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CULTO MENSAL
(JANEIRO/2020)
É realmente verdade que gratidão gera gratidão e lamúria atrai lamúria. Isto ocorre
porque o coração agradecido comunica-se com as forças divinas, e o queixoso, com as
forças malignas. Assim, quem vive agradecendo, torna-se naturalmente feliz e quem vive
lamuriando, torna-se infeliz. O ensinamento da religião Oomoto: “Alegrem-se que virão
coisas alegres” é, realmente, uma sábia afirmação.
2) FÉ É CONFIANÇA
Existem muitas pessoas que seguem uma religião ou crença, mas é raro o homem de
verdadeira fé. Vou descrevê-lo. O fato de alguém se achar um religioso exemplar nada
significa, pois isso é uma constatação subjetiva. Só poderá ser considerado como tal aquele
que assim for reconhecido objetivamente. Como devemos agir para nos tornarmos
autênticas pessoas de fé? Teoricamente é simples: ser alguém que mereça a confiança do
próximo. Por exemplo, que as pessoas possam comentar a seu respeito: “Não há erro no
que ela diz”; “Aquela é uma pessoa magnífica!”; “Posso me relacionar com ela sem nenhum
receio”. E como devemos proceder para obter tal confiança? Isso não é difícil. O essencial é
não mentir e favorecer primeiramente o próximo, deixando os próprios interesses em
segundo plano. Ou seja, se a pessoa for alvo de comentários como: “Ela me ajudou muito!”;
“Sua amizade só me traz coisas boas”; “É uma pessoa realmente gentil...”; “Sinto-me bem
sempre que me encontro com ela”, certamente, terá o respeito e a estima de todos. Se
encontrássemos alguém assim, desejaríamos cultivar sua amizade, conversar
tranquilamente sobre qualquer assunto e, em pouco tempo, nos tornaríamos amigos
próximos. Se vocês pensarem a respeito de si próprios, compreenderão, de imediato, o que
quero dizer. Gostaria de ressaltar, entretanto, que essa conduta não pode ter caráter
passageiro. Exemplifiquemos com o arroz: quanto mais o mastigamos, mais saboroso ele se
torna. Costumo dizer que o ser humano deve ser como o arroz, que nos é imprescindível.
Quando observamos o mundo, notamos que existem, em demasia, pessoas que, sem
nenhum receio, agem de forma que as faz perder a confiança do próximo. Em primeiro lugar,
mentem de tal maneira, que podem ser desmascaradas a qualquer momento. Mesmo que
possuam outras qualidades, uma única mentira põe a confiança a perder, de uma só vez.
Realmente, é o cúmulo da estupidez. Se averiguarmos por que certas pessoas não
melhoram de situação, apesar de serem esforçadas e assíduas no trabalho, veremos que,
sem exceção, elas perdem a confiança devido às suas mentiras. A confiança é realmente
um tesouro. Quem a merece, jamais passará por dificuldades financeiras, pois todos terão
prazer em lhe fazer empréstimos. Até aqui vinha me referindo à confiança entre os seres
humanos. Indo além, digo-lhes que obter a confiança de Deus é o que há de mais precioso.
Se a conseguirmos, tudo correrá bem e teremos uma vida repleta de alegrias.
3) PESSOA SIMPÁTICA
Talvez não exista outra palavra que soe tão agradavelmente quanto simpatia.
Pensando bem, na vida, a simpatia é mais importante do que imaginamos, pois, não se
limitando ao destino do indivíduo, sua relação com a sociedade é grande. Por exemplo, se
alguém se sentir bem ao ter contato com uma pessoa simpática e se essa corrente for se
propagando continuamente, é óbvio que a sociedade se tornará bastante agradável. Por
conseguinte, situações abomináveis, principalmente o conflito e o crime, diminuiriam e,
espiritualmente, surgiria o Paraíso. Não existe outro meio melhor que este, pois não requer
dinheiro, não é trabalhoso e pode ser posto em prática imediatamente. Embora isso pareça
deveras fácil e simples de praticar, como todos sabem, na realidade, não é, já que não basta
que a simpatia seja apenas aparente. A verdadeira simpatia aflora do interior; é
indispensável, portanto, que a pessoa seja sincera de coração, o que depende do
sentimento. Em suma, o fundamental é o espírito de amor altruísta. A esse respeito, gostaria
de escrever um pouco sobre a minha pessoa. É estranho eu mesmo falar, mas, desde
jovem, aonde quer que eu fosse, quase nunca era odiado ou detestado. Pelo contrário, na
maioria das vezes, era estimado e amado pelas pessoas. Analisando a razão desse fato,
concluí que possuo algo que me parece ser o motivo: em qualquer circunstância, deixo
meus interesses e satisfação pessoal em segundo plano; procuro ter em mente apenas
aquilo que satisfaz e deixa os outros felizes. Ajo assim, não por razões morais ou religiosas,
mas naturalmente. Ou seja, esta é a minha natureza. Em outras palavras, é até um hobby
para mim. Por essa razão, muitos dizem que possuo uma personalidade privilegiada, e é
possível que tenha mesmo. Depois que me tornei religioso, obviamente essa característica
se intensificou. Então, quando vejo uma pessoa sofrendo por doença, não consigo ficar
parado e impassível, e sinto vontade de curá-la a qualquer custo. Ministro-lhe Johrei, ela é
curada e fica feliz. Ao ver sua alegria, esta se reflete em mim e eu me sinto feliz também.
Por ser assim, no passado, criei inúmeros problemas e sofri muito. Mesmo quando percebia
que não havia mais chance de cura e que deveria desistir logo, atendendo às súplicas por
parte da própria pessoa e sua família, eu cedia e, não pesando os prós e os contras,
persistia nas visitas, ainda que fossem em locais distantes. Gastava tempo e dinheiro e, no
final, o resultado não era bom. Desapontava a todos e, muitas vezes, recebia queixas e era
odiado. Sempre que isso ocorria, eu me censurava, achando que deveria tornar-me menos
sensível. Minha personalidade me ajudou muito também na construção do protótipo do
Paraíso Terrestre e do Museu de Belas-Artes; portanto, creio que ela me tenha sido
atribuída por Deus. Por exemplo, quando estou diante de uma magnífica obra de arte ou de
uma paisagem maravilhosa, não vejo graça nenhuma em apreciá-las sozinho e até fico
incomodado. Nasce em mim, o desejo de mostrá-las e de entreter o maior número de
pessoas possível. Dessa forma, ao invés de desfrutar das mesmas sozinho, minha maior
satisfação é divertir e alegrar o próximo, o que também me traz alegria e prazer.
4) BOM SENSO
A verdadeira fé deve ter como foco não ferir o bom senso no falar e no agir. É preciso
cautela com relação à fé baseada em ações excêntricas, discursos estranhos e possessões
por divindades, muito comuns na sociedade. Entretanto, muitas pessoas tendem a dar mais
crédito e a se sentir gratas a esses tipos de fé por não possuírem conhecimento espiritual.
Isso é até compreensível, mas é preciso cuidado. Também é reprovável a fé que se julga
superior às outras, que não se relaciona com pessoas de outros grupos religiosos. A
verdadeira fé é aquela que crê que a missão da religião é salvar a humanidade e evita agir
de forma exclusivista, sem se restringir ao próprio grupo. Basta observar o caso do Japão
antes do fim da Segunda Guerra Mundial para entender o que quero dizer: sofreu amarga
derrota por ter visado apenas ao próprio bem e ficado indiferente à sorte dos demais países.
Acredito que o propósito final da fé é a formação de seres humanos perfeitos.
Evidentemente, não se pode esperar a perfeição do mundo, mas o aperfeiçoamento para
consegui-la passo a passo é a verdadeira atitude de fé. Portanto, quanto mais a pessoa se
empenha na fé, mais deve se portar como uma pessoa comum. Isto ocorre porque ela
assimilou completamente a fé. A pessoa deve chegar a tal ponto que, sem dar indícios da fé
que professa, causa boa impressão a todos, e seus atos e palavras sempre se baseiam no
bom senso. No seu contato com os outros, assemelha- se à suave brisa da primavera. É
modesta, gentil, e deseja crescente felicidade do próximo e o bem-estar da comunidade.
Sempre afirmo: para ser feliz, é preciso fazer o próximo feliz, pois a Divina recompensa que
disto provém é a verdadeira felicidade. Portanto, devem saber que buscar a própria
felicidade com o sacrifício alheio significa provocar nada mais que um efeito contrário.
Desde os tempos antigos, existe a máxima: “Deus é ordem.” Essa afirmação é de vital
importância para tudo em nossa vida. Por esse motivo, é preciso que tenham consciência
disso. Observando os movimentos de todas as coisas da natureza, podemos notar que estas
se movem dentro de uma perfeita ordem. Por exemplo, as estações do ano seguem
determinada sequência: do inverno passa para a primavera, depois para o verão e,
finalmente, para o outono. As flores também desabrocham seguindo essa mesma ordem:
primeiramente as das ameixeiras, depois as das cerejeiras, seguidas das glicínias e das íris.
A criação e o desenvolvimento na natureza ocorrem todos os anos sem nenhuma falha.
Assim, ela nos ensina a ordem. Se o ser humano desconhecer o que é ordem e lhe for
indiferente, nada se passará em harmonia. Os obstáculos serão frequentes, e o caos se
estabelecerá facilmente. No entanto, até hoje, a maioria dos seres humanos não têm
respeitado a ordem, o que é compreensível, pois não há quem os ensine a fazê-lo. Buscarei
apresentar um panorama sobre ordem que deve ser conhecido por todos. Primeiramente, é
necessário saber que os fenômenos do Mundo Material são “transferências” vindas do
Mundo Espiritual e, ao mesmo tempo, se refletem no Mundo Espiritual. Uma vez que ordem
significa caminho e lei (79) , transgredi-la significa desviar-se do caminho, violar a lei e não
manter a civilidade. O termo budista doho-reissetsu (80) expressa esses aspectos a respeito
da ordem. Há uma ordem a ser respeitada pelo ser humano em suas atividades cotidianas
bem como no comportamento entre os familiares. Por exemplo, quanto à disposição das
pessoas em um aposento, a parte principal deste é o tokonoma e, na sua ausência, essa
parte será o local mais afastado da entrada. Nessa ordem, deve sentar-se o pai, depois a
mãe, o primogênito, a primogênita, o segundo filho, a segunda filha e assim por diante.
Procedendo-se assim, as conversas em família transcorrerão em harmonia. Por mais que se
preze a democracia, se estivermos em desacordo com a lei, evidentemente não há razão
para que os resultados sejam positivos. Vejamos: suponhamos que haja uma ponte que só
pode ser atravessada por uma pessoa de cada vez. Se muitas pessoas tentarem atravessá-
la ao mesmo tempo, obviamente o tumulto se estabelecerá, e todas se precipitarão no rio.
Não haverá outra forma, senão atravessar uma de cada vez. Nessa ocasião é que se
observa a necessidade da ordem. Outro exemplo: suponhamos que alguém venha nos
visitar. O assento a ser ocupado pelo visitante e sua localização no aposento obedecem a
uma ordem que depende da relação do visitante com o dono da casa: se é a primeira vez
que se encontram, se são amigos ou conhecidos; se é um superior ou subalterno. Da
mesma forma, as saudações devem ser adequadas ao momento, pois de acordo com a
pessoa, há diferença. Por conseguinte, se atentarmos para esses pontos, tudo correrá bem
e não haverá nenhum mal-estar. Mesmo em relação às senhoras, aos idosos e às crianças,
é igualmente importante levar em consideração a atitude e a maneira de conversar. O
essencial é, na medida do possível, causar-lhes uma impressão agradável. Este deve ser o
critério principal. Existem famílias que reservam os aposentos dos filhos e dos empregados
nos andares superiores da casa e o dos pais no andar inferior, mas esse procedimento não
está correto. Nessas famílias, os filhos e os empregados passam a não mais dar ouvidos
aos respectivos pais e patrões. E quando, ao invés do marido, a esposa dorme na parte
principal do aposento, ela deixa de ser gentil. Há pessoas que cultuam budas e divindades
em altares entronizados no andar térreo e dormem no andar superior. Uma vez que a
divindade fica em posição inferior em relação ao ser humano, ela não consegue manifestar
forças para a concessão de graças. Além disso, trata-se uma grande falta de respeito, sendo
até preferível deixar de entronizá-los. O mesmo se aplica ao altar dos antepassados:
posicionar-se acima dos antepassados é uma grave falta de respeito por parte dos
descendentes. Afinal de contas, como os eventos ocorridos no Mundo Material se refletem
no Mundo Espiritual, o equilíbrio existente entre os dois mundos é rompido. Esta lógica
também se aplica ao país e à sociedade, sendo que a consequência mais grave é o conflito
no setor industrial, entre capitalistas e trabalhadores. Nenhuma ação é mais transgressora à
ordem do que o controle dos meios de produção que é, em especial, o pior de tudo. Vamos
supor o caso de uma empresa. Para administrar e fazê-la progredir, é preciso que a ordem
seja observada em todos os sentidos. Em outros termos, o presidente deve assumir o
controle geral; os membros da diretoria devem tomar parte na deliberação dos assuntos de
maior importância; os técnicos devem empenhar-se em suas especialidades e os
trabalhadores, naquilo que lhes compete. Se todos se organizarem em forma de pirâmide,
com certeza, a empresa não deixará de prosperar. No entanto, uma vez que aquele que
controla os meios de produção inverte a pirâmide, fica evidente que o negócio acabará
entrando em colapso. Já que o conflito entre capitalistas e trabalhadores acaba por arruinar
ambas as partes, isso constitui uma tolice. É necessária, portanto, uma administração que
concilie as partes, observe a ordem e priorize a paz. Não há outro meio para que todos
alcancem a felicidade. Creio que o primeiro passo para se obter a prosperidade consiste em
eliminar a desagradável palavra “conflito” do setor industrial. No entanto, no passado, a
administração excessivamente egoísta dos capitalistas e a exploração da classe
trabalhadora acabaram originando o comunismo. Hoje, como reação à reação, o comunismo
passou dos limites, e a indústria entrou em decadência, causando a redução da produção.
Por esse motivo, desejo que despertem o quanto antes para essa realidade e manifestem,
ao máximo, o espírito de colaboração com vistas à construção de um novo Japão. Eis o
sentido das minhas palavras: “Respeite a ordem.” Durante a Segunda Guerra Mundial, o
primeiro-ministro japonês Hideki Tojo (81) conclamou os presidentes de empresas a tomar a
dianteira e a liderar seus trabalhadores, assim como ele agia em seu governo. Contudo, não
existe erro maior nesse procedimento, pois, desde os tempos antigos, o termo keirin – que
significa administrar negócios –, também tem o sentido de “fazer girar uma roda”. Ou seja, o
líder corresponde ao eixo de uma roda. Quanto menos o eixo se mover, melhor a roda gira.
Quanto mais próximo do eixo, menor o giro. Quanto mais distante, maior o giro. Se o eixo
estiver frouxo, é natural que a roda não gire bem. De acordo com a lógica acima, quanto
mais próximo do eixo, menor é o número de pessoas encarregadas. À medida que se afasta
do centro, cresce o número de pessoas envolvidas. Em torno da roda do carro, há os pneus
que, por estarem em contato direto com as ruas e estradas, executam uma tarefa mais
árdua. Creio que, por meio desse exemplo, puderam compreender o que significa ordem.
Assim sendo, se os líderes se mantiverem na retaguarda, comandando por meio de sua
inteligência, todos os seus empreendimentos se desenvolverão a contento.
(80) Conforme publicado no Jornal Eiko nº. 102, de 2 de fevereiro de 1951, Meishu-
Sama explica que dōhō significa caminho e lei: “Caminho é estar de acordo com o Dōri
(Caminho Pefeito) e, por afastar-se dele, surgem os conflitos entre as pessoas, a
desarmonia no lar e o distúrbio da ordem social. A lei à que me refiro não é somente a criada
pelo ser humano, mas também a lei divina, que é invisível, mas não deve ser violada de
forma alguma. (...) Em relação à palavra reissetsu (etiqueta, boas maneiras, civilidade), esta
é, sem dúvida, a mais necessária ao homem contemporâneo. Principalmente, porque as
boas maneiras entre as pessoas de hoje decaíram muito mais do que no passado.”
6) EQUILÍBRIO E MODERAÇÃO
Tempos atrás, fiquei admirado ao ver um quadro de caligrafia do mestre Yamaoka
Tesshu62. Na parte de cima, estava caligrafada, em tamanho grande, a palavra rodô63, que
tem o sentido de “equilíbrio e moderação”. Abaixo, em tamanho menor, lia-se: “Tudo na vida
se liga a essa palavra.” Isso ficou gravado de forma muito profunda em minha mente. Desde
então, ao longo dos anos, em diversas ocasiões, sempre me lembro dessa caligrafia, o que
me tem sido de grande valia. Existem muitas máximas desde os tempos antigos, mas
nenhuma me impressionou tanto quanto aquela. Apesar de ser apenas uma palavra, que
força maravilhosa! Quando observamos as diversas situações ao nosso redor e tomamos
essa palavra como referência, constatamos que ela se encaixa perfeitamente a tudo. Por
exemplo, as pessoas tendem aos extremos: ou fazem em excesso ou não fazem o
suficiente; em termos ideológicos, tendem para a direita ou para a esquerda; se têm
dinheiro, tornam-se arrogantes; se não têm, sentem-se desmotivadas. Em muitos casos,
parece que esta falta de equilíbrio é a causa do fracasso. A famosa advertência contida nos
Analectos de Confúcio “busque o caminho do meio” e também as antigas expressões “seja
moderado”, “o equilíbrio é sempre bom”, “respeite o limite”, são exemplos do que estamos
falando. Em outras palavras, significa não exceder os limites das possibilidades. Explicando
do ponto de vista da nossa religião, quando se cruza o vertical e o horizontal, o shojo e o
daijo, no ponto de interseção, ocorre a atuação de izunome. Em suma, isto também tem o
sentido de rodô. Por conseguinte, antes de mais nada, o ser humano deve ter equilíbrio e
moderação. Procedendo assim, é óbvio que tudo lhe correrá às mil maravilhas. Abençoada
seja essa palavra!
Uma vez que existem, até mesmo entre os membros da Igreja, aqueles que,
inconscientemente, incorrem no erro de julgar o próximo, vou escrever sobre esse tema,
pois embora já o tenha feito, vez ou outra, fico sabendo que tal fato continua ocorrendo. Por
esse motivo, gostaria de expor o assunto novamente. Há pessoas que costumam criticar,
dizendo que certa pessoa é boa ou má. O pior comentário é: “Tome cuidado com fulano,
pois um espírito maligno incorporou nele.” Gravíssima falta! Quem aponta a outra pessoa
como espírito maligno é que, na realidade, se acha sob sua influência. Isto porque, o ser
humano não tem condições de conhecer o bem e o mal, o correto e o incorreto do seu
próximo, pois isso compete a Deus. Quem se arroga o poder de julgamento, está tentando
ocupar a posição de Deus na condição de ser humano. Por esse motivo, trata-se de uma
absurda demonstração de vaidade. Nesse sentido, essas pessoas certamente estão sob
influência do espírito maligno e, por isso, deve-se ter muita cautela. Obviamente, elas não
acreditam realmente em Deus e, por essa razão, com ares de seriedade, tecem críticas
como: “A fé de fulano está errada”; “A administração de determinada Igreja precisa
melhorar”, entre outras. Ora, se de fato existirem pessoas más entre os fiéis, Deus as julgará
com rigor; portanto, convém deixá-las aos Seus cuidados. Toda e qualquer preocupação
humana é perfeitamente dispensável. Quem não crê nisso é porque acredita mais na força
humana do que em Deus e, por conseguinte, não passa de um grande vaidoso. Na Igreja
Messiânica, é o Supremo Deus que a tudo lidera, portanto, àquele que estiver errado, Deus
concede primeiramente um aviso para que possa perceber o erro. Quando isso não ocorre,
há vários casos em que Deus lhes tira até a vida. Nossos fiéis mais antigos conhecem bem
exemplos desse tipo. Portanto, além de seguirem obedientemente o preceito “Não julgue o
próximo”, devem julgar constantemente a si mesmos. Quem age assim, realmente
compreende a Deus.
A CAUSA DA POBREZA
Como sempre tenho dito, durante longo tempo sofri em razão das dívidas e posso dizer
que não há nada que nos cause mais aborrecimentos. Talvez as pessoas, na sua maioria, já
passaram por essa experiência e estão cientes de que, quando se contrai uma dívida, é
muito difícil conseguir saldá-la. Ao fazer um empréstimo, a pessoa pensa em pagar o mais
rápido possível. Entretanto, ainda que consiga o recurso suficiente, é próprio do ser humano
não saldá-lo tão prontamente. Pensando em ficar com o dinheiro por mais algum tempo e
investi-lo, arranja pretextos que lhe convêm, acreditando que não será tarde demais pagar o
empréstimo depois de lucrar mais um pouco. Se, por felicidade, a pessoa toma a decisão de
quitar a dívida de uma vez, quem lhe concedeu o empréstimo, mostra-se confiante e
disposto a emprestar dinheiro novamente. Assim sendo, ela terá a oportunidade de pedir
outro empréstimo, de valor até mais elevado do que o anterior. O dinheiro quase nunca entra
de acordo com o previsto, mas sempre sai conforme o estabelecido, e é por isso que não se
consegue devolvê-lo no prazo estipulado. O empréstimo é como uma mancha que, uma vez
impregnada, não fica limpa por completo. Assim sendo, contrair dívidas acaba se tornando
um vício. Existe até quem não se sente bem quando não tem dívidas. Talvez, em dez
pessoas, não haja uma só que, uma vez tendo feito uma dívida, consiga livrar-se dessa
prática para sempre. Atualmente, entre os problemas mais abomináveis e os de maior
ocorrência estão as questões que envolvem empréstimo de dinheiro. Dizem que a maioria
dos casos judiciais, senão todos, têm como origem as contendas causadas por
empréstimos. Por conseguinte, a condição fundamental para eliminar os conflitos que
existem no mundo, é fazer todo o possível para não contrair dívidas. E quando estas forem
inevitáveis, deveremos saldá-las o quanto antes. Se todas as pessoas agissem assim,
diminuiriam os aborrecimentos que permeiam os relacionamentos humanos e nem haveria
necessidade de frisar que assim se formaria uma sociedade feliz. Outro fato que eu gostaria
de enfatizar é que as dívidas encurtam nossa vida. Conta-se que o Sr. Kihatiro Okura (114)
aconselhava as pessoas com essa mesma afirmação. Digo que se trata de uma citação
verdadeiramente correta porque nada obscurece mais o sentimento do homem do que as
dívidas. Tomando como exemplo minha experiência, ao libertar-me delas, senti como se
tivesse saído de uma prisão após um longo período.
(FEVEREIRO/2020)
Como todos sabem, até agora viemos nos valendo do Johrei e das publicações para
divulgar nossa religião. Daqui em diante, vamos difundi-la também em diversas localidades
por meio de simpósios, palestras etc., ou seja, por meio da audição. Até agora, tínhamos a
difusão por meio da cura de doenças e da visão. Daqui em diante, acrescentaremos a
difusão por meio da audição. Esperamos obter resultados significativos com esse método
“três em um.”
Naturalmente, a difusão por meio da audição significa que explicaremos tudo sobre
nossa religião por meio da palavra, demonstrando que se trata de uma religião
extraordinária. Entretanto, para conduzirmos as pessoas a tal compreensão, é necessário
que nós mesmos tenhamos vasto conhecimento sobre a fé. Afinal de contas, precisamos
despertar-lhes o sentimento de desejar ingressar na fé messiânica por sentir que é
realmente boa e maravilhosa.
Muitos dizem que não sabem falar bem e que são péssimos oradores. Todavia, esse é
um pensamento equivocado, pois não é com belas palavras que conseguimos tocar o
coração do próximo. Como sempre digo, o que move as pessoas é o nosso makoto (27). É
com ele que tocamos a alma do ouvinte, ou seja, nós a despertamos e a movemos. É só
isso. Logo, falar bem ou não é uma questão de segunda ordem.
Mesmo para sensibilizar as pessoas com nosso fervor e makoto, precisamos ter
entendimento suficiente para tal. Assim sendo, faz-se necessário aprimorar o próprio
conhecimento e, acima de tudo, ler os escritos divinos.
Às vezes, as pessoas me fazem perguntas sobre assuntos que já estão publicados nos
Escritos Divinos. Isso se verifica porque elas estão faltando com sua leitura no cotidiano.
Portanto, os Escritos Divinos devem ser lidos tanto quanto possível. Quanto mais os fiéis o
lerem, mais aprofundarão sua fé e mais polida se tornará sua alma. Aqueles que
negligenciam sua leitura, vão perdendo a força gradativamente. À medida que a fé se
aprofunda, mais a pessoa terá vontade de ler. É bom que o faça repetidas vezes, até que os
escritos se tornem parte do seu ser. Evidentemente, quanto mais leitura realizar, mais nítida
será a compreensão da Vontade Divina.
(27) Makoto: palavra japonesa que possui significado amplo, podendo ser
compreendida como: sentimento sincero e verdadeiro, comprometimento, devoção, amor, fé,
lealdade, dedicação, fidelidade, cordialidade, verdade, coerência, lisura, constância etc.
3) PRÁTICAS DE HUMILDADE
4) SATISFAÇÃO E INSATISFAÇÃO
Nem é necessário dizer que todos almejam alcançar um estado em que tudo lhes seja
satisfatório. Todavia, a vida é de tal forma que essa condição não é obtida conforme o
desejado. Dependendo da maneira de encarar, isso é até intrigante. Pensando bem, uma
vez que a evolução da cultura é motivada pelo sentimento de insatisfação do ser humano,
não se podem interpretar os fatos do mundo de forma tão simplória, pois, quanto mais
insatisfação existir, maior será o desenvolvimento e o alcance das reformas e avanços. No
entanto, a insatisfação excessiva poderá causar complicações. Por exemplo, pode tornar-se
a causa de conflitos e até levar à destruição. No que concerne ao indivíduo, há, às vezes, o
perigo de ocorrer problemas como desarmonia no lar, desavença entre amigos e
conhecidos, discussões, casos de polícia, autodestruição etc. Em termos sociais, a
insatisfação pode levar à criação de grupos extremistas que praticam atos de violência,
como o arremesso de coquetéis molotov e outros atos. Às vezes, chega-se até mesmo à
guerra civil; portanto, não podemos menosprezar a insatisfação. Por outro lado, há pessoas
que são tidas como ingênuas e bondosas, que aparentam não ter muitas insatisfações e
estão sempre contentes. Na verdade, são essas pessoas que nada contribuem, porque são
incapazes. Ora, se tanto a satisfação como a insatisfação apresentam aspectos
condenáveis, qual delas escolher? A resposta é simples: como os extremos são
condenáveis, é preciso lidar habilmente com ambas. Falar é fácil, e fazer é difícil: esta é a
realidade da vida. O essencial é ter flexibilidade em meio às diferentes alternativas e
alicerçar-se no makoto. Pessoas com tais características são úteis à sociedade, bem-
sucedidas e obtêm boa sorte na vida.
5) LIBERTE-SE DO GA
Na vida cotidiana do ser humano, nada é mais temível do que o ga (41) . Isso pode ser
bem compreendido se atentarmos para o fato de que, no Mundo Espiritual, a eliminação do
ga é considerada o aprimoramento fundamental. Quando eu era membro da religião Oomoto
(42) , encontrei os seguintes trechos no Ofudesaki (43) : “Não há coisa mais temível do que
o ga, pois até mesmo as divindades fracassaram por causa dele.” E também: “Devem ter ga
e não devem ter ga; é bom que o tenham, mas não o manifestem.” Fiquei profundamente
impressionado com estas explicações tão diretas sobre a essência do ga. Evidentemente,
refleti muito sobre o assunto. No Ofudesaki, havia, ainda, as seguintes palavras: “O mais
importante é a docilidade. (44)” De fato, são palavras extraordinárias. Digo isso porque, até
hoje, quem aceita o que eu digo sem refutar, progride sem nenhum problema. Entretanto, há
quem sinta dificuldades em fazê-lo devido ao seu forte ga. É realmente penoso ver os
constantes fracassos decorrentes de tal comportamento. Como foi exposto, o princípio
fundamental da fé consiste em não demonstrar o ga, não mentir e ser dócil.
(41) O termo ga significa “eu humano” ou “qualidade particular e distintiva de uma pessoa”, geralmente
utilizado para indicar egocentrismo. Conforme o contexto, significa aquele que insiste no próprio ponto de
vista sem levar em conta as palavras de outrem. Suas origens remontam ao sânscrito atman e é utilizado no
budismo para indicar “indivíduo humano” e “vida centrada no indivíduo”.
(42) Meishu-Sama foi membro da religião Oomoto de junho de 1920 a setembro de 1934.
(44) O trecho do Ofudesaki citado por Meishu-Sama, originariamente, é “sunao ga itto”. O termo sunao
em geral traduzido como “obediência”, na verdade, comporta uma gama de sentidos. A seguir, destacamos
algumas explicações: 1) Qualidade de ser natural ou espontâneo, sem se importar com as aparências;
simplicidade; 2) Atitude dócil e tranquila de quem age sem contrariar ou confrontar o outro; 3) Postura de
quem ouve calado e com atenção; 4) Pessoa de fácil trato.
6) O EGO E O APEGO
Já escrevi um artigo intitulado “Vencer o mal” com o sentido de que não devemos nos
deixar ser vencidos pelo homem perverso. Agora, falarei sobre a necessidade de vencermos
o mal que existe em nosso íntimo. No interior de cada ser humano, a todo momento, trava-
se uma batalha entre o bem e o mal. É a luta para subjugar os desejos mundanos, conforme
a interpretação budista. Como a ambição humana não tem limite, o bem tenta refrear o mal,
que vive seduzindo o ser humano em relação ao dinheiro, ao sexo, ao poder, à fama e ao
egoísmo. O lado bom adverte: “Olhe, você não pode fazer isso!”; “Tome cuidado, pois se o
fizer, você irá passar por maus bocados”. Além disso, incentiva: “Dê alegria às pessoas”;
“Empenhe-se para tornar todos à sua volta felizes!” No fundo, a luta sem trégua entre o bem
e o mal é a pura realidade em que vive o ser humano, tido como o senhor de todas as
criaturas. Por essa razão, quando o mal vence, cometem-se pecados e gera-se infelicidade;
quando o bem vence, cria-se felicidade. Isso pode parecer óbvio e simples de colocar em
prática. Embora saiba disso, o ser humano não consegue fazê-lo, especialmente os
descrentes. No entanto, como nossos fiéis são conscientes disso, perdem bem menos para
o mal. Mesmo assim, não é uma tarefa fácil. Naturalmente, quem nos leva à prática do mal é
o espírito protetor secundário, e quem nos leva à prática do bem, é o espírito protetor
guardião. Acima deles, existe ainda o espírito protetor primordial, que ordena o absoluto bem
e, por conseguinte, é preciso ampliar a força dele, a qual domina o mal completamente.
Assim sendo, o ser humano deve estar sempre atento ao desenvolvimento dessa força, e o
único recurso é orar a Deus e aprofundar a fé. Não existe outro meio para se tornar feliz.
Os Novos Tempos
Nossa religião é completamente diferente das outras que existiram até hoje, e quem
nela ingressar entenderá por quê. Contudo, em que aspecto ela difere das demais? No
momento, ainda não posso dar todos os detalhes dessa questão, mas falarei em linhas
gerais. Em primeiro lugar, observando atentamente as religiões que existiram até hoje,
parece-nos que elas se classificam em dois tipos. No primeiro, nem caberia o nome
“religião”, de tão simples que ela é. Em suma, é uma fé passiva. Esse tipo consiste em ir de
vez em quando ao templo, receber amuletos, queimar incenso, ver a sorte e, se a pessoa
tiver posses, mandar executar músicas sacras, fazer doações e oferendas e voltar para casa
agradecida, sentindo-se leve e em paz. É uma fé popular, constatada habitualmente na
devoção às divindades. Esse tipo de fé não deixa de ser uma religião, pois, no fundo, possui
normalmente uma estrutura religiosa. O outro tipo poderia ser chamado de fé legítima. Nela
se faz o registro de todos os fiéis, havendo administradores, sacerdotes e divulgadores que
se dedicam profissionalmente às atividades religiosas. Constitui, portanto, genuinamente,
uma religião. Diferentemente do que ocorre na fé passiva, aqui os fiéis agem com seriedade
e, quando se aprofundam, dedicam-se, de corpo e alma, às suas atividades. Entre essas
religiões, evidentemente, existem as novas e as antigas. As antigas, geralmente, são pouco
atuantes e tendem à estagnação devido, talvez, à mudança dos tempos; segundo dizem,
algumas, só a muito custo, conseguem manter sua atual situação. As novas foram fundadas
entre a fase final do xogunato Tokugawa e o início do Período Meiji (1867-1912) e são as
que apresentam maior atividade e progresso. Grande parte delas são ramificações do
xintoísmo. No budismo, apenas uma parte da Nichiren está em plena atividade, e as demais
apresentam pouco vigor. Numa rápida observação, notamos que as religiões tradicionais
apresentam formas variadas; mas, no geral, elas divulgam e pregam o espírito que norteou
sua constituição e os ensinamentos de seu fundador, que são seus alicerces. Quanto aos
fiéis, é natural que eles ofereçam sua dedicação sincera em agradecimento pelas proteções
constantes que recebem de Deus. Apesar disso, não se pode generalizar, pois existem
diferentes níveis de fervor na fé. Concordamos plenamente que todas as religiões têm como
objetivo a concretização de um mundo melhor na tentativa de satisfazer o ser humano em
seu desejo de alcançar a felicidade. A maioria, contudo, toma como principal fator o lado
espiritual, demonstrando pouco interesse pelas graças recebidas nesta vida.
A VERDADEIRA SALVAÇÃO
Na nossa religião, de maneira alguma negligenciamos a salvação espiritual. Na
realidade, para salvar verdadeiramente o ser humano, não basta que ele se sinta
espiritualmente salvo. Se assim for, a salvação não será completa. É preciso também salvar-
lhe a parte material, e neste ponto é que reside a grande diferença entre nossa religião e as
demais. Ainda que o ser humano se ache salvo apenas no campo mental, isso não é
suficiente para se alcançar a verdadeira felicidade. Numa sociedade complexa como esta
em que vivemos e que está se deteriorando cada vez mais, não se sabe quando essa
felicidade será destruída, e a realidade nos tem mostrado isso claramente. Exemplificando,
há pessoas que adoecem, são roubadas, têm prejuízos ao serem enganadas por indivíduos
inescrupulosos, sofrem devido aos elevados impostos etc. No caso destes últimos, se
buscarmos a causa, veremos que a existência de malfeitores nos obriga a manter polícia e
tribunais; por existirem muitas doenças, despendem-se altos gastos com a prevenção; por
ocorrerem guerras causadas por pessoas com pensamento equivocado, surgem despesas
imensas para reparar os danos sofridos, e todos esses custos tornam-se impostos. Ainda
existem outros exemplos. Em virtude dessa realidade, é impensável atingir um estado de
paz interior. Logo, em um mundo como este, se não houver salvação física e espiritual, não
se poderá obter a verdadeira felicidade. Assim, nossa religião, conforme seu nome indica,
está promovendo a salvação em ambos os aspectos. Essa salvação significa,
individualmente, o recebimento de graças ainda nesta vida e, socialmente, o melhoramento
da cultura. Segundo a Revelação Divina, há surpreendentes equívocos no seio da cultura
moderna e não há uma só pessoa, em todo o mundo, que as tenha percebido. Além disso, a
humanidade veio agindo e acreditando que essas falácias fossem corretas. Na verdade, era
justamente o contrário. Por esse motivo, a humanidade tem sofrido sérios prejuízos. Em
poucas palavras, o que se julgava contribuir para o aumento do bem-estar das pessoas
acabava por resultar no aumento da infelicidade. Os fatos, melhor do que qualquer outra
coisa, comprovam o que estamos dizendo. Apesar de a cultura ter alcançado tamanho
progresso, a felicidade do ser humano não acompanhou esse ritmo, muito pelo contrário: o
sofrimento tende a tornar-se cada vez maior. Se levarmos em conta que a cultura moderna
foi edificada há milênios graças à inteligência e ao esforço conjunto de eminentes
personalidades como os sábios, os grandes homens, os santos etc., poder-se-á dizer que se
trata de uma cultura do mais elevado nível. É difícil, portanto, imaginar que, no seu âmago,
possa existir tamanho engano. Como eu já disse, conhecendo as sérias falácias da cultura
moderna, desejo, o mais rápido possível, não só fazer com que o maior número de pessoas
as compreenda, mas também compartilhar com elas essa felicidade e, ao mesmo tempo,
mostrar-lhes as diretrizes para a formação do novo mundo, caracterizado por uma nova
cultura ideal. Esta é a Vontade de Deus. Vou falar um pouco a meu respeito. Pela minha
história de vida, sou uma pessoa comum, igual a tantas outras. Tenho, porém, um destino
misterioso que não encontra paralelo na história de toda a humanidade. Digo isso porque,
completamente diferente dos grandes líderes religiosos conhecidos mundialmente como
Buda Sakyamuni, Jesus Cristo e Maomé, Deus me fez nascer com a grande missão de
salvar o mundo. Em outras palavras, foi-me atribuída a força para executar aquilo que não
foi possível a esses grandes homens. Evidentemente, esta é a realidade da qual todos os
fiéis estão cientes. Por exemplo, tudo aquilo que eu quero saber, me é esclarecido. Também
tenho ciência de todos os fatos importantes, não só os relacionados aos três mundos –
Divino, Espiritual e Material –, mas também àqueles ligados ao passado, ao presente e ao
futuro. É claro que isso está limitado ao que se refere à salvação da humanidade e à
construção do Paraíso. É interessante, pois antevejo como será o mundo daqui a um ou a
vários anos, e também o meu destino. E, pela minha experiência, geralmente tudo isso se
concretiza. Ou seja, o sonho torna-se realidade. Tenho elaborado e executado vários planos,
e as coisas têm corrido conforme meu desejo. Com relação aos textos, se penso em
escrever um artigo, as palavras me fluem naturalmente, o quanto eu desejar. Como todos
sabem, dedico-me também à composição de poemas e, não encontrando nenhuma
dificuldade, consigo compor cerca de cinquenta em uma hora. Até gostaria de escrever
haiku, senryu, kanku60 , romances e outros textos, mas não o tenho feito por falta de tempo.
Além desses gêneros, produzo uma literatura satírica e cômica; dado que elas têm sido
publicadas com frequência, os leitores devem conhecê-las. As orações entoadas pelos fiéis
também são de minha autoria, e parece-me que, apesar de eu não ter tido qualquer
experiência nesse sentido, elas ficaram muito boas. Por outro lado, já é do conhecimento de
todos que estou construindo um modelo do Paraíso Terrestre de grande porte. Nele, as
pedras, as árvores, as flores, enfim, tudo sou eu quem escolhe e planeja. Naturalmente, o
projeto do jardim e dos prédios e até a decoração também são trabalhos meus. O Templo
Messiânico, que se erguerá no Solo Sagrado de Atami, mas que ainda está em fase de
projeto, seguirá um estilo mais inovador que o de Le Corbusier, da França, estilo que, nos
últimos anos, se tornou uma tendência na arquitetura mundial. Por conseguinte, quando o
templo for concluído, deverá ser alvo da atenção mundial. Só de estar no local das
construções e olhar o terreno, os prédios e os jardins se projetam aos meus olhos, não
havendo necessidade de pensar. Na verdade, nunca estudei esses assuntos nem ninguém
me ensinou nada a respeito; mas, só de pensar em fazer algo, imediatamente brotam,
dentro de mim, excelentes ideias. Além disso, faço vivificações florais, caligrafias e pinturas.
Dessas atividades, a única que estudei um pouco foi a pintura; sou totalmente leigo nas
demais. Com relação à política, à educação, à economia, à filosofia e à medicina, tenho
conhecimento sobre o que se sucederá a elas até daqui a um século. Sei, principalmente, o
quanto os fundamentos da cultura atual estão equivocados e não consigo me conter quando
penso que, se eles fossem logo corrigidos, o quanto a humanidade seria salva e o mundo,
feliz. No entanto, nada poderá ser feito enquanto o tempo certo não chegar. Atualmente,
seguindo a Revelação Divina, estou apenas apontando os problemas relacionados à saúde
e os erros da agricultura, questões fundamentais para a construção do Paraíso.
UTILIZAÇÃO DO ESPÍRITO
O que eu acho mais misterioso é que, utilizando o espírito, estou fazendo com que os
fiéis curem as doenças. Os resultados são realmente excelentes. Uma doença que a
medicina demora um mês para curar, muitas vezes, é debelada em um ou dois dias. E não é
só isso. Cada fiel pode curar a própria doença. Os ideogramas que eu escrevo, passam a
atuar de acordo com o significado que os mesmos possuem. Também consigo compreender
inteiramente as causas das doenças. A partir desse ponto de vista, considero a interpretação
da medicina atual sobre o princípio das doenças tão superficial, que é digna de pena. Não
consigo considerá-la como medicina de fato, pois ela não passa de um simples método de
aliviar as dores e os sofrimentos. Se continuar da forma como se encontra hoje, jamais se
tornará uma medicina que cura doenças. Jesus Cristo e inúmeros homens virtuosos,
considerados santos, produziram igualmente milagres em relação às enfermidades.
Entretanto, na maioria das vezes, eram curas realizadas apenas por eles, de uma pessoa
para outra. Ora, dessa forma, não seria possível salvar milhões. Portanto, para atingir a
humanidade é preciso que seja concedida ilimitadamente a cada indivíduo a força de curar
doenças. É o que estou fazendo atualmente, com resultados admiráveis. O desenvolvimento
da nossa religião é a melhor prova do que estou dizendo. De acordo com o que já afirmei, é
uma Obra Divina que nem Jesus Cristo nem Buda Sakyamuni puderam realizar. Não
pretendo dizer que minha força seja superior à dos grandes santos, mas apenas expresso a
realidade tal como ela se apresenta. Com a chegada do tempo, Deus faz isso ocorrer.
Quando procurarem pensar no porquê de uma força tão grandiosa ter-me sido concedida
por Deus, começarão a compreender a importância da minha missão. Naturalmente, Deus
não cria nada além do que é preciso. Tudo é criado e eliminado de acordo com a
necessidade. Sendo essa a Verdade, fica bem clara a missão que recebi dos Céus. A mim
são revelados todos os mistérios, sendo-me atribuídos os profundos poderes da Inteligência
Superior ilimitadamente. Sob a orientação Divina, estou trabalhando para levar isso ao
conhecimento da humanidade e edificar uma nova cultura ideal. Em conformidade com a
Vontade Divina, atualmente a inteligência humana está muito desenvolvida e, por isso, as
pessoas não se convencem através de explicações simplistas, como ocorria no passado.
Por conseguinte, é necessário mostrar-lhes milagres comprobatórios e, ao mesmo tempo,
transmitir-lhes as teorias de uma forma que elas possam ser aceitas. É por essa razão que
Deus faz ocorrer inúmeros milagres. Nesse sentido, por um lado, apontam-se os erros; por
outro, dão-se provas através de milagres. Sinto-me, portanto, extremamente grato e
sensibilizado pela grandiosidade da Vontade de Deus. Observando-se a Obra Divina que no
momento estou desenvolvendo, creio que não haverá qualquer margem para dúvidas sobre
a veracidade de minhas palavras. Provavelmente, a humanidade jamais sonhou com uma
obra de salvação absoluta de tão grande porte. Logo, se uma pessoa não conseguir
despertar, mesmo tomando conhecimento dela, certamente, não poderá ser salva por toda a
eternidade. Além disso, no futuro próximo, quando chegar o grande momento crítico do Fim
do Mundo, aqueles que não estiverem preparados, ficarão desnorteados. Por mais que se
arrependam, já será tarde demais.