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Métodos de cálculo
Relatório de teste
Disposições construtivas
por J. BLEVOT
Engenheiro E.C.P
Professor na Escola Central e CHEBAP
Diretor Geral adjunto do SOCOTEC
e R. FRÉMY
Engenheiro E.N.P.C.,
Engenheiro ligado à Direção do SOCOTEC
O cálculo dos blocos sobre estacas pelo método das bielas é uma extensão do método das bielas para o cálculo
de sapatas sobre o solo, já proposto por Sr. Lebelle em 1935.
Diferentes hipóteses podem ser adotadas para definir que as bielas assegurem a transmissão dos esforços, dois
métodos são mostrados abaixo:
– o método das bielas na forma simplificada em que é normalmente aplicado;
– e uma extensão do método das bielas levando a uma forma menos restritiva, dada pelo Sr. Frémy.
Em seguida, são relatados testes em modelos reduzidos e blocos em escala real, que têm sido realizados por
vários anos no Centro Experimental de Pesquisa e Estudos em Construção e Obras Públicas.
Como conclusão, são definidas as medidas construtivas recomendadas na prática pela Socotec.
I - MÉTODO GERAL E SIMPLIFICADO
por J. BLÉVOT
Os blocos sobre estacas em edifícios são Diferentes hipóteses podem ser adotadas
geralmente calculados nos escritórios de projeto para definir que as bielas garantem a transmissão
franceses por um método comumente chamado de dos esforços. Primeiro, exporemos o método das
método das bielas. bielas na forma simplificada em que é normalmente
aplicado. Nesta forma, o método aplica-se apenas
Anteriormente, este método das bielas
ao preço de certas extrapolações para os casos de
havia sido proposto pelo Sr. Lebelle para o cálculo
blocos com pilares de seção retangular ou em
de sapatas sobre o solo após testes realizados sob
pontos de apoio solicitados à flexão. O Sr. Frémy
sua direção no Laboratório de Segurança em 1934-
propôs uma extensão do método das bielas,
1935. Foi exibido em particular no folheto de
levando a uma forma menos restritiva, que
dezembro de 1934 dos Relatórios do Instituto
possibilita o tratamento de tais casos. A
Técnico de Obras Públicas e no quarto volume
apresentação do método simplificado será,
(1935) das Memórias da Associação Internacional
portanto, seguida pela do método dado pelo Sr.
de Pontes e Estruturas.
Frémy.
A priori parecia sensato estender o
Em seguida, apresentaremos o relatório
princípio desse método aos blocos sobre estacas.
dos testes em modelos reduzidos e em tamanho
Presume-se que a carga posterior seja transmitida
real, realizados por vários anos no Centro
às estacas pela camada do bloco por bielas
Experimental de Pesquisa e Estudos em Edifícios e
inclinadas; as forças de tração horizontais
Obras Públicas, no âmbito da pesquisa realizada
resultantes da decomposição das forças
pela Socotec e mostraremos muitas lições a serem
transmitidas pelas bielas são equilibradas por
aprendidas com esses testes.
armaduras colocados na parte inferior dos blocos e
para os quais são possíveis diversos arranjos. Por fim, exploraremos as disposições
construtivas que podemos recomendar na prática.
Para definir a trajetória das bielas, deve-se esforços de flexão a priori nas estacas, o que não é
especificar: admissível.
– sua origem na parte superior, no patamar No nível da base do pilar (topo do bloco),
da base do pilar; pode-se obviamente considerar como origem das
bielas o ponto de interseção do eixo do pilar com o
– sua extremidade na parte inferior.
topo do bloco, mas essa é uma hipótese
As extremidades inferiores das bielas só desfavorável que negligencia a distribuição da
podem ser logicamente nos pontos de interseção carga na superfície do pilar. Parece que diferentes
dos eixos das estacas e no plano médio das hipóteses podem ser adotadas, como indicamos a
armaduras de tração colocadas na parte inferior dos seguir, nos casos correspondentes aos blocos em
blocos; qualquer outra hipótese levaria a admitir duas, três e quatro estacas.
1. Bloco sobre duas estacas (fig. 1). 2. Bloco sobre três estacas (fig. 2).
Consideremos uma única transmissão da Assumimos que os centros das três estacas
carga de um pilar de seção retangular para duas são os vértices de um triângulo equilátero com o
estacas distantes entre eixos de 𝑙𝑡 . Presume-se que lado 𝑙𝑡 . O pilar é de seção quadrada com lado a; seu
a carga Q sobre o pilar esteja centrada; a dimensão centro coincide com o
do pilar no plano vertical está no meio do bloco.
FIG. 1.
Parece plausível admitir que a origem das O método das bielas assim definido é
bielas no topo do plano do bloco são os centros dos apenas um esquema que não pode reivindicar a uma
quatro quadrados nos quais os planos de simetria representação dos fenômenos como na realidade.
compartilham com o pilar e o bloco. Muitas vezes choca certos engenheiros pela própria
simplicidade de seus princípios. Deve-se notar, no
Os esforços horizontais de tração podem entanto, que métodos mais complexos não levariam
ser equilibrados por armaduras dispostas ao longo necessariamente a resultados mais precisos.
das diagonais do quadrado formado pelos eixos das
estacas ou ao longo dos lados do referido quadrado. O cálculo de peças cujas dimensões
transversais são da mesma ordem de magnitude que
os vãos, não se enquadra nos métodos clássicos de
Resistência dos Materiais. Seria ilusório esperar da
aplicação desses métodos para o cálculo dos blocos
uma precisão comparável à obtida em aplicações
sobre peças longas.
Seria tentado atribuir mais valor à
aplicação da Teoria Matemática da Elasticidade,
mas isso levaria a desenvolvimentos matemáticos
de grande complexidade devido à própria forma
dos blocos com mais de duas estacas e complicados
arranjos de armaduras e, no final, não haveria ideia
dos reais coeficientes de segurança dos blocos
assim calculados.
FIG. 3. Somente testes sistemáticos realizados
As armaduras dispostas ao longo das até a falha podem, portanto, fornecer
diagonais devem equilibrar um esforço informações válidas sobre o fator de segurança
apresentado pelos blocos, calculado por
𝑄𝑙𝑡 √2 𝑎 qualquer método, e sobre a eficiência
𝑁′𝑎𝑑 = (1 − )
8ℎ 2 𝑙𝑡 comparativa dos diferentes sistemas de
As armaduras dispostas ao longo dos armações utilizados.
lados devem equilibrar um esforço
III - RELATÓRIO DE ENSAIOS REALIZADOS
por J. BLÉVOT
B 1. Segurança à ruptura.
a) Com relação à segurança contra a
ruptura, os sistemas (1), (2) e (4) foram
considerados substancialmente equivalentes, desde
que - com relação ao sistema (4) - que os reforços
dispostos ao longo dos lados sejam preponderante.
Quando as armaduras que seguem as
medianas são preponderantes, as cargas de ruptura
dos blocos do tipo (4) são ligeiramente inferiores -
todas as condições são iguais - do que as dos blocos
(1) e (2).
b) Os blocos do tipo (3) com
armaduras colocadas apenas ao longo das medianas
apresentam fatores de segurança
significativamente mais baixos do que os
correspondentes aos blocos dos tipos (1) e (2).
Como indicamos, o sistema considerado está
teoricamente em equilíbrio, mas não o é mais assim
que, por qualquer motivo, a carga não é
rigorosamente centrada nas três estacas; essa é sem
dúvida a explicação para a redução do fator de
segurança correspondente a esse arranjo de
armaduras.
c) O bloco do tipo (5) com armaduras
uniformemente distribuídas rompeu sob uma carga
substancialmente metade da dos outros blocos da
mesma série. A ruptura foi extremamente brutal e
quase resultou em um acidente. Uma superfície de estacas estão mais distantes das faces laterais do
fissura ocorreu repentinamente ao redor de uma das que as armaduras.
estacas e as duas armaduras que cruzavam a
Pela mesma razão, o sistema (3) deu
superfície em questão eram insuficientes para
resultados muito desfavoráveis.
equilibrar a força do concreto; isso resultou em uma
ruptura muito brutal com a ejeção de parte do O sistema mais favorável é o sistema (4),
bloco. que inclui armaduras nas faces laterais e barras que
cruzam no centro do bloco.
Parece, portanto, que este sistema com
armaduras uniformemente distribuídas deve, em
princípio, ser rejeitado para os blocos de três
estacas.
B 2. Fissuração.
Com relação à fissuração das faces
laterais, o sistema (1) apresentou resultados menos
bons que o sistema (2), porque as barras dispostas
ao longo dos lados do triângulo formado pelas
devido ao número limitado de testes em modelos
em escala reduzida.
1
Não foi informado a unidade do diâmetro das armaduras,
acreditamos estar em milímetros.
Os valores das relações das cargas de
ruptura / cargas calculadas pelo método
simplificado das bielas para um suporte de aço
igual ao limite elástico (σ𝑎 ′ = σ𝑐 ′) estão
praticamente entre 0,89 e 1,01 (média 0, 94).
Os valores são, portanto, no máximo
iguais a um e pode-se dizer que a resistência à
tração da armadura não foi completamente
esgotada; o método das bielas em sua forma
simplificada, portanto, parece não se aplicar sem
reservas aos blocos sobre duas estacas.
tração do concreto, em geral muito boas, são elas
τ
próprias muito variáveis - as relações σ′𝑢 variam de
2,27 a 3,48.
Como as rupturas geralmente ocorreram
esmagando as bielas de concreto, garantindo a
transmissão da carga, calculamos a tensão
compressiva correspondente pela fórmula
𝑄𝑢
σ𝑏𝑢 =
𝐵 𝑠𝑒𝑛2 𝜃
𝑎 𝑄
ℎ ≥ 0,50 (𝑙𝑡 − ). σ𝑏1 = < 0,6 𝜎𝑗
2 2 B1 𝑠𝑒𝑛2 𝜃
FIG. 35. ′
(𝑄 − 𝑄 ) 𝑙𝑡 √3 𝑎
𝑁′𝑎𝑚 = 9ℎ
(1 − ).
2 𝑙𝑡
FIG. 38.
FIG. 40.
Devido à rigidez do bloco, pode-se supor Se admitirmos que as bielas vêm, na seção
𝑎
que as cinco estacas também sejam carregadas e do topo, de pontos distantes de 4 do centro do pilar
𝑄
suportem uma carga 5 . que deveria ter uma seção quadrada no lado a, é
Pode-se assumir que a transmissão da fácil estabelecer a expressão de 𝑁′𝑎𝑐 , esforço de
carga para a estaca central ocorre diretamente e que tração na armadura em aro. Encontramos
a transmissão das cargas para as estacas periféricas 0,725 𝑄𝑙𝑡 𝑎
ocorre de acordo com as bielas inclinadas. Deve 𝑁′𝑎𝑐 = (1 − ).
5ℎ 3,4 𝑙𝑡
Admitiremos que a altura mínima
corresponde à inclinação das bielas a 45°; então Obviamente, seria possível ter nos blocos
devemos ter de cinco estacas, além das armaduras em aros,
𝑎 armaduras dispostas ao longo dos lados do
ℎ > 0,851 𝑙𝑡 (1 − ).
3,4 𝑙𝑡 pentágono estelar, tendo como vértices o centro das
É certamente preferível ter uma altura estacas (fig. 43). Pode-se levar em conta essas
única correspondente a uma inclinação das bielas armaduras nos cálculos do bloco; se Q′ é a parte de
fictícias de 55 ° na horizontal, isto é Q equilibrada por armaduras em aros de seção
𝑎 0,725 𝑄′𝑙𝑡 𝑎
ℎ > 1,20 𝑙𝑡 (1 − ). 𝐴′𝑐 = (1 − )
3,4 𝑙 5 ℎ 𝜎′𝑎 3,4 𝑙𝑡
𝑡
Nessas condições, os esforços nos aros o complemento Q'' = Q - Q' deve ser equilibrado
valem por armaduras colocadas ao longo dos lados do
𝑄
pentágono estelar de seção
𝑁′𝑎𝑐 = . 1,8 𝑄′′𝑙𝑡 𝑎
8,3
𝐴′𝑐 = (1 − )
5 ℎ 𝜎′𝑎 3,4 𝑙𝑡
As armaduras em aros deve, em princípio,
equilibrar os esforços devido à carga total Q. Mas, seja no caso particular em que
para evitar fissuras excessivas no centro do bloco, 𝑎
ℎ = 1,20 𝑙𝑡 (1 − )
é aconselhável fornecer uma grelha de armaduras 3,4 𝑙𝑡
na parte inferior, a seção de cada camada de 𝑄′′ 0,3 𝑄′′
armaduras dessa grelha deve ser pelo menos 20% 𝐴′𝑐 = =
3,34 𝜎′𝑎 𝜎′𝑎
da seção dos aros (fig. 42). No entanto, essa disposição tem uma séria
desvantagem: a sobreposição no centro do bloco
dos cinco leitos de armaduras que se cruzam.
Parece ser evitado por esse motivo, na medida do
possível.
Blocos sobre seis estacas
Duas disposições são geralmente
encontradas. Parece-nos possível extrapolar o
método das bielas nas seguintes condições:
1° Bloco composto por cinco estacas
dispostas em um pentágono regular e uma estaca
central.
Novamente, devido à rigidez do bloco,
FIG. 42.
pode-se supor que as seis estacas também sejam
𝑄
carregadas e que cada uma suporte uma carga 6 .
Podemos calcular o bloco como um bloco
sobre cinco estacas suportando uma carga igual a
5𝑄
.
6
lados do hexágono formado pelas estacas e por três Blocos sobre sete estacas
grupos de armaduras dispostas de acordo com os
Examinaremos apenas o caso dos blocos
planos diagonais passando pelos eixos das estacas.
apoiados em seis estacas dispostas em um
(fig. 44).
hexágono regular no lado A e em uma estaca
central.
O bloco é então calculado de acordo com
os mesmos princípios acima, como um bloco de
6𝑄
seis estacas que carrega uma carga 7 .
Blocos sobre mais de sete estacas
É excepcional que possamos aplicar o
método das bielas a blocos muito raros em
edifícios. Consideramos, então, consolos ou vigas
fictícias, cujas armaduras são determinadas pelos
métodos usuais de resistência dos materiais. É
então necessário calcular as armaduras transversais
para equilibrar o esforço de cisalhamento nas
condições regulamentares.
FIG. 44.
Notas sobre a aplicação do método do
Sr. Frémy
Se admitirmos que as bielas vêm, na seção
𝑎 No exposto, consideramos mais
superior, de pontos distantes 4 do centro do pilar
particularmente o caso dos blocos que suportam um
que deveriam ter uma seção quadrada de lado a, é pilar de seção substancialmente quadrada sujeita a
fácil obter as expressões de 𝑁′𝑎𝑐 , esforço de tração uma carga centralizada. Se o pilar é de seção
nas armaduras em aros retangular, ainda é possível usar o método
𝑄𝑙𝑡 𝑎 simplificado das bielas aplicando as fórmulas
𝑁′𝑎𝑐 = (1 − )
6ℎ 4 𝑙𝑡 anteriores, mas assumindo que possui a menor
e 𝑁′𝑎𝑑 , esforço de tração nas armaduras diagonais dimensão do pilar.
𝑄𝑙𝑡 𝑎 Quando o pilar é solicitado na sua seção
𝑁′𝑎𝑑 = 𝑁′𝑎𝑐 = (1 − ). de base por um momento fletor, alguns engenheiros
6ℎ 4𝑙 𝑡
Aqui, novamente, admitimos que a altura ainda aplicam o método das bielas, mas calculando
mínima corresponde à inclinação das bielas a 45 °; as armaduras como se o bloco suportasse uma carga
então devemos ter centralizada igual a n 𝑄1𝑚𝑎𝑥 , sendo n o número de
estacas, 𝑄1𝑚𝑎𝑥 sendo a carga máxima sob uma
𝑎
h > 𝑙𝑡 (1 − ). estaca calculada considerando N e M e supondo o
4 𝑙𝑡
bloco infinitamente rígido.
É certamente preferível ter uma altura
Essas extrapolações indubitavelmente
única correspondente a uma inclinação das bielas
levam a uma maior segurança e parece lógico
fictícias de 55° na horizontal, isto é
aplicar, nesses casos, o método do Sr. Frémy, que
𝑎
h = 1,428 𝑙𝑡 (1 − ). constitui um todo coerente. No entanto, esse
4 𝑙𝑡
método pode ser criticado por levar a seções de
Sob essas condições, os esforços 𝑁′𝑎𝑐 e armaduras maiores do que o método simplificado
𝑁′𝑎𝑑 têm o valor comum nos casos em que este último teve sua validade
𝑄 confirmada por ensaios para os blocos de três e
𝑁′𝑎𝑐 = 𝑁′𝑎𝑑 = 8,6 quatro estacas.
TRADUÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO
Traduzido por: Arlene Maria Alves (Monitora de Estruturas de Concreto)
Revisado por: Caio Cesar Pereira de Aguiar (Prof.° Substituto de Estruturas de Concreto)
2020