescrição da pretensão punitiva
do Estado na ação penal não fulmina o interesse
processual no exercício da pretensão indenizatória
a ser deduzida no juízo cível pelo mesmo fato. STJ.
3ª Turma. REsp 1802170-SP, Min. Nancy Andrighi,
20/02/2020 (Info 666).
• O merecimento à indenização é ínsito à própria
condição de vítima de violência doméstica e fami-
liar. O dano, pois, é in re ipsa (STJ).
• A conduta de agressão verbal de um adulto con-
tra um adolescente configura elemento caracteri-
zador da espécie do dano moral in re ipsa. STJ. REsp
1.642.318. j. 07.02.2017.
• MPMG/2017: São imprescritíveis e transmissíveis
as ações de reparação por danos morais, ajuizadas
em decorrência de perseguição, tortura e prisão,

1
(CORRÊA, Rogério. Você sabe o que é Sham Litigation? Disponí-
vel em: https://sollicita.com.br/Noticia/?p_idNoti-
cia=13665&n=voc%C3%AA-sabe-o-que-%C3%A9-sham-litigation?).

30
1 2 3 4 5 6

Livro III – Direito das coisas • STJ: “são duas situações que devem ter tratamen-
tos bem distintos: aquela em que o particular in-
1. Posse (1196 a 1224, CC) vade imóvel público e almeja proteção possessória
1196 1197 1198 1199 1200 1201
em face do ente estatal e a disputa possessória en-
1202 1203 1204 1205 1206 1207 tre particulares no tocante a bem público. No úl-
1208 1209 1210 1211 1212 1213 timo caso, é possível o manejo de interditos
1214 1215 1216 1217 1218 1219 possessórios, em que pese a posse dos litigantes
1220 1221 1222 1223 1224 estar situada em bem público". (AgInt no REsp
1324548/DF, DJe 18/08/2017).
Classificações da posse • Súmula 637-STJ: O ente público detém legitimi-
Direta e indireta (1197, CC) dade e interesse para intervir, incidentalmente,
na ação possessória entre particulares, podendo
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que
deduzir qualquer matéria defensiva, inclusive, se
tem a coisa em seu poder, temporaria-
mente, em virtude de direito pessoal, ou
for o caso, o domínio. Corte Especial. 07/11/2019.
real, NÃO ANULA a indireta, de quem
2. Direitos reais (1225 a 1510-E, CC)
aquela foi havida, podendo o possuidor di-
reto defender a sua posse contra o indi- 1225 1226 1227 1228 1229 1230
reto. 1231 1232 1233 1234 1235 1236
1237 1238 1239 1240-A 1240 1241
Justa e injusta (1200, CC) 1242 1243 1244 1245 1246 1247
Justa é a posse NÃO... 1248 1249 1250 1251 1252 1253
1254 1255 1256 1257 1258 1259
• Violenta
1260 1261 1262 1263 1264 1265
• Clandestina 1266 1267 1268 1269 1270 1271
• Precária 1272 1273 1274 1275 1276 1277
# MPMS/2018: A posse de boa-fé funda-se em da- 1278 1279 1280 1281 1282 1283
dos psicológicos, em critério subjetivo. Já na posse 1284 1285 1286 1287 1288 1289
1290 1291 1292 1293 1294 1295
justa ou injusta, o critério de análise é objetivo
1296 1297 1298 1299 1300 1301
(CORRETO). 1302 1303 1304 1305 1306 1307
Boa-fé e má-fé (1201, CC) 1308 1309 1310 1311 1312 1313
1314 1315 1316 1317 1318 1319
É de boa-fé a posse em que o possuidor ignora o
1320 1321 1322 1323 1324 1325
vício ou o obstáculo que impede a aquisição da 1326 1327 1328 1329 1330 1331
coisa. 1332 1333 1334 1335 1336 1337
1338 1339 1340 1341 1342 1343
Efeitos da posse 1344 1345 1346 1347 1348 1349
• Em caso de invasão parcial de um terreno, a ação 1350 1351 1352 1353 1354 1355
correta é a de reintegração da posse. 1356 1357 1358 1359 1360 1361
1362 1363 1364 1365 1366 1367
Questões de prova 1368 1369 1370 1371 1372 1373
• MPBA: A posse, no Direito Brasileiro, está limi- 1374 1375 1376 1377 1378 1379
tada ao uso e fruição da coisa, retirando-se do pos- 1380 1381 1382 1383 1384 1385
suidor o direito de sequela. A assertiva é INCOR- 1386 1387 1388 1389 1390 1391
1392 1393 1394 1395 1396 1397
RETA:
1398 1399 1400 1401 1402 1403
✓ Art. 1196 do CC: Considera-se possuidor
1404 1405 1406 1407 1408 1409
todo aquele que tem de fato o exercício, 1410 1411 1412 1413 1414 1415
pleno ou não, de ALGUM DOS PODERES 1416 1417 1418 1419 1420 1421
inerentes à propriedade (a lei não limita, 1422 1423 1424 1425 1426 1427
portanto, aos poderes de uso e fruição). 1428 1429 1430 1431 1432 1433
✓ Art. 1197 do CC: [...] podendo o possuidor 1434 1435 1436 1437 1438 1439
1440 1441 1442 1443 1444 1445
direto DEFENDER A SUA POSSE contra o in-
1446 1447 1448 1449 1450 1451
direto. Logo, o possuidor tem direito de se-
1452 1453 1454 1455 1456 1457
quela. 1458 1459 1460 1461 1462 1463
31
1 2 3 4 5 6

1464 1465 1466 1467 1468 1469 CUIDADO: a sequela não é um princípio do direito
1470 1471 1472 1473 1474 1475
real. É uma característica que decorre dos princípios da
1476 1477 1478 1479 1480 1481
aderência e do absolutismo. O direito de sequela signi-
1482 1483 1484 1485 1486 1487
fica o direito de perseguir a coisa onde quer que ela se
1488 1489 1490 1491 1492 1493
1494 1495 1496 1497 1498 1499
encontre.
1500 1501 1502 1503 1504 1505
1506 1507 1508-A 1510-B 1510-C 1510-D Direito de propriedade
1510-E
Abuso
Normas correlatas Configuram abuso do direito de propriedade os
atos emulativos como também aquele que exerce
Lei do Parcelamento do Solo Urbano
o poder/dever de propriedade, sem dar-lhe função
Os compromissos de compra e
venda, as cessões ou promessas de social e econômica (MPMS/2018).
cessão poderão ser feitos por escri-
Usucapião
tura pública ou por instrumento par-
ticular, de acordo com o modelo de-
positado na forma do inciso VI do art. 15
Sem justo título e boa-fé
18 e conterão, pelo menos, as seguin- Extra- anos
Art. 26 ordinária
tes indicações: 10 Moradia habitual ou obra/serviços pro-
§ 6º, Os compromissos de compra e anos dutivos
venda, as cessões e as promessas de 10
Com justo título e boa-fé
cessão valerão como título para o re- anos
gistro da propriedade do lote adqui- Ordinária • Imóvel adquirido onerosamente
rido, quando acompanhados da res- 5
• Registro cancelado
pectiva prova de quitação. anos • Moradia habitual ou investimentos
• Até 50 hectares
Usucapião
Princípios 5 • Tornando-a produtiva
especial
anos • Tendo nela moradia
a) Princípio da taxatividade (da tipicidade ou rural
• Não ser proprietário de outro imóvel
do numerus clausus) • Até 250 m²
Usucapião
O direito real assim é qualificado porque a lei de- 5 • Utilizando-a como moradia
especial
anos • Não ser proprietário de outro imóvel
termina (art. 1225, CC). Obs. Pode existir direito urbana
• Direito reconhecido uma só vez
real fora do art. 1225 do CC: o que se exige é que a
3
LEI o qualifique como tal. Usucapião Com justo título e boa-fé.
anos
de bem
b) Princípio da aderência (da especialização ou móvel 5
Sem justo título e boa-fé.
da inerência) anos
• Posse direta, com exclusividade
No exato momento em que se adquire um direito • Imóvel urbano de até 250 m²
real, a coisa adere ao seu titular. Por força da ade- • Propriedade dividida com ex-côn-
Usucapião
rência, a pessoa titulariza todas as prerrogativas e 2 juge/companheiro que abandonou o
conjugal
as restrições que lhe são inerentes. Da aderência, ou familiar
anos lar
os romanos já retiravam o poder de reaver a coisa • Utilização como moradia
• Não ser proprietário de outro imóvel
de quem injustamente a detenha – direito de rei- • 1 só vez
vindicação (1228, caput, CC). • Núcleos urbanos informais
Usucapião
• Área total dividida pelo n° de possui-
c) Princípio do absolutismo Coletiva 5
dores menor que 250 m² por possuidor
A ideia é a oponibilidade erga omes do direito real: (Art. 10, L. anos
10.257)
• Possuidores não sejam proprietários
todos devem respeito ao direito real. de outro imóvel (urbano ou rural).
Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o
d) Princípio da publicidade (ou da visibilidade) pedido de reconhecimento extrajudicial de
Usucapião
Para que o direito real tenha oponibilidade, faz-se usucapião, que será processado diretamente
Adminis-
perante o cartório do registro de imóveis da
necessário que ele seja publicizado: trativa
comarca em que estiver situado o imóvel usu-
a. Registro, se bens imóveis, (Art. 216-A da
LRP)
capiendo, a requerimento do interessado, re-
b. Tradição, se bens móveis (ideia da traditio presentado por advogado, instruído com ata
do direito romano) notarial, planta e memorial descritivo [...].

32
1 2 3 4 5 6

Não confundir usucapião com a desapropriação 665).


judicial por interesse social, cujos requisitos são • A existência de contrato de arrendamento mer-
os seguintes (art. 1228, §§ 4° e 5°, do CC): cantil do bem móvel impede a aquisição de sua
1. Imóvel consistente em extensa área, propriedade pela usucapião, contudo, verificada a
2. Posse... prescrição da dívida, inexiste óbice legal para pres-
a. Ininterrupta, crição aquisitiva. STJ. 4ª Turma. REsp 1528626-RS,
b. De boa-fé, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, 17/12/2019 (Info 667).
c. Por mais de 5 anos,
Acessão: é uma das formas de aquisição da propri-
d. De considerável número de pessoas;
edade imóvel, tendo as seguintes espécies...
3. Realização de obras e serviços considera-
1. Formação de ilhas
dos, pelo juiz, de interesse social e eco-
2. Aluvião
nômico relevante.
3. Avulsão
4. Pagamento da justa indenização ao pro-
prietário (esta é a característica distintiva).
4. Abandono de álveo
5. Plantações ou construções
Considerações sobre usucapião Aluvião Avulsão
• Bem furtado pode ser objeto de usucapião, desde Acréscimos suces- Por força natural violenta,
que tenha cessado a clandestinidade (INFO 655, sivos e impercep- uma porção de terra se des-
STJ). tíveis taca de um prédio e se junta
• Não cabe oposição em ação de usucapião (INFO a outro.
642, STJ). Sem indenização • Com indenização
• Sem indenização, se, em
• S. 237, STF: O usucapião pode ser arguido em de- 1 ano, ninguém houver re-
fesa. clamado.
• A “usucapião familiar” é exceção à previsão legal
Propriedade fiduciária
de que não correm prazos prescricionais durante a
constância da sociedade conjugal. • Propriedade resolúvel
• O juízo criminal é absolutamente competente • De coisa móvel infungível
para declarar a perda do imóvel na forma do artigo • Que o devedor, com escopo de garantia,
92 do CP. Assim, haverá perda do objeto na ação • Transfere ao credor.
cível tão logo seja determinada a perda do imóvel • Constitui-se com o registro do contrato, cele-
pelo juízo criminal (STJ. REsp 1.471.563-AL, Min. brado por instrumento público ou particular.
Paulo de Tarso Sanseverino, j. em 26/09/2017). • Regime jurídico
• O STJ entende que o módulo urbano, apesar de • Bens móveis • Bens móveis
ser condicionante nos loteamentos urbanos, não • Fungíveis e in- • Infungíveis
• Bens imó-
fungíveis • Credor não é
pode ser visto como obstáculo ao reconhecimento veis
• Credor é insti- instituição fi-
de usucapião especial urbano. Com efeito, a CF es- tuição financeira nanceira
tabelece a metragem máxima do imóvel, não fa- - Lei 4.728/65 - CC/02 (arts. - Lei 9.514/97
zendo considerações acerca do mínimo ou sequer - DL 911/69 1361 a 1368-A)
fazendo referência ao plano diretor e ao módulo Não se aplica a
urbano (STJ. REsp 1.360.017/, Min. Ricardo Villas teoria do adim-
Bôas Cueva, 05.2016). plemento subs-
tancial (STJ).
• Usucapião é modalidade de aquisição originária
da propriedade, diante da qual não são oponíveis Superfície
restrições anteriores sobre o imóvel [a exemplo da
hipoteca judicial] (STJ. EREsp 1.253.767, Min. Luis • Direito de construir ou plantar,
Felipe Salomão, j. 26.02.2016). • Por tempo determinado,
• Constituído mediante escritura pública,
• O interesse jurídico no ajuizamento direto de
ação de usucapião independe de prévio pedido na • Registrada no CRI.
via extrajudicial STJ. 3ª Turma. REsp 1824133-RJ, • É transmissível.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, 11/02/2020 (Info • Pode ser oneroso ou gratuito.
33
1 2 3 4 5 6

Servidão pecífica; denominado, também, ‘usufruto em mini-


atura’.
Conceito
No direito de uso, somente utilidades específi-
É direito real na coisa alheia, por meio do qual um cas da coisa alheia, necessárias para a manutenção
imóvel (edificação) sofre uma restrição para gerar do núcleo familiar, é que são transferidas para o
um benefício/utilidade/vantagem a outro prédio. beneficiário. No usufruto, TODAS as vantagens (via
Características de regra) são transferidas.
a) Representa um gravame de um prédio em
Habitação
favor de outro prédio.
b) É inalienável. Direito do Promitente comprador
c) É um direito acessório.
d) Só haverá servidão entre prédios pertencen- Penhor, hipoteca e anticrese
tes a titulares distintos. Se ambos forem do
Penhor Hipoteca Anticrese
mesmo titular, não há necessidade de servi- Trata-se de Direito real de - É um direito real de
dão. Quando os prédios servientes ficam sob direito real de garantia so- garantia sobre bem
a propriedade do mesmo titular, a servidão garantia so- bre bens imó- imóvel frugífero
é extinta. bre bem mó- veis (ou con- (que produz frutos),
e) Perpetuidade: toda servidão é perpétua, vel alienável, siderados hi- por meio do qual o
pois pertence ao prédio e acompanha a corpóreo ou potecáveis credor anticrético re-
coisa. Não obstante, pode ser extinta. não, exigindo- por lei). cebe a posse do bem,
se p/ sua Constitui-se p/ que possa retirar
f) Não se presume: exige declaração expressa
constituição a pelo registro os frutos da coisa e
dos interessados e consequente registro. tradição da no CRI, dis- imputá-los no paga-
g) É indivisível. coisa pensando a mento da dívida.
tradição (de- - Cabe ação de pres-
Usufruto vedor fica na tação de contas con-
posse. tra o credor anticré-
Conceito tico.
É o direito real na coisa alheia que atribui ao seu - Prazo máximo da
titular as faculdades de usar e fruir um bem de ou- anticrese = 15 anos.
trem (os poderes que integram o domínio são uso,
gozo/fruição, disposição e reivindicação, esse di- Laje
reito real concede o uso e gozo/fruição). • Pode se referir a superfície superior ou infe-
Classificação rior.
• Contempla o espaço aéreo ou o subsolo de
Usufruto impróprio terrenos públicos ou privados.
Usufruto próprio
(quase usufruto) • A laje é unidade imobiliária autônoma, com
Recai sobre bens infun- Recai sobre bens fungí- matrícula própria.
gíveis e inconsumíveis. veis e consumíveis • Não implica:
Ao final, o usufrutuário O usufrutuário se torna x Fração ideal
deve restituir os bens proprietário da coisa, x Participação nas áreas edificadas.
que recebeu. podendo aliená-la a ter- • É possível o direito sucessivo de laje.
ceiros ou consumi-la.
Ao final, deverá ser res-
Jurisprudência sobre direitos reais –
tituído o equivalente à
coisa, aplicando-se as 2019/2020
regras do mútuo. • No CC/1916, o cônjuge viúvo que casasse de novo
ou constituísse união estável perdia o direito real
Uso de habitação; no CC/2002, não mais existe essa
Constitui-se em um direito real sobre coisa causa de extinção (INFO 655, STJ).
alheia de gozo e fruição regulado a partir do art. • Não se pode proibir o condômino inadimplente
1.412 do CC/02. É um usufruto com finalidade es- de usar as áreas comuns do condomínio (INFO 651,
STJ).
34
1 2 3 4 5 6

• A alienação fiduciária firmada entre a construtora


e o agente financeiro não tem eficácia perante o
adquirente do imóvel (INFO 649, STJ).
• A estipulação prevista no contrato social de inte-
gralização do capital social por meio de imóvel in-
dicado pelo sócio, por si, não opera a transferência
da propriedade do bem para a sociedade empresa-
rial: exige-se ainda o registro desse contrato social
no Cartório de Registro de Imóveis (INFO 645, STJ).
• É nula a cláusula de convenção do condomínio
outorgada pela própria construtora que prevê a re-
dução da taxa condominial das suas unidades imo-
biliárias ainda não comercializadas STJ. 3ª Turma.
REsp 1816039-MG, Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
04/02/2020 (Info 664).

35
1 2 3 4 5 6

Livro IV – Direito de família Aquela formada apenas por paren-


Família tes colaterais, em que não há rela-
Evolução do conceito de família anaparental ção de ascendência e descendên-
cia.
FAMÍLIA Essa união reconstituída é aquela
PRÉ CF/88 PÓS CF/88 Família re- entre uma pessoa, que já tem uma
Matrimonializada Múltipla constituída, família e leva os seus filhos, oriun-
Patriarcal Democrática recomposta, dos desta família, para conviverem
Hierarquizada Igualitária mosaico ou com a sua nova relação, que tam-
ensamblada bém já tem prole de núcleo ante-
Biológica Socioafetiva
cedente.
Heteroparental: sexos Heteroparental e ho- Conceito moderno que se refere à
diferentes moparental família que busca a realização
Institucional Instrumental plena de seus membros, caracteri-
Família eu- zando-se pela comunhão de afeto
• A constitucionalização do direito civil repre- demonista recíproco, a consideração e o res-
sentou a necessária releitura do CC e das leis espe- peito mútuos entre os membros
que a compõem, independente-
ciais à luz da Constituição, redefinindo as catego- mente do vínculo biológico
rias jurídicas civilistas a partir dos fundamentos
principiológicos constitucionais, na nova tábua axi- 1. Casamento (1511 a 1590, CC)
ológica fundada na dignidade da pessoa humana
(art. 1º, III) na solidariedade social (art. 3º, III) e 1511 1512 1513 1514 1515 1516
1517 1518 1519 1520 1521 1522
na igualdade substancial (arts. 3º e 5º).
1523 1524 1525 1526 1527 1528
• A família é protegida em função de seu integrante 1529 1530 1531 1532 1533 1534
– e não por si mesma. Paulo Lobo: “não é a família 1535 1536 1537 1538 1539 1540
per se que é constitucionalmente protegida, mas o 1541 1542 1543 1544 1545 1546
lócus indispensável de realização e desenvolvi- 1547 1548 1549 1550 1551 1552
mento da pessoa humana. Sob o ponto de vista do 1553 1554 1555 1556 1557 1558
melhor interesse da pessoa, não podem ser prote- 1559 1560 1561 1562 1563 1564
gidas algumas entidades familiares e desprotegidas 1565 1566 1567 1568 1569 1570
outras, pois a exclusão refletiria nas pessoas que as 1571 1572 1573 1574 1575 1576
integram por opção ou por circunstâncias da vida, 1577 1578 1579 1580 1581 1582
comprometendo a realização do princípio da digni- 1583 1584 1585 1586 1587 1588
dade humana”. 1589 1590
• Assim, havendo violação dos direitos da persona-
lidade, mesmo no âmbito da família, não se pode
Teorias sobre o casamento
negar ao ofendido a possibilidade de reparação do Teoria Definição
dano moral, não atuando esta como fator desagre- Casamento seria contrato civil, em
gador daquela instituição, mas de proteção da dig- Contratu- que predomina a autonomia da von-
nidade dos seus membros. alista tade, tendo como única premissa ne-
(Clássica) cessária p/ sua validade e eficácia a
Diversas composições de família vontade comum das partes.
Concebe o casamento como institui-
Art. 25, ECA: Entende-se por famí- Institucio- ção social, cuja existência pressupõe
Família lia natural a comunidade for- nalista apenas a obediência aos ditames le-
natural mada pelos pais ou qualquer deles
gais.
e seus descendentes.
Mista, Casamento seria instituição quanto
Art. 25, §único, ECA. Entende-se
eclética ao conteúdo e contrato quanto à
por família extensa ou ampliada
ou híbrida forma.
aquela que se estende para além
Família da unidade pais e filhos ou da uni-
extensa ou dade do casal, formada por paren- Designações para o casamento
ampliada tes próximos, com os quais a cri- Casamento avuncular
ança ou adolescente convive e
mantém vínculos de afinidade e É aquele que se dá entre parentes colaterais de 3°
afetividade. grau (ex. tio e sobrinha)
36
1 2 3 4 5 6

Casamento nuncupativo, in extremis ou arti- Jurisprudência sobre guarda da pessoa do filho


culo mortis • A concessão de guarda do menor não im-
• É aquele em que algum dos contraentes encon- plica automática destituição do poder-de-
tra-se em iminente risco de vida (1540, CC). ver familiar dos pais para representá-lo em
• O assentimento do nubente enfermo pode ser in- juízo. A representação legal do filho menor é
ferido por gestos, desde que confirmada a vontade uma das vertentes do poder familiar e de-
pelas testemunhas (MPMG/2018). verá ser exercida, em regra, pelos pais, con-
forme prevê o art. 1.634, VII, CC. Assim, so-
Impedimentos x causas suspensivas mente em algumas hipóteses é que o menor
Impedimentos Causas suspensivas poderá deixar de ser representado pelos
Envolvem questões de Envolvem questões seus pais. O fato de ter sido concedida a
ordem pública. patrimoniais. guarda do menor para uma outra pessoa que
Qualquer pessoa capaz Parentes em linha reta. não compõe o núcleo familiar não significa
pode arguir. Colaterais em 2° grau. que tenha havido a destituição automática
Juiz deve reconhecer do poder familiar. Logo, mesmo em tais ca-
de ofício. sos, a competência para representar este
Até o momento da ce- A lei não prevê um menor em juízo é do pai ou da mãe (e não da
lebração. prazo para serem ar- guardiã). STJ. 3ª Turma. REsp 1761274-DF,
guidas, já que o efeito Min. Nancy Andrighi, 04/02/2020 (Info 664).
não é a invalidade.
Casamento é nulo. Regime de separação Alienação parental (Lei 12.318\10)
É correto afirmar que obrigatória.
o casamento só é • Atos podem ser praticados por...
nulo por infringên- ✓ Um dos genitores,
cia de impedimento.
✓ Avós,
Número de testemunhas no casamento ✓ Quem tenha a criança/adolescente sob au-
toridade, guarda ou vigilância.
ESPÉCIE N° • Basta mero indício de ato de alienação parental
REGRA GERAL, inclusive no caso de mo-
léstia grave 2 para a adoção de medidas.
• Juiz pode agir de ofício, ouvido o MP.
a) Casamento realizado em edifício • Em qualquer momento processual, em ação au-
particular;
b) Quando um dos contraentes não 4 tônoma ou incidentalmente.
souber/puder escrever
Jurisprudência
Nuncupativo (iminente risco de vida)
- testemunhas sem parentesco em... • É necessária a outorga conjugal para fiança em
a) linha reta 6 favor de sociedade cooperativa. STJ. 4ª Turma.
b) colateral até 2° grau REsp 1351058-SP, Min. Luis Felipe Salomão,
26/11/2019 (Info 664).
Proteção da pessoa dos filhos
Guarda compartilhada 2. Relações de parentesco (1591 a 1638,
CC)
• É a regra geral.
• Pode ser deferida a pai e avô. 1591 1592 1593 1594 1595 1596
• Não requer consenso. 1597 1598 1599 1600 1601 1602
• “Antídoto” à alienação parental. 1603 1604 1605 1606 1607 1608
• Não a inviabiliza o fato de pai e mãe mora- 1609 1610 1611 1612 1613 1614
rem em cidades diferentes.
1615 1616 1617 1618 1619 1620
• Animosidade entre os pais não é óbice.
1621 1622 1623 1624 1625 1626
• Tempo é dividido de forma equilibrada.
1627 1628 1629 1630 1631 1632
1633 1634 1635 1636 1637 1638

37
1 2 3 4 5 6

Filiação ao marco inicial de contagem: aplica-se a teoria da


"actio nata", ou seja, deve-se considerar violado o
Filiação socioafetiva
direito à herança quando conhecido que foi vio-
• Multiparentalidade. A paternidade socioafetiva, lado, o que ocorre com o trânsito em julgado da
declarada ou não em registro público, não impede investigação de paternidade. (STJ o REsp
o reconhecimento do vínculo de filiação concomi- 1368677/MG, Paulo de Tarso Sanseverino, DJE
tante baseado na origem biológica, com os efeitos 15.02.2018).
jurídicos próprios, inclusive no campo sucessório.
STF. RE 898060/SC, 21 e 22/09/2016. Poder familiar
• Aliás, não há hierarquia entre a filiação biológica Características
e a afetiva, devendo ser reconhecidos ambos os
vínculos quando isso for o melhor para os interes- a. Irrenunciável
ses do descendente. b. Indivisível
c. Personalíssimo
• A paternidade socioafetiva pode ser reconhecida
d. Imprescritível
voluntariamente na via administrativa, ainda que
e. Temporário (Art. 1630, CC: “enquanto me-
no assento de nascimento conste o vínculo pa-
nores”).
terno-filial biológico.
• MPMG/2017: A socioafetividade é atributo do Suspensão x Perda
parentesco de “outra origem”. CORRETO (vide art.
1593, CC). 3. Regime de bens (1639 a 1688, CC)
✓ Parentesco natural = resulta de consangui- 1639 1640 1641 1642 1643 1644
nidade; 1645 1646 1647 1648 1649 1650
✓ Parentesco civil = resulta de “outra ori- 1651 1652 1653 1654 1655 1656
gem”, inclusive a socioafetividade. 1657 1658 1659 1660 1661 1662
1663 1664 1665 1666 1667 1668
Filiação biológica 1669 1670 1671 1672 1673 1674
• S. 301, STJ - "Em ação investigatória, a recusa do 1675 1676 1677 1678 1679 1680
suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz 1681 1682 1683 1684 1685 1686
presunção juris tantum de paternidade". Por 1687 1688 1689 1690 1691 1692
ser iuris tantum, admite prova em contrário, sendo
que a jurisprudência é firme no sentido de que a • Art. 1639, § 2°: Princípio da mutabilidade justifi-
presunção deve se coadunar com um mínimo ar- cada.
cabouço probatório. • A imposição do regime de separação de bens pre-
• Nas ações de investigação de paternidade, ad- vista no art. 1641, II, do CC (pessoas maior de 70
mite-se a relativização da coisa julgada, em se tra- anos) se aplica à união estável?
tando de ação de paternidade em que não ocorreu Doutrina Jurisprudência
realização de exame de DNA. Vale fazer uma res- NÃO SIM
salva: se a ação é julgada improcedente por insufi- Essa limitação, no en- STJ possui alguns jul-
ciência de provas, admite-se a relativização da tanto, não existe na união gados afirmando que
estável, não cabendo inter- essas regras sobre se-
coisa julgada. Por outro lado, se a demanda foi jul-
pretação analógica para res- paração legal devem
gada com base nas tecnologias existentes à época, tringir direitos. Por meio de ser aplicadas também
não se pode relativizar a sentença já transitada em pacto antenupcial, podem no caso de união está-
julgado. optar entre um dos regi- vel. Nesse sentido:
• S. 149, STF - É imprescritível a ação de investiga- mes previamente definidos STJ. AgInt no REsp
na lei ou estabelecer o que 1637695 / MG.
ção de paternidade, mas não o é a de petição de melhor lhes aprouver. Maria
herança. Berenice Dias, Manual de Di-
• Qual o prazo prescricional e o termo inicial da reito das Famílias.
ação de petição de herança? A jurisprudência do • Verificada a existência de mancomunhão, o paga-
STJ é assente no sentido de que se deve apli- mento da expressão patrimonial das cotas societá-
car (i) quanto ao prazo: a regra geral de 10 anos do rias à ex-conjuge, não sócia, deve corresponder ao
CC, por não haver nenhuma específica; (ii) quanto
38
1 2 3 4 5 6

momento efetivo da partilha, e não àquele em que Classificação


estabelecido no acordo prévio sobre os bens que
fariam parte do acervo patrimonial. Obs. Manco- Alimentos Conceito
munhão é o período entre a separação de fato e a Dizem respeito ao estrita-
efetiva partilha dos bens do casal. O cônjuge que mente necessário à sobrevi-
ficar responsável pela administração do patrimônio Naturais vência do alimentando,
comum tem o dever de prestar contas em relação (necessários) quando a necessidade resultar
a estes bens e direitos, independentemente do co- de culpa de quem os pleiteia
metimento de irregularidades na gestão dos bens. (1694, §2°; 1704, § único, CC).
São aqueles destinados à ma-
• O bem imóvel adquirido a título oneroso na cons- Civis
nutenção da condição social do
(côngruos)
tância da união estável regida pelo estatuto da co- credor de alimentos.
munhão parcial, mas recebido por um dos compa- Forma de prestação por meio
nheiros, mediante doação pura e simples realizada da qual o devedor de alimen-
pelo outro, deve ser excluído do monte partilhável tos os presta em espécie, ou
(STJ. 4ª Turma. REsp 1.171.488/RS, Min. Raul Ara- seja, fornecendo ao alimen-
újo, j. 04.04.2017). tando o próprio bem da vida
indispensável à sua manuten-
• Alteração do regime de bens In natura
ção, que pode ser: moradia,
Casamento União estável mediante pagamento do alu-
Não há previsão legal guel ou colocando à disposição
Art. 1.639, § 2°, CC um imóvel; pagamento das
expressa
Exige: Pela simetria das for- despesas escolares ou um
a) Pedido motivado mas, pode ser alterado plano de saúde.
b) Autorização judi- por contrato escrito en- São aqueles fixados a ex-côn-
cial tre as partes ¹. juge ou a ex-companheiro(a),
Há manifestação do MP Transitórios por prazo certo, enquanto se
(art. 734, § 1°, NCPC) reorganiza em sua nova condi-
ção de vida.
¹ Não é lícito aos conviventes atribuírem efeitos re-
Também chamados de regula-
troativos ao contrato de união estável, a fim de ele-
res, decorrem de acordo ou
ger o regime de bens aplicável ao período de con- ato decisório “final” do juiz, e
vivência anterior à sua assinatura. STJ. REsp Definitivos
ostentam caráter permanente,
1.383.624-MG, Min. Moura Ribeiro, j. 2/6/2015 ainda que sujeitos a eventual
(Info 563). revisão.
são os arbitrados liminarmente
4. Usufruto e administração dos bens de pelo juiz, sem ouvir o réu, no
filhos menores (1689 a 1693, CC) Provisórios despacho inicial da ação de ali-
mentos (Lei 5.478/68). Requer
1689 1690 1691 1692 1693 1694 prova pré-constituída.
São arbitrados em medida cau-
5. Alimentos (1694 a 1710, CC) telar, preparatória ou inciden-
1694 1695 1696 1697 1698 1699 tal, de ação de separação judi-
1700 1701 1702 1703 1704 1705 cial, divórcio, nulidade ou anu-
1706 1707 1708 1709 1710 1711 labilidade de casamento ou de
Provisionais alimentos, dependendo da
Não foram pre-
vistos no NCPC comprovação dos requisitos
inerentes a toda medida caute-
lar: fumus boni juris e o pericu-
lum in mora. Os provisionais
destinam-se a manter o supli-
cante e a prole durante a tra-
mitação da lide principal.

39
1 2 3 4 5 6

Características • É constitucional a penhora de bem de família per-


tencente a fiador de contrato de locação, em vir-
Jurisprudência correlata tude da compatibilidade da exceção prevista no
art. 3°, inciso VII, da Lei n. 8.009/1990 com o direito
• Súmula 358, STJ: O cancelamento de pensão ali-
à moradia consagrado no art. 6° da Constituição Fe-
mentícia de filho que atingiu a maioridade está su-
deral, com redação da EC 26/2000.
jeito à decisão judicial, mediante contraditório,
ainda que nos próprios autos. Resumo
• Súmula 596, STJ: A obrigação alimentar dos AVÓS • Incide sobre o imóvel residencial próprio do
tem natureza complementar e subsidiária, so- casal.
mente se configurando no caso de impossibili- • Estende-se aos móveis que guarnecem a casa,
dade total ou parcial de seu cumprimento pelos desde que quitados.
pais. • Excluem-se da impenhorabilidade:
a. Veículos de transporte;
• Cabe a prisão civil do devedor de alimentos gra-
b. Obras de arte;
vídicos deferidos em caráter de antecipação de tu-
c. Adornos suntuosos.
tela. • Regra: impenhorabilidade.
• Não incide desconto de pensão alimentícia sobre • Exceção - a impenhorabilidade não é oponível:
as parcelas denominadas diárias de viagem e a. Ao titular de crédito decorrente de finan-
tempo de espera indenizado. STJ. 3ª Turma. REsp ciamento para o próprio imóvel;
1747540-SC, Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, b. Ao credor de pensão alimentícia;
10/03/2020 (Info 667). c. Impostos e taxas referentes ao próprio
imóvel;
• Se foi celebrado um acordo na ação de investiga-
d. Execução de hipoteca oferecia como ga-
ção de paternidade, mas não se estipulou o termo
rantia;
inicial dos alimentos, estes serão devidos desde a
e. Imóvel adquirido com produto de crime ou
data da citação. STJ. 3ª Turma. REsp 1821107-ES, para execução de sentença penal;
Min. Moura Ribeiro, 10/03/2020 (Info 667). f. Obrigação decorrente de fiança concedida
• O fato de o representante legal do menor, autor em contrato de locação.
de execução de alimentos, possuir atividade remu- • Se imóvel rural, restringe-se à sede.
nerada não pode, por si só, servir de empecilho à • Residência = único imóvel utilizado como mo-
concessão da gratuidade de justiça. STJ. 3ª Turma. radia permanente.
REsp 1807216-SP, Min. Nancy Andrighi, • Em caso de vários imóveis, recairá sobre o de
04/02/2020 (Info 664). menor valor, salvo se outro tiver sido registrado
para esse fim.
6. Bem de família (1711 a 1722, CC)
1711 1712 1713 1714 1715 1716 7. União estável (1723 a 1727, CC)
1717 1718 1719 1720 1721 1722
1723 1724 1725 1726 1727 1728
Bem de família Legal (Lei n° 8009/90)
Contrato de convivência
• Proprietário que aceita que seu bem de família
• Basta que seja escrito.
sirva como garantia de um contrato de alienação
• Não precisa ser registrado para valer contra ter-
fiduciária em garantia não pode, posteriormente,
ceiros.
alegar que esse ato de disposição foi ilegal. STJ. 4ª
• Não precisa de testemunhas.
Turma. REsp 1595832-SC, Min. Luis Felipe Salomão,
29/10/2019 (Info 664).
8. Tutela, curatela e tomada de decisão
• Não se pode penhorar o bem de família com base
no inciso IV do art. 3º da Lei 8.009/90 se o débito
apoiada (1728 a 1783-A, CC)
de natureza tributária está relacionado com outro 1728 1729 1730 1731 1732 1733
imóvel que pertencia ao devedor. STJ. 3ª Turma. 1734 1735 1736 1737 1738 1739
REsp 1332071-SP, Min. Marco Aurélio Bellizze, 1740 1741 1742 1743 1744 1745
18/02/2020 (Info 665). 1746 1747 1748 1749 1750 1751
1752 1753 1754 1755 1756 1757
40
1 2 3 4 5 6

1758 1759 1760 1761 1762 1763


1764 1765 1766 1767 1768 1769
1770 1771 1772 1773 1774 1775
1776 1777 1778 1779 1780 1781
1782 1783 1783-A

Curatela
• A senilidade, por si, NÃO autoriza a proteção ju-
dicial da curatela no caso de abrigamento asilar
(MPMG/18).

Tomada de decisão apoiada


• É processo de jurisdição voluntária.
• Quem elege os apoiadores é a pessoa a ser apoi-
ada.
• No mínimo 2 apoiadores.
• Só a pessoa ser apoiada pode requerer.
• Antes de decidir, juiz ouve...
a. o MP,
b. o requerente,
c. as pessoas que prestarão apoio.
• Terceiros contratantes podem exigir que os apoi-
adores contra-assinem.
• Em caso de divergência, o Juiz decide, ouvido o
MP.
• Pessoa apoiada pode solicitar o término a qual-
quer tempo.
• Regras da prestação de contas = curatela.

41
1 2 3 4 5 6

Livro V – Sucessões Jurisprudência


• Se o herdeiro renunciou a herança, não tem legi-
1. Sucessões em geral (1784 a 1828, CC)
timidade para ação que busca a nulidade de uma
1784 1785 1786 1787 1788 1789 alienação realizada pelo de cujus em vida conside-
1790 1791 1792 1793 1794 1795
rando que, mesmo se anulada a venda, não terá
1796 1797 1798 1799 1800 1801
1802 1803 1804 1805 1806 1807
qualquer direito sobre esse bem STJ. 4ª Turma.
1808 1809 1810 1811 1812 1813 REsp 1433650-GO, Min. Luis Felipe Salomão,
1814 1815 1816 1817 1818 1819 19/11/2019 (Info 664).
1820 1821 1822 1823 1824 1825
1826 1827 1828 1829 1830 1831 Exclusão e deserdação
• Herança é universalidade de direito: defere- Exclusão Deserdação
se como um todo unitário, ainda que vários se- Atinge: Atinge só os herdeiros
jam os herdeiros. a) Herdeiros, necessá- necessários.
rios ou não;
• Até a partilha, o direito dos herdeiros é indivi-
b) Legatários
sível (indivisibilidade legal) e regula-se pelas
Hipóteses (taxativas): Hipóteses:
regras do condomínio. a) Homicídio (CCAD) a) Todas da exclusão,
Vocação hereditária b) Honra (CC) b) Ofensa física,
c) Atentado contra livre c) Injúria grave,
Quem pode ser herdeiro? disposição, por vio- d) Relações ilícitas c/
Sucessão em lência ou meios frau- madrasta/pa-
Só na sucessão dulentos. drasto,
geral: legítima e
testamentária e) Desamparo...
testamentária
- alienação mental
Pessoas nascidas. Concepturo: filhos ainda
- grave enfermi-
não concebidos de pessoas
indicadas pelo testador. dade
- deve ser concebido em Ação de indignidade Decretada em testa-
até 2 anos após a abertura • Prazo = 4 anos, conta- mento, com expressa
da sucessão. dos da abertura da suces- declaração de causa.
Pessoas já concebi- Pessoas jurídicas, inclu- são. Ao herdeiro instituído
das (nascituro). sive a fundação. • MP tem legitimidade na ou àquele a quem
hipótese do homicídio, aproveite a deserda-
Aceitação e renúncia da herança tentado ou consumado. ção, incumbe provar a
Exclusão é pena. Logo, veracidade da causa
Aceitação Renúncia
seus efeitos são pessoais: alegada, em 4 anos, a
Expressa ou tácita Só expressa, em...
os herdeiros do excluído contar da data da
1. Instrumento público
sucedem como se ele abertura da sucessão.
2. Termo judicial
fosse morto.
Não se pode aceitar/renunciar...
➔ Excluído não tem di-
a) Em parte reito...
b) Sob condição a) Ao usufruto,
c) A termo b) À administração,
São irrevogáveis os atos de aceitação/renúncia c) À sucessão eventual.
Reabilitação...
! Não há representação do renunciante por
• Expressa,
seus sucessores. Se o renunciante for o único
• Em testamento ou ou-
de sua classe ou se todos da sua classe tam- tro ato autêntico.
bém renunciarem, seus filhos sucedem... ➔ Não havendo reabili-
✓ Por direito próprio, tação expressa, o sujeito
✓ Por cabeça. pode suceder nos limites
! Credores prejudicados podem aceitar em em que tiver sido con-
templado na sucessão
nome do renunciante
testamentária, se o ofen-
✓ Com autorização do juiz, dido já conhecia a causa
✓ Nos 30 dias seguintes ao conheci- de indignidade.
mento do fato.
42
1 2 3 4 5 6

Herança jacente x Herança vacante • Em regra, testador não pode estabelecer ina-
lienabilidade, impenhorabilidade ou incomu-
Herança jacente Herança vacante
É aquela que não É a fase seguinte, quando a nicabilidade sobre os bens da legítima.
conta com herdeiro falta de herdeiros conheci- ✓ Exceção: se houver...
conhecido. dos é confirmada. A decla- ▪ Justa causa,
ração de vacância ocorre 1 ▪ Declarada em testamento.
ano depois da 1ª publica-
ção dos editais na forma da Direito de representação
lei processual.
• Ocorre na linha descendente, nunca na li-
nha ascendente.
2. Sucessão legítima (1829 a 1856, CC)
• Na linha transversal, só há direito de represen-
1829 1830 1831 1832 1833 1834 tação em favor dos filhos do irmão falecido
1835 1836 1837 1838 1839 1840 (sobrinhos).
1841 1842 1843 1844 1845 1846
1847 1848 1849 1850 1851 1852 Sucessão do cônjuge x sucessão do compa-
1853 1854 1855 1856 1857 1858 nheiro
Ordem de vocação hereditária • No sistema constitucional vigente, é inconstituci-
onal a distinção de regimes sucessórios entre côn-
Herdeiro Concorre com cônjuge? juges e companheiros, devendo ser aplicado, em
Sim, salvo nos regimes “ex-
ambos os casos, o regime estabelecido no art.
tremos”:
1.829 do CC/02. STF. RE 878.694/MG, 26/10/2018.
Descendentes a) Comunhão universal,
b) Separação obrigatória • O companheiro homoafetivo ocupa, na linha su-
c) Comunhão universal s/ bens cessória, a mesma condição jurídica do cônjuge
particulares. (MPMG/2018).
Ascendentes Sim, SEMPRE!
Cônjuge Jurisprudência
Sobrevivente
Colaterais • A fixação de determinado valor a ser recebido
Até o 4° grau mensalmente pelo herdeiro a título de adianta-
mento de herança não configura negócio jurídico
Direito real de habitação processual atípico na forma do art. 190, caput, do
• Cabe ao cônjuge e ao companheiro (segundo CPC/2015. O acordo firmado entre os herdeiros
a doutrina). para autorizar a retirada mensal dos valores não é
• Independe do regime de bens. um acordo puramente processual. Isso porque o
• “...desde que seja o único daquela natureza a seu objeto é o próprio direito material que se dis-
inventariar”. Entende-se que a expressão re- cute e que se pretende obter na ação de inventário,
fere-se ao imóvel destinado à residência da fa- ou seja, a divisão do patrimônio do autor da he-
mília (e não a qualquer imóvel). rança. O que se está fazendo, portanto, é simples-
• O direito real de habitação não se extingue... mente antecipar a fruição e uso do direito material.
▪ se o beneficiário se casar novamente. STJ. 3ª Turma. REsp 1738656-RJ, Min. Nancy An-
▪ se o beneficiário comprar outro imóvel. drighi, 03/12/2019 (Info 663).
• Não há cobrança de aluguel pelos coproprie-
Questões de prova
tários.
• MPMG/2017: Na sucessão ab intestato (sem tes-
Herdeiros necessários tamento), é presumida a vontade do autor da he-
• C.A.D. rança. CORRETO.
• Pertence-lhes a metade dos bens da herança:
a legítima = bens existentes na abertura da
3. Sucessão testamentária (1857 a 1990,
sucessão + bens colacionados – dívidas – des-
CC)
pesas do funeral. 1857 1858 1859 1860 1861 1862
1863 1864 1865 1866 1867 1868
43
1 2 3 4 5 6

1869 1870 1871 1872 1873 1874 Marítimo


Especiais
1875 1876 1877 1878 1879 1880 Aeronáutico
1881 1882 1883 1884 1885 1886 M.A.M. Militar
1887 1888 1889 1890 1891 1892
1893 1894 1895 1896 1897 1898 2 testadores fazem
1899 1900 1901 1902 1903 1904 Simultâneo disposições em fa-
1905 1906 1907 1908 1909 1910 vor de 3°.
1911 1912 1913 1914 1915 1916 É proibido o
1 testador favorece
1917 1918 1919 1920 1921 1922 testamento Recíproco
o outro e vice-versa.
1923 1924 1925 1926 1927 1928 conjuntivo:
Além da reciproci-
1929 1930 1931 1932 1933 1934 feito em 1
dade, 1 testador fa-
1935 1936 1937 1938 1939 1940 só ato Correspec-
vorece o outro na
1941 1942 1943 1944 1945 1946 tivo
1947 1948 1949 1950 1951 1952 medida em que é fa-
1953 1954 1955 1956 1957 1958 vorecido.
1959 1960 1961 1962 1963 1964
1965 1966 1967 1968 1969 1970 4. Inventário e partilha (1991 a 2027)
1971 1972 1973 1974 1975 1976
1991 1992 1993 1994 1995 1996
1977 1978 1979 1980 1981 1982
1983 1984 1985 1986 1987 1988 1997 1998 1999 2000 2001 2002
1989 1990 1991 1992 1993 1994 2003 2004 2005 2006 2007 2008
2009 2010 2011 2012 2013 2014
Capacidade para testar 2015 2016 2017 2018 2019 2020
• Maiores de 16 anos. 2021 2022 2023 2024 2025 2026
• Não podem testar: 2027
a) Incapazes
b) Quem, no ato de fazê-lo, não tiver o ne- Sonegados
cessário discernimento. • São os bens que deveriam ter sido inventariados
ou trazidos à colação, mas não o foram, pois ocul-
Formas de testamento
tados pelo inventariante ou por herdeiro.
• Escrito por tabelião • Requer elemento...
• 2 testemunhas
Público 1. Objetivo: ocultação dos bens;
# Ao cego só se permite o testa-
mento público (lido 2x). 2. Subjetivo: ato malicioso do ocultador.
• Escrito pelo testador ou outra • Consequências:
pessoa a seu rogo. 1. Perda do direito que sobre o bens cabia ao
• 2 testemunhas. herdeiro;
Ordinárias

• Processo de aprovação pelo ta- 2. Remoção do inventariante.


P.C.P.

Cerrado belião, que, ao fim, passa a “cer-


rar e a coser o instrumento”.
• Legitimidade para a ação:
# Quem não sabe ou não pode a) Herdeiros;
ler não pode fazer testamento b) Credores da herança.
cerrado. • Momentos processualmente adequados para a
• Escrito de próprio punho ou arguição...
mediante processo mecânico.
Particu- a) Sonegação pelo inventariante: depois de
• 3 testemunhas.
lar encerrada a descrição dos bens, com a de-
# Juiz pode confirmar, mesmo
sem testemunhas (1879, CC) claração, por ele feita, de não existirem ou-
tros bens a inventariar;
Jurisprudência
b) Sonegação pelo herdeiro: depois da decla-
• É válido o testamento particular que, a des- ração no inventário de que não os possui.
peito de não ter sido assinado de próprio pu- ➔ Antes disso, eventual ação proposta de-
nho pela testadora, contou com a sua impres- verá ser extinta sem resolução do mérito,
são digital. STJ. 2ª Seção. REsp 1633254-MG, por ausência de interesse processual.
Min. Nancy Andrighi, 11/03/2020 (Info 667).

44
1 2 3 4 5 6

Colação Legislação especial


Principais regras
Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/98)
• Netos colacionam? Depende:
a) Representando os pais, colacionam. Jurisprudência
b) Por direito próprio, não colacionam.
• A paródia é uma das limitações do direito de au-
• Ascendentes não colacionam.
tor, com previsão no art. 47 da Lei 9.610/98, que
• Dispensa de colação pode ocorrer no testamento prevê serem livres as paráfrases e paródias que não
ou no próprio ato de liberalidade. forem verdadeiras reproduções da obra originária,
• Testamenteiro não pode exigir colação; somente nem lhe implicarem descrédito. Respeitadas essas
os herdeiros necessários podem fazê-lo. condições, é desnecessária a autorização do titular
• Aquilo que exceder a legítima deve ser colacio- da obra parodiada. A finalidade da paródia, se co-
nado. mercial, eleitoral, educativa, puramente artística
ou qualquer outra, é indiferente para a caracteriza-
Jurisprudência ção de sua licitude e liberdade assegurada pela Lei
• É possível o inventário extrajudicial, ainda que 9.610/98. Caso concreto: durante sua campanha
exista testamento, se os interessados forem capa- de reeleição para Deputado Federal em 2014, o hu-
zes e concordes e estiverem assistidos por advo- morista Tiririca fez uma paródia da música “O Por-
gado, desde que o testamento tenha sido previa- tão”, de autoria de Roberto Carlos e Erasmo Carlos,
mente registrado judicialmente ou haja a expressa na qual pedia votos. O STJ entendeu que não era
autorização do juízo competente. STJ. 4ª Turma. devida indenização para o titular dos direitos auto-
REsp 1808767-RJ, Min. Luis Felipe Salomão, rais porque, em regra, não é necessária prévia au-
15/10/2019 (Info 663). torização para a realização de paródias. STJ. 3ª
CUIDADO, de acordo com a literalidade do art. Turma. REsp 1810440-SP, Min. Marco Aurélio Bel-
610 do NCPC, se houver testamento, deve-se lizze, 12/11/2019 (Info 661).
proceder ao inventário judicial. Art. 610. Ha- • Ainda que a intérprete tenha autorizado a grava-
vendo testamento ou interessado incapaz, pro- ção e produção de um fonograma, a reprodução e
ceder-se-á ao inventário judicial. § 1º Se todos comercialização do material obtido, em CD, precisa
forem capazes e concordes, o inventário e a par- de sua nova anuência, não se podendo dizer que
tilha poderão ser feitos por escritura pública, a estava abrangida pela primeira autorização STJ. 3ª
qual constituirá documento hábil para qualquer Turma. REsp 1400463-RJ, Min. Marco Aurélio Bel-
ato de registro, bem como para levantamento lizze, 12/11/2019 (Info 661).
de importância depositada em instituições fi-
nanceiras. § 2º O tabelião somente lavrará a es-
critura pública se todas as partes interessadas
estiverem assistidas por advogado ou por de-
fensor público, cuja qualificação e assinatura
constarão do ato notarial.

Livro complementar – Disposições


Finais e Transitórias

2028 2029 2030 2031 2032 2033


2034 2035 2036 2037 2038 2039
2040 2041 2042 2043 2044 2045
2046 2047 2048 2049 2050 2051

45

Você também pode gostar