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AULA 4: APOCALIPSE 17 E A FALÁCIA DOS 7 PAPAS

Podcast nº 4
Nossa aula de hoje é sobre “Apocalipse 17 e a Falácia dos 7 Papas”. Há muitas teorias e
especulações sobre Apocalipse 17, especialmente sobre os símbolos contidos nos versículos 9 a
11. Para que a aula não fique muito extensa, não faremos uma análise completa desse capítulo,
mas apenas de alguns versos.
Vamos ler Ap 17:9 a 11:
“Aqui está o sentido, que tem sabedoria: as sete cabeças são sete montes, nos quais a
mulher está sentada. São também sete reis, dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda
não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco.
E a besta, que era e não é, também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete, e caminha para
a destruição.”
Uma teoria que tem atraído bastante adeptos, mesmo entre adventistas, é a chamada
“teoria dos 7 papas”. Os proponentes dessa teoria ensinam, basicamente, que as sete cabeças da
besta escarlate, mencionada em Apocalipse 17, representam sete pontífices que governaram desde
1929, que supostamente seria a data da cura da ferida de morte da besta, que ocorreu em 1798, e
que essa sucessão numericamente específica nos levaria até a volta de Cristo.
Originalmente, essa teoria apontava que João Paulo II seria o 6º rei, ou a sexta cabeça, e
que o 7º rei seria Bento XVI, cujo pontificado deveria durar “pouco tempo”, e alguns ainda
enfatizavam que esse tempo seria de três anos e meio literais, no qual sairia a lei dominical,
teríamos as perseguições, etc., e que o 8º rei seria a aparição do próprio Satanás personificando
Cristo.
Olhando apenas superficialmente, já é possível identificar a tamanha estupidez
interpretativa dessa teoria. Há muitos erros aqui. Todos nós sabemos que o pontificado de Bento
XVI foi de 19.04.2005 a 28.02.2013. Portando, não foi de três anos e meio, como ensinavam os
falsos profetas, e nem tampouco aconteceu a lei dominical, não se desencadeou a perseguição e
muito menos Satanás apareceu como o tal 8º rei, como eles ensinavam. Já que eles falharam na
predição, o que eles fizeram? Ao invés de admitirem que estavam em erro, eles fizeram alguns
ajustes na teoria para fazerem novas predições... Basicamente os argumentos atuais são: que o
Papa Francisco não é o 8º rei, mas sim uma extensão do anterior, ou seja, Bento XVI e Francisco
são na verdade a 7º cabeça... bom, não vou me alongar muito nos meandros dessa infantil teoria.
O direito canônico católico ensina claramente que quando Bento XVI renunciou, ele deixou de
ser papa. Ele não é mais papa. Isso é o que diz o direito canônico católico. Alguém dirá “mas, ele
não é o papa emérito?”, esse título de papa emérito é apenas um título de cunho jornalístico, não
tem nenhum valor para a alegação de que Bento XVI ainda seja papa. Mas, aqui você percebe a
manipulação da informação para tentar justificar as heresias. Se amanhã, Bento XVI falecer,
quero saber qual será a próxima manobra que esses falsos profetas farão para enganar os irmãos.
Como eu disse, há vários erros nesses ensinos propagados por aí. Vamos analisar a
questão da data de 1929, porque essa data é crucial nessa teoria pueril.
O Dr. Demóstenes Neves publicou um artigo, em maio de 2005, sobre essa temática. Vou
destacar aqui alguns parágrafos: (ler).
Ainda tem mais. Vamos analisar a má interpretação de símbolos bíblicos agora. No texto
bíblico em análise, são mencionados sete montes ou montanhas (do grego “hóros”). Na Bíblia,
meus irmãos, “montes ou montanhas” significam “impérios”, e não reis individuais. Vejamos um
exemplo:
“Pagarei, ante os vossos próprios olhos, à Babilônia e a todos os moradores da Caldeia toda a
maldade que fizeram em Sião, diz o Senhor.
Eis que sou contra ti, ó monte que destróis, diz o Senhor, que destróis toda a terra; estenderei a
mão contra ti, e te revolverei das rochas, e farei de ti um monte em chamas.” (Jeremias 51:24,25).
Kenneth Strand afirma que, quando “procuramos pelo uso escriturístico do vocábulo
‘montanha’ nos casos em que a palavra é empregada como um símbolo […] nunca encontramos
‘montanha’ usada para simbolizar um monarca ou governante individual. Em vez disso, a
encontramos sendo usada como símbolo para uma nação ou império.”
Em Apocalipse 17 também diz que esses 7 montes são também “sete reis”. É interessante
observar aqui, que segundo essas falsas teorias, esses sete reis são “reis pontífices”. Novamente
vemos mais absurdos. Onde em Apocalipse 17, mesmo no texto original em grego, onde está
escrito “pontífices”? Que desonestidade! Não há nada, absolutamente nada no texto bíblico que
diga isso! Agora, se vamos até o livro de Daniel, e vemos como a própria Bíblia interpreta o
significado de “rei” ou “reis”, fica muito claro. Vejamos:
“Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis, que se levantarão da terra.”
(Daniel 7:17).
Então, aqui a Bíblia fala de reis. Agora, vamos ao versículo 23:
“Disse assim: O quarto animal será o quarto reino na terra, o qual será diferente de
todos os reinos; e devorará toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços.”
Perceberam? Todo o contexto de Daniel e própria história confirmam que os 4 reis em
Daniel 7, foram na verdade quatro “reinos”, nunca reis individuais. Essa mesma conclusão pode
ser observada no capítulo 2 também, onde Daniel, interpretando o sonho da estátua, diz que o rei
Nabucodonosor era a cabeça de ouro. Mas, todos sabemos que não era o rei em si, mas o reino da
Babilônia. Porque se fosse o rei literalmente, a próxima parte da estátua não seria a medo-pérsia,
e sim o próximo rei babilônico.
Guarde essa informação: “sete cabeças”, “sete montes” e “sete reis” são termos
intercambiáveis que simbolizam as mesmas entidades, isto é, impérios/reinos
Vamos a parte final agora. Qual a interpretação da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre
esse assunto? É sempre bom lembrar que a Igreja utiliza apenas um método de interpretação, que
é o historicismo. Seguindo esse método, a igreja considera aceitáveis algumas interpretações, não
há uma interpretação definida. Existem algumas propostas, que são equilibradas, e se alinham
com a visão historicista. Já a “teoria dos sete papas” e outras semelhantes são descartadas
completamente. Evidentemente, não temos aqui espaço para falar de cada umas dessas propostas
que são aceitas, mas quero destacar apenas uma.
Se usarmos como pano de fundo o livro de Daniel (o que parece ser lógico, porque o livro
do Apocalipse utiliza o simbolismo do livro de Daniel), nós colocamos como ponto de partida a
Babilônia, e então contamos do tempo dos eventos representados em Apocalipse 17.
C. Mervyn Maxwell, Hans K. LaRondelle e Jacques Doukhan são favoráveis a essa
abordagem que tem como o ponto de partida o Império Babilônico para a identificação das
cabeças/montes/reis (que repito, são termos intercambiáveis).
Os “5 que já caíram” seriam Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia, Roma e Papado (que é um
poder político-religioso).
“1 existe” – Este seria o papado ferido. (Ele não é, mas ainda é). Veja, o papado recebeu
a ferida de morte em 1798, mas ainda assim ele cresceu com as organizações jesuítas e outras
coisas que se desenvolveram.
“1 ainda não chegou” – Esta seria uma referência à Imagem da besta. Uma confederação
político-religiosa que era comandada pela besta que parecia cordeiro.
E “o 8º que procede dos sete” Seria a confederação final mundial sob a ordens do Papado.
E os 10 chifres? 10 pode representar um número completo, ou seja, todos os reinos do
mundo dando o seu poder à besta. Por exemplo:
“Naquele mesmo dia, fez o Senhor aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência dei
esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates: o queneu, o quenezeu, o cadmoneu, o
heteu, o ferezeu, os refains, o amorreu, o cananeu, o girgaseu e o jebuseu. Gênesis 15:18-21”.
O CBASD menciona que nessa outros povos não foram mencionados, dando a ideia de
que a menção de apenas 10 seria uma representação de totalidade.
Os reinos do mundo darão seu poder à besta. Então, esse sistema religioso sairá para
perseguir o povo de Deus. Mas, Deus protegerá Seu povo!
Por volta da sexta praga, esses que deram seu poder à besta, tentam retirar esse apoio,
isso é simbolizado pelo secamento do rio Eufrates em Apocalipse 16:12. Ainda em Apocalipse
17, a Bíblia diz:
“E os dez chifres que viste na besta são os que aborrecerão a prostituta, e a porão
desolada e nua, e comerão a sua carne, e a queimarão no fogo.”
“Porque Deus tem posto em seu coração que cumpram o seu intento, e tenham uma
mesma ideia, e que deem à besta o seu reino, até que se cumpram as palavras de Deus.”
Apocalipse 17:16-17.
Quando vamos ao início do capítulo, lemos:
“E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças e falou comigo, dizendo-me: Vem,
mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta que está assentada sobre muitas águas, com a
qual se prostituíram os reis da terra; e os que habitam na terra se embebedaram com o vinho da
sua prostituição.” Apocalipse 17:1,2.
E nessa cena introdutória, nós vemos o final do assunto. Isso é recurso literário presente
nas cenas introdutórias das seções no livro do Apocalipse, já mencionado na aula anterior.
É evidente que todo o conteúdo dessa aula, foi apenas uma visão geral das coisas; há
muito mais a ser inferido. Mas, creio que foi possível pelo menos identificar o norte interpretativo
que nos faz seguir em uma direção segura.
Até à próxima aula.

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