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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


CURSO DE PSICOLOGIA

NATÁLIA MARIA TEODORO DO CARMO

IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO MATERNO PARA OS PROCESSOS DE


DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL NA INFÂNCIA DE 0 A 2 ANOS
PARA DONALD WOODS WINNICOTT

Belo Horizonte
2019
NATÁLIA MARIA TEODORO DO CARMO

IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO MATERNO PARA OS PROCESSOS DE


DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL NA INFÂNCIA DE 0 A 2 ANOS
PARA DONALD WOODS WINNICOTT

Projeto de pesquisa apresentado ao curso


de Psicologiado Instituto de Ciências
Biológicas e da Saúde, do Centro
Universitário UNA como requisito parcial
para a obtenção de créditos na disciplina
Trabalho de Conclusão de Curso I.

Profª. Andréia Barreto.

Orientadora: Camila Fardin Grasseli,

Mestre.

Belo Horizonte
2019
RESUMO

Este estudo objetivou compreender a relação mãe-bebê na sua


complexidade, buscando destacar os impactos desta relação na construção do
desenvolvimento emocional infantil. Para tanto, foi feita uma pesquisa exploratória
com auxílio de revisão bibliográfica por intermédio de livros e sites acadêmicos. A
partir disso tendo como base as obras de Winnicott, foram analisadas as influências
da relação mãe-bebê quando esta se faz bem instaurada ou malsucedida no
desenvolvimento emocional. Assim como, também foram apresentadas a influência
do ambiente facilitador para o estabelecimento do desenvolvimento emocional
saudável.

Palavras-chave: Desenvolvimento emocional, vinculo materno, processos de


desenvolvimento.
ABSTRACT

This study intends to understand the mother-baby relationship in its


complexity, seeking to highlight the impacts of this relationship in the construction of
children's emotional development. For that to be possible, an exploratory research
was done with the aid of bibliographical revision through books and academic
websites. Based on Winnicott's works, the influences of the mother-baby relationship
were analyzed when it is well established or unsuccessful in emotional development.
As well, the influence of the facilitating environment on the establishment of healthy
emotional development was also presented.

Key words: Emotional development, maternal bonding, developmental processes.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................6
2 WINNICOTT, ORIGEM DA TEORIA INDEPENDENTE.............................................................8
3 AMBIENTE FACILITADOR RETRATADO POR WINNICOTT...............................................15
4 WINNICOTT E O CONCEITO DA MÃE SUFICIENTEMENTE BOA......................................23
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................................29
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1 INTRODUÇÃO

A partir de uma visão psicanalítica de Donald Winnicott tal estudo


pretende retratar sobre vínculo criado entre mãe e bebê, onde a partir de
determinados pressupostos serão abordados seus efeitos no desenvolvimento
emocional da criança. Vale lembrar que, quando ao longo deste trabalho me referir a
palavra “mãe”, estou mencionando não somente a mãe biológica, como também
quem exerce este papel na vida do bebê, da criança. Diante deste tema vale se
atentar no que diz respeito à importância de cada etapa no desenvolvimento infantil
marcadas por apreensões inatas ao indivíduo, e que podem refletir em sintomas
físicos e/ou psicológicos.

Tendo em vista tais fatores, faz-se importante a compreensão da teoria do


desenvolvimento emocional da criança e do relacionamento desta com os fatores
ambientais para se utilizar a experiência mútua, onde a partir desta relação pode
influenciar diretamente da construção do ser de maneira saudável e completo. No
que se relaciona na interação mãe-bebê-criança fica em evidência a relevância
desta fase na formação da psique do indivíduo e os reflexos para o desenvolvimento
da criança em todas as fases vivenciadas, tendo como base as obras de Winnicott.

Por muitos anos estudos tem abordado a respeito do desenvolvimento


infantil. Acerca deste tema o presente trabalho busca compreender se a ausência do
vínculo materno pode afetar o desenvolvimento emocional infantil, tendo a obra de
Winnicott como referência, expondo suas ideias para os ambientes e as relações
para um desenvolvimento emocional saudável.

Isto posto, é de fundamental relevância conhecer a importância do vínculo


materno e como este pode marcar os processos de desenvolvimento emocional na
infância, identificando os mecanismos que são fundamentais para o estabelecimento
deste vínculo e por meio disto, compreender as implicações no desenvolvimento
emocional quando o vínculo sofre abalo durante a infância.

A realização deste estudo deu-se pela significância de conhecer os


processos de desenvolvimento do sujeito, trazendo aspectos primordiais criados na
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infância que podem afetar na forma de se relacionar com seu próximo, bem como o
auto reconhecimento perante a sociedade. Através do vínculo inicial pode-se
compreender de uma melhor forma as relações entre mãe e criança sejam elas bem
ou malsucedidas, trazendo assim uma leitura mais compreensível dos processos
vivenciados no presente a partir do ponto de vista Winnicottiano e como essas
relações se interferem mutuamente.

Com o objetivo de entender e esclarecer a importância do vínculo


materno para os processos de desenvolvimento emocional na infância, o presente
trabalho foi desenvolvido por meio de pesquisas em artigos, legislações e
documentos em sites de pesquisa bibliográfica e livros como google acadêmico,
scielo, entre outros sites que abordam o tema, a partir da psicanálise como
referencial teórico. Sendo assim, o trabalho foi desenvolvido baseado nos
cumprimentos e conceitos aprendidos em sala de aula, referenciais teóricos por
intermédio de pesquisa exploratória utilizando revisão bibliográfica e coleta de
citações relevantes para o tema abordado.

A escolha do tema surgiu com intuito de conhecer mais sobre a


interferência materna acerca da construção emocional infantil. Além disso, para a
construção do mesmo o tema foi discutido entre a aluna do curso de Psicologia e
sua orientadora.

A partir dessa contextualização, observa-se que o presente trabalho ao


retratar este quadro trazendo formas de relações entre mãe e criança, é possível
pontuar que a criação do vínculo vai além de modos adequados de criação dos
filhos e boas condutas maternas, o que vem a influenciar o desenvolvimento infantil,
desta forma trazendo a importância do estabelecimento desse vínculo, visando
minimizar o impacto da culpabilização pela sociedade. A escolha do tema se
originou pela necessidade em pontuar o quão importante é a relação saudável entre
mãe-bebê bem como os impactos quando o vínculo não é estabelecido na primeira
infância.
8

2 WINNICOTT, ORIGEM DA TEORIA INDEPENDENTE

A construção da saúde mental do indivíduo sofre muita influência a partir


da construção proporcionada pelo papel de mãe. Através do asseguramento de um
ambiente facilitador para que os processos evolutivos do bebê se desenvolvam, para
que as bases do desenvolvimento físico e emocional do filho sejam estruturadas.
(Mozzaquatro, 2015)

A teoria psicanalítica traz alguns autores que consideram como


essenciais os primeiros anos de vida da criança, sendo parte fundamental de seu
processo de desenvolvimento. A psicanálise pós-freudiana teve um papel importante
na construção do papel materno, uma vez que enfocaram a relação mãe bebê como
decisiva no desenvolvimento infantil.

Donald Woods Winnicott (1896-1971), retrata através de seus estudos a


essência por trás da unidade inicial mãe-bebê. Winnicott foi o primeiro pediatra a
introduzir na pediatria o estudo de desenvolvimento da criança e da teoria
psicanalítica, difícil separar sua vida pessoal da profissional. Considerando seu
passado, alguns fatos estão intimamente relacionados com suas deduções teóricas
e clínicas.

Donald Winnicott nasceu em Plymouth, na Grã- Bretanha, foi pediatra e


isso o levou a pesquisar a criança no seu contexto familiar e social, tais estudos
posteriormente vieram a se tornar uma das grandes referências de sua obra, a
importância do ambiente externo no desenvolvimento emocional da criança.
Publicou vários livros sobre os fenômenos da vida do bebê, e em suas ideias dizia
de forma informal suas opiniões e suas teorias, expressava suas ideias de modo
claro e vívido, precisava da proximidade da plateia, tinha capacidade de mudar de
estilo e de conteúdo em função do nível de compreensão e do humor da plateia,
mas, escondia a dificuldade por trás disto tudo, pois acreditava que suas façanhas
quanto a psicanálise devia ser acessível a todos e isso era um dos seus pontos
importantes.
9

Suas concepções já tiveram um efeito benéfico, nem sempre


conscientemente reconhecido, sobre outros profissionais dedicados aos
cuidados com recém nascidos e de bebes, como é o caso de obstetras e
parteiras, visitadores sanitários e assistentes sociais, inclusive especialistas
em adoção.(TIZER, 1986)

Aos 16 anos sofreu uma fratura na clavícula no campo de esportes, por


causa disso decidiu se tornar médico, partindo da ideia que dependeria a vida toda
de médicos então ele se tornaria um para cuidar de si mesmo e de outras pessoas.
Prestigiando a obra de Darwin “A origem das espécies”, graduou-se em Biologia
pelo Jesus College, e se deslumbrou com o estudo dos seres vivos, mas fugiu do
óbvio, das lacunas cientificas na época e fez novas pesquisas, o que foi de muita
valia para a ciência do ponto de vista histórico, pois criou espaço para o estudo da
natureza humana.

Num primeiro momento antes de se encontrar com a psicanálise, já


estava apropriando-se de uma forma de medicina “viva”, que trouxesse em sua
bagagem a emoção. Em 1923, começou a trabalhar como consultor infantil, naquela
época ainda não existia a pediatria como especialidade sendo reconhecido este
campo somente após a metade do século XIX. Em 1927 iniciou sua formação em
psicanálise no Instituto de Psicanálise da Sociedade Britânica.

A Sociedade Britânica passou por um momento delicado durante a


Segunda Guerra Mundial, divergências de ideias acabaram levando seus integrantes
a salientarem sua posição teórica e política. Em 1939, após a morte de Sigmund
Freud, inicia-se o período conhecido como “Controvérsias”, com ele divergências
teóricas e técnicas entre Anna Freud e Melanie Klein. (CASTRO; et al., 2009)

Anna Freud (1895-1982) formou-se em pedagogia e exerceu a função de


1914 a 1920, neste período em 1918 se juntou ao círculo de discípulos de Freud,
posteriormente ingressou na sociedade de Viena, e então se tornou Psicanalista.
Seu foco no sofrimento da criança ligado aos sentimentos e conflitos de aprovação e
desaprovação de seus pais reais. A partir disso cria-se aliança com o ego da criança
e a induzia para aceitação da análise, ao mesmo tempo valorizando a utilização do
sonho, das fantasias e dos desenhos, mas limitando a utilização do jogo. Utilizava
fins educativos e pedagógicos no tratamento. (CASTRO; et al., 2009).
10

Defendia a necessidade da presença dos pais no momento de


acolhimento em atendimento infantil, utilizava de brincadeiras para prosseguir o
acompanhamento. Estabeleceu clínicas e berçários para crianças vítimas da guerra,
sobreviventes do holocausto. Winnicott em sua trajetória como pediatra ainda pode
perceber a importância que os pais exercem no desenvolvimento do bebê-criança.
Quando apenas pediatra, não possuía a ótica de olhar os bebês como seres
humanos, tão pouco estabelecer relação de empatia como o bebê, entretanto com o
tempo passou a compreender que isto se tratava de uma falha sua e aos poucos se
tornou compreensível ao relacionamento estabelecido do bebê com a mãe ou com o
pai. Da mesma forma que Anna, Winnicott visa a compreensão e o atendimento
infantil, e reconhece a importância da presença dos pais durante a terapia e utilizava
brinquedos.

Melanie Klein (1882-1960) psicanalista austríaca pós-freudiana, suas


teorias se originaram de seus trabalhos com crianças, o que viabilizou o estudo
psicanalítico dos primeiros meses de vida. Em 1919 tornou-se membro da
Sociedade Psicanalítica da Hungria. Para Klein existe um mundo interno formado a
partir das percepções do mundo externo. A forma de se ver o psiquismo é o que
diferencia os kleinianos dos freudianos, uma vez que para Klein seu funcionamento
ocorre de forma dinâmica entre as posições esquizoparanóide (conjunto de
ansiedades persecutórias e suas respectivas defesas) e depressiva (conjunto de
ansiedade e suas respectivas defesas), e para ela tais posições se iniciam ao nascer
e terminam ao óbito. Klein adere a ideia de que não basta apenas trabalhar
conteúdos reprimidos, faz-se necessário também trabalhar diante das ansiedades
persecutórias e depressivas, ou seja, não adianta trabalhar o sintoma se não der
atenção também aos processos que levaram seus surgimentos.

Anna buscou focar nos aspectos do id e ego, trabalhando os efeitos dos


impulsos interno ao sujeito no desenvolvimento da personalidade. Utilizava da
elaboração de diagnóstico metapsicológico, associava a teoria psicanalítica as
experiências na clínica (perfil desenvolvimental). Para ela a ênfase no ego
encaminha o indivíduo para uma adaptação a realidade. Visava adaptar a criança a
realidade trabalhando junto dos pais. (CASTRO; et al, 2009)
11

Anna Freud era incrédula as fantasias do inconsciente se manifestarem


precocemente, para ela era impossível nesta etapa da vida uma criança estabelecer
transferência com o analista, visto que é uma etapa em que as realidades da
dependência dos pais estão presentes de forma marcante e não produto de fantasia.
Winnicott, assim como Melanie Klein, se distanciava desta teoria apresentada por
Anna Freud, ambos defendiam a fantasia inconsciente operante desde o
nascimento. Para Winnicott, no que se refere a este aspecto, faz-se necessário
voltar a atenção para a importância do primeiro ano da vida da criança, levando-se
em consideração sua saúde psíquica, de forma que estas fantasias são os
representantes psíquicos dos instintos de vida e morte, do mesmo modo através das
brincadeiras revelam conteúdos inconscientes que corresponde a associação livre
da psicanálise dos adultos. (MOZZAQUATRO, 2011)

De acordo com Anna Freud o psiquismo das crianças é diferente dos


adultos, sendo assim na clínica psicanalítica o brincar não poderia ser usado como
método de associação livre. Da mesma forma, questionou o papel do analista neste
processo perante a observação do brincar da criança, o que desviaria das regras
técnicas da psicanálise de Sigmund Freud. Neste contexto, para Anna Freud, não
seria possível distinguir o papel do analista e sua escuta, do pedagogo ou professor
e da disciplina, respectivamente. (LAURENTINO, 2015)

Foi Melanie Klein quem inseriu a brincadeira no processo psicanalítico


com crianças. Klein reconhecera uma similaridade entre a atividade lúdica infantil e o
sonho do adulto, assim como as verbalizações da criança ao brincar e a associação
livre clássica. Winnicott redimensiona a brincadeira conceituada por Klein, trazendo
um olhar não somente da criança e do adulto no processo terapêutico, mas também
situando o brincar do analista e o valor que essa atividade possui em si, instituída
como uma atividade infantil, porém da mesma forma faz parte do mundo adulto.
Para ele o brincar ultrapassa o fato de apenas imaginar, é o modo de fazer, e os
analistas infantis dedicam-se tanto nos possíveis significados do brincar deixando de
obter a concepção clara do enunciado descritivo sobre o brincar.

Conforme Melanie Klein a transferência se faz necessária no tratamento,


seja ela positiva quanto negativa, estas só podem ser estabelecidas e conservadas
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se houvesse dissociação entre o espaço terapêutico e a vida em casa. Segundo ela


o tratamento pode ser parte da vida de uma criança, a partir do pressuposto de toda
criança passa pela neurose, ou seja, pela dificuldade de adaptar-se, o que para Ana
Freud já era uma opinião contrária sendo que para ela tratamento via-se necessário
somente no momento em que a neurose se manifestasse em sintomas, afetando o
tratamento. Acredita-se na adaptação da criança ao social mediante a eliminação
dos sintomas. Dada ênfase nos elementos da consciência, tão recorrente utilizada
por ela em detrimento de uma exploração do inconsciente, leva sua prática ao
compromisso com um viés pedagógico para alguns outros autores. (CASTRO; et al,
2009)

Melanie Klein chegou a Sociedade Britânica em 1926, defendia uma


“análise pura”, criou um novo modo de interpretação através do jogo, introduzindo a
brincadeira no processo terapêutico. O brincar era a forma de trazer as ansiedades e
fantasias, possibilitando o acesso a sexualidade infantil e a agressividade, torna
possível também instaurar a relação transferencial-contratransferencial criança-
analista. As fantasias inconscientes infantis consideradas primordiais são trazidas
através das personificações nos jogos, atribuindo aos objetos sentimentos. Tal
personificação e distribuições de papeis ao brincar, tendo como base a projeção e
dissociação, são fundamentais para a transferência. (CASTRO, et al., 2009, p.33)

O traço investigativo de Melanie a respeito da infância precoce foi o


principal conceito que atraiu Winnicott para a Sociedade Britânica de Psicanálise,
sendo que sua obra retratou amplamente para os fenômenos da vida do bebê.
Melanie Klein trouxe em contribuição aos pensamentos de Winnicott no que diz a
respeito à importância do mundo interno e o poder da fantasia. Ambos vão tratar os
aspectos pré-edípicos da personalidade da criança. (CASTRO, et al., 2009)

Bem como Melanie Klein, Winnicott considera o ego rudimentar desde o


nascimento, uma vez que as relações objetais iniciam a partir desse momento. Tem
o papel do jogo como meio de ingressar no mundo infantil, mas com visão
diferencial, pois para ele, o brincar não é apenas instintivo, e sim o jogo como
criativo e que ocorre na área dos fenômenos transicionais, que serão descritos
posteriormente.
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Melanie Klein destaca o papel da mãe internalizada, Winnicott prioriza a


importância da relação da criança e sua mãe real, aspectos saudáveis e a
necessidade de ser amado. Entretanto, Winnicott discorda de Melanie Klein no que
diz respeito a compreensão da agressividade humana, para ele visto como reação a
invasões ambientais e ao verdadeiro self relatados no decorrer deste trabalho, ao
invés do conceito de pulsão de morte. (CASTRO; et al., 2009, p.33)

Winnicott a princípio ligado a Melanie Klein, era contrário à escolas e


sistemas. O fato de não acreditar em instinto de morte e considerar que Klein não
fornecia atenção suficiente a determinação do ambiente real no desenvolvimento
emocional do bebê, contribuiu para o rompimento de sua filiação deixando de se
intitular kleiniano, desta forma se consolidando em seus próprios métodos e teorias.

Sendo assim, pode-se destacar dois principais aspectos relacionando a


filiação de Winnicott e Klein, o primeiro que os aproxima é a importância dos
aspectos primitivos na construção do Eu. O segundo que distancia suas visões é a
influência decisiva do ambiente no desenvolvimento destes aspectos arcaicos.

Neste período de rompimentos, surge então um terceiro grupo formado


pela maioria da Sociedade, inicialmente chamado “Middle Group” posteriormente
determinado “Grupo dos Independentes Ingleses”, do qual Winnicott foi um dos
expoentes. Para Winnicott, uma questão vital é a importância do ambiente e/ou
facilitadores do amadurecimento. O grupo em suas preocupações comuns
concentravam-se em torno da instauração do sujeito em relação com o objeto real,
desenvolvimento emocional primitivo, como também os aspectos ambientais
determinantes e seus facilitadores.

Deste modo, kleinianos davam grande relevância aos processos


inconscientes da vida arcaica do indivíduo. Ao contrário, os annafreudianos
enfocavam a relação com o pai, não levando em consideração a relação precoce
com a mãe, priorizando a psicanálise integrada a educação, voltada para a
adaptação do Eu a realidade sobre a investigação do inconsciente primitivo. Já o
Grupo dos Independentes se caracterizavam por evidenciar sobre as relações
14

objetais por meio de um viés próprio e pela noção de onde fosse o foco, atravessaria
pela revisão dos impulsos internos, a teoria freudiana das pulsões.

Winnicott trabalhou cerca de 40 anos no mesmo hospital como pediatra,


psiquiatra infantil e psicanalista, e em seus cálculos atendeu e observou cerca de
60.000 pacientes. Sempre buscando a possibilidade de lidar como todo, sempre
pensando na criança e no seu bem-estar. Com esse pensamento mais à frente
iremos abordar a respeito do tema que veio a ser um dos seus marcos históricos,
que é a importância dos ambientes externos para o desenvolvimento emocional do
indivíduo.
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3 AMBIENTE FACILITADOR RETRATADO POR WINNICOTT

Winnicott começou sua carreira como pediatra, posteriormente se tornou


psicanalista e psiquiatra, e neste período iniciou seu trabalho como psicanalista e
psiquiatra voltado para o tratamento de distúrbios psiquiátricos. Priorizava na
medicina medidas preventivas para a preservação da saúde em geral, deste modo,
era contrário às medidas invasivas na relação mãe-bebê – tais como opinar acerca
dos cuidados maternos, dizendo como e quando amamentar, como deve segurar
seu bebê - não respeitando seu período de adapta-se as necessidades deste novo
bebê, deste modo visavam ditar às mães instruções do que e como deveriam
realizar maternagem, sendo que para ele é um conhecimento que advém de forma
mais profunda, é natural a efetivação da função materna.

De acordo com este autor, os cuidados com o bebê vão para além dos
aspectos físicos. Deve-se dar atenção também para os reflexos dos aspectos não
físicos, e o que estes aspectos podem acarretar para o desenvolvimento infantil. O
fato de Winnicott começar sua carreira como pediatra o possibilitou observar e
adquirir grande experiência a respeito do desenvolvimento infantil. Aos poucos se
tornou psicanalista e psiquiatra infantil, o trazendo um olhar diferenciado para o
desenvolvimento emocional infantil, que vai para além de problemas físicos.

Em sua longa experiência na prática da psiquiatria infantil, para realizar


seu trabalho necessitava de uma teoria que retratasse aspectos do desenvolvimento
emocional e físico da criança. Tal teoria precisava abordar o ambiente o qual a
criança vive e falar toda a visão por trás deste ambiente em que está inserida.
(WINNICOTT, 2013)

Para ele é relevante que a criança seja concebida mentalmente, ou seja,


planejada/ fantasiada pela mãe, antes da concepção física, desta forma reporta a
criança o sentimento de fazer parte e neste contexto a criança pode se desenvolver
como indivíduo capaz de se identificar com pessoas e coisas do meio ambiente, não
apenas seguindo as heranças hereditárias. De tal forma que nos períodos iniciais, a
mãe não possui outros interesses que não sejam o bebê. A maioria dos bebês têm a
vantagem de desfrutarem deste período passando a maior parte do tempo sendo
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segurados, uma vez que desde seu nascimento já necessitam de cuidados humanos
em seu processo de evolução. Quando segurados satisfatoriamente adquirem
confiança, e tornam-se capazes de atravessar todos as fases envolvidas no
desenvolvimento emocional de forma positiva.

Dentre os inúmeros fatores envolvidos no desenvolvimento emocional


infantil citados por Winnicott, é incontestável a grande importância dada ao ambiente
facilitador, que tem início desde o nascimento do bebê, isto é, dentro deste ambiente
é possível a compreensão do bebê e suas necessidades precoces. O ambiente
facilitador se trata daquele o qual favorece o processo de amadurecimento do bebê,
tal processo se resultará na busca constante e confiante da independência
emocional e física, ou seja, realizar a subjetivação do Eu tomando conhecimento de
um mundo exterior a ele, além de possibilitar que cada indivíduo possa fornecer
contribuição positiva a sociedade. Para Winnicott o ambiente fornece as bases do
sentimento de confiança em si que se originará com confiança no outro.

De acordo com Winnicott (2013), a construção da saúde mental do


indivíduo se faz desde o início a partir da relação com a mãe, caracterizado por ele
como ambiente facilitador, ou seja, um ambiente onde o bebê pode desenvolver
seus processos evolutivos e as interações naturais com o meio, conforme o seu
padrão hereditário. A mãe, sem perceber, neste processo está estabelecendo as
bases da saúde mental do indivíduo.

Ele irá dizer que ser mãe é algo inato, pode-se ter tido contato com outras
experiências e ensinamentos, entretanto as interpretações das necessidades do
bebê são específicas de cada mãe. O conhecimento materno é mais profundo do
que os livros podem ensinar. É valido que elas podem obter ajuda limitada nos livros
e pessoas as quais buscam conselhos, mas não se pode verbalizar tudo.

Ela tem que tomar suas próprias decisões e iniciativas, pois não existem
dois bebês iguais, da mesma forma que também não há duas mães iguais,
sendo que uma mãe nunca é a mesma com cada filho. (WINNICOTT, 2013,
p.52)

Baseando-se nisto, vemos como o vínculo entre mãe e bebê estabelece o


lugar deste sujeito na sociedade, tendo em vista sua implicância nas relações
17

corporais, afetivas e simbólicas nos primeiros anos de vida da criança. A


amamentação é citada por diversos autores como um dos principais mecanismos
para o estabelecimento do vínculo na relação.

Para Winnicott (2013), o ato de amamentar teria duas funções sendo uma
nutritiva e outra não nutritiva, e, possivelmente, a função não nutritiva, teria uma
importância maior a qual mantém um contato próximo do bebê com a mãe.

Enquanto evidencia dos cuidados prestados ao bebê, podemos dizer, por


exemplo, que o ato de segurá-lo e manipulá-lo é mais importante, em
termos vitais, do que a experiência concreta da amamentação.
(WINNICOTT, 2013, p.21)

O bebê busca o olhar da mãe para além da amamentação para alcançar


a proximidade com ela, e, o fato da mãe não corresponder às investidas do bebê
podem contribuir para que haja um sentimento de insegurança ou ansiedade no
bebê. Possivelmente os bebês não irão se acalmar e continuarão seus esforços na
tentativa de aproximar-se da mãe.

Em consequência disso, o alimento passa a ser visto não apenas como


necessidade fisiológica, como quando observado a partir do olhar da pediatria em
que pode ser satisfatória em relação a anatomia e fisiologia. O período de
amamentação através de outra ótica, do ponto de vista da saúde mental, é tido
como via preferencial da criança criar e expressar sua subjetividade e demonstrar
seus conflitos internos e também familiares.

Os cuidados com o bebê partem também, e não menos importante, da


função do grupo familiar conforme o bebê se desenvolve, e deve ser dada a atenção
necessária a este contexto e como os cuidados são prestados. Mesmo que os
cuidados ultrapassem os aspectos físicos, não se pode deixar de dar devida atenção
a alguns fatores não físicos que estão diretamente ligados aos cuidados com o
bebê. Dentre estes cuidados podemos citar o manejo, que se trata da forma de
manipular e segurar o bebê. Por meio deste contato, sendo bem-sucedido facilita a
evolução, no entanto, quando malsucedida pode acarretar numa ruptura deste
período de evolução, devido as reações do bebê frente a isso. (WINNICOTT, 2013)
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O bebê é um ser humano, imaturo e extremamente dependente, e também


um indivíduo que está tendo e armazenando experiências. Isso tem uma
enorme importância prática para todos que se ocupam dos estágios iniciais.
(WINNICOTT, 2013, p.55)

De acordo com Winnicott, no processo de segurar o bebê


adequadamente, a mãe exerce a função de um Eu auxiliar, perante o fato de na
primeira fase da vida primária o bebê ver a mãe e ele como um só, visto isto, o bebê
obtém a noção de existência desde os momentos iniciais, de forma frágil e pessoal,
porém promovido pela capacidade de identificação e apropriação sensível da mãe
com o bebê relacionado as necessidades básicas, nesta fase a mãe também vê o
bebê como parte dela. Dada a criança que não passou por esta vivência pode vir a
ter de desenvolver a construção do Eu prematuramente ou se tornar extremamente
confusa. (Winnicott, 2013)

A capacidade da criança de, gradualmente, levar em consideração o fato de


que, embora a realidade psíquica interior continue sendo pessoal (apesar de
enriquecida pela percepção do meio ambiente), mesmo assim existe um
meio ambiente e um mundo exterior a ela, que poderia ser chamado de
verdadeiro. A diferença entre estes dois extemos é suavizada pela
adaptação da mãe, dos pais e da família, bem como daqueles que cuidam
do bebê e da criança pequena, mas a criança termina por aceitar o princípio
de realidade, e muito se beneficia do fato de conseguir fazê-lo. Todas estas
coisas são uma questão de desenvolvimento, e não ocorrem,
necessariamente, no caso de qualquer criança cujas condições ambientais
tenham sido confusas e desorganizadas. (WINNICOTT, 2013, p.48)

Segundo Winnicott (2013), se o bebê for segurado de forma adequada, a


base da personalidade estará sendo bem determinada. Dado que os bebês não
podem se lembrar da forma como foram manejados corretamente, porém quando
não são segurados de forma adequada podem se recordar da experiência
traumatizante. Ao trabalhar com crianças mais velhas e adultos, Winnicott pode
observar que os maus-tratos colaboram para um sentimento geral de insegurança, e
que as reações causadas por estes podem retardar o processo de desenvolvimento,
o que fragmentam a linha contínua que é a criança.

Para Winnicott, as algumas patologias psíquicas caracterizam-se como


um transtorno no qual a falha ambiental exerce importante influência. Sua teoria
fundamenta-se na existência da psique-soma, que significa que a psique não é uma
estrutura pré-existente, mas sim constituídas por meio da elaboração do corpo e
suas funções. Essa elaboração dá-se de a mãe exercer uma maternagem suficiente,
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por meio das funções primordiais que são o holding, handling e o setting que serão
descritos no decorrer deste trabalho.

De acordo com ele, a mãe é responsável por manter o processo de


desenvolvimento do bebê e é responsável pela possibilidade de oferecer a ele um
ambiente suficientemente bom. Onde, deve fornecer um suporte ao bebê a partir do
nascimento e durante seu processo de desenvolvimento, para assim ser capaz de
realizar a “integração no tempo e no espaço, o encontro com os objetos do mundo
externo e a unificação entre a vida psíquica e o corpo” (NASIO, 1995, p.188). Esta
unificação denomina-se psicossoma, sendo assim, uma possível variação ambiental
pode interferir consideravelmente no processo de amadurecimento como ser
psicossomático, isto é, falhas neste período inicial pode interferir no modo de ser do
indivíduo na fase adulta e a saúde psíquica ser afetada.

À vista disso, os processos de maturação do indivíduo, de acordo com a


psicologia do desenvolvimento emocional, ciência que estuda as diferentes fases e
evoluções da capacidade de sentir e diferenciar as emoções, necessitam de um
ambiente de facilitação para que possam se efetivar, e este ambiente pode se tornar
complexo rapidamente. Nesse caso, quando se relata a respeito de processo de
facilitação relaciona-se a necessidade de haver adaptação às necessidades básicas
do bebê. Dado que, apenas um ser humano pode conhecer um bebê e as
transformações de suas necessidades e, de tal forma possibilitar uma complexidade
de adaptação cada vez maior. (Winnicott, 2013)

Ao se relacionar a palavra adaptação pelo olhar da psicanálise, relaciona-


se a capacidade de satisfação as necessidades básicas e inatas da criança. A
maturidade para Winnicott envolve o processo de desenvolver e unificar, e está
relacionada não somente ao crescimento pessoal, mas também a socialização. E
neste processo o papel do ambiente implica demasiada importância e influência no
desenvolvimento emocional, onde um ambiente facilitador faz-se possível a
continuidade dos processos de amadurecimento. Dada essa influência, ele dividiu a
fase inicial do desenvolvimento entre dependência absoluta e dependência relativa.
20

A dependência absoluta, Winnicott determinará o período entre 0 a 6


meses, onde o bebê necessita dos cuidados da mãe para sua sobrevivência. Neste
período a mãe também está num estado de dependência, considerando o bebê
como parte dela mesma, em alto nível de identificação com este e sabe sobre suas
necessidades, o que corresponde um alto grau de adaptação. (WINNICOTT, 1983)

Não somente a mãe têm o bebê como parte dela, também nessa fase o
bebê não é capaz de fase distinção entre ele e o meio, este então não reconhece a
dependência. Inicia-se neste momento a adaptação da mãe por meio de três
funções maternas, holding, handling e setting, tais funções serão discriminadas no
capítulo que se sucede. Mas deu-se relevância em citá-los neste momento, devido
ao fato da realização satisfatória destas funções caracterizam-se no ambiente bom,
possibilitando a manifestação do que Winnicott irá denominar self verdadeiro e falso
self.

Se reagir a irritações é o padrão da vida da criança, então existe uma séria


interferência com a tendência natural que existe na criança de se tornar uma
unidade integrada, a paz de ser um self com um passado, um presente e
um futuro. Com uma relativa ausência das reações a irritações, as funções
corporais dão uma boa base para a construção de um ego corporal. Deste
modo se lançam as bases para a saúde mental futura. (WINNICOTT, 1983,
p.82)

O self verdadeiro é a forma natural e espontânea de ser, se trata da


organização mental própria do indivíduo. É a partir deste self que se origina a o que
Winnicott chamou de mãe suficientemente boa. Sua não interrupção torna mais
existente o sentimento de ser real. O verdadeiro self é o responsável por equilibrar o
falso self, que se trata da reação do bebê quando ocorrer uma falha adaptação ao
bebê, isto é, quando a mãe não se identifica com as necessidades deste.

O falso self, por sua vez, traz o sentimento de irreal, é a reação do bebê
as falhas da mãe. A partir deste o bebê cria a capacidade de se adaptar as falhas de
adaptação da mãe. Quando sua função se faz de forma completa este possibilita ao
self verdadeiro a capacidade de existir, sendo assim ele “oculta a realidade interna
do lactante” (WINNICOTT, 1983, p.136), e o que foi constituído de forma inata sendo
tido como um só, passa a ser desenvolvido a personalidade perante as experiências
21

advindas da adaptação das falhas, e o contato com a noção de uma realidade


externa a ela.

Porém, de acordo com Nasio (1995), quando diante de uma mãe


insuficiente, ou seja, incapaz de identificar-se com as necessidades do bebê, pode
ocasionar em alteração na forma de organização patológica. No que diz respeito ao
falso self, neste contexto, a personalidade faz-se constituída baseada nele, onde o
bebê pode vir a se submeter a falhas da mãe e tornar este falso self como seu
verdadeiro, que o leva ao sentimento de irrealidade de si mesmo, de seus próximos
e da vida. Em consequência disso, ao chegar na vida adulta age conforme sua
capacidade de plasticidade excessiva de adaptação ao ambiente “que se funde com
o meio ambiente e reage especularmente às pessoas de seu círculo. ” (NASIO,
1995, p.189)

Outra fase importante dada por Winnicott é a dependência relativa,


caracterizada pelo período de 6 meses a 2 anos. Denominada assim pois a criança
já é capaz de se ver separadamente da mãe, diferentemente da fase anterior a qual
se via fundida a mãe. Conforme já mencionado possui a noção de sua existência e
do ambiente externo a ela, nesta fase a mãe também retorna a suas atividades
individuais e se desliga do estado de identificação e sentimento de unificação,
resultando nas falhas de adaptação moderadas, ditas assim pois não causam
prejuízo a evolução da criança, mas sim contribuem para o seu desenvolvimento.
(NASIO, 1995)

O autor acredita que a mãe precisa realizar a mediação entre o meio e a


criança, desta forma o auxiliando no desenvolvimento de seu self. Posteriormente
iremos retratar a teoria conceituada Mãe suficientemente boa, compreendida como a
mãe que está sempre presente e atenta a responder às necessidades do bebê, com
relação a amamentação. Para ele a mãe é de extrema importância no
desenvolvimento infantil pois ela nomeia os sentimentos da criança.

Perante o conteúdo até este momento estudado, pode-se dizer desta


forma que o ambiente facilitador é a mãe suficientemente boa, por não atender suas
próprias necessidades, e se adaptar a atender ao bebê na medida exata das
22

necessidades deste. Esta adaptação da mãe cria a ilusão necessária para um


desenvolvimento saudável e desta forma torna o bebê capaz de ter uma experiência
de continuidade. Dito isto, não se faz possível descrever um bebê sem falar de sua
mãe e a relação da díade, pois gradualmente a mãe vai se transformando em algo
externo e separado do bebê, uma vez que no período inicial a mãe era o ambiente.
23

4 WINNICOTT E O CONCEITO DA MÃE SUFICIENTEMENTE BOA

Winnicott foi nomeado Psiquiatra Consultor do Plano Evacuação


Governamental, sendo responsável pelos lares contendo crianças advindas de
famílias desestruturadas e/ou que não se adaptavam aos lares comuns, e que, desta
forma, necessitavam de condutas e intervenções diferenciadas. A Segunda Guerra
Mundial marcou definitivamente sua carreira, pois nesse contexto vivenciou
experiências relevantes com crianças que foram evacuadas para estes lares, devido
a segurança que ele proporcionava em meio a emergência dos acontecimentos. Por
meio desses trabalhos Winnicott percebeu a necessidade de inserir aspectos de
cuidados e manutenção a estes tipos de assistência. Ademais, observou a
importância dos cuidados maternos, para diversos aspectos dentre eles a
socialização infantil.

Ele percebeu como a interpretação do pediatra e do psicanalista, perante


a observação deste campo, necessita estar atrelada a uma atenção cautelosa do
ambiente e a relevância de 3 características essenciais: holding, handling e um
setting suficientemente bons, para assim resultar um desenvolvimento normal, ou
para uma oportuna correção de um desenvolvimento anormal.

Estas 3 características devem estar marcadas na figura materna, para


então ser definida como “suficientemente boa”. Esta mãe é capaz de identificar-se
com seu bebê e assim atender suas necessidades, no período denominado como
dependência absoluta. Deste modo, a “mãe suficientemente boa” possui 3 funções
na vida do bebê, assim sintetizadas por Winnicott, nos primeiros meses de vida.
Uma delas é o holding, que se trata da sustentação praticada pela mãe ao bebê, é o
agrupamento de comportamentos como amamentação, carinho, firmeza, dentre
outras ações de satisfação da dupla, que têm em vista apoiar a criança.

Outra função é o handling que diz sobre o manejo, referente a


manipulação do bebê pelas mãos da mãe, o contato físico mútuo da dupla, que
traçará as noções corporais ainda frágeis do bebê.
24

Muitos bebês passam pelo que parece ser uma experiência bem-sucedida
de amamentação e, no entanto, são insatisfatórios, no sentido de que se
apresenta uma deficiência observável em seu processo de
desenvolvimento, bem como em sua capacidade de relacionamento com as
pessoas e utilização de objetos - uma deficiência resultante do fato de terem
sido segurados e manipulados de forma insatisfatória. (WINNICOTT, 2013)

Por último temos o setting, onde Winnicott relata que o cenário necessita se adaptar
a todas as necessidades do paciente, o que consiste em oferecer um ambiente
facilitador, outrora já mencionado que nos períodos iniciais a mãe exerce este papel
em comunhão como o bebê e posteriormente se torna externo a ele, e a importância
de sua estabilidade para o desenvolvimento emocional.

Nos períodos iniciais, as mães fazem-se capaz de exercer empatia, isto é,


colocar-se no lugar do bebê, se assim podemos dizer. Desenvolvem assim a
capacidade de identificação com o bebê e suas necessidades básicas, algo inato a
elas e não pode ser ensinado. (Winnicott, 2013)

Perante o contexto de cuidados iniciais, podemos frisar a vivência da


amamentação, a qual a partir da sensibilidade materna pode possibilitar a
determinação da construção de um vínculo saudável entre a mãe e o bebê.
Entretanto, este episódio do mesmo modo pode ser causador de ansiedade para
ambos, quando não são adequados a relação e os cuidados disponibilizados pela
mãe durante a amamentação, desta forma não atendendo às necessidades do bebê.

O tema amamentação é, por certo, uma parte e pequena parcela desta


vasta questão, parte do que pretendemos dizer quando afirmamos que uma
pessoa começa bem a sua vida quando os recursos ambientais de que
pode dispor são suficientemente bons. (WINNICOTT, 2013, p.21)

No que tange ao processo de amamentação, muitos irão pensar pelo


olhar fisiológico, de fornecer alimento para o bebê enquanto corpo, seja por
aleitamento materno ou fórmula para mamadeira. A mãe suficiente, é capaz de
realizar a leitura do seu bebê, ou seja, ela adapta-se as suas necessidades, selando
uma espécie de acordo com este relacionado a alimentação. Nestes momentos
estão sendo iniciadas as bases de um relacionamento humano, assim como a
capacidade da criança de relacionar-se com os objetos e mundo.
25

Ao obter contato com o seio ou mamadeira, o bebê irá primeiramente


explorá-lo, não imediatamente o transformando em alimento. Neste momento inicia-
se para além da alimentação, começa a relação objetal, é gerado então,
gradativamente, um padrão de acordo com a experiência do relacionamento mãe-
bebê, este acordo denomina-se adaptação as necessidades. Tais adaptações
possibilitam o bebê descobrir o mundo de forma criativa, além de ser uma das
principais características da mãe suficientemente boa, capaz de identificar-se com o
bebê e suas necessidades. (WINNICOTT, 2013)

Todavia, quando a mãe não se identifica com seu bebê, assim não
atendendo as suas necessidades, ocorre o que pode se chamar de “adaptação falha
ao bebê”, nesse caso refere-se a uma mãe a qual a criança possui um apego
comum devido sua ausência. Neste período o bebê não possui a capacidade de
sentir as falhas da mãe como frustrantes, o que gera a partir dessas falhas são
carências da satisfação de necessidades, interferindo no processo de
desenvolvimento.

Esta angustia resultante da carência não deve ser comparada as falhas


fundamentais de adaptação, dado que o bebê ainda não tem capacidade de sentir
raiva. Quando inseridas falhas moderadas na segunda fase, estas estão ajustadas
ao desenvolvimento da criança, desta forma não causam prejuízo e promovem a
evolução. Outrora, vivenciada precocemente, produzem incansável ansiedade e
sentimento de despedaçamento.

Não é possível pensar nas falhas básicas de adaptação como uma forma de
comunicação. Não precisamos ensinar um bebê que as coisas podem correr
muito mal. Se correm mal e não são logo corrigidas, o bebê será afetado
para sempre, seu desenvolvimento será deturpado, e a comunicação
entrará em colapso. (WINNICOTT, 2013, p.88)

Segundo Nasio (1995), quando as falhas não são corrigidas de imediato ocorre a
carência, gerando sentimento de angustia, que ameaça a aniquilação do eu, que
geram as variações essenciais das angústias psicóticas.

Sendo fornecido um ambiente suficientemente bom, que busca satisfazer


as necessidades do bebê, o psicossoma inicial pode se estender ao longo do
desenvolvimento e para isso faz-se necessário que sua existência não seja abalada.
26

O psicossoma necessita reagir perante um ambiente desfavorecedor, este por vez é


sentido como invasão, tais fatores implicam na continuidade de existência do bebê.

Conforme os níveis e frequências das carências e das reações exigidas


ao psicossoma, este contexto pode tornar-se favorável para manifestação da
organização patológica da personalidade. Dentre estas patologias podemos citar a
esquizofrenia infantil ou o autismo, a esquizofrenia latente, o estado limítrofe, a
personalidade esquizoide, a personalidade baseada no falso self. (NASIO, 1995)

Por conseguinte, o surgimento de patologias se dão pela desestrutura na


relação mãe-bebê, consequentemente ocasionando falhas no desenvolvimento do
indivíduo. Tais desestruturações geram a sensação de falta de fronteiras no corpo,
ameaças de despersonalização, angústias impensáveis, ameaças de desintegração
e despedaçamento, de cair para sempre, e falta de coesão psicossomática.

Por trás destas necessidades há o fato de que os bebês são sujeitos às


terríveis ansiedades que se possa imaginar(...) passam por experiência que
só podem ser descritas através de palavras como ser feito em pedaços, cair
para sempre, morrer e morrer e morrer, perder todos os vestígios de
esperança de renovação de contatos. (WINNICOTT, 2013, p.76)

Conforme já mencionado no capítulo anterior, na segunda fase de vida da


criança, nomeada por Winnicott como dependência relativa, a mãe as suas
atividades individuais e começa a desligar-se do sentimento de unificação e
identificação com o bebê. Estas transformações acarretam em falhas na adaptação
ao bebê, em decorrer destas falhas o bebê cogita possui duas mães distintas, uma
mãe presente nos períodos bons de cuidado, brincadeiras, demonstrações de afeto
e é amada, outra, presente nos períodos de ansiedades e inquietação no momento
da alimentação, onde fantasia-se a destruição do corpo da mãe em prol da
satisfação.

Neste período a criança já se vê externa ao ambiente, e não mais no


mundo interno, protegido e criado pela capacidade de a mãe adaptar-se. Esta
transição, já mencionada no capitulo que se antecede, é de extrema valia na vida de
toda criança, dada a relação objetal apresentado a ela e seu relacionamento como
base de um desenvolvimento saudável. A sobrevivência do objeto atacado, neste
caso a mãe que alimenta a bebê, vai além do sobreviver físico, relaciona-se a
27

capacidade da mãe não se transformar em alguém vingativa. Tais acontecimentos


que objetifica a mãe, colocando-a numa posição de utilidade e não parte num mundo
parte do bebê.

Em outras palavras, ela tem uma função a cumprir sempre que o bebê
morder, arranhar, puxar os seus cabelos e chutar, e esta função é
sobreviver. O bebê se encarregará do resto. Se ela sobreviver, o bebê
encontrará um novo significado para a palavra amor, e uma nova coisa
surgirá em sua vida: a fantasia. É como se o bebê agora pudesse dizer para
a sua mãe: “Eu a amo por ter sobrevivido à minha tentativa de destruí-la.
Em meus sonhos e em minha fantasia eu a destruo sempre que penso em
você, pois a amo”.

Perante a subjetivação do Eu, a criança já compreende o objeto como


externo. Para o reconhecimento de que o objeto não fora destruído, necessita-se da
compreensão que ambas se tratam da mesma mãe. Para tal feito, é indispensável a
mãe suficientemente boa, para que haja esta integração das duas figuras de forma
positiva. (NASIO, 1995)

A mãe suficiente é o ambiente do bebê, e seus cuidados dependem das


necessidades dele. Ela é que realiza a adaptação ativa e supre as necessidades
inatas deste bebê. E para além disto, é quem cuida e se faz presente nos momentos
de calma e inquietação.

Após a integração das duas figuras, a criança passa a vivenciar a


angustia depressiva, da mesma forma, também sente a culpa depressiva. O que
gera estes sentimentos respectivamente é, para ela, correr o risco de destruir a mãe
por meio dos episódios de inquietação e, além disso, perceber que possui
ambiguidade, onde a mãe objeto de ataque é a mesma amada dos momentos bons.
Inicia-se então o processo descrito como reparação e restauração, por intermédio de
demonstração de gestos de afeto para mãe, afim de reparar a culpabilização, no
entanto, é necessário que haja a mãe suficiente, a que sobrevive. Em consequência
desta experiência, a criança torna-se capaz de aceitar e distinguir pensamentos e
fantasias relacionadas a realidade interna e externa, além do conhecimento da
excitação não destrutiva. (NASIO, 1995)

O processo de amadurecimento aos poucos irá exigir pequenos elemento


do mundo externo, para se unir a realidade interior do bebê. Onde pode surgir a
28

adoção de um objeto transicional, significa o início dessa evolução. O espaço


transicional marca a passagem da dependência absoluta (fase da ilusão) para a
relativa (fase da desilusão), ocupando a função de amparo pela falta da mãe que
está retomando a suas atividades individuais.

No segundo período da criança, caracterizado pela descoberta do Eu


dissociado do objeto, a criança passa pelo episódio da desilusão, com ele surge
também atividades que Winnicott irá chamar de fenômenos transicionais que pode
ou não estar junto de um objeto, denominado objetos transicionais, que emergem
em momentos de angústia. Estão localizados entre a realidade interna do sujeito e a
externa ao sujeito, e desta forma viabilizam a conscientização do externo. Este
conjunto é apontado como espaço transicional. (NASIO, 1995)

A existência deste espaço Winnicott considera que a mãe foi


suficientemente boa nesta fase. Porém, deve-se atentar, já que neste mesmo
cenário pode surgir psicopatologias. Ao, por exemplo, a mãe se ausentar para além
da capacidade de a criança exercer a sobrevivência dela em sua mente, ocasiona o
desinvestimento do objeto. De tal modo, esta incapacidade de mantê-la viva em sua
mente, pode vir a gerar diferentes distúrbios psíquicos, baseados na tentativa de
negação da separação da mãe, junto do sentimento de perda. (NASIO, 1995)

O processo de desenvolvimento da criança acarreta, gradativamente, em


abster-se dos cuidados maternal. À medida que projeta suas necessidades e
introjeta esses cuidados, vai retendo em sua memória este período de trocas e
gerando confiança no ambiente. Vale atentar que, de acordo com Winnicott, o
indivíduo desenvolvido de forma satisfatória não se torna isolado, mas torna sua
relação com o ambiente interdependente. Desta forma, observa-se a importância do
ambiente (mãe) para a construção de sua personalidade, bem como a influência
exercida por este no decorrer da vida do bebê, da criança e do adulto.
29

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista os aspectos até aqui apresentados, verifica-se que as


necessidades da criança vão para além de aspectos corporais, está relacionado
também ao desenvolvimento psíquico, e nesta fase é relevante a adaptação da mãe
as necessidades do bebê-criança. Constata-se a importância de 3 funções maternas
desenvolvidos pela mãe suficientemente boa, sendo estas funções fundamentais
para a efetivação do vínculo mãe-bebê e o desenvolvimento emocional infantil.

Estas funções são o holding que é o conjunto de cuidados corporais e


psíquicos instaurados pela mãe, que visão a sustentação dessas estruturas. A
função handling que se caracteriza pelo manejo do bebê durante os cuidados
fornecidos, e é responsável pela definição dada por Winnicott de personalização,
que significa atribuir sentimento aos objetos, responsável pela unificação entre a
vida psíquica e o corpo. Por fim tem o setting, o cenário que irá favorecer os
processos evolutivos do bebê por meio da apresentação do objeto, através deste
processo que o bebê toma conhecimento do objeto de seu desejo fornecido pela
mãe para suprir suas necessidades. Estas funções desempenhadas pela mãe
suficientemente boa resultam no ambiente facilitador para o desenvolvimento
emocional primário da criança.

A ocorrência de um abalo na existência de um ambiente facilitador pode


ocasionar na desintegração do psicossoma. O psicossoma necessita reagir as falhas
do ambiente, que implicará no desenvolvimento dos processos evolutivos da
criança. Porém, se estas falhas ocorrem com demasiada frequência, demanda mais
reações do psicossoma em contraproposta, gera-se mais carências, tal contexto
torna-se favorável ao desencadeamento de patologias, que causam a
desestruturação do psicossoma, ou seja, o sentimento de ser feito em pedaços –
como já mencionado -.

Dado os estudos até aqui mencionados, se faz notório a importância do


papel da mãe suficientemente boa, bem como o bebê estar inserido em um
ambiente facilitador, e a manutenção destes, para que seus processos de
desenvolvimento sejam atravessados de forma adequada em cada etapa. No que se
30

refere a isto, destaca-se a capacidade de adaptar as necessidades do bebê, não


apenas pelo que refere apresentação do objeto na alimentação pela ótica anatômica
e fisiológica, como também as através do olhar, manejo, suprindo suas ações inatas,
contribuindo para sua ideia de real.

Em suas vivências, Winnicott constatou que grandes partes dos distúrbios


da personalidade os quais teve que lidar em crianças mais velhas e adultos,
originaram-se na primeira infância, podendo estes talvez terem sido evitáveis. Deste
modo atribuiu seus estudos voltados para esta fase, destacando a importância do
papel da mãe e do ambiente o qual o bebê está inserido, o que o diferenciou dos
demais autores aqui citados.

Quando a mãe se faz ausente por um longo período, superior ao que o


bebê possa mantê-la sobrevivente em sua mente, pode ocorrer o desinvestimento
do objeto, onde o bebê passa a relacionar-se de forma comum com a mãe, além de
posteriormente ser desencadeador de distúrbios psíquicos, dada sua negação ao
sentimento de perda, dentre estes distúrbios podemos destacar a paranoia, algumas
depressões, tendência antissocial. Neste último podemos exemplifica-lo com a
experiência vivenciada por Winnicott no Plano de Evacuação Governamental, nos
lares destinados as crianças que não se adaptaram aos lares comuns, por estarem
apresentando comportamentos antissociais. Vale salientar que, a partir destas
vivencia que Winnicott pode perceber a necessidade dos cuidados da maternos.

Em virtude dos fatos mencionados, constata-se que durante os estágios


iniciais de vida o cuidado físico é um cuidado psicológico. Tais cuidados são
responsáveis por gerar confiança, desta forma possibilitando uma diminuição da
dependência, pois se tornam memória no corpo. Como defesa organizada contra um
aumento da ansiedade, causado a partir da falha materna excessiva, pode-se gerar
uma desintegração desencadeando patologias.

Chegado ao fim desde estudo, foi possível demonstrar a relevância de


voltar-se para as relações iniciais estabelecidas entre mãe e bebê, uma vez que,
para que a criança obtenha um desenvolvimento psíquico e emocional saudável
deve-se voltar para a qualidade dessa relação.
31

REFERÊNCIAS

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