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GRUPO I
PARTE A
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respire fundo e mergulhe pelos destroços do navio Vrouw Maria; faça-se ao mar
e experimente subir a uma balsa salva-vidas; descubra se existem cordas a bordo de um
navio para além das dos sapatos e dos relógios; defronte um adversário numa
25 verdadeira batalha do conhecimento naval.
Associada à exposição, decorrerão atividades complementares, como debates,
palestras, ateliês e visitas a navios onde o público ficará a saber de que forma são
tratados os resíduos a bordo, como é feita a reciclagem e o abastecimento do
combustível, quais os desafios à navegação numa embarcação de grandes dimensões,
30 como é produzida e distribuída a energia, qual o ciclo da água a bordo ou como se
controlam as entradas e saídas de produtos num navio.
Nesta exposição, o Pavilhão do Conhecimento associa-se à Royal Caribbean
International e assim os nossos visitantes habilitam-se a um cruzeiro para duas
pessoas pelo Mediterrâneo a bordo do Adventure of the Seas, um dos navios da
35 companhia. Serão três sorteios a realizar no Pavilhão do Conhecimento nos dias 18
de dezembro, 22 de abril e 26 de agosto na presença de todos aqueles que quiserem
confirmar ao vivo se o seu bilhete foi um dos contemplados a sair da tômbola.
O mar é fixe mas não é só peixe pode ser visitada até agosto de 2012.
Responde aos itens que se seguem de acordo com as orientações que te são dadas.
a) O visitante da exposição O mar é fixe mas não é só peixe poderá fazer uma viagem
virtual por um porto marítimo.
b) O mar apresenta múltiplas valências para o ser humano.
c) A par da exposição decorrerão diversas outras atividades.
d) O Pavilhão do Conhecimento inaugurará uma exposição temporária sobre o mar.
e) Esta exposição tem o selo de autenticidade de autoridades reconhecidas na área da
ciência.
f) O público-alvo poderá ainda candidatar-se a um prémio.
g) Os portos naturais contribuíram para o desenvolvimento de grandes cidades.
2. Transcreve uma frase do texto que traduza a importância do mar para o desenvolvimento
das cidades. (2 pontos)
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3. Identifica quatro formas verbais no imperativo, dirigidas ao público-alvo, que apelem
ao envolvimento do mesmo da exposição O mar é fixe mas não é só peixe. (4 pontos)
4. Seleciona a opção que corresponde à única afirmação falsa de acordo com o sentido do
texto. (3 pontos)
PARTE B
O Búzio não possuía nada, como uma árvore não possui nada. Vivia com a terra
toda que era ele próprio.
A terra era sua mãe e sua mulher, sua casa e sua companhia, sua cama, seu
alimento, seu destino e sua vida.
5 Os seus pés descalços pareciam escutar o chão que pisavam.
E foi assim que o vi aparecer naquela tarde em que eu brincava sozinha no
jardim.
A nossa casa ficava à beira da praia.
A parte da frente, virada para o mar, tinha um jardim de areia. Na parte de
10 trás, voltada para leste, havia um pequeno jardim agreste e mal tratado, com o
chão coberto de pequenas pedras soltas, que rolavam sob os passos, um poço,
duas árvores e alguns arbustos desgrenhados pelo vento e queimados pelo sol.
O Búzio, que chegou pelo lado de trás, abriu a cancela de madeira, que ficou a
baloiçar, e atravessou o jardim, passando sem me ver.
15 Parou em frente da porta de serviço e ao som das suas castanholas de conchas pôs-se
a cantar.
Assim esperou algum tempo. Depois a porta abriu-se e no seu ângulo escuro
apareceu um avental. Visto de fora, o interior da casa parecia misterioso, sombrio e
brilhante. E a criada estendeu um pão e disse:
20 – Vai-te embora, Búzio.
Depois fechou a porta.
E o Búzio, sem pressa, demoradamente como que desenhando na luz cada um
dos seus gestos, puxou os cordões, abriu o saco, tornou a atar o saco, prendeu-o no
pau e seguiu com o seu cão.
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25 Depois deu a volta à casa, para sair pela frente, pelo lado do mar.
Então eu resolvi ir atrás dele.
Ele atravessou o jardim de areia coberto de chorão e lírios do mar e caminhou
pelas dunas. Quando chegou ao lugar onde principia a curva da baía, parou. Ali era
já um lugar selvagem e deserto, longe de casas e estradas.
30 Eu, que o tinha seguido de longe, aproximei-me escondida nas ondulações da duna
e ajoelhei-me atrás de um pequeno monte entre as ervas altas, transparentes e secas.
Não queria que o Búzio me visse, porque o queria ver sem mim, sozinho.
Era um pouco antes do pô do sol e de vez em quando passava uma pequena brisa.
Do alto da duna via-se a tarde toda como uma enorme flor transparente, aberta
35 e estendida até aos confins do horizonte.
A luz recortava uma por uma todas as covas da areia. O cheiro nu da maresia,
perfume limpo do mar sem putrefação e sem cadáveres, penetrava tudo.
E a todo o comprimento da praia, de norte a sul, a perder de vista, a maré vazia
mostrava os seus rochedos escuros cobertos de búzios e algas verdes que recortavam
40 as águas. E atrás deles quebravam incessantemente, brancas e enroladas e
desenroladas, três fileiras de ondas que, constantemente desfeitas, constantemente se
reerguiam.
No alto da duna o Búzio estava com a tarde. O Sol pousava nas suas mãos, o
Sol pousava na sua cara e nos seus ombros. Ficou algum tempo calado, depois devagar
45 começou a falar. Eu entendi que ele falava com o mar, pois o olhava de frente e
estendia para ele as suas mãos abertas, com as palmas em concha viradas para cima.
Era um longo discurso claro, irracional e nebuloso que parecia, com a luz, recortar e
desenhar todas as coisas.
Não posso repetir as suas palavras: não as decorei e isto passou-se há muitos anos.
50 E também não entendi inteiramente o que ele dizia. E algumas palavras mesmo
não as ouvi, porque o vento rápido lhas arrancava da boca.
Mas lembro-me de que eram palavras moduladas como um canto, palavras
quase visíveis que ocupavam os espaços do ar com a sua forma, a sua densidade e
o seu peso. Palavras que chamavam pelas coisas, que eram o nome das coisas.
55 Palavras brilhantes como as escamas de um peixe, palavras grandes e desertas
como praias. E as suas palavras reuniam os restos dispersos da alegria da terra. Ele
os invocava, os mostrava, os nomeava: vento, frescura das águas, oiro do Sol,
silêncio e brilho das estrelas.
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Responde, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem.
5. No início do texto estão presentes diversos elementos que permitem descrever Búzio.
Caracteriza a personagem a partir dos elementos presentes nos três primeiros parágrafos. (4 pontos)
7. Transcreve do texto uma frase ou expressão que ilustre a forma como Búzio anunciava
a sua chegada às portas das casas. (2 pontos)
8. A partir do momento em que a criada fecha a porta, Búzio encaminha-se para o lado
do mar e a narradora segue-o.
Transcreve três passagens do texto que contribuam para que o leitor tenha a noção da
passagem do tempo, à medida que se realizam as ações da personagem Búzio. (3 pontos)
10. Associa cada elemento da coluna A ao único elemento da coluna B que lhe
corresponde, de modo a identificares um recurso expressivo presente em cada uma
das frases da coluna A. (4 pontos)
COLUNA COLUNA
A B
1. «Mas lembro-me de que eram palavras modu-
ladas como um canto.»
2. «Palavras que chamavam pelas coisas…» a) metáfora
3. «E as suas palavras reuniam os restos dis- b) comparação
persos da alegria da terra.» c) enumeração
4. «Ele os invocava, os mostrava, os nomeava: d) personificação
vento, frescura das águas, oiro do Sol,
silêncio e brilho das estrelas.»
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PARTE C (10 pontos)
Depois de terem lido este texto na aula, a Rita e o Ricardo fizeram os comentários seguintes:
Ricardo: Eu acho que Búzio é uma personagem solitária e desadaptada, pois não se integra
na sociedade.
Rita: Quanto a mim, Búzio é um homem especial, que sabe dar verdadeiro valor à natureza
que o rodeia.
12. Escreve um texto expositivo, com um mínimo de 70 e um máximo de 120 palavras, em que,
de entre os dois comentários, defendas aquele que te parece mais adequado ao sentido do
texto da parte B1.
O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma parte de
conclusão.
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Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta
integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos
algarismos que o constituam (exemplo: /2011/).
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GRUPO II
Responde aos itens que se seguem de acordo com as orientações que te são dadas.
2. Indica a subclasse dos verbos destacados nas frases seguintes, justificando as tuas opções. (4 pontos)
Todas as palavras de búzio eram modeladas como um canto. Sem deixar de olhar o
mar, Búzio repetiu algumas palavras. Repetiu-as uma, duas, três vezes.
4. Lê o artigo de dicionário e explica a razão por que a palavra «reunir» é uma palavra
polissémica. (3 pontos)
Reunir v. tr. Unir novamente. || Unir bem, aproximar, juntar (o que estava separado).
|| juntar (o que estava disperso). || Coser, ligar, prender. || Conciliar. || Fazer comunicar
(uma coisa com a outra). || Agrupar, agregar. || Aliar; ter ou possuir como qualidade ou
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defeito juntamente com outras qualidades ou defeitos. || Chamar (muitas pessoas),
convocar. || Aliar, congregar.|| Perfazer, contar, possuir certo número. || Constituir-se (uma
assembleia) para funcionar || Concorrer ou comparecer no mesmo lugar.
4.1. Escreve três frases para dares exemplos do campo semântico dessa palavra. (6 pontos)
GRUPO III
b) Supõe que Búzio tinha visto a narradora a observá-lo escondida nas dunas.
Escreve a conversa entre Búzio e a narradora.
Constrói uma sequência dialogal, de seis a dez falas.
FIM
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Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo
quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente dos algarismos que o constituam (exemplo: /2011/).
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