Em Contraponto à Pandemia I

Introdução, Cantus Firmus e Primeira Espécie

Introdução O Estudo do Contraponto

O que é contraponto? 

- Um estilo compositivo (explora a individualidade das vozes que compõem um
trecho ou obra musical) 


- Uma disciplina que se dedica ao estudo da arte da condução e interação de vozes
- Um contracanto (cantus contra cantus) 


Com que finalidade estudamos contraponto? 


- Ferramenta para composições e confecção de arranjos 

- Para compreensão de peças (performance e memorização)


Estudos estilísticos (Palestrina e J. S. Bach) 


- Palestrina 

o Johann Joseph Fux
§ Gradus ad Parnassum (1725)
§ Dedicado ao estilo de Palestrina (trata de uma época passada)
• “why I should be doing so [writing this book] just at this
time when music has become almost arbitrary and
composers refuse to be bound by any rules and principles,
detesting the very name of school and law like death itself”
(Fux, p. 17)
§ Contraponto modal (uma prática não corrente na época)
§ Didática
• Espécies (organização)
• Mestre e aprendiz
§ Utilizado por grandes compositores como Mozart, Haydn,
Beethoven, Schubert, Brahms, ...
o J. S. Bach
§ Maior referência estilística com respeito ao contraponto tonal 


Proposta de Salzer e Schachter

- Contraponto por espécies: estudo de condução de vozes de laboratório 

- Manifestação das espécies no contraponto tonal 


O Cantus Firmus

Significado
- Linha de melódica de referência para composição de obras polifônicas
- No estudo do contraponto em espécies: forma de organização melódica mais
simples
 - São eliminados os fatores harmônicos, rítmicos e motívicos para que o estudante
possa se concentrar nos aspectos puramente melódicos
- Abstração e fluência melódica

Ritmo e comprimento
- Valores rítmicos iguais
o Valor pedagógico
o Foco nos aspectos lineares
o A linha deve existir a partir apenas de seu contorno melódico, sem o
auxilio de qualquer variação rítmica
o Todas as notas recebem a mesma importância (same stress)
- De 8 a 16 notas

Relação com a voz humana

- Preferência por graus conjuntos
- Intervalos e contorno melódico devem ser de fácil entonação
o Intervalos “permitidos:” segundas e terças maiores e menores, quartas,
quintas e oitavas justas, e sextas menores (diatônicos!)
o Evitar saltos grandes e intervalos dissonantes
- Tessitura vocal
o Não deve ultrapassar uma décima

Direção
- Na música, é definida por diversas características, como melodia, harmonia, ritmo
e contraponto
- No contraponto estrito é definida apenas através da relação entre o início, clímax
e fim.
- Deve começar e terminar na mesma nota
- O clímax não deve ser repetido

Continuidade (fluência melódica)

- Preferir movimento por grau conjunto
- Atingir o clímax e resolver a tensão gerada por este

Variedade melódica
- Uso de saltos
- Mudança de direção melódica

Uso de saltos
- Não utilizar muitos saltos em sequência (não mais que três)
- Quando possível, compensar saltos grandes por movimento contrário em grau
conjunto (preencher o espaço criado)
- Saltos pequenos (terças) podem ser seguidos por grau conjunto na mesma direção
- Evitar dois saltos grandes na mesma direção
Aspectos que podem comprometer o equilíbrio do CF
- Movimento excessivo em uma só direção 

- Tensões melódicas não resolvidas 

- Repetições de notas ou grupo de notas 


Início e fim
- 1 grau da escala (finalis) 


A Primeira Espécie a duas vozes

Nota contra nota

Apenas consonâncias
- 3as, 6as, 5as e 8as
- 2as, 7as e 4as são consideradas dissonâncias neste contexto e, portanto, não são
permitidas.
Movimentação
- Contrário
- Oblíquo
- Paralelo
- Direto

Início
- Quinta, oitava e uníssono (contraponto na voz superior)
- Somente oitava e uníssono (contraponto na voz inferior)

Fim
- Oitava atingida por grau conjunto em ambas as vozes
- Uníssono deve ser reservado para início e fim

A linha do contraponto deve possuir as mesmas características melódicas do CF

- Ponto culminante
- Fluência melódica

Variedade harmônica
- Repetir no máximo três vezes o mesmo intervalo consecutivamente