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Arte Gótica
Arte Gótica
No século XII tem início uma economia fundamentada no comércio. Isso faz
com que o centro da vida social se desloque do campo para as cidades e apareça a
burguesia urbana.
Novamente é a cidade o lugar onde as pessoas se encontram, trocam
informações e ampliam seus contatos. Como vimos, na primitiva Idade Média o centro
da vida social estava no campo e eram os mosteiros os locais de desenvolvimento
intelectual e artístico. Agora, outra vez, é a cidade que será renovadora dos
conhecimentos, da arte e da própria organização social.
O que permitiu a construção desse novo tipo de abóbada foi o arco ogival,
diferente do arco pleno do estilo românico. A conseqüência imediata do emprego dos
arcos ogivais foi a possibilidade de construir igrejas mais altas. Além disso, o desenho
da ogiva, que se alonga e aponta para o alto, acentua a impressão de altura e
verticalidade.
Outro recurso arquitetônico usado no estilo gótico foram os pilares, chamados
tecnicamente de suportes de apoio, dispostos em espaços bem regulares.
Com esses suportes o edifício não precisa forçosamente de grossas paredes
para sustentar sua estrutura. Em Saint-Denis, essa técnica de construção foi usada na
cabeceira da igreja, ou chevet, corno chamam os franceses. A conseqüência estética
mais importante desse novo ponto de apoio da construção foi a substituição das
sólidas paredes com janelas estreitas, do estilo românico, pela combinação de
pequenas áreas de paredes com grandes áreas preenchidas por vidros coloridos e
trabalhados.
Entre os séculos XII e XVI, foi construída a catedral de Notre-Dame de
Chartres. Na arquitetura dessa igreja, há muitos aspectos interessantes, mas o seu
portal principal, conhecido como Portal Régio, é considerado pelos historiadores da
arte como um dos mais belos conjuntos escultóricos do mundo.
Portal régio da catedral de Chartres.
Catedral de Notre-Dame
A arquitetura gótica no século XIII
Nessa época o estilo gótico já está plenamente amadurecido e ricamente
ornamentado por vitrais e esculturas.
Para conhecer melhor o gótico do século XIII é interessante retomar a catedral
de Chartres. Em junho de 1194, um forte incêndio destruiu grande parte da cidade,
inclusive quase toda a catedral. Da imensa igreja só restou a fachada oeste onde fica
o Portal Régio.
Uma nova catedral foi construída. Também cruciforme, com capelas
irradiantes, mas desta vez com deambulatório duplo, como em Notre-Dame de Paris, e
um chevet mais complexo.
Internamente a parede foi dividida em três andares: arcada principal, trifório e
clerestório. Essa divisão permitiu uma altura bastante grande para a igreja, pois a
cúpula ficou a 36,50 metros do chão. Além disso, os pilares e as pilastras conduzem o
olhar do observador para o alto, reforçando a percepção da altura da catedral.
A Sainte-Chapelle
O gótico francês da segunda metade do século XIII recebeu o nome de
myonnant (radiante), por causa do rendilhado das grandes rosáceas e das delgadas e
delicadas colunas combinadas com amplas áreas de vitrais.
O mais belo exemplo do estilo radiante é a Sainte-Chapelle, construída entre
1243 e 1246 no palácio real da corte de Luís IX, em Paris. O trabalho dos vitrais e a
harmonia das colunas revestidas de dourado dão à arquitetura uma grande
semelhança com os trabalhos filigranados em metal e esmalte dos relicários
medievais.
Catedral de Sainte-Chapelle
Interior da catedral de Sainte-Chapelle
O gótico alemão
No século XIII, a Alemanha também desenvolveu um estilo gótico com
características muito próprias. Um exemplo típico dessa criação arquitetônica é a
Elisabetthkirche, em Marburgo, cuja construção foi iniciada em 1235.
Catedral de Elisabetthkirche
Catedral de Elisabetthkirche
No século XV, o estilo gótico deixou de ser exclusivo dos edifícios religiosos,
transferindo-se também para residências particulares, como o palácio conhecido como
Ca' d'Oro, construído por Matteo Reverti, entre 1422 e 1440, em Veneza.
Palácio Ca’ d’Oro
O nome Ca' d'Oro, que significa “Casa de Ouro”, está relacionado com o rico
revestimento dourado que ornamentava a fachada de pedra branca no tempo de sua
construção. A Ca' d'Oro - que foi erguida sobre o Grande Canal, cujas águas refletem
as linhas da fachada - é considerado o mais belo edifício gótico de Veneza.
A escultura
De um modo geral, a escultura do período gótico estava associada à
arquitetura. Nos tímpanos dos portais, nos umbrais ou no interior das grandes igrejas,
os trabalhos de escultura enriqueceram artisticamente as construções e
documentaram, na pedra, os aspectos da vida humana que as pessoas mais
valorizavam na época.
E interessante retomar alguns exemplos de esculturas que ornamentam a
arquitetura. Assim, vamos examinar duas figuras que estão em duas igrejas alemãs: o
Cavaleiro, que data de 1235 aproximadamente e está na catedral de Bamberg, e a
Nobre Uta, cuja realização é posterior a 1249 e está na catedral de Naumburg.
Plasticamente, a estátua do Cavaleiro medieval revela vigor e equilíbrio na
composição do volume dos corpos do cavalo e do cavaleiro. Mas essa estátua
também revela a cultura da cavalaria medieval, uma organização que estabeleceu
uma nova estrutura social nas cortes européias e assumiu a liderança da vida
intelectual, até então dominada pelos monges e confinada nos mosteiros.
O cavaleiro, catedral de Bamberg
A pintura Gótica
A pintura gótica desenvolveu-se nos séculos XIII, XIV e início do século XV,
quando começou a ganhar novas características que prenunciam o Renascimento.
Sua principal particularidade foi a procura do realismo na representação dos seres que
compunham as obras pintadas, no século XIII, o pintor mais importante é Giovanni
Gualteri, conhecido como Cimabue. O seu trabalho ainda é influenciado pelos
mosaicos e ícones bizantinos, mas já existe uma nítida preocupação com o realismo
das figuras humanas. O artista procura dar algum movimento às figuras dos anjos e
santos através da postura dos corpos e do drapeado das roupas. Entretanto, ainda
não consegue realizar plenamente a ilusão da profundidade do espaço.
Suas obras mais importantes foram feitas para a igreja de São Francisco, em
Assis, Itália. Mas existem pinturas de Cimabue em diferentes museus e igrejas
daquele país. Um bonito exemplo da pintura deste artista florentino, considerado um
dos iniciadores da pintura italiana, é uma têmpera sobre madeira, conhecida como
Madona Entronizada. Esse trabalho foi encomendado para a igreja de São Francisco,
em Pisa, e lá permaneceu até 1882, quando foi levado para a França como parte do
saque de Napoleão. Hoje está no Museu do Louvre.
Madona entronizada
Cimabue teve o mérito histórico de ser o descobridor do jovem pastor Giotto,
de quem foi mestre durante dez anos, em Florença.
Pouca coisa é conhecida a respeito da vida de Ambrogiotto Bondone,
conhecido como Giotto. Consta que nasceu em 1266, numa pequena aldeia perto de
Florença, e que faleceu na própria Florença, em 1337. Viveu sua infância entre os
campos e as ovelhas de seu pai. Segundo a tradição, ainda menino teve seus
desenhos apreciados por Cimabue, que acabou sendo o seu iniciador na arte da
pintura.
A maior parte das obras que Giotto produziu foram afrescos que decoraram
igrejas. Dentre essas pinturas estão, por exemplo, A Prédica diante de Honório III,
para a igreja de São Francisco, em Assis, e O Juízo Final, para a capela dos
Scrovegni, em Pádua.
A característica principal da pintura de Giotto foi a identificação da figura dos
santos com os seres humanos de aparência bem comum.
E esses santos com ar de homem comum eram o ser mais importante das
cenas que pintava, ocupando sempre posição de destaque na pintura. Assim, em
obras como o Retiro de São Joaquim entre os Pastores, ou Lamento ante Cristo
Morto, por exemplo, as figuras humanas são maiores do que as árvores e quase se
igualam, em altura, às montanhas que compõem a paisagem.
Cordeiro Místico
São essas conquistas realizadas por jan Van Eyck (1390-1441) e seu irmão
Hubert Van Eyck (1366-1426) que permitem afirmar que as suas obras inauguram a
fase renascentista da pintura flamenga. Além do retábulo do Cordeiro Místico, que
começou a pintar junto com seu irmão, Jan Van Eyck produziu outras obras que se
tornaram célebres por seu realismo e sua riqueza de detalhes. Entre elas estão o
Casal Arnolfini e Nossa Senhora do Chanceler Rolin.
O Casal Arnolfini, realizado segundo os princípios de um evidente realismo,
mostra, com riqueza extrema de detalhes, como eram os aposentos e as vestes de um
rico comerciante do século XV.
O Casal Arnolfini