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CURSO PREPARATÓRIO PEDRO GOMES

PROFESSOR: JUANIL BARROS - GEO-MT


APOSTILA 05 – Clima, Relevo, Vegetação e Hidrografia

ASPECTOS NATURAIS DE MATO GROSSO

Os aspectos naturais de Mato Grosso estão o Equatorial,


relacionados diretamente com os seguintes fatores: o Tropical,
1. Localização geográfica: o espaço mato- o Tropical de Altitude,
grossense está situado entre os paralelos o Semiárido
7°21’13" e 18°02’26" de latitude Sul (zona o Subtropical;
intertropical do Planeta), e os meridianos A classificação de Arthur Strahler, que define
50° 13’48" e 61° 36’04" a Oeste de o clima a partir da observação da dinâmica das
Greenwich, uma hora a menos em relação massas de ar e sua influência no território brasileiro,
à hora oficial de Brasília. resultando também em cinco tipos climáticos:
Estamos próximos à linha do Equador, e por o Clima Equatorial Úmido,
isso o primeiro fator que identifica o clima é a o Litorâneo Úmido,
temperatura. o Clima Tropical alternadamente
Úmido e Seco,
MATO GROSSO LIMITA-SE: o Tropical Semiárido
 ao norte com os estados do Amazonas e do o Clima Subtropical Úmido.
Pará (setentrional ou norte) Existem outras classificações mais detalhadas
 ao sul com Mato Grosso do Sul, (meridional elaboradas pelo IBGE e outros órgãos públicos,
ou sul) entretanto, para esse fim didático, usamos a
 a leste com Goiás e Tocantins (oriental ou classificação de Strahler. Sendo assim, podemos
leste) dizer que no Estado de Mato Grosso predominam
 a oeste com o Estado de Rondônia e com a dois tipos climáticos:
Bolívia. (ocidental ou oeste)

2. Extensão: Mato Grosso é o terceiro estado


brasileiro em superfície. Possui área de
906.806,9 km2 (segundo o IBGE).
Seus pontos extremos são:
 norte - confluência dos rios Teles Pires e
Juruena;
 leste - extremo sul da Ilha do Bananal;
 oeste - cabeceira do rio Madeirinha;
 sul - cabeceira dos rios Furnas e Araguaia.

Consequências:
 Por ter dimensões continentais, Mato Grosso
abriga em seu território uma paisagem
diversificada.
1. CLIMA EQUATORIAL ÚMIDO
CLIMA
Para entendermos as características do clima  Abrange a porção Centro-Norte do Estado de
de um determinado lugar é necessário conhecer a Mato Grosso.
história dos tipos de tempo que vêm acontecendo  Area de atuação da massa de ar Equatorial
nesse mesmo lugar (chuva, calor, vento...) por vários Continental (mEc) durante todo o ano.
anos consecutivos.  É caracterizado pela pequena amplitude
Baseado nas observações da sucessão dos térmica, pelas temperaturas elevadas e
diversos tipos de tempo no território brasileiro, seu pela abundância de chuvas, com as
clima foi classificado de duas formas: precipitações pluviométricas atingindo
 a classificação de Kõppen define o clima a médias anuais acima de 2.000 mm/ano.
partir da observação das variações diárias e  As precipitações resultam das chuvas de
anuais de temperatura, de umidade e convecção, causadas pela ascensão vertical
pressão atmosférica, resultando em cinco do ar úmido que provoca a condensação do
tipos climáticos principais: vapor de água da atmosfera ao encontrar
temperaturas baixas em altitudes mais quente e úmida, o que torna esse período
elevadas. conhecido como "estação das chuvas”.
 No inverno, que é a "estação seca”, a
2. CLIMA TROPICAL SECO E ÚMIDO massa tropical continental (mTc)
 Abrange a maior parte (Centro-Sul e Leste) originada na região do Chaco Argentino e
do Estado; Boliviano, forma uma área de baixa pressão
 predominando altas temperaturas com (ciclonal), dando origem aos ventos quentes
médias situando-se entre 20 e 28°C, com e secos que ficam estacionados sobre a
exceção das áreas mais elevadas (sudeste região.
do Estado - Planalto dos Alcantilados), onde  No inverno ainda, Mato Grosso também
a média é de 22°C. recebe ventos do sul que permitem a
 Caracteriza-se principalmente por penetração da massa polar atlântica
apresentar invernos secos e verões (mPa), provocando o fenômeno da
chuvosos, com pluviosidade média anual friagem (queda de temperatura)
situada em torno de 1.500 mm/ano.
 No verão, esse clima é dominado pela
massa de ar equatorial continental (mEc),

RELEVO CARACTERIZAÇÃO:
O relevo (formas do terreno) origina-se e
transforma-se a partir dos agentes internos da Terra 1. Planaltos e chapadas da bacia do Paraná
(vulcanismo, abalo sísmico, tectonismo) e dos  É formado por terrenos sedimentares com idades
agentes externos (chuvas, rios, ventos, geleiras, que vão desde o Devoniano até o Cretáceo, e
intemperismo, ação do homem...). No Brasil, país rochas vulcânicas básicas e ácidas do
tropical, predominam elevadas temperaturas chuvas Mesozoico.
abundantes e reduzidas atividades geológicas  Em Mato Grosso, esse relevo é marcado pela
internas. Por isso, os terrenos são muito antigos e formação de cuestas e pela presença de
bastante desgastados pelo processo erosivo. Esses superfícies altas e planas que podem atingir
são elementos importantes que influenciam na entre 900 a 1000 metros de altitude.
determinação das baixas altitudes que caracterizam O Planalto dos Guimarães pertence a essa
de modo genérico o relevo brasileiro. unidade e está dividida em três subunidades:
a) A chapada dos Guimarães - com altitude escarpas e abruptas, mantidas por arenitos,
variada entre 600 a 800 metros, corresponde à apresentando também pequenos anfiteatros.
extensa área de relevo plano, contornado por

É local de vertentes onde nascem vários rios de topo plano e vertentes abruptas em áreas
da Depressão Cuiabana. drenadas pelo curso dos rios São Lourenço e
Poxoréo. Apresenta terrenos residuais em forma
de "mesa”, com altitudes que variam entre 400 e
600 metros.

2. Planalto e Chapada dos Parecis


 Localização: É a mais extensa unidade
geomorfológica, ocupando o meio-norte do
estado. Apresenta duas feições distintas:
o A Chapada dos Parecis
o Planalto Dissecado dos Parecis.

 Altitude: apresenta cotas que ultrapassam os


700 metros de altitude, nas áreas próximas das
No primeiro plano observa-se a Depressão Cuiabana. Em segundo nascentes dos rios Juruena, Guaporé e Jauru.
plano a Chapada dos Guimarães (foto: Andrea  Caracteriza-se por superfícies planas.
Weschenfelder/Wikimedia Commons)  O Planalto dos Parecis é a parte mais extensa
subunidade, com predominância de formas de
b) O Planalto do Casca - corresponde a uma área
relevo tabulares. Essas áreas apresentam
que sofreu acentuado rebaixamento erosivo com
topografia favorável a práticas agrícolas
feições geomórficas tabulares e convexas,
mecanizadas.
drenadas por cursos de águas pertencentes à
bacia do rio Casca, formando vales estreitos e
3. Planaltos residuais sul-amazônicos
profundos; semelhantes a pequenos canyons.
Na zona de contato com a Chapada, apresenta  Localização: porção norte do estado, dentro da
anfiteatros5 erosivos. Depressão Sul-Amazônica.
 Caracterizam-se pela presença de inúmeros
c) O Planalto dos Alcantilados - é um conjunto de blocos de relevos residuais, distribuídos de forma
relevo complexo com bordas e escarpas dispersa na porção norte do Estado.
alcantiladas, com reverso em rampas residuais
 Nessa região encontram-se importantes serras,  O relevo é de topografia plana (pediplanos
como a dos Apiacás, do Cachimbo, dos inundados por sedimentos quaternários) com
Caiabis, do Norte, das Onças, Formosa e do altitude média em torno de 200 metros.
Roncador.
9. Planície e pantanal do Guaporé
4. Serras residuais do Alto Paraguai  Localização: Esta planície corresponde a áreas
 Esse conjunto de relevo separa fisicamente a de acumulação frequentemente sujeitas a
Depressão do Alto-Paraguai da Depressão inundações, cujas altitudes variam entre 180 a
Cuiabana. 220 metros.
 Na porção sul, o conjunto de serras recebe o  É uma área de topografia plana constituída de
nome de Bodoquena, e ao norte o conjunto é sedimentos quaternários (areias, siltes,
conhecido como Província Serrana. sedimentos areno-argilosos, parcialmente
 A serra mais conhecida é a serra das Araras. laterizados).
 Estende-se às margens do rio Guaporé e seus
5. Depressão marginal Sul-Amazônica afluentes: Sararé, Galera e Alegre.
 Localização: extremo norte do estado,
compreende uma área que extrapola os limites 10. Planície e Pantanal mato-grossense
mato-grossenses ao norte do Estado.  Localização: Sudoeste de Mato Grosso e a oeste
 Características: O relevo apresenta superfície no Mato Grosso do Sul. Essa região. Esta
rebaixada e dissecada em forma planície de topografia plana não é um terreno
predominantemente convexa, dividida por uma permanentemente alagado.
infinidade de rios que drenam a região.

6. Depressão do Araguaia
 Localização: Localiza-se na porção leste do
Estado, caracterizada por superfície plana com
altitudes entre 200 e 300 metros.
 Essa área é drenada pelos rios Araguaia e das
Mortes e seus afluentes.

7. Depressão Cuiabana
 Localização: Compreende uma área rebaixada
situada entre o Planalto dos Guimarães e a
Imagem área do Pantanal Mato-grossense
Província Serrana.
 Altitude: altimetria variando de 200 metros no  As áreas sujeitas a inundação variam quanto à
limite sul a 450 metros no alto vale dos rios altura da lâmina de água, duração do
Cuiabá e Manso. alagamento e extensão da área inundada. Sendo
 Geologia: O Pantanal é caraterizado por assim, o pantanal apresenta diferenças locais
sedimentos de acumulação recente. formando várias unidades, como pantanal de
Cáceres, de Barão de Melgaço, de Poconé, do
8. Depressão do Alto Paraguai-Guaporé Paraguai e dos Paiaguás, entre outros.
 Localização: Sudoeste do estado, a depressão  Estudos geológicos indicam que a planície do
do Alto Paraguai compreende uma área drenada Pantanal foi originária do levantamento da
pelo alto curso do rio Paraguai e seus afluentes. Cordilheira dos Andes, que separa a região dos
 Características: O relevo é pouco erodido, com oceanos Pacífico e Atlântico.
pequeno caimento topográfico de norte para o  Esse processo formou um mar interior (Xaraés)
sul e rampas na porção oeste, cuja altitude é de que secou ao longo de milhares de anos. É
120 a 300 metros. exatamente nessa espécie de "mar seco” com
 Geologia: Aparecem formas de acumulação apenas uma estação seca e outra chuvosa que
recente nas planícies e terraços fluviais entre os encontramos a fauna e a flora mais rica do
vales dos rios Jauru, Aguapeí, Sangue e Pitas, e mundo. (FUNDEPAN, 1984).
sedimentos mais antigos nos vales dos rios No Pantanal também encontramos as
Paraguai, Sepotuba e Cabaçal. cordilheiras, pequenas elevações estreitas e
 Principais Serras: São Vicente, Santa Bárbara, alongadas que sobressaem ligeiramente da planície,
serras da Borda, do Cágado, Azul, Aguapei e do cobertas com vegetação arbórea e arbustiva,
Caldeirão, cuja altitude máxima não ultrapassa predominando as espécies que ocorrem no Cerrado.
os 900 metros.
 A depressão do Guaporé acompanha todo o vale
do rio Guaporé, vinculado à bacia do rio
Amazonas.
11. Planície do rio Araguaia (Bananal) HIDROGRAFIA
 Localização: Leste de Mato Grosso. No território
mato-grossense corresponde a uma pequena A hidrografia mato-grossense destaca-se no
faixa à margem esquerda do rio Araguaia. cenário nacional por apresentar um grande centro
 Características: Apresenta topografia plana divisor de águas, onde nascem importantes rios de
originada de sedimentos recentes. três bacias hidrográficas brasileiras: a bacia do rio
 Topografia: Está sujeita a inundações Amazonas, a bacia do Paraná e a bacia do
periódicas; com altitude entre 200 e 220 metros Tocantins. Estas bacias estão separadas pelas
e drenagem com marcas de padronagens, áreas elevadas da Chapada dos Guimarães e da
canais abandonados e lagos circulares. Chapada dos Parecis.

RIOS DA BACIA AMAZÔNICA RIOS DA BACIA DO PARAGUAI


 Localização: porção norte de Mato Grosso,  Localização: Porção sul e sudoeste mato-
constituindo os afluentes da margem direita do grossense.
rio Amazonas.  Nascentes: Serra das Araras, municípios de
 Características: possuem um escoamento Diamantino e Alto Paraguai.
rápido, à medida que se deslocam no sentido das  Principais afluentes: Margem direta; rios,
nascentes para a planície Amazônica. Nessa Cabaçal, Jauru e Sepotuba. Margem esquerda.
região existem importantes cachoeiras, que são Cuiabá e São Lourenço.
o resultado da erosão diferencial que ocorre  Característica: O rio Paraguai é o principal rio
quando há o contato entre as rochas cristalinas formador do Pantanal Mato-Grossense. No
(das serras) e as sedimentares (depressão). período das cheias o rio Paraguai transborda,
 Principais rios: Teles Pires, que nasce na Serra inundando a imensa planície pantaneira e
Azul, e o Juruena, que ao se juntarem formam o fazendo extravasar as baías - nome regional que
rio Tapajós, o rio Xingu, o rio Roosevelt, o rio recebem as lagoas. Existem também os corixos,
Arinos e o rio Guaporé. que são cursos de água provisórios que
ligam entre si as baías mais próximas. As
salinas ou soleiras são águas salobras existentes
em várias partes do Pantanal (ocorrem devido à
existência de fontes com elevada concentração
de sais minerais no solo, como o cloreto de sódio a farta vegetação e o alimento da fauna
e magnésio), importantes na pecuária regional. pantaneira.
Existem ainda os barreiros, que são lagos O rio Cuiabá, que despeja suas águas no rio
provisórios/ temporários, geralmente situados às Paraguai, banha a capital do Estado e recebe vários
margens das estradas (FUNDEPAN, 1984). É o afluentes, como: rio Manso, rio Aricá Açu, rio Aricá
sobe e desce das águas que dá vida ao Pantanal, Mirim, rio Cuiabá Mirim, rio São Lourenço e rio
fertilizando o solo através dos nutrientes Coxipó.
deixados pelas águas. O ciclo das águas garante

RIOS DA DACIA DO TOCANTINS produção de grãos, especialmente de soja da


 Localização: Porção leste do estado nos limites região, porém a obra tem sido embargada por
com os estados de Goiás e Tocantins. Tem como questões ambientais.
principal tributário o rio Araguaia, com cerca de
2.115 km de extensão. Polêmicas da Hidrovias
 Nascentes do Rio Araguaia: Serra dos Caiapós O projeto de hidrovia que tem gerado maior
na divisa entre Mato Grosso e Goiás, município polêmica é o do Paraguai/Paraná, que atravessa o
de Mineiros Pantanal Mato-grossense. É um ecossistema com
 Principais afluentes: Rio das Mortes, rio das áreas frágeis, ainda em processo de consolidação,
Garças, rio Cristalino e rio Xavante. que podem sofrer impactos ambientais irreversíveis,
caso ocorra algum desastre, como, por exemplo, o
 Características: O rio Araguaia nasce na serra
derramamento de produtos químicos.
de Caiapós, percorrendo mais de 450 km até
Para a hidrovia funcionar, o plano inicial previa
Registro do Araguaia, atingindo um desnível em
obras de engenharia e de dragagem, como o
torno de 570 metros. A partir de Registro,
aprofundamento e retificação de canais para retirada
percorre mais 1.505 km até Santa Isabel do
de meandros e afloramentos rochosos. Segundo
Araguaia, com desnível de 185 metros, e daí até
ambientalistas, seria o mesmo que retirar a "rolha”
a confluência do Tocantins, numa extensão de
do pantanal, podendo provocar consequências
160 km e desnível com apenas 11 metros,
desastrosas para a vida pantaneira.
formando a ilha do Bananal. Neste rio foi aberta
a Hidrovia Araguaia-Tocantins para exportar a
OS DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS Segundo Ab’Saber (1994), a zona
A expressão "domínios morfoclimáticos” morfoclimática pode começar num continente e
(morfo: forma, relevo; climático: clima) foi criada pelo terminar noutro (tundra) e o domínio morfoclimático
geógrafo Aziz N. Ab’Saber, na década de 60. Este é visto na escala de um continente. Para esse
autor trabalha com uma noção de escala diferente da geógrafo "cada domínio morfoclimático tem uma
usada em ecossistema. assembleia de ecossistemas”.

Para exemplificar esse conceito, Ab’Saber diz  seringueira, angelim, cedro, jacarandá,
que o Cerrado é um ecossistema dominante dentro castanheiro, cerejeira, mogno, pau-roxo e
de uma província ou domínio morfo- climático. Ao peroba, entre outras.
mesmo tempo, no espaço geral desse domínio tem Nessas áreas é comum o acúmulo de matéria
as florestas de galeria, e entre as florestas de galeria orgânica no solo, formando uma grossa camada de
e o começo do cerrado tem transição, tem veredas - húmus (facilmente lixiviado se for retirada a
formações herbáceas em areias do passado que cobertura vegetal).
estão na margem das florestas de galeria. A fauna deste lugar também é muito variada,
No território mato-grossense temos paisagens destacando-se a anta, ariranha, capivara, lontra,
florísticas pertencentes a três domínios porco espinho, preguiça, veado, onça pintada,
morfoclimáticos: macacos-barrigudos, jacu, juriti, mutuns,
 Domínio Amazônico, papagaios, tucanos, jacarés, sucuri, além de uma
 Domínio do Cerrado infinidade de insetos.
 Domínio das Faixas de Transição (Pantanal, Na porção sul e sudeste da Chapada dos
Complexo do Xingu e Cachimbo). Parecis aparece um subtipo desta floresta, que é a
mata de poaia, praticamente em extinção. É nessa
DOMÍNIO AMAZÔNICO mata mais fechada que o cerrado apresenta árvores
 Localiza-se na porção norte de Mato Grosso — é com troncos mais grossos, destacando-se o buriti,
o domínio das florestas que ocupam a maior bacuri, jequitibá, babaçu, jatobá e bálsamo.
parte da superfície do Estado. No "domínio Amazônico” pertencente ao
É uma mata exuberante, com caules território mato-grossense vem ocorrendo um
espessos, com copas que se tocam entre si, acelerado processo de alteração do seu ambiente
podendo chegar até a 60 metros de altura e de natural devido ao desmatamento para extração de
grande potencial madeireiro, destacando-se:
madeira de lei, à prática do garimpo e à agropecuária
incentivada

DOMÍNIO DO CERRADO estão concentrados nas matas ciliares, as quais


É paisagem marcante no Estado. Ocupa em funcionam como refúgio para muitas espécies que se
torno de 300 mil km2, que corresponde a 34% do alimentam em "áreas abertas” durante o dia e
território mato-grossense. Caracteriza-se pela retornam às matas ciliares à noite. As principais
presença de arbustos e árvores pequenas com espécies são: anta, veado, tamanduá-bandeira, tatu,
troncos e galhos retorcidos e casca grossa, que se lobo-guará, raposa-do-campo, porco do mato, cutia,
espalham descontinuamente entre gramíneas e sagui; aves como: ema, gavião, perdiz, codorna e
ervas. Apresenta fisionomia semelhante às savanas seriema; répteis que vivem em cupinzeiros, como:
africanas. O Cerrado é rico em biodiversidade com cascavel, lagartixas, calangos etc. (ALHO, citado em
propriedades medicinais já conhecidas dos índios e GUARIM NETO e SERRANO, 1996).
de antigos moradores, como: sucupira para-tudo, Os estudos realizados até hoje mostram a
calunga e barbatimão, e plantas frutíferas, como importância e a riqueza da biodiversidade do
pequi, seputá, tamarindo e bocaiúva. Ultimamente Cerrado, que apresenta variações em sua fisionomia
intensificou-se a exploração de espécies madeireiras fitogeográfica, a exemplo do cerradão (vegetação
como aroeira, angico, combaru, e algumas plantas mais fechada), campos limpos (cerrado mais aberto)
ornamentais, como tiborna e pau-doce. Fazem parte e campos sujos. Destacam-se também as matas de
também da biodiversidade mato-grossense a lixeira, galeria ou ciliares, que acompanham os cursos dos
o pau-santo, o pau-terra, o timbó, o jacarezinho, o rios que drenam as áreas do Cerrado. Estas matas
sarã e os ipês. estão em franco processo de desmata- mento para
Segundo Coutinho (1978), o ambiente do dar lugar às imensas fazendas de gado e às
Cerrado está exposto à alta insolação, que eleva a monoculturas de cana, soja e algodão. Esse
temperatura diurna, e à baixa quantidade de processo já apresenta suas consequências ao meio
umidade nos períodos de estiagem. Isso não ambiente, como o assoreamento dos rios e o
significa dizer que existe pouca água no cerrado, desgaste do solo.
porém ela existe sob a forma de chuvas torrenciais
que lavam os solos, tornando-os pobres e muito
ácidos. Isso explica a distribuição dos animais, que
FAIXA DE TRANSIÇÃO
Pantanal Mato-grossense
Também conhecido como Complexo do
Pantanal, essa paisagem natural é considerada uma
das mais belas do Planeta. Apresenta formação
vegetal heterogênea pertencente a outros domínios
morfoclimáticos brasileiros. Sua fauna também se
destaca pela grande quantidade e variedade de
espécies. Essa região não constitui um "pântano” e
sim uma área influenciada pelo ciclo das águas,
envolvendo períodos de cheias, vazantes e secas
que atuam na modificação da paisagem pantaneira.
Nos terrenos permanentemente alagados
encontramos espécies vegetais que vivem tanto em
águas correntes como em águas paradas, como é o
caso dos aguapés, o chapéu- decoro, a vitória-régia
e capins resistentes às inundações, que têm
crescimento ereto e acompanham o nível da água
(importantes na alimentação do cavalo pantaneiro).
Neste ambiente encontramos lontras, capivaras,
tuiuiús, biguás, sucuris etc. Os peixes mais
apreciados dessa região são: pintado, pacu,
Piraputangas e dourado. Na vegetação pantaneira
também encontramos áreas de campo limpo com
pastagens naturais (capim mimoso), que
contribuíram no desenvolvimento da pecuária.
Nos terrenos mais altos encontra-se uma
vegetação variada, com formações de cerrado
(cerradão, capões, lixeirões, Acorizal), mata
(espécies das matas tropical e equatorial) e caatinga.
Os animais predominantes são: capivara, porco-do-
mato, lobinho, jaguatirica, onça-parda, anta, bugio,
cutia etc.

Complexo do Cachimbo e do Xingu


Essas formações localizam-se na porção norte
do Estado, na divisa com o Pará. É uma vegetação
caracterizada pela presença de matas de galeria
(com árvores pequenas, troncos finos e poucas
folhas), matas mais secas, espaçadas entre campos
intercalados e entre os tipos anteriores.
Representam uma transição entre os domínios da
Floresta Amazônica e do Cerrado.

Fonte: PIAIA, Ivane Inêz. Geografia de Mato Grosso. 3.


ed. Cuiabá: Edunic, 2003. v. 1. 184p.

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