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AS ÁREAS RURAIS EM MUDANÇA

O
B Dar uma definição de agricultura.
Identificar os factores que condicionam a prática da agricultura.

J Factores Naturais
Factores humanos
Caracterizar a Agricultura tradicional
E Caracterizar a Agricultura Moderna
Caracterizar os diferentes tipos de agricultura

C Itinerante sobre queimada


Sedentária de sequeiro
De Oásis
T Da Ásia das Monções
De plantação
Tipo norte – americano
I Tipo Europeu.
Características das Explorações agrícolas

V Distinguir Espaço Rural de Espaço Agrário


Definir os conceitos de
Morfologia agrária
O Sistema de cultura
Tipo de povoamento

S Apresentar os condicionalismos físicos e humanos dos sistemas agrários em Portugal.


Caracterizar a Agricultura portuguesa quanto:
Gestão e utilização do solo arável.
Principais produções agrícolas.
Características das explorações agrícolas (dimensão, forma de exploração e
sistemas de cultura)
Características da população agrícola.
Conhecer as condições de vida das populações das áreas rurais.
Apresentar soluções para revitalizar estes espaços.
Caracterizar a balança comercial agrícola portuguesa.
Identificar os principais problemas do actual uso do solo.

AS ÁREAS RURAIS EM MUDANÇA


GEOGRAFIA A 11º ANO
Adelaide Inês
AS ÁREAS RURAIS EM MUDANÇA

O início da evolução histórica da agricultura é certamente a “arte de domesticar plantas e animais”. O estudo
das origens da domesticação tanto de plantas como de animais tem de considerar, desde o início, as
primeiras economias produtoras de alimentos vegetais e animais do Velho Mundo.
Os grupos humanos enraízam-se e introduzem na paisagem um elemento novo, os seus estabelecimentos: as
povoações, as culturas e outras formas de utilização do solo que lhes asseguram a subsistência.
Admite-se hoje, que o centro mais antigo de domesticação de plantas e animais é o Próximo Oriente e que
esta domesticação foi uma invenção única que ocorreu na área, que é ocupada por Israel, Jordânia, Síria,
Turquia, Irão e Iraque.
Do próximo Oriente teria irradiado a agricultura com o arado para a Europa; para Leste até à Índia China e
Sudeste asiático.

Actividade económica orientada no sentido da produção de bens


destinados à alimentação e à indústria, obtidos a partir de plantas e
animais por intermédio de transformações biológicas e tecnológicas.

“ … O Grupo preocupa-se em produzir “… O agricultor trabalha cada vez mais para


em quantidade suficiente para garantir a alimentar os mercados urbanos e torna-se cada
satisfação das necessidades vez mais um consumidor de produtos estranhos à
alimentares. A preocupação sua exploração. Pode não descurar a produção
fundamental dos grupos será então a de para auto consumo mas esta tem relativamente
subsistir e não muito a de produzir. O pouca importância.
consumo é a medida do cultivo.”

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G- Sistemas poli culturais que
E- Fracos conhecimentos possibilitam a produção diversificada
A- Agricultura extensiva já que a ocupação
técnicos por parte dos de bens por ano e assim respondem
do espaço é apenas a necessária para
agricultores que utilizam às necessidades alimentares da
garantir a produção de alimentos para o
técnicas agrícolas primitivas família.
grupo.
com processos arcaicos o que
explica a baixa produtividade
B-É uma agricultura científica que utiliza registada. H- É uma agricultura cada vez mais
técnicas cada vez mais sofisticadas como ligada à indústria fornecendo a esta
os fertilizantes, sistemas de irrigação, actividade e matérias primas
estudo dos solos, selecção de espécies, necessárias para a transformação
manipulação genética. em agro-indústrias
F- É uma agricultura
C- Elevada percentagem de população mecanizada em todo o
agrícola que executam tarefas processo produtivo. Os I- É uma agricultura especializada, em
exclusivamente manuais. agricultores são empresários que cada região ou exploração se
bem informados que especializa em produções adaptadas às
necessitam cada vez mais de características naturais numa perspectiva
se articulares com a banca e de mercado, produzir o máximo com o
D- Organização das explorações os seguros.
de tipo familiar cuja produção se menor custo.
destina ao auto consumo e uma
relação com o mercado mínima.

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OS DIFERENTES TIPOS DE AGRICULTURA

TIPO CARACTERÍSTICAS
É a forma mais primitiva de praticar agricultura, baseia-se na queima de floresta
para o arroteamento de terras e utilização das cinzas como fertilizante. O
Itinerante sobre esgotamento dos solos obriga ao deslocamento das populações, pratica-se a poli
queimada cultura com instrumentos rudimentares sendo a organização das terras
comunitária. Existe em regiões de fraca densidade populacional e grande
disponibilidade de território.
Desenvolve-se em regiões com maior densidade populacional nos planaltos de
Sedentária de sequeiro Africa é mais intensiva e minuciosa que a anterior, recorre à rotação de culturas e
ao pousio, a fertilização dos solos é feita com estrume do gado.
Pratica-se no Norte de Africa nas regiões de Oásis, há uma grande intensidade de
De oásis ocupação do solo, num sistema de poli cultura e com grande divisão da
propriedade.
Desenvolve-se no Sudeste asiático e está de acordo com as condições climáticas
desta região (quente e húmida). Utiliza grande quantidade de mão-de-obra, pois
Da Ásia das monções existe muita população, asa tarefas são simples mas minuciosas e intensivas, o
arroz é produzido em sistema de monocultura.
Existe nas regiões tropicais e tem características de agricultura moderna. A
produção destinada ao mercado internacional utiliza processos modernos para
De plantação produção de matérias-primas de interesse industrial (café, borracha, cacau) é
explorada por grandes empresas multinacionais.
Praticada em extensas propriedades de forma muito regular, elevada mecanização
Tipo Norte-Americano em sistema de monocultura com uma especialização regional muito acentuada.

É uma agricultura muito intensiva praticada em explorações de pequena e média


dimensão em sistema de poli cultura. É mecanizada é mecanizada e recorre ao uso
de fertilizantes químicos. É fortemente apoiada pelo estado o que faz aumentar os
Tipo Europeu níveis de produção.
Portugal inclui-se neste tipo de agricultura embora devido à diversidade climática
se possa encontra dois tipos principais de agricultura

POLICULTURA INTENSIVA E MONOCULTURA EXTENSIVA DE AS ÁREAS RURAIS EM MUDANÇA


IRRIGADA CEREAIS
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OS ASPECTOS ESTRUTURAIS DA AGRICULTURA

CONCEITOS BÁSICOS:

ESPAÇO RURAL – Engloba tudo o que é visível no campo e que está ligado à actividade agrícola ( parcelas cultivadas,
unidades pecuárias, habitações, áreas florestais, unidades industriais, o comércio e os serviços)

ESPAÇO AGRÁRIO – Limita-se aos espaços destinados às actividades agrícolas, como as parcelas cultivadas, os
campos com gado, o espaço inculto, e as construções relacionadas com a actividade.

MORFOLOGIA AGRÁRIA
Tamanho das parcelas – Minifúndio – pequenas e Latifúndio – grandes
Forma das parcelas – Regulares ou irregulares
Delimitação – Campos abertos (Openfield) ou campos fechados (Bocage).
POVOAMENTO
Concentrado – Aldeias grandes mas muito distanciadas umas das outras (tipo Alentejo)
Agrupado ou disperso – Quando as habitações se encontram espalhadas um pouco
por todo o espaço dando origem a uma certa continuidade do povoamento.
SISTEMA DE CULTURAS
Associação de culturas – Monocultura (uma única cultura com o objectivo de
maximizar a produção ao mínimo de custo) ou Poli cultura (várias culturas em
simultâneo mais usuais na agricultura de subsistência)
Intensidade de utilização do solo – Sistema intensivo (a terra é cultivada
continuamente recorrendo-se à rega e adubação. Sistema Extensivo – recorrem ao
pousio com rotação de culturas não utilizando a totalidade do solo

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AFOLHAMENTO TRIENAL COM POUSIO

CONCENTRADO
DISPERSO

QUANTO À PRODUÇÃO PODEMOS DISTINGUIR DOIS CONCEITOS:


PODUTIVIDADE AGRÍCOLA – Produção por agricultor durante um ano ( mede-se em
toneladas por agricultor
RENDIMENTO AGRÍCOLA – É a relação entre a produção e a superfície usada (mede-se AS ÁREAS RURAIS EM MUDANÇA
em toneladas por hectare). GEOGRAFIA A 11º ANO
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AS FRAGILIDADES DOS SISTEMAS AGRÁRIOS
QUE CONDICIONALISMOS PARA PORTUGAL?

A actividade agrícola em Portugal conheceu desde os seus primórdios, um quadro de condicionalismos que criou várias
dificuldades que perduram até aos nossos dias.

CONDICIONALISMOS FÍSICOS:
Portugal possui um quadro natural que não é o
mais favorável à prática da agricultura. O RELEVO

CLIMA Este é um factor importante em termos de agricultura


sendo esta desejavelmente praticada em regiões planas ou
Uma grande irregularidade em termos totais de com pequenos declives pois com fortes declives há mais
precipitação anual fazendo alternar anos secos e anos erosão do solo.
húmidos.
As planícies aluviais localizadas na faixa litoral possuem
Um predominância de influência mediterrânea em melhores condições dado que possuem solos férteis. As
cerca de 2/3 do território, que faz coincidir a época regiões do Maciço Central e de Trás-os-Montes devido à
de maior precipitação com o período mais frio do ano, altitude têm poucas condições para a prática da agricultura.
época em que a mesma é menos necessária para as
culturas. O SOLO

Temperaturas muito elevadas na estação seca, As características do solo dependem do clima, da


aumentando a evapotranspiração, contribuindo para a natureza da rocha, da cobertura vegetal e da topografia
secura do solo inviabilizando muitas vezes a vida entre outros factores.
vegetal. O clima mediterrâneo que predomina no nosso país não
Ocorrência frequente de chuvas intensas que favorece a formação de solos profundos uma vez que a
provocam por vezes inundações nos campos de escassa precipitação e a coincidência do período quente com
cultivo. a época mais seca não permite a alteração química das
rochas.
A natureza da rocha também vai interferir no tipo de
solo. Os solos mais ricos situam-se nas regiões onde
Tudo isto leva a que se registe um claro contraste predominam os granitos (Noroeste e Beira interior) os mais
entre as regiões a norte e a sul do Tejo e a Oeste pobres são os de xisto (Alentejo) argilas e arenitos (litoral
ou a Leste da Cordilheira Central. do país).
O Noroeste, a Beira litoral e a região Oeste
são climaticamente mais aptas a actividade
agrícola. O Alentejo devido à secura regista
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produções muito irregulares
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OS CONDICIONALISMOS HUMANOS
Foram responsáveis pela dimensão da propriedade
A agrícola em Portugal
A DENSIDADE POPULACIONAL ESTRUTURA FUNDIÁRIA
D
As assimetrias na densidade populacional sobretudo E Em oposição ao minifúndio do Norte (Noroeste)
N
entre o Norte e o Sul, o Litoral e o Interior reflecte-se encontramos grandes propriedades a Sul.
S
na grande divisão da propriedade no Noroeste I As causas já apontadas foram agravadas com o fim da
(Minifúndio) e a existência de grandes propriedades D lei de Morgadio no século XIX, que reservava a
no Alentejo. A
D herança ao filho mais velho da família. Com esta
OS ASPECTOS HISTÓRICOS E alteração houve uma maior divisão da propriedade
(dividida por todos os herdeiros) o que dificulta a
A história de Portugal marcou profundamente a P
O mecanização das culturas e é um condicionalismo para
agricultura portuguesa:
P a agricultura.
A influência das civilizações Romana e Árabe – A U
L O OBJECTIVO DA ACTIVIDADE AGRÍCOLA
introdução de novas culturas (trigo, vinha, oliveira e
citrinos) e em sistemas agrícolas de irrigação que A Portugal possui um número significativo de
C
permanecem até aos nossos dias. explorações agrícolas que praticam uma agricultura de
I
O subsistência. È praticada em sistema de policultura,
A conquista do país de Norte para Sul manteve
N por vezes de forma extensiva, devido aos poucos
sempre desequilíbrios em termos demográficos. A
A meios utilizados.
entrega de grandes extensões de território às ordens
L
militares provocou uma concentração da propriedade No plano oposto temos unidades agrícolas que
que esse mantém até aos nossos dias. praticam uma agricultura de mercado por vezes para
E fins industriais (tomate, beterraba, girassol) são
A acção de alguns reis como D. Dinis, foi
explorações que recorrem a meios mecanizados e
responsável pela plantação de grandes áreas de
A técnicas mais modernas visando produções elevadas.
pinhal e pelo arroteamento de terras.
H SISTEMAS DE CULTURAS
Os descobrimentos que permitiram a introdução I
de culturas originárias de outros espaços como o S O recurso à policultura, muito relacionado com a
milho a batata e o tomate. T agricultura de auto-consumo contribui para o atraso da
Ó nossa agricultura pois a produtividade é bastante
R
reduzida.
I AS ÁREAS RURAIS EM MUDANÇA
A GEOGRAFIA A 11º ANO
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À PROCURA DE UMA SÍNTESE

AS FRAGILIDADES DOS SISTEMAS AGRÁRIOS


QUE CONDICIONALISMOS PARA PORTUGAL?

CONDICIONALISMOS
FÍSICOS

CLIMA – A grande RELEVO – A existência de SOLO – O clima mediterrâneo


irregularidade na distribuição fortes declives oferecem não favorece a formação de
da precipitação, e a poucas condições à prática da solos profundos devido à
predominância de um clima agricultura (Trás-os-Montes e escassa precipitação. O tipo
mediterrâneo maciço central) de rocha também influencia.

CONDICIONALISMOS
HUMANOS

DENSIDADE POPULACIONAL - A maior HISTÓRIA – A influência de civilizações como


densidade populacional do Norte os Romanos e Árabes que trouxeram novas
levou a uma maior divisão do terreno culturas e técnicas agrícolas. Os
(minifúndio) ao contrário do interior e descobrimentos que introduziram novas
do sul. culturas como o milho, a batata e o tomate.
A AGRICULTURA PORTUGUESA

Portugal manteve até bastante tarde uma forte tradição rural com grande importância das actividades
agrícolas no contexto da economia.

Esta tendência só se inverteu na última década com a retracção da superfície agrícola relativamente às outras
classes consideradas.

Esta evolução foi acompanhada de uma diminuição do Produto Agrícola Bruto (PAB) no contexto do PIB não
significando porém uma diminuição do nível de produção agrícola.

Para esta evolução muito contribuiu as alterações ocorridas após a adesão de Portugal à CEE hoje União
Europeia, devido à aplicação de fundos comunitários que transformaram este sector:

A população activa passou de cerca de 1,5 milhões para 600 000 em 2001.

A superfície agrícola total diminuiu 3% cerca de 150 000 hectares.

O número de explorações diminuiu.

A média de superfície por exploração aumentou de 6,69 hectares para 9,29 mostrando uma
tendência para o emparcelamento.

O número de parcelas diminuiu cerca de 35%.

A estrutura de utilização das terras também sofreu alterações aumentando a percentagem de


explorações de maior dimensão.

Diminuíram o número de explorações arrendadas.

A área de superfície irrigada diminuiu.

Existe uma tendência geral para a diminuição das culturas praticadas. Resulta das alterações
introduzidas pela PAC preconizando incentivos à não produção de acordo com a aptidão dos solos.

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GEOGRAFIA A 11º ANO
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À PROCURA DE UMA SÍNTESE

DIMINUIÇÃO DA POPULAÇÃO ACTIVA NA AGRICULTURA.

AS ALTERAÇÕES DIMINUIÇÃO DA SUPERFÍCIE AGRÍCOLA E DO NÚMERO DE

EXPLORAÇÕES.
DA

AUMENTO DA MÉDIA DE SUPERFÍCIE POR EXPLORAÇÃO E DA


AGRICULTURA
PERCENTAGEM DE EXPLORAÇÕES DE MAIOR DIMENSÃO.
PORTUGUESA
DIMINUIÇÃO DO NÚMERO DE PARCELAS.
APÓS A ADESÃO
DIMINUIÇÃO DO NÚMERO DE EXPLORAÇÕES ARRENDADAS.
À UNIÃO
TENDÊNCIA GERAL PARA A DIMINUIÇÃO DAS CULTURAS
EUROPEIA
PRATICADAS.
A GESTÃO E UTILIZAÇÃO DO SOLO ARÁVEL
REGIÕES AGRÁRIAS – Delimitação do
território nacional em termos agrícolas
CONCEITOS BÁSICOS: para fins administrativos e estatísticos.
SAU – Superfície Agrícola útil – superfície de
exploração que inclui terras aráveis, horta
familiar, culturas e pastagens permanentes.

A superfície utilizada para fins agrícolas foi aumentando em consequência do arroteamento


de terras e do aproveitamento de certas regiões menos aptas para agricultura até aos anos
60. A partir desta data esta tendência inverteu-se devido a vários factores:
A Emigração e o despovoamento do interior.
A guerra colonial.
O desenvolvimento económico do país (indústria e turismo)
Após a adesão de Portugal à União Europeia esta regressão manteve-se em benefício da
superfície florestal e de outros usos do solo.
NEM TODA A SUPERFÍCIE AGRÍCOLA É OCUPADA POR CULTURAS, A SAU É CONSTITUÍDA
POR;
Culturas permanentes – Culturas que ocupam a terra durante longos períodos de tempo
(vinha, olival, pomares).
Pastagens permanentes – conjunto de plantas herbáceas semeadas ou espontâneas,
destinadas a servirem de alimentação ao gado ocupando o solo por um período superior a 5
anos.
Hortas familiares – pequenas áreas cultivadas com o objectivo de assegurar o abastecimento
familiar e não o mercado.
Terras aráveis – superfícies que são semeadas com culturas temporárias ou deixadas em
pousio. AS ÁREAS RURAIS EM MUDANÇA
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 Em Portugal de acordo com o último
recenseamento da agricultura existe um
reforço das pastagens permanentes em
desfavor das terras aráveis (diminuição das
culturas temporárias imposta pela PAC)
 Em termos regionais verifica-se que há
um domínio das pastagens nos Açores
contrapondo às culturas permanentes em
Trás-os-Montes, no Algarve e na Madeira
 As regiões da Beira Litoral e de Entre
Douro e Minho apresentam um predomínio
da classe das terras aráveis.
 No Alentejo existe também um domínio
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das terras aráveis devido aos incentivos da
PAC e das terras deixadas em pousio GEOGRAFIA A 11º ANO
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AS PRINCIPAIS PRODUÇÕES AGRÍCOLAS EM PORTUGAL

A evolução recente da produção agrícola em Portugal resultou da adesão de nosso país à União Europeia
e da integração da nossa agricultura na PAC, foram os mecanismos desta, os fundos enviados e a sua
aplicação, que alteraram o panorama do sector agrícola.

CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO DISTRIBUIÇÃO REGIONAL

 Os cereais com maior importância em Portugal


são o trigo, o milho, o centeio e de certo modo o
arroz.  A cultura do trigo distribui-se por todo o
país, mas a região agrária do Alentejo é a
 Após a adesão à UE os cereais sofreram uma
redução da superfície de cultivo, em especial o que regista maior produção (85%), segue-
trigo, o centeio, a aveia e a cevada e uma se Trás-os-Montes com 7% e Ribatejo e
quebra na produção que resulta dos incentivos à Oeste com 5%.
não produção.
 Este grupo de culturas tem vindo a perder  O milho domina nas regiões agrárias do
importância no contexto da produção vegetal do Ribatejo e Oeste, Alentejo e Entre Douro e
país. Minho, estas regiões contribuem com 73%
para a produção total deste cereal.

 Trás-os-Montes é a região do país onde a


cultura do centeio é mais significativa com
63% da produção nacional.

 Quanto ao arroz, a sua produção


concentra-se no Alentejo, Ribatejo e Oeste
e na Beira Litoral

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CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO DISTRIBUIÇÃO REGIONAL

A evolução desta cultura tem apresentado uma


redução em termos de produção e superfície Mais de 50% da superfície de vinha é
cultivada. Esta redução acentuou-se com a produtora de “Vinhos de Qualidade
adesão à UE que passa a valorizar a qualidade
relativamente à quantidade. Produzidos em Regiões Demarcadas”
A vinha adapta-se a uma grande variedade de (VPQRD) que têm maior
tipo de solos e é exigente do ponto de vista
climático. expressividade nas regiões :
A vinha é a cultura portuguesa por excelência
pois está presente em mais de 50% do total das Entre Douro e Minho (cerca de 90%)
explorações agrícolas.
Beira Litoral (cerca de 79%)
Os vinhos de qualidade têm um peso cada vez
maior no contexto da produção vinícola
portuguesa na qual aos consagrados vinhos do Trás-os-Montes (cerca de 68%)
Porto e da Madeira se juntam os VPQRD ( Vinhos
de Qualidade Produzidos em Região Demarcada) Alentejo (cerca de 51%)

CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO DISTRIBUIÇÃO REGIONAL

A oliveira adapta-se a diversos tipos de solo, A maior área destinada ao olival


mas é muito sensível às condições localiza-se na região do Alentejo,
meteorológicas, exigindo verões longos quentes seguida de Trás-os-Montes, Beira
e secos. interior e Ribatejo e Oeste.
Devido à elevada pluviosidade e aos
A cultura depara-se com alguns problemas
ventos húmidos de Oeste a região de
devido ao fecho de lagares por não cumprirem Entre Douro e Minho não é muito
as normas europeias, a falta de mão-de-obra favorável à oliveira que exige verões
especializada e a existência de olivais longos quentes, e secos.
abandonados e envelhecidos.
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CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO DISTRIBUIÇÃO REGIONAL

Sendo uma cultura introduzida no nosso


país após os descobrimentos, a sua área de
cultivo é bastante significativa (54 000 ha). As regiões que registam
superfícies de cultivo mais
A batata adapta-se a quase todos os tipos
significativas são Trás-os-Montes,
de solos, desde que sejam ricos em matéria
Ribatejo e Oeste e ainda a Beira
orgânica ou adubados e estrumados.
Litoral.
Actualmente faz parte da alimentação
diária de mais de 90% da população nacional.

CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO DISTRIBUIÇÃO REGIONAL

Estas têm um carácter emergente por


sobressaírem na tendência geral da É na região de Ribatejo e Oeste que
agricultura portuguesa pois têm aumentado se situa a principal produção de
em termos de superfície cultivada e produção hortícolas. Existem outras áreas onde
representando no total da produção vegetal predomina o regadio, o Algarve, Entre
Douro e Minho e a Beira Litoral onde a
36,1% no caso dos hortícolas e 22,4% no
produção hortícola também tem
caso da fruta, ultrapassando culturas
significado.
tradicionais como os cereais, a vinha e o
azeite. A repartição das frutas por região
tem especialização no Algarve em
Este crescimento resulta dos apoios da UE
citrinos e frutos secos, Trás-os-Montes
para a introdução de sistemas de rega, em frutos secos, Beira Litoral a maçã e
construção de estufas e substituição de Ribatejo e Oeste a pêra.
culturas.
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À PROCURA DE UMA SÍNTESE

C  Os cereais com maior importância em Portugal são o trigo, o milho, o centeio e de certo modo o arroz.
E
R
Este grupo de culturas tem vindo a perder importância no contexto da produção vegetal do país.
E O trigo aparece em todo o país com destaque para o Alentejo.
A O milho nas regiões mais húmidas do litoral.
I O centeio domina em Trás-os-Montes.
S
O arroz na Beira litoral e no Ribatejo.
V É a cultura que domina na maioria das explorações.
I
N Tem vindo a diminuir a área cultivada sobretudo após a adesão à UE.
H Adapta-se a uma grande variedade de climas.
A Os vinhos de qualidade têm vindo a ganhar cada vez mais importância.
A
Z
E
A Oliveira exige clima quente e seco por isso encontra-se no Alentejo Trás-os-Montes e beira interior.
I
T
Esta cultura tem vindo a perder importância devido ao envelhecimento dos olivais, à falta de mão-de-obra
E e equipamento especializados.

B
A Tem uma área de cultivo bastante significativa pois adapta-se a quase todos os tipos de solo.
T
A Existe um maior cultivo em Trás-os-Montes, Beira Litoral e Ribatejo e Oeste.
T
A Faz parte da alimentação diária de 90% da população portuguesa.
H
O
R
T
A superfície cultivada tem vindo a aumentar motivada pelos apoios que vêm da União Europeia.
O
F Os hortícolas dominam no Ribatejo e Oeste e Beira Litoral, as frutas estão distribuídas de forma
R
especializada pelas regiões de acordo com as condições climáticas.
U
T
I
CARACTERÍSTICAS DAS EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS

REGIÕES Propriedade e Exploração da Terra Sistemas de Cultura e principais produções

Estende-se de Entre Douro e Minho até à As culturas são feitas de forma intensiva
Beira Litoral. sem recurso a pousio praticando a poli
Predomina a pequena propriedade cultura. As produções mais importantes
(minifúndio). As propriedades são são: o milho, o feijão e as hortaliças, a
transmitidas de pais para filhos o que leva vinha aparece associada com outras
Atlântico
a uma fragmentação da propriedade. culturas. A paisagem agrícola é o campo-
prado onde se associa a criação de gado e a
agricultura. A utilização intensiva da terra
NORTE leva à existência de um povoamento
disperso.
Estende-se de Trás-os-Montes até à parte Junto à aldeia cultivam-se os produtos
interior da Beira Alta. hortícolas que precisam de rega, mais
A dimensão das explorações embora seja afastados ficam os cereais (centeio e
Interior
superior à região anterior, também trigo). O sistema de cultura é o
predomina a pequena propriedade. afolhamento bienal com pousio (esta
parcela é usada para alimentar o gado).
O número de explorações agrícolas é Predomina a agricultura extensiva baseada
inferior ao Norte Litoral mas domina a no cultivo do trigo e na prática do pousio. A
grande propriedade – Latifúndio. produção de cereais é quase toda feita em
sistema de sequeiro, é possível vermos
associações deste cereal com cevada e
Alentejo
aveia. É possível ver campos arborizados
(azinheira, sobreiro, oliveira) a que se
chama Montado. O povoamento é
SUL concentrado com um número pequeno de
proprietários agrícolas.
Apresenta dois tipos distintos: a serra e o Na serra predomina o cultivo do trigo
litoral. Enquanto na serra predominam associado a outras árvores características
explorações de grande dimensão de terras do clima mediterrâneo (figueira,
Algarve
pouco férteis, no litoral com mais alfarrobeira). No Litoral surge a poli cultura
população predomina a pequena irrigada com domínio das hortícolas e das
exploração. frutas e da floricultura em estufas.
REGIÕES Propriedade e Exploração da Terra Sistemas de Cultura e principais produções

Domina a pequena propriedade – A zona de cultivo raramente ultrapassa os


Minifúndio – sendo a maioria das 400 metros de altitude organizando-se por
explorações de tipo familiar. andares: até aos 150 m predomina a poli
cultura; dos 150 aos 400m cultiva-se o
milho; dos 400 aos 800m existem
pastagens para o gado bovino; acima dos
800m existem matos.
AÇORES
Os campo são fechados com muros ou
sebes.
Além do milho cultiva-se a batata, o chá, o
tabaco e o ananás em estufas.
A Pecuária de bovinos é a actividade
REGIÕES económica mais importante que se destina
AUTÓNOMAS à indústria de lacticínios.
As ilhas da Madeira e Porto Santo não são A agricultura desta região assenta na
favorecidas para a actividade agrícola utilização de técnicas como: construção de
devido ao relevo, a exposição geográfica socalcos; irrigação intensiva e estrumação
das vertentes (Norte/Sul). das terras.
A propriedade é muito fragmentada A irrigação associada às características
MADEIRA tratando-se por isso de uma região de climáticas da vertente Sul permite o
minifúndio. crescimento de plantas de origem tropical –
Banana, Maracujá e Anona.
Assume grande importância o cultivo da
vinha, da cana-de-açúcar e algumas de
subsistência.

AS ÁREAS RURAIS EM MUDANÇA


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AS CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO AGRÍCOLA
A caracterização da população agrícola passa necessariamente pela análise da estrutura etária e do nível de
instrução.

Se em 1960 ainda havia muitos efectivos a trabalhar na agricultura, o que testemunhava o real atraso tecnológico
deste sector, a partir desta data o decréscimo começou a verificar-se de forma acentuada, devido:
Aos progressos tecnológicos, sobretudo ao nível da mecanização dos campos;
Ao êxodo rural motivado pela procura de trabalho noutros sectores de actividade, primeiro na indústria e depois nos serviços
e no comércio;
Ao envelhecimento da população agrícola;
À fraca capacidade atractiva deste sector, sobretudo da população jovem;
À redução do número de explorações devido à diminuição da população agrícola;

Além do decréscimo da população agrícola verifica-se um duplo


envelhecimento (um decréscimo no número de jovens e um
aumento do número de idosos)
 A nível regional a região que apresenta uma estrutura agrícola familiar
mais envelhecida é o Algarve, seguida do Alentejo;
 A região que tem uma maior percentagem de população activa
agrícola mais jovem é os Açores;
 O Algarve é a região que tem menos efectivos com idade inferior a 25
anos e os Açores a que tem menor percentagem de trabalhadores com
idade igual ou superior a 65 anos.
 A nível nacional mais de 60% da população agrícola tem mais de 55
anos e apenas 0,4% até 25 anos.

O envelhecimento da população agrícola em geral, e dos produtores em particular, constitui um entrave à


inovação e à modernização do sector, o que consequentemente conduz à manutenção do baixo rendimento e fraca
produtividade.
Os agricultores trabalham o solo a partir de um saber de experiências acumuladas, a partir dos ensinamentos dos
seus pais.
A elevada qualificação profissional e a preparação cultural
são a chave do sucesso dos agricultores e da agricultura
praticada em países onde o nível de vida da população rural
é semelhante ao da população urbana.
O grau da população agrícola é baixo:
17% da população não sabe ler nem escrever;
16% sabe ler e escrever mas não tem qualquer grau de ensino;
49% tem o 1º e 2º ciclo do ensino básico.
A situação agrava-se quando se considera a população com
55 ou mais anos:
29,6% não sabe ler nem escrever;
26,6% sabe ler e escrever mas não tem qualquer nível de
instrução;
3,9% não tem mais do que o 2º ciclo.

AS CONDIÇÕES DE VIDA DA POPULAÇÃO DAS ÁREAS RURAIS

Quando alguém exerce mais do que uma actividade como é o caso de alguns agricultores que
trabalham na indústria ou de pescadores que também são agricultores diz-se que existe
Pluriactividade
Actualmente a pluriactividade permanece no sector agrícola, (apenas 16% se dedica em
exclusivo à actividade agrícola) constituindo um entrave à renovação e modernização do
sector.
No entanto este é um factor que pode contribuir para a fixação da população nas áreas
rurais, poderá constituir uma base económica alternativa invertendo a actual tendência de
abandono das áreas rurais.
Além da pluriactividade outros factores precisam de ser modificados com vista à revitalização do
espaço rural.
A forma de exploração agrícola:
Conta Própria - que domina no nosso país, onde o produtor é também proprietário da exploração.
Arrendamento – as terras são exploradas por produtores mediante o pagamento de uma renda.
A promoção de acções de emparcelamento – Junção de várias parcelas de diferentes proprietários
numa só, passando esta a ser explorada por um único produtor.
Desta forma podemos aumentar a dimensão média das propriedades dando-lhe maior rentabilidade
económica, permitindo a sua mecanização e diminuindo os incultos. No caso dos Latifúndios a divisão
da propriedade irá aumentar a área produtiva e minorar a terra abandonada.
A AGRICULTURA PORTUGUESA E A DEPENDÊNCIA EXTERNA

Apesar dos condicionalismos físicos e humanos que


influenciam a sua produtividade Portugal produzia a maior
parte do que consumia em termos alimentares.

A integração na União europeia (1986) a que se seguiu a


abertura do mercado português aos produtos agrícolas dos
outros estados no início da década de 90 alterou
completamente esta tendência.

Esta quebra na tendência de auto-suficiência gerou um


problema à agricultura portuguesa, o de não conseguir
escoar os seus produtos.

A concorrência dos produtos estrangeiros mais baratos


levou a um aumento cada vez maior do consumo de
produtos com origem nos países comunitários.

Esta situação gera duas consequências:

A diminuição dos preços dos produtos para os


consumidores

A quebra do escoamento para os produtores e a


falência económica da actividade e sucessivo
abandono da produção.

A balança comercial é desfavorável em quase todos


os produtos com excepção de alguns frutos secos
(pinhões), castanha e ainda produtos derivados do
vinho e as conservas de tomate, com forte tradição FORTE DEPENDÊNCIA EXTERNA EM TERMOS
e especialização no nosso país. ALIMENTARES
OS PROBLEMAS DO ACTUAL USO DO SOLO

DESTACAM-SE OS PRINCIPAIS PROBLEMAS:

A SUPERPRODUÇÃO – Nomeadamente no sector da fruta e do leite, é complicado de gerir


sobretudo junto dos produtores.

A DEGRADAÇÃO E POLUIÇÃO DOS SOLOS E O AGRAVAMENTO DOS PROCESSOS EROSIVOS –


Resulta do uso exaustivo de fertilizantes químicos, que se agravou com a adesão de Portugal
à União Europeia.

A IRREGULARIDADE CLIMÁTICA – Afecta ciclicamente a actividade agrícola muito


relacionada com as condições naturais.

AS CARACTERÍSTICAS DA MÃO-DE-OBRA AGRÍCOLA – Existe falta de mão-de-obra


especializada devido à grande percentagem de população idosa com falta de qualificação. A
actividade agrícola não é atractiva para a população jovem.

A INTRODUÇÃO DE TRANSGÉNICOS OU OGM (ORGANISMOS GENETICAMENTE


MODIFICADOS) – Embora sem significado no nosso país, constitui uma preocupação na
maioria dos países onde se pratica pois desconhece-se os efeitos desta prática no organismo
humano.

AS ÁREAS RURAIS EM MUDANÇA


GEOGRAFIA A 11º ANO
Adelaide Inês
AS ÁREAS RURAIS EM MUDANÇA
O
A AGRICULTURA PORTUGUESA E A POLÍTICA AGRÍCOLA COMUM (PAC)
B Conhecer as principais etapas da política Agrícola Europeia.

J Conhecer os objectivos da PAC de 1962.


Compreender os objectivos do FEOGA.
E Explicar a inversão da tendência inicial da PAC.

C Conhecer os objectivos da PAC 2000.


Compreender o impacto da PAC na agricultura portuguesa.
T Conhecer os benefícios do PEDAP na agricultura portuguesa.

I Relacionar a atribuição dos subsídios com o grau de investimento e o


rendimento líquido.

V Apontar os principais aspectos em que se traduziu a modernização da


agricultura portuguesa.

O Compreender as transformações da agricultura portuguesa após as alterações


introduzidas na PAC (1992)

S Apontar medidas para a potencialização do solo agrário em Portugal.


Conhecer as alterações impostas pela Agenda 2000 para o caso português.
Compreender o papel da agricultura portuguesa no contexto da globalização da
economia.
Conhecer os benefícios para Portugal resultantes das negociações da UE com a
OMC.

AS ÁREAS RURAIS EM MUDANÇA


GEOGRAFIA A 11º ANO
Adelaide Inês
PRINCIPAIS ETAPAS DA POLÍTICA AGRÍCOLA COMUM

A Europa que tinha sofrido duas


Assinatura do Tratado de Roma
1957 guerras num curto período de tempo
precisava de definir uma estratégia de
produção alimentar, pois só assim seria
Definição dos pilares da PAC
1958 auto-suficiente deste ponto de vista. Esta
estratégia assenta em três grandes
Plano Manssholt – Trava a tendência de pilares:
1968 intensificação e visa evitar as derrapagens UNICIDADE DE MERCADO –
orçamentais. Cada produto abrangido pela PAC teria
um preço institucional e regras de
Introdução de medidas de modernização da mão- concorrência comuns.
1972 de-obra agrícola através da qualificação e do PREFERÊNCIA
rejuvenescimento. COMUNITÁRIA – Os preços dos produtos
são garantidos a nível interno quer para
Introdução da taxa de co-responsabilidade os importados (preço mínimo) e
1979
visando a redução dos excedentes. subsídios para os produtos internos
terem preços concorrenciais nos
Introdução de quotas leiteiras para redução da mercados exteriores.
1984
produção de leite. SOLIDERIEDADE
Primeira reforma da PAC. FINANCEIRA – Os custos do
1992 financiamento da PAC serão suportados
pelo FEOGA.
Agenda 2000 – avaliação da reforma da PAC de
1997
1992 e início da discussão da Nova Reforma.
FEOGA – Fundo Europeu de Orientação
Discussão sobre a Nova reforma da PAC. Agrícola. Visava o desenvolvimento e a
2002
modernização da agricultura europeia.

Para que se reduzisse a dependência alimentar externa foram dados todos os


apoios, nomeadamente através do FEOGA, que permitiram o desenvolvimento
da agricultura europeia, que passou a produzir três vezes mais e permitiu a
subida do rendimento médio dos agricultores.
AS ÁREAS RURAIS EM MUDANÇA
GEOGRAFIA A 11º ANO
Adelaide Inês
O crescimento contínuo da oferta leva à criação de EXCEDENTES AGRÍCOLAS o que
conduz a grandes despesas de armazenamento. Para escoar os produtos era preciso
exporta-los, com a ajuda de subsídios para baixar os preços.
Esta intensificação da produção gerou também graves PROBLEMAS AMBIENTAIS e
de ocupação desordenada do solo.

É necessário que se introduzam alterações que visem diminuir os incentivos à


produção e reduzam os excedentes:
Incentivo ao abandono da actividade dos agricultores cujas as explorações não
apresentam viabilidade e à substituição das terras aráveis por áreas florestais.
Abandono da actividade por parte dos agricultores mais idosos e formação e
qualificação dos mais jovens.
EM MAIO DE 1992 DÁ-SE A INVERSÃO DA TENDÊNCIA INICIAL DA PAC:
AS NOVAS PRIORIDADES PASSAM A SER:

AS ÁREAS RURAIS EM MUDANÇA


GEOGRAFIA A 11º ANO
Adelaide Inês
A reforma de 1992 foi geralmente considerada um êxito, com
efeitos positivos para a agricultura europeia.

Porém a evolução que se registou nos anos seguintes,


sobretudo devido à conjuntura internacional, à preparação
para a moeda única, à competitividade dos produtos de
países terceiros, conduziu a uma nova adaptação da PAC.

Em 1997 a Comissão propôs a reforma da PAC no âmbito da


Agenda 2000 que para além da PAC integrava também
outras reformas da União Europeia para o período 2000-
2006.

A Agenda 2000 constituiu a reforma mais radical e mais


global da PAC desde a sua fundação.

Concretamente, a reforma contempla medidas destinadas a:


Reforçar a competitividade dos produtos agrícolas
no mercado doméstico e nos mercados mundiais;
Promover um nível de vida equitativo e digno para a
população agrícola;
Criar postos de trabalho de substituição e outras
fontes de rendimento para os agricultores;
Definir uma nova política de desenvolvimento rural,
que passa a ser o segundo pilar da PAC;
Melhorar a qualidade e segurança dos alimentos;
Incorporar na PAC considerações de natureza
ambiental e estrutural mais amplas;
Simplificar a legislação agrícola e a
descentralização da sua aplicação, a fim de tornar as
normas e regulamentos mais claros, mais
transparentes e de mais fácil acesso.
O IMPACTO DA PAC NA AGRICULTURA PORTUGUESA

Portugal aderiu à Comunidade em 1986 . Como a nossa agricultura se encontrava em grande


atraso relativamente à dos outros Estados-membros, foi necessário promover um programa
específico de ajuda à sua modernização, o PEDAP (Programa Específico de Desenvolvimento
da Agricultura Portuguesa).

Portugal foi considerado em estado de transição durante 10 anos portanto susceptível de


receber um apoio especial.

Este apoio traduziu-se na modernização e transformação do sector nomeadamente:

A sua mecanização com redução dos activos;

O alargamento das produções de regadio;

A electrificação das explorações;

Florestação;

Modernização e construção de novos caminhos rurais;

Promoção do emparcelamento;

Desenvolvimento da formação profissional dos agricultores e da investigação agrária;

Encorajamento à pré-reforma dos agricultores mais idosos;

Incentivo ao associativismo agrícola.


A atribuição de subsídios aos agricultores, feita com base na produção por hectare, é prejudicial é para a
agricultura portuguesa, pois as dimensões das explorações são de um modo geral reduzidas.

Aumento de quotas em alguns produtos agro-pecuários como por exemplo, trigo duro, o tomate, a vinha e o
leite, que são produtos tradicionais na nossa agricultura.

Os preços ao produtor diminuíram devido à concorrência dos produtos vindos do exterior.

A utilização de plantas transgénicas dá origem a maiores rendimentos, levando por isso à descida dos preços
no mercado mundial.

O aumento da produção devido à concorrência do mercado mundial levou a uma perda de qualidade dos
produtos e o aumento do perigo de poluição dos solos e das águas, provocado pelo abuso dos produtos químicos.

O abandono de terras aráveis, que foi incentivado por directivas da Comunidade é um dos efeitos negativos que
se faz sentir na agricultura portuguesa e foi um dos factores que concorreu para a desertificação do interior do país.

Após a reforma da PAC em 1992 verificou-se uma acentuada crise no sector agrícola português, verificamos que no
período pós 1992 até à actualidade houve uma inversão do crescimento que o sector tinha conhecido entre 1986 e
1992.
A actual PAC não deve servir como desculpa para justificar a crise no sector mas sim ser aproveitada para
aumentar a nossa produtividade e o rendimento dos agricultores, através de medidas como:
 A posta em sectores tradicionais como a vinha e a oliveira, valorizando a qualidade relativamente à quantidade e
criando regiões demarcadas.
 Apoiar as produções que melhor se adaptam ao nosso clima e das quais podemos retirar vantagens
comparativas, como o sector da horto-fruticultura.
 Aproveitar os apoios da PAC para culturas que não sejam excedentárias como a beterraba, a soja, o tomate ou o
tabaco dando-lhe o posterior tratamento industrial.
A Agenda 2000 implica profundas alterações na PAC:

MEDIDAS DA VELHA PAC MEDIDAS DA NOVA PAC

Agricultura tradicional Agricultura biológica

Massificação Qualidade

Produção Extensiva – protecção


Produção intensiva
dos solos

Prioridade ao produtor Prioridade ao consumidor

Reprodução artificial na pecuária Reprodução natural na pecuária

Uso controlado de medicamentos


Uso de medicamentos / Antibióticos e eliminação do uso de
antibióticos
Maior consumo de produtos Maior consumo de produtos
alimentares nacionais e estrangeiros regionais e locais
Subsídios centrados no progresso
Subsídios à produção
rural

FIM DA LÓGICA DA PRODUÇÃO COMO PRIORIDADE MÁXIMA


A AGRICULTURA BIOLÓGICA – Constitui uma nova forma de encarar a actividade
agrícola, aproximando-a das técnicas tradicionais no que estas têm de melhor
(carácter não poluente) e utilizando o que a ciência tem de mais inovador, numa
perspectiva de preservação ambiental.

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