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Acordo Ortográfico 2013
Acordo Ortográfico 2013
ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009.
Assinado pelas oito repúblicas que têm o português como idioma oficial (Angola, Brasil,
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, e Timor-Leste),
o Acordo decorreu da aprovação, em outubro de 1990, do projeto de texto de ortografia
unificada da língua portuguesa. Seu texto principal é acompanhado por dois Anexos: o
primeiro apresenta as 21 Bases em que se assentam as alterações que visam à unificação
da grafia do português, e o segundo apresenta a memória breve dos acordos anteriores, as
razões do fracasso dos acordos ortográficos, entre outros temas.
Acordo Ortográfico
da Língua Portuguesa
2a Edição
Atualizada até dezembro de 2013
Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa
ATOS INTERNACIONAIS E
NORMAS CORRELATAS
SENADO FEDERAL
Mesa
Biênio 2013 – 2014
SUPLENTES DE SECRETÁRIO
Senador Magno Malta
Senador Jayme Campos
Senador João Durval
Senador Casildo Maldaner
Secretaria de Editoração e Publicações
Coordenação de Edições Técnicas
Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa
ATOS INTERNACIONAIS E
NORMAS CORRELATAS
2a edição
Brasília – 2014
Edição do Senado Federal
Diretor-Geral: Antônio Helder Medeiros Rebouças
Secretária-Geral da Mesa: Claudia Lyra Nascimento
ISBN: 978-85-7018-538-9
CDD 469.152
Informações complementares
98 Índice de assuntos do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Dispositivos constitucionais
pertinentes
Constituição
da República Federativa do Brasil
Art. 4 o A República Federativa do Brasil Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial
rege-se nas suas relações internacionais pelos da República Federativa do Brasil.
seguintes princípios: �������������������������������������������������������������������������������
�������������������������������������������������������������������������������
IX – cooperação entre os povos para o pro- TÍTULO VIII – Da Ordem Social
gresso da humanidade; �������������������������������������������������������������������������������
...............................................................................
CAPÍTULO III – Da Educação, da Cultura e
TÍTULO II – Dos Direitos e Garantias do Desporto
Fundamentais �������������������������������������������������������������������������������
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Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
[de 1990]
Considerando que o projeto de texto de orto- (1990) e vai acompanhado da respectiva nota
grafia unificada de língua portuguesa aprovado explicativa, que consta como anexo II ao mes-
em Lisboa, em 12 de outubro de 1990, pela mo instrumento de aprovação, sob a designação
Academia das Ciências de Lisboa, Academia de Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da
Brasileira de Letras e delegações de Angola, Língua Portuguesa (1990).
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São
Tomé e Príncipe, com a adesão da delegação
de observadores da Galiza, constitui um passo ARTIGO 2o
importante para a defesa da unidade essencial
da língua portuguesa e para o seu prestígio Os Estados signatários tomarão, através das
internacional, instituições e órgãos competentes, as provi-
dências necessárias com vista à elaboração,
Considerando que o texto do acordo que ora se até 1o de janeiro de 1993, de um vocabulário
aprova resulta de um aprofundado debate nos ortográfico comum da língua portuguesa, tão
Países signatários, completo quanto desejável e tão normalizador
quanto possível, no que se refere às terminolo-
a República Popular de Angola, gias científicas e técnicas.
Príncipe,
Os Estados signatários adotarão as medidas
acordam no seguinte: que entenderem adequadas ao efetivo respeito
da data da entrada em vigor estabelecida no
artigo 3o.
ARTIGO 1o
Em fé do que, os abaixo assinados, devida-
É aprovado o Acordo Ortográfico da Língua mente credenciados para o efeito, aprovam
Portuguesa, que consta como anexo I ao presen- o presente acordo, redigido em língua portu-
te instrumento de aprovação, sob a designação guesa, em sete exemplares, todos igualmente
de Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa autênticos.
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Assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de Pela República da Guiné-Bissau – Alexandre
1990. Brito Ribeiro Furtado – Secretário de Estado
da Cultura
Pela República Popular de Angola – José Mateus
de Adelino Peixoto – Secretário de Estado da Pela República de Moçambique – Luis Bernardo
Cultura Honwana – Ministro da Cultura
Pela República Federativa do Brasil – Carlos Pela República Portuguesa – Pedro Miguel de
Alberto Gomes Chiarelli – Ministro da Educação Santana Lopes – Secretário de Estado da Cultura
Pela República de Cabo Verde – David Hopffer Pela República Democrática de São Tomé e
Almada – Ministro da Informação, Cultura e Príncipe – Lígia Silva Graça do Espírito Santo
Desportos Costa – Ministra da Educação e Cultura
1o) O alfabeto da língua portuguesa é formado por vinte e seis letras, cada uma delas com uma
forma minúscula e outra maiúscula:
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b) Em topónimos/topônimos originários de ou- Calecut ou Calicut, em que o t se encontra nas
tras línguas e seus derivados: Kwanza, Kuwait, mesmas condições.
kuwaitiano; Malawi, malawiano;
Nada impede, entretanto, que dos antropóni-
c) Em siglas, símbolos e mesmo em palavras mos/antopônimos em apreço sejam usados sem
adotadas como unidades de medida de curso a consoante final Jó, Davi e Jacó.
internacional: TWA, KLM; K-potássio (de ka-
lium), W-oeste (West); kg-quilograma, km-qui- 6o) Recomenda-se que os topónimos/topôni-
lómetro, kW-kilowatt, yd-jarda (yard); watt1. mos de línguas estrangeiras se substituam, tanto
quanto possível, por formas vernáculas, quando
3o) Em congruência com o número anterior, estas sejam antigas e ainda vivas em português
mantêm-se nos vocábulos derivados erudita- ou quando entrem, ou possam entrar, no uso
mente de nomes próprios estrangeiros quaisquer corrente. Exemplo: Anvers, substituído por
combinações gráficas ou sinais diacríticos não Antuérpia; Cherbourg, por Cherburgo; Garon-
peculiares à nossa escrita que figurem nesses no- ne, por Garona; Genève, por Genebra; Jutland,
mes: comtista, de Comte; garrettiano, de Garrett; por Jutlândia; Milano, por Milão; München,
jeffersónia/jeffersônia, de Jefferson; mülleriano, por Munique; Torino, por Turim; Zürich, por
de Müller, shakespeariano, de Shakespeare. Zurique, etc.
Integram-se também nesta forma: Cid, em que 3o) O h inicial mantém-se, no entanto, quan-
o d é sempre pronunciado; Madrid e Valhado- do, numa palavra composta, pertence a um
lid, em que o d ora é pronunciado, ora não; e elemento que está ligado ao anterior por meio
de hífen: anti-higiénico/anti-higiênico, contra-
Nota do editor (NE): no texto oficial, consta “Watt”.
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-haste; pré-história, sobre-humano.
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4o) O h final emprega-se em interjeições: ah! oh! manjerico, manjerona, mucujê, pajé, pegajento,
rejeitar, sujeito, trejeito.
BASE III– Da homofonia de certos grafemas 3o) Distinção gráfica entre as letras s, ss, c, ç
consonânticos e x, que representam sibilantes surdas: ânsia,
ascensão, aspersão, cansar, conversão, esconso,
Dada a homofonia existente entre certos farsa, ganso, imenso, mansão, mansarda, man-
grafemas consonânticos, torna-se necessário so, pretensão, remanso, seara, seda, Seia, Sertã,
diferençar os seus empregos, que fundamen- Sernancelhe, serralheiro, Singapura, Sintra, sisa,
talmente se regulam pela história das palavras. tarso, terso, valsa; abadessa, acossar, amassar, ar-
É certo que a variedade das condições em que remessar, Asseiceira, asseio, atravessar, benesse,
se fixam na escrita os grafemas consonânticos Cassilda, codesso (identicamente Codessal ou
homófonos nem sempre permite fácil dife- Codassal, Codesseda, Codessoso, etc.), crasso,
renciação dos casos em que se deve empregar devassar, dossel, egresso, endossar, escasso,
uma letra e daqueles em que, diversamente, se fosso, gesso, molosso, mossa, obsessão, pêssego,
deve empregar outra, ou outras, a representar possesso, remessa, sossegar; acém, acervo, ali-
o mesmo som. cerce, cebola, cereal, Cernache, cetim, Cinfães,
Escócia, Macedo, obcecar, percevejo; açafate,
Nesta conformidade, importa notar, principal- açorda, açúcar, almaço, atenção, berço, Buçaco,
mente, os seguintes casos: caçanje, caçula, caraça, dançar, Eça, enguiço,
Gonçalves, inserção, linguiça, maçada, Mação,
1o) Distinção gráfica entre ch e x: achar, ar- maçar, Moçambique, Monção, muçulmano,
chote, bucha, capacho, capucho, chamar, chave, murça, negaça, pança, peça, quiçaba, quiçaça,
Chico, chiste, chorar, colchão, colchete, endecha, quiçama, quiçamba, Seiça (grafia que pretere as
estrebucha, facho, ficha, flecha, frincha, gancho, erróneas/errôneas Ceiça e Ceissa), Seiçal, Suíça,
inchar, macho, mancha, murchar, nicho, pachor- terço; auxílio, Maximiliano, Maximino, máximo,
ra, pecha, pechincha, penacho, rachar, sachar, próximo, sintaxe.
tacho; ameixa, anexim, baixel, baixo, bexiga,
bruxa, coaxar, coxia, debuxo, deixar, eixo, elixir, 4o) Distinção gráfica entre s de fim de sílaba
enxofre, faixa, feixe, madeixa, mexer, oxalá, (inicial ou interior) e x e z com idêntico valor fó-
praxe, puxar, rouxinol, vexar, xadrez, xarope, nico/fônico: adestrar, Calisto, escusar, esdrúxulo,
xenofobia, xerife, xícara. esgotar, esplanada, esplêndido, espontâneo, espre-
mer, esquisito, estender, Estremadura, Estremoz,
2o) Distinção gráfica entre g, com valor de inesgotável; extensão, explicar, extraordinário,
fricativa palatal, e j: adágio, alfageme, Álgebra, inextricável, inexperto, sextante, têxtil; capaz-
algema, algeroz, Algés, algibebe, algibeira, álgido, mente, infelizmente, velozmente. De acordo com
almargem, Alvorge, Argel, estrangeiro, falange, esta distinção convém notar dois casos: Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
ferrugem, frigir, gelosia, gengiva, gergelim, ge-
ringonça, Gibraltar, ginete, ginja, girafa, gíria, a) Em final de sílaba que não seja final de
herege, relógio, sege, Tânger, virgem; adjetivo, palavra, o x = s muda para s sempre que está
ajeitar, ajeru (nome de planta indiana e de precedido de i ou u: justapor, justalinear, misto,
uma espécie de papagaio), canjerê, canjica, sistino (cf. Capela Sistina), Sisto, em vez de jux-
enjeitar, granjear, hoje, intrujice, jecoral, jejum, tapor, juxtalinear, mixto, sixtina, Sixto.
jeira, jeito, Jeová, jenipapo, jequiri, jequitibá,
Jeremias, Jericó, jerimum, Jerónimo, Jesus, b) Só nos advérbios em -mente se admite z,
jiboia2, jiquipanga, jiquiró, jiquitaia, jirau, jiriti, com valor idêntico ao de s, em final de sílaba
jitirana, laranjeira, lojista, majestade, majestoso, seguida de outra consoante (cf. capazmente,
etc.); de contrário, o s toma sempre o lugar de
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NE: no texto oficial, consta “jibóia”. z: Biscaia, e não Bizcaia.
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5o) Distinção gráfica entre s final de palavra friccionar, pacto, pictural; adepto, apto, díptico,
e x e z com idêntico valor fónico/fônico: erupção, eucalipto, inepto, núpcias, rapto.
aguarrás, aliás, anis, após atrás, através, Avis,
Brás, Dinis, Garcês, gás, Gerês, Inês, íris, Je- b) Eliminam-se nos casos em que são inva-
sus, jus, lápis, Luís, país, português, Queirós, riavelmente mudos nas pronúncias cultas da
quis, retrós, revés, Tomás, Valdés; cálix, Félix, língua: ação, acionar, afetivo, aflição, aflito, ato,
Fénix, flux; assaz, arroz, avestruz, dez, diz, coleção, coletivo, direção, diretor, exato, objeção;
fez (substantivo e forma do verbo fazer), fiz, adoção, adotar, batizar, Egito, ótimo.
Forjaz, Galaaz, giz, jaez, matiz, petiz, Queluz,
Romariz, [Arcos de] Valdevez, Vaz. A propó- c) Conservam-se ou eliminam-se, facultativa-
sito, deve observar-se que é inadmissível z mente, quando se proferem numa pronúncia
final equivalente a s em palavra não oxítona: culta, quer geral, quer restritamente, ou então
Cádis, e não Cádiz. quando oscilam entre a prolação e o emudeci-
mento: aspecto e aspeto, cacto e cato, caracteres
6o) Distinção gráfica entre as letras interiores s, e carateres, dicção e dição; facto e fato, sector e
x e z, que representam sibilantes sonoras: aceso, setor, ceptro e cetro, concepção e conceção, cor-
analisar, anestesia, artesão, asa, asilo, Baltasar, rupto e corruto, recepção e receção.
besouro, besuntar, blusa, brasa, brasão, Brasil,
brisa, [Marco de] Canaveses, coliseu, defesa, d) Quando, nas seqüências interiores mpc, mpç
duquesa, Elisa, empresa, Ermesinde, Esposen- e mpt se eliminar o p de acordo com o determi-
de, frenesi ou frenesim, frisar, guisa, improviso, nado nos parágrafos precedentes, o m passa a
jusante, liso, lousa, Lousã, Luso (nome de lugar, n, escrevendo-se, respectivamente nc, nç e nt:
homónimo/homônimo de Luso, nome mito- assumpcionista e assuncionista; assumpção e
lógico), Matosinhos, Meneses, narciso, Nisa, assunção; assumptível e assuntível; peremptório
obséquio, ousar, pesquisa, portuguesa, presa, e perentório, sumptuoso e suntuoso, sumptuosi-
raso, represa, Resende, sacerdotisa, Sesimbra, dade e suntuosidade.
Sousa, surpresa, tisana, transe, trânsito, vaso;
exalar, exemplo, exibir, exorbitar, exuberante, 2o) Conservam-se ou eliminam-se, faculta-
inexato, inexorável; abalizado, alfazema, Ar- tivamente, quando se proferem numa pro-
cozelo, autorizar, azar, azedo, azo, azorrague, núncia culta, quer geral, quer restritamente,
baliza, bazar, beleza, buzina, búzio, comezinho, ou então quando oscilam entre a prolação e
deslizar, deslize, Ezequiel, fuzileiro, Galiza, guizo, o emudecimento: o b da seqüência bd, em
helenizar, lambuzar, lezíria, Mouzinho, proeza, súbdito; o b da seqüência bt, em subtil e seus
sazão, urze, vazar, Veneza, Vizela, Vouzela. derivados; o g da seqüência gd, em amígdala,
amigdalácea, amigdalar, amigdalato, amigdalite,
amigdaloide3, amigdalopatia, amigdalotomia;
BASE IV – Das seqüências consonânticas o m da seqüência mn, em amnistia, amnistiar,
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
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da história das palavras. Assim se estabelecem aldeia; areal, areeiro, areento, Areosa por areia;
variadíssimas grafias: aveal por aveia; baleal por baleia; cadeado por
cadeia; candeeiro por candeia; centeeira e cente-
a) Com e e i: ameaça, amealhar, antecipar, arre- eiro por centeio; colmeal e colmeeiro por colmeia;
piar, balnear, boreal, campeão, cardeal (prelado, correada e correame por correia.
ave, planta; diferente de cardial = “relativo à
cárdia”), Ceará, côdea, enseada, enteado, Flore- b) Escrevem-se igualmente com e, antes de
al, janeanes, lêndea, Leonardo, Leonel, Leonor, vogal ou ditongo da sílaba tónica/tônica, os
Leopoldo, Leote, linear, meão, melhor, nomear, derivados de palavras que terminam em e acen-
peanha, quase (em vez de quási), real, semear, tuado (o qual pode representar um antigo hiato:
semelhante, várzea; ameixial, Ameixieira, amial, ea, ee): galeão, galeota, galeote, de galé; coreano,
amieiro, arrieiro, artilharia, capitânia, cordial de Coreia; daomeano, de Daomé; guineense, de
(adjetivo e substantivo), corriola, crânio, criar, Guiné; poleame e poleeiro, de polé.
diante, diminuir, Dinis, ferregial, Filinto, Filipe
(e identicamente Filipa, Filipinas, etc.), freixial, c) Escrevem-se com i, e não com e, antes da
giesta, Idanha, igual, imiscuir-se, inigualável, sílaba tónica/tônica, os adjetivos e substantivos
lampião, limiar, Lumiar, lumieiro, pátio, pior, derivados em que entram os sufixos mistos de
tigela, tijolo, Vimieiro, Vimioso; formação vernácula -iano e -iense, os quais são
o resultado da combinação dos sufixos -ano e
b) Com o e u: abolir, Alpendorada, assolar, -ense com um i de origem analógica (baseado
borboleta, cobiça, consoada, consoar, costume, em palavras onde -ano e -ense estão precedidos
díscolo, êmbolo, engolir, epístola, esbaforir-se, de i pertencente ao tema: horaciano, italiano,
esboroar, farândola, femoral, Freixoeira, girân- duriense, flaviense, etc.): açoriano, acriano (de
dola, goela, jocoso, mágoa, névoa, nódoa, óbolo, Acre), camoniano, goisiano (relativo a Damião
Páscoa, Pascoal, Pascoela, polir, Rodolfo, távoa, de Góis), siniense (de Sines), sofocliano, torria-
tavoada, távola, tômbola, veio (substantivo no, torriense (de Torre(s)).
e forma do verbo vir); açular, água, aluvião,
arcuense, assumir, bulir, camândulas, curtir, d) Uniformizam-se com as terminações -io e
curtume, embutir, entupir, fémur/fêmur, fístu- -ia (átonas), em vez de -eo e -ea, os substan-
la, glândula, ínsua, jucundo, légua, Luanda, tivos que constituem variações, obtidas por
lucubração, lugar, mangual, Manuel, míngua, ampliação, de outros substantivos terminados
Nicarágua, pontual, régua, tábua, tabuada, em vogal: cúmio (popular), de cume; hástia,
tabuleta, trégua, virtualha. de haste; réstia, do antigo reste; véstia, de veste.
2o) Sendo muito variadas as condições etimo- e) Os verbos em -ear podem distinguir-se
lógicas e histórico-fonéticas em que se fixam praticamente, grande número de vezes, dos
graficamente e e i ou o e u em sílaba átona, é verbos em -iar, quer pela formação, quer pela Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
evidente que só a consulta dos vocabulários conjugação e formação ao mesmo tempo.
ou dicionários pode indicar, muitas vezes, se Estão no primeiro caso todos os verbos que
deve empregar-se e ou i, se o ou u. Há, todavia, se prendem a substantivos em –eio ou –eia
alguns casos em que o uso dessas vogais pode (sejam formados em português ou venham já
ser facilmente sistematizado. Convém fixar os do latim); assim se regulam: aldear, por aldeia;
seguintes: alhear, alheio; cear, por ceia; encadear, por
cadeia; pear, por peia; etc. Estão no segundo
a) Escrevem-se com e, e não com i, antes da caso todos os verbos que têm normalmente
sílaba tónica/tônica, os substantivos e adjetivos flexões rizotónicas/rizotônicas em -eio, -eias,
que procedem de substantivos terminados em etc.: clarear, delinear, devanear, falsear, granjear,
-eio e -eia, ou com eles estão em relação direta. guerrear, hastear, nomear, semear, etc. Existem,
Assim se regulam: aldeão, aldeola, aldeota por no entanto, verbos em -iar, ligados a substanti-
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vos com as terminações átonas -ia ou -io, que por i ou u: ai, ei, éi, ui; au, eu, éu, iu, ou: braçais,
admitem variantes na conjugação: negoceio ou caixote, deveis, eirado, farnéis (mas farneizi-
negocio (cf. negócio); premeio ou premio (cf. nhos), goivo, goivar, lençóis (mas lençoizinhos),4
prémio/prêmio); etc. tafuis, uivar, cacau, cacaueiro, deu, endeusar,
ilhéu (mas ilheuzito), mediu, passou, regougar.
f) Não é lícito o emprego do u final átono em
palavras de origem latina. Escreve-se, por isso: Obs.: Admitem-se, todavia, excepcionalmente,
moto, em vez de mótu (por exemplo, na expres- à parte destes dois grupos, os ditongos grafados
são de moto próprio); tribo, em vez de tríbu. ae (= âi ou ai) e ao (= âu ou au): o primeiro,
representado nos antropónimos/antropônimos
g) Os verbos em -oar distinguem-se pratica- Caetano e Caetana, assim como nos respecti-
mente dos verbos em -uar pela sua conjugação vos derivados e compostos (caetaninha, são-
nas formas rizotónicas/rizotônicas, que têm -caetano, etc.); o segundo, representado nas
sempre o na sílaba acentuada: abençoar com combinações da preposição a com as formas
o, como abençoo, abençoas, etc; destoar, com o, masculinas do artigo ou pronome demonstra-
como destoo, destoas, etc; mas acentuar, com u, tivo o, ou seja, ao e aos.
como acentuo, acentuas, etc.
2o) Cumpre fixar, a propósito dos ditongos
orais, os seguintes preceitos particulares:
BASE VI – Das vogais nasais
a) É o ditongo grafado ui, e não a seqüência vo-
Na representação das vogais nasais devem cálica grafada ue, que se emprega nas formas de
observar-se os seguintes preceitos: 2a e 3a pessoas do singular do presente do indi-
cativo e igualmente na da 2a pessoa do singular
1o) Quando uma vogal nasal ocorre em fim do imperativo dos verbos em -uir: constituis,
de palavra, ou em fim de elemento seguido de influi, retribui. Harmonizam-se, portanto, essas
hífen, representa-se a nasalidade pelo til, se essa formas com todos os casos de ditongo grafado
vogal é de timbre a; por m, se possui qualquer ui de sílaba final ou fim de palavra (azuis, fui,
outro timbre e termina a palavra; e por n, se é Guardafui, Rui, etc.); e ficam assim em para-
de timbre diverso de a e está seguida de s: afã, lelo gráfico-fonético com as formas de 2a e 3a
grã, Grã-Bretanha, lã, órfã, sã-braseiro (forma pessoas do singular do presente do indicativo
dialetal; o mesmo que são-brasense = de S. e de 2a pessoa do singular do imperativo dos
Brás de Alportel); clarim, tom, vacum; flautins, verbos em -air e em -oer: atrais, cai, sai; móis,
semitons, zunzuns. remói, sói.
em -mente que deles se formem, assim como um u a um i átono seguinte. Não divergem,
a derivados em que entrem sufixos iniciados portanto, formas como fluido de formas como
por z: cristãmente, irmãmente, sãmente; lãzudo, gratuito. E isso não impede que nos derivados
maçãzita, manhãzinha, romãzeira. de formas daquele tipo as vogais grafadas u e i
se separem: fluídico, fluidez (u-i).
BASE VII – Dos ditongos c) Além, dos ditongos orais propriamente ditos,
os quais são todos decrescentes, admite-se,
1o) Os ditongos orais, que tanto podem ser como é sabido, a existência de ditongos crescen-
tónicos/tônicos como átonos, distribuem-se
por dois grupos gráficos principais, conforme 4
NE: no texto oficial, não são mencionados os di-
o segundo elemento do ditongo é representado tongos orais oi e ói, embora constem nos exemplos.
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tes. Podem considerar-se no número deles as convêm, mantêm, têm (3as pessoas do plural);
seqüências vocálicas pós-tónicas/pós-tônicas, armazéns, desdéns, convéns, reténs; Belenzada,
tais as que se representam graficamente por vintenzinho.
ea, eo, ia, ie, io, oa, ua, ue, uo: áurea, áureo,
calúnia, espécie, exímio, mágoa, míngua, ténue/
tênue, tríduo. BASE VIII – Da acentuação gráfica das
palavras oxítonas
3o) Os ditongos nasais, que na sua maioria tanto
podem ser tónicos/tônicos como átonos, per- 1o) Acentuam-se com acento agudo:
tencem graficamente a dois tipos fundamentais:
ditongos representados por vogal com til e se- a) As palavras oxítonas terminadas nas vogais
mivogal; ditongos representados por uma vogal tónicas/tônicas abertas grafadas -a, -e ou -o,
seguida da consoante nasal m. Eis a indicação seguidas ou não de -s: está, estás, já, olá; até, é,
de uns e outros: és, olé, pontapé(s); avó(s), dominó(s), paletó(s),
só(s).
a) Os ditongos representados por vogal com
til e semivogal são quatro, considerando-se Obs.: Em algumas (poucas) palavras oxítonas
apenas a língua padrão contemporânea: ãe terminadas em -e tónico/tônico, geralmente
(usado em vocábulos oxítonos e derivados), provenientes do francês, esta vogal, por ser ar-
ãi (usado em vocábulos anoxítonos e deriva- ticulada nas pronúncias cultas ora como aberta
dos), ão e õe. Exemplos: cães, Guimarães, mãe, ora como fechada, admite tanto o acento agudo
mãezinha; cãibas, cãibeiro, cãibra, zãibo; mão, como o acento circunflexo: bebé ou bebê; bidé
mãozinha, não, quão, sótão, sotãozinho, tão; ou bidê, canapé ou canapê, caraté ou caratê,
Camões, orações, oraçõezinhas, põe, repões. croché ou crochê, guiché ou guichê, matiné ou
Ao lado de tais ditongos pode, por exemplo, matinê, nené ou nenê, ponjé ou ponjê, puré ou
colocar-se o ditongo ũi; mas este, embora se purê, rapé ou rapê.
exemplifique numa forma popular como rũi =
ruim, representa-se sem o til nas formas muito O mesmo se verifica com formas como cocó
e mui, por obediência à tradição. e cocô, ró (letra do alfabeto grego) e rô. São
igualmente admitidas formas como judô, a par
b) Os ditongos representados por uma vogal de judo, e metrô, a par de metro.
seguida da consoante nasal m são dois: am e em.
Divergem, porém, nos seus empregos: b) As formas verbais oxítonas, quando, conju-
gadas com os pronomes clíticos lo(s) ou la(s),
i) am (sempre átono) só se emprega em flexões ficam a terminar na vogal tónica/tônica aberta
verbais: amam, deviam, escreveram, puseram; grafada -a, após a assimilação e perda das
consoantes finais grafadas -r, -s ou -z: adorá- Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
ii) em (tónico/tônico ou átono) emprega- -lo(s) (de adorar-lo(s)), dá-la(s) (de dar-la(s) ou
-se em palavras de categorias morfológicas dá(s)-la(s)), fá-lo(s) (de faz-lo(s)), fá-lo(s)-ás (de
diversas, incluindo flexões verbais, e pode far-lo(s)-ás), habitá-la(s)-iam (de habitar-la(s)-
apresentar variantes gráficas determinadas -iam), trá-la(s)-á (de trar-la(s)-á);
pela posição, pela acentuação ou, simultane-
amente, pela posição e pela acentuação: bem, c) As palavras oxítonas com mais de uma sí-
Bembom, Bemposta, cem, devem, nem, quem, laba terminadas no ditongo nasal grafado -em
sem, tem, virgem; Bencanta, Benfeito, Benfica, (exceto as formas da 3a pessoa do plural do
benquisto, bens, enfim, enquanto, homenzar- presente do indicativo dos compostos de ter e
rão, homenzinho, nuvenzinha, tens, virgens, vir: retêm, sustêm; advêm, provêm; etc) ou -ens:
amém (variação de ámen), armazém, convém, acém, detém, deténs, entretém, entreténs, harém,
mantém, ninguém, porém, Santarém, também; haréns, porém, provém, provéns, também;
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d) As palavras oxítonas com os ditongos abertos respectivas formas do plural, algumas das quais
grafados -éi, -éu ou -ói, podendo estes dois últi- passam a proparoxítonas: amável (pl. amáveis),
mos ser seguidos ou não de -s: anéis, batéis, fiéis, Aníbal, dócil (pl. dóceis), dúctil (pl. dúcteis),
papéis; céu(s), chapéu(s), ilhéu(s), véu(s); corrói fóssil (pl. fósseis), réptil (pl. réptéis; var. reptil,
(de corroer), herói(s), remói (de remoer), sóis. pl. reptis); cármen (pl. cármenes ou carmens;
var. carme, pl. carmes); dólmen (pl. dólmenes
2o) Acentuam-se com acento circunflexo: ou dolmens), éden (pl. édenes ou edens), líquen
(pl. líquenes), lúmen (pl. lúmenes ou lumens);
a) As palavras oxítonas terminadas nas vogais açúcar (pl. açúcares), almíscar (pl. almíscares),
tónicas/tônicas fechadas que se grafam -e ou -o, cadáver (pl. cadáveres), caráter ou carácter (mas
seguidas ou não de -s: cortês, dê, dês (de dar), pl. carateres ou caracteres), ímpar (pl. ímpares);
lê, lês (de ler), português, você(s); avô(s), pôs (de Ájax, córtex (pl. córtex; var. córtice, pl. córtices),
pôr), robô(s). índex (pl. índex5; var. índice, pl. índices), tórax,
(pl. tórax ou tóraxes; var. torace, pl. toraces); bí-
b) As formas verbais oxítonas, quando, conju- ceps (pl. bíceps; var. bicípite, pl. bicípites), fórceps
gadas com os pronomes clíticos -lo(s) ou -la(s), (pl. fórceps; var. fórcipe, pl. fórcipes).
ficam a terminar nas vogais tónicas/tônicas
fechadas que se grafam -e ou -o, após a assi- Obs.: Muito poucas palavras deste tipo, com as
milação e perda das consoantes finais grafadas vogais tónicas/tônicas grafadas e e o em fim de
-r, -s ou -z: detê-lo(s) (de deter-lo(s)), fazê-la(s) sílaba, seguidas das consoantes nasais grafadas
(de fazer-la(s)), fê-lo(s) (de fez-lo(s)), vê-la(s) m e n, apresentam oscilação de timbre nas
(de ver-la(s)), compô-la(s) (de compor-la(s)), pronúncias cultas da língua e, por conseguinte,
repô-la(s) (de repor-la(s)), pô-la(s) (de por-la(s) também de acento gráfico (agudo ou circun-
ou pôs-la(s)). flexo): sémen e sêmen, xénon e xênon; fémur e
fêmur, vómer e vômer; Fénix e Fênix, ónix e ônix.
3o) Prescinde-se de acento gráfico para dis-
tinguir palavras oxítonas homógrafas, mas b) As palavras paroxítonas que apresentam, na
heterofónicas/heterofônicas, do tipo de cor (ô), sílaba tónica/tônica, as vogais abertas grafadas
substantivo, e cor (ó), elemento da locução de a, e, o e ainda i ou u e que terminam em -ã(s),
cor; colher (ê), verbo, e colher (é), substantivo. -ão(s), -ei(s), -i(s), -um, -uns ou -us: órfã (pl.
Excetua-se a forma verbal pôr, para a distinguir órfãs), acórdão (pl. acórdãos), órfão (pl. órfãos),
da preposição por. órgão (pl. órgãos), sótão (pl. sótãos); hóquei,
jóquei (pl. jóqueis), amáveis (pl. de amável),
fáceis (pl. de fácil), fósseis (pl. de fóssil), amáreis
BASE IX – Da acentuação gráfica das (de amar), amáveis (id.), cantaríeis (de cantar),
palavras paroxítonas fizéreis (de fazer), fizésseis (id.); beribéri (pl.
beribéris), bílis (sg. e pl.), íris (sg. e pl.), júri (pl.
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
1o) As palavras paroxítonas não são em geral júris), oásis (sg. e pl.); álbum (pl. álbuns), fórum
acentuadas graficamente: enjoo, grave, homem, (pl. fóruns); húmus (sg. e pl.), vírus (sg. e pl.).
mesa, Tejo, vejo, velho, voo; avanço, floresta;
abençoo, angolano, brasileiro; descobrimento, Obs.: Muito poucas paroxítonas deste tipo, com
graficamente, moçambicano. as vogais tónicas/tônicas grafadas e e o em fim
de sílaba, seguidas das consoantes nasais grafa-
2o) Recebem, no entanto, acento agudo: das m e n, apresentam oscilação de timbre nas
pronúncias cultas da língua, o qual é assinalado
a) As palavras paroxítonas que apresentam, na com acento agudo, se aberto, ou circunflexo,
sílaba tónica/tônica, as vogais abertas grafadas se fechado: pónei e pônei; gónis e gônis, pénis e
a, e, o e ainda i ou u e que terminam em -l, -n,
-r, -x e -ps, assim como, salvo raras exceções, as NE: no texto oficial, consta “index”.
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pênis, ténis e tênis; bónus e bônus, ónus e ônus, que são foneticamente paroxítonas (respecti-
tónus e tônus, Vénus e Vênus. vamente /tãjãj/, /vãjãj/ ou /tẽẽj/, /vẽẽj/ ou ainda
/tẽjẽj/, /vẽjẽj/; cf. as antigas grafias preteridas,
3o) Não se acentuam graficamente os ditongos tẽem, vẽem), a fim de se distinguirem de tem
representados por ei e oi da sílaba tónica/tô- e vem, 3as pessoas do singular do presente do
nica das palavras paroxítonas, dado que existe indicativo ou 2as pessoas do singular do impe-
oscilação em muitos casos entre o fechamento rativo; e também as correspondentes formas
e a abertura na sua articulação: assembleia, compostas, tais como: abstêm (cf. abstém),
boleia, ideia, tal como aldeia, baleia, cadeia, advêm (cf. advém), contêm (cf. contém), convêm
cheia, meia; coreico, epopeico, onomatopeico, (cf. convém), desconvêm (cf. desconvém), detêm
proteico; alcaloide, apoio (do verbo apoiar), tal (cf. detém), entretêm (cf. entretém), intervêm
como apoio (subst.), Azoia, boia, boina, com- (cf. intervém), mantêm (cf. mantém), obtêm
boio (subst.), tal como comboio, comboias, etc. (cf. obtém), provêm (cf. provém), sobrevêm (cf.
(do verbo comboiar), dezoito, estroina, heroico, sobrevém).
introito, jiboia, moina, paranoico, zoina.
Obs.: Também neste caso são preteridas as
4o) É facultativo assinalar com acento agudo antigas grafias detẽem, intervẽem, mantẽem,
as formas verbais de pretérito perfeito do provẽem, etc.
indicativo, do tipo amámos, louvámos, para
as distinguir das correspondentes formas do 6o) Assinalam-se com acento circunflexo:
presente do indicativo (amamos, louvamos), já
que o timbre da vogal tónica/tônica é aberto a) Obrigatoriamente, pôde (3a pessoa do singu-
naquele caso em certas variantes do português. lar do pretérito perfeito do indicativo), que se
distingue da correspondente forma do presente
5o) Recebem acento circunflexo: do indicativo (pode).
a) As palavras paroxítonas que contêm, na síla- b) Facultativamente, dêmos (1a pessoa do plural
ba tónica/tônica, as vogais fechadas com a grafia do presente do conjuntivo), para se distinguir
a, e, o e que terminam em -l, -n, -r ou -x, assim da correspondente forma do pretérito perfeito
como as respectivas formas do plural, algumas do indicativo (demos); fôrma (substantivo),
das quais se tornam proparoxítonas: cônsul (pl. distinta de forma (substantivo; 3a pessoa do
cônsules), pênsil (pl. pênseis)6, têxtil (pl. têxteis); singular do presente do indicativo ou 2a pessoa
cânon, var. cânone, (pl. cânones), plâncton (pl. do singular do imperativo do verbo formar).
plânctons); Almodôvar, aljôfar (pl. aljôfares),
âmbar (pl. âmbares), Câncer, Tânger; bômbax 7o) Prescinde-se de acento circunflexo nas
(sg. e pl.), bômbix, var. bômbice, (pl. bômbices). formas verbais paroxítonas que contêm um e
tónico/tônico oral fechado em hiato com a ter- Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
b) As palavras paroxítonas que contêm, na síla- minação -em da 3a pessoa do plural do presente
ba tónica/tônica, as vogais fechadas com a grafia do indicativo ou do conjuntivo, conforme os
a, e, o e que terminam em -ão(s), -eis, -i(s) ou casos: creem, deem (conj.), descreem, desdeem
-us: bênção(s), côvão(s), Estêvão, zângão(s); de- (conj.), leem, preveem, redeem (conj.), releem,
vêreis (de dever), escrevêsseis (de escrever), fôreis reveem, tresleem, veem.
(de ser e ir), fôsseis (id.), pênseis (pl. de pênsil),
têxteis (pl. de têxtil); dândi(s), Mênfis; ânus. 8o) Prescinde-se igualmente do acento cir-
cunflexo para assinalar a vogal tónica/tônica
c) As formas verbais têm e vêm, 3as pessoas do fechada com a grafia o em palavras paroxítonas
plural do presente do indicativo de ter e vir, como enjoo, substantivo e flexão de enjoar, po-
voo, flexão de povoar, voo, substantivo e flexão
6
NE: no DOU, não consta a abreviatura “pl.”. de voar, etc.
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9o) Prescinde-se, quer do acento agudo, quer do to agudo quando, antecedidas de vogal com que
circunflexo, para distinguir palavras paroxíto- não formam ditongo, constituem sílaba com a
nas que, tendo respectivamente vogal tónica/ consoante seguinte, como é o caso de nh, l, m, n,
tônica aberta ou fechada, são homógrafas de r e z: bainha, moinho, rainha; adail, paul, Raul;
palavras proclíticas. Assim, deixam de se Aboim, Coimbra, ruim; ainda, constituinte,
distinguir pelo acento gráfico: para (á), flexão oriundo, ruins, triunfo; atrair, demiurgo, influir,
de parar, e para, preposição; pela(s) (é), subs- influirmos; juiz, raiz; etc.
tantivo e flexão de pelar, e pela(s), combinação
de per e la(s); pelo (é), flexão de pelar, pelo(s) 3o) Em conformidade com as regras anteriores
(ê), substantivo ou combinação de per e lo(s); leva acento agudo a vogal tónica/tônica grafa-
polo(s) (ó), substantivo, e polo(s), combinação da i das formas oxítonas terminadas em r dos
antiga e popular de por e lo(s); etc. verbos em -air e -uir, quando estas se combi-
nam com as formas pronominais clíticas -lo(s),
10o) Prescinde-se igualmente de acento grá- -la(s), que levam à assimilação e perda daquele
fico para distinguir paroxítonas homógrafas -r: atraí-lo(s) (de atrair-lo(s)); atraí-lo(s)-ia (de
heterofónicas/heterofônicas do tipo de acerto atrair-lo(s)-ia); possuí-la(s) (de possuir-la(s));
(ê), substantivo e acerto (é), flexão de acertar; possuí-la(s)-ia (de possuir-la(s)-ia).
acordo (ô), substantivo, e acordo (ó), flexão
de acordar; cerca (ê), substantivo, advérbio e 4o) Prescinde-se do acento agudo nas vogais
elemento da locução prepositiva cerca de, e tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras
cerca (é), flexão de cercar; coro (ô), substantivo, paroxítonas, quando elas estão precedidas de
e coro (ó), flexão de corar; deste (ê), contracção ditongo: baiuca, boiuno, cauila (var. cauira),
da preposição de com o demonstrativo este, e cheiinho (de cheio), saiinha (de saia).
deste (é), flexão de dar; fora (ô), flexão de ser e
ir, e fora (ó), advérbio, interjeição e substantivo; 5o) Levam, porém, acento agudo as vogais tó-
piloto (ô), substantivo, e piloto (ó), flexão de nicas/tônicas grafadas i e u quando, precedidas
pilotar, etc. de ditongo, pertencem a7 palavras oxítonas e
estão em posição final ou seguidas de s: Piauí,
teiú, teiús, tuiuiú, tuiuiús.
BASE X – Da acentuação das vogais tónicas/
tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e Obs.: Se, neste caso, a consoante final for di-
paroxítonas ferente de s, tais vogais dispensam o acento
agudo: cauim.
1o) As vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das
palavras oxítonas e paroxítonas levam acento 6o) Prescinde-se do acento agudo nos diton-
agudo quando antecedidas de uma vogal com gos tónicos/tônicos grafados iu e ui, quando
que não formam ditongo e desde de que não precedidos de vogal: distraiu, instruiu, pauis
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
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rizotónicas/rizotônicas igualmente acentua- -oa, -ua, -uo, etc.): álea, náusea; etéreo, níveo;
das no u mas sem marca gráfica (a exemplo enciclopédia, glória; barbárie, série; lírio, prélio;
de averiguo, averiguas, averigua, averiguam; mágoa, nódoa; exígua, língua; exíguo, vácuo.
averigue, averigues, averigue, averiguem; enxa-
guo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, 2o) Levam acento circunflexo:
enxagues, enxague, enxaguem, etc.; delinquo,
delinquis, delinqui, delinquem; mas delinqui- a) As palavras proparoxítonas que apresen-
mos, delinquís) ou têm as formas rizotónicas/ tam na sílaba tónica/tônica vogal fechada ou
rizotônicas acentuadas fónica/fônica e grafi- ditongo com a vogal básica fechada: anacreôn-
camente nas vogais a ou i radicais (a exemplo tico, brêtema, cânfora, cômputo, devêramos (de
de averíguo, averíguas, averígua, averíguam; dever), dinâmico, êmbolo, excêntrico, fôssemos
averígue, averígues, averígue, averíguem; enxá- (de ser e ir), Grândola, hermenêutica, lâmpa-
guo, enxáguas, enxágua, enxáguam8; enxágue, da, lôstrego, lôbrego, nêspera, plêiade, sôfrego,
enxágues, enxágue, enxáguem; delínquo, delín- sonâmbulo, trôpego;
ques; delínque, delínquem; delínqua, delínquas,
delínqua, delínquam9). b) As chamadas proparoxítonas aparentes, isto
é, que apresentam vogais fechadas na sílaba
Obs.: Em conexão com os casos acima referi- tónica/tônica, e terminam por seqüências vo-
dos, registre-se que os verbos em -ingir (atingir, cálicas pós-tónicas/pós-tônicas praticamente
cingir, constringir, infringir, tingir, etc.) e os consideradas como ditongos crescentes: amên-
verbos em -inguir sem prolação do u (distin- doa, argênteo, côdea, Islândia, Mântua, serôdio.
guir, extinguir, etc.) têm grafias absolutamente
regulares (atinjo, atinja, atinge, atingimos, etc; 3o) Levam acento agudo ou acento circunflexo
distingo, distinga, distingue, distinguimos, etc.) as palavras proparoxítonas, reais ou aparentes,
cujas vogais tónicas/tônicas grafadas e ou o estão
em final de sílaba e são seguidas das consoantes
BASE XI – Da acentuação gráfica das nasais grafadas m ou n, conforme o seu timbre
palavras proparoxítonas é, respectivamente, aberto ou fechado nas pro-
núncias cultas da língua: académico/acadêmico,
1o) Levam acento agudo: anatómico/anatômico, cénico/cênico, cómodo/
cômodo, fenómeno/fenômeno, género/gênero,
a) As palavras proparoxítonas que apresentam topónimo/topônimo; Amazónia/Amazônia,
na sílaba tónica/tônica as vogais abertas grafa- António/Antônio, blasfémia/blasfêmia, fémea/
das a, e, o e ainda i, u ou ditongo oral começado fêmea, gémeo/gêmeo, génio/gênio, ténue/tênue.
por vogal aberta: árabe, cáustico, Cleópatra,
esquálido, exército, hidráulico, líquido, míope,
músico, plástico, prosélito, público, rústico, té- BASE XII – Do emprego do acento grave Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
trico, último;
1o) Emprega-se o acento grave:
b) As chamadas proparoxítonas aparentes, isto
é, que apresentam na sílaba tónica/tônica as a) Na contração da preposição a com as formas
vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i, u ou femininas do artigo ou pronome demonstrativo
ditongo oral começado por vogal aberta, e que o: à (de a + a), às (de a + as);
terminam por seqüências vocálicas pós-tó-
nicas/pós-tônicas praticamente consideradas b) Na contração da preposição a com os de-
como ditongos crescentes (-ea, -eo, -ia, -ie, -io, monstrativos aquele, aquela, aqueles, aquelas e
aquilo ou ainda da mesma preposição com os
NE: no DOU, por lapso, consta “enxáguaim”.
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compostos aqueloutro e suas flexões: àquele(s),
NE: no DOU, por lapso, consta “delinquám”.
9
àquela(s), àquilo; àqueloutro(s), àqueloutra(s).
23
BASE XIII – Da supressão dos acentos em abaiucado, auiqui, caiuá, cauixi, piauiense;
palavras derivadas aguentar, anguiforme, arguir, bilíngue (ou bilin-
gue), lingueta, linguista, linguístico; cinquenta,
1o) Nos advérbios em -mente, derivados de adje- equestre, frequentar, tranquilo, ubiquidade.
tivos com acento agudo ou circunflexo, estes são
suprimidos: avidamente (de ávido), debilmente Obs.: Conserva-se, no entanto, o trema, de
(de débil), facilmente (de fácil), habilmente (de acordo com a Base I, 3o, em palavras derivadas
hábil), ingenuamente (de ingênuo), lucidamente de nomes próprios estrangeiros: hübneriano, de
(de lúcido), mamente (de má), somente (de Hübner, mülleriano, de Müller, etc.
só), unicamente (de único), etc.; candidamente
(de cândido), cortesmente (de cortês), dinami-
camente (de dinâmico), espontaneamente (de BASE XV – Do hífen em compostos,
espontâneo), portuguesmente (de português), locuções e encadeamentos vocabulares
romanticamente (de romântico).
1o) Emprega-se o hífen nas palavras compostas
2o) Nas palavras derivadas que contêm sufixos por justaposição que não contêm formas de
iniciados por z e cujas formas de base apresen- ligação e cujos elementos, de natureza nominal,
tam vogal10 tónica/tônica com acento agudo ou adjetival, numeral ou verbal, constituem uma
circunflexo, estes são suprimidos: aneizinhos unidade sintagmática e semântica e mantêm
(de anéis), avozinha (de avó), bebezito (de bebê), acento próprio, podendo dar-se o caso de o
cafezada (de café), chapeuzinho (de chapéu), primeiro elemento estar reduzido: ano-luz,
chazeiro (de chá), heroizito (de herói), ilheuzito arcebispo-bispo, arco-íris, decreto-lei, és-sueste,
(de ilhéu), mazinha (de má), orfãozinho (de médico-cirurgião, rainha-cláudia, tenente-
órfão), vintenzito (de vintém), etc.; avozinho (de -coronel, tio-avô, turma-piloto; alcaide-mor,
avô), bençãozinha (de bênção), lampadazita (de amor-perfeito, guarda-noturno, mato-grossense,
lâmpada), pessegozito (de pêssego). norte-americano, porto-alegrense, sul-africano;
afro-asiático, afro-luso-brasileiro, azul-escuro,
luso-brasileiro, primeiro-ministro, primeiro-
BASE XIV – Do trema -sargento, primo-infeção, segunda-feira; conta-
-gotas, finca-pé, guarda-chuva.
O trema, sinal de diérese, é inteiramente su-
primido em palavras portuguesas ou aportu- Obs.: Certos compostos, em relação aos quais
guesadas. Nem sequer se emprega na poesia, se perdeu, em certa medida, a noção de com-
mesmo que haja separação de duas vogais que posição, grafam-se aglutinadamente: girassol,
normalmente formam ditongo: saudade, e não madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas,
saüdade, ainda que tetrassílabo; saudar, e não paraquedista, etc.
saüdar, ainda que trissílabo; etc.
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
6o) Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas BASE XVI – Do hífen nas formações por
substantivas, adjetivas, pronominais, adver- prefixação, recomposição e sufixação
biais, prepositivas ou conjuncionais, não se
1o) Nas formações com prefixos (como, por
NE: no texto oficial, consta “benção-de-deus”.
11
exemplo: ante-, anti-, circum-, co-, contra-,
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entre-, extra-, hiper-, infra-, intra-, pós-, pré-, e) Nas formações com os prefixos ex- (com
pró-, sobre-, sub-, super-, supra-, ultra-, etc.) e o sentido de estado anterior ou cessamento),
em formações por recomposição, isto é, com sota-, soto-, vice- e vizo-: ex-almirante, ex-
elementos não autônomos ou falsos prefixos, -diretor, ex-hospedeira, ex-presidente, ex-pri-
de origem grega e latina (tais como: aero-, meiro-ministro, ex-rei; sota-piloto, soto-mestre,
agro-, arqui-, auto-, bio-, eletro-, geo-, hidro-, vice-presidente, vice-reitor, vizo-rei.
inter-, macro-, maxi-, micro-, mini-, multi-,
neo-, pan-, pluri-, proto-, pseudo-, retro-, f) Nas formações com os prefixos tónicos/
semi-, tele-, etc.), só se emprega o hífen nos tônicos acentuados graficamente pós-, pré- e
seguintes casos: pró- quando o segundo elemento tem vida à
parte (ao contrário do que acontece com as
a) Nas formações em que o segundo elemento correspondentes formas átonas que se agluti-
começa por h: anti-higiénico/anti-higiênico, cir- nam com o elemento seguinte): pós-graduação,
cum-hospitalar, co-herdeiro, contra-harmónico/ pós-tónico/pós-tônicos (mas pospor); pré-escolar,
contra-harmônico, extra-humano, pré-história, pré-natal (mas prever); pró-africano, pró-euro-
sub-hepático, super-homem, ultra-hiperbólico; peu (mas promover).
arqui-hipérbole, eletro-higrómetro, geo-história,
neo-helénico/neo-helênico, pan-helenismo, semi- 2o) Não se emprega, pois, o hífen:
-hospitalar.
a) Nas formações em que o prefixo ou
Obs.: Não se usa, no entanto, o hífen em for- falso prefixo termina em vogal e o segun-
mações que contêm em geral os prefixos des- e do elemento começa por r ou s, devendo
in- e nas quais o segundo elemento perdeu estas consoantes duplicar-se, prática aliás
o h inicial: desumano, desumidificar, inábil, já generalizada em palavras deste tipo per-
inumano, etc. tencentes aos domínios científico e técnico.
Assim: antirreligioso, antissemita, contrar-
b) Nas formações em que o prefixo ou pseu- regra, comtrassenha, cosseno, extrarregular,
doprefixo termina na mesma vogal com que infrassom, minissaia, tal como biorritmo,
se inicia o segundo elemento: anti-ibérico, biossatélite, eletrossiderurgia, microssistema,
contra-almirante, infra-axilar, supra-auricular; microrradiografia.
arqui-irmandade, auto-observação, eletro-ótica,
micro-onda, semi-interno. b) Nas formações em que o prefixo ou pseu-
doprefixo termina em vogal e o segundo ele-
Obs.: Nas formações com o prefixo co-, este mento começa por vogal diferente, prática esta
aglutina-se em geral com o segundo elemento em geral já adotada também para os termos
mesmo quando iniciado por o: coobrigação, coo- técnicos e científicos. Assim: antiaéreo, coedu-
cupante, coordenar, cooperação, cooperar, etc. cação, extraescolar; aeroespacial, autoestrada,
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
As cisões indicadas são análogas às dissoluções Em paralelo com a grafia Sant’Ana e congêneres,
gráficas que se fazem, embora sem emprego emprega-se também o apóstrofo nas ligações
do apóstrofo, em combinações da preposição de duas formas antroponímicas, quando é ne-
a com palavras pertencentes a conjuntos voca- cessário indicar que na primeira se elide um o
bulares imediatos: a A Relíquia, a Os Lusíadas final: Nun’Álvares, Pedr’Eanes.
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Note-se que nos casos referidos as escritas com de alguma, de alguns, de algumas, de alguém, de
apóstrofo, indicativas de elisão, não impedem, algo, de algures, de alhures, ou dalgum, dalguma,
de modo algum, as escritas sem apóstrofo: dalguns, dalgumas, dalguém, dalgo, dalgures,
Santa Ana, Nuno Álvares, Pedro Álvares, etc. dalhures; de outro, de outra, de outros, de outras,
de outrem, de outrora, ou doutro, doutra, dou-
d) Emprega-se o apóstrofo para assinalar, no tros, doutras, doutrem, doutrora; de aquém ou
interior de certos compostos, a elisão do e da daquém; de além ou dalém; de entre ou dentre.
preposição de, em combinação com substan-
tivos: borda-d’água, cobra-d’água, copo-d’água, De acordo com os exemplos deste último tipo,
estrela-d’alva, galinha-d’água, mãe-d’água, pau- tanto se admite o uso da locução adverbial de
-d’água, pau-d’alho, pau-d’arco, pau-d’óleo. ora avante como do advérbio que representa a
contração dos seus três elementos: doravante.
2o) São os seguintes os casos em que não se usa
o apóstrofo: Obs.: Quando a preposição de se combina com
as formas articulares ou pronominais o, a, os,
Não é admissível o uso do apóstrofo nas combi- as, ou com quaisquer pronomes ou advérbios
nações das preposições de e em com as formas começados por vogal, mas acontece estarem
do artigo definido, com formas pronominais essas palavras integradas em construções de
diversas e com formas adverbiais (excetuado infinitivo, não se emprega o apóstrofo, nem
o que se estabelece nas alíneas 1o) a) e 1o) b)). se funde a preposição com a forma imediata,
Tais combinações são representadas: escrevendo-se estas duas separadamente: a fim
de ele compreender; apesar de o não ter visto; em
a) Por uma só forma vocabular, se constituem, virtude de os nossos pais serem bondosos; o fato
de modo fixo, uniões perfeitas: de o conhecer; por causa de aqui estares.
quelas, naquilo; nestoutro, nestoutra, nestoutros, ro elemento, que é com maiúscula, os demais
nestoutras; nessoutro, nessoutra, nessoutros, nes- vocábulos, podem ser escritos com minúscula,
soutras; naqueloutro, naqueloutra, naqueloutros, salvo nos nomes próprios nele contidos, tudo
naqueloutras; num, numa, nuns, numas; noutro, em grifo): O Senhor do Paço de Ninães, O se-
noutra, noutros, noutras, noutrem; nalgum, nhor do paço de Ninães, Menino de Engenho
nalguma, nalguns, nalgumas, nalguém. ou Menino de engenho, Árvore e Tambor ou
Árvore e tambor.
b) Por uma ou duas formas vocabulares, se
não constituem, de modo fixo, uniões perfeitas d) Nos usos de fulano, sicrano, beltrano.
(apesar de serem correntes com esta feição em
algumas pronúncias): de um, de uma, de uns, de e) Nos pontos cardeais (mas não nas suas abre-
umas, ou dum, duma, duns, dumas; de algum, viaturas); norte, sul (mas: SW sudoeste).
28
f) Nos axiónimos/axiônimos e hagiónimos/ i) Opcionalmente, em palavras usadas reveren-
hagiônimos (opcionalmente, neste caso, tam- cialmente, aulicamente ou hierarquicamente,
bém com maiúscula): senhor doutor Joaquim da em início de versos, em categorizações de
Silva, bacharel Mário Abrantes, o cardeal Bembo; logradouros públicos: (rua ou Rua da Liber-
santa Filomena (ou Santa Filomena). dade, largo ou Largo dos Leões), de templos
(igreja ou Igreja do Bonfim, templo ou Templo
g) Nos nomes que designam domínios do do Apostolado Positivista), de edifícios (palá-
saber, cursos e disciplinas (opcionalmente, cio ou Palácio da Cultura, edifício ou Edifício
também com maiúscula): português (ou Por- Azevedo Cunha).
tuguês), matemática (ou Matemática); línguas
e literaturas modernas (ou Línguas e Literaturas Obs.: As disposições sobre os usos das minús-
Modernas). culas e maiúsculas não obstam a que obras
especializadas observem regras próprias, pro-
2o) A letra maiúscula inicial é usada: vindas de códigos ou normalizações específicas
(terminologias antropológica, geológica, biblio-
a) Nos antropónimos/antropônimos, reais ou lógica, botânica, zoológica, etc.), promanadas
fictícios: Pedro Marques; Branca de Neve, D. de entidades científicas ou normalizadoras,
Quixote. reconhecidas internacionalmente.
30
grande reforma ortográfica, mas que não foi inviabilizado pela reação polêmica contra ele
extensiva ao Brasil. movida sobretudo em Portugal.
31
Assim se procurava, pois, resolver a divergência de 1986, mas que em termos de conteúdo adota
de acentuação gráfica de palavras como António uma posição mais conforme com o projeto de
e Antônio, cómodo e cômodo, género e gênero, 1975, atrás referido.
oxigénio e oxigênio, etc., em favor da generaliza-
ção da acentuação com o diacrítico agudo. Esta Em relação às alterações de conteúdo, elas afe-
solução estipulava, contra toda a tradição orto- tam sobretudo o caso das consoantes mudas ou
gráfica portuguesa, que o acento agudo, nestes não articuladas, o sistema de acentuação gráfi-
casos, apenas assinalava a tonicidade da vogal e ca, especialmente das esdrúxulas, e a hifenação.
não o seu timbre, visando assim resolver as di-
ferenças de pronúncia daquelas mesmas vogais. Pode dizer-se ainda que, no que respeita às
alterações de conteúdo, de entre os princípios
A inviabilização prática de tais soluções leva- em que assenta a ortografia portuguesa, se
-nos à conclusão de que não é possível unificar privilegiou o critério fonético (ou da pronún-
por via administrativa divergências que assen- cia) com um certo detrimento para o critério
tam em claras diferenças de pronúncia, um etimológico.
dos critérios, aliás, em que se baseia o sistema
ortográfico da língua portuguesa. É o critério da pronúncia que determina, aliás,
a supressão gráfica das consoantes mudas ou
Nestas condições, há que procurar uma versão não articuladas, que se têm conservado na
de unificação ortográfica que acautele mais o ortografia lusitana essencialmente por razões
futuro do que o passado e que não receie sa- de ordem etimológica.
crificar a simplificação também pretendida em
1986, em favor da máxima unidade possível. É também o critério da pronúncia que nos leva
Com a emergência de cinco novos países lusó- a manter um certo número de grafias duplas do
fonos, os fatores de desagregação da unidade tipo de caráter e carácter, facto e fato, sumptuoso
essencial da língua portuguesa far-se-ão sentir e suntuoso, etc.
com mais acuidade e também no domínio orto-
gráfico. Neste sentido importa, pois, consagrar É ainda o critério da pronúncia que conduz à
uma versão de unificação ortográfica que fixe manutenção da dupla acentuação gráfica do
e delimite as diferenças atualmente existentes tipo de económico e econômico, efémero e efême-
e previna contra a desagregação ortográfica da ro, género e gênero, génio e gênio, ou de bónus e
língua portuguesa. bônus, sémen e sêmen, ténis e tênis, ou ainda de
bebé e bebê, ou metro e metrô, etc.
Foi, pois, tendo presentes estes objetivos, que se
fixou o novo texto de unificação ortográfica, o Explicitam-se em seguida as principais altera-
qual representa uma versão menos forte do que ções introduzidas no novo texto de unificação
as que foram conseguidas em 1945 e 1986. Mas ortográfica, assim como a respectiva justifi-
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Neste caso, não existe qualquer problema O número de palavras abrangidas pela dupla
ortográfico, já que tais consoantes não podem grafia é de cerca de 0,5% do vocabulário ge-
deixar de grafar-se (v. Base IV, 1o a). ral da língua, o que é pouco significativo (ou
seja, pouco mais de 575 palavras em cerca de
Noutros casos, porém, dá-se a situação in- 110.000), embora nele se incluam também al-
versa da anterior, ou seja, tais consoantes não guns vocábulos de uso muito frequente.
são proferidas em nenhuma pronúncia culta
da língua, como acontece em acção, afectivo,
direcção; adopção, exacto, óptimo; etc. Neste 4.2 – Justificação da supressão de consoantes
caso existe um problema. É que na norma não articuladas (Base IV, 1o b)
gráfica brasileira há muito estas consoantes
foram abolidas, ao contrário do que sucede na As razões que levaram à supressão das conso-
norma gráfica lusitana, em que tais consoantes antes mudas ou não articuladas em palavras
se conservam. A solução que agora se adota como ação (acção), ativo (activo), diretor (di-
(v. Base IV, 1o b) é a de as suprimir, por uma rector), ótimo (óptimo) foram essencialmente
questão de coerência e de uniformização de as seguintes:
critérios (vejam-se as razões de tal supressão
adiante, em 4.2.). a) O argumento de que a manutenção de tais
consoantes se justifica por motivos de ordem
As palavras afectadas por tal supressão re- etimológica, permitindo assinalar melhor a
presentam 0,54% do vocabulário geral da similaridade com as palavras congêneres das
língua, o que é pouco significativo em termos outras línguas românicas, não tem consistência.
quantitativos (pouco mais de 600 palavras em Por outro lado, várias consoantes etimológicas
cerca de 110.000). Este número é, no entanto, se foram perdendo na evolução das palavras ao
qualitativamente importante, já que compre- longo da história da língua portuguesa. Vários
ende vocábulos de uso muito frequente (como, são, por outro lado, os exemplos de palavras Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
por ex., acção, actor, actual, colecção, colectivo, deste tipo, pertencentes a diferentes línguas ro-
correcção, direcção, director, electricidade, factor, mânicas, que, embora provenientes do mesmo
factura, inspector, lectivo, óptimo, etc.). étimo latino, revelam incongruências quanto à
conservação ou não das referidas consoantes.
O terceiro caso que se verifica relativamente
às consoantes c e p diz respeito à oscilação de É o caso, por exemplo, da palavra objecto,
pronúncia, a qual ocorre umas vezes no inte- proveniente do latim objectu-, que até agora
rior da mesma norma culta (cf. por ex., cacto conservava o c, ao contrário do que sucede em
ou cato, dicção ou dição, sector ou setor, etc.), francês (cf. objet), ou em espanhol (cf. objeto).
outras vezes entre normas cultas distintas (cf., Do mesmo modo projecto (de projectu-) manti-
por ex., facto, receção em Portugal, mas fato, nha até agora a grafia com c, tal como acontece
recepção no Brasil). em espanhol (cf. proyecto), mas não em francês
33
(cf. projet). Nestes casos o italiano dobra a con- Só à custa de um enorme esforço de memoriza-
soante, por assimilação (cf. oggetto e progetto). ção que poderá ser vantajosamente canalizado
A palavra vitória há muito se grafa sem c, apesar para outras áreas da aprendizagem da língua.
do espanhol victoria, do francês victoire ou do
italiano vittoria. Muitos outros exemplos se d) A divergência de grafias existente neste
poderiam citar. Aliás, não tem qualquer con- domínio entre a norma lusitana, que teimosa-
sistência a ideia de que a similaridade do por- mente conserva consoantes que não se articu-
tuguês com as outras línguas românicas passa lam em todo o domínio geográfico da língua
pela manutenção de consoantes etimológicas do portuguesa, e a norma brasileira, que há muito
tipo mencionado. Confrontem-se, por exemplo, suprimiu tais consoantes, é incompreensível
formas como as seguintes: port. acidente (do para os lusitanistas estrangeiros, nomeadamen-
lat. accidente-), esp. accidente, fr. accident, it. te para professores e estudantes de português,
accidente; port. dicionário (do lat. dictionariu-), já que lhes cria dificuldades suplementares,
esp. diccionario, fr. dictionnaire, it. dizionario; nomeadamente na consulta dos dicionários,
port. ditar (do lat. dictare), esp. dictar, fr. dicter, uma vez que as palavras em causa vêm em lu-
it. dettare; port. estrutura (de structura-), esp. gares diferentes da ordem alfabética, conforme
estructura, fr. structure, it. struttura; etc. apresentam ou não a consoante muda.
Em conclusão, as divergências entre as línguas e) Uma outra razão, esta de natureza psicoló-
românicas, neste domínio, são evidentes, o que gica, embora nem por isso menos importante,
não impede, aliás, o imediato reconhecimento consiste na convicção de que não haverá uni-
da similaridade entre tais formas. Tais diver- ficação ortográfica da língua portuguesa se tal
gências levantam dificuldades à memorização disparidade não for revolvida.
da norma gráfica, na aprendizagem destas lín-
guas, mas não é com certeza a manutenção de f) Tal disparidade ortográfica só se pode resol-
consoantes não articuladas em português que ver suprimindo da escrita as consoantes não ar-
vai facilitar aquela tarefa. ticuladas, por uma questão de coerência, já que
a pronúncia as ignora, e não tentando impor a
b) A justificação de que as ditas consoantes sua grafia àqueles que há muito as não escre-
mudas travam o fechamento da vogal prece- vem, justamente por elas não se pronunciarem.
dente também é de fraco valor, já que, por um
lado, se mantêm na língua palavras com vogal
pré-tónica aberta, sem a presença de qualquer 4.3 – Incongruências aparentes
sinal diacrítico, como em corar, padeiro, obla-
ção, pregar (= fazer uma prédica), etc., e, por A aplicação do princípio, baseado no critério
outro, a conservação de tais consoantes não da pronúncia, de que as consoantes c e p em
impede a tendência para o ensurdecimento da certas sequências consonânticas se suprimem,
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
vogal anterior em casos como accionar, actual, quando não articuladas, conduz a algumas
actualidade, exactidão, tactear, etc. incongruências aparentes, conforme sucede
em palavras como apocalítico ou Egito (sem p,
c) É indiscutível que a supressão deste tipo de já que este não se pronuncia), a par de apoca-
consoantes vem facilitar a aprendizagem da lipse ou egípcio (visto que aqui o p se articula),
grafia das palavras em que elas ocorriam. noturno (sem c, por este ser mudo), ao lado de
noctívago (com c por este se pronunciar), etc.
De fato, como é que uma criança de 6-7 anos
pode compreender que em palavras como Tal incongruência é apenas aparente. De fato,
concepção, excepção, recepção, a consoante não baseando-se a conservação ou supressão daque-
articulada é um p, ao passo que em vocábulos las consoantes no critério da pronúncia, o que
como correcção, direcção, objecção, tal conso- não faria sentido era mantê-las, em certos casos,
34 ante é um c? por razões de parentesco lexical. Se se abrisse tal
exceção, o utente, ao ter que escrever determi- ciente e onisciente, aritmética e arimética, muito
nada palavra, teria que recordar previamente, menos relevantes em termos quantitativos do
para não cometer erros, se não haveria outros que os anteriores, se verificam sobretudo no
vocábulos da mesma família que se escrevessem Brasil.
com este tipo de consoante.
Trata-se, afinal, de formas divergentes, isto é, do
Aliás, divergências ortográficas do mesmo tipo mesmo étimo. As palavras sem consoante, mais
das que agora se propõem foram já aceites nas antigas e introduzidas na língua por via popular,
Bases de 1945 (v. Base VI, último parágrafo), foram já usadas em Portugal e encontram-se
que consagraram grafias como assunção ao lado nomeadamente em escritores dos séculos XVI
de assumptivo, cativo, a par de captor e captu- e XVII.
ra, dicionário, mas dicção, etc. A razão então
aduzida foi a de que tais palavras entraram e Os dicionários da língua portuguesa, que pas-
se fixaram na língua em condições diferentes. sarão a registrar as duas formas, em todos os
A justificação da grafia com base na pronúncia casos de dupla grafia, esclarecerão, tanto quanto
é tão nobre como aquela razão. possível, sobre o alcance geográfico e social
desta oscilação de pronúncia.
Esta solução, já preconizada no I Simpósio Costuma, por vezes, referir-se que o a tônico
Luso-Brasileiro sobre a Língua Portuguesa das proparoxítonas, quando seguido de m ou n
Contemporânea, realizada em 1967 em Coim- com que não forma sílaba, também está sujeito
bra, tinha sobretudo a justificá-la o fato de a à referida divergência de acentuação gráfica.
língua oral preceder a língua escrita, o que leva Mas tal não acontece, porém, já que o seu
muitos utentes a não empregarem na prática os timbre soa praticamente sempre fechado nas
acentos gráficos, visto que não os consideram pronúncias cultas da língua, recebendo, por
indispensáveis à leitura e compreensão dos isso, acento circunflexo: âmago, ânimo, botâni-
textos escritos. co, câmara, dinâmico, gerânio, pânico, pirâmide.
A abolição dos acentos gráficos nas palavras pro- As únicas exceções a este princípio são os no-
paroxítonas e paroxítonas, preconizada no Acor- mes próprios de origem grega Dánae/ Dânae
do de 1986, foi, porém, contestada por uma larga e Dánao/ Dânao.
parte da opinião pública portuguesa, sobretudo
por tal medida ir contra a tradição ortográfica e Note-se que se as vogais e e o, assim como
não tanto por estar contra a prática ortográfica. a, formam sílaba com as consoantes m ou n,
o seu timbre é sempre fechado em qualquer
A questão da acentuação gráfica tinha, pois, de pronúncia culta da língua, recebendo, por isso,
ser repensada. acento circunflexo: êmbolo, amêndoa, argênteo,
excêntrico, têmpera; anacreôntico, cômputo, re-
Neste sentido, desenvolveram-se alguns estudos côndito, cânfora, Grândola, Islândia, lâmpada,
e fizeram-se vários levantamentos estatísticos sonâmbulo, etc.
com o objetivo de se delimitarem melhor e
quantificarem com precisão as divergências
existentes nesta matéria. 5.2.2 – Nas paroxítonas (Base IX)
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Tendo em conta o levantamento estatístico que e) Alargamento, com a abolição dos acentos
se fez na Academia das Ciências de Lisboa, com gráficos, dos casos de homografia, do tipo de
base no já referido corpus de cerca de 110.000 análise(s.)/ analise(v.), fábrica(s.)/ fabrica(v.),
palavras do vocabulário geral da língua, verifi- secretária(s.)/ secretaria(s. ou v.), vária(s.)/
cou-se que os citados casos de dupla acentuação varia(v.), etc., casos que apesar de dirimíveis
gráfica abrangiam aproximadamente 1,27% pelo contexto sintático, levantariam por vezes
(cerca de 1.400 palavras). Considerando que algumas dúvidas e constituiriam sempre proble- Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
tais casos se encontram perfeitamente delimita- ma para o tratamento informatizado do léxico.
dos, como se referiu atrás, sendo assim possível
enunciar a regra de aplicação, optou-se por f) Dificuldade em determinar as regras de colo-
fixar a dupla acentuação gráfica como a solução cação do acento tônico em função da estrutura
menos onerosa para a unificação ortográfica da mórfica da palavra. Assim, as proparoxítonas,
língua portuguesa. segundo os resultados estatísticos obtidos da
análise de um corpus de 25.000 palavras, cons-
tituem 12%. Destes, 12%, cerca de 30% são
5.3 – Razões da manutenção dos acentos falsas esdrúxulas (cf. génio, água, etc.). Dos 70%
gráficos nas proparoxítonas e paroxítonas restantes, que são as verdadeiras proparoxítonas
(cf. cômodo, gênero, etc.), aproximadamente 29%
Resolvida a questão dos casos de dupla acentu- são palavras que terminam em -ico /-ica (cf. árti-
ação gráfica, como se disse atrás, já não tinha co, econômico, módico, prático, etc.). Os restantes 37
41% de verdadeiras esdrúxulas distribuem-se escrever-se sem acento, tal como aldeia, baleia,
por cerca de duzentas terminações diferentes, cheia, etc.
em geral de caráter erudito (cf. espírito, ínclito,
púlpito; filólogo; filósofo; esófago; epíteto; pássaro; Do mesmo modo, palavras como comboio,
pêsames; facílimo; lindíssimo; parêntesis; etc.). dezoito, estroina, etc., em que o timbre do di-
tongo oscila entre a abertura e o fechamento,
oscilação que se traduz na facultatividade do
5.4 – Supressão de acentos gráficos em certas emprego do acento agudo no Brasil, passarão
palavras oxítonas e paroxítonas (Bases VIII, a grafar-se sem acento.
IX e X)
A generalização da supressão do acento nestes
casos justifica-se não apenas por permitir eli-
5.4.1 – Em casos de homografia (Bases VIII, minar uma diferença entre a prática ortográfica
3o, e IX, 9o e 10o) brasileira e a lusitana, mas ainda pelas seguintes
razões:
O novo texto ortográfico estabelece que deixem
de se acentuar graficamente palavras do tipo a) Tal supressão é coerente com a já consagrada
de para (á), flexão de parar, pelo (ê), substan- eliminação do acento em casos de homografia
tivo, pelo (é), flexão de pelar, etc., as quais são heterofônica (v. Base IX, 10o, e, neste texto atrás,
homógrafas, respectivamente, das proclíticas 5.4.1.), como sucede, por exemplo, em acerto,
para, preposição, pelo, contração de per e lo, etc. substantivo, e acerto, flexão de acertar, acordo,
substantivo, e acordo, flexão de acordar, fora,
As razões por que se suprime, nestes casos, o flexão de ser e ir, e fora, advérbio, etc.
acento gráfico são as seguintes:
b) No sistema ortográfico português não se
a) Em primeiro lugar, por coerência com a abo- assinala, em geral, o timbre das vogais tônicas
lição do acento gráfico já consagrada pelo Acor- a, e e o das palavras paroxítonas, já que a língua
do de 1945, em Portugal, e pela Lei no 5.765, de portuguesa se caracteriza pela sua tendência
18/12/1971, no Brasil, em casos semelhantes, para a paroxitonia. O sistema ortográfico não
como, por exemplo: acerto (ê), substantivo, e admite, pois, a distinção entre, por exemplo
acerto (é), flexão de acertar; acordo (ô), subs- cada (â) e fada (á), para (â) e tara (á); espelho
tantivo, e acordo (ó), flexão de acordar; cor (ô), (ê) e velho (é), janela (é) e janelo (ê), escrevera
substantivo, e cor (ó), elemento da locução de (ê), flexão de escrever, e Primavera (é); moda
cor; sede (ê) e sede (é), ambos substantivos; etc. (ó) e toda (ô), virtuosa (ó) e virtuoso (ô); etc.
b) Em segundo lugar, porque, tratando-se de Então, se não se torna necessário, nestes casos,
pares cujos elementos pertencem a classes distinguir pelo acento gráfico o timbre da vogal
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
gramaticais diferentes, o contexto sintático tónica, por que se há-de usar o diacrítico para
permite distinguir claramente tais homógrafas. assinalar a abertura dos ditongos ei e oi nas
paroxítonas, tendo em conta que o seu timbre
nem sempre é uniforme e a presença do acento
5.4.2 – Em paroxítonas com os ditongos ei e constituiria um elemento perturbador da uni-
oi na sílaba tônica (Base IX, 3o) ficação ortográfica?
O uso do acento circunflexo não tem aqui Eis alguns exemplos de tais oscilações: ante-
qualquer razão de ser, já que ele ocorre em pa- -rosto e anterrosto, co-educação e coeducação,
lavras paroxítonas cuja vogal tônica apresenta a pré-frontal e prefrontal, sobre-saia e sobressaia,
mesma pronúncia em todo o domínio da língua sobre-saltar e sobressaltar, aero-espacial e aeroes-
portuguesa. Além de não ter, pois, qualquer van- pacial, auto-aprendizagem e autoaprendizagem,
tagem nem justificação, constitui um fator que agro-industrial e agroindustrial, agro-pecuária
perturba a unificação do sistema ortográfico. e agropecuária, alvéolo-dental e alveolodental,
bolbo-raquidiano e bolborraquidiano, geo-his-
tória e geoistória, micro-onda e microonda; etc.
5.4.4 – Em formas verbais com u e ui tônicos,
precedidos de g e q (Base X, 7o) Estas oscilações são, sem dúvida, devidas a
uma certa ambiguidade e falta de sistemati-
Não há justificação para se acentuarem grafi- zação das regras que sobre esta matéria foram
camente palavras como apazigue, arguem, etc., consagradas no texto de 1945. Tornava-se, pois,
já que estas formas verbais são paroxítonas e a necessário reformular tais regras de modo mais
vogal u é sempre articulada, qualquer que seja claro, sistemático e simples. Foi o que se tentou
a flexão do verbo respectivo. fazer em 1986.
No caso de formas verbais como argui, delin- A simplificação e redução operadas nessa
quis, etc., também não há justificação para o altura, nem sempre bem compreendidas,
acento, pois se trata de oxítonas terminadas provocaram igualmente polêmica na opinião
no ditongo tónico ui, que como tal nunca é pública portuguesa, não tanto por uma ou outra
acentuado graficamente. incongruência resultante da aplicação das novas
regras, mas sobretudo por alterarem bastante a
Tais formas só serão acentuadas se a seqüência prática ortográfica neste domínio.
ui não formar ditongo e a vogal tônica for i,
como, por exemplo, arguí (1a pessoa do singular A posição que agora se adota, muito embora
do pretérito perfeito do indicativo). tenha tido em conta as críticas fundamentadas
ao texto de 1986, resulta, sobretudo, do estudo
do uso do hífen nos dicionários portugueses e
6 – Emprego do hífen (Bases XV a XVIII) brasileiros, assim como em jornais e revistas. Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
No que respeita ao emprego do hífen, não há Sintetizando, pode dizer-se que, quanto ao
propriamente divergências assumidas entre a emprego do hífen nos compostos, locuções e
norma ortográfica lusitana e a brasileira. Ao encadeamentos vocabulares, se mantém o que
compulsarmos, porém, os dicionários portu- foi estatuído em 1945, apenas se reformulando
gueses e brasileiros e ao lermos, por exemplo, as regras de modo mais claro, sucinto e simples.
jornais e revistas, deparam-se-nos muitas
oscilações e um largo número de formações De fato, neste domínio não se verificam prati-
vocabulares com grafia dupla, ou seja, com camente divergências nem nos dicionários nem
hífen e sem hífen, o que aumenta desmesura- na imprensa escrita. 39
6.3 – O hífen nas formas derivadas (Base XVI) elemento de ligação ao infinitivo com que se
forma a perífrase verbal (cf. hei de ler, etc.),
Quanto ao emprego do hífen nas formações na qual de é mais proclítica do que apoclítica.
por prefixação e também por recomposição,
isto é, nas formações com pseudoprefixos de
origem grega ou latina, apresenta-se alguma 7 – Outras alterações de conteúdo
inovação. Assim, algumas regras são formula-
das em termos contextuais, como sucede nos
seguintes casos: 7.1 – Inserção do alfabeto (Base I)
a) Emprega-se o hífen quando o segundo Uma inovação que o novo texto de unificação
elemento da formação começa por h ou pela ortográfica apresenta, logo na Base I, é a inclu-
mesma vogal ou consoante com que termina o são do alfabeto, acompanhado das designações
prefixo ou pseudoprefixo (por ex. anti-higiênico, que usualmente são dadas às diferentes letras.
contra-almirante, hiper-resistente). No alfabeto português passam a incluir-se tam-
bém as letras k, w e y, pelas seguintes razões:
b) Emprega-se o hífen quando o prefixo ou falso
prefixo termina em m e o segundo elemento a) Os dicionários da língua já registram estas
começa por vogal, m ou n (por ex. circum- letras, pois existe um razoável número de pa-
-murado, pan-africano). lavras do léxico português iniciado por elas.
a) Nos casos em que o prefixo ou o pseudopre- Apesar da inclusão no alfabeto das letras k, w e
fixo termina em vogal e o segundo elemento y, mantiveram-se, no entanto, as regras já fixa-
começa por r ou s, estas consoantes dobram-se, das anteriormente, quanto ao seu uso restritivo,
como já acontece com os termos técnicos e cien- pois existem outros grafemas com o mesmo
tíficos (por ex. antirreligioso, microssistema). valor fônico daquelas. Se, de fato, se abolisse o
uso restritivo daquelas letras, introduzir-se-ia
b) Nos casos em que o prefixo ou pseudopre- no sistema ortográfico do português mais um
fixo termina em vogal e o segundo elemento fator de perturbação, ou seja, a possibilidade de
começa por vogal diferente daquela, as duas representar, indiscriminadamente, por aquelas
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
formas aglutinam-se, sem hífen, como já sucede letras fonemas que já são transcritos por outras.
igualmente no vocabulário científico e técnico
(por ex. antiaéreo, aeroespacial).
7.2 – Abolição do trema (Base XIV)
6.4 – O hífen na ênclise e tmese (Base XVII) No Brasil, só com a Lei no 5.765, de 18/12/1971,
o emprego do trema foi largamente restringido,
Quanto ao emprego do hífen na ênclise e na ficando apenas reservado às sequências gu e qu
tmese mantêm-se as regras de 1945, exceto no seguidas de e ou i, nas quais u se pronuncia (cf.
caso das formas hei de, hás de, há de, etc., em aguentar, arguente, eloquente, equestre, etc.).
que passa a suprimir-se o hífen. Nestas formas
verbais o uso do hífen não tem justificação, já O novo texto ortográfico propõe a supressão
40 que a preposição de funciona ali como mero completa do trema, já acolhida, aliás, no Acordo
de 1986, embora não figurasse explicitamente a preocupação de reunir, numa mesma base,
nas respectivas bases. A única ressalva, neste matéria afim, dispersa por diferentes bases de
aspecto, diz respeito a palavras derivadas de textos anteriores, donde resultou a redução
nomes próprios estrangeiros com trema (cf. destas a vinte e uma.
mülleriano, de Müller, etc.).
Através de um título sucinto, que antecede cada
Generalizar a supressão do trema é eliminar base, dá-se conta do conteúdo nela consagrado.
mais um fator que perturba a unificação da Dentro de cada base adotou-se um sistema de nu-
ortografia portuguesa. meração (tradicional) que permite uma melhor
e mais clara arrumação da matéria aí contida.
41
Outros atos internacionais
Declaração Constitutiva da Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa
Desenvolver a cooperação económica e em- Promover e incentivar medidas que visem a me-
presarial entre si e valorizar as potencialidades lhoria efectiva das condições de vida da criança
existentes, através da definição e concretização e o seu desenvolvimento harmonioso, à luz
de projectos de interesse comum, explorando dos princípios consignados na Convenção das
nesse sentido as várias formas de cooperação, Nações Unidas sobre os Direitos da Criança;
bilateral, trilateral e multilateral;
Promover a implementação de projectos de
Dinamizar e aprofundar a cooperação no domí- cooperação específicos com vista a reforçar a
nio universitário, no da formação profissional e condição social da mulher, em reconhecimento
Outros atos internacionais
nos diversos sectores da investigação científica do seu papel imprescindível para o bem-estar e
e tecnológica, com vista a uma crescente valo- desenvolvimento das sociedades;
rização dos seus recursos humanos e naturais,
bem como promover e reforçar as políticas de Incentivar e promover o intercâmbio de jovens,
formação de quadros; com o objectivo de formação e troca de experi-
ências através da implementação de programas
Mobilizar interna e externamente esforços e específicos, particularmente no âmbito do
recursos em apoio solidário aos programas de ensino, da cultura e do desporto; 45
decidem, num acto de fidelidade à vocação e Feita em Lisboa, a 17 de Julho de 1996.
à vontade dos seus povos e no respeito pela
igualdade soberana dos Estados, constituir, a Disponível em: <http://www.fd.uc.pt/CI/CEE/OI/
partir de hoje, a Comunidade dos Países de CPLP/CPLP-D-Constitutiva_e_estatutos.htm>
Língua Portuguesa. Acesso em 2 dez 2013.
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
46
Estatutos da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa
A Comunidade dos Países de Língua Por- b) Não ingerência nos assuntos internos de
tuguesa, doravante designada por CPLP, é o cada Estado;
foro multilateral privilegiado para o aprofun-
damento da amizade mútua, da concertação c) Respeito pela sua identidade nacional;
político-diplomática e da cooperação entre os
seus membros. d) Reciprocidade de tratamento;
g) Promoção do desenvolvimento;
ARTIGO 3o – Objectivos
h) Promoção da cooperação mutuamente
São objectivos gerais da CPLP: vantajosa.
ARTIGO 11o – Secretariado Executivo f) Exercer quaisquer outras funções que lhe
forem incumbidas pela Conferência, pelo
1 – O Secretariado Executivo é o principal Conselho de Ministros ou pelo Comité de
órgão executivo da CPLP e tem as seguintes Concertação Permanente.
competências:
b) Planificar e assegurar a execução dos pro- podendo ser renovado uma vez.
gramas da CPLP;
2 – O secretário executivo-adjunto será de
c) Participar na organização das reuniões dos nacionalidade diferente da do secretário exe-
vários órgãos da CPLP; cutivo.
Considerando que até à presente data o Acordo “Art. 2 – Os Estados signatários tomarão,
Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado através das instituições e órgãos competen-
em Lisboa, em dezembro de 1990, ainda não tes, as providências necessárias com vista à
foi ratificado por todas as partes contratantes; elaboração de um vocabulário ortográfico
comum da língua portuguesa, tão completo
Que o referido texto original do Acordo esta- quanto desejável e tão normalizador quanto
belecia, em seu artigo 3o, que o referido Acordo possível, no que se refere às terminologias
entraria em vigor no dia 1 de janeiro de 1994, científicas e técnicas.
após o depósito dos instrumentos de ratifica- Art. 3 – O Acordo Ortográfico da Língua
ção de todos os Estados junto ao Governo da Portuguesa entrará em vigor após deposita-
República Portuguesa; dos os instrumentos de ratificação de todos
os Estados junto do Governo da República
Que o artigo 2 do Acordo, por sua vez, previa Portuguesa”.
a elaboração, até 1 de janeiro de 1993, de um
vocabulário ortográfico comum da língua por- Feito na Praia, em 17 de julho de 1998.
tuguesa, referente às terminologias científicas
e técnicas; Aprovado pelo Decreto Legislativo no 120, de 12 de
junho de 2002, publicado no DOU de 13/6/2002;
Que o vocabulário ortográfico comum da e promulgado pelo Decreto no 6.584, de 29 de
língua portuguesa deverá ainda ser concluído; setembro de 2008, publicado no DOU de 30/9/2008.
51
Acordo do Segundo Protocolo
Modificativo ao Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa
Recordando que, em 2002, por ocasião da IV 3. Estabelecer que o presente Protocolo Modifi-
Conferência de Chefes de Estado e de Gover- cativo entrará em vigor no primeiro dia do mês
no, a República Democrática de Timor-Leste seguinte à data em que três Estados membros da
aderiu à CPLP, tornando-se o oitavo membro CPLP tenham depositado, junto da República
da Comunidade; Portuguesa, os respectivos instrumentos de
52
ratificação ou documentos equivalentes que os Promulgado pelo Decreto n o 6.585, de 29 de
vinculem ao Protocolo. setembro de 2008, publicado no DOU de 30/9/2008.
53
Declaração sobre a Língua Portuguesa
Assumindo o papel das línguas na criação de valor cultural e económico do Português, designa-
mercados e oportunidades de negócio, e na damente através de projectos comuns suportados
integração económica e social; pelas tecnologias de informação e comunicação;
55
Acordos ortográficos anteriores
Acordo Ortográfico entre a Academia
das Ciências de Lisboa e a Academia
Brasileira de Letras [de 1931]
Nota: Os nomes proprios, portugueses ou apor- 1o – No infinitivo, seguido dos pronomes lo, la,
tuguesados, quer pessoais, quer locais, serão los, las, êstes se transportarão para depois do
escritos com z final, quando terminados em hifen, acentuando-se a vogal tonica do verbo,
silaba longa, e com s, quando em sílaba breve: de acordo com a pronúncia: amá-lo, dizê-lo.
Tomaz, Garcez, Queiroz, Andaluz; Alvares,
Pires, Nunes, Dias, Vasques, Peres. 2o – Escrever-se-ão com hifen os vocábulos
compostos, cujos elementos conservam a sua
OBS. – Os nomes Jesus e Paris conservarão o s, independência vernácula: para-raios, guarda-
visto a dificuldade de qualquer alteração. -pó, contra-almirante.
1o – Com i as palavras que alguns escrevem com Conservar nos nomes proprios estrangeiros as
e e outros com i: igual, idade, igreja. formas correspondentes vernáculas que forem
de uso: Antuérpia, Berna, Cherburgo, Colônia,
2o – Com s as palavras que alguns escrevem com Escandinávia, Escalda, Londres, Marselha;
s e outros com c: cansar, pretensão, dansa, ânsia.
OBS.: – Sempre que existam formas vernáculas
3o – Com ã, a sílaba: longa, irmã, manhã, maçã. para os nomes proprios, quer personativos,
quer locativos, devem elas ser preferidas.
4o – Com ão os substantivos e adjetivos que
alguns escrevem com ão e outros com am: ACENTUAÇÃO:
acórdão, bênção.
Acordos ortográficos anteriores
Assim, escrever-se-á: sábado, acusar, adido, a) quando figurar no meio das palavras, com
efeito, sugerir, belo, chama, pano, aparecer, exceção dos casos acima indicados: sair, com-
atitude, e não sabbado, accusar, addido, sugge- preender, coorte, cair, exumar, proibir, e não
rir, bello, chamma, panno, apparecer, attitude. sahir,comprehender, cohorte, cahir, exhumar,
prohibir;
Excetuam-se:
b) das formas pronominais do futuro e condicio-
a) as letras r, s, que se duplicam, por força da nal dos verbos: dever-se-á, escrever-se-á, dir-se-
pronunciação: barro, carro, farra, cassa, passo, -ia, ter-se-ia, e não dever-se-há, dir-se-hia, etc.;
russo...
c) quando figurar no fim das palavras: Jeová,
b) o grupo cc quando os cc soarem distinta- rajá, e não Jehovah, rajah.
mente: secção-seccional-seccionar, infecção-
-infeccionar-infeccioso, sucção... O GRUPO sc INICIAL:
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
60
pronomes demonstrativos, disto, disso, daquilo; c) O y por i – juri, mártir, tupí. Andaraí.
com os adjetivos articulares – do, da, dos, das,
dum, duma, duns, dumas; com os adjetivos OS GRUPOS ch (duro), ph, rh E th:
demonstrativos – dêste, dêsse, daquele, desta,
dessa, daquela, dêstes, dêsses, daqueles, destas, VIII – São proscritos os grupos ch (duro) ph,
dessas, daquelas; com os advérbios aí, aquí, alí, rh, th, que ficam assim substituidos:
antes, onde, aquém e além – daí, daquí, dali,
dantes, donde, daquém, dalém; e finalmente, a) o ch por qu antes de e e i – traquéia, que-
com a preposição entre – dentre; rubim, quimera, química; e por c nos outros
casos – caldeu, caos, corografia, catecúmeno,
b) Proscrever o apóstrofo nas combinações da cromo, Cristo, cloro, e não trachéa, cherubim,
preposição em com os pronomes da 3a pessoa chaldeu, chaos, etc.;
– nele, etc. ; com os pronomes demonstrativos
– neste, ete.; b) os digramas ph, rh, th, respectivamente por
f, r, t, – filosofia, fósforo, retórica, reumatismo,
c) Proscrever o apóstrofo nas formas compostas tesouro, ortografia e não philosophia, phospho-
dos adjetivos demonstrativos – essoutro, etc.; ro, rhetorica, etc.
nestoutro, etc.; destoutro, etc.; aqueloutro, etc.;
e na expressão outrora. O GRUPO mp POR n :
b) O w por u ou por v conforme for a sua e) os adjetivos gentílicos e palavras outras for-
pronúncia – vigandias, vagão, valsa, Osvaldo; madas com o sufixo ês (lat. ense) – aragonês,
barcelonês, berlinês, borgonhês, finês, francês,
Nota: É conservado como símbolo para denotar holandês, inglês, iroquês, javanês, português,
o Oéste. Com o som de u não figura em vocá- siamês, sudanês, tuquianês, tuirquês, veronês,
bulo português ou aportuguesado. marquês, burguês, camponês, montanhês,
61
montês, cortês, pedrês, baionês, garcês, tamarês, glosa, rosa, raposa, grosa, entrosa, tosa, prosa,
tavanês, etc. uso, abuso, luso, fuso, escuso, infuso, concluso,
contuso, musa;
f) os latinismos de uso comum, que ainda
manteem a forma originária – bis, jus, plus, g) o prefixo trans, nesta como nas formas tras
virus, pus (subst.) ; e tres e, coerentemente, as suas derivadas –
transação, transigir, tresandar, transandino,
g) os monossílabos e palavras agudas seguintes: transição, transoceânico; trás-ante-ontem,
aliás, ananás,após, arnês, arrás, arriós, arsis, ás, traseiro, trasordinário;
atrás, através, calcês, camoês, carajás, catrapús,
convés, cós, cris, daruês, dês, (desde), detrás, h) os nomes em ase, ese, ise, ose – crase, frase,
enapupês, enxós, filhós, freguês, gilvás, grós, acroase, apófase, perífrase, fase, diátese, tese,
linaloés, luís (moeda), macis, mês, obús, pardês, diurese, gênese, sintese, apófise, bacilose,
paspalhós, pavês, piós, princês, rês, rés, revés; diagnose;
tornês, trás, tris, viés, zástrás, etc.
i) os vocábulos compostos, derivados do grego
XI – Escrever com s médio: com isos, Ehysos, lysis, mesos, nesos, plysis,
ptosis, stasis, thesis – isócolo, isódico, isodinâ-
a) as formas femininas (de substantivos) que mico, crisóptero, crisóstomo, crisántemo, análi-
tiverem a desinencia esa ou isa – baronesa, se, mesartente, mesáulio, queroneso, fisiologia,
duquesa, princesa, consulesa, prioresa, sacer- ptosconomia, êxtase, síntese;
dotisa, poetisa, diaconisa, profetisa;
j) os verbos terminados em isar, cujo radical
b) os adjetivos formados de substantivos com termina em s, formados com o sufixo ar – avisar
o sufixo abundancial oso – animoso, doloroso, (avis ar), precisar (precis ar), analisar (analis
fornoso, populoso, teimoso; ar), irisar (iris ar).
d) as palavras em eso ou esa que no português Nota: Ter em atenção as exceções indicadas nas
são primitivas, consoante as suas correspon- regras referentes ao emprego do s.
dentes de origem, e, de conformidade com elas,
as suas derivadas – empresa, despesa, defesa, XIII – Escrever com z médio:
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
d) as palavras de origem arábica, oriental e ita- b) idade, igreja, igual e não edade, egreja, egual;
liana, que entraram na língua – azáfama, azeite,
azul, azougue, azar, azeviche, bazar, ogeriza, c) assucar, alvissaras, sossegar, pêssego, dos-
gazúa, vizir, bezante bizantino, bizarro, gazeta, sel, jovem, rossio, criar (alimentar) e crear
e seus derivados; (tirar do nada), almaço, maciço, solene, alem
de outras, e não açucar, alviçaras, socegar,
e) os verbos em izar (lat. izare) – autorizar, pécego, docel, joven, rocio, almasso, massiço,
batizar, civilizar, colonizar; solemne;
f) os substantivos formados dos adjetivos com d) ansia, ascensão, cansar, dansar, farsa, pre-
o sufixo eza (dat. itia) – beleza, fereza, firmeza, tensão, e não ancia, ascenção, cançar, dançar,
madureza, moleza, pobreza; farça, pretenção...
Nota: Os nomes Jesus e Paris conservarão o s, Nota: Deve acentuar-se a sílaba tônica dos
visto a dificuldade de qualquer alteração. anoxítonos em ão: sótão, órfão, bênção, órgão.
XV – Conservar em nomes próprios estran- XIX – Escrever com am o final átono dos verbos
geiros as formas correspondentes vernáculas – amam, amavam, amaram, disseram, fizeram
já vulgarizadas: Antuérpia, Berna, Bordéus, expuseram.
Acordos ortográficos anteriores
Nota: Sempre que existirem formas vernáculas XX – Os ditongos ae e ao passarão a ser es-
para nomes de outras línguas, devem elas ser critos com i e u – pai, cai, sai, amais, e não
preferidas. Conservarão, portanto, a sua grafia amaes, saes, etc.; grau, mau, pau e não pao,
original os que se não prestem à adaptação mao, grao.
portuguesa – Anatole France, Byron, Conte
Rosso, Carlyle, Carducci, Musset, Shakespeare, O ditôngo eo passa a ser éu ou eu – céu, véu,
Southampton. chapéu, meu teu e não teo, chapeo, etc. 63
O ditôngo io passará a iu – feriu, partiu, viu e pela separação dos seus elementos de deriva-
não ferio, partio, vio. etc. ção, composição ou formação – subs-crever,
sec-ção, de-sarmar, in-ha-bil, bi-sa-vô, e-xer-
O ditôngo oe passará a oi – anzois, doi, heroi, -ci-to, exceder.
e não anzoes, doe, heroe, etc.
Para mais facil aplicação desta regra, observem-
Nota: Quando estas vogais não foram ditongo, -se os preceitos seguintes:
nenhuma alteração se fará: – aérides, aéreo,
cáos, caótico, teleologia, teologia, rio, tio, oéste a) Separar, pelas duas sílabas sucessivas, as le-
e oéta. Escrever-se-á ao e não au, quando for tras que se duplicam – ar-ras-tar, pas-sa-gem,
a combinação da preposição a com o artigo o. suc-ção;
XXI – São mantidos os ditongos ãe, õe, ue – b) Os dos prefixos des, dis, separa-se da conso-
mãe, tabeliães, anões, dispões, pões, azues. ante que se lhe segue – des-di-zer, dis-con-ti-
-nu-ar; mas, se se lhe segue vogal, desta se não
O EMPREGO DO g: separa e com ela forma sílaba – de-sen-ga-nar,
de-sen-vol-ver, de-si-lu-são;
XXII – É conservado o g médio – imagem,
eleger, legítimo, fugir, pagem, e seus compostos c) Conservar na sílaba que a preceder a conso-
e derivados. ante sonora – con-tac-to, re-cep-ção, es-pec-
-ta-ti-va;
O PRONOME lo:
d) Não separar ditongos – neu-tro, nai-pe, rei-
XXIII – Manter-se-á a escrita – lo, la, los, las: -na-do, au-to, i-gual (i-guais);
a) com o infinitivo dos verbos – amá-lo, ofendê- e) Separar vogais iguais – Co-or-te, Co-or-de-
-la, possuí-los, repô-las; -na-da, e vogais consecutivas, que não formem
ditongo – vo-ar, po-ei-ra, pro-ê-mio, me-u-do,
b) com as formas verbais em s – ama-lo, etc.; ci-u-me.
e com aquelas que acabam em z – dí-lo, fá-los;
HIFEN:
c) com os pronomes nós, vós e a forma eis –
vo-lo, no-la, ei-lo. XXVI – Separar-se-ão com hifen os vocábulos
compostos cujos elementos conservam sua in-
Nota: Aqueles pronomes virão sempre ligados dependência fonética – para-raios, guarda-pó,
pelo hifen, acentuando-se a vogal tônica do contra-almirante.
verbo.
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
d) marcar com o acento circunflexo, como di- Aprovado em sessão de 11 de junho de 1931 –
ferencial, as vogais e e o fechadas, sempre que Fernando Magalhães
qualquer vocábulo grave, cuja vogal tônica seja
e ou o abertos, for homógrafo com outro em Aprovado pelo Decreto no 20.108, de 15 de junho de
que esse e ou o seja fechado – fôrma e forma, 1931 e publicado no DOU de 16/6/1931.
65
Convenção Ortográfica entre o Brasil e
Portugal [de 1943]
Sua Excelência o Senhor Presidente da República mentar, sôbre matéria ortográfica, deverá ser
dos Estados Unidos do Brasil e Sua Excelência o de futuro posta em vigor, por qualquer dos
Senhor Presidente da República Portuguesa, com dois Governos, sem prévio acôrdo com o outro,
o fim de assegurar a defesa, expansão e prestígio depois de ouvidas as duas Academias.
da língua portuguêsa no mundo e regular, por
mútuo acôrdo e modo estável, o respectivo sis- ARTIGO IV
tema ortográfico, resolveram, por meio de seus
Plenipotenciários, assinar a presente Convenção. A Academia Brasileira de Letras e a Acade-
mia das Ciências de Lisbôa serão declara-
ARTIGO I das órgãos consultivos de seus Governos,
em matéria ortográfica, competindo-lhes,
As Altas Partes Contratantes prometem-se es- expressamente, estudar as questões que se
treita colaboração em tudo quanto diga respeito suscitarem na execução desta Convenção e
à conservação, defesa e expansão da língua tudo o mais que reputem útil para manter a
portuguêsa, comum aos dois países. unidade ortográfica da língua portuguêsa.
A presente Convenção entrará em vigor,
ARTIGO II independentemente de ratificação, a 1 o de
janeiro de 1944.
As Altas Partes Contratantes obrigam-se a es-
tabelecer, como regime ortográfico da língua Feita em duplicata, em Lisbôa, aos 29 de de-
portuguêsa, o que resulta do sistema fixado pela zembro de 1943.
Academia Brasileira de Letras e pela Academia das
Ciências de Lisbôa, para organização do respectivo L.S. – João Neves da Fontoura.
vocabulário por acôrdo entre as duas Academias.
L.S. – Antônio de Oliveira Salazar.
ARTIGO III
Promulgada pelo Decreto no 14.533, de 18 de janeiro
De harmonia com o espírito desta Convenção, de 1944, e publicada no DOU de 20/1/1944.
nenhuma providência legislativa ou regula-
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
66
Conferência Interacadémica de Lisboa
para a unificação ortográfica da língua
portuguesa [de 1945]
67
sendo isso, até certo ponto, uma consequência 4 – Regularização do emprego dos digramas
da doutrina anterior; ch, ph e th no final de formas onomásticas da
c) e, de modo geral, quanto ao princípio, até tradição bíblica, levando-se em consideração
então observado, de que tudo quanto se dife- o uso comum.
rença na fala se diferença na escrita, porquanto,
obedecendo a língua portuguesa, em cada um 5 – Regularização do emprego das consoantes
dos continentes onde é falada, a tendências homófonas: ch e x; g palatal e j; sibilantes surdas
fonéticas variáveis, nunca se poderia chegar à s, ss, c, ç e x; s final de sílaba e x e z idênticos;
desejada unidade ortográfica, se se obedecesse s final de palavra e x e z idênticos; sibilantes
rigorosamente a tal princípio. sonoras interiores s, x e z, segundo critério
adoptado no “Vocabulário” de 1943.
6 – Cada uma das duas delegações apresentou,
no início dos trabalhos, uma lista de obser- 6 – Regularização do emprego das consoantes
vações sobre as divergências verificadas na, c e p nas sequências cc, cç, ct, pc, pç e pt:
aplicação do Acordo de 1931 e constantes dos 1. Eliminam-se nos casos em que a conso-
vocabulários de 1940 e de 1943. Do exame a que ante é invariavelmente muda na pronúncia dos
se procedeu de cada uma de tais divergências, dois países;
assim como do estudo de algumas questões 2. Conservam-se nos casos em que são
pendentes ou omissas que convinha esclarecer, pronunciadas num dos dois países ou em parte
tudo em proveito da unidade da ortografia de um deles;
comum aos dois países, resultaram as resolu- 3. Conservam-se após as vogais a, e e o,
ções, unanimemente aprovadas, que constam nos casos em que não é invariável a sua pro-
da parte a seguir. Compendiando embora este núncia e ocorrem em seu favor outras razões,
relatório todas as soluções aprovadas, e firman- como a tradição ortográfica, a similaridade do
do desde logo o compromisso das Academias português com as demais línguas românicas
no tocante à sua observância, a Conferência e a possibilidade de, num dos dois países,
providenciará para a elaboração imediata de exercerem influência no timbre das vogais
um texto que contenha, analiticamente, as anteriores;
bases ortográficas do presente Acordo e dos 4. Conservam-se também quando, sendo
ajustamentos que o completarem. Dessarte, embora mudas, aparecerem em palavras ou
ter-se-ão atingido plenamente os fins do Acor- flexões que devam harmonizar-se graficamen-
do interacadémico de 1931 e da Convenção te com palavras ou flexões afins em que essas
Luso-Brasileira de 29 de Dezembro de 1943: consoantes se mantenham.
a unidade ortográfica da língua portuguesa.
7 – Regularização do emprego (eliminação ou
Conclusões complementares do Acordo de conservação) de consoantes de outros grupos
1931 – Segunda Parte ou sequências: s da sequência xs, quando após
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
de palavras paroxítonas, quando precedidos de convêm, etc., graficamente distintas das tercei-
ditongo; nos ditongos iu e ui tónicos precedidos ras pessoas do singular correspondente – tem,
de vogal; e no u tónico de palavras paroxítonas, vem, contém, convém, etc. Essas formas terão
quando precedido de i e seguido de s e outra emprego exclusivo na escrita corrente, prete-
consoante. (Exemplos: baiuca, bocaiuva, cauila; rindo assim as flexões têem, contêem, convêem,
atraiu, pauis; semiusto.) etc. que se consideram como dialectais.
16 – Omissão do acento agudo na terminação 21 – Emprego do acento circunflexo nas for-
eia (ideia, assembleia, epopeia), na terminação mas verbais que têm o hiato ee, com e tónico
69
fechado: crêem, dêem, lêem, vêem (do verbo acento, normalmente indicativo de abertura
ver); e omissão do mesmo acento nas formas vocálica, certas formas que estão em homogra-
verbais e nominais que têm o hiato oo: abençoo, fia com outras que lhes são etimologicamente
voo, Aqueloo, Eoo. paralelas. Deste modo se distinguem: àgora, in-
terjeição de uso dialectal (Norte de Portugal), e
22 – Eliminação do acento circunflexo em agora, advérbio, conjunção e interjeição; ò, à, òs,
homógrafos heterofónicos (como cerca, subs- às, formas arcaicas do artigo definido o, a, os, as.
tantivo, com e fechado, e cerca, verbo, com e
aberto; força, substantivo, com o fechado, e for- 27 – Supressão total do emprego do trema em
ça, verbo, com o aberto). Exceptuam-se os casos palavras portuguesas e aportuguesadas.
de homógrafos heterofónicos que representam
flexões da mesma palavra (pôde e pode; demos e 28 – Limitação do emprego do hífen, de acordo
demos) e os casos de palavras com vogal tónica com o uso tradicional e corrente, em com-
fechada, que são homógrafas de outras sem postos do vocabulário onomástico formados
acentuação própria (pêlo, substantivo, e pelo, por justaposição de palavras (Vila Real, Belo
aglutinação de per e lo; pôr, verbo, e por, pre- Horizonte, Santo Tirso, Rio de Janeiro, porém
posição). Ainda que no caso de dêmos e demos Montemor-o-Novo, Grã-Bretanha, Áustria-
não se verifique sempre a distinção de timbre -Hungria, Sargento-Mor); e emprego do mesmo
entre a vogal tónica da forma conjuntiva e a do sinal nos derivados de compostos onomásticos
pretérito perfeito do indicativo, pois a segunda desse tipo (vila-realense, belo-horizontino,
pode também soar com e fechado, a clareza do austro-húngaro).
discurso recomenda que elas se diferencem
graficamente, tal como sucede nas formas em 29 – Regularização do emprego do hífen em
amos e ámos, do no XVII. palavras formadas com prefixos de origem
grega ou latina, ou com outros análogos ele-
23 – Emprego do acento grave nos advérbios mentos de origem grega, de conformidade, em
em mente que provêm de formas adjectivas suas linhas gerais, com as “Instruções” de 1943.
marcadas com acento agudo, e nos derivados
em que entram sufixos precedidos do infixo 30 – Emprego do hífen em palavras formadas
z e cujas formas básicas são marcadas com com sufixos de origem tupi-guarani, que re-
o mesmo acento. (Exemplos: benèficamente, presentam formas adjectivas, como açu, guaçu
agradàvelmente, distraìdamente, heròicamente, e mirim, quando o primeiro elemento acaba
màmente, sòmente; làbiozinho, pètalazinha, em vogal acentuada graficamente ou quando
dèbilzinho, jòiazinha, òrfãozinho, anèizinhos, a pronúncia exige a distinção gráfica dos dois
avòzinha, cafèzinho, cafèzeiro, chapèuzito, elementos.
chàzada, màzinha, vintènzinho.)
31 – Emprego do hífen nas ligações da pre-
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
24 – Emprego do acento grave nas contracções posição de com as formas monossilábicas do
de palavras inflexivas com as formas do artigo presente do indicativo do verbo haver (hei-de,
ou pronome demonstrativo o, a, os, as, bem hás-de, há-de, heis-de, hão-de).
como nas contracções da preposição a com as
formas pronominais demonstrativas aquele, 32 – Emprego do hífen em combinações oca-
aquela, aqueles, aquelas, aquilo, aqueloutro, sionais de formas diversas que não constituem
aqueloutra, aqueloutros, aqueloutras. propriamente palavras, mas encadeamentos
vocabulares. (Exemplos: A estrada Rio de
25 – Supressão do acento grave em Guiana e Janeiro-Petrópolis; o desafio de xadrez Portugal-
seus derivados. -França, etc.)
26 – Abolição do acento grave em homógrafos, 33 – Supressão do apóstrofo nas combinações
70 salvo quando importa diferençar por meio deste das preposições de e em com as formas do
artigo ou pronome demonstrativo o, a, os, as, também o apóstrofo na ligação de duas formas
com formas pronominais diversas e com formas antroponímicas, quando se elide um o final na
adverbiais; e, como corolário, regularização primeira: Nun’Álvares, Pedr’Álvares, etc., o que
dos casos em que essas preposições se fundem não impede que se escreva igualmente Nuno
graficamente com tais formas e daqueles em Álvares, Pedro Álvares, quando não há elisão.
que se escrevem separadamente.
39 – Emprego de maiúscula nos nomes étnicos
34 – Abolição do apóstrofo nas dissoluções de qualquer natureza, nos nomes do calendário
gráficas de combinações da preposição de com (com excepção das designações vernáculas dos
formas do artigo definido, pronomes e advér- dias da semana, tradicionalmente escritas com
bios, quando estas formas estão ligadas a uma minúsculas) e nos nomes de festas públicas
construção de infinitivo. (Exemplo: Em virtude tradicionais.
de os nossos pais serem bondosos.)
40 – Emprego da maiúscula inicial nas palavras
35 – Emprego do apóstrofo para cindir uma que nomeiam indeterminadamente pessoas,
contracção ou aglutinação vocabular, quando fazendo as vezes de antropónimos: Fulano,
um elemento ou fracção respectiva pertence Sicrano, Beltrano; emprego, porém, da inicial
propriamente a um conjunto vocabular imedia- minúscula nessas mesmas palavras, quando
to, podendo, porém, ser empregada a preposi- elas valem por sinónimos de indivíduo, tipo,
ção íntegra. (Exemplos: d’“Os Lusíadas”, n’“Os sujeito, etc.
Sertões”, ou de “Os Lusíadas”, em “Os Sertões”.)
41 – Emprego da maiúscula inicial nos nomes
36 – Emprego do apóstrofo para cindir uma dos pontos cardeais e colaterais, quando desig-
contracção ou aglutinação vocabular, quando nem regiões.
um elemento ou fracção respectiva é forma
pronominal e se lhe quer dar realce por meio 42 – Emprego da maiúscula inicial em pala-
de inicial maiúscula: d’Ele, n’Ele, d’Aquele, m’O, vras que designam altos conceitos políticos,
t’O, lh’O (a segunda parte referente a Deus, a nacionais ou religiosos, quando elas se usam
Jesus, etc.); d’Ela, n’Ela, d’Aquela, m’A, t’A, lh’A sinteticamente. (Exemplos: a Nação, o Estado,
(a segunda parte referente à Mãe de Jesus). a Raça, a Língua, a Igreja, a Religião.)
37 – Emprego do apóstrofo quando, no interior 43 – Emprego de maiúscula inicial nos nomes
de uma palavra composta, se faz invariavel- de ciências, ramos científicos e artes, quando
mente, no Brasil e em Portugal, a elisão do e propriamente designam disciplinas escolares
da preposição de: copo-d’água (planta), mãe- ou quadros de estudos pedagogicamente or-
-d’água, pau-d’alho, pau-d’arco, etc. Dispensa ganizados.
do apóstrofo quando essa elisão é estranha à
pronúncia brasileira, embora seja normal na 44 – Regularização do emprego de maiúscula
portuguesa: maçã-de-adão. inicial nos títulos e subtítulos de livros, publi-
cações periódicas e produções artísticas.
Acordos ortográficos anteriores
48 – Regularização das normas da divisão Ruy Ribeiro Couto, presidente – José de Sá Nunes
silábica, de conformidade, nas linhas gerais, – Francisco da Luz Rebelo Gonçalves.
com o “Vocabulário” de 1943.
Aprovado por unanimidade na décima sessão
49 – Abolição das formas invertidas do ponto da Conferência Interacadémica de Lisboa para
de interrogação e do ponto de exclamação, a unificação ortográfica da língua portuguesa.
os quais serão apenas usados nas suas formas
normais (? e !), para assinalar o fim de interro- Em 10 de Agosto de 1945.
gações ou exclamações.
Julio Dantas, presidente – Pedro Calmon.
50 – Conservação, para ressalva de direitos, – Gustavo Cordeiro Ramos – José Maria de
da grafia dos nomes próprios adoptada pelos Queiroz Velloso – Olegario Marianno – Luiz da
seus possuidores nas respectivas assinaturas, Cunha Gonçalves.
bem como da grafia original de firmas comer-
ciais, sociedades, marcas e títulos, inscritos em
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
onomásticas da tradição bíblica, quando soam jejum, jeira, jeito, jelala, Jeová, jenipapo, jequiri,
(ch=c, ph=f, th=t) e o uso não aconselha a sua jequitibá, Jeremias, Jericó, jerimum, Jerónimo,
substituição: Baruch, Loth, Moloch, Ziph. Se, Jesus, jibóia, jiquipanga, jiquiró, jiquitaia, jirau,
porém, qualquer destes digramas, em formas do jiriti, jitirana, laranjeira, lojista, majestade,
mesmo tipo, é invariavelmente mudo, elimina- majestoso, manjerico, manjerona, mucujê, pajé,
-se: José, Nazaré, em vez de Joseph, Nazareth; pegajento, rejeitar, sujeito, trejeito.
e se algum deles, por força do uso, permite
adaptação, substitui-se, recebendo uma edição 3o Distinção entre as sibilantes surdas s, ss,
vocálica: Judite, em vez de Judith. c, ç e x: ânsia, ascensão, aspersão, cansar, con-
73
versão, esconso, farsa, ganso, imenso, mansão, contrário, o s toma sempre o lugar do z: Biscaia,
mansarda, manso, pretensão, remanso, seara, e não Bizcaia.
seda, Seia, sertão, Sernancelhe, serralheiro,
Singapura, Sintra, sisa, tarso, terso, valsa; aba- 5o Distinção entre s final de palavra e x e z idên-
dessa, acossar, amassar, arremessar, Asseiceira, ticos: aguarrás, aliás, anis, após, atrás, através,
asseio, atravessar, benesse, Cassilda, codesso Avis, Brás, Dinis, Garcês, gás, Gerês, Inês, íris,
(identicamente, Codessal ou Codassal, Codes- Jesus, jus, lápis, Luís, país, português, Queirós,
seda, Codessoso, etc.), crasso, devassar, dossel, quis, retrós, resvés, revés, Tomás, Valdês; cálix,
egresso, endossar, escasso, fosso, gesso, molosso, Félix, fénix, flux; assaz, arroz, avestruz, dez, diz,
mossa, obsessão, pêssego, possesso, presságio, fez (substantivo e forma do verbo fazer), fiz,
remessa, sobresselente, sossegar; acém, acervo, Forjaz, Galaaz, giz, jaez, matiz, petiz, Queluz,
alicerce, cebola, cereal, Cernache, cetim, Cinfães, Romariz, [Arcos de] Valdevez, Vaz. A propósi-
Escócia, Macedo, obcecar, percevejo; açafate, to, deve observar-se que é inadmissível z final
açorda, açúcar, almaço, atenção, berço, Buçaco, equivalente a s em palavra não oxítona: Cádis,
caçanje, caçula, caraça, dançar, Eça, enguiço, e não Cádiz.
Gonçalves, inserção, linguiça, maçada, Mação,
maçar, Moçambique, Moçâmedes, Monção, 6o Distinção entre as sibilantes sonoras inte-
muçulmano, murça, negaça, pança, peça, qui- riores s, x e z: aceso, analisar, anestesia, artesão,
çaba, quiçaça, quiçama, quiçamba, Seiça (grafia asa, asilo, Baltasar, besouro, besuntar, blusa,
que pretere as erróneas Ceiça e Ceissa), Seiçal, brasa, brasão, Brasil, brisa, [Marco de] Cana-
Suíça, terço; auxílio, Maximiliano, Maximino, veses, coliseu, defesa, duquesa, Elisa, empresa,
máximo, próximo, sintaxe. A propósito deve Ermesinde, Esposende, frenesi ou frenesim, frisar,
observar-se: guisa, guisar, improviso, jusante, liso, lousa,
a) Em princípio de palavra nunca se emprega Lousã, Luso (nome de lugar, homónimo de
ç, que se substitui invariavelmente por s: safio, Luso, nome mitológico), Matosinhos (povoação
sapato, sumagre, em vez das antigas escritas de Portugal), Meneses, Narciso, Nisa, obséquio,
çafio, çapato, çumagre. ousar, pesquisa, portuguesa, presa, raso, represa,
b) Quando um prefixo se junta a um elemen- Resende, sacerdotisa, Sesimbra, Sousa, surpresa,
to que começava outrora por ç, não reaparece tisana, transe, trânsito, vaso; exalar, exemplo,
esta letra: mantém-se o s, que, encontrando-se exibir, exorbitar, exuberante, inexacto, inexo-
entre vogais, se dobra: assaloiado, de saloio (ant. rável; abalizado, alfazema, Arcozelo, autorizar,
çaloio), e não açaloiado. azar, azedo, azo, azorrague, baliza, bazar, beleza,
buzina, búzio, comezinho, deslizar, deslize, Eze-
4o Distinção entre s de fim de sílaba, inicial quiel, Frazão, fuzileiro, Galiza, guizo, helenizar,
ou interior, e x e z idênticos: adestrar, Calisto, lambuzar, lezíria, Mouzinho, proeza, Salazar,
escusar, esdrúxulo, esgotar, esplanada, esplêndi- sazão, urze, vazar, Veneza, Vizela, Vouzela.
do, espremer, esquisito, estender, Estremadura,
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Estremoz, inesgotável; extensão, explicar, ex- 6 – O c gutural das sequências interiores cc
traordinário, inextricável, inexperto, sextante, (segundo c sibilante), cç e ct, e o p das sequ-
têxtil; capazmente, infelizmente, velozmente. ências interiores pc (e sibilante), pç e pt, ora se
De acordo com esta distinção, convém notar eliminam, ora se conservam. Assim:
dois casos:
a) Em final de sílaba que não seja final de 1o Eliminam-se nos casos em que são invaria-
palavra, o x=s muda para s sempre que está velmente mudos, quer na pronúncia portugue-
precedido de i ou u: justapor, justalinear, misto, sa, quer na brasileira, e em que não possuem
sistino (cf. Capela Sistina), Sisto, em vez de jux- qualquer valor particular: aflição, aflito, autor,
tapor, juxtalinear, mixto, sixtino, Sixto. condução, condutor, dicionário, distrito, ditame,
b) Só nos advérbios em mente se admite equinócio, extinção, extinto, função, funcionar,
z=s em final de sílaba seguida de outra. De instinto, praticar, produção, produto, restrição,
74
restrito, satisfação, vítima, vitória, em vez de faccioso, flectir, fracção, fraccionário, fractura,
aflicção, aflicto, auctor, conducção, conductor, hecticidade, insecticida, inspecção, inspector,
diccionário, dístricto, dictame, equinóccio, ex- intelectual, leccionar, lectivo, nocturno, objecção,
tincção, extincto, funcção, funccionar, instincto, objectivo, Octaviano, Octávio, protecção, protec-
practicar, producção, producto, restricção, res- tor, secção, seccionar, sectário, sector, selecção,
tricto, satisfacção, víctima, victória; absorção, seleccionar, selectivo, subtracção, tracção, tractor,
absorcionista, adsorção, assunção, assunto transacção, transaccionar; acepção, adopção,
(substantivo), cativar, cativo, descrição, des- adoptar, adoptivo, anabaptista, baptismo, Bap-
critivo, descrito, excerto, inscultor, inscultura, tista, baptistério, baptizar, capticismo, concepção,
presunção, presuntivo, prontidão, pronto, pron- conceptáculo, conceptivo, conceptual, decepção,
tuário, redenção, redentor, transunto, em vez de excepção, excepcional, exceptuar, imperceptível,
absorpção, absorpcionista, adsorpção, assump- intercepção, interceptação, interceptar, intercep-
ção, assumpto, captivar, captivo, descripção, tor, Neptuno, neptunino, opticidade, optimate,
descriptivo, descripto, excerpto, insculptor, ins- optimismo, optimista, percepção, perceptível,
culptura, presumpção, presumptivo, promptidão, perceptivo, preceptivo, preceptor, recepção, recep-
prompto, promptuário, redempção, redemptor, tação, receptáculo, receptador, receptivo, receptor,
transumpto; septenário, septênviro, septiforme, septissílabo,
septuagenário, septuagésimo, septuplicar, sub-
2o Conservam-se não apenas nos casos em -reptício, susceptibilidade, susceptível;
que são invariavelmente proferidos (compacto,
convicção, convicto, ficção, fricção, friccionar, 4o Conservam-se quando, sendo embora mu-
pacto, pictural; adepto, apto, díptico, erupção, eu- dos, ocorrem em formas que devem harmoni-
calipto, inepto, núpcias, rapto; etc.), mas também zar-se graficamente com formas afins em que
naqueles em que só se proferem em Portugal um e ou um p se mantêm, de acordo com um
ou só no Brasil, quer geral, quer restritamente: dos dois números anteriores, ou em que essas
cacto (c interior geralmente proferido no Brasil consoantes estão contidas, respectivamente,
e mudo em Portugal), caracteres (c interior em num x ou numa sequência ps. Escreve-se, por
condições idênticas), coarctar, contacto, dicção, isso: abjecto, como abjecção; abstracto, como
facto (c geralmente proferido em Portugal e abstracção; acta e acto, como acção ou activo;
mudo no Brasil), jacto, perfunctório, revindicta, adopto, adoptas, etc., como adoptar, afecto,
tactear, tacto, tecto (c por vezes proferido no como afectivo ou afectuoso; árctico e antárctico,
Brasil); assumptível, assumptivo, ceptro, con- como Arcturo; arquitecto, como arquitectura;
sumpção, consumptível, consumptivo, corrupção, caquéctico, como caquexia; carácter, como
corruptela, corrupto, corruptor, peremptório (p caracteres; colecta, como colectar; contracto
interior geralmente proferido no Brasil, mas (diferente de contrato = “acto de contratar”),
predominantemente mudo em Portugal), como contracção ou contractivo; correcto, co-
sumptuário, sumptuoso; mocorrecção ou correctivo; dialecto, como dia-
lectal; didáctico, como didactismo; dilecto, como
3o Conservam-se, após as vogais a, e e o, nos dilecção; directo, como direcção ou director;
casos em que não é invariável o seu valor fo- ecléctico, como eclectismo; Egipto, como egípcio;
Acordos ortográficos anteriores
nético e ocorrem em seu favor outras razões, eléctrico, como electricidade; epiléptico, como
como a tradição ortográfica, a similaridade do epilepsia; espectro, como espectral; exacto, como
português com as demais línguas românicas e exactidão; excepto, como excepção ou exceptuar;
a possibilidade de, num dos dois países, exerce- flectes, flecte, flectem, como flectir; héctico, como
rem influência no timbre das referidas vogais: hecticidade; objecto, como objecção ou objectivo;
acção, activo, actor, afectuoso, arquitectura, co- olfacto, como olfacção ou olfactivo; óptico, como
lecção, colectivo, contracção, correcção, defectivo, opticidade; óptimo, como optimismo; predilecto,
dialectal, didactismo, direcção, director, eclectis- como predilecção; projecto, como projecção ou
mo, electricidade, espectáculo, espectral, facção, projector; prospecto, como prospecção ou pros-
75
pectivo; recto, como rectidão; reflectes, reflecte, vras em que invariavelmente se profere, como
reflectem, como reflectir; reflicto, reflicta, reflic- apotegma, diafragma, fragmento;
tas, reflictamos, etc., como reflectes, reflectir,
etc.; selecta e selecto, como selecção ou selectivo; 6o) g da sequência gn: conserva-se em Agnelo,
séptuplo, como septuplicar; sintáctico, como sin- designar, etc., mas elimina-se em todas as pa-
taxe (x=ss, mas etimologicamente cs); táctica e lavras em que é invariavelmente mudo, como
táctico, como tacticografia; etc. Prescinde-se da assinatura, Inácio, Inês, sinal;
congruência gráfica referida no último número,
quando determinadas palavras, embora afins, 7o) m da sequência mn: mantém-se, embora
divergem nas condições em que entraram e se nem sempre soe, em amnistia, amnistiar, in-
fixaram no português. Não há, por isso, que demne, indemnização, indemnizar, omnímodo,
harmonizar: assunção com assumptivo; assunto, omnipotente, mas elimina-se em condenar,
substantivo, com assumpto, adjectivo; cativo dano, ginásio, ónibus, solene, sono;
com captor ou captura; dicionário com dicção;
vitória com victrice; etc. 8o) p da sequência inicial ps: conquanto geral-
mente se mantenha, elimina-se, excepcional-
7 – Independentemente do c gutural das mente, em salmo e salmodia, assim como nos
sequências interiores cc, cç e ct, e do p ,das derivados destas palavras;
sequências interiores c, pç e pt, eliminam-se
consoantes várias de outras sequências, sem- 9o) s da sequência xs: elimina-se, por ser inva-
pre que são invariavelmente mudas, quer na riavelmente mudo, em exangue e nas palavras
pronúncia portuguesa, quer na brasileira. As em que está seguido de outra consoante: ex-
mesmas consoantes, porém, se conservam (ou puição, extipuláceo, extipulado (parónimo de
se substituem por outras equivalentes, dentro estipulado), em vez de exspuição, exstipuláceo,
das normas da escrita simplificada), no caso exstipulado;
de serem invariavelmente proferidas ou de
oscilarem entre a prolação e o emudecimento. 10o) ph da sequência de origem grega phth: ao
Assim: passo que perdura sob a forma de f, tal como
o th seguinte sob a forma de t, em grande nú-
1o) b da sequência bd: mantém-se, apesar de mero de palavras, como afta, difteria, ftártico,
nem sempre soar, no adjectivo e substantivo ftiríase, ftórico, oftalmologia, etc., elimina-se em
súbdito; apotegma, ditongo, tísico, tisiologia, etc.;
2o) b da sequência bt: mantém-se, por não 11o) th da sequência de origem grega thm:
ser geral o seu emudecimento, em subtil e perdura sob a forma de t, embora nem sempre
derivados; seja proferido, em aritmética e aritmético, mas
elimina-se em asma e derivados.
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
76
ou Calicut, em que o t se encontra nas mesmas procedem de substantivos terminados em eio e
condições. eia, ou com eles estão em relação directa. Assim
se regulam: aldeão, aldeola, aldeota, por aldeia;
9 – O emprego do e e do i, assim como do o e areal, areeiro, areento, Areosa, por areia; aveal,
do u, em sílaba átona, regula-se fundamental- por aveia; baleal, por baleia; boleeiro, por boleia;
mente pela etimologia e por particularidades cadeado, por cadeia; candeeiro, por candeia; cen-
da história das palavras. Assim se estabelecem teeira e centeeiro, por centeio; colmeal e colmeeiro,
variadíssimas grafias: por colmeia; correada, correame, por correia.
a) com e e i: ameaça, amealhar, antecipar,
arrepiar, balnear, boreal, campeão, cardeal (pre- 2o Escrevem-se igualmente com e, antes de
lado, ave, planta; diferente de cordial=“relativo à vogal ou ditongo da sílaba tónica, os derivados
cárdia”), Ceará, côdea, enseada, enteado, Floreal, de palavras que terminam em e acentuado (o
janeanes, lêndea, Leonardo, Leonel, Leonor, qual pode representar um antigo hiato: ea, ee):
Leopoldo, Leote, linear, meão, melhor, nomear, galeão, galeota, galeote, de galé; guineense, de
peanha, quase (em vez de quási), real, semear, Guiné; poleame e poleeiro, de polé.
semelhante, várzea; ameixial, Ameixieira, amial,
amieiro, arrieiro, artilharia, capitânia, cordial 3o Escrevem-se com i, e não com e, antes
(adjectivo e substantivo), corriola, crânio, criar, da sílaba tónica, os adjectivos e substantivos
diante, diminuir, Dinis, ferregial, Filinto, Filipe derivados em que entram os sufixos mistos de
(e identicamente Filipa, Filipinas, etc.), freixial, formação vernácula iano e iense, os quais são
giesta, Idanha, igual, imiscuir-se, inigualável, o resultado da combinação dos sufixos ano e
lampião, limiar, Lumiar, lumieiro, pátio, pior, ense com um i de origem analógica (baseado
tigela, tijolo, Vimieiro, Vimioso, Virgílio (em em palavras onde ano e ense estão precedidos de
vez de Vergílio); i pertencente ao tema: horaciano, italiano, du-
b) com o e u: abolir, Alpendorada, assolar, riense, flaviense, etc.): açoriano, cabo-verdiano,
borboleta, cobiça, consoada, consoar, costume, camoniano, goisiano (“relativo a Damião de
díscolo, êmbolo, engolir, epístola, esbaforir-se, Góis”), sofocliano, torriano (“de Torres Vedras”);
esboroar, farândola, femoral, Freixoeira, girân- siniense (“de Sines”), torriense (“de povoação
dola, goela, jocoso, mágoa. névoa, nódoa, óbolo, chamada Torres”).
Páscoa, Pascoal, Pascoela, polir, Rodolfo, távoa,
tavoada, távola, tômbola, veio (substantivo e for- 4o Uniformizam-se com as terminações io e ia
ma do verbo vir); água, aluvião, arcuense, assu- (átonas), em vez de eo e ea, os substantivos que
mir, bulir, camândulas, curtir, curtume, embutir, constituem variações, obtidas por ampliação,
entupir, fémur, fístula, glândula, íngua, jucundo, de outros substantivos terminados em vogal:
légua, Luanda, lucubração, lugar, mangual, Ma- cúmio (popular), de cume; hástia, de haste;
nuel, míngua, Nicarágua, pontual, régua, tábua, réstia, do antigo reste; véstia, de veste.
tabuada, tabuleta, trégua, vitualha. Sendo muito
variadas as condições etimológicas e fonético- 5o Os verbos em ear podem distinguir-se pra-
-históricas em que se fixam graficamente e e i ticamente, grande número de vezes, dos verbos
ou o e u em sílaba átona, é evidente que só a em iar, quer pela formação, quer pela conju-
Acordos ortográficos anteriores
consulta dos vocabulários ou dicionários pode gação e formação ao mesmo tempo. Estão no
indicar, muitas vezes, se deve empregar-se e ou primeiro caso todos os verbos que se prendem
i, se o ou u. Há, todavia, alguns casos em que o a substantivos em eio ou eia (sejam formados
uso dessas vogais pode ser facilmente sistema- em português ou venham já do latim); assim se
tizado. Convém fixar os seguintes: regulam: aldear, por aldeia; alhear, por alheio;
cear, por ceia; encadear, por cadeia; idear, por
1o Escrevem-se com e e não com i, antes da ideia; pear, por peia; etc. Estão no segundo caso
sílaba tónica, os substantivos e adjectivos que todos os verbos que têm normalmente flexões
77
rizotónicas em eio, eias, etc., desde que não 1o Quando uma vogal nasal tem outra vogal
se liguem a substantivos com as terminações depois dela, a nasalidade é expressa pelo til:
átonas ia ou io (como ansiar ou odiar): clarear, lũa (antigo e dialectal), ũa (antigo e dialectal).12
delinear, devanear, falsear, granjear, guerrear,
hastear, nomear, semear, etc. 2o Quando uma vogal nasal ocorre em fim
de palavra, ou em fim de elemento seguido de
6o Não é lícito o emprego de u final átono em hífen, representa-se a nasalidade pelo til, se essa
palavras de origem latina. Escreve-se, por isso: vogal é de timbre a; por m, se possui qualquer
moto, em vez de mótu (por exemplo, na expres- outro timbre e termina a palavra; e por n, se é
são de moto próprio); tribo, em vez de tríbu. de timbre diverso de a e está seguido de s: afã,
grã, Grã-Bretanha, lã, órfã, sã-braseiro (forma
7o Os verbos em oar distinguem-se pratica- dialectal; o mesmo que são-brasense = “de S.
mente dos verbos em uar pela sua conjugação Brás de Alportel”); clarim, tom, vacum; flautins,
nas formas rizotónicas, que têm sempre o semitons, zunzuns.
na sílaba acentuada: abençoar, com o, como
abençoo, abençoas, etc.; destoar, com o, como 3o Os vocábulos terminados em ã transmitem
destoo, destoas, etc. esta representação do a nasal aos advérbios
em mente que deles se formem, assim como a
10 – O verbo perguntar não admite na escrita derivados em que entrem sufixos precedidos
corrente a mudança da sílaba per em pre: pre- do infixo z: cristãmente, irmãmente, sãmente;
guntar. E o mesmo se dá, por conseguinte, com lãzudo, maçãzita, manhãzinha, romãzeira. Em
quaisquer palavras dele formadas: pergunta, per- complemento dos preceitos de representação
guntador, perguntante, perguntão, reperguntar, e das vogais nasais, importa notar que nas com-
não pregunta, preguntador, preguntante, pregun- binações dos prefixos in (tanto o que exprime
tão, repreguntar. Contudo, as formas preguntar, interioridade como o que exprime negação)
pregunta, etc., assim como outras (prèguntar, e en (diferente do elemento en, resultante da
prègunta, etc.), todas elas meras representantes preposição em: enfim, enquanto) com elemen-
de variações fonéticas, podem ser registadas tos começados por m ou n, não se admitem,
em vocabulários e dicionários, para informação quanto à escrita normal, as sequências mm e
dialectológica ou histórico-linguística. nn, as quais se reduzem, respectivamente, a m
e a n: imergir, inovação, inato (quer no sentido
11 – Consideram-se normais na escrita cor- de “congénito”, quer no de “não nascido”), e não
rente as formas quer e requer, dos verbos querer immergir, innovação, innato; emagrecer, emol-
e requerer, em vez de quere e requere: ele quer, durar, enegrecer, enobrecer, e não emmagrecer,
ele o quer, ela requer, ela o requer, quer dizer, e emmoldurar, ennegrecer, ennobrecer.
não ele quere, ele o quere, ela requere, ela o re-
quere, quere dizer. São legítimas, entretanto, as 13 – Os ditongos orais, que em parte tanto
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
formas com e final, quando se combinam com podem ser tónicos como átonos, distribuem-
o pronome enclítico o ou qualquer das suas -se por dois grupos principais, consoante a
flexões: quere-o, quere-os, requere-a, requere-as. subjuntiva soa i ou u: ai, ei, éi (apenas tónico),
A forma quer transmite a sua grafia à conjunção èi (apenas átono), oi, ói (apenas tónico), òi
a que deu origem e mantém-na, além disso, em (apenas átono), ui; au, eu, éu(apenas tónico),
todas as palavras compostas e locuções em que èu (apenas átono), iu, ou (ditongo antigo e
figura: quer ... quer; bem-me-quer, malmequer; ainda dialectal, nivelado na pronúncia normal
onde quer que, quem quer que. com o fechado): braçais, caixote, deveis, eirado,
farnéis, farnèizinhos, goivo, goivar, lençóis, len-
12 – Na representação das vogais nasais devem
observar-se, além de outros suficientemente 12
NE: em diversas versões do texto original, constam
conhecidos, os seguintes preceitos: também os exemplos: ãatá, desealmado e ẽarcado [sic].
78
çòizinhos, tafuis, uivar; cacau, cacaueiro, deu, vocálica; ditongos constituídos por vogal e con-
endeusar, ilhéu, ilhèuzito, mediu, passou, regou- soante nasal, tendo esta o valor de ressonância.
gar. Admitem-se, todavia, excepcionalmente, à Eis a indicação de uns e outros:
parte destes dois grupos, os ditongos ae (=âi ou
ai) e ao (=âu ou au): o primeiro, representado 1o Os ditongos constituídos por vogal com til e
nos antropônimos Caetano e Caetana, assim subjuntiva vocálica são quatro, considerando-se
como nos respectivos derivados e compostos apenas a linguagem normal contemporânea: ãe
(caetaninha, são-caetano, etc.); o segundo, (usado em vocábulos oxítonos e derivados), ãi
representado nas combinações da preposição (usado em vocábulos anoxítonos e derivados),
a com as formas masculinas do artigo ou ão e õe. Exemplos: cães, Guimarães, mãe, mãe-
pronome demonstrativo o, ou sejam ao e aos. zinha; cãibas, cãibeiro, cãibra, zãibo; mão, mão-
Cumpre fixar, a propósito dos ditongos orais, zinha, não, quão (não quam), sótão, sòtãozinho,
os seguintes preceitos particulares: tão (não tam); Camões, orações, oraçõezinhas,
põe, repões. Ao lado de tais ditongos pode, por
1o É o ditongo ui, e não a sequência vocálica exemplo, colocar-se o ditongo ~ui; mas este,
ue, que se emprega nas formas de 2.a e 3.a embora se exemplifique numa forma popular
pessoa do singular do presente do indicativo como r por obediência à tradição.
e igualmente na de 2.a pessoa do singular do
imperativo dos verbos em uir: constituis, influi, 2o Os ditongos constituídos por vogal e conso-
retribui. Harmonizam-se, portanto, essas for- ante nasal equivalente a ressonância são dois:
mas com todos os casos de ditongo ui de sílaba am e em. Divergem, porém, nos seus empregos:
final ou fim de palavra (azuis, fui, Guardafui, a) am (sempre átono) só se emprega em
Rui, etc.); e ficam assim em paralelo gráfico- flexões verbais, onde nunca é lícito substituí-lo
-fonético com as formas de 2.a e 3.a pessoa por ão: amam, deviam, escreveram, puseram;
do singular do presente do indicativo e de 2.a b) em (tónico ou átono e nivelado por ve-
pessoa do singular do imperativo dos verbos zes, tanto em Portugal como no Brasil, com e
em air e em oer: atrais, cai, sai; móis, remói, sói. nasalado) emprega-se em palavras de catego-
rias morfológicas diversas, incluindo flexões
2o É o ditongo ui que representa sempre, em verbais, e pode apresentar variantes gráficas,
palavras de origem latina, a união de um u a determinadas pela posição, pela acentuação
um i átono seguinte. Não divergem, portanto, ou simultaneamente pela posição e pela acen-
formas como fluido de formas como gratuito. E tuação: bem, Bembom (topónimo), Bemposta,
isso não impede que nos derivados de formas cem, devem, nem, quem, sem, tem, virgem;
daquele tipo as vogais u e i se separem: fluídico, Bencanta, Benfeito, Benfica, benquisto, bens,
fluidez (u-i). enfim, enquanto, homenzarrão, homenzinho,
nuvenzinha, tens, virgens; amém (variação de
3o Além dos ditongos orais propriamente ditos, ámen), armazém, convém, mantém, ninguém,
os quais são todos decrescentes, admite-se, porém, Santarém, também; convêm, mantêm,
como é sabido, a existência de ditongos cres- têm (3.ª pessoas do plural); armazéns, desdéns,
centes. Podem considerar-se no número deles convéns, reténs; Belènzada, vintènzinho.
Acordos ortográficos anteriores
carecer de uniformidade (nem sempre aberta terceiras pessoas do singular contém, convém,
em Portugal, nem sempre fechada no Brasil), mantém, provém, etc., e por isso se prescinde
mas apenas para distinguir das correspondentes das formas compostas de têem e vêem.
formas do presente do indicativo (amamos, lou-
vamos, etc.), em benefício da clareza do discur- 21 – Ao passo que se emprega o acento cir-
so, as formas pretéritas com aquela terminação. cunflexo nas formas verbais paroxítonas em
que um e tónico fechado faz hiato com outro
18 – Emprega-se o acento agudo nas palavras e, pertencente à terminação em, prescinde-se
que, tendo vogal tónica aberta, sejam homógra- desse acento nas formas verbais e nominais pa-
fas de palavras sem acentuação própria. Assim roxítonas em que um o tónico fechado faz hiato
se diferençam: pára, flexão de parar, e para, com outro o, final ou seguido de s. Exemplos:
preposição; péla, substantivo e flexão de pelar, crêem, dêem, lêem, vêem (dos verbos crer, dar,
80
ler, ver), e do mesmo modo descrêem, desdêem, acerto (ê), substantivo, e acerto (é), flexão de
relêem, revêem (dos verbos descrer, desdar, reler, acertar; açores (ô), plural de açor (do mesmo
rever); mas, sem acento circunflexo, abençoo, modo o topónimo Açores), e açores (ó), flexão
condoo-me, enjoo, moo, remoo, voos. Com as de açorar; aquele (ê), pronome, e aquele (é),
formas do segundo tipo nivelam-se na escrita, flexão de aquelar; aqueles (ê), plural de aquele,
tal como na pronúncia, várias formas onomás- e aqueles (é), também flexão de aquelar; cerca
ticas de origem greco-latina: Aqueloo, Eoo, etc. (ê), substantivo, advérbio e elemento da locução
prepositiva cerca de, e cerca(é), flexão de cercar;
22 – O emprego do acento circunflexo, para colher (ê), verbo, e colher (é), substantivo; cor
distinguir formas paroxítonas ou oxítonas das (ô), substantivo, e cor (ó), elemento da locu-
suas homógrafas heterofónicas, faz-se apenas ção adverbial de cor; doutores (ô), plural de
em dois casos: 1o) quando uma palavra com doutor, e doutores (ó), flexão de doutorar; ele
vogal tónica fechada é homógrafa de uma (ê), pronome, e ele (é), nome da letral; eles (ê),
palavra sem acentuação própria; 2o) quando plural de ele (ê), e eles (é), plural de ele (é); esse
uma flexão de determinada palavra, também (ê), pronome, e esse (é), nome da letra s; esses
com vogal tónica fechada, é homógrafa de (ê), plural de esse (ê), e esses (é), plural de esse
outra flexão da mesma palavra em que a vogal (é); este (ê), pronome, e este (é), substantivo;
tónica soa aberta. Assim se diferençam, no esteve (ê), flexão de estar, e esteve (é), flexão de
primeiro caso (em que não se inclui a forma estevar; fez (ê), substantivo e flexão de fazer, e
verbal como, escrita tal qual a partícula como, fez (é), substantivo; fora (ô), flexão de ser e ir,
por esta poder ter acentuação própria): côa, e fora (ó), advérbio, interjeição e substantivo;
flexão de coar, e coa, combinação de com e a (do fosse (ô), também flexão de ser e ir, e fosse (ó),
mesmo modo Côa, topónimo); côas, também flexão de fossar; ingleses (ê), plural de inglês, e
flexão de coar, e coas, combinação de com e as; ingleses (é), flexão de inglesar; meta (ê), flexão
pêlo, substantivo, e pelo, combinação de per e de meter, e meta (é), substantivo; nele (ê),
lo; pêlos, plural de pêlo, e pelos, combinação de combinação de em e ele, e nele (é), substantivo;
per e los; pêra, substantivo, e pera, preposição oca (ô), feminino de oco, e oca (ó), substantivo;
arcaica (mas o plural, peras, sem acento); pêro, piloto (ô), substantivo, e piloto (ó), flexão de
substantivo, e pero, conjunção arcaica (mas o pilotar; portuguesa (ê), feminino de português,
plural, peros, também sem acento); Pêro, antro- e portuguesa (é), flexão de portuguesar; rogo
pónimo (com acentuação própria, embora de (ô), substantivo, e rogo (ó), flexão de rogar; seres
origem proclítica), e a mesma conjunção pero; (ê), flexão de ser (ê), e Seres (é), nome de povo;
pôlo, substantivo, e polo, combinação de por e transtorno (ô), substantivo, e transtorno (ó),
lo; pôlos, plural de pôlo, e polos, combinação flexão de transtornar; vezes (ê), plural de vez, e
de por e los; pôr, verbo, e por, preposição; etc. vezes (é), flexão de vezar; etc.
E assim também se diferençam, no segundo
caso: pôde, forma do pretérito perfeito do 23 – Escrevem-se com acento grave, na parte
indicativo do verbo poder, e pode, forma do anterior ao sufixo, os advérbios em mente que
presente do indicativo do mesmo verbo; dêmos, provêm de formas marcadas com acento agudo:
forma do presente do conjuntivo do verbo dar, benèficamente, contìguamente, diàriamente;
Acordos ortográficos anteriores
do ditongo com o i seguinte, dispensam, por Em virtude desta supressão, abstrai-se de sinal
simplificação ortográfica, o acento grave com especial, quer para distinguir, em sílaba átona,
que poderia assinalar-se tal distinção. Segue o um i ou u de uma vogal da sílaba anterior, quer
modelo de Guiana, dispensando igual emprego para distinguir, também em sílaba átona, um i
do acento grave, a forma Guiena, aportuguesa- ou u de um ditongo precedente, quer para dis-
mento do topónimo francês Guyenne. tinguir, em sílaba tónica ou átona, o u de gu ou
qu de um e ou i seguintes: arruinar, constituiria,
26 – Independentemente das contracções depoimento, esmiuçar, faiscar, faulhar, oleicul-
como à, àquele, àquela, àquilo, àqueloutro, etc., tura, paraibano, reunião; abaiucado, auiqui,
que o acento grave diferença de a, aquele, aque- caiumá, cauixi, piauiense; aguentar, anguiforme,
la, aquilo, aqueloutro, etc. (veja-se a base XXIV), arguir, bilíngue, lingueta, linguista, linguístico;
apenas num caso se emprega este acento para apropínque (com a variação apropinqúe), cin-
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quenta, delínquem (com a variação delinqúem), uso limita-se apenas a alguns casos, tendo-se
equestre, frequentar, tranquilo, ubiquidade. em consideração as práticas correntes. Exem-
plos:
28 – Emprega-se o hífen nos compostos em a) nomes em que dois elementos se ligam
que entram, foneticamente distintos (e, por- por uma forma de artigo: Albergaria-a-Velha,
tanto, com acentos gráficos, se os têm à parte), Montemor-o-Novo, Trás-os-Montes;
dois ou mais substantivos, ligados ou não por b) nomes em que entram os elementos grão
preposição ou outro elemento, um substantivo e grã: Grã-Bretanha, Grão-Pará;
e um adjectivo, um adjectivo e um substantivo, c) nomes em que se combinam simetri-
dois adjectivos ou um adjectivo e um substan- camente formas onomásticas (tal como em
tivo com valor adjectivo, uma forma verbal e bispo-conde, médico-cirurgião, etc.): Áustria-
um substantivo, duas formas verbais, ou ainda -Hungria, Croácia-Eslavónia;
outras combinações de palavras, e em que o d) nomes que principiam por um elemento
conjunto dos elementos, mantida a noção da verbal: Passa-Quatro, Quebra-Dentes, Traga-
composição, forma um sentido único ou uma -Mouros, Trinca-Fortes;
aderência de sentidos. Exemplos: água-de- e) nomes que assentam ou correspondem
-colónia, arco-da-velha, bispo-conde, brincos-de- directamente a compostos do vocabulá-
-princesa, cor-de-rosa (adjectivo e substantivo rio comum em que há hífen: Capitão-Mor,
invariável), decreto-lei, erva-de-santa-maria, como capitão-mor; Norte-Americanos, como
médico-cirurgião, rainha-cláudia, rosa-do- norte-americano; Peles-Vermelhas, como pele-
-japão, tio-avô; alcaide-mor, amor-perfeito, -vermelha; Sul-Africanos, como sul-africano;
cabra-cega, criado-mudo, cristão-novo, fogo- Todo-Poderoso, como todo-poderoso.
-fátuo, guarda-nocturno, homem-bom, lugar-
-comum, obra-prima, sangue-frio; alto-relevo, Limitado assim o uso do hífen em compostos
baixo-relevo, belas-letras, boa-nova (insecto), onomásticos formados por justaposição de
grande-oficial, grão-duque, má-criação, pri- vocábulos, são variadíssimos os compostos
meiro-ministro, primeiro-sargento, quota-parte, do mesmo tipo que prescindem desse sinal; e
rico-homem, segunda-feira, segundo-sargento; apenas se admite que um ou outro o tenha em
amarelo-claro, azul-escuro, azul-ferrete, azul- parte, se o exigir a analogia com algum dos
-topázio, castanho-escuro, verde-claro, verde-es- casos supracitados ou se entrar na sua formação
meralda, verde-gaio, verde-negro, verde-rubro; um vocábulo escrito em hífen: A dos Francos
conta-gotas, deita-gatos, finca-pé, guarda-chuva, (povoação de Portugal), Belo Horizonte, Cas-
pára-quedas, porta-bandeira, quebra-luz, torna- telo Branco (topónimo e antropónimo; com a
-viagem, troca-tintas; puxa-puxa, ruge-ruge; variação Castel Branco), Entre Ambos-os-Rios,
assim-assim (advérbio de modo), bem-me-quer, Figueira da Foz, Foz Tua, Freixo de Espada à
bem-te-vi, chove-não-molha, diz-que-diz-que, Cinta, Juiz de Fora, Lourenço Marques, Minas
mais-que-perfeito, maria-já-é-dia, menos-mal Gerais, Nova Zelândia, Ouro Preto, Ponte de
(=“sofrivelmente”), menos-mau(=“sofrível”). Lima, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Santa Rita do
Se, porém, no conjunto dos elementos de um Passa-Quatro, São [ou S.] Mamede de Ribatua,
composto, está perdida a noção da composição, Torre de Dona [ou D.] Chama, Vila Nova de Foz
Acordos ortográficos anteriores
faz-se a aglutinação completa: girassol, madre- Côa. Entretanto, os derivados directos dos com-
pérola, madressilva, pontapé. postos onomásticos em referência, tanto dos
que requerem como dos que dispensam o uso
De acordo com as espécies de compostos que do hífen, exigem este sinal, à maneira do que
ficam indicadas, deveriam, em princípio, exigir sucede com os derivados directos de compostos
o uso do hífen todas as espécies de compostos similares do vocabulário comum. Quer dizer:
do vocabulário onomástico que estivessem em do mesmo modo que se escreve, por exemplo,
idênticas condições morfológicas e semânticas. bem-me-querzinho, grande-oficialato, grão-mes-
Contudo, por simplificação ortográfica, esse trado, guarda-moria, pára-quedista, santa-fèzal,
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em harmonia com bem-me-quer, grande-oficial, f) locuções conjuncionais: a fim de que, ao
grão-mestre, guarda-mor, pára-quedas, santa- passo que, contanto que, logo que, por conse-
-fé, deve escrever-se: belo-horizontino, de Belo guinte, visto como.
Horizonte; castelo-vidense, de Castelo de Vide;
espírito-santense, de Espírito Santo; juiz-forano, 29 – Emprega-se o hífen em palavras formadas
de Juiz de Fora; ponte-limense, de Ponte de Lima; com prefixos de origem grega ou latina, ou com
porto-alegrense, de Porto Alegre; são-tomense, outros elementos análogos de origem grega
de São [ou S.] Tomé; vila-realense, de Vila Real. (primitivamente adjectivos), quando convém
não os aglutinar aos elementos imediatos, por
Convém observar, a propósito, que as locuções motivo de clareza ou expressividade gráfica,
onomásticas (as quais diferem dos compostos por ser preciso evitar má leitura, ou por tal ou
onomásticos como quaisquer locuções diferem tal prefixo ser acentuado graficamente. Assim
de quaisquer compostos, isto é, por não consti- o documentam os seguintes casos:
tuírem unidades semânticas ou aderências de
sentidos, mas conjuntos vocabulares em que os 1 o) compostos formados com os prefixos
respectivos componentes, apesar da associação contra, extra (exceptuando-se extraordinário),
que formam, têm os seus sentidos individuali- infra, intra, supra e ultra, quando o segundo
zados) dispensam, sejam de que espécie forem, elemento tem vida à parte e começa por vogal,
o uso do hífen, sem prejuízo de este se manter h, r ou s: contra-almirante, contra-harmónico,
em algum componente que já de si o possua: contra-regra, contra-senha; extra-axilar, extra-
América do Sul, Beira Litoral, Gália Cisalpina, -humano, extra-regulamentar, extra-secular;
Irlanda do Norte; Coração de Leão, Demónio do infra-axilar, infra-hepático, infra-renal, infra-
Meio-Dia, Príncipe Perfeito, Rainha Santa; etc. -som; intra-hepático, intra-ocular, intra-raqui-
Estão assim em condições iguais às de todas diano; supra-axilar, supra-hepático, supra-renal,
as locuções do vocabulário comum, as quais, supra-sensível; ultra-humano, ultra-oceânico,
a não ser que algum dos seus componentes ultra-romântico, ultra-som;
tenha hífen (ao deus-dará, à queima-roupa,
etc.), inteiramente dispensam este sinal, como 2o) compostos formados com os elementos
se pode ver em exemplos de várias espécies: de origem grega auto, neo, proto e pseudo,
a) locuções substantivas: alma de cântaro, ca- quando o segundo elemento tem vida à parte
beça de motim, cão de guarda, criado de quarto, e começa por vogal, h, r ou s: auto-educação,
moço de recados, sala de visitas; auto-retrato, auto-sugestão; neo-escolástico,
b) locuções adjectivas: cor de açafrão, cor neo-helénico, neo-republicano, neo-socialista;
de café com leite, cor de vinho (casos diferentes proto-árico, proto-histórico, proto-romântico,
de cor-de-rosa, que não é locução, mas verda- proto-sulfureto; pseudo-apóstolo, pseudo-reve-
deiro composto, por se ter tornado unidade lação, pseudo-sábio;
semântica);
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
c) locuções pronominais: cada um, ele pró- 3o) compostos formados com os prefixos anti,
prio, nós mesmos, nós outros, quem quer que arqui e semi, quando o segundo elemento tem
seja, uns aos outros; vida à parte e começa por h, i, r ou s: anti-hi-
d) locuções adverbiais: à parte (note-se o giénico, anti-ibérico, anti-religioso, anti-semita;
substantivo aparte), de mais (locução a que se arqui-hipérbole, arqui-irmandade, arqui-rabino,
contrapõe de menos; note-se demais, advérbio, arqui-secular; semi-homem, semi-interno, semi-
conjunção, etc.), depois de amanhã, em cima, -recta, semi-selvagem;
por certo, por isso;
e) locuções prepositivas: abaixo de, acerca de, 4o) compostos formados com os prefixos ante,
acima de, a fim de, a par de, à parte de, apesar entre e sobre, quando o segundo elemento tem
de, aquando de, debaixo de, enquanto a, por vida à parte e começa por h: ante-histórico;
baixo de, por cima de, quanto a; entre-hostil; sobre-humano;
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5o) compostos formados com os prefixos hiper, 13o) compostos formados com o prefixo sem,
inter e super, quando o segundo elemento tem quando este mantém a pronúncia própria e
vida à parte e começa por h ou por um r que o segundo elemento tem vida à parte: sem-
não se liga foneticamente ao r anterior: hiper- -cerimónia, sem-número, sem-razão;
-humano; inter-helénico, inter-resistente; super-
-homem, super-requintado; 14o) compostos formados com o prefixo ex,
quando este tem o sentido de cessamento
6o) compostos formados com os prefixos ab, ad ou estado anterior: ex-director, ex-primeiro-
e ob, quando o segundo elemento começa por -ministro, ex-rei;
um r que não se liga foneticamente ao b ou d
anterior: ab-rogar; ad-renal; ob-reptício; 15o) compostos formados com os prefixos vice e
vizo (salvo se o segundo elemento não tem vida
7o) compostos formados com o prefixo sub, à parte: vicedómino), ou com os prefixos soto e
ou com o seu paralelo sob, quando o segundo sota, quando sinónimos desses: vice-almirante,
elemento começa por b, por h (salvo se não tem vice-cônsul, vice-primeiro-ministro; vizo-rei, vi-
vida autónoma: subastar, em vez de sub-hastar), zo-reinado, vizo-reinar; soto-capitão, soto-mestre,
ou por um r que não se liga foneticamente ao soto-piloto; sota-capitão, sota-patrão, sota-piloto;
b anterior: sub-bibliotecário, sub-hepático, sub-
-rogar; sob-roda, sob-rojar; 16o) compostos formados com prefixos que
têm acentos gráficos, como além, aquém, pós
8o) compostos formados com o prefixo circum, (paralelo de pos), pré (paralelo de pre), pró (com
quando o segundo elemento começa por vogal, o sentido de “a favor de”), recém: além-Atlântico,
h, m ou n: circum-ambiente, circum-hospitalar, além-mar; aquém-Atlântico, aquém-fronteiras;
circum-murado, circum-navegação; pós-glaciário, pós-socrático; pré-histórico, pré-
-socrático; pró-britânico, pró-germânico; recém-
9o) compostos formados com o prefixo co, -casado, recém-nascido.
quando este tem o sentido de “a par” e o se-
gundo elemento tem vida autónoma: co-autor, 30 – Emprega-se o hífen nos vocábulos ter-
co-dialecto, co-herdeiro, co-proprietário; minados por sufixos de origem tupi-guarani
que representam formas adjectivas, como açu,
10o) compostos formados com os prefixos com guaçu e mirim, quando o primeiro elemento
e mal, quando o segundo elemento começa acaba em vogal acentuada graficamente ou
por vogal ou h: com-aluno; mal-aventurado, quando a pronúncia exige a distinção gráfica
mal-humorado; dos dois elementos: amoré-guaçu, anajá-mirim,
andá-açu, capim-açu, Ceará-Mirim.
11o) compostos formados com o elemento de
origem grega pan, quando o segundo elemento 31 – Emprega-se o hífen nas ligações da prepo-
tem vida à parte e começa por vogal ou h: pan- sição de às formas monossilábicas do presente
-americano, pan-americanismo; pan-helénico, do indicativo do verbo haver: hei-de, hás-de,
pan-helenismo; há-de, heis-de, hão-de.
Acordos ortográficos anteriores
12 o) compostos formados com o prefixo 32 – É o hífen que se emprega, e não o tra-
bem, quando o segundo elemento começa vessão, para ligar duas ou mais palavras que
por vogal ou h, ou então quando começa por ocasionalmente se combinam, formando,
consoante, mas está em perfeita evidência de não propriamente vocábulos compostos, mas
sentido: bem-aventurado, bem-aventurança, encadeamentos vocabulares: a divisa Liberdade-
bem-humorado; bem-criado, bem-fadado, bem- -Igualdade-Fraternidade; a estrada Rio de
-fazente, bem-fazer, bem-querente, bem-querer, Janeiro-Petrópolis; o desafio de xadrez Inglater-
bem-vindo; ra-França; o percurso Lisboa-Coimbra-Porto.
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33 – É inadmissível o uso do apóstrofo nas com tais formas: em o=no, em um=num, em
combinações das preposições de e em com as algum=nalgum, em outro=noutro, etc.
formas do artigo definido, com formas prono-
minais diversas e com formas adverbiais (ex- 34 – Quando a preposição de se combina com
ceptuado o que se estabelece nas bases XXXV e as formas articulares ou pronominais o, a, os e
XXXVI). Tais combinações são representadas: as, ou com quaisquer pronomes ou advérbios
começados por vogal, mas acontece estarem
1o) por uma só forma vocabular, se constituem, essas palavras integradas em construções de
de modo fixo, uniões perfeitas: infinitivo, não se emprega o apóstrofo, nem
a) do, da, dos, das; dele, dela, deles, delas; se funde a preposição com a forma imediata,
deste, desta, destes, destas, disto; desse, dessa, escrevendo-se estas duas separadamente: a fim
desses, dessas, disso; daquele, daquela, daqueles, de ele compreender; apesar de o não ter visto; em
daquelas, daquilo; destoutro, destoutra, destou- virtude de os nossos pais serem bondosos; por
tros, destoutras; dessoutro, dessoutra, dessoutros, causa de aqui estares.
dessoutras; daqueloutro, daqueloutra, daque-
loutros, daqueloutras; daqui; daí; dali; dacolá; 35 – Faz-se uso do apóstrofo para cindir
donde; dantes (= “antigamente”); graficamente uma contracção ou aglutinação
b) no, na, nos, nas; nele, nela, neles, nelas; vocabular, quando um elemento ou fracção
neste, nesta, nestes, nestas, nisto; nesse, nessa, respectiva pertence propriamente a um con-
nesses, nessas, nisso; naquele, naquela, naque- junto vocabular distinto: d’“Os Lusíadas”, d’“Os
les, naquelas, naquilo; nestoutro, nestoutra, Sertões”; n’“Os Lusíadas”, n’“Os Sertões”; pel’“Os
nestoutros, nestoutras; nessoutro, nessoutra, Lusíadas”, pel’“Os Sertões”. Nada obsta, contu-
nessoutros, nessoutras; naqueloutro, naquelou- do, a que estas escritas sejam substituídas por
tra, naqueloutros, naqueloutras; num, numa, empregos de preposições íntegras, se o exigir
nuns, numas; noutro, noutra, noutros, noutras, razão especial de clareza, expressividade ou ên-
noutrem; nalgum, nalguma, nalguns, nalgumas, fase: de “Os Lusíadas”, em “Os Lusíadas”, por “Os
nalguém, nalgo; Lusíadas”, etc. Às cisões indicadas são análogas
as dissoluções gráficas que se fazem, embora
2o) por uma ou duas formas vocabulares, se sem emprego do apóstrofo, em combinações
não constituem, de modo fixo, uniões perfeitas da preposição a com palavras pertencentes a
(apesar de serem correntes com esta feição na conjuntos vocabulares imediatos: a “A Relíquia”,
pronúncia portuguesa): de um, de uma, de uns, a “Os Lusíadas” (exemplos: expressões impor-
de umas, ou dum, duma, duns, dumas; de algum, tadas a “A Relíquia”; recorro a “Os Lusíadas”).
de alguma, de alguns, de algumas, de alguém, de Em tais casos, como é óbvio, entende-se que
algo, de algures, de alhures, ou dalgum, dalguma, a dissolução gráfica nunca impede na leitura
dalguns, dalgumas, dalguém, dalgo, dalgures, a combinação fonética: a A=à, a Os =aos, etc.
dalhures; de outro, de outra, de outros, de outras,
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
de outrem, de outrora, ou doutro, doutra, dou- 36 – Pode cindir-se por meio do apóstrofo uma
tros, doutras, doutrem, doutrora; de aquém ou contracção ou aglutinação vocabular, quando
daquém; de além ou dalém; de entre ou dentre. um elemento ou fracção respectiva é forma
De acordo com os exemplos deste último tipo, pronominal e se lhe quer dar realce com o uso
tanto se admite o uso da locução adverbial de da maiúscula (veja-se a base XLV): d’Ele, n’Ele,
ora avante como do advérbio que representa a d’Aquele, n’Aquele, d’O, n’O, pel’O, m’O, t’O, lh’O,
contracção dos seus três elementos: doravante. casos em que a segunda parte, forma masculina,
Relativamente às combinações da preposição é aplicável a Deus, a Jesus, etc.; d’Ela, n’Ela,
em com formas articulares e pronominais, d’Aquela, n’Aquela, d’A, n’A, pel’A, m’A, t’A, lh’A,
observe-se que legitimamente coexistem com casos em que a segunda parte, forma feminina,
elas, abonadas pela tradição da Língua, cons- é aplicável à mãe de Jesus, à Providência, etc.
truções em que essa preposição se não combina Exemplos frásicos: confiamos n’O que nos sal-
86
vou; esse milagre revelou-m’O; está n’Ela a nossa 39 – Os nomes de raças, povos ou populações,
esperança; pugnemos pel’A que é nossa padroeira. qualquer que seja a sua modalidade, os nomes
À semelhança das cisões indicadas, pode pertencentes ao calendário, com excepção
dissolver-se graficamente, posto que sem uso das designações dos dias da semana, escritas
do apóstrofo, uma combinação da preposi- sempre com minúscula, e os nomes de festas
ção a com uma forma pronominal realçada públicas tradicionais, seja qual for o povo a que
pela maiúscula: a O, a Aquele, a A, a Aquela se refiram, escrevem-se todos com maiúscula
(entendendo-se que a dissolução gráfica nunca inicial, por constituírem verdadeiras formas
impede na leitura a combinação fonética: a onomásticas. Exemplos: os Açorianos, os Ame-
O=ao, a Aquele=àquele, etc.). Exemplos frási- ricanos, os Brasileiros, os Cariocas, os Hispanos,
cos: a O que tudo pode; a Aquela que nos protege. os Lisboetas, os Louletanos, os Marcianos, os
Mato-Grossenses, os Minhotos, os Murtoseiros,
37 – Sempre que, no interior de uma pala- os Negros, os Portugueses, os Tupinambás;
vra composta, se dá invariavelmente, tanto Abril, Brumário, Elafebólion, Nissã ou Nissão,
em Portugal como no Brasil, a elisão do e da Outono, Primavera, Ramadã ou Ramadão, Xe-
preposição de, emprega-se o apóstrofo: cobra- bate; Carnaval (também nome do calendário),
-d’água, copo-d’água (planta, etc. ), galinha- Elafebólias, Lupercais, Saturnais, Tesmofórias.
-d’água, mãe-d’água, pau-d’água, pau-d’alho, Relativamente a todos estes nomes, note-se
pau-d’arco. Dando-se, porém, o caso de essa que é importante distinguir deles as formas
elisão ser estranha à pronúncia brasileira e que podem corresponder-lhes como nomes
só se verificar na portuguesa, o apóstrofo é comuns e que, como tais, exigem o emprego da
dispensado, escrevendo-se a preposição em minúscula inicial: muitos americanos, quaisquer
forma íntegra: alfinete-de-ama, maçã-de-adão, portugueses, todos os brasileiros; fevereiro (nome
mão-de-obra, pé-de-alferes. Observe-se que no de uma ave), outonos (cereais que se semeiam
primeiro caso (elisão invariável) o emprego do no Outono), primavera (nome de plantas).
apóstrofo dispensa o hífen entre a preposição e Note-se ainda que os nomes de raças, povos ou
o elemento imediato. populações mantêm a maiúscula inicial, quan-
do empregados, por metonímia, no singular: o
38 – Emprega-se o apóstrofo nas ligações das Brasileiro=os Brasileiros, o Mineiro=os Mineiros,
formas santo e santa a nomes do hagiológio, o Minhoto=os Minhotos, o Negro=os Negros, o
quando importa representar a elisão das vogais Português=os Portugueses, o Tupinambá=os
finais o e a: Sant’Ana, Sant’Iago, etc. É, pois, Tupinambás.
correcto escrever: Calçada de Sant’Ana, Rua de
Sant’Ana; culto de Sant’Iago, Ordem de Sant’Iago. 40 – Escrevem-se com maiúscula inicial os
Mas, se as ligações deste género, como é o caso vocábulos que nomeiam pessoas de maneira
destas mesmas Sant’Ana e Sant’Iago, se tornam vaga, fazendo as vezes de antropónimos, como
perfeitas unidades mórficas, soldam-se os dois Fulano, Sicrano, Beltrano e respectivos femini-
elementos: Fulano de Santana, ilhéu de Santana, nos: Fulano de tal; Fulana de tal; Fulano disse
Santana do Parnaíba; Fulano de Santiago, ilha uma coisa, Fulana outra; Fulano, Sicrano e Bel-
de Santiago, Santiago do Cacém. Em paralelo trano pensam do mesmo modo. Quando, porém,
Acordos ortográficos anteriores
plos dos três casos: Entre-os-Rios (povoação de ab-||soluto, ac-||ção, ad-||jectivo, adop-||ção, af-
Portugal), Montemor-o-Novo, Trás-os-Montes; -||ta, bet-||samita, íp-||silon, ob-||viar; des-||cer,
América do Norte, Entre Douro e Minho, Freixo dis-||ciplina, flores-||cer, nas-||cer, res-||cisão;
de Espada à Cinta, Santo André da Borda do ac-||ne, ad-||mirável, Daf-||ne, diafrag-||ma,
Campo, Rio Grande do Sul; Rossio ao sul do drac-||ma, ét-||nico, rit-||mo, sub-||meter;
Tejo, Viana de a par de Alvito (ou Viana a par am-||nésico, interam-||nense; bir-||reme, cor-
de Alvito). Esta norma é extensiva a quaisquer -||roer, pror-||rogar; as-||segurar, bis-||secular,
combinações de palavras que se escrevam com sos-||segar; bissex-||to, contex-||to, ex-||citar;
maiúsculas iniciais (veja-se o que ficou expresso atroz-||mente, capaz-||mente, infeliz-||mente;
89
am-||bição, desen-||ganar, en-||xame, man-||chu, 49 – O ponto de interrogação e o ponto de
Mân-||lio; etc. exclamação apenas se empregam nas suas for-
mas normais (? e !), comuns à escrita de grande
3o As sucessões de mais de duas consoantes ou número de idiomas. Não se faz uso, portanto,
de uma ressonância nasal e duas ou mais con- das suas formas invertidas (¿ e ¡), para assinalar
soantes são divisíveis por um de dois modos: se o início de uma interrogação ou de uma excla-
nelas entra um dos grupos que são indivisíveis mação, sejam quais forem as dimensões destas.
(de acordo com o preceito lo), esse grupo forma
sílaba para diante, ficando a consoante ou con- 50 – Para ressalva de direitos, cada qual poderá
soantes que o precedem ligadas à sílaba ante- manter a escrita que, por costume, adopte na as-
rior; se nelas não entra nenhum desses grupos, sinatura do seu nome. Com o mesmo fim, pode
a divisão dá-se sempre antes da última conso- manter-se a grafia original de quaisquer firmas
ante, quer sejam todas pronunciadas, quer haja comerciais, nomes de sociedades, marcas e
alguma que não soe. Exemplos dos dois casos: títulos que estejam inscritos em registo público.
cam-||braia, ec-||tlipse, em-||blema, ex-||plicar,
in-||cluir, ins-||crição, subs-||crever, trans-||gredir; 51 – Recomenda-se que os topónimos de lín-
abs-||tenção, antárc-||tico, arc-||tópode, disp- guas estrangeiras se substituam, tanto quanto
-||neia, inters-||telar, lamb-||dacismo, sols-||ticial, possível, por formas vernáculas, quando estas
Terp-||sícore, tungs-||ténio. sejam antigas em português, ou quando entrem,
ou possam entrar, no uso corrente. Exemplos:
4o As vogais consecutivas que não pertencem Anvers, substituído por Antuérpia; Berne, por
a ditongos decrescentes (as que pertencem a Berna; Canterbury, por Cantuária; Cherbourg,
ditongos deste tipo nunca se separam: ai-||roso, por Cherburgo; Garonne, por Garona; Helsinki,
cadei-||ra, insti-||tui, ora-||ção, sacris-||tães, por Helsínquia; Jutland, por Jutlândia; Louvain,
traves-||sões) podem, se a primeira delas não por Lovaina; Mainz, por Mogúncia; Montpellier,
é u precedido de g ou q, e mesmo que sejam por Mompilher; München, por Munique; Zürich,
iguais, separar-se na escrita: ala-||úde, áre-||as, por Zurique; etc.
ca-||apeba, co-||ordenar, do-||er, flu-||idez, perdo-
-||as, vo-||os. O mesmo se aplica aos casos de Lisboa, 25 de Setembro de 1945
contiguidade de ditongos, iguais ou diferentes,
ou de ditongos e vogais: cai-||ais, cai-||eis, ensai- O PRESIDENTE DA CONFERÊNCIA: Julio
-||os, flu-||iu. Dantas.
Art. 1o O Decreto no 6.583, de 29 de setem- Brasília, 27 de dezembro de 2012; 191o da In-
bro de 2008, passa a vigorar com as seguintes dependência e 124o da República.
alterações:
“Art. 2o....................................................... DILMA ROUSSEFF – Ruy Nunes Pinto
Parágrafo único. A implementação do Nogueira
Acordo obedecerá ao período de transição
de 1o de janeiro de 2009 a 31 de dezembro Decretado em 27/12/2012 e publicado no DOU de
de 2015, durante o qual coexistirão a norma 28/12/2012.
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
94
Decreto no 6.583/2008
Promulga o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro
de 1990.
96
Informações complementares
Índice de assuntos do
HÍFEN
* emprego do hífen – Anexo II, 6./ Estado da S
questão – 6.1. – O hífen nos compostos – 6.
2 – O hífen nas formas derivadas – 6.3 – O SEQUÊNCIAS CONSONÂNTICAS
hífen na ênclise e tmese – 6. 4. * Anexo I, Base IV, 1o e 2o
* hífen em compostos, locuções e encadea-
mentos vocabulares – Anexo I, Base XV, 1o
a 6o, a) a f), e 7o T
* hífen na ênclise, na tmese e com o verbo
haver – Anexo I, Base VII, 1o e 2o TREMA
* hífen nas formações por prefixação, recom- * abolição do trema – Anexo II, 7.2.
posição e sufixação – Anexo I, Base XVI, 1o, * inteiramente suprimido – Anexo I, Base
a) a f), 2o, a) e b), e 3o XIV
H INICIAL E FINAL
* Anexo I, Base II, 1o a 4o V
Informações complementares