Você está na página 1de 18

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3

Cadernos PDE

I
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
GAMES: OS JOGOS COMO APOIO AO ENSINO DO INGLÊS PARA
ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NA SALA DE
RECURSOS

Angela Maria Rufino de Azevedo1


Profª Dra. Eliane Segati Rios Registro2

Resumo: O presente artigo apresenta o trabalho desenvolvido no Programa de Desenvolvimento


Educacional (PDE), na forma de Produção Didático-Pedagógica, que objetivou propor Jogos
Pedagógicos que fossem adaptados para o apoio ao ensino da Língua Inglesa, a alunos com
Deficiência Intelectual, na Sala de Recursos. Com esse objetivo em mente, após entrevistas informais
com os professores de Língua Inglesa e da Sala de Recursos, estruturaram-se atividades auxiliares
que facilitassem a compreensão dos jogos, para que os mesmos fossem aplicados. Durante a
implementação da proposta, observou-se que os alunos conseguiram obter êxito na realização das
atividades e dos jogos, além da melhora na aprendizagem dos conteúdos básicos da Língua Inglesa.
Assim, percebeu-se que a proposta é de grande relevância para o que se propõe neste contexto
específico de ensino.

Palavras-chave: Jogos Pedagógicos Adaptados. Língua Inglesa. Sala de Recursos. Deficiente


Intelectual.

Abstract: This article presents the work of the Educational Development Program ( EDP), in the form
of Didactic-Educational Production, aimed to propose Pedagogical Games that were adapted to
support the teaching of English to students with Intellectual Disabilities in the Room Resource. With
this goal in mind, after informal interviews with the English Language teachers and Resource Room,
structured up auxiliary activities that facilitate the understanding of games, so that they were applied.
During the implementation of the proposal, it was observed that students have achieved success in
the realization of activities and games, as well as improvement in learning the basic content of the
English language. Thus, it was noted that the proposal is of great relevance to what is proposed in this
specific educational context.

Keywords: Pedagogical Games Adapted. English Language. Resource Room. Intellectual Deficient.

1. INTRODUÇÃO

Hoje os desafios em ensinar Língua Estrangeira Moderna (LEM) em sala de


aula estão cada vez mais em evidência, entre as situações encontradas,
destacamos a falta de interesse, o não entendimento e compreensão da língua,

1
Professora da Educação Básica, Graduada em Letras com Habilitação em Português/Inglês e respectivas
Literaturas – Ensino Fundamental e Médio. Contato: angelarufino@seed.pr.gov.br
2
Doutora em Estudos da Linguagem, Coordenadora PDE/UENP.
entre outros. Para nós, é na falta de compreensão que o aluno com necessidades
educacionais especiais se destaca nas classes comuns da rede regular de ensino,
uma vez que são ensinados com métodos iguais aos outros alunos que não
apresentam dificuldades de aprendizagem.
Nesse sentido, a Sala de Recursos aparece como um apoio aos alunos com
necessidades educacionais especiais, e é nesse ambiente que o presente projeto foi
implementado, uma vez que “visa oferecer o apoio educacional complementar
necessário para que o aluno se desempenhe e permaneça na classe comum, com
sucesso escolar" (MORETTI e CORRÊA, 2009, p.487 apud LOPES e
MARQUEZINE, 2012).
Nessa sala é oferecido um

serviço de apoio especializado de 1ª a 8ª séries e Ensino Médio


ofertado no período contrário daquele em que o aluno frequenta na
Classe Comum, com professor da Educação Especial, em espaço
físico adequado, de natureza pedagógica, que complementa o
atendimento educacional realizado em classes comuns da Educação
Básica (PARANÁ, 2012, p. 08).

Observamos que a inclusão já está presente nas salas de aula, com alunos
que apresentam alguma deficiência, como: DI – Deficiência Intelectual; TGD –
Transtornos Globais do Desenvolvimento e TFE – Transtornos Funcionais
Específicos. Neste sentido, como público alvo dessa pesquisa, escolhemos os
alunos com DI, por acreditarmos que por meio de metodologias apropriadas, eles
podem atingir um resultado positivo em seu aprendizado.
Assim, objetivamos propor atividades através de Jogos Pedagógicos
adaptados para o apoio do ensino da Língua Inglesa na Sala de Recursos, de modo
a promover e dar suporte à aprendizagem da referida disciplina na classe comum,
tendo como público alvo os alunos com Deficiência Intelectual, do Ensino
Fundamental, do Colégio Estadual “Professor Segismundo Antunes Netto” – Ensino
Fundamental, Médio e Normal, em Siqueira Campos – Paraná.
Para tal, realizamos uma busca em estudos bibliográficos que nos dessem
respaldo, além de selecionarmos os Jogos que seriam adaptados para atender essa
proposta. Com tudo pronto, o projeto foi implementado com êxito e os resultados
obtidos foram excelentes.
A seguir apresentaremos, de maneira sucinta, o respaldo bibliográfico
utilizado, bem como a metodologia que utilizamos, as análises feitas à partir do
contexto educacional da escola onde o projeto foi implementado, da proposta em si
e suas atividades e do Grupo de Trabalho em Rede (GTR). Encerramos com nossas
considerações sobre todo o trabalho desenvolvido nesse PDE.

2. AS BASES TEÓRICAS QUE NOS GUIAM

Uma das necessidades fundamentais para o ser humano é a comunicação,


e para que isso ocorra, ele faz uso da linguagem. Essa visão se afirma no que diz
Yaguello (2010, p. 14) sobre a língua ser “um fato social, cuja existência se funda
nas necessidades de comunicação”.
Cada país apresenta uma língua, chamada de língua materna. Porém, como
vivemos num mundo globalizado, faz-se necessário o aprendizado de uma língua
estrangeira para comunicação.
No ponto de vista de Lopes (2014, p. 04; 06), muito se buscou uma língua
que se tornasse universal. Para tanto e por ser uma língua considerada comercial, o
Inglês se tornou necessário por questões “relativas ao comércio [e] até as relativas à
aprendizagem e ao conhecimento”. Ponto de vista complementado por Bastos
(2005, p. 31) quando se refere ao status que essa língua confere e “seu inegável
valor instrumental para o acesso à tecnologia”.
Esse ponto de vista corrobora com as Diretrizes Curriculares Nacionais ao
se referirem à inclusão de Línguas Estrangeiras nos currículos dizendo que: “[...]
identificou-se a valorização da Língua Inglesa devido às demandas de mercado de
trabalho que, então se expandiam no período” (PARANÁ, 2008, p. 43).
Quando observamos o contexto atual, não podemos deixar de observar
também que a maioria das escolas adota o Inglês como LEM a ser trabalhada com
os alunos, escolha essa pautada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
nº. 9.394 (BRASIL, 1996).
Nesse sentido, faz-se necessário “familiarizar o aprendiz com cada forma da
língua inserida num contexto e numa situação concreta” (BAKHTIN, 2010, p. 98).
Mas, assim como questiona Marcuschi (2008), existiriam fórmulas ou um
caminho pronto a seguir em sala de aula?
Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p. 82), trazem um procedimento
chamado Sequência Didática (SD), que visa auxiliar o ensino das expressões oral e
escrita, as quais são componentes fundamentais dentro de uma língua e que ocorre
“em torno de um gênero textual oral ou escrito”.
Como este projeto tem por objetivo a utilização de jogos pedagógicos para o
ensino da Língua Inglesa, podemos nos perguntar em que modalidade de gênero
estes se enquadram.
Marcuschi (2008, p. 194-196), em uma tabela onde dispõe os “gêneros
textuais por domínios discursivos e modalidades”, inclui os jogos no “Domínio
Discursivo: Lazer”, sendo uma “modalidade de uso da língua escrita”. Dolz, Noverraz
e Schneuwly (2004, p. 102), apontam que os jogos estão entre “instruções e
prescrições” no que se refere aos “domínios sociais de comunicação”, sendo suas
ações a “regulação mútua de comportamentos” no que se refere às “capacidades de
linguagem dominantes”.
Em relação ao gênero e sua importância, Nogueira e Cristovão (2007)
salientam que, por se tratar de “[...] textos que exploram o lúdico, a diversão [...]”, as
regras dos jogos podem ser ensinadas como um gênero textual que auxilia na “[...]
motivação dentro de sala de aula”.
A opção pela utilização dos jogos se baseou em sua importância para a
aprendizagem, onde se observou que esses “auxiliam no processo ensino-
aprendizagem, tanto no desenvolvimento psicomotor [...], bem como no
desenvolvimento de habilidades do pensamento” (MAURÍCIO, 2008, p. 02).
Em se tratando de gênero, os jogos resultam “de um sistema linguístico que
funciona dentro de um contexto social; um sistema de regras e um objeto”, sendo
que através deles o aluno “libera e canaliza suas energias; tem o poder de
transformar uma realidade difícil; propicia condições de liberação da fantasia; é uma
grande fonte de prazer” (MAURÍCIO, 2008, p. 03).
Com relação à aprendizagem, cada pessoa é única em suas capacidades e
dificuldades, ou seja, cada um aprende de uma maneira diferente e em um tempo
diferente. Isso também acontece com os alunos que apresentam necessidades
educacionais especiais, pois ainda que esta maneira requeira mais estratégias e que
o tempo seja maior, a possibilidade de aprendizagem existe.
Dentre o grande número de alunos ao qual temos contato em nosso
cotidiano escolar, muitas vezes nos deparamos com aqueles que apresentam
dificuldades em aprender, as chamadas necessidades educacionais especiais, e que
estas podem estar ou não acompanhadas de deficiências.
As dificuldades de aprendizagem são classificadas, de acordo com “as
possibilidades de aprender e o desejo de aprender”. As primeiras de referem às
“condições físicas e psíquicas da criança [...]” e o segundo, à “[...] energia
necessária ao bom funcionamento cognitivo” (BOSSA, 2000, p. 17).
Muitas vezes, ao se encaminhar uma criança para avaliação e/ou
atendimento complementar, os pais pensam que o professor quer tirar o peso de
suas costas, que são incapazes de ensinar a seus filhos, ou ainda, que estes os
culpam e aos filhos, pelas suas dificuldades de aprendizagem. Necessita-se assim
de muito cuidado, mostrando que isso não quer dizer desistência do aluno, mas sim
que se está buscando o melhor para ele (BOSSA, 2000).
Neste projeto, objetivamos trabalhar com alunos com necessidades
educacionais especiais que apresentam Deficiência Intelectual (DI). Para tal se fez
necessário uma prévia análise desta deficiência, suas causas e como ocorre o
aprendizado para esses alunos, a fim de que se delineassem os métodos para um
trabalho efetivo com estes.
A DI é considerada uma das mais graves deficiências por afetar a
inteligência, considerada uma das coisas mais preciosas a um indivíduo
(MARCUCCI, 2003), que pode ser ocasionada por causas pré-natais, perinatais e
pós-natais (SOUZA, 2003).
A evolução histórica por que passaram os portadores de DI, é marcada por
abandonos, assassinatos, exclusões, preconceitos, até que, no início desse século,
passou-se a adotar diferentes posturas, com visões voltadas para o incluir e
respeitar as diferenças (MARCUCCI, 2003).
No que se refere à aprendizagem dos DI, Fonseca (1995, p. 58) salienta que
todos são capazes de aprender, uma vez que esta seja “sequencializada, baseada
em avaliações específicas individualizadas e em programações curriculares na base
dos princípios científicos do desenvolvimento”.
Os alunos com DI hoje, conforme Paraná (2006), também são comuns nas
classes regulares devido à política de inclusão que garante a permanência e o
acesso a educação básica também aos portadores de necessidades especiais.
Assim, o aluno com DI, dentro da perspectiva inclusiva é aquele que apresenta
limitações na área cognitiva que interferem de maneira substancial
na aprendizagem da leitura e escrita, [...] dificuldades para adaptar-
se a novas situações, comunicar-se, controlar emoções e
estabelecer vínculos com colegas e professores (PARANÁ, 2014,
p.02).

A inclusão de alunos com necessidades especiais é regulamentada por


várias leis, mas ainda não é bem vista e encontra diversas barreiras para sua
concretização. Não se garante a inclusão somente se matriculando um aluno na
escola regular. Incluir significa dar as mesmas oportunidades de educação para
todos e que esta seja de qualidade, sem levar em conta as diferenças (MANTOAN,
2006; PARANÁ, 2006; PRIETO, 2006).
Uma das grandes dificuldades com relação aos alunos que apresentam
necessidades educacionais especiais, é que esse grupo não apresenta
homogeneidade, isto é, as necessidades nem sempre são as mesmas. Cada aluno
apresenta dificuldades específicas referente à sua deficiência, o que acaba
Nesse momento, o professor é um dos maiores responsáveis pelas
adaptações necessárias à aprendizagem, pois é ele quem irá ter mais contato com o
aluno. Assim, conforme Bastos (2005, p. 120), a ação do professor deve considerar
três aspectos, sem deixar de levar em conta que cada aluno é único:

(1) o objeto de estudo, envolvendo o conteúdo a ser trabalhado com


o aluno; (2) os processos de mediação, com ênfase nos
procedimentos que o professor deve usar para fazer o conteúdo
chegar até o aluno e (3) o perfil desejado do professor, visto
idealmente como um sedutor, capaz de despertar no aluno o desejo
de aprender a língua.

Como recurso pedagógico de apoio à aprendizagem, aqui entram os jogos,


que “é, por excelência, integrador [...]” (MAURÍCIO, 2008, p. 03). E, em se tratando
do trabalho com alunos DI, Fonseca (1995, p. 58; 59) salienta que “as situações a
criar e os materiais a desenvolver podem constituir uma ajuda importante, facilitando
aos deficientes mentais a aquisição de comportamentos funcionais e adaptativos”,
uma vez que, “educacional e socialmente é preciso acreditar nas possibilidades dos
deficientes mentais. Não os devemos excluir das ações sociais triviais”.
Isso requer também relações de troca entre o professor da sala regular e o
profissional de atendimento especializado (aqui, o professor da Sala de Recursos),
para que seja realizado um trabalho efetivo e inclusivo, onde se observe que a
aprendizagem realmente aconteceu.
Salientamos que, dentre toda literatura utilizada, a que mais nos motivou a
escolher o gênero Jogos como pilar para esse projeto, foi o texto de Maurício (2008,
p. 03), quando se refere ao mesmo como “integrador” onde este “[...] tem o poder de
transformar uma realidade difícil; propicia condições de liberação da fantasia; é uma
grande fonte de prazer”.

3. METODOLOGIA

A presente pesquisa se deu em caráter bibliográfico, como base na literatura


pertinente, com respaldo necessário para o desenvolvimento e aplicação do projeto
elaborado.
Utilizamos também a pesquisa aplicada, exploratória e experimental, onde
se trouxe um método diferenciado para ser aplicado em uma amostra, no intuito
promover uma análise posterior.
Os passos seguidos para análise e coleta de dados no desenvolvimento
deste foram:
- Com a permissão da direção do Colégio Estadual “Professor Segismundo Antunes
Netto” – EFMN, do município de Siqueira Campos - Paraná, a aplicação desse
projeto teve início através de uma entrevista informal com a professora da sala de
Recursos sobre os alunos que apresentam DI, onde foram diagnosticadas as
deficiências de aprendizagem dos DI na língua inglesa;
- Após, realizamos uma entrevista, também informal, com os professores de LEM
desses alunos na sala regular, a fim de que se propusesse uma parceria entre estes
e a professora da Sala de Recursos;
- Com base nos resultados obtidos nas duas entrevistas, foram elencadas as
principais dificuldades/necessidades dos alunos com DI, sob a perspectiva de se
desenvolver Jogos Pedagógicos que poderiam ser adaptados para atender a
presente proposta, como jogos da memória, quebra-cabeças, bingo, jogos on-line,
etc., que seriam elaborados a partir dos conteúdos trabalhados em sala;
- Já com o material estruturado, foram desenvolvidas atividades com os alunos que
apresentam DI no ambiente da Sala de Recursos, a partir das quais, foram avaliados
os resultados obtidos com relação à aprendizagem;
- Para o desenvolvimento desta proposta, os atendimentos foram divididos em 17,
dos quais 15 foram de 2 aulas, e 2 atendimentos foram de 1 aula cada, o que
totalizou 32 aulas de 50 minutos cada.

4. ANÁLISE

Mediante os passos dados para o desenvolvimento desse projeto, dividimos


nossa análise em três segmentos: Contexto Educacional, A Proposta e Grupo de
Trabalho em Rede.

4.1 Contexto Educacional

Após a entrevista informal com as professoras de Língua Inglesa e de Sala


de Recursos, foram obtidas as seguintes informações e orientações:
 Na sala de recursos não é dado aula e sim feito um atendimento às
necessidades dos alunos DI, respeitando cada um dentro da sua
dificuldade, com jogos pedagógicos e no computador. Porém o que
eles assimilam melhor são atividades feitas no concreto, uma vez que
às vezes o computador ou a internet não funciona.
 Os alunos são atendidos em grupos, no mínimo duas vezes por
semana, divididos no tempo de duas aulas por dia, de acordo com a
deficiência e a sua necessidade de aprendizagem. No caso do DI
tínhamos 4 alunos apenas, por isso muitas vezes era possível atendê-
los individualmente.
 A repetição para eles é muito importante, o tempo é um grande aliado
na aprendizagem dos mesmos.

De acordo com a professora de inglês, esses alunos não atrapalhavam a


aula, eram tímidos e não tinham relacionamento com os colegas da turma, ficando
isolados e sem interesse na aprendizagem, sendo isso uma das dificuldades para
aprender o inglês.
Na opinião da professora da sala regular, a nossa intervenção poderia ajudar
não só o aluno, mas a ela também em sala de aula, uma vez que em sala de
recursos possui um atendimento individualizado, possibilitando o retomo aos
conteúdos anteriores sempre que necessário, independentemente do ano de
enquadramento aluno.
Pelas informações obtidas, esses alunos não assimilavam o mínimo exigido
que é de 60%, e os professores foram orientados a priorizar os conteúdos
essenciais, de modo que o aluno aprendesse pelo menos o básico da disciplina.
Portanto, segundo a professora de dois alunos que frequentavam a Sala de
Recursos, fazer um atendimento com vocabulário básico de inglês na Sala de
Recursos iria ajudá-los e muito dentro da sala de aula. Vocabulários esses como as
cores, números, animais, frutas, saudações dentre outros.
Para encerrar a entrevista informal, a professora de Sala de Recursos
salientou que a inclusão é mais social do que acadêmica.

4.2 A Proposta

O objetivo geral de nosso projeto é o de trabalhar os conteúdos do


vocabulário básico através de jogos, de forma a estimular o interesse pelo estudo da
LEM, levando à motivação e ao desenvolvimento da aprendizagem da Língua
Inglesa.
Tendo como público-alvo os Deficientes Intelectuais que frequentam a Sala
de Recursos, ambiente onde essa proposta foi aplicada, buscou-se: propor
atividades de leitura e escrita que auxiliassem no aprendizado dos conteúdos
selecionados, e que auxiliassem no desenvolvimento dos jogos; desenvolver jogos
que fossem atrativos, fáceis e eficazes para atender a essa proposta; produzir, a
partir da produção didática elaborada, um caderno de atividades que foi entregue e
utilizado pelos alunos durante os atendimentos.
Durante os atendimentos, foram trabalhadas as atividades auxiliares
propostas para cada conteúdo do currículo básico selecionado, a fim de que o aluno
fosse preparado para o jogo a ser desenvolvido.
Os jogos selecionados foram pensados e montados de maneira atrativa,
colorida e que facilitasse sua compreensão.
Com relação à realização das atividades e aos jogos, pode-se perceber que
em sua grande maioria os alunos obtiveram sucesso, encontrando dificuldades em
poucas atividades e/ou jogos.
Nesse sentido, traduzimos no quadro abaixo o que analisamos durante a
implementação do projeto, a fim de facilitar a compreensão dos resultados obtidos.

Quadro 01: Análises da Implementação.


AT3. ATIVIDADES/ DES4. DIFICULDADES
JOGOS E PERCEPÇÕES
1º Atividades relacionadas ao Ótimo. A atividade demorou um
conteúdo Names and pouco para ser realizada,
Greetings. / Quebra- cabeça. pois necessitava de muita
atenção dos alunos.
2º Atividades relacionadas ao Excelente. Nenhuma. Foi um
conteúdo Colors. / Memory atendimento extremamente
Game. agradável.
3º Atividades relacionadas ao Bom. Não houve dificuldades, mas
conteúdo Colors./ Jogo da os alunos não se
Velha. interessaram muito e não
quiseram jogar novamente.
4º Atividades relacionadas ao Excelente. Nenhuma. Os alunos
conteúdo Numbers. / Baralho adoraram o jogo, repetindo-o.
com numbers.
5º Atividades relacionadas ao Excelente. Nenhuma. O atendimento foi
conteúdo Numbers. / Dominó. um sucesso. Foi o momento
da implementação que eles
mostraram mais prazer em
jogar.

3
Leia-se ATENDIMENTO.
4
Leia-se DESENVOLVIMENTO
6º Atividades relacionadas ao Bom. A realização das atividades
conteúdo Numbers. / Bingo. foi um pouco lenta, por que
os alunos tinham que ouvir o
número em inglês e procurar
a escrita do mesmo.

7º Atividades relacionadas ao Excelente. Nenhuma dificuldade. Os


conteúdo Animals. / Memory alunos desenvolveram as
Game. atividades e o jogo
tranquilamente.
8º Atividades relacionadas ao Ótimo. O jogo online deixou-os muito
conteúdo Animals. / Jogos à vontade, retornavam a
online. jogar várias vezes para
abaixar o tempo do jogo.
9º Atividades relacionadas ao Bom. Por causa da timidez dos
conteúdo Fruits. / Jogo da alunos, o atendimento ficou
mímica. um pouco comprometido.
10º Atividades relacionadas ao Excelente. Os alunos realmente
conteúdo Fruits. / Jogos gostaram das modalidades
online. de jogos online.
11º Atividades relacionadas ao Ótimo. Os alunos concluíram as
conteúdo Food and Drink. / atividades e o jogo
Catch me a card. corretamente, mas o mesmo
não os cativou muito.
12º Atividades relacionadas ao Excelente. Atividades e jogo
conteúdo Food and Drink. / desenvolvidos corretamente
Hangman. e com entusiasmo.
13º Atividades relacionadas ao Bom. Os alunos encontraram
conteúdo Clothes. / Spelling. dificuldades na soletração,
portanto a professora teve
que auxiliá-los.
14º Atividades relacionadas ao Excelente. Atividades e jogos concluídos
conteúdo Clothes. / Jogos corretamente.
online.
15º Atividades relacionadas ao Bom. Os alunos encontraram
conteúdo Days of the Week dificuldades neste jogo
and Months of the Year. / também, onde a professora
Bingo: letter. os auxiliou.
16º Atividades relacionadas ao Excelente. Os alunos gostaram muito do
conteúdo Days of the Week jogo e o realizaram sem
and Months of the Year. / dificuldades, bem como as
Memory Game. atividades propostas.
17º Finalização das atividades Excelente. Neste atendimento final o
com a escolha de um jogo escolhido foi dominó dos
conteúdo que os alunos mais animais, no qual eles
gostaram. / Let´s a creat: confeccionaram sem nenhum
criação de jogos feitos pelos problema, com entusiasmo. A
alunos. professora ajudou na escrita
correta dos nomes dos
animais em inglês. Ao
término jogaram sem
nenhuma dificuldade. Como
já tinha considerado em ação
anterior, o jogo de dominó foi
o que mais gostaram,
acredito que por isso a
escolha deste para finalizar
as ações da implementação.
Fonte: Próprias Autoras.

Outra percepção importante a ser salientada, foi a melhora na aprendizagem


dos conteúdos trabalhados.
4.3 Grupo de Trabalho em Rede - GTR

Durante o desenvolvimento do GTR, foi possível construir uma análise geral


da visão dos professores que o fizeram, bem como coletar sugestões para sua
melhoria.
Dentre os vários comentários positivos à proposta que apresentamos,
destacamos:

“O motivo que mais me chamou a atenção foi a oportunização do ensino da


língua estrangeira para o aluno com DI. Devido às dificuldades de raciocínio e
abstração que eles apresentam muitas vezes lhes é negado o direito a aprender um
segundo idioma. Por isto este estudo será muito importante para promover uma
reflexão sobre a necessidade de não esvaziarmos os currículos e sim oferecer a
eles todos os direitos aos conteúdos, pois em minha opinião, a inclusão deve ser
social e também "verdadeiramente" educacional” (C.M. de S.).

“Vivemos em um tempo onde o acesso as informações são muito amplos e


estudar deixou de ser interessante para a maioria dos alunos, até mesmo porque a
escola permanece exatamente igual a quando nós estudávamos e os jovens e
adolescentes de hoje são um público muito diferente. Por isso vejo o uso de jogos
em sala de aula como uma metodologia que funcionará também como estímulo, os
jovens gostam de jogos, disputas e desafios, isso faz com que percebam um
objetivo para aprender. O uso de jogos pedagógicos diferenciados em sala de aula
facilitará a aprendizagem de todos principalmente dos alunos de inclusão. Estes
precisam sempre de atendimento e metodologias diferenciadas, mas quando
usamos no coletivo possibilitamos um melhor desenvolvimento a todos” (E.A.R.).

“A realidade apresentada em sua escola, é a mesma em todas que já


trabalhei. A inclusão inserida no modelo do Estado, não leva em consideração a
realidade do aluno especial, a realidade estrutural da escola, e muito menos a
capacitação dos professores para trabalhar com eles. Nossa formação não nos deu
condições de ensinar alunos especiais, e por isso, estamos sempre procurando
cursos na área. Na verdade, sinto que na maioria das vezes, o professor se
preocupa mais com eles, que os próprios pais. Me sinto revoltada com isso. Nós,
professores, estamos sempre nos reciclando, e essa área é a que está mais em
evidencia, devido a demanda. Os jogos tem me ajudado com os alunos "normais"
também, percebi uma aproximação maior deles, uma aceitação do Inglês” (G.M.V.).

“Acredito na necessidade de se proporcionar formação de qualidade aos


professores e pedagogos da rede. Ora, se a inclusão é fato, deveríamos possuir
capacitação intensa para lidarmos com os alunos com necessidades especiais que
requerem uma intervenção diferenciada, em todas as disciplinas. A sala de recursos
não deve priorizar esta ou aquela disciplina, deve sim contemplar atividades de
atenção e percepção, as quais permitam aos alunos com DI compreender todos os
conteúdos de todas as disciplinas o que lhe é garantido, através da legislação
vigente. Entretanto, penso que o maior desafio está, portanto, na metodologia.
Sendo assim, sua proposta vem de encontro a este novo olhar, o da ludicidade; pois
os jogos podem ser um aliado neste processo de aquisição do conhecimento e,
sobremaneira, no aprendizado de uma língua estrangeira” (G.D.M.).

Com base nos comentários apresentados, pudemos perceber o quanto a


proposta agradou e se justifica em sua aplicabilidade e alcance dos objetivos
elencados.
Observamos também que, no decorrer do curso do GTR, os professores
cursistas conseguiram adaptar a metodologia a suas realidades, obtendo resultados
excelentes.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todo ser humano apresenta potencial para aprender. Porém cada pessoa é
única em suas capacidades e dificuldades, ou seja, cada um aprende de uma
maneira diferente e em um tempo diferente.
Isso também acontece com os alunos que apresentam necessidades
educacionais especiais pois, ainda que esta maneira requeira mais estratégias e que
o tempo seja maior, a possibilidade de aprendizagem existe.
Nesse sentido, a proposta apresentada, cujo objetivo primordial era propor
atividades através de Jogos Pedagógicos adaptados para o apoio do ensino da
Língua Inglesa na Sala de Recursos, de modo a promover e dar suporte à
aprendizagem da referida disciplina na classe comum, tendo como público alvo os
alunos com Deficiência Intelectual, alcançou êxito em sua implementação, uma vez
que os alunos de fato obtiveram sucesso na realização das atividades auxiliares, e
conseguiram realizar todos os jogos estruturados para atender essa proposta.
Assim, concluímos que a proposta aplicada é de extrema importância para o
apoio à aprendizagem da Língua Inglesa para DI na Sala de Recursos.

REFERÊNCIAS

BASTOS, H.M. de L. Identidade Cultural e o ensino de línguas estrangeiras no


Brasil. In: PAIVA, V.L.M de O. e (org.) Ensino de Língua Inglesa: reflexões e
experiências. 3 ed. São Paulo: Pontes Editores, 2005. 211 p.

BAKHTIN, M; VOLOCHÍNOV, V.N. Marxismo e Filosofia da Linguagem. 14 ed.


São Paulo: Hucitec, 2010. 203 p.

BOSSA, N.A. Dificuldades de Aprendizagem: O que são? Como tratá-las? Porto


Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. 119 p.

BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de diretrizes e bases da


educação nacional. Brasília: Diário Oficial da União, 1996.

DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequencias didáticas para o oral e a


escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J.; et al.
Gêneros orais e escritos na escola. São Paulo: Mercado de Letras, 2004.

FONSECA, V. da. Educação Especial: programa de estimulação precoce – uma


introdução as ideias de Feuerstein. 2 ed. rev. e aum. Porto Alegre: Artes Médicas,
1995, 245 p.

LOPES, Luiz Paulo da Moita. Inglês no mundo contemporâneo: ampliando


oportunidades sociais por meio da educação. Disponível em:
<http://cenp.edunet.sp.gov.br/escola_integral/novo/arquivos/Ingles%20no%20mundo
%20contemporaneo.doc> Acesso em 06 maio 2014.
LOPES, E., MARQUEZINE, M.C. Sala de recursos no processo de inclusão do
aluno com deficiência intelectual na percepção dos professores. Rev. bras.
educ. espec. vol.18 no.3 Marília July/Sept. 2012. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-65382012000300009&script=sci_arttext>
Acesso em 05 nov 2015.

MANTOAN, M.T.E. Igualdade e diferenças na escola: como andar no fio da navalha.


In: ARANTES, V.A (Org.). Inclusão Escolar: pontos e contrapontos. São Paulo:
Summus, 2006. 103 p.

MARCUCCI, M. Deficiência Mental. In: SOUZA, A.M.C. de (org.) A criança


especial: temas médicos, educativos e sociais. São Paulo: Roca, 2003. 378 p.

MARCUSCHI, L.A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. 3 ed.


São Paulo: Parábola Editorial, 2008. 296 p.

MAURÍCIO, J.T. Aprender brincando: O lúdico na aprendizagem. Pub. 05 mar


2008. Disponível em:
<http://www.psicopedagogia.com.br/new1_opiniao.asp?entrID=678#.U3u6R9JdVe8>
Acesso em 20 maio 2014.

NOGUEIRA, G.M.; CRISTÓVÃO, V.L.L. Regras de jogos: um gênero a ser


aprendido/ conhecido. In: CRISTOVÃO, V.L.L. Modelos didáticos de gênero: uma
abordagem para o ensino de língua estrangeira. Londrina: UEL, 2007. 298 p.

PARANÁ. SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Caderno de


subsídios para acompanhamento pedagógico. Curitiba: SEED/DEF/DEM, 2012.
44 p. Disponível em:
<http://www.educacao.pr.gov.br/arquivos/File/Nossa_Escola/Caderno_final.pdf>
Acesso em 05 nov 2015.

PARANÁ. SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Diretrizes


Curriculares da Educação Básica – Língua Estrangeira Moderna. Curitiba:
SEED/DEF/DEM, 2008. 86 p.

PARANÁ. SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. O curriculo e


a educação especial: flexibilização e adaptações curriculares para atendimento
às necessidades educacionais especiais. 2006. 15 p.
PARANÁ. SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Diretrizes
Curriculares da Educação Especial para a construção de Currículos Inclusivos.
Curitiba: MEMVAVMEM Editora, 2006. 58 p.

PARANÁ. SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Anexo 10:


Deficiência Intelectual – 1º semestre – 2014. Semana Pedagógica, 2014. 5 p.

PRIETO, R.G. Atendimento escolar de alunos com necessidades educacionais


especiais: um olhar sobre as políticas públicas de educação no Brasil. In: ARANTES,
V.A (Org.). Inclusão Escolar: pontos e contrapontos. São Paulo: Summus, 2006.
103 p.

YAGUELLO, M. Introdução. In: BAKHTIN, M; VOLOCHÍNOV, V.N. Marxismo e


Filosofia da Linguagem. 14 ed. São Paulo: Hucitec, 2010. 203 p.

Você também pode gostar