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12º Ano

Módulo 8

Unidade 1
Nascimento e afirmação de um novo quadro geopolítico

O tempo da Guerra Fria – a consolidação de um mundo bipolar


A ocidente, os EUA, a leste, a URSS.

Estaline pretende expandir a revolução socialista, para áreas anteriormente ocupadas pelos
nazis. Os EUA, não viam como sendo bom o crescimento militar da URSS e por isso passaram a
intervir no alargamento da sua influência para conseguir combater o avanço soviético.

I. As conferências de paz e a definição de áreas de influência


A Inglaterra e os Estados Unidos mostram preocupação com a reconstituição do mundo, visto que
Estaline mostrava sinais expansionistas evidentes.

As conferências não conseguiram esconder a divisão do mundo em áreas de influência


antagónicas (contrárias).

A conferência de Ialta
Com o fim da guerra, realizou-se a conferencia de Ialta, onde se definiu a nova ordem
internacional.
Churchill (Inglaterra), Estaline (URSS) e Roosevelt (EUA), acordaram sobre questões como:
✓ A divisão da Alemanha em quatro zonas de ocupação – controladas pela Inglaterra, URSS,
França e EUA;
✓ Valores a pagar pela Alemanha – reparações de guerra;
✓ Realização da conferencia de São francisco – para aprovar a carta das Nações Unidas –
futura ONU;
✓ Fixação das fronteiras da polonia;
✓ Redefinição das fronteiras dos territórios que foram ocupados pelos Nazis;
✓ Celebração de eleições livres nos países anteriormente ocupados pelos Nazis;
✓ Divisão da Coreia – Norte (URSS) e Sul (EUA).

A conferência de Potsdam

Em julho, de 1945, as divergências de interesses dos países vencedores, inviabilizou o consenso


para soluções dos países vencidos e acabou-se apenas por confirmar as deliberações da
conferencia de Ialta.

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✓ Desnazificação – da Alemanha e Áustria e o julgamento dos criminosos de guerra, pelo


tribunal de Nuremberga;
✓ Divisão e Ocupação da Áustria;
✓ Desmilitarização da Alemanha;
✓ Valor das indeminizações de guerra – para pagar aos aliados;
✓ Estatuto de Berlim – Berlim situado na zona da URSS, foi dividido pelos 4 aliados (que
também dividiram a Alemanha);
✓ Redefinição do mapa político da europa.

A definição de áreas de influência

O velho continente foi dividido em duas zonas:


✓ O ocidente do meridiano 12 – Europa Atlântica, destruída e reconstruída graças à ajuda
económica dos EUA;
✓ A leste do referido meridiano – Europa destruída, europa de leste, onde se situavam entre
outros a República democrática Alemã (de domínio da URSS).
Esta divisão da europa veio a reforçar a desconfiança relativa às posições de Estaline sobre as
políticas dos países de leste consequente divisão do mundo em dois.

II. A guerra fria


Conceito de Guerra Fria

Guerra fria, designou o ambiente de tensão das relações entre o governo americano e o soviético,
desde o final da segunda guerra mundial.
Com a derrota do eixo (vencidos da 2ª guerra), vieram ao de cima os antagonismos (diferenças)
ideológicos.
✓ Os EUA – pretendiam um regime político democrático-liberal e uma economia do tipo
capitalista;
✓ A URSS – pretendia um regime socialista de centralismo democrático e uma economia
baseada na coletivização e planificação.

A rutura da aliança deve-se às ambições expansionistas da URSS nos países do leste da europa.
A resposta americana foi de contenção desses expansionismo e reforço dos EUA no ocidente.
Tratou-se de guerra fria, porque foi uma guerra de nervos, e não foram usadas diretamente às
armas, mas:
✓ Utilizaram a propaganda ideológica;
✓ Intensificaram a corrida ao armamento;
✓ Desenvolveram uma intensa ação de espionagem;
✓ Organizaram alianças estratégicas de caracter político e militar;
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✓ Intervieram em conflitos localizados no mundo.

O início da Guerra Fria

Em 1945, Estaline recusou-se a promover eleições livres na polonia, pois pretendia impor um
governo de sua confiança.
Churchill, considera que a nova ameaça era soviética, e que deixava de haver condições para um
entendimento pacífico.
Estaline, pretendia a ascensão de partidos comunistas, sob a influencia soviética, pela europa.
Contudo, em 1946, Churchill, acusou a URSS de fazer descer sobre a Europa uma “cortina de
ferro”.

Em 1947 (março), o presidente Truman (EUA), afirmava a necessidade de adotar uma política de
contenção do avanço comunista. A Doutrina Truman, institucionalizou os EUA, enquanto proteção
das democracias ocidentais.
Em setembro do mesmo ano, os soviéticos criaram a Doutrina Jdanov, que proclamava a divisão
do mundo em dois: imperialista – EUA; democrático e anti-imperialista – URSS.
Era o início da Guerra Fria, que marcou a consolidação de um mundo bipolar – mundo capitalista
e mundo comunista.

A “questão alemã” e a corrida à formação de alianças militares


Entre 1948 e 1949, na Alemanha houve a unificação administrativa e monetária das zonas
ocupadas pelos americanos, ingleses e franceses.
As potências ocidentais pretendiam edificar uma Alemanha ocidental rica e capaz de se reafirmar
de forma pacifica, como nação livre.

Em oposição, a Alemanha de Leste cada vez mais ruralizada e pobre.


Estaline em retaliação, decretou o bloqueio à zona ocidental da cidade de Berlim. A
impossibilidade dos países ocidentais de chegarem por terra à cidade de Berlim, levou à
organização de uma ponte área, durante 11 meses, que fez chegar produtos, numa manifestação
de firmeza do grande poder tecnológico dos EUA.

O bloqueio acabou por ser levantado, sem problemas de carater militar, contudo, resultou numa
grave crise económica que:
✓ Resultou na divisão da Alemanha em dois estados: República Feral Alemã – (ocidental)
capitalista; República Democrática Alemã – (leste) socialista;
✓ Verificou as posições expansionistas americanas e soviéticas, com o objetivo hegemónico
na constituição de áreas de influência na europa;

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✓ Originou uma intensa corrida ao armamento e a formação dos primeiros blocos militares e
económicos antagónicos.

III. O mundo capitalista


A política de alianças liderada pelos Estados Unidos

• O Plano Marshall e a formação de alianças económicas

Em 1947, acreditando na rápida recuperação económica da Europa, e a inviabilidade da


expansão comunista para o ocidente, foi reforçada a presença americana no velho continente. O
governo americano propôs o plano Marshall – plano de reconstrução europeia, extensível para os
países comunista (que sob pressão da URSS, recusaram).
O plano Marshall, obriga aos estados beneficiários a aceitarem o controlo e fiscalização das suas
economias pelas autoridades americanas. Para isso, foi criado em 1948, a primeira aliança
económica europeia – Organização europeia de Cooperação económica (OECE), futura OCDE.

A concretização da unidade em europeia, levou a que em 1950, se concretizasse a criação da


Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) e em 1957, a Comunidade Económica
Europeia (CEE) – tratado de Roma.

• As alianças militares – a pactomania

Em 1949, foi assinado o Pacto do Atlântico Norte, que viria a originar a OTAN – Organização do
Tratado do Atlântico Norte (NATO, em Inglês), que teve entre outros, Portugal na sua fundação.
O empenho os EUA, para isolar a URSS, levou o governo americano a estender a sua política de
alianças multilaterais por todo o mundo:

✓ TIAR – Inter-American Treaty of Reciprocal Assistance – Pacto do Rio, em 1947;


✓ Em 1948, a Conferencia de Bogotá – OEA – Organização dos Estados Americanos;
✓ Em 1951, o Pacto do pacífico;
✓ Em 1954 – OTASE – Organização do Tratado da Ásia do Sudeste;
✓ Pacto de Bagdade – médio oriente, em 1955, deu origem da CENTO – Organização do
Tratado Central.

A formação destas alianças político-militares e a celebração de acordos bilaterais entre países


aliados, levou ao estabelecimento de bases militares em pontos estratégicos, para controlar a
ameaça comunista.

A prosperidade económica do mundo capitalista e a sociedade de consumo


Entre 1945 e 1973, foi um tempo de crescimento económico sem precedentes.

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• Os “trinta gloriosos”
“Trinta gloriosos”, foi um tempo de crescimento acelerado da economia, com origem nos EUA e
que se estendeu aos restantes países capitalistas.

✓ Aumento espantoso da produção de bens e serviços – o produto nacional bruto mundial


disparou;
✓ Produtividade agrícola quadruplicou – devido às técnicas de exploração da terra e o
recurso à maquinização;
✓ Produção de energia – eletricidade, petróleo e gás natural disparou;
✓ Produção industrial de bens de consumo cresceu múltiplas vezes;
✓ Momentos de progressos tecnológicos – aviação comercial, astronáutica, indústria
eletrónica, telecomunicações e informática;
✓ Revolução no desenvolvimento dos transportes terrestres e aéreos, crescimento das trocas
comerciais a nível mundial.

• Os fatores de crescimento

Fatores de intensificação da procura:


✓ Surto demográfico – Baby-boom – aumento da natalidade, em meados dos anos 60, que
se traduziu no aumento significativo do mercado consumidor;
✓ Liberalização das trocas comerciais – diminuição das barreiras alfandegárias, proporcionou
a internacionalização das trocas comerciais;
✓ Intervenção do Estado na promoção da qualidade de vida dos cidadãos – a recuperação
económica dos países aliados, devido à ajuda americana, proporcionou a melhoria das
condições de vida das populações e no aumento do poder de compra;
Fatores de intensificação da resposta do setor produtivo:

✓ A mão de obra disponível cresceu – em quantidade e qualidade (mais qualificados);


✓ A disponibilidade de capitais – reinvestimento em novos e modernos empreendimentos
industriais;
✓ Novo capitalismo industrial – caracterizado pelo aumento da concentração industrial e na
formação de poderosas multinacionais, oferecendo toda uma panóplia de produtos para os
consumidores;
✓ Aceleração do progresso científico e tecnológico.

• A sociedade de consumo

A sociedade de consumo, é o tipo de sociedade que se caracteriza por elevados índices de


consumo, de bens e de serviços muito necessários, mas sobretudo de bens e de serviços
supérfluos.

Este foi o tipo de sociedade que se afirmou nos “trinta gloriosos” anos, no mundo capitalista.
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Todo o consumo foi estimulado por a criação de grandes centros comerciais e vendedores de
porta, que recorriam a sofisticadas técnicas de publicidade e marketing.
Havia a conceção de crédito para a compra de produtos.

A afirmação do Estado-Providência

• A ascensão do socialismo reformista

A seguir à guerra surgiram partidos defensores de políticas reformistas e intervencionistas,


inspiradas na social-democracia e na democracia-cristã.

✓ Social-democracia – defende a construção de uma sociedade socialista através de


processos reformistas e democráticos, propõe a conciliação entre os princípios da livre
concorrência, com a intervenção do Estado, que deve intervir no controlo dos setores-
chave da economia e adotar políticas fiscais que favoreçam a melhor distribuição da
riqueza;
✓ Democracia-cristã – insere-se na moralidade cristão e na doutrina social da igreja, concilia
o espírito laico da democracia com os valores do cristianismo.
Estas duas ideias encontram nos problemas económicos e sociais causados pela guerra a
necessidade de travar o agravamento dos mesmos.

Os governantes eleitos devem passar a assumir um papel mais interventivo na vida económica e
social, de forma a promover e assegurar o bem-estar dos cidadãos e promover uma maior justiça
social.

• O Estado-Providência

O estado-providência foi instituído nos anos 30, como resposta à crise económica e ganhou um
novo impulso.
Os países capitalistas desenvolvem as conceções de Keynes, com o objetivo de intervir na
resolução das dificuldades económicas.

O estado afirma-se como elemento equilibrador e organizador da economia, bem como promotor
da justiça social. Constituiu-se como grande empregador, concorrendo contra a iniciativa privada
na criação de postos de trabalho.
O estado funciona como patrão, ao fornecer investimentos públicos:

✓ Promover e financiar grandes obras publicas;


✓ Aumentar os funcionários da administração publica e do aparelho militar;
✓ Participar no setor privado.
O estado funciona como elemento regulador, sem criar uma planificação rígida da economia,
intervém:
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✓ Na nacionalização de setores vitais da economia – setor energético, setor siderúrgico e


metalúrgico, setor financeiro e de transportes;
✓ No controlo da produção industrial privada – estabelecendo o equilíbrio entre a oferta e a
procura;
✓ No estabelecimento de horários de trabalho;
✓ Na fixação de níveis salariais – impedir os abusos dos privados;
✓ Na supervisão – definição de regras claras do funcionamento do mercado financeiro;
✓ Na definição de políticas fiscais – promover uma maior justiça social.

Como promotor da justiça social, o estado deve redistribuir mais equativa a riqueza nacional,
canalizando-a para a promoção da qualidade de vida dos cidadãos mais desfavorecidos.
Os governos adotam sistemas de tributação para que o estado possa absorver uma parte dos
rendimentos dos mais ricos, para garantir as necessidades básicas dos cidadãos. Para isso é
instituído um sistema de serviço social.
É do dever do estado;

✓ Acautelar as situações de desemprego, doença, velhice e acidente, para ajudar sob a


forma de subsídios;
✓ Garantir serviços públicos de educação, saúde e habitação;
✓ Promover uma melhor qualidade de vida, através de ajudas financeiras – ao nascimento,
na educação, no casamento e nos óbitos, bem como a instituição de um salário mínimo.

IV. O mundo comunista


O expansionismo soviético na Europa

• Mecanismo de domínio

Como consequência da intervenção americana nas economias europeias (ocidentais), foi


confirmado o clima de guerra fria, pela intensificação da influência soviética nos países de leste:
✓ Influencia política – COMIFORM – organização internacional dos partidos comunistas;
✓ Influencia económica – COMECON – conselho de assistência mútua, na qual eram
concedidas ajudas financeiras;
✓ Influencia militar – Pacto de Varsóvia – em resposta à formação da NATO.

• A formação das democracias populares

O COMINFORM, o COMECON e o Pacto de Varsóvia, foram instrumentos de domínio dos países


que formavam a “cortina de ferro”.

Após a derrota do nazismo, a URSS, reclamou o direito de intervir diretamente na reorganização


económica e política do estado por si libertados, como forma de compensar materialmente a sua
intervenção na guerra.
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Contudo, com as conferencias de paz, muitos países de leste aderiram ao modelo parlamentar
ocidental, em que os partidos comunistas eram minoritários.
Os partidos comunistas ascenderam ao poder pela via democrática, apesar de Jdanov defender a
instituição de democracias populares à força.

As democracias populares eram a transição entre a democracia parlamentar e o centralismo


democrático, continuava a existir o pluripartidarismo e eleições livres.
Os partidos comunistas foram impondo gradualmente o domínio do estado e transformando as
democracias liberais em democracias do tipo soviético.

✓ 1º partido comunista formava uma coligação para formar um governo de esquerda, na qual
comandava os ministérios mais importantes;
✓ 2º Utilizava o poder para criar sindicatos e milícias armadas, para pressionar a oposição
liberal;
✓ Após perderem a sua influência política (oposição liberal), foi se remetendo à inoperância
política;
✓ 3º e por fim, o poder torna-se propriedade exclusiva dos trabalhadores, tutelada pelo
partido comunista.

O expansionismo soviético na Ásia

• O apoio aos movimentos comunistas asiáticos

Sob inspiração marxista, em 1945, originava-se a formação da República Popular da China e a


independência da indochina.
Com o apoio da URSS, arrancou a revolução industrial na república popular da china em outro de
1949.
O governo chines adotou o modelo político estalinista, de acordo com o tratado “amizade, aliança
e assistência mutua” celebrado em 1950.

A china lança o processo de transição para o socialismo, adotando os planos quinquenais, para o
desenvolvimento industrial e a coletivização agrícola, através da constituição de cooperativas
socialistas.
A formação e fortalecimento dos partidos comunistas por parte da URSS, que encabeçaram o
processo de libertação da Indochina.

• A questão da Coreia

Com os interesses dos Japoneses e dos americanos ameaçados, intervieram imediatamente em


apoio ao governo sul coreano (anticomunista), e iniciaram bombardeamentos sobre as tropas
norte-coreanas, que eram apoiadas por um exército soviético.

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No fim, confirmou-se a divisão da península da Coreia, na República Democrática da Coreia –


Sul, com apoio dos EUA; e na República Popular da Coreia do Norte – Norte, com apoio da
URSS.

A influência soviética na evolução política da América Latina e no continente africano

• A importância de Cuba na irradiação do comunismo na América do Sul

A 1 de janeiro de 1959, em cuba, um grupo revolucionário, sob o comando de Fidel Castro, inicia
um ato revolucionário e constitui um governo revolucionário de tendências socialistas.

Cuba passa a aproximar-se militarmente da URSS e deu início à nacionalização das principais
empresas americanas sediadas na ilha de cuba.
O governo dos EUA passa a apoiar os opositores de Fidel Castro, que organizam um golpe
contrarrevolucionário em 1961, que acaba por fracassar.

Em resposta, a URSS, faz deslocar para Cubas rampas de lançamento de misseis nucleares, que
foram descobertos pela aviação norte americana no ano seguinte e foi considerado uma
provocação *a paz e estabilidade mundial.
O governo dos EUA veio a exigir a retirada dos misseis, que se veio a concretizar, bem como o
desmantelamento das bases militares. O governo americano suspendeu o bloqueio imposto à ilha
e prometeu respeitar o governo revolucionário.
Cuba foi um bastião do comunismo e o ponto de partida das grandes investidas soviéticas.

• A presença soviética em África

Che Guevara, deslocou-se de cuba até às savanas africanas, com o objetivo de apoiar os
movimentos independentistas, e assim conseguir organizar o poder segundo as propostas
marxistas em países como Angola e Moçambique.

Opções e realizações da economia de direção central


A segunda guerra mundial interrompeu os sucessos económicos e a quebra da produção
industrial, o que se veio a verificar na degradação da situação económica da URSS.

• A ação de Estaline

Estaline veio a retomar o modelo de economia planificada, com a concretização de novos planos
quinquenais.
IV plano – desde o fim da guerra até 1950:

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✓ Desenvolvimento da indústria pesada – relançamento dos setores hidroelétricos e


siderúrgicos;
✓ Investigação científica – produção de armamento e conquista do espaço.
V plano – 1950 até 1955:

✓ Preocupação de dotar a União Soviética de um poderoso setor industrial;


✓ Desenvolvimento dos meios de comunicação.
Sucesso do programa de industrialização:

✓ 1949 – URSS produziu a bomba atómica;


✓ 1957 – Primeiro satélite artificial;
✓ Finais da década de 50 – segunda potência industrial do mundo.
A orientação económica de Estaline não se preocupou com a produção de bens de consumo e foi
incapaz de repor os níveis de produtividade para proporcionar o bem-estar das populações.

Os excessos do centralismo e do aparelho burocrático constituíram um bloqueio à capacidade de


crescimento da União soviética.

• A ação de Kruchtchev (1953-1964)

Em 1959, a política de desestalinização assume como prioridade o aumento da produção de bens


de consumo – industriais e agrícolas.
A economia também foi organizada por planos com uma duração de 7 anos, que eram
anualmente ajustáveis.

• A política de Brejnev (1964-1982)

Brejnev regressa ao centralismo e dá prioridade à indústria militar.

Brejnev confirma os excessos da burocracia e o aumento incontrolado da corrupção na URSS.

V. A escalada armamentista e o início da era espacial


A corrida ao armamento
A nova escalada armamentista aconteceu num momento de grandes progressos científicos e
técnicos.
O desenvolvimento científico e a sua colocação ao serviço do setor militar levou a que Estaline
assistisse à explosão da primeira bomba atómica de produção soviética.
Em 1953, os americanos conseguiram a bomba de hidrogénio, que mais tarde os soviéticos
também conseguiram produzir, e assim sucedeu-se a bomba de neutrões, armas químicas,
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aviões supersónicos, submarinos nucleares … à medida que os americanos produziam uma nova
arma os soviéticos replicavam no mais curto espaço tempo possível.
As relações internacionais passaram a ser condicionadas pelo terror nuclear, que nunca chegou a
acontecer.

O poder nuclear acabou por ser somente uma arma de medo, contudo nunca chegou a originar
nenhum conflito armado.

A liderança soviética na corrida ao espaço


Na década de 50, assistiu-se ao lançamento de satélites artificiais com potencialidades militares.

A 4 de outubro de 1957, a URSS declara ter colocado em orbita o primeiro satélite artificial –
Sputnik I e assistiu-se ao início da era espacial.
Os soviéticos acabaram por demonstrar as suas capacidades técnicas e financeiras.

Passado um mês, a URSS lança o Sputnik II e coloca no espaço a cadela Laika (primeiro ser vivo
no espaço).
Os EUA perante a alteração das forças, leva a que pela primeira vez durante a Guerra fria, os
americanos fossem inferiores à URSS.

Os satélites, para medo dos americanos, podiam transportes armas de enorme potencial
destrutivo, capazes de alcançar o território americano.

A resposta americana
Em 1958, os EUA lançam o Explorer I.

No final dos anos 60, investem na recuperação científica e tecnológica no domínio aerospacial.
A 20 de julho de 1969, é consumada a primeira viagem tripulada à lua, entre os astronautas Neil
Armstrong.

Os resultados

Provou-se não ser apenas com objetivos militares, a conquista espacial proporcionou uma grande
quantidade de conhecimento sobre a terra e sobre o universo envolvente.

Unidade 2
Portugal do autoritarismo à democracia

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O crescimento económico do pós-guerra a 1974


Entre 1945 e 1974, Portugal teve um desenvolvimento tardio, não tendo acompanhado o espantoso
crescimento da europa ocidental.

As colonias também foram alvo de desenvolvimento para não serem somente uma extensa natural
do território continental português.

I. Estagnação do mundo rural


Terminada a 2ª guerra mundial e a agricultura continuava a ser a atividade principal em Portugal.
Era uma agricultura pouco desenvolvida, com baixos níveis de produtividade, sendo um dos países
mais atrasados da europa.
O setor primário empregava 40% da população e por sua vez gerava uma riqueza inferior a 25%.
Assim a autossuficiência preconizada pelo estado novo continuava por alcançar e Portugal
necessitava de importar grandes quantidade de produtos agrícolas.

A assimetria verificada na dimensão e titularidade da terra


✓ Norte – predominava o minifúndio – terra dividida em parcelas de pequena dimensão, tendo
por vista o autoconsumo.
✓ Sul – predominava o latifúndio – imensas propriedades trabalhadas por uma imensa mão de
obra assalariada e pouco empenhada com a sua produtividade.

A resistência dos proprietários à alteração da estrutura fundiária

O governo implemente o II plano de fomento (1959 – 1964) com o objetivo de alterar a estrutura
fundiária:

• Norte – constituição de propriedades mais vastas – o estado adquiria as pequenas


propriedades e vendia a jovens empreendedores.
• Sul – tentou-se criar propriedades mais pequenas – entregues a rendeiros por um largo
espaço de tempo. E o lançamento de rega no Alentejo.

Estas propostas, no entanto, não contaram com a adesão dos proprietários.


A Norte preferiam continuar com a autossubsistência e a Sul preferiam os baixos salários e a
subaproveitamento dos terrenos.

O êxodo rural e a falência do setor agrícola

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Nos anos 60 com o desenvolvimento industrial do litoral as aldeias do interior vêem-se a perder
população que procurava melhores condições de vida.
As que continuavam agarradas ao campo ficavam com os alimentos pobres.

As que iam para o litoral passavam a poder consumir alimentos mais ricos.
Demorou algum tempo para que Portugal se adaptasse a nova realidade económica. O que levou
à continuidade de importação de alimentos e o agravamento das contas do estado.

II. A emigração
Os movimentos migratórios ocorreram também para fora de Portugal, sobretudo para países
desenvolvidos da europa – Alemanha, França e outras partes do mundo como o continente
americano ou Africa do Sul.

As causas da emigração
As principais motivações que levaram a população, principalmente do interior a emigrar são:

✓ A pobreza – tendo em conta que sabiam que nos países industrializados havia melhores
salários.
✓ Fuga de muitos jovens à incorporação militar – era obrigatória devido às necessidades para
a guerra colonial.
✓ Ocupação dos territórios ultramarinos – com população branca para valorizar os territórios e
faze-los crescer.
✓ Despenalização da emigração clandestina – Salazar entendeu que o dinheiro enviado pelos
emigrantes para Portugal podia equilibrar a balança de pagamentos portuguesa.

As formas de emigração

A maioria dos emigrantes eram jovens dos 18 aos 29 anos dispostos a trabalhar no que fosse desde
que proporcionasse um rendimento aceitável.
Visto que muitas das emigrações fizeram-se clandestinamente, houve quem os ajudasse
(passadores), mediante o pagamento de avultadas quantias.

Eram muitas as dificuldades de quem emigrava ilegalmente, pois corriam o risco de serem detidos
pela PIDE ou GNR; as quantias por vezes eram bastante elevadas e a ausência de proteção civil
com forma de acolher e ajudar os migrantes.

As soluções de alojamento eram sobretudo em barracas ou bairros de lata de seus familiares ou


quem fosse, para assim que possível procurarem emprego.
O governo português só passou a ajudar os emigrantes quando se apercebeu dos benefícios que
tinha a migração para Portugal.
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Consequências da emigração
O país na pobreza com a emigração veio a acentuar-se mais ainda as suas dificuldades
económicas:

✓ Perda dos melhores trabalhadores.


✓ Separação das famílias.
✓ Envelhecimento da população.
✓ Intensificação do despovoamento do interior.
✓ Má imagem internacional do regime.
Contudo, a médio e a longo prazo as consequências da emigração viram-se positivas:

✓ Transferência para Portugal de dinheiro das suas poupanças.


✓ Dinamização do consumo interno por parte das famílias dos emigrantes.
✓ Resolução do desequilíbrio entre o crescimento demográfico e o atraso económico.
✓ Alteração da mentalidade portuguesa, pelo contacto com outras culturas.
✓ Alteração das velhas estruturas rurais.

III. O surto industrial e urbano

• Primeira fase

O surto deu-se quando em 1945 convenceram-se que o crescimento industrial iria ser
proporcionado por detentores de capital que iriam investir na indústria.

O setor agrícola vai se mostrando incapaz de responder às necessidades económicas do pais e as


dificuldades dos fornecedores tradicionais do pais devido ao envolvimento da guerra.
E assim surgem os primeiros planos de fomento:

✓ I plano – 1953 – 1958 – deu prioridade à criação de infraestruturas – desenvolvimento dos


setores elétricos, transportes e comunicações.
✓ II plano – 1958 – 1964 – Arranque da política de fomento económico das colonias e a
integração de Portugal no espaço económico europeu, o governo assinou acordos com o
BIRD e o FMI e o protocolo do GATT.

Os setores que mais sentiram os efeitos destes planos foi a indústria pesada, considerada como
essencial para o desenvolvimento económico, principalmente na metalurgia, siderurgia,
petroquímica etc...

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• Segunda Fase
A partir dos anos 60 houve uma maior abertura ao exterior e um reforço da economia privada que
foram consideradas como grandes opções políticas e levou à criação de um plano intercalar de
fomento.
A economia viu-se condicionada com os acordos assinados o que se traduziu numa inversão da
política da autarcia nas primeiras décadas do estado novo.

Era o fim conservador e ruralista de Salazar e a sobressaia Marcello Caetano.

• Terceira Fase
Marcello Caetano é nomeado presidente do conselho em 1968 e lança o III Plano de fomento que
vigorará até 1973.

Com este plano foi possível:


✓ Internacionalização da economia portuguesa – fomento da exportação de produtos
nacionais.
✓ Desenvolvimento da indústria privada – abertura do pais a investimento estrangeiro.
✓ Crescimento do setor terciário – formação de grupos económicos (ex.: complexo de Sines
e a cirurgia nacional).
✓ Incremento urbano.

O Urbanismo
O surto industrial proporcionou o crescimento do setor terciário e consequentemente a urbanização
do país.

Em 1970, cerca de ¾ da população vivia em cidades.


Portugal finalmente havia concretizado o fenómeno urbano em quase finais do século.

Viram aumentar a população nas áreas periféricas em volta das zonas industrializadas.
É tempo de formação dos dormitórios de população empregada nas grandes cidades, para isso é
preciso evoluir o obsoleto sistema de transportes públicos.

Em Portugal também se fizeram sentir os efeitos da falta de estruturas habitacionais, transportes,


saúde, educação, abastecimentos – o que levou à degradação da qualidade de vida sendo que os
poderes públicos tinham de atuar.

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IV. O fomento económico das colónias


No período seguinte à guerra, o fomento económico das colonias foi para o governo um assunto
de necessidade.

O governo de Salazar veio a autorizar a instalação das primeiras indústrias com a exploração do
trabalho negro nas grandes fazendas agrícolas.
Havia a necessidade de mostrar à comunidade internacional que o governo de Portugal se
preocupava com o fomento das suas colonias, como forma de legitimar as colonias como suas.

Entendia-se como um fator determinante a industrialização das colonias para o desenvolvimento


da economia metropolitana.
Assim, os planos de fomento previam também o território africano, em especial Angola e
Moçambique.

No I Plano de fomento estipulou-se:


✓ Criação de infraestruturas – transportes e comunicações.
✓ Criação de infraestruturas ligadas à produção de energia e de cimento – construção urbana.
✓ Modernização do setor agrícola – produção de produtos tropicais – açúcar, café, algodão
etc...
✓ Promoção da extração de matérias primas – petróleo, diamantes, carvão etc...
Este fomente esteve associado ao lançamento de projetos de colonização com população branca.

A presença portuguesa nas colonias servia para evidenciar a particularidade das relações de
Portugal com as suas colonias.
E por outro lado atrair a população local para suster o avanço dos guerrilheiros.
Foi da ideia de salazar construir um Espaço económico português, com o objetivo de estreitar as
ligações entre Portugal e as colonias.

O imobilismo político do pós-guerra a 1974

I. A radicalização das oposições e o sobressalto político de 1958


O início da “oposição democrática”

Com a convicção de que salazar jamais iria abrir o regime às transformações democráticas, forças
políticas a partir d 1945, começaram um processo de luta organizada contra o regime.
Em outubro do mesmo ano constituíram-se: Movimento de Unidade Democrática (MUD).
Este movimento de oposição na denuncia dos abusos doi regime e na reclamação de eleições
livres teve um grande impacto na opinião pública.

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Em consequência por todo o pais foi-se formando a oposição democrática até 1974.
Um momento de grande contestação contra o regime foi em 1949, no ano de eleições para a
Presidência da república.

A oposição candidatou Norton de Matos, um destacado militar e detentor de tendências


oposicionistas.
No entanto devido à repressão e forte pressão, Norton foi obrigado a desistir do processo eleitoral.

Todavia, a mobilização popular para a candidatura de Norton de Matos entusiasmou a opinião


publica para uma esperança futura.

O sobressalto político de 1958


Em 1958 volta a acontecer a eleição para presidente da república.
A oposição encontra no General Humberto Delgado um candidato determinado a afrontar o
candidato da união nacional Américo Tomás.
Humberto delgado afirmou publicamente a intensão de demitir salazar se fosse eleito, o que lhe
valeu o título de “General sem medo”, e assim conseguiu um movimento de apoiantes que fez
tremer o regime pela primeira vez de forma convincente.

Apesar de se esperar mais uma burla eleitoral com o auxílio da repressão da polícia, Humberto
delgado levou a sua candidatura até às urnas, apelando aos eleitores que comparecessem e
desmascarassem os traidores e cobardes (Salazar).
O resultado relevou uma vitória esmagadora para o candidato do regime, apôs uma massiva fraude
e manipulação eleitoral.
No entanto a credibilidade do governo ficou levemente abalada e salazar continuou a ter oposições
políticas bem como pressões da comunidade internacional.

Assim salazar propôs mais uma alteração à constituição na qual a eleição para o presidente da
república deixaria de ser por sufrágio direto e passaria a ser por colégio eleitoral restrito.

A radicalização das oposições


A oposição viu a necessidade de expor internacionalmente a natureza antidemocrática do regime,
dessa forma intensificou a sua ação de contestação.

Houve acontecimentos como:


✓ “carta” do bispo do porto – escreveu uma carta com críticas contundentes relativas à situação
político-social do pais.

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✓ Exílio e o assassinato de Humberto delgado – Foi destituído das suas funções de militar, e
retirou-se para o Brasil. A sua ação foi de tal forma lesiva para a imagem do estado que
salazar em 1965 decretou a sua eliminação física.
✓ Assalto ao santa Maria – em janeiro de 1961, o navio santa Maria é assaltado e ocupado
pelo comandante Henrique Galvão, como forma de protesto contra a falta de liberdade
cívica. Internacionalmente foi entendido como um ato espetacular de protesto legitimo.
✓ Desvio de um avião da TAP – Um grupo de opositores toma de assalto um avião da TAP e
atira sobre Lisboa propaganda antifascista.
✓ Assalto à dependência do Banco de Portugal – Na figueira da Foz um grupo armado com o
objetivo de recolher fundos para ações de revolta assalta o Banco de Portugal. Foi uma das
operações que mais feriu o orgulho de salazar por não conseguir extraditar para Portugal os
culpados do assalto, visto que foi considerado tratar-se de uma operação de caracter
político.
Por fim, a tentativa falhada de tomar a cidade da Covilhã levou ao fracasso e à prisão de Palma
Inácio, por acusações como sabotagem, atentados bombistas, dinâmica oposicionista etc...
Tudo isto fez tremer o regime e prenunciava o seu fim.

II. A questão colonial


A mística imperial pelo mundo começa a revelar-se ultrapassada, contudo Salazar recusa
qualquer cedência às crescentes pressões internacionais dos territórios coloniais.

Soluções preconizadas

• A tese do luso-tropicalismo

A vocação colonial de Portugal, justificada no luso-tropicalismo, leva ao já existente no Ato


colonial (de 1930), de que a presença portuguesa tem características particulares – históricas de
missão civilizadora.
Torna-se assim necessário clarificar juridicamente as relações da metrópole (Portugal), com os
seus espaços ultramarinos (colonias).

• Um Estado pluricontinental e multirracial

Desaparece o conceito de colónia, e é substituído província (ultramarina); desaparece o conceito


de Império Português e surge o conceito de Ultramar Português.

Na constituição Portuguesa passa a apresentar espaços ultramarinos, como sendo legitimas


extensões do território continental de Portugal.
Apresenta-se como um Estado Pluricontinental e multirracial – “Do Minho a Timor”.

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• As primeiras divergências
Em 1961, surge as primeiras revoltas em Angola e a invasão dos territórios da Índia, juntamente
com divergências relativas ao Ultramar.

Os setores mais conservadores insistem na integração plena e incondicional dos territórios


ultramarinos, no entanto isso implicava uma resistência armada contra os movimentos
independentistas.

Alguns membros do governo propunham a conceção de autonomia de forma processiva –


formação de uma federação de estados.
Os defensores da tese federalista chegaram a propor ao Presidente da República a destituição de
Salazar, mas sem êxito.

Reforçada a posição de Salazar, avançou-se com o Exército para Angola, que deu início a uma
guerra que se prolongou até à queda do regime (1974).

A luta armada
A guerra de libertação foi iniciada no Norte de Angola, em 1961, por forças da UPA/FNLA (União
das Populações do Norte de Angola). Mais tarde ganhou força militar com a ação do MPLA
(Movimento Popular de Libertação de Angola), fundado por Agostinho Neto. Por fim, surge em
1966, a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), fundada por Jonas
Savimbi.
A luta anticolonialista na Guiné, iniciou-se em 1963, com a ação do PAIGC (Partido Africano da
Independência da Guiné e Cabo Verde), fundado por Amílcar Cabral.

Em 1964, a guerra estendeu-se a Moçambique, por ação da FRELINO (Frente de Libertação de


Moçambique), fundado por Eduardo Mondlane.
Assim, durante 13 anos, Portugal este envolvido em três frentes de batalha, que teve um
elevadíssimo custo material e humano. O preço a pagar por Portugal surpreendeu a comunidade
internacional.

As pressões internacionais

Portugal, em 1955, enquanto membro da ONU e dirigido por um Governo não democrático,
continuou a defender a autoridade Portuguesa sobre os territórios ultramarinos de forma
indiscutível.

A Assembleia-Geral da ONU, sob pressões dos países do Terceiro Mundo, não aceitou a tese
portuguesa de caracter histórico para a manutenção das colonias na posse de Portugal, e
condenou sistematicamente a atitude colonialista portuguesa.

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A Assembleia-Geral resultou na Resolução 1514, de 14 de dezembro de 1960, que se confirmou


que era ilegítimo da parte de Portugal a preservação de posses coloniais.
O governo português no pleno reconhecimento da sua autodeterminação e independência não
acatou a resolução, ao qual resultou na legitimidade dos movimentos independentistas para fazer
uso de armas.

Portugal nas diversas instituições internacionais, segundo Salazar permanecia “Orgulhosamente


Sós”.

III. A “primavera marcelista”


Reformismo político não sustentado

Em 1968, com as oposições internas, as denuncias internacionais do colonialismo e o


afastamento de Salazar por doença, leva à falsa sensação de possível abertura do regime à
liberalização.
A presidência do conselho de Ministros foi entre a Marcello Caetano, que preservou a sua ação
política na continuidade do trabalho levado acabo por Salazar.
Pretendia conciliar os interesses dos setores conservadores com as exigências de
democratização do regime.

Numa primeira fase, Marcello Caetano empreendeu algumas dinâmicas reformistas no regime:
✓ Alívio da repressão policial e na censura;
✓ Foi permitido o regresso de alguns exilados políticos;
✓ Mudou-se o nome da PIDE para DGS (Direção-Geral de Segurança);
✓ União Nacional passou a designar-se ANP (Ação Nacional Popular);
✓ As mulheres alfabetizadas puderam começar a votar nas eleições de 1969;
✓ Foram legitimados movimentos políticos não comunistas – para fiscalizarem as mesas de
voto;
✓ Os movimentos de oposição puderam organizar congressos;
✓ Iniciou-se uma reforma democrática do ensino.
Todavia, Marcello Caetano começou a demonstrar a necessidade de voltar às políticas anteriores:

✓ Com o movimento de contestação estudantil e os movimentos grevistas no setor laboral


em 1969, o regime entende que a “liberalização foi longe demais”;
✓ Assim, o governo inicia ataques contra os movimentos eleitorais – CDE (Comissão
Democrática Eleitoral) e CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática);
✓ Devido a estas ações, a oposição numa conseguiu eleger um único deputado para a
Assembleia Nacional;
✓ Intensifica-se novamente a repressão policial;
✓ As associações de estudantes são proibidas e as universidades passam a ser controladas
por vigilantes (do exército, ex-combatentes).
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Intensificaram-se as denuncias contra a guerra colonial, a oposição organiza-se em movimentos


clandestinos armadas, de forma a intensificarem se as ações violentas – atentados, assaltos
etc…

O impacto da guerra colonial


A política de renovação de Marcello Caetano surte algum efeito:

✓ A presença de Portugal deixa de ser meramente para uma “missão histórica” ou


“independência nacional” para ser da defesa dos interesses da população branca;
✓ Concede-se o título de estado às províncias de Angola e Moçambique;
A guerra prosseguia, e Portugal continuava isolado internacionalmente:

✓ O Papa Paulo VI, em 1970, afirmava que o que estava a acontecer era uma humilhação da
administração colonial portuguesa;
✓ Manifestações de protesto contra a visita de Marcello Caetano a Londres, em 1973 –
devido aos massacres cometidos pelo exército Português em Moçambique;
✓ Declaração unilateral da independência da Guiné-Bissau, em 1973, reconhecida pela
Assembleia-Geral da ONU.

Internamente persistiam as denuncias da injustiça da guerra colonial:


✓ As camadas estudantis mostram-se contra a guerra e fogem para não serem incorporados
nas forças militares;
✓ Deputados da Ala mais liberal da Assembleia Nacional protestam contra a guerra colonial;
✓ Na iminência de uma vergonhosa derrota, António Spínola (membro da alta hierarquia
militar), denuncia a falência da solução militar de Portugal.

Da revolução à estabilização da democracia

I. O movimento das forças armadas e a eclosão da revolução


A conjuntura política
Em 1974, o regime tinha o problema da guerra colonial por resolver.

Na guiné, o território tinha declarado a independência unilateralmente.


Em Angola e Moçambique, a situação estava num impasse

Intensificava-se a condenação internacional da política colonial do regime.


Os militares entenderam ser urgente por fim à ditadura e abrir caminho para a democratização do
país.

A toda esta conjuntura política, acrescentava-se:


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✓ Descontentamento popular contra o aumento do custo de vida;


✓ Desejo da aproximação da Europa comunitária;
✓ Intensificação da violência levada a cabo por movimentos clandestinos armados;

Do “Movimento dos Capitães” ao “Movimento das Forças Armadas”

• O “Movimento dos capitães”

Em 1973, o movimento clandestino de militares, constituído maioritariamente por capitais,


preparava um golpe de estado, com o objetivo de derrubar o regime ditatorial e assim conseguir
criar condições para resolver a questão colonial.

Inicialmente, a sua insatisfação ficava por questões corporativas, que motivaram o movimento,
contudo a consciência da sua força política leva a procura de uma solução política para o
problema do ultramar.

• O “Movimento das forças Armadas”

Costa Gomes e António Spínola, recusaram participar numa manifestação de apoio ao governo e
foram imediatamente exonerados dos cargos, ficando assim disponíveis para reforçar os
movimentos de contestação militar.
Com claros objetivos de por fim ao estado novo, o movimento dos capitais evoluiu para
movimento das forças armadas – MFA

O “25 de abril”

As forças armadas organizadas, na madrugada de 25 de abril de 1974 conseguiram levar a cabo


uma ação revolucionária que pôs fim ao regime de ditadura que vigorava desde 1926.
Às 00h20 do dia 25, era transmitida a canção “Grândola, Viola Morena”, de José Afonso – sinal
para as unidades militares avançarem para a ocupação de pontos estratégicos para conseguir
levar a cabo com sucesso o ato revolucionário.
Perante o certo das tropas de Salgueiro Maia no terreiro do Paço, Marcello Caetano foi obrigado
a render-se e a entregar o poder ao general Spínola, para que o país não ficasse sem
governação.

Por fim, deu-se uma autêntica explosão social por todo o pais, uma revolução nacional, de
caracter pacifico, que ficou conhecida por “Revolução dos Cravos”.

II. Desmantelamento das estruturas de suporte do Estado Novo


O ato revolucionário deu início ao processo de desmantelamento do regime do estado novo.
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Foi nomeada uma junta de Salvação Nacional, encabeçada por António Spínola.
A Junta de Salvação Nacional foi responsável por desmantelar o regime (estado novo):
✓ Américo Tomás e Marcello Caetano foram destituídos, presos e exilados no Brasil;
✓ A Assembleia Nacional e o Conselho de Estado foram dissolvidos;
✓ A constituição de 1933 é revogada;
✓ Todos os governadores são destituídos;
✓ É extinta a ditadura e a repressão – PIDE, censura etc.;
✓ Presos políticos são libertados e os exilados podem regressar ao país;
✓ São extintas todas as organizações de propaganda;
✓ Formaram-se novos partidos políticos e sindicatos livres;
✓ Elegeu-se um governo provisório;
✓ Preparou-se eleições livres para eleger uma Assembleia Constituinte e redigir uma nova
constituição;
15 de maio, António Spínola é nomeado Presidente da República e Adelino da Palma Carlos
preside ao primeiro governo provisório.

III. Tensões político-ideológicas na sociedade e no interior do movimento revolucionário

A aclamação da liberdade levou em seguida a dois anos politicamente muito conturbados.


Houve divergências ideológicas, graves confrontações sociais e políticas e iminentes conflitos
militares.

O novo quadro social e político


A reivindicação de direitos que foram reprimidos durante 48 anos, criou no pais um ambiente de
agitação difícil e levou ao primeiro governo provisório a demitir-se.
A formação do segundo governo provisório, chefiado por Vasco Gonçalves, levou o novo regime
a evoluir para uma clara tendência revolucionário de esquerda – houve ocupações de instalações
laborais, fabricas, campos agrícolas etc…

Foi criado o COPCON – Comando Operacional do Continente, que nada mais foi que uma
construção de formas do poder popular.
Agravaram-se as divergências entre o Presidente da República – general Spínola e o Movimento
das Forças Armadas, devido ao processo da descolonização. Spínola integrava os
conservadores, enquanto que o MFA na sua generalidade era apoiado por partidos de esquerda.
O esquerdismo revolucionário fragilizou a autoridade do Presidente da República.

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Os primeiros confrontos

• O 28 de Setembro – primeiros sinais de confrontação civil

A 28 de setembro de 1974, ocorreram os primeiros confrontos entre os setores reacionários


(maioria silenciosa), organizaram uma manifestação de apoio a Spínola.
O MFA proíbe este tipo de manifestações e devido a isso Spínola ficou fragilizado e acabou por
se demitir pondo o seu lugar à disposição do seu sucessor, Costa Gomes, que assim permitia a
estabilidade do MFA com o Povo.

• O 11 de Março – iminência de confrontação militar


A 11 de março de 1975, os militares apoiantes de Spínola, com claras preocupações
conservadoras, tentaram levar a cabo um golpe de estado para impedir a continuação do
processo revolucionado do MFA. Contudo o golpe foi ineficaz e controlado pelo MFA.

• O verão quente de 1975 – prenúncios de guerra civil

Num ato de protesto, o PS, PSD e CDS, fizeram forte oposição ao governo chefiado por Vasco
Gonçalves, e pediam o regresso ao programa inicial do MFA.

Vive-se o período do Verão Quente de 1975, em que explodiram confrontos entre forças de direita
e forças de esquerda.

IV. Política económica antimonopolista e a intervenção do Estado nos domínios económico


e financeiro
O “processo revolucionário em curso”

PREC – Processo Revolucionário Em Curso, foram atividades revolucionárias levadas a cabo


pelos partidos mais à esquerda para institucionalizar o poder popular e reforçar a transição para o
socialismo marxista.

As medidas socializantes adotadas pelos sucessivos governos de Vasco Gonçalves foram:


✓ Apropriação por parte do Estado dos setores-chave da economia nacional – setores da
indústria química, banca, seguros, transportes e comunicações …;
✓ Intervenção do Estado na administração de pequenas e médias empresas – apropriação
da administração e afastamento de proprietários e administradores, sendo substituídos por
comissões administrativas nomeadas pelo governo;
✓ Reforma Agrária, expropriando antigos proprietários e nacionalizando grandes herdades –
criando unidades coletivas de produção (UCP), controladas pelo Partido Comunista;

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✓ Grandes campanhas de dinamização cultural e ação cívica – esclarecimento às


populações sobre o valor da democracia e a importância do voto popular, bem como os
direitos dos trabalhadores;
✓ Grandes conquistas dos trabalhadores – direito à greve, liberdade sindical, instituição do
salário mínimo, redução do horário de trabalho, subsídios sociais e garantias de trabalho.

O “Documento dos Nove” – inversão do processo revolucionário


O grupo de nove oficiais que integravam o conselho de revolução tomou uma posição política
sobre a situação do país e em agosto de 1975 publicou um manifesto conhecido como
Documento dos Nove onde denunciavam os rumos do processo revolucionário e recusavam que
Portugal adotasse um regime do tipo europeu oriental (URSS).

O “25 de novembro” – fim da fase extremista do processo revolucionário


A inversão do processo revolucionário levou ao agravamento da confrontação política e social em
1975.

Então a 25 de novembro do mesmo ano, houve uma tentativa de golpe levada acabo pela
esquerda militar e pelo PCP, contudo um grupo de militares moderados leva acabo um
contragolpe liderado por Ramalho Eanes.
A ação militar chefiada por Ramalho Eanes contra o avanço da esquerda radical conduziu à
ascensão das forças moderadas no poder.

Vasco Gonçalves foi demitido e ascendeu um VI governo Provisório.


Declara-se assim o fim da fase extremista do processo revolucionário.

V. A opção constitucional de 1976


A constituição de 1976

Com a promulgação a 2 de abril de 1976, a nova constituição tinha um caracter marcadamente


socialista.
O texto constitucional consagra o Estado Português como uma república democrática e
pluripartidarista.

Assim a Constituição de 1976 consegue conciliar as diferentes conceções ideológicas,


considerando-se assim o documento fundador da democracia portuguesa.
Realizaram-se as primeiras eleições em 1976:

✓ Assembleia da República – 25 de abril de 1976, vencidas pelo Partido Socialista –


formando o 1º governo Constitucional, chefiado por Mário Soares;
✓ Presidência da República – em julho de 1976, vencidas por Ramalho Eanes;
✓ Autarquias locais – em dezembro de 1976.
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O poder local foi estruturado em municípios e freguesias.


A constituição reconheceu a autonomia administrativa das ilhas adjacentes – Madeira e Açores.

VI. O reconhecimento dos movimentos nacionalistas e o processo de descolonização


O processo da descolonização: Democracia, Desenvolvimento e Descolonização.

O processo foi marcado por profundas divergências:


✓ O programa do MFA propunha “o reconhecimento do direito à autodeterminação” e
autonomia administrativa dos territórios ultramarinos;
✓ Lançamento de uma política ultramarina que conduzisse à paz;

Os tempos foram favoráveis para a autodeterminação dos territórios ultramarinos:


✓ Movimentos independentistas exigiam a rápida solução do problema colonial e imediato
reconhecimento da independência, bem como a transferência do poder para os
movimentos de libertação;
✓ A pressão internacional, sobretudo por parte da ONU;
✓ Os governantes portugueses queriam fazer regressar os militares portugueses, de forma a
provar internacionalmente as intensões democráticas e anticolonialistas do novo regime.

• Os processos pacíficos
✓ A independência da Guiné, a 1 de julho de 1974, formando a nova república e reconhecida
pelo Acordo de Argel;
✓ 5 de julho de 1975, a independência de cabo verde, que foi extensível a todos os restantes
territórios do império;
✓ O poder em São Tomé e Príncipe foi entregue ao MLSTP, e reconhecido pelo Governo
Português, a 12 de julho de 1975.

• O caso de Moçambique

O movimento de libertação – FRELINO, foi reconhecido pelo MFA como legitimo e único
representante do povo moçambicano.
Contudo, surgem outras organizações políticas a contestar a exclusividade do poder à FRELINO.

A 7 de setembro de 1974, o governo português celebra o acordo de LUSACA, com


representantes da FRELINO para o cessar-fogo e a formação de um governo temporário.
Os movimentos da oposição, como é o caso da RENAMO, faziam uma resistência armada contra
o que consideravam o desvirtuamento da democracia, com a entrega do poder a um único
movimento.

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Moçambique viu-se envolvido numa guerra civil.


Em outubro de 1992, houve uma alteração constitucional na qual o regime moçambicano admitia
o pluripartidarismo.

• O caso de Angola

Angola foi um caso muito mais complexo.


Três movimentos de libertação que representavam tendências políticas diferentes, eram
constituídos por etnias rivais dominantes na população Angolana.

Os interesses da população branca eram mais fortes e impunham a intervenção política mais
cuidadosa por parte do governo português.
A 15 de janeiro de 1975, consegue-se a assinatura do Acordo de Alvor, na qual se reconhece os
três movimentos como representantes do povo angolano.
No entanto nada se concretizou, iniciou-se um conflito entre o MPLA, com o apoio da URSS e a
FNLA, com o apoio dos EUA.

Em julho o conflito veio a agravar-se e internacionalizou-se ainda mais.


O conflito armado conduziu à formação de dois governos, a República Popular de Angola – MPLA
(sede em Luanda e presidida por Agostinho Neto) e a República Democrática de Angola –
UNITA/FNLA (sede em Huambo e presidida por Jonas Savimbi).

O estado português veio a reconhecer o governo do MPLA, em fevereiro de 1976.


Os angolanos viram-se envolvidos numa violenta guerra civil.

As divergências políticas continuavam por resolver até inícios do novo milénio.


A partir de 22 de fevereiro de 2002, numa ação militar levada acabo por o exército angola, foi
morto o líder da UNITA e Angola entrou num processo de pacificação definitiva.

VII. A revisão constitucional de 1982 e o funcionamento das instituições democráticas

O quadro político favorável à revisão da Constituição de 1976


• A normalização das relações institucionais
Em 1982, a democracia portuguesa dava sinais de que o processo revolucionário havia assumido
definitivamente o caracter democrático e pluralista da Constituição de 1976. Com a normalização
das relações institucionais e a aproximação das forças políticas mais moderadas.

• O novo texto constitucional

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Em 1982, o PS, PSD e o CDS, chegam a acordo sobre as alterações a fazer na Constituição de
1976, ajustando-a aos novos objetivos da governação.
O novo texto introduzia a suavização de algumas referências de caracter socialista que se
encontravam na constituição.
O conselho da revolução foi extinto e substituído pelo Conselho de Estado e pelo Tribunal
Constitucional, assim os militares deixaram de interferir no exercício do poder político e aceitando
o poder civil.

O funcionamento das instituições democráticas


• O presidente da República
Eleito por sufrágio universal e direto, por maioria absoluta, para um período de 5 anos, é
considerado o representante máximo da soberania nacional.

• A Assembleia da República
É constituído por 230 deputados, eleitos por círculos eleitorais correspondentes aos distritos do
continente e a cada região autónoma.
O governo faz-se depender do apoio do parlamento para apoiar a atividade governativa ou por
sua vez censura-la.

• O Governo
Constituído por o primeiro-ministro, pelos ministros, pelos secretários e subsecretários de Estado,
é o órgão que superintende a administração publica do país.

• Os Tribunais
Aos tribunais compete o exercício do poder judicial, de forma totalmente independente do poder
político.
A revisão da constituição de 1982, introduziu o Tribunal Constitucional, responsável por zelar o
rigoroso cumprimento dos princípios constitucionais.

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